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FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA
Título: O cotidiano dos primeiros habitantes da Freguesia de Nossa Senhora de Belém: uma experiência de história local
Autor SOELY APARECIDA ANNES
Escola de Atuação Colégio Estadual Padre Chagas
Município da escola Guarapuava
Núcleo Regional de Educação Guarapuava
Orientador Francisco Ferreira Júnior
Instituição de Ensino Superior UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste
Disciplina/Área (entrada no PDE)
História
Produção Didático-pedagógica Unidade Didática
Público Alvo
Alunos de 5ª série/6ºano do Ensino Fundamental
Localização
Colégio Estadual Padre Chagas
Rua Dom Bosco – 90 – Bairro Bonsucesso
Apresentação:
De acordo com a proposta das Diretrizes Curriculares da Educação Básica o ensino de História considera a diversidade cultural e a memória paranaenses, priorizando assim, as histórias locais e do Brasil. Inserida nas Diretrizes, a Lei 13.381,de 18/12/2001, torna obrigatório os conteúdos de História do Paraná
no Ensino Público Estadual. Apesar da força da lei, no cotidiano escolar ela não vem sendo cumprida. Para que essa prática se efetive nos apoiamos na historiografia local e regional e tomamos como referência para este projeto a cultural local, conteúdo básico proposto para a 5ª série. Integrante da Real Expedição de Conquista e e Povoamento dos Campos de Guarapuava, de 1810, o Padre Francisco das Chagas Lima deixou importantes documentos sobre os primeiros anos da Freguesia de Nossa Senhora de Belém. Pretendemos levar os alunos ao Arquivo da Catedral Nossa Senhora de Belém, para que conheçam os primeiros registros de batizados, que transcrevemos previamente, para serem analisados em sala de aula. Consideramos que ao utilizar o documento como material didático, estaremos possibilitando uma forma atraente e produtiva para o ensino de História.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) História do Paraná; história local; Guarapuava
SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ................................... ......................................................02
2. OS CONCEITOS NA HISTÓRIA LOCAL E REGIONAL: UMA R EFLEXÃO
NECESSÁRIA ........................................ ...................................................... 02
3. O ENSINO DE HISTÓRIA DO PARANÁ: UM BREVE RELATO ................. 07
4. PROCEDIMENTOS/MATERIAL DIDÁTICO ................ ................................ 09
4.1 Conteúdos a serem trabalhados durante a implementação ................... 10
4.2 Atividades de implementação ............................................................... 11
4.3 Avaliação das atividades ....................................................................... 22
5. ORIENTAÇÕES/RECOMENDAÇÕES AO PROFESSOR ......... ................. 22
6. PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO ..... .................... 23
RERERÊNCIAS ............................................................................................... 24
ANEXOS ......................................................................................................... 26
2
1. APRESENTAÇÃO
De acordo com as orientações do Programa de Desenvolvimento
Educacional do Estado do Paraná (PDE), no 3º período do curso o professor
retorna para a sala de aula com 75% da carga horária e, nos 25% restantes
deve fazer a implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica na escola
de lotação. Nesse processo da implementação faremos uso do material
elaborado em forma de Unidade Didática, a ser aplicado em alunos da 5ª
série/6º ano do Colégio Estadual Padre Chagas, município de Guarapuava,
no segundo semestre de 2011.
Diante das dificuldades encontradas em nossa prática docente,
escolhemos a temática História e Historiografia Paranaense, com enfoque na
Lei 13.3811 que torna obrigatória a inserção dos conteúdos de História do
Paraná na Rede Pública Estadual. Nosso Projeto de Intervenção Pedagógica
tem como título “O cotidiano dos primeiros habitantes da Freguesia de Nossa
Senhora de Belém: uma experiência de história local”. Entendemos que a
metodologia da história local e regional pode ser uma das formas de
abordagem da História do Paraná em sala de aula. Pretendemos
desenvolver o projeto dentro de um dos conteúdos básicos propostos nas
Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Estado do Paraná (DCE’s)
para a 5ª série/6º ano: as culturas locais e a cultura comum.
1. OS CONCEITOS NA HISTÓRIA LOCAL E REGIONAL: UMA R EFLEXAO
NECESSÁRIA
Ao seguir a proposta das DCE’s aceitamos os novos rumos dados
ao ensino da história, na linha da Nova História e da Nova História Cultural,
efetivada em novos estudos e debates a partir da década de 1980. Sob sua
influência, os historiadores ampliaram suas temáticas, fazendo uso de
novas fontes e colocando a mostra sujeitos até então negligenciados pela
1 Lei Estadual nº 13.381, de 18 de dezembro de 2001 (DOE 18/12/2001) – sancionada pelo governador Jaime
Lerner, torna obrigatório, no Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública Estadual de Ensino, conteúdos da
disciplina História do Paraná.
3
história tradicional. Voltada inicialmente para atender aos interesses do
Estado-nação e para desenvolver nos alunos o espírito patriótico, os
objetivos do ensino de História tomam outras dimensões que reforçam a
importância dos estudos locais e regionais. Segundo Bittencourt2
Um dos objetivos centrais do ensino de História, na atualidade,
relaciona-se à sua contribuição na constituição de identidades. A
identidade nacional, nessa perspectiva, é uma das identidades a ser
constituídas pela História escolar, mas, por outro lado, enfrenta ainda
o desafio de ser entendida em suas relações com o local e o mundial.
Antes de iniciar com os alunos as atividades voltadas para a história
local e regional, o professor deve refletir sobre alguns conceitos relacionados
a essa abordagem. São eles: cultura, cotidiano, identidade, memória e
região .
O conceito de cultura aparece com destaque nas ciências humanas,
com múltiplas interpretações. Do Dicionário de Conceitos Históricos3
selecionamos duas definições, que se ajustam aos estudos da história local.
(...) Bosi afirma que cultura é o conjunto de práticas, de técnicas, de
símbolos e de valores que devem ser transmitidos às novas gerações
para garantir a convivência social. Mas para haver cultura é preciso
antes que exista também uma consciência coletiva que, a partir da
vida cotidiana, elabore os planos para o futuro da comunidade. Tal
definição dá a cultura um significado muito próximo do ato de educar.
(...) cultura como o conjunto de realizações humanas, materiais ou
imateriais, leva-nos a caracterizá-la como um fundamento básico da
História, que por sua vez pode ser definida como o estudo das
realizações humanas ao longo do tempo. Tal percepção, no entanto,
só se desenvolveu plenamente com a Nova História, na segunda
metade do século XX.
2 BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 4ª ed. São Paulo: Cortez,
2011, p. 121.
3 SILVA, Kalina Vanderlei e SILVA, Henrique Maciel. Dicionário de Conceitos Históricos. 2ª ed. São Paulo:
Contexto, 2006, p. 86 e 87.
4
Outra abordagem que tomou força a partir da Nova História são as
pesquisas sobre o cotidiano , definido por Michel de Certeau como o lugar da
invenção, onde práticas ordinárias não seguem padrões impostos por
autoridades políticas ou institucionais. Silva e Silva 4 destacam Agnes Heller,
que ao definir o cotidiano afirma
(...) a vida cotidiana é a vida de todo o homem, e todos já nascem
inseridos na sua cotidianidade, na qual participam com toda sua
personalidade: com todos os sentidos, capacidades intelectuais,
habilidades manipulativas, sentimentos, paixões, idéias, ideologias.
Heller identifica e delimita as partes que constituiriam a vida cotidiana
como a organização do trabalho e da vida privada, os lazeres e o
descanso, a atividade social sistematizada, o intercâmbio e a
purificação.
Ao utilizar o cotidiano como abordagem nos conteúdos de História do
Paraná, trazendo personagens e espaços ocultados pela historiografia oficial,
o professor pode mostrar aos alunos uma história mais humana, articulando a
história individual a uma história coletiva. Mas, alguns critérios devem ser
observados, pois “não devemos estudar o cotidiano de forma isolada ou
enfatizando o lado ‘pitoresco’ do passado. É preciso abordá-lo em uma íntima
relação com as questões culturais, sociais, econômicas e políticas de cada
época e sociedade”. (SILVA e SILVA, 2006, p.78). Para que tenha valor como
fonte para o historiador, Del Priore5 esclarece que “a história do cotidiano
deve fazer-se através do estudo do habitual, mas de um habitual imbricado na
análise dos equilíbrios econômicos e sociais que subjazem às decisões e aos
conflitos políticos”.
Ligada aos debates em torno da diversidade cultural brasileira a noção
de identidade, já utilizada na Psicologia e na Antropologia, tornou-se um dos
conceitos mais importantes de nossa época, passa a ser também objeto de 4 Op. Cit. p. 76.
5 DEL PRIORE, Mary. História do cotidiano e da vida privada. In: Domínios da História. Ensaios de teoria e
metodologia. Ciro Flamarion Cardoso e Ronaldo Vainfas (orgs). Rio de Janeiro: Campus, 1997, p.266.
5
estudo da História, num campo chamado Estudos Culturais. A construção das
identidades sob o enfoque sociológico e lingüístico levou ao aparecimento de
diferentes conceitos: identidade social, identidade étnica e identidade
nacional; cada um com significados e métodos de análise próprio. Para o
estudo da história local e regional vamos utilizar o conceito de identidade
social , iniciando com as contribuições da Psicologia Social e da
Antropologia. Segundo Silva e Silva6 para a Psicologia Social
(...) a identidade social é o que caracteriza cada indivíduo como
pessoa e define o comportamento humano influenciado socialmente.
(...) a personalidade, a história de vida de cada um, é bastante
influenciada pelo meio social, pelos papéis que o indivíduo assume
socialmente. Nesse sentido, a identidade social é construída para
permitir a manutenção das relações sociais de dominação. Além disso,
tomar consciência da própria identidade, tomar consciência de si é um
primeiro passo para alterar, se necessário, a identidade social, como
dominado. [A Antropologia tem outras abordagens para o conceito de
identidade social, presente na obra “O que faz o Brasil, Brasil” de
Roberto DaMatta que] (...) se preocupa em responder como se
constrói uma identidade social, e mais especificamente, como um povo
se transforma em Brasil. (...) uma pessoa cria sua identidade ao se
posicionar diante das instituições, ao responder às situações sociais
mais importantes da sociedade: como um indivíduo entende o
casamento, a Igreja, a moralidade, a Arte, as leis, etc., é o que define
sua identidade social. Esses perfis seriam construídos a partir das
fórmulas dadas pela sociedade, e não criados simplesmente pela
escolha individual.
Ao desenvolver os estudos sobre as identidades, a historiografia
associa o conceito de memória , confirmando as palavras do historiador David
Lowenthal, que segundo Silva e Silva 7 afirma
6 SILVA, Kalina Vanderlei e SILVA, Henrique Maciel. Dicionário de Conceitos Históricos. 2 ed. São Paulo:
Contexto, 2006, p. 202 e 203.
7 Op. Cit. p. 276.
6
(...) identidade e memória estão indissociavelmente ligadas, pois sem
recordar o passado não é possível saber quem somos. E nossa
identidade surge quando evocamos uma série de lembranças. Isso
serve tanto para o indivíduo quanto para os grupos sociais.
Após destacar o historiador inglês Stuart Hall que critica o
estabelecimento de hierarquias culturais e Kathryn Woodward que considera
a identidade uma construção relacional, Silva e Silva8 reafirmam o objetivo da
inserção do tema das identidades para a historiografia e para o ensino da
História.
(...) precisamos considerar que toda identidade é uma construção
histórica: ela não existe sozinha, nem de forma absoluta, e é sempre
construída em comparação com outras identidades, pois sempre nos
identificamos como o que somos para nos distinguir de outras
pessoas. (...) a globalização aproximou culturas e costumes e, logo,
identidades diferentes. Assim, a convivência com o diferente faz com
que as identidades aflorem. (...) Ao levantarmos em sala de aula a
bandeira do respeito à diversidade cultural, às minorias, estamos nos
inserindo na discussão sobre a identidade.
Ao utilizar a história local e regional como abordagem para o estudo da
História do Paraná, um dos conceitos necessários é o de região . Também
revisto pela Geografia, o conceito de região ultrapassa os elementos naturais
de relevo, clima, vegetação e hidrografia. Segundo Bittencourt9, tal conceito
atende atualmente
(...) uma concepção mais voltada para a forma pelas quais os
homens organizam o espaço, tornando-o particular dentro de uma
organização econômica e social mais ampla. Esse conceito de região
permite o trabalho do historiador, ao dedicar-se à constituição
histórica regional em um processo de mudança e transformação. É 8 Op. cit. p. 204 e 205.
9 BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. 4ª ed. São Paulo: Cortez,
2011, 162.
7
possível entender a região como construção histórica, e não apenas
como divisões regionais administrativas.
Retomando a importância do ensino de História na constituição de
identidades, vista aqui como construção social, é possível através de estudos
locais levar o aluno a reconhecer-se como sujeito que vive e se relaciona num
determinado espaço. É nossa intenção que, a partir dessa consciência de
pertencer a um determinado lugar, nas suas práticas cotidianas, os alunos
passem a valorizar a sua história e compreendam as relações que se
estabelecem com o restante da sociedade. Incorporando os conceitos de
cultura, cotidiano e identidades, cabe ao professor a organização de
atividades que resgatem a memória local, tornando os alunos sujeitos na
construção do conhecimento histórico.
2. O ENSINO DE HISTÓRIA DO PARANÁ: UM BREVE RELATO
Após anos de lutas e debates, contando com o apoio dos mineiros e
baianos, os paranaenses emanciparam-se da Província de São Paulo. Em
19 de dezembro de 1853 foi instalada a Província do Paraná, tendo como
seu primeiro presidente Zacarias de Goes e Vasconcelos. Segundo
Wachowicz10 logo no início do seu governo, Vasconcelos confirmou a
cidade de Curitiba como capital, apesar das pretensões que tinham a esta
regalia as cidades de Paranaguá e Guarapuava.
Acompanhando a evolução política e o crescimento econômico da
nova província iniciaram-se as discussões em torno da construção da
identidade paranaense. Com esse objetivo surgiu o Movimento
Paranista , iniciado no século XIX, tendo seu auge com a criação do
Centro Paranista em 1927. Um dos líderes do movimento foi Alfredo
Romário Martins , nascido em Curitiba em 1874 , que produziu mais de 70
livros sobre o Paraná. Aos 25 anos liderou a criação do Instituto Histórico
e Geográfico do Paraná, considerado uma das bases do referido
movimento.
10
WACHOWICZ, Ruy Cristovam. História do Paraná. 6ª ed. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda, 1988, p.123.
8
O crescimento econômico do Paraná com a produção de erva-mate
proporcionou um grande desenvolvimento urbano e cultural de Curitiba,
capital do Estado e centro do Paranisno. Segundo Peters 11 o movimento
reuniu artistas e intelectuais e “foi principalmente através das artes
plásticas que se procurou construir uma identidade regional do Paraná,
para criar na população local um sentimento de pertencimento a terra”. Os
paranistas criaram símbolos que, ligando aos elementos do passado,
faziam uma síntese histórica do Estado. O primeiro símbolo paranaense
foi a bandeira que, segundo Peters12
(...) foi o símbolo mais antigo do Estado do Paraná, refletindo toda a
influência positivista e republicana, presente tanto no lema Ordem e
Progresso, substituído depois por Paraná, como no barrete frígio, cuja
exclusão fez parte das modificações feitas, provavelmente, por
provocações populares em 1904.
Seguindo uma tendência positivista, as festas cívicas locais e regionais
eram usadas para divulgar os símbolos paranistas, com a construção e
inauguração de um grande número de monumentos. Alem das obras de arte,
as idéias paranistas também eram expressas na pavimentação das ruas, em
composições musicais e na arquitetura. Peters13 acrescenta que “os artistas
paranaenses criaram um estilo próprio que se tornou marca; tendo
representações de grupos étnicos (índios e imigrantes), o pinheiro, a pinha, o
mate e a paisagem como temáticas recorrentes das suas produções”.
O Movimento Paranista também influenciou o ensino, através dos
Regulamentos para a Instrução Pública. O primeiro deles, implantado em
1895, indicava pela primeira vez o ensino de um conteúdo ainda que mínimo,
sobre a história do Paraná. Em sua Dissertação de Mestrado14, Steca
11
PETERS, Ana Paula. O Movimento Paranista. In: Paraná espaço e memória: diversos olhares histórico-
geográficos. Claudio Joaquim Rezende e Rita Inocêncio Triches (orgs.) Curitiba: Editora Bagozzi, 2005.
12 Op. Cit. p. 269.
13 Op. Cit. p. 270.
14 STECA, Lucinéia Cunha. A prática docente do professor de História: um estudo sobre o ensino de História do
Paraná nas escolas estaduais de Londrina. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Londrina, 2008.
9
descreve as modificações realizadas nos currículos escolares quanto ao
ensino de História do Paraná até a década de 1950, época em que os
intelectuais paranaenses se empenham em produzir obras destinadas às
escolas. Observa que o Paranismo sempre esteve presente na orientação
dos conteúdos, priorizando a história política, numa abordagem cronológica e
factual, voltada para as séries iniciais do Ensino Fundamental. A preocupação
de inserir os conteúdos de Histórica do Paraná nas demais séries é recente,
concretizada na Lei 13.381, de dezembro de 2001, inserida nas atuais
Diretrizes Curriculares.
Ao pesquisar a historiografia paranaense contemporânea observamos
que os estudos regionais vem ganhando força e essa tendência se reflete
também no ensino. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Fundamental e Médio (1997) e as Diretrizes Curriculares do Estado do
Paraná (2008) trazem em suas propostas para o ensino da História a
valorização da história regional. Nesses documentos as atividades
relacionadas com o estudo do meio e a localidade são indicadas como
renovadoras para o ensino da História e adequadas ao desenvolvimento da
aprendizagem.
3. PROCEDIMENTOS/MATERIAL DIDÁTICO
Nosso Projeto de Intervenção Pedagógica foi elaborado a partir da
proposta das DCE’s, recomendando para os anos finais do Ensino
Fundamental, que os conteúdos temáticos priorizem as histórias locais e do
Brasil, estabelecendo-se relações e comparações com a história mundial. A
implementação será realizada na 5ª série/6º ano dentro do Conteúdo Básico:
As culturas locais e cultura comum. Pretendemos levar os alunos a
conhecerem e analisarem os primeiros registros de batismos da Freguesia
de Nossa Senhora de Belém, realizados pelo Padre Francisco das Chagas
Lima, integrante da Real Expedição de Conquista e Povoamento dos Campos
de Guarapuava. Considerando o tempo reduzido para desenvolvermos as
atividades de implementação, faremos um recorte temporal, iniciando a partir
da organização da Expedição em 1809 (data de abertura do primeiro livro) até
1814.
10
Serão analisados os primeiros registros dos seguintes documentos:
• LIVRO 1 B - Assentos de Batismos de pessoas livres de
nascimento;
• LIVRO 3 B – Assentos de escravos (batizados, casame ntos,
óbitos).
Um dos objetivos deste projeto é colocar os alunos em contato com os
arquivos e com as fontes primárias, mesmo que ele não tenha a prática da
pesquisa. Para dinamizar nossas atividades, fizemos a transcrição prévia dos
primeiros registros dos dois livros acima citados, e será com esse material
que os alunos irão trabalhar em sala de aula.
3.1 Conteúdos a serem trabalhados durante a implementaç ão:
A ocupação dos Campos de Guarapuava fazia parte do projeto
português desde o governo do Marquês de Pombal, frente aos limites de
fronteira com os espanhóis. Descobertos por Cândido Xavier de Almeida
e Sousa, em 1693, ficaram abandonados por cerca de quarenta anos
devido às dificuldades naturais e a presença de índios hostis. Logo após
sua chegada ao Brasil, o Príncipe Regente D. João expediu a Carta
Régia de 5 de novembro de 1808 , ordenando que se organizasse a
ocupação dos referidos territórios. Segundo Steca e Flores15, o comando
da Real Expedição da Conquista e Povoamento dos Campos de
Guarapuava,
(...) foi entregue ao sargento-mor Diogo Pinto de Azevedo
Portugal, como recompensa por serviços prestados à Coroa
portuguesa. O objetivo da expedição, era colonizar esses
campos pacificamente, catequizando os indígenas da região,
tarefa entregue ao padre missionário Francisco das Chagas
Lima. Além disso, caberia também a essa expedição a
distribuição de terras (sesmarias), e a construção de estradas
15
STECA, Lucinéia Cunha e FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná: do século XVI à década de 1950.
Londrina: Ed. UEL, 2002, p. 12.
11
que ligassem aqueles campos à região das Missões e ao resto
do Estado paranaense.
A 3 de agosto de 1809 a Real Expedição iniciava as explorações,
partindo de Curitiba com cerca de trezentas pessoas. Enfrentando chuvas e
frios rigorosos, atingiram os Campos de Guarapuava, em 2 de julho de 1810
onde escolheram um lugar para roçado que denominaram Atalaia16,
marcando a fundação do povoado com o mesmo nome. Permaneceram em
Atalaia até 1819, quando ocorreu a fundação da Freguesia de Nossa
Senhora de Belém no local escolhido pelo Padre Chagas, localizado na
planície entre os rios Coutinho e Jordão.
Cândido Xavier, Diogo Pinto de Azevedo Portugal, Padre Chagas são
personagens citados pela narrativa oficial, onde seus nomes estão
associados aos atos de coragem e heroísmo frente às dificuldades
encontradas no desbravamento do sertão. Nosso objetivo nesta pesquisa é
levar os alunos a identificarem outros personagens da expedição que
também fazem parte dessa história, de onde vieram e como passaram a viver
nos Campos de Guarapuava. Pelos registros deixados pelo Padre Chagas, o
processo de catequese aos nativos começou em 1812, e a partir podemos
entender alguns aspectos da cultura local, no contato que ocorreu entre
índios, brancos e negros.
3.2 Atividades de implementação:
• ATIVIDADE nº 01 – Organização do trabalho na escola :
Para iniciar as atividades, com a orientação da Equipe Pedagógica,
faremos a seleção dos alunos de 5ª série/6º ano que irão participar
do projeto no contra-turno. Pretendemos selecionar no máximo
dezesseis alunos. Em seguida, faremos uma reunião com os pais
16
Atalaia, quer dizer ponto alto para vigília.
12
para apresentar o projeto e registrar as autorizações para as visitas
fora da escola.
• ATIVIDADE nº 02 – Visita dirigida à Praça 9 de deze mbro:
O objetivo dessa visita à praça, que está localizada na região
central de Guarapuava, é inserir os alunos no contexto do período
que será analisado. A única orientação a ser dada aos alunos é que
levem papel, caneta e anotem tudo que observarem; como os
monumentos da praça, a
Catedral em frente, a Casa Paroquial, o Museu Histórico ao lado.
Esta atividade será realizada em duplas, que permanecerão até o
encerramento do projeto. Esta atividade será realizada em 2h 30
min (com o tempo do deslocamento).
• ATIVIDADE nº 03 – Apresentação e discussão sobre os
registros da visita:
Em sala de aula, faremos as apresentações dos registros realizados
durante a visita na praça. A partir dos dados levantados pelos
alunos faremos uma breve exposição dos conteúdos que serão
estudados durante o projeto, ou seja, a chegada da Expedição de
Conquista e Povoamento dos Campos de Guarapuava, e o
cotidiano de seus primeiros habitantes. Nosso ponto de partida
será o papel desempenhado pelo Padre Chagas, que tem suas
cinzas enterradas num monumento no centro da Praça 9 de
dezembro; fato este desconhecido de muitos guarapuavanos.
Sendo ele o patrono do nosso colégio, já é uma figura conhecida e
que desperta o interesse dos alunos. Após a exposição serão dadas
as orientações para a visita ao Arquivo Histórico da Catedral Nossa
Senhora de Belém. Esta atividade será realizada em 2 h/a.
• ATIVIDADE nº 04 – Visita ao Arquivo Histórico da Ca tedral
Nossa Senhora de Belém
13
O objetivo desta visita, agendada com antecedência, é levar os
alunos a entrarem em contato com o organização de um arquivo
histórico, conhecendo e manuseando fontes utilizadas pelos
historiadores. Depois da apresentação feita pela funcionária do
arquivo sobre o material lá armazenado, passaremos para a
biblioteca, local maior, com os dois livros (Livro 1B e Livro 3 B) que
serão utilizados na pesquisa. Nesse momento, com todos os
cuidados necessários, os alunos terão oportunidade de abrirem os
livros e lerem os primeiros registros do Padre Chagas sobre os
habitantes de Guarapuava. Essa atividade será possível pois os
livros estão bem conservados e a caligrafia do padre é bem clara e
legível. Nesse momento já teremos em mãos as transcrições que
foram feitas para que os alunos possam comparar, pois esse será o
material que vamos utilizar em sala de aula. Essa visita ao arquivo
é somente uma atividade de leitura e observação. Tempo da
atividade: 3hs. (com deslocamento).
• ATIVIDADE nº 05 – Análise dos primeiros registros d e
batismos:
Em sala da aula as atividades com os documentos serão feitas da
seguinte forma: os registros transcritos serão divididos igualmente
entre as duplas para serem analisados (tempo: 2 h/a). Tenho à
disposição dos alunos nove registros de batismo de escravos, nove
registros de índios e sete registros de brancos. Para que este
material didático não fique muito extenso, apresentarei aqui apenas
dois registros de cada um dos grupos, com as respectivas questões
de análise. O conteúdo completo das transcrições poderão ser
localizadas nos anexos deste material didático.
14
Fonte: Livro 3B – Assentos de escravos – batizados, casamentos, óbitos Arquivo da Catedral Nossa Senhora de Belém Acervo particular
REGISTROS DE BATIZADOS DOS ESCRAVOS
FortunFortunFortunFortunatoatoatoato (p. 2, Livro 3B)
1810
Aos vinte e dois dias do mês de Abril do anno de mil oitocentoz e dez, na capella do Abarrancamento de Linharez, baptizei solemnemente, e pus oz santos óleos a Fortunato, nascido de oito Diaz, filho legítimo de Felisberto, e Felicia, escravos do Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Forao Padrinhos Manuel Pereira de Magalhães, soldado da terceira Companhia do Regimento de Caçadorez da Praça de Santoz, solteiro, filho de João Pereira de Magalhaenz; e Eufrozina Constancia da
15
Piedade, mulher de Manuel de Matoz Barboza. Todos existentes nesta Expedição para Guarapuava. Do que para constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
FranciscoFranciscoFranciscoFrancisco (p.2 verso, Livro 3B)
Aos desaseis dias do mês de Maio do anno de mil oitocentos e treze, nesta Igreja Matriz de Atalaia, nos campos de Guarapuaba, baptizei e pus os santos óleos a Francisco innocente, nascido de sete dias, filhos de Pai incógnito, e de Quiteria, solteira, ezcrava do Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Forão Padrinhos o Ajudante Ignacio Pereira Bastos, casado, e Anna Joaquina, solteira, filha do Tenente Manuel Soares do Valle. Todos assistentes nesta Povoação. Do que para constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
16
Utilizando os registros de batizados de escravos, transcritos do Livro 3 B, retire os
seguintes dados de cada um dos deles:
Data e local do evento
Nome e idade do batizando
Nome dos pais
Naturalidade dos pais
Nome do senhor (dono do escravo)
Nome do(s) padrinho(s)
Ocupação e local de residência do(s) padrinho(s)
Padre que realizou o batizado/ Padre que registrou o batizado
17
REGISTROS DE BATIZADOS DE BRANCOS LIVRES
UbaldinaUbaldinaUbaldinaUbaldina (Livro 1, p.2)
Aos trese diaz do mês de Março do anno de mil oitocentoz e dez, na capella de São Felippe, em cujo lugar se achou esta Expedição abarracada, baptizou solemnemente, e pos os santos óleos o Reverendo Frei Pedro Nolasco do [Ilegível] Família, Monge Beneditino, e segundo Capellão, provido pelo Excellentíssimo Reverendíssimo Senhor Bispo Diocesano, a UbaldinaUbaldinaUbaldinaUbaldina innocente, nascida aos dezoito de Fevereiro próximo passado; filha legítima de Guilherme Ellincoi, natural da cidade de Ditford, Bispado de Londrez, capital do Reino de Inglaterra, e de sua mulher Bernardina Theresa de Jesus, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Villa da Ilhagrande no Bispado do Rio de Janeiro. Forão Padrinhoz o Tenente José Gonçalvez Guimaraenz e Maria Clara do Nascimento, solteiroz, e amboz filhoz do Coronel Manuel Gonçalvez Guimaraenz, por seus Procuradorez o Tenente Coronel Manuel Antonio Rangel, e o mesmo Reverendo Baptizante. Os paiz existentes nesta Expedição de Guarapuava; e os Padrinhos na Villa de Corytyba. Do que para constar faço este assento pelo qual me foi remetido na forma asima. O Vigário Francisco das Chagas Lima
BernardinaBernardinaBernardinaBernardina (Livro 1, p.3)
Aos vinte dias do mês de outubro do anno de mil oitocentoz e onze, neste oratório do Quartel de Atalaia nos Campos de Guarapuaba, baptizei solemenmente, e pus os santos óleos a BernardinaBernardinaBernardinaBernardina innocente, nazcida de oito diaz, filha legitima de Domiciano Ramalho da Costa, e de sua mulher Narcisa Lopes, ambos naturais e morador da Villa de Castro, e de presente existentez nesta Freguesia. Forão Padrinhos o Cirurgião mor da Expedição Guilherme Ellincor e sua mulher Bernardina Thereza de Jesus. Do que para constar faço assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
18
Utilizado os registros de batizados transcritos do Livro 1 B, retire os seguintes dados
de cada um deles:
Data e local do evento
Nome e idade do
batizando
Nome e naturalidade dos
pais
Ocupação dos pais
Nome dos padrinhos
Ocupação e local de
residência dos padrinhos
Padre que realizou o
batizado/Padre que
registrou o batizado
Outras observações
19
REGISTROS DE BATIZADOS DE INDIOS
FransciscoFransciscoFransciscoFranscisco
antes denominado
NetxianNetxianNetxianNetxian=
(Livro 1, p.3 verso)
1812
Aos vinte e doiz diaz do mês de Fevereiro do anno de mil oitocentoz e doze, nesta capella da Atalaia dos Campos de Guarapuaba, baptizei solemnemente e pus os santoz óleos a Francisco innocente, de idade de quatro annos pouco mais ou menos, filho legítimo de Pahy e de sua mulher Coian, todos oriundos do gentio selvagem habitante nesse continente, surpresoz nas vertentez do Rio Carvernoso, e trazidos para este Abarracamento no dia vinte e nove de Janeiro próximo passado. O que fiz sem obter mais, que o consentimento material de seus Paiz, em cujo poder esta o dito innocente, por se achar gravemente enfermo, e em perigo de vida. Forão padrinhos, o Tenente coronel commandante em xefe desta Expedição Diogo Pinto de Azevedo Portugal, e sua mulher Dona Rita Ferreira de Oliveira Buena. Do que para constar faço este assento.
O Vigário Francisco das Chagas Lima
HypolitoHypolitoHypolitoHypolito
Antes denomº
CandóyCandóyCandóyCandóy
(Livro 1, p. 4 verso)
Aos treze dias do mês de Agosto do anno de mil oitocentos e doze, na Capella desta Povoação da Atalaia nos Campos de Guarapuaba, baptizei e pus os santos oleos a Hypolito, Indio adulto de idade ao que mostrava de sessenta a setenta annos, nascido nos sertoens deste continente, de onde a pouco tempo sahio com sua mulher de nome Cambane. O que fis sem precederem os cathecismos ordenados pelos cânones , em razão de se achar gravemente enfermo, e em perigo de morte. Foi único Padrinho o Tenente Coronel, commandante deste Expedição Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Do que para constar faço este assento.
20
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Utilizando os registros de batizados de índios transcritos do Livro 1B, retire os
seguintes dados de cada um deles:
Data e local do evento
Nome de origem do
batizando/ Nome após
o batismo
Idade do batizando
Se criança, nome dos
pais e local de origem
Se adulto, estado civil e
nome do cônjuge
Nome do(s) padrinho(s)
Ocupação e local de
residência dos
padrinhos.
21
• ATIVIDADE nº 06 – Mini-seminário de apresentação d os dados
coletados pelos alunos :
Após o trabalho realizado em duplas com os dados retirados das
transcrições, organizaremos um mini-seminário de apresentação,
para compartilhar com os colegas as suas anotações. Esse é o
momento para esclarecermos o uso de palavras ou expressões
desconhecidas para os alunos. Propomos que todos participem,
tirando dúvidas, e fazendo relações com o seu objeto de análise,
entrecruzando dados para desenhar as relações sociais
estabelecidas nessa povoação. Nesse momento lançaremos para
os alunos algumas questões problematizadoras, para encaminhar
o fechamento do projeto:
a. Quem eram, de onde vieram e do que se ocupavam os
integrantes da Expedição? O que buscavam nos Campos de
Guarapuava?
b. Quais eram as principais ocupações dos integrantes da
Expedição?
c. Por que os batizados eram tão importantes para a sociedade da
época?
d. Será que todos os escravos eram batizados?
e. Como se deu o contato dos brancos com os índios nativos dos
Campos de Guarapuava?
f. Durante o período em que viveram na Atalaia, como os seus
habitantes sobreviveram?
Esclarecemos que nem todas essas respostas serão
encontradas nos registros de batismos, mas nosso ob jetivo é
que através deles, os alunos sintam-se motivados a buscar
informações em outras fontes.
Tempo previsto para esta atividade: 4 h/a, divididas em dois dias.
22
• ATIVIDADE nº 07 – Aula expositiva - repasse dos co nteúdos
básicos :
A partir dos dados e informações levantadas pelos alunos faremos
a exposição dos conteúdos básicos necessários, procurando
relacionar a história local com o contexto da história Paraná e do
Brasil do século XIX. É importante situar os personagens
nominados dentro das relações sociais e de poder da então colônia
portuguesa. Para essa atividade usaremos as bibliografias
disponíveis no colégio. (Tempo: 2h/a)
• ATIVIDADE nº 08 – Produção de texto e montagem de p ainel:
Através da exposição dos conteúdos e dos dados levantados por
todos os alunos, propomos que cada dupla produza um texto sobre
o cotidiano dos primeiros habitantes da Freguesia de Nossa
Senhora de Belém. A última atividade será a produção coletiva de
um painel que ficará exposto no saguão do colégio sobre os
conteúdos estudados, deixando livre a criatividade dos alunos.
Serão disponibilizados os materiais necessários, como papel,
cartolina, pincéis, tintas e outros preparados com antecedência.
(Tempo: 4h/a, divididos em dois dias)
3.3 Avaliação das atividades :
A avaliação será somativa, sendo registrada a participação dos alunos em
todas as atividades, finalizando com a produção de texto e a confecção do
painel.
4. ORIENTAÇÕES/RECOMENDAÇÕES AO PROFESSOR
Considerando que o objetivo deste material didático é oferecer ao
professor uma possibilidade de abordar os conteúdos de História do Paraná,
recomendamos a leitura e reflexão da análise feita por Steca17 sobre as
17
STECA, Lucinéia Cunha. A prática docente do professor de História: um estudo sobre o ensino de História do
Paraná nas escolas estaduais de Londrina. Dissertação de Mestrado. Universidade Estadual de Londrina, 2008.
23
obras relacionadas ao tema. São obras que podem ser encontradas nas
bibliotecas das escolas públicas do Paraná:
• “História do Paraná” de Romário Martins (1899) – apresentada em 14
volumes a obra aborda questões regionais do Estado, como aspectos
físicos, sócio-econômicos e políticos de forma cronológica e cíclica.
• “Viagem através do Brasil” de Ariosto Espinheira (1952) – apresentada em
10 volumes, onde o livro VII trata da História do Paraná, com informações
de Geografia e História.
• “História do Paraná” de Ruy Cristovam Wachowicz (1967) – com a 7ª
edição lançada em 1995 – além dos textos onde se desenvolvem os
conteúdos, traz leituras complementares adicionais, na forma de
documentos para serem analisados pelo aluno com a orientação do
professor.
• “História do Paraná” (1969) – coleção de quatro volumes editados pela
Grafipar durante o governo Paulo Pimentel – contou com a colaboração
dos autores Altiva Pilatti Balhana, Brasil Pinheiro Machado e Cecília Maria
Westphalen.
• “Coleção História do Paraná – Textos Introdutórios” (2001) – coleção de
cinco livros editados e distribuídos pela SEED – com pesquisas
desenvolvidas por professores da UFPR (Universidade Federal do
Paraná).
5. PROPOSTA DE AVALIAÇÃO DO MATERIAL DIDÁTICO:
De acordo com nosso Projeto de Intervenção Pedagógica, traçamos
como objetivo geral o estudo das DCE’s e a sua prática efetiva em sala de
aula, incorporando os conteúdos de História do Paraná. Pretendemos
compartilhar com os demais professores de História do colégio, nossa
experiência no decorrer dos dois primeiros semestres do PDE. Consideramos
que todas as atividades propostas só terão validade se forem acompanhadas
pela Equipe Pedagógica e servirem de referência para a implementação
efetiva das DCE’s em nosso Plano de Trabalho Docente.
24
REFERÊNCIAS
ABUD, Kátia Maria; SILVA, André Chaves de Melo; ALVES, Ronaldo
Cardoso. Ensino de História . São Paulo: Cengage Learning, 2010.
BASSANEZI, Maria Silvia. Os eventos vitais na reconstituição da história.
In: O historiador e suas fontes. Carla Bassanezi Pinsky e Tania Regina de
Lucca (orgs.) São Paulo: Contexto, p. 141-171.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História : fundamentos e
métodos. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2011.
CLEVE, Jeorling J. Cordeiro. Povoamento de Guarapuava : cronologia
histórica. Curitiba: Juruá, 2007.
DALLA VECCHIA, Zilma Haick. A Igreja Católica em Guarapuava : 200 anos
de História. Publicado em 01/04/2010. Disponível no site
wwwcentralcultura.com.br/notícia.arp?is=7415
DEL PRIORE, Mary. História do cotidiano e da vida privada . In: Domínios
da História. Ensaios de teoria e metodologia. Ciro Flamarion Cardoso e
Ronaldo Vainfas (orgs.). Rio de Janeiro: Campus, 1997, p. 259-274.
DIRETRIZES CURRICULARES DA EDUCAÇÃO BÁSICA . História.
Secretaria de Estado da Educação do Paraná. 2008.
KRÜGER, Nivaldo. Guarapuava Fases Históricas/Ciclos Econômicos: Das
Missões Jesuíticas do Século XVI à Modernidade do Século XXI.
Guarapuava: Reproset Indústria Gráfica Ltda, 2011.
MARCONDES, Gracita Gruber. Guarapuava : história de luta e trabalho.
Guarapuava: UNICENTRO, 1998.
25
MARTINS, Marcos Lobato. História Regional . In: Novos temas nas aulas de
historia. Carla Bassanezi Pinski (org). São Paulo: Contexto, 2009, p.135-152.
PETERS, Ana Paula. O Movimento Paranista . In: Paraná espaço e memória:
diversos olhares histórico-geográficos. Claudio Joaquim Rezende e Rita
Inocêncio Triches (orgs). Curitiba: Editora Bagozzi, 2005.
SANTOS, Zeloí Aparecida Martins dos. Visconde de Guarapuava:
personagem na História do Paraná : trajetória de um homem do século XIX.
Guarapuava: UNICENTRO, 2007.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora e CAINELLI, Marlene. Ensinar História . São
Paulo: Scipione, 2004.
SILVA, Kalina Vanderlei e SILVA, Henrique Maciel. Dicionário de Conceitos
Históricos . 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2006.
STECA, Lucinéia Cunha. A prática docente do professor de História : um
estudo sobre o ensino de História do Paraná nas escolas estaduais de
Londrina. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Londrina, 2008.
Disponível no site:
http://uel.br/pos/mestredu/images/stories/downloads/dissertações/2008/2008 -
STECA, Lucineia Cunha.pc Acesso em 18 nov. 2010.
STECA, Lucinéia Cunha e FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná : do
século XVI à década de 1950. Londrina: Ed. UEL, 2002.
WACHOWICZ, Ruy Christovam. História do Paraná . 6ª ed. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda, 1988.
26
ANEXOS
27
REGISTROS DO LIVRO 1 – Assentos de Baptismos de pessoas livres de nascimento
Desde 13 de março de 1810 até 4 de setembro de 1867
ARQUIVO DA CATEDRAL NOSSA SENHORA DE BELÉM
Este livro de recebi da Real Junta com seus números competentes em
cada uma das folhas e rubrica =carvallo=, hade servir em a nova Matriz de Guarapuaba, para nelle, se
lançarem os assentos dos Baptismos de Pessoas Livrez de nascimento. Vai também rubricado com o
meu sobrenome = Chagaz=, e no fin leva Termo de encerramento. Abarrancamento de S. Felippe aos
16 de Novembro de 1809.
Francisco das Chagas Lima
Vigário de Vara e Igreja
Livro 1, p.2
Lançamento de quatro assentoz de Baptismos feitoz nesta Expedição depois que a Lei citada em frente começou a obrigar na Província de São Paulo
Ubaldina (Livro 1, p.2)
Aos trese diaz do mês de Março do anno de mil oitocentoz e dez, na capella de São Felippe, em cujo lugar se achou esta Expedição abarracada, baptizou solemnemente, e pos os santos óleos o Reverendo Frei Pedro Nolasco do [Ilegível] Família, Monge Beneditino, e segundo Capellão, provido pelo Excellentíssimo Reverendíssimo Senhor Bispo Diocesano, a Ubaldina innocente, nascida aos dezoito de Fevereiro próximo passado; filha legítima de Guilherme Ellincoi, natural da cidade de Ditford, Bispado de Londrez, capital do Reino de Inglaterra, e de sua mulher Bernardina Theresa de Jesus, natural da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Villa da Ilhagrande no Bispado do Rio de Janeiro. Forão Padrinhoz o Tenente José Gonçalvez Guimaraenz e Maria Clara do Nascimento, solteiroz, e amboz filhoz do Coronel Manuel Gonçalvez Guimaraenz, por seus Procuradorez o Tenente Coronel Manuel Antonio Rangel, e o mesmo Reverendo Baptizante. Os paiz existentes nesta Expedição de Guarapuava; e os Padrinhos na Villa de Corytyba. Do que para constar faço este assento pelo qual me foi remetido na forma asima.
28
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Jesuina (Livro 1, p.2)
Aos seis dias do mês de julho do anno de mil oitocentos e dez, na Capella do Abarracamento de Linharez, baptizou, e pos os santos oleoz de minha licença o Reverendo José Francisco Aranha de Camargo a Jesuina innocente, filha legítima de Manuel da Cunha de Abreu, soldado no Regimento de Cassadorez da Villa de Santoz, natural da Villa de São Carloz, e de sua mulher Maria Gonçalvez natural da Villa de Corytyba deste Bispado de São Paulo. Forão Padrinhoz o Alferez José Maria Guardim, solteiro, filho de Antonio Maria Guardim, e Bernardina Theresa de Jesus, mulher do cirurgião mor Guilherme Ellincor. Todoz existentez nessa Expedição de Guarapuaba. Do que para constar faço esse assento que me foi entregue na forma supra. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Maria (Livro 1, p.2 verso)
Aos quatorze dias do mês de setembro do anno de mil oitocentoz e des, na Capella do Abarracamento de Linharez, baptizei sub conditione, e pus os santos óleos a Maria innocente, nascida de onze diaz, filha legitima de Jose Marquez Correa, trombeta no Regimento de Milicianos da Villa de Corytyba, natural da Freguesia do Patrocinio de São José, e de sua mulher Lucianna das Dorez, parda forra, natural da cidade de São Paulo. Foram padrinhos o Porta estandarte Patricio Teixeira de Oliveira Cardoso, solteiro, filho de Manuel Teixeira de Oliveira Cardoso; e Dona Rita Ferreira de Oliveira Buena, por sua procuradora Maria do Rosario da Conceição. Tinha sido a mesma innocente baptizada in extremy com alguma duvida pelo Tenente Coronel Diogo Pinto de Avezedo Portugal, casado com dona Rita Ferreira de Oliveira Buena acima nomeada. Todoz por ora existentez nessa Expedição de Guarapuaba. Do que para constar faço esse assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Antonio (Livro 1, p.2 verso)
Aos quatorze dias do mês de outubro do anno de mil oitocentos e des, na Capella do Abarracamento de Linharez, baptizei solemnemente e pus os santos óleos a Antonio innocente, nascido no dia 24 de setembro próximo passado, filho legitimo do Tenente Coronel commandante em xefe desta Expedição, e conquista de Guarapuaba Diogo Pinto de Azevedo Portugal, natural da Villa de Barqueiroz, Bispado do Porto, Comarca de Lamego, e Província de Clavez; e de sua mulher Dona Rita Ferreira de Oliveira Buena, natural da Villa de Corytyba, deste Bispado de São Paulo. Forão padrinhoz o Illustríssimo e Excellentíssimo Senhor Antonio Jose da Franca e Horta, Governador e Capitão General desta Capitania, e sua mulher a Illustríssima Senhora Dona Luiza Casturina e Horta, por seus procuradores capitão Ignácio de Sá Sottomaior, e Dona Maria Angélica de Sá Sottomaior, sua filha solteira. Do que para constar fasso este assento.
29
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Maria (Livro 1, p.3)
1811 Aos vinte e oito dias do mês de setembro do anno de mil oitocentos e onze, no oratório deste Abarracamento de Atalaia nos campos de Guarapuaba, baptizei solemnemente, e pus os santos óleos a Maria innocente, nascida de sete dias, filha de Pai incógnito, e de Clara Rosa dos Praserez, oriunda do gentio habitante nos sertaenz da Villa de Lagenz, e na mesma casada com João escravo do capitão mor Bento do Amaral, de quem vive ausente a perto de doiz annos. Foram padrinhoz o cirurgião mor Guilherme Ellincoi, e sua mulher Bernardina Thereza de Jesus. Todoz assistentez nesta Freguesia. Do que para constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Bernardina (Livro 1, p.3)
Aos vinte dias do mês de outubro do anno de mil oitocentoz e onze, neste oratório do Quartel de Atalaia nos Campos de Guarapuba, baptizei solemenmente, e pus os santos óleos a Bernardina innocente, nazcida deoito diaz, filha legitima de Domiciano Ramalho da Costa, e de sua mulher Narcisa Lopes, ambos naturais e morador da Villa de Castro, e de presente existentez nesta Freguesia. Forão Padrinhos o Cirurgião mor da Expedição Guilherme Ellincor e sua mulher Bernardina Thereza de Jesus. Do que para constar faço assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Franscisco
antes
denominado
Netxian=
(Livro 1, p.3
1812
Aos vinte e doiz diaz do mês de Fevereiro do anno de mil oitocentoz e doze,
nesta capella da Atalaia dos Campos de Guarapuaba, baptizei solemnemente e
pus os santoz óleos a Francisco innocente, de idade de quatro annos pouco
mais ou menos, filho legítimo de Pahy e de sua mulher Coian, todos oriundos
do gentio selvagem habitante nesse continente, surpresoz nas vertentez do
Rio Carvernoso, e trazidos para este Abarracamento no dia vinte e nove de
Janeiro próximo passado. O que fiz sem obter mais, que o consentimento
material de seus Paiz, em cujo poder esta o dito innocente, por se achar
gravemente enfermo, e em perigo de vida. Forão padrinhos, o Tenente
coronel commandante em xefe desta Expedição Diogo Pinto de Azevedo
Portugal, e sua mulher Dona Rita Ferreira de Oliveira Buena. Do que para
constar faço este assento.
30
verso) O Vigário Francisco das Chagas Lima
Bárbara
Antes
denominada
Gatan
(Livro 1, p.3
verso)
Aoz vinte e seiz diaz do mês de Fevereiro do anno de mil oitocentoz doze,
nesta capella do Quartelamento de Atalaia nos Campoz de Guarapuaba,
baptizei solemnemente, e pus os santos óleos a Barbara innocente da idade
anno e meio pouco maiz ou menoz, filha de Pahy e de sua mulher Corian,
todos oriundos do gentio selvagem habitante neste continente, surpresos nas
vertentes do Rio Cavernoso, e trazidoz para este Abarracamento no dia vinte e
nove de Janeiro próximo passado. O que fiz sem obter maiz que o consenso
material de seus Paiz, em cujo poder esta a dita innocente, por se achar
gravemente enferma, e em perigo de vida. Forão padrinhoz a Tenente Coronel
Commandante em xefe desta Expedição, casado; e Maria da Candelaria filha
solteira do Alferez José da Sylva Guimaraens. Do que para constar faço este
assento.
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Manuel
Antes
denominado
Cangri
(Livro 1, p. 4)
Aos vinte e nove diaz do mês de Fevereiro do anno de mil oitocentos e doze,
neste Quartel da Atalaia dos Campos de Guarapuaba, e em casa particular,
baptizei in articulo morty a Manuel, de idade de des annos pouco maiz ou
menoz, gentio dos selvagens habitantes neste continente, surpreso nas
vertentes do Rio Cavernoso aos vinte e nove de Janeiro próximo passado, o
qual no Paganismo se denominava Cangri, filho de Pahy, cujos nomes se não
sabe. Declaro que à falta de Lingua não pude obter maiz, que o seu consenso
material para a recepção dezte sacramento. Forão padrinhos o Tenente
Coronel commandante em xefe desta Expedição Diogo Pinto de Azevedo
Portugal, e sua mulher Dona Rita Ferreira de Oliveira Buena. Do que para
constar faço esse assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Anna
(Livro 1, p. 4)
Aos vinte e seis dias do mês de Abril do anno de mil oitocentoz e doze, na
capella deste Quartelamento da Atalaia, baptizou e pos os santos óleos o
Reverendo Coadjutor Antonio Teixeira Camello a Anna innocente, nascida de
seis diaz, filha legitima de Guilherme Ellincoi, natural da cidade de Detford,
Bispado de Londres, capital do Reino da Inglaterra, e de sua mulher
Bernardina Theresa de Jesuz, natural da Freguesia de Nossa Senhora da
Conceição da Villa da Ilhagrande no Bispado do Rio de Janeiro. Foi Padrinho o
Tenente Coronel Manuel Antonio Rangel, homem casado, por seu Procurador
o Tenente Manuel Teixeira de Oliveira Cardoso; declarando seus pais ser sua
vontade, que a Virgem Nossa Senhora fosse a sua Madrinha. Todos asima
nomeados são fregueses desta Paroquia de Guarapuaba. Do que para constar
31
faço este assento.
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Joaquim
Antes
denomº
Faingratain
(Livro 1, p. 4
verso)
Aos vinte e hum dias do mês de Julho do anno de mil oitocentos e doze, na
capella desta Povoação da Atalaia nos Campos de Guarapuaba, baptizei
solemnemente e pus os santos oleos a Joaquim, parvulo de idade de quatro
annos, pouco mais ou menos, Indio nacional deste continente, filho de Eforê e
de Goiacany sua mulher, ambos já defuntos. Forão Padrinhos o Tenente
Coronel Commandante desta Expedição, Diogo Pinto de Azevedo Portugal,
casado, e Anna Joaquina, solteira, filha do Tenente Manuel Soares do Valle. Do
que para constar faço este assento.
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Hypolito
Antes
denomº
Candóy
(Livro 1, p. 4
verso)
Aos treze dias do mês de Agosto do anno de mil oitocentos e doze, na Capella
desta Povoação da Atalaia nos Campos de Guarapuaba, baptizei e pus os
santos oleos a Hypolito, Indio adulto de idade ao que mostrava de sessenta a
setenta annos, nascido nos sertoens deste continente, de onde a pouco tempo
sahio com sua mulher de nome Cambane. O que fis sem precederem os
cathecismos ordenados pelos cânones , em razão de se achar gravemente
enfermo, e em perigo de morte. Foi único Padrinho o Tenente Coronel,
commandante deste Expedição Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Do que para
constar faço este assento.
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Bernardo
Antes
denomº
Dorê
Aos vinte dias do mês de Agosto do anno de mil oitocentos e doze, na Capella
desta Povoação da Atalaia nos Campos de Guarapuaba, baptizei, e pus os
santos oleos à Bernardo, Indio parvulo, que terá idade quatro annos, filho de
Miencú, e de Pafi sua mulher, todos nacionais deste continente. Forão
Padrinhos o Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal, cazado; e
Anna Joaquina solteira, filha do Tenente Manuel Soares do Valle, moradores
nesta Povoação. Declaro que o baptizado no Paganismo se chamou Dorê. Do
que para constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Lourenço
Antes
denomº
Candenbanc
Aos vinte e dois dias mês de agosto do anno de mil oitocentos e doze, na
capella desta Povoação da Atalaia, nos Campos de Guarapuaba, baptizei e pus
os santos oleos a Lourenço, antes denominado Candenbanc, Indio parvulo de
três annos, pouco mais ou menos, filho de Iongong, e de sua mulher Dopiri,
nacionais deste continente. Forão Padrinhos o Tenente Coronel Diogo Pinto de
Azevedo Portugal, casado; e Anna Joaquina, solteira filha do Tenente Manuel
Soares do Valle, assistentes nesta Povoação. Do que para constar faço este
32
(Livro 1, p. 5) assento.
OVigário Francisco das Chagas Lima
Marianna
Antes
denomª
Grá
(Livro 1, p.5)
Aos dois dias do mês de Setembro do anno de mil oitocentos e doze, na
Capella desta Povoação da Atalaia nos campos de Guarapuaba, baptizei em
artigo de morte e pus os santos oleos a Marianna, India adulta de idade de
sessenta annos ao que mostrava, nacional dos sertoens deste continente, de
onde sahio a pouco tempo no estado de viúva. Foi seu único Padrinho o
Tenente Coronel Commandante desta Expedição Diogo Pinto de Azevedo
Portugal. Do que para constar faço este assento.
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Joanna
Antes
denomª
Ficain
(Livro 1, p.5)
Aos dois dias do mês de Setembro do anno de mil oitocentos e doze, na
Capella desta Povoação de Atalaia nos Campos de Guarapuaba, baptizei em
perigo de morte por causa de grave enfermidade a Joanna, antes denominada
Ficain, India adulta, de idade de quarenta e tantos annos, nascida na
barbaridade deste Continente, de onde sahio a pouco tempo, vinda para esta
Povoação em companhia de seu Marido de nome Yecain. Foi seu único
Padrinho o Tenente Coronel Comandante em xefe desta Expedição Diogo
Pinto de Azevedo Portugal. Declaro que taobem recebeu os santos oleos. Do
que para constar faço este assento.
O Vigário Francisco das Chagas Lima
REGISTROS DO LIVRO 3 B – Assentos de escravos ( Batizados, Casamentos e Óbitos)
ARQUIVO DA CATEDRAL NOSSA SENHORA DE BELÉM – GUARAPUAVA
Baptismos
p. 2 LIVRO 3 B Lançamento de hum assento de Baptismo feito nesta Expedição, depois que a Lei citada em frente começou a obrigar na Província de São Paulo.
Fortunato
1810
Aos vinte e dois dias do mês de Abril do anno de mil oitocentoz e dez, na capella do Abarrancamento de Linharez, baptizei solemnemente, e pus oz santos óleos a Fortunato, nascido de oito Diaz, filho legítimo de Felisberto, e Felicia, escravos do Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Forao Padrinhos Manuel Pereira de Magalhães, soldado da terceira Companhia do Regimento de Caçadorez da Praça de Santoz, solteiro, filho de João Pereira de Magalhaenz; e Eufrozina Constancia da Piedade, mulher de Manuel de Matoz Barboza. Todos
33
(p. 2, Livro 3B)
existentes nesta Expedição para Guarapuava. Do que para constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
João (p.2, Livro 3B)
1812
Aos oito dias do mês de Janeiro do anno de mil oitocentoz e dose, de minha Licença o Reverendo Jozé Francisco Aranha de Camargo, no oratório da sua Fazenda de Nossa Senhora da Conceição d Alegre nos Campoz geraiz de Corytyba, suprio as cerimoneas do Baptismo feito in extremus pelo Alferes Dominos da Silva Leiria, a quem examinou, e achou o Baptismo certamente vallido, feito ao innocente João, nascido no abarrancamento de Linhares aos vinte e quatro de Novenbro próximo passado; filho Legítimo de Manuel e de sua mulher Anastacia, escravoz do Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal, todoz moradores desta nova Freguesia de Guarapuaba. Do que para conztar faço este assento pela certidão, que me foi remetida na forma supra. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Romana (p. 2 verso, Livro 3B)
Aoz três diaz do mez de Março do anno de mil oitocentoz e doze, neste Abarrancamento de Atalaia, e em casa particular baptizei in extremiz a innocente Romana de seiz dias nascida, filha legitima de Felisberto; e de sua mulher Felicia escravos do Tenente Coronel Commandante em xefe desta Expedição Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Do que para constar faço esse assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Inacio (p.2 verso, Livro 3B)
1813
Aos desasete dias do mês de Fevereiro do anno de mil oitocentos e treze em hum cubículo de casa particular nesta Povoação de Atalaia por causa de enfermidade, baptizei solemnemente, e pus os santos oelos a Ignacio innocente, nascido de três dias, filho legitimo de Felisberto e de sua mulher Felicia, escravos do Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Forão Padrinhos o Ajudante Inacio Pereira Bastos, casado, e Anna Joaquina, solteira, filha do Tenente Manuel Soares do Valle. Todos existentes nesta Expedição de Guarapuaba. Do que para constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
34
Francisco (p.2 verso, Livro 3B)
Aos desaseis dias do mês de Maio do anno de mil oitocentos e treze, nesta Igreja Matriz de Atalaia, nos campos de Guarapuaba, baptizei e pus os santos óleos a Francisco innocente, nascido de sete dias, filhos de Pai incógnito, e de Quiteria, solteira, ezcrava do Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Forão Padrinhos o Ajudante Ignacio Pereira Bastos, casado, e Anna Joaquina, solteira, filha do Tenente Manuel Soares do Valle. Todos assistentes nesta Povoação. Do que para constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Manuel (p.3, Livro 3B)
1814
Aos vinte e sete dias do mez de Janeiro do anno de mil oitocentos e quatorze, nesta capella da Povoação da Atalaya nos campos de Guarapuaba, baptizei sub conditione, e puz os santos óleos a Manoel innocente, nascido de cinco diaz, filho de pay incógnito, e de Julhanna solteira, escrava da Fazenda de Pitanguy, pertencente a Sua Alteza Real; o qual innocente tinha sido in extremis baptizado por Manuel Nunes da Paixão, de cujo exame por mim feito alguma duvida restou. Forão Padrinhoz o dito Manuel Nunes da Paixão, casado; e Maria Magdalena, mulher de Barnabé Barboza. Todos assistentes nesta Expedição. Do que para constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Ninfa (p.3, Livro 3B)
Aos dezasete diaz do mês de fevereiro do anno de mil oitocentos e quatorze, na Capella desta Povoação de Atalaya nos campos de Guarapuaba, baptizei solemnemente e puz os santos óleos a Nynfa innocente, nascida de seis dias, filha de Felisberto e de sua mulher Felicia, escrava do Tenente Coronel Commandante desta Expedição Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Forão Padrinhos o ajudante Inacio Pereira Bastos, casado, e Theresa Maria, mulher do Tenente Manuel Soares do Valle. Todos assistentes nesta Povoação. Do que para constar faço assento.
35
O Vigário Francisco das Chagas Lima
Lucio (p.3, Livro 3B)
Aos doze dias do mez de Mayo do anno de mil oitocentos e quatorze, na capella desta Povoação da Atalaya nos Campos de Guarapuaba, baptizei solemnemente, e puz os santos oleos a Lucio innocente, nascido aos vinte e cinco de abril próximo passado, filho de Pay incógnito, e de Joanna, preta solteira, escrava do Tenente Coronel Commandante desta Expedição Diogo Pinto de Azevedo Portugal. Forão Padrinhos o Ajudante da cirurgia Gabriel José Mendes , solteiro e Maria Magdalena, mulher de Barnabé Barbosa. Todos assistentes nesta Povoação. Do que por constar faço este assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima
Manuel (p. 3 verso, Livro 3B)
Aos dezanove diaz do mez de junho do anno de mil oitocentoz e quatorze, nessa capella da Povoação da Atalaya em Guarapuava, supri as cerimônias da Igreja, e puz os santos óleos Manuel innocente, nascido de oito diaz, filho de Manoel e de sua mulher Anastacia, escravoz do Tenente Coronel Diogo Pinto de Azevedo Portugal, comandante em xefe desta Expedição de Guarapuava. O qual innocente foi por mim baptizado in articulo mortiz aos onze diaz do corrente mez, dia do seu nascimento nesta Povoação da Atalaya. Do que para constar faço esse assento. O Vigário Francisco das Chagas Lima