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FERNANDA DUARTE LOPES DA SILVA
RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS DOS
EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Tecnologia da Construção.
Orientador: PROF. CARLOS ALBERTO PEREIRA SOARES, D.Sc.
Niterói 2009
FERNANDA DUARTE LOPES DA SILVA
RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS DOS
EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Civil. Área de Concentração: Tecnologia da Construção.
Aprovada em 27 de fevereiro de 2009.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________ Prof. CARLOS ALBERTO PEREIRA SOARES, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense – UFF
________________________________________________ Prof. ORLANDO CELSO LONGO, D.Sc. Universidade Federal Fluminense - UFF
________________________________________________
Prof. ARMANDO CELESTINO GONÇALVES NETO, D.Sc. Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
________________________________________________
Profa. VÂNIA VEIGA RODRIGUES, D.Sc. Centro Universitário Plínio Leite - UNIPLI
Niterói 2009
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação a Deus, pela
proteção,
Aos meus pais, Maria e Benedito, por
serem a fonte da minha inspiração,
Ao meu marido Marcelo, pela infinita
paciência e o imenso amor.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador, Prof. Carlos Alberto
Pereira Soares, que durante esse convívio, por sua
profunda experiência e competência, despertou
em mim a busca incansável pelo saber e
conhecimento.
À Profa. Vânia Veiga Rodrigues, minha
orientadora “de coração, de sempre”, pela ajuda
indescritível.
À CAPES, pelo apoio financeiro.
Aos meus amigos de mestrado, pela ajuda
nos momentos difíceis e pelo incentivo para
seguir sempre em frente.
SUMÁRIO
SUMÁRIO...................................................................................................................................... 5
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................................... 7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................................. 8
LISTA DE QUADROS.................................................................................................................. 9
RESUMO...................................................................................................................................... 10
ABSTRACT ................................................................................................................................. 11
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12 1.1 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA ..................................................................................... 12 1.2 OBJETVOS ............................................................................................................................. 14 1.3 METODOLOGIA.................................................................................................................... 14 1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO.................................................................................... 15
2 PANORAMA ATUAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL............... .............................................. 17 2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MACROCOMPLEXO DA CONSTRUÇÃO CIVIL.................. 17 2.2 O SUBSETOR EDIFICAÇÕES.............................................................................................. 22 2.3 MELHORIA DA EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DOS SISTEMAS PRODUTIVOS ............... 25
3 PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS E ARRANJO FÍSICO .................... 31 3.1 CONCEITUAÇÃO.................................................................................................................. 31 3.2 PLANEJAMENTO DE OBRAS............................................................................................. 34 3.3 PROJETO DO CANTEIRO DE OBRAS ............................................................................... 36 3.3.1 Tipologia das Instalações Provisórias ............................................................................... 44 3.3.2 Elementos que compõem um canteiro de obras............................................................... 45 3.3.3 Fatores a serem considerados na elaboração do projeto de arranjo físico do canteiro47
4 FATORES SIGNIFICATIVOS PARA O PLANEJAMENTO DO CAN TEIRO DE OBRAS ......................................................................................................................................... 50 4.1 SEGURANÇA NO CANTEIRO DE OBRAS ........................................................................ 50 4.1.1 Principais Causas dos Acidentes ....................................................................................... 52 4.2 GESTÃO AMBIENTAL E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL ................................................. 54 4.2.1 Gestão Ambiental no Canteiro de Obras ......................................................................... 55 4.2.1.1 Organização do Canteiro ................................................................................................... 56 4.2.1.2 Preparação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos ..................................................... 60
4.2.2 Produção Sustentável ......................................................................................................... 60 4.3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS .............................................................................................. 61
5. A EXPERIÊNCIA FRANCESA DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DO CANTEIRO DE OBRAS................................................................................................................................... 64 5.1 GESTÃO DE EMPREENDIMENTOS E CANTEIRO DE OBRAS: OS PRINCIPAIS ENVOLVIDOS ............................................................................................................................. 67 5.2 GESTÃO DO CANTEIRO DE OBRAS: PREPARAÇÃO .................................................... 70 5.3 “CHANTIERS VERTS”: CANTEIRO DE OBRAS VERDES ............................................... 71
6 RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS D E OBRAS DOS EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL .. 73
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................ 105 7.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.................................................... 107
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................... 109
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Número de empresas de construção civil, segundo regiões geográficas do Brasil, 2006........................................................................................................................................................ 18 Figura 2: As três dimensões de gerência de projeto ...................................................................... 25 Figura 3: Esquematização do Arranjo Físico Posicional............................................................... 43 Figura 4: Relações típicas entre os envolvidos.............................................................................. 69 Figura 5: Esquematização da Proposta.......................................................................................... 73 Figura 6: Esquema de Interfaces dos Agentes Envolvidos ........................................................... 76 Figura 7: Esquematização da Fase de Planejamento de Obra ....................................................... 82 Figura 8: Esquematização da Fase de Planejamento do Canteiro de Obras.................................. 83 Figura 9: Exemplificação Etapa 1 ................................................................................................. 84 Figura 10: Exemplificação Etapa 2 85 Figura 11: Exemplificação Etapa 3 ............................................................................................... 86 Figura 12: Identificação dos Resultados........................................................................................ 91 Figuras 13, 14 e 15: Check-list de Avaliação................................................................................ 99
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CBIC Câmara Brasileira da Indústria da Construção
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CSTB Centre Scientifique et Technique du Bâtiment
DTU Document Techinique Unifiès
EPI Equipamento de Proteção Individual
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
HQE Haute Qualité Environnementale
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ISO International Organization for Standarization
LCA Life Cicle Assesment
LEED Leadership in Energy and Environmental Design
LSF Light Steel Framing
NBR Norma Brasileira
ONG Organização Não-Governamental
PAC Programa de Aceleração do Crescimento
PBQP-H Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade Habitacional
PIB Produto Interno Bruto
SindusCon Sindicato da Indústria da Construção Civil
SLP Systema Layout Planning
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Estrutura do Macrocomplexo da Construção Civil ...................................................... 19 Quadro 2: Principais Características da Indústria Fabril e de Construção Civil ........................... 22 Quadro 3:Novas formas de racionalização da produção............................................................... 26 Quadro 4: Tipos de Canteiros........................................................................................................ 39 Quadro 5: Classificação dos Acidentes de Trabalho..................................................................... 51 Quadro 6: Métodos de Treinamento............................................................................................ 101 Quadro7: Quadro Comparativo dos diferentes métodos de capacitação.....................................103
RESUMO
A globalização da economia, abertura do mercado nacional e privatização de estatais têm aumentado a exigência dos consumidores por produtos e serviços com qualidade compatível aos seus anseios e necessidades. No Setor da Construção Civil essas exigências contemplam produtos de alta qualidade comprovada e empresas que realizem suas atividades com respeito às questões ambientais e sociais. No entanto, é fundamental que as empresas construtoras, para o aumento do seu grau de competitividade, maximizem seus lucros por meio da otimização de custos, prazos e produtividade. O canteiro de obras, sendo a “fábrica” dessa indústria, apresenta todas essas questões envolvidas. Considerando todos esses fatores, é apresentado um conjunto de recomendações para o planejamento do canteiro, agrupados por fases e etapas, que consideram questões fundamentais como a gestão ambiental e a segurança e saúde do trabalhador, além das vantagens da utilização de sistemas construtivos industrializados.
Palavras Chaves: Canteiro de Obras, Sistemas Construtivos, Gestão Ambiental, Construção
Civil.
ABSTRACT
The economy globalization, national market opening and state companies’ privatization have raised the costumers’ products demand and services with compatible quality for their desires and needs. At Civil Construction Section those demands contemplate proved high quality products and companies that realize their activities with respect towards social and environmental issues. However, is crucial that construction companies, to raise their competitive level, maximize their profits through costs optimization, deadlines and productivity. The site arrangement being the company “manufacturer” show all those issues wrapped. Considering all those factors is showed a set of planned recommendations about the site arrangement, grouped in phases and stages, considering fundamental issues such as environmental management and worker’s security and health, besides the use of constructive industrialized systems advantages.
Key words: Site Arrangement, Construction Systems, Environmental Management, Civil
Construction.
1 INTRODUÇÃO
1.1 APRESENTAÇÃO DA PROPOSTA
O setor de construção civil, quando comparado com os demais setores produtivos, é
normalmente citado como o de menor evolução tecnológica. A necessidade de mudanças que
propiciem a melhoria dos graus de produtividade tem demandado o desenvolvimento e
implantação de novas tecnologias que tem possibilitado a melhoria da competitividade, a
otimização dos lucros e o aumento da satisfação do cliente com relação ao produto final.
Segundo FRANÇA (2005) a ineficiência produtiva da construção civil resulta em
prejuízos ambientais, sociais, econômicos, os quais afetam diretamente a competitividade das
organizações e a qualidade de vida da humanidade.
Uma parte importante do processo de produção é o canteiro de obras, tratando-se de uma
estrutura organizacional dinâmica e flexível, já que ocorrem mudanças no decorrer da obra, além
de ser submetido, constantemente, a várias influências e fatores intervenientes. (FORMOSO et al.
2002).
O planejamento do canteiro de obras é uma ferramenta importante para o gerenciamento
da obra, pois afeta o tempo de deslocamento de trabalhadores e materiais e, conseqüentemente, a
execução das atividades e a produtividade total da obra. Neste contexto o canteiro de obras tem o
objetivo de propiciar a infra-estrutura necessária para a execução do projeto de edificação, por
meio dos recursos disponíveis. O canteiro é a base que pode tornar a execução mais eficiente e
eficaz, em função do projeto e da forma de gerenciar, além da sua organização e do seu arranjo
físico, que sofrem mudanças constantes (SILVA, 2007).
13
Durante a construção da obra ou projeto, o canteiro de obras assume características
variadas em função das fases da obra. Para que todas as atividades transcorram corretamente,
agregando valor ao produto final, algumas atitudes deverão ser tomadas, tais como: implantação
de políticas de qualidade, coordenação eficiente de fornecedores de materiais e empreiteiros,
utilização de um adequado processo de comunicação, um correto gerenciamento de atividades e
pessoas.
A produtividade pode ser prejudicada, segundo AMARAL (1995), pela ausência de
sistemas para a coleta de informações sobre a necessidade dos clientes; dificuldades de
interpretação do projeto pelas equipes de obra; falta de acompanhamento da obra por projetistas
para sinalizar possíveis problemas e evitar improvisações no canteiro de obras, já que ao se fazer
o planejamento executivo e o projeto para produção de uma obra, freqüentemente depara-se com
diferentes possibilidades de escolhas, com relação aos vários cenários que podem ocorrer na obra,
nas suas diversas atividades. A escolha por um determinado cenário terá uma série de
implicações quanto ao processo produtivo, sendo seus efeitos refletidos na organização da
produção, na produtividade do transporte e da mão-de-obra, como no consumo e desperdício dos
materiais aplicados.
Os custos são constantemente elevados pelas freqüentes perdas no canteiro. Vale ressaltar
que o conceito de perdas não deve ser associado unicamente aos desperdícios de materiais. Mas,
também, compreender que perda é qualquer ineficiência que reflita no uso de equipamentos,
materiais, mão de obra e meios de produção utilizados em quantidades superiores ao necessário à
produção da edificação. Além da execução de tarefas desnecessárias, como o retrabalho, que
geram custos e não agregam valor ao produto final (FORMOSO 2001). Essas perdas são
conseqüências de processos de baixa qualidade, que acarretam não só a elevação de custos, como
também um produto final deficiente, reduzindo, desta forma, seu potencial de comercialização.
Em geral, os recursos humanos são considerados como os principais responsáveis pela
baixa produtividade, pela ineficiência e pelos elevados índices de perdas dos materiais. Segundo
VARGAS (1996), a atual formação desse funcionário não é compatível com as exigências do
mercado, tornando-se imprescindível a conscientização dos empresários, dirigentes e
profissionais da construção civil para a necessidade da valorização e motivação, da qualificação
da mão-de-obra, bem como da melhoria das condições do ambiente de trabalho.
14
De acordo com HEINECK (1991), modificações radicais como a racionalização e
integração dos projetos, o uso de novas tecnologias, além de mudanças nas relações de trabalho
nos canteiros de obras, com a valorização do trabalhador, seu envolvimento e comunicação entre
pessoas, promoverão um avanço significativo no panorama da construção civil.
1.2 OBJETVOS
Este trabalho tem como objetivo principal a elaboração de recomendações para o
planejamento dos canteiros de obras dos empreendimentos do subsetor edificações da construção
civil brasileira, que contribuam para a otimização do sistema produtivo.
Destacam-se como objetivos específicos:
• a análise dos aspectos relacionados a segurança do trabalho no canteiro de obras;
• a análise dos aspectos relacionados a produção sustentável e a gestão ambiental;
• a análise dos fatores de segurança e motivação dos trabalhadores;
1.3 METODOLOGIA
Com a finalidade de atingir os objetivos propostos, inicialmente foram identificadas as
características e peculiaridades do setor da construção civil, do subsetor de edificações e dos seus
produtos.
Em seguida, foi efetuada pesquisa bibliográfica, de caráter qualitativo e exploratório,
sobre o planejamento dos canteiros de obras dos empreendimentos do subsetor edificações e
sobre fatores que influenciam este processo de planejamento, principalmente os relacionados ao
arranjo físico do canteiro de obras, a segurança do trabalho, a produção sustentável e a gestão
ambiental. Também foram pesquisados os métodos de gestão e organização de canteiros de obras
praticados na França, uma vez que diversos aspectos da construção civil brasileira se assemelham
aos da construção civil francesa.
Durante a pesquisa bibliográfica foi consultada produção científica específica e correlata
sobre o tema, encontrada sob a forma de teses, dissertações, livros, artigos em periódicos e
congressos pertencentes às Bibliotecas da Universidade Federal Fluminense e outras
15
universidades, bem como as constantes nas diversas bases de dados encontradas no site de
periódicos da CAPES e demais sites da Internet.
Fundamentado na pesquisa bibliográfica foram elaboradas recomendações para
planejamento dos canteiros de obras dos empreendimentos do subsetor edificações da construção
civil brasileira.
1.4 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho contém um corpo principal composto de 7 (sete) capítulos.
No presente capítulo aborda-se a apresentação da pesquisa, sua justificativa, relevância e
metodologia utilizada para o alcance das informações necessárias que contribuíram para o
embasamento da pesquisa proposta.
No capitulo II é feita uma caracterização da construção civil, por meio de dados
estatísticos, citando suas principais características e definições, traçando, assim, seu panorama
atual. No mesmo capitulo são feitos comentários sobre a racionalização da construção, definindo
seus principais conceitos e aplicabilidade. Em seguida, são realizadas considerações sobre a
Construção Enxuta, traçando suas principais características e definições, por meio do trabalho
realizado por KOSKELA, em 1992.
No capitulo III define-se o canteiro de obras e a importância de seu prévio estudo na
busca de melhores índices de produtividade e qualidade na produção de empreendimentos. São
apresentados os principais objetivos do canteiro em relação à segurança e motivação dos
operacionais. Também são abordadas definições encontradas na literatura especializada, sobre a
temática do planejamento de obras, apresentando sua extrema relevância na concepção de
canteiro de obras. Buscou-se nesse capitulo, a identificação das principais metodologias
utilizadas atualmente na concepção do projeto do canteiro de obras, além da análise dos
elementos fundamentais que o compõem e a elaboração do arranjo físico inicial.
No capitulo IV desenvolve-se a análise dos fatores mais relevantes no universo do
canteiro de obras. Considerados de extrema importância na formulação do arranjo físico do
canteiro de obras, foram analisadas questões referentes aos sistemas construtivos atuais, que
contemplam o que há de mais moderno no conceito de segurança, produção sustentável e gestão
ambiental. Neste capitulo também são feitas considerações sobre a importância da motivação e
16
segurança dos trabalhadores envolvidos na produção, exaltando os ganhos em qualidade de vida
no trabalho e, conseqüentemente, aumento na produtividade, na competitividade da empresa
diante do mercado consumidor e nos lucros.
No capitulo V, são analisadas as principais características da gestão dos canteiros de obras
franceses, visto que uma prévia análise de outros modelos de gestão, identificou que a gestão
francesa é a que apresenta maiores semelhanças com a realidade brasileira. Além disso, são
estudados os “Chantiers Verts”, suas características e modo de implantação.
No capítulo VI são apresentadas Recomendações para o Planejamento dos Canteiros de
Obras dos Empreendimentos do Subsetor Edificações da Construção Civil. São apresentadas
propostas, separadas por etapas e fases, que visam exercer uma contribuição para o planejamento
do canteiro, incluindo fatores importantes como a Gestão Ambiental e Gestão de Segurança do
Trabalho.
No capítulo VII é apresentada a conclusão do trabalho, após considerações sobre o
material estudado e reflexão sobre as atuais formas de construção que conseqüentemente
interferem na forma de implantação e gestão de canteiros, são identificadas algumas soluções
para a problemática apresentada na pesquisa.
2 PANORAMA ATUAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO MACROCOMPLEXO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Sabe-se que a construção civil possui uma grande representatividade na economia do país.
De acordo com dados estatísticos, fornecidos pelo IBGE, a construção civil, considerando o
primeiro semestre de 2008, apresentou crescimento de 9,9% em relação ao ano anterior no
mesmo período e representou, em 2007, 5,3% do PIB nacional, com faturamento de cerca de 115
bilhões de reais. Outro fato que merece destaque é que a construção civil vem sustentando, há 14
trimestres consecutivos, variações positivas em relação ao trimestre anterior. (CBIC, 2007).
A retomada do crescimento da construção civil apresenta um marco em 2007, com o
lançamento pelo Governo Federal do Programa de Aceleração do Crescimento – PAC. Após
algum período de paralisação, o governo reformula as políticas de desenvolvimento do país, desta
forma, gerando expectativas econômicas para a retomada de investimentos fixos.
Esta iniciativa permitirá elevar as condições de competitividade nacional, além de melhorar os índices de desenvolvimento humano e criar as condições de sustentabilidade do crescimento ao multiplicar seus efeitos sobre a renda, o emprego e a arrecadação tributária da economia. (CBIC, 2007.p.9).
Este crescimento, também está diretamente relacionado à expansão dos setores
imobiliários, estimulados pelo aumento do crédito, redução de juros e dilatamento de prazos de
financiamento. A título de ilustração, o crédito imobiliário passou de R$ 2,3 bilhões em 2003,
para cerca de R$ 18 bilhões em 2007, ou seja, um crescimento de aproximadamente 800% (CBIC,
2007).
Outro dado importante é apresentado em pesquisa desenvolvida pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, onde é identificado o melhor desempenho nos onze primeiros meses do
18
Setor de Construção Civil, com a geração de 202.636 novos empregos formais durante o ano de
2007.
No Brasil, a Indústria da Construção Civil encontra-se atuando em todo o território
nacional. Entretanto, as regiões Sul e Sudeste apresentam um maior índice de concentração. De
acordo com o IBGE (2006), por meio da Pesquisa Anual de Indústria da Construção – PAIC, o
país apresenta 109.000 empresas de construção civil.
47%
26%
5%6%
16% 1
2
3
4
5
Figura 1: Número de empresas de construção civil, segundo regiões geográficas do Brasil, 2006.
Fonte: TEIXEIRA e CARVALHO (apud, IBGE, 2006)
É importante acrescentar que a crise financeira mundial, a partir do mês de outubro de
2008, promoveu uma desaceleração na indústria da construção civil.
O macrocomplexo da construção civil abrange diversos segmentos, tais como: materiais
de construção, construção de edificações e construções pesadas, serviços imobiliários, serviços
técnicos de construção entre outros. A figura 1 apresenta a estrutura do macrocomplexo da
construção civil.
19
Quadro 1: Estrutura do Macrocomplexo da Construção Civil
Fonte: SOARES e CHINELLI (1998)
Um método para aferir a importância da construção civil na economia brasileira, é por
meio de sua contribuição relativa na formação do PIB, sendo que TEIXEIRA e CARVALHO
SETOR PRODUTOR DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
EXTRAÇÃO E BENEFICIAMENTO DE
INSUMOS NÃO METÁLICOS CONSTRUÇÃO PESADA
CONSTRUÇÃO DE EDIFICAÇÕES
• Pedras (brita, mármore etc.) • Areia • Argila • Calcário • Amianto • Etc.
• Construção de Grandes Estruturas e Obras de Arte: vias elevadas, pontes, viadutos, túneis, metropolitanos, dutos, obras de telecomunicação e de energia elétrica etc.
• Construção de Edifícios: residenciais, industriais, comerciais, de serviços, governamentais, de caráter institucional não governamental, destinados a diversão, televisão e radiodifusão e de uso misto.
PRODUÇÃO DE INSUMOS METÁLICOS
• Obras de Urbanização e Saneamento
• Serviços de Construção: manutenção e recuperação de
• Esquadrias • Estruturas • Elementos de serralheria • Etc.
• Construção de obras viárias: rodovias, ferrovias, aeroportos, hangares, portos e terminais marítimos e fluviais etc.
Edifícios, montagem de pré-moldados e estruturas metálicas, reforço e concretagem de estruturas, demolições,
. serviços geotécnicos, etc.
PRODUÇÃO DE CIMENTO E INSUMOS DERIVADOS
• Serviços de Construção: montagem eletromecânica, de
• Cimento • Blocos • Pré-moldados • Etc.
pré-moldados e de estruturas metálicas, terraplenagem, ser-viços geotécnicos, perfurações, manutenção e recuperação de
obras de grande porte etc.
PRODUÇÃO DE ELEMENTOS DE CERÂMICA
• Tijolos e telhas • Azulejos e pisos cerâmicos • Materiais sanitários • Etc.
PRODUÇÃO DE INSUMOS DE MADEIRA
• Pranchas, aglomerados e compensados • Esquadrias • Etc.
SETOR DE CONSTRUÇÃO
MACROCOMPLEXO DA CONSTRUÇÃO CIVIL
20
(2005), em estudo sobre o desenvolvimento da construção civil, consideram que o setor
posiciona-se em quarto lugar no ranking de contribuição ao PIB.
No mesmo estudo, os autores apresentam dados relevantes sobre a construção civil
brasileira atual, sendo:
• 94% do total de empresas de construção civil são formadas por micro e
pequenas empresas, que empregam até 29 trabalhadores.
• O setor também se destaca na contribuição para o nível de renda salarial,
representando 3% dos salários pagos aos trabalhadores brasileiros.
• 6º lugar em utilização de mão de obra, com 3,74 milhões de trabalhadores.
• O rendimento médio por trabalhador é de R$ 4.076,00 (não representando a
realidade da distribuição salarial).
• Apresenta um baixo índice de importação de produtos para sua produção, com
apenas 4,67% de participação.
• Elevada geração de tributos, ou seja, de cada R$1,00 empregado R$0,08
retornam aos cofres públicos; sendo que esse índice cresce, quando são
contemplados outros fatores intervenientes, podendo alcançar R$ 0,23, segundo
os autores mencionados.
De acordo com KURESKI (2008), a Construção Civil, nas primeiras fases do
desenvolvimento econômico, apresenta um crescimento maior do que outros setores com
crescimentos também relevantes. Isso ocorre em virtude do processo de industrialização e
urbanização por que passam alguns países.
Dessa forma, em países menos desenvolvidos, o desenvolvimento econômico leva ao aumento da participação da Indústria da Construção Civil no PIB. Em países em desenvolvimento, o aumento da renda per capita não resulta em aumento significativo na demanda por comida e roupas, mas por produtos industriais. Em uma segunda fase, uma nova elevação da renda per capita leva a um incremento da atividade de serviços, em detrimento da atividade industrial. Assim, tem-se uma ascensão da atividade industrial, seguida de um declínio. A atividade de serviços passa, nas economias avançadas, a ter maior participação no PIB. (KURESKI, 2008.p.25).
21
A Indústria da Construção Civil brasileira, conforme o SEBRAE (2008), apresenta as
seguintes características:
a- É grande geradora de empregos, com predomínio da utilização de mão de obra
de baixa qualificação. Apenas pequena parte desses trabalhadores possui um
emprego formal;
b- Seu crescimento é diretamente proporcional ao da evolução da renda interna e
condições de créditos;
c- Atinge níveis de produtividade e competitividade abaixo do padrão existente
nos países desenvolvidos, especialmente nos aspectos tecnológicos e de gestão;
d- Apresenta problemas quanto à padronização e normatização de técnicas,
materiais e componentes produtivo.
Contudo, de acordo com TRAJANO (1986), a construção civil, quando comparada com
os demais setores produtivos é fartamente citada como a que tem apresentado a menor evolução
tecnológica, principalmente em função de suas características. O quadro a seguir apresenta as
principais características da indústria fabril e de construção civil.
22
INDÚSTRIA FABRIL INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO CIVIL
PRODUTO • Quase sempre os mesmos • Móveis • Pequeno valor unitário
• Sempre diferentes • Imóveis e de grande porte • Grande valor unitário
LOCAL DE FABRICAÇÃO
• Um só local (fábrica) • Postos de trabalho fixos e produto se movendo • Arranjos semelhantes possibilitando estabelecer regras gerais
• Locais variados e temporários (canteiros de obra) • Componentes convergindo para um produto fixo • Arranjos diferentes e peculiares à cada obra
PRODUÇÃO • Produção mecanizada • Produção de linha • Operações repetitivas • Problemas de produção repetitivos ao longo da linha
• Produção predominantemente artesanal • Produção em situações variadas • Operações se alternam com o decorrer do tempo e evolução da obra • Problemas sempre diversos, função do espaço e do tempo
INSUMOS • Componentes Padronizados • Mão-de-obra qualificada
• Falta de padronização • Mão-de-obra pouco qualificada
Quadro 2: Principais Características da Indústria Fabril e de Construção Civil
Fonte: TRAJANO (1986)
2.2 O SUBSETOR EDIFICAÇÕES
O Subsetor Edificações apresenta métodos e técnicas próprias de produção conforme suas
características específicas. Os processos produtivos desse setor podem ser classificados em
tradicional, que apresenta bases artesanais de produção; convencional, que utiliza a mecanização
parcial do processo de produção; e industrializado, que possui mecanização geral do processo. A
construção civil brasileira utiliza, principalmente, a combinação dos métodos tradicional e
convencional. (FAMILIAR 2002).
A baixa qualificação da mão de obra é um aspecto bastante relevante na caracterização do
subsetor edificações, visto que a presença de profissionais (de nível médio e superior) sem
experiência prática e trabalhadores não qualificados profissionalmente acarreta, na maioria dos
casos, dificuldades no processo construtivo. O canteiro de obras, que é a fábrica desse subsetor,
também contribui com essas inadequações. O fluxo do processo é comprometido, pois o produto
final por ser imóvel, implica em uma “fábrica” dinâmica, que se adapte conforme a evolução do
23
processo produtivo. Esses fatos acarretam dificuldades na continuidade, padronização e
repetitividade da produção gerando problemas de flexibilidade.
Porém, nas últimas décadas foram identificadas mudanças tecnológicas e organizacionais
na indústria da construção civil, que contribuíram para a modernização do setor. FAMILIAR
(apud DACOL, 1996) afirma que essas inovações ocorreram na introdução de novos sistemas
estruturais e de vedação nos canteiros de obras, no setor estatal e identificaram-se três tendências
principais, no setor privado: a transferência de parte do processo produtivo do canteiro de obras
para o setor de produção de materiais de construção; a terceirização de etapas do processo
produtivo e a busca pela maior eficiência do processo produtivo, uma vez que aumentou a
concorrência devido à retração do mercado.
Vale salientar que estratégias de racionalização, sistemas de gerenciamento e programas
de qualidade foram adotados na última década por empresas construtoras visando a melhoria de
qualidade e produtividade de seus empreendimentos.
Esses empreendimentos podem ser caracterizados em conjuntos de atividades fora da
rotina de trabalho visando o alcance de determinados objetivos definidos conforme os interesses
da empresa. Esses empreendimentos possuem início, meio e fim, e o planejamento de sua
produção inclui, entre outros, a previsão de recursos financeiros e humanos, e estabelecimento de
prazos e da qualidade que se pretende alcançar.
Conforme LIMER (1987) o empreendimento desenvolve-se através das seguintes fases:
concepção, planejamento, execução e finalização. Cada uma dessas fases tem características
próprias e por conseqüência, necessidades gerenciais específicas.
A fase de concepção é o momento em que são concebidas e avaliadas as características do
empreendimento. São identificadas as necessidades, a viabilidade técnica econômica, além do
desenvolvimento de propostas, orçamentos, entre outros.
A fase de planejamento é o plano tático do empreendimento. São desenvolvidos os
projetos básicos, projeto dos sistemas de construção, planejamento detalhado de custos, recursos
humanos, materiais, além da obtenção de aprovação para a fase de execução.
A fase de execução é o plano operacional. Nesta fase é elaborado o projeto detalhado e
estabelece-se a estrutura organizacional para o gerenciamento.
24
A fase de finalização é a fase de encerramento do empreendimento. São características
desta fase a pré-operação e manutenção, desmobilização de recursos e realocação dos membros
da equipe de execução.
Os empreendimentos do subsetor edificações apresentam diversas atividades de grande
complexidade durante seu planejamento e execução, exigindo um gerenciamento de trabalho
multidisciplinar e especializado. FAMILIAR (2002) baseada em DINSMORE (1992) identifica
três formas de interação entre as atividades de planejamento do empreendimento, são elas:
1-Elementos do Projeto: Esta dimensão define os elementos básicos que compõem
o projeto: Engenharia ou projeto de engenharia que consiste em atividades onde
são desenvolvidos os projetos; Aquisição de materiais e equipamentos
necessários à construção do projeto; Construção ou instalação que é a
materialização do modelo criado na engenharia utilizando os materiais e
equipamentos da aquisição.
2-Desempenho do Projeto: Essa dimensão especifica os níveis de desempenho, são
estabelecidos os recursos financeiros necessários ao empreendimento, o prazo
que delimita o tempo de execução do empreendimento e a qualidade que dita os
limites de desempenho do produto final.
3-Ferramentas de Gerência do Projeto: Essa dimensão elabora o planejamento da
seqüência do trabalho e a programação para que os recursos sejam otimizados;
o controle que monitora os progressos com relação ao planejamento; e a
avaliação que trata os desvios entre o realizado e o planejado em termos de
medidas corretivas.
A figura abaixo representa essas três dimensões:
25
Figura 2: As três dimensões de gerência de projeto
Fonte: FAMILIAR apud DINSMORE (1992)
2.3 MELHORIA DA EFICIÊNCIA E EFICÁCIA DOS SISTEMAS PRODUTIVOS
É notório que os processos de produção da Construção Civil, em geral, são conservadores
e ultrapassados implicando na necessidade de mudanças por parte das empresas, para que o setor
alcance um grau de excelência que satisfaça um mercado consumidor cada vez mais exigente e
competitivo.
A globalização da economia, abertura do mercado nacional e privatização de estatais
aumentou a exigência dos consumidores por produtos e serviços com qualidade compatível aos
seus anseios e necessidades. As empresas construtoras buscaram atender aos padrões
internacionais de qualidade, principalmente após a década de 90 quando o Governo Federal, a
partir da Portaria nº 134 de 18.12.98, do então Ministério do Planejamento e Orçamento, lançou o
Programa de Qualidade e Produtividade Habitacional – PBQP-H, hoje Programa Brasileiro da
Qualidade e Produtividade no Habitat, especificamente o Projeto nº 4, dedicado à Construção
Civil.
26
MAIA (2003) atribui essas mudanças a acontecimentos como transformações
macroeconômicas ocorridas no país e a retração de investimentos no setor, após a década de 1980,
incluindo o acirramento da concorrência entre as empresas construtoras, além da criação e
implantação do Código de Defesa do Consumidor, no qual o consumidor exige maior qualidade
da construção, pois passou a ter conhecimentos dos seus direitos garantidos por lei.
Essa nova exigência dos consumidores acarretou um aumento da competitividade das
empresas construtoras. Qualidade, produtividade, redução de desperdícios são alguns dos fatores
que determinam o diferencial da empresa no mercado consumidor, destacando-se a qualidade
com um quesito inegociável.
Diversas estratégias têm sido utilizadas pelas construtoras, porém nem sempre adequadas,
dentre outras, cita-se a intensificação da jornada de trabalho, cansando muitas vezes o trabalhador
e o induzindo a erros e a utilização de materiais de construção de baixa qualidade.
Segundo OLIVEIRA (apud FARIAS FILHO, OLIVEIRA E BRITO, 1998) a definição de
competitividade é dada por: “Capacidade da empresa de formular e implementar estratégias
concorrenciais, que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição
sustentável no mercado”.
Atualmente, encontram-se na construção civil diversas formas de racionalização da
construção que permitem maior participação das empresas no mercado, seja na redução de custos
operacionais ou diferenciação perante o mercado consumidor. SILVA (2000) explica algumas
estratégias para essa racionalização:
NOVAS FORMAS DE RACIONALIZAÇÃO DA PRODUÇÃOESTRATÉGIA COMPETITIVA
CUSTO DIFERENCIAÇÃO
ENGENHARIA SIMULTÂNEASÓCIO-TÉCNICAGESTÃO PELOS FLUXOS E PARCERIASTÉCNICO COMERCIAL
QUALIDADE TOTALREDUÇÃO GLOBAL DE PRAZO SOFERTA DE SERVIÇOSFINACEIRA-COMERCIAL
Quadro 3:Novas formas de racionalização da produção
Fonte: Adaptado de SILVA (2000).
27
• Engenharia Simultânea – Forma de racionalização centrada nas relações entre
empresas, projetistas, e empresas de gerenciamento com a integração de todos
desde a concepção do projeto até o final da execução.
• Sócio – Técnico - Racionalização centrada no sistema de produção, buscando a
ganho de custos com o domínio das técnicas e métodos construtivos, com uma
atenção especial na mão-de-obra.
• Gestão pelos fluxos e parcerias – Nessa estratégia a busca-se a externalização da
produção com uso principalmente de mão-de-obra sub-contratada.
• Técnico Comercial – Nessa forma de racionalização são usadas estratégias
alternativas de financiamento, um exemplo, segundo SILVA (2000) trata-se do
caso de empresas que adotam a estratégia de autofinanciamento, exigindo, desta
forma, um aumento de prazos das atividades do canteiro e um espaço mínimo
para as operações. No entanto, é necessário que a empresa tenha excelência no
planejamento, programação e controle da produção, com a contínua
retroalimentação dos dados apropriados durante a execução, contemplando,
deste modo, fatores imperativos, como custo, prazo e qualidade.
• Qualidade – Total – Atração de novos clientes, usando a racionalização,
constituída de processos produtivos mais eficientes e eficazes nos prazos globais
de produção das atividades e, conseqüentemente do empreendimento.
• Redução Global dos Prazos – Racionalização que atrai clientes devido a forma
de condução do processo de produção que permite ganho de tempo ou redução
globais dos prazos de produção.
• Oferta de Serviços – Atração de novos clientes com a oferta de serviços
inovadores ou incrementais, dentre outros, ao longo do processo de produção.
• Financeira – Comercial – Possui a mesma base racionalização Técnico-
Comercial, porém com o objetivo de tornar possível a aquisição de unidades
possíveis na compra.
Também são importantes os estudos referentes à Construção Enxuta. De acordo com
RODRIGUES (2006, apud FORMOSO, 2006), a partir dos anos 90, estudos acadêmicos,
desenvolvidos no país e no exterior, objetivam a construção de um novo referencial teórico para a
gestão de processos na construção civil. Esses estudos têm como objetivo a adaptação de alguns
28
conceitos e princípios gerais da área de Gestão da Produção às peculiaridades do Setor. Este novo
conceito, denominado Lean Construction, está fortemente baseado nos princípios gerais da Lean
Production (Produção Enxuta), que por sua vez se contrapõe aos pensamentos de produção em
massa (Mass Production) preconizados pelo Taylorismo e Fordismo.
Com a publicação do trabalho Application of the new production philosophy in the
construction industry desenvolvido por Lauri Koskela, em 1992, do Technical Research Center –
VTT, da Finlândia, iniciou-se na Indústria da Construção Civil um esforço para a disseminação e
aplicação da mentalidade enxuta em sua forma de produção.
Segundo RODRIGUES (2006) a principal diferença entra a filosofia gerencial tradicional
e a Lean Construction é basicamente conceitual. A filosofia do modelo tradicional, na construção
civil define a produção como um conjunto de atividades de conversão, que transformam os
insumos (materiais, informação, etc) em produtos intermediários enquanto que um aspecto
relevante da Construção Enxuta é a definição de geração de valor. Neste tipo de modelo, o
conceito de valor está diretamente relacionado à satisfação do cliente. Assim, um processo
somente gera valor quando as atividades de processamento transformam as matérias-primas ou
componentes em produtos requeridos pelos clientes.
Outra característica importante desse tipo de modelo é a existência de um fluxo na
produção (além do fluxo de montagem e dos fluxos de materiais e informações) denominado
fluxo de trabalho. Este fluxo refere-se ao conjunto de operações realizadas por cada equipe dentro
do canteiro de obras.
Com base no trabalho apresentado por KOSKELA (1992), são observados os seguintes
princípios para a gestão de processos com os conceitos da Construção Enxuta:
• Redução da parcela de atividades que não agregam valor: Além da eficiência das
atividades de conversão e de fluxo, a maximização de resultados pode ser obtida
com a eliminação de algumas atividades de fluxo que não acrescentam valor.
• Aumento do valor do produto por meio da consideração das necessidades dos
clientes: Devem ser identificadas precisamente as necessidades dos clientes
internos e externos, sendo estas informações consideradas no projeto do produto
e na gestão da produção.
29
• Redução de Variabilidade: Podem estar relacionadas aos fornecedores do
processo (Processos anteriores) ou relacionada á execução de um processo.
• Redução do tempo de ciclo: Esse princípio tem origem na filosofia Just in time.
Sendo o templo de ciclo definido como a soma de todos os tempos (transporte,
espera, processamento e inspeção) para produzir um produto, este princípio
demonstra a necessidade de compressão do tempo disponível como forma de
eliminação das atividades de fluxos desnecessárias.
• Simplificação por meio da redução do número de passos ou partes: Princípio
utilizado freqüentemente no desenvolvimento de sistemas construtivos
racionalizados.
• Aumento de flexibilidade de saída: Referente à possibilidade de alteração das
características dos produtos entregues aos clientes, sem aumento significativo
nos custos dos mesmos.
• Aumento de transparência do processo: Com a transparência dos processos, a
identificação dos erros torna-se mais fácil. Além do aumento da disponibilidade
de informações, facilitando o trabalho.
Conforme OLIVEIRA (2003) na Indústria da Construção Civil ocorre a busca por
técnicas e métodos utilizados na indústria fabril, para adaptá-los e aplicá-los no canteiro de obras.
Procura-se seguir normas e padrões para tentar prever eventuais mudanças e conseguir uma
reação imediata. Agregando valores sem aumentar custos ao produto final, aumentando assim o
poder de competitividade.
Segundo FRANÇA et al. (2005), “a ineficiência produtiva da construção civil resulta em
prejuízos ambientais, sociais, econômicos, os quais afetam diretamente a competitividade das
organizações e a qualidade de vida da humanidade”.
É de extrema importância os estudos de diversos pesquisadores que procuram a
aproximação da forma de produção da edificação com um tipo de produção industrializada, com
a existência de modulação de projetos, materiais e componentes, buscando também a
racionalização, gestão de qualidade, entre outros. (FERREIRA, 1998).
30
A transformação da Indústria da Construção Civil em um processo industrializado conta
com uma série de peculiaridades que intervém nas várias etapas do processo construtivo, não
possibilitando a produção em série, pois as sucessivas mudanças das condições de implantação de
canteiros, de tipo de obra e de pessoal, as multiplicidades de materiais, componentes e
tecnologias utilizadas são características especiais desse setor.
De acordo com MEIRA (2000), modificações radicais como a racionalização e integração
dos projetos, o uso de novas tecnologias, além de mudanças nas relações de trabalho nos
canteiros de obras, com a valorização e motivação do trabalhador, seu envolvimento e
comunicação entre pessoas promoverão um avanço significativo no panorama da construção civil.
OLIVEIRA (2003) afirma que uma característica da construção industrializada é a
determinação de cada passo construtivo ainda na fase do projeto, sem que possa haver alterações
com a obra em andamento, pois sendo o sistema integrado, os problemas não poderão ser levados
para o canteiro, assim, uma nova proposta de produção interfere diretamente nos trabalhos e
atividades executadas no canteiro de obras.
Assim sendo, é de extrema importância lembrar que avanços tecnológicos são eficientes e
eficazes, quando o aumento da produtividade, motivação e segurança do operacional, meio
ambiente do trabalho e meio ambiente global são respeitados e caminham de forma integrada e
em parceria.
3 PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS DE OBRAS E ARRANJO FÍSICO
3.1 CONCEITUAÇÃO
A fábrica da construção civil é o canteiro de obras, que possui como características
principais: locais variados e temporários, componentes convergindo para um produto fixo e
arranjos diferentes e peculiares para cada obra. O canteiro de obras de uma construção e
composto de diversos elementos, sendo estes definidos a partir do sistema de produção
estabelecido.
A literatura especializada sobre o tema, conceitua o canteiro de obras como as áreas de
trabalho, fixas e temporárias, destinadas à execução e apoio das atividades da industria da
construção civil. Essas áreas podem ser divididas em espaços operacionais e espaços de vivência.
MAIA (2003) vê o canteiro de obras como o local onde estão todos os recursos de
produção (mão de obra, materiais e equipamentos) locados de modo que proporcione o apoio e
realização adequada aos trabalhos de construção, considerando os requisitos de gestão,
racionalização, produtividade e segurança dos trabalhadores. Além desses fatores, o canteiro de
obras compreende as áreas em torno da edificação (contidas dentro limites do terreno), as áreas
dentro da própria edificação e os demais locais destinados ao apoio e à realização dos serviços
ligados à execução da obra.
Assim, o canteiro de obras contém um tipo de estrutura organizacional bastante dinâmica
e flexível. Durante o desenvolvimento do edifício, o canteiro de obras assume características
distintas em função dos operários, empresas, materiais e equipamentos presentes nele. O projeto
do canteiro de obras é o serviço integrante do processo de construção, responsável pela definição
do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas e temporárias, e das vias de
circulação, necessárias ao desenvolvimento das operações de apoio e execução, durante cada fase
32
da obra, de forma integrada e evolutiva, de acordo com o projeto de produção do
empreendimento, oferecendo condições de segurança, saúde e motivação aos trabalhadores, e
execução racionalizada dos serviços.
Planejar, no universo da construção civil, pode ser definido como o ato de preparação para
qualquer tipo de empreendimento, por meio de roteiros e métodos determinados, tendo em vista
os objetivos a serem alcançados.
Planejar é, pois, pensar antes de agir, levar o futuro em consideração, olhar para frente, refletir sobre o futuro, não passivamente, mas preparando-se para o inevitável, prevenindo o indesejável e controlando o que for controlável. Planejar é o oposto de improvisar: é não se deixar levar pelas circunstâncias (...). Planejar, em oposição envolve, fazer acontecer. (YÁSIGI, 2000.p.102).
No âmbito do canteiro de obras, entende-se que o processo de planejamento visa à
obtenção da melhor utilização do espaço físico disponível, possibilitando que trabalhadores e
equipamentos executem suas tarefas com segurança, eficiência e eficácia.
O projeto de canteiro representa uma ferramenta de extrema importância no
gerenciamento da obra, pois afeta o tempo de deslocamento de trabalhadores e materiais e
conseqüentemente na execução das atividades e da produtividade total da obra. Assim, o canteiro
de obras tem o objetivo de propiciar a infra-estrutura necessária para a execução de um edifício
utilizando os recursos disponíveis, sendo este a base que pode tornar a execução mais eficiente e
eficaz, em função do projeto e da forma de gerenciar, além da sua organização e do seu arranjo
físico (SILVA, 2007).
O projeto do canteiro de obras, portanto, deve incorporar os requisitos de produção,
exigidos pelas inovações tecnológicas introduzidas, contribuindo assim, para a melhoria do
processo de produção do edifício, por meio da organização e do adequado posicionamento dos
elementos do canteiro, e dos recursos necessários para a produção.
Os projetos para produção e de canteiro são os instrumentos que permitem a construtora planejar e desenvolver eficientemente a logística no canteiro de obra. As informações neles contidas subsidiam o planejamento, a operação e a verificação das atividades logísticas na construção de edifícios (abastecimento, armazenamento, processamento disponibilização de recursos materiais), informando quando, onde e como as atividades de produção serão realizadas, indicando a quantidade de insumos a ser utilizada em cada etapa, permitindo a
33
programação da mão-de-obra e auxiliando no desempenho do sistema de informações. (OLIVEIRA, 2003.p98.)”.
Para SILVA (2000) a logística de canteiro está relacionada com o planejamento e gestão
de fluxos físicos e de informações relevantes na execução das atividades dentro do canteiro. O
autor também define as principais gestões que deve ocorrer no canteiro de obras que inclui: a
gestão do fluxo físico ligado à execução; gestão de interface de agentes que interagem no
processo de produção de uma edificação e gestão física da praça de trabalho.
Visando uma correta utilização do espaço disponível, para um melhor aproveitamento de
operários e máquinas envolvidos na produção, o planejamento do canteiro de obras deve atingir
objetivos divididos em duas categorias principais, segundo SAURIN e FORMOSO (2006) apud
TOMMELEIN (1990):
• Objetivo de alto nível – O canteiro opera de forma eficiente e segura, mantendo
alta a motivação dos funcionários, por meio de condições de trabalho adequadas
referente ao conforto e segurança.
• Objetivo de baixo nível – O foco principal é a minimização de distâncias de
transporte, tempos de movimentação de pessoal e materiais, manuseios de
materiais.
Não existe uma fórmula com uma solução rápida e fácil para a elaboração do arranjo do
canteiro de obras, visto que cada projeto consiste em um evento novo e único, porém por meio de
pesquisas desenvolvidas e análise de experiências passadas, estudiosos apresentam alguns
critérios básicos para o desenvolvimento do projeto do canteiro. O bom senso e a adequação às
condições e características do terreno e da obra ainda é um fator determinante para o adequado
planejamento e funcionamento das instalações do canteiro de obras. RODRIGUES (2005)
acrescenta que para a definição do melhor posicionamento das instalações, na maioria das vezes,
é utilizada a experiência pregressa do gerente da obra.
Alguns atores exemplificam o assunto como um caso de otimização combinatória discreta,
ou seja, se forem considerados “n” unidades de apoio, o número de arranjos possíveis para o
canteiro de obras será de “n!”. Portanto, para um adequado planejamento do canteiro de obras, é
necessário escolher dentre os arranjos possíveis aquele que melhor atende a execução das
atividades da obra.
34
3.2 PLANEJAMENTO DE OBRAS
As atividades de construção do empreendimento devem ser cuidadosamente definidas
para que se possam projetar o canteiro de obras. O setor responsável pela gestão de processos
determina metas, objetivos, além de meios (equipamentos e mão de obra) e caminhos (fluxo da
produção) necessários para a execução. Essa etapa no processo de produção é definida com a
participação de diversos agentes que atuam diretamente na obra, tendo como resultado
documentos e planos das decisões tomadas.
Em alguns casos, o estudo do planejamento da obra e do canteiro no próprio local de
implantação e com a participação dos envolvidos tem como objetivo, além de evitar decisões
unilaterais pela equipe de produção no momento de execução, agregar valores, visto que a
experiência e conhecimentos práticos são de grande ajuda no aumento de informações para as
equipes que elaboram o projeto do canteiro de obras.
Essas equipes geralmente são formadas pelos principais subempreiteiros, fornecedores,
engenheiros de planejamento, mestre-de-obras, engenheiros residentes. (SILVA, 2000).
VALADARES (2004) acrescenta que planejar demanda muito tempo para sua elaboração,
requisitando profissionais com larga experiência específica, representando um trabalho árduo,
mesmo para aqueles de considerável experiência. Portanto, quando elaborado somente no
escritório por equipes afastadas dos problemas a serem enfrentados no dia a dia da obra,
certamente conterá imperfeições, sendo recebido com reservas por aqueles que não puderam
participar.
De forma prática e direta, VALADARES (2004) propõe os seguintes questionamentos,
que deverão ser realizados antes da inicialização do planejamento do canteiro de obras:
• O que será produzido – Produtos e serviços resultantes das atividades.
• Quantidade que deverá ser executada – Quantidade de serviço que pode ser
expressa em volume, peso, número de peças, etc.
• Qual o período de tempo para execução – Tempo de duração dos serviços, com
data de início e término previstos.
35
• Quais as condições gerais de trabalho – Análise de localização da obra ou
serviço quanto às dimensões, análise de acessos, meios de transportes, condições
climáticas, mão de obra, recursos como água, esgoto, energia elétrica,
combustível, suprimentos, comunicações.
Também é necessário conhecer o tipo de execução da obra, definindo em seguida as
operações e os centros de produção e vivência de forma adequada e integrada ao processo de
produção.
SILVA (2000) baseado em CARDOSO (1996) exemplifica onze etapas para o
planejamento da construção, sendo:
1.Constituição de equipes de preparação e acompanhamento
2.Compreensão e revisão da estrutura do empreendimento (Definição de fases de
execução, início das obras e comunicação com redes de concessionárias)
3.Elaboração de um macro-planejamento de execução
4.Definição de princípios e organização e comunicação entre envolvidos
5.Revisão dos projetos e identificação de pontos críticos (identificação de
quantitativo de materiais, equipamentos, mão de obra em cada fase da obra).
6.Elaboração dos projetos de produção e cronograma de execução
7.Síntese das atividades críticas e momentos de controle externo e interno.
8.Levantamento de interfaces técnicas e organizacionais entre serviços
9.Elaboração do projeto de canteiros.
10. Elaboração de documentos de suporte e planejamento de execução.
11. Aprovação de estudos realizados, divulgação e treinamento de mão de obra.
Além da elaboração detalhada dos objetivos, recursos e atividades que serão necessárias
para a execução, deverão ser cuidadosamente analisadas as características do local onde será
implantada a construção, pois o tamanho das instalações do canteiro e a rede de transportes
vertical e horizontal serão projetadas de acordo com o espaço físico disponível, localização da
obra e sistemas construtivos, dentre outros.
Vale ressaltar que constantemente essa etapa do planejamento é descartada, seja por falta
de cultura, pelo fato dessa etapa dificilmente ser remunerada, ou pelo prazo curto para execução,
que impede uma dedicação de tempo adequada a essa atividade. Com essa negligência algumas
36
decisões importantes são tomadas no decorrer do processo de produção e alguns requisitos
necessários de organização e segurança não são corretamente utilizados.
Esse fato é abordado por SAURIN; FORMOSO (2006.p 45.), que
embora seja reconhecido que o planejamento do canteiro desempenha um papel fundamental na eficiência das operações, cumprimento de prazos, custos e qualidade da construção, os gerentes geralmente aprendem a realizar tal atividade somente através da tentativa e erro, ao longo de muitos anos de trabalho.
TOMMELEIN (Apud SAURIN, FORMOSO 2006) conclui que raramente ocorre um
método definido de planejamento do canteiro, constatando por intermédio de pesquisas que os
gerentes de obra elaboram seu plano baseado na experiência empírica, no senso comum e na
adaptação de projetos anteriores para as situações atuais.
Segundo HEINECK apud LIBRELOTTO (2000) são conhecidos através de estudos de
canteiros de obras uma série de atitudes gerenciais que levaram a melhoria do desempenho do
esforço construtivo, assim como também foram desenvolvidas muitas técnicas de análise e
medição do trabalho que potencialmente diminuem o desperdício, a imobilização de capital, o
conteúdo de mão-de-obra das tarefas, a dispersão do esforço produtivo e os retrabalhos. Estas
estratégias envolvem: programação da obra; gestão clássica da produtividade; organização do
posto de trabalho, motivação e treinamento de recursos humanos; e a adoção de novas
tecnologias e procedimentos de trabalho.
3.3 PROJETO DO CANTEIRO DE OBRAS
Após a elaboração do planejamento da obra, tem início o processo de elaboração do
projeto do canteiro de obras, FERREIRA E FRANCO (1998) define essa fase como:
o projeto do canteiro de obras é o serviço integrante do processo de construção, responsável pela definição do tamanho, forma e localização das áreas de trabalho, fixas e temporárias, das vias de circulação necessárias ao desenvolvimento das operações de apoio e execução, durante cada fase da obra, de forma integrada e evolutiva, de acordo com o projeto de produção do empreendimento, oferecendo condições de segurança, saúde e motivação aos trabalhadores.(FERREIRA E FRANCO, 1998.p58.)
37
Segundo VALADARES (2004) o projeto de canteiro de obras pode ser sintetizado nas
seguintes etapas:
1.Definição das instalações fixas: as centrais de preparação ou transformação de
materiais
2.Definição das instalações móveis: veículos, guindastes, gruas e outros
equipamentos móveis.
3.Identificação de infra-estrutura: vias de acesso, circulação de pessoas,
equipamentos e materiais.
4.Definição de alojamentos, oficinas, depósitos, escritórios, etc.
5.Identificação de abastecimento de energia elétrica, água, etc.
6.Análise do projeto detalhado para a execução
7.Estabelecimento das equipes de construção e sua estrutura de trabalho
8.Estabelecimento dos meios de gerenciamento e controle da obra.
Cada tipo de execução adotada apresenta uma técnica e, logo, um determinado processo
para a execução que influencia diretamente o tipo de canteiro que será planejado. O custo de cada
alternativa deverá ser cuidadosamente analisado e selecionado.
O projeto do canteiro de obras visa o melhor aproveitamento da área disponível para sua
implantação e apoios das atividades de construção. De acordo com a literatura especializada a
otimização de um canteiro de obras consiste em setorizar e organizar espacialmente a forma de
arranjar e dispor os materiais, funcionários, equipamentos e instalações necessárias ao processo
de produção fazendo ocorrer a devida realização de cronogramas de execução e racionalizando os
recursos materiais (insumos, equipamentos e ferramentas), recursos humanos e financeiros.
Na literatura corrente encontram-se diversas ferramentas para a elaboração do projeto de
canteiro de obras. SILVA (2000), por exemplo, propõe o uso da ferramenta SLP (Systemat
Layout Planning) desenvolvida por MUTHER (1998). Esse plano é formado por quatro etapas
gerais: localização, arranjo físico geral, arranjo físico detalhado e implantação.
Alguns princípios básicos deverão ser analisados ao se proceder o projeto do canteiro de
obras, são eles segundo LIMMER (1987):
38
• Integração: os elementos que formam a cadeia de produção devem estar
harmonicamente ligados, pois a falha de um desses componentes poderá resultar
na ineficiência do todo.
• Minimização de distâncias: as distâncias de todos os elementos que compõem a
produção deverão ser reduzidas ao mínimo possível.
• Disposição eficiente de áreas de estocagem e de locais de trabalho.
• Atenção ao uso dos espaços: Nos depósitos, escritórios, por exemplo, fazer uso
das três dimensões (por exemplo, uso de jirau).
• Produtividade: Condições adequadas de trabalho e de segurança aumentam a
produtividade.
• Flexibilização: Devido a característica de dinamismo do processo de construção,
as instalações deverão sempre que possível se adequar ao momento do processo
produtivo.
Além desses fatores, algumas características particulares da obra deverão ser analisadas,
como: o tamanho da construção, o tipo e natureza da obra (industrial, residencial, etc),
localização (dentro do perímetro urbano, facilidades ou dificuldades de vias de acesso, etc),
diversificação dos tipos de materiais e elementos construtivos (para prevenção de depósitos e
linhas de produção), identificação das empresas especializadas que participarão da obra (para
definição de espaços necessários), e condições da mão de obra no mercado de trabalho (para
determinação de utilização ou não de alojamentos).
Na maioria dos projetos de canteiros de obra, o setor responsável por sua elaboração
estuda inicialmente as plantas de situação e pavimento térreo dos projetos de arquitetura, visando
retirar informações quanto à localização da edificação, acidentes naturais do terreno,
identificação do entorno e áreas disponíveis no terreno para o uso das instalações do canteiro.
Quanto à área útil disponível SAURIN e FORMOSO (2006) definem os principais tipos
de canteiros, de acordo com sua forma de implantação:
39
TIPOS DE CANTEIROS CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS
1. RESTRITOS Terreno é ocupado em sua totalidade pela construção ou uma alta percentagem deste. Possui acessos restritos
Construções em áreas centrais da cidade, ampliação ou reformas.
2. AMPLOS Terreno é ocupado por uma parcela pequena pela construção Possui acessos para veículos, áreas para armazenamento e acomodação de funcionários.
Construção de áreas industriais, conjuntos habitacionais, entre outras.
3. LONGOS E ESTREITOS São restritos em apenas em uma das dimensões com acessos disponíveis em poucos pontos
Construção de estradas de ferro e rodagem, Redes de gás e petróleo, alguns casos em zonas urbanas
Quadro 4: Tipos de Canteiros
Fonte. Adaptado SAURIN e FORMOSO (2006)
Nas áreas urbanas os canteiros do tipo restrito são os mais comuns. Geralmente, os
responsáveis pelo seu planejamento encontram bastante dificuldade para a locação devido ao
acesso difícil e existência de subsolos que ocupam grande parte ou ás vezes a totalidade do
terreno. Esse tipo de terreno exige uma grande atenção no planejamento e soluções alternativas
para a implantação do canteiro, como:
• Em áreas disponíveis que sejam pequenas, prioriza-se a locação da área de
produção no terreno. Serviços de escritório, stand de vendas e alojamentos são
locados em residências ou terrenos vizinhos ou próximos ao local da obra.
• Se o espaço para área de produção for insuficiente, a alternativa é a locação de
área adjacente ou o mais próximo possível do terreno.
Essas alternativas geram custos adicionais e só devem ser utilizadas após um minucioso
estudo de forma a se ter uma relação do custo/benefício adequada.
Terrenos amplos que possuem grandes áreas para a locação do canteiro de obras
necessitam de uma atenção especial, pois podem levar a desorganização e aumento de distâncias
a serem percorridas pelos funcionários, equipamentos e materiais, gerando aumento de custos
desnecessários.
40
A literatura sobre o tema aconselha duas medidas que devem ser seguidas no
planejamento: iniciar a obra pela fronteira mais difícil, que possui como característica a
existência de muros de arrimo, vegetação de grande porte e desníveis acentuados e criação de
espaços utilizáveis no nível do terreno.
(...)a aplicação prática dessa regra envolve decisões relativamente simples, que, devido á pouca atenção dada ao planejamento do canteiro, não são objeto de um estudo mais criterioso. Pode-se criar como exemplo a decisão de construir a obra dos fundos para frente ou vice-versa, e a decisão acerca de qual parcela do prédio construir primeiro, no caso de edificações cuja construção é dividida em etapas defasadas de tempo. Decisões semelhantes a estas influenciam diretamente o planejamento do canteiro, devendo, portanto, considerar suas necessidades (SAURIN, 2001.p.34)
Uma outra característica dessa fase de planejamento, que deverá ser cautelosamente
estudada, são as edificações vizinhas ao canteiro de obras. É recomendável a realização de uma
vistoria técnica aos imóveis que fazem limite à área do terreno da obra em questão como medida
preventiva. Essa vistoria avalia condições gerais dos imóveis antes do início da construção, além
de riscos e prejuízos que poderão ocorrer a terceiros no decorrer do tempo da obra, evitando
assim, possíveis danos e custos inesperados.
Essa característica demonstra a importância do planejamento da obra antes da elaboração
do projeto do canteiro que devem ser tomadas com a participação de todos os envolvidos na
construção do empreendimento. O que se vê, geralmente, são as instalações provisórias alocadas
em segundo plano às instalações permanentes da edificação, o correto seria o planejamento do
canteiro de obras integrado às instalações permanentes.
Durante o processo de elaboração do projeto do canteiro de obras, a definição do layout
assume importância significativa, por possibilitar a otimização do uso do espaço disponível, a
melhoria dos fluxos de produção e a minimização de distâncias.
SAURIN (2002) defende que o projeto de layout do canteiro de obras tenha integração
com os outros projetos (arquitetônico, estrutural, hidrossanitário e elétrico) buscando a
racionalidade da produção e desenvolvimento do canteiro. O autor salienta, principalmente, a
relação do projeto de canteiro com o projeto arquitetônico, refletindo que pequenas mudanças,
que não afetam o projeto original, muitas vezes podem garantir uma maior funcionalidade do
41
canteiro de obras, “(...) como, por exemplo, a largura de uma rampa, que poderia ser
dimensionada para permitir o acesso de caminhões até a área de armazenamento”.
NÓBREGA (2000) afirma que o correto dimensionamento e estudo da localização física
dos recursos a serem utilizados na transformação de bens, tem por objetivo eliminar os pontos
críticos de produção, diminuir tempos gastos em deslocamentos e transportes, maximizando a
quantidade de mão de obra, equipamentos, materiais e insumos a serem utilizados por unidade de
espaço.
SLACK (2000) define os objetivos gerais do arranjo físico, sendo:
• Segurança – Alguns itens devem ser cumpridos como: acesso à área de produção
apenas para pessoas devidamente autorizadas, passagens devem ser claramente
marcadas e de livre circulação.
• Clareza de fluxo – O fluxo de materiais e equipamentos devem ser sinalizados
de forma evidente.
• Conforto da mão de obra – Deve-se promover, um ambiente de trabalho bem
ventilado, iluminado, com o mínimo de ruídos possível.
• Coordenação de mão de obra – Supervisão e Coordenação devem ser facilitadas
pela localização de mão de obra e dispositivos de comunicação.
• Acessos – Máquinas e instalações devem ser acessíveis para a constante limpeza
e manutenção
• Uso do espaço – Uso adequado do espaço físico disponível, preferencialmente
em suas três dimensões.
• Flexibilidade de longo prazo – O arranjo físico deve ser projetado para
acompanhar facilmente todas as mudanças decorrentes de necessidades futuras
quanto à evolução da obra.
Com o alcance desses objetivos, tem-se como resultado um arranjo físico mais eficiente
que promove a segurança e a satisfação dos funcionários, portanto os resultados do estudo e
implantação do arranjo físico, podem ser traduzidos pela obtenção de um ambiente de trabalho
adequado, com diminuição de riscos para saúde e segurança do funcionário, aumento de
42
satisfação e incentivo ao funcionário, melhoria na aparência da área de trabalho, maior produção
em tempo menor, redução de manuseios e espaço percorrido, economia no espaço, otimização do
tempo para a produção, maior facilidade na supervisão da obra, menores danos ao material e
equipamentos e ajustamento facilitado para as mudanças no canteiro de obras;
BORBA (1999) apresenta algumas questões que auxiliam na análise crítica das
necessidades que devem ser supridas no canteiro de obras e planejadas juntamente com o projeto
de arranjo físico, considerando-se projetos anteriores:
a) Obsolescência das Instalações
- Novos produtos ou novos serviços estão sendo projetados?
- Estes produtos exigirão modificações no método de trabalho, fluxo de materiais ou
equipamentos em sua fabricação?
- Haverá utilização de novas áreas de estocagem?
b) Redução dos Custos de Produção
- Haverá corte de pessoal e/ou paradas de equipamentos e diminuição de
movimentação de materiais?
c) Variações de Demanda
- A volume de produção atual satisfaz as estimativas de produção desejada?
- Os equipamentos de transporte e manuseio serão suficientes?
d) Condições Inseguras
- Há espaço para tráfego e operação de máquinas?
- O tipo de piso é adequado para a atividade?
e) Manuseio Excessivo
- Os materiais percorrerão grandes distâncias?
Essas questões auxiliam a tomada de decisões sobre as mudanças e adaptações necessárias
para o correto funcionamento das áreas de trabalho. É fundamental a escolha do tipo de processo
construtivo que será aplicado, para haver a definição do tipo de arranjo que se desenvolverá.
43
O tipo de arranjo físico mais adequado aos processos de construção civil é o Arranjo
Físico Posicional ou Fixo (Project Shop) no qual o produto final permanece fixo e são os recursos
necessários para sua fabricação que convergem para ele. O número de itens finais da produção
normalmente, não é muito grande. Porém o tamanho do produto final e de seus componentes
variam de tamanho intermediário a grande. Esse tipo de arranjo está representado no esquema
abaixo:
Produto
Componentes principais
Ferramentas
Operário Equipamento
Peças
Figura 3: Esquematização do Arranjo Físico Posicional
Fonte: Adaptado VALADARES (2004)
Esse tipo de arranjo físico se caracteriza pelos seguintes fatores:
• Produto fabricado em grandes proporções
• Poucas unidades fabricadas
• Produto permanece fixo
• Equipamentos de alta flexibilidade
No estudo desse tipo de arranjo é primordial uma atenção especial para a questão do
acesso, pois a quantidades de agregados geralmente é volumosa e não podem ser alocados de
uma só vez, devido à problemática de custos e espaço. Logo, a chegada de recursos e insumos
devem ser planejadas, promovendo a integração entre a logística de recebimento e o
funcionamento do canteiro de obras.
No arranjo físico posicional a localização dos recursos não é definida com base no fluxo
dos recursos em transformação ou transformados, mas sim nos recursos transformadores. Assim,
o objetivo principal desse tipo de arranjo é promover a otimização do fluxo dos recursos
transformadores.
44
Nesse caso, no canteiro de obras, o projeto detalhado de alguns arranjos físicos pode se
tornar uma atividade crítica, caso o programa de atividades seja freqüentemente alterado. Com
isso, a eficácia de um arranjo físico posicional está ligada à programação de acesso ao canteiro e
à confiabilidade das entregas deixando-o sujeito a modificações no planejamento e controle mais
eficaz do projeto.
3.3.1 Tipologia das Instalações Provisórias
Segundo SAURIN e FORMOSO (2006) os critérios que devem ser analisados para a
escolha da tipologia mais adequada de canteiro são:
• Custo da aquisição
• Custo da implantação
• Custo da manutenção
• Possibilidade de reaproveitamento
• Durabilidade
• Facilidade de montagem e desmontagem
• Isolamento térmico
• Impacto visual
Os valores representativos da cada critério apresentado variam conforme as necessidades
de cada obra. As principais tipologias utilizadas são a chapa de compensado, sistema de
containeres e instalações em alvenaria. Esse último tipo é implantado quando as instalações
provisórias se transformam em instalações permanentes após o fim da construção.
Os sistemas atuais que utilizam a chapa de compensado buscam a facilidade de montagem
e desmontagem, além do seu reaproveitamento. Esse sistema racionalizado é constituído por
módulos de chapa de compensado, com espessura superior a 14mm, ligados por parafusos,
dobradiças ou encaixes.
SAURIN e FORMOSO (2006) acrescentam que os seguintes fatores devem ser
observados na concepção desse tipo de instalação:
• Proteção das paredes do banheiro contra umidade;
• Previsão de módulos especiais para portas e janelas;
• Coberturas das instalações feitas com telhas de zinco;
45
• Pintura dos módulos nas duas faces, selamento dos topos das chapas de
compensado;
• Previsão de montagem em dois pavimentos (útil em canteiros restritos)
Muito comuns em países desenvolvidos, o uso dos containeres remete às obras industrias
ou de grandes empreendimentos.
A principal reclamação a esse tipo de instalação é quanto a temperatura interna em dias
quentes. A opção pela compra de containeres com isolamento térmico eleva o seu custo e,
portanto, são raramente utilizadas. Algumas soluções simples como uso de pintura externa em cor
branca, execução de telhado sobre o container e, conforme a NR-18, uma ventilação natural de,
no mínimo, 15% da área do piso, composta por, no mínimo, duas aberturas, podem minimizar o
problema (SAURIN e FORMOSO, 2006).
As principais vantagens desse tipo de sistema é o reaproveitamento total de suas
instalações, rapidez no processo de montagem e desmontagem e a os diversos arranjos internos
que podem ser formados. No mercado existem as possibilidades de venda ou aluguel e as
medidas usuais variam entre 6,0 x 2,4m ou 12,0 x 2,40, com 2,60m de altura padrão.
As instalações provisórias executadas em alvenaria geralmente são projetadas de forma
que essas sejam integradas ao produto no término dos serviços.
3.3.2 Elementos que compõem um canteiro de obras
De forma geral os elementos que compõe o canteiro de obras referentes à produção são:
• Central de Argamassa;
• Central de Armação;
• Central de formas;
• Central de pré-montagem de instalações;
• Central de Esquadrias;
• Central de Pré-Moldados
Quanto aos elementos de apoio a produção, tem se:
• Almoxarifado de ferramentas;
• Estoque de areia;
46
• Estoque de argamassa;
• Estoque de cal;
• Estoque de cimento;
• Estoque de conexões;
• Estoque de esquadrias;
• Estoque de tintas;
• Estoque de metais;
• Estoque de louças;
• Estoque de aço;
• Estoque de compensado para formas;
Quanto ao transporte pode-se classificar em:
a) Sistema de transporte com decomposição de movimento:
• Na horizontal – Carrinho, jerica, porta-pallet, bob-cat
• Na vertical – Guincho de coluna, elevador.
b) Sistema de transporte sem decomposição de movimento:
• Gruas
• Bomba de argamassa, de concreto.
• Guindastes sobre rodas, esteiras.
Como outros elementos de composição do canteiro tem-se:
a) De apoio técnico administrativo
• Escritório engenheiro
• Sala de reuniões;
• Escritório do mestre e técnico;
• Escritório Administrativo;
• Guarita;
b) Áreas de Vivência
• Alojamento;
• Cozinha;
• Refeitório;
• Ambulatório;
47
• Sala de treinamento;
• Instalações Sanitárias;
• Vestiário;
• Lavanderia
3.3.3 Fatores a serem considerados na elaboração do projeto de arranjo físico do canteiro
Os principais fatores na elaboração do planejamento do arranjo físico são: material,
equipamentos, mão de obra, estocagem, movimentação de pessoal, máquinas e produtos, serviços
complementares, adaptação a mudanças, estrutura da edificação.
a) Material – Todos os tipos de materiais envolvidos na produção (matéria –
prima, em processo, embalagens, e outros) deverão ser analisados previamente
quanto suas dimensões, pesos, características físicas e químicas.
Segundo BORBA (1999) deve-se procurar:
� -que o fluxo do material seja de acordo com o processo;
� -diminuir o manuseio dos produtos (menos riscos de acidentes);
� - diminuir o percurso dos produtos e mão de obra
b) Equipamentos – Todas as informações sobre dimensões, manutenção,
controle e transporte, devem ser analisadas para sua correta utilização quanto
ao dimensionamento da área de locação e sua função no processo. As
informações principais a serem adquiridas são:
- identificação do equipamento (nomes, tipo, acessórios);
- dimensões e peso;
- áreas necessárias para operação e manutenção;
- operadores necessários;
- suprimento de energia elétrica, gás, água, ar comprimido, vapor, etc.;
- periculosidade, ruído, calor, etc.;
48
- possibilidade de desmontagem das máquinas;
- ocupação prevista para a máquina;
- características operacionais: tipos de operação e velocidade.
c) Mão de Obra – Inclui a análise de todos os recursos humanos envolvidos
direta e indiretamente na execução do empreendimento, assim como as
atividades que cada um desenvolverá e as áreas necessárias para a execução de
suas funções. Há a necessidade da obtenção das seguintes informações:
� Condições de trabalho em geral: iluminação, barulho, vibração, limpeza,
segurança, ventilação.
� Quantitativo das pessoas envolvidas nas diferentes fases da execução da
obra;
� Em função do número de pessoas dimensionar o banheiro, vestuário,
serviços auxiliares (restaurantes e/ou refeitório), bebedouros;
� Em função do fluxo das pessoas posicionar o banheiro, vestuário, etc.;
d) Estocagem – O armazenamento de todos os materiais – incluindo os que se
encontram em processo – relativo aos seguintes aspectos: localização,
dimensões, métodos de armazenagem de acordo com cada tipo de produto e
seus cuidados especiais necessários.
Devem ser estudados, de acordo com BORBA (1999)
� dimensionamento em função do material (em processo e final);
� dimensionamento dos corredores do depósito;
� diminuição da estocagem em processo;
� dimensionamento dos corredores do depósito;
� distância das prateleiras com paredes, etc.
49
e) Movimentação de pessoal, equipamentos e produtos: Esse fator possui
maior influência no arranjo físico, portanto cada necessidade deve ser
analisada cuidadosamente, como:
� Percurso seguido pelo material, máquinas e pessoal com as especificações
das distâncias;
� Tipos de transportes usados;
� Manuseio (freqüência, razão, esforço físico necessário, tempo utilizado);
� Espaço existente para a movimentação.
� Dimensionamento da largura do corredor em função dos equipamentos,
meio de transporte, etc;
� Segurança dos funcionários e visitantes;
� Acesso aos meios de combate de incêndio, meios auxiliares, etc.
f) Serviços complementares – Análise aos espaços destinados à manutenção,
controle e inspeção, escritórios, laboratórios, entre outros.
g) Adaptação a mudanças – Inclui as mudanças que afetam o ritmo da produção,
seja as esperadas (evolução da obra) ou inesperadas (equipamentos danificados,
baixa de estoque, falta de mão de obra, etc).
h) Estrutura da edificação – Estudo das áreas, estruturas, acessos, rampas,
escadas e outras características do edifício.
4 FATORES SIGNIFICATIVOS PARA O PLANEJAMENTO DO CAN TEIRO DE
OBRAS
4.1 SEGURANÇA NO CANTEIRO DE OBRAS
A indústria da construção civil continua a se destacar como um dos setores industriais
com os maiores índices de acidentes do trabalho. Logo, desenvolver estratégias para a análise,
compreensão e minimização dos riscos a saúde e segurança do trabalhador é de fundamental
importância para redução dos números de acidentes relacionados ao trabalho no canteiro de obras.
Na construção civil existem diversos fatores que predispõe os trabalhadores aos riscos de
acidentes durante a execução das atividades. Esses fatores estão relacionados com a segurança do
trabalho e contribuem para o aumento dos números nas estatísticas dos acidentes ocorridos nos
canteiros de obras.
Para estabelecer metas de segurança, as empresas construtoras estão cada vez mais
elaborando os seguintes programas: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA),
Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e o Programa de Condições e
Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), com o intuito de diminuir o
número de acidentes do trabalho e o aumento da qualidade, produtividade e satisfação dos
trabalhadores.
Além da proteção individual dos trabalhadores, por meio de EPI’s e EPC’s, existe o risco
da ocorrência dos acidentes devido quedas de material ou lesões nos pés, para isso existem as
proteções com barreiras nos perímetros da construção e a correta manutenção da organização do
canteiro de obras, especialmente nas áreas de circulação.(ESPINOZA, 2002).
51
O Ministério do Trabalho (2007) define acidente do trabalho como sendo “ aquele que
ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa, ou ainda, pelo serviço de trabalho de
segurados especiais, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause morte, a
perda ou redução da capacidade para o trabalho, permanente ou temporária”. No quadro a seguir
encontra-se a classificação dos acidentes de trabalho, segundo o Ministério do Trabalho:
Quadro 5: Classificação dos Acidentes de Trabalho
Fonte: Ministério do Trabalho (2007)
A empresa deve comunicar o acidente do trabalho, ocorrido com seu empregado, havendo
ou não afastamento do trabalho, até o primeiro dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de
morte, de imediato à autoridade competente, sob pena de multa variável entre o limite mínimo e o
teto máximo do salário-de-contribuição, sucessivamente aumentada nas reincidências, aplicada e
cobrada na forma do artigo 286 do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo
Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. (MINISTERIO DA PREVIDENCIA SOCIAL, 2008).
Ainda de acordo com o Ministério da Previdência e Assistência Social (2008), são
conseqüências de um acidente do trabalho: Afastamento Simples quando ocorre o recebimento de
atendimento e retorno imediato ao trabalho, Afastamento Temporário quando o acidentado com
afastamento para uma devida recuperação, por menos de 15 dias, Incapacidade Permanente
CLASSIFICAÇÃO CARACTERÍSTICAS
Acidente Típico Acidente decorrente da característica da atividade profissional
desempenhada pelo acidentado
Acidente de Trajeto Acidente acontecido no trajeto entre a residência e o local de trabalho, e
vice-versa.
Doença Profissional
ou do trabalho
Entende-se por doença profissional aquela produzida ou desencadeada
pelo exercício do trabalho peculiar a determinado ramo de atividade
constante do Anexo II do Regulamento da Previdência Social - RPS,
aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999; e por doença do
trabalho, aquela adquirida ou desencadeada em função de condições
especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente, desde que constante do Anexo citado anteriormente.
52
quando o trabalhador fica incapacitado de exercer a atividade profissional e óbito quando ocorre
o falecimento do acidentado.
Segundo FALCÃO E ROUSSELET, citado por ETCHALUS (2006), o acidente do
trabalho, em sua maior parte poderia ser evitado através de um adequado planejamento,
gerenciamento dos processos de produção de execução.
O acidente de trabalho é um evento não desejado, podendo resultar em danos físicos e/ou
funcionais, ou morte, além de perdas materiais e econômicas para a empresa. A ocorrência de um
acidente de trabalho, por menor que seja sua conseqüência ao trabalhador, resulta em alterações
da rotina de trabalho.
Assim o acidente de trabalho atinge a produtividade da empresa, seja nas horas paradas,
ou nos gastos com auxílio ao acidentado, além da perda de materiais e conseqüentemente elevado
o custo do processo da produção.
4.1.1 Principais Causas dos Acidentes
É necessário compreender as diferenças entre atos inseguros e condição insegura. No ato
inseguro o trabalhador, geralmente consciente de suas ações, desobedece as normas de segurança.
São exemplos de atos inseguros: o não uso de cinto de segurança, capacetes.
Na condição insegura tem se um ambiente de trabalho que oferece perigo e/ou risco ao
trabalhador. Como exemplos, se têm: instalações elétricas inadequadas, máquinas em estado
precário de manutenção.
Um outro aspecto que pode acarretar um acidente é a falta de informação fornecida aos
trabalhadores. Essas informações deverão ser dadas constantemente através do chamado Diálogo
Diário de Segurança (DDS). Especificamente no canteiro de obras a sinalização dos riscos e
perigos deverá ser adequada e corretamente visível para a prevenção de acidentes.
Identificadas as características dos riscos e as atividades com maior índice de decorrência
de acidentes de trabalho, é possível a definição de ações para a prevenção de acidentes de
trabalho na construção civil, especificamente no canteiro de obras. Assim, estabelecer as etapas
necessárias para a execução de cada atividade, identificar os riscos e definir como cada risco será
53
controlado. A maior parte dos acidentes, segundo estatísticas, decorre de causas evitáveis, por
insuficiência ou falta de medidas e ações preventivas.
Além de proteções físicas, instituídas por Normas Regulamentadoras deve também haver
um adequado gerenciamento da segurança e saúde no trabalho. Após a conscientização dos
empresários responsáveis das conseqüências e impactos dos acidentes de trabalho para os
trabalhadores e para a própria empresa o empregador deve, segundo a literatura especializada
assegurar a proteção dos trabalhadores contra todo o risco que prejudique a sua saúde e que possa
resultar de seu trabalho ou das condições em que este se efetue; contribuir à adaptação física e
mental dos trabalhadores, em particular pela adequação do trabalho e pela sua colocação em
lugares de trabalho correspondentes às suas aptidões e contribuir ao estabelecimento e
manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos trabalhadores.
A incorporação de práticas de gestão de saúde e segurança no trabalho contribui para a
proteção contra os riscos no ambiente de trabalho, prevenindo e reduzindo acidentes e doenças e
diminuindo os custos. Com isso, a empresa torna-se mais competitiva e formando a consciência
coletiva de respeito a integridade física e melhoria continua dos ambientes de trabalho.
Com a reformulação da Norma Regulamentadora n 18 – NR 18, do Ministério do
Trabalho, os canteiros de obras passam a ter uma maior atenção. As mudanças estabelecidas
visam a garantia da segurança e adequadas condições de trabalho e vivencia ao trabalhador. As
regras antes contempladas como recomendações, passam a ser um conjunto de obrigações.
A NR-18 estabelece as condições básicas das atividades do canteiro, além de como devem
ser construídos os alojamentos, refeitórios, escritórios e etc, atendendo todas as necessidades,
como. Tamanho e áreas mínimas de ventilação, pé-direito. Vale salientar que as normas NB1367
e NBR 12284 da ABNT focam especificamente as Áreas de Vivencia em Canteiro de Obras.
É notório o fato de que, mesmo com o avanço proporcionado pela NR-18, quanto a
legislação e incentivo, a mesma ainda provoca dúvidas quanto a interpretação, sendo questionada
sua viabilidade técnica e econômica de algumas de suas exigências, tanto entre a fiscalização
quanto entre gerentes de obras. (SAURIN e FORMOSO 2003).
Visando contribuir para tornar a NR-18 mais clara, abrangente e coerente com as
necessidades do setor, teve inicio, em maio de 1999, uma pesquisa realizada por sete
54
universidades brasileiras (UFRGS, UPF, UFSM, UFBA, UNIFOR e CEFET - PB). Esse trabalho
tinha como objetivo o fornecimento de subsídios para o aperfeiçoamento da NR-18.
Neste trabalho foram levantadas as principais criticas quanto a NR-18, sendo a principal a
prescrição excessiva de muitas exigências, como a espessura dos colchões ou dimensões dos
armários nos alojamentos.
Por meio da aplicação de uma lista de verificação e realização de entrevistas com pessoas
responsáveis pelo planejamento do canteiro e que pusessem contribuir com a identificação de
deficiências na norma, a pesquisa apresentou os seguintes resultados.
Todas as exigências são viáveis de serem atendidas, sendo algumas regras mais cumpridas
do que outras, sendo os principais fatores para o não-atendimento são: caráter muito prescritivo,
desconhecimento da norma, dificuldades técnicas e custo de equipamentos.
• Algumas regras foram estabelecidas por critérios políticos e não por critérios
técnicos.
• A NR-18 necessita da elaboração de normas da ABNT complementares a ela,
• Ressalta-se a importância da Delegacia Regional do Trabalho - DRT, para o
aumento da compreensão e do nível de atendimento a norma.
4.2 GESTÃO AMBIENTAL E PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL
A Indústria da Construção Civil é grande geradora de impactos ambientais, como o
consumo descontrolado de recursos naturais, geração de resíduos, além do impacto visual, por
meio da modificação da paisagem.
Especialistas no assunto buscam respostas para a problemática ambiental, pesquisando
formas de conciliação das atividades de construção com o desenvolvimento sustentável
consciente.
De acordo com dados do SINDUSCON – Sindicato das Indústrias da Construção Civil, o
consumo de materiais pela construção civil nas cidades é pulverizado. Cerca de 75% dos resíduos
gerados pela construção nos municípios provêm de eventos informais (obras de construção,
reformas e demolições, geralmente realizadas pelos próprios usuários dos imóveis). O poder
público municipal deve exercer um papel fundamental para disciplinar o fluxo dos resíduos,
55
utilizando instrumentos para regular especialmente a geração de resíduos provenientes dos
eventos informais.
Segundo a literatura corrente, já existem construtoras que, a exemplo dos Sistemas de
Gestão da Qualidade, passaram a aplicar, como experimento, o chamado Programa de Gestão
Ambiental de Resíduos em Canteiro de Obras. Esse método parte do principio do
desenvolvimento de um planejamento das ações necessárias e suas diretrizes básicas. Esse
programa visa o desenvolvimento e implantação de políticas para gestão de resíduos, por meio de
informação, treinamento e capacitação das pessoas envolvidas. Faz-se, então, o acompanhamento
da evolução do processo por meio de relatórios ou check-lists. Finalmente, as avaliações
efetuadas redirecionam a tomada de ações corretivas e retroalimentacão do sistema de gestão.
Após as primeiras experiências, as construtoras participantes conseguiram incorporar
facilmente os novos conceitos ambientais aos procedimentos operacionais. As novas concepções
incluíam a busca pela redução, ou eliminação, de desperdícios, segregação de materiais para a
reutilização no próprio canteiro, encaminhamento de resíduos para reciclagem ou promover a
destinação adequada para as áreas licenciadas com a utilização de transportadores credenciados.
O SINDUSCON, que acompanhou o projeto experimental, afirma que os resultados foram
surpreendentes. Além da percepção da sensibilização e conscientização pelo assunto, percebeu-se
uma expressiva redução de resíduos gerados e proporcionou uma redução dos custos operacionais
das obras.
4.2.1 Gestão Ambiental no Canteiro de Obras
A questão do gerenciamento de resíduos está associada ao problema do desperdício de
materiais e mão-de-obra na execução dos empreendimentos. A preocupação expressa, inclusive
na Resolução CONAMA nº 307, com a não-geração dos resíduos deve estar presente na
implantação e consolidação do programa de gestão de resíduos.
Na problemática de não geração dos resíduos, existem importantes contribuições
propiciadas por projetos e sistemas construtivos racionalizados, além de práticas de gestão da
qualidade já consolidadas.
Diversos estudos sobre o tema identificam as principais contribuições da gestão do
canteiro de obras na busca pela não geração de resíduos, considerando:
56
� O canteiro de obras fica mais organizado e limpo;
� Havendo a triagem de resíduos, não acorrerá a mistura com insumos para a
produção;
� Possibilidade de reaproveitamento de resíduos antes do descarte;
� Com a quantificação e qualificação dos resíduos descartados, possibilita-se a
identificação de possíveis focos de desperdício de materiais.
A seguir serão abordados aspectos considerados na gestão de resíduos referentes a
organização do canteiro e aos dispositivos e acessórios indicados para a coleta diferenciada e
limpeza da obra, baseada, principalmente, em textos de pesquisas do SINDUSCON (2007). No
que se refere ao fluxo dos resíduos no interior da obra, são descritas condições para o
acondicionamento inicial, o transporte interno e o acondicionamento final. Há considerações
gerais sobre a possibilidade de reutilização ou reciclagem dos resíduos dentro dos próprios
canteiros. Finalmente, são sugeridas condições contratuais específicas para que empreiteiros e
fornecedores, de um modo geral, formalizem o compromisso de cumprimento dos procedimentos
propostos.
4.2.1.1 Organização do Canteiro
É importante salientar a correlação entre os fluxos e os estoques de materiais em canteiro
e o evento de geração de resíduos, portanto é de extrema importância.
• Acondicionamento adequado dos materiais – a adequada estocagem de diferentes
tipos de materiais devem obedecer aos seguintes critérios básicos:
1- Classificação;
2- Freqüência de utilização;
3-Empilhamento máximo;
4-Distanciamento entre as fileiras;
5- Alinhamento das pilhas;
57
6- Distanciamento do solo;
7- Separação, isolamento ou envolvimento por ripas, papelão, isopor etc. (no caso
de louças, vidros e outros materiais delicados, passíveis de riscos, trincas e
quebras pela simples fricção);
8- preservação da limpeza e proteção contra a umidade do local (objetivando
principalmente a conservação dos ensacados).
A correta organização dos espaços para estocagem dos materiais facilita a verificação, o
controle dos estoques e otimiza a utilização dos insumos.
• Planejamento da disposição dos resíduos - No âmbito da elaboração dos projetos de
canteiro, a disposição dos resíduos deverá ser equacionada, considerando os aspectos
relativos ao acondicionamento diferenciado e a definição de fluxos eficientes, conforme
abordam os próximos itens.
• Limpeza - As tarefas de limpeza da obra estão ligadas ao momento da geração dos
resíduos, à realização simultânea da coleta e triagem e à varrição dos ambientes. A
limpeza preferencialmente deve ser executada pelo próprio operário que gerar o resíduo.
Há a necessidade de dispor com agilidade os resíduos nos locais indicados para
acondicionamento, evitando comprometimento da limpeza e da organização da obra,
decorrentes da dispersão dos resíduos. Quanto maior for a freqüência e menor a área-
objeto da limpeza, melhor será o resultado final, com redução do desperdício de
materiais e ferramentas de trabalho, melhoria da segurança na obra e aumento da
produtividade dos operários.
• Fluxos dos resíduos - Devem ser estabelecidas condições específicas para
acondicionamento inicial, transporte interno e acondicionamento final de cada resíduo
identificado e coletado.
• Acondicionamento inicial - Deverá acontecer o mais próximo possível dos locais de
geração dos resíduos, dispondo-os de forma compatível com seu volume e preservando
58
a boa organização dos espaços nos diversos setores da obra. Em alguns casos, os
resíduos deverão ser coletados e levados diretamente para os locais de
acondicionamento final.
• Transportes Internos - Deve ser atribuição específica dos operários que se
encarregarem da coleta dos resíduos nos pavimentos. Eles ficam com a responsabilidade
de trocar os sacos de ráfia com resíduos contidos nas bombonas por sacos vazios, e, em
seguida, de transportar os sacos de ráfia com os resíduos até os locais de
acondicionamento final.
O transporte interno pode utilizar os meios convencionais e disponíveis: transporte
horizontal (carrinhos, gericas, transporte manual) ou transporte vertical (elevador de carga, grua,
condutor de entulho). As rotinas de coleta dos resíduos nos pavimentos devem estar ajustadas à
disponibilidade dos equipamentos para transporte vertical (grua e elevador de carga, por
exemplo).
SINDUSCON (2007) afirma que o ideal é que, no planejamento da implantação do
canteiro, haja preocupação específica com a movimentação dos resíduos para minimizar as
possibilidades de formação de “gargalos”.
• Acondicionamento Final - Na definição do tamanho, quantidade, localização e do tipo
de dispositivo a ser utilizado para o acondicionamento final dos resíduos deve ser
considerado este conjunto de fatores: volume e características físicas dos resíduos,
facilitação para a coleta, controle da utilização dos dispositivos (especialmente quando
dispostos fora do canteiro), segurança para os usuários e preservação da qualidade dos
resíduos nas condições necessárias para a destinação. No decorrer da execução da obra
as soluções para o acondicionamento final poderão variar.
É importante salientar que as soluções para a destinação dos resíduos devem apresentar o
compromisso ambiental e a viabilidade econômica, garantindo a sustentabilidade e a gestão
ambiental.
• Reutilização e reciclagem dos resíduos - Deve haver atenção especial sobre a
possibilidade da reutilização de materiais ou mesmo a viabilidade econômica da
59
reciclagem dos resíduos no canteiro, evitando sua remoção e destinação. O correto
manejo dos resíduos no interior do canteiro permite a identificação de materiais
reutilizáveis, que geram economia tanto por dispensarem a compra de novos materiais
como por evitar sua identificação como resíduo e gerar custo de remoção.
• Especificações técnicas dos dispositivos e acessórios.
a.) Bombona: recipiente com capacidade para 50 litros, com diâmetro superior de
aproximadamente 35 cm após o corte da parte superior. Exigir do fornecedor a lavagem e a
limpeza do interior das bombonas, mesmo que sejam cortadas apenas na obra.
b) Bag: recipiente com dimensões aproximadas de 0,90 x 0,90 x 1,20 metros, sem
válvula de escape (fechado em sua parte inferior), dotado de saia e fita para fechamento, com
quatro alças que permitam sua colocação em suporte para mantê-lo completamente aberto
enquanto não estiver cheio.
c) Baia: recipiente confeccionado em chapas ou placas, em madeira, metal ou tela, nas
dimensões convenientes ao armazenamento de cada tipo de resíduo. Em alguns casos a baia é
formada apenas por placas laterais delimitadoras e em outros casos há a necessidade de se criar
um recipiente estilo “caixa”, sem tampa.
d). Caçamba estacionária: recipiente confeccionado com chapas metálicas reforçadas e
com capacidade para armazenagem em torno de 4 m3. A fabricação deste dispositivo deve
atender às normas ABNT.
e) Sacos de ráfia: dimensões 0,90 x 0,60 cm. Normalmente são reutilizados os “sacos de
farinha” confeccionados em ráfia sintética. Os sacos de ráfia deverão ser compatíveis com as
dimensões das bombonas, de forma a possibilitar o encaixe no diâmetro superior.
f) Etiquetas adesivas: tamanho A4-ABNT com cores e tonalidades de acordo com o
padrão utilizado para a identificação de resíduos em coleta seletiva.
60
4.2.1.2 Preparação do Projeto de Gerenciamento de Resíduos
O Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil é um documento que,
conforme a Resolução CONAMA nº 307, deverá ser elaborado pelos geradores de grandes
volumes de resíduos, devendo ser apresentado ao órgão competente juntamente com o projeto da
obra.
O Projeto de Gerenciamento deve, de forma sumária, antecipar as orientações já descritas
nos itens anteriores sobre a Gestão Interna no canteiro, a remoção e a destinação dos resíduos,
dando atenção, explicitamente, às exigências dos seguintes aspectos da Resolução CONAMA nº
307:
• Caracterização: identificação e quantificação dos resíduos;
• Triagem: preferencialmente na obra, respeitadas as quatro classes estabelecidas;
• Acondicionamento: garantia de confinamento até o transporte;
• Transporte: em conformidade com as características dos resíduos e com as normas
técnicas específicas;
• Destinação: designada de forma diferenciada, conforme as quatro classes estabelecidas.
Os projetos de gerenciamento de empreendimentos e atividades sujeitos ao licenciamento
ambiental deverão ser apresentados aos órgãos ambientais competentes.
4.2.2 Produção Sustentável
A busca pela sustentabilidade no Setor da Construção Civil esta cada vez mais freqüente
no mundo. De acordo com RODRIGUES (2005) entre os grandes desafios da humanidade para o
século XXI, o tema “Mudanças Climáticas” é um dos mais urgentes. Para o ano de 2015, os 191
países membros das Nações Unidas comprometeram-se a cumprir oito objetivos, estabelecidos
pela Cúpula do Milênio, realizada na Assembléia Geral das Nações Unidas, em 8 de setembro de
2000, entre as quais, a de “Garantir a Sustentabilidade Ambiental”. Desta forma, percebe-se que
não há outro futuro que não seja o sustentável.
61
No Brasil, a percepção da importância de produções sustentáveis aumenta, principalmente
na região Sul do País, despertando o interesse de todos os setores ligados ao Setor.
Em novembro de 2008, o edifício Cidade Nova, localizado na cidade do Rio de Janeiro e
ocupado pela Petrobrás, tornou-se o primeiro prédio do segmento comercial a receber a
certificação de responsabilidade ambiental, emitida pela ONG americana Green Building
Councils. Essa certificação segue os preceitos definidos pela LEED – Leadership in Energy and
Environmental Design-, visto que o Brasil ainda não possui um sistema de certificação próprio.
Especialistas no assunto, afirmam que cada vez mais os consumidores darão preferência
para produtos e serviços desenvolvidos sob os parâmetros da sustentabilidade e respeito
socioambiental. Portanto, questões de eficiência energética, uso racional da água e gerenciamento
do lixo são alguns dos critérios de avaliação para a certificação. Porem, o processo de construção
da obra também é avaliado, com o intuito de garantir a qualidade ambiental antes, durante e
depois da obra.
Para garantir a sustentabilidade competitiva nos empreendimentos, é preciso investir na
metodologia do projeto na conscientização dos construtores e no controle dos processos.
4.3 SISTEMAS CONSTRUTIVOS
A evolução construtiva das edificações e das atividades da engenharia civil, nas próximas
décadas, será influenciada pelo desenvolvimento do processo de informação, pela comunicação
global, pela industrialização e pela automação. De acordo com RODRIGUES (2005) atualmente
esta realidade está sendo implementada, entretanto, há muito mais para ser realizado,
especialmente com respeito à eficiência dos processos construtivos atuais, desde o projeto da
edificação até o seu acabamento.
Logo, para se mudar a base produtiva na construção civil, com uso intensivo da força de
trabalho, para um modelo mais moderno, como, por exemplo, a pré-fabricação, torna-se
necessária a aplicação de uma filosofia industrial ao longo de todo o processo construtivo da
edificação.
Após anos de estagnação, a construção civil apresenta mudanças significativas no uso de
processos construtivos mais modernos e adequados ao desenvolvimento que ocorre em outros
paises. Apesar da consciência de que aumento da concorrência e a evolução tecnológica
62
pressionam as empresas para reavaliarem seus métodos e sistemas de produção em busca de
produtividade e competitividade, ainda ocorre resistências contra o uso de mudanças radicais no
sistema de construção. Muitas vezes, as empresas construtoras ainda optam pela utilização de
sistema de produção tradicionais.
A iniciativa privada tem investido recursos significativos na melhoria da qualidade dos
processos de projeto e produção, alem do desenvolvimento e comercialização de produtos
complementares na construção. Esses produtos, principalmente aplicados na chamada construção
seca, que consiste na utilização de estruturas de aço ou concreto pré-moldado, paredes de gesso
acartonado ou isopor revestido, coberturas com telhas contínuas, portas e janelas integradas e
padronizadas, sistemas elétricos e hidráulicos pré-embutidos, revestimentos externos de alumínio
ou plástico, banheiros pré-fabricados e louças sanitárias especiais. E importante salientar que
esses tipos de materiais de construção geram economia de tempo e de material e,
consequentemente, otimização do lucro.
Segundo COELHO (2005) no mesmo ambiente, novos sistemas construtivos estão sendo
implementados. Existem hoje, por exemplo, a estrutura moldada in loco, a metálica, a pré-
moldada em concreto, a metálica com pilar misto, a metálica com pilar pré-moldado, o light steel
framing- LSF. Conseqüentemente a normalização também é importante e deve regulamentar a
padronização e o dimensionamento com o apoio da mesma sociedade que demanda qualidade e
inovação.
Vale salientar, que o pensamento na escolha do uso de determinados materiais ainda e
determinado pelo custo financeiro. A diferença básica e na conscientização de que quanto menor
o prazo de conclusão da obra, menor o custo financeiro e risco para o cliente. RODRIGUES
(2005) afirma que, por exemplo, em três meses, mesmo que ela custe 20% mais cara do que a
construção tradicional, ela pode, no entanto, ser mais econômica no custo final, em função do
ganho de tempo.
Outro fator de extrema importância na escolha desse tipo de materiais diz respeito à
preocupação ambiental, por meio do controle sobre a produção das edificações para reduzir os
efeitos nocivos ao meio ambiente, implicando, desta forma, pela busca de novos sistemas
construtivos, uma vez que sustentabilidade, LCA – Life Cycle Assesment (ciclo de vida dos
materiais), Construção Limpa, são partes integrantes de conceitos para a efetiva valorização do
63
usuário nas intervenções humanas quanto à ocupação do meio físico (meio ambiente físico é o
lugar onde se vive, no qual o homem interage com os fatores naturais).
5. A EXPERIÊNCIA FRANCESA DE GESTÃO E PLANEJAMENTO DO CANTEIRO
DE OBRAS
A decisão de estudar os métodos praticados na França de gestão e organização de
canteiros de obras se justifica pelo fato de que diversos aspectos da construção civil brasileira se
assemelham aos da construção civil francesa. A prova disso é que vários programas brasileiros
como, por exemplo, o Programa de Qualidade na Habitação Popular – QUALIHAB, introduzido
pelo estado de São Paulo, teve inspiração no modelo francês de Qualification et Certification dês
Enterprises du Bâtiment – QUALIBAT e obteve boa aceitação e resultados.
O Centre Scientifique et Technique du Bâtiment – CSTB é um dos mais importantes
centros de pesquisa tecnológica do Setor de Construção do mundo. Estima-se que do seu
orçamento anual, para o desenvolvimento de seus trabalhos, 36% estejam ligados às atividades
tecnológicas, 32% às de pesquisa e desenvolvimento, 22% às de consultorias e 6% às de difusão
de informação. O CSTB atua em toda a Europa, por meio de cooperações e parcerias com os
principais centros tecnológicos em edificações, como por exemplo, a Association pour l’
Agrément Technique Européen – EOTA, Union Européenne pour l’ Agrément Technique dans la
Construction – UEAtc, além do Groupment d’Intérêt Economique Européen – ENBRI (European
Network of Building Research Institute.(RELATÓRIO DE ESTÁGIO, 2000).
No Brasil, o CSTB possui parcerias com a Universidade de São Paulo e com o Instituto de
Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT. Em 2000, por exemplo, ocorreu o início
da parceria entre o Brasil e França, por meio da Cooperação Técnica Bilateral Brasil-França para
o desenvolvimento do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade da Construção
Habitacional – PBQP-H.
65
Na França o CSTB analisa e emite certificados de aprovações técnicas de novas
tecnologias, avalia canteiros de obras experimentais, avalia e certifica a qualidade de serviços e
produtos, além de se preocupar com a difusão de informações, por meio de materiais de consulta
e cursos de qualificação e atualização de profissionais.
É importante ressaltar a presença intensiva de normalização técnica no Setor da
Construção Civil Francesa. De acordo com MELHADO (2006), existe um sistema rigoroso de
avaliação e normatização de produtos, além de normas técnicas e métodos que guiam as decisões
dos profissionais do Setor. Os sistemas de Seguros, que consiste em um Seguro-Construção que
auxilia na agilização dos processos em caso de sinistro, sendo obrigatório para todos os
profissionais e empresas que participem da produção do empreendimento, baseia suas decisões
sobre as apólices na normatização vigente.
Os Documents Techiniques Unifiés – DTU são documentos técnicos utilizados nas obras
de edifícios, criados em 1958, pelo Groupe de Coordination des Textes Techniques ou Groupe
DT , posteriormente transformado em Commission Générale de Normalisation du Bâtiment/DTU.
Este órgão inclui os escritórios do trabalho de normalização da construção, os principais centros
tecnológicos, além de representantes de empresários e indústrias de materiais de construção. Em
1990, o DTU passou a integrar um sistema formal de normas tornando-se necessária para a
normatização técnica européia integrada, para e adequar às regras da União Européia no que diz
respeito ao livre comércio.
O Sistema DTU é composto por uma séria de documentos que registram a prática
adequada de execução dos mais diferentes serviços e atividades da construção civil. Disponíveis
em CD-ROM, esses documentos são atualizados a cada 6 (seis meses), e mesmo não sendo de
usos obrigatório, é observada sua total inserção no Setor, pois define os procedimentos adequados
de técnicas executivas convencionais, desde o cálculo estrutural à prescrição de técnicas
construtivas. Conforme os CAHIERS DO CSTB (2008) os DTU consiste:
� Em Cahiers des Clauses Techniques (CCT), cadernos de normas técnicas que
indicam as condições técnicas que devem ser respeitadas pelas empresas durante
a aquisição de materiais de construção;
66
� Em regras de cálculos para o dimensionamento da estrutura da obra até as
condições de arranjo dos canteiros de obras;
� Em Cahiers des Clauses Spéciales, cadernos que acompanham a especificação
técnica e definem os termos técnicos e administrativos. Em particular, a fim de
eliminar as dificuldades na implementação do CCT, definindo também os
direitos e deveres das empresas.
Além dos DTU, existe a aplicação dos Eurocodes, que são normas elaboradas pelo
Comité Européen de Normalisation - CEN para concepção e cálculos de edifícios e obras de
engenharia civil em geral. Os Eurocodes serve como referência em 27 Estados-Membros da
União Européia. Redigidos entre os anos de 1990 e 2000, fazem parte dessa norma:
� EN 1990: Cálculo de Estruturas
� EN 1991: Cargas sobre as Estruturas
� EN 1992: Cálculo de Estruturas de Concretos
� EN 1993: Cálculo de Estruturas Metálicas
� EN 1994: Cálculo de Estruturas Mistas – Concreto e Aço
� EN 1995: Cálculo de Estruturas Madeira
� EN 1996: Cálculo de Estruturas de Alvenaria
� EN 1997: Cálculos Geotécnicos
� EN 1998: Cálculo de Estruturas para Resistência em Abalos Sísmicos
� EN 1999: Cálculo de Estruturas com Perfis de Alumínio
Os Eurocodes são aplicados em toda a Europa, contribuindo para a realização de
construções de aproximadamente 490 milhões de habitantes, a aplicação dessas normas
acrescentam mais dinamismo para o Setor de Engenharia e maiores ganhos para as empresas
empreendedoras. Em princípio, os Eurocodes não modificam diretamente o canteiro de obras.
Contudo, determinadas condições mínimas de execução são descritas nestes códigos e podem
criar modificações relativas em sua concepção e manutenção. Esses códigos contemplam,
67
principalmente, questões de padronização de concepção e cálculos de estruturas e definição de
níveis de segurança. (Ministère de l’Ècologie, de l’Energie du Développement Durable,2009)
5.1 GESTÃO DE EMPREENDIMENTOS E CANTEIRO DE OBRAS: OS PRINCIPAIS
ENVOLVIDOS
Conforme visto anteriormente, a legislação francesa está presente em vários aspectos da
construção civil, suas normas e regulamentações são constantemente revistas e atualizadas. No
âmbito da gestão de obras, a legislação define os seguintes participantes principais: Mâitres de
Oeuvrage, Mâitre de Oeuvres, Côntrole Technique, Ordonnancement, Coordination et Pilotage,
Oordonnateur en matière de sécurité et de prévention de la santé, (MELHADO, 2006).
Os Mâitres de Oeuvrage são responsáveis pelo empreendimento da construção. Além de
fornecer todo o suporte financeiro, suas atribuições incluem a gestão de projetos e a gestão
técnica-administrativa, definição dos programas de necessidade do projeto em alguns casos, o
empreendedor assume também a gestão na fase de uso, operação e manutenção, como ocorre com
relação aos conjuntos habitacionais de interesse social.
MELHADO (2006) ressalta, no panorama atual, o nível de profissionalismo desses
empreendedores. É intensa a busca pela certificação de qualidade entre esses profissionais, com
destaque para a busca pela satisfação dos clientes, tornando ainda mais significativo o
compromisso desses empreendedores com a qualidade, aumentando as relações com os
projetistas, construtores, fornecedores de serviços, etc.
Os Mâitres de Oeuvre ou Coordenadores de Projetos são as pessoas físicas ou jurídicas
responsáveis pela coordenação e o controle do desenvolvimento do projeto, assim como o
acompanhamento da sua execução, até a entrega da obra. Assim os maîtrises d’oeuvre, refere-se
ao conjunto de todos os projetistas, incluindo os engenheiros, sendo sua coordenação
normalmente assumida pelos arquitetos. Além da coordenação da equipe de projetos, são de
responsabilidade desses profissionais: as principais decisões relativas ao empreendimento
(assessoria ao empreendedor), do controle de custos do projeto e da gestão da interface com a
execução da obra, envolvendo o relacionamento com as construtoras e com a coordenação do
canteiro de obras e a contratação de outros projetistas necessários na elaboração dos projetos.
68
O Côntrole Technique, ou Assessoria de Controle Técnico exerce suas funções tanto na
fase de projeto como na fase de execução. Na primeira fase, seu principal papel consiste na
verificação da adequação do projeto com normas técnicas e controle das soluções projetadas.
Durante a execução, esse controle passa para o controle de qualidade da obra. No entanto, a
contratação dessa equipe não é obrigatória, porém sua utilização é comum devido a diminuição
do custo da apólice de seguro-construção paga pelo empreendedor. (MELHADO, 2006).
Ordonnancement, Coordination et Pilotage (Coordenador de Planejamento) possui as
seguintes atribuições básicas: Divisão da obra em atividades de construção e análise e definição
de suas interdependências (ordonnancement); Planejamento de prazos, custos e materiais de cada
atividade (planification); Controle de Execução das atividades(pilotage).
Desde 1994 se tornou obrigatória a presença do Oordonnateur en matière de sécurité et
de prévention de la santé (Coordenador de Segurança), profissional responsável por analisar
questões relativas à segurança na edificação e no canteiro de obras. Esses profissionais definem
procedimentos e equipamentos de segurança.
Logo, o coordenador de segurança interage com os responsáveis pelo projeto, durante o
desenvolvimento do projeto e com a equipe de coordenação do canteiro de obras resolvendo
questões conflituosas entre exigências de segurança e cumprimento de cronograma.
MELHADO (2006) esquematiza as relações entre as principais equipes envolvidas no
projeto e execução da obra:
69
Figura 4: Relações típicas entre os envolvidos.
Fonte: MELHADO (2006)
A busca pela qualidade, com obtenção de certificações, é um fator de extrema importância
no setor da Construção Civil francesa. Os chamados Clubs Construction Qualité são clubes do
qual fazem parte os profissionais de diversas áreas da construção civil, entre eles empreendedores,
projetistas e construtores. Atualmente, de acordo com o portal de informações Club Qualité
existem 32 clubes por toda a França, Cada Club define quais são as atividades a serem
desenvolvidas em função da demanda setorial da região.
Outro fator, que dentro do contexto francês, visa o aumento da qualidade é definição clara
do papel de cada profissional que participam do empreendimento. As responsabilidades iniciais e
de acordo com as fases subseqüentes contribuem diretamente com os resultados finais positivos.
Como dito anteriormente, a legislação francesa apresenta detalhes esclarecedores e claros das
atribuições de cada envolvido. CELTO (2007) exemplifica que na legislação são definidas as
chamadas Missões Profissionais, direcionada para os profissionais de projeto – arquiteto ou
engenheiro – onde cada responsabilidade consta claramente nos contratos firmados entre o
profissional e a firma contratante.
70
5.2 GESTÃO DO CANTEIRO DE OBRAS: PREPARAÇÃO
Em geral, as empresas construtoras francesas fornecem muitos detalhes das soluções para
execução do projeto. Ao contrário do que acontece no Brasil, na maioria dos casos são elas que
apresentam as soluções para a aprovação dos projetistas, sendo essa atividade prevista na
legislação. Esse fato é possível devido ao nível de qualificação das empresas construtoras.
Além da equipe de engenharia das construtoras, os projetistas trabalham mutuamente com
a equipe dos fabricantes de materiais e componentes de construção. Estes, assim como os
engenheiros de construção, também possuem uma intensa participação nas soluções de projetos,
seja como suporte às decisões ligadas à tecnologia adotada ou no incentivo para a implantação
de novas tecnologias.
Para uma adequada integração entre projetistas, construtores e fornecedores de materiais,
um recurso adotado na França é a elaboração de uma síntese de projetos. Essa atividade é
semelhante à compatibilização de projetos usado no Brasil, que consiste na sobreposição de todos
os projetos elaborados.
O Club Regional Construction e Qualité Provence-Alpes-Côte d’Azur define a fase de
preparação do canteiro de obras como fase que marca o fim da montagem do empreendimento e o
início da sua efetiva gestão. De acordo com a norma NF 003 01 são recomendados de seis a oito
semanas para a organização das ações de cada equipe de obra e o tratamento das interfaces entre
elas. Essa fase busca a adequação do projeto, a minimização de dúvidas, melhor detalhamento e
compreensão das exigências de qualidade do empreendimento em questão.
Essa fase é conduzida pelo coordenador do canteiro de obras, pelo coordenador do projeto
(quase sempre um arquiteto) e por um representante do empreendedor, que realizam reuniões
com os construtores, o que pode significar a presença de cerca de quinze empresas na primeira
dessas reuniões. O coordenador de segurança e o responsável pelo controle técnico também
participam, sempre que solicitadas as suas presenças. Embora não sejam adequadamente
sistematizados, esse período de preparação é obrigatório no caso de obras públicas e amplamente
utilizada em obras privadas. MELHADO (2006).
71
5.3 “CHANTIERS VERTS”: CANTEIRO DE OBRAS VERDES
São notórios os impactos ambientais originados durante a produção de obras do Setor da
Construção Civil. NIANG e SOARES (2004) estimam que aproximadamente um terço de todo
consumo anual e mundial de água seja de responsabilidade do Setor. Para a minimização desses
impactos foram desenvolvidos os “Canteiros Verdes”, cujo objetivo principal é a preservação
ambiental na concepção do empreendimento. Para isso, são definidos dois níveis de abrangência:
� Da obra e das proximidades imediatas: Nesse nível os vizinhos e mão-de-obra
envolvida absorvem os danos causados, particularmente pelo barulho, sujeiras,
trânsito e estacionamento;
� Do ambiente e da população em geral: Nesse nível a meta geral é a preservação
dos recursos naturais e a redução dos impactos gerados.
NIANG e SOARES (2004) distinguem três pontos para a implementação de ações de
gestão e de redução de danos ambientais, sendo:
� Os fluxos de entrada da obra: Equipamentos e insumos de produção
� A obra em si: Técnica utilizada e organização da primeira triagem do lixo
� Os fluxos de saída da obra: Rejeitos removidos e os impactos negativos
causados para a vizinhança
De acordo com o Centre de Sciences et Tecnhniques du Bâtiment – CSTB são positivos os
resultados obtidos com o programa de “Canteiros de Obras Verdes”. Foram registrados aumentos
na produtividade global e são previstos aumentos desses benefícios com a implantação de novas
instalações locais de recuperação e valorização dos rejeitos de obras. (NIANG e SOARES)
O Haute Qualité Environnementale - HQE, aplicado na França pela associação
denominada Association Haute Qualité Environnementale, consiste na certificação de
construções que utilizem processos de gestão ambiental. Essa associação define 14 objetivos
ambientais para as edificações agrupadas em quatro tópicos: Eco-construção (Canteiro de Obras
com baixo impacto ambiental), Eco-Gestão (Gestão de energia, água, rejeitos e limpeza),
Conforto (higrotérmico, acústico, visual e olfativo), Saúde (Qualidade sanitária de ambientes, ar e
água).
72
Recentemente, a certificação HQE foi concedida ao edifício de um centro comercial em
Saint Denis, a construtora francesa Bateg atendeu ao caderno de exigências e implantou no
canteiro uma série de medidas para reduzir o consumo de água durante as obras, reduzir a
poluição do subsolo e melhorar a comunicação com a vizinhança.
De acordo com o periódico TECHNE (2009), o canteiro de obras apresentou as principais
características:
� Para reduzir o consumo de água no canteiro, todas as torneiras têm sistema de
fechamento automático e superaeradores, que reduzem o volume de líquido a cada
acionamento;
� A rede hidráulica do canteiro foi protegida com uma válvula que automaticamente
corta o fornecimento de água sob qualquer indício de vazamento;
� Os recipientes com aditivos para concreto foram posicionados sobre contêineres
para não contaminar o solo ou a rede de esgotos em caso de vazamento;
� Durante a limpeza das caçambas, a mistura "suja" de concreto foi filtrada antes do
descarte da água na rede de esgotos. A nata de concreto foi destinada à caçamba
dos dejetos inertes;
� Empresas especializadas recolheram os descartes do canteiro e os levaram para os
centros de triagem, onde o resíduo foi tratado e, eventualmente, exportado;
� Resíduos tóxicos e embalagens de produtos como colas e tintas foram destinados
às caçambas dos descartes especiais, cujo tratamento é 100 vezes mais caro do que
o dos resíduos inertes;
6 RECOMENDAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DOS CANTEIROS D E OBRAS DOS
EMPREENDIMENTOS DO SUBSETOR EDIFICAÇÕES DA CONSTRUÇÃO CIVIL
Considerando os sistemas DTU franceses no que diz respeito ao planejamento e segurança
na obra, a aplicação de métodos de construção industrializados para a otimização dos espaços,
cada vez mais escassos e a introdução de sistemas de gestão ambiental e de sustentabilidade, é
apresentado um conjunto de recomendações agrupadas por fases e etapas, conforme a figura
abaixo:
1.1– Definição dos agentes envolvidos.
1.2 – Identificação de atividades e interfaces
1) Definição dos aspectos referentes ao Planejamento e Execução da Obra
2) Análise e Definição de Implantação de Novas Tecnologias Construtivas.
2.1 – Definição dos Agentes Envolvidos na Tomada de Decisão
2.2 – Definição da Estratégia para Tomada de Decisão e Implantação
- Etapa 1: Análise do Panorama Atual da Empresa- Etapa 2: Definição do Tipo de Gestão.-Etapa 3 Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais Específicos.- Etapa 4 Elaboração de Planos de Gestão Ambiental no Canteiro de Obras- Etapa 5: Divulgação dos Planos de Gestão e Implantação de Programas de Treinamento.
-
3- Definição e Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e Sustentabilidade
4- Definição e Implantação de Sistemas de Gestão Segurança do Trabalho
5- Definição e Implantação do Sistema de Treinamento
1.1– Definição dos agentes envolvidos.
1.2 – Identificação de atividades e interfaces
1) Definição dos aspectos referentes ao Planejamento e Execução da Obra
2) Análise e Definição de Implantação de Novas Tecnologias Construtivas.
2.1 – Definição dos Agentes Envolvidos na Tomada de Decisão
2.2 – Definição da Estratégia para Tomada de Decisão e Implantação
- Etapa 1: Análise do Panorama Atual da Empresa- Etapa 2: Definição do Tipo de Gestão.-Etapa 3 Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais Específicos.- Etapa 4 Elaboração de Planos de Gestão Ambiental no Canteiro de Obras- Etapa 5: Divulgação dos Planos de Gestão e Implantação de Programas de Treinamento.
-
3- Definição e Implantação de Sistemas de Gestão Ambiental e Sustentabilidade
4- Definição e Implantação de Sistemas de Gestão Segurança do Trabalho
5- Definição e Implantação do Sistema de Treinamento
Figura 5: Esquematização da Proposta
Fonte: Autor
74
1) Definição dos aspectos referentes ao Planejamento e Execução da Obra
1.1– Definição dos agentes envolvidos.
É notório que o tratamento inadequado da interface entre o projeto arquitetônico e a
execução da obra, acarreta atrasos no cronograma, aumento de custos e improvisações no
canteiro de obras. As principais falhas são provocadas pela grande quantidade de agentes, pelo
distanciamento entre os profissionais responsáveis pelo projeto e os executores e pelas diferentes
formas de pensar destes profissionais. Portanto, é necessária a prévia definição das atividades,
responsabilidades e prazos a serem cumpridos por cada agente. Porém, o mais importante dessa
fase é a identificação ou definição da “rede de relacionamentos” dos envolvidos e a forma de
comunicação entre eles.
Os agentes envolvidos podem ser divididos em seis grupos: Agente Empreendedor (AE),
Agente de Execução do Projeto (AEP), Agentes Primários de Execução da Obra (APEO),
Agentes Secundários de Execução da Obra (ASEO), Agentes de Gestão Ambiental e
Sustentabilidade (AGAS), Agentes de Segurança da Obra (ASO).
Agente Empreendedor (AE): Agente envolvido no planejamento do empreendimento. É
de sua responsabilidade: garantir os recursos financeiros, definir a tipologia do empreendimento a
ser executado, estabelecer o programa de necessidades e executar a administração geral do
empreendimento.
Agentes de Execução do Projeto (AEP): Trata-se das pessoas, físicas ou jurídicas,
responsáveis pela elaboração dos projetos do empreendimento. Esses agentes elaboram os
projetos arquitetônicos, paisagísticos, de instalações prediais, de combate ao incêndio, de
estrutura, entre outros. Além disso, esse grupo fornece acompanhamento técnico durante a
execução do projeto.
Agentes Primários de Execução da Obra (AEO): São as pessoas que fazem parte da
equipe de execução da obra. Esse grupo é formado pela construtora (que pode ser ou não a
mesma empresa empreendedora), pelos engenheiros de obra, engenheiros de qualidade, entre
outros. Nesse grupo é definidos o Coordenador do Canteiro de Obras que possui as seguintes
atribuições básicas: subdividir a execução da obra em atividades e analisar suas interfaces,
planejar, no tempo, as necessidades de recursos para execução dessas atividades, acompanhar o
75
avanço dos serviços executados e tomar medidas para resolver interferências entre eles ou
corrigir atrasos face ao cronograma.
Agentes Secundários de Execução da Obra (ASEO): São as pessoas que fazem parte
das equipes subempreiteiras especializadas em determinados tipos de serviço. Na contratação
dessas equipes se devem observar os seguintes parâmetros: Responsabilidade técnica e dos riscos
agregados na atividade, localização da empresa para a garantia de assistência técnica e definição
do grau de controle da execução, visto que algumas atividades necessitam que o gerenciamento
de controle seja minimizado.
Agentes de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (AGAS) – Propõe-se a contratação de
profissional habilitado (arquiteto ou engenheiro), com formação complementar em gestão
ambiental e capacidade para análise de prevenção e gestão dos impactos ambientais. Esses
agentes seriam responsáveis, por exemplo, pela identificação dos principais resíduos que serão
produzidos pela obra e a melhor forma de recolhimento e destinação final desses elementos.
Além da elaboração de princípios para minimização dos riscos ambientais e programas de
prevenção e conscientização ambiental. Essas atividades são interligadas com o planejamento da
obra e seus agentes são interligados com os Agentes de Execução da Obra.
Uma outra forma de trabalho desse agente seria a coordenação das empresas envolvidas
na obra. Nesse caso, cada empresa prestadora de serviço seria responsável pela coleta e
eliminação dos resíduos gerados, cabendo aos agentes de gestão ambiental e de sustentabilidade a
supervisão desses trabalhos.
Agentes de Segurança da Obra (ASO): Essa equipe é formada pelos engenheiros de
segurança do trabalho, técnicos de segurança e médicos do trabalho. Esses agentes são
responsáveis pela análise de questões relativas às futuras condições de uso e operação da obra
construída, como também pelas relacionadas à segurança no canteiro de obras, no que diz
respeito aos equipamentos e medidas de proteção coletiva.
Além das atribuições conhecidas como administração e fiscalização da segurança no meio
industrial e organização de programas de prevenção, esses agentes interagem com os Agentes de
Execução do Projeto, em aspectos como a legislação relativa à acessos de coberturas e fachadas
ou especificação de revestimentos seguros. Também se faz necessária a interação com os Agentes
76
de Execução da Obra (Primários e Secundários), no que diz respeito ao cronograma de execução
para a adequação dos sistemas de segurança conforme a fase de obra.
1.2 – Identificação de atividades e interfaces
Após a identificação dos agentes, de suas responsabilidades e atividades, é necessária a
elaboração de um organograma dos envolvidos. Nessa fase também deverão ser definidos os
Coordenadores Gerais de cada grupo de agente que serão responsáveis pela integração e
comunicação dos integrantes da equipe e a interface com os outros agentes. A figura abaixo
representa as interfaces entre os agentes envolvidos no processo de elaboração, implantação e
gestão do canteiro de obras:
AGENTES DE EXECUÇÃO DA OBRA
AGENTE EMPREENDEDOR
AGENTESDE EXECUÇÃODO PROJETO
AGENTES DESEGURANÇA DO
TRABALHO
AGENTES DE GESTÃO AMBIENTAL E
SUSTENTABILIDADE
AGENTES DE EXECUÇÃO DA OBRA
AGENTE EMPREENDEDOR
AGENTESDE EXECUÇÃODO PROJETO
AGENTES DESEGURANÇA DO
TRABALHO
AGENTES DE GESTÃO AMBIENTAL E
SUSTENTABILIDADE
Figura 6: Esquema de Interfaces dos Agentes Envolvidos
Fonte: Autor
Além deste aspecto, deverão ser definidos os meios de comunicação a serem utilizados
pelos agentes. Recomendam-se reuniões para a definição dos aspectos relevantes quanto à
77
produção, prazos, metas. Nessas reuniões devem ser definidos os seguintes tópicos que poderão
sofrer alterações de acordo com a necessidade de cada obra:
� Disponibilidade dos Elementos do Projeto (desenhos, especificações, etc);
� Definição do fluxo de informação e prazo de validade do documento;
� Definição do prazo para conclusão da obra;
� Procedimentos de Execução e Controle dos ASEO;
� Elaboração do Projeto de Execução e Produção pelos agentes envolvidos;
� Definição dos pontos críticos da produção no canteiro;
� Estabelecimento de datas para reuniões periódicas para a avaliação do
andamento dos trabalhos.
2) Análise e Definição de Implantação de Novas Tecnologias Construtivas.
A inovação tecnológica tem sido uma importante estratégia adotada pelas empresas
construtoras na busca pelo aumento de produtividade. Além disso, o uso dessas novas tecnologias
proporciona uma otimização do uso dos espaços do canteiro de obras.
No entanto, é importante destacar que as novas tecnologias citadas dizem respeito às
inovações do produto para a construção, ou seja, dos sistemas construtivos. A introdução de
novas tecnologias requer alterações no processo de produção. A seguir são apresentadas
estratégias para a análise e escolha dos sistemas construtivos e a participação dos diferentes
agentes na tomada de decisão.
2.1 – Definição dos Agentes Envolvidos na Tomada de Decisão
Nessa etapa devem ser relacionados os coordenadores representantes de cada tipo de
agente que contribuirão para a tomada de decisão e os aspectos que cada um analisará. Vale
salientar que essas análises são realizadas com base em aspectos como custo-benefício, riscos,
vantagens e desvantagens na implementação de novos sistemas construtivos. Os aspectos que
devem ser analisados por cada agente são:
78
a) Agente Empreendedor – Análise de aspectos econômicos, de prazos, aceitação no
mercado consumidor, de busca pela qualidade, etc;
b) Agente de Execução do Projeto – Análise de aspectos para a produção do projeto.
Identificação das mudanças quanto à forma de projetar, do produto final, das habilidades dos
profissionais de se adequarem aos novos processos de produção, etc;
c) Agentes de Execução da Obra – Análise dos aspectos para a execução da obra.
Identificação da forma de execução, habilitação dos operacionais, cumprimento de prazos,
mudanças nos espaços físicos necessários no canteiro, etc;
d) Agentes de Gestão Ambiental e Sustentabilidade – Análise dos diferentes tipos de
impacto ambiental dessas novas tecnologias e das alternativas para sua redução;
e) Agentes de Segurança do Trabalho – Análise dos riscos inerentes a cada sistema
construtivo e das alternativas para proteção contra estes riscos.
2.2 – Definição da Estratégia para Tomada de Decisão e Implantação
Propõem-se três etapas para a tomada de decisão sobre a escolha do método construtivo
que será adotado. Os coordenadores representantes de cada agente devem participar ativamente
de cada sub-etapa, analisando os fatores intervenientes de acordo com sua atividade específica. O
sistema escolhido será aquele que melhor se adapte aos diversos interesses.
a) Etapa 1 – Identificação dos Objetivos e Panorama da Empresa e do Local de
Implantação do Canteiro.
- Etapa 1.1: Definição dos objetivos na implantação de novos sistemas
Neste momento, cada agente deve definir quais são os principais objetivos que a
implantação de novos sistemas construtivos pretende alcançar, de acordo com as políticas de
gestão e produção da empresa construtora.
79
- Etapa 1.2: Análise do panorama atual da empresa e do canteiro em questão
Ainda seguindo critérios conforme as políticas de gestão e produção da empresa, essa
etapa visa um entendimento do panorama atual da empresa (questões técnicas, econômicas e
sociais) e quais serão as mudanças significativas durante a elaboração e introdução de novos
sistemas construtivos.
Em relação aos aspectos dos canteiros, esta etapa busca a identificação dos aspectos
condicionantes da área de implantação do canteiro, visto que determinadas características podem
eliminar a possibilidade de adoção de determinado sistema. Portanto, é importante nesta fase
identificar as características principais do terreno que será implantado o canteiro de obras, da
seguinte forma:
1) Análise quanto à localização do terreno: Identificam-se os acessos possíveis, a
topografia, obstáculos naturais, áreas de preservação, características do entorno.
2) Análise quanto ao espaço: Identificação das dimensões, forma e locação do projeto
arquitetônico no terreno;
3) Identificação dos serviços públicos disponíveis: Identificação dos sistemas de
abastecimento de água e esgoto, fornecimento de energia elétrica e rede telefônica, serviços de
limpeza urbana e transporte urbano.
4) Análise da legislação vigente: Principalmente a NR 18 – Áreas de Vivência e
Segurança no trabalho e NB 1367 – Áreas de Vivência, Legislação Ambiental e o Código de
Obras Municipal.
b) Etapa 2 – Formulação dos aspectos intervenientes na tomada de decisão
- Etapa 2.1: Definição de Critérios
Cada agente deve definir os critérios que permearão suas decisões conforme os objetivos
a serem alcançados.
80
- Etapa 2.2: Identificação das opções possíveis, suas características e necessidades.
Nesta etapa deverão ser apresentadas as opções possíveis de acordo com as características
da obra. Além disso, cada agente deve identificar as necessidades especiais (tipo de transporte,
estocagem, impactos ambientais, risco à saúde do trabalhador, etc) de cada sistema disponível.
- Etapa 2.3: Avaliação das Opções
Neste momento, são sobrepostas as características e necessidades de cada sistema possível
com os critérios (objetivos) previamente definidos.
Baseados nos resultados obtidos devem ser analisadas as vantagens e desvantagens sob a
ótica de aspectos econômicos, técnicos, de qualidade, etc.
- Etapa 2.4: Definição do Método
Após a avaliação das opções, os agentes devem definir o método construtivo que melhor
se adapte aos critérios e objetivos visados.
c) Etapa 3 – Planejamento e Implantação.
- Etapa 3.1: Planejamento de projetos
Definidos o tipo de sistema construtivo adotado, cada agente deve elaborar planos para
sua implantação, conforme seus objetivos específicos. É de extrema importância nesta fase a
intensa comunicação entre os agentes, garantindo, assim, projetos coesos e integrados. Por
exemplo, o trabalho conjunto entre os agentes de execução, de gestão ambiental e de segurança
na definição dos fluxos do canteiro (pessoas, equipamentos, materiais, resíduos) resultará em
otimização, garantia de qualidade e produtividade do canteiro de obras.
- Etapa 3.2: Planejamento da Obra
Após a definição do projeto arquitetônico, esse trabalho em grupo visa um estudo
detalhado e minucioso da área de implantação da obra, do projeto arquitetônico e realiza revisões
81
das especificações, com o objetivo para a elaboração dos detalhes do projeto e planejamento da
produção. É importante salientar a importância da participação de todos os agentes envolvidos de
forma a evitar conflitos e imprevistos. Esta etapa deve ser desenvolvida pelos Coordenadores do
Empreendimento, de Execução do Projeto, de Execução de Obras (Primário e Secundário), de
Gestão Ambiental e de Segurança do Trabalho. Além disso, também deve ser definido o
responsável pela Coordenação do Canteiro de Obras, que tem como objetivo a integração entre
esses agentes e a elaboração do projeto de canteiro de obras e sua manutenção no decorrer da
execução.
Com a colaboração dos agentes envolvidos devem ser elaborados os planos de ataque para
a execução da obra. De acordo com o Plano de Metas definido pelo Agente Empreendedor
(prazos, metas, custos, qualidade) e com os projetos desenvolvidos pelos Agentes de Execução
do Projeto, os responsáveis pela execução da obra definem os sistemas de produção e elaboram
as especificações quanto ao cronograma de aquisição e consumo de materiais, qualificação dos
fornecedores, logística de recebimento e armazenamento de materiais, utilização de mão de obra
própria ou terceirizada, etc.
Nesta fase, também devem ser definidos os tipos de equipamentos que serão utilizados e
seus cronogramas de utilização, bem como avaliada a necessidade de compra ou aluguel e
definidos os planos de montagem, desmontagem, operação e manutenção desses equipamentos.
No caso de utilização de estruturas pré-fabricadas, de aço e painéis de vedação, devem ser
dimensionadas as áreas de estocagem necessárias.
Especificamente no caso de equipamentos de quindar, como quindaste e gruas, esse
planejamento possibilita a avaliação das condições especiais como: Condições de acesso e
capacidade do solo quanto à resistência ao peso, locação, consumo de energia, etc.
Esta fase pode ser esquematizada da seguinte forma:
82
Análise das características da área de implantação do canteiro
Definição do Plano de Ataque
Revisão do ProjetoArquitetônico
Definição dos sistemas de produção
Definição dos Cronogramas
Análise das características da área de implantação do canteiro
Definição do Plano de Ataque
Revisão do ProjetoArquitetônico
Definição dos sistemas de produção
Definição dos Cronogramas
Figura 7: Esquematização da Fase de Planejamento de Obra
Fonte: Autor
- Etapa 3.3: Planejamento do Canteiro de Obras
Nessa fase, o coordenador do canteiro de obras munido dos documentos com as
considerações de todos os agentes envolvidos e os planos de produção, deve definir o arranjo
físico inicial da obra. É importante a retroalimentacão dos dados fornecidos por esses agentes
durante todo o período de execução da obra para uma atualização adequada do canteiro de obras
conforme o avanço da obra.
Com o auxílio dessas documentações são definidos os elementos do canteiro e avaliados
os espaços disponíveis. Esses elementos podem ser de produção, de apoio à produção, áreas de
estocagem e processamento, de sistemas de transporte, de apoio técnico-administrativo, de áreas
de vivência, etc.
Esta fase pode ser esquematizada da seguinte forma:
83
Análise da documentação específica dos agentes envolvidos
Definição dos espaços de estocagem e processamento, produção, vivência,etc.
Definição dos espaços disponíveis nas fases do canteiro
Definição do Arranjo Físico do Canteiro
Atualização da documentação específica dos agentes envolvidos
Análise da documentação específica dos agentes envolvidos
Definição dos espaços de estocagem e processamento, produção, vivência,etc.
Definição dos espaços disponíveis nas fases do canteiro
Definição do Arranjo Físico do Canteiro
Atualização da documentação específica dos agentes envolvidos
Figura 8: Esquematização da Fase de Planejamento do Canteiro de Obras
Fonte: Autor
- Etapa 3.4: Implantação
Nesta etapa corresponde ao início das atividades do canteiro. São divulgados os planos de
ação dos Agentes de Gestão Ambiental e de Segurança e suas diretrizes para os procedimentos
definidos.
Os Agentes de Execução do Projeto acompanham e fornecem apoio técnico para
eventuais dúvidas na execução da obra.
O Agente Empreendedor administra todos os aspectos referentes ao processo de produção.
- Etapa 3.5: Análise de Resultados
Essa etapa não deve ser realizada somente na conclusão da obra. Devem ser realizadas
reuniões periódicas com os coordenadores de cada agente, para a avaliação da evolução da obra,
comparando os resultados obtidos com os resultados previstos. Caso ocorram desvios graves, são
elaborados planos de correção e adequação.
As figuras 9, 10 e 11 exemplificam um aspecto dessa estratégia e as ações de cada agente:
84
Etapa 1 – Identificação dos Objetivos e Panorama da Empresa e do Local de Implantação do Canteiro.
Figura 9: Exemplificação Etapa 1
Fonte: Autor
1.1 - Objetivos na
implantação
AE AEP AEO AGAS AST
1.2 - Análise do panorama atual da empresa e do Canteiro em questão
Diferenciação dos produtos Aumento da capacidade de produção tecnológica
Melhoria nos níveis de racionalização construtiva
Diminuição dos impactos ambientais
Diminuição dos riscos no trabalho
Análise dos custos durante a implantação do sistema
Análise das habilidades técnicas dos profissionais
Características e mudanças na elaboração do canteiro de obras
Identificaçãoda política ambiental e recursos naturais no local da obra
Identificação dos riscos específicos no canteiro de obras
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Etapa 2 – Formulação dos aspectos intervenientes na tomada de decisão
Figura 10: Exemplificação Etapa 2
Fonte: Autor
AE AEP AEO AGAS AST
2.1 - Definição de Critérios
2.2 - Identificação das opções possíveis, suas
características e necessidades
2.3 - Avaliação de Opções
2.4 - Definição do Método
Retorno do Investimento e aumento de qualidade
Ex: Uso de estrutura metálica ou estrutura pré-fabricadas, painéis de vedação industrializados, concreto usinado, etc. e suas principais características e necessidades especiais quanto ao transporte, estocagem, entre outros.
De acordo com os critérios antes selecionados e análise comparativa entre as opções.
Pelos agentes envolvidos, conforma a análise das alternativas.
Adequação às habilidades específicas dos profissionais
Possibilidade de otimização no canteiro de obras
Implantação de métodos construtivos menos agressivos
Implantação de métodos construtivos mais seguros
86
Etapa 3 – Planejamento e Implantação.
Figura 11: Exemplificação Etapa 3
Fonte: Autor
AE AEP AEO AGAS AST
3.1.Planejamento de Projetos
Elaboração de Plano de Metas: planejamento de custos,prazos,qualidade.
Elaboração de projeto arquitetônico e interface
com outros projetos.
Identificação dos principais
condicionantes da obra.
Elaboração de Programas de
Gestão Ambiental
Elaboração de Programas de Prevenção de
Riscos.
3.2 - Planejamento de Obras
Elaboração de Plano de Metas: planejamento de custos, prazos.
Fornecimento de projetos claros e precisos para a
execução.
Elaboração de planos e logística de execução da
obra.
Confrontação do Plano de
Gestão com o processo
construtivo.
Confrontação do Plano de Prevenção com o processo construtivo
3.5 - Análise de Resultados
Avaliação do retorno do investimento.
Avaliação de conformidade entre projeto e produto
executado
Avaliação dos índices de
produtividade no canteiro
Avaliação da eficácia dos sistemas de
gestão ambiental
Avaliação dos programas de prevenção de
riscos.
3.4 -Implantação Divulgação do Plano de Metas.
Acompanhamento e apoio técnico durante a execução
do projeto.
Conformidade entre projeto planejado e execução.
Divulgação de Programa e
implantação de sistemas de
gestão.
Divulgação e Implantação de
sistemas de proteção.
87
3- Definição e Implantação do Sistema de Gestão Ambiental e Sustentabilidade.
Visto a importância da implantação dos sistemas de gestão ambiental e de segurança no
início do planejamento do canteiro de obras, os itens a seguir apresentam guias de estratégia para
a implantação desses programas de gestão.
Etapa 1: Análise do Panorama Atual da Empresa.
Essa etapa tem como objetivo a implementação de políticas de preservação ambiental
focada na realidade da empresa. Portanto, deverão ser realizados diagnósticos sobre o panorama
da empresa perante o cenário de preservação ambiental e sobre os impactos ambientais gerados
por suas atividades em geral. Também deve ser efetuado o levantamento de requisitos legais para
a implantação dos programas de gestão.
É importante a participação de todos os envolvidos com o planejamento e operação do
canteiro nesta etapa, visto que o entendimento de suas responsabilidades perante as questões
ambientais contribuirá para o sucesso do programa.
Sugere-se a aplicação de questionários, entrevistas, lista de verificação, inspeção,
avaliação de registros, entre outros. Como tema podem ser utilizados: a tipologia do sistema de
gestão existente e seu desempenho, práticas e procedimentos de gestão ambiental presentes e
históricos de incidentes ambientais anteriores.
Etapa 2: Definição do Tipo de Gestão.
Em função do resultado do diagnóstico anterior deve ser definido o tipo de gestão que
será aplicada, podendo ser de dois tipos:
- Os Agentes de Gestão Ambiental assumem a responsabilidade de solucionar todos os
problemas relacionados à redução de impactos e preservação ambiental das atividades de
produção;
88
- As empresas contratadas assumem a responsabilidade de controle e redução dos
impactos produzidos por suas atividades. Os Agentes de Gestão Ambiental funcionam como
coordenadores e supervisores destes, fiscalizando o cumprimento do Programa de Gestão
previamente definido.
Etapa 3: Identificação dos Aspectos Ambientais Gerais da Obra em Questão.
Nesta etapa, os Agentes identificam a área de locação do canteiro de obras e os aspectos
gerais da implantação e produção do empreendimento em relação aos fatores externos (entorno
ambiental, existência de áreas de preservação ambiental, vizinhança, impacto viário, etc) e fatores
internos (aspectos que influenciam a equipe de trabalho de construção).
Etapa 4: Identificação dos Aspectos e Impactos Ambientais Específicos.
Nesta etapa, os agentes de gestão ambiental junto com os outros agentes envolvidos
elaboram um fluxograma de todas as atividades que serão realizadas dentro do canteiro durante a
execução da obra.
Para cada atividade deve ser identificada a existência de interação com o meio ambiente e
os impactos produzidos por esses trabalhos. Neste momento os Agentes de Segurança analisam
os riscos de acidentes e situações de emergência do método adotado em cada atividade. Ou seja,
são verificadas as possíveis conseqüências nos meios físicos, biótico e sócio-econômicos.
Etapa 5: Elaboração de Planos de Gestão Ambiental no Canteiro de Obras
De acordo com os programas ambientais da construtora, são elaborados os planos
específicos para cada obra, de acordo com as características do sistema construtivo adotado, a
minimização dos impactos previamente identificados e os requisitos legais, além da gestão de
resíduos.
Devem ser identificados os principais fluxos de resíduos e elaboradas estratégias para uma
adequada forma de armazenamento, transporte e retirada desses resíduos. Também devem ser
definidas as formas e os locais de sua destinação.
89
Etapa 6: Divulgação dos Planos de Gestão e Implantação de Programas de
Treinamento.
Essas atividades definem os canais de comunicação entre as pessoas envolvidas no
processo de produção e o estabelecimento de programas de treinamento. É importante que as
responsabilidades ambientais sejam diluídas por todos os níveis e funções, conforme as
interações das atividades e os produtos.
Propõe-se a seguinte seqüência de realização:
a) Reunião com os envolvidos
Consiste na análise dos principais impactos ambientais, normas e leis vigentes sobre o
assunto, objetivo e métodos, motivação.
b) Implantação do sistema de gestão
Devem ser implantados programas de treinamento da mão de obra. Este item diz respeito
ao grau de entusiasmo, dedicação e comprometimento com a implantação do sistema. Propõe-se a
utilização de palestras, vídeos institucionais e folders de divulgação da política de gestão
ambiental.
d) Avaliação de resultados e desempenho
Devem ser realizadas a avaliações por meio de documentos e registros do trabalho,
visando a retroalimentacão de dados.
4 – Definição e Implantação do Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho
Como citado anteriormente, o trabalho dos Agentes de Segurança do Trabalho começa na
escolha do sistema construtivo que será adotado. Essa equipe identifica os riscos específicos do
sistema em cada etapa da obra e as formas mais indicadas para prevenção e proteção desses
riscos.
Propõe-se que a Gestão de Segurança do Trabalho seja efetuada obedecendo as seguintes
etapas:
90
Etapa 1: Estabelecimento da Política de Segurança – Nesta etapa, de acordo com as
exigências do Ministério do Trabalho e Emprego, são os aspectos relevantes na política de
segurança do trabalho. Esses aspectos consistem na qualificação profissional, nos Serviços
especializados em engenharia de segurança e em medicina do Trabalho – SESMT, na definição
da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA e das Ordens de Serviço sobre
Segurança e Medicina do Trabalho.
É importante durante a etapa de elaboração dos Programas de Prevenção de Acidentes e
Doenças do Trabalho a participação e o envolvimento de todos os setores da estrutura
organizacional e de seus colaboradores, sendo as responsabilidades compatíveis com os diversos
níveis no organograma funcional da empresa.
Etapa 2: Análise de riscos gerais – Essa fase identifica e avalia os riscos gerais do
canteiro como: Instalações elétricas, sistemas de detecção e combate a incêndio, qualidade do
ambiente (temperatura, ventilação e iluminação), os cruzamentos de fluxos entre pessoas,
materiais e equipamentos e seus riscos conseqüentes.
Etapa 3: Análise dos riscos específicos- Análise dos riscos específicos conforme o
sistema construtivo e a identificação de normas específicas de segurança.
Etapa 4: Definição de áreas de vivência, medidas de prevenção da segurança
conforme a norma vigente (NR 18 e NB 1367) – Definição dos locais adequados para a locação
de alojamentos (se utilizado), vestiários e sanitários e ambulatório de atendimento médico.
Etapa 5: Implantação do Programa – Após a definição dos métodos de prevenção e
segurança nas atividades são divulgadas e implantadas os sistemas de segurança. É importante
salientar a elaboração de Programas de Alimentação adequada da mão de obra, visto que essa
iniciativa contribui para o aumento dos índices de produtividade e qualidade da obra.
Etapa 6: Análise de Desempenho – Nesta fase deve ser realizada a análise do canteiro de
obras quanto à segurança, saúde e condições de trabalho.
O presente trabalho recomenda a aplicação do check-list seguir extraído do trabalho
desenvolvido, em 2003, pela Comissão Interinstitucional de Prevenção aos Acidentes de
Trabalho e Doenças Ocupacionais, parte integrante do Ministério do Trabalho e Emprego. Essa
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lista, que considera os itens relevantes considerados no trabalho, deverá sofrer alterações de
acordo com as características da obra.
Este check-list utiliza o método de avaliação pelo questionamento SIM ou NÃO, e
pontuação pelas marcações afirmativas como índice de qualidade na pesquisa, ou seja, quanto
maior a pontuação de respostas SIM, melhores as condições do trabalho do canteiro avaliado.
Quando um item não for aplicável, não contará para a pontuação, sendo o resultado adaptado ao
nº de questões aplicáveis na forma de percentual.
O resultado possui 5 avaliações: Péssimo (0 a 20%), Ruim (20,1% a 40%), Regular
(40,1% a 60%), Bom (60,1% a 80%) e Ótimo (80,1% a 100%). Além disso, vale ressaltar que
essa verificação é dividida em três partes: Avaliação das condições administrativas e relações
trabalhistas, Avaliação das condições de engenharia e segurança no trabalho e Avaliação das
Condições de saúde e higiene. Assim, temos a seguinte forma de identificação dos resultados:
Pontuação = Nº de SIM encontrado x 100 =
Nº de quesitos aplicáveis
Figura 12: Identificação dos Resultados
Fonte: Ministério do Trabalho e Emprego (2003)
A seguir são apresentados os check-list:
%
92
PARTE 1 – Avaliação das condições administrativas e relações trabalhistas.
PERGUNTA SIM NÃO Não se aplica
1. Tem acordo coletivo assinado com o sindicato?
2. Tem ficha de registro dos trabalhadores na obra?
3. Todos os funcionários possuem registro?
4. O piso salarial da categoria é cumprido?
5. O FGTS é recolhido em dia?
6. O INSS é recolhido em dia?
7. Fornece vale transporte?
8. Fornece café da manhã?
9. Fornece refeição, cesta básica ou ticket refeição?
10. O pagamento de salários é feito antes ou até as datas previstas em lei?
11. Os empreiteiros cumprem os itens acima?
12. A empresa fiscaliza os empreiteiros com relação aos itens acima?
Total Parte 1: Nº de SIMs aplicáveis: ( ) Nº de Quesitos
93
PARTE 2 – Avaliação das condições de engenharia e segurança no trabalho.
PERGUNTA SIM NÃO Não se aplica
1. Foi realizada a Comunicação Prévia junto à Delegacia Regional do Trabalho?
2. Foi elaborado o PCMAT ?
3.A obra possui carpintaria?
4. A serra circular tem a carcaça do motor aterrada eletricamente?
5. A serra é provida de coifa protetora do disco coletor de serragem?
6. Possui dispositivo empurrador e guia de alinhamento?
7. A iluminação da carpintaria é protegida contra impactos ?
8. A carpintaria possui piso resistente, nivelado e antiderrapante, com cobertura capaz de proteger os trabalhadores contra quedas de materiais e intempéries?
9. A dobragem e o corte de vergalhões são feitos sobre bancadas ou afastadas da área de circulação de trabalhadores com cobertura resistente para proteção dos trabalhadores contra a queda de materiais e intempéries?
10. As armações de pilares, vigas e outras estruturas verticais são apoiadas e escoradas para evitar tombamento ?
11. Existem pranchas de madeira firmemente apoiadas sobre as armações nas formas, para a circulação de operários?
12. As pontas verticais de vergalhões de aço estão protegidas contra acidentes?
13. A madeira usada em escadas, rampas e passarelas é de boa qualidade, está seca e sem o uso de pintura que encubra imperfeições?
14. As escadas de uso coletivo, rampas e passarelas são dotadas de corrimão e rodapé?
15. A transposição de pisos com diferença de nível superior a 0,40m é feita por meio de escadas ou rampas ?
16. As escadas provisórias têm largura mínima de 0,80m(oitenta centímetros), e a cada 2,90m de altura um patamar intermediário?
17.A escada de mão tem seu uso restrito para acessos provisórios e serviços de pequeno porte?
94
18. As escadas de mão possuem no máximo 7,00m (sete metros) de extensão e o espaçamento entre os degraus varia entre 0,25m a 0,30m ?
19. É proibido colocar escada de mão nas proximidades de portas ou áreas de circulação, onde houver risco de queda de objetos ou materiais e nas proximidades de aberturas e vãos?
20. A escada de mão ultrapassa em 1,00m o piso superior, está fixada nos pisos inferior e superior ou dotada de dispositivo que impeça o seu escorregamento?
21. Está dotada de degraus antiderrapantes?
22. Está proibido o uso de escada de mão junto a redes e equipamentos elétricos desprotegidos?
23. Para cada lance de 9,00m existe um patamar intermediário de descanso, protegido por guarda-corpo e rodapé?
24. As rampas provisórias usadas para trânsito de caminhões têm largura mínima de 4,00m e estão fixadas em suas extremidades?
25. As aberturas utilizadas para o transporte vertical de materiais e equipamentos, são protegidas por guarda-corpo fixo, no ponto de entrada e saída de material, e por sistema de fechamento do tipo cancela ou similar ?
26. Os vãos de acesso às caixas dos elevadores possuem fechamento provisório de, no mínimo, 1,20m e altura, constituído de material resistente e seguramente fixado à estrutura, até a colocação definitiva das portas?
27. A periferia da edificação possui a instalação de proteção contra queda de trabalhadores e projeção de materiais a partir do início dos serviços necessários a concretagem da primeira laje?
28. Em edifícios com mais de 4 pavimentos ou altura equivalente, existe instalação de uma plataforma principal de proteção na altura da primeira laje que esteja, no mínimo, um pé-direito acima do nível do terreno, com mínimo de 2,50m de projeção o horizontal da face externa da construção e 1 (um) complemento de 0,80m (oitenta centímetros) de extensão, com inclinação de 45º (quarenta e cinco graus), a partir de sua extremidade?
29. A plataforma foi instalada logo após a concretagem da laje a que se refere e retirada, somente, quando o revestimento externo do prédio acima dessa plataforma estiver concluído ?
30. Acima e a partir da plataforma principal de proteção, estão também instaladas plataformas secundárias de proteção, em balanço, de 3 em 3 lajes?
31. Na construção de edifícios com pavimentos no subsolo, estão instaladas, ainda, plataformas terciárias de proteção, de 2 (duas) em 2(duas) lajes, contadas em direção ao subsolo e a partir da laje referente à instalação da plataforma principal de proteção?
95
32. O perímetro da construção de edifícios está fechado com tela a partir da plataforma principal de proteção?
33. Os equipamentos de transporte vertical de materiais e de pessoas estão dimensionados por profissional legalmente habilitado?
34. A montagem e desmontagem e manutenção são realizadas por trabalhador qualificado?
35. Os equipamentos de movimentação e transporte de materiais e pessoas são operados por trabalhador qualificado com função anotada em Carteira de Trabalho?
36. No transporte vertical e horizontal de concreto, argamassas ou outros materiais, está proibida a circulação ou permanência de pessoas sob a área de movimentação da carga, sendo a mesma isolada e sinalizada.?
37. Quando o local de lançamento de concreto não for visível pelo operador do equipamento de transporte ou bomba de concreto, é utilizado sistema de sinalização, sonoro ou visual, e, quando isso não for possível possui comunicação por telefone ou rádio para determinar o início e o fim do transporte?
38. No transporte e descarga dos perfis, vigas e elementos estruturais, são adotadas medidas preventivas quanto à sinalização e isolamento da área?
39. Os acessos da obra estão desimpedidos, possibilitando a movimentação dos equipamentos de guindar e transportar?
40. Antes do início dos serviços, os equipamentos de guindar e transportar são vistoriados por trabalhador qualificado, com relação a capacidade de carga, altura de elevação e estado geral do equipamento?
41. As torres de elevadores estão dimensionadas em função das cargas a que estarão sujeitas?
42. As torres são montadas e desmontadas por trabalhadores qualificados?
43. As torres estão afastadas das redes elétricas ou estas isoladas conforme normas específicas da concessionária local?
44. A base onde se instala a torre e o guincho é de concreto, nivelada e rígida ?
45 A torre e o guincho do elevador estão aterrados eletricamente?
46. A torre do elevador está dotada de proteção e sinalização, de forma a proibir a circulação de trabalhadores através da mesma?
47. Está proibido o transporte de pessoas nos elevadores de materiais?
48. Existe fixada uma placa no interior do elevador de material, contendo a indicação de carga máxima e a proibição de transporte de pessoas?
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49-Nos edifícios em construção com 12 ou mais pavimentos, ou altura equivalente possui instalação de, pelo menos, um elevador de passageiros?
50-O transporte de passageiros terá prioridade sobre o de carga ou de materiais?
51-A ponta da lança e o cabo de aço de sustentação da grua estão mínimos a 3,OO m de qualquer obstáculo e estão afastados da rede elétrica ?
52-Quando o equipamento de guindar não estiver em operação, a lança fica em posição de descanso?
53-A grua está aterrada e dispõe de pára-raios situados a 2,00m acima da ponta mais elevada da torre?
54-A grua possui alarme sonoro acionado pelo operador sempre que houver movimentação de carga?
55-O dimensionamento dos andaimes é realizado por profissional legalmente habilitado?
56-O piso de trabalho dos andaimes tem forração, antiderrapante, nivelado e fixado de modo seguro e resistente?
57-Os andaimes devem dispõem de sistema guarda-corpo e rodapé?
58-É utilizada cadeira suspensa (balancim individual) quando não sendo possível a instalação de andaimes?
59-A sustentação da cadeira suspensa é feita por meio de cabo de aço ou cabo de fibra sintética?
60-A operação de máquinas e equipamentos é feita por trabalhador qualificado e identificado por crachá?
61-Na operação de máquinas e equipamentos com tecnologia diferente da que o operador estava habituado a usar,é feito novo treinamento, de modo a qualificá-lo à utilização dos mesmos?
62-As máquinas, equipamentos e ferramentas são submetidas à inspeção e manutenção periódicas?
63-A máquina possui dispositivo de bloqueio para impedir seu acionamento por pessoa não-autorizada?
64-Os trabalhadores são treinados e instruídos para a utilização segura das ferramentas?
65-As ferramentas manuais que possuam gume ou ponta estão protegidas com bainha de couro material ou equivalente?
66-A empresa fornece aos trabalhadores, gratuitamente os EPIs?
67-O cinto de segurança tipo pára-quedista é utilizado em atividades a mais de 2,00m (dois metros) de altura do piso, nas quais haja risco de queda do trabalhador?
68-Os materiais são armazenados e estocados de modo a não prejudicar o trânsito de pessoas e de trabalhadores, a circulação de materiais, o acesso aos equipamentos de combate a incêndio,
97
não obstruir portas ou saídas de emergência e não provocar empuxos ou sobrecargas nas paredes, lajes ou estruturas de sustentação, além do previsto em seu dimensionamento? 69-Os materiais tóxicos, corrosivos, inflamáveis ou explosivos são armazenados em locais isolados, apropriados, sinalizados e de acesso permitido somente a pessoas devidamente autorizadas?
70-As madeiras retiradas de andaimes, tapumes, formas e escoramentos são empilhadas, depois de retirados ou rebatidos os pregos, arames e fitas de amarração?
71-A obra possui sistema de alarme capaz de dar sinais perceptíveis em todos os locais da construção em caso de incêndio?
72-Nos locais confinados e onde são executados pinturas, aplicação de laminados, pisos, papéis de parede e similares, com emprego de cola,bem como nos locais de manipulação e emprego de tintas, solventes e outras substâncias combustíveis, inflamáveis ou explosivas, são tomadas as seguintes medidas de segurança?
73-É obrigatório o uso de colete ou tiras refletivas na região do tórax e costas quando o trabalhador estiver a serviço em vias públicas, sinalizando acessos ao canteiro de obras e frentes de serviços ou em movimentação e transporte vertical de materiais?
74-O canteiro de obras está organizado, limpo e desimpedido?
75-O entulho e quaisquer sobras de materiais são regularmente coletados e removidos.?
76-É proibida a queima de lixo ou qualquer outro material no interior do canteiro de obras?
77-É proibido manter lixo ou entulho acumulado ou exposto em locais inadequados do canteiro de obras?
78-Na obra existe colocação de tapumes ou barreiras deforma a impedir o acesso de pessoas estranhas aos serviços?
79-Nas obras com mais de 2 (dois) pavimentos a partir do nível do meio-fio, foram construídas galerias sobre o passeio, com altura interna mínima 3,00m ?
80-Existe proteção de risco de queda de materiais nas edificações vizinhas?
Total Parte 2: Nº de SIMs aplicáveis: ( ) Nº de Quesitos
98
PARTE 3 – Avaliação das condições de saúde e higiene.
PERGUNTA SIM NÃO Não se aplica
1. Possuem PCMSO atualizado e coordenado por Médico do Trabalho?
2. Existem as cópias do ASO (Atestado de Saúde Ocupacional)?
3. Os exames anotados no ASO estão de acordo com o PCMSO?
4. Todos os trabalhadores estão trabalhando com exame médico de apto?
5. As instalações sanitárias (IS) estão em perfeito estado de conservação e limpeza?
6. As IS possuem paredes e pisos laváveis e piso antiderrapante?
7. As IS possuem boa ventilação e iluminação adequada?
8. As IS estão em locais de fácil acesso e a menos de 150 m do local de trabalho?
9. As IS possuem gabinete sanitário, mictórios e lavatórios na proporção de 01 conjunto para cada grupo de 20 trabalhadores ou fração?
10. As IS possuem um chuveiro na proporção de 01 unidade para cada grupo de 10 trabalhadores ou fração?
11. Os lavatórios possuem torneiras em boas condições, é do tipo calha, lavável , impermeável e ligado a rede de esgoto?
12. O gabinete sanitário tem no mínimo 1,0m²? 13. O gabinete possui porta com trinco e divisória de altura mínima de 1,80m?
14. Os mictórios (individuais ou coletivo tipo calha), são de material lavável e com válvula de descarga?
15. Os vasos sanitários e mictórios são ligados a rede de esgoto ou fossa séptica com interposição de sifões hidráulicos?
16. Os gabinetes do chuveiro tem área mínima de 0,80 m²? 17. Os gabinetes de chuveiro possuem piso lavável, antiderrapante ou estrado e caimento para escoamento adequado da água para a rede de esgoto?
18. O vestiário é próximo do alojamento ou a entrada da obra? 19. Os alojamentos tem área mínima de 3,0 m² por módulo (cama/armário) incluindo área de circulação?
20. Os alojamentos possuem piso e paredes em alvenaria ou material equivalente, além de cobertura adequada as intempéries?
21. As camas ou beliches têm dimensões mínimas de 0,80 m x 1,90 m, com colchões, travesseiros e roupa de cama
99
adequados? 22. Os alojamentos possuem ventilação, iluminamento e fornecimento adequado de água?
23. Existe local para refeição com paredes que permitem o isolamento e não localizado no subsolo ?
24. O refeitório é construído com piso de material lavável? 25. Tem iluminação e ventilação natural e/ou artificial, cobertura contra intempéries e lavatórios próximo?
26. Existe local adequado para lavar, secar e passar roupas? 27. Existe material satisfatório para primeiros socorros? 28. Existe o fornecimento de água potável, filtrada e fresca?
Figuras 13, 14 e 15: Check-list de Avaliação
Fonte: Adaptado Ministério do Trabalho e Emprego (2003)
5- Definição e Implantação do Sistema de Treinamento
Na utilização de novas tecnologias no sistema construtivo poderão ser utilizados dois
tipos de mão de obra, sendo:
- Mão de Obra Terceirizada – Com habilidades técnicas específicas de acordo com o
momento da obra.
- Mão de Obra Própria – Utilização da equipe de trabalho da construtora.
O uso de determinado tipo de mão de obra deverá ser estabelecido durante a etapa de
planejamento da obra, onde são analisadas as vantagens e desvantagens de cada opção e decidido
o meio que apresentar o maior retorno de acordo com os critérios pré-estabelecidos.
Porém, a equipe de trabalho da construtora nem sempre apresentará as habilidades
técnicas necessárias para a execução da atividade e construtora poderá optar pelo treinamento e
atualização dos seus funcionários. A seguir são apresentados métodos para a habilitação desses
funcionários perante novas tecnologias construtivas.
Total Parte 3: Nº de SIMs aplicáveis: ( ) Nº de Quesitos
100
Etapa 1: Definição do responsável pelo treinamento
O responsável pelo treinamento poderá ser a construtora, a empresa fornecedora da
tecnologia ou empresas especializadas em atualização de profissionais.
Etapa 2: Estabelecimento dos Objetivos
Nesta etapa define-se os objetivos da atualização. Esse treinamento pode visar somente a
aprendizagem de novas técnicas ou outros objetivos como: aumento de produtividade,
diminuição de desperdícios, assimilação de técnicas de gestão ambiental e de segurança, além do
treinamento de pessoal recém contratado.
Etapa 3: Definição do método de treinamento
Considerando as características do que será ensinado (novas técnicas de produção), o mais
indicado é o Método Simulado onde as técnicas são assimiladas perante a imitação da realidade.
Porém deve-se salientar que esse método apresenta um alto custo, devendo ser aplicado somente
quando se pretende utilizar essa nova tecnologia constantemente.
A definição do método que será utilizado deverá atender principalmente as expectativas e
previsão de custos da empresa financiadora. HOLANDA (2003) apresenta os principais métodos
de treinamento que podem ser aplicados.
10
1
MÉTODOS ESTRATÉGIAS TÉCNICAS VANTAGENS DESVANTAGENS Método Prático Aprender fazendo -Aprendizagem
Metódica do Trabalho - Entrevistas - Estágios - Rodízio de Tarefas
Resultados rápidos. Aprendizagem de vícios funcionais, pode ocasionar acidentes e perdas de materiais, restringe o número de participação de pessoas.
Método Conceitual Aprender pela teoria - Debates - Explanação Oral - Estudo Dirigido - Instrução Programada - Painel -Simpósio - Material Impresso
Corresponde rapidamente ás expectativas e possibilita participação de grande número de pessoas.
Não garante aprendizagem real e não estimulas atitudes e comportamentos.
Método Simulado Aprender imitando a realidade
- Estudos de Casos - Dramatizações - Jogos de empresa - Jogos e exercícios diversos - Projetos
Facilita compreensão visual, reforça entendimento racional, indicado no treinamento de novas técnicas.
Altos custos, geralmente as técnicas são utilizadas em grupos pequenos.
Método Comportamental
Aprender por desenvolvimento psicológico
- Aconselhamento psicológico - Dinâmica de Grupo
Estimula o desenvolvimento intelectual e mudanças de comportamento e atitudes dos treinandos.
Resultados a longo prazo e o acompanhamento são imprescindíveis.
Quadro 6: Métodos de Treinamento
Fonte: Adaptado HOLANDA (2003)
102
Etapa 4: Planejamento do Treinamento
Nesta etapa, os responsáveis pelo treinamento definem os planos de ação,
atividades,técnicas de ensino, tempo e recursos necessários, materiais didáticos e meios de
avaliação que serão aplicados conforme o método de treinamento que será adotado.
SOARES (1997) sugere as seguintes ações durante a fase de planejamento do treinamento:
Objetivo: descrever o objetivo do treinamento em pauta;
• Identificar características do público alvo;
• Local de Realização: estabelecer o local de realização das atividades de
treinamento;
• Método didáticos: definir o método para efetuar a capacitação. O autor sugere
como referência o Quadro Comparativo dos Diferentes Métodos de Capacitação;
(Quadro 7)
• Recursos Necessários: listar os recursos humanos, materiais, equipamentos e
instalações necessários para o treinamento;
• Conteúdo: listar as atividades de capacitação (conteúdo programático);
• Cronograma: para cada atividade construir o cronograma;
• Desempenho Esperado: Estabelecer, para cada atividade, o desempenho
esperado dos integrantes do evento;
• Desempenho Alcançado: Identificar o desempenho real dos integrantes do
evento durante a aplicação do treinamento, caso ocorra algum desvio são
estabelecidas mudanças no método.
A seguir é apresentado o quadro comparativo dos métodos de capacitação:
10
3
TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTOS
TEÓRICOS
TRANSFERÊNCIA DE
CONHECIMENTOS PRÁTICOS
CONDIÇÃO DO OUVINTE
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES
ANALÍTICAS
DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES COMPORTAMENTAIS
DESENVOLVIMENTO DE VALORES E
PRINCÍPIOS
OBJETIVO
PRELEÇÃO Excelente Bom Passivo Bom Ruim Bom Fornecer maiores informa-ções sobre assunto normal-mente já conhecido
SEMINÁRIO Bom Excelente Ativo Excelente Ruim Excelente Estudo em grupo de idéias, opiniões e sugestões de interesse de uma determinada classe
SIMPÓSIO Bom Bom Passivo Regular Ruim Regular Estudo de assunto complexo, com a participação de número reduzido de elementos. Não dá margem a debates.
CONFERÊNCIA Excelente Bom Passivo Bom Ruim Bom Exposição realizada por especialista, voltada para um grande público, objetivando conhecer fatos, sugestões e buscar soluções para problemas comuns
CURSOS Excelente Excelente Passivo Excelente Regular Excelente Eventos formativos que tratam de conceitos perenes e visam o desenvolvimento integral de seus participantes
ESTUDO DE CASOS
Bom Excelente Ativo Bom Bom Excelente Simular situações (casos), normalmente contendo pro-blemas, que, após resolvidos, possibilitam conclusões e formulação de opiniões
JOGOS DE EMPRESA
Bom Excelente Ativo Excelente Excelente Regular Treinar através da simulação do funcionamento de atividades empresariais em um ambiente competitivo
ON THE JOB TRAINING
Bom Excelente Ativo Bom Excelente Ruim Treinar o trabalhador no próprio posto de trabalho
Quadro7: Quadro Comparativo dos diferentes métodos de capacitação
Fonte: SOARES (1997)
104
Etapa 5: Aplicação do Treinamento
Execução dos planos de ação citados no item anterior.
Etapa 6: Avaliação dos Resultados
Nesta etapa são verificados se os objetivos pré-definidos foram alcançados. Podem ser
analisados, por exemplo, o nível de entusiasmo e aprendizagem dos funcionários e mudança no
comportamento na execução das atividades.
Também é importante a avaliação do sistema de ensino aplicado e identificação de
possíveis mudanças.
7 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Estima-se que a construção civil é responsável por aproximadamente 30% da extração de
recursos naturais do planeta. Os impactos ambientais são seqüenciais, uma vez que continuam
pelos transportes diversos e pelas fábricas de materiais de construção. Após a conclusão do
empreendimento, os impactos continuam, seja no consumo de 50% de toda a energia produzida
no mundo, alem dos resíduos de obras, reformas ou demolições. (SINDUSCON, 2007).
Após anos de estagnação, a construção civil brasileira, apresenta mudanças pontuais
quanto o seu tipo de produção. Por meio de entrevistas pessoais com especialistas, percebe-se que
a Região Sul do país avança na utilização do pensamento da Construção Enxuta e na produção
sustentável. A utilização de sistemas e componentes construtivos modernos, que possuem a
preocupação com a sustentabilidade, segurança e gestão ambiental é de extrema importância.
A otimização do uso dos espaços reservados para o canteiro de obras, aumento da
motivação, segurança e produtividade dos operacionais e, conseqüentemente, maximização dos
lucros, serão obtidas por meio de um maior nível de industrialização no processo de construção
dessas edificações.
Quanto menor a quantidade de atividades realizadas dentro do canteiro de obras,
resumindo-as a montagem e interligação das unidades, formando um sistema estrutural único. De
acordo com o CBCA, o Japão possui uma indústria altamente desenvolvida, onde edifícios e
residências são construídos a partir de unidades modulares.
A industrialização dos componentes da edificação permite uma diminuição das áreas
destinadas à estocagem de materiais e um aumento da segurança do canteiro. Exemplificando, o
uso de painéis de vedação como o GRC, que são pintados durante sua fabricação, torna
desnecessária a área de armazenamento de tintas e solventes. A retirada dessa área representa um
106
aumento da área útil para o canteiro, alem da diminuição de riscos na segurança do canteiro, visto
que essa é uma área altamente combustível.
A gestão ambiental e de produção sustentável também poderá ser contemplada na
industrialização da produção. Os principais problemas ambientais durante a produção de um
edifício, como a geração de resíduos, geração de ruídos, baixa qualidade do ar pode ser
minimizada. Por exemplo, o uso da estrutura metálica, além do seu valor ambiental de material
reciclável, permite a diminuição de ruídos e resíduos no ar durante sua montagem no canteiro. Os
painéis de gesso acartonado é um modo eficiente para a diminuição de resíduos, já que não é
necessário a geração de entulhos para a colocação das instalações prediais.
No entanto, é necessária uma maior atenção quanto à logística de transporte dos
componentes construtivos, para o cumprimento de prazos e garantia de qualidade, além das áreas
de estocagem desses materiais que deverão ser totalmente eficientes, visto que, a perda de algum
material significará um prejuízo maior do que nos materiais tradicionais.
A industrialização da produção na construção civil requer uma maior precisão na
execução de projetos A precisão do projeto e execução desse tipo de sistema acarretará a
diminuição de custos e aumento de lucros, por meio de:
• Equipes menores e especializadas,
• Diminuição de improvisos dentro do canteiro,
• Diminuição de riscos para a segurança dos envolvidas na obra,
• Maior organização e limpeza no canteiro,
• Redução do numero de atividades realizadas,
• Maior controle na utilização de materiais e conseqüentemente, menor
desperdício.
• Aceleração do cronograma, com redução de prazos,
• Facilidade de uso e manutenção de instalações,
• Eliminação ou diminuição de algumas atividades existentes no processo
tradicional.
107
Contudo, o Brasil ainda apresenta algumas dificuldades e limitações para a
industrialização, como a imagem negativa de vedações pré-fabricadas e a falta de normalização
dos componentes. Especialistas apontam que o maior desafio e a necessidade de mudanças
organizacionais nos processos de gestão de empreendimentos e produção.
A inovação tecnológica, junto com o fortalecimento do desenvolvimento sustentável, é
fundamental para o alcance e sustentação de vantagens competitivas no mercado consumidor. A
ruptura dos paradigmas tradicionais e a constante retroalimentacão do sistema produtivos, por
meio de estudos e pesquisas, é essencial para que as empresas construtoras alcancem melhorias
significativas em todo o processo de produção.
A pesquisa realizada identificou que o planejamento do canteiro de obras deverá ter início
na identificação do espaço disponível e do sistema construtivo adotado. Após a análise de suas
características, e somando os resultados com os processos de planejamento da obra, é escolhido o
arranjo físico mais adequado, considerando áreas de administração, estocagem e áreas de
vivência. A seguir são iniciados planos de gestão ambiental e segurança do trabalhador de acordo
com normas regulamentadoras vigentes. Vale salientar que é necessária a constante retro-
alimentação dos dados e resultados obtidos, com o objetivo de adequar o arranjo físico do
canteiro de acordo com avanço da obra. Outra observação importante é que a aplicação da
metodologia proposta poderá encarecer, em um primeiro momento, os custos da organização.
Porém, o retorno dos custos aplicados poderão ser conseguidos após a metodologia torna-se um
prática corrente na empresa construtora.
7.1 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
- Aplicação prática da proposta apresentada;
- Análise crítica comparativa do sistema de planejamento proposto com sistemas de
planejamento de canteiro de obras atuais;
- Análise da gestão do canteiro de obras com a utilização de sistemas construtivos
industrializados;
- Avaliação dos resultados da proposta quanto à gestão ambiental, sustentabilidade e
segurança e saúde do trabalhador;
108
- Estudo de caso com avaliação dos índices de produção de resíduos (materiais, visuais,
ruídos) nos sistemas construtivos industrializados;
- Estudo de caso com avaliação dos índices de produtividade em obras que adotem
sistemas construtivos industrializados;
- Análise da receptividade junto ao mercado consumidor de obras que adotem sistemas
construtivos industrializados e aplicação de sistemas de gestão e sustentabilidade.
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