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1
FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA
MARIA REGINA GONÇALVES DA CUNHA
MARY FERNANDES DA SILVA
O PROJETO HORTA DO CONHECIMENTO E SUAS INTERFACES ENTRE A
CONSTRUÇÃO CURRICULAR E A PRATICA PEDAGOGICA
INTERDISCIPLINAR
BELÉM-PA
2013
2
FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA
MARIA REGINA GONÇAVES DA CUNHA
MARY FERNANDES DA SILVA
O PROJETO HORTA DO CONHECIMENTO E SUAS INTERFACES ENTRE A
CONSTRUÇÃO CURRICULAR E A PRATICA PEDAGOGICA
INTERDISCIPLINAR
Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia das
Faculdades Integradas Ipiranga como Trabalho de
Conclusão de Curso, TCC.
Orientadora: Profª Msc. Conceição Brayner.
BELÉM-PA
2013
3
Dados internacionais de catalogação – na - publicação (CIP).
Biblioteca da Faculdades Integradas Ipiranga,Belém – PA.
______________________________________________________________________
Cunha, Maria Regina Gonçalves da; Silva, Mary Fernandes da.
O Projeto Horta do Conhecimento e suas Interfaces entre a Construção Curricular e a Pratica
Pedagógica Interdisciplinar/ Maria Regina Gonçalves da Cunha; Mary Fernandes da Silva;
Orientadora: Conceição Brayner. ___ Belém: [s.n.], 2013. 58f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Pedagogia) – Faculdades Integradas Ipiranga, Belém, 2013.
1.Pedagogia de Projetos. 2.Currículo Interdisciplinar. 3.Pratica Docente. I.
Título.
______________________________________________________________________
4
MARIA REGINA GONÇAVES DA CUNHA
MARY FERNANDES DA SILVA
O PROJETO HORTA DO CONHECIMENTO E SUAS INTERFACES ENTRE A
CONSTRUÇÃO CURRICULAR E A PRATICA PEDAGOGICA
INTERDISCIPLINAR
Trabalho apresentado ao Curso de Pedagogia das
Faculdades Integradas Ipiranga como Trabalho de
Conclusão de Curso, TCC.
Orientadora: Profª Msc. Conceição Brayner.
Data de aprovação: ____/____/_____ Banca Examinadora ________________________________ - Orientadora Profª Msc. Conceição Brayner
________________________________ - Examinadora ________________________________ - Examinadora
5
Epigrafo
O cuidado com o nicho ecológico só será efetivo se houver um processo coletivo de
educação, em que a maioria participe, tenha acesso a informações e faça “troca de saberes”. O
saber popular contido nas tradições dos velhos, nas lendas e nas estórias dos índios, caboclos,
negros, mestiços, emigrantes, dos primeiros dos que aí viveram, confrontado e
complementado com o saber crítico cientifico. Esses saberes revelam dimensões da realidade
local e são portadores de verdade e de sentido profundo a ser decifrado e a ser incorporado
por todos. O que daí resulta é uma profunda harmonia dinâmica do ecossistema onde os seres
vivos e inertes, as instituições culturais e sociais, enfim todos encontram seu lugar, interagem,
se acolhem, se complementam e se sentem em casa. (LEONARDO BOFF, 2011, p. 136)
6
AGRADECIMENTOS
Mary Silva
A Deus causa primária de todas as coisas.
Aos nossos familiares pela ausência das horas de convívio, em favor do tempo
dedicado a nossa formação.
Aos nossos mestres, que efetivaram nossos sonhos na aquisição das competências e
habilidades tão necessárias no fazer pedagógico.
Aos colegas que com seus saberes interagiram na construção do conhecimento.
E a todas as pessoas que conosco convivem na caminhada do dia a dia somando
aprendizagens no nosso saber pedagógico.
Aos participantes da pesquisa que contribuíam significativamente com a qualificação
deste estudo.
Maria Regina Cunha
Agradeço a Deus e pelo dom da vida que me concedeu a oportunidade de chegar ao
fim desta etapa tão almejada, sendo meu grande guia nessa busca, proporcionando força e
coragem para vencer.
Aos meus pais José Gonçalves de Brito e Josefa da Silva Cunha que me ensinaram os
meus primeiros passos e me educaram para que eu me tornasse uma pessoa digna, esforçada e
honesta. Dessa forma obrigado pai e mãe, pela confiança que em mim depositaram,
compreendendo-me nos momentos mais difíceis e por serem os maiores protagonistas da
minha historia e os meus grandes incentivadores nos momentos de desanimo.
Aos meus filhos: Renan Augusto, Rayclim Cunha e Barbara Regina que são os meus
grandes amores e a razão dessa caminhada da vida.
Em especial ao meu esposo e companheiro Benedito do Carmo, que me incentivou
na conquista desta etapa.
Aos colegas de turma que compartilharam os momentos bons e difíceis nessa
jornada.
Aos meus professores e orientadores de curso, pelos ensinamentos e por me mostrar
que a educação é fundamental em nossas vidas.
7
RESUMO
Trata-se de uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa que tem como objetivo geral
detectar as contribuições do Projeto Horta do Conhecimento para a construção curricular e
prática pedagógica interdisciplinar dos professores do Ciclo Básico I e como objetivos
específicos: detectar a presença de práticas pedagógicas interdisciplinares dos professores do
Ciclo Básico I no cotidiano escolar e investigar o contexto prático de execução do projeto e
suas contribuições para a aprendizagem significativa dos alunos. Os sujeitos da pesquisa
foram professoras, coordenadora e alunos (as), participantes do projeto. Para a coleta de dados
adotou-se a pesquisa bibliográfica e documental, observação participante e entrevista com
utilização de roteiro semiestruturado. Para a analise dos dados adotou-se as técnicas da analise
de conteúdo. Os dados apontam que a vivencia no projeto fomenta o currículo que se estende
na sala de aula com conteúdos das diversas áreas do saber como ciências naturais, humanas e
lógico-matematicas e desta forma favorece a aprendizagem de forma contextualizada e
prazerosa, aspectos que são fundamentais na perspectiva teórica e metodológica da Pedagogia
de Projetos.
Palavras- chave: Pedagogia de Projetos. Currículo Interdisciplinar. Pratica Docente
8
ABSTRACT
This is a field research , qualitative approach that has as main objective to detect the
contributions of the Project Horta Knowledge for interdisciplinary curriculum construction
and pedagogical practice of teachers of the Basic Cycle I and specific objectives : to detect the
presence of pedagogical practices interdisciplinary teachers Basic Cycle I in school life and to
investigate the practical execution context of the project and its significant contributions to
student learning. The study subjects were teachers , students and coordinator ( as), the project
participants . To collect the data we adopted the bibliographic and documentary research ,
participant observation and interviews with the
use of semi - structured script . For the data analysis we adopted the techniques of content
analysis . The data indicate that the experiences in the project fosters curriculum that extends
the classroom with content from various fields of knowledge as human natural sciences , and
logical - mathematical and thus promotes learning in context and pleasurable way , aspects
that are fundamental the theoretical and methodological perspective of Pedagogy Project .
Keywords : Pedagogy Project . Interdisciplinary Curriculum . Teaching Practice
9
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO
11
2-CAMINHOS METODOLOGICOS DA PESQUISA
16
2.1- SUJEITOS DA PESQUISA
16
2.2- CUIDADOS ÉTICOS A NA PESQUISA ENVOLVENDO
SERES HUMANOS
18
3-PEDAGOGIA DE PROJETOS E PRÁTICAS
INTERDISCIPLINARES
18
3.1- PEDAGOGIA DE PROJETOS EM DEBATE
18
3.2- ESCOLA, CURRÍCULO E PRÁTICAS DOCENTES 21
3.3- EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR VIA
CURRICULO INTERDISCIPLINAR
25
4- PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EXITOSAS NO PROJETO HORTA
DO CONHECIMENTO NA FUNDAÇÃO ESCOLA BOSQUE CENTRO
DE REFERENCIA EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL PROFESSOR
EIDORFE MOREIRA
27
4.1- O CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL ESCOLA BOSQUE PROF. EIDORFE MOREIRA EM
CONTEXTO: DA PROPOSTA EDUCACIONAL A PRATICA
DOCENTE
27
4.2-PROJETO HORTA DO CONHECIMENTO: TECENDO SUA
TRAJETÓRIA HISTÓRICA
34
4.3- HORTA: UMA TEIA ADUBADA COM MÚLTIPLOS
SABORES E SABERES
42
4.3.1- PROJETO HORTA E PRÁTICAS DOCENTES
46
4.3.2- CONTRIBUIÇÕES DO PROJETO PARA A PRÁTICA
PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR
49
5-CONSIDERAÇÕES FINAIS 52
REFERÊNCIAS 54
APENDICES 57
10
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 01 28
FIGURA 02 31
FIGURA 03 31
FIGURA 04 32
FIGURA 05 33
FIGURA 06 34
FIGURA 07 35
FIGURA 08 36
FIGURA 09 37
FIGURA 10 38
FIGURA 11 39
FIGURA 12 39
FIGURA 13 40
FIGURA 14 41
FIGURA 15 41
FIGURA 16 42
FIGURA 17 43
FIGURA 18 44
FIGURA 19 46
FIGURA 20 49
FIGURA 21 50
FIGURA 22 51
11
1-Introdução
O Projeto Horta do Conhecimento faz parte do Projeto Político Pedagógico da Escola
Bosque 1desde a sua fundação, tem sido um espaço pedagógico que propicia ao aluno
vivências práticas e teóricas sobre educação ambiental. Sua finalidade principal é
proporcionar a aquisição do conhecimento de forma prática por meio de ações exercidas pelos
educandos que se tornam autores e construtores do conhecimento nas diversas áreas
curriculares, já que, o espaço, as ações e as demais teias dos conhecimentos ali abordados
fomentam mudanças para uma nova relação, homem-natureza, visando assim, a eficácia do
projeto.
O Projeto tem como objetivo oportunizar a apropriação do conhecimento, por meio
da educação ambiental, desde a educação infantil ao ensino médio profissionalizante (com
estágios supervisionados), favorecendo desse modo, a integração de teoria e prática
pedagógica no cotidiano escolar, utilizando as atividades de cultivo de olerícolas2 como um
recurso didático interdisciplinar numa ação pedagógica comprometida com a qualidade de
ensino. A comunidade também é envolvida por meio de implantação de hortas caseiras nas
casas de alunos, hortas escolares em instituições de ensino, palestras em instituições sociais,
atendimento de alunos de escolas particulares e públicas, como forma de despertar uma maior
interação com o meio, sensibilizando-os para a garantia da sustentabilidade.
Seu desenvolvimento se dá de forma interdisciplinar, tendo a pesquisa como
princípio educativo onde realizamos estudo bibliográfico sobre a temática, pesquisa de
material pedagógico, reuniões, formações, oficinas, mini-cursos, estágios, troca de
experiências, produção de mudas olerícolas e medicinais para distribuição na comunidade,
preparo de composto orgânico, cultivo orgânico de algumas hortaliças e o seu aproveitamento
máximo no preparo de sucos, sanduíches naturais e refeições alternativas de alto valor
nutritivo.
As ações desenvolvidas ao longo destes anos no projeto subsidiaram práticas
pedagógicas, orientação de estágio supervisionado para formandos do curso médio
profissionalizante, oficinas de (re) conhecimento das espécies medicinais e alimentação
alternativa para as comunidades das ilhas, implantação de hortas caseiras. Articulação de
intercâmbio entre Unidades Pedagógicas e Sede por meio de visitas para o reconhecimento
das espécies cultivadas na área da horta e vivências com outros projetos como:
Brinquedoteca, Asas da imaginação, Laboratório de Biologia, Teatro e Biblioteca.
1 Fundação Centro de Referência em Educação Ambiental escola Bosque Professor Eidorfe Moreira. Av. Nossa
Senhora da Conceição s/nº, Ilha de Caratateua – Belém-PA, CEP. 66.815-000. Fone/fax (091) 3267-1444, e-
mail: [email protected] , Fundada em 26/04/1996 2 Referente ao cultivo de hortaliças.
12
O projeto recebe visita de instituições públicas, ONGs internacionais, UEPA, IFPA,
UFPA, e particulares de educação, oportunizando vivências práticas de cultivo aos alunos
como forma de conhecer um pouco mais das ações desenvolvidas no projeto.
Assim sendo, o “Projeto Horta: Uma Teia Adubada com Múltiplos Saberes e
Sabores” é uma das diversas ações pedagógicas desenvolvidas no cotidiano do Centro de
Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, cujo Eixo
Norteador é a Educação Ambiental, tendo ainda como Princípio Filosófico a formação ética e
crítica de todos os indivíduos que por meio da Pedagogia de Projetos, constroem e
reconstroem as múltiplas teias interdisciplinares que permeiam os infinitos saberes que são
entretecidos com atividades práticas no meio ambiente intra e extra-escolares.
Assim, os caminhos e métodos do referido projeto, estão pautados nas múltiplas
leituras cotidianas, as quais se tornam fecundas na inter-relação de diálogos afins, estreitando
suas relações à procura de re-significar sua percepção na tão complexa teia da vida. Isso se
evidencia em todas as etapas do projeto Horta, desde a preparação do solo- com a construção
do conhecimento sobre ele, a interpretação de sua importância para a germinação e
manutenção da planta (novo ser)- como as práticas de plantio e manejo até a colheita. Desta
forma, cria-se um sentido e um sentimento de apego pelo que foi plantado e uma ligação
valorosa do que será colhido pelo aluno. Um suco de hortelã, por exemplo, não será qualquer
suco de hortelã será o hortelã que germinou, desenvolveu e amadureceu para virar um
delicioso suco, um produto feito ou conseguido com esforço e dedicação do aluno.
Portanto, proporcionar aos educandos a apropriação do conhecimento de forma
significativa faz-se necessárias ações práticas, onde a base curricular não se dá por meio de
uma imensurável lista de conteúdos fragmentados e sem vida. Mas, no entretecer de um
currículo vivo, concreto, real, em que, os conteúdos são experimentados, manuseados,
tateados, cheirados e saboreados, ou seja, são vividos e sentidos. A organização do trabalho
escolar ainda mantém um processo de ensino centrado na transmissão-assimilação, o que leva
o professor a preocupação em apenas passar o “conteúdo” e o aluno ao cumprimento de
tarefas.
Observando o cotidiano da escola Bosque em sua prática de pedagogia de projetos e
em particular o Projeto Horta do Conhecimento, com a interação dos diferentes educadores,
que elaboram seus projetos pedagógicos, subsidiados e permeados pelas ações desenvolvidas
nas práticas vivenciadas neste projeto, questiona-se: o Projeto Horta do Conhecimento
contribui para a construção curricular e prática pedagógica sob a ótica interdisciplinar
dos professores do Ciclo Básico I? Com este estudo visa-se reconhecer as experiências
13
teórico-práticas do professor, na perspectiva de contribuir com o debate sobre as práticas
educativas via currículo interdisciplinar.
Ao tratarmos de praticas educativas interdisciplinares, adentramos nas perspectivas
da Pedagogia de projetos, a qual é compreendida como uma nova forma de organização do
processo educativo, embora não seja fácil, se faz tão necessária a partir do momento que
desperta a dar vida ao processo de construção do conhecimento, transformando esse processo
educativo em algo dinâmico, abrangente, que perpassa por sua rotina de ver, pensar e interagir
na realidade, tanto dos educandos, quantos educadores e comunidade.
Assim, o educador pode trabalhar numa visão interdisciplinar, integrando as diversas
disciplinas do currículo num olhar amplo de interdependência, o qual para Câmara (1999,
p.15):
A interdisciplinaridade deve ser pensada como entre ciências, por um
lado, considerando o território de cada uma delas e, ao mesmo tempo,
identificando possíveis áreas que possam se entrecruzar, buscando as
conexões possíveis. E essa busca se realiza por meio de um processo
dialógico que permite novas interpretações, mudança de visão, avaliação
crítica de pressupostos, um aprender com o outro, uma nova
reorganização do pensar e do fazer.
A aprendizagem adequada para Demo (1994, p.21) é aquela efetivada dentro do
processo de pesquisa do professor, no qual ambos - professor e aluno - aprendem se sabem
pensar e aprendem a aprender. Neste sentido, pesquisar é a tradução mais exata do saber
pensar e do aprender a aprender. É o que encontramos no conceito central da teoria da
aprendizagem de Ausubel (1982, p.12), que significa dizer que: Os novos conhecimentos que
se adquirem relacionam-se com o conhecimento prévio que o aluno possui. E ainda Gallo
(1999, p.38) afirma que:
[...] se, no lugar de partirmos de racionalizações abstratas de um saber previamente
produzido, começarmos o processo educacional na realidade que o aluno vivencia
em seu cotidiano, poderemos chegar a uma educação muito mais integrada, sem
dissociações abstratas.
Pensando nesta construção de múltiplos saberes, a proposta pedagógica é baseada na
pedagogia da complexidade sob a perspectiva cognitiva de acordo com Leff (2003, p.206):
A construção de um saber mais integrado e global, que aporte à compreensão da
realidade, a partir de metodologias interdisciplinares, [...] que reclama a
problematização dos paradigmas do conhecimento, das práticas de pesquisa e das
ideologias da teoria e da prática.
Acreditamos que desde o plantio, a colheita e o preparo dos produtos oriundos da
horta do saber, sob o olhar de interdependência Capra (2006, p.44), que afirma que “A teia da
vida” é, naturalmente, uma idéia antiga, que tem sido utilizada por poetas, filósofos e místicos
14
ao longo das eras para transmitir seu sentido de entrelaçamento e de interdependência de
todos os fenômenos, permita a re-construção de valores e conhecimento sobre o mundo
natural o que é definido por Leff (2003, p.206) como “aprender a aprender a complexidade
ambiental contribuindo para um processo de construção coletiva do saber, no qual cada um
aprende desde seu ser particular”.
Morin (2011, p.36) considera como conhecimento complexo, tendo como significado
o que foi Tecido Junto, interdependente, interativo e inter-retroativo entre o objeto de
conhecimento e seu contexto, as partes e todo, o todo e as partes, as partes entre si. Por isso, a
complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade. Portanto, podemos dizer “que cabe
aos professores o inicio da reforma do pensamento, que parte do simplista e linear para o
complexo” (PETRAGLIA apud MORIN 1995, p.58).
Assim, quanto mais o aluno se aproxima da aprendizagem por descoberta, mais esses
conteúdos são recebidos de modo não completamente acabado e o aluno deve defini-los ou
descobri-los antes de assimilá-los.
Para Morreto (2004, p.17), a aprendizagem significativa é estabelecer relações entre os
vários elementos de um conjunto simbólico, é relacionar o conhecimento elaborado com os
fatos do dia a dia, vividos pelo sujeito da aprendizagem ou por outros sujeitos.
Cabral (2004, p.47) relata que a experiência desenvolvida no Ciclo Básico I, com o
projeto da horta propiciou a utilidade da pesquisa por meio da troca, interação, ampliação da
leitura e escrita, produção textual com seqüência lógica, progresso no raciocínio lógico-
matemático e contribuiu primordialmente nos conhecimentos natural e social. Neste enfoque,
os conteúdos para ela não foram trabalhados de forma isolada, desarticulada, pois a dinâmica
e a relação entre eles foram constante.
Para Ferreira (2004, p.29) a busca do projeto horta surgiu em função do quadro de
dificuldades cognitivas em que se encontravam os educandos do Ciclo Básico II, originando
seu projeto pedagógico próprio intitulado – “Projeto Horta: Manejo desse recurso natural na
prática pedagógica”, o qual descreve:
Realizamos as atividades práticas envolvendo todas as etapas de plantio das
hortaliças: alface e cariru. Na sala de aula, discutíamos sobre o trabalho realizado e
elaborávamos texto explorando: classes gramáticas, compreensão do texto,
ampliação do vocabulário, construção de novos conceitos e outros. Também
realizamos o estudo das vitaminas, a pesquisa de campo na feira do bairro,
levantamento de preço das hortaliças, higiene do local, discussão e construção de
problemas matemáticos, o valor monetário, o sistema de medidas, itens de
geometria, estudo dos seres vivos e não vivos, conceito de ilha, ciclo da vida
abordando as relações família, escola e sociedade e os recursos naturais (água, luz,
ar e solo).
15
Para Perrenoud (2000, p.7), temos muito que aprender, ainda, quanto aos modos de
expressar e principalmente de desenvolver competências e habilidades, com o objetivo de
ensino e aprendizagem, certamente, terá que ser uma construção coletiva. No entanto, o
conhecimento transmitido é totalmente desvinculado dos problemas vivenciados na
sociedade. Assim, segundo Goodson (2011, p.106):
Currículo como fato” precisa ser considerado não como mera ilusão, camada
superficial da prática de mestres e alunos em sala de aula, mas como uma realidade
social, historicamente especifica, expressando relações particulares de produção
entre pessoas.
Assim este estudo apresenta em sua estrutura de organização: a introdução, na
segunda seção os caminhos metodológicos da pesquisa tendo sua estrutura de produção e
analises dos dados da pesquisa, na terceira seção apresentamos os referenciais teóricos e
metodológicos que subsidiam a Pedagogia de Projetos. Bem como o contexto escolar
considerando aspectos como currículo e pratica docente, para adentrarmos no debate sobre a
educação ambiental via currículo interdisciplinar.
A quarta seção trata inicialmente do histórico do Centro de Referência em Educação
Ambiental Escola Bosque Prof. Eidorfe Moreira, seu Projeto Educacional, corpo técnico e o
subprojeto interdisciplinar: Projeto Horta. Após, apresenta a trajetória histórica do Projeto
Horta do conhecimento, sua proposta e pratica pedagógica, apontando a análise dos dados da
pesquisa de campo, das entrevistas e relatórios que apresentam as contribuições do projeto
para a pratica pedagógica interdisciplinar.
16
2-Caminhos Metodológicos da Pesquisa
Trata-se de uma pesquisa-ação “é uma forma de investigação baseada em uma
autorreflexão coletiva empreendida pelos participantes de um grupo social de maneira a
melhorar a racionalidade e a justiça de suas próprias práticas sociais e educacionais, como
também o seu entendimento dessas práticas e de situações onde essas práticas acontecem.”
(KEMMIS e MC TAGGART, 1988, apud ELIA e SAMPAIO, 2001, p.248).
Tendo uma abordagem hermenêutica, que segundo Cauquelin (2009, p.92) “visa
compreender como se compreende”, visando descrever significados e ou saberes,
interpretando sentimentos e compreendendo percepções onde o sujeito é foco central da
pesquisa.
O método proposto na coleta de dados foi o qualitativo, pois os dados coletados são
predominantemente descritivos, “sua coleta se deu por meio da observação participante, da
descrição das pessoas, situações acontecimentos. Incluiu transcrições de entrevistas e
depoimentos, desenhos, extratos de vários tipos de documentos como relatórios e produção
textual dos alunos. Citações são frequentemente usadas para subsidiar uma afirmação ou
esclarecer um ponto de vista” (LUDKE, 1986, p.12).
A pesquisa foi desenvolvida no Centro de Referência em Educação Ambiental Escola
Bosque Prof. Eidorfe Moreira, na Ilha de Caratateua, distrito de Outeiro, município de Belém,
na área de cultivo de hortaliças e plantas medicinais, a qual se efetiva as ações do “Projeto
Horta: Uma Teia Adubada com Múltiplos Saberes e Sabores” por desenvolver práticas
interdisciplinares tendo como eixo norteador de suas práticas pedagógicas a Educação
Ambiental, no que tange aos temas: ser humano-natureza-sociedade-trabalho-cultura.
O projeto possui como princípio metodológico, a pesquisa pedagógica, que é
sistematizada em sala de aula, em atividades que favorece o desenvolvimento de novos
hábitos ambientais e alimentares, pelo conhecimento interdisciplinar, procurando sempre
ampliar essas discussões até o espaço familiar. Deste modo, o projeto Horta busca promover a
integração entre o currículo formal e a educação ambiental através da dinamização de
atividades em horticultura.
2.1- Dos critérios de escolha dos participantes da pesquisa
Os critérios de escolha dos participantes da pesquisa foram professoras que
fomentaram currículo concomitante as aulas do projeto da horta, com diferente tempo de
vivência nos projetos interdisciplinares da Fundação Escola Bosque. Mediante os critérios
adotados têm-se os seguintes participantes professoras e Coordenadora:
17
PARTICIPANTES TEMPO DE
PARTICIPAÇ
ÃO NO
PROJETO
FORMAÇÃO
ACADEMICA
NIVEL DE ENSINO
CHEIRO-VERDE
(Coodenadora)
05 anos Pedagoga, Esp. em
Método de
Alfabetização.
Coordenadora do
Ensino Infantil.
HORTELÃZINHO
(Professora)
02 anos Pedagoga, Mestre em
Educação.
Profª Ciclo Básico I.
CARIRU
(Professora)
05 anos Pedagoga. Profª Ciclo Básico I.
JAMBU
(Professora)
03 anos Pedagoga. Profª Ciclo Básico I.
SALSA
(Professora)
02 anos Pedagoga, Esp. em
Psicopedagogia..
Profª Ciclo Básico I.
MAXIXE
(Professora)
02 anos Pedagoga, Esp. em
Educação Especial.
Profª Ciclo Básico I.
O critério de escolha dos alunos participantes da pesquisa foram os que apresentaram
diferentes formas de interação nas aulas do projeto da horta, com diferente tempo de vivência
nos projetos interdisciplinares da Fundação Escola Bosque. Mediante os critérios adotados
têm-se os seguintes participantes alunos:
PARTICIPANTES IDADE
E
SEXO
TEMPO DE
PARTICIPAÇÃO
NO PROJETO
NIVEL DE ENSINO
MANDIOCA 09 anos/ masculino. 02 anos Ciclo Básico I – 3º Ano.
ALFACE 08 anos / feminino. 01 ano Ciclo Básico I – 3º Ano.
COUVE 08 anos/ masculino. 02 anos Ciclo Básico I – 2º Ano.
PIMENTINHA 09 anos / feminino. 02 anos Ciclo Básico I – 3º Ano.
Desta forma a coleta de dados deu-se por meio da pesquisa bibliográfica, observação
participante e contou também com o registro das atividades relacionadas ao projeto Horta,
com o relato de experiências dos alunos, entrevista com os professores e alunos com a
utilização de um roteiro semi-estruturado e análise dos relatórios do projeto dos três últimos
anos (2010, 2011 e 2012). Para a analise dos dados adotou-se as técnicas da analise de
conteúdo.
A pesquisa foi realizada e desenvolvida na Fundação Centro de Referência em
Educação Ambiental Escola Bosque Professor Eidorfe Moreira, envolvendo professores do
Ciclo Básico I, pela prioridade de atendimento que é oferecido pelo projeto a esse segmento,
funcionando como mais um espaço pedagógico de aquisição de leitura e escrita que por meio
de atividades do aprender a fazer e aprender a conviver, suscitam que o educador crie prática
interdisciplinar inovações em sua práxis.
18
2.2- Cuidados Éticos na Pesquisa com seres Humanos
Este estudo visou pautar-se nas Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas
Envolvendo Seres Humanos, contidas na Legislação (Lei 974/95 - Resolução 196/96)
aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde – CNS.
As Diretrizes e Normas estão fundamentadas nos principais documentos
internacionais que foram formulados de forma coletiva objetivando o comprometimento ético
de respeito ao ser humano e à vida estabelecendo deveres aos pesquisadores.
A partir da avaliação dos impactos da pesquisa para a vida no planeta, foram
elaborados os preceitos da declaração de Helsinque (1964) e do Código de Nuremberg (1947),
dentre os seus princípios básicos se enquadram as responsabilidades ético-políticas dos
pesquisadores no desenvolvimento das pesquisas.
Na base dos procedimentos éticos da pesquisa, está o consentimento livre e
esclarecido o qual indica:
O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após
consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou
por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa.
(Resolução CNS 196/96)
Desta forma elaborou-se o termo de consentimento livre e esclarecido, o qual foi lido
e esclarecido aos participantes da pesquisa sobre seus objetivos e contribuições no âmbito
social e educacional.
3- Pedagogia de Projetos Práticas Interdisciplinares
Nesta seção trataremos dos referenciais teóricos e metodológicos que subsidiam a
Pedagogia de Projetos. Após discutiremos o contexto escolar considerando aspectos como
currículo e pratica docente, para adentrarmos no debate sobre a educação ambiental via
currículo interdisciplinar.
3.1- Pedagogia de Projetos em Debate
A Pedagogia de Projetos enquanto proposta pedagógica vem utilizar metodologias
de oposição a propostas antigas. Hoje, essas propostas visam favorecer a observação da
realidade do aluno e da comunidade onde o mesmo esta inserido, valorizando e levando em
consideração suas experiências, praticas. Assim, o ser humano pode ser entendido como ser
ativo, questionador, curioso e autônomo.
19
A metodologia de projetos consiste em organizar os estudantes em torno de diretrizes,
objetivos, ações, metas, atividades e tarefas definidas coletivamente pelos professores,
alunos, técnicos em educação e outros profissionais para intervir didática e
pedagogicamente no aprender, dando-lhes novo sentido às vivências e experiências
positivas; essa atitude metodológica ajuda na organização, no estabelecimento de
normas de convivência e de funcionamento da sala de aula para o alcance da
autonomia e autodisciplina, considerando que são dimensões pensadas para favorecer
a tomada de decisões, as escolhas, o levantamento de hipóteses, o significado das
experiências pedagógicas e a manifestação política de cada estudante. (SEMEC, 2012,
p.80)
Para Nogueira (2003) os projetos são notáveis fontes de investigação, pressupõe
planejar-se, projetar-se para frente, rumo ao aprofundamento do conhecimento, análise,
depuração, criação de novas hipóteses instigando, a todo o momento, as diferentes
potencialidades dos elementos do grupo, bem como as suas limitações.
No centro deste debate estão às demandas sócias pedagógicas da teoria construtivista
e sócio interacionista3 que ao contestar, principalmente, os métodos de ensino mecanicista e
perspectiva de ser humano passivo da Pedagogia tradicional apontam no âmbito educacional
dimensões sociais, afetivas, cognitivas e culturais que se traduzem em rupturas pedagógicas.
A perspectiva educacional de Dewey era pragmática e baseada pelas experiências
concretas da vida, apresentando-se por meio de problemas a serem resolvidos. A escola que
propõe a possibilidade e media os estudantes a pensar, favorecendo no ambiente escolar,
atividades que possam desenvolver a capacidade de resolução de problemas.
No centro desta proposta esta o favorecimento de experiências, de novas
aprendizagens que certamente serão de fundamental importância no contexto escolar na
medida em que educandos e educadores estiverem comprometidos como a aprendizagem:
No trabalho por projetos as mudanças na concepção de ensino, aprendizagem e na
própria postura do professor são fatores imprescindíveis para viabilizar as questões
relacionadas à educação; é uma maneira de repensar a função social da escola e da
sala de aula em suas complexidades. (SEMEC, 2012, p.80)
Kilpatrick (1871-1965) sistematizou o método de projetos, apontado na pedagogia de
John Dewey, que parte do principio de que é importante que a criança encontre na escola
formas de contestação e resolução dos problemas enfrentados em seu dia-a-dia. Nesta
perspectiva, o professor não é mais o detentor do saber, repassador do conhecimento e sim um
mediador desse processo, fazendo com que o aluno sinta-se a vontade e tenha uma visão
ampla, possibilitando sua interação, expor novas ideias e trocas de experiências no grupo.
3 Construtivismo é uma das correntes empenhadas em explicar como a inteligência humana se desenvolve
partindo do principio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre o
individuo e o meio (CARRETERO, 2002). 2
A abordagem Sociointeracionista, de Vygotsky (1987), indica que o desenvolvimento humano se dá em
Relação nas trocas entre parceiros sociais, através de processos de interação e mediação.
20
Dessa forma o aluno irá senti-se mais a vontade, ter mais confiança ao desenvolver as
atividades propostas pelo professor.
Diante das perspectivas e metodologias consideradas pela pedagogia de projetos o
ambiente escolar torna-se um espaço de desafios no qual seus atores sociais possam
desenvolver atos educativos. Vale lembrar que, parte das experiências do contexto diário de
vida envolve o mundo da cultura, saberes e praticas social.
A pedagogia de projetos visa integração entre diferentes atividades e conteúdos,
envolvendo a relação de conceitos ajudando a escola a definir metodologias adequadas, que
sem o devido entendimento, podem tornar frágil qualquer iniciativa de melhoria de qualidade
na aprendizagem dos alunos e de mudança da prática do professor.
Os trabalhos utilizando a interdisciplinaridade na escola devem começar nas séries
iniciais do ensino fundamental, pois esta pratica pode favorecer na aprendizagem do aluno e
posteriormente serão utilizados no decorrer de sua vida de acordo com suas necessidades.
Utilizando-se dessas experiências, os alunos desde pequenos aprendem que esses
conhecimentos estão interligados nas atividades do seu dia a dia. Que Matemática está ligada
a cálculos, no cotidiano, e em todas as atividades diárias, Línguas Portuguesa leram e
escreveram, Historia esta ligada às datas comemorativas, fatos históricos e entre outros e
Ciências esta ligado também a conservação do meio ambiente, a higiene.
Portanto, a pedagogia de projetos é vista pela sua importância em potencializar a
interdisciplinaridade, propondo uma metodologia participativa e reflexiva de trabalhos
visando uma iteração entre o homem e o conhecimento. No entanto, muitas vezes o professor
atribui valor para as práticas interdisciplinares e com isso passa a negar qualquer atividade
disciplinar. Essa visão é equivocada, pois Fazenda (1994) enfatiza que a interdisciplinaridade
se dá sem que haja perda da identidade das disciplinas. Nesse sentido, Almeida (2002)
colabora com estas idéias destacando:
que o projeto rompe com as fronteiras disciplinares, tornando-as permeáveis na ação
de articular diferentes áreas de conhecimento, mobilizadas na investigação de
problemáticas e situações da realidade. Isso não significa abandonar as disciplinas,
mas integrá-las no desenvolvimento das investigações, aprofundando-as verticalmente
em sua própria identidade, ao mesmo tempo, que estabelecem articulações horizontais
numa relação de reciprocidade entre elas, a qual tem como ano de fundo a unicidade
do conhecimento em construção. (ALMEIDA, 2002, p.58).
Sabe-se que o currículo escolar dividia-se em disciplinas separadas e definidas como
Geografia, Matemática, Língua Portuguesa e que também há uma cultura onde as disciplinas
eram ensinadas por professores diferentes que utilizando métodos diferentes. Os livros não
apresentavam ou não facilitavam o entendimento do aluno, ou seja, não se adequavam a
realidade do aluno.
21
Nesse sentido Fazenda (2001), vem falar que há formas diferentes de abordar as
disciplinas, que não é apenas uma questão de conteúdo, e que o professor saiba lidar com as
matérias de forma diferente unindo os elementos de Historia, Geografia, Matemática entre
outras.
Para oferecer um ensino de qualidade de acordo com as necessidades do aluno, a
escola precisa estar envolvida com a comunidade escolar e comunidade em geral visando e
tendo o conhecimento da realidade do aluno.
Buscando esses conhecimentos, a escola poderá atuar através de projetos visando e
definindo metas. Essas metas têm como objetivos a participação ativa do aluno, de forma que
esse aluno através dessa pratica adquira conhecimentos que serão importantes para sua vida.
Imbuída da ideia de que a educação é um processo de vida e que a escola deve
representar a vida presente real para o (a) aluno (a) como ele vive socialmente
(DEWEY, 1987), pois é somente com o uso do projeto, com atitude didática que se
alcança os propósitos educacionais. A expansão dessa ideia ocorre com maior ênfase a
partir da década de 90 com Coll (1994), Hernandez (1998), Jolibert (1994),
Bomtempo (1997) e Nogueira (2005), Valente e Almeida (1999), Almeida e Júnior
(2000), Leite (1994), Abrantes (1995), dentre outros, quando esses pensadores
encaminham proposições de análises e reflexões sobre a importância, função e
significado das experiências escolares trazidas pelos alunos para a escola. (SEMEC,
2012, p.80)
3.2- Escola, Currículo Interdisciplinar e Práticas Docentes
Há tempos que a educação vem passando por varias mudanças. De forma lenta, mas
essas mudanças foram e continuam sendo de fundamental importância na construção de um
pratica pedagógica visando o melhor desenvolvimento dos conteúdos na construção da
identidade do aluno.
Sabe-se que existem varias concepções de currículos utilizados na orientação das
praticas pedagógicas, abordando vários conteúdos a serem desenvolvidos pelos professores.
Neles contem conteúdos que devem ser abordados no processo de ensino-
aprendizagem e metodologias utilizadas e desenvolvidas nos diferentes níveis de ensino. Ou
seja, o currículo escolar abrange áreas de aprendizagens executados pelas instituições
escolares e que deverão ser vivenciadas pela comunidade escolar.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica
(Parecer CNE/CEB nº7/2010 e Resolução CNE/CEB nº 4/2010), uma das maneiras de se
construir um currículo é entendê-lo como constituído pelas experiências vividas na escola que
se desenvolve em torno do conhecimento, envolvidos pelas relações sociais, buscando juntar
vivência, experiências e saberes dos alunos com os conhecimentos historicamente acumulados
e contribuir e construir a identidade do estudante. O foco nas experiências escolares significa
22
que as orientações e propostas curriculares que provêm das diversas instâncias só terão
veracidade por meio das ações educativas envolvendo professores os alunos.
Sabe-se que currículo escolar não é só um conteúdo pronto a ser trabalho com aluno,
e sim parte da construção de novos conhecimentos através de praticas desenvolvida dentro da
realidade da criança e da comunidade onde vive.
Ou seja, a adaptação da unificação do currículo escolar no país define entre outras
praticas e metas, o que o aluno deve saber ao final de cada serie. Isto é os estados terão
autonomia para manter os aspectos regionais, de forma que as escolas possam trabalhar
assuntos referentes à sua região. Sabemos que houve muitas mudanças no currículo, mas
ainda assim as escolas continuam utilizando os livros didáticos que nem sempre retratam a
realidade do estado e ou região do aluno.
Logo, respeitada essas características culturais locais, os alunos teriam uma
aprendizagem com mais facilidade, visto que, elas desenvolveriam suas atividades dentro da
sua realidade.
De acordo com Sacristán (2000, p.36) a definição de
currículo se apresenta da seguinte forma: “um projeto seletivo de cultura, social,
política e administrativamente condicionado, que preenche a atividade escolar e que
se torna realidade dentro das condições da escola tal como se acha configurada”.
Ou seja, pode-se afirmar que o currículo escolar envolve uma combinação diversa de
conteúdos culturais que fazem parte do projeto educativo proposto pela escola, podendo assim
ultrapassar a simples seleção de conteúdos. Podendo ter e ser possível sua realização, de
acordo com as condições políticas e administrativas da escola.
O currículo é muitas coisas ao mesmo tempo: ideias pedagógicas, estruturação de
conteúdos de uma forma particular, detalhamento dos mesmos, reflexo de aspirações
educativas mais difíceis de moldar em termos concretos, estímulo de habilidades nos
alunos, etc. Sacristán (2000, p. 173).
O currículo é o centro da ação educativa, pois influencia diretamente na qualidade do
ensino. Podendo contribuir para a construção da identidade do aluno na medida em que sua
individualidade e o contexto social que estão inseridos. Sua função inclui atividades e
conteúdos a serem desenvolvidos pela escola somando as experiências transmitidas pelos
discentes, docentes e comunidade escolar envolvido. Tendo como bases, a sociedade, as
políticas, a escola, entre outros. “Que se consubstancia no projeto pedagógico são a principal
estratégia de definição e articulação de políticas, competências, ações e papéis desenvolvidos
no âmbito do estado, da escola e da sala de aula.” (EYNG, 2010, p.9).
Isto é, na elaboração do currículo da escola serão discutidas as práticas pedagógicas
mais significativas para o processo educativo desta, inclusive a ação curricular. Desse modo,
23
os envolvidos como: professores e profissionais da área entre outros devem ter conhecimentos
sobre as questões curriculares, de modo que o currículo se consolide na elaboração do Projeto
Político Pedagógico (P.P.P.).
O currículo é uma prática desenvolvida através de múltiplos processos e na qual se
entrecruzam diversos subsistemas ou práticas diferentes, é óbvio que, na atividade
pedagógica relacionada com o currículo, o professor é um elemento de primeira
ordem na concretização desse processo. Ao reconhecer o currículo como algo que
configura uma prática, e é por sua vez, configurado no processo de seu
desenvolvimento, nos vemos obrigados a analisar os agentes ativos no processo.
Este é o caso dos professores; o currículo molda os docentes, mas é traduzido na
prática por eles mesmos – a influência é recíproca (SACRISTÁN, 2000, p. 165).
De modo que, o professor é o um dos elementos fundamentais na pratica e atuação
desse processo. Este desempenhará o papel na condição de intermediador do conhecimento na
realização plena do currículo, consciente de seu papel na execução e desenvolvimento de
práticas que tornarão o currículo prático e eficaz.Nesse contexto, Sacristán (2000, p. 185)
ressalta que:
O professor transforma o conteúdo do currículo de acordo com suas próprias
concepções epistemológicas e também o elabora em ‘conhecimento
pedagogicamente elaborado’ de algum tipo e nível de formalização enquanto a
formação estritamente pedagógica lhe faça organizar e acondicionar os conteúdos da
matéria, adequando-os para os alunos.
Vale dizer que os docentes devem estar sempre envolvidos com os projetos da
escola, visando o cumprimento do currículo com clareza e responsabilidade, sempre buscando
o preparo necessário para adaptação às mudanças no contexto escolar.
É importante que o professor torne-se consciente de sua postura profissional e isso
se faz através do processo de ação-reflexão-ação de sua prática e de várias
discussões com outros educadores, construindo-se assim, um olhar reflexivo,
consciente e sensível sobre as questões que emergem no cotidiano da sala de aula e
do espaço escolar. (EYNG, 2010, p. 84)
De um modo geral, o professor deve estar sempre informado das práticas
curriculares, de modo que este não seja apenas seguidor das atividades impostas, e sim
verdadeiros profissionais da educação e transformadores de práticas cada vez mais eficazes, e
que atenda as necessidades atuais diante das transformações constantes tendo como tema
principal o conhecimento sobre valores, transversalidades, explorando a cultura local,
colocando em exercício funções de acordo com significados e conceitos.
Para Fazenda (2005), a prática interdisciplinar não se ensina, nem se aprende, ou
seja, vivencia-se, pois tem como principio a produção de um trabalho interdisciplinar, que
exige a postura de busca, a pesquisa e a ousadia em romper os limites das fronteiras
estabelecidas entre as várias áreas de conhecimento.
24
Um sistema educativo eficiente será aquele capaz de oferecer educação de qualidade
numa perspectiva interdisciplinar, mostrando que os conteúdos pesquisados e ensinados não
são isolados, que se trabalhado de forma responsável, trará bons resultados. Daí, a
importância de se trabalhar a educação numa perspectiva interdisciplinar ainda no ensino
fundamental, período em que os alunos iniciam sua compreensão e entendimento de mundo
com toda sua complexidade e pluralidade.
Segundo Valente (1999), o construcionismo “significa a construção de conhecimento
baseada na realização concreta de uma ação que produz um produto palpável (um artigo, um
projeto, um objeto) de interesse pessoal de quem produz” (p. 141). Quando utilizado a
pedagogia de projetos, o aluno adquiri conhecimentos produzindo, levantando dúvidas,
procurando meios para solucioná-las. Através dessa relação, o professor incentiva o aluno
para realizar novas buscas, descobertas,onde o mesmo possa encontrar sentido naquilo que
está aprendendo, a partir das relações criadas nessas situações. A esse respeito
Valente (2000, p.4) acrescenta:
No desenvolvimento do projeto o professor pode trabalhar com [os alunos] diferentes
tipos de conhecimentos que estão imbricados e representados em termos de três
construções: procedimentos e estratégias de resolução de problemas, conceitos
disciplinares e estratégias e conceitos sobre aprender.
Além disso, é fundamental que o professor tenha clareza da sua intencionalidade
pedagógica para saber intervir no processo de aprendizagem do aluno, garantindo que os
conceitos utilizados, intuitivamente ou não, na realização do projeto sejam compreendidos,
sistematizados e formalizados pelo aluno.
Outro aspecto importante na atuação do professor é o de proporcionar relações
interpessoais entre os alunos promovendo ações sociais, resgatando valores e crenças próprios
do contexto em que vivem. Portanto, existem vários aspectos fundamentais que o professor
precisa considerar para trabalhar com projetos: as possibilidades de desenvolvimento de seus
alunos; as dinâmicas sociais do contexto em que atua e as possibilidades de sua mediação
pedagógica.
A pedagogia de projetos, embora constitua um novo desafio para o professor, pode
viabilizar ao aluno um modo de aprender baseado na integração entre conteúdos das várias
áreas do conhecimento, bem como entre diversas atividades como: (plantios e cultivos de
hortas, plantas e outras atividades), disponíveis no contexto da escola. Por outro lado, esses
novos desafios educacionais ainda não se encaixam na estrutura do sistema de ensino, que
mantém uma organização funcional ainda tradicional como, por exemplo, horário de aula
como atividades constantes em uma grade curricular seqüencial que dificulta o
25
desenvolvimento de projetos que envolvam ações interdisciplinares disponíveis na realidade
da escola e implicando assim a aprendizagem do aluno.
Na medida em que a educação ambiental é um dos processos de conhecimentos de
valores e conceito inserido no desenvolvimento das habilidades e atitudes em relação ao meio
onde vivemos. Ou seja, as ações de cada um repercutem na família, na escola, no bairro, na
cidade, no país e no mundo.
3.3- Educação Ambiental no Contexto Escolar via Currículo Interdisciplinar
A educação ambiental passou a fazer parte do currículo escolar em vários países. No
Brasil não foi diferente, foi incluída no currículo escolar em 27/04/1999, sob a Lei nº 9795 –
Lei da Educação Ambiental.
A Educação Ambiental como ação educativa com fundamentação diretiva de início,
meio e fim, para o homem brasileiro contemporâneo, ainda não foi entendida e nem tampouco
garantida pelo sistema brasileiro de educação pública. A Educação Ambiental nas Escolas
Públicas do Estado do Pará foi instituída no ano de 1990, quando a Secretaria de
Estado de Educação - SEDUC, criou a Comissão Interinstitucional para a Implantação e
Implementação da Educação Ambiental nas Escolas Públicas do Estado do Pará – CINEA,
através da Portaria N° 0487/90-GS/SEDUC, e a Secretaria Municipal de Educação –SEMEC,
criou também a sua Comissão Interinstitucional para a Implantação e Implementação da
Educação Ambiental nas Escolas Públicas do Município de Belém – CINEA, através da
Portaria N° 303/90-GABS/SEMEC.(MAGALHÃES, 2006, p. 92).
Desde que foi incluída como componente essencial e permanente da Educação
Nacional, a Educação Ambiental passou a fazer parte do currículo escolar de todas as serieis e
modalidades de ensino, no processo de formação educacional do aluno para a conscientização
e preservação do meio ambiente.
A educação ambiental vem despertar em todos a sensibilidade no sentido de que o
homem é parte do meio ambiente com uma visão de que o homem não é centro de tudo e sim
parte integrante do meio por esse motivo deve se sentir responsável pelas suas atitudes
mediantes seus comportamentos.Desde o inicio da historia humana o homem precisou e
precisa conhecer e respeitar o que esta em sua volta para viver em sociedade. Partindo desse
conhecimento se comprometer e fazer parte das ações educativas permanente, partindo de
uma consciência da realidade, estabelecendo assim relação entre o homem e a natureza.
Relações essas de fundamental importância para o processo de conhecimento,
visando o bem estar de uma geração que esta por vir. Essas relações, conhecimentos e
informações devem partir do meio de onde vivemos, a família. Pois sabemos que a família é
26
responsável pela educação, hábitos e parte dos conhecimentos que a criança pode adquirir
ainda pequeno.
Segundo Luiz Marconi (2006, p.101), a Educação Ambiental deve contribuir para o
desenvolvimento de um espírito de responsabilidade e de solidariedade entre as pessoas, como
fundamento de uma nova ordem cidadã que garanta a compreensão do conceito de meio
ambiente que abarca uma serie de elementos naturais, criados pelo homem, e sociais, da
existência humana, e que os elementos sociais constituem um conjunto de valores culturais,
morais e individuais, assim como de relações interpessoais. Dessa forma, a educação
ambiental vem mostrar e proporcionar para as pessoas, as possibilidades em adquirir
conhecimentos, o sentido de valores e interesse ativo e as atitudes necessárias para utilizar de
forma responsável, proteger e melhorar o meio ambiente hoje, pensando nas novas gerações
que estão por vir.
A escola representa um espaço de trabalho para iluminar o sentido da luta ambiental e
fortalecer as bases de formação para a cidadania apesar de carregar consigo o peso de
uma estrutura desgastada e pouco aberta as reflexões relativas à dinâmica
socioambiental. Isto não significa porem que a educação ambiental limita-se ao
cotidiano escolar. (SEGURA, 2001, p.22).
Vale dizer que, além da escola há outros setores envolvidos em projetos sociais em
favor da luta por melhor qualidade de vida. Hoje, há empresas que compartilham desse
projeto atuando de forma positiva na contribuição de um desenvolvimento sustentável, com
atitudes voltadas para a coleta seletiva do lixo, reciclagem, reaproveitamento de materiais
entre outros.
De acordo com o Art. 2o da Lei da Educação Ambiental nº 9795, educação
ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar
presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em
caráter formal e não-formal.
No entanto, existe um desafio essencial a ser enfrentado, que esta centrada na
possibilidade de que os sistemas de informações e as instituições sociais se tornem
facilitadoras de um processo que reforce os argumentos para a construção de uma
sociedade sustentável a partir de premissas centrados no exercício de uma cidadania
ativa e a partir da mudança de valores individuais e coletivos. (DEMAJOROVIC,
2003, p.12)
A educação ambiental exige esforços significativos para desenvolver o cumprimento
ou ao menos de parte dos desafios que a humanidade enfrenta hoje. Sabemos que há vários
meios de comunicações que levam as informações mais rápidas até o publico, mas, é
necessário considerar que a escola também é um meio facilitador dessas informações por
27
concentrar números bastante significativos de alunos em dias e horas diferentes, e desse modo
à escola pode trabalhar de forma mais efetiva, as informações preventivas, com o intuito de
visar pontos positivos na prevenção do meio ambiente, pois sabemos que a escola enquanto
entidade pode ser parceira junto a família na construção de valores levando em consideração
os conhecimentos que o aluno traz consigo.
Segundo Demajorovic (2003, p.10), o desenvolvimento sustentável não se refere
especificamente a um problema limitado de adequação ecológica de um processo social, mas
a uma estratégia ou modelo múltiplo para a sociedade, que deve levar em conta tanto a
viabilidade econômica quanto a ecológica. Num sentido abrangente, a noção de
desenvolvimento sustentável implica a necessária redefinição das relações sociedade humana-
natureza e, portanto em uma mudança substancial do próprio processo civilizatório.
Para introduzir uma cultura de sustentabilidade nos sistemas educacionais é
preciso reeducar o sistema. Que ele faz parte do problema, não é somente parte da
solução. Que a sustentabilidade é um conceito poderoso, uma oportunidade para
que a educação renove seus velhos sistemas, fundados em princípios e valores
cooperativos. (GODOTTI, 2008, p.13).
Educar para o desenvolvimento sustentável é uma visão positiva para o futuro da
humanidade, hoje praticamente todos os meios de comunicação fazem algum tipo de
campanha em favor da causa, mas é preciso que haja a sensibilidade por parte de todos que
vai muito mais além do que a preservação de recursos naturais.
4- Práticas Pedagógicas Exitosas no Projeto Horta na Fundação Escola Bosque
Referência em Educação Ambiental
Esta seção trata inicialmente do histórico do Centro de Referência em Educação
Ambiental Escola Bosque Prof. Eidorfe Moreira, seu Projeto Educacional, corpo técnico e o
subprojeto interdisciplinar: Projeto Horta. Após, apresenta a trajetória histórica do Projeto
Horta do conhecimento, sua proposta e pratica pedagógica, apontando a analise dos dados da
pesquisa de campo, das entrevistas e relatórios que apresentam as contribuições do projeto
para a pratica pedagógica interdisciplinar.
4.1- O Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Prof. Eidorfe
Moreira em contexto: da proposta educacional a pratica docente
O Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Prof. Eidorfe Moreira
localiza-se na rua Conceição, esquina com a rua Manoel Barata – Outeiro, ilha de Caratateua,
distrito de Icoaraci, município de Belém, “é parte integrante do Sistema Municipal de
Educação, regendo-se no que couber pela Lei nº 7.722 de 02/07/94” (Lei nº 7.747 art. 2º). O
28
espaço geográfico do centro corresponde a uma área de 100 por 1200 m², dos quais apenas
30% abrangem a área construída, e o restante corresponde a mata do tipo secundária.
(PROJETO EDUCACIONAL DO CENTRO DE REFERÊNCIA EM EDUCAÇÃO
AMBIENTAL ESCOLA BOSQUE PROF. EIDORFE MOREIRA, 1994, P. 7).
As origens da Escola Bosque podem ser situadas em 1991, na secretaria municipal de
Educação Professora Therezinha Gueiros, que chamou o Conselho de representantes da Ilha
de Caratateua – CONSILHA – para discutir uma idéia desenvolvida por seus membros quatro
anos antes quando o Conselho deslanchara uma campanha pela desapropriação de uma grande
área verde que começava a ser invadida e idealizara sua ocupação com uma escola voltada
para a educação ambiental. A iniciativa da SEMEC deu partida ao processo que transformou a
ideia original no Centro de Referência em Educação Ambiental Escola Bosque Professor
Eidorfe Moreira.
Em sua proposta pedagógica (PROJETO EDUCACIONAL, 1994, P. 11) a ação
educativa, é uma ação que se vincula estreitamente as concepções de mundo de seus
empreendedores. O exercício da prática diária de sala de aula, em seus nuances peculiares
vincula-se às amplas concepções filosóficas, políticas, ideológicas referentes ao modelo de
sociedade que se pretende implementar, e ao tipo de homem que se pretende construir, e sua
forma de intervir nessa sociedade.
De acordo com relatório de ações pedagógicas de 2013 a Escola Bosque oferece
Educação Básica, nos níveis: Educação Infantil, Ensino Fundamental em ciclos assim
divididos CI, CII, CIII e CIV, Educação de Jovens e Adultos, Ensino Médio Integrado
Profissionalizante. Possui como eixo norteador de suas práticas pedagógicas a Educação
Ambiental, no que tange aos temas: ser humano-natureza-sociedade-trabalho-cultura.
Figura 01- Mapa das Unidades Pedagógicas da Escola Bosque. Fonte: Relatório Horta 2011.
29
Possui 06 unidades Pedagógicas: Jutuba (Ilha de Jutuba), Jamaci (Ilha de Jamaci),
Faveira, Flexeira e Seringal (Ilha de Cotijuba) e Ilha Longa( Ilha Longa), esta, sendo
adquirida em outubro de 2011. É composto por:
Núcleo de Atendimento Pedagógico – NAP
O NAP é um espaço de apoio pedagógico onde tem como objetivo acompanhamento
do aluno, no seu processo de desenvolvimento.
Orientação pedagógica. Acompanhar o processo educativo dos alunos de maneira que suas
necessidades sejam supridas e assim contribuir significativamente para o processo de ensino-
aprendizagem.
Psicologia Escolar:
Acompanhar o aluno em seu processo ensino-aprendizagem, observando as suas
necessidades para a contribuição dos trabalhos de sala de aula, orientar pais e responsáveis e
encaminhar se necessário para outros profissionais especializados.
Serviço Social:
Realizar intervenções nas questões sociais que interferem no aprendizado do aluno.
Visando prevenir a evasão escolar e contribuir para a melhoria do desempenho do
aluno e sua formação para o exercício da cidadania, articulando com instituições públicas,
privadas, assistenciais e organizações comunitárias locais, o atendimento de pais e alunos para
atendimento de suas necessidades.
Serviço de Nutrição.
Acompanhar e fiscalizar as atividades da cozinha, realizar estudos sobre o estado
nutricional dos alunos, sobretudo das crianças da Educação Infantil. Realizar palestras e
campanhas para aquisição de hábitos alimentares saudáveis; Acompanhar e programar
projetos como “Alimentação Alternativa”.
Educação Especial:
Apoiar pedagogicamente o aluno com deficiência nas áreas sensoriais (visual e
auditiva), físico-motora, múltiplas e mental incluídos em classe comum do ensino regular;
realizar atendimento educacional especializado suplementar (no caso de super dotados) e
complementar ( para os demais alunos) em salas de recursos multifuncionais no contra turno
em que o aluno estuda; Planejar o atendimento educacional especializado individualmente ou
em pequenos grupos de acordo com as especificidades; orientar o professor de classe comum
e aluno com necessidades educacionais especiais quanto ao uso de equipamentos e materiais
específicos e colaborar com a atualização da identificação de alunos com deficiência.
Educação Infantil:
30
Propõe a formação de seres pensantes reflexivos e capazes de desencadear
significados de suas manifestações, tornando-os sujeitos autônomoPropõe a formação de seres
pensantes reflexivos e capazes de desencadear significados de suas manifestações, tornando-
os sujeitos autônomos, críticos e solidários.
Ensino Fundamental - Ciclos de Formação: I; II; III e IV.
Apresenta a proposta de cada de uma escola inclusiva, como um espaço no qual o
aluno possa se desenvolver em seus múltiplos aspectos, conquistando sua cidadania,
vivenciando sua história e cultura.
Ensino Médio /Técnico:
O curso tem a duração de 03 anos, o seu currículo adota metodologias de ensino
onde possibilita que o educando tenha o domínio dos princípios científicos e tecnológicos
buscando oportunizar ao educando acesso posterior ou concomitante a habilitação
profissional em técnico voltada para o desenvolvimento sustentável.
Educação de Jovem Adulto:
Informa a revisão e a reorganização curricular em ciclos de formação, dentro do
princípio de “Totalidades de conhecimento”. A proposta afirma a busca de um currículo
interdisciplinar, contextualizado, construído coletivamente, com a utilização de metodologias
e abordagens apropriadas.
O trabalho pedagógico a se desenvolver na Escola Bosque definido no Projeto Político
Pedagógico reformulado em 2010 tem como linha norteadora a discussão e o conseqüente
repensar da ação humana no meio ambiente e das condições sócio-históricas dessa
intervenção. É um trabalho que tem a pesquisa como princípio metodológico, significa base
da produção científica e base da educação ancorada no manejo e produção do conhecimento,
capazes de construir um diálogo crítico com a realidade.
Assim, as atividades envolvem práticas que se relacionam com a rotina do cotidiano
dos alunos, ressignificando o cuidado com o ambiente local como podemos observar na figura
02 que registra uma atividade de (re)conhecimento das sementes trazidas pela praia na
comunidade do Seringal, na ilha de Cotijuba.
31
Fig. 02-Coleta e (re)conhecimento) de sementes trazidas pela água. Fonte: Mary Fernandes.
Nessa perspectiva, a Escola Bosque, por apresentar estudos e práticas pertinentes às
questões ambientais, procura a efetivação de projetos interdisciplinares que propiciem tanto
ao educador quanto ao educando uma visão global do conhecimento, seja na teoria ou na
prática do fazer pedagógico. Essas ações fomentam um currículo que segundo Sacristan
(2000, p. 173) reuni diversos saberes e desperta habilidades nos alunos por fazer parte de sua
cultura.
Ao observar a figura 03 percebemos as atividades de registro das espécies vegetais
encontradas, ainda na área da orla da praia Grande, na ilha de Caratateua, onde ocorreu a
coleta das sementes.
Figura 03- Registro da atividade de coleta de sementes na praia Grande, Ilha de Caratateua.
32
Trescastro et ali (1996, p.114) caracteriza que os projetos desenvolvidos na Escola
Bosque, uma vez que pretendem assumir um caráter ambientalista, dão ênfase a questão
ambiental, à defesa da qualidade de vida, à preservação e a conservação dos recursos naturais,
sempre na busca da formação de uma consciência ambiental. Nessa premissa os projetos se
articulam no sentido da construção da consciência ambiental e da melhor intervenção do
homem em sua realidade, acreditando-se que, no ambiente no qual se insere, cada aluno pode
tornar-se um agente capaz de intervir, por pertencer a uma totalidade histórica construída
socialmente.
A educação como prática de aprender ser, aprender fazer faz parte da dinâmica da
proposta institucional que por meio das experiências que vão desde o preparo do solo, semeio
e tratos culturais, como exemplo a irrigação, como podemos observar na figura 04 abaixo,
para produzir novas mudas.
Figura04- Irrigação em mudas de tanchagem na bandeja de semeio coletiva.
O Projeto Político Pedagógico da Escola Bosque (2010) enfatiza a importância de
assegurar ao aluno a formação comum indispensável do currículo escolar no nível da
Educação Básica, passando pela Educação Infantil, Ensino Fundamental abrangendo os dois
segmentos, Ensino Médio e modalidades da Educação de Jovens e Adultos ou
Profissionalizante, com vínculos na pesquisa e análise de problemas socioambientais da Ilha
de Caratateua e para tanto se utilizam de todo o instrumental científico na compreensão desses
problemas e sua superação.
Deste modo, o (re)educar o olhar para as relações de interdependência entre os
elementos naturais devem ser trabalhado em toda a educação básica como garantia de
favorecer possibilidades de desenvolvimento de uma consciência ambiental para a busca da
sustentabilidade. O que podemos constatar na figura 05, a qual demonstra professora e alunos
33
observando o trabalho das saúvas (formigas cortadeiras) carregando folhas para o sauveiro na
trilha da horta.
Figura 05- Observação da fauna do “entrelugar” (espaço da sala de aula até a horta) e suas relações com o
ambiente.
A aprendizagem por projetos proporciona o aprender fazendo, pois os próprios
autores percebem-se assim: construtores de teorias e tendo oportunidades de testá-las e
modificá-las, acontecendo, aí, o processo de reconstrução do conhecimento, ou seja, o poder
de saber o que os outros sabem e o poder de ser propositivo. Nesse processo de construção de
conhecimento, o prazer, a satisfação, a cooperação, o significado e, em especial, o diálogo são
elementos básicos da aprendizagem que sustentam a prática interdisciplinar. (TRESCASTRO,
1996, p. 115).
Portanto, as atividades desenvolvidas na área da horta, envolvem todo o coletivo de
alunos, que juntos vivenciam, participam, emitem opiniões e descobrem presença de vida
como nesta atividade de adubação com composto orgânico no canteiro, o qual percebe o solo
repleto de seres vivos, com minhocas, formigas, tatuzinho, cupins, bactérias, fungos, etc., o
que vemos na figura 06 abaixo:
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Figura 06- Adubação de canteiro com composto orgânico produzido com cascas de frutas e hortaliças do
lanche escolar.
Assim, a proposta de educação ambiental contida no currículo da Escola Bosque vem
constituindo sua identidade curricular no exercício de práticas educativas, que Mercês (2011),
avalia como:
A Pedagogia de Projetos desenvolvida na Fundação Escola Bosque está colocada
não apenas como metodologia, mas como uma nova forma de organização do
processo educativo, onde todos que fazem parte desse processo (educadores,
educandos, direção, funcionários de apóio, pais de alunos e responsáveis) são
partícipes. Essa perspectiva influência a reestruturação do tempo e espaço escolar,
afinal, o objetivo é garantir aos educandos uma educação de qualidade, de forma
dinâmica, agradável e participativa, num movimento constante de busca, de
descoberta e de construção. (MERCÊS, 2011, p.57)
4.2-Projeto Horta do Conhecimento: Tecendo sua Trajetória Histórica
O Projeto Educacional do Centro de Referência em Educação Ambiental Escola
Bosque Professor Eidorfe Moreira (1994, p. 76) traz em seu item 05. Ações intercurriculares:
Projetos de Suporte à Proposta Curricular da Escola-Bosque que enfatiza:
Com a finalidade de fomentar as ações de caráter teórico-práticas da Proposta
curricular da “Escola Bosque”, foram concebidos e elaborados uma série de
subprojetos nos diversos campos das ciências naturais e sociais. Esses subprojetos
darão suporte à todas as atividades teórico-práticas, vivenciadas pela escola, de
forma que elas estejam correlacionadas com o conteúdo curricular: educação
infantil, Ensino Médio e profissionalizante, assim como das atividades relacionadas
aos programas de educação permanentes não formal.
Deste modo, esses subprojetos foram orientados a partir de uma concepção sócio-
ambiental, com a exploração dos seus recursos naturais sem conseqüência nocivas ao meio
ambiente. Também de fácil implantação e execução, utilizando-se conhecimentos tantos
científicos quanto empíricos, onde o aspecto econômico é também vislumbrado sem se
sobrepor aos de caráter bio-psico-sociais.
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Assim, o Projeto Horta faz parte do Projeto Político Pedagógico da Escola Bosque
desde a sua fundação, o qual se efetiva em 1996 com o tema “Projeto Horti-Criança Como
Prática Pedagógica na Educação Infantil”, pois a união da idéia de horta com criança fez
surgir o termo horti-criança, uma criação do grupo de professores da Educação Infantil na
busca de traduzir as intenções do projeto, uma vez que este assunto gera desdobramentos
próprios adequados à clientela infantil. Para Trescastro et ali (1996, p. 148) os objetivos
pretendem sensibilizar as crianças sobre a importância das plantas para a vida, através da
socialização de noções de conservação numa perspectiva holística, que Boff (2011, p. 196)
define como a compreensão da realidade que articula o todo nas partes e as partes no todo,
pois vê tudo como um processo dinâmico, diverso e uno.
Neste sentido, a descoberta das diferentes espécies faunística e florística de vidas
existentes na área da horta ampliam o olhar para a importância de todos os elementos naturais
na composição da cadeia alimentar, para não ocasionar o desequilíbrio ecológico gerado pela
ausência de um desses componentes, o que instiga a curiosidade sobre habitat, morfologia,
alimentação e suas utilidades variadas em nossa vida cotidiana, favorecendo ao professor
tecer práticas interdisciplinares, dentro de uma proposta construtiva de maneira objetiva e
criativa.
Neste olhar amplo de ambiente, Leff (2002, p. 160) denomina que o ambiente não é
o meio que circunda as espécies e as populações biológicas; mas uma categoria sociológica (e
não biológica), relativa a uma racionalidade social, configurada por comportamentos, valores
e saberes, bem como por novos potenciais produtivos.
Esta relação de compreensão suscita o respeito com as demais espécies gerando uma
reconstrução de atitudes e comportamentos salutares, como podemos observar na figura 07,
onde um grupo de alunos observa abelhas polinizando flores de pepino com o cuidado de não
assustá-las.
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Figura07- Alunos observando abelhas polinizando as flores amarelas de pepino.
Assim sendo, o inventário dos animais na área da horta e o conhecimento de seu
papel ecológico, deverá despertar o aluno para uma reflexão da importância deste animal
naquele habitat, como garantia da agroecologia, que Meireles (2008, p. 70) define como uma
corrente alternativa da agricultura que não só oferece produtos mais saudáveis e nutritivos,
mas também não polui o meio ambiente, preservando os recursos naturais. Esses produtos
orgânicos são alimentos obtidos em sistema de produção onde não são usados fertilizantes
sintéticos solúveis, agrotóxicos e transgênicos. Isso significa que são mais seguros para o
consumo. As pesquisas realizadas em diversos centros internacionais têm atestado a
superioridade dos alimentos orgânicos em comparação aos convencionais.
Neste olhar holístico o registro se dá não somente das hortaliças, mas de todo um
conjunto que se interagem em todas as suas dimensões: ecológica, produtiva, social,
econômica, etc. o que se verifica na atividade registrada na figura 07.
Figura 08- (Re)conhecimento dos animais encontrados na área da horta e sua importância para o
ambiente.
A partir de 1998, o projeto se amplia para atendimento também as séries iniciais,
alcançando até o nível médio com oferta de estágio para formação técnica dos alunos do curso
médio profissionalizante em Meio Ambiente, montagem de experimentos técnicos para TCC
dos formandos em Técnico em Meio Ambiente, Cursos, mini-cursos e oficinas para a
comunidade. Com essa abrangência o Projeto Horta foi adequando diferentes temas como
complemento as práticas desenvolvidas, surgindo ampliações temáticas a partir das práxis
vivenciadas, por isso já foi chamado de “Horta do Conhecimento”; “Plantando e Colhendo
Aprendizagem”; “Plantando e Colhendo Aprendizagem na Horta do Conhecimento”; “Projeto
Horta: Uma Teia de Saberes” e nos últimos três anos “Projeto Horta: Uma teia Adubada Com
37
Múltiplos Saberes e Sabores” o qual vem se revelando um grande espaço pedagógico que
propicia ao aluno vivências práticas e teóricas sobre educação ambiental e alimentar.
Deste modo, instiga (re)descobrir os cheiros, cores, sabores, usos, despertando o
rememorar de seu uso em casa e provocar o desejo de experimentar, como podemos sentir na
figura 09.
Figura 09- Experimentando (re)conhecer, (re)sentir o cheiro da alfavaca.
O Projeto vem oportunizar a apropriação do conhecimento, reescrevendo o currículo
escolar através da educação ambiental que abrange a educação infantil ao ensino médio
profissionalizante e, por extensão, atinge a comunidade por meio de implantação de hortas
caseiras em casas de alunos e hortas escolares em instituições de ensino, a realização de
palestras em instituições sociais, o atendimento do alunado de escolas particulares e públicas.
Desta forma, por meio das atividades de horticultura, se fomenta maior interação com o meio
escolar, de forma sensível e consciente na prática da educação para a sustentabilidade.
(RELATÓRIO PROJETO HORTA, 2012, P. 12).
A abordagem do lúdico no processo de intervenção didática facilita a utilização de
técnicas que possibilitem o entendimento de questões ambientais, chama envolvimento
interdisciplinar e, conseqüentemente, motiva a mudança de olhar e comportamento nos corpos
docente e discente, para que, a partir de então, mais atores sociais dêem continuidade à
preservação ambiental. Os artistas da ilha são convidados a fazer parte das composições de
paródias que enfocam as questões ambientais e alimentares, o qual pode se ouvir no “Xote da
horta” cantado na figura 10 abaixo.
“Preciso respirar, correr, pular brincar,
Na terra vou vivendo, tentando ensinar,
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Se cada um plantar uma horta em seu quintal,
Pra fazer comida boa, pro povo não passar mal.
O cariru nasceu aqui, ele é meu e teu,
O cheiro-verde que eu plantar, ele é meu e é teu,
O quiabo que está lá, ele é meu e teu,
Eta comida boa que a mamãe me deu!”
Figura 10- Alunos cantam com artista da ilha o Xote da Horta.
As atividades desenvolvidas no projeto permitem integrar os conhecimentos já
adquiridos pelo aluno com novos desafios de aprendizagens, estimulando-o a construírem
estágios mais elevados de raciocínio com a colaboração dos colegas mais capazes (colegas de
sala, educadores do projeto, funcionário de campo, pais e/ou responsáveis,...) caracterizando-
se no conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) por Vygotski (2006):
Todas as funções psico-intelectuais superiores aparecem duas vezes no decurso do
desenvolvimento da criança: a primeira vez, nas atividades coletivas, nas atividades
sociais, ou seja, como funções interpsíquicas: a segunda, nas atividades individuais,
como propriedades internas do pensamento da criança, ou seja, como função
intrapsíquica. (VYGOTSKI, 2006, p. 114)
Para Antunes (2012, p.300), é importante destacar que a ZDP não é uma propriedade
deste ou daquele aluno e, menos ainda, deste ou daquele professor, mas verdadeiramente um
espaço teórico gerado na própria interação entre educador e educando em função dos
esquemas de conhecimento sobre a tarefa a ser realizada pertencente a este último os saberes,
recursos e suportes de apoio utilizados pelo educador. Ainda sobre a aprendizagem, Nogueira
(2001, p. 25) enfatiza:
Impossível imaginar uma aprendizagem que ocorra sem múltiplas interações.
A falta de interação do aprendiz com o objeto de conhecimento e com os
demais alunos ainda parece ser o grande dilema dentro da sala de aula, já que
todos os alunos permanecem passivamente sentados em carteiras
enfileiradas.
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Assim, na figura 11, verificamos o cuidado na hora da retirada da plântula da bandeja
de semeio coletivo para o plantio no canteiro, cada aluno é responsável por retirar a sua, sem
deixar quebrar o sistema radicular da muda, com isso gera a atenção, o interesse em observar,
participar e sugerir ações para as resoluções propostas na mediação do professor, que em
algumas situações surgem conflitos de idéias e desentendimento, momento tão oportuno para
trabalhar conteúdos atitudinais e procedimentais.
Figura 11- Alunos criando formas de retirar a plântula da bandeja para fazer o transplantio.
As brincadeiras que com freqüência são adaptadas aos saberes enfatizados a cada
atividade prática proposta pelo projeto, pode-se observar: a participação, interação,
colaboração, percepção, sensibilização, respeito aos colegas e as regras existentes em cada
brincadeira. Nestas interações, figura 11, se percebe quem realmente é, já que, expressam por
meio de suas atitudes e falas, muitas de suas vivências e experiências, o que possibilita ao
educador intervir enquanto mediador na formação destes educando.
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Figura 12- Brincadeira de Macaca aranha.
Como brincadeira aproveita-se a cultura local, como a “corrida do bocó”, ou as mais
tradicionais de roda ou cantadas, como a de “bom barqueiro ou passarás”, também se cria
espaços para o “cadinho de arte” e as expressivas paródias, recolocando a valorização dos
recursos naturais, a expressão corporal, a percepção, a sensibilização e importância de uma
alimentação natural, também como conteúdo.
O processo de avaliação dá-se de forma diagnóstica e contínua, debates coletivos,
visando o aprender a aprender numa interação dialógica entre ensinantes e aprendentes.
(RELATÓRIO PROJETO HORTA, 2010, p. 28).
A figura 13 abaixo é uma verificação da aprendizagem ainda na área da horta, de
forma cooperativa da atividade desenvolvida.
Figura 13- Debate para verificação da aprendizagem dos grupos alface x cheiro-verde.
As atividades desenvolvidas no projeto se estendem às Unidades Pedagógicas do
Seringal e da Faveira, na ilha de Cotijuba, do Jamaci, na ilha de Paquetá e Jutuba, na ilha de
Jutuba, além da Escola Bosque Sede, na ilha de Caratateua. Para Magalhães (2006, p. 51) a
Educação Ambiental é uma estratégia que só poderá servir de processo educativo para o
homem contemporâneo se o caminho para a prática for à informação para a aquisição de
competências e habilidades para viver a realidade.
Nas figuras 14, observa-se que as ações do projeto alcançam as Unidades
Pedagógicas das ilhas, adaptando o cultivo em canteiros suspensos, na tentativa de uma
produção apresentada com a realidade local.
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Figura 14- Horta em canteiros suspensos na U. P. Jamaci e U.P. Jutuba.
O projeto recebe visitas com ações práticas de cultivo, preparo de sucos naturais
envolvendo hortaliças e frutas regionais da época. Essas visitas são tanto de alunos das
Unidades Pedagógicas da Ilhas como de alunos de outras instituições de ensino.
Todavia, também favorece visitas para os alunos atendidos no projeto para áreas de
cultivo de diferentes espécies de hortaliças, como forma de integrar os conhecimentos
adquiridos na escola com os saberes locais desenvolvidos pelos produtores rurais como vemos
na figura 15 abaixo.
Figura 15- Visita a horta de produtores rurais do Uriboca no município de Marituba.
Também são ministradas palestras no Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS), Instituições de Ensino e na FUNBOSQUE pela programação da semana do Meio
Ambiente e oferecida oficinas de manipulação de plantas medicinais, oficina de
re(conhecimento) de espécies medicinais e produção de remédios caseiros, oficina de
alimentação saudável, mini-curso de horta orgânica caseira, implantação de horta orgânica em
42
instituições e implantação de horta orgânica caseira em casas de alunos. (RELATÓRIO
PROJETO HORTA, 2011, p. 19), como mostra na figura 16 a implantação de uma horta
caseira em casa de aluno atendido no projeto Horta.
Figura 16- Visita de acompanhamento do cultivo de hortaliças em casa de aluno pela turma do mesmo.
4.3- Horta: Uma Teia Adubada com Múltiplos Sabores e Saberes
Dentro da concepção adotada de Educação Ambiental, Loureiro (2005, p. 97) em
relação à inserção curricular, vê que o prioritário é repensar a escola e sua função na
sociedade, sob um prisma ambientalista e transformador. Ou seja, é preciso: construir
instituições democráticas de ensino em todos os níveis, com políticas pedagógicas elaboradas
de modo participativo e voltadas a realidade de vida da comunidade em que se
insere,fortalecendo os sujeitos da ação educativa; e estimular reformas curriculares que
favoreçam a construção coletiva de conhecimentos e a integração de saberes, tendo como eixo
a relação sociedade-natureza, inserindo tal perspectiva concretamente no projeto político-
pedagógico de cada unidade escolar.
Deste modo, quando perguntamos a Professora Hortelãzinho sobre sua percepção,
como ela descreve esta experiência educativa no Projeto Horta na Fundação Escola Bosque,
ela nos diz:
O projeto se configura como um ambiente alfabetizador, o qual estimula a
curiosidade, a interação social e com os movimentos da natureza de forma lúdica,
interativa e prazerosa. Experiência na qual os temas significativos emergem de
experiências práticas, contato com a natureza fomentando conhecimentos das
diversas áreas do saber.
43
E também na fala da Professora Cariru:
O Projeto oportuniza diversas aprendizagens por meio de ações reflexivas e práticas
entre professores e alunos nos diversos espaços da escola, principalmente na horta.
O que também podemos constatar na fala da aluna Pimentinha, quando a mesma
relata:
A horta é uma coisa muito boa, que ensina a gente a plantar e a colher e também
ajudar as plantinhas, porque a gente aprende a cuidar para não destruir o meio
ambiente.
Figura 17- Descrição das espécies plantadas nos canteiros com diferentes formas geométricas.
Tomando a Educação Ambiental como um fio condutor de todas as discussões que
na Escola Bosque se realiza a partir de eixos temáticos, Oliva (2005) pressupõe que:
Se a vivência escolar é um momento indispensável de constituição da cidadania, é
preciso que o conhecimento lá desenvolvido seja de fato conhecimento. Não há
conhecimento verdadeiro que não se referencie na realidade, não há conhecimento
se o aprendido não enriquece nosso olhar sobre a realidade, e se não nos capacite
para que diante da complexidade do mundo real saibamos, minimamente, nos
posicionarmos e orientar nossas opções e ações. (p. 54).
A abrangência das respostas obtidas quando pesquisamos sobre os objetivos do
Projeto Horta favorece esse entendimento de aprendizagem significativa que nos remete
Oliva, nas falas das Professoras: Jambu, Cariru, Hortelãzinho e Salsa, respectivamente:
O Projeto Horta na Fundação Escola Bosque tem como objetivo principal integrar
as diversas fontes e recursos de aprendizagens, ao cotidiano da escola gerando fonte
de observação e pesquisa exigindo uma reflexão diária por parte dos educadores e
educandos envolvidos, visando proporcionar possibilidades para o desenvolvimento
de ações pedagógicas por permitir práticas em equipe explorando a multiplicidade
das formas de aprender.
44
Desenvolver atitudes de preservação ambiental e contribuir para a construção de
um currículo conectado com a realidade da ilha onde está situada a Escola Bosque.
Articular práticas de educação ambiental; fomentação do currículo interdisciplinar
para ser trabalhado pelo professor em sala de aula. Favorecendo o conhecimento de
forma contextualizado e interdisciplinar.
Entre tantos objetivos cito: Promover o aprendizado dos alunos de forma lúdica e
prazerosa, estimular o conhecimento, os cuidados e a preservação ambiental e
compreender a importância de uma alimentação saudável para uma qualidade de
vida melhor.
Figura 18- (Re)conhecimento da flora medicinal da Fundação Escola Bosque.
As questões apontadas também são expressas pelos alunos o que confirma à presença
de uma experiência significativa no contexto escolar como podemos observar nas falas dos
alunos: Alface, Mandioca e Pimentinha, respectivamente:
A horta significa muito para mim, porque lá as crianças aprendem a amar o meio
ambiente. A horta é o centro educacional para educar as crianças.
A horta é legal. A gente aprende várias coisas de cultivo, de plantas tipo assim, que
a gente pode por na comida, medicinal e fazer vários tipos de sucos.
O projeto horta serve para ensinar os alunos a respeitar a natureza e não destruir as
florestas nem os animais, pois se acabar com a natureza o homem também morre.
A coordenadora Cheiro-verde enfatiza que os objetivos desta experiência educativa
na Fundação Escola Bosque é fomentar currículo formal a partir das ações práticas. Um dos
principais desafios da proposta da Pedagogia de Projetos é justamente atingir a coerência
pratica entre o proposto, objetivado e o alcançado.
Dai a importância da práxis educativa a qual pressupõe a dinâmica reflexão-ação-
45
reflexão, Neste sentido, a prática educativa contextualizada favorece a expressão dos saberes
dos agentes nos processos de aprendizagem que fomentam um currículo dinâmico, integrador
e dialógico, observado nas falas das Professoras: Salsa, Maxixe, Jambu e Hortelãzinho,
respectivaente, quando perguntamos segundo a sua percepção, é feito algum planejamento das
atividades do Projeto considerando as especificidades de aprendizagem dos seus alunos?
Sempre há um diálogo entre as educadoras da Horta com a professora regente, para
que desta forma haja uma parceria entre as atividades da Horta e sala de aula.
De acordo com o Projeto sempre há um planejamento de acordo com o que está
sendo aprendido em sala, para que haja desta forma uma intervenção positiva.
Sim. O planejamento do projeto é feito de modo que os alunos acompanhem todas as
etapas do cultivo, participando diretamente de cada uma delas. Mas, antes que os
alunos comecem a ter contato com a terra e as sementes, o professor regente
procura envolvê-los em atividades que desencadeie diferentes conteúdos
curriculares de forma significativa e contextualizada.
Sim. Os mediadores visam uma interação com os alunos de forma a deixá-los à
vontade para participarem das atividades proposta, considerando condições de
letramento, comunicação, coordenação motora e fatores afetivos, dentre outros,
perfil das turmas atendidas.
Os saberes que emergem do Projeto Horta, a coordenadora pedagógica Cheiro-verde
explica que se dão pelas interações entre educandos e educadores nas práticas educativas, o
qual todos são sujeitos aprendizes, enquanto alfabetização, não mais do processo de leitura-
escrita, mas de uma auto-sensibilização e conscientização da percepção do EU-OUTROS
como autores de mudanças é que Freire nos afirma “Talvez seja este o sentido mais exato da
alfabetização: aprender a escrever a sua vida, como autor e como testemunha de sua história,
isto é, biografar-se, existenciar-se, historicizar-se” (FREIRE, 1987, p.10). O qual pode
ratificar nas falas dos alunos: Pimentinha, Mandioca e Couve,respectivamente, quando
perguntamos o que aprenderam nas aulas do Projeto Horta?
Aprendir a cuidar mais da natureza, antes eu pisava muito nas plantinhas, mas
agora quando eu me lembro não piso mais. Aprendi a plantar. Ser legal com
os colegas na equipe.
Aprendi a conhecer outros tipos de adubo orgânico, respeitar a natureza, o
colega, a formiga e plantar todo mundo junto.
Que não pode sujar a floresta porque contamina e faz mal para a plantação,
aprendi a colher as plantas com cuidado, e quando arrancamos uma planta
tem que plantar outra no lugar.
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Em meio a esta tessitura de múltiplos saberes fomentados entre educandos e
educadores, vamos aos poucos percebendo o avanço de suas aprendizagens; o aumento da
linguagem, memória, percepção, afetividade, código lingüístico e matemático, ciências sociais
e naturais..., ou seja, suas “leituras de mundo” avançam no entretecido destas ações práticas
de nosso cotidiano escolar (RELATÓRIO DA HORTA, 2001, p. 28). O contexto da horta por
suas variadas atividades ali promovidas fomentam por meio de sua práxis as mais diversas
teias curriculares, como mostra o registro abaixo na preparação de um suco envolvendo os
alunos e as abordagens de quantidade, tamanho, cores, sabores, cheiros, (re)conhecimento de
utensílios domésticos, importância das vitaminas e sais minerais para o corpo.
Figura 19- Registro da receita do suco Fanta laranja natural, 05 cenouras, 04 limões, 01 kg de
açúcar, 01 garrafa de água, panela grande, colher grande, crivo e copos. Idade: 06 anos.
4.3.1- Projeto Horta e Praticas Docentes
Encontrar estratégias didáticas e técnicas de trabalho educativo que fomentem o
desenvolvimento de habilidades e reflexão entre os educandos, de tal maneira que lhes
permitam estabelecer as relações existentes entre diversos campos da realidade, tem sido à
busca de muitos educadores incansáveis. Para coordenadora pedagógica Cheiro-verde as
formas de participação dos educandos nos encontros favorece que os mesmos tornam-se
autores em muitas ações, pois são eles que demonstram seus aprendizados.
Assim, a prática de projetos parece à estratégia mais adequada para se conceber um
conhecimento interdependente, onde todos os envolvidos considerem-se autores, construtores
e reconstrutores de suas ações sociais. Segundo Nogueira “um projeto na verdade é, a
princípio, uma irrealidade que vai se tornando real, conforme começa ganhar corpo a partir da
realização de ações e, conseqüentemente, as articulações destas” (NOGUEIRA, 2001, p.76).
Assim, nesta concepção de construção e reconstrução do conhecimento, perguntamos as
Professoras: Salsa, Maxixe e Jambu, respectivamente, quais as metodologias adotadas nos
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encontros educativos?
A metodologia é priorizada na construção do conhecimento de forma prática, seja
no registro da Horta, trabalhando o lúdico ou a disciplina de português, ou na
adubação da terra. No semeio, na colheita, no preparo de sucos ou até mesmo
experimentando novos sabores.
A metodologia é simples, porém construtiva e alegre, as crianças vão pela trilha até
a horta, caminhando e já nesse momento já vão observando o mundo a sua volta, as
formigas, as árvores, as plantas e dessa forma vai-se cantando, vendo as cores,
formas e aprendendo com as músicas cantadas ao longo do caminho. Chegando lá o
processo se dá em várias fases e vários encontros. Primeiro há a preparação da
terra, apresentação do que será plantado ou semeado, explicando o valor
nutricional de cada hortaliça, em seguida há o plantio, alunos pegam sementes e
fazem a covinha nas garrafas pet e semeiam depois regam. Acompanha depois o
crescimento-durante esse período faz a limpeza e rega dos canteiros. Depois há uma
festa para a colheita com experimentação de alimentos produzidos com o que foi
plantado. Os pais participam e aprendem a fazer uma torta com as hortaliças
colhidas e também o suco verde que é feito de suco e hortaliças, fonte de vitamina,
sais minerais e fibras, despertam no aluno mudanças em seu comportamento
alimentar, atingindo assim suas famílias.
As metodologias adotadas permitem o envolvimento dos alunos e professores da
escola, num trabalho multidisciplinar, em que todos os envolvidos estarão
realizando os objetivos propostos. Este projeto oferece a oportunidade de se
trabalhar com língua portuguesa através de relatórios, textos e leituras, e, em Artes
através de desenhos, em matemática através das medidas dos canteiros, quantidades
de legumes e verduras cultivadas, em ciências naturais e sociais.
O que também foi possível observar nas falas dos alunos: Mandioca, Couve e
Pimentinha, respectivamente, sobre as atividades desenvolvidas no projeto, assim descritas:
Preparar a terra, plantar a mandioca, na verdade meu pai já tinha me ensinado a
plantar, aprendi a plantar outros tipos de plantas como cheiro-verde, alface e
cariru.
Plantar, adubar o canteiro, colher, fazer o suco da horta, também faz o debate para
vê que sabe mais, escrever o nome das plantas, contar as folhas e medir o tamanho
das mandiocas mansas.
Atividades de semear as sementes e colocar na sementeira, também adubação da
terra pra terra ficar forte, tirar as ervas daninhas e fazer a colheita e aprender a
fazer suco de couve com hortelãzinho.
Magalhães (2006, p. 50) define a Educação Ambiental como uma estratégia de
educação contemporânea caracterizada como educação sociocultural praticada para favorecer
a pessoa humana a ler e a falar do mundo. Ela deve ser feita integrada ao conjunto dos
processos educativos, ou seja, ela deve permear todos os conteúdos e as práticas educativas,
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para dar sentido concreto às informações e ao conhecimento formal, não formal e informal.
Isto significa fazer com que as experiências vivenciadas no cotidiano sirvam para a produção
de conhecimento, formação de hábitos e internalização de valores à integração dinâmica e
construtiva do homem com a sociedade e o meio ambiente. Estratégias que verificamos nas
atividades desenvolvidas pelas Professoras: Maxixe, Hortelãzinho e Cariru, respectivamente,
quando perguntamos: Como são desenvolvidas as atividades educativas com os educandos no
Projeto?
As atividades são desenvolvidas de forma prazerosa tanto para os alunos quanto
para a professora. O cultivo da horta da escola é um valioso instrumento educativo,
o contato com a terra no preparo dos canteiros ou leiras, a descoberta de inúmeras
formas de vida que ali existem e convivem ver semear, brotar, regar, plantar, adubar,
fazer monda (retirada dos matinhos), espantar os insetos. Utilizam as ferramentas
sempre com a supervisão das professoras para a segurança, como a pazinha e o
regador.
O projeto parte de experiências de estimulo a observação dos movimentos da
natureza e seus seres vivos, conscientizando da necessidade de uma relação de
sustentabilidade entre ser humano e meio ambiente. Após por meio do
reconhecimento dos processos de cultivos das hortas, acompanha-se todo o passo a
passo do desenvolvimento das plantas, bem como o estudo dos seus nutrientes e
contribuições para a saúde. Favorece-se também a leitura, escrita e ilustrações de
acordo com cada vivencia no projeto.
Com vários momentos tais como: Reconhecimento, registros (produção escrita dos
alunos), plantio, músicas, encontro com as famílias, oficinas.
Morin (1995, p. 76) considera como conhecimento complexo, tendo como
significado o que foi Tecido Junto, interdependente, interativo e inter-retroativo entre o objeto
de conhecimento e seu contexto, as partes e todo, o todo e as partes, as partes entre si. Por
isso, a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade. Nesta concepção,
considera-se que o Projeto Horta favorece a percepção das relações dos componentes naturais:
solo-planta-sol-água-ar, ratificando o que para Capra (2006, p.219) descreve:
Cultivar alimentos saudáveis é uma prática sagrada; requer que acordemos a
cada manhã vendo as coisas de modo diferente, respondendo ao momento,
escutando, prestando atenção, observando. “Toda vez que eu planto uma
semente e a vejo brotar, isso me ajuda a diminuir o meu ritmo e a vivenciar
um dos maiores mistérios da vida; e a cada vez é como se eu não pudesse
fazer outra coisa senão me deixar renovar”.
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Figura 20- Acompanhamento do crescimento de mudas de jambu, tendo como
referência altura da mão.
Portanto, as atividades desenvolvidas no projeto possibilitam desenvolver uma
complexidade de ações que refletem em prática pedagógica interdisciplinar que os alunos:
Mandioca, Alface e Couve, respectivamente, descrevem em continuidade das atividades na
área da horta para sala de aula, observadas quando perguntamos: Quais os assuntos estudados
na horta, que você fez atividades em sala de aula?
Foi na adubação, fizemos debate pra vê quem sabia mais, fizemos frases, quem
anotou o nome das plantas e fizemos conta com as mandiocas, ah! Também
contamos a lenda da mandioca e vimos o filme de fazer farinha.
Todas as vezes que a gente voltava da horta a professora da sala fazia trabalho de
escrever textos como, por exemplo: O que a horta representa para gente? Qual a
atividade que nós aprendemos na horta hoje? Quantas folhas têm a nossa
macaxeira? Quantos animais encontraram na trilha da horta? E outras coisas.
Quando semeamos, nós contamos as plantinhas que nasceram e as que morreram
para fazer as contação, e na adubação a professora fez atividade de cruzadinha e
debate.
4.3.2- Contribuições do Projeto para a prática pedagógica interdisciplinar
Na vivência no projeto Horta emergem vários questionamentos dos alunos que
estimulam o desejo de aprender mais sobre temas como: as classes dos animais e seu
desenvolvimento, o crescimento das plantas e alimentos saudáveis, o custo dos alimentos, as
plantas medicinais, dentre outros, que fomentam o conhecimento contextualizado e articulado
com as varias áreas do saber. Assim descreve a Professora Hortelãzinho sobre a contribuição
do projeto Horta na construção curricular e prática pedagógica interdisciplinar dos professores
50
do Ciclo Básico I, como também a Professora Salsa quando se refere que na realização de
todas as atividades ofertadas pelo Projeto Horta, sempre há abordagem interdisciplinar,
trabalhando língua portuguesa, através de formação de palavras, a matemática relacionando
quantidade-numeral, o espaço geográfico, ciências com relação às vitaminas, qualidade de
vida e ainda meio ambiente.
Goodson (2007, p. 93) vê que o currículo precisa consolidar na criança as habilidades
sensoriais, perceptivas, motoras, linguísticas, e intelectuais através da experiência, da
reorganização dos acontecimentos e da reconstrução narrativa da realidade. Assim sendo, a
Professora Cariru visualiza nas atividades do projeto Horta, a possibilidade de perceber as
necessidades e desejos dos alunos frente a sua realidade e assim construir (planejar) atividades
significativas para o contexto do aluno. A figura 19 mostra uma aula no projeto que se efetiva
com preparo do “Suco Escola Bosque”, feito com carambola, couve e hortalãzinho, o uso da
carambola se dá por ser frequente nos quintais dos alunos da U. P. do Seringal na ilha de
Cotijuba.
Figura 21- Alunos e professora do projeto Horta preparam o “Suco Escola Bosque”.
Para a Coordenadora Cheiro-verde, o projeto contribui nas ações curriculares, pois
no meio das ações práticas são trabalhadas várias áreas do conhecimento possibilitando uma
prática interdisciplinar.
E quando questionamos se as vivências no projeto são possíveis detectar
contribuições para a aprendizagem significativa dos alunos do Ciclo Básico I, a Coordenadora
enfatiza que as ações práticas, ajuda com que os educandos memorizem melhor seu
aprendizado. A figura 20 mostra uma visita na casa de um aluno em que a turma plantou
macaxeira e com quatro meses após o plantio, os alunos voltam para efetivarem a adubação
51
orgânica com esterco de galinha e acompanharem o desenvolvimento das plantas.
Figura 22- Alunos atendidos pelo projeto Horta voltam na comunidade para adubar as
macaxeiras que haviam plantado.
Aprendizado este observado nas falas das Professoras Salsa, hortelãzinho e Jambu,
respectivamente, quando relatam suas vivências e as contribuições para a aprendizagem
significativa no projeto Horta:
O interesse dos alunos pelo conhecimento, o hábito do questionamento, a
coordenação motora, o trabalho em grupo, a participação e a expressão oral dos
nossos alunos, essas são contribuições que proporcionaram o aprendizado dos
discentes das ações realizadas na horta.
Por ser o ciclo da alfabetização, os temas trabalhados nas atividades de leitura e
escrita partiam do contexto, principalmente prazeroso e interessante que contribuía
para a qualidade do letramento dos alunos, bem como na socialização, comunicação
e autoestima.
Os alunos desenvolveram maior expressão em grupo; avanços significativos no
conhecimento linguístico; iniciação à pesquisa sobre educação ambiental;
reconhecimento dos tempos e etapas de plantio e colheita; reconhecimento prévio
simbólico-matemático, dentre outros.
52
5- Considerações finais
Os dados apontam que o projeto horta do conhecimento é parte integrante de uma
tendência mundial de busca de ações educacionais voltadas para a consciência ambiental, na
qual a escola emerge como um território propicio ao favorecimento de praticas pedagógicas
que viabilizem a aprendizagem significativa. O que pressupõe trazer para o cotidiano escolar
os temas sociais, as situações problemas locais e globais que atingem a sociedade.
O ser humano nessa perspectiva é compreendido como ser complexo, ser de práxis,
de reflexão-ação-reflexão. A aprendizagem assume seu caráter humanizador das relações com
o outro e com o mundo. Neste contexto a Pedagogia de Projetos emerge como proposta
educacional de contestação da realidade, que visa romper com a lógica tradicionalizada do
conhecimento compartimentado e descontextualizado.
O centro de referencia em Educação Ambiental Eidorfe Moreira, representa dentro
de um contexto de negação social das condições de moradia, educação, saúde e lazer,
evidenciado na Ilha de Caratateua, um território de possibilidades de mudanças sociais mais
inclusivas, na qual a criança possa viver sua infância com dignidade.
Neste sentido, a perspectiva da adoção da prática educativa que viabilize a
oralização, a observação, a descoberta e reconhecimento do ambiente, favorece a
aprendizagem significativa a qual implica em uma mudança nas relações sociais e formas de
ser e agir no mundo e com o mundo.
Os dados apontam que ao longo de sua implantação o projeto Horta do
Conhecimento, propicia-se aos alunos e aos professores novas formas de estar com a natureza
que vai desde a percepção do cuidado com o outro e com o meio ambiente, do exercício de
superação dos conflitos interpessoais por meio das dinâmicas, jogos que caracterizam a
ludicidade presente na pratica pedagógica, a aprendizagem de forma interdisciplinar.
Assim, podemos destacar que a vivência no contexto escolar com o reconhecimento
e compreensão sobre o desenvolvimento das plantas, desde o plantio, observação do
crescimento e colheita, bem como das formas de consumo de verduras e hortaliças favorece a
percepção infantil da qualidade de vida por meio da alimentação saudável e consciência
ambiental.
No que tange a prática docente via currículo interdisciplinar, os dados apontam que a
vivência no projeto fomenta o currículo que se estende na sala de aula com conteúdos das
diversas áreas do saber como ciências naturais, humanas e lógico-matematicas e desta forma
favorece a aprendizagem de forma contextualizada e prazerosa, aspectos que são
fundamentais na perspectiva teórica e metodológica da Pedagogia de Projetos.
53
Podemos destacar ainda, que tal experiência favorece a adoção de práticas docentes
em sala de aula mais dinâmicas, oriundas das atividades iniciadas no projeto que se
incorporam no cotidiano dos professores e alunos.
Portanto, tal perspectiva educacional aponta contribuições significativas para o
repensar a pratica no contexto escolar, em busca da superação de práticas excludentes que se
expressam em históricos de fracasso escolar evidenciados no cenário brasileiro e mundial.
Pois cabe a educação não a resolução de todos os problemas do mundo, mas a função social
de valorização dos ser humano em suas potencialidades de aprender sempre e sua formação
enquanto sujeito de transformações sociais.
54
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VYGOTSKI, L. S.; LURIA, A. R. & LEONTIEV, A. N. Linguagem, desenvolvimento e
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58
APENDICE A-TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA:O PROJETO HORTA DO CONHECIMENTO E SUAS
INTERFACES ENTRE A CONSTRUÇÃO CURRICULAR E A PRATICA
PEDAGOGICA INTERDISCIPLINAR
ESCLARECIMENTO DA PESQUISA
Vimos, por meio deste, convidá-lo(a) a participar desta Pesquisa desenvolvida por nós, pesquisadoras MARIA REGINA GONÇALVES DA CUNHA e MARY FERNANDES DA SILVA, regularmente matriculadas no Curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Ipiranga; tendo como orientadora a Profª Msc. Conceição Brayner. Esta pesquisa tem como objetivo apresentar as contribuições do Projeto Horta do Conhecimento para a realização de um trabalho interdisciplinar e contextualizado no Ciclo Básico I.Esclareço que na Fundação Escola Bosque serão entrevistadas 08 pessoas, sendo 01 (uma) coordenadora do Projeto Horta do Conhecimento e 04 (quatro) professoras e (03) alunos (as) do Ciclo I e que sua participação dar-se-á através de entrevistas abertas com roteiro semiestruturado. Para o registro das falas, pretendemos utilizar anotação direta das respostas e, caso V. Sa. Concordar, utilizaremos um gravador. Após o levantamento dos dados, iremos organizar os materiais registrados para, em um encontro específico, apresentar e discutir tudo o que foi capturado (validação). Asseguramos ao (à) senhor (a) que sua identidade será mantida sob sigilo e anonimato. Utilizaremos codinomes sugeridos por cada um (a) dos (as) participantes. Informamos ainda que esta pesquisa não oferece riscos sociais aos participantes e à Instituição em que a mesma será realizada. O benefício advindo da execução e análise deste projeto perpassa pela possível contribuição da ampliação do debate sobre as práticas educativas no ambiente escolar. Com este estudo visa-se reconhecer as experiências teórico-práticas do professor, na perspectiva de contribuir com o debate sobre as práticas educativas via currículo interdisciplinar. Vale ressaltar que sua participação poderá ser interrompida a qualquer momento, quando iremos devolver-lhe todos os depoimentos anotados e/ou gravados, sem que haja nenhum prejuízo para V. Sa. Os termos desta pesquisa são: Pedagogia de Projetos e Práticas Interdisciplinares. ________________________________ Pesquisadoras Nome: MARIA REGINA GONÇAVES DA CUNHA Telefones: Nome: MARY FERNANDES DA SILVA Telefones:_____________________________________________________________________________
CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO Eu,............................................................................................, declaro que li as informações sobre a pesquisa e me sinto perfeitamente esclarecido (a) sobre o conteúdo da mesma. Declaro ainda que, por minha livre vontade, aceito participar, cooperando com a coleta de informações para a mesma. Belém:____/____/______. ________________________________ Assinatura do sujeito da pesquisa
59
APENDICE B- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TÍTULO DA PESQUISA:O PROJETO HORTA DO CONHECIMENTO E SUAS
INTERFACES ENTRE A CONSTRUÇÃO CURRICULAR E A PRATICA
PEDAGOGICA INTERDISCIPLINAR
ESCLARECIMENTO DA PESQUISA
Vimos, por meio deste, pedir a sua autorização para a participação de seu filho (a) nesta Pesquisa desenvolvida por nós, pesquisadoras MARIA REGINA GONÇALVES DA CUNHA e MARY FERNANDES DA SILVA, regularmente matriculadas no Curso de Pedagogia das Faculdades Integradas Ipiranga; tendo como orientadora a Profª Msc. Conceição Brayner. Esta pesquisa tem como objetivo apresentar as contribuições do Projeto Horta do Conhecimento para a realização de um trabalho interdisciplinar e contextualizado no Ciclo Básico I.Esclareço que na Fundação Escola Bosque serão entrevistadas 08 pessoas, sendo 01 (uma) coordenadora do Projeto Horta do Conhecimento e 04 (quatro) professoras e 03 (três) alunos (as) do Ciclo I e que a participação dos alunos (as) dar-se-á através de entrevistas abertas com roteiro semiestruturado. Para o registro das falas, pretendemos utilizar anotação direta das respostas e, caso V. Sa. Concordar, utilizaremos um gravador. Após o levantamento dos dados, iremos organizar os materiais registrados para, em um encontro específico, apresentar e discutir tudo o que foi capturado (validação). Asseguro ao (à) senhor (a) que a identidade será mantida sob sigilo e anonimato. Utilizaremos codinomes sugeridos por cada um (a) dos (as) participantes. Informamos ainda que esta pesquisa não oferece riscos sociais aos participantes e à Instituição em que a mesma será realizada. O benefício advindo da execução e análise deste projeto perpassa pela possível contribuição da ampliação do debate sobre as práticas educativas no ambiente escolar. Com este estudo visa-se reconhecer as experiências teórico-práticas do professor, na perspectiva de contribuir com o debate sobre as práticas educativas via currículo interdisciplinar. Vale ressaltar que a participação do aluno (a) poderá ser interrompida a qualquer momento, quando iremos devolver-lhe todos os depoimentos anotados e/ou gravados, sem que haja nenhum prejuízo para os participantes. Os termos desta pesquisa são: Pedagogia de Projetos e Práticas Interdisciplinares. ________________________________ Pesquisadoras Nome: MARIA REGINA GONÇAVES DA CUNHA Telefones: Nome: MARY FERNANDES DA SILVA Telefones:__________________________________________________________________
CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO Eu,........................................................................................................................................., declaro que li as informações sobre a pesquisa e me sinto perfeitamente esclarecido (a) sobre o conteúdo da mesma. Declaro ainda que, por minha livre vontade, autorizo a participação de meu filho (a), cooperando com a coleta de informações para a mesma. Belém:____/____/______. __________________________________ Assinatura do responsável do aluno - participante da pesquisa
60
APENDICE C-ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO DA EXPERIENCIA EDUCATIVA
FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA
INSTRUMENTAL-01
1-LEVANTAMENTO DO HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO
2-ESTRUTURA FÍSICA
2.1-Observação das condições estruturais físicas; ambientais que podem interferir nas praticas
educativas e interações sociais dos participantes do Projeto Horta do Conhecimento.
3-OBSERVAÇÃO DAS AULAS ( EXECUÇÃO DO PROJETO)
3.1-Interações sociais e com o meio ambiente
3.2-Participação dos educandos na experiência, expressão de interesse, curiosidade, atenção,
expressão de descobertas, dentre outros.
3.3- Identificação de conteúdos levantados no contexto das aulas.
3.4-Identificação de condições de favorecimento do conhecimento de forma interdisciplinar.
4- OBSERVAÇÃO DAS METODOLOGIAS ADOTADAS NA PRÁTICA
PEDAGOGICA DO PROJETO
4.1-Planejamento
4.2-Atividades desenvolvidas
4.3- Metodologias adotadas
4.4-Temas abordados.
4.5-Interações entre educandos e educadores nas práticas educativas.
4.6-Comunicação (formas verbais, expressões, afetividade, agressividade, etc.)
4.7-Formas de participação dos educandos.
4.8-Fatores que dificultam o desenvolvimento das aulas.
4.9-Fatores que favorecem o desenvolvimento das aulas.
61
APENDICE D- ROTEIRO DE ENTREVISTA DA COORDENADORA
FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA
INSTRUMENTAL 02
1. IDENTIFICAÇÃO DO (A) ENTREVISTADO (A)
Nome:_______________________________________________idade:__________
Formação:___________________________________________________________
Contato(end):_______________________________________________________
____________________________________________________________________
Tempo de participação no projeto: ________________________________
2-EXPERIÊNCIA EDUCATIVA
2.1-Em que período (ano) você participou da experiência educativa no Projeto Horta do
Conhecimento?
2.2-Como se deu o início das atividades no projeto na Fundação Escola Bosque?
2.3-O que motivou você a participar como educador (a) desta experiência educativa?
3-DA PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA DO PROJETO HORTA DO
CONHECIMENTO
3.1- Como você descreve o Projeto?
3.2- Quais os objetivos desta experiência educativa na Fundação Escola Bosque?
3.3- Qual a proposta teórico-metodológica desta experiência educativa?
3.4- Como são desenvolvidas as atividades educativas com os educandos no Projeto?
3.6- É feito algum planejamento das atividades do Projeto considerando as especificidades de
aprendizagem dos seus alunos? Por quê?
3.7- Quais as metodologias adotadas nos encontros educativos?
3.8- Quais os temas abordados?
3.9- Como se dão as interações entre educandos e educadores nas práticas
educativas?
3.10-Quais as formas de comunicação expressas nos encontros educativos (formas
verbais, expressões, afetividade, agressividade, etc.)?
3.11-Quais as formas de participação dos educandos nos encontros?
3.12-Quais os fatores que dificultam o desenvolvimento das aulas?
3.13- Como os educadores envolvidos no projeto (coordenadores e professores regentes)
62
buscam superar estas dificuldades?
3.14- Quais os fatores que favorecem o desenvolvimento das aulas?
3.15- E quais os avanços?
3.16- Para você o Projeto Horta do Conhecimento contribui para a construção curricular e
prática pedagógica interdisciplinar dos professores do Ciclo Básico I? Se sim, como? Se não,
por quê?
3.17-Segundo suas vivencias no projeto foi possível detectar contribuições para a
aprendizagem significativa dos alunos do Ciclo Básico I? Se sim, quais: Se não, Por quê?
3.18-Os professores recebem alguma formação para participar do Projeto? Se sim, quais: Se
não, Por quê?
63
APENDICE E-ROTEIRO DE ENTREVISTA DOS PROFESSORES
FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA
INSTRUMENTAL 03
1. IDENTIFICAÇÃO DO (A) ENTREVISTADO (A)
Nome:_______________________________________________idade:__________
Formação:___________________________________________________________
Contato(end):_______________________________________________________
____________________________________________________________________
Tempo de participação no projeto: ________________________________
2-EXPERIÊNCIA EDUCATIVA
2.1-Em que período (ano) você participou da experiência educativa no Projeto Horta do
Conhecimento?
2.2-Como se deu o início das atividades no projeto na Fundação Escola Bosque?
2.3-O que motivou você a participar como educador (a) desta experiência educativa?
3-DA PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA DO PROJETO HORTA DO
CONHECIMENTO
3.1- Como você descreve o Projeto?
3.2- Segundo a sua percepção, quais os objetivos desta experiência educativa na Fundação
Escola Bosque?
3.3- Para você, qual a proposta teórico-metodológica desta experiência educativa?
3.4- Como são desenvolvidas as atividades educativas com os educandos no Projeto?
3.6-Segundo a sua percepção, é feito algum planejamento das atividades do Projeto
considerando as especificidades de aprendizagem dos seus alunos?
3.7- Quais as metodologias adotadas nos encontros educativos?
3.8- Quais os temas abordados?
3.9- Como se dão as interações entre educandos e educadores nas práticas
educativas?
3.10-Quais as formas de comunicação expressas nos encontros educativos (formas verbais,
expressões, afetividade, agressividade, etc.)?
3.11-Quais as formas de participação educandos nos encontros?
3.12-Quais os fatores que dificultam o desenvolvimento das aulas?
64
3.13- Como os educadores envolvidos no projeto ( coordenadores e professores regentes)
buscam superar estas dificuldades?
3.14- Quais os fatores que favorecem o desenvolvimento das aulas?
3.15- E quais os avanços?
3.16- Para você o Projeto Horta do Conhecimento contribui para a construção curricular e
prática pedagógica interdisciplinar dos professores do Ciclo Básico I? Se sim, como? Se não,
por quê?
3.17-Segundo suas vivencias no projeto foi possível detectar contribuições para a
aprendizagem significativa dos alunos do Ciclo Básico I? Se sim, quais: Se não, Por quê?
3.18-Você recebeu alguma formação para participar do Projeto? Se sim, quais: Se não, Por
quê?
65
APENDICE F- ROTEIRO DE ENTREVISTA DOS ALUNOS (AS)
FACULDADES INTEGRADAS IPIRANGA
INSTRUMENTAL 04
1. IDENTIFICAÇÃO DO (A) ENTREVISTADO (A)
Nome:_______________________________________________idade:__________
Responsavel:___________________________________________________________
Contato (end):_______________________________________________________
____________________________________________________________________
Tempo de participação no projeto: ________________________________
2-EXPERIÊNCIA EDUCATIVA
2.1-Em que período (ano) você participou da experiência educativa no Projeto Horta do
Conhecimento?
2.2-Como se deu o início das atividades no projeto na Fundação Escola Bosque?
3-DA PROPOSTA TEÓRICO-METODOLÓGICA DO PROJETO HORTA DO
CONHECIMENTO
3.1- Para você, como é o Projeto Horta?
3.2- Segundo a sua percepção, quais os objetivos desta experiência educativa na Fundação
Escola Bosque?Para que serve o Projeto?
3.3-Quais atividades você realiza no Projeto?
3.4- Quais você mais gostou? Por quê?
3.5-Houve alguma atividade que você não gostou? Por quê?
3.6- O que você aprendeu no Projeto?
3.7- Quais os assuntos que você fez atividades?Como foram estas atividades?
3.8- Como você se relaciona com os colegas e professores nas atividades do Projeto?
3.9-Quais as formas de comunicação expressas nos encontros educativos (formas
verbais, expressões, afetividade, agressividade, etc.)?
3.10-Como você participa das aulas?
3.11- Você continuou a realizar alguma atividade em sala de aula iniciada no Projeto? Qual?