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Elias Nasrala Neto Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim Mara Lílian Soares Nasrala Olyvia Ribeiro Derze (Organizadores) FISIOTERAPIA NA PRÁTICA CLINICA UNOPAR Editora 2019

FISIOTERAPIA NA PRÁTICA CLINICA · Geriátrica na versão reduzida em idosos hospitalizados e institucionalizados. Método: Trata-se de estudo de revisão narrativa realizada através

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Page 1: FISIOTERAPIA NA PRÁTICA CLINICA · Geriátrica na versão reduzida em idosos hospitalizados e institucionalizados. Método: Trata-se de estudo de revisão narrativa realizada através

Elias Nasrala Neto

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim

Mara Lílian Soares Nasrala

Olyvia Ribeiro Derze

(Organizadores)

FISIOTERAPIA NA PRÁTICA CLINICA

UNOPAR Editora 2019

Page 2: FISIOTERAPIA NA PRÁTICA CLINICA · Geriátrica na versão reduzida em idosos hospitalizados e institucionalizados. Método: Trata-se de estudo de revisão narrativa realizada através

Fisioterapia na Prática Clinica

Diretoria de Pós-Graduação Stricto Sensu e Pesquisa da Kroton Hélio Hiroshi Suguimoto

Universidade de Cuiabá – Unic

Reitoria Maria Angelica Motta da Silva Esser

Pró-Reitoria Acadêmica José Claudio Perecin

Coordenação Acadêmica Edirles Mattje Backes

Coordenação do Curso de Fisioterapia - Unic Maria Amélia Nascimento Braga Gonçalves

Conselho Editorial Dra. Ariane Hidalgo Mansano Pletsch - UNIC Dra. Maristela Prado e Silva Nazario - ICEC

Dra. Maria Amélia Nascimento Braga Gonçalves – UNIC Dra. Walkiria Shimoya Bittencourt – UNIC

Dra. Viviane Martins Santos - UNIC

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Selma Alice Ferreira Ellwein – CRB 9/1558 F464 Fisioterapia na prática clínica. / Elias Nasrala Neto [et al.] (organizadores). –

Londrina: UNOPAR Editora, 2019.

ISBN 978-85-7184-014-0

1. Fisioterapia. 2. Saúde Humana. 3. Idoso. 4. Dor. I. Nasrala Neto, Elias. II. Bergamim, Juliana Santi Sagin Pinto. III. Nasrala, Mara Lílian Soares. IV. Derze, Olyvia Ribeiro. V. III. Título.

CDD 615.82

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SUMÁRIO Apresentação .................................................................................................................... Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim Olyvia Ribeiro Derze

04

Capitulo 01 Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage: Revisão Narrativa ..............................

Isabella Silva Zattar de Faria Talyssa Oliveira Taques Maristela Prado e Silva Nazario Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Olyvia Ribeiro Derze Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim

05

Capitulo 02 Funcionalidade do idoso hospitalizado com índice de Barthel .....................................

Maressa Raquel de Carvalho Serafim Meriane Mendes Tavares da Silva Maristela Prado e Silva Nazario

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim

11

Capitulo 03 As Vantagens da Mobilização Precoce em Pacientes na Unidade de Terapia Intensiva ...........................................................................................................................

Debora Pereira Pinheiro

Rayssa Laura de Carvalho Magalhães

Olyvia Ribeiro Derze Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Maristela Prado e Silva Nazario

17

Capitulo 04 Escala de Dor Baseada no Questionário de Mcgill em Idosos com Dor Crônica ................................................................................................................... Daiane Binsfeld Garcez Tatiane Briene Couto Maristela Prado e Silva Nazario Olyvia Ribeiro Derze

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim

31

Capitulo 05 Fisioterapia em Crianças com Microcefalia ..................................................................

Emily Fernandes Da Silva Cordeiro Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Olyvia Ribeiro Derze

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim Maristela Prado e Silva Nazario

Izabella Oliveira

37

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Capitulo 06 Incidências da Mortalidade das Doenças do Aparelho Circulatório no Estado de Mato Grosso .....................................................................................................................

Aldo Ricci Figueiredo Filho Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim Olyvia Ribeiro Derze

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Maristela Prado e Silva Nazario

49

Capitulo 07 Ligamentoplastia de LCA: Procedimentos Fisioterapêuticos em Sua Reabilitação ...

Paulo Henrique de Figueiredo de Sousa Olyvia Ribeiro Derze

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim Maristela Prado e Silva Nazario

56

Capitulo 08 O Uso da Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas em Crianças: Revisão Integrativa da Literatura ................................................................................................

Douglas Cardoso Alves Olyvia Ribeiro Derze

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim Nelma Sueli Marques Borges Maristela Prado e Silva Nazario

64

Capitulo 09 Tratamento Fisioterapêutico na Fibromialgia ..............................................................

Crislayne Almeida dos Santos

SayaraTainã Cavallari

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch Maristela Prado e Silva Nazario

Jonatan Costa Gomes

Patricia Haranaka Ide

73

Capitulo 10 Perfil de pacientes hospitalizado no Hospital Geral Universitário ..............................

Ana Paula da Silva Eli Aparecida Matheus Elza da Silva Santiago Issaira Teodoro Amorim Ferreira Viviane Martins Santos Walkiria Shimoya-Bittencourt

84

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4

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho foi elaborado em forma de artigo e desenvolvido pelos discentes do

Curso de Graduação em Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura- ICEC e da

Universidade de Cuiabá – UNIC, visando contribuir com a pratica na área da fisioterapia

referentes as áreas Hospitalar, Ortopédica, Idosos e Crianças.

Este livro digital intitulado: FISIOTERAPIA NA PRATICA CLINICA, é o resultado

da parceria entre ICEC e UNIC que são as duas maiores faculdades do curso de Fisioterapia de

Cuiabá que receberam da avaliação do MEC a nota 4, devido a dedicação, qualificação dos

docentes que buscam sempre mostrar aos seus alunos os caminhos para a melhoria da saúde da

população.

Estes artigos foram selecionados e aprimorados pelos docentes das duas instituições,

abrangendo uma totalidade de 10 artigos, sendo oito do ICEC e dois da UNIC, referindo-se

especificamente aos trabalhos de conclusão de curso apresentados pelos discentes das duas

instituições. São temas abrangentes e resultantes da pratica realizada pelos graduandos em

Hospital conveniado e clinica das instituições.

Através deste livro digital agradecemos de maneira especial aos discentes participantes

das duas instituições e ao mesmo tempo oferecer aos acadêmicos e aos profissionais da área da

saúde resultados que contribuirão de forma positiva na pratica profissional.

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim e Olyvia Ribeiro Derze

Docente do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura- ICEC

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CAPITULO 01

Escala de Depressão Geriátrica de YESAVAGE: Revisão Narrativa

Isabella Silva Zattar de Faria1

Talyssa Oliveira Taques2

Maristela Prado e Silva Nazario3

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch4

Olyvia Ribeiro Derze5

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim6

Resumo Introdução: É de suma importância relatar que o envelhecimento é um fator natural e

individual com alterações funcionais, morfológica, bioquímicas e psicológicas. E quando são

correlacionados a diversas patologias, podem acarretar um declínio da capacidade funcional do

idoso. Torna-se uma condição comum, principalmente naqueles hospitalizados. Objetivo: O

presente artigo se propôs a realizar uma revisão narrativa sobre o uso da Escala de Depressão

Geriátrica na versão reduzida em idosos hospitalizados e institucionalizados. Método: Trata-se

de estudo de revisão narrativa realizada através das seguintes bases de dados nos últimos dez

anos: Lilacs, Medline, Ibecs, Scielo e Cumed. Resultados: Durante a pesquisa, no total foram

encontrados 49 artigos. Porém, apenas 18 foram incluídos na pesquisa. Resultados: Foi

possível ressaltar que existe uma grande diferença nos resultados de idosos hospitalizados e

institucionalizados dependendo em qual tipo de situação cada idoso vive. Contudo, relata-se

que a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage obteve melhores resultados em idosos

institucionalizados. Conclusão: A Escala de Depressão Geriátrica versão reduzida, serve

apenas como um complemento para identificar os transtornos de humor e conhecimento a

respeito da à saúde mental do idoso. Para obter um diagnóstico mais específico da depressão

sugerimos que seja feita a realização de outros exames que avaliam a saúde mental deste idoso.

Palavras-chave: Avaliação Geriátrica, Saúde do idoso institucionalizado, Envelhecimento.

1 Introdução

O envelhecimento é um fenômeno comum a todos os seres vivos, mas ainda existem

vários pontos obscuros quanto á natureza desse processo, pois ocorrem diversas alterações que

influenciam o desempenho funcional desses indivíduos. Tais fatores são: alterações funcionais,

morfológica, bioquímicas e psicológicas (ESQUENAZI, 2014). O processo do envelhecimento

é individual, ou seja, tudo depende de como o indivíduo leva a sua vida, qual o seu gênero, qual

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 2 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC) 5 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 6 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC).

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sua classe social, meio de educação, contexto sócio econômico, meio ambiente, acidentes e

doenças (FECHINE; TROMPIERI 2012).

É de suma importância relatar que os fatores citados, quando correlacionados a diversas

patologias, podem acarretar um declínio da capacidade funcional do idoso (CONDÉ et al.,

2010). Desenvolvendo assim vários tipos de dependência, interferindo na sua capacidade de

realizar atividades de vida diárias (AVD) e levando o mesmo a desenvolver problemas

psicológicos, sendo o principal a depressão (CONDÉ et al., 2010).

A depressão é uma doença que vem abrangendo quadros com alterações psicopatológicas

diversas que podem diferir consideravelmente em relação à sintomatologia, gravidade, curso e

prognóstico (CARNEIRO et al., 2007). Com isso a depressão no idoso torna-se uma condição

comum, principalmente naqueles hospitalizados (TRINDADE et al., 2013).

Portanto a atenção ao diagnóstico clínico deve ser redobrada. Por estes apresentar maior

risco para desenvolverem um declínio físico e psicológico (TRINDADE et al., 2013). O idoso

hospitalizado quando deprimido pode apresentar períodos prolongados de dor, dificuldades em

se alimentar levando ao emagrecimento profundo, declínio da mobilidade física, incapacidade

de dormir e diminuição da autonomia (SIQUEIRA et al., 2009).

Diante desses diversos tipos de transtornos, a depressão acaba tornando-se um problema

de saúde mental associada a um maior risco de morbidade e mortalidade na terceira idade

(LIMA 1999). A escolha do tipo de avaliação, como o tipo de escala a ser utilizada deve ser

feita através da facilidade e familiaridade que o profissional da saúde deve ter com os tipos de

casos e sua sensibilidade de monitorar mudanças ao longo do tempo, para que ocorra uma

melhor forma para ser administrada (ALMEIDA; ALMEIDA 1999).

Para avaliação da depressão do idoso geralmente é utilizada a Escala de Depressão

Geriátrica (EDG) (NÓBREGA et al., 2015). Ela é um dos instrumentos mais frequentemente

utilizados no mundo e foi desenvolvida especialmente para identificação de depressão em

idosos. Criada por Yesavage et al. em 1983 originalmente com 30 itens, na língua inglesa

(GERIATRIC DEPRESSION SCALE – GDS) (YESAVAGE et al., 1983).

Em 1986, Sheike e Yesavage elaboraram uma nova versão reduzida composta de 15 itens,

já validada no Brasil e obteve níveis adequados de sensibilidade e especificidade e

confiabilidade. Essa versão é mais utilizada em ambulatórios, com o intuito de avaliar o nível

de depressão no idoso hospitalizado por exigir um menor tempo para ser administrada, diferente

da composta de 30 itens (PARADELA et al., 2005). A escala é composta por 15 perguntas

negativas/afirmativas, um ponto é dado para cada questão com conotação negativa e uma

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pontuação de seis ou mais é sugestivo de depressão (PARADELA et al., 2005, FERRARI;

DALACORTE 2007) referente ao humor e ao estado de saúde. O ponto de corte varia,

considerado de 0 a 5, estado normal; de 5 a 10, depressão moderada; e acima de 10 pontos,

depressão grave (ALMEIDA; ALMEIDA 1999, ROESLER et al., 2012).

Dessa maneira, o presente estudo teve como principal objetivo identificar o uso da Escala

De Depressão Geriátrica versão reduzida descrita por Yesavage et al (1983), em idosos tanto

hospitalizados como institucionalizados.

2 Metodologia

O processo de pesquisa para o presente estudo narrativo foi realizado através das palavras-

chave: Escala de Yesavage, Depressão, Avaliação Geriátrica, Saúde do idoso

institucionalizado, Envelhecimento, utilizando as seguintes bases de dados nos últimos dez

anos: PubMed, Lilacs, Scielo, Medline, Ibecs e Cumed. Durante a pesquisa, no total foram

encontrados 49 artigos.

Para os critérios de inclusão foram: Artigos que utilizaram o questionário da Escala de

Depressão Geriátrica descrita por Yesavage et al. (1983) versão reduzida, em idosos

hospitalizados ou não, com idade média entre 60 a 80 anos; artigos disponíveis na íntegra,

artigos em inglês e português e publicado nos últimos dez anos. Mediante a leitura dos resumos

foram selecionados apenas 18 artigos aplicados na pesquisa. Portanto, foram excluídos aqueles

que não correspondiam com os critérios citados, artigos que não estavam disponíveis na internet

e artigos que não apresentaram nenhuma informação sobre a metodologia empregada.

3 Resultados e Discussão

A Escala de Depressão Geriátrica versão reduzida quando aplicada no âmbito hospitalar

apresenta itens individuais com pouca estabilidade, pois a informação obtida não é o suficiente

para produzir uma resposta consistente (ALMEIDA; ALMEIDA 1999). Além disso, alguns

fatores podem ser contribuintes para reduzir a taxa de confiabilidade estudada pelos autores às

respostas do instrumento, que poderiam variar de acordo com o tempo, sendo que apenas oito

das questões demonstraram estabilidade na condição de reteste (ALMEIDA; ALMEIDA 1999).

No estudo de Paradela et al. (2005) mostrou que a escala tem grande valia em ambientes

não especializados. As características dos pacientes estudados foram semelhantes aos outros

estudos feitos pelo Brasil, assim mostrando uma maior prevalência de depressão em mulheres

idosas devido ao fato de a grande maioria se encontrar viúvas ou separadas Sendo de extrema

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importância ter um melhor conhecimento da escala e saber identificar o seu ponto de corte de

5/6, que foi sugerida também por outros autores (PARADELA et al., 2005, FERRARI;

DALACORTE 2007, AGUIAR et al., 2014). Além do mais foi citado que se a escala fosse

adequadamente utilizada poderia servir como um instrumento muito valioso na saúde pública

para a identificação da depressão geriátrica (PARADELA et al., 2005).

No relato de Ferrari e Dalacorte (2007), a Escala de Depressão Geriátrica versão reduzida

é pouco adequada e menos sensível sobre o idoso hospitalizado, devido a situação de doença

em que se encontram, pois automaticamente responderam às perguntas de forma negativa. A

escala apresentou perguntas que causaram desconforto ao paciente no decorrer do

questionamento alguns pacientes desistiram de finalizar a escala. Houve ainda pacientes que

apresentaram quadro sintomático leves, mas que não foram diagnosticados com uma depressão

maior (FERRARI; DALACORTE, 2007).

O estudo feito por Siqueira et al. (2009), sinalizou uma maior predominância da depressão

nos homens do que nas mulheres, pois estas dificultaram nas respostas das perguntas da escala,

por apresentarem baixo nível cognitivo. Esses pesquisadores idealizaram a criação de uma

nova escala em virtude das dificuldades encontradas em aplicar a escala nos idosos avaliados

por eles, visto que a aplicação da Escala de Depressão Geriátrica não seria o suficiente para

indicar um quadro depressivo no idoso (SIQUEIRA et al., 2009).

Com relação á analise do estudo feito por Nascimento et al. (2013) em idosos

institucionalizados, baseado no questionário em versão reduzida constatou-se que cerca de 65%

deles apresentaram quadro de depressão leve ou grave. Levando em consideração que a

diferença entre os índices de depressão em idosos hospitalizados e institucionalizados é devido

à função de diversos outros fatores em que este indivíduo pode se encontrar.

No estudo de Guths et al. (2017) em idosos institucionalizados, o GDA -15 revelou que

53% dos idosos apresentaram sintomas de depressão moderada e um idoso de depressão grave.

Em um estudo realizado em Erechim-RS observou que 57% dos idosos estão no

parâmetro da normalidade, 38 % apresentavam depressão leve e somente 0,5% de depressão

grave, isso demonstra um resultado positivo que o município está promovendo para essa

população, idoso estar institucionalizado não define que o mesmo vá desenvolver a doença,

sendo este um argumento empírico da sociedade (RALDI et al., 2016).

O diferencial encontrado em base desse estudo é que os referidos autores levaram em

consideração que o idoso necessita de atividades multidisciplinares, visando melhorar a saúde

e o bem-estar dos idosos (NASCIMENTO et al., 2013). Sendo assim, evitando o surgimento de

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alterações do humor ou quaisquer outras doenças psicossomáticas (ROESLER et al., 2012,

AGUIAR et al., 2014). Porém, sempre levando em consideração que deve existir mais estudos

aprofundados em relação ao surgimento da depressão em idosos (RALDI et al., 2016).

4 Conclusão

Ressalta-se, que saber escolher a população a ser avaliada é de extrema importância. Pois

idosos que se encontram internados podem estar fragilizados e serem portadores de diversas

patologias. Fazendo uso de determinados medicamentos ou até mesmo com a capacidade

funcional reduzida. Assim se tornam mais suscetíveis a sintomas depressivos e acabam

respondendo ás perguntas de formas negativas reduzindo a confiabilidade da escala nos idosos

hospitalizados. Além disso, o hospital já é um ambiente onde prevalece um estado de tristeza,

devido às tais condições que o idoso se encontra.

Entretanto, a escala demonstrou um resultado mais satisfatório nos estudos feitos em

idosos que se encontravam institucionalizados em abrigos e não no ambiente hospitalar.

Conclui-se que a Escala de Depressão Geriátrica versão reduzida, serve apenas como um

complemento para identificar os transtornos de humor e conhecimento a respeito da à saúde

mental do idoso. Para obter um diagnóstico mais específico da depressão sugerimos que seja

feita a realização de outros exames que avaliam a saúde mental deste idoso.

Referências

AGUIAR, A.M.A. et al. Prevalência e determinantes de sintomatologia depressiva em idosos

assistidos em serviço ambulatorial. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., v.17, n.4, p.853-866, 2014.

ALMEIDA, O.P.; ALMEIDA, S.A. Confiabilidade da versão brasileira da Escala de Depressão

em Geriatria (GDS) versão reduzida. Arq. Neuro-Psiquiatr. v.57(2-B), p.421-426, 1999.

CONDÉ, S.A.L. et al. Declínio cognitivo, depressão e qualidade de vida em pacientes de

diferentes estágios da doença renal crônica. J. Bras. Nefrol., v.32, n.3, p.242-248, 2010.

CARNEIRO, R.S. et al. Qualidade de vida, apoio social e depressão em idosos: relação com

habilidades sociais. Psicol. Reflexão Crít., v.20, n.2, p. 229-237, 2007.

ESQUENAZI, D.; SILVA, S.R.B; GUIMARÃES, M.A.M. Aspectos fisiopatológicos do

envelhecimento humano e quedas em idosos. Rev. Hosp. Univers. Pedro Ernesto, v.13, n.2,

p.11-20, 2014.

FECHINE, B.R.A; TROMPIERI, N. O processo de envelhecimento: as principais alterações

que acontecem com o idoso com o passar dos anos. Rev Cient. Int., v.20, n.1, p.106-194, 2012.

FERRARI, J.F.; DALACORTE, R.R. Uso da escala de depressão geriátrica de Yesavage para

avaliar a prevalência de depressão em idosos hospitalizados. Scie. Med., v.17, n.1, p.3-8, 2007.

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GÜTHS, J.L.S. et al. Perfil sociodemográfico, aspectos familiares, percepção de saúde,

capacidade funcional e depressão em idosos institucionalizados no Litoral Norte do Rio Grande

do Sul, Brasil. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., v.20, n.2, p.175-185, 2017.

LIMA, M.S. Epidemiologia e impacto social. Rev. Bras. Psiquiatr., v.21(Suppl 1), p.1-5, 1999.

NASCIMENTO, D.C.; BRITO, M.A.C; SANTOS, A.D. Depressão em idosos residentes em

uma instituição asilar da cidade de Juazeiro do Norte, Ceará, Brasil. J. Manag. Prim. Health

Care, v.4, n.3, p.146-150, 2013.

NÓBREGA, I.R.A.P. et al. Fatores associados à depressão em idosos institucionalizados:

revisão integrativa. Saúde Debate, v.39, n.105, p.536-50, 2015.

PARADELA, E.M.P.; LOURENÇO, R.A.; VERAS, R.P. Validação da escala de depressão

geriátrica em um ambulatório geral. Rev. Saúde Pública, v.39, n.6, p.918-923, 2005.

RALDI, G.V.; CANTELE, A.B.; PALMEIRAS, G.B. Avaliação Da Prevalência de Depressão

em Idosos Institucionalizados em uma ILPI No Norte do RS. Rev. Enferm., v.12, n.12, p.48-63,

2016.

ROESLER, E. et al. Prevalência e fatores associados à depressão entre idosos

institucionalizados: subsídio ao cuidado de enfermagem. Rev. Esc. Enferm.. USP, v.46, n.6,

p.1387-1393, 2012.

SIQUEIRA, G.R. et al. Análise da sintomatologia depressiva nos moradores do Abrigo Cristo

Redentor através da aplicação da Escala de Depressão Geriátrica (EDG). Ciênc. Saúde Coletiva,

v.14, n.1, p.253-259, 2009.

YESAVAGE, J.A. et al. Development and validation of a geriatric depression screening scale:

a preliminary report. J. Psychiat. Res., v.17, n.1, p.37-49, 1983.

TRINDADE, A.P.N.T. et al. Repercussão do declínio cognitivo na capacidade funcional em

idosos institucionalizados e não institucionalizados. Fisioter. Mov., v.26, n.2, p.281-289, 2013.

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CAPITULO 02

Funcionalidade do Idoso Hospitalizado com Índice de Barthel: Revisão Narrativa

Maressa Raquel de Carvalho Serafim1

Meriane Mendes Tavares da Silva2

Maristela Prado e Silva Nazario3

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch4

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim5

Resumo

Introdução: O aumento da expectativa de vida dos brasileiros traz como consequência evidente

a busca por atendimento hospitalar devido a distúrbios psicológicos, físicos e acidentes

ocorridos pela perda de mobilidade advindo do aumento da idade. Objetivo: O estudo visa

identificar o declínio da funcionalidade do idoso e seus riscos consecutivos. Deste modo,

mostrar como a avaliação da capacidade funcional torna-se indispensável para fundamentar um

diagnóstico, prognóstico e também servir como uma base para orientação sobre o cuidado

necessário ao idoso hospitalizado. Método: Foi realizado uma revisão narrativa através da

biblioteca on line SciELO durante os meses de agosto e setembro de 2018. Os critérios de

inclusão utilizados foram sobre o Índice de Barthel e sua funcionalidade na avaliação de idosos

hospitalizados. Resultados: O Índice de Barthel é uma avaliação que procura compreender os

aspectos da vida diária e a funcionalidade da independência nos quesitos locomoção, cuidados

pessoais, movimentos e outros. A aposentadoria ou perda das práticas individuais de

responsabilidade geram distúrbios como depressão, quedas e distorções no humor, além disso,

a necessidade de hospitalização interfere plenamente no cotidiano dessas pessoas. Conclusão:

O estudo conclui que a avaliação da funcionalidade do idoso utilizando o Índice de Barthel é

um método eficaz para conseguir medir o grau de independência desse indivíduo com maior

facilidade, com a finalidade de respeito e de garantir o bem-estar deste idoso, porém

observamos a necessidade de desenvolver novos instrumentos que avaliem essa funcionalidade

de uma maneira globalizada.

Palavras-chave: Idoso. Hospitalização. Indice de Barthel.

1 Introdução

A Organização Mundial da Saúde - OMS define o idoso como todo indivíduo com idade

igual ou superior a 60 anos. Em sua maioria já apresentam doenças crônicas adquiridas na

juventude ou consequência de seu envelhecimento. A partir desta definição podemos interligar

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 2 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC) 5 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC).

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a situação atual da sociedade brasileira, na qual há uma aceleração demográfica da população

idosa, com o aumento da expectativa de vida OMS, 2005. Ainda em detrimento das informações

da OMS e o crescimento desta população, Borges et al. (2015) acrescenta que problemas são

inerentes a essa situação, assim como, o aumento no índice de internação hospitalar.

Segundo Converso e Lartelli (2007) o curso do envelhecimento intervém na capacidade

funcional (CF) do idoso. As mudanças ocorridas na funcionalidade dos idosos são perceptíveis

e enfatizadas quando ocorre a sua hospitalização podendo levar a uma incapacidade (CUNHA

et al., 2009). O índice de Barthel é um instrumento utilizado para medir a CF e a mobilidade do

indivíduo. Esse índice é medido através de atividades diárias da CF desses idosos (MAHONEY;

BARTHEL, 1965).

O estudo realizado por Araújo et al. (2007) mostra que o Índice de Barthel tem um nível

competente de fidelidade, tornando-se decisivo para escolha do instrumento e viabilizando uma

clara avaliação da CF do idoso e suas respectivas divergências6. Como a avaliação da CF torna-

se indispensável para fundamentar um diagnóstico, prognóstico e também servir como uma

base para orientação sobre o cuidado necessário ao idoso hospitalizado, o estudo visou

identificar o declínio da funcionalidade do idoso e seus riscos consecutivos.

2 Metodologia

Foi realizado uma revisão narrativa através da biblioteca on line SciELO durante os meses

de agosto e setembro de 2018, com as seguintes palavra-chave: Índice de Barthel, idoso,

avaliação, funcionalidade e hospitalização. Os critérios de inclusão utilizados para o

desenvolvimento deste trabalho foram estudos que utilizaram o Índice de Barthel para avaliação

da funcionalidade na avaliação de idosos hospitalizados.

Após a leitura de 31 resumos, selecionamos 17 artigos lidos na integra e analisados

conforme população alvo, tipos de estudos e objetivos que preencheram os critérios de inclusão.

Foram excluídos estudos e que não estavam relacionados ao Índice de Barthel e capacidade

funcional do idoso.

3 Resultados e Discussão

Segundo Minosso et al. (2010) o Índice de Barthel é uma avaliação que procura

compreender os aspectos da vida diária e a funcionalidade da independência nos quesitos

locomoção, cuidados pessoais, movimentos e outros. Este é o objeto do nosso estudo que visa

acompanhar e observar as atitudes decorrentes deste processo, tais como: vestir-se, ingerir

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alimentos, fazer higiene pessoal, subir e descer escadas, a utilização do sanitário, entre outros

(MAHONEY; BARTHEL 1965).

Santos e Cunha (2014), discorrem que vários profissionais da saúde como fisioterapeutas

e enfermeiros têm utilizado a avaliação da CF como instrumento para obter dados

multidisciplinares e atender os idosos com qualidade. Desse modo, os autores afirmam ainda

que a partir desta verificação de escalas e trabalho com questionamentos é possível verificar

como funciona a capacidade dos idosos de realizar as atividades comuns do cotidiano. A equipe

multidisciplinar é importante nesse patamar para identificar e planejar as atuações tanto na

prevenção de doenças e riscos, como na reabilitação dessas pessoas que devem ter autonomia

para exercer suas funções (CRISTO; PERNAMBUCO 2009).

O aumento da expectativa de vida do Brasil transforma o país em uma pátria de idosos,

desse modo, a geração necessita de cuidados específicos em detrimento das dificuldades

encontradas neste período da vida (OMS, 2005). Desse modo, inúmeros fatores podem

contribuir para a dependência de ações da vida diária, como o risco da hospitalização e doenças

com dificuldade de recuperação, visto sua fragilidade (CHERNICHARO; FERREIRA 2015).

Chernicaro e Ferreira (2015) acrescentam ainda que o trabalho de educação em saúde é

importante tanto quando o idoso se encontra hospitalizado como quando recebe alta. É um

processo contínuo que se inicia no hospital com o treinamento para os familiares ou cuidadores

agirem de forma correta no domicílio, garantindo ao idoso tratamento adequado e evitando uma

maior dependência deste. Algo a ser ressaltado nesta prática é a atribuição de materias

educativos que explicitem as principais dúvidas ocorridas no processo, concretizando

procedimentos necessários para o desenvolvimento deste idoso e sua recuperação.

Sobre as características emocionais do idoso durante a hospitalização, Care (2007) relata

que a transição ocorrida durante a terceira idade pode facilitar o aparecimento reações negativas

no idoso. A aposentadoria ou perda das práticas individuais de responsabilidade geram

distúrbios como depressão, quedas e distorções no humor.

Além disso, a necessidade de hospitalização interfere plenamente no cotidiano dessas

pessoas. Care (2007) demonstra ainda que o idoso precisa ser compreendido, e ter seus anseios

e preocupações identificados, papel atribuído ao psicólogo. São comuns as indagações por meio

dos doentes sobre o seu estado de saúde, por isto necessita de um olhar diferenciado que paute

na preservação de sua integridade física, emocional e religiosa.

É importante ressaltar que a fragilidade existente deve ser gerida pela equipe de saúde e

familiares, a fim de promover o bem-estar dessas pessoas. Conhecer os causadores da

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fragilidade em idosos e procurar estratégias que as solucione é algo inerente a um país que passa

por um período de evolução do processo de envelhecimento. Desse modo, podem facilitar a

identificação de certos agravantes que contribuem para o preparo dos profissionais da saúde

para lidarem com os casos e/ou trabalhar a prevenção destas questões (CARNEIRO, et al.

2016).

Com a finalidade de diagnósticos precisos e orientações perspicazes, é utilizado por

profissionais de saúde instrumentos que procuram avaliar a capacidade de realização de

diversas atividades, a chamada funcionalidade, nesta questão específica, a do idoso (LIMA;

PORTELLA, 2010)

O Índice de Barthel, portanto, é uma escala que possibilita uma avaliação da

independência do idoso, atribuindo pontos para cada atividade desenvolvida, que podem variar

de 0 a 100 (APOSTOLO, 2012).

Na alimentação, a pontuação zero é atribuída à incapacidade de alimentar-se sozinha, a

cinco a necessidade de auxílio para elementos como efetuar cortes, entre outros, e a dez para a

independência nas atividades referidas. No banho, são duas pontuações, zero para auxilio e

cinco para independente. As atividades de higiene pessoal como fazer a barba, escovar os

dentes, pentear os cabelos, recebem zero para a necessidade de ajuda e cinco para a

independência (APOSTOLO, 2012).

Para ações como se vestir é atribuído zero quando o idoso é dependente de auxilio, cinco

quando necessita de auxílio em uma parte específica e dez quando se veste totalmente sozinho,

incluindo zíper, laços e botões (APOSTOLO, 2012).

Com relação ao intestino as classificações estão entre zero para incontinente, cinco para

situações ocasionais e dez para continente, essa mesma pontuação é utilizada para o sistema

urinário. O uso do banheiro segue a seguinte escala: zero para dependente, cinco para ajuda

parcial e dez para independência total (APOSTOLO, 2012).

Casos como a transferência de uma cama para cadeira ou cadeira/cama são proferidos

zero para incapacidade de realização, cinco para ajuda de uma ou duas pessoas, dez para pouca

ajuda e quinze para independência de ações mesmo com bengala (APOSTOLO, 2012).

No caso da mobilidade em ambientes planos, as medições referem zero para a

incapacidade, cinco cadeiras de rodas independente, dez caminhadas com auxílio de uma pessoa

e quinze para realização independente (APOSTOLO, 2012).

Nas escadas, zero é atribuído para incapacidade, cinco para ajuda e dez independências

(APOSTOLO, 2012).

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Paixão Junior e Reichenhem (2005) complementam que a avaliação dos idosos de forma

qualitativa e a proveitos condizentes com a realidade da maioria dos pacientes, proporcionaria

uma prevenção de diagnósticos que colaborariam para a identificação e tratamento de doenças

de forma a não os retirar de seus lares. Já que a hospitalização se torna um agravante em diversas

dimensões para a população idosa, o que existe na atualidade não atua de forma necessária para

garantir a qualidade de vida dessas pessoas.

Paixão Junior e Reichenhem (2005) indagam ainda, a necessidade de existir um

processo de comparação de resultados, novos instrumentos que mapeiem e consigam dinamizar

a avaliação dos idosos, a fim de proporcionar ajuda nas decisões a serem tomadas. A partir das

definições destes instrumentos é possível efetuar considerações sobre as patologias e as ações

sobre elas, desse modo devemos observar que ao efetuar reavaliações periodicamente, ficaria

mais fácil à introdução de novos procedimentos caso haja uma maior debilidade da

funcionalidade. Outro caso seria poder avaliar patologias que por muitas vezes passariam

despercebidas.

4 Conclusão

Compreende-se é que há necessidade de que os idosos hospitalizados tenham um

suporte diferenciado no andamento de suas atividades cotidianas. Analisando e identificando o

desenvolvimento da sua funcionalidade e criando uma estrutura que proporcione estímulos e

melhor qualidade para o convívio diário dos idosos hospitalizados. Algo importante a

acrescentar é que a análise detalhada da capacidade funcional do idoso é a chave principal para

que consigamos progredir nos tratamentos necessários.

A fase da vida em questão colabora para diversas interrupções da capacidade funcional

dos indivíduos, desse modo, através do índice de Barthel, analisamos que a hospitalização deste

idoso vem a contribuir para a piora deste quadro. Portanto este instrumento é tido como um

método claro e eficaz de avaliação, comprovando que após certo período hospitalizado há um

declínio gradual deste idoso. Porém é preciso desenvolver novos instrumentos que avaliam este

paciente de uma maneira globalizada.

Referências

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de Coimbra, 2012.

ARAÚJO, F. et al. Validação do índice de Barthel numa amostra de idosos não

institucionalizados. Qualidade de vida, v. 25, n 2, 2007.

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AZEVEDO, P.W. et al. Avaliação da funcionalidade dos idosos institucionalizados em um

pensionato do sul do Brasil através do índice de Barthel. Mov. Saúde, v.4, n.20, p.1-5, 2012.

BORGES, E.M. et al. Diminuição da funcionalidade em idosos reinternados. Arq. Ciênc. Saúde.

v. 22, n. 2, p. 38-41, 2015;

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CHERNICHARO, I.M.; FERREIRA, M.A. Sentidos do cuidado com o idoso hospitalizado na

perspectiva dos acompanhantes. Esc. Anna Nery, v.19, n.1, p.80-85, 2015.

CONVERSO, M.E.R.; LARTELLI, I. Caracterização e análise do estado mental e funcional de

idosos institucionalizados em instituições públicas de longa permanência. J. Bras. Psiquiatr.,

v.56, n.4, p.267-272, 2007.

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MAHONEY, F.I.; BARTHEL, D.W. Functional Evaluation: the Barthel Index. Maryland State

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CAPITULO 03

As Vantagens da Mobilização Precoce em Pacientes na Unidade de Terapia Intensiva

Debora Pereira Pinheiro1

Rayssa Laura de Carvalho Magalhães1

Olyvia Ribeiro Derze2

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim3

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch4

Maristela Prado e Silva Nazario5

Resumo

Introdução: Na Unidade de terapia intensiva a perda de mobilidade em pacientes

hospitalizados tem impacto negativo em vários sistemas orgânicos e pode levar ao

aumento do tempo de internação e à mortalidade. Sendo assim, torna-se importante o

uso da mobilização precoce com o intuito de diminuir o risco de hospitalização prolongada e

os custos relacionados à pacientes com alta taxa de permanência em leitos de UTI. Objetivo:

O presente artigo tem como proposta analisar a importância da mobilização precoce em

pacientes críticos na unidade de terapia intensiva. Métodos: Trata-se de uma revisão de

literatura baseada em trabalhos escritos em português e inglês, através de um levantamento

bibliográfico encontrado em materiais publicados em redes eletrônicas cientificas obtida nas

bibliotecas on line Scielo e Bireme, no período de 2009 a 2018. Resultados: Verificou-se que

a mobilização precoce em pacientes críticos na unidade de terapia intensiva traz benefícios aos

pacientes hospitalizados em relação à recuperação de forma rápida e reduzindo os problemas

respiratórios e musculares. Dessa forma, reforça o papel do fisioterapeuta nesse processo, já

que o mesmo é responsável pela conduta da terapia. Conclusão: Conclui-se que a mobilização

precoce em pacientes que se encontram nas unidades de terapia intensiva é eficaz e benéfica,

preservando a força muscular periférica e respiratória.

Palavras-chave: Deambulação Precoce. Fisioterapia. Unidades de Terapia Intensiva.

1 Introdução

As transformações ocorridas no mundo da saúde, trazem a partir da década de 70 a

importância do fisioterapeuta na equipe multidisciplinar nos hospitais e atuando com pacientes

em estágio crítico. A fisioterapia intensiva, ganha destaque e a terapia de mobilização precoce

nos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) contribuem significativamente para que o

paciente se recupere de forma mais rápida.

Nesse novo cenário da medicina onde a partir do século XX, houve um avanço em relação

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 2 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC). 5 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC).

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a técnica de mobilização precoce em pacientes críticos. A imobilidade, juntamente com a

utilização de medicamentos podem afetar o sistema musculoesquelético assim como as funções

viscerais, causando impactos no sistema respiratório, cardiovascular e o sistema urinário. Daí

vem a importância da fisioterapeuta e principalmente da mobilidade precoce na unidade de

terapia intensiva propiciando uma melhor qualidade de vida ao paciente, contribuindo para uma

recuperação mais rápida (PINHEIRO, 2009).

A fisioterapia é indissociável nas unidades de terapia intensiva, quando a mobilização

precoce é utilizada de forma eficaz além dos benefícios psicológicos, físicos e ganho de

qualidade de vida e recuperação rápida do paciente, ainda reduz os custos hospitalares e

contribui para a redução do tempo de permanência, gerando maior oferta de leitos vagos para a

população e reduzindo os efeitos deletérios da imobilidade prolongada (REIS et al. 2018).

Portanto será abordado tal assunto para descobrir a relevância da mobilidade precoce

como terapia, possibilitando uma recuperação rápida e uma maior qualidade de vida aos

pacientes em estágio critico na unidade de terapia intensiva. Demonstrando a importância da

fisioterapia na equipe multidisciplinar, auxiliando o paciente, a equipe e a família do paciente.

O objetivo desse artigo é analisar as vantagens da mobilização precoce em pacientes com

estágio critico que se encontram na UTI, bem como, demonstrar os benefícios que a

mobilização precoce como: preservar a força e a massa muscular, melhorando o fluxo

sanguíneo, estimulando a produção de citocinas anti-inflamatórias, além de contribuir para

redução de complicações pulmonares e musculoesqueléticas.

2 Metodologia

Foi realizado um estudo de revisão de literatura em relação à abordagem do tema. A

pesquisa foi baseada em trabalhos escritos em português e inglês no período de 2009 a 2018,

através de um levantamento bibliográfico encontrado em materiais publicados nas bibliotecas

on line Scielo e Bireme, e todos os meios científicos confiáveis.

Por fim serão extraídas informações e explicações sobre a mobilidade precoce,

demonstrando sua eficiência e eficácia para uma pratica hospitalar de qualidade, levando a

melhoria e rapidez de recuperação do paciente critico na UTI.

3 Resultados e discussão

3.1 Unidades de Terapia Intensiva e a Fisioterapia na UTI

O conceito de UTI, e sua idealização vai de encontro com a ideia de acolher pacientes

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que estão em estado grave de sobrevida e precisam de cuidados especiais e complexos, além de

um monitoramento constante (ASSOBRAFIR, 2009). Nesse aspecto, a unidade de terapia

intensiva exige uma equipe multidisciplinar, que ainda discorre que o conceito e equipe com

seus valores implica na existência de uma visão ampla e coletiva, em que é necessária a

coerência de propósito, a sincronização e a continuidade de ação (KAMADA, 1978). Não basta

que um determinado grupo trabalhe em conjunto; é imprescindível que o mesmo esteja

estreitamente unido e motivado para um objetivo comum.

A alta tecnologia adotada nos leitos de UTI, com aparelhos, assim como os medicamentos

e o próprio processo de imobilidade trazem incomodo aos pacientes em estágio critico, dessa

maneira a partir de 1995, tem início ao movimento de humanização nos leitos de UTI que visam

aumentar os laços de proximidade, auxiliando para que o ambiente hospitalar possa ser mais

humano. Por isso, a organização desse ambiente é de grande importância para proporcionar aos

pacientes e à equipe o máximo de conforto e segurança possível, de forma que os aspectos

sejam incluídos na prática de humanização. O fisioterapeuta exerce um papel fundamental na

reabilitação dos pacientes internados em UTI, e, além de qualidade técnica, deve prezar pela

qualidade relacional de sua assistência, a fim de transmitir confiança e de estar atento às

necessidades dos pacientes (MONDADORI et al. 2016).

De acordo com Pinheiro e Christofoletti (2012), no ambiente hospitalar, os serviços

prestados, pelos profissionais de saúde tem como objetivo recuperar a condição clinica dos

pacientes, a fim de que eles possam retornar a realidade com qualidade de vida. Nesse aspecto,

em relação a estrutura da unidade de terapia intensiva temos: “Cada leito na UTI deve conter

uma cama Fowler, monitor multiparamétrico, bomba de infusão contínua, AMBU e rede de

gases, com no mínimo saídas de ar comprimido e oxigênio, aspirador, ventilador mecânico

microprocessado e colchões especiais que visam diminuir os quadros de úlceras por pressão”

(PINHEIRO, 2009).

O papel do profissional de fisioterapia na unidade de terapia intensiva torna-se essencial

e parte integrante no atendimento multidisciplinar, a atuação desse profissional evita danos

respiratórios e danos motores, com a prática da mobilidade precoce (CRUZ, 2018). Um foco

multidisciplinar na mobilização precoce é necessário como parte das rotinas clínicas diárias na

UTI. A estrutura da equipe multidisciplinar e a inclusão de fisiatras, médicos, terapeutas

ocupacionais, fisioterapeutas, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, fisiologista e assistentes

sociais pode servir como um excelente modelo para a construção de uma equipe de mobilidade

precoce na UTI. Isto pode ser útil para avaliar os diferentes componentes de um programa de

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treinamento próprio, incluindo o tipo, frequência, intensidade e exercícios específicos, além do

tipo de programas e intervenções psicossocial (BORGES et al., 2009; FRANÇA et al., 2012).

Lopes e Brito (2009) relatam que a questão técnica é importante, no entanto a relação

com o paciente num aspecto humanizado deve ser primordial pois nas condições que os

pacientes se apresentam durante o tratamento intenso, as questões psicológicas estão adjuntas

a patologias físicas.

A história da fisioterapia vai desde a Antiguidade, utilizando propriedades físicas e

químicas como, gelo, calor, para o alivio da dor, sequencialmente surgiu às técnicas de

massagem e enfaixamento para alívio das dores e diminuição das deformidades. Porém só na

segunda guerra mundial a fisioterapia se disseminou se tornando conhecida através da fundação

de escolas de cinesioterapia para aprimorar o tratamento dos soldados mutilados, sobreviventes

da guerra (LOPES; BRITO, 2009).

A fisioterapia foi regulamentada como profissão pelo decreto lei de número 938, 13 de

outubro de 1969. Tem como principais atribuições: a realização de métodos, técnicas e

procedimentos terapêuticos, sob contato físico aplicados diretamente ao paciente, estando ele

consciente ou não (BRAZ et al., 2009).

A portaria do ministério da saúde número 3432, em vigor desde de 12/08/1998 diz que as

UTI, com nível terciário devem contar com assistência fisioterapêutica em período integral

dessa forma reduzem os custos hospitalares e principalmente contribuem para uma recuperação

mais eficaz de pacientes em estado crítico, que ainda complementa lembrando da resolução da

SOBRATI (Associação Brasileira de Terapia Intensiva) acerca da terapia intensiva. A resolução

número 7 da RDC (Resolução da Diretoria Colegiada), que dispõe dos requisitos mínimos para

o funcionamento das UTI, deu novas disposições a fisioterapia, onde deve haver um

fisioterapeuta coordenador, especializado em terapia intensiva de modo que aumente a carga

horária e principalmente que a cada dez leitos, tem que haver um profissional de fisioterapia

(ULTRA, 2009).

Nesse aspecto a terapia intensiva é conceituada dessa forma:

O fisioterapeuta intensivista é aquele que tem sua dedicação total voltada ao paciente

critico, realizando seu diagnóstico funcional [...] com objetivo de melhora do quadro

do paciente, debatendo com a equipe multidisciplinar deforma coerente a estadia do

paciente na terapia intensiva (SUBTIL et al., 2011).

Um dos pontos considerados importantes, é que a assistência fisioterapêutica pode

auxiliar nos problemas precoces cinéticos-funcionais, em pacientes em estágio grave na unidade

de terapia intensiva (SOARES et al., 2010). Desse modo, a partir da inserção do fisioterapeuta

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na equipe multidisciplinar nas unidades de terapia intensiva na década de 70, houve avanços

em relação a como o tratamento com exercícios e principalmente através da mobilidade

precoce, trouxeram vantagens a esses pacientes. O oficio do fisioterapeuta na UTI, ganha um

outro patamar, aplicando técnicas motoras respiratórias, introduzindo a reabilitação

respiratória de cuidados com a via aérea artificial e mais recentemente a manipulação da

ventilação mecânica invasiva e não invasiva (ASSOBRAFIR, 2009).

As especialidades envolvidas em pacientes críticos estão na resolução número 400 de

2011, que trata especialmente da fisioterapia respiratória e na resolução de número 402 de 2011

que são reconhecidas pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional

(COFFITO), sendo essenciais para uma prática hospitalar eficaz do fisioterapeuta. Nesse

aspecto, o papel do fisioterapeuta vai de encontro com a humanização das unidades de terapia

intensiva. O seu oficio é de grande parte usar as mãos como instrumento de trabalho, um

atendimento sem empatia e sem humanização seria praticamente nulo aos pacientes críticos.

Para que o contato entre o fisioterapeuta e o paciente seja considerado bom, deve haver

empatia, reciprocidade, confiança e afeto, para com isso reduzir o desconforto dos entes

queridos e utilizando práticas que mostram boa conduta profissional e de humanização

(SUBTIL et al., 2011).

Nesse aspecto em relação a fisioterapia enquanto ciência temos abaixo esse conceito:

Ciência voltada para o entendimento da funcionalidade humana, a fisioterapia tem

papel fundamental no processo de recuperação dos pacientes internados em UTI, onde

o profissional trabalha com o objetivo de reabilitar indivíduos hospitalizados,

auxiliando em seu processo de cura. Sabe-se da importância da intervenção

fisioterápica em pacientes assistidos nas unidades de terapia intensiva e que os

benefícios são vários (como prevenir e reduzir os efeitos deletérios ocasionados pelo

leito, propiciar bem-estar psíquico aos pacientes, melhorar a capacidade respiratória e

cardiovascular, promover independência funcional, proporcionar e acelerar uma

recuperação de qualidade, além de diminuir o tempo de hospitalização desses

indivíduos (MONDADORI et al., 2016).

São abundantes os procedimentos que um fisioterapeuta pode realizar nas UTI tais como

avaliar e tratar as funções motoras e respiratórias, determinar as medidas para o suporte

ventilatório instalando e manuseando a oxigenioterapia ou oxigenação mecânica, técnicas

fisioterapêuticas que incluem manobras de higienização brônquica, exercícios respiratórios,

fortalecimento muscular global, readequação evolutiva do paciente aos esforços (PINHEIRO,

2009).

Dentre as principais atividades do fisioterapeuta que atua na unidade de terapia intensiva

encontra esses dois aspectos:

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a) A fisioterapia respiratória: é o suporte ventilatório, com a parte de fisiologia

respiratória, suporte respiratório, oxigenioterapia, ventilação mecânica não

invasiva e ventilação mecânica invasiva e toda essa parte de cuidado

respiratório do paciente, que é um dos motivos que o leva a UTI.

b) A fisioterapia motora: a fisioterapia motora inclui a parte de fortalecimento,

reabilitação, prevenção de deformidades e tratamento de complicações

relacionadas com a permanência desses pacientes que estão muito tempo

imóveis no leito. É muito importante nesse contexto a mobilização precoce,

cujo planejamento também é feito por esse profissional. No momento em que

entramos na UTI já devemos pensar em mobilizar esse paciente o mais rápido

possível.

Portanto, ao longo da história compreendemos os avanços da medicina e as suas

mudanças. A formação, concepção e objetivo das unidades de terapia intensiva, assim como o

papel do fisioterapeuta nessas unidades que ganharam e vem ganhando uma ótica humanizada,

proporcionando a equipe multidisciplinar uma maior empatia para com o paciente. Nesse

aspecto, a fisioterapia se torna um instrumento que vai além das técnicas impostas nas terapias,

e sim no ato de se doar e principalmente colaborar com a recuperação rápida e eficaz dos

pacientes em estado crítico. O fisioterapeuta contribui não somente com o paciente, mas com

todos os envolvidos no processo, demonstrando que esse oficio é essencial e primordial para

um ambiente hospitalar eficiente e humanizado.

3.2 Mobilização Precoce para Pacientes em UTI

As Unidades de Terapia Intensiva têm por foco o suporte à vida, e ao tratamento de

pacientes com instabilidade clínica. A impossibilidade de movimentação, associadas ao uso de

medicamentos e ventilação mecânica, acarretam efeitos colaterais, como a diminuição da

capacidade física. Para que haja bons resultados na qualidade de vida do paciente, se faz

necessário uma multidisciplinaridade no âmbito hospitalar, de forma que a equipe médica esteja

em sintonia com os fisioterapeutas, de forma que o tratamento ocorra sem muitas

intercorrências.

Pacientes admitidos em uma UTI e que sobrevivem à fase aguda de uma doença crítica

relatam que apresentam fraqueza muscular. Estudos realizados sugerem que ela ocorre em 25%

a 60% dos pacientes que recuperam a consciência depois de uma semana de ventilação

mecânica, tendo, muitas vezes, repercussões por meses ou anos após a alta hospitalar, com

impacto na realização das atividades de vida diária, na qualidade de vida e reintegração do

paciente à sociedade (JONGHE 2009; VINCENT; NORRENBERG, 2009). Sibinelli et al.

(2012), afirmam que:

O sistema musculoesquelético é projetado para se manter em movimento, sendo que

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são necessários apenas sete dias de repouso no leito para reduzir a força muscular em

30%, levando a perda adicional de 20% da força restante a cada semana.

A imobilidade no leito aliada a reações medicamentosas traz impactos para o paciente,

podendo afetar o sistema musculoesquelético além das funções viscerais, causando assim

alterações nos sistemas: respiratório, cardiovascular, e sistema urinário. Tendo em vista o

quanto a imobilização é prejudicial a estes pacientes, se observa a necessidade da fisioterapia

em intervir antecipadamente (PINHEIRO, 2009).

Pacientes graves em uma UTI, realizando a mobilização precoce, algo vantajoso e viável.

Um estudo de Borges et al. (2009) demonstrou que é um procedimento seguro, com muitas

vantagens em se iniciar um tratamento precocemente. Segundo o estudo, a mobilização precoce

é viável em qualquer paciente crítico estável hemodinamicamente, são raros os eventos

adversos e não houve nenhum sério, ou seja, nenhum que ocasionasse em extubações ou

complicações que acarretassem o aumento de custos ou o prolongamento da permanecia no

centro hospitalar.

A mobilização precoce é a base para a recuperação funcional, melhora o transporte de

oxigênio, mantem a capacidade musculoesquelética, reduz as complicações do imobilismo e

melhora a qualidade de vida após alta hospitalar. Essa mobilização será viável quando não

houver ou quando for diminuída a sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular, visto que

contribuem para o agravamento dos resultados. O ortostatismo, a eletroestimulação

neuromuscular, mudança de decúbito, mobilização passiva e deambulação são algumas das

estratégias para realização do procedimento. De acordo com Silva et al., (2014):

Há, cada vez mais, sobreviventes de doenças críticas, cujas complicações decorrentes

da permanência prolongada na UTI contribuem para desordens neuromusculares,

piora nas habilidades funcionais, aumento dos custos assistenciais e redução da

qualidade de vida após alta hospitalar. A disfunção muscular pode ser agravada por

consequências de doença, sedação e imobilidade no leito, bem como intensidade e

duração inadequadas da reabilitação física. A frequência e gravidade da fraqueza

neuromuscular e suas manifestações clínicas podem ser amenizadas, utilizando-se

alternativas como a mobilização precoce (MP) para a prevenção e o tratamento de tais

complicações. A terapia física precoce, inclusive durante o período de intubação e

suporte ventilatório, pode ser realizada com segurança, melhorando os resultados

funcionais dos pacientes.

No ambiente hospitalar, o objetivo do serviço prestado pelos profissionais da saúde é

recuperar a condição clínica dos pacientes, resultando em qualidade de vida após a alta

hospitalar. A imobilidade, o descondicionamento físico e a fraqueza muscular estão associados

a maior incapacidade e a reabilitação prolongada (PINHEIRO; CHRISTOFOLETTI, 2012).

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Os efeitos benéficos relacionados à mobilização precoce em pacientes internados em UTI,

não excluem a avaliação de alguns fatores de segurança antes da realização dessas atividades

nesse ambiente. Os principais fatores de segurança que devem ser analisados são: fatores

intrínsecos ao paciente, como antecedentes médicos, reservas cardiovascular e respiratória; e

fatores extrínsecos ao paciente, como acesso vascular no paciente, ambiente e equipe (SILVA

et al. 2010).

Conceição et al. (2017), diz que, fatores externos como força física e funcionalidades

prévias, nível de cooperação, dispositivos anexados ao paciente e a cultura de mobilização

existente na unidade são relevantes para a reabilitação do paciente em UTI, resultando em uma

melhora na qualidade de vida posterior a alta hospitalar. A própria autora afirma que:

Estudos demonstram que a MP é segura e viável, porém ainda não há consenso em

relação a seus desfechos. Estudos mostram potenciais benefícios como redução do

tempo de ventilação mecânica, permanência na UTI, internação hospitalar, sedação e

duração do delirium, custos hospitalares, além da melhora dos desfechos clínicos e

funcionais na alta hospitalar. No entanto, estes resultados contrastam com os de outros

estudos randomizados e controlados, que demonstraram que a realização de

mobilização intensiva e precoce não altera funcionalidade e qualidade de vida quando

avaliados na alta e até 6 meses após alta hospitalar.

Acreditava-se, durante muitos anos, que o repouso absoluto seria a melhor forma de tratar

o enfermo que se encontra em estado crítico, uma vez que este não resistiria a uma atividade

física. Havia a crença de que era benéfico para a estabilização clínica do paciente. Entretanto,

já se sabe que o descondicionamento físico e a fraqueza muscular, são complicações que surgem

devido à imobilidade. Por essa prática, havia a piora do paciente e, ao mesmo tempo, risco de

infecções e morbimortalidade (MUSSALEM et al., 2014).

França et al. (2012) elenca os efeitos negativos e complicações que surgem devido à

imobilidade. Entre eles estão: aumento da frequência cardíaca máxima; diminuição do volume

total de sangue; alterações na relação ventilação / perfusão; diminuição na pressão arterial de

oxigênio; aumento da excreção de cálcio, fósforo e magnésio; e diminuição da força e

capacidade muscular. Desta forma, o repouso absoluto dos pacientes em UTI seria um declínio

funcional para os mesmos, além de gerar mais gastos assistenciais.

A fisioterapia é fundamental no atendimento aos pacientes em UTI, envolvendo

atendimento a quadros críticos que necessitam ou não de suporte ventilatório, visando evitar

possíveis complicações respiratórias e motoras ocasionadas pela imobilidade do paciente

(CRUZ, 2018). A fisioterapia é uma ciência capaz de promover a recuperação e preservação da

funcionalidade, podendo minimizar estas complicações.

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O fisioterapeuta intensivista deve ter o compromisso de realizar a mobilização de

forma precoce para proporcionar ao paciente uma melhor qualidade de vida e assim

evitando na medida do possível os efeitos deletérios da síndrome do imobilismo

(BORGES et al., 2009).

Junior e Badaró (2013) indaga que a fisioterapia é de extrema relevância para a

recuperação clínica de pacientes em UTI, trazendo benefícios funcionais. A mobilização

precoce deve ser diariamente realizada com os pacientes críticos, internados em unidade de

terapia intensiva, tanto naqueles estáveis, que se encontram acamados, inconscientes e sob

ventilação mecânica, quanto naqueles conscientes capazes de realizar de forma independente.

O treinamento físico tem sido cada vez mais reconhecido como um importante

componente no cuidado de pacientes críticos que requerem ventilação mecânica

prolongada, ao proporcionar melhora na função pulmonar, muscular e na

independência funcional, acelerando o processo de recuperação e diminuindo assim o

tempo de ventilação mecânica e de permanência na UTI (FRANÇA et al., 2009).

A mobilização precoce traz benefícios físicos, psicológicos e evita os riscos da

hospitalização prolongada, diminuindo a incidência de complicações, acelerando a recuperação

e normalização do quadro após a alta do paciente. Se realizada precocemente, nos primeiros

dias de internação, otimiza a recuperação funcional (CRUZ, 2018).

As atividades desenvolvidas pelo fisioterapeuta em UTI podem ser: mudanças de

decúbito e posicionamento no leito, mobilização passiva, exercícios ativo-assistidos e ativo

livres, uso de cicloergômetro, eletroestimulação, treino de atividades de vida diária e

funcionalidade, sedestação, ortostatismo, marcha estática, transferência da cama para cadeira e

deambulação (FRANÇA et al., 2012).

O fisioterapeuta é responsável pela prescrição e implementação dos exercícios e

treinamentos, juntamente com os demais da equipe médica e assistencial responsável. Há um

protocolo de mobilização, que vai desde exercícios com menor taxa metabólica como a

mobilização passiva, a realização de transferências até exercícios com carga para membros

superiores e membros inferiores e a utilização de ergômetros (FRANÇA et al., 2009). Para

realizá-los, é preciso seguir algumas recomendações e analisar se existe alguma

contraindicação. Em pacientes críticos, por exemplo, é necessário verificar a ventilação minuto

pelo peso corporal. Após 2 horas de iniciada a hemodiálise ou já ter sido realizada a filtragem

de 3.000ml é contraindicado realizar a mobilização (JUNIOR; BADARÓ, 2013).

Tem sido adotado programas para início e evolução da mobilização precoce do

paciente crítico, e são divididos em 4 ou 5 fases de fácil aplicação. As informações

fornecidas incluem os tipos de pacientes para os quais cada fase é adequada,

mobilidade na cama, transferências, marcha, exercícios terapêuticos, o

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posicionamento, a educação, e a duração e frequência das sessões de mobilidade. Uma

boa comunicação dentro da equipe multidisciplinar da UTI, que inclui um médico,

fisioterapeuta e enfermeiro, é fundamental para proporcionar a mobilização adequada,

dependendo da estabilidade clínica do paciente (JUNIOR; BADARÓ, 2018).

A equipe multidisciplinar será responsável por analisar e identificar as indicações e

contraindicações para que ocorra a mobilização precoce, a partir do conjunto de dados. Na UTI,

geralmente, pacientes em estado crítico são sedados logo no princípio da internação para que o

paciente tenha alívio da dor e diminua a ansiedade, para reduzir o consumo de oxigênio e

impedir que o paciente desconecte o ventilador mecânico. Dependendo das drogas ministradas

ao paciente, é contraindicado a realização da mobilização precoce, e a frequência de sedativos

pode acarretar uma piora no quadro de imobilismo (SARTI et al., 2016).

3.3 Perspectivas e Discussões acerca da Mobilização Precoce

Foi observado que após três horas de mobilização passiva contínua diária, por meio de

cicloergômetro apropriado para realização deste tipo de mobilização precoce, houve redução

na atrofia de fibras e perda de proteínas (FRANÇA et al. 2009). Machado et al (2017) realizou

um ensaio clínico randomizado envolvendo 38 pacientes em ventilação mecânica com

fisioterapia convencional e outro grupo com fisioterapia convencional e exercícios passivos em

cicloergômetro cinco vezes por semana, resultou que a realização de mobilização passiva

contínua de forma cíclica auxilia na recuperação da força muscular periférica de pacientes

internados em UTI.

Pinheiro e Christofoletti (2012), afirmam que:

Estudos recentes demonstram a importância de programas mobilização precoce na

UTI, pois produz efeitos significativos nos desfechos clínicos, é considerada uma

intervenção segura e viável após a estabilização cardiorrespiratória e neurológica do

paciente crítico. Utilizada por muitos fisioterapeutas, a mobilização precoce deve ser

aplicada diariamente nos pacientes internados em unidade de terapia intensiva, tanto

naqueles estáveis, que se encontram acamados e inconscientes (que estão em

ventilação mecânica), quanto naqueles conscientes e que realizam a marcha

independente.

Pacientes com maior tempo de internação em UTI, sob ventilação mecânica prolongada,

estão naturalmente sujeitos à maior perda de massa muscular, com uma recuperação funcional

mais demorada, em relação aos internados a pouco tempo. Vários fatores causam o

descondicionamento físico e contribuem para um maior tempo de internação do paciente, o que

o predispõe a um maior risco de infecção hospitalar e a outros efeitos colaterais à sua saúde

(JUNIOR; BADARÓ, 2018).

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Feliciano et al. (2012) em um estudo realizado, utilizando um protocolo de mobilização

precoce, cujo objetivo foi comparar a eficácia da mobilização em pacientes que tiveram

insuficiência respiratória, não se observou nenhuma intercorrência durante a sua aplicação,

sendo ele considerado seguro; e os pacientes submetidos a esse protocolo apresentaram uma

redução no tempo de internamento na UTI e uma redução de custos hospitalares.

Outro estudo realizado por Pinheiro e Christofoletti (2012) que durou 6 semanas de

treinamento físico, onde realizavam fortalecimento muscular, deambulação, e atividades

funcionais em pacientes em ventilação mecânica comparado a outro grupo, onde os pacientes

não realizavam nada disso, observou- se que houve um aumento significativo de ganho de força

muscular de membros e também de função pulmonar nos pacientes que realizaram o

treinamento fisioterapêutico. E os pacientes que não fizeram parte do estudo, houve redução de

força muscular e maior comprometimento respiratório, sugerindo que a imobilidade é uma

consequência importante em pacientes graves que estão em ventilação mecânica prolongada.

Malkoc et al. (2009), em um estudo controlado com 510 pacientes, avaliaram os efeitos

da mobilização precoce no tempo de estadia na UTI. Verificou-se que os pacientes mobilizados

ficaram em média de 6 a 10 dias a menos internados na UTI.

Santos et al. (2017) observaram que a mobilização precoce em pacientes após cirurgia

cardíaca previne complicações pós-operatórias, melhora a capacidade funcional e reduz tempo

de internação hospitalar.

Rocha et al. (2017) estratégias de mobilização precoce na unidade de terapia intensiva

podem resultar na prevenção e redução da polineuromiopatia no paciente crítico, melhora

da qualidade de vida, redução da permanência na UTI e do hospital e

menor mortalidade durante a hospitalização.

Dantas et al. (2012) num ensaio clínico, controlado e randomizado realizado em 59

pacientes, em ventilação mecânica avaliaram a mobilização precoce observaram que houve

ganho da força muscular inspiratória e periférica quando submetida a um protocolo de

mobilização precoce e sistematizado.

Assim sendo, para Nascimento (2013) se mostra de forma evidente que a mobilização

precoce oferta uma melhora na função motora e cognitiva, que podem influenciar

negativamente no processo de reabilitação. Entretanto Sarti et. al. (2016) dizem que, apesar dos

benefícios apresentados ela realização da mobilidade precoce, mais estudos são necessários

para saber quais são os melhores exercícios, a duração, a repercussão e a intensidade da

fisioterapia motora para cada paciente crítico. Para que a mobilização aconteça com segurança

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e seja viável ao paciente, é necessário a análise de alguns critérios como: respiratório,

circulatório e neurológico para que os exercícios não agravem o quadro clínico. Caso esses

critérios estejam de acordo, a mobilização precoce poderá ser segura e viável, podendo diminuir

os efeitos deletérios da imobilidade prolongada.

É de grande importância à atuação do Fisioterapeuta, na prevenção das sequelas do

Imobilismo, pois, somente fazendo uso das técnicas devidas, estando dentro do contexto de

multidisciplinaridade, é que fará a diferença na evolução gradativa do paciente, evitando

sequelas, diminuição significativa na permanência do mesmo na Unidade de Terapia Intensiva

e prevenção de patologias ocasionadas pelo imobilismo. De forma a se garantir assim, uma

melhora na qualidade de vida.

4 Conclusão

Apesar dos avanços na área da saúde e principalmente a humanização nos leitos de UTI,

além do reconhecimento da importância da fisioterapia intensiva no tratamento dos pacientes

críticos, ainda existe certo desconhecimento e também uma desvalorização desse profissional.

A mobilização precoce é a base para recuperação funcional dos pacientes que se

encontram nos leitos das unidades de terapia intensiva. A técnica é eficaz e benéfica, auxiliando

na preservação da força muscular e respiratória. Os benefícios vão além da questão física,

também configuram na melhora psicológica do paciente e dos familiares, já que a recuperação

se torna mais rápida.

O grande desafio é que se faça mais estudos em relação ao tema para que haja cada vez

mais a padronização e protocolos de tratamentos, otimizando a terapia e gerando benefícios

tanto para o conhecimento dos profissionais da área, quanto para os próprios pacientes.

Portanto, por meio dessa revisão de literatura, o objetivo desse estudo fica evidente e demonstra

a importância da mobilização precoce em pacientes que se encontram nas unidades de terapia

intensiva.

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CAPITULO 04

Escala de Dor Baseada no Questionário de Mcgill em Idosos com Dor Crônica

Daiane Binsfeld Garcez1

Tatiane Briene Couto2

Maristela Prado e Silva Nazario3

Olyvia Ribeiro Derze4

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch5

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim6

Resumo

Introdução: O questionário de Mcgill possui como desfecho, fornecer informação imediata

sobre a realidade do desempenho dos pacientes e ser capaz de avaliar as diferentes dimensões

da dor. Nas pessoas idosas pode ser associado a complicações como: depressão, ansiedade,

incapacidade física e funcional, dependência, alterações na dinâmica familiar, desequilíbrio

econômico, desesperança, sentimento de morte e outros. Objetivo: Verificar as evidências

científicas sobre a confiabilidade da aplicação do questionário de Mcgill em idosos com dor

crônica. Método: Foi realizado um estudo de revisão narrativa na base de dados Lilacs e na

Scielo. Resultados: O Questionário de McGill é considerado um bom instrumento para a

avaliação da dor crônica e é o mais utilizado para caracterizar e discernir os componentes

afetivo, sensitivo e avaliativo da dor quando se pretende obter informações qualitativas e

quantitativas. Nos idosos as queixas relacionadas à dor são atribuídas devido à faixa etária e

consideradas próprias ao processo de envelhecimento deixam, assim, de ser tratado, o que vai

influenciar negativamente na qualidade de vida na velhice. Conclusão: Os profissionais da área

da saúde podem contribuir para que esse impacto seja diminuído, evitando sofrimento indevido.

Assim saberão valorizar a dor referida pelos idosos, gerando a possibilidade de orientar e

interferir de modo a minimizar esta aflição, proporcionando ao idoso uma qualidade de vida

satisfatória.

Palavras-chave: Idoso. Envelhecimento. Dor Crônica. Medição da Dor.

1 Introdução

Conforme a Organização Mundial da Saúde (2006) idoso é todo indivíduo com idade

igual ou superior a 60 anos para países em desenvolvimento ou 65 anos, no caso de nações

desenvolvidas (MACIEL, 2010). O envelhecimento, dentro desta perspectiva, pode ser definido

como uma deterioração funcional progressiva e generalizada que resulta na perda da capacidade

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 2 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 5 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC). 6 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC).

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adaptativa às situações de estresse e no risco para desenvolver doenças relacionadas à velhice

(DIAS et al. 2011).

O processo de envelhecimento caracteriza-se pela alta incidência de doenças crônicas e

degenerativas que, muitas vezes, ressultam em elevada dependência. Muitos desses quadros

são acompanhados por dor crônica que é a principal queixa do indivíduo, fato que pode

interferir de modo acentuado na qualidade de vida (DELLAROZA et al., 2007). A dor

confronta o idoso com sua fragilidade e ameaça sua segurança, por vezes, impedindo o convívio

social, a realização das atividades de vida diária (AVD), o consumo de sua renda o esgota de

modo físico e psíquico tanto do idoso como da família ou o cuidador (CELICH; GALON, 2009).

Associa-se a importantes complicações nos idosos fatores como: depressão, ansiedade,

incapacidade física e funcional, dependência, afastamento social, mudanças na sexualidade,

alterações na dinâmica familiar, desequilíbrio econômico, desesperança, sentimento de morte e

outros. Esses sinais e sintomas encontram-se associados a quadros de dor crônica, que podem

levar a dependência funcional e a um maior gasto com serviços de saúde (CUNHA;

MAYRINK, 2011). Sua função é de alerta e, muitas vezes, tem a etiologia incerta.7 Não

desaparece com o emprego dos procedimentos terapêuticos convencionais e é causa de

incapacidades e inabilidades prolongadas (DELLAROZA et al., 2008).

O Questionario de McGill (Br-MPQ) que é considerado um bom instrumento para a

avaliação da dor crônica e é o mais utilizado para caracterizar e discernir os componentes

afetivo, sensitivo e avaliativo da dor quando se pretende obter informações qualitativas e

quantitativas com base de descrições verbais (PIMENTA; TEIXEIRA, 1996). É considerado

um instrumento universal, capaz de padronizar a linguagem da dor (SALLUM et al., 2012). O

Questionário (McGill Pain Questionnaire - MPQ) foi criado por Melzack e McGill (1975), na

universidade de Mcgill em Montreal, Canadá (SANTOS et al., 2006).

Além da intensidade, tem índices de validade e confiabilidade estabelecidos e poder

discriminativo entre os diversos componentes da dor (PIMENTA; TEIXEIRA, 1996). O

questionário é dividido em 20 categorias, onde cada uma dispõe de inúmeras opções de

resposta. As opções são lidas para o paciente e ele deve escolher, dentro de cada categoria, ao

menos uma que represente a dor que ele está vivenciando (FORTUNATO et al., 2013).

O questionário que é composto por 10 grupos de 42 palavras relacionadas às sensações

físicas, 5 grupos de 14 palavras relacionadas da parte afetiva, 1 grupo de 5 palavras que fala da

dor de uma forma geral, 4 grupos de 17 palavras que não se encaixaram nos grupos acima,

chamado de miscelânea ou “miscelândia” (PIMENTA; TEIXEIRA, 1996). É utilizado para

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avaliação dos aspectos sensoriais, afetivos e avaliativos da dor, inclui um diagrama corporal

para localização da experiência dolorosa, uma escala de intensidade e 78 descritores de dor

agrupados em 4 grandes grupos e 20 subgrupos (ANDRADE et al., 2006).

As variáveis que avaliam Br-MPQ são: Localização e Profundidade da Dor,

Circunstâncias de Início da Dor, Padrão Temporal da Dor, Número Total de Descritores da Dor,

Índice de Classificação Sensorial, Afetiva, Subjetiva, Mista e Total da dor e Intensidade da dor

(SANTOS et al., 2006).

Sua execução pode levar cerca de três a cinco minutos, variando conforme o padrão de

resposta do paciente. Exige maior treinamento por parte do profissional para analisar os

resultados da escala e escolher a melhor maneira de intervir (PIMENTA; TEIXEIRA, 1996,

SALLUM et al., 2012, SANTOS et al., 2006).

A mensuração exata dessa experiência pode contribuir para que esse impacto seja

minimizado, evitando sofrimento desnecessário. O Br-MPQ mostrou-se útil para obtenção de

informações qualitativas da dor quando utilizado no idoso com impedimentos cognitivos.

Possui como desfecho fornecer informação imediata sobre a realidade do desempenho dos

pacientes e ser capaz de avaliar as diferentes dimensões da dor (ANDRADE et al., 2006). O

objetivo desse estudo foi verificar a confiabilidade da aplicação do Br-MPQ em idosos com dor

crônica.

2 Metodologia

Foi realizado um estudo de revisão narrativa sobre o questionário de Mcgill, na base de

dados Lilacs e na SCIELO. A pesquisa foi realizada no período de maio a novembro de 2018,

com referências sobre a temática da Escala de Mcgill em idosos com dor crônica. Utilizando-

se simultaneamente as palavras-chave, Idoso, envelhecimento, dor crônica e questionário de

Mcgill. Os critérios de inclusão foram artigos científicos que avaliaram idosos com dor crônica

e sua correlação com o déficit cognitivo. Como exclusão, artigos que não utilizaram a escala de

dor para avaliação cognitiva e pesquisas que incluíram pacientes portadores de distúrbios

neurológicos.

3 Resultados e Discussão

Foram encontrados 160 artigos, e excluídos 140 artigos, com base nos critérios seguidos

pelo estudo. Totalizando 20 artigos aplicados na pesquisa, analisados na integra.

No Brasil e em todas as regiões do mundo as mulheres vivem mais do que os homens e

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constituem a maioria da população idosa. Isso evidencia uma transversalização de gênero na

questão do envelhecimento, esse fenômeno denominado pelos estudiosos de “feminização” do

envelhecimento está acontecendo associado a projeções epidemiológicas que indicam uma

alarmante prevalência de dor crônica no Brasil, principalmente entre as mulheres (HAYAR et

al., 2014).

Encontraram em estudo com idosos que a frequência da dor crônica e os locais mais

prevalentes foram: região dorsal (21,7%) e membros inferiores (21,5%). Considerando que

dores em membros inferiores e em região dorsal foram as mais frequentes, correspondendo a

43,2% das dores crônicas (DELLAROZA et al., 2007).

Na visão Sallum et al., (2012) a dor constante e de duração prolongada pode ser

perturbadora e acarreta alterações em atividades físicas, no sono, na vida sexual, modificações

no humor, baixa autoestima, pensamentos negativos ou suicidas, apreciação desesperançada da

vida e alterar as relações familiares, de trabalho e de lazer. Já no ponto de vista de Silva e

Deliberato (2009) a intensidade da dor é percebida de forma distinta por cada sujeito, sendo

modificada pela personalidade do indivíduo.

Nos idosos as queixas relacionadas à dor são atribuídas devido a faixa etária e

consideradas próprias ao processo de envelhecimento deixam, assim, de ser tratadas, o que vai

influenciar negativamente na qualidade de vida na velhice (CELICH; GALON, 2009). O

acompanhamento dos familiares motiva ao idoso realizar as atividades com calma, de segundo

suas capacidades, tendo atenção exclusiva do seu cuidador, ocasionando em um desempenho

motor maior (KAWASAKI; DIOGO, 2007).

Avaliando a dor no idoso, a maneiras de intervir de modo adequado, implementando um

cuidado que possa proporcionar o alívio da dor, a fim de que o idoso possa responder

positivamente seu cotidiano e ter condições que contribuem para o bem físico e espiritual dos

indivíduos em sociedade (CELICH; GALON, 2009).

Conforme Santos et al. (2006) o Br-MPQ foi capaz de fornecer informações sobre as

diferentes percepções dos vários domínios que integram o sintoma dor em indivíduos com

diferentes doenças, uma vez que a percepção desse sintoma está relacionada aos aspectos

sensoriais, afetivos, motivacionais e não somente à intensidade. No dizer de Da Silva e

Ribeiro-Filho (2011) foi desenvolvido o questionário de avaliação de dor McGill como um

instrumento para avaliar as qualidades sensoriais, afetivas e avaliativas da dor, juntamente com

vários outros aspectos, tais como intensidade, padrão e localização.

O reconhecimento de que este questionário é o melhor instrumento existente para se

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avaliar a dor sob o prisma multidimensional traz a compreensão de que sua elaboração foi

calcada no referencial teórico da fisiologia da dor (THAKRAL et al., 2016). Devido ao

aparecimento de doenças crônicas em idosos, constata-se que a participação em atividades

físicas pode retardar o envelhecimento, diminuir a dor e os declínios funcionais e também as

limitações deles provenientes, além de promover o desenvolvimento das habilidades

psicomotoras (DIAS et al., 2011).

4 Conclusão

Observa-se nas últimas décadas o avanço na criação de instrumentos de medida de dor.

Contudo, a mensuração da experiência dolorosa em indivíduos idosos ainda necessita de

atenção dos estudiosos no sentido de elaborar escalas que possam atender às necessidades dessa

população, principalmente nos casos em que se associam os déficits cognitivos, sensoriais e

motores.

Tendo este conhecimento, os profissionais da área da saúde podem contribuir para que

esse impacto seja diminuído, evitando sofrimento indevido. Assim, saberão valorizar a dor

referida pelos idosos, gerando a possibilidade de orientar e interferir de modo a minimizar esta

aflição, proporcionando ao idoso uma qualidade de vida satisfatória.

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CAPITULO 05

Fisioterapia em Crianças com Microcefalia

Emily Fernandes Da Silva Cordeiro1

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch2

Olyvia Ribeiro Derze3

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim4

Maristela Prado e Silva Nazario5

Izabella Oliveira6

Resumo

Introdução: Compreende-se que a microcefalia é uma má formação congênita onde o cérebro

não cresce o suficiente durante a gestação, sendo assim, a criança apresentará uma série de

problemas. Neste contexto, a fisioterapia é de extrema importância na reabilitação da criança

com microcefalia ajudando a melhorar a qualidade de vida. Objetivo: Portanto, o objetivo

do estudo foi descrever a importância da fisioterapia na reabilitação de crianças com

microcefalia. Método: Foi realizada uma revisão de literatura com base em estudos científicos

sobre o papel da fisioterapia na estimulação precoce e reabilitação de crianças com

microcefalia. Resultados: Os estudos têm mostrado que a fisioterapia é de extrema

importância na reabilitação da criança com microcefalia, pois, geralmente elas apresentam

disfunções motoras como o atraso no desenvolvimento motor normal que comprometem

significativamente sua qualidade de vida. Além disso, um dos principais objetivos da

fisioterapia é alcançar as habilidades motoras desta criança visando sua independência e

inclusão na sociedade. Conclusão: Este trabalho mostrou a importância da fisioterapia na

estimulação precoce das crianças portadoras de microcefalia tendo em vista que quanto mais

cedo se inicia o tratamento fisioterapêutico, maiores são as chances de alcançar um resultado

satisfatório no tratamento deste indivíduo.

Palavras-chave: Fisioterapia. Microcefalia. Estimulação Precoce.

1 Introdução

Compreende-se que a microcefalia é uma má formação congênita onde o cérebro não

cresce o suficiente durante a gestação, sendo assim, a criança apresentará uma série de

problemas tais como: déficit intelectual, atraso no desenvolvimento motor normal, epilepsias,

alterações na fala e visão.

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC). 2 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 5 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 6 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC).

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As crianças com microcefalia podem apresentar alterações no desenvolvimento

neuropsicomotor (DNPM), portanto o fisioterapeuta deve realizar uma avaliação minuciosa,

reconhecendo os processos do DNPM e consequentemente elaborar o melhor plano de

tratamento para a reabilitação desta criança.

Os estudos revelam que a fisioterapia é de extrema importância na reabilitação da criança

com microcefalia, pois elas geralmente apresentam disfunções motoras que comprometem

significativamente sua qualidade de vida. Portanto, um dos principais objetivos da fisioterapia

é alcançar as habilidades motoras desta criança visando sua independência e inclusão na

sociedade.

Devido ao aumento do número de casos de microcefalia no Brasil, o profissional de

fisioterapia tem se deparado no dia a dia com muitas crianças diagnosticadas pela doença. Pode-

se observar o comprometimento motor destas crianças, sendo necessária a intervenção

fisioterapêutica com o objetivo de reduzir as complicações causadas pela doença.

Com o intuito de entender como o tratamento fisioterapêutico quando iniciado

precocemente, traz uma melhor qualidade de vida para essas crianças. A problemática deste

estudo gira em torno de como a fisioterapia pode contribuir na vida de crianças com

microcefalia?

Essa pesquisa tem como objetivo conceituar a microcefalia; entender a importância da

estimulação precoce em crianças com microcefalia e apontar as principais técnicas utilizadas

na fisioterapia nestes casos.

2 Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo de revisão narrativa. O levantamento bibliográfico on-

line foi realizado nas bases de dados da Medline e Lilacs e na biblioteca on line SciELO. Foram

utilizados para busca dos artigos, os seguintes descritores e suas combinações nas línguas

portuguesa e inglesa: “Microcefalia”, “Fisioterapia” e “Estimulação Precoce”. Foram excluídos

os artigos duplicados ou incompletos. Os critérios de inclusão definidos para a seleção dos

artigos foram: artigos publicados em português e inglês, artigos na íntegra que retratassem a

temática referente ao tema abordado e artigos publicados e indexados nos referidos bancos de

dados entre os anos de 2008 e 2018. Em seguida, foram selecionadas, criteriosamente, todas as

bibliografias consideradas relevantes e pertinentes ao objetivo da pesquisa, que, juntas,

somaram informações necessárias para o desenvolvimento do tema proposto neste estudo.

Todas as etapas da busca foram realizadas por dois avaliadores, com a supervisão de outro

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revisor que por vezes intermediou o processo na tentativa de equalizar o processo de captura e

aceitação das obras. Inicialmente, esses realizaram a triagem dos títulos relacionados ao tema

em questão. Ao final da busca, foram excluídos os artigos duplicados, além dos editoriais. Em

seguida, foi feita a leitura detalhada dos resumos dos artigos a fim de selecionar aqueles que

abordassem exclusivamente a microcefalia, fisioterapia e estimulação precoce.

O resultado da busca inicial foi de 60 artigos e somente seis estudos englobavam os temas

propostos para esta revisão, os quais apresentam os principais achados encontrados nos estudos.

3 Resultados e Discussão

De acordo a Organização Mundial de Saúde (2016), a definição de microcefalia é “uma

malformação congênita definida como um tamanho de cabeça muito menor do que a de outros

bebês da mesma idade e sexo. Quando uma criança nasce, e sua cabeça tem um tamanho menor

do que o considerado normal, temos a chamada Microcefalia congênita ou primária.

Entretanto, se a criança nasce com o tamanho do cérebro normal, mas durante o seu

crescimento o cérebro não acompanha esse desenvolvimento, ficando com tamanho menor que

o esperado para sua idade, tem-se a Microcefalia pós-natal (WHO, 2014).

Apesar da definição de microcefalia não ser padronizada, há unanimidade quanto a

eventualidade de um perímetro cefálico (PC) abaixo do padrão apropriado para determinada

idade e sexo. Quando o PC é baixo, indica, de modo geral, um cérebro menor que o esperado.

Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem

familiar que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal (PERNAMBUCO, 2015).

A medição do perímetro cefálico, deve ser feita com fita métrica não-extensível, na altura

das arcadas supraorbitárias, anteriormente, e da maior proeminência do osso occipital,

posteriormente. Os valores obtidos devem ser registrados em gráficos de crescimento craniano,

o que permite a construção da curva de cada criança e a comparação com os valores de

referência. Mudanças súbitas no padrão de crescimento e valores anormalmente pequenos para

a idade e o peso (menor que dois desvios-padrão) devem ser investigados. A medida do PC é

importante nos primeiros dois anos de vida, refletindo, até certo ponto, o crescimento cerebral

(BRASIL, 2016).

Segundo o protocolo de atenção à saúde e resposta a ocorrência de microcefalia

relacionada a infecção pelo vírus Zika, emitido pelo Ministério da Saúde, a microcefalia pode

ser classificada conforme o tempo do seu início, como sendo:

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[...] microcefalia congênita: está presente ao nascimento e é às vezes chamada de

‘microcefalia primária’; porém, como este termo se refere a um fenótipo particular

de microcefalia, deve-se usar preferencialmente ‘microcefalia congênita’.

Microcefalia pós-natal: refere-se à falha de crescimento normal do perímetro

cefálico após o nascimento, ou seja, o cérebro é normal ao nascimento; por isso é

também chamada de microcefalia secundária. (BRASIL, 2016, p.13).

De acordo com o Guia para os profissionais de saúde “Atenção à saúde do Recém-

nascido” emitido pelo Ministério da Saúde, o valor do Perímetro Cefálico (PC) no Recém-

nascido (RN) a termo varia de 33 a 37cm. Os RN com o valor do PC menor que 33cm eram

considerados microcefálicos.

Em 2016 o Brasil adota a norma da Organização Mundial de Saúde (OMS) e reduz

medida para microcefalia, para menino a medida será igual ou inferior a 31,9cm e para menina,

igual ou inferior a 31,5cm.

3.1 Causas da microcefalia

Existem muitos fatores que podem desencadear a microcefalia dentre eles estão:

[...] infecções do útero: toxoplasmose (causada por um parasita chamado de

Toxoplasma Godii, encontrado em carne malcozidas), rubéola, herpes, sífilis,

citomegalovírus e VIH. Exposição por substâncias químicas: exposição da mãe a

metais pesados como o arsênico e mercúrio, álcool, radiação e fumo de tabaco.

Anomalias genéticas, tais como a síndrome de Down e mal nutrição grave durante a

vida do feto (OMS, 2016, p. 01).

De acordo com Ashwal et al. (2009), a microcefalia pode ocorrer por dois fatores, o fator

genético ou ambiental. No fator genético estão incluídas patologias tais como: Síndrome de

Down e Síndrome de Cri-du-chat (síndrome do miado do gato), entre outras. E o fator externo

inclui: exposição a álcool e drogas no período gestacional, infecções no sistema nervoso

central, por exemplo a toxoplasmose congênita na gravidez.

Visto que a Microcefalia é uma anomalia que afeta diretamente o Sistema Nervoso

Central devido ao tamanho da cabeça do bebê não permitir que o cérebro cresça de forma

normal, este individuo apresentará diversas alterações em seu desenvolvimento motor normal,

portanto, a Fisioterapia será de extrema importância na vida da criança, buscando melhor

qualidade de vida e sua integração na sociedade.

3.2 Desenvolvimento neuropsicomotor de 0 a 12 meses

Segundo o Brasil (2012), o acompanhamento do desenvolvimento deve fazer parte de

toda a consulta geral da criança.

De acordo com Schwartzman (2003) o DNPM normal é caracterizado pela maturação

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gradual do controle de tronco e pelo desaparecimento dos reflexos primitivos, isso acontece

entre de 4 a 6 meses de idade.

3.3 Reflexos primitivos

Os reflexos primitivos são reações não intencionais da criança, esses reflexos estão

presentes desde o nascimento e devem ser inibidos ao decorrer dos meses, quando surgem os

reflexos posturais. Presença dos reflexos primitivos mostram a integridade do sistema nervoso

central (SNC) mas quando esses reflexos persistem mesmo após o período que deveriam ser

inibidos, mostram que há uma disfunção neurológica.

Gallahue e Ozmun (2005) classificou os reflexos como primitivos e posturais. Os

principais reflexos primitivos são:

Reflexo de Moro: Consiste em uma brusca extensão da cabeça em relação ao tronco. Este

reflexo foi descrito por André Thomas como “reflexo de braços em cruz” e ele normalmente

desaparece no quarto mês.

Reflexo de Busca: Consiste em o bebê virar a sua cabeça em direção ao seio, e ele

permanece até o quarto mês.

Reflexo de Sucção: Continuidade do reflexo de busca, início voluntário por volta do

quarto mês.

Reflexo Tônico-Cervical Assimétrico (RTCA): É um reflexo postural que ocorre devido

a mudanças na posição da cabeça em relação ao tronco, importante para o aprendizado motor

em relação a lateralidade.

Reflexo de Marcha: Coloca-se o bebê com os membros inferiores apoiados em uma

superfície seguro pelas axilas e com o estímulo, o bebê vai “andar” realizando flexão alternada

de membros inferiores. A presença deste reflexo é normal até o quarto mês.

3.4 Marcos do Desenvolvimento Motor

É extremamente importante a avaliação do desenvolvimento motor infantil para que se

possa perceber qualquer disfunção e iniciar a intervenção precocemente.

Willrich et al. (2009) afirmam que o desenvolvimento motor é considerado um processo

contínuo relacionado a idade cronológica, através deste, o ser humano adquire habilidades

motoras simples e desorganizadas para que depois possam executar habilidades motoras muito

mais complexas e organizadas

Burns e Mac Donald (1999) frisam que o conhecimento do DNPM do lactente é muito

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importante, principalmente em casos em que o recém-nascido apresenta ou corre o risco de

apresentar distúrbio motor.

Cada criança tem um padrão característico de desenvolvimento, isto ocorre pela

influência sofrida em seu meio externo, sendo assim, há uma considerável variabilidade do

DNPM de acordo com cada criança.

3.5 Estimulação Precoce na Microcefalia

Entende-se a estimulação precoce como uma abordagem de caráter sistemática e

sequencial, que utiliza técnicas e recursos terapêuticos capazes de estimular todos os domínios

que interferem na maturação da criança, de forma a favorecer o desenvolvimento motor,

cognitivo, sensorial, linguístico e social, evitando ou amenizando eventuais prejuízos (LIMA;

FONSECA, 2004; RIBEIRO et al., 2007; HALLAL; MARQUES; BRACHIALLI, 2008).

De acordo com Lima e Fonseca (2004), a plasticidade neural fundamenta e justifica a

intervenção precoce para bebês que apresentem risco potencial de atrasos no desenvolvimento

neuropsicomotor. Isso porque é justamente no período de zero a 3 anos que o indivíduo é mais

suscetível a transformações provocadas pelo ambiente externo. A estimulação precoce tem,

como meta, aproveitar este período crítico para estimular a criança a ampliar suas competências,

tendo como referência os marcos do desenvolvimento típico e reduzindo, desta forma, os efeitos

negativos de uma história de riscos (PAINEIRAS, 2005).

Formiga, Pedrazzani e Tudela, ressaltam que a intervenção precoce em bebês de risco

possui importante significado no sentido de fortalecer e/ou formar novas conexões neuronais:

tendo-se em mente que os eventos plásticos de reorganização que ocorrem em decorrência de

uma lesão cerebral têm paralelo com o processo de desenvolvimento ontogenético, reforça-se

ainda mais o conceito de que se deve tê-lo como ponto de partida no tratamento, no qual os

estímulos sensitivo-motores devem ser conduzidos do mais simples até que alcancem, através

do aumento progressivo no grau de dificuldades, uma complexidade funcional maior

(FORMIGA; PEDRAZZANI; TUDELA, 2010).

De acordo com Zanluca et al. (2015) e Fantinato et al. (2016) os casos de malformação

neurológica têm tido um crescimento significativo no Brasil devido o surto do vírus Zika em

2015. Diante desta situação, logo que nascem, essas crianças iniciam uma rotina de exames

para determinar que tipos de malformação elas têm, para que se possa determinar qual o nível

de comprometimento do cerebral, da visão, da audição, entre outros. Além disso, os bebês que

são diagnosticados ou com suspeita de microcefalia, são submetidos desde os primeiros meses

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de vida a intervenção de terapias multidisciplinares, tais como fisioterapia, fonoaudiologia,

otorrinolaringologia e oftalmologia. O acompanhamento precoce com esta equipe tem um

objetivo em comum que é através da estimulação precoce oferecer uma melhor qualidade de

vida para este público. Especialistas dizem que até os três anos de idade é indispensável o

acompanhamento multidisciplinar para reduzir o nível de comprometimento causado pela

malformação.

3.6 Técnicas Fisioterapêuticas Utilizadas no Tratamento de Crianças com microcefalia

Conceito Neuroevolutivo Bobath

Segundo a Associação brasileira para o desenvolvimento e divulgação do conceito

neuroevolutivo Bobath (ABRADIMENE), o método foi criado e desenvolvido no início dos

anos de 1940 pelo casal Karel e Berta Bobath sendo ele Médico e ela Fisioterapeuta. A técnica

Bobath foi descrita primeiramente em 1948.

O Conceito de Tratamento Neuroevolutivo-Bobath oferece uma abordagem

interdisciplinar de solução de problemas para a avaliação e tratamento. Propõe o gerenciamento

do indivíduo com limitação para participar totalmente do cotidiano, devido a danos motores,

(incluindo tônus muscular e padrões de movimento) funções sensoriais, perceptivas e

cognitivas, resultantes dos distúrbios do SNC – Sistema Nervoso Central”. Mayston (2004,

apud ABRADIMENE, 2018).

O tratamento neuroevolutivo Bobath é uma das abordagens mais comumente utilizadas

no acompanhamento de pacientes com déficit neurológico e oferece um modelo de referência

durante as intervenções clínicas dos terapeutas da neurorreabilitação (AlCÂNTARA; COSTA;

LACERDA,2010).

O conceito do tratamento Neuroevolutivo é baseado no reconhecimento de dois fatores

importantes: 1- Interferência da maturação normal do cérebro, devido a uma lesão, que irá levar

a um atraso ou perda do desenvolvimento motor. 2- A presença de padrões de postura e

movimento anormal devido a atividade reflexa anormal (ABRADIMENE, 2018).

O Bobath tem como objetivo realizar uma avaliação funcional do paciente em uma

determinada tarefa funcional, por meio da observação e análise do desempenho dessa tarefa, e

possibilitar, por meio do tratamento, melhor funcionalidade. Um dos princípios norteadores da

técnica refere-se à aprendizagem motora, que é descrita como uma série de processos

associados com a prática, o treinamento ou a experiência que resulta em mudanças

relativamente permanentes no comportamento motor. Outro objetivo desta técnica é incentivar

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e aumentar a habilidade da criança de mover-se funcionalmente da maneira coordenada

(AlCÂNTARA; COSTA; LACERDA, 2014).

Durante o processo de reabilitação fisioterapêutica, a capacidade da criança em usar as

habilidades que estão sendo facilitadas vai depender da condição do SNC em adaptar-se a essas

mudanças, incluindo a capacidade perceptiva e cognitiva do paciente em usar as habilidades em

um contexto, justificando o princípio da neuroplasticidade definida por Pascual-Leone et al.

(2005) como sendo uma propriedade intrínseca do SNC presente em toda a vida, assim é

considerada como um mecanismo de aprendizagem, crescimento e desenvolvimento de

mudanças na entrada de qualquer sistema neural, ou nas metas ou exigências das suas conexões

eferentes, levando o sistema a reorganização que poderia ser demonstrado ao nível do

comportamento, anatomia e fisiologia e também ao nível celular e molecular (DUARTE;

RABELO, 2015, p.20).

Uma das principais contribuições do Conceito Bobath foi à comprovação que o SNC é

capaz de aprender e responder a estímulos inibitórios dos padrões de movimento que interferem

com a movimentação normal.

Neste conceito o paciente recebe experiência sensório-motora de movimentos básicos

(rolar, sentar, engatinhar e andar, mas também de atividades da rotina diária, como tomar banho,

alimentar-se, vestir-se, locomover-se em ambientes variados, entre outros), que pela repetição

e integração em suas atividades de vida diária geram o aprendizado motor e, posteriormente,

automatismo (DUARTE; RABELO, 2015, p.21).

3.7 KABAT – FNP (facilitação neuromuscular proprioceptiva)

A FNP utiliza a informação proprioceptiva através de receptores sensoriais que são

encontrados em músculos, tendões e articulações para melhorar a função neuromuscular. A

função neuromuscular é estimulada através da aplicação de resistência utilizando contrações

isotônicas concêntricas e excêntricas e contrações isométricas, através destas contrações é

possível aumentar a força e resistência muscular, equilíbrio e postura (YAMASHIRO;

ESCAMILLA, 2012).

A FNP também inclui: aprendizagem motora e retenção funcional de atividades

aprendidas com a repetição de uma demanda específica; o uso da progressão de

desenvolvimento do comportamento motor, que permite aos pacientes criar e recriar estratégias

de movimento funcional eficiente; e a análise biomecânica e comportamental do controle

motor. Todas as atividades dentro da intervenção da FNP são direcionadas a um objetivo

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funcional e relacionadas ao ambiente no qual o objetivo deve ser alcançado. Este método pode

ser aplicado em crianças e adultos com disfunções neurológicas.

Os objetivos da FNP são promover o desenvolvimento funcional por meio da facilitação,

da inibição, do fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares (DUARTE; RABELO,

2015).

Na aplicação da técnica de FNP o objetivo é sempre facilitar a obtenção de um movimento

ou postura, o fisioterapeuta deverá estar atento há alguns procedimentos para que a técnica

tenha maior efetividade, tais como: Contato manual, Posição e Mecânica Corporal, Comando

Verbal, Estímulo Visual e Resistência apropriada (YAMASHIRO; ESCAMILLA, 2012).

De acordo com Yamashiro e Escamilla (2012), na FNP existem várias técnicas que

podemos utilizar para ajudar o paciente conquistar habilidades motoras, para o tratamento da

microcefalia, podemos utilizar: Iniciação Rítmica: com a finalidade de ensinar ao paciente a

sensação do movimento, iniciando em movimento passivo, ativo assistido e resistido.

Combinações de isotônicas para promover movimentos funcionais, coordenados e suaves.

Estabilização rítmica para promover estabilidade de uma parte do corpo em uma amplitude

determinada, esta técnica utiliza contrações isométricas. Para ganho de amplitude de

movimento e flexibilidade podemos ainda utilizar a técnica de contrai-relaxa para liberar a

musculatura tensa que inibe a amplitude de movimento.

4 Conclusão

Ao decorrer deste trabalho, foi realizado uma revisão bibliográfica afim de encontrar

embasamento científico para o desenvolvimento do projeto e alcançar os objetivos propostos.

Visto que após a leitura de vários artigos referente a microcefalia, foi possível descrever com

clareza o que é esta patologia que, desde 2015 vem sendo muito discutida na mídia brasileira

devido o surto do vírus Zika.

Desta forma, é possível concluir que este trabalho teve seus objetivos propostos

alcançados, podendo esclarecer o que é a microcefalia e a importância da intervenção da

fisioterapia neste público, o porque a estimulação precoce na Microcefalia é tão importante,

visto que este assunto tem sido muito falado nos últimos anos, e mostrar algumas técnicas

fisioterapêuticas que são utilizadas para o tratamento das disfunções motoras que a microcefalia

ocasiona no indivíduo.

Dada à importância do assunto, torna-se necessário a realização de mais pesquisas com

comprovação científica sobre a atuação da fisioterapia em crianças com microcefalia e sua

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eficácia, pois, apesar de ser uma patologia já conhecida, o índice de crianças portadoras de

microcefalia tem aumentado nas clínicas dede 2015, se tornado um desafio no dia-a-dia dos

profissionais da área da saúde, inclusive dos fisioterapeutas.

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CAPITULO 06

Incidências da Mortalidade das Doenças do Aparelho Circulatório no Estado de Mato

Grosso

Aldo Ricci Figueiredo Filho1

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim2

Olyvia Ribeiro Derze3

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch4

Maristela Prado e Silva Nazario5

Resumo

Introdução: As doenças do aparelho circulatório (DAC) estão entre as principais causas de

mortalidade no Brasil. Além disso, causam perda de produtividade no trabalho e a diminuição

da renda familiar em função do absenteísmo. Objetivo: Apresentar os dados em relação à

mortalidade pelas Doenças do Aparelho Circulatório no Estado de Mato Grosso em 2018.

Método: O levantamento dos dados foi obtido através das publicações nos sites do Ministério

da Saúde (MS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Organização Mundial

de Saúde (OMS). Para demonstrá-las, foram construídas tabelas exemplificando os dados.

Resultados: As taxas de mortalidade pelas doenças do aparelho circulatório (DAC) continuam

elevadas no Estado de Mato Grosso em ambos os sexos. Conclusão: As doenças do aparelho

circulatório continuam sendo as principais causas de mortalidade no Estado de Mato Grosso

em 2018, e em maior índice no sexo masculino.

Palavras-chave: Mortalidade. Doenças do Aparelho Circulatório. Mato Grosso.

Epidemiologia.

1 Introdução

É de notório conhecimento que as doenças infectocontagiosas assolavam o País no início

do século XX, sendo estas as principais causas de mortalidade. Com o passar dos anos e o

avanço da tecnologia, da medicina, da prevenção e o combate às endemias, a participação das

mesmas fora reduzida drasticamente, sendo preteridas pelas Doenças Crônicas Não

Transmissíveis (DCNT), transformando-se num dos principais fatores de mortalidade no

Brasil1.

Isso se agrava ainda mais quando associamos às mudanças nos padrões de consumo, dos

hábitos de vida, o avanço tecnológico, a forma como nos alimentamos e à inatividade física,

mantendo tal índice em constante elevação (MALTA et al., 2011).

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 2 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC). 5 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC).

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Como o impacto produzido pelas DCNT vem aumentando consideravelmente ao longo

dos anos, além do envelhecimento populacional, as projeções das mortes anuais decorrentes

destas continuam a subir em todo o mundo, sendo que o maior aumento esperado incidirá nas

regiões de baixa e média renda, conforme informações da Organização Mundial de Saúde

(OMS, 2010).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde para o ano de 2012, estimou-se que 56

milhões de pessoas morreram em todo o mundo, sendo as DCNT responsáveis por 68% de todas

as mortes no referido ano. As principais doenças são: cardiovasculares, câncer, diabetes e

doenças respiratórias crônicas.

Schmidt et al (2011) verificou que no Brasil, as DCNT foram responsáveis por 72% dos

óbitos em 2007, destacando-se aqueles provocados por doenças do aparelho circulatório

(31,3%), neoplasias (16,3%) e diabetes (5,2%).

No estudo de Abegunde et al. (2007), “avaliações para o Brasil indicam que a perda de

produtividade no trabalho e a diminuição da renda familiar resultantes de apenas três DCNT:

diabetes, doença do coração e acidente vascular encefálico, levarão a uma perda na economia

brasileira de US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2015”.

Conforme o Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(MS/IBGE, 2010) as informações referentes aos Gastos com Ações e Serviços Públicos de

Saúde tendo como proporção o PIB brasileiro em 2010 - na qual ocorre a soma dos valores

aplicados pelas três esferas governamentais (Municipal, Estadual e Federal) o total da média

nacional foi de 3,67%. Deste percentual do PIB nacional, fora destinado ao Estado de Mato

Grosso o percentual de 3,18% no mesmo ano.

A proposta do presente estudo foi demonstrar a incidência de mortes pelas Doenças do

Aparelho Circulatório no Estado de Mato Grosso em 2018, enquadradas no Capítulo IX da

Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde – 10

Revisão (CID 10, Cap. IX).

2 Metodologia

Trata-se de um estudo descritivo e abordagem quantitativa, na qual os dados foram

coletados nos sites do Ministério da Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e

da Organização Mundial de Saúde. A amostra foi composta por indivíduos de ambos os sexos,

de todas as idades, sendo os dados referentes ao ano de 2018 do Brasil e de Mato Grosso. Para

a análise das mesmas, foram verificadas as informações divulgadas pelos órgãos acima citados

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quanto à: população, sexo, auto avaliação em saúde, taxa de crescimento populacional, índice

de envelhecimento populacional, mortalidade pelas doenças do aparelho circulatório de acordo

com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde –

10 Revisão (CID 10, Capítulo IX), gastos com ações e serviços públicos de saúde como

proporção do PIB, as 10 maiores causas de mortes no mundo e o relatório mundial das doenças

não transmissíveis de 2010 da Organização Mundial de Saúde.

Aspectos éticos por se tratarem de dados públicos, e não haver elementos de identificação

dos indivíduos estudados, não houve necessidade de emprego de termo de consentimento livre

e esclarecido. Foram observados os princípios éticos constantes da Resolução do Conselho

Nacional de Saúde (CNS) no 466, de 12 de dezembro de 2012.

3 Resultados e Discussão

No ano de 2015, a população brasileira era de 204.860.000. Em Mato Grosso, a população

total era de 3.274.000, perfazendo um total de 1,59%.

Quanto ao percentual da população por sexo em Mato Grosso, 50,43% são do sexo

masculino (1.651.000) e 49,57% são do sexo feminino (1.623.000).

Quadro 1 – Percentual da população.

Referência n %

Brasil 204.860.000 100%

Mato Grosso 3.274.000 1,59%

Masculino 1.651 50,43%

Feminino 1.623 49,57%

Fonte: Dados da pesquisa.

A Pesquisa Nacional de Saúde na qual as pessoas respondem pela sua percepção de

saúde, realizada em 2013 pelo IBGE, as respostas nacionais ficaram tabuladas da seguinte

maneira: 13,30% “muito boa”, 52,82% “boa”, 28,05% “regular”, 4,67% “ruim” e 1,16% “muito

ruim”. Já para as respostas dos habitantes do Estado de Mato Grosso, estas ficaram assim

distribuídas: 10,39% “muito boa”, 56,28% “boa”, 27,72% “regular”, 4,54% “ruim”, sendo que

não houve dados estatisticamente significativos para a resposta “muito ruim”.

Quadro 2 - Pesquisa nacional de saúde - 2013 módulo percepção de

saúde. Distribuição na linha por auto avaliação de saúde

Referência Respostas (%)

Muito Boa Boa Regular Ruim Muito ruim

Brasil 13,30 52,82 28,05 4,67 1,16

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Mato Grosso 10,39 56,28 27,72 4,54 -

Fonte: Dados da pesquisa.

A taxa bruta de natalidade brasileira no ano de 2011 ficou na monta de 15,50 para cada

um mil habitantes.

Já os dados referentes à taxa bruta de mortalidade brasileira no ano de 2018 ficou com

o índice de 6,74 para cada mil habitantes e em Mato Grosso de 5,70 para mil habitantes.

Quadro 3 – Taxa de percentual de incremento médio anual, índice de envelhecimento e porporção de

gasto total.

Percentual de incremento

médio anual (%)

Índice de envelhecimento

populacional (%)

Proporção do Gasto Total /

PIB (%) em 2010 (%)

Brasil 0,84 43,19 3,67

Mato Grosso 1,31 28,27 3,18

Fonte: Dados da pesquisa.

A Taxa de Percentual de Incremento Médio Anual referente ao crescimento

populacional no Brasil pelo Censo de 2010 foi de 0,84%, sendo que para o mesmo período em

Mato Grosso a taxa foi de 1,31%.

Quanto ao Índice de Envelhecimento populacional, em 2018 o referido dado foi de

43,19% enquanto para Mato Grosso, o percentual encontrado foi de 28,27%.

Os dados referentes aos óbitos que compõem a Classificação Internacional de Doenças

e Problemas Relacionados à Saúde (CID-10) demonstram que o total de óbitos no País em 2016

foi de 1.309.774. Destes, em relação ao capítulo IX da CID 10, que trata sobre as Doenças do

Aparelho Circulatório (DAC), evidenciam que no Brasil, a taxa de mortalidade foi de 362.091,

perfazendo um total de 28,88% do referido ano.

Quadro 4 - Óbitos por ocorrência do capítulo IX /

CID-10 - MT/2016

Referência CID 10 - Cap. IX (DAC)

N %

BRASIL 362.091 28,88

Mato Grosso 4.211 1,60

Masculino 2.495 59,25

Feminino 1.716 40,75

Fonte: Dados da pesquisa.

Quanto à Mato Grosso, o total para o ano de 2016 foi de 4.211 casos, perfazendo 1,60%

dos óbitos comparando-se aos dados brasileiros relativos ao Cap. IX da CID 10, sendo que

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59,25% (2.495) foram de pessoas do sexo masculino e 40,75% (1.716) de pessoas do sexo

feminino.

Em relação ao gasto do PIB brasileiro no ano de 2010 quanto às ações e serviços

públicos necessários para a manutenção da saúde pública do País, foram utilizados 3,67% do

PIB, sendo que no mesmo período para o Estado de Mato Grosso, fora destinado o percentual

de 3,18%.

A partir dos dados apresentados, verifica-se que os índices de mortalidade tendo como

causa as DAC continuam sendo uma das principais causas responsáveis pela alta taxa de

mortalidade no País em 2018.

Para tanto, em sua publicação com o título: “Relatório de Posicionamento Global das

Doenças Não Transmissíveis em 2010”, a Organização Mundial de Saúde divulgou dados que

vão de encontro com os apresentados pelo Governo Brasileiro, vez que as DAC são uma das

principais causas de mortes pelo mundo, e uma das que compõem as DCNT. Além disso, em

outra publicação do mesmo Órgão com o título “As 10 maiores causas de mortes”, fica

evidenciado que dentre as DCNT, as DAC continuam na liderança como a maior causa mortis

mundial, apesar da redução de 30% (OMS, 2010, MARINHO; PASSOS; FRANÇA, 2016)

Um estudo de Soares et al (2018) demonstraram que no Estado do Rio de Janeiro, no

período de 1979 à 2010 evidenciou que a variação evolutiva do Produto Interno Bruto per capita

demonstrou elevada correlação com a redução da mortalidade por DAC. Essas relações

sinalizam a importância na melhoria das condições de vida da população para reduzir a

mortalidade cardiovascular.

O estudo de Alves e Moraes (2015) encontraram em seu resultado os seguintes dados

quanto às DAC tendo como referência a população de ambos os sexos, idade entre 30 e 69 anos,

abrangência em todos os Estados e o Distrito Federal, período de 2000 à 2011: o total de óbitos

para o referido período foi de 1.787.322, destes 1.086.921 (60,81%) referentes ao sexo

masculino e 700.401 (39,19%) do sexo feminino. Verificando individualmente as Unidades da

Federação e o Distrito Federal, quase todos os Estados apresentaram redução do número de

óbitos, com exceção dos estados do Acre e a Paraíba, que apresentaram tendência de

manutenção do índice. Em relação ao sexo feminino, quase todos os Estados apresentaram

redução do índice, com exceção de Acre e Roraima, que apresentaram tendência estacionária.

Mas no estudo na capital do Acre, Rio Branco, Bezerra et al. (2018), observou que houve uma

tendência decrescentes de mortes por doenças do aparelho circulatório.

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4 Conclusão

Conclui-se que as Doenças Crônicas Não Transmissíveis continuam sendo as principais

responsáveis pela alta incidência de mortes no Brasil, sendo que o Estado de Mato Grosso não

foi exceção à regra no ano de 2018.

Destas, a principal causa de mortalidade continua sendo as Doenças do Aparelho

Circulatório, incidindo com maior frequência a população do sexo masculino, mesmo que

alguns trabalhos demonstrem que tais índices vêm diminuindo no País e no mundo.

Ademais, faz-se necessário a realização de novos estudos para que possamos acompanhar

os índices de mortalidade em relação às Doenças do Aparelho Circulatório no Brasil.

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CAPITULO 07

Ligamentoplastia de LCA: Procedimentos Fisioterapêuticos em sua Reabilitação

Paulo Henrique de Figueiredo de Sousa1

Olyvia Ribeiro Derze2

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch3

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim4

Maristela Prado e Silva Nazario5

Resumo

Introdução: O complexo da articulação do joelho é extremamente elaborado e inclui três

superfícies articulares, que formam duas articulações distintas contidas dentro de uma simples

cápsula: a patelofemoral e a tibiofemoral. O Ligamento Cruzado Anterior é uma estrutura única

e um dos mais importantes ligamentos para a estabilidade do joelho, servindo como restrição

primária para a translação anterior da tíbia relativa ao fêmur e restrição secundária à rotação

externa e interna do joelho que não está sustentando peso. Objetivo: Descrever a atuação

fisioterapêutica no paciente pós-cirúrgico de Ligamento Cruzado Anterior. Método: Foi

realizado um estudo de revisão bibliográfica. O levantamento bibliográfico foi realizado nos

bancos de dados da Lilacs e SciELO, na língua portuguesa e inglesa. Como critério de inclusão

foi considerado os artigos científicos em português, disponíveis eletronicamente e publicados

entre 2011 a 2018, livros, Monografia e Trabalho de Conclusão de Curso. Resultados:

Articulação do complexo do joelho, portanto, é a mais lesionada. Dentre as lesões mais comuns

estão as entorses, contusões, lesões meniscais e ligamentares. As mais frequentes são as lesões

do ligamento cruzado anterior. Conclusão: É imprescindível que após a ligamentoplastia de

LCA a intervenção fisioterapêutica seja precoce e respeite os principais métodos utilizados no

ato cirúrgico: o enxerto osso tendão osso e o enxerto quádruplo do semitendíneo e grácil

precisarão dessa atenção, pois, cada um deve ser reabilitado de forma diferente cabendo a esse

profissional utilizar a melhor combinação de exercícios cinesiológicos e cadeia cinética aberta

e cadeia cinética fechada para um perfeito retorno desse paciente as suas AVDs.

Palavras-chaves: Ligamentoplastia de LCA, Procedimentos e Reabilitação Fisioterapêutica.

1 Introdução

O complexo do joelho localiza-se na transição entre a coxa e a perna e é considerado a

mais complexa articulação do corpo humano. Ele tem uma incidência de lesões relativamente

alta, principalmente em esportistas (HENTSCHEL; SERRÃO, 2010).

O joelho é destinado à realização de movimentos rápidos e complexos ao mesmo tempo,

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 2 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 5 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC).

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comumente tem suas tarefas dificultadas pelo peso do corpo. Essas duas necessidades,

velocidade e força, aplicam tensões na articulação e isto, por sua vez, pode acarretar sintomas.

Outra característica é a posição exposta do joelho, que torna a articulação vulnerável em muitas

ocupações e esportes (MACNICOL, 2002).

O joelho deve suportar grandes forças, dar estabilidade e possuir uma grande amplitude

de movimento, tudo isso é fornecido pelas estruturas ósseas, musculares, ligamentares e

menisco (OLIVEIRA; CHIAPETA, 2016).

O complexo da articulação do joelho é extremamente elaborado e inclui três superfícies

articulares, que formam duas articulações distintas contidas dentro de uma simples cápsula: a

patelofemoral e a tibiofemoral (DUTTON,2010).

Um dos motivos da ocorrência frequente de lesão no complexo do joelho é o fato de estar

localizado entre dois braços longos de alavanca, o fêmur e a tíbia, formando o elo entre os

elementos da cadeia cinética dos membros inferior e acaba sendo submetido a grandes forças

(HENTSCHEL; SERRÃO, 2010). O objetivo deste trabalho foi descrever a atuação

fisioterapêutica no paciente pós-cirúrgico de Ligamento Cruzado Anterior.

2 Metodologia

A metodologia desse trabalho está desenvolvida em revisão bibliográfico e análise de

pesquisas. O levantamento bibliográfico foi realizado no s bancos de dados SciELO e Lilacs na

língua portuguesa e inglesa. Foram utilizados os seguintes descritores: Ligamentoplastia, LCA,

Procedimentos, Fisioterapêuticos e Reabilitação. Como critérios de inclusão consideramos os

artigos científicos em português, disponíveis eletronicamente e publicados entre 2011 a 2018,

livros, Monografia e Trabalho de Conclusão de Curso. Sendo excluídos artigos em outros

idiomas.

3 Resultados e Discussão

O joelho é uma das articulações mais lesionadas do corpo. Os tipos de lesões nessa região

vistos clinicamente podem ser generalizados dentro das seguintes categorias (DUTTON, 2010):

Entorses ou distensões inespecíficas e outras lesões menores, incluindo as por

esforço repetitivo.

Contusões.

Lesões de menisco ou de ligamentos.

Dentre essas lesões, as comumente ocorridas são as ligamentares, com evidência para a

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lesão do ligamento cruzado anterior (OLIVEIRA; CHIAPETA, 2016).

O Ligamento Cruzado Anterior (LCA) é uma estrutura única e um dos mais importantes

ligamentos para a estabilidade do joelho, servindo como restrição primária para a translação

anterior da tíbia relativa ao fêmur e restrição secundária à rotação externa e interna do joelho

que não está sustentando peso (DUTTON, 2010).

Anatomicamente o LCA, está inserido no platô tibial parte anterior, estendendo-se para

cima e para posterior se inserindo na face medial do côndilo femoral lateral (STIEVEN-FILHO

et al. 2011).

Quando se abre pela frente a articulação do joelho, observa-se que os ligamentos cruzados

estão situados em pleno centro da articulação, alojando-se principalmente na incisura

intercondiliana, e o primeiro que se encontra é o LCA, sua inserção tibial localiza-se na

superfície pré-espinhal, ao longo da glenóide interna entre a inserção do corno anterior do

menisco interno pela frente e a do menisco externo por trás. O seu trajeto é oblíquo para cima

para trás e para fora e sua inserção femoral se realiza sobre a face axial do côndilo externo

(KAPANDJI, 2000).

O LCA é o ligamento do joelho lesionado em 50% de todas as lesões ligamentares, em

que a maioria destas ocorre em atividades esportivas, principalmente as que envolvem

aceleração e desaceleração (OLIVEIRA; CHIAPETA, 2016).

O LCA absorve cerca de 90% da força causadora da translação anterior. Seu feixe ântero-

medial é tenso na flexão, enquanto, na extensão, as fibras póstero-laterais são alongadas. Essas

propriedades únicas não apenas o tornam o ligamento “crucial” da articulação do joelho, mas

também aumentam seu potencial para sofrer lesões (DUTTON,2010).

3.1 Ligamentoplastia de LCA

Apesar dos avanços no estudo da anatomia e biomecânica do joelho, quando se depara

com uma lesão de LCA, a maior dificuldade encontrada relativa ao tratamento é determinar se

a indicação terapêutica é clínica ou cirúrgica. A intervenção cirúrgica é indicada quando a

instabilidade causa incapacidade e limitações funcionais ou pode eventualmente levar à

deterioração das superfícies articulares (CAMANHO, 2003).

A decisão para a reconstrução do LCA é baseada em fatores como: grau de instabilidade,

idade do paciente, nível de exigência do joelho, presença de falseios, lesões meniscais

recorrentes e interesse em retornar ao esporte. A cirurgia tem como objetivo criar uma réplica

do ligamento original, porém para se obter as mesmas capacidades funcionais comparadas ao

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membro não operado é necessário um programa de reabilitação (PEREIRA et al., 2012).

A reconstrução do LCA é uma das cirurgias ortopédicas mais realizadas estimando-se

que por ano, sejam realizadas aproximadamente entre 50.000 a 300.000 reconstruções nos

Estados Unidos da América, consoante os diferentes estudos.

No entanto, são utilizados preferencialmente enxertos autólogos ou aloenxertos,

principalmente devido à possibilidade de transmissão de doenças (SALGADO; CASTRO,

2014).

Os enxertos mais utilizados são: osso-tendão-osso com terço médio do tendão patelar

(OTO) e enxerto quádruplo do semitendíneo e grácil (EQSG). Para cada tipo de enxerto existem

as vantagens e as desvantagens (PEREIRA et al., 2012).

3.2 Enxerto Osso-tendão-Osso (OTO)

A utilização do terço central do tendão rotuliano para reconstrução do LCA foi

inicialmente descrita por Jones, numa tentativa de realizar um procedimento mais fisiológico.

Esta técnica foi posteriormente modificada por vários cirurgiões dando origem à técnica

cirúrgica atual, na qual o terço central do tendão rotuliano é removido juntamente com uma

porção óssea em cada uma das extremidades do tendão, devendo cada porção óssea ter 10 mm

de largura e 25 mm de comprimento e o tendão 9 a 11 mm de largura.

Como vantagens, esta técnica permite a colheita fácil de um enxerto com tamanho

consistente, com elevada rigidez e resistência elástica, com capacidade de revascularização e

com rápida incorporação. Adicionalmente este enxerto permite uma fixação sólida com a

utilização de parafusos de interferência e apresenta boas taxas de retorno dos doentes às

atividades físicas prévias.

As desvantagens estão sobretudo, relacionadas com a morbilidade da zona dadora e

incluem dor, tendinite rotuliana, fratura rotuliana, ruptura do tendão rotuliano e maiores taxas

de rigidez articular.

Quanto à biomecânica, já foi demonstrado que este enxerto pode apresentar uma

resistência elástica aproximadamente 168% da do LCA normal, sendo que, para os enxertos

tradicionais de 10 mm de largura, os estudos mostram valores de resistência elástica que variam

de 1784 N a 2977 N e valores de rigidez que variam de 210 N/mm a 620 N/mm (SALGADO;

CASTRO, 2014).

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3.3 Enxerto Quádruplo do Semitendíneo e Grácil (EQSG)

Já o uso do EQSG tornou-se frequente como substituto do LCA porque evita a retirada

de parte do mecanismo extensor, diminuindo, assim, as complicações crônicas e agudas da

articulação patelofemoral. Porém, pode ocorrer fraqueza dos isquiotibiais e o procedimento é

tecnicamente mais complicado. Aliada à reconstrução ligamentar, a reabilitação do joelho é um

ponto de fundamental importância para alcançar os resultados desejados. O programa ideal de

reabilitação tem por base o conhecimento biológico e mecânico exercido pelo ligamento

(PEREIRA et al. 2012).

Muitos cirurgiões de joelho têm preconizado o uso do enxerto múltiplo do mecanismo

flexor para substituir o ligamento cruzado anterior. Lonnie E. Paulos (comunicação pessoal.

Orthopedic Specialty Hospital, Salt Lake City, Utah, outubro de 1994) utiliza-se o

semitendinoso duplo associado ao grácil duplo e os fixa no fêmur com o Mitek (Mitek Surgical

Products, Inc., MA) e na tíbia com arruela denteada. Os meios de fixação utilizados por

Rosenberg e Paulos são comprovadamente eficientes e vêm ao encontro da tendência moderna

de bem estabilizar para liberar precocemente, porém têm no custo um fator inibidor de aplicação

da técnica. Procurando adequar a utilização do mecanismo flexor do joelho como enxerto para

o LCA, com a diminuição do custo do material de fixação em mais de 90% em relação à técnica

de Rosenberg e Paulos, temos empregado o semitendinoso e o grácil (enxerto quádruplo)

fixando-os ao fêmur com placa de um furo de 10x10mm e a tíbia também com placa de um

furo, de 20x10mm (BALSINI; BALSINI, 1996).

Hoje em dia a cirurgia de reconstrução do LCA é artroscopicamente assistida

utilizando técnicas minimamente invasivas de modo a reduzir ao máximo a morbilidade

cirúrgica (SALGADO; CASTRO, 2014).

3.4 Intervenção Fisioterapêutica Pós Ligamentoplastia de LCA

Após o tratamento cirúrgico, inicia-se a fase de reabilitação do joelho, onde o

conhecimento do tipo de enxerto utilizado na cirurgia deve ser levado em consideração, pois

cada enxerto possui suas especificidades (SANTOS, 2016).

O enxerto da 4ª a 12ª semana é mais fraco e tem menos resistência, com isso, o programa

de reabilitação deve proporcionar o nível de esforço apropriado sem provocar uma relesão

consequentemente melhorando a cicatrização e a remodelação. Reconstruções que utilizam em

enxerto do tendão patelar através de pinos ósseos proporcionam um enxerto forte e uma fixação

firme com cicatrização óssea. Esses enxertos fornecem resistência e meios de fixação diferentes

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(CAMANHO; CAMANHO; VIEGAS, 2003).

Após o procedimento cirúrgico torna-se imprescindível o processo de reabilitação. Este

processo deve se atentar para alguns pontos de destaque, o ganho de arco de movimento em

extensão deve ser o mais precoce possível, fortalecimento de todo o membro inferior afetado,

ganho de flexão do joelho, exercícios de equilíbrio, propriocepção e o retorno às atividades

sociais e profissionais cotidianas do paciente (CAMANHO; CAMANHO; VIEGAS, 2003).

Durante a reabilitação pós reconstrução do LCA, vários recursos podem ser utilizados.

Ao longo dos anos diversos protocolos são propostos e tem sofrido inúmeras modificações. O

sucesso de uma reconstrução do LCA extrapola o ato cirúrgico e depende também dos

procedimentos utilizados na reabilitação pós-operatória sendo, portanto, a fisioterapia uma

continuação lógica do ato cirúrgico (ARLIANI et al., 2012).

Apesar da discordância entre autores acerca do protocolo para reabilitação da lesão de

ligamento cruzado anterior, há uma concordância ao se utilizar crioterapia associada com

ultrassom pulsátil, exercícios isométricos e pliométricos no início do tratamento (OLIVEIRA;

CHIAPETA, 2016).

Nos vários protocolos encontrados, existem dois principais para a reabilitação pós-

cirúrgica de LCA, sendo eles:

Normal: tem como objetivo recuperar o joelho de pacientes não atletas e o tempo de

tratamento pode chegar até a oito meses (BOSSINO, MESQUITA, 2011)

Acelerado: chega de quatro a seis meses de tratamento, para reabilitar o paciente atleta

no menor tempo possível, a fim de deixá-lo apto para as suas atividades profissionais

(BOSSINO, MESQUITA, 2011).

Pode-se notar que tanto o protocolo normal quanto o acelerado têm o intuito de deixar o

paciente o mais funcional possível, sendo basicamente um só, diferenciando apenas na forma

de usá-los, adequando sempre às necessidades do paciente (OLIVEIRA; CHIAPETA, 2016).

Propôs as seguintes condutas:

Primeira fase: mobilização patelar, isometria para ganhar amplitude de movimento

(ADM), imobilização de joelho em extensão, controlar o edema, dor, deambulação

com muletas sem apoio do membro operado, mobilização passiva continua.

Segunda fase: deambulação com carga parcial com auxílio de muletas e imobilizador

em extensão, exercícios isotônicos sem carga, a ADM passiva deve estar em 90º, o

objetivo e ganhar até 120º, exercício ativo livre para flexão e extensão de joelho,

propriocepção sem descarga de peso, alongamentos leves.

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Terceira fase: entra os exercícios em cadeia cinética fechada, elevação da perna com

peso, bicicleta, alongamentos mais fortes, iniciam-se trotes em linha reta e com

mudança de direção.

Quarta fase: o paciente continua os alongamentos, o ganho de ADM deve estar

completo, continuar exercícios em cadeia cinética fechada e dar início aos exercícios

e cadeia cinética aberta, deve-se continuar a propriocepção e pliometria, iniciar treino

de atividade esportiva (corrida em linha reta, com mudança de direção, corrida em

oito), deve-se iniciar musculação e natação liberando o paciente para suas atividades

esportivas.

A reabilitação do LCA requer a restauração da amplitude normal de movimento, dar força

e dar capacidade funcional, ao mesmo tempo em que protege o enxerto. A resistência do enxerto

depende da resistência da fixação durante as primeiras 4 a 6 semanas.

4 Conclusão

Devido a sua localização entre dois braços de alavancas longos do corpo humano, o fêmur

e a tíbia, sendo a articulação mais complexa do nosso organismo e exposta a todos os tipos de

atrito do dia a dia e também a ação da gravidade. A articulação do complexo do joelho, portanto,

é a mais lesionada. Dentre as lesões mais comuns estão as entorses, contusões, lesões meniscais

e ligamentares. As mais frequentes são as lesões do ligamento cruzado anterior.

Sendo restritor primário da anteriorização da tíbia em relação ao fêmur e secundário da

rotação interna e externa do joelho, é imprescindível que após a ligamentoplastia de LCA a

intervenção fisioterapêutica seja precoce e respeite os principais métodos utilizados no ato

cirúrgico: o enxerto osso tendão osso e o enxerto quádruplo do semitendíneo e grácil precisarão

dessa atenção, pois, cada um deve ser reabilitado de forma diferente cabendo a esse profissional

utilizar a melhor combinação de exercícios cinesiológicos e cadeia cinética aberta e cadeia

cinética fechada para um perfeito retorno desse paciente as suas AVD.

Referências ARLIANI, G.G. et al. Lesão do ligamento cruzado anterior: tratamento e reabilitação –

perspectivas e tendências atuais. Rev. Bras. Ortop., v.47, n.2, p.191-196, 2012.

BALSINI N.; BALSINI, N. E. Reconstrução do LCA com enxerto quádruplo do semitendinoso

e grácil. Rev. Bras. Ortop., v.31, n.2, p.159-164, 1996.

CAMANHO, G; CAMANHO, L.F.; VIEGAS, A. Reconstrução do ligamento cruzado anterior

com tendões dos músculos flexores do joelho fixos com Endobutton. Rev. Bras. Ortopedia,

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v.38, n.6, p.329-336, 2003.

DUTTON, M. Fisioterapia ortopédica: exame, avaliação e intervenção. Porto Alegre: Artmed,

2010.

HENTSCHEL P.; SERRÃO, F. Movimento articular: aspectos morfológicos e funcionais:

volume II, membro inferior. Barueri: Manole, 2010.

KAPANDJI, A.I. Fisiologia articular. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.

MACNICOL, M.F. O joelho com problema. São Paulo: Manole, 2002.

OLIVEIRA, T.G.; CHIAPETA, A.V. Intervenção fisioterapêutica nas lesões do Ligamento

Cruzado Anterior (LCA): revisão de literatura. Rev. Cient. Univiçosa, v.8, n.1, p.548-554, 2016.

PEREIRA, M. et al. Tratamento fisioterapêutico após reconstrução do ligamento cruzado

anterior. Acta Ortop Bras, v.20, n.6, p.372-5, 2012.

SALGADO, J.; CASTRO, J. Ligamentoplastia do ligamento cruzado anterior com enxerto

osso-tendão-osso vs enxerto de tendões isquiotibiais vs enxerto osso-tendão. Rev. Port. Ortop.

Traum. v.22, n.3, 2014.

SANTOS, T. Protocolos de tratamento fisioterapêutico no pós-operatório de reconstrução do

ligamento cruzado anterior em atletas profissionais. Rev. Cient. FacMais, v.8, n.3, 2016.

STIEVEN-FILHO E, et al. Estudo anatômico das duas bandas do ligamento cruzado anterior

com o joelho em 90º de flexão. Rev. Col Bras. Cir., v. 38, n.5, p.338-342, 2011.

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CAPITULO 08

O Uso da Pressão Positiva Contínua nas Vias aéreas em Crianças: Revisão Integrativa

da Literatura

Douglas Cardoso Alves1

Olyvia Ribeiro Derze2

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch3

Juliana Santi Sagin Pinto Bergamim4

Nelma Sueli Marques Borges5

Maristela Prado e Silva Nazario6

Resumo

Introdução: Pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) é um modo de ventilação

mecânica não invasiva comumente usados em crianças. Objetivo: Identificar quais são os

principais impactos da utilização da pressão positiva contínua nas vias aéreas em crianças

hospitalizadas com pneumonia adquirida na comunidade (PAC). Método: Foi realizada uma

pesquisa de revisão integrativa da literatura nas bases de dados eletrônicos nos últimos dez anos

Medline, Pubmed, Lilacs, Bireme, Scielo e Google Acadêmico, elucidando o conceito de CPAP

e PAC, abordando os problemas enfrentados por crianças hospitalizadas e identificando os

impactos da utilização do CPAP. Conclusão: Foi possível identificar que o CPAP pode ser um

coadjuvante no tratamento da PAC, pois, o mesmo pode minimizar as complicações da

hospitalização, reduzindo a morbidade e a mortalidade.

Palavras-chave: Ventilação Não-Invasiva. Pneumonia Associada a Assistência à Saúde.

Criança Hospitalizada.

1 Introdução

A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) atinge uma enorme porção da população

mundial, tem maior predomínio em países não desenvolvidos. Essa patologia é responsável por

um imenso número de mortes em todo o mundo. Estima-se que no mundo morram dois milhões

de crianças por ano devido à pneumonia, especialmente em países em desenvolvimento

(RODRIGUES, 2011).

Pneumonias são doenças inflamatórias agudas causadas por infecções que agridem o trato

respiratório e podem ser causadas por vírus, bactérias ou fungos. As pneumonias de origem

bacteriana são as que mais acometem crianças. O tratamento hospitalar é indicado para as

pneumonias classificadas como graves e muito graves, observando como complicações mais

constantes das pneumonias o derrame pleural, atelectasias, pneumatoceles e insuficiência

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 2 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 5 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 6 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC).

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respiratória (RICCETTO; MORCILLO; ZAMBOM, 2003).

As crianças que são submetidas ao processo de hospitalização prolongada ou repetida têm

maior risco de sofrerem retardo no seu desenvolvimento, além, dos riscos físicos que estão

expostas. No período que estão no hospital às crianças ficam restringidas ao leito, inertes,

cercadas de pessoas estranhas e submetidas a vários procedimentos desagradáveis, trazendo

várias consequências emocionais às mesmas (PEDROSA et al., 2007). Para minimizar os

impactos sofridos por essas crianças e diminuir o tempo de hospitalização, se faz necessário o

uso de uma técnica que venha auxiliar o tratamento convencional.

Referente ao que já foi exposta, a ventilação não invasiva (VNI) refere-se à aplicação de

um suporte ventilatório sem a utilização de métodos invasivos das vias aéreas (tubo oro ou

nasotraqueal ou uma cânula de traqueostomia) (FERREIRA et al., 2009). Há diferentes

modalidades no seu uso, o presente trabalho está focado na Pressão positiva contínua nas vias

aéreas - Continuous positive airway pressure (CPAP). Nesta modalidade, uma pressão positiva

contínua é oferecida às vias aéreas inferiores através da faringe por diferentes tipos de

interfaces, como máscara nasal, máscara facial e máscara facial total (MFT). A CPAP aumenta

a absorção de Oxigênio (O2) pelo organismo, diminui o esforço respiratório, aliviando o

cansaço dos músculos inspiratórios, Impede o colapso alveolar, dentre outros benefícios (LOH;

CHAN; CHAN, 2007).

Tendo em vista o cenário que foi apresentado, o presente trabalho irá analisar o uso do

CPAP em crianças hospitalizadas com pneumonia adquirida na comunidade. Assim, o objetivo

geral passa a ser identificar quais são os principais impactos da utilização da CPAP em crianças

hospitalizadas com pneumonia adquirida na comunidade, e para tanto, será necessário

conceituar a CPAP, a PAC, relacionar as complicações enfrentadas por crianças hospitalizadas,

e apontar e analisar os efeitos da utilização do CPAP.

2 Metodologia

O presente estudo consiste em uma pesquisa de revisão bibliográfica integrativa, de

caráter exploratório e descritivo, que trará seus resultados apresentados sobre a forma

qualitativa. Para a sua elaboração foi realizada uma busca ativa de informações, através de

artigos científicos, utilizando as bases de dados eletrônicos nos últimos dez anos Medline,

Pubmed, Lilacs, Bireme, Scielo e Google Acadêmico. O levantamento foi executado com os

seguintes descritores: Ventilação não invasiva com pressão positiva / non invasive ventilation

with positive pressure, CPAP, crianças hospitalizadas / hospitalized children, pneumonia

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adquirida na comunidade / Community-acquired pneumonia. Foram definidos como critérios

de inclusão: artigos de revisão, editoriais, livros, consensos e artigos originais de língua inglesa,

portuguesa ou espanhola.

3 Resultados e Discussão

Na década de 40 iniciaram-se estudos sobre a pressão positiva, durante a segunda guerra

mundial, com a medicina de aviação (MOTLEY et al., 1947). A partir dos anos 80, está técnica

começou a ser mais propagada com a inserção do CPAP (continuos positive airway pressure)

para o tratamento da síndrome da apnéia obstrutiva do sono (SAOS). Nos anos 90 começa a

utilização desse recurso em crianças nos Estados Unidos. E desde então a sua utilização tem-se

difundido no tratamento de insuficiência respiratória de diversas etiologias (DÍAZ;

MAYORALAS, 2003).

A ventilação não invasiva (VNI) refere-se ao uso de um suporte ventilatório sem o auxílio

de métodos invasivos das vias aéreas como (intubação orotraqueal e traqueostomia). O CPAP

(Continuos Positive Airway Pressure – Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas) é uma

modalidade de VNI, que se define como um sistema artificial que produz pressão transpulmonar

positiva ao longo das fases da respiração espontânea (FERREIRA et al., 2009).

Pode-se utilizar a CPAP através de ventiladores exclusivos para a VNI, estes apresentam

um circuito único, por onde ocorre a inspiração e a expiração (LOFASO et al., 1996). No

entanto, essa modalidade também pode ser usada com os ventiladores de unidade de tratamento

intensivo (UTI). Contudo os ventiladores específicos se sobressaem, devido à tolerância ao

vazamento, a boa sincronia paciente-ventilador e o preço competitivo quando equiparados aos

ventiladores de UTI (VITACCA et al., 2002).

Para usarmos a CPAP se faz necessário também a utilização de uma interface que fará

conexão do paciente ao ventilador. Existem diferentes tipos de máscaras: nasais, nasobucais ou

faciais. A escolha da máscara é de fundamental importância para a sua aplicação, pois, o ajuste

do paciente dependerá de suas características. As mais empregadas em pediatria são as nasais

e nasobucais de silicone, de diferentes tamanhos (MEDINA; PONS; ESQUINAS, 2004).

A aplicação do CPAP produz alguns efeitos no organismo, destacamos o aumento da

passagem de ar nas vias aéreas superiores, tanto pelo estímulo dos músculos dilatadores desse

local quanto pela abertura das vias aéreas pela pressão positiva, essa modalidade permite um

gradual recrutamento alveolar. Melhora a oxigenação sistêmica, com isso, reverte a vaso

constrição dos capilares pulmonares, diminuindo a resistência vascular e aumentando o fluxo,

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conseqüentemente diminuindo o shunt. Diminui o gasto cardíaco, por permitir uma maior

entrega de oxigênio aos tecidos (GRENVIK, 2001). Além disso, essa técnica melhora as trocas

gasosas, a saturação de oxigênio, favorece a complacência pulmonar, diminui o trabalho

respiratório, evita a intubação precoce, facilita a redistribuição do líquido do interstício

(KNOBEL, 2006). Portanto, podemos inferir que essa técnica auxilia no tratamento e minimiza

as complicações geradas pela PAC.

Para prosseguirmos com este trabalho, se faz necessária a definição da Pneumonia. As

pneumonias são doenças inflamatórias agudas de origem infecciosa que arremetem contra o

parênquima pulmonar e são causadas por vírus, bactérias, fungos, entre outros agentes. A

Pneumonia Adquirida na comunidade (PAC) que é o objeto de estudo deste trabalho se refere

à pneumonia contraída fora do ambiente hospitalar, ou, ainda, aquela que se manifeste até 48 h

após admissão em uma unidade assistencial (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2004).

Em seguida abordarmos a fisiopatologia da pneumonia. Conforme Santos (2009), o

organismo invasor causa inflamação nos bronquíolos e alvéolos, o exsudato se dispersa para os

alvéolos mais próximos, favorecendo uma rápida disseminação de bactérias. Os alvéolos

passam a acumular eritrócitos, leucócitos, macrófagos e fibrina, com congestão no lobo

pulmonar ou em parte deste. A função pulmonar sofre alteração, provocando uma diminuição

da ventilação alveolar, apesar do sangue correr normalmente, há redução nas trocas gasosas e

na ventilação/perfusão (V/Q), resultando em hipoxemia e hipercapnia (SANTOS, 2009).

Diversos são os fatores de risco que favorecem o aumento de ocorrências e/ou a gravidade

das pneumonias em crianças, destacam-se a prematuridade, desnutrição, nível socioeconômico

baixo, tabagismo passivo e convívio em creches. Semelhantemente doenças que afetam os

sistemas cardiopulmonar, imunológico ou neuromuscular podem agravar o quadro de saúde das

crianças com pneumonia (BOHLAND; JORGE, 1999).

O quadro clínico dessa patologia é evidenciado pela presença de tosse, dispnéia, dor

pleurítica, queda do estado geral, febre, cefaléia, sudorese, mialgia, hipoxemia, adinamia entre

outros. Além desses sintomas, para diagnosticar a PAC, se faz necessário verificar alguns

achados no exame físico como redução localizada do murmúrio vesicular, aumento do frêmito

toracovocal, maciez à percussão, pectorilóquia. Também é indispensável à análise da

radiografia de tórax e do hemograma (HALM; TEIRSTEIN, 2002; PEREIRA et al., 2004).

Para tomada de decisão sobre o tratamento, avaliação da gravidade da doença e inferir

provável prognóstico se utilizam alguns métodos classificatórios entre eles o Índice de

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Gravidade de Pneumonia (PSI – Pneumonia Severity Index) e a escala de gravidade da PAC da

British Thoracic Society (BTS) (BOHLAND; JORGE, 1999; MANDELL et al., 2007). Há

necessidade de internação para pacientes que obtiverem maiores pontuação segundo as escalas,

pois, são considerados pacientes de maiores riscos. Mediante ao exposto percebemos que a

hospitalização é recomendada para pneumonias classificadas como graves e muito graves.

Diante do que já foi exposto, podemos observar que crianças acometidas com pneumonias

graves ou que tenham complicações decorrentes das mesmas, passarão pelo processo de

hospitalização. Crianças estão mais suscetíveis a morbidade e mortalidade em consequência da

PAC, segundo Piva et al. (1998) a população pediátrica é mais vulnerável, devido ao

comprometimento do seu sistema respiratório. Dentre os vários fatores eles destacam as

peculiaridades anatômicas, características fisiológicas e imunológicas, tais como menor

diâmetro das vias aéreas que causam maior obstrução, musculaturas intercostais e diafragma

menos maduram acarretando em fadiga, seu sistema imunológico ainda em desenvolvimento,

propício as infecções e reservas de oxigênio diminuídas.

Crianças hospitalizadas podem sofrer com a desnutrição e estão expostos a adquirirem

infecções, ambos os riscos provenientes do ambiente hospitalar. Em um estudo encontraram

percentuais elevados de perda ponderal em crianças hospitalizadas com pneumonia (ROCHA;

ROCHA; MARTINS, 2006). Quanto aos riscos de adquirirem infecções a Organização Mundial

da Saúde preconiza que a infecção hospitalar é a principal causa de morbidade e mortalidade

em crianças de mais tenra idade (OMS, 1971). Semelhantemente Turrini (2002) em seu estudo,

ao analisar a relação da infecção hospitalar com o óbito, verificou que em 30,4% das crianças

hospitalizadas a infecção foi considerada a causa do óbito e em 50,8% ela contribuiu.

Além disso, a hospitalização traz prejuízos à saúde mental e emocional das crianças, visto

que, é uma experiência detestável, pois envolve um processo de perda, independentemente do

tempo de internação, devido à criança ser mais vulnerável que o adulto, impondo adaptações às

mudanças do seu dia-a-dia. Em muitos casos ocorre a separação das crianças e os pais,

promovendo medo e ansiedade nas mesmas por estarem em um ambiente novo, também por

serem submetidas a procedimentos terapêuticos desconhecidos e agressivos sofrem sentimentos

de abandono e desamparo (LIMA, 2004).

É comum ocorrerem mecanismos de defesa, em forma de regressão, no qual a criança

volta a uma fase anterior à sua idade atual, como meio de proteção. Também pode haver rejeição

da alimentação, diminuição da fala, perda do domínio sobre os esfíncteres, além de outras

respostas emocionais (SDALA; ANTÔNIO, 1995). Por outro lado, a hospitalização pode alterar

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o desenvolvimento da criança, promovendo alterações físicas e mentais, estabelecendo

sentimentos de menos valia, insegurança e inferioridade (PEDROSA et al., 2007). Devido a sua

fragilidade emocional a criança terá dificuldade em aceitar sua situação, trazendo impactos

psicológicos, muitas vezes irreversíveis.

Conforme o contexto se faz necessário expor e analisar os impactos do uso do CPAP em

crianças hospitalizadas com a PAC. Para a utilização do CPAP o paciente pediátrico necessita

estar consciente, alerta, cooperativo (excetuando pacientes com narcose por hipercapnia),

hemodinamicamente estável e sem dificuldades para adaptação à máscara e ao modo

ventilatório empregado (MEDURI, 1998). Podemos inferir que, antes de aplicar a técnica o

paciente deve passar por uma avaliação, para verificar se o mesmo é um paciente elegível para

a sua utilização.

O uso do CPAP pode trazer associado algumas complicações destacam-se: lesão da

pirâmide nasal, eritema facial, congestão nasal, hemorragias nasais, distensão gástrica, dor

ocular, conjuntivite, ulceração corneal, sinusite e menos frequentemente pneumotórax,

hipotensão e pneumonia de aspiração (MEDINA; PONS; ESQUINAS, 2004). O

desenvolvimento de necrose de pele no local de contato da máscara é a complicação mais

comum de VNI, com uma incidência aproximada de 10% (SILVA; FORANDA; TROSTER,

2003). Logo, para utilizar a CPAP se faz necessária uma equipe de profissionais habilitados a

identificar antecipadamente os problemas que poderão surgir e solucioná-los de forma

adequada.

Embora o CPAP possa trazer algumas complicações no seu uso, e tenham que ser tomados

alguns cuidados na sua aplicação. Esse recurso se mostra vantajoso, quanto ao seu desempenho

no tratamento da PAC e suas complicações. Dentre as vantagens que podemos obter ao

empregar está técnica salientamos evitar as complicações relacionadas à EOT e traqueostomia,

preservar os mecanismos de defesa das vias aéreas, preserva a linguagem e a deglutição,

necessita de pouca ou nenhuma sedação e possui grande flexibilidade em instituir e suspender

seu uso (SILVA; FORANDA; TROSTER, 2003).

O CPAP traz também benefícios fisiológicos que observamos em pacientes que o

utilizam, apontamos o recrutamento de alvéolos colapsados ou não ventilados, aumenta a

capacidade residual funcional, melhora a relação ventilação-perfusão, melhora a troca gasosa,

otimiza a atividade respiratória, diminui a fadiga, aumenta a ventilação minuto (MEDURI, et

al. 1996).

Apesar de o CPAP ser uma técnica nova, podemos observar inúmeros estudos clínicos,

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que comprovam em seus resultados a eficácia no tratamento da PAC e de suas complicações.

Em um estudo com 113 crianças, tendo como modo ventilatório mais frequente o CPAP, e em

segundo lugar com 31% dos casos a pneumonia como patologia de base, seus resultados

apresentaram uma rápida melhora clínica, avaliada através da diminuição da frequência

cardíaca e respiratória, melhora nos parâmetros gasométricos (pH e pCO2), evitou-se o

agravamento clínico e possibilitou um maior conforto respiratório. Apesar das dificuldades

encontradas na realização desse trabalho, complicações decorrentes da VNI, difícil colaboração

e adaptação, revés na escolha e ajuste da interface. O mesmo se mostrou promissor quanto à

utilização do CPAP em pacientes pediátricos (NUNES et al., 2010).

Existem vários estudos que comprovam os benefícios da ventilação não invasiva com

pressão positiva em pacientes com insuficiência respiratória aguda decorrente da PAC. Um

estudo realizado na Itália em pacientes com PAC mostrou uma redução na taxa respiratória e

na quantidade de intubação endotraqueal ao empregar a CPAP (CONFALONIERI et al., 1999).

Holanda et al. em estudo realizado em um hospital no Ceará com portadores de insuficiência

respiratória aguda decorrentes de várias patologias, dentre elas a pneumonia. Utilizando a

ventilação não invasiva com pressão positiva, também constatou uma redução no número de

intubação, redução da frequência respiratória e melhora na gasometria (HOLANDA et al.,

2001).

Por fim, a partir do desenvolvimento de cada um dos objetivos específicos, foi possível

reconhecer os principais impactos da utilização do CPAP em pacientes pediátricos com a PAC,

e apesar de ser necessária a observação de alguns critérios para sua utilização, o método se

mostra promitente. Desse modo, o objetivo geral deste trabalho foi alcançado e o problema de

pesquisa devidamente respondido. Embora, mais estudos prospectivos analisando esses

impactos, principalmente em crianças, são necessários.

4 Conclusão

A aplicação da CPAP em crianças embora seja recente, já demonstra ser um método

auspicioso, suficientemente poderoso para provocar mudanças no tratamento de pacientes

pediátricos. O uso da CPAP traz resultados positivos no tratamento da PAC e de suas

complicações, já que o mesmo diminui o complexo e arriscado processo da VMI, melhora a

oxigenação e otimiza o processo respiratório. Além disso, esse recurso ameniza os problemas

físicos e emocionais das crianças hospitalizadas, visto que, o tempo de hospitalização é

abreviado. Contudo se faz necessário considerar algumas complicações geradas por sua

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utilização e analisar alguns critérios para o seu uso.

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CAPITULO 09

Tratamento Fisioterapêutico na Fibromialgia

Crislayne Almeida dos Santos1

SayaraTainã Cavallari2

Ariane Hidalgo Mansano Pletsch3

Maristela Prado e Silva Nazario4

Jonatan Costa Gomes5

PatriciaHaranaka Ide6

Resumo

Introdução: A denominação fibromialgia, palavra derivada do latim fibro (tecido fibroso,

presente em ligamentos, tendões e fáscias), e do grego mio (tecido muscular), algos (dor) e ia

(condição), foi proposta inicialmente por Yunus e cols. em 1981, com o intuito de substituir o

termo fibrosite, até então utilizado para denominar um tipo particular de reumatismo

caracterizado pela presença de pontos musculares endurecidos e dolorosos à palpação, a partir

do entendimento de que não havia, nestes adoecimentos, inflamação tecidual. Em 1990, um

comitê do Colégio Americano de Reumatologia (ACR) definiu como critérios classificatórios

da fibromialgia a presença na história clínica de dor generalizada, afetando o esqueleto axial e

o periférico, acima e abaixo da cintura, com duração superior a três meses. Acomete

predominantemente mulheres, no entanto, pode acometer crianças, adolescentes e idosos.

Objetivo: O objetivo desse trabalho é ressaltar a importância do tratamento da fisioterapia na

fibromialgia, através de métodos científicos. Método: O estudo foi realizado através de revisão

bibliográfica, em artigos científicos retirados do banco de dados da Medline e das bibliotecas

virtuais Scielo e Bireme. A população definida para o estudo foram mulheres 30 a 60 anos de

idade. Resultados: 21 artigos atenderam aos critérios estabelecidos. Os tratamentos mostraram

benefícios para qualidade vida, diminuindo o impacto dos sintomas. Conclusão: A fisioterapia

tem importante papel na diminuição do quadro álgico da fibromialgia na vida dos pacientes,

por meio de várias abordagens terapêuticas, melhorando a sua capacidade funcional e

contribuindo para a manutenção de sua qualidade de vida

Palavras-chave: Fisioterapia. Tender Points. Dor. Acometimento em Mulheres

1 Introdução

A denominação fibromialgia, palavra derivada do latim fibro (tecido fibroso, presente em

ligamentos, tendões e fáscias), e do grego mio (tecido muscular), algos (dor) e ia (condição),

1 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 2 Acadêmico do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 3 Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá (UNIC). 4 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 5 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC). 6 Docente do Curso de Fisioterapia do Instituto Cuiabá de Ensino e Cultura (ICEC).

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foi proposta inicialmente por Yunus et al. (1981) com o intuito de substituir o termo fibrosite,

até então utilizado para denominar um tipo particular de reumatismo caracterizado pela

presença de pontos musculares endurecidos e dolorosos à palpação, a partir do entendimento

de que não havia, nestes adoecimentos, inflamação tecidual (JUNIOR; GOLDENFUM; SIENA,

2012)

Na década de 1980 diversos critérios diagnósticos foram sugeridos com base na exclusão

de doença sistêmica, na presença de determinados sintomas e no achado de tender points

durante o exame físico. Em 1990, um comitê do Colégio Americano de Reumatologia definiu

como critérios classificatórios da fibromialgia a presença na história clínica de dor generalizada,

afetando o esqueleto axial e periférico, acima e abaixo da cintura, com duração superior a três

meses. Acomete predominantemente mulheres, no entanto, pode acometer crianças,

adolescentes e idosos, frequentemente, estão associados outros sintomas, como a fadiga,

distúrbios do sono, rigidez matinal e distúrbios psicológicos, como a ansiedade e depressão

(RIBERTO; PATO, 2004; MARQUES et al. 2002; BATISTA; BORGES; WIBELINGER,

2012).

Apesar de acometer muitas pessoas em todo o mundo, pois sua prevalência é de 2%, sua

fisiopatologia ainda é tão incerta e multicausal quanto a sua etiologia. Fatores sociais,

emocionais, familiares, aliados a uma característica de maior resposta aos estímulos dolorosos,

o baixo nível de condicionamento cardiovascular e desempenho muscular são as hipóteses mais

plausíveis (BATISTA; BORGES; WIBELINGER, 2012).

No âmbito das intervenções físicas, a fisioterapia se destaca pela riqueza de modalidades

terapêuticas como cinesioterapia, massoterapia, que podem ser utilizadas no controle da

fibromialgia (FERREIRA; MARINO; CAVENAGHI, 2011).

Cinesioterapia minimiza a dor, a fadiga e a tensão muscular, melhorando níveis de

estresse, ansiedade e depressão nos indivíduos portadores de fibromialgia, quando executados

de maneira regular e monitorada. Os exercícios de alongamento, por sua vez, permitem a

recuperação do comprimento muscular funcional, possibilitando alívio de tensões,

realinhamento da postura e melhora na amplitude, além de liberdade e consciência de

movimento (LORENA et al., 2015).

Pilates pode ser uma opção de atividade física no tratamento da fibromialgia, visa

melhorar a flexibilidade, redução da dor melhora da capacidade funcional e qualidade do sono.

Minimizando o recrutamento muscular desnecessário, que pode causar fadiga, instabilidade e

dificuldades de recuperação (KOMATSU et al., 2016). O objetivo desse trabalho é ressaltar a

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importância do tratamento da fisioterapia na fibromialgia, através de métodos científicos.

2 Metodologia

A revisão narrativa foi realizada entre agosto de 2018 a junho de 2019, através de revisão

bibliográfica, em artigos científicos. Dentre os artigos apresentados na busca, foram

selecionados somente aqueles compreendidos entre os anos de 2004 e 2019, totalizando um

número de 21 artigos selecionados para análise. Retirados do banco de dados bibliográficos

SciELO, Bireme, Medline e Revista Eletrônica.

Nessa busca utilizamos artigo em português e inglês, palavras-chaves: fisiopatologia,

ocupacionais, fisioterapêutico, miofascial, recursos, efeito, exercícios, muscular, tratamento,

fibromialgia, pilates, dor, qualidade, mulheres, síndrome, fisioterapia, tratamento, pacientes.

Pelos estudos feitos bibliograficamente através dos artigos, o critério de inclusão foram

mulheres com a faixa etária entre 30 a 60 anos. Segundo os artigos analisados, sobre a eficácia

do tratamento de fisioterapia na fibromialgia, dos 23 artigos encontrados, 21 foram inclusos e

02 foram excluídos, pelo fato de não estar de acordo com a linha de tratamento desejada, pois

relatava sobre tratamento farmacológico e medicina alternativa, sendo que, nosso objetivo é o

tratamento fisioterapêutico.

3 Resultados e Discussão

Em um estudo foi analisado os aspectos referentes à qualidade de vida utilizando o

questionário validado Short-Form Health Survey (SF-36), onde foi aplicado em um período pré

e pós-tratamento, com tratamento de hidrocinesioterapia e cinesioterapia, foi realizado com

mulheres da faixa etária de 30 e 55 anos, foram divididos em dois grupos de 12 pacientes, cada

sessão teve a duração de 60 minutos sendo realizada uma vez por semana, os exercícios tanto

na agua quanto no solo foram os mesmos como alongamento, exercício aeróbico de baixas

intensidades. Foi analisada a capacidade funcional dos pacientes, ambos os grupos

apresentaram melhora estatisticamente significante (p <0,05) entre o período pré e pós-

tratamento. Em relação aos aspectos físicos, somente o grupo tratado com cinesioterapia obteve

melhora estatisticamente significante (p < 0,05). Isso pode estar relacionado aos efeitos do

alongamento na recuperação da amplitude de movimento e da mobilidade articular, agindo

positivamente sobre os sintomas da fibromialgia e facilitando a execução da atividade de vida

diária. Quanto aos aspectos emocionais, somente o grupo da hidrocinesioterapia apresentou

melhora estatisticamente significante (p < 0,05) quando comparados os resultados pré e pós-

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tratamento. A melhora se deve ao fato da água facilitar o desempenho dos movimentos e

promover relaxamento muscular, uma vez que a flutuação se contrapõe à gravidade aliviando

o peso corporal, consequentemente diminuindo a força de compressão sobre as articulações e o

trabalho muscular. A melhora dos sintomas promovida pelos efeitos dessa técnica, os pacientes

têm mais disposição e sente-se menos deprimida. Através do estudo analisou-se que o

tratamento obteve melhora na qualidade de vida sendo indispensável esse tipo de tratamento

para um paciente com Fibromialgia (HECKER et al., 2011; BATISTA; BORGES;

WIBELINGER, 2012).

Foi feito um estudo de exercício de alongamento muscular e aeróbico onde participou 32

pacientes, foram selecionados por ordem de chegada só o primeiro paciente que foi por sorteio,

mais a escolha pelo exercício também ficou a critério do paciente, teve alguns que preferiram

ficar em outro grupo. Foram feitas avaliações antes e após o final do tratamento, a intensidade

da dor foram avaliadas pela escala analógica visual (EVA) com escore de 0 a 10, foi utilizado

a dolorimetria para avaliar os 18 pontos dolorosos, dividindo-se em dois grupos realizado 8

sessões de fisioterapia uma vez por semana, alguns pacientes desistiram, tanto no grupo de

alongamento quanto no grupo de exercícios aeróbico, por motivos profissionais ou pela

distância. O estudo relata que nesta, o sono foi o fator que mais melhorou (38%) com os

exercícios de alongamento (MARQUES et al., 2007; MATSUTANI; ASSUMPÇÃO;

MARQUES, 2012; LORENA et al., 2015).

O programa de exercícios de alongamento proposto também combinava com exercícios

de respiração e alinhamento do tronco, o que pode ter colaborado com o relaxamento muscular,

assim diminuindo a dor, melhorando o sono e, consequentemente, a depressão. Os pacientes

que realizaram os exercícios aeróbicos apresentaram melhor resultado somente na ansiedade,

sendo discreta (8% no traço de ansiedade e 10% no estado de ansiedade), no final do tratamento

foram comparados os exercícios, o alongamento trouxe benefício na melhora da intensidade da

dor, no número tender points e sono, os exercícios aeróbicos tem um efeito mais importante

diminuição da ansiedade (MARQUES et al., 2007; MATSUTANI; ASSUMPÇÃO;

MARQUES, 2012; LORENA et al., 2015).

Foi analisado um tratamento com alongamento, e hidroterapia na fibromialgia, onde

observou uma melhora da qualidade do sono, diminuição da positividade dos tender points e da

dor, com ganho da flexibilidade muscular, além da melhora na postura e do bem estar geral da

paciente, os componentes físicos e psicológicos foram agrupados, notou-se que o

condicionamento aeróbico é mais eficaz que o alongamento. Observou que o treino aeróbico

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provoca mudanças neuroendócrinas necessárias para a melhora do humor (aumento da

serotonina e norepinefrina) e o alongamento não promove os mesmos efeitos. Um estudo

comparativo com diferentes tipos de tratamento para pacientes com fibromialgia e concluíram

que programa de exercícios aeróbicos de baixa intensidade, alongamentos e hidroterapia tem

benéfico, promovendo a diminuição do impacto dos sintomas da fibromialgia e assim

proporcionando uma melhor qualidade de vida (SANTOS; KRUEL, 2009).

A hidroterapia é utilizada nos portadores de fibromialgia, os movimentos são suaves e as

propriedades físicas da água, a imersão em água aquecida, 33 º a 36 ºC, promove alívio dos

sintomas diminuindo rigidez articular e espasmos musculares, promovendo relaxamento, Watsu

consiste em um trabalho passivo do paciente que geralmente experimenta um relaxamento

profundo, a partir da sustentação pela água e o contínuo movimento, paciente não faz nenhum

movimento e flutua nos braços do terapeuta, que associado à respiração imerge lentamente. Os

pacientes com fibromialgia têm dificuldades de fazer exercícios, mais essa técnica é realizada

sem dores, o Watsu trabalha tanto o relaxamento como o alongamento. Ajudando a melhorar o

sono e alívio do quadro álgico (BASTOS; CATEANO, 2010; GOMES et al., 2011).

A técnica Isostretching é uma técnica de ginastica postural global, baseada em

cinesioterapia, em um estudo foram feitos a (FIG) para avaliação, iniciou o tratamento com seis

pessoas, ao decorrer do tratamento duas desistiram por conta do aumento do quadro álgico, o

estudo ressalta que essa técnica não é indicado fazer em quadros álgicos agudos, a técnica de

ginástica postural global baseada em uma cinesioterapia de equilíbrio, que mantém e controla

o corpo no espaço, harmonizando as tensões e evitando as compensações que favorecem as

alterações da coluna vertebral, sendo considerado desta forma, um método corretivo, educativo,

preventivo, flexibilizam-te, tonificante e não traumatizante. Existe vários fatores importantes

ser analisados como o controle respiratório, o domínio das sensações e da posição corporal

somado ao trabalho muscular intenso, A harmonia do corpo se constrói pela qualidade,

equilíbrio entre a força, leveza, potência de contração e possibilidade de alongamento. Essa

técnica pode beneficiar indivíduos portadores de fibromialgia por ser um método que promove

a manutenção ou ganho da capacidade funcional, melhorando, assim, sua qualidade de vida

(TUROZI et al., 2010).

Uma pesquisa utilizou o método pilates como tratamento para fibromialgia, foram

realizados com paciente do sexo feminino, dividido 13 para tratamento e sete para controle,

todos foram avaliados antes e após oito semanas, o grupo tratado foi submetido a uma hora de

pilates duas vezes por semana durante oito semanas com orientações do princípio do pilates

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durante o tratamento. O grupo controle permaneceu as intervenções previas de tratamento e as

terapias inalteradas, o estudo ressalta que a taxa de abandono do grupo controle foram 53%,a

principal razão para o abandono foram o agravamento dos sintomas, o grupo controle não

apresentou diferenças significativa entre a primeira e a última avaliação, já o grupo tratado teve

muita diferença na diminuição da dor, enquanto o grupo tratado apresentou um nível de dor

maior no início, o que se nivelou com o grupo controle ao final do estudo, consideramos nossos

resultados como positivos, dado que uma melhora de 14% no escore FIQ é considerada

clinicamente relevante ; o grupo tratado apresentou melhora de 20% no escore do FIQ após o

tratamento e melhora de 31,5% na intensidade da dor medida pela EAV, o que pode ser

considerado clinicamente relevante (KOMATSU et al., 2016; KÜMPEL et al., 2016; SILVA et

al., 2019).

Nos resultados mostraram que o tratamento de Pilates tem efeitos positivos sobre a

intensidade da dor e regiões dolorosas de mulheres com fibromialgia. Alguns estudos sobre o

método Pilates, seja como tratamento ou adjuvante na promoção da saúde de atletas e

indivíduos saudáveis, indicam que os benefícios do Pilates dependem da regularidade de sua

prática, onde foram observados apenas em curto prazo. Existem alguns efeitos do pilates onde

ocorreu ruptura diafragmática e desalojamento de um implante mamário, mais nenhum caso

aconteceu com paciente de fibromialgia, essas controversas desses maus efeitos do pilates foi

por conta do mau uso da técnica, má orientação do instrutor, prescrição inadequada de

exercícios, progressão rápida do exercício e cargas excessivas, os pacientes do estudo não

apresentou nenhum efeito adverso (KOMATSU et al., 2016; KÜMPEL et al., 2016; SILVA et

al., 2019).

Em um estudo foi analisada a eficácia do mat pilates no tratamento da fibromialgia onde

foram analisados os desfechos secundários incluem impacto relacionado à doença, capacidade

funcional, qualidade do sono e qualidade de vida em geral, Foi realizado estudo sobre o

tratamento de pilates e exercício aeróbicos aquáticos, onde 60 mulheres participou com a idade

de 18 a 60 anos, receberam 24 sessões de tratamento, 2 vezes por semana, por 12 semanas com

duração de 50 minutos, foram comparado os dois métodos, obteve o mesmo resultado de

melhora nos sintomas da fibromialgia. Objetivo do Pilates tem como melhora da dor, postura,

alongamento e fortalecimento do corpo como um todo. Mulheres com Fibromialgia são

frequentemente recomendadas para realizar exercícios físicos para melhorar os sintomas da

Fibromialgia (KOMATSU et al., 2016; KÜMPEL et al., 2016; SILVA et al., 2019).

De acordo com a literatura a massagem, baseia-se em gerar uma deformação mecânica

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dos tecidos através de um estiramento e pressão ritmicamente aplicados, quando um estimulo

mecânico é executado sobre o musculo de forma continua as fibras irão alongar-se de forma

paralela, gerando efeitos fisiológicos indireto sobre a linfa, um grupo de pessoas selecionadas

receberam as sessões de massagem administrada pelo fisioterapeuta uma vez por semana, o

estudo mostrou que intensidade da dor e o número de tender points, mostrou melhoras

significativa durante as 15 intervenções, As técnicas manuais mais utilizadas no tratamento

foram drenagem linfática, liberação miofascial e alguns movimentos leves e profundos nos

tecidos musculares favorecendo reações fisiológicas, desativando pontos de gatilhos ou tender

point, também é utilizado a técnica da teoria de repouso e longevidade é uma manobra feita de

friccionar as mãos até ambas aquecerem, massageando a região especifica de cima para baixo

restabelecendo a beleza, a vitalidade e a saúde promovendo não somente a prevenção como o

tratamento de fisiopatologias (GONDIM; ALMEIDA, 2017; ZIANIA et al., 2017).

A petrissage é uma técnica utilizada no estudo, às manobras são amassar, pinçamento,

torcedura e compressão, as fibras musculares são liberadas evitando a liberação de cortisol,

promovendo uma diminuição perceptiva da dor e no retorno venoso. A primeira sessão inclui

apenas 30 minutos de massagem, devido ao quadro de dor crônica, não é capaz de aguentar 1

hora de duração, até que numa próxima consulta, o paciente se sinta confortável, aplica-se

sessões de 60 minutos uma vez por semana. O estudo relata que massoterapia teve benefício no

quadro álgico da fibromialgia, foi visto que a massagem num modo geral apresentou resultados

satisfatórios, verificou-se melhoria sobre a dor, a ansiedade e insônia em fibromiálgicos

(GONDIM; ALMEIDA, 2017; ZIANIA, et al., 2017).

O shiatsu na fibromialgia promove relaxamento, melhorar a circulação sanguínea e

linfática, alivia dores e aumenta consciência corporal. Ele não é só indicado apenas para quadro

onde tem patologia ou desconforto instalado. A sensação dolorosa ocorre quando a excesso de

energia em um determinado ponto, a melhora da dor promovida pelo shiatsu ocorra devido à

energia vital fazendo que tenha uma circulação melhor pelo corpo. A vasoconstrição nos pontos

dolorosos da fibromialgia sugeriu que a hipóxia local seja os motivos dos pontos dolorosos, ele

relata que as técnicas que aumenta a circulação para esses pontos, traz benefícios para o manejo

dos sintomas para fibromialgia (MARTINS, 2015).

Foi realizado o tratamento de shiatsu com 34 participantes com idade entre 30 e 65 anos,

os participantes foram divididos em dois grupos com 17 pacientes, o tratamento teve duração

de 50 minutos, 2 vezes por semana durante 8 semanas. Os pacientes receberam orientações

educativas sobre a fibromialgia, os critérios avaliados foram dor, qualidade de sono, ansiedade,

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nível de confiança de equilíbrio, nível de satisfação com o shiatsu e qualidade de vida. Todos

esses foram observados e avaliados, menos a ansiedade que não foi, o shiatsu é uma técnica

importante na fibromialgia, o estudo chegou a conclusão que a massagem terapêutica com

duração mais de cinco semanas teve um bom efeito na melhora da dor, ansiedade e depressão

com pacientes com fibromialgia, relataram que a massagem terapêutica deve ser um tratamento

complementar na fibromialgia (MARTINS, 2015).

Uma pesquisa realizada relata um caso de fibromialgia juvenil onde foi utilizado TENS

associado à injeção de anestésico, ouve relato da diminuição da dor e melhora da função. O

TENS associado com um programa de exercício de alongamento, melhora progressiva da

sensibilidade dolorosa ao longo do tratamento, também teve diminuição significativa da dor

difusa mensurada pela escala analógica visual. Já o biofeedback por eletromiografia (EMG) e

por eletroencefalografia (EEG), ambos obtiveram melhora da sintomatologia dolorosa da

fibromialgia, mais a eletroencefalografia (EMG) teve benefícios também melhorando o padrão

do sono (MARQUES et al., 2002).

A fisioterapia tem papel importante na melhora dos sintomas da fibromialgia juvenil,

através de estimulação elétrica transcutânea (TENS) associada com injeção de anestésico. Tem

um efeito eficaz a estimulação elétrica transcutânea (TENS) também associada com programa

de exercício de alongamento muscular, os dois métodos são eficazes pois proporcionam

diminuição da dor e melhora da função. No método biofeedback por eletromiografia (EMG) e

por eletrocefalografia (EEG), os eletrodos de superfície foram colocados na região frontal e no

músculo trapézio. No grupo de biofeedback por (EEG), foram posicionados eletrodos na região

central da cabeça, ambos os métodos demonstraram a sua eficácia na melhora da sintomatologia

dolorosa da fibromialgia, e que o biofeedback por (EMG) também acarretou melhoria do padrão

do sono nos pacientes (MARQUES et al., 2002).

Foi realizado ensaios clínicos sobre os efeitos da eletrofototermoterapia com a utilização

do laser, foram abordados 20 pessoas do sexo feminino com idade de 45 anos, os materiais da

avaliação foram a escala analógica visual e o questionário de SF36 (short form), foram

divididos em dois grupos um grupo utilizou laser e alongamento e o outro só utilizou

alongamento, foram realizados dez sessões, o resultado final seria que os dois grupos teve o

mesmo efeito de diminuição do quadro álgico (RICCI; DIAS; DRIUSSO, 2010; FERREIRA;

MARINO; CAVENAGHI, 2011).

Também foi aplicado o tens com 10 mulheres portadoras da fibromialgia com idade de

47 a 50 anos, foi utilizado como avaliação o SF36 (short form), EAV (Escala Analógica Visual).

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Nesse estudo foram divididos dois grupos o primeiro grupo foi utilizado o TENS por 40 minutos

por três vezes na semana e o segundo grupo foi submetido à hidroterapia cinco minutos,

alongamento vinte minutos, e exercício aeróbico quinze minutos, ouve melhora da dor dos

sintomas depressivos e da qualidade de vida (RICCI; DIAS; DRIUSSO, 2010; FERREIRA;

MARINO; CAVENAGHI, 2011).

O Ultrassom foi aplicado em 20 pacientes do sexo feminino com fibromialgia as

avaliações foram feitas antes e após 20 sessões de tratamento, após um ano de acompanhamento

foram realizadas avaliações em 14 indivíduos, chegaram à conclusão que a queixa do sono não

reparador melhorou após o programa de tratamento (RICCI; DIAS; DRIUSSO 2010;

FERREIRA; MARINO; CAVENAGHI, 2011).

Foi feito uma análise através da EVA (escala analógica visual) e FIQ (Fibromialgia

Impacto Questionário) foi utilizado como controle diário antes e após as sessões de acupuntura,

paciente do sexo feminino de 30 a 50 anos foi observado que todas as pacientes tinham o

diagnostico tardio de dois a cinco anos após o início dos sintomas, no estudo com acupuntura,

foi observado uma melhora da depressão, devido à liberação da serotonina, importante

neurotransmissor envolvido na depressão, que está diretamente ligado ao efeito da acupuntura.

Todas as voluntárias relataram que a depressão era decorrente da dor excessiva, da não

objetividade dos tratamentos, da incredibilidade das pessoas quanto à veracidade da doença

(“são tidas como dramáticas”). Soma-se ainda o aumento diário de todos os sintomas. Após o

tratamento a acupuntura se mostrou satisfatória quanto a diminuição dos níveis dolorosos

(MENDONÇA, 2006).

4 Conclusão

A fisioterapia tem importante papel na diminuição do impacto dos sintomas da

fibromialgia, na vida dos pacientes por meio de várias abordagens terapêuticas, como

tratamentos de cinesioterapia, hidrocinesioterapia, pilates, terapia manual,

eletrotermofototerapeutico, acupuntura, todos esses tratamentos apresentaram benefícios

melhorando o quadro álgico e sua capacidade funcional, contribuindo para a manutenção de

sua qualidade de vida, respeitando sempre os limites de cada um, onde o paciente seja um

elemento ativo no tratamento.

Conforme a literatura, não há relatos de cura pois, a fibromialgia é uma síndrome e não

uma patologia. Através dos artigos científicos há relatos de diminuição da dor e melhora na

qualidade de vida, por meio da fisioterapia nos pacientes portadores da síndrome.

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Observou-se por meio deste trabalho que a fisioterapia proporciona uma melhora

significativa na qualidade de vida de pacientes com a fibromialgia, promovendo o alívio da dor,

a qual é a principal queixa do paciente. Nesse sentido, a fisioterapia pode ressignifcar a vida

desses pacientes por meio do controle da dor, que muitas vezes limitam sua a autonomia.

Sabendo que a fibromialgia é crônica, se faz necessário continuar com pesquisas que foquem

tanto no bem-estar físico quanto emocional desses pacientes.

Referências

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CAPITULO 10

Perfil de Pacientes Hospitalizados no Hospital Geral Universitário

Ana Paula da Silva1

Eli Aparecida Matheus¹

Elza da Silva Santiago2

Issaira Teodoro Amorim Ferreira3

Viviane Martins Santos4

Walkiria Shimoya-Bittencourt5

Resumo

Introdução: O perfil socioeconômico é considerado um retrato da sociedade em que se

exterioriza a condição de vida de uma população, bem como suas necessidades e os gastos de

acordo com o que se necessita. Dessa forma, a análise da população hospitalizada torna-se

importante para o processo de conhecimento genérico desses pacientes especialmente para

promover um programa de atendimento adequado ao tipo de indivíduo que procura esse setor.

Objetivo: Descrever o perfil socioeconômico, clínico e demográfico de pacientes

hospitalizados. Método: Foi realizada uma pesquisa de caráter exploratório, quantitativo e

descritivo no Hospital Geral Universitário (HGU) em Cuiabá – MT. Foram analisados dados

como idade, sexo, escolaridade, diagnóstico clínico, renda, dentre outros. Resultados:

Participaram da pesquisa 107 pacientes com idade média de 54,0±16,7 anos, sendo 49,5%

homens e 50,5% mulheres; 49,0% pardos e com baixo grau de instrução (ensino fundamental

incompleto 32,7%). A maior porcentagem de internação foi decorrente a doenças cardíacas

como as valvulopatias (23,3%) seguida de infarto agudo do miocárdio (14,0%) e angina

(14,0%). Conclusão: Conclui-se que os pacientes hospitalizados em enfermarias possuem

baixo status socioeconômico, com predomínio de doenças cardíacas.

Palavras-chave: Perfil de Saúde. Hospitalização. Fatores Socioeconômicos.

1 Introdução

O perfil socioeconômico é considerado um retrato da sociedade em que se exterioriza a

condição de vida de uma população, bem como suas necessidades e os gastos de acordo com o

que se necessita. O conhecimento de fatores socioeconômicos também contribui para o

surgimento de doenças para a sua recorrência e interfere no período da na reabilitação das

incapacidades instaladas. Também reflete o consumo de produtos ou serviços, anseios e

desejos, sendo modificada de acordo com a cultura, ideologia, raça, condições sociais dentre

outros (EBAH, 2014; CAVALCANTE et al., 2010).

1 Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá - UNIC 2 Acadêmica do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá - UNIC 3 Acadêmicas do Curso de Fisioterapia da Universidade de Cuiabá - UNIC 4 Pesquisadora da Universidade de Cuiabá – UNIC. 5 Docente pesquisadora do Curso de Fisioterapia e do mestrado em Ambiente e Saúde da Universidade de

Cuiabá - UNIC.

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A hospitalização entendida como a admissão e permanência do paciente em um

estabelecimento hospitalar, seja a instituição pública ou privada, equipada com todos os

recursos para o tratamento dos doentes, pode trazer consequências físicas, emocionais e

representar um estímulo negativo na sua condição de saúde por estar confinado (ALMEIDA;

RODRIGUES; SIMÕES, 2007).

Além disso, pacientes hospitalizados com tempo prolongado de internação tornam-se

descondicionados. A falta de mobilização associada ao posicionamento inadequado predispõe

a modificações morfológicas, gerando a síndrome do imobilismo que, em alguns casos, pode

provocar alterações no alinhamento biomecânico, acometer os sistemas cardiovascular,

musculoesquelético, neurológicos e respiratórios podendo inclusive surgir doenças mais graves

(COSTA et al., 2014).

Outro fator importante durante a hospitalização é a ocorrência de desnutrição, a qual é

multifatorial e abrange cerca de 50% dos pacientes internados. Dentre as causas da má nutrição

estão o aspecto socioeconômico, o jejum prolongado decorrente da necessidade para realização

de procedimentos, pelo desconhecimento médico ou pela baixa aceitação da dieta hospitalar. A

desnutrição pode também estar associada a fatores emocionais, hiporexia, restrições dietéticas

imposta pelo tratamento dietoterápico, sintomas gastrointestinais associados a medicação e

problemas mecânicos de deglutição (LEANDRO-MERHI et al., 2004).

Nos dias de hoje o Sistema de Informação Hospitalar do SUS (SIH/SUS) opera o sistema

de mapeamento de internações hospitalar reunindo informação aproximadamente de 70% das

internações do país. No entanto, sua abrangência limita as internações no âmbito do SUS,

excluindo, as que custeiam diretamente ou cobertas por seguro-saúde ou planos de saúde

(JORGE, 2004).

É um desafio para a organização dos serviços assistenciais, incluindo a necessidade de

produção de conhecimento no campo de gestão hospitalar que oriente o estabelecimento das

prioridades nos serviços de planejamento dos programas de qualificação assistencial (DUARTE

et al., 2012).

A análise da população que frequenta determinado hospital através da rede terciária da

atenção à saúde é de valiosa importância para o processo de conhecimento genérico desses

pacientes especialmente para promover um programa de atendimento adequado ao tipo de

indivíduo que procura esse setor (STAMM et al., 2002).

Além disso, o perfil socioeconômico pode ser verificado através de medidas

quantificáveis por meio de parcelas de públicos divididas em segmentos de demografia,

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variando conforme região, renda e seu estado geral. Assim sendo é possível conhecer as

características do paciente hospitalizado, desde sua condição de saúde bem como seu estado

econômico e social. Portanto, o propósito deste estudo foi conhecer o perfil socioeconômico,

demográfico e clínico dos pacientes hospitalizados.

2 Metodologia

Foi realizado pesquisa de caráter exploratório, quantitativo e descritivo no Hospital Geral

Universitário (HGU), localizado em Cuiabá – MT. Este estudo foi aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade de Cuiabá - UNIC sob o número de protocolo 012197/2015.

Foram incluídos na pesquisa pacientes hospitalizados maiores de dezoito anos, de ambos

os sexos e excluídos aqueles sem diagnóstico clínico, com baixo nível cognitivo. Para coleta de

dados foi utilizado formulário contendo variáveis socioeconômicas (renda, etnia, raça, nível

educacional, estado civil, número de pessoas que residem na residência), dados clínicos

(diagnóstico clínico, estado nutricional através do índice de massa corporal (IMC) e relação

cintura-quadril, tempo de hospitalização, tratamento: conservador, cirúrgico e fisioterapêutico),

e demográfico (sexo, idade, procedência, profissão, condição do imóvel em que reside: própria,

alugada ou cedida) do paciente. Os dados clínicos respondidos pelo paciente foram registrados

mediante confirmação do prontuário médico, para desse modo, evitar erro de informação

(ENCCEJA, 2013)

Os dados coletados foram tabelados em Excel versão 2007. Foi realizada estatística

descritiva com medidas de tendência central e de dispersão, além de frequência e porcentagens.

3 Resultados e Discussão

Participaram da pesquisa 107 pacientes com idade média de 54,0±16,7 anos, IMC de

26,2±4,6 e estatura mediana (Quadro 1).

Quadro 1 - Dados Antropométricos dos pacientes internados na enfermaria do

Hospital Geral Universitário, Cuiabá – MT, 2015.

Características Média Desvio Padrão

Idade (anos) 54,0 16,7

Altura (m) 1,7 0,1

Peso (Kg) 71,4 14,2

IMC 26,2 4,6

RCQ 0,9 0,1

Legenda: IMC: Índice de massa corporal; RCQ: Relação cintura quadril; m: metros; Kg:

quilograma.

Fonte: Dados da pesquisa.

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Foram encontrado 65,4% dos pacientes com doença cardíaca sendo destas 25 (23,3%)

com valvulopatias, seguido de 15 (14,0%) Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) 15 (14,0%) com

Angina, 6 (5,6%) com Insuficiência Cardíaca, 5 (4,6%) com Arritmias, 2 (1,8%) com Doenças

Coronarianas e 2 (1,8%) Pós-cirúrgico. Muitos pacientes não apresentaram co-morbidades. O

tempo médio de internação foi 19,1± 19,1dias. No que se refere ao estado nutricional observou-

se maior percentual de sobrepeso com 51 (47,6%) e peso normal 42 (39,2%). O tratamento

cirúrgico foi o mais realizado com 77 (71,9%) procedimentos (Quadro 2).

Quadro 2 - Dados Clínicos dos pacientes internados na

enfermaria do Hospital Geral Universitário, Cuiabá – MT, 2015.

Características n %

Diagnóstico clínico

Doença Cardíaca 70 65,4

Valvulopatias 25 23,3

Doenças coronarianas 2 1,8

Insuficiência Cardíaca 6 5,6

Infarto agudo do miocárdio 15 14,0

Arritmias 5 4,6

Anginas 15 14,4

Pós-cirúrgicos 2 1,8

Doença Pulmonar 4 3,7

Câncer 2 1,8

Doença Ortopédica 4 3,7

Doença Renal 3 2,8

Outros 24 22,4

Co-morbidades

DM 1 0,9

HAS 17 15,8

HAS + DM 4 3,7

Não 54 50,4

Outros 31 28,9

Tratamento

Conservador 30 28,0

Cirúrgico 77 71,9

Tempo de Hospitalização* 19,1±19,1 -

Estado Nutricional

Abaixo do peso 5 4,6

Peso normal 42 39,2

Sobrepeso 51 47,6

Obesidade 9 8,4

Consumo de álcool

Sim 14 13,1

Não 93 86,9

Tabagismo

Sim 7 6,5

Não 100 93,4

Legenda: DM: Diabetes mellitus; HAS: Hipertensão arterial sistêmica; (*)

Média e Desvio padrão.

Fonte: Dados da pesquisa.

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O Quadro 3 mostra que houve equilíbrio entre homens (49,5%) e mulheres (50,5%). Com

relação as características sociodemográfica, a maioria tinha como profissão do lar (26,6%) e

aposentado (23,3%), procedência do Interior do Mato Grosso (57%) e com moradia própria

(80%).

Quadro 3 - Dados Sociodemográfico dos pacientes internados na

enfermaria do Hospital Geral Universitário, Cuiabá – MT, 2015.

Características n %

Gênero

Feminino 54 50,5

Masculino 53 49,5

Procedência

Capital 41 38,3

Interior 61 57,0

Outro estado 5 4,6

Moradia

Própria 86 80,3

Alugada 19 17,7

Cedida 2 1,8

Profissão

Aposentado 25 23,3

Do lar 28 26,1

Motorista 9 8,4

Estudante 3 2,8

Agricultor 4 3,7

Carpinteiro 5 4,6

Comerciante 3 2,8

Serviços Gerais 6 5,6

Vigilante 2 1,8

Técnico de manutenção 3 2,8

Atendente 4 3,7

Outros 15 14,0

Fonte: Dados da pesquisa.

Os resultados mostraram um alto percentual de pessoas casadas (62,6%), com renda

familiar de 1 a 2 salários mínimos (48,5%) residindo em sua residência com no mínimo duas

pessoas (28,9%) e católicos (62,6%). Quanto ao nível de escolaridade foi observado que 32,7%

dos pacientes não teve ensino fundamental completo (Quadro 4).

Quadro 4 - Dados Socioeconômico dos pacientes internados na enfermaria do

Hospital Geral Universitário, Cuiabá – MT, 2015.

Característica n %

Estado Civil

Casado (a) 67 62,6

Solteiro (a) 21 19,6

Viúvo (a) 15 14,0

Separado (a) 4 3,7

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Cor/raça

Branco (a) 47 43,9

Preto (a) 11 10,2

Pardo (a) 49 45,8

Religião

Católica 67 62,6

Protestante ou Evangélica 33 30,8

Espírita 1 0,9

Sem religião 5 4,6

Outra 1 0,9

Número de pessoas na residência

Duas pessoas 31 28,9

Três pessoas 26 24,3

Quatro pessoas 20 18,7

Mais que quatro 20 18,7

Mora sozinho (a) 10 9,3

Renda Familiar

Até 1 salário mínimo 15 14,0

1 a 2 salários mínimos 52 48,5

2 a 5 salários mínimos 29 27,1

5 a 10 salários mínimos 6 5,6

10 a 30 salários mínimos 4 3,7

Nenhuma renda 1 0,9

Nível educacional

Não estudou 13 12,1

1ª à 4ª série do ensino fundamental 35 32,7

5ª à 8ª série do ensino fundamental 27 25,2

Ensino médio incompleto 5 4,6

Ensino médio completo 15 14,0

Ensino superior incompleto 5 4,6

Ensino superior completo 4 3,7

Pós-graduação 3 2,8

Fonte: Dados da pesquisa.

O conhecimento de dados epidemiológicos permite verificar se houve aumento ou

redução da doença ao longo dos anos assim como perceber a ocorrência frequente de uma

doença em relação outra em determinada região. Também possibilita a identificação de padrão

e frequência de acontecimentos relacionados a saúde de uma população para poder conhecer as

características do comportamento de enfermidades e identificar os subgrupos populacionais

mais vulneráveis (WERNECK, 2009).

Conforme um estudo internacional de morbidade, as mulheres utilizam aproximadamente

20% mais os serviços de saúde do que os homens (STAMM, et al. 2002). Parece que a

prevenção ou promoção da saúde são considerados cuidados rotineiros para as mulheres,

fazendo com que o uso mais frequente dos serviços por parte das mulheres ser compreendida

como parte da concepção tradicional de gênero e também por ser atribuição feminina o cuidar

de si próprias (SCHRAIBER, et al. 2010).

De maneira geral a mulher aparenta adoecer mais que o homem, uma vez que os

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problemas de saúde das mesmas podem ser atribuídos tanto a sua natureza feminina quanto ao

serviço de casa associado ao seu trabalho assalariado que promovem fadiga. Pelo fato de não

conseguirem se recuperar do desgaste ficam mais suscetíveis a dores, doenças e vários tipos de

sofrimento físico e mental (REZENDE; PEREIRA, 1994).

Por outro lado, o governo procura, na área da saúde da mulher, através da Norma

Operacional de Assistência à Saúde (NOAS) estabelecer para os municípios a garantia das ações

básicas mínimas de pré-natal e puerpério, planejamento familiar e prevenção do câncer de colo

uterino. E para garantir o acesso às ações de maior complexidade prevê a conformação de

sistemas funcionais e resolutivos de assistência à saúde, por meio da organização dos territórios

estaduais para dessa forma melhor assistir a saúde das mulheres (BRASIL, 2004).

Para os homens as maiores causas da baixa adesão às medidas de atenção integral à saúde

são as barreiras socioculturais, as quais se estruturam como obstáculo entre os homens e os

serviços de saúde. Tais barreiras favorecem a crença e os valores do que é ser masculino e os

estereótipos de gênero que estão enraizados há séculos em nossa cultura patriarcal. Nesse

contexto, o adoecimento para uma grande parcela da população masculina é considerado um

sinal de fragilidade, para o qual ela se julga invulnerável, consequentemente, cuida-se menos

favorecendo a exposição às situações de risco à saúde (POZZATI et al., 2013).

Apesar disso, no sexo masculino, as principais causas que levam à internação aparecem

em primeiro lugar as doenças do aparelho respiratório (21,1%), seguindo-se, com proporções

semelhantes, doenças do aparelho circulatório, infecciosas, aparelho digestivo e lesões

(LAURENTI; JORGE; GOTLIEB, 2005).

No presente estudo a análise da classificação do sexo prevalente das internações revelou

uma quantidade equilibrada entre os gêneros, mulheres (50,5%) e homens (49,5%).

De acordo com Laurenti et al. (2005), quanto à distribuição de gênero conforme a causa

de internação, a razão entre hospitalizações masculinas e femininas está balanceada, com

exceção das internações por lesões e envenenamentos (2, 32:1) e transtornos mentais e

comportamentais (1,90:1). A menor proporção de internações masculinas diante das femininas

ocorre entre as doenças do aparelho geniturinário (razão igual a 0, 44:1) e as neoplasias (0,

64:1).

Em relação ao diagnóstico, neste estudo observou-se uma prevalência de internação por

doenças cardíacas (65,4%), principalmente as valvulopatias.

Conforme dados do BRASIL (2004) a insuficiência cardíaca é responsável pela maioria

das internações referentes a cardiopatias. Estas estão diretamente relacionadas ao número e a

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intensidade dos fatores de risco, que podem ser divididos em não modificáveis, como a idade

avançada, o sexo e história familiar de doença cardiovascular, e em fatores modificáveis como

a obesidade, o sedentarismo, a presença de hipertensão arterial sistêmica, sendo que o

tabagismo e o sedentarismo são comportamentais e os demais são associados a componentes

genéticos e ambientais.

No Brasil, a doença valvar representa uma significativa parcela das internações por

doença cardiovascular. Seu impacto social e econômico remete a uma compreensão

aprofundada do tema para que se possa organizar estruturas de saúde, otimizar custos e,

principalmente, melhorar a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes (TARASOUTCHI et

al., 2011).

A prevalência de desnutrição no ambiente hospitalar tem variado em função do tipo de

indicador nutricional utilizado, o tipo de hospital, a população estudada e o critério adotado.

Em estudo realizado por Merhi et al. (2009), em hospitais brasileiros, no qual foi utilizada a

Avaliação Global Subjetiva (AGS), foi encontrado que 31,8% dos pacientes estavam com

desnutrição.

Em um estudo realizado em um hospital da rede pública da Região Sudeste com 304

pacientes mostrou que 18% dos pacientes estavam desnutridos, enquanto que os demais

apresentaram eutrofia (47%) e excesso de peso (35%) (CRUZ; BASTOS; MICHELI, 2012).

Semelhante ao presente estudo o percentual de peso normal encontrado no Hospital Geral

Universitário foi de 39,2%, sobrepeso de 47,6% e abaixo do peso foi de 4,7%.

De acordo com Araújo et al. (2014) o excesso de tecido adiposo, principalmente no

abdome, está intimamente relacionado com o risco de complicações cardiovasculares como as

doenças arteriais coronárias e a hipertensão arterial. Além disso, o excesso de tecido adiposo

provoca algumas alterações metabólicas.

Os resultados do estudo de Rosa et al. (2011) diferem em termos de predominância de

pessoas com ensino fundamental incompleto (70,2%), o que pode estar relacionado à

vulnerabilidade social da população que utiliza o Pronto Socorro de um Hospital Universitário

do Rio Grande do Sul, já que o hospital em questão atende com exclusividade o SUS e no Brasil

ainda não possibilita o acesso universal à educação básica. No entanto, não se pode afirmar que

a baixa escolaridade por si só predisponha a agravos clínicos e traumáticos.

O grau de instrução de pacientes internados no hospital das Clinicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo foi predominantemente de pessoas com baixo nível

escolar totalizando 78,9%, distribuídos em 58,6% com 1º grau incompleto, 4,2% de analfabetos,

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5,0% que sabiam ler e escrever e aos que possuíam o 1º grau completo (11,1%) (STAMM et

al., 2002).

Semelhantes aos resultados da presente pesquisa, a maior parte dos pacientes atendidos

no Hospital Geral Universitário em Cuiabá - MT tinha 1° grau incompleto (32,7%), que

somados com os que não estudaram (12,1%) e aos que possuíram o 1° grau completo (25,2%),

totalizaram 70,0%. Apenas 29,7 % apresentavam curso superior completo, incompleto e pós-

graduação.

Quando se analisa apenas a taxa de analfabetismo da população geral, os resultados são

melhores. Segundo Datasus (2015) afirma que este índice atinge 8,6 % dos brasileiros, e cerca

de 8,0 % dos Mato-grossenses.

Pacientes internados no Hospital universitários de Santa Catarina são considerados pobres

e possuem renda de 1 a 2 salários mínimos (69,6%) (STAMM et al., 2002).

Estudos realizados pela Universidade Federal de Mato Grosso classifica como pobre

pessoas que recebem 1 salário mínimo, abaixo de 1 salario a linha da pobreza absoluta, sendo

assim como o percentual de 48,5% dos pacientes hospitalizados no HGU foi de 1 a 2 salários

mínimos por paciente, apresentando baixa renda.

Trabalhador é toda pessoa que exerça uma atividade de trabalho, independentemente de

estar inserido no mercado formal ou informal de trabalho, inclusive na forma de trabalho

familiar e/ou doméstico (BRASIL, 2002). Em relação a profissão dos pacientes hospitalizados

no maior hospital geral universitário do estado de Mato Grosso, a maioria era composta por do

lar (26,1%) e aposentados (23,3 %). Quanto ao estado civil e a religião, muitos dos avaliados

eram casados e católicos. Cavalcante et al.2 observaram que os pacientes internados no Hospital

Geral do Ceará que viviam juntos de seu companheiro, possuíam condições de renda precária

e que isto contribuiu para o surgimento da doença.

A prevalência de quem mora no interior foi de 57% dos pacientes internados na

enfermaria do HGU. Segundo Cavalcante et al. (2010) geralmente hospitais geral e universitário

são melhores equipados em relação aos hospitais do interior que em sua maioria não dispõem

de recursos diagnósticos e terapêuticos para o atendimento desta clientela. Um exemplo disso

é o Hospital Geral do estado de Ceará que é referência para tratamento de acidente vascular

encefálico nessa região.

No presente estudo percebeu-se que a diversidade de municípios atendidos pelo Hospital

Geral Universitário é pelo fato do mesmo ser referência em cirurgias cardíacas na capital, no

atendimento particular, convênios, inclusive o SUS, sendo este o mais solicitado no hospital.

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4 Conclusão

Conclui-se que os pacientes hospitalizados em enfermarias possuem baixo status

socioeconômico como pouca escolaridade e renda, com predomínio de doenças cardíacas,

especialmente as valvulopatias, católicos, procedentes do interior do estado e distribuídos

proporcionalmente entre os gêneros masculino e feminino.

Estabelecido o perfil destes pacientes pode-se nortear e promover ações terapêuticas e

preventivas específicas para a clientela deste hospital para melhor qualidade da prestação do

serviço oferecido.

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