Fast Food Wage Board Report
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Fast Food Wage Board Report
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QUEBRANDO BARREIRAS INTRODUÇÃO
Saúde Pública — Um caso acontecido em Londrina, no Paraná, chamou a
aten- ção do povo paranaense. Em períodos em que a dengue tornou-se
epidemia e todas as cidades se mobilizavam para erradicar o
mosquito transmissor, havia casas que
«ntavam lixo que poderiam ser focos do osquito. A justiça expediu
mandados de
segurança para que os agentes de saúde pudessem entrar para limpar
as residên- cias. Mesmo assim foram impedidos. Houve morador que
mesmo com a polí- cia não permitiu que sua casa fosse lim- pa. E o
pior disso tudo é que histórias como essa se repetem. Quatro anos
atrás, a prefeitura retirou quatro caminhões de lixo de uma dessas
casas. Hoje, passados quatro anos, a situação é a rnesma.
O ponto a se destacar é; as pessoas não mudam. O que fazer para
quebrar barreiras assim, de pessoas que se adap- tam a víver no
lixo e não querem ser purificadas? Evangelização não é uma
fácil. Por mais maravilhoso que o elho seja, nem todos querem
ouvi-
lo. Nessas situações, devemos pedir sabedoria a Deus, para que
tenhamos atitudes semelhantes à de Jesus com a samaritana.
l. PRIORIZAR A VONTADE DO PAI (JO 4.3,4)
E dito que Cristo saiu da Judéia para a Galiléia (Jo 4.3,4), e viu
que era
necessário passar por Samaria. Havia ou- tros caminhos possíveis
para se chegar à Galiléia como: uma estrada nas proximi- dades da
costa, outra ainda através da Peréia e, por fim, a que passava por
Samaria. A estrada que passava por Samaria era a mais curta,
entretanto, mesmo que ele tivesse se aproveitado da pequena distân-
cia para chegar à Galiléia isso não o obri- gava a parar e
conversar com aquela mu- lher samaritana. Isso porque a distância
não foi o fator que determinou a escolha de Jesus Cristo por aquela
estrada. O mo- tivo não foi geográfico, mas evangelístico. Com
certeza, Jesus se encaminhou para a Galiléia através de Samaria
para cumprir a vontade de seu Pai (Jo 4.34), que nesse caso era que
ele pregasse a samaritanos para que os mesmos se arrependessem de
seus pecados.
Jesus preocupou-se com os samaritanos por sua obediência à vontade
do Paí, mes- mo diante de uma histórica oposição en- tre
samaritanos e judeus (Lc 9.51-53; Jo 8.48). O tempo da salvação
havia chega- do para eles também.
A falta de prioridade ou sensibili- dade para aquilo que é urgente,
no que se refere à vontade do Pai, faz que os filhos de Deus fiquem
cegos para o tempo da colheita (Jo 4.35). Mesmo cansado (Jo 4.5-6,
8, 31), Jesus deixa suas necessida- des para depois e prioriza
aquela mulher (Mt 10.5,6). Por quê? Porque os
Para ler e meditar durante a semana D — Jo 4.19-30 - Como Deus deve
ser adorado; S — Rm 12.17-23 — Retribuindo com o bem;
T — Jo 8.39-47—Amando o Pai; Q-Zc4.1-10-A importância dos pequenos
começos; Q-Jo 8.48-59 -A santidade de Cristo; S -Mt 6.25-34-A
provisão do Pai;
S - Lc 2.25-35 —A consolação de Israel.
Evangelho e Cartas de João (Jo, IJo, 2jo e 3Jo)
samaritanos também estavam prontos para a ceifa, no campo que
branquejava.
Para que Jesus rompesse com as bar- reiras existentes entre os
judeus e os samaritanos ele precisou priorizar isso. Jesus podia
simplesmente ignorar a vida dos samaritanos e buscar um caminho
alternativo para ir à Galiléia, mas fazer a vontade do Pai era mais
importante do que passar alheio a um problema corno esse. A falta
de prioridade do povo de Deus para buscar obedecer a vontade do
nosso Pai é algo que traz profundos problemas espirituais. Não dá
para negligenciar a vontade de Deus (iTs 4.3), pelo contrário, é
necessário ter prazer em realizá-la assim como o próprio Jesus
Cristo tinha Qo 4.34; 5-30; 6.38).
As prioridades humanas precisam se reorganizar conforme as
prioridades divi- nas. E isso que o próprio Deus disse com respeito
à vida, por exemplo, do rei Ezequias (2Rs 20.1), do homem que es-
tava no meio da multidão e deu sinais de avareza (Lc 12.13-20) e do
próprio Jonas, que não queria pregar a Palavra de Deus aos
ninivitas (Jn 1.1-3). O ser humano sempre demonstrou sua
dificuldade para discernir os tempos (Lc 12.56) e muitos com
respeito à própria pregação do evan- gelho. Uma das razões da
parábola do se- meador (Mc 4.1-20)1 era mostrar aos dis- cípulos a
necessidade de não deixar que qualquer obstáculo os impedisse de
se- mear, isto é, pregar o evangelho do reino, O tempo de Jesus
para pregar aos samaritanos era aquele, apesar de todos os
problemas que cercavam aquele povo.
A questão mais importante não é se as barreiras existem, mas se
chegou o tempo de rompê-las em submissão à von-
tade do Pai (2Co 4.3-6). Os cristãos pre- cisam mudar suas
prioridades se quise- rem pregar o evangelho às pessoas.
II. É PRECISO SENSIBILIDADE (JO 4.7-15)
Jesus começou sua conversa com aquela mulher samaritana
utilizando-se de um método. A pedagogia é algo perceptível nesse
texto. Jesus demonstrou sua mestria em outras ocasiões como, por
exemplo, na Festa dos Tabernáculos.
Essa festa era tão importante c Paulo não queria ficar na As;a ou
em Efeso respectivamente, por causa dela (At 20.16, iCo 16.8).
Cristo se utilizou des- sa festa para cumprir a vontade do Pai e se
revelar como Messias:
a) Uma das coisas que aconteciam na Festa dos Tabernáculos era que
o sa- cerdote derramava uma vez a água do poço de Siloé (Is 12.3).
No sétimo dia (Nm 29.12; Ne 8.18) o sacerdote fazia isto sete
vezes. Logo, o sétimo dia era o apogeu da festa 0o 737). Neste
contex- to Jesus diz: "se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem
crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de
água viva" (Jo 7.37)38; Is 55-1)2; j 22.17).
b) A outra coisa que acontecia é que as luzes na entrada do
tabernáculo eram ligadas, lembrando a coluna de fogo do AT que
guiou o povo no deserto durante as noites. Por isso Jesus disse:
"Eu sou a luz do niundo; quem me segue não an- dará nas trevas;
pelo contrário, terá a luz da vida" (Jo 8.12).
O significado do Pentecoste para a vida da igreja: a) a chegada do
outro Parákleto (consolador, advogado); b) mar-
1 A outra razão é, sem dúvida, para demonstrar aos discípulos que o
motivo da resistência das pessoas ante ao fato dele se apresentar
como o Messias prometido do AT é a existência de quatro tipos de
solo que são os quatro tipos de corações humanos.
Quebrando barreiras
ca a nova era em que a lei não seria gravada em tábuas, mas no
coração; c) como coin- cidia com a festa das primícias, isso era a
garantia de que haveria uma colheita.
Jesus fala da água, quando a mu- lher está buscando água no poço.
Ele aproveitou uma ocasião perfeita. O me- lhor lugar para começar
a vencer uma barreira é o lugar em que o oponente está (At 8.30,
35).
O povo de Deus precisa aprender .ebrar barreiras imitando o seu
mes- Desse modo aprendemos a fazer tudo
pelo evangelho também (iCo 9.19-23; Fp 1.18).
III. PEQUENOS COMEÇOS (JO 4.7, 39-42)
Jesus realmente desafiou os concei- tos judaicos sobre os
samaritanos ao abor- dar aquela mulher, surpreendendo até ela mesma
(Jo 4.9). Mas em sua sabedoria o Senhor alcançou seus objetivos.
Obser- vemos como:
Com vitórias progressivas (Jo 4.27- 30) - quando os discípulos
chegaram até a presença de Cristo e o viram conversan- do com uma
mulher ficaram admirados (To 4.27). Não era essa a expectativa
dos
^scípulos de Jesus. Os obstáculos venci- dos por Cristo aqui ainda
eram peque- nos, considerando que, posteriormente, toda a cidade
samaritana ficou alvoroçada. Duas coisas eram chocantes: a) Jesus
con- versar com uma mulher, b) Jesus conver- sar com um
samaritano.
Isso foi tão surpreendente que ne- nhum dos discípulos se encorajou
a íàzer qualquer pergunta a Jesus (Jo 4.27). Uma das razoes para
que as barreiras existentes entre os judeus e os samaritanos fossem
quebradas foi o fato de Cristo ter come- çado a lutar contra elas,
falando com aque- la mulher samaritana.
Aprendemos com o Senhor Jesus que, sob a vontade de Deus e para a
dis- seminação do evangelho, devemos nos dispor a romper
dificuldades por vezes impostas pela sociedade.
Lembre-se de Davi. Ao ser interro- gado e desprezado por Saul em
razão de sua inexperiência, a resposta veio de ime- diato. A
confiança de Davi diante de uma grande luta é que Deus o
acompanhara e dera vitória em pequenas lutas (iSm 17-34-37). Não dá
para esperar grandes vitórias sem que os pequenos começos
aconteçam, por isso, é sábio não despre- zar o dia dos humildes
começos (Zc 4.10).
Jesus começou com uma samaritana (Jo 4.7) e alcançou muitos
samaritanos (Jo 4.39). Talvez essa atitude de Cristo tenha sido
responsável pelo sucesso do trabalho missionário em Samaria
realiza- do por Filipe e os apóstolos (At 8.4-8,14, 25). Houve
grande alegria naquela cida- de quando ela foi alcançada pela
prega- ção do evangelho.
IV. CONSCIENTIZAÇÃO DO PECA- DO (JO 4.15-18)
A mulher samaritana ainda não havia compreendido que Jesus Cristo
se referia a si mesmo ao falar da água. Aquela mulher precisava se
conscientizar de sua situação de pecadora. Havia uma barreira que
precisava ser vencida. Jesus derrubou essa barreira demonstrando a
ela o alcance do pecado. Quando aquela mulher samaritana afirma que
não tinha marido, Jesus vai direto ao ponto demonstrando que ela
estava certa, mas que já tivera cinco maridos (Jo 4.17,18). Quanto
ao divórcio, os judeus da Palestina seguiam a escola mais liberal
de Hillel que interpretava Deuteronômio 24.1 como uma permissão
para se divorciar. Essa interpretação era tão permissiva que
se
4 Evangelho e Cartas de João (Jo, IJo, 2Jo e 3jo)
uma mulher não agradasse ao seu mari- do, este poderia se separar
dela.
Já entre os samaritanos, as condi- ções do matrimónio não eram
melhores. Note que Jesus revela que a mulher tivera cinco maridos.
Diante dessa revelação, ela entendeu que Jesus era profeta de Deus
(Jo 4.19). Jesus fez isso para demonstrar o alcance do pecado. O
pecado está em todos, tanto em judeus como em samaritanos, ou de
acordo com Paulo, tanto em judeus como em gregos (Rm 3-9). Veja a
comparação dessa realidade nos capítu- los 3 e 4 de João:
João 3
Deus salva a ambas
A ideia é que todos foram atingidos pelo pecado e precisam do
perdão de Deus. É exatamente esse o argumento de Paulo quando fala
de várias classes de pessoas debaixo do pecado: gentios (Rm
1.18-32), moralistas e filósofos (Rm 2.16), judeus (Rm
2.17-29).
Por isso, conclui Paulo que "todos pecaram" (Rm 3.23,24). Nos casos
exemplificados, tanto Jesus quanto Paulo ensinaram o alcance do
pecado. Demons- trado isso, o segundo passo é apontar para a
solução do problema, o remédio da doença, que é a fonte da água da
vida Qo 4.13,14).
Não há pecado tão pequeno que não precise do perdão de Deus. No
caso, tan- to judeus quanto samaritanos são alvos da graça de Deus.
Somente quando o pecado é exposto é que as pessoas podem entender a
necessidade de perdão. Jesus Cristo fez, isso por meio do
confronto.
O confronto é importante nesse processo (2Sm 12.1-7; 2Cr 18.1-27;
Am 7.10-13). O problema hoje com esse método é que vivemos em uma
época cin- za, sem cor, em que a dubiedade reina e as pessoas fazem
de tuçlo para esconder seus verdadeiros pensamentos e intenções. O
confronto realizado por Cristo não visa criar problemas de
ressentimento (IPe 2.22), mas libertar e salvar o cativo Qo
4.25-30,39-42).
V. EM ESPÍRITO E EM VERDAD^ (JO 4.19-26)
A conversa de Cristo com aquela mulher samaritana centraliza-se em
tor- no dos lugares sagrados, a saber, um cam- po e um poço
associados a Jacó G° 4.5) e o templo samaritano do monte Gerizim GO
4.20). Os samaritanos acreditavam que Josué havia construído um
santuário no monte Gerizim (Dt 12.5) 11; Jz 9.7; iRs 9.3; 2Cr
7-12).
A mulher samaritana queria saber qual era o local correto de
adoração G° 4.20). Por que ela perguntou isso? Porque após a
derrota que o povo de Israel imprimiu em Ai GS 8.18, 24-29), o povo
marchou para o norte por uma estrada que ia pelo topo das montanhas
rumo a Si (Js 8.29,30). Para essa marcha o não precisava ir pela
mata porque havia uma estrada construída. A 32 quilóme- tros de Ai
estão dois montes: Ebal e Gerizim. Um de frente para o outro.
Samaría fica a 10 quilómetros desses dois montes, portanto a 42
quilómetros de Ai. Ebal e Gerizim têm o mesmo significa- do: árido.
Uma das semelhanças existen- tes entre esses dois montes é que do
pico deles dá para ver boa parte da terra pro- metida. A referência
feita pela mulher samaritana é ao monte Gerizim.
Moisés, antes de morrer, ordenou que o povo se dirigisse até o
monte Ebal
Quebrando barreiras
para fazer um altar (Dt 27.4-7). Esse altar deveria ser construído
antes da lei- tura da lei. E o povo obedeceu a ordem
(Js 8.30-35). Deus havia ordenado que o Monte
Gerízim fosse o monte da bênção (Dt 27.11,12). Desse monte, o povo
ouviu as bênçãos decorrentes da obediência. O Monte Ebal seria o
monte da advertência ou maldição (Dt 27.13,14). Desse mon- te, o
povo ouviu as maldições decorren-
da desobediência. A lição, na prática, é que o que acon-
teceria com o povo dependeria se eles es- tivessem morando no Monte
Gerízim ou no Monte Ebal.
Esses montes serviam para confron- tar o povo com a lei de Deus.
Interes- sante que o altar tenha sído construído no monte Ebal e
não no monte Gerizim. Isso era um lembrete para que o povo não
pecasse,
A mulher samaritana deve ter se vi- rado e apontado para o Monte
Gerizím como o lugar onde seus pais adoravam (Jo 4.20). Mas Jesus
ensinou àquela mu- lher que só podemos adorar a Deus de um modo, e
isso independe da localização: em
írito e em verdade} e a mulher samaritana ntendeu isso (Jo 4.29,
30, 39).
Os lugares sagrados não podiam es- conder as falhas existentes no
caráter dos adoradores (Am 5-5,6). Deus quer que os seus filhos
mudem suas atitudes (Am 5.14,15; Mq 6.8) e o busquem por in-
termédio de Cristo. Espírito se refere à
pessoa do Espírito Santo, que dá conti- nuidade à obra de Cristo e
garante o cul- to puro a Deus.2 Quanto à verdade, sig- nifica que a
adoração é feita em Jesus Cristo, a verdade revelada (Jo
14.6).
A barreira das limitações físicas na adoração a Deus foi quebrada
por Cristo junto à mulher samaritana. Nada pode substituí-lo porque
ele é o único media- dor entre Deus e os homens (ITm 2.5).
CONCLUSÃO Devemos estabelecer como priorida-
de inegociável fazer sempre a vontade de Deus. Não existe nenhuma
missão, nem obra ou realização que ultrapasse a impor- tância
disso. Portanto, viver para agradar a Deus deve ser sempre o nosso
alvo.
Sensibilidade e sabedoria também são necessárias para que os meios
corretos sejam utilizados numa aproximação evangelística.
Fidelidade e sabedoria for- mam uma combinação perfeita. Deus quer
que preguemos o evangelho a toda pes- soa, pois então façamos isso,
suplicando por entendimento e prudência, a fim de que sejamos
ouvidos.
APLICAÇÃO Lembre-se de que o modo como nos
aproximamos das pessoas é muito impor- tante e que precisamos
vencer o medo para falar de Cristo. Pense seriamente nisso e
disponha-se pessoalmente diante de Deus, em oração, a se tornar uma
teste- munha mais útil para ganhar mais vidas para Jesus.
! Esta posição também é defendida pela Bíblia de Estudo de
Genebra.
Lição 2 João 5.1-18
BETESDA: UM LUGAR DE REVELAÇÕES INTRODUÇÃO
O homem sempre busca a auto- suficiência e se distancia de Deus.
Qual seria uma das motivações que essa sociedade encontraria em
Deus para buscá-lo? Aliás, existe alguma motivação para isso? Qual
é o real estado do coração humano? Às vezes as pessoas se envolvem
em um emaranhado de problemas que não conseguem sair. Será que Deus
pode ajudá-las nesses casos? E quando as pessoas estão envolvidas
há muito tempo em alguns problemas, será que Deus pode ajudá-las a
se livrarem deles? Vejamos nesta lição como, realmente, Deus é
poderoso e pode solucionar todas as nossas dificuldades.
l. O VERDADEIRO ESTADO DO CORAÇÃO HUMANO
As doenças físicas são reais e devem ser avaliadas pelo prisma das
Escrituras. A impotência daquele enfermo durou muito tempo. A lepra
é destacada como uma doença humilhante e embaraçosa nas Escrituras
(Lv 13-14).
Dá para perceber a existência de alguns problemas na vida das
pessoas que rodeavam aquele enfermo, e isso durante muito tempo. O
verdadeiro estado de seus corações pode ser visto da seguinte
forma:
a) Egoísmo -^ Não tinha ninguém que ajudasse aquele homem. Durante
muito tempo as pessoas o viam, mas não se importavam. Pensavam
apenas em si
mesmas. Ninguém se condoía da miséria daquele cidadão e durante
trinta e oito anos não houve ninguém que o ajudasse a viabilizar
sua entrada naquele tanque, fato esse que poderia aliviar o seu
sofri- mento. Esse é o estado do coração huma- no. As pessoas estão
envolvidas demais seus próprios problemas que se esque de servir e
ajudar a aliviar o sofrimento daqueles que sofrem. E isso pode
durar muito tempo.
Outro exemplo na Escritura está registrado no evangelho de Marcos,
na cura do endemoninhado geraseno (Mc 5.1-24). Depois daquele
cidadão passar por grandes problemas (isolamento, autodestruição e
falta de pudor) ele fora curado por Jesus, contudo isso não sensi-
bilizou o coração dos fazendeiros da re- dondeza, pois rnesmo sendo
testemunhas da total transformação operada por Jesus (Mc 5.15),
pediram que ele fosse embo- ra (Mc 5.17)) por causa da perda dos
por- cos que foram precipitados ao mar. D01" mais valor ao dinheiro
do que à transi mação que Deus pode fazer na vida pessoas é uma
expressão do egoísmo.
b) Insensibilidade -^ Os fariseus não se sensibilizaram com a cura
daquele homem, porque ela foi feita no sábado. Depois de tanto
tempo sofrendo a única coisa que os judeus conseguiram pensar é que
não era lícito carregar o leito em dia de sábado (Jo 5-10). Eles
não se aiegra-
Para ler e meditar durante a semana D — Rm 9-14-23 -A misericórdia
é um ato livre de Deus; S — Mt 7.7,8 — Encontrando Deus;
T — Is 55.6-14 — Buscando a Deus hoje; Q - Jr 31.16-18 — Esperança
para o futuro; Q — Jr 32.26-37—Tudo é* possível para Deus; S — Ez
33.10-16 — Deus quer salvar;
S —Os 10.12,13 — O que é cultivar a malícia. ; ( s .
Becesda: um lugar de revelações
ram, não deram glória a Deus e nem re- conheceram que Jesus era o
Filho de Deus. Não se preocuparam em perceber o que aquele evento
significava, isto é, a presença de Deus entre os homens: "E o Verbo
se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e
vimos a sua glória, glória como do unigénito do Pai" (Jo 1.14).
Deus estava se manifestando em meio ao seu povo. Em outra inter-
"°"ção de Cristo sobre o sofrimento hu-
10 as pessoas ficaram possuídas de te- r e diziam: "Grande profeta
se levan-
tou entre nós e: Deus visitou o seu povo" (Lc 7.16). Mas os judeus
estavam insen- síveis demais e presos em suas próprias tradições
para perceber que Deus estava se revelando na pessoa de Jesus
Cristo. Esse é o verdadeiro estado do coração humano. O homem é
incapaz de olhar para a glória de Deus por si mesmo.
II. O LOCAL DE ATUAÇÃO DA MI- SERICÓRDIA DIVINA
O tanque de Betesda é um lugar de miséria. Note que o quadro
apontado por João é de verdadeira miséria:
a) Sofrimento intenso -^ As doenças li são todas de altíssimo grau
de iculdade (Jo 5-3). Jesus vai tratar de
algo que a trinta e oito anos estava esta- belecido na vida daquele
homem. Não há circunstância tão grave que Deus não te- nha as
condições necessárias para tratá- la. Todos os problemas do corpo e
da alma humana podem ser tratados pelo Senhor, não importa o tempo
em que eles já tenham se estabelecido.
b) Problemas variados Note que o texto se refere a enfermos, cegos,
coxos e paralíticos (Jo 5.3). O ambiente que Jesus se encontrava
era de uma variedade enorme de doenças. Todas são graves. Isso
comprova que Deus pode tratar qual-
quer problema. As variedades dos proble- mas do ser humano não
pegam Deus de surpresa. A capacidade de Cristo em tratar qualquer
dificuldade é destacada pelo evangelista Marcos quando afirma que
"E ele (Cristo) curou muitos doentes de toda a sorte de
enfermidades'1 (Mc 1.34).
c) Problemas numerosos -^ Veja que o texto joanino registra cinco
pavilhões (Jo 5.2). Essa quantidade é para demons- trar que no
lugar onde Cristo se encon- trava havia muita gente com problemas.
O evangelista chega a dizer que havia "uma multidão de enfermos"
(Jo 5-3). Saía um e entrava outro (Jo 5-7). A cena registrada por
João é apenas uma amostra daquilo que Cristo pode fazer. Havia
gente deitada pelo chão (Jo 5.8),
A misericórdia divina atua em lugares onde:
— os homens só pensam em si mesmos;
— os fracos não conseguem nada pelas suas próprias forças. Faz
aquilo que o homem não consegue fazer;
- existe insensibilidade, mesmo de uma classe religiosa.
A misericórdia divina atua em lu- gares onde a desgraça também está
pre- sente (Rrn 5-20). É isso que Paulo afirma quando retrata a
situação dos seres hu- manos: andam segundo o curso deste mundo,
desobedientes, fazendo as pró- prias vontades, filhos da ira,
influencia- dos por Satanás (Ef 2.2,3). Graças a Deus que o texto
diz algo importante, "mas Deus" (Ef 2.4). Isso faz toda a
diferença. Deus atua onde o homem está morto e entregue às suas
paixões e lascívia. Se Deus esperasse da igreja transformação,
purifi- cação e santificação para então encarnar- se, com toda a
certeza ainda estaríamos perdidos em nossos delitos e pecados. Note
que Paulo afirma que Cristo se
Evangelho e Cartas de João (Jo, IJo, 2Jo e 3jo)
entrega pela igreja para fazer algo por ela (Ef 5.26). Essa é urna
das revelações do tanque de Betesda. Deus atua no meio da miséria
humana, onde ninguém quer estar. Por isso, muitas vezes as atitudes
polémicas de Jesus causavam murmu- ração dos judeus:
"Aproximavam-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o
ouvir. E murmuravam os fariseus e os escribas, dizendo: Este recebe
pecado- res e come com eles" (Lc 15.1,2).
E pressuposto que aqueles que são beneficiados com a intervenção de
Deus devam reconhecer o seu estado de misé- ria, de sede e
investimento inútil dos re- cursos naquilo que não satisfaz (Is
55-1,2), de cegueira (Mc 10.47, 48, 51), de de- sordem pessoal (Is
38.1,2) e de invalidez (Jo 5-5)6). O homem precisa se ver com os
olhos de Deus para não ter uma auto- imagern errónea, como a igreja
de Laodicéia: "pois dizes: Estou rico e abas- tado e não preciso de
coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre,
cego e nu" (Ap 3.17).
III. QUEM É A FONTE DA ESPE- RANÇA HUMANA?
Este é o ponto mais importante do texto.
A questão não é: — se alguém estava doente havia
trinta e oito anos; — se a doença era impossível de ser
curada; — se a cura do doente era realizada
no sábado; - se os homens eram insensíveis em
não ajudar aquele hornem a entrar no tanque de Betesda.
O ponto mais importante do texto é quem é o autor dessa. cura. (Jo
5-12). Cristo, o Deus-Homem. É isso o que precisa ser enfatizado
ern nossos dias.
A questão não é que o homem preci- sa acreditar, mas ^772 quem ele
coloca a sua fé, porque acreditar todos acreditam em alguma coisa
(Tg 2.19).
A mensagem da igreja em todos os tempos é que o povo precisa
aprender a colocar a fé em Cristo. Seja uma fé grande ou pequena, o
que importa é que ela seja depositada em Cristo. Mas o que se tem
afirmado é o contrário. Basta a pessoa ter uma fé "forte" e ela
terá todas as soluções que busca. Na verdade, essa é u mensagem que
tem eliminado o pró] Cristo da vida da igreja. O que importa não é
o tamanho da fé do homem, mas o objeto dela. Muita fé colocada no
lugar errado não serve para nada (Is 44.14-20). Ter esse tipo de
atitude é apascentar-se de cinza, conforme as palavras de Isaías:
"Tal homem se apascenta de cinza; o seu coração enganado o iludiu,
de maneira que não pode livrar a sua alma, nem di- zer: Não é
mentira aquilo em que confio?" (Is 44.20). Confiar nos homens não
re- solve os problemas (Jr 17-5). Aqueles que procedem dessa
maneira acabarão na so- lidão, sem Deus e sem esperança (Jr 17.6).
O coração humano é corrompido demais para se confiar (Jr
17-9).
Precisamos depositar toda confiança e esperança em Deus (Jr 17.7).
Aqueles que assim fizerem desfrutarão de vida em meio à morte
promovida pelo pecado e darão frutos continuamente (Jr 17.8). O que
Deus espera que o ho- mem faça ao colocar sua confiança em Cristo e
ser tocado por ele?
a) Deus continua trabalhando -^ Cristo enfatiza que o Pai e ele
mesmo con- tinuam trabalhando até agora (Jo 5.16). O trabalho a que
Cristo se refere é a in- tervenção divina para aliviar o sofrimento
temporário e eterno do homem. Deus não está inerte diante dos
nossos dilemas.
Betesda: um lugar de revelações
Pelo contrário, ele está trabalhando até agora para mudar a
situação de miséria em que o homem se encontra, nas pala- vras do
pregador: "Eis o que tão-somente achei: que Deus fez o homem reto,
mas ele se meteu em muitas astúcias" (Ec 7.29). Isso traz pelo
menos dois desafios: 1) A igreja deve fazer o mesmo, buscar ainda
hoje trabalhar para aliviar o sofri- mento humano; 2) O ser humano
precisa u--car o Senhor Deus porque ele ainda
í trabalhando. Deus intervém na His- __Ja como sempre fez.
b) Curados para uma vida santa -^ note que Jesus reencontra aquele
homem no templo e afirma algo que é de extrema importância a todos
aqueles que são to- cados por Cristo. Jesus afirma que o ho- mem
deve buscar uma vida santa, caso contrário, coisa pior lhe
sucederia (Jo 5.14). Uma vida reta e santa é o objetivo de Deus
para nós, pois, para isso é que fomos salvos (Lv 11.44,45; 20.7,8;
Pv 28.13; Ef 1.4; 2Tm 2.19; Hb 12.14). Assim o apóstolo Pedro
advertiu: "Como filhos da obedi- ência, não vos amoldeis às paixões
que tínheis anteriormente na vossa ignorân- cia, pelo contrário,
segundo é santo aquele
kie vos chamou, tornai-vos santos tam- oém vós mesmos em todo o
vosso proce- dimento, porque escrito está: Sede san- tos, porque eu
sou santo" (iPe 1.14-16). A busca por uma vida santa deve ser
o
objetivo de vida de todos que experimen- taram as bênçãos
celestiais.
CONCLUSÃO Deus está trabalhando até agora. Foi
possível perceber, na presente lição, que Deus não está indiferente
diante dos pro- blemas da humanidade. Ele intervém na sua história.
O homem deve aprender a buscá-lo, porque certamente o encontra- rá.
Não há dificuldades demasiadamente grandes que Deus não possa
resolver. Mesmo que as pessoas estejam profunda- mente envolvidas
em grandes dificulda- des, ainda assim a intervenção divina pode
mudar radicalmente essa história.
Como crentes, temos de ter por alvo crescer em santidade. A bondade
de Deus deve levar o homem a uma vida diferen- te, pois para isso é
que ele veio. Quais- quer que sejam os problemas, Deus pode mudar o
egoísmo em altruísmo, a fraqueza em fortaleza e a insensibilidade
em pie- dade. O desafio que fica é para todos bus- carem ao Senhor,
enquanto ainda é pos- sível achá-lo.
APLICAÇÃO Procure esta semana praticar os en-
sinos desta lição, por meio da evangeliza- ção, compartilhando as
bênçãos que você tem recebido de Deus. Mostre aos seus conhecidos e
amigos que Cristo é real, que ele realmente transforma a nossa
vida.
Lição 3 João 6.22-71
JESUS, o PÃO DE DEUS INTRODUÇÃO
O homem vive tentando colocar algo ou alguém no lugar de Cristo
para justificar suas práticas religiosas. Esse foi o pecado dos
samaritanos, ao tentarem buscar ao Senhor Deus e a outros deuses
0.0 mesmo tempo (2Rs 17.29-41). As palavras de Cristo a respeito do
pão de Deus levantam algumas questões:
Qual é o maior sinal do amor de Deus pelo mundo? Como as pessoas
to- mam consciência disso? Existe alguma diferença ou relação entre
Jesus e o maná que Deus deu ao povo de Israel no deser- to? Além
disso, o que esperamos receber de Deus? Bênçãos, dinheiro, carro ou
san- tidade e justiça? Vejamos a resposta a es- sas questões nesta
lição.
I. O PÃO QUE DESCE DO CÉU (JO 6.33)
Jesus ensina que o pão de Deus veio do céu. Sobre ninguém mais no
mundo é dito ter vindo do céu, apenas Jesus Cristo. Quando Deus
criou o homem ele o abençoou e o fez fecundo, para que se
multiplicasse na terra (Gn 1.28). Deus fez um homem e uma mulher.
Isso denota que somos da terra, nascidos pelo método or- dinário
estabelecido por Deus (Gn 2.7; Ec 12.7). Deus formou o homem da
cerra e a sua multiplicação veio em decorrência. Isso significa que
o homem é terreno, muito embora Deus tenha colocado a
eternidade
em seu coração (Ec 3.11). Nesse aspec- to, Jesus é singular e
único.
Embora Cristo seja verdadeiramente humano, ele não é exclusivamente
homem, porque veio do céu. A sua na- tureza divina é a razão dele
ser o nocc^ Redentor perfeito, santo e sem defei Nenhum outro ser
humano é celest . apenas o Senhor Jesus. Os apóstolos, Ma- ria, os
discípulos, Moisés, Elias e Eliseu e todos os demais profetas eram
terrenos.
Por ser Deus (Jo 10.30), Jesus está livre da corrupção herdada em
Adão. Ele não foi "concebido em pecado" e nunca se achou "dolo em
sua boca". Ao contrá- rio dele, segundo Paulo, o pecado de Adão
passou a todos os homens e a justiça de Cristo passou a todos
aqueles a quem ele representou na cruz e foram, conseqíien-
temente, regenerados, justificados, con- vertidos e transformados:
"Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os
homens para condenaç™ assim também, por um só ato de justi veio a
graça sobre todos os homens pai justificação que dá vida" (Rm
5.18).
Por isso, Paulo fala de dois homens que representam toda a
humanidade, Adão como o cabeça federal da humani- dade caída;
"Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os
homens, porque
Para ler e meditar durante a semana D - Hb 9.23-28 - Cristo é o
nosso Mediador; S - Jo 6.30-40 - O pão que desce do céu;
T—Jo 6.52-59 — O alimento para a vida eterna; Q — Jo 6.66-71 —As
palavras de vida eterna; Q —Cl 3.1-4 —Buscando as coisas do alto; S
—Cl 3.5-11—Vivendo segundo os padrões do céu;
S — Fp 3.12-4.1 — Focando o alvo certo
Jesus, o pão de Deus 11
todos pecaram" (Rm 5.12). E Cristo é o cabeça federal de todos os
que o recebem como salvador e crêem no seu nome: "To- davia, não é
assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um
só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça
de um só ho- mem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos...
Se, pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte,
mui-
nais os que recebem a abundância da ~a e o dom da justiça reinarão
em vida
pui meio de um só, a saber, Jesus Cristo" (Rm 5.15,17). Portanto,
tendo Cristo vindo do céu (Jo 6.32,33) e nascido sem pecado (Lc
1.35), ele não está debaixo da representação de Adão e sua natureza
não recebeu corrupção.
Na história que estamos estudando, Cristo deixou a multidão e
seguiu rumo a Cafarnaum (Jo 6.16-21). Quando a multidão percebeu
que Jesus não estava por alí (Jo 6.24) partiu à sua procura. A
multidão atravessou o mar. Numa lei- tura apressada do texto alguém
pode ima- ginar que a multidão estava encantada com Jesus e queria
aprender mais dele,
uscando a salvação. Mas, infelizmente, não era o caso. A multidão
não esta-
va atrás de Jesus porque cria nele, mas simplesmente porque queria
mais pão.
O povo tentou começar um diálo- go com Jesus: "Mestre, quando
chegas- te aquí?" (Jo 6.25), mas Jesus não per- deu tempo e
desmascarou a intenção da multidão: "Respondeu-lhes Jesus: Em
verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes
sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes" (Jo 6.26).
Foi uma direta. E como se ele dissesse: "Não venham com bajulação,
vocês vieram só porque são interesseiros, mas não querem saber nada
sobre mim
ou sobre o Pai". Daí Jesus os exorta para que se empenhassem pela
comida que subsiste para a vída eterna (Jo 6.27), e não por pão,
simplesmente.
Eles pediram uma prova, um sinal, tal como o do maná, que Deus dera
no deserto (Jo 6.31). Os judeus queriam um sinal de Jesus. Queriam
ver> sentir e apalpar. Eles não queriam apenas crer. Queriam
evidências de que ele era do céu. Então o Senhor diz que o mesmo
Deus que enviou o maná no deserto era o seu Pai, ou seja, a prova
que eles queriam estava diante deles. Era o próprio Cristo. Então o
Senhor se aproveitou da analogia. Tal como Deus enviou um pão para
nutrir os corpos dos israelitas no Antigo Testamento, assim ele
enviou a Cristo, no Novo Testamento, para conceder-lhes a vida
eterna. Jesus faz esta comparação para mostrar que o maná é
temporário e só pode alimentar o corpo, enquanto ele, o pão da
vida, é o Filho de Deus e pode salvar o pecador da condenação
eterna.
II. JESUS É MAIOR QUE O MANÁ (JO 6.28-30)
É curioso notar que a multidão pediu a Jesus Cristo que fizesse um
sinal como se ele não tivesse feito nenhum. Esse diálogo se deu no
dia seguinte após a multiplicação dos pães e peixes (Jo 6.1-15).
Jesus já havia dado um sinal que comprovava a sua divindade e o seu
poder. Mas o povo julgou aquele sinal inferior ao do maná no
deserto.
O que a multidão argumenta com Cristo é que o maná que Moisés deu
ao povo veio diretamente do céu e isso fa- zia do sinal de Cristo
inferior (Jo 6.1-15). A inferioridade de um sinal sobre o outro
teria sido: a) porque Jesus multiplicou os pães, isto é, ele fez
uso de matéria preexistente, de um material; b) porque
12 Evangelho e Cartas de João (Jo, IJo, 2Jo e 3Jo)
Jesus havia dado pães comuns e terrenos, sem nada de
extraordinário.
A resposta de Jesus a esse desdém foi mostrar que tanto ele como o
maná têm a mesma origem, ambos desceram do céu. Mas a visão do povo
estava tão turva que não entendiam como ele pode- ria ter descido
do céu, afinal ele era filho de José (Jo 6.42). A explicação de
Jesus é que o maná tem um efeito limitado e pas- sageiro. O povo
que comeu maná mor- reu do mesmo jeito.
Em contrapartida, ele se identifica como o "pão da vida", isto é,
quem co- rnesse desse pão não morreria. Isso para mostrar que
Cristo é superior ao maná. Cristo gera vida Qo 6.33, 47-50, 54).
Esse é o maior sinal ou o sinal definitivo dado por Deus para que
os homens recebam a Cristo como o seu salvador. Cristo, por- tanto,
é superior aos sinais anteriores a eíe. Só Cristo alimenta
eternamente (Jo 6.2, 5, 10-12).
Há muitas pessoas hoje atrás de si- nais. Querem enriquecer
instantaneamen- te, querem cura imediata, querem ver car- ruagens
de fogo descendo do céu e mui- tas outras coisas. O problema dessas
pessoas é que elas não se satisfazem com Jesus. Não há nenhum sinal
maior do que esse. A sua concepção, nascimento e mi- nistério
miraculosos são o maior sinal que Deus já deu e a única resposta
satisfatória que podemos dar a esse milagre é crer, ou seja, ter
fé. Todos os outros sinais são se- cundários e, portanto, de menor
valor. O que a multidão da época de Cristo preci- sava fazer, e
hoje do mesmo modo, é de- positar a sua fé exclusivamente em Jesus
Cristo (Jo 6.28,29). Isso é o que precisa- mos fazer para realizar
as obras de Deus. Jesus Cristo não está interessado em satis- fazer
a ansiedade das pessoas de ver coisas
fantásticas. Ele tem o mesmo e único pro- pósito que sempre teve,
salvar o pecador.
III. A APROPRIAÇÃO DESSE PÃO (JO 6.40)
Aqui você poderá notar como sempre há divergência em relação a quem
Cristo é e, principalmente, porque isso acontece. Houve dois grupos
que se posicionaram após ouvirem Jesus. Como esses dois grupos se
apropriaram do pão de Deus?
A. Aproximação incorreta.
Três grupos de pessoas se aproxi- maram de Cristo por motivações
erradas. A maioria das pessoas que o procurou não conseguiu
enxergar a grande oportunida- de que teve diante de si.
1) Os judeus (Jo 6,41) -^ já foi de- clarado de início: "Veio para
o que era seu, e os seus não o receberam" (Jo 1.11). Os judeus
negavam a divindade de Cristo. Para esse grupo Cristo não passava
de um homem. Eles não conseguiam entender como alguém que era filho
de carpintei- ro, e tendo a Maria por mãe, poderia ter vindo do céu
(Jo 6.41,42). Este é um bom momento para nos lembrarmos do nas
rnento miraculoso de Jesus. A Bíblia apc ta três aspectos que
envolvem o nascimen- to virginal de Cristo.
a) A concepção pelo Espírito Santo (Mt 1.20) — Jesus não nasceu
pelo intercurso de um homem, mas pelo po- der direto do Espírito
Santo sobre o ven- tre de Maria. Assim o anjo falou a Maria:
"Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder
do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente
santo que há de nascer será chamado Filho de Deus" (Lc 1.35).
b) O testemunho angelical (Mt 1.20- 25, Lc 1.26-38; 2.15, 17) — o
nascimento
Jesus, o pão de Deus 13
de Cristo foi anunciado pelo anjo Gabriel. Os anjos são servos
ministradores ao dispor da vontade de Deus (Dn 9.20- 27; Hb 1.14;
Ap 1.1; 22.6-9). Eles obe- decem a vontade de Deus (SI 103.19-23;
Mt 6.10).
c) O testemunho da Escritura (Mt
1.22; 2.5, 6, 15, 17, 18, 23) - toda a Escritura apontava para
Cristo. E assim que Pedro nos instrui: "Foi a respeito des- '
íalvação que os profetas indagaram e
uiriram, os quais profetizaram acerca ua graça a vós outros
destinada, investi- gando, atentamente, qual a ocasião ou quais as
circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que
neles estava, ao dar de antemão teste- munho sobre os sofrimentos
referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiri- am. A eles
foi revelado que, não para sí mesmos, mas para vós outros,
ministra- vam as coisas que, agora, vos foram anun- ciadas por
aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o
evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar" (iPe
1.10-12).
2) Pela multidão (Jo 6,60) -} aque- multidão que seguia a Jesus
queria ape-
'as alguns benefícios terrenos. Jesus ti- nha a vida eterna para
lhes dar, e queria dar, mas eles só queriam pão. Desejar de Deus
apenas os benefícios temporais é desperdiçar a vida eterna e a
oportunida- de de salvação.
3) Por Judas (Jo 6.70,71) -> Judas andou com Jesus Cristo e não
o rejeitou junto à multidão (Jo 6.60). Judas conhe- ceu a Jesus de
perto, andou ao seu lado e aprendeu diretamente de seus lábios, mas
o seu coração nunca esteve pró- ximo de Jesus, A atitude de Judas
de- monstra como muitos podem iniciar a sua caminhada com Cristo,
mas não termi-
nam com ele. Aqueles que desejam apro- priar-se corretamente do pão
de Deus devem caminhar com Cristo até o fim.
B. Aproximação correia
Quando nos apropriamos correta- mente de Jesus Cristo?
1) Quando somos conduzidos pelo Pai (Jo 6.37, 44) -^ ninguém pode
ir até Cristo se não for conduzido pelo Pai. Essa é a razão dada
por Cristo para a sua aceitação de todos aqueles que vão até ele. A
esses Cristo jamais rejeitará (Jo 6.65).
2) Quando ouvimos o Pai (Jo 6.45) -^ para ouvir o que o Pai tem
para ensinar é preciso ouvir o que ele já disse por intermédio dos
profetas. Jesus Cristo cita o AT como referência daquilo que o Pai
faria em seu tempo. Cristo mostra que, por ele, Deus estava falando
e fazendo conhecida a sua glória. Nós ouvimos a Deus quando ouvimos
e obedecemos a Cristo (Jo 14.15, 21).
3) Quando nos relacionamos com o Pai segundo o exemplo de Cristo
(Jo 6.57) -^ Jesus Cristo tinha uma relação de confiança e
dependência com o Pai. E essa relação de respeito e amor deve nos
servir de modelo em nossa aliança com Deus.
4) Qiiando buscamos a Cristo de modo constante (Jo 6.57,58) à
perseverança significa em tudo e em todos os momen- tos ter Cristo
em mente. E buscar a sua vontade e tendo por foco sempre a sua
glória. E morrer para a vontade própria e viver para satisfazer a
vontade dele.
5) Quando Cristo é a nossa confissão de f ê (Jo 6,67-69) ^ quando a
multidão abandonou a Cristo diante de tudo o que tinha dito, ele
perguntou aos seus discípulos se também eles não queriam se
retirar. Pedro reconheceu que isso era impossível. Ele confessou
que somente em Cristo encontramos palavras de vida
14 Evangelho e Cartas de João (Jo, IJo, 2Jo e 3jo)
eterna (Jo 6.63). Apropriar-se de Cristo é apropriar-se da vida
eterna.
IV. NEM TODOS CRÊEM (JO 6.66-71) Existem pessoas teimosas, que
por
mais que se argumente, comprove e apresente evidências, não aceitam
ser per- suadidas, ainda que estejam equivocadas. Teimosia é uma
opção. Mas incredulidade é um problema muito pior. Não é opcional,
é da natureza do pecador. Ninguém crê em Jesus porque quer, mas
somente pela vontade soberana do Pai.
O Senhor Jesus esclareceu isso, ao dizer: "Porém eu já vos disse
que, embora me tenhais visto, não credes" (Jo 6.36). Aquela
multidão, ainda que visse o maior espetáculo miraculoso operado por
Jesus, não poderia crer nele, porque como ele disse mais à frente:
"Ninguém pode vir a mini se o Pai, que me enviou, não o trouxer"
(Jo 6.44).
Visto a incapacidade de crer por von- tade própria, à multidão,
quando se es- candalizou com as suas palavras (Jo 6.60), Jesus
repetiu essa mesma pre- missa (Jo 6.65). Cristo não rnudou o seu
discurso para agradar as pessoas, pelo con- trário, muitos dos seus
discípulos o aban- donaram: "A vista disso, muitos dos seus
discípulos o abandonaram e já não anda- vam com ele" (Jo 6.66).
Quando isso aconteceu, permaneceram com ele ape- nas os doze, aos
quais ele questionou: "Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura,
quereis também vós outros retirar-vos?" (Jo 6.67). Isso nos mostra
a total independência de Cristo para cum- prir o seu ministério.
Ele não precisa de mim ou de você ou de quem quer que seja. Ele é o
Deus Todo-poderoso que tudo faz conforme o seu querer.
Em reconhecimento disso, a respos- ta de Pedro, representando os
outros após- tolos, exceto Judas Iscariotes, foi que eles não
tinham para onde ir e somente Cristo tinha palavras de vida eterna
(Jo 6.68,69).
Essa confissão de Pedro é um credo, é uma profissão pública de fé.
Ele fez uma declaração categórica que eles só pode- riam estar
seguros na presença do Senhor Jesus, portanto, aceitaram total e
incon- dicionalmente as suas palavras. É de— maneira que a igreja
deve confiar Cristo. Escrevendo aos coríntios, o ap^a- tolo Paulo
declara que não tinha nenhum outro interesse com eles, senão pregar
a Jesus Cristo: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus
Cristo e este cru- cificado" (lCo 2.2).
CONCLUSÃO Cristo é superior porque ele concede
vida eterna, o que o maná não fazia. A apro- priação de Cristo, o
pão da vida, ocorre quando cremos em suas palavras e obras, dando
atenção ao testemunho dos profe- tas e de toda a Escritura Sagrada.
Procurar a Cristo por benefício terreno é priorizar o que é
secundário e perder o que é prioritário. Cristo é superior a tudo,
e s mente ouvindo o que o Pai testifica a n peito dele é que os
filhos de Deus poderão se apropriar devidamente do pão de
Deus.
APLICAÇÃO Pense sobre o que você tem esperado
de Deus para a sua vida e cuidado para que você não se torne
semelhante àquela multidão que não se importava com Deus, por mais
religiosa que parecesse. Reavalie suas prioridades e ore a Deus
pedindo desprendimento pelo mundo e mais interesse em fazer a sua
vontade.
Lição 4 João 8.1-11
RESTAURANDO VIDAS INTRODUÇÃO
A restauração de vidas é algo muiro sério. A disciplina é um dos
exercícios de Deus para fazer com que o seu povo não viva no pecado
e nem se fascine com as tentações deste mundo. Com respeito ao
nosso texto básico, Jesus foi contra a lei
Moisés? Onde estavam os fariseus e escribas quando encontraram
aquela mu- lher em adultério? Será que eles tinham a intenção de
restaurar a vida dela? Em nos- sas respostas buscaremos também com-
preender a maneira correta de agir com pessoas em pecado, de modo a
conduzi- las ao arrependimento e, consequente- mente, à
restauração.
l. INSTRUINDO O POVO DE DEUS (JO 8.3)
Cristo estava no templo ensinando ao povo, pois ele sabia que um
povo ignorante do conhecimento de Deus é um povo frágil e receptivo
ao pecado. E preciso ensinar a vontade de Deus. Pregar e
Bnsinar fazem parte das ordens de Jesus .o comissionamento dos seus
discípulos:
"ensinando-os et guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E
eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século"
(Mt 28.20).
Cristo queria preencher essa lacuna no meio de Israel por causa da
ignorância que vivia, pois o que conheciam da Pala- vra de Deus
estava infectada e corrompi-
da pela tradição dos fariseus (Mc 7.1-23). Jesus os acusou, dizendo
que eles esta- vam: "invalidando a palavra de Deus pela vossa
própria tradição, que vós mesmos transmitistes; e fazeis muitas
outras coi- sas semelhantes" (Mc 7.13). Todo aquele que se preocupa
em promover mudança de vida nas pessoas deve investir no co-
nhecimento da Palavra de Deus, assim como todo pastor que quer ter
uma igre- ja abençoada, ou pais que realmente quei- ram que seus
filhos sejam testemunhas de Cristo.
A liderança da época foi considerada por Cristo como hipócrita: "Ai
de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpais o exterior
do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e
intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para
que também o seu exterior fique limpo! Ai de vós, escribas e
fariseus, hipócritas, porque sois semelhantes aos sepulcros
caiados, que, por fora, se mostram belos, mas interiormente estão
cheios de ossos de mortos e de toda imundícia!" (Mt
23.25-27).
Desse modo, eles não tinham con- dições para ajudar o povo a
alcançar um entendimento maduro de Deus. Um cego não pode guiar
outro cego (Mt 15-14; Lc 6.39), por isso Jesus Cristo conside- rou
aquele povo como ovelhas que não tinham pastor (Mt 9.36). Jesus até
reco-
Para ler e meditar durante a semana D - Is 48.17-22 - O ensino de
Deus; S - Is 50.4-9 -A sabedoria vem de Deus;
-Is 57.14-21 - Deus habita com os arrependidos; Q—Jr 10.1-16 — O
Senhor é o único Deus; Q —Is 40.1-11 —Deus vela pelo seu povo; S
—Is 40.12-18 —Deus é incomparável;
S — Is 42. l -4 - O pastoreio do Messias.
16 Evangelho e Cartas de João (Jo, IJo, 2Jo e 3Jo)
nheceu que eles tinham bons ensinamen- tos, todavia sem o
acompanhamento de bom testemunho: "Fazei e guardai, pois, tudo
quanto eles [os escribas e os fariseus, v, 2] vos disserem, porém
não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fa- zem" (Mt
23.3).
Aqueles líderes não tinham condi- ções morais para emitir a
sentença que estavam prestes a cumprir sobre aquela mulher.
Enquanto Jesus estava no tem- plo ensinando o povo, os fariseus e
escribas estavam procurando alguém em pecado apenas para colocar
Cristo em situação embaraçosa Qo 8.6). O grande problema apontado
pelas Escrituras é que sem en- sino a corrupção é inevitável: "Não
ha- vendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei,
esse é feliz" (Pv 29.18). A corrupção se estabeleceu no meio do
povo de Israel por falta de conhecimento (Is 1.3; Os 4.6). O
conhecimento de Deus é algo desejado pelo Senhor da igre- ja, para
que todos tenham o conhecimento da salvação (Lc 1.77) e cheguem ao
ple- no conhecimento da verdade, conforme as palavras de Paulo:
"Isto é bom e aceitá- vel diante de Deus, nosso Salvador, o qual
deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno
conhecimento da verdade" (ITm 2.3,4). E ele também nos díz que este
é o propósito da edificação da igreja: "até que todos cheguemos à
unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita
varonilida- de, à medida da estatura da plenitude de Cristo" (Ef
4.13). O Senhor Jesus disse claramente da libertação que a verdade
promove (Jo 8.32, 36; 14.6).
O que aquela mulher fez foi abso- lutamente errado e isso é
inquestionável. O problema é se os fariseus e escribas gastaram
tempo suficiente para ensinar ao povo qual era a vontade de Deus
para
suas vidas. O rei Josafá, para fortificar o seu reinado,
estabeleceu pessoas capaci- tadas para ensinar ao povo a vontade de
Deus (2Cr 17-1,7-9). O resultado foi que o terror se estabeleceu
sobre os reinos da terra (2Cr 17.10) e Josafá cresceu con- tínua e
grandemente (2Cr 17.12). E pelo aprendizado e paciência que a
esperan- ça surge na vída do crente: "Pois tudo quanto, outrora,
foi escrito para o nos- so ensino foi escrito, a fim de que, peta
paciência e pela consolação das Esc turas, tenhamos esperança" (Rm
15.' Para uma vida ser restaurada é necessá- rio, portanto,
conhecimento, de Deus.
II. PRESSA EM RESTAURAR (JO 8.435) E NÃO EM CONDENAR (JO
8.6,7)
Outro problema com os fariseus e escribas é que não se evidenciou
qual- quer interesse na restauração daquela mulher. Ainda que o
contexto do juda- ísmo exigisse um tratamento rigoroso contra o
adultério, o Senhor Jesus os enfrentava de acordo com a própria lei
de Deus que nos ensina a arnar o próxi- mo. Era dever dos judeus
que conheces- sem a lei de Deus integralmente, mas em virtude da
mistura com as tradiçc dos homens, os mandamentos de De estavam
ofuscados, e a exigência do amor estava quase extinta.
Outro aspecto importante era o de- sejo daquela liderança em
encontrar al- guma prova que justificasse a condena- ção de Cristo.
A situação daquela mulher serviria apenas como um meio deles al-
cançarem esse propósito, pois pressupu- nham que Jesus Cristo
optaria por uma atitude piedosa. Eles queriam uma res- posta de
Cristo porque estavam certos que conseguiriam encontrar alguma
falha em seu pensamento para o condenarem se- gundo a lei de
Moisés.
Restaurando vidas 17
Uma igreja que ignora a Palavra de Deus ou a restauração de vidas
incorrerá nesse mesmo erro e, conseqiientemente, fará julgamentos
precipitados, impiedosos ou Injustos. Quando se exerce o julga-
mento sobre o pecador (Mt 7.1-6; At 17.10,11; iCo 14.37) para que
ele se arrependa e volte aos caminhos de Deus (Os 14.1-4; Jo 9.1-3;
13.12) o exercício da paciência é fundamental para se evitar uma
condenação errónea. Cristo nos deu
ministério reconcilíador e o alvo desse istério é conduzir os
corações dos cren-
tes para a perfeição em Cristo: "o qual nós anunciamos, advertindo
a todo homem e ensinando a rodo homem em toda a sabe- doria, a fim
de que apresentemos rodo homem perfeito em Cristo" (Cl 1.28).
Mas os fariseus ficavam abismados com Jesus, porque nunca
conseguiam encontrar uma falha nele, uma incoerência sequer. Não
entendiam como ele tinha tamanha sabedoria sem ter esrudado como
eles (Jo 7.14,15).
Deus não tem prazer na morte do perverso (Ez 33.11). O desejo de
Deus é que o pecador se arrependa e volte-se para ele, pois o seu
prazer está com os humildes: "Melhor é ser humilde de
to com os humildes do que repartir o despojo com os soberbos" (Pv
16.19). Deus tem prazer em ser misericordioso (Mq 7-18) e
reconduzir as pessoas de volta ao caminho correto (Mt 18.12,13). As
circunstâncias pecaminosas vividas pelo povo entristecem a Deus, e
o deixam com desprazer: "Eu não tenho prazer em vós" (Ml
1.10).
Os judeus levaram apenas a mulher para ser apedrejada, mas o
adúltero não estava junto. A lei de Moisés faz referência ao
castigo para o homem e para a mulher (Lv 20.20; Dt 22.22-24). Tendo
em vista que esse caso de adultério havia sido uma
descoberta em flagrante (Jo 8.3,4) onde estava o homem com quem
aquela mu- lher adulterava? Além disso, Jesus voltou para o remplo
para ensinar de madruga- da (Jo 8.2), o que significa que aqueles
escribas e fariseus conseguiram realizar o flagrante de adultério
de madrugada e, provavelmente, em lugares compromete- dores. Nesse
caso, o que os escribas e fariseus faziam nesses lugares, altas
horas da madrugada, em vez de estarem no tem- plo para ouvir Jesus?
O testemunho de- les contra aquela mulher ficou evidente após o
desafio de Cristo (Jo 8.7-9).
Aqueles que testemunham irmãos em situações pecaminosas precisam,
pri- meiramente, ter um real desejo de res- tauração por esta vida,
do contrário não haverá validade na sua acusação. E para isso é
necessário o exercício da paciência para que as pessoas sejam
ajudadas e não tenham as suas circunstâncias já ruins, pioradas (Mt
12.15-21).
III. A NECESSIDADE DA RESTAU- RAÇÃO (JO 8.9)
Os fariseus e escribas perceberam que o mesmo rigor com que esravam
rrarando aquela mulher deveria recair sobre eles rambém. Por esta
razão deixaram as pedras e foram embora. Isso nos mostra duas
coisas: a) eles também estavam em pecado, o que torna a atitu- de
deles absolutamente leviana (Jo 8.9); b) o fato de que Tiago
adverte: "Meus irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres,
sabendo que havemos de receber maior juízo" (Tg 3.1). Isso
demonstra que a gravidade de uma ati- tude pecaminosa tem maior
peso quan- do é cometida por alguém da liderança, que poderia ter
sido o caso.
O julgamento feito por alguém sem condições de exercê-lo prejudica
a vida
18 Evangelho e Cartas de João (Jo, lJoI2Joe3Jo)
de quem julga e de quem é julgado (Mt 7.3). Quem está em pecado tem
que acer- tar sua vida com Deus para poder ajudar outras pessoas a
voltar aos caminhos de Deus (Jo 21.7-23; IJo 1.1-3; Tg 1.1; At
9.1-19; Fm 8-20; At 7.54-60, At 4.36,37; 11.24-26).
Deus quer que todos os seus filhos amem porque eles foram amados
primei- ro (IJo 4.11). Isso significa dar aquilo que se recebeu. Só
podemos conduzir as pes- soas por caminhos que também conhece- mos.
Os fariseus e escribas não conheci- am o arrependimento.
O desafio que fica aqui é a necessi- dade da auto-análise. Cada um
deve se avaliar, crítica e honestamente, para sa- ber se há
condições de exercer o julga- mento sobre o próximo. Devemos estar
certos que Deus também nos restaurou e que confessamos os nossos
pecados para que exortemos e aconselhemos os irmãos em pecado a
fazer o mesmo.
IV. "HOJE" É O DIA DA RESTAU- RAÇÃO (JO 8.10,11)
Jesus Cristo deu uma oportunida- de àquela mulher. O pecador,
quando se arrepende de seus erros, é purificado dos seus pecados,
segundo João: "Se confes- sarmos os nossos pecados, ele é fiel e
jus- to para nos perdoar os pecados e nos pu- rificar de toda
injustiça" (IJo 1.9). Aque- le que recebe o perdão de Deus experi-
menta uma nova vida (2Co 5-17). Agora é necessário tempo para que
as novas cri- aturas se desenvolvam e tenham tempo para demonstrar
os frutos de um arrepen- dimento genuíno, mas esses frutos são
imprescindíveis, como João Batista exor- tou aos judeus: "Produzi,
pois, frutos dig- nos de arrependimento e não comeceis a dizer
entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que
destas
pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão" (Lc 3.8).
Os fariseus, já que não tinham in- tenção alguma em restaurar a
vida da- quela mulher, estavam preparados para condenar qualquer
atitude piedosa de Jesus, pois imaginavam que ele poderia
contrariá-los corn alguma postura con- trária ao apedrejamento.
Eles não podiam compreender o milagre da salvação, e nem imaginavam
o que é ser transfor- mado. Mas o crente em Jesus conht de perto
essa experiência.
Os crentes estão mortos para o pe- cado: "Fomos, pois, sepultados
com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi
ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também
ande- mos nós em novidade de vida... Assim também vós
considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo
Jesus" (Rm 6.4,11). O sacrifício de Cristo veio para trazer
libertação do pe- cado (Hb 13.12). Por isso, após livrar aquela
mulher da morte, Jesus a direciona de volta para a sua vida. Ela
deveria ir embora e buscar uma vida de santidade, afastando-se da
prostituição (Jo 8.11), afinal Cristo nos quer inteiramente con-
sagrados para a santidade. Isso demo: tra a preocupação que Cristo
tem con uso do nosso corpo, por isso Paulo diz: "mas revesti-vos do
Senhor Jesus Cristo e nada disponhais para a carne no tocante às
suas concupiscências" (Rm 13.14). Aos coríntios ele faz menção ao
juízo de Deus quanto à maneira que usamos o corpo: "Porque importa
que todos nós compare- çamos perante o tribunal de Cristo, para que
cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do
corpo" (2Co 5-10).
A libertação operada por Cristo deve fazer que a busca pela
santidade seja algo
Restaurando vidas 19
almejado por todos nós. Não é possível viver livre do pecado e, ao
mesmo tem- po, buscar satisfazer os desejos da nossa carne (Rm
6.11-15). Esse tipo de atitu- de redundará em condenação. O que
Deus quer é exclusividade na adoração a ele por uma razão muito
simples, ele é o único Deus (Is 47.21,22; At 10.25,26; Ap
22.9).
A obra de Deus é apagar o pecado do homem regenerado e não se
lembrar
«lê jamais, conforme o profeta Isaías: u, eu mesmo, sou o que apago
as tuas
transgressões por amor de mim e dos teus pecados não me lembro" (Is
43.25). Em sua primeira vinda, Cristo veio para sal- var e não para
condenar (Jo 3.17). A frase que deve ecoar em nossa mente diaria-
mente é: "não peques mais" (Jo 5.14). Fazendo assim, aprenderemos a
dedicar a nossa vida e o nosso corpo para a glória de Deus (iCo
10.31).
CONCLUSÃO A liderança religiosa daquele mo-
mento não tinha a menor intenção em
restaurar a vida daquela mulher pega em adultério. Para que
exercessem algum juízo teriam de, primeiro, passar pelo pro- cesso
de arrependimento e restauração, no entanto não entendiam que
necessitavam dísso. Portanto, eram inaptos para con- denar qualquer
pessoa.
Não dá para dar aquilo que não se tem. Os fariseus não tinham nada
para dar àquela mulher, nem mesmo estavam dispostos a dar tempo
para que ela de- monstrasse fruto digno de arrependimen- to. Mas
Cristo a restaurou e acusou a cons- ciência daqueles homens. Assim
ele faz conosco hoje, trabalha em nossa mente, nos transforma, e
molda a nossa vida e nos torna úteis instrumentos de restauração em
suas mãos.
APLICAÇÃO Relacione o conjunto de caracte-
rísticas apontadas na presente lição que são necessárias para
conduzir outras à restauração e para quais pessoas você pode ser
instrumento de Deus para levá- las ao arrependimento.
Lição 5 João 11.1-46; 12.1,2, 9-11
A RESSURREIÇÃO DE LÁZARO INTRODUÇÃO
O entendimento da pessoa de Cristo sempre foi uma controvérsia na
mente frágil e pecaminosa dos homens. Hoje em dia Cristo é uma
figura que des- perta a curiosidade científica. Será que ele
existiu? Ele realmente era Deus? É possí- vel que ele tenha algo a
acrescentar para uma humanidade tão desenvolvida e avan- çada como
a atual? Essas e outras ques- tões têm dado nó na cabeça de
intelectu- ais} estudiosos, leigos e de toda espécie de
gente.
O que o homem fala de Cristo não é a questão mais importante. O que
vale é quem Cristo é. Para descobrir isso, não precisamos de um
pedaço de sua roupa ou de um fio do seu cabelo, basta olhar para a
sua própria revelação. Ainda que nem todos creiam, é o único
veículo infa- lível e inerrante que nos faz mais próxi- mos de
Deus.
l. JESUS CRISTO SE IDENTIFICOU CONOSCO
Lázaro tem grande destaque no capítulo 11 de João. Seu nome é
citado dez vezes. Essa ênfase se dá porque toda a história se
desenvolve em torno da sua pessoa. É digno de destaque também que
Lázaro é uma das pessoas com as quais Jesus tinha mais contato.
Estavam sem- pre juntos. Aliás, aquela família parecia ter uma
consideração especial por Cristo.
Em suas viagens ele sempre se hospedava na casa deles.
Jesus tinha participado da Festa da Dedicação e era inverno
(10.22). Festa da Dedicação é a comemoração judaica de uma
libertação recente do duro jugo que os judeus suportaram durante
três anos (167-164 a.C.). Antíoco EpiJ instituiu o culto pagão no
templo judeus e profanou o lugar sagrado. Posteriormente, Judas
Macabeu conquistou o lugar sagrado e o reconsagrou ao seu lugar
apropriado. Esta foi a libertação do povo em 164 a.C. Esta
comemoração foi batizada como Festa da Dedicação.
Depois dessa festa Cristo ainda teve de suportar as afrontas dos
judeus (10.24- 42). A informação da enfermidade de Lázaro dá a
impressão que ele não se co- moveu muito. Ele ainda permaneceu dois
dias antes de ir a Betânia. Quando re- solveu ir, Jesus percorreu
quinze estádios (v. 18)3 que correspondem a 2,775 qui- lómetros. A
distância não era grande. Por que Jesus esperou dois dias? Ele
tinha curado muitas pessoas que ma] conheciam; sempre estava
disposto a cu- rar, por que com Lázaro, a quem era pró- ximo, ele
demorou? Ao ser informado, Cristo dera uma explicação não muito
esclarecedora para a mente tardia dos dis- cípulos: "Ao receber a
notícia, disse Jesus: Esta enfermidade não é para a morte, e sim
para a glória de Deus, a fim de que
Para ler e meditar durante a semana D—Mt 5.43-48—Um amor que
alcança os inimigos; S — Jo 13.1-20 — Um amor que serve;
T~Lc 15.1-32 - Um amor que vai à busca do perdido; Q - Jo 6.47-59 -
Um amor com valor eterno; Q - Rm 5.8-11 - Um amor incondicional; S
- Gl 3.23-29 - Um amor que conduz à
liberdade; S — Ef 5.25-27 — Um amor que resulta em santidade.
A ressurreição de Lázaro 21
o Filho de Deus seja por ela glorificado" (v. 4). Tomé, sempre
pessimista e amargo, se opõe à decisão de Cristo: "Então} Tomé,
chamado Dídimo, disse aos condiscípulos: Vamos também nós para
morrermos com ele" (v. 16).
Marta, ao saber que Jesus estava che- gando, agitada e inquieta,
foi até ele e dis- se: "Senhor, se estiveras aqui, não teria
morrido meu irmão" (v. 21). Apesar da sua fé sincera} ela falou sem
entendimento.
« pudesse, ela teria condicionado todas atividades de Cristo para
que ele
executasse a sua própria vontade. Cristo foi complacente e não
levou em consideração suas palavras, mas lhe deu um ensino de fé.
Com paciência e mansidão Cristo indicou sua grande obra e poder.
Quando Maria se aproximou dele, disse o mesmo que a irmã (v. 32).
Vendo-a chorar, temos, então, um registro dos mais impressionantes,
que comprova a ternura do coração de Jesus, a sua humanidade
perfeita e completa, a sua identificação com a dor dos homens. Diz
o texto que "Jesus chorou" (v. 35). Isso não só nos impressiona
hoje, como também impressionou aqueles que o
: "Então, disseram os judeus: Vede o amava" (v. 36). Toda essa
histó-
ra remonta em nossa mente o maravi- lhoso acontecimento daquele
dia.
l. Eu Sou
Quando estamos num velório, difi- cilmente temos o que dizer.
Percebemos, na maioria das vezes, que a melhor coisa a fazer é
conservar o silêncio. Qualquer fala precipitada pode causar um
terrível constrangimento. A melhor coisa a fazer é mostrar apoio
com a companhia, ficar lado a lado da pessoa entristecida. O tex-
to que estamos estudando narra o con- texto de Lázaro quando já
sepultado a
quatro dias. Ainda as pessoas estavam pró- ximas para consolar e
ajudar a família enlutada. Cristo chegou ali já sabendo de tudo o
que tinha acontecido.
Ao se aproximar, corre-lhe ao encon- tro Marta. Estava ela diante
do EU SOU, corno Moisés também esteve no monte Horebe (Êx
3.13,l4ss). As palavras de Jesus foram diretas e certeiras: "Teu
ir- mão há de ressurgir" (v. 23). Mas Marta não percebeu o que ele
quis dizer: "Eu sei, replicou Marta, que ele há de ressur- gir na
ressurreição, no último dia" (v. 24). Enquanto Marta ocupava seus
pensa- mentos com a morte, Cristo pensava na vida. Apesar da
ortodoxia de Marta es- tar correta, ela não atentou para as pala-
vras do Senhor.
A ressurreição é um milagre, não é um evento natural, é
sobrenatural. E uma obra poderosa que não pode ser exercida pelo
homem. Ele é um agente passivo na ressurreição, mas Deus é o agente
ativo. Ele é quem a promove, opera e executa. Marta não percebeu
isso, mas Cristo se revelou, como o Eu sou. Há muitos "Eu sou" de
Cristo (veja Mc 14.62; Jo 4.26; 6.35, 41, 48, 51; 8.12, 24, 28, 58;
10.7, 9, 11, 14; 13.13, 19; 14.6; 15.1; 18.37; 19.21; At 9.5; Ap
21.6). O que isso significa? Antes de qualquer coisa, esta é a
auto-revelação do Filho. Com o "Eu sou" Cristo está chamando a
atenção não para seus milagres, para suas curas, seus trabalhos,
mas para si mesmo.
Quern Cristo é é o mais importan- te. Podemos ter as experiências
mais extra- ordinárias e experimentar os momentos mais deliciosos
na igreja, mas sern o conhecimento de Cristo tudo será vão. O "Eu
sou" é mais importante do que quem eu sou. O cristianismo moderno
enfatiza muito o "você"; "você precisa dis- so; você pode aquilo;
você é capaz, basta
22 Evangelho e Cartas de João Qo, IJo, 2Jo e 3Jo)
crer". Sem falar na "auto-estima, auto- imagem, etc.". O homem é o
gtande des- taque e a grande preocupação moderna. Só pode desfrutar
do "Eu sou" aquele que crucifica o seu "eu".
Cristo, então, dá duas indicações sobre si mesmo. Ele se revela
como a ressurreição e a vida. Deve ser destacado que ele não diz
que promove um ou outro, ele diz que é tanto um como o outro. Isso
também revela que tudo o que ele fazia era o que ele realmente era,
isto é, suas obras manifestavam sua natureza, seu ser, como ele
mesmo disse: "As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a
meu respeito" (Jo 10.25).
A. Eu sou a ressurreição
Esta é a primeira auto-revelação de Jesus. Ressurreição é voltar à
vida. Não devemos entender como um mero restabelecimento da vida
ordinária, mas um retorno à vida em corpo e alma para um novo
estado de existência física e es- piritual. Marta se referia à
ressurreição física que ocorrerá no futuro, no dia do julgamento
final. Ela não contradisse o Senhor Jesus, ela apenas confirmou o
que acontecerá no último dia. Mas ela se en- ganou, porque Jesus se
referia à ressurrei- ção de Lázaro naquele momento.
A morte de Lázaro tinha um alvo: "Esta enfermidade não é para
morte, e sim para a glória de Deus, a fim de que o Filho de Deus
seja por ela glorificado" (v. 4). Consciente de sua missão,
consciente do estado de Lázaro, do que iria acontecer e do porquê
de tudo aquilo, Cristo planeja trazer Lázaro de volta à vida. Por
meio dis- so ele daria um testemunho indelével da sua divindade, do
seu poder, da sua salva- ção e da sua glória.
O milagre que Jesus operou serviu de ilustração para outra poderosa
obra de
Deus, a transformação que o Salvador opera na vida dos homens,
tirando-os do estado mortal do pecado, dando-lhes vida eterna. Isso
porque o homem não tem poder em si mesmo para não morrer. O homem
não opta por viver o tempo que ele quer. É uni poder que está fora
do seu controle, independe da sua vontade ou esforço. Lázaro
ficaria sepultado ali até o retorno de Cristo, não fosse a voz de
Jesus trazendo-o de volta à vida. Ele não ti- nha condição para ter
qualquer iniciat Morto não respira, não sente, não vê, ouve, não
anda, não toca, não deseja, nem raciocina. Morto é morto. Mas Deus
con- cede vida a quem ele quer.
Essa é a mensagem do evangelho para todo homem. Cristo é o único
que pode libertar da morte. Tal como Lázaro estava morto e
sepultado, assim todo homem, por natureza, está morto e se- pultado
no pecado (Is 9.2; 26.14; Lc 1.79; Rm 5.12; Ef 2.1).
Tal como Lázaro não podia reviver por iniciativa própria, assim não
há quem conquiste a vida eterna por iniciativa ou empenho próprio.
A vontade do homem é escrava do mal (Jó 14.4; Jr 13.23; Mt 7.18; Jo
6.44).
A condição de pecado, portanto, pode mudar pela iniciativa de Deus.
Não conquistamos vida, Cristo é quem a conquista e a dá aos que
nele crêem. A ressurreição que dá vida vem do poder exclusivo e
único de Cristo. Só podemos partilhar da vida eterna porque Cristo
morreu por nós. Cristo sofreu a nossa morte para que pudéssemos ter
a sua vida. A sua ressurreição, agora, é a nossa ressurreição, como
disse Paulo: "para o conhecer, e o poder da sua ressurreição, e a
comunhão dos seus sofrimentos, conformando-me com ele na sua morte"
(Fp 3.10).
A ressurreição de Lázaro 23
Essa é a esperança que pertence ao povo de Deus. Todos aqueles que
entram em aliança e se vinculam a Cristo estão libertos da morte e
prontos para ter uma vida inteiramente dedicada à glória de Deus.
Cristo é a ressurreição porque ele tem o poder sobre a morte, mas
também tem o poder de conceder a vida.
B. Eu sou a vida
A vida é um dom de Deus. Não é "•"ia condição natural que procede
da
ilução dos tempos. Ela também é uma uddiva. Um pecador não pode
querer viver ou nascer para Deus, porque ele não tem condições
espirituais, mentais ou psicológicas para isso.
Mas Cristo se revela tanto como a ressurreição como a vida. De
certo modo, as duas palavras apontam para um mesmo sentido, para a
salvação. Como não existe vida sem nascimento, é necessário que
alguém faça nascer. A vida eterna pertence a todos que nasceram da
parte de Deus. Aprendemos isso por meio do diálogo do nosso Senhor
com o fariseu Nicodemos (Jo 3.1-8). Nicodemos era um mestre da lei
(Jo 3.10). Tinha conhecimento da Palavra -*n. Deus. Ele reconhece
que Cristo é mes-
> - Rabí - e trava uma conversa com ele. _omeça com uma adulação
enfadonha, de elogios vazios. Cristo não dá atenção às bajulações e
vai direto ao ponto. Ele não perde tempo e mostra que aquele mestre
precisava de um novo nascimento urgente.
Qual era a necessidade de Nicodemos? Nascer de novo. Como ele faria
isso? Ele não faria nada, seria obra do Espírito San- to. O fariseu
supunha que já possuía essa vida. Mas estava enganado. Aliás,
dificil- mente um pecador reconhece que está no estado de perdição.
Todos supõem ter Deus. Mas o novo nascimento é promo- vido pela
obra do Espírito Santo.
Cristo é a vida. Se alguém quer essa vida deve recebê-lo no coração
Qo 1.1; 5.26; 6.35, 48; 14.6; At 3.15; IJo 1.1,2; 5.20; Ap 1.17,18;
4.10). Essa breve se- leção reforça as mesmas palavras de Jesus.
Cristo é a vida porque somente nele o homem encontra vida eterna
(Jo 3.15,16, 36; 4.14; 5.24; 6.33, 40, 47, 51, 54; 10.10, 28;
14.19; 17.2,3; 20.31; Rm 6.23; 8.2; Cl 3.3,4; l Tm 1.16; IJo 5.11,
12; Jd 21; Ap 22.17). Na sua imensa misericórdia, Cristo espalha a
sua graça a todos os que crêem.
2. Qiiem crer viverá
Tudo o que vimos é a auto-revela- çao de Cristo. Ele já interagiu
conosco, se manifestou, se apresentou. E toda essa revelação ele
fez por meio de ensinos, pre- gações, milagres e curas. E agora?
Como viveremos? O que faço depois de tudo ísso? A resposta que um
verdadeiro con- vertido deve dar só pode ser uma: fé. A fé é a
atitude responsiva a Cristo diante da sua revelação. Foi por isso
que quando curou dois cegos ele perguntou: "Credes que eu posso
fazer isso?" (Mt 9.28). Foi o que ele disse a Jairo quando este lhe
pe- diu que curasse sua filha: "Não temas, crê somente" (Mc 536). A
fé abre as portas para a comunhão perfeita com Deus e para que os
homens sejam abençoados por ele: "Tudo é possível ao que crê" (Mc
9.23). Jesus exortava constantemente a todos que o acompanhavam.
Ele lamentava profun- damente a falta de fé, como lamentou dos dois
discípulos a caminho de Emaús após a ressurreição: "Ó néscios e
tardos de co- ração para crer tudo o que os profetas dis- seram!"
(Lc 24.25). Esse descuido fez que Tomé levasse uma advertência:
"não sejas incrédulo, mas crente" (Jo 20.27). Cristo veio ao mundo
para salvar os que crêem: "Este [João] veio como testemunha
para
24 Evangelho e Cartas de João (Jo, IJo, 2jo e 3Jo)
que testificasse a respeito da luz [Cristo], a fim de todos virem a
crer por intermé- dio dele" Qo 1.7).
Só podemos absorver Cristo pela fé. João enfatiza isso em todo o
evangelho (Jo 1.12; 3.16; 5-24; 6.29, 47; 7.38; 12.46; 14.1;
20.31). Infelizmente, há aqueles que não crêem no evangelho. A
esses não existe esperança, porque aban- donaram a Cristo e
rejeitaram a sua sal- vação. Se os que crêem não morrem, en- tão os
que não crêem: "Por isso, eu vos disse que morrereis nos vossos
pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos vossos
pecados" (Jo 8.24). E muitos não creram (Jo 5-46; 6.64; 8.45, 46;
10.25,26, 37,38; 14.10; 16.9).
CONCLUSÃO Diante da Palavra de Cristo, Marta
apresentou a sua confissão de fé; "Sim, Senhor, respondeu ela, eu
tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao
mundo" (v. 27). Isso é uni credo. Talvez algumas pessoas achariam
estranho recitarmos o Credo Apostólico num velório, mas Marta o
fez, a irmã do falecido. Ela não estava abatida demais para
reconhecer Cristo.
Semelhantemente e noutra ocasião, Pedro confessou sua fé em Jesus:
"Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da
vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de
Deus" (Jo 6.68,69). Certa feita, Cristo perguntou aos seus
discípulos quem pensavam que ele era, e mais uma vez Pedro precede
seus colegas e responde: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt
16.16).
A importância não está na mera recitação de quem é Cristo, mas numa
confissão que brota de uma fé genuína. Falar com fé não é uma
consequência na- tural, corno respirar, mas é um milagre^ Somente
pelo poder de Deus é que ai™ guém pode responder à Palavra de Deus
satisfatoriamente.
Que isso seja realidade na vida de todos nós, para que o poder da
ressur- reição e da vida de Jesus Cristo repouse sobre todos nós,
alimentando-nos e for- talecendo-nos até o nosso encontro com o
Senhor.
APLICAÇÃO Caso a salvação ainda não tenha se
tornado uma realidade em sua vida e você nunca se preocupou em
conhecer mais a Jesus Cristo, pense nos ensinos desta lição e saiba
que eles podem se tornar reais para você. Se você já é um crente
regenerado - convicto, confesse isso a todo o tempo não tenha
constrangimento em mostr... que Jesus é o seu Senhor e
Salvador.
Lição 6 João 16.1-33
INTRODUÇÃO A ansiedade ocorre por causa da falta
de fé e de confiança plena no controle de Deus, ou na dificuldade
de acreditar que a vontade dele sempre é a melhor. Na falta de
entendimento dos planos de Deus nos de-
«speramos e fraquejamos na fé, como os discípulos, nessa ocasião,
que, embora fos- se uma situação de tristeza, estavam assim porque
não conseguiam perceber que o pla- no de Deus estava se desenroland