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Filocalia Tomo I Volume 1 - Antônio o Grande ANTÔNIO O GRANDE EXORTAÇÕES SOBRE O COMPORTAMENTO DOS HOMENS E A VIDA VIRTUOSA  Antônio o Grande  Antônio o Grande, nosso Pai, o Corifeu do coro dos ascetas, viveu no reino de Constantino, por volta do ano 330. Ele foi contemporâneo de Atanásio, que escreveu a histria de sua vida. Ele levou ao e!tremo a virtude e a impassi"ilidade. Em"ora tenha sido um homem simples e iletrado, foi#lhe concedido do alto ensinar a sa"edoria do Esp$rito, que instrui os pecadores e as crian%as. Com seu intelecto iluminado pela &ra%a desta sa"edoria, ele e! pl icou di versos e numeroso s pr inc$ pi os es pi ri tu ai s, e aos qu e o interro&ava ele deu respostas muito sá"ias, para &rande "enef$cio da alma, como podemos ver nos es cr itos dos Pa dr es do deserto. Al 'm destes test emunhos, ele no s dei!ou ()0 cap$ tulos que est*o re port ados no  presente livro. +ue ' ele o verdadeiro autor destes pensamento s, o*o -amasceno e outros o conrmam. A te!tura das frases e!clui a d/vida. Entretanto, ela permite interpreta%es aos que as e!aminam minuciosamente. 1e2a como for, os pensamentos s*o contemporâneos de uma santa anti&uidade. *o ' de espantar, assim, que as e!presses procedam de uma escrita das ma is simples, ar caica e sem pesquisas. 4 espantoso, ' que tama nha simplicidade coloque o leitor no caminho da salva%*o e de tanto "em, a  ponto de nele 5orescer a convic%*o, a ponto de nele instilar o re&o6i2o. -ireto ao ponto em que "rilha a do%ura e a certe6a da vida evan&'lica.  Aqueles que provarem deste mel em seu intelecto certamente alcan%ar*o este pra6er . Estes 170 capítulos, atribuídos a santo Antônio, e que constituem o teto inicial da !rande Filocalia !re!a, " #$ um tempo um paradoo e um símbolo% & 'arado o " e(idente% & teto, o mais anti!o da antolo!ia, possui toda uma )*rmula% Ele anuncia os dados e o alcance do combate espiritual% +as ele "

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Filocalia Tomo I Volume 1 - Antônio oGrande

ANTÔNIO O GRANDE

EXORTAÇÕES

SOBRE O COMPORTAMENTO DOS HOMENS

E A VIDA VIRTUOSA

 Antônio o Grande

 Antônio o Grande, nosso Pai, o Corifeu do coro dos ascetas, viveu no reino

de Constantino, por volta do ano 330. Ele foi contemporâneo de Atanásio,

que escreveu a histria de sua vida. Ele levou ao e!tremo a virtude e a

impassi"ilidade. Em"ora tenha sido um homem simples e iletrado, foi#lhe

concedido do alto ensinar a sa"edoria do Esp$rito, que instrui os pecadores

e as crian%as. Com seu intelecto iluminado pela &ra%a desta sa"edoria, ele

e!plicou diversos e numerosos princ$pios espirituais, e aos que o

interro&ava ele deu respostas muito sá"ias, para &rande "enef$cio da alma,

como podemos ver nos escritos dos Padres do deserto. Al'm destes

testemunhos, ele nos dei!ou ()0 cap$tulos que est*o reportados no

 presente livro. +ue ' ele o verdadeiro autor destes pensamentos, o*o

-amasceno e outros o conrmam. A te!tura das frases e!clui a d/vida.

Entretanto, ela permite interpreta%es aos que as e!aminam

minuciosamente. 1e2a como for, os pensamentos s*o contemporâneos de

uma santa anti&uidade.

*o ' de espantar, assim, que as e!presses procedam de uma escrita dasmais simples, arcaica e sem pesquisas. 4 espantoso, ' que tamanha

simplicidade coloque o leitor no caminho da salva%*o e de tanto "em, a

 ponto de nele 5orescer a convic%*o, a ponto de nele instilar o re&o6i2o.

-ireto ao ponto em que "rilha a do%ura e a certe6a da vida evan&'lica.

 Aqueles que provarem deste mel em seu intelecto certamente alcan%ar*o

este pra6er.

Estes 170 capítulos, atribuídos a santo Antônio, e que constituem o tetoinicial da !rande Filocalia !re!a, " #$ um tempo um paradoo e um símbolo%

& 'aradoo " e(idente% & teto, o mais anti!o da antolo!ia, possui toda uma)*rmula% Ele anuncia os dados e o alcance do combate espiritual% +as ele "

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côo que estran#o ao apoio bíblico e eclesi$stico do corpus loc$liconen#uma cita./o direta das Escrituras, nen#uma men./o ao nome deristo, nen#uma re)erncia 2 comunidade crist/% Apenas encontramos, nocapítulo 131, e como uma bre(e interpola./o, uma conss/o das pessoasda Trindade%

+as o símbolo n/o " menos claro% Eiste aí como que um duploenrai4amento da tradi./o #esiquiasta no nome de santo Antônio e em suas5eorta.6es que, para a crítica moderna, n/o s/o mais do que umacompila./o de escritos est*icos tardios re(istos por um mon!e crist/o% &uent/o se trata da reda./o direta de um tratado crist/o que utili4a premissasest*icas daquilo que os 'adres c#amar/o mais tarde de 5losoa pratica%Em todo caso, a osmose " total% A esperan.a crist/ repousa inteiramente na5conduta (irtuosa% 8implesmente 9eus, a imortalidade, a (ida eterna, a

sal(a./o, o :eino dos c"us, constantemente in(ocados, mas como queseparados do E(an!el#o, substituem aqui a ataraia% Assim, a sal(a./odepende menos da reden./o do que do princípio da causalidade% & #omem" imortal porque " dotado de intelecto e de ra4/o, n/o porque ten#a sidoremido pela encarna./o do Fil#o de 9eus% ;m abismo% +as um abismo)ecundo, c#eio de pala(ras-c#a(e do (ocabul$rio #esiquiasta <o lo&os eo nous, a ra4/o e o intelecto= que, para os 'adres, s/o as pr*priasmedia.6es que unem 9eus e o #omem, desde que a ra4/o se )a4 carne emristo e que o intelecto se resol(e em prece do cora./o e em deica./oluminosa% A osmose total n/o ", assim, !ratuita%

+as nestas condi.6es, a atribui./o do teto a santo Antônio n/o poderia sersen/o simb*lica% Apenas as datas coincidem aproimadamente do s"culo Iao IV de nossa era para os 170 capítulos, e o II e IV para santo Antônio, que)oi nos desertos do E!ito o 'ai do monaquismo crist/o assim, Antônio esuas eorta.6es apenas tm em comum o )ato de serem os primeirostestemun#os daquilo que iria se se!uir depois%

& lu!ar dos 170 capítulos 2 )rente da antolo!ia loc$lica, por paradoal quese>a, ", portanto, eemplar% Estes capítulos si!nicam no mínimo que oestoicismo, esta es)era )ec#ada em que a um tempo se rena(a epetrica(a a losoa anti!a, acabou por se abrir 2 esperan.a crist/, ou, emtodo o caso, por l#e ser(ir de suporte% Ele c#e!ar$ aos mon!es, ao lon!odos s"culos, pelo eercício da #umildade e da compai/o e(an!"licas,atribuindo a 5losoa pr$tica unicamente a prece do cora./o, portanto 2pura espera da !ra.a% +as o símbolo est$ preser(ado% ?a lon!a #ist*ria domonaquismo crist/o, este teto, a seu modo, corresponde eatamente2quilo que )oi a eperincia decisi(a de santo Antônio uma !esta./o%

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1% abusi(o di4er que os #omens s/o dotados de ra4/o% ?/o s/o racionaisaqueles que se deiam ensinar pelas pala(ras e os li(ros dos s$bios anti!os%+as s/o racionais aqueles cu>a alma " dotada de ra4/o e que s/o capa4esde discernir o que " o bem e o que " o mal% Fu!indo de tudo o que " mau enoci(o, eles se consa!ram ao estudo do que " bom e til% 8/o eles, e

somente eles, que podemos c#amar (erdadeiramente de #omens dotadosde ra4/o%

% & #omem dotado de ra4/o na (erdade n/o tem sen/o uma coisa nocora./o obedecer e a!radar ao 9eus do uni(erso, e con)ormar sua almacom a nica preocupa./o de l#e ser a!rad$(el, dando-l#e !ra.as pelarealidade e a )or.a de sua pro(idncia por meio da qual ele diri!e todas ascoisas, se>a o que )or que l#e aconte.a durante a (ida% 9e )ato, seria )ora deprop*sito a!radecer pela sade do corpo aos m"dicos que nos prescre(emrem"dios amar!os e desa!rad$(eis, enquanto recusamos a 9eus a !ratid/o

por coisas que nos parecem penosas, como se n/o soub"ssemos que tudo oque acontece " como de(e ser, e para nosso bem, pelos cuidados dapro(idncia% 'ois o con#ecimento de 9eus e a )" nele s/o a sal(a./o e aper)ei./o da alma%

H% A temperan.a, a resi!na./o, a castidade, a perse(eran.a, a pacincia esimilares, s/o as correspondentes potncias (irtuosas consider$(eis querecebemos de 9eus para resistir 2s diculdades do momento, )a4er-l#es)rente e nos socorrer% 8e eercermos e manti(ermos estas potncias,perceberemos que daí em diante nada mais de di)ícil, doloroso e intoler$(elnos acontece, com o pensamento de que tudo " #umano e pode ser

dominado pelas (irtudes que est/o em n*s% &s que n/o tm a inteli!nciada alma n/o pensam assim, pois eles n/o compreendem que tudo acontecepara o bem e como se de(e, para nosso bene)ício, a m de que bril#em as(irtudes, e que se>amos coroados por 9eus%

3% 8e (oc pensa que ter din#eiro e mostrar opulncia n/o passam deaparncia ilus*ria e passa!eira, se (oc sabe que a (ida (irtuosa quea!rada a 9eus o res!ata das rique4as, e se (oc reetir seriamente nisto e!uardar na lembran.a, (oc n/o mais !emer$, nem se lamentar$, (oc n/oacusar$ nin!u"m, mas em tudo dar$ !ra.as a 9eus, (endo aqueles que s/o

piores do que (oc apoiarem-se sobre a eloqJncia e o din#eiro% 'ois este "para a alma um mal t/o !ra(e como a cobi.a, a ambi./o e a i!norKncia%

L% eaminando a si mesmo que o #omem dotado de ra4/o eperimenta oque l#e con("m e l#e " til, o que " apropriado 2 alma e l#e " (anta>oso, e oque l#e " estran#o% E " assim que ele e(ita o mal que " noci(o 2 alma, porser-l#e estran#o e separ$-la da imortalidade%

M% Nuanto mais modestamente (i(e a pessoa, mais ela " )eli4, porque tempoucas preocupa.6es% Ela n/o precisa se inquietar com ser(idores e comtrabal#adores, ela n/o procura possuir animais% 'ois os que se deiam

acossar pelas preocupa.6es e tombam diante das diculdades que elas l#esocasionam acabam por des!ostar-se de 9eus% +as ent/o este cime que

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n/o est$ sen/o em n*s irri!a a morte, e camos a errar pelas tre(as de uma(ida de pecado, sem con#ecermos a n*s mesmos%

7% ?/o se de(e di4er que " impossí(el ao #omem alcan.ar uma (ida(irtuosa, mas sim que isto n/o " )$cil% Esta (ida n/o est$ ao alcance de

qualquer um% +as partil#am a (ida (irtuosa aqueles, dentre os #omens, quese consa!ram 2 piedade e cu>o intelecto " amado por 9eus% 'ois o intelectocomum est$ (oltado para o mundo, ele " mutante, ele nutre tanto bonscomo maus pensamentos, ele se altera por nature4a e se diri!e para amat"ria% +as o intelecto amado por 9eus sabe preser(ar-se do mal que ane!li!ncia suscita no #omem%

O% &s #omens incultos e i!norantes trans)ormam em 4ombaria as pala(rasdos outros e recusam-se a ou(i-los quando sua i!norKncia " repreendidaPeles querem que todo mundo se>a como eles% 9a mesma )orma, os #omensdepra(ados em sua (ida e seu comportamento arrumam-se para que todo omundo se>a pior do que elesP eles ima!inam que, em meio a tantos(a!abundos, ser/o considerados irrepreensí(eis% A alma descuidada seperde e se su>a na malícia que l#e apresenta o deboc#e, o or!ul#o, a a(ide4,a c*lera, a a!ressi(idade, a )ria, a brutalidade, os queiumes, a in(e>a, acupide4, a rapacidade, a dor, a mentira, o pra4er, a irresponsabilidade, atriste4a, a pre!ui.a, a doen.a, a rai(a, a (er!on#a, a )raque4a, o erro, ai!norKncia, as mentiras, o esquecimento de 9eus% por estes males, e poroutros semel#antes, que a pobre alma que se separou de 9eus " casti!ada%

Q% Aqueles que dese>am le(ar uma (ida (irtuosa, piedosa e lou($(el, n/o

de(em ser >ul!ados por seu comportamento, que pode ser simulado, nempor sua conduta, que pode ser en!anadora% +as como os artistas, ospintores e os escultores, " por suas obras que eles re(elam sua conduta(irtuosa e amada por 9eus, e que eles re>eitam como armadil#as todos ospra4eres maus%

10% Aos ol#os daqueles que possuem um >uí4o s/o, ser rico e bem nascido,mas possuir a alma inculta e a (ida despro(ida de toda (irtude, equi(ale aser in)eli4, assim como " )eli4 aquele que a sorte )e4 nascer pobre e escra(o,mas cu>a (ida " ornada de (irtudes% Assim como os estran!eiros se perdempelos camin#os, tamb"m os que n/o tm nen#um cuidado com a (ida(irtuosa se perdem deiando-se en!anar pelas ilus6es%

11% 9e(emos c#amar 5criador de #omens 2quele que " capa4 de domar asnature4as incultas a ponto de )a4-las amar a instru./o e a cultura% 9amesma maneira, aqueles que trans)ormam os des(iados inspirando-l#esuma conduta (irtuosa que a!rada a 9eus, tamb"m de(em ser c#amados5criadores de #omens, pois eles remodelam os #omens% 'ois a do.ura e atemperan.a s/o para as almas #umanas uma )elicidade e uma boaesperan.a%

1% preciso que os #omens se condu4am em (erdade como con("m a seucomportamento e sua conduta% ;ma (e4 operado este redirecionamento,

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torna-se )$cil con#ecer as coisas de 9eus% om e)eito, aquele que (enera a9eus com todo seu cora./o e com toda sua )", recebe da pro(idncia di(inaa possibilidade de dominar a c*lera e a cobi.a% &ra, a cobi.a e a c*lera s/oa )onte de todos os males%

1H% Nue le(e o nome de #omem aquele que " dotado de ra4/o ou aqueleque aceita se corri!ir% Nuem n/o se corri!e " c#amado indi!no do nome de#omem isto " pr*prio dos seres inumanos% 9e(emos )u!ir destes, pois "impossí(el 2queles que (i(em no mal serem contados entre os imortais%

13% 8e (erdadeiramente a ra4/o nos acompan#a, ela nos torna di!nos desermos c#amados de #omens% +as se abandonamos a ra4/o, " apenas pelacon)orma./o dos membros e pela (o4 que di)erimos dos animais sem ra4/o%Nue o #omem inteli!ente recon#e.a assim que ele pr*prio " imortal, e eleter$ a(ers/o por toda cobi.a desre!rada, que " causa da morte para os#omens%

1L% ada uma das artes, or!ani4ando a mat"ria que l#e " pr*pria, re(ela sua(irtude% ;m trabal#a a madeira, outro o bron4e, outro o ouro e a prata% 9omesmo modo, n*s que ou(imos )alar da conduta )eli4 e (irtuosa que a!radaa 9eus, de(emos mostrar em (erdade que somos #omens dotados de ra4/opor nossa alma, e n/o apenas pela con)orma./o do corpo% &ra, a alma que" (erdadeiramente dotada de ra4/o e amada por 9eus con#ece diretamentetodas as coisas da (ida% Ela ora a 9eus com todo seu amor e l#e rende!ra.as na (erdade, diri!indo a ele todo seu dese>o e todos os seuspensamentos%

1M% Assim como os pilotos tm um (i!ia para diri!ir o na(io e n/o atir$-locontra al!um banco submarino ou um roc#edo, tamb"m os que aspiram 2(ida (irtuosa de(em eaminar cuidadosamente o que )a4er e o que e(itar%Nue eles considerem que seu bem est$ nas (erdadeiras leis, as leis di(inas,cortando pela rai4 as ambi.6es pre>udiciais da alma%

17% Assim como os pilotos e condutores de carros, 2 )or.a de aten./o ecuidados, c#e!am aonde querem, tamb"m os que culti(am a (ida reta e(irtuosa de(em ter o cuidado de le(ar uma (ida que con(en#a e a!rade a9eus% 'ois aquele que quer, e que compreende que pode se acreditar, toma

o camin#o da imortalidade%

1O% onsidere que s/o li(res, n/o os que a sorte )e4 li(res, mas os que o s/opor sua (ida e seu comportamento% 'ois n/o de(emos c#amar li(res de(erdade os príncipes que (i(em no mal e no deboc#e eles s/o escra(os daspai6es da mat"ria% A liberdade e a )elicidade da alma consistem na pure4ael e no desd"m pelo que acontece%

1Q% Rembre-se de que " preciso sem cessar dar seu testemun#o aos ol#osdos outros, mas por sua conduta (irtuosa e pelas pr*prias obras% assim,n/o pelas pala(ras mas pelos atos, que os doentes descobrem erecon#ecem, em seus m"dicos, os ben)eitores e sal(adores%

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0% A marca da alma dotada de ra4/o e (irtuosa est$ no ol#ar, no camin#ar,na (o4, no riso, nas ocupa.6es e nas con(ersas% 'ois tudo se trans)orma ese readapta para se tornar mais nobre% & intelecto amado por 9eus !uardasuas portas, (i!ilante e s*brio, interditando a entrada 2 in)Kmia dos mauspensamentos%

1% :eita (oc mesmo, e recon#e.a que os ma!istrados e as autoridadestm poder somente sobre os corpos, mas n/o sobre a alma% Guarde sempreconsi!o esta con(ic./o% 8e eles ordenam uma (iolncia, ou um absurdo, ouuma in>usti.a noci(a 2 alma, n/o de(em ser obedecidos, mesmo quemaltratem seu corpo, pois 9eus criou a alma li(re e capa4 de decidir por simesma se ela )a4 o bem ou o mal%

% A alma dotada de ra4/o dedica-se a se li(rar da ambi./o, do or!ul#o, daarro!Kncia, da )alsidade, do cime, da rapacidade e dos (ícios que l#esassemel#am% Todos esses (ícios s/o obra dos demônios e de uma (ontadem$% +as um es)or.o e um cuidado perse(erantes corri!em tudo isso no#omem cu>o dese>o n/o se orienta para os pra4eres )$ceis%

H% Aqueles que (i(em com pouco e n/o procuram tudo obter, escapam aosperi!os e n/o precisam ser (i!iados% Nuanto aos que dominaram a cobi.aem todas as coisas, estes encontram )acilmente o camin#o que le(a a 9eus%

3% ?/o " necess$rio que os #omens dotados de ra4/o possuam muitosrelacionamentos% Eles s* tm necessidade de relacionamentos teis,diri!idos pela (ontade de 9eus% assim que os #omens retornam 2 lu4 e 2

(ida eterna%L% &s que aspiram a uma (ida (irtuosa amada por 9eus de(em se a)astardo or!ul#o e de toda !l*ria )alsa e (/, e se es)or.ar para bem endireitar sua(ida e seus pensamentos% 'ois o intelecto amado por 9eus e sempre i!ual "o camin#o que nos ele(a a 9eus%

M% A nin!u"m adianta saber )alar se l#e )alta a conduta da alma que "a!rad$(el e apra4 a 9eus% +as a )onte de todos os males " o erro, a mentirae a i!norKncia de 9eus%

7% o cuidado com a (ida mais bela e com a alma que torna os #omensbons e amados por 9eus% 'ois aquele que procura a 9eus o encontra eledomina toda cobi.a e n/o se separa da ora./o% Este #omem n/o teme osdemônios%

O% &s que se perderam por causa das esperan.as desta (ida e n/o sabemsen/o em pala(ras le(ar a (ida mais bela, s/o um pouco como pacientesque buscam os rem"dios e os instrumentos da medicina, mas que n/osabem ser(ir-se deles nem se inquietam com isto% por isso que, quandoestamos em )alta, n/o de(emos >amais acusar nossos pais ou qualqueroutra pessoa, mas apenas a n*s mesmos% 'ois se a alma se abandona 2

ne!li!ncia, torna-se para ela impossí(el (encer%

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Q% A quem n/o sabe discernir o que " bom do que " mau, " impossí(el >ul!ar quem " bom e quem " mau% 'ois o #omem " bom se ele con#ece a9eusP mas se ele n/o " bom, ele de nada sabe e nunca ter$ estecon#ecimento% 'ois o bem " o modo de con#ecimento de 9eus%

H0% &s #omens bons e amados por 9eus n/o denunciam o mal de outremsen/o na sua presen.a, e cara a cara% Eles >amais repro(am os ausentes% Eeles n/o aceitam escutar os que assim acusam os outros%

H1% Nue em suas con(ersas se>a banida toda dura./o% 'ois a mod"stia e areser(a ornam o #omem dotado de ra4/o, mais ainda do que as (ir!ens% &intelecto amado por 9eus " a lu4 que ilumina a alma, como o sol ilumina ocorpo%

H% Em todas as pro(a.6es que couberem 2 sua alma, lembre-se de que aosol#os dos que tm o >usto cuidado e a (ontade de manter em ordem e em

se!uran.a o que l#es pertence, n/o " a posse perecí(el das rique4as que "considerada a!rad$(el, mas as doutrinas retas e (erdadeiras s/o elas queos )a4em )eli4es% 'ois o rico pode ser despossuído e pil#ado pelos que s/omais poderosos do que ele% +as a (irtude da alma " o nico bem se!uro ein(iol$(el, o nico tamb"m que, ap*s a morte, sal(a a quem o possui% &sque pensam assim n/o ser/o arrastados pelos )antasmas da rique4a e dospra4eres%

HH% ?/o con("m que #omens inst$(eis e incultos se ten#am por eminncias%& #omem eminente " aquele que a!rada a 9eus, que se cala na maior parte

das (e4es, ou que )ala pouco e n/o di4 sen/o o que " preciso e a!rad$(el a9eus%

H3% &s que aspiram a (i(er na (irtude e no amor de 9eus, cuidam das(irtudes da alma como de um bem pr*prio, como de suas pr*prias delíciaseternas% Nuanto 2s coisas que passam, eles des)rutam delas na medida dopossí(el, e con)orme o que 9eus d$ e quer% A tudo eles usam com todaale!ria e !ratid/o, mesmo se estas coisas l#es )orem racionadas% 'ois comerbem e bastante alimenta o corpo e sua mat"ria% +as o con#ecimento de9eus, a temperan.a, a bondade, a bem-a(enturan.a, a piedade e a do.uradeicam a alma%

HL% Aqueles que, dentre os poderosos, obri!am a que se>am )eitas a.6esdeslocadas e noci(as, enquanto que a alma )oi criada li(re, n/o s/o,portanto, sen#ores% Eles podem aprisionar o corpo, mas n/o a (ontade, poiso #omem dotado de ra4/o " seu sen#or por 9eus seu riador, que " mais)orte do que qualquer poder, qualquer imposi./o e qualquer potncia%

HM% &s que consideram como uma in)elicidade a perda de din#eiro, de l#os,de ser(idores ou de qualquer outro bem, saibam que de(emos antes detudo contentarmo-nos com o que 9eus d$, e de(ol(er-l#e com entusiasmo e!ratid/o, quando preciso, sem sermos a)etados por esta pri(a./o, ou antespor esta restitui./o, pois aqueles que se ser(em daquilo que n/o l#espertence n/o cessam de de(ol(er%

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H7% obra do #omem >usto n/o (ender sua liberdade em troca de bens quel#e se>am o)erecidos, mesmo que se>am muitos% 'ois as coisas da terra s/ocomo que um son#o, e a rique4a n/o passa de uma ilus/o incerta ee)mera%

HO% Nue os que s/o (erdadeiramente di!nos de serem c#amados de #omensse dediquem a condu4ir suas (idas no amor a 9eus e 2 (irtude a m de quesua (ida (irtuosa bril#e no meio dos outros #omens% Assim como a prpura,por pouca que se>a, salpicada sobre a brancura de uma (estimenta, aen)eita de bele4a e a )a4 distin!uir e recon#ecer, tamb"m estes #omensmanter/o com mais se!uran.a o cuidado com as (irtudes da alma%

HQ% &s #omens s$bios de(otam-se a bem eaminar sua )or.a e os recursosda (irtude que tra4em na alma, se eles querem estar prontos para se opor atodas as pai6es, na medida de suas possibilidades, que l#es s/onaturalmente dadas por 9eus% 8eus recursos, s/o a temperan.a )ace 2ssedu.6es da bele4a e a toda cobi.a noci(a 2 alma, a perse(eran.a )ace 2spenas e pri(a.6es, a pacincia )ace ao insulto e 2 c*lera, al"m dascorrespondentes (irtudes%

30% impossí(el que um #omem se torne subitamente s$bio e bom% preciso um estudo assíduo, a perse(eran.a, a eperincia, o tempo, aascese, e o dese>o pela boa obra% & #omem bom e amado por 9eus, aqueleque em (erdade con#ece a 9eus, n/o cessa de )a4er em abundKncia tudo oque a!rada a 9eus% +as estes #omens s/o raros%

31% ?/o con("m aos menos dotados dos #omens, os que se desesperam desi mesmos, tratar com ne!li!ncia e desd"m a conduta (irtuosa amada por9eus, sob preteto de ser-l#es inacessí(el e )ora de alcance% Ao contr$rio,eles de(em colocar nisso todas as suas )or.as e cuidar de si, pois mesmoque n/o possam atin!ir os cumes da (irtude e da sal(a./o, entretanto, porseu es)or.o e seu dese>o, ou eles se tornam mel#ores, ou ao menos n/o setornam piores, o que para a alma n/o " pouco bene)ício%

3% 'or sua nature4a racional, o #omem se li!a a esta )aculdade misteriosae di(ina da ra4/o% +as por sua nature4a corp*rea, ele se aparenta aosanimais% Al!uns, pouco numerosos, (erdadeiramente #omens e

(erdadeiramente dotados de ra4/o, de todo o cora./o diri!em ao seu 9euse 8en#or seus pensamentos e anidades, e o mani)estam por seus atos epor uma (ida (irtuosa% +as a maior parte dos #omens, que n/o tm ainteli!ncia da alma, despre4am esta lia./o di(ina e imortal, para se (oltar2 anidade com o corpo, anidade morta, in)eli4 e passa!eira, e n/opensam sen/o nas coisas da carne, como os animais sem ra4/o, li!ando-seaos pra4eres% Assim eles se separam de 9eus e, por e)eito de sua (ontade,separam a alma dos c"us e a arrastam para o abismo%

3H% & #omem dotado de ra4/o, lembrando-se de que participa do di(ino e

que est$ unido a ele, >amais se apaionar$ por se>a l$ o que )or de terrestree (il% Ele mant"m seu intelecto (oltado para o que " celeste e eterno% E ele

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sabe que a (ontade de 9eus " a sal(a./o do #omem, uma (e4 que 9eus "para os #omens a causa de todos os bens e a )onte da beatitude eterna%

33% Nuando (oc ti(er que se #a(er com al!u"m que disputa e combate a(erdade e a e(idncia, corte imediatamente a disputa e a)aste-se deste

#omem cu>a inteli!ncia est$ petricada% 9a mesma )orma, com e)eito, comque uma $!ua ruim estra!a os mel#ores (in#os, tamb"m as con(ersas semsentido corrompem aqueles que consa!ram a (ida e o pensamento 2(irtude%

3L% 8e nos es)or.amos por todos os meios para escapar da morte do corpo,muito mais de(eríamos )a4er para escapar 2 morte da alma% 9iante daqueleque quer ser sal(o, n/o eiste, com e)eito, outro obst$culo que ane!li!ncia e a irresponsabilidade da alma%

3M% Aqueles que tm diculdade em compreender o que l#es " (anta>oso e

o que l#es " dito a respeito do bem s/o considerados doentes% +as quandoaqueles que compreendem a (erdade discutem impudentemente, " a ra4/oque est$ morta e seu comportamento " sel(a!em% Eles n/o con#ecem a9eus e sua alma n/o est$ iluminada%

37% 9eus, com sua pala(ra, destinou as esp"cies animais a di)erentes usossucessi(os% Al!umas de(em ser comidas, outras de(em ser(ir% E ele criou o#omem para contemplar suas (idas e suas obras e para recon#ec-las einterpret$-las% Nue os #omens se apliquem, assim, a n/o morrer sem antescontemplar e entender 9eus e suas obras, como os animais despro(idos de

ra4/o% & #omem de(e saber que 9eus tudo pode, e que nada se op6eSquele que pode tudo% A partir do nada ele )e4, e )e4 tudo o que quis comsua simples pala(ra, para a sal(a./o dos #omens%

3O% & que est$ no c"u " imortal, por causa da bondade inerente ao que "celeste% +as o que est$ na terra tornou-se mortal por causa do mal terrestreinerente que est$ nela% E este mal, pela ne!li!ncia e pela i!norKncia arespeito de 9eus, atin!e aqueles a quem )alta a inteli!ncia%

3Q% A morte, se o #omem souber compreend-la, " imortalidade% +as paraos i!norantes, que n/o a compreendem, ela " (erdadeiramente a morte%

?/o " esta morte que de(emos temer, mas a perdi./o da alma que est$ nai!norKncia de 9eus% isto, para a alma, que " temí(el%

L0% & mal " uma a)ec./o da mat"ria% Assim, n/o " possí(el que o corpopermane.a estran#o ao mal% A alma dotada de ra4/o, que compreende isto,ataca este peso da mat"ria que " o mal% :ecusando-se a carre!ar tal peso,ela se (olta para o con#ecimento do 9eus do uni(erso, considera daí paradiante o corpo como um inimi!o e um ad(ers$rio em quem n/o se podeconar% assim que a alma recebe a coroa de 9eus, ao superar aspro(a.6es do mal e da mat"ria%

L1% 8e a alma discerne o mal, ela toma a(ers/o a ele como a um animalmalc#eiroso% +as se o mal " i!norado, ele " amado por quem o i!nora, e

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ent/o ele captura a este% 'ois o mal su>eita a quem o ama% Ent/o o pobrein)eli4 n/o ( nem compreende aonde est$ seu bem, mas pensa que o mal oadorna de bele4as, e ent/o se re!o4i>a com isto%

L% A alma pura, que " boa, recebe de 9eus a lu4 e o esplendor% Ent/o o

intelecto compreende o que " bom e suscita pala(ras amadas por 9eus%+as quando a alma " su>a pela lama do mal, 9eus se a)asta dela, oumel#or, ela se separa de 9eus% &s demônios do mal ent/o penetram em seupensamento, e come.am a l#e su!erir a.6es ímpias, adult"rios, (iolncias,roubos, sacril"!ios e outros mal)eitos, que s/o todos obras do demônio%

LH% Aqueles que con#ecem a 9eus enc#em-se de todas as bem-a(enturan.as da bondade% Aspirando 2s coisas do c"u, eles desden#am ascoisas desta (ida% Tais #omens n/o a!radam 2 maioria, nem tentam a!rad$-la% Assim, muitos dentre os que n/o compreendem nada, n/o apenas osdetestam, como 4ombam deles% Em sua pobre4a, eles aceitam suportar tudoisso, sabendo que o que parece um mal 2 maioria, aos seus ol#os " o bem%'ois aquele cu>o intelecto se abre 2s coisas celestes, cr em 9eus ecompreende que todas as coisas s/o cria.6es de sua (ontade, enquanto queaquele cu>o intelecto n/o se abre, >amais acreditar$ que este mundo " obrade 9eus e que ele )oi )eito para a sal(a./o do #omem%

L3% Aqueles que est/o c#eios do mal e embria!ados pela i!norKncia n/ocon#ecem a 9eus, pois suas almas n/o s/o nem s*brias nem (i!ilantes%&ra, 9eus " inteli!í(el% Ele n/o " (isí(el em si, mas ele se mani)estaplenamente no (isí(el, como a alma no corpo% impossí(el que o corpo se

manten#a sem a alma, assim como " impossí(el que todo o (isí(el, tudo oque ", possa se manter sem 9eus%

LL% 'orque o #omem (em para a eistncia 'ara que, meditando sobre asobras de 9eus, ele o contemple e !lorique Aquele que as )e4 para o bemdo #omem% +as " a inteli!ncia que recebe o amor de 9eus% Ela " o bemin(isí(el, que 9eus concede aos que dela s/o di!nos, por sua conduta(irtuosa%

LM% Ri(re " quem n/o est$ su>eito aos pra4eres, mas domina o corpo pelasabedoria e pela castidade, e se contenta, com toda a !ratid/o, com os

bens que l#e s/o dados, ainda que se>am racionadíssimos% 'ois o intelectoamado por 9eus e a alma, quando est/o de acordo, pacicam todo o corpo,mesmo conta a (ontade deste% 8e a alma o quer, toda re(olta do corpo "reabsor(ida%

L7% Nuem n/o se satis)a4 com o que possui presentemente para (i(er, masquer sempre mais, su>eita-se 2s pai6es que perturbam a alma e l#eimp6em pensamentos e ima!ina.6es% 'ois possuir mais " um mal em si%Assim como uma tnica !rande demais atrapal#a quem disputa umacorrida, tamb"m o dese>o de aumentar as rique4as impede a alma de

combater e ser sal(a%

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LO% As condi.6es nas quais nos encontramos mal!rado n*s mesmos e semque o dese>emos s/o uma pris/o e um casti!o% Assim, ame aquilo que (ocpossui atualmente% 'ois se (oc o assumir de m$ (ontade, (oc estar$punindo a si mesmo por sua pr*pria conta% ?a (erdade, n/o eiste sen/oum camin#o o despre4o pelas coisas do mundo%

LQ% Assim como recebemos de 9eus a (is/o para que possamos distin!uir,dentre as coisas que temos diante dos ol#os, o que " branco do que "ne!ro, tamb"m a ra4/o nos )oi dada por 9eus para nos permitir discernir oque " bom para a alma% +as a cobi.a, separando-se da ra4/o, en!endra opra4er e n/o permite que a alma se>a sal(a ou que ela se una a 9eus%

M0% & que " con)orme a nature4a n/o " pecado% & pecado " a escol#a domal% omer n/o " pecado% 'ecado " comer sem dar !ra.as, sem decncia

nem temperan.a% 'ois con("m !uardar em (ida o corpo )ora de todaima!ina./o per(ersa% & ol#ar, se " puro, tampouco " pecado% & pecado est$em ol#ar com in(e>a, com or!ul#o ou com indiscri./o% n/o escutarpacicamente, mas com #ostilidade% n/o !uardar a lín!ua para a a./o de!ra.as e a prece, mas dei$-la di4er n/o importa o qu% n/o usar as m/ospara socorrer os outros, mas ser(ir-se delas para matar e roubar% 9esta)orma, cada um dos nossos membros peca por si s*, )a4endo mal em lu!ardo bem, contra a (ontade de 9eus%

M1% 8e (oc du(ida de que cada uma de suas a.6es " (ista por 9eus,considere que (oc, que " #omem e poeira, " capa4 de num instanteobser(ar e con#ecer toda sorte de lu!ares% om mais )orte ra4/o pode9eus, ele que ( o uni(erso como um !r/o de mostarda, e que criou ealimentou todas as coisas como quis%

M% Nuando (oc )ec#a a porta de sua casa e ca s*, saiba que um an>odesi!nado por 9eus a cada #omem estar$ com (oc% este an>o que os!re!os c#amam de daimoninterior% Ele n/o dorme >amais% impossí(elen!an$-lo% Ele est$ sempre com (oc, ele ( tudo e a escurid/o n/o oatrapal#a% om ele, 9eus est$ em toda parte% 'ois n/o eiste lu!ar nemmat"ria aonde 9eus n/o este>a, uma (e4 que ele " maior do que tudo e tem

todos os seres em sua m/o%

MH% 8e os soldados s/o "is a "sar porque "sar l#es !arante o alimento,com muito mais ra4/o de(emos nos aplicar a dar !ra.as com nossas bocas,sem >amais nos calarmos, e a!radecer a 9eus que a tudo criou para o#omem%

M3% A !ratid/o e a conduta (irtuosa s/o os )rutos do #omem que maisa!radam a 9eus% &ra, os )rutos da terra n/o amadurecem em uma #ora "preciso tempo, a c#u(a, cuidados% 9a mesma )orma, os )rutos do #omemn/o bril#am sen/o pela ascese, o estudo, o tempo, a perse(eran.a, aobstina./o e a pacincia% +as mesmo que, ao (er em (oc estes )rutos,al!uns o considerem um #omem piedoso, descone sempre de si mesmo

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enquanto (oc (i(er em um corpo, e considere que nada daquilo que (emde (oc a!rada a 9eus% 8aiba que, de )ato, n/o " )$cil um #omempermanecer at" o m puro de toda )alta%

ML% ?ada entre os #omens " mais precioso do que a pala(ra% Assim " que a

pala(ra permite ser(ir a 9eus rendendo-l#e !ra.as% +as se nos ser(imosdela para di4er o mal e blas)emar, n*s condenamos nossa alma% In(ocar seunascimento ou qualquer outra ra4/o, quando se est$ em )alta, " assim obrade um #omem insensatoP )oi li(remente e por sua pr*pria conta que elepermitiu uma pala(ra ruim ou uma m$ a./o%

MM% 8e nos es)or.amos para cuidar das pai6es do corpo para e(itar a4ombaria daqueles com quem encontramos, com mais ra4/o de(emos noses)or.ar para curar as pai6es da alma, uma (e4 que seremos >ul!ados napresen.a de 9eus, para que n/o se>amos submetidos 2 desonra e aoridículo% 'ois n*s somos li(res% Assim, mesmo quando sentimos em n*s odese>o de m$s a.6es, n/o querer )a4-las " possí(el, est$ ao nosso alcancele(ar uma (ida que a!rade a 9eus% Uamais al!u"m poder$ nos )or.ar a )a4eral!o de mal, se n/o quisermos% ombatendo assim, seremos de )ato#omens di!nos de 9eus, e (i(eremos como an>os no c"u%

M7% 8e (oc quiser, (oc ser$ escra(o das pai6es% 8e (oc quiser, e (oc "li(re, (oc n/o ser$ su>eito 2s pai6es% 'ois 9eus o criou li(re% E aquele quesobrepu>a as pai6es da carne recebe a coroa da incorruptibilidade% 'ois sen/o #ou(esse pai6es n/o #a(eria (irtudes, nem as coroas dadas por 9eusaos #omens que delas s/o di!nos%

MO% Aqueles que n/o (eem onde est$ seu bene)ício e n/o sabem aonde est$o bem, s/o ce!os na alma% 8eu discernimento )oi etinto% mel#or n/o nosli!armos a estes, para n/o cairmos )atalmente nos mesmos erros, ce!os eimprudentes%

MQ% ?/o de(emos nos irritar com aqueles que est/o em )alta, mesmo se oque 4eram " repro($(el e merece um casti!o% +as de(emos endireitar osque tombam, em nome da pr*pria >usti.a% Ss (e4es " preciso casti!$-los, emsua pessoa ou de outro modo% +as n/o de(emos nos irritar nem nos deiarle(ar assim, pois a c*lera a!e unicamente pela pai/o, e n/o de maneira

 >udiciosa e >usta% ?/o de(emos apro(ar aqueles que se deiam le(arinde(idamente pela piedade% +as " por causa do bem e da >usti.a que "preciso casti!ar os que )a4em o mal, nunca pela pai/o da c*lera%

70% 8omente os bens da alma s/o se!uros e in(iol$(eis% 8/o a conduta e ocon#ecimento (irtuosos, e o eercício das boas obras, que a!radam a 9eus%'ois a rique4a " um !uia ce!o e um consel#eiro sem inteli!ncia% Aqueleque usa a sua rique4a ser(indo-se dela para o pra4er, perde sua almainsensí(el%

71% &s #omens n/o de(em adquirir nada de mais% 8e por acaso eles tmmuito, ser$ bom para eles saber que tudo nesta (ida ", por nature4a,

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7Q% & #omem dotado de ra4/o " combatido pelos sentidos de sua nature4aracional, por meio das pai6es da alma% &ra, eistem cinco sentidos nocorpo a (ista, o ol)ato, a audi./o, o paladar e o tato% A in)eli4 alma "capturada pelos cinco sentidos quando ela se submete 2s quatro pai6esque l#es correspondem% Estas quatro pai6es s/o a (an!l*ria, a loucura

insensata, a c*lera e a lassid/o% 'ortanto, a partir do momento em que, comprudncia e ree/o, o #omem le(ou a bom termo o combate e dominou aspai6es, ele n/o " mais combatido% 8ua alma est$ em pa4, e ele recebe acoroa de 9eus por sua (it*ria%

O0% 9entre aqueles que se encontram num alber!ue, al!uns recebem umleito, outros n/o o obtm e deitam-se no c#/o, onde roncam tanto quanto osque dormem em sua cama% Ap*s passarem a noite e deiarem pela man#/os leitos, eles partem >untos, cada qual le(ando apenas o que possui% &mesmo acontece com todos os que c#e!am a este mundo% Tanto os que

(i(eram pobremente quanto aqueles que passaram a (ida entre a !l*ria e arique4a, todos saem da (ida como do alber!ue% Eles n/o le(am consi!onada daquilo que )a4ia as delícias e a rique4a do mundo% Eles n/o le(amsen/o suas pr*prias obras, boas ou m$s aquilo que 4eram durante a (ida%

O1% 8* porque (oc possui um !rande poder, n/o " ra4/o para amea.aral!u"m de morte por qualquer coisa% 8aiba que, por nature4a, tamb"m (ocest$ submetido 2 morte, e que a alma se despe do corpo como de sualtima tnica% :econ#e.a isto com clare4a% 8e>a doce, )a.a o bem, e d!ra.as continuamente a 9eus% 'ois aquele que n/o " complacente n/o temem si a (irtude%

O% impossí(el e inconcebí(el escapar da morte% Isto bem o sabem os#omens (erdadeiramente dotados de ra4/o, dedicados 2s (irtudes e aospensamentos amados por 9eus% Eles recebem a morte sem !emidos, semmedo e sem luto, lembrando-se de que ela " ineor$(el e que ela liberta dosmales desta (ida%

OH% ?/o de(emos odiar aqueles que ne!li!enciam a conduta (irtuosa quea!rada a 9eus e n/o se preocupam com a >usta doutrina amada por ele,mas lament$-los, pois eles s/o pri(ados de >uí4o, ce!os de cora./o e deree/o% Eles tomam o mal como bem, e esta i!norKncia )a4 com que sepercam% om sua alma sem inteli!ncia, esses in)eli4es n/o con#ecem a9eus%

O3% :ecuse-se a con(ersar sobre a piedade e a (ida (irtuosa com muitaspessoas% ?/o di!o por maldade, mas porque, pens/o eu, (oc se arrisca aser ridiculari4ado por pessoas irracionais% 'ois o semel#ante une-se aosemel#ante% &ra, aqueles que se disp6em a escutar estas con(ersas s/opoucos% ?a (erdade, s/o raríssimos% Assim, " mel#or n/o )alar sobre nada,sen/o daquilo que 9eus quer para a sal(a./o dos #omens%

OL% A alma se compadece do corpo, mas o corpo n/o se compadece daalma% Assim, quando o corpo est$ moribundo, a alma so)re com ele% E

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quando o corpo est$ (i!oroso e se sente bem, a alma eperimenta a mesmaale!ria% +as quando a alma se p6e a reetir, o corpo n/o acompan#a estaree/o% Ele permanece abandonado a si mesmo% 'ois a ree/o " umestado da alma, assim como a i!norKncia, o or!ul#o, a per)ídia, a cupide4, o*dio, a in(e>a, a c*lera, o desd"m, a (an!l*ria, a estima, a disc*rdia, o

sentido do bem% Tudo isto " suscitado pela alma%

OM% onceba as coisas de 9eus% 8e>a piedoso, sem in(e>a, bom, casto, doce,contente tanto quanto possí(el, a)$(el, al#eio 2s disputas% 'ossua estas(irtudes e as que l#es assemel#am% 'ois esta " a )ortuna in(iol$(el da almaa!radar a 9eus pelo eercício dessas (irtudes, n/o >ul!ar nin!u"m, n/odi4er de nin!u"m 5Fulano " mau, ele pecou% mel#or nos ocuparmos denossos pr*prios males e eaminarmos se nossa pr*pria conduta a!rada a9eus% 'orque anal, que sentido )a4 nos preocuparmos se o outro " mau

O7% ;m #omem (erdadeiramente di!no deste nome dedica-se 2 piedade%&ra, " piedoso aquele que n/o dese>a para si o que n/o l#e pertence% +astodas as coisas criadas s/o al#eias ao #omem% Assim, despre4e-as, porque(oc " a ima!em de 9eusP e o #omem " a ima!em de 9eus quando suaconduta " reta e a!rada a 9eus% +as " impossí(el ao #omem tornar-se tal seele n/o renunciar 2s coisas desta (ida% Aquele que possui um intelectoamado por 9eus sabe que todo o bem da alma e toda a piedade pro(mdaí% & #omem amado por 9eus n/o se apoia em nin!u"m quando elepr*prio est$ em )alta% Esta " a marca da alma que )oi sal(a%

OO% Aqueles que procuram adquirir pela )or.a os bens passa!eiros, aqueles

que acalentam o dese>o pelas obras do mal, i!norando a morte e a perdi./ode suas almas, e que, in)eli4es, recusam-se a ener!ar onde est$ seubene)ício, estes n/o se d/o conta daquilo que os #omens de(er/o so)rerpelo mal que causaram, ap*s sua morte%

OQ% & mal " uma a)ec./o da mat"ria% 9eus n/o est$ em causa% Ele deu aos#omens o con#ecimento, o saber, o discernimento do bem e do mal, e aliberdade% a ne!li!ncia e a irresponsabilidade dos #omens queen!endram as pai6es do mal% 'ortanto, 9eus n/o " sua causa% &sdemônios caíram na maldade depois de uma escol#a deliberada% & mesmoacontece com a maior parte dos #omens%

Q0% Aquele que )a4 da piedade a compan#ia de sua (ida n/o permite ao malentrar em sua alma% E se o mal n/o penetra nela, a alma permanece aoabri!o do peri!o e da in)elicidade% ?em as en!ana.6es do demônio, nem os!olpes da sorte pre(alecer/o nestes #omens% 'ois 9eus os li(ra do mal% Eles(i(em sob sua !uarda, lon!e de toda in)elicidade, semel#antes a ele% 8e oselo!iarem, eles rir/o de quem os elo!iaP se os o)enderem, n/o responder/oaos insultos% 'ois eles n/o se como(em com o que " dito ou n/o dito arespeito deles%

Q1% & mal anda de m/os dadas com a nature4a, como a )erru!em com o)erro, ou as ecre.6es com o corpo% +as n/o )oi o )erreiro quem )e4 a

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)erru!em, nem os pais que 4eram a ecre./o% 9a mesma )orma, 9eus n/ocriou o mal% Ao contr$rio, ele deu ao #omem o con#ecimento e odiscernimento, para que ele pudesse )u!ir do mal, sabendo que este "noci(o e conden$(el% Assim, quando (oc (er al!u"m )eli4 por ser rico epoderoso, cuidado para n/o in(e>$-lo% o demônio que cria esta ilus/o% +as

ten#a imediatamente a morte diante dos ol#os, e (oc n/o cobi.ar$ >amaisnem o mal, nem as coisas deste mundo%

Q% ?osso 9eus deu a imortalidade 2s coisas do c"u e )e4 mut$(eis ascoisas da terra% Ele colocou a (ida e o mo(imento no uni(erso% A tudo elecriou para o #omem% Assim, n/o se deie cati(ar pelas ima!ens destemundo que l#e c#e!am pelo demônio, quando ele introdu4 em sua almamaus pensamentos% +as procure imediatamente os bens celestiais, e di!a asi mesmo 58e eu quiser, eu ten#o em mim o poder de rec#a.ar tamb"meste ataque da pai/o% +as se eu n/o o 4er, " porque quero satis)a4er meu

dese>o% ontinue assim com este combate, que pode sal(ar sua alma%QH% A (ida " a uni/o e a cone/o do intelecto, da alma e do corpo% A morten/o destr*i o que esta(a unido, mas dissol(e seu con#ecimento% 'ois tudo "sal(o por 9eus, mesmo depois da dissolu./o%

Q3% & intelecto n/o " a alma, mas um dom de 9eus para sal(ar a alma% &intelecto que a!rada a 9eus ultrapassa e aconsel#a a alma% Ele a incenti(aa desden#ar tudo o que " e)mero, material e corruptí(el, e a se ape!ar aosbens eternos, incorruptí(eis e imateriais, a camin#ar como um #omem numcorpo, obser(ando e contemplando atra("s dele as coisas celestes, as

coisas de 9eus, e todas as coisas deste tipo% & intelecto amado por 9eus "assim o ben)eitor e o sal(ador da alma #umana%

QL% 'or meio da dor e do pra4er, a alma que est$ no corpo " imediatamenteeposta 2s tre(as e 2 perdi./o% A dor e o pra4er s/o como que #umores docorpo% 'ara en)rent$-los, o intelecto amado por 9eus ai!e o corpo e sal(a aalma, como um m"dico que corta e cauteri4a%

QM% As almas que n/o s/o condu4idas pelas r"deas da ra4/o nem!o(ernadas pela inteli!ncia capa4 de pressionar, atacar e (encer as suaspai6es, ou se>a, a dor e o pra4er, como a animais irracionais, estas almas

se perdem, a partir do momento em que a ra4/o " arrastada pelas pai6es,assim como o condutor do carro " derrubado pelos ca(alos%

Q7% ?/o con#ecer a 9eus, que criou o uni(erso para o #omem e que l#e deuo dom da inteli!ncia e da ra4/o, para que o #omem !an#e asas para seunir a 9eus, conceb-lo e !loric$-lo, " uma !ra(e en)ermidade, " a ruína ea perdi./o da alma%

QO% A alma est$ no corpo% A inteli!ncia est$ na alma% E a ra4/o est$ nainteli!ncia% Nuando " concebido e !loricado por ela, 9eus imortali4a aalma atribuindo-l#e a incorruptibilidade e as delícias eternas, ele que porsua simples bondade )e4 eistir todas as criaturas%

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QQ% Em sua bene(olncia e bondade, 9eus criou o #omem li(re e l#e deu opoder de a!rad$-lo, se ele quisesse% &ra, o #omem a!rada a 9eus enquanton/o eiste mal nele% E se os #omens lou(am as belas obras e as (irtudes deuma alma santa e amada por 9eus, e se condenam as in)Kmias e as m$sa.6es, quanto mais 9eus, que quer que o #omem se>a sal(o%

100% &s bens, o #omem os recebe da bondade de 9eus% 'ara isto ele )oicriado por 9eus% +as os males " o #omem quem atrai para si% dele que(em a malícia que est$ nele, a cobi.a e a insensibilidade%

101% A alma que perdeu a ra4/o, embora imortal e sen#ora do corpo,su>eita-se aos pra4eres, sem compreender que as delícias do corpo l#e s/onoci(as% +as, insensí(el em sua loucura, ela s* pensa nessas delícias%

10% 9eus " bom, o #omem " mau% ?ada " mau no c"u, nada " bom naterra% +as o #omem dotado de ra4/o escol#e o mel#or% Ele recon#ece o

9eus do uni(erso% Ele l#e d$ !ra.as e o celebra% 9iante da morte, ele tema(ers/o pelo seu corpo, ele n/o deia )alarem os sentidos, sabendo que elestrabal#am para sua perdi./o%

10H% & #omem mau quer ter sempre mais, e despre4a a >usti.a% Ele n/oconsidera que a (ida " incerta, inst$(el e passa!eira, e que a morte "ineí(el e ineor$(el% +as, despro(ido da !ra.a e sem inteli!ncia, o (el#o,como madeira podre, n/o ser(e mais para nada%

103% eperimentando o que nos entristece que nos tornamos sensí(eis aospra4eres e 2 ale!ria% Nuem n/o tem sede n/o sente pra4er em beber% Nuem

n/o tem sono n/o tem pra4er em dormir% Nuem nunca te(e triste4a n/ocon#ece o sentido da ale!ria% 9a mesma )orma, n/o des)rutaremos dosbens eternos se n/o desden#armos os bens passa!eiros%

10L% A pala(ra " ser(idora do intelecto% Aquilo que a inteli!ncia quer, apala(ra interpreta%

10M% & intelecto a tudo (, mesmo o que est$ nos c"us% ?ada oensombrece, sen/o o pecado% +as se ele " puro, nada l#e " inacessí(el% &mesmo acontece com a pala(ra nada l#e " indi4í(el%

107% 'elo corpo, o #omem " mortal% +as pelo intelecto e pela pala(ra, ele "imortal% +esmo se (oc se cala, (oc pensa% E se (oc pensa (oc )ala% 'ois" no silncio que a inteli!ncia en!endra a pala(ra% E a pala(ra derecon#ecimento diri!ida a 9eus " a sal(a./o do #omem%

10O% Nuem di4 pala(ras despro(idas de ra4/o n/o tem inteli!ncia, pois )alasem compreender% Ent/o considere o que " importante )a4er para asal(a./o da sua alma%

10Q% A pala(ra dotada de inteli!ncia e que secunda a alma " um dom de9eus% 9o mesmo modo, os discursos c#eios de pala(r*rio, que buscam asdimens6es do c"u e da terra, ou as !rande4as do sol e das estrelas, s/o

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uma in(en./o do #omem que desperdi.a seu es)or.o% & #omem bem)alante procura em sua orat*ria (/ o que n/o ser(e para nada% como tirar$!ua com uma peneira% 'ois tais #omens n/o poderiam >amais encontrar oque est$ em causa aqui%

110% ?in!u"m pode (er o c"u nem compreender o que eiste nele, a n/o sero #omem que tem o cuidado de manter a (ida (irtuosa, que con#ece e!lorica Aquele que criou este c"u para nossa sal(a./o e nossa (ida% 'oiseste #omem amado por 9eus sabe que nada eiste sem 9eus% 9eus est$em tudo e em toda parte, uma (e4 que ele " innito%

111% Assim como o #omem deia o seio materno nu, tamb"m a alma deia,nua, o corpo% ;ma o deia pura e luminosa% &utra coberta de marcas porsuas )altas% &utra o deia ne!ra por todas as suas quedas% 9esta )orma, aalma dotada de ra4/o e amada por 9eus, lembrando-se dos males que sese!uem 2 morte, le(a uma (ida de piedade, a m de n/o cair condenadapor suas )altas% Nuanto aos que n/o creem, estes (i(em na impiedade e nopecado, e despre4am as coisas do al"m sua alma " despro(ida deinteli!ncia%

11% Assim como, ao sair nu do seio materno, (oc n/o se lembra do queera este seio, tamb"m ao deiar o corpo, (oc n/o se lembrar$ de como eraele%

11H% Assim como, depois de sair do seio materno, (oc se tornou mais )ortee maior no seu corpo, tamb"m ao sair do corpo, puro e sem m$cula, (oc se

tornar$ mais )orte, (oc ser$ incorruptí(el, pois (oc (i(er$ nos c"us%113% Assim como o corpo nasce quando termina sua !esta./o no seiomaterno, tamb"m " necess$rio que a alma saia do corpo, quando ela atin!eo limite que l#e )oi assinalado por 9eus naquele corpo%

11L% & que (oc )e4 da sua alma quando ela esta(a no seu corpo ela )ar$com (oc quando deiar o corpo% 'ois quem, aqui em baio, )e4 a ale!ria eas delícias do corpo, construiu sua pr*pria in)elicidade ap*s a morte% Elecondenou sua alma por )alta de inteli!ncia%

11M% Assim como o corpo n/o conse!ue sobre(i(er se deiar, imper)eito, oseio materno, tampouco a alma, se deiar o corpo sem ter alcan.ado ocon#ecimento de 9eus por meio de uma conduta (irtuosa, poder$ ser sal(ae unir-se a 9eus%

117% & corpo unido 2 alma passa das tre(as do seio materno 2 lu4 do dia%+as a alma unida ao corpo permanece li!ada 2s tre(as do corpo% Assim,con("m ter a(ers/o e endireitar o corpo, na medida em que ele se mostraad(ers$rio e inimi!o da alma% A abundKncia e o pra4er das comidasdespertam no #omem as pai6es do mal% +as a temperan.a reabsor(e aspai6es e sal(a a alma%

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11O% 'ara o corpo, a (is/o s/o os ol#os% 'ara a alma, a (is/o " a inteli!ncia%Assim como o corpo sem ol#os " ce!o, n/o ( o sol iluminar a terra e o mar,e n/o pode usu)ruir da lu4, tamb"m a alma que n/o tem uma boainteli!ncia e uma conduta (irtuosa " ce!a ela n/o con#ece nem !loricaa 9eus criador e ben)eitor do uni(erso, e ela n/o pode des)rutar de sua

incorruptibilidade e de seus bens eternos%

11Q% A i!norKncia de 9eus " uma anestesia e uma loucura da alma% 'ois omal nasce da i!norKncia% +as o bem nos #omens pro(m do con#ecimentode 9eus e sal(a a alma% 'ortanto, se (oc se dedica a n/o reali4ar suas(ontades, se (oc " s*brio e (i!ilante, e se (oc con#ecer a 9eus, (ocle(ar$ at" as (irtudes a sua inteli!ncia% +as se (oc se aplica a satis)a4eras (ontades per(ersas para n/o procurar sen/o o pra4er, ent/o, embria!adocom sua pr*pria i!norKncia de 9eus, (oc (ai se perder como os animaissem ra4/o, pois (oc n/o pensa nos males que o a!uardam ap*s a morte%

10% A pro(idncia " aquilo que acontece por necessidade di(ina, como o)ato do sol nascer e se por todos os dias, ou de a terra dar )rutos% Assimtamb"m " dito que a lei " aquilo que acontece por necessidade di(ina% +astudo " )eito para o #omem%

11% Tudo o que 9eus )a4 em sua bondade, ele o )a4 pelo #omem% +as tudoo que o #omem )a4, ele o )a4 para si mesmo, tanto o bem como o mal% ?/ose espante com a )elicidade dos bandidos, porque tamb"m as cidadesalimentam seus carrascos sem por isto lou(ar seus maus pendores, masser(indo-se deles para casti!ar os que merecem% 9a mesma maneira, 9eus

permite que bandidos oprimam o mundo, a m de por meio deles corri!ir osímpios% +as depois, tamb"m eles ser/o entre!ues ao Uuí4o, porque n/o )oipara ser(ir a 9eus, mas por se deleitarem em sua pr*pria malícia, que eles4eram mal aos #omens%

1% Aqueles que (eneram os ídolos n/o iriam, in)eli4es, se perder cada (e4mais lon!e da piedade, se eles pudessem (er e saber com o cora./o o quede )ato (eneram% +as, contemplando a #armonia, a ordem e a pro(idnciaque presidem a tudo o que 9eus )e4 e )a4 sempre, eles con#eceriam Aqueleque a tudo isto )e4 pelos #omens%

1H% Em sua desonestidade e sua in>usti.a, o #omem pode matar% +as 9eusn/o cessa de dar a (ida, mesmo 2queles que s/o indi!nos dela% 'or repartircom abundKncia e por ser bom por nature4a, ele quis que o mundo )osse, eo mundo eistiu% E ele eiste sempre, para o #omem e para sua sal(a./o%

13% Est$ ao alcance do #omem compreender o que " o corpo, ou se>a, queele " corruptí(el e e)mero% E o mesmo #omem compreender$ tamb"m oque " a alma, a saber, que ela " di(ina e imortal, criada pelo sopro de 9eus,e unida ao corpo para ser pro(ada e deicada% &ra, quem compreende oque " a alma adota a (ida reta que apra4 a 9eus% Ele n/o obedece mais ao

corpo% +as ele ( a 9eus por meio de sua inteli!ncia, e nela ele contemplaos bens eternos que 9eus deu 2 alma%

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1L% 9eus que " bom e reparte sempre em abundKncia deu ao #omem opoder de )a4er o bem e o mal, atribuindo-l#e uma conscincia a m de que,contemplando o mundo e o que est$ no mundo, ele possa con#ecer Aqueleque a tudo )e4 pelo #omem% +as o ímpio pode querer con#ecer, e n/ocompreender% 'ois l#e " dado n/o crer, l#e " permitido n/o ac#ar nada, l#e

" )acultado conceber o contr$rio da (erdade, na medida mesma em que o#omem tem o poder de escol#er entre o bem e o mal%

1M% Esta " a ordem de 9eus quando cresce a carne, a alma se enc#e deinteli!ncia, a m de que entre o bem e o mal o #omem possa escol#er oque quiser% +as a alma que n/o escol#e o bem torna-se despro(ida deinteli!ncia% Assim, todos os corpos tm uma alma, mas n/o podemos di4erque toda alma ten#a intelecto% 'ois o intelecto amado por 9eus cabe aos#omens s$bios, santos, >ustos, puros, bons, misericordiosos, e aos #omenspiedosos% E a presen.a do intelecto " para eles um socorro no camin#o para

9eus%17% ;ma nica coisa n/o " possí(el ao #omem tornar-se imortal% & que l#e" possí(el " unir-se a 9eus, se ele compreende que pode% 8e ele o quiser,com e)eito, se o conceber, crer, amar, o #omem, por uma conduta (irtuosa,torna-se compan#eiro de 9eus%

1O% & ol#o contempla o (isí(el, e o intelecto concebe o in(isí(el% 'ois ointelecto amado por 9eus " a lu4 da alma% Aquele cu>o intelecto " amadopor 9eus tem seu cora./o inundado de lu4 e ( a 9eus com suainteli!ncia%

1Q% ?in!u"m " mau, se )or bom% +as quem n/o " bom, certamente est$entre!ue ao mal e ama o corpo% &ra, a primeira (irtude do #omem " odesd"m pela carne% 8eparar-se do e)mero, do corruptí(el e do material, se)or de li(re e espontKnea (ontade e n/o por necessidade, )a4 de n*s os#erdeiros dos bens eternos e incorruptí(eis%

1H0% Nuem possui inteli!ncia sabe aquilo que ", a saber, que o #omem "corruptí(el% &ra, aquele que con#ece a si mesmo sabe que todas as coisass/o criaturas de 9eus e que )oram criadas para a sal(a./o do #omem% 'oisest$ ao alcance do #omem ter uma >usta concep./o de todas as coisas e

sobre todas elas possuir uma )" >usta% Este #omem sabe ent/o com todacerte4a que aqueles que despre4am as coisas do mundo n/o precisam )a4ermuito es)or.o, mas recebem de 9eus depois da morte as delícias e orepouso eternos%

1H1% Assim como o corpo sem a alma " morto, tamb"m a alma que n/o "dotada de inteli!ncia " est"ril e n/o pode ser #erdeira de 9eus%

1H% 9eus s* escuta o #omem% somente ao #omem que 9eus se re(ela%9eus ama o #omem, at" o ponto de )a4er dele um deus% 8omente o #omem" di!no de adorar a 9eus% para o #omem que 9eus se trans!ura%

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1HH% para o #omem que 9eus )e4 o c"u adornado de estrelas% 'ara o#omem ele )e4 a terra% E os #omens a culti(am para si mesmos% &s que n/opercebem esta pro(idncia de 9eus tm a alma despro(ida de inteli!ncia%

1H3% & bem n/o " (isí(el, assim como as coisas do c"u% +as o mal " (isí(el,

como as coisas da terra% & bem " aquilo que n/o se pode comparar% Assim,o #omem que possui inteli!ncia escol#e o mel#or% 'ois somente ao #omem9eus e suas criaturas s/o inteli!í(eis%

1HL% & intelecto se mani)esta na alma, e a nature4a no corpo% A inteli!ncia" a deica./o da alma, mas a nature4a do corpo " a dissolu./o% Assim, emtodo corpo eiste uma nature4a% +as nem toda alma possui inteli!ncia, e "por isso que nem toda alma " sal(a%

1HM% A alma est$ no mundo, pois )oi en!endrada% +as o intelecto est$ acimado mundo, pois ele n/o )oi en!endrado% A alma que con#ece o mundo e que

quer ser sal(a tra4 em si constantemente uma lei in(iol$(el% Ela tomaconscincia de que o combate e a pro(a./o acontecem a!ora, de que n/ol#e " permitida uma concilia./o no Uuí4o e de que ela se perde ou se sal(apor causa do menor pra4er per(erso%

1H7% 9eus )undou sobre a terra o nascimento e a morte% E ele )undou no c"ua pro(idncia e o destino% A tudo ele )e4 para o #omem e sua sal(a./o%9ispondo de todos os bens, 9eus criou para os #omens o c"u, a terra e seuselementos, por meio dos quais l#e " )acultado o usu)ruto destes bens%

1HO% & que " mortal est$ subordinado ao que " imortal% +as o que " imortal

est$ a ser(i.o do mortal, ou se>a, os elementos do mundo est/o a ser(i.o do#omem !ra.as ao amor que, em sua natural bondade, o 9eus criador le(aao #omem%

1HQ% Aqueles que nasceram pobres e que n/o tm o poder de pre>udicarnin!u"m, n/o poder/o ser contados dentre os que tradu4em a piedade emobras% +as aquele que tem o poder de pre>udicar e se recusaespontaneamente a empre!$-lo para )a4er o mal, e que, ao contr$rio, tratacom do.ura os mais #umildes por amor a 9eus, este receber$ os bens emretorno, lo!o ap*s a morte%

130% Gra.as ao amor que le(a o #omem a 9eus que nos criou, s/onumerosas as (ias que le(am o #omem 2 sal(a./o, que atraem as almas eas ele(am at" os c"us% 'ois as almas #umanas recebem as recompensaspela (irtude, e os casti!os por suas )altas%

131% & Fil#o est$ no 'ai, o Espírito 8anto est$ no Fil#o, e o 'ai est$ em um eno outro% pela )" que o #omem con#ece tudo o que " in(isí(el e inteli!í(el%A )" " o assentimento (olunt$rio da alma%

13% Aqueles a quem uma necessidade ou as circunstKncias obri!aram a se

atirar num rio caudaloso ser/o sal(os se )orem s*brios e (i!ilantes% 'oismesmo que este>am a ponto de se perder, e ainda que as correntes se>am

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(iolentas, eles poder/o se sal(ar a!arrando-se a qualquer coisa na mar!em%+as os que est/o embria!ados, ainda que saibam nadar com per)ei./o,(encidos pelo (in#o a)o!am-se na corrente4a e desaparecem do mundo dos(i(os% 9a mesma )orma, a alma atirada aos redemoin#os e aos turbil#6esdas corrente4as desta (ida, se ela n/o se con#ece ao emer!ir do mal da

mat"ria, se ela, que " di(ina e imortal, n/o sabe que n/o est$ li!ada 2mat"ria e)mera, )r$!il e mortal sen/o com o intuito de ser aí pro(ada, e seem sua perdi./o ela se deia arrastar pelos pra4eres do corpo, ent/o,despre4ando a si mesma, "bria de i!norKncia, incapa4 de se assumir, ela seperde e " le(ada para lon!e dos que se sal(am% omo um rio, de )ato, ocorpo muitas (e4es nos le(a a pra4eres que n/o tm cabimento%

13H% A alma dotada de ra4/o, que mant"m rmemente sua boa resolu./o,condu4 como um ca(alo o ardor e o dese>o, suas pai6es pri(adas de ra4/o%8e ela as domina, pressiona, se assen#ora delas, ela " coroada e >ul!ada

di!na da (ida no c"u% Ela recebe de 9eus que a criou a recompensa por sua(it*ria e suas pro(a.6es%

133% A alma (erdadeiramente dotada de ra4/o, quando ( a )elicidade dosbandidos e a prosperidade dos indi!nos, n/o se perturba ima!inando aquiloque eles des)rutam nesta (ida, como aqueles que, dentre os #omens, s/odespro(idos de ra4/o% 'ois ela con#ece claramente a instabilidade da)ortuna, a incerte4a da (ida presente, a bre(idade da eistncia e ainte!ridade do Uuí4o% Esta alma cr que 9eus n/o a esquecer$ e l#e dar$ oalimento de que ela necessita%

13L% A (ida do corpo e o des)rute dos bens terrestres obtidos pelas rique4ase poder, s/o a morte da alma% +as o so)rimento, a pacincia, a pobre4aassumida com a./o de !ra.as, estas s/o a (ida e as delícias eternas daalma%

13M% A alma dotada de ra4/o n/o concebe sen/o desd"m pela cria./omaterial e por esta (ida e)mera% Ela escol#e as delícias do c"u e a (idaeterna, que ela recebe de 9eus por sua conduta (irtuosa%

137% Nuem usa uma roupa su>a de barro, su>a assim a roupa de quem seencosta nela% 9a mesma )orma, os desonestos cu>a inten./o e conduta n/o

s/o direitos, quando se encostam nas pessoas simples e l#es di4em o quen/o de(e ser dito, su>am suas almas como a lama, com aquilo que l#es)a4em ou(ir%

13O% & come.o do pecado " a cobi.a com a qual se perde a alma dotada dera4/o% +as o come.o da sal(a./o e do :eino dos c"us " o amor que sur!ena alma%

13Q% 8e o )erro " ne!li!enciado e n/o recebe a manuten./o de(ida, 2 )or.ade permanecer sempre abandonado sem ser(ir a nada, acaba comido pela)erru!em e >$ n/o tem mais nem utilidade nem bele4a% & mesmo acontececom a alma% 8e ela permanece inerte, se n/o se dedica a (i(er na (irtude ea se (oltar para 9eus, se ela se pri(a da prote./o di(ina por causa de suas

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m$s a.6es, em sua ne!li!ncia ela se destr*i sob o e)eito do mal que atacaa mat"ria do corpo como o )erro se destr*i sob o e)eito da )erru!em, e n/opossui mais nem bele4a nem utilidade em (ista da sal(a./o%

1L0% 9eus " bom, impassí(el, imut$(el% +as se n*s consideramos ra4o$(el e

(erdadeiro que 9eus n/o muda, podemos nos per!untar como ele se ale!racom os bons e se 4an!a com os maus, como se irrita com os pecadores e "bene(olente quando #omena!eado% A resposta " que 9eus n/o se ale!ranem se irrita, pois ale!rar-se e entristecer-se s/o pai6es% 9a mesma )orma,n/o #$ como #omena!e$-lo com presentes, pois ent/o ele seria dominadopelo pra4er% &ra, " impossí(el, a partir das coisas #umanas, (er no di(ino obem e o mal% 9eus " bom, e ele n/o nos )a4 sen/o o bem, >amais o mal, poisem tudo isto ele permanece sempre i!ual% Tamb"m n*s, se, por nossasemel#an.a, perse(eramos no bem, tamb"m n*s nos unimos a 9eus% +asse, por dissenso, nos entre!amos ao mal, n*s nos separamos de 9eus%

Vi(endo na (irtude, li!amo-nos a 9eusP mas le(ados ao mal, )a4emos delenosso inimi!o, cu>a irrita./o n/o " !ratuita, uma (e4 que os pecadosimpedem a 9eus de bril#ar em n*s e nos atiram aos demônios que noscasti!am% 8e, pelas ora.6es e pelo bem que )a4emos, obtemos a absol(i./ode nossas )altas, n/o " por termos #onrado a 9eus ou t-lo )eito mudar, masporque, curando nosso pr*prio mal com nossas a.6es e nosso retorno aodi(ino, des)rutamos no(amente de sua bondade% Isto equi(ale a di4er ent/oque 9eus se a)asta dos desonestos, e que o sol se esconde diante dos ques/o pri(ados de (is/o%

1L1% A alma dotada de piedade con#ece o 9eus do uni(erso% 'ois a piedade

n/o " outra coisa do que cumprir a (ontade de 9eus, (ale di4er, con#ec-losendo !eneroso, s$bio, doce, bene(olente tanto quanto possí(el, a)$(el,cordato, em suma, )a4endo tudo o que a!rada 2 sua (ontade%

1L% & con#ecimento de 9eus e o temor a 9eus s/o o rem"dio para aspai6es da mat"ria% 9e )ato, quando a alma " #abitada pela i!norKncia de9eus, as pai6es n/o podem ser curadasP elas permanecem nela e acorrompem% como uma )erida in(eterada carcomida pelo mal% +as 9eusn/o " a causa disto, ele que transmitiu ao #omem a cincia e ocon#ecimento%

1LH% 9eus cumulou o #omem de cincia e con#ecimento% 'ois ele se dedicaa puric$-lo das pai6es e do mal (olunt$rio, e ele quer, em sua bondade,)a4er o mortal alcan.ar a imortalidade%

1L3% Em uma alma pura cati(a de 9eus, o intelecto ( (erdadeiramente o9eus que n/o )oi en!endrado, o 9eus in(isí(el e ine)$(el, o nico puro paraos cora.6es puros%

1LL% A coroa da incorruptibilidade, a (irtude, a sal(a./o do #omem, consisteem suportar as ad(ersidades com cora!em e !ratid/o% 9ominar a c*lera, a

lín!ua, o (entre e os pra4eres, " tamb"m um !rande auílio para a alma%

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1LM% a pro(idncia di(ina que diri!e o mundo% ?en#um lu!ar est$ pri(adodela% A pro(idncia " a ra4/o absoluta que modelou a mat"ria para dela)a4er o mundo% Ela " o criador e o artes/o de tudo o que eiste% 'ois "impossí(el que a mat"ria ten#a sido or!ani4ada sem o poder decisi(o dara4/o, que " a ima!em, a inteli!ncia, a sabedoria e a pro(idncia de 9eus%

1L7% A cobi.a consciente " a rai4 das pai6es daqueles aparentados 2stre(as% A alma que tem esta (is/o da cobi.a n/o con#ece a si mesma% Elai!nora ter sido )ormada pelo sopro de 9eus% Ela assim " arrastada aopecado, sem considerar, por )alta de inteli!ncia, os males que se se!uir/o2 morte%

1LO% A recusa de 9eus e o amor 2 (an!l*ria s/o uma !ra(e e incur$(eldoen.a da alma, e sua perdi./o% 'ois o dese>o do mal " a pri(a./o do bem%&ra, o bem consiste em )a4er abundantemente tudo o que " bom e a!radaao 9eus do uni(erso%

1LQ% & #omem " o nico ser capa4 de receber a 9eus% Ele " o nico, dentreos seres (i(os, com quem 9eus con(ersa, 2 noite por meio dos son#os, dedia atra("s da inteli!ncia% Assim, continuamente, ele anuncia e apresentapre(iamente aos #omens que s/o di!nos disto os bens que os esperam%

1M0% ?ada " di)ícil para quem cr e quer compreender a 9eus% 8e (ocdese>a contempl$-lo, obser(e a ordem do mundo e a pro(idncia que re!epor meio da ra4/o di(ina tudo o que )oi criado e tudo o que eiste% &bser(eque tudo )oi )eito para o #omem%

1M1% c#amado de santo aquele que " puro de todo mal e de todas as)altas% ?/o #a(er nen#um mal no #omem " de )ato um alto !rau de (irtude,que a!rada a 9eus%

1M% & nome desi!na o ser dentre todo os demais% 8eria inconcebí(el que9eus, sendo um s*, ti(esse outro nome% 'ois o nome de 9eus si!nica5Aquele que n/o te(e come.o e que a tudo )e4 para o #omem%

1MH% 8e (oc tem m$s a.6es na conscincia, epulse-as da alma, 2 esperado bem% 'ois 9eus " >usto e ama o #omem%

1M3% & #omem con#ece a 9eus e " con#ecido por 9eus na medida em quese es)or.a para >amais separar-se dele% E o #omem n/o se separa de 9eusquando " bom e domina todo pra4er, n/o por )alta de recursos, mas por(ontade e temperan.a%

1ML% Fa.a o bem a quem l#e )e4 o mal, e (oc ter$ a a)ei./o de 9eus% ?/oacuse seu inimi!o diante de nin!u"m% 'ratique a caridade, a reser(a, atemperan.a, e as (irtudes an$lo!as% 'ois nisto consiste o con#ecimento de9eus se!uir seu eemplo, pela #umildade e as (irtudes desta ordem% 'or"mestas obras n/o est/o ao alcance de qualquer um, mas apenas das almas

dotadas de inteli!ncia%

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