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  • Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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    Introduo

    As fracturas e luxaes do p e tbio-trsica esto entre

    as leses mais frequentes do sistema msculo-esqueltico

    (Henning, 1998; Lynch 2002; Relvas 1990; Sanderlin &

    Contributo para a Adaptao e Validao do Instrumento de Medida,Foot And Ankle Outcome Score (FAOS), para a Realidade Portuguesa

    Felipe Domingues1, Jos Esteves2 , Jos Pascoalinho Pereira3

    Fisioterapeuta.Centro de Sade de Sacavm1Correspondncia para: [email protected]

    Fisioterapeuta. Professor Adjunto da Escola Superior de Sade do Alcoito. Prtica Privada 2

    Fisioterapeuta. Professor Coordenador da Escola Superior de Sade do Alcoito 3

    ARTIGO ORIGINAL

    Resumo

    Introduo: Sendo as leses do complexo articular p e tbio-trsica das mais comuns na sociedade, torna-se necessria a existnciade um instrumento de medida adaptado e validado que permita avaliar a funcionalidade do p e tbio-trsica. Objectivo: Contribuir paraa validao e adaptao cultural e lingustica de um instrumento de medida, a escala de avaliao da funcionalidade da articulaotbio-trsica e p Foot and Ankle Outcome Score (FAOS) desenvolvida por Roos EM, Brandsson S, Karlsson J. (2001). Relevncia:Permitir a utilizao deste instrumento de medida validado e adaptado populao/realidade Portuguesa. Metodologia: Numa primeirafase procedeu-se traduo por intermdio de 2 tradutores bilingues, seguido da retroverso por intermdio de 2 tradutores bilinguese posterior aprovao da autora original Ewa Roos da verso consenso Inglesa obtida. Na 2 fase realizou-se a adaptao culturalatravs da verificao das caractersticas mtricas validade de contedo pelo painel de peritos, e da fiabilidade intra-observador porteste-reteste atravs do intra class correlation (ICC) e da consistncia interna atravs do Alpha de Cronbach () numa amostra de 35utentes. Resultados: Cada sub-escala (sintomas; dor; funcionalidade, vida diria; funcionalidade, desporto e actividades de lazer;qualidade de vida), obteve bons indicadores de fiabilidade intra-observador (ICC = 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 e 0,936) e bons indicadoresde consistncia interna ( = 0,821, 0,909, 0,956, 0,896 e 0,893). Concluso: A verso final portuguesa da FAOS na amostra utilizadapossui bons ndices de validade de contedo, de fiabilidade intra-observador e de consistncia interna.

    Palavras-chave: Avaliao em fisioterapia; adaptao cultural de instrumentos; FAOS; tbio-trsica e p; funcionalidade.

    Abstract

    Introduction: As the foot and ankle complex injuries are one of the most common injuries in society, it becomes necessary to have asuitable and validated instrument of measure that allows the evaluation of the foot and ankle functionality. Objective: To give onecontribution to cultural and linguistic validation and adaptation of a measure instrument, the evaluation scale of the foot and anklefunctionality Foot and Ankle Outcome Score (FAOS) developed by Roos EM, Brandsson S, and Karlsson J. (2001) Relevance: Toallow the use of this measurement instrument adapted and validated to the Portuguese population\reality. Methods: At the 1st phase, thetranslation was preceded by 2 bilingual translators, followed by the back translation preceded by 2 others Bilingual translators and lateron it was gotten the approval form the original author Ewa Roos of the gotten English consensus version. At the 2nd phase was made acultural adaptation through the verification of the metric characteristics, the content validity, the reliability intra-observer for test-retest byintraclass correlation (ICC) and the internal consistency through the Cronbach Alpha (). Results: Each sub-scale (symptoms; pain;functionality, daily life; functionality, sport and activities of leisure; quality of life) had good scores for reliability intra-observer (ICC =0,876, 0,828, 0,909, 0,894 and 0,936) and good scores for internal consistency ( = 0,821, 0,909, 0,956, 0,896 and 0,893). Conclusion:The Portuguese ending version of the FAOS in the used sample, possess good content validity, reliability intra-observer and internalconsistency.

    Key words: physiotherapy evaluation; instruments cultural adaptation; FAOS, foot and ankle; functionality.

    Raspa 2003). Robbins & Waked (1998) afirmam que,

    apesar de as leses da tbio-trsica ocorrerem

    frequentemente durante a locomoo normal, elas so

    provavelmente mais comuns no desporto. . SegundoRego, Reis e Oliveira (2007), em Portugal, na poca de

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    2005/2006, as leses em ginastas de competio

    afectaram maioritariamente o membro inferior, sendo a

    seguir ao joelho, o p, dedos e tornozelo as regies

    anatmicas mais lesionadas. Nyska & Mann (2002)

    referem que as leses laterais da tbio-trsica ocorrem

    predominantemente nas populaes jovens e masculina

    e as leses do mdio-p ocorrem predominantemente na

    populao mais idosa e feminina. Estes autores referem

    que 45% das leses ocorrem em actividades desportivas,

    20% durante jogos e 16% em trabalho.

    Daqui se depreende a existncia de uma enorme

    quantidade de utentes a requerer diariamente a

    interveno dos Fisioterapeutas para a resoluo de

    problemas relacionados com o p e tbio-trsica. Assim

    sendo, torna-se necessrio a existncia de um instrumento

    de medida devidamente creditado para a avaliao da

    funcionalidade do p e tbio-trsica.

    Os instrumentos de medida, devem de possuir certas

    caractersticas mtricas no sentido de garantirem uma boa

    qualidade da medida para que estas nos permitam formular

    concluses vlidas. Assim sendo, de acordo com a

    literatura consultada, Rothstein (1985), Sim e Arnell (1993),

    Cole, Finch, Gowland, Mayo (1994), Ferreira e Marques

    (1998), Fitzpatrick et al (1998), Finch et al (2002), as

    principais caractersticas mtricas so a fiabilidade,

    validade e a sensibilidade.

    Apesar de existirem alguns critrios de seleco de

    instrumentos de medida de diferentes autores, a confuso

    parece ser considervel quando se pretende seleccionar

    um instrumento de medida que avalie a funcionalidade da

    tbio-trsica e p. Exemplo disso o trabalho de Schuh &

    Hausel (2000), que alertam para o facto de que, a

    publicao de vrios e diferentes tipos de artigos sobre

    leses da tbio-trsica em que os resultados eram

    avaliados com instrumentos de medida diferentes, torna

    difcil ou mesmo impossvel a comparao entre essas

    publicaes. Existem actualmente vrios instrumentos de

    medida publicados para medir a funcionalidade do p e

    tbio-trsica. No entanto, Akseki, Pinar, Bozkurt & Yaldiz,

    (2002), aps a comparao de 4 instrumentos de medida

    usados em leses da tbio-trsica, concluem que uma

    pessoa com leso da tbio-trsica pode apresentar uma

    pontuao elevada num sistema e ao mesmo tempo pode

    apresentar uma pontuao baixa noutro sistema de

    avaliao.

    Deste modo, salienta-se a importncia e necessidade da

    existncia de um instrumento de medida que, contendo os

    principais elementos mtricos, seja tambm reconhecido

    e utilizado a um nvel internacional de modo a se obterem

    resultados similares em condies similares permitindo

    assim a comparao entre vrios estudos de diferentes

    origens.

    Em 2001, Ewa Roos, em conjunto com os seus

    colaboradores, publicou um artigo no qual apresenta o

    instrumento de medida Foot and Ankle Outcome Score

    (FAOS). O contedo da FAOS baseia-se na Escala

    Avaliativa da Osteoartrite (Knee injury and Osteoarthritis

    Outcome Score (KOOS)) e foi desenvolvida para medir a

    opinio dos pacientes sobre uma variedade de problemas

    ligados funcionalidade do p e tbio-trsica. Este estudo

    apresenta valores bastante elevados nas vrias

    caractersticas mtricas estudadas. Na validade de

    contedo, os pacientes no sugeriram questes adicionais

    a acrescentar, todos os items foram considerados como

    sendo pelo menos de alguma importncia por mais de 67

    % dos pacientes. Na validade de construo, segundo a

    autora, obteve-se uma j esperada moderada correlao

    (rs=0.58 a 0.67) quando se comparam as 5 sub-escalas

    da FAOS com a escala Karlsson score. Na fiabilidade,

    para cada sub-escala, (sintomas; dor; funcionalidade, vida

    diria; funcionalidade, desporto e actividades de lazer;

    qualidade de vida) foram obtidos os seguintes resultados:

    na consistncia interna o Alpha de Cronbach foi = 0,88,

    0,94, 0,97, 0,94 e 0,92; na fiabilidade intra-observador, o

    coeficiente de correlao de Spearman foi 0.89, 0.96, 0.85,

    0.92 e 0.92 e o coeficiente intra class correlation foi ICC =

    0,86, 0,78, 0,70, 0,85 e 0,92 para cada sub-escala

    respectivamente.

    A FAOS de auto-preenchimento pelo paciente e consiste

    em 42 questes distribudas em cinco sub-escalas: Dor,

    Outros Sintomas, Funcionalidade na vida diria,

    Funcionalidade no desporto e lazer, e Qualidade de Vida

    relacionada com o p e tbio-trsica. So apresentadas

    opes estandardizadas de resposta e cada questo tem

    uma pontuao de 0 a 4. calculada uma pontuao

  • Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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    normalizada (100 indicando ausncia de sintomas e 0

    indicando sintomas extremos) para cada sub-escala. No

    final obtm-se um score total atravs do somatrio das

    pontuaes de cada sub-escala.

    A FAOS apresenta como mais-valias o facto de ser uma

    escala de avaliao simples, de aplicao relativamente

    rpida (cerca de 10 minutos) e eficaz sem necessidade

    de 1 observador, os dados so de fcil anlise estatstica

    e interpretao, contando para isso o apoio dado pela

    disponibilizao on-line, no site www.koos.nu, de uma folha

    de clculo no programa EXCEL, com as devidas frmulas

    de clculo j introduzidas, ou ento, atravs da ficha de

    pontuao manual da FAOS disponvel no guia de

    utilizao da FAOS (para obter a verso traduzida do guia

    de utilizao da FAOS, dever contactar via e-mail para

    [email protected])

    A nvel internacional, esta uma escala que utilizada

    em diferentes estudos de investigao por diferentes

    autores tais como: Foot orthoses for the treatment of

    plantar fasciitis de Roos, Engstrom, Soderberg (2006) ou

    Twenty-six-year results after Brostrom procedure for

    chronic lateral ankle instability de Bell, Mologne, Sitler,

    Cox (2006).

    O presente estudo tem como objectivo geral contribuir para

    a validao e adaptao do instrumento de medida Foot

    and Ankle Outcome Score (FAOS) para a realidade

    portuguesa atravs do processo de traduo e verificao

    das caractersticas mtricas validade de contedo, a

    fiabilidade intra-observador e a consistncia interna.

    Metodologia

    Este estudo do tipo metodolgico, compreende uma 1

    fase na qual se procedeu traduo da FAOS e uma 2

    fase na qual se verificaram as caractersticas mtricas

    validade de contedo, a fiabilidade intra-observador e a

    consistncia interna. Estes procedimentos s foram

    realizados aps a autorizao da autora, da escala original.

    Foram seleccionadas duas amostras. A primeira, que foi

    seleccionada por convenincia e qualidade, constituiu o

    painel de peritos, sendo formada por oito fisioterapeutas

    e um mdico, todos eles experts na rea das condies

    msculo-esquelticas. Estes elementos possuem no

    mnimo 4 anos de experincia na rea, com vrias

    comunicaes livres realizadas e, alguns com trabalhos

    publicados em revistas cientficas.

    A segunda amostra constituiu a amostra de utentes e foi

    obtida por convenincia sendo formada por 35 sujeitos,

    24 utentes do sexo feminino e 11 utentes do sexo

    masculino, com idades compreendidas entre os 11 e os

    80 anos. Foram includos todos os sujeitos, que saibam

    ler e escrever, que apresentem uma e qualquer patologia

    msculo-esqueltica na tbio-trsica e/ou p e que se

    traduza numa diminuio da funcionalidade desse sujeito.

    Foram excludos do estudo os sujeitos que foram no

    colaborantes, possuam alteraes cognitivas ou que

    apresentaram outros problemas associados que impediam

    a avaliao de qualquer dos itens constituintes da escala

    FAOS, ou preenchimento indevido da FAOS.

    Os instrumentos de recolha de dados utilizados foram um

    questionrio, especialmente elaborado para verificar a

    validade de contedo, e a prpria FAOS verso

    portuguesa, para verificar a fiabilidade intra-observador e

    a consistncia interna.

    Os dados qualitativos obtidos junto ao painel de peritos,

    foram tratados atravs da tcnica de anlise de contedo.

    Os dados quantitativos, recolhidos atravs da FAOS, foram

    tratados atravs da estatstica descritiva utilizando o

    programa SPSS 14,0. Foi utilizado o coeficiente de

    correlao intra class (ICC) para anlise dos dados obtidos

    da aplicao do instrumento em momentos diferentes por

    cada utente fiabilidade intra-observador. A consistncia

    interna foi verificada atravs do coeficiente de Alpha

    Cronbach ().

    PROCEDIMENTOS NA 1 FASE Traduo

    O processo de traduo e adaptao da escala FAOS

    baseou-se nas linhas orientadoras apresentadas por

    Beaton, Bombardier, Guillemin, & Ferraz (2002), para o

    processo de adaptao intercultural de instrumentos de

    medida. Com base nestas linhas realizaram-se cinco

    passos distintos:

    Passo I Traduo inicial

    Foram realizadas duas tradues independentes da FAOS

    (T1 e T2) a partir da verso Inglesa para a lngua

  • Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

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    Portuguesa.

    As duas tradues independentes foram realizadas por

    tradutores bilingues que tm como lngua me a lngua

    Portuguesa. O tradutor T1 profissional de sade e

    conhecedor do tipo de conceitos do questionrio. O

    tradutor T2 no est ligado rea da sade, de modo a

    reflectir uma linguagem utilizada pela populao comum.

    Passo II Sintetizao das duas tradues

    Uma terceira pessoa imparcial serviu de mediador na

    discusso das diferenas de traduo obtendo-se numa

    traduo de consenso (T12).

    Passo III Retroverso

    Trabalhando a partir da verso T 12, o questionrio foi

    novamente traduzido para a lngua Inglesa atravs de duas

    retroverses independentes do instrumento (RV1 e RV2)

    por tradutores bilingues que tm como lngua me a lngua

    Inglesa.

    Passo IV Sintetizao das duas retroverses

    Cruzaram-se as duas retroverses entre si e elaborou-se

    uma terceira verso verso consenso inglesa.

    Comparou-se a verso inglesa original com a verso

    consenso Inglesa obtida, para verificar se havia diferenas

    de significado entre elas.

    Passo V Aprovao da autora original

    Foi enviada uma cpia da verso consenso Inglesa obtida

    ao autor original da escala para que fosse aprovada a

    verso obtida. A autora Ewa Roos aprovou e deu a sua

    permisso para continuar o estudo obtendo-se assim a

    verso portuguesa a apresentar ao painel de peritos.

    PROCEDIMENTOS NA 2 FASE Verificao das

    caractersticas mtricas validade de contedo, a

    fiabilidade intra-observador e consistncia interna.

    O painel de peritos analisou a validade de contedo da

    verso portuguesa do instrumento atravs de um

    questionrio. Este instrumento de recolha de dados

    requeria que cada item da FAOS fosse cotado segundo

    uma escala ordinal de zero a cinco , com a respectiva

    justificao e sugesto. Cada questionrio, no incio,

    continha duas folhas de rosto onde figurava a identificao

    do autor deste estudo, o objectivo do estudo e as

    instrues de preenchimento do respectivo questionrio.

    No final de cada um destes instrumentos figurava uma

    folha com trs questes que solicitavam uma apreciao

    global e pessoal sobre a FAOS. Desta anlise resultaram

    algumas sugestes e alteraes da verso consenso

    Portuguesa que conduziram verso final Portuguesa da

    FAOS (Anexo 1).

    Para verificao da fiabilidade intra-observador e

    consistncia interna, aplicou-se a verso final Portuguesa

    da FAOS na amostra de utentes em estudo. A cada utente

    foi explicado o objectivo deste estudo e o mtodo como

    este estava a ser levado a cabo. Cada utente preencheu

    duas vezes o questionrio, com um dia de intervalo.

    O procedimento do tratamento estatstico relativo ao

    estudo da fiabilidade intra-observador e da consistncia

    interna, foi realizado a partir dos resultados obtidos, os

    quais foram introduzidos numa base de dados, numa folha

    em Excel, disponibilizada pela autora original no site

    www.koos.nu , e de seguida, transportados e analisados

    com o programa informtico SPSS 14,0.

    Resultados e discusso

    No que respeita validade de contedo, atravs da anlise

    das cotaes atribudas pelos peritos existiu um acordo

    total em 16 das questes mantendo-se o seu contedo.

    Em 7 questes apesar de terem sido realizadas algumas

    sugestes de alterao, manteve-se a verso original

    portuguesa por se aproximar mais da verso original em

    ingls e manter todo o contedo de cada questo e por

    possurem uma boa facilidade de compreenso por parte

    dos utentes. Em 19 questes foram aceites as sugestes

    propostas devido ao facto de algumas das questes

    estarem confusas na forma como estavam elaboradas.

    Foram assim introduzidas alteraes que iam no sentido

    de clarificar a redaco, corrigir a semntica, especificar

    melhor determinadas actividades solicitadas, utilizar a

    mesma terminologia e o mesmo modo de construo

    frsica ao longo de todo o questionrio. As sugestes

    aceites encontram-se mais correctas em termos de

  • Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

    Janeiro 2008 I Vol. 2 I N 1 I 27

    linguagem corrente mantendo todo o contedo da questo

    e apresentando uma melhor facilidade de compreenso

    por parte dos utentes e por se aproximar mais da verso

    original. Nas trs questes que solicitavam uma apreciao

    global e pessoal sobre a FAOS, 89% do painel concorda

    na generalidade com as questes da FAOS, sendo baixa

    a percentagem de peritos que retiraria ou acrescentaria

    alguma questo.

    Ao chegar a um consenso final relativo ao contedo de

    cada pergunta da verso portuguesa da FAOS, foi

    concludo pelos autores do estudo que, o nvel de

    consenso atingido foi elevado, pois, 81% das questes

    obteve uma concordncia total, sem sugesto de

    alteraes, de pelo menos 2/3 do painel. Em 19% das

    questes foram introduzidas algumas das alteraes

    introduzidas pelo painel de peritos. Como tal, considera-

    se que o questionrio na nossa amostra apresenta

    validade de contedo.

    Na anlise da fiabilidade intra-observador por teste-reteste,

    verifica-se que cada sub-escala (sintomas; dor;

    funcionalidade, vida diria; funcionalidade, desporto e

    actividades de lazer; qualidade de vida), obteve como valor

    do ICC 0,876, 0,828, 0,909, 0,894 e 0,936 para uma

    significncia de 0,000. Pestana & Gageiro (2000), afirmam

    que considerado como bom indicador de consistncia

    um ICC com valor superior a 0,8. Assim sendo, os valores

    obtidos representam um valor elevado e, segundo estes

    autores so considerados como um bom indicador positivo

    de fiabilidade intra-observador. Estes resultados vo ao

    encontro dos valores obtidos pelo autor original da verso

    original da FAOS que obteve como resultados 0,86, 0,78,

    0,70, 0,85 e 0,92 para cada sub-escala respectivamente.

    Na anlise da consistncia interna, verifica-se que cada

    sub-escala (sintomas; dor; funcionalidade, vida diria;

    funcionalidade, desporto e actividades de lazer; qualidade

    de vida), obteve como valor do Alpha de Cronbach =

    0,821, 0,909, 0,956, 0,896 e 0,893. Fortin (2000), afirma

    que o coeficiente de Alpha de Cronbach () varia de 0,00

    a 1,00 e que, o valor mais elevado denota uma maior

    consistncia interna. Com base no anteriormente exposto,

    constata-se que todas as sub-escalas possuem um bom

    indicador de consistncia interna, obtendo valores

    similares aos valores obtidos pelo autor original da

    verso original da FAOS que obteve como resultados 0,88,

    0,94, 0,97, 0,94 e 0,92 para cada sub-escala

    respectivamente.

    Concluses

    Conclui-se que a verso final Portuguesa da FAOS, na

    amostra em estudo, possui validade de contedo,

    fiabilidade intra-observador e consistncia interna,

    podendo por isso ser utilizada na prtica clnica, pelo que

    se considera importante a sua utilizao no sentido de

    melhorar a interveno da fisioterapia no desporto, ou

    outras reas, promovendo a qualidade da interveno.

    Este estudo apresenta como principal limitao validade

    externa, o facto de no se poder garantir a

    representatividade da amostra face populao

    portuguesa, devido ao reduzido nmero de sujeitos da

    amostra, devido ao facto de a amostra ter sido obtida/

    seleccionada por convenincia e por ter sido obtida numa

    zona limitada do Pas, Lisboa. Tambm o facto de no se

    ter realizado um pr-teste com o objectivo verificar se o

    questionrio era de fcil compreenso para o utente, uma

    vez que se trata de um instrumento de auto

    preenchimento, representa outra limitao, esta relativa

    validade interna, no presente estudo.

    Pretendeu-se dar um primeiro contributo no processo de

    traduo e adaptao da FAOS, pelo que se sugere a

    realizao de estudos futuros com amostras mais

    representativas e que visem outras caractersticas

    mtricas que no foram agora contempladas, tais como:

    a validade de construo, validade critrios, sensibilidade

    e aceitabilidade pelos utentes, assim como algumas

    sugestes pertinentes, que se inserem no mbito da

    modificao da escala, levantadas pelo painel de peritos

    na analise da validade de contedo.

    Por ltimo, considera-se importante a validao de outros

    instrumentos de medida da funcionalidade da tbio-trsica

    e p, de forma a que os profissionais de sade tenham

    acesso a um leque mais alargado de instrumentos.

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    Schuh, A & Hausel, M - Difficulties in evaluating follow-up outcomein calcaneus fracture managed with plate osteosynthesis. Is therea reliable score?. Unfallchirurg (2000); 103 (4): 295-300.

    Sim, J., Arnell, P. (1993). Measurement Validity in PhysicalTherapy Research. Physical Therapy, 73 (2), 102-109.

    A verso integral deste estudo est disponvel na biblioteca

    da Escola Superior de Sade do Alcoito:

    Domingues, F.; Pascoalinho, J. ; Esteves, J. (2006) Contributo

    para a adaptao e validao do instrumento de medida, Foot

    and Ankle Outcome Score (FAOS), para a realidade

    portuguesa. Monografia final do curso de licenciatura em

    Fisioterapia. Alcoito: Escola Superior de Sade do Alcoito.

    Cota M24 FT A06.

    Artigo recebido a:13 de Outubro de 2007

    Artigo revisto a: 01 de Novembro de 2007

    Aceite para publicao a: 10 de Novembro de 2007

  • Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

    Janeiro 2008 I Vol. 2 I N 1 I

    FAOS FOOT&ANKLE SURVEYIAPT INQURITO AO P & TORNOZELO

    Data de hoje : ____ / _____ / ______ Data de nascimento : ____ / _____ / _____

    Nome : _______________________________________________________________

    INSTRUES: Este inqurito solicita-lhe a opinio sobre o seu p/tornozelo. Esta informao ajudar-nos- a acompanhara forma como se sente em relao ao seu p/tornozelo, bem como a sua aptido para realizar as actividades do dia-a-dia.Responda a cada questo assinalando com uma cruz o quadrado apropriado. Dever inscrever apenas uma cruz paracada questo. Se tiver dvidas quanto forma de responder a alguma questo, d por favor a melhor resposta queconseguir.

    SintomasEstas questes referem-se aos sintomas que experienciou no seu p/tornozelo na ltima semana.

    S1. Tem inchaos no seu p/tornozelo? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

    S2. Sente ranger ou ouve estalar, ou qualquer outro tipo de rudo, quando movimenta o seu p/tornozelo? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

    S3. O seu p/tornozelo prende ou bloqueia quando se move? Nunca Raramente Por vezes Frequentemente Sempre

    S4. Consegue endireitar completamente o seu p/tornozelo? Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

    S5. Consegue flectir completamente o seu p/tornozelo? Sempre Frequentemente Por vezes Raramente Nunca

    RigidezAs questes seguintes dizem respeito ao grau de rigidez que sentiu no seu p/tornozelo na ltima semana. Por rigidezentende-se a sensao de restrio ou de lentido aquando da movimentao das articulaes.

    S6. Qual a gravidade da rigidez no seu p/tornozelo de manh logo aps acordar?Nenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    29

  • Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

    Janeiro 2008 I Vol. 2 I N 1 I 30

    Esta questo refere-se aos sintomas que experienciou no seu p/tornozelo na ltima semana.

    S7. Qual a gravidade da rigidez no seu p/tornozelo aps estar sentado, deitado ou aps ter repousado no final dodia?

    Nenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    DorP1. Com que frequncia sente dor no seu p/tornozelo?

    Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre

    Qual a intensidade de dor que sentiu no seu p/tornozelo na ltima semana, durante as seguintes actividades?

    P2. Torcer ou rodar sobre o p/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    P3. Esticar completamente o p/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    P4. Dobrar completamente o p/tornozeloNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    P5. Caminhar numa superfcie planaNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    P6. Subir ou descer escadasNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    P7. noite quando est deitado na camaNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    P8. Sentado ou deitadoNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

    P9. Na posio de pNenhuma ligeira Moderada Grave Extrema

  • Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

    Janeiro 2008 I Vol. 2 I N 1 I 31

    Funcionalidade, vida diriaAs questes seguintes dizem respeito sua funo fsica. Por isto queremos dizer a sua capacidade para se deslocar epara cuidar de si prprio. Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que sentiu naltima semana devido ao seu p/tornozelo.

    A1. Descer escadasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A2. Subir escadasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A3. Erguer-se aps ter estado sentadoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A4. Estar de pNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A5. Baixar-se at ao cho / apanhar um objectoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A6. Caminhar numa superfcie planaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A7. Entrar/sair do carroNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A8. Ir s comprasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A9. Calar pegas/meiasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A10. Erguer-se da camaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A11. Tirar pegas/meiasNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    Para cada uma das seguintes actividades, indique por favor o grau de dificuldade que sentiu na ltima semana devidoao seu p/tornozelo.

    A12. Estar deitado na cama (virar-se, mantendo a posio dos joelhos)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A13. Entrar/sair do banhoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

  • Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto

    Janeiro 2008 I Vol. 2 I N 1 I 32

    A14. Sentar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A15. Sentar-se/erguer-se da sanitaNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A16. Tarefas domsticas que impliquem esforo (mover caixas pesadas, esfregar o cho, etc.)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A17. Tarefas domsticas leves (cozinhar, limpar o p, etc.)Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    Funcionalidade, desporto e actividades de lazerAs questes seguintes dizem respeito sua funo fsica quando desenvolve uma actividade mais exigente em termosde esforo. As questes devem ser respondidas considerando o grau de dificuldade que sentiu na ltima semanadevido ao seu p/tornozelo.

    SP1. Agachar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    SP2. CorrerNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    SP3. SaltarNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    SP4. Torcer/rodar sobre o p/tornozelo lesadoNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    A questo deve ser respondida considerando o grau de dificuldade que sentiu na ltima semana devido ao seu p/tornozelo.

    SP5. Ajoelhar-seNenhum ligeira Moderado Grave Extremo

    Qualidade de vida

    Q1. Com que frequncia se apercebe do seu problema no p/tornozelo?Nunca Mensalmente Semanalmente Diariamente Sempre

    Q2. Modificou o seu estilo de vida de forma a evitar actividades potencialmente prejudiciais ao seu p/tornozelo? Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Totalmente

    Q3. At que ponto est preocupado com a falta de confiana no seu p/ tornozelo? Nada Ligeiramente Moderadamente Muito Extremamente

    Q4. Em geral, qual o grau de dificuldade que sente no seu p/tornozelo?Nenhum ligeira Moderado Grave Extremo