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FACULDADE DOCTUM DE CARATINGA ARQUITETURA E URBANISMO INTERVENÇÃO URBANA: POTENCIAL DE REQUALIFICAÇÃO URBANA EM CARATINGA PELA IMPLANTAÇÃO DE PARKLETS SUELEN R. DE FREITAS PAIVA CARATINGA MG 2019

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FACULDADE DOCTUM DE CARATINGA

ARQUITETURA E URBANISMO

INTERVENÇÃO URBANA: POTENCIAL DE REQUALIFICAÇÃO

URBANA EM CARATINGA PELA IMPLANTAÇÃO DE PARKLETS

SUELEN R. DE FREITAS PAIVA

CARATINGA – MG

2019

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SUELEN R. DE FREITAS PAIVA

INTERVENÇÃO URBANA: POTENCIAL DE REQUALIFICAÇÃO

URBANA EM CARATINGA PELA IMPLANTAÇÃO DE PARKLETS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Doctum Caratinga, como requisito parcial para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Prof. Marine Luiza de Oliveira Mattos. Co-orientador: Bruno Reis de Alcântara

CARATINGA - MG

2019

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SUELEN R. DE FREITAS PAIVA

INTERVENÇÃO URBANA: POTENCIAL DE REQUALIFICAÇÃO

URBANA EM CARATINGA PELA IMPLANTAÇÃO DE PARKLETS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Doctum Caratinga, como requisito parcial para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista. Orientadora: Prof. Marine Luiza de Oliveira Mattos. Co-orientador: Bruno Reis de Alcântara

COMISSÃO EXAMINADORA

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais por sonharem o meu sonho e por me ajudarem a

torna-lo real. Aos meus irmãos, amigos e familiares pelas palavras de incentivo.

A toda essa força que vem do céu, eu sou muito grata. Sem vocês eu não teria

chegado até aqui.

Acredito que existe uma tradução para a felicidade, e ela é poder dizer que eu

cheguei onde queria.

Enfim, me tornei Arquiteta e Urbanista.

A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem.

Oscar Niemeyer

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Não dá mais tempo de assistir o pôr-do-sol da janela do escritório enquanto

você pensa em um dia atender todos os desejos do seu coração. A gente

precisa reaprender a sonhar de forma genuína e eu acho que um dos caminhos

para isso é recuperar o direito a cidade.

Natália Garcia, Jornalista especializada em Planejamento Urbano

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Parklet – Na cidade de Belo Horizonte......................................... 15

Figura 2: Primeiro Park(ing) Day, São Francisco, EUA............................... 17

Figura 3: Calçada sem dimensionamento ideal........................................... 20

Figura 4: Projeto de urbanismo tático na Times Square, Nova York........ 25

Figura 5: Projeto do Centro Aberto na cidade de São Paulo...................... 25

Figura 6: Serpentine Pavilion de 2016, Londres.......................................... 26

Figura 7: Localização do Município de Caratinga....................................... 32

Figura 8: Município do Caratinga.................................................................. 33

Figura 9: Parklet Savassi em Belo Horizonte............................................... 36

Figura 10: Processo resumido de implantação de Parklet......................... 40

Figura 11: Rua Marechal Deodoro da Fonseca (Área 1).............................41

Figura 12: Rua Coronel Galdino Pires (Área 2)............................................42

Figura 13: Rua Coronel Antônio da Silva (Área 3)....................................... 42

Figura 14: Praça Getúlio Vargas (Área 4).....................................................43

Figura 15: Uso da calçada em horário noturno ........................................... 44

Figura 16: Vista do uso da rua para disposição de mesas do bar............ 44

Figura 17: Ocupação da calçada para uso do bar...................................... 45

Figura 18: Bares situados na área 1 objeto de estudo............................... 46

Figura 19: Área 1 – localidade para implantação do Parklet..................... 47

Figura 20: Área 2 – viabilidade de implantação de Parklet........................ 48

Figura 21: Área 3 – viabilidade de implantação de Parklet........................ 48

Figura 22: Área 4 – viabilidade de implantação de Parklet........................ 49

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RESUMO

Esse trabalho de conclusão de curso tem como escopo uma análise do

potencial de requalificação urbana em Caratinga por meio da intervenção

urbana. O objetivo principal deste trabalho é avaliar o potencial da implantação

de Parklet nas áreas objetos de estudo. Os objetivos específicos são: realizar

análises e estudos em referenciais teóricos pertinentes aos temas

apresentados; diagnosticar o uso e ocupação dos passeios em frente aos

bares; dimensionar a infraestrutura de passeio existente; avaliar os entraves da

implantação dos Parklets na legislação municipal elaborando um decreto para

tal implantação. Na forma de resultados e discussões apresenta-se a

realização de entrevistas informais com os usuários do local objeto de estudo,

mostrando a viabilidade da implantação do Parklet baseando-se nas opiniões

obtidas e análise da legislação municipal, com a elaboração do Decreto

regulamentando a possível implantação.

Palavras-chave: Intervenção urbana; Espaço público; Parklets.

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .......................................................................................... 09

2 – REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................... 11

2.1. O ESPAÇO PÚBLICO ........................................................................... ..11

2.1.1. Parklets.................................................................................................. 14

2.1.1.1. Surgimento dos parklets...................................................................... 16

2.1.1.2. Os Parklets como arquitetura temporária............................................ 18

2.2. URBANISMO TÁTICO.............................................................................. 21

2.2.1. Histórico do urbanismo tático............................................................. 22

2.2.2. Por que utilizar o urbanismo tático..................................................... 24

2.2.3. Surgimento de uma estratégia urbanística........................................ 26

2.3. INTERVENÇÕES URBANAS.................................................................... 27

2.3.1. O papel das intervenções urbanas..................................................... 28

2.3.2. Diretrizes para a implantação de Parklets em

Caratinga......................................................................................................... 30

3 - METODOLOGIA ....................................................................................... 31

4 – ESTUDO DE CASO................................................................................... 32

4.1. HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DA CIDADE DE

CARATINGA .................................................................................................. 32

4.2. OBRA ANÁLOGA..................................................................................... 35

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................. 38

6. LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO............................................................ 41

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................... 51

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 52

ANEXO 1.......................................................................................................... 55

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1. INTRODUÇÃO

O processo de urbanização no Brasil teve início a partir do século XVIII,

com o deslocamento da população denominada de elite rural para as cidades.

(SANTOS, 2005)

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2019),

em pouco mais de 50 anos o Brasil deixou de ser um país majoritariamente

rural para um país urbano.

É de suma importância nos atentarmos para o fato de que de modo geral

as urbanizações das cidades, quase em todas as ocasiões, não se encontram

atreladas as necessidades que estes processos de urbanização requerem.

Mota (1999) afirma que o aumento da população e a ampliação das

cidades deveriam ser sempre acompanhados do crescimento de toda

infraestrutura urbana, de modo a proporcionar aos habitantes uma mínima

condição de vida.

Segundo Jan Gelh (2013), se olharmos para a historia das cidades,

pode-se ver claramente, que as estruturas urbanas e o planejamento

influenciam o comportamento humano e as formas de funcionamento das

cidades.

O crescimento desordenado e sem planejamento tem sido um objeto de

preocupação desde que as cidades iniciaram seus processos de urbanização.

Nesta premissa surge a necessidade do desenvolvimento de medidas e ações

que auxiliam as cidades em um desenvolvimento urbanístico mais sustentável

que levem em consideração vários aspectos do meio urbano assim como a

população ocupante das cidades.

Esta pesquisa foi desenvolvida na cidade de Caratinga Minas Gerais. O

município de Caratinga se encontra inserido na região leste de Minas Gerais,

cortado pela BR -116 (Rio – Bahia). O desenvolvimento do município se deu

quase sem planejamento e apresenta áreas urbanas, pouco utilizadas pela

população por diversos fatores, seja pela falta de investimento nestes locais,

como também pelo medo da população atrelado a violência, que ocorre

geralmente em locais pouco habitados pela população em geral, o que pode

causar nos residentes da cidade a falta de pertencimento nestes ambientes

públicos. Assim sendo, foram escolhidos quatro locais para que a intervenção

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urbana dentro da cidade pudesse ser utilizada como meio da melhoria do

ambiente público.

A pesquisa aqui descrita partiu da premissa de ser um plano executável,

com intervenções que podem transformar a forma como a rua é vivenciada.

Neste sentido esta pesquisa justifica-se com base na análise de que os locais

escolhidos para estudo da implantação dos Parklets, se apresentarem como

locais, de percurso longo onde existem vastas vias asfaltadas de passagem e

acesso de veículos, e em contrapartida possuem calçadas inadequadas em

alguns pontos onde não possui nenhum ponto de permanência para as

pessoas, principalmente para o público que necessitam de locais de

permanência nas ruas como, idosos, crianças ou mulheres grávidas.

Nesta premissa tem-se como objetivo geral avaliar o potencial da

implantação de Parklets nas áreas objetos de estudo. Os objetivos específicos

são:

Realizar análises e estudos em referenciais teóricos pertinentes aos temas

apresentados;

Diagnosticar o uso e ocupação dos passeios em frente aos bares;

dimensionar a infraestrutura de passeio existente;

Avaliar os entraves da implantação dos Parklets na legislação municipal

elaborando um Decreto regulamentando tal implantação.

Na forma de resultados e discussões apresenta-se a realização de

entrevistas informais com os usuários do local objeto de estudo, mostrando a

viabilidade da implantação dos Parklets baseando-se nas opiniões obtidas e

análise da legislação municipal.

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2. REFERENCIALTEÓRICO

A presente pesquisa abordou as questões referentes ao urbanismo

tático e intervenção urbana, e como estes conceitos podem influenciar na

paisagem urbana, interferindo diretamente na qualidade de vida da

comunidade.

Para o suporte teórico necessário serão abordadas questões relativas ao

espaço público, abordando o conceito de Parklet, seu surgimento, bem como

uma breve análise sobre calçadas e suas extensões. Será abordado ainda, o

urbanismo tático, relativamente a seu histórico, os motivos para a sua

utilização, bem como o surgimento de uma estratégia urbanística. O capítulo

trata também da intervenção urbana, especificamente, o seu papel, sua

importância em Caratinga e diretrizes para a implantação de Parklets em

Caratinga.

2.1. ESPAÇO PÚBLICO

No princípio do desenvolvimento da urbanização, as cidades eram

sinônimos de poder e modernidade.

Yado (2016) ressalta que o processo de urbanização das cidades foi

fruto das exigências do mundo lógico, para atender as novas necessidades

sociais de estrutura e emprego. A transição da manufatura para a indústria foi

um período marcado por um grande êxodo do campo para a cidade.

O Conceito de cidade pode ser entendido como a intervenção mais

radical, do homem na paisagem. Pode ser compreendida como a síntese da

civilização, cujo modo de vida permeia não apenas sua estrutura, mas toda a

sua região de influência, moldando um mundo urbano além das suas fronteiras.

A cidade é o lugar onde o homem pode desenvolver melhor as suas

faculdades intelectuais, dada à coexistência plural de grupos sociais; sendo

assim, um lugar onde se pode exercitar de forma ampliada a escolha de um

modo de vida mais diverso e, consequentemente, a liberdade (BRAGA E

CARVALHO, 2000).

Correa, (2009) define cidade como espaço urbano, ou seja, o conjunto

de diferentes usos da terra justapostos, espaços estes que são fragmentados e

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articulados, mantêm relações espaciais com as demais, ainda que de

intensidade muito variável.

De acordo com Yado (2016), as cidades podem ser consideradas como

paisagens contemporâneas, provenientes da ação humana, e que possui cada

dia mais uma opacidade e uma limitação da visão do horizonte devido aos

muros e grades. Cada cidade espelha o espaço real e o ilusório, entre o cênico

e o arquitetônico. Todo esse conjunto é o reflexo da cidade moderna.

Analisando a urbanização a partir do conceito expresso no dicionário

Aurélio (2002) encontramos, a definição de urbanização como sendo ”o

processo de criação ou de desenvolvimento de organismos urbanos segundo

os princípios do urbanismo; ou como conjunto do trabalhos necessários para

dotar uma área de infraestrutura (água, esgoto, gás, eletricidade, etc.) e/ou de

serviços urbanos (transporte, educação, saúde, etc), ou ainda como fenômeno

caracterizado pela concentração cada vez mais densa de população em

aglomerações de caráter urbano”.

Neste contexto de transformação dos centros urbanos se torna

importante uma análise aprofundada da influência que estas transformações

têm causado na ocupação dos espaços, bem como na sociedade como um

todo, e como o conceito de gentilezas urbanas podem trazer modificações

positivas para estes espaços, e como estas podem impactar a qualidade de

vida da comunidade em geral.

Segundo Boullón (2002), considera-se como espaço público aquele que

é de livre acessibilidade, que possui signos e marcas, que seja de uso comum

da sociedade. O espaço público, com todas as suas características, por meio

de sua dimensão físico-espacial e sociocultural, permite a todos o direito de ir e

vir, bem como descanso, contemplação e lazer. Obrigatoriamente, os espaços

públicos devem ser localizados em território próximo a conglomerados urbanos,

contribuindo para a organização social e o modo de vida da população.

Denardin e Silva (2011) trazem a definição de cidade e espaço urbano

como sendo uma representação da condição humana, onde o espaço é

transformado pela ação humana, tanto dentro como fora das regras

padronizadoras. De acordo com as diferentes necessidades de funcionalidade,

lazer e entretenimento é que o espaço público deve ser alvo de planejamento.

Sua constituição pode ser realizada por pessoas, elementos naturais e

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arquitetônicos, se modificando de acordo com a evolução social. A cidade é

composta por seus espaços abertos, que são logradouros, marcos, bairros,

setores, bordas e roteiros.

O espaço público nas cidades podem assumir diferentes formas e

tamanhos, como as calçadas, praças, avenidas, todos estes compõem a malha

urbana e são considerados espaços públicos próprios para a circulação e ou

permanência das pessoas que ocupam as cidades e consequentemente os

espaços urbanos.

Para Gardezin (1996), o espaço público, pode se constituir tanto de um

espaço físico, quanto social, o estudo do espaço público envolve também os

aspectos espaciais e os simbólicos e significativos da experiência humana,

englobando na sua definição conceitos de diferentes áreas do conhecimento:

arquitetura, psicologia, antropometria, sociologia etc.

Com efeito, segundo Gomes (2002), os espaços públicos abrigam em

sua configuração física as práticas e dinâmicas sociais que ali se desenvolvem,

tornando-o um conjunto indissociável das formas com as práticas sociais,

estabelecendo uma relação direta entre a condição de cidadania e o espaço

público, ou seja, sua configuração física, seus usos e sua vivência efetiva.

Os espaços públicos nas cidades assumem inúmeras formas e

tamanhos, e estes abrangem lugares designados ou projetados para o uso

cotidiano, cujas formas mais conhecida são as ruas, as praças e os parques,

logo, a palavra “público” indica que os locais que concretizam esses espaços

são abertos e acessíveis a todas as pessoas (ALEX 2008).

Alex (2008) enfatiza ainda que para promover a vida pública nos

espaços públicos, deve-se primeiramente garantir o acesso público para que

aconteça o uso coletivo como forma de apropriação desses espaços

Com relação ao uso dos espaços públicos, Gehl e Gemzoe (2002,)

verifica que as cidades sempre foram um lugar de encontro e reunião das

pessoas, um local de troca de informações sobre a sociedade e também lugar

de eventos importantes como, coroações, procissões, festas e festivais. Os

padrões de uso dos espaços públicos variaram no decorrer da história e apesar

dessas diferenças sutis, os espaços públicos sempre se fundou como lugar de

encontro, comércio e de circulação. espaços públicos o reflexo da realidade

das transformações ocorridas na cidade.

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De acordo com Gehl e Gemzoe (2002), a função dos espaços públicos

está ligada ao conjunto de atividades e eventos que são realizados no espaço

urbano. As atividades realizadas nos espaços públicos podem ser divididas em

três categorias: necessárias, opcionais e sociais.

As atividades necessárias são aquelas rotineiras inerentes ao hábito

diário da população como o percurso que um determinado cidadão segue do

deu local de trabalho para sua residência, neste caso, a estrutura física do local

ou as condições ambientais não influenciam na utilização destes espaços pelo

ente utilizador. A atividade opcional como o próprio nome sugere são opções

particulares de cada individuo, seja para lazer, interação com outras pessoas

ou outros fatores. Já as atividades sociais são aquelas que ocorrem em locais

públicos e dependem exclusivamente da inteiração entre as pessoas.

2.1.1. Parklets

Os Parklets podem ser definidos como áreas de construção contíguas,

como por exemplo, às calçadas, que tem por objetivo a estruturação de

espaços criados para convívio e lazer da comunidade e até mesmo local de

passagem d pedestres tendo em vista que na atualidade as cidades de modo

geral estão muito mais adaptadas aos veículos do que as pessoas, onde havia

anteriormente vagas de estacionamento de carros. Os primeiros Parklets

documentados são da cidade de São Francisco, Califórnia, Estados Unidos.

Estes espaços podem permitir a convivência harmônica de pedestres e

ciclistas.

Degreas (2016) define Parklets como sendo espaços públicos

contemporâneos, de característica efêmera que são criados à partir de

arquitetura temporária e que podem ser implantados em áreas com grande

circulação de pedestres. Há a existência de alguns Parklets implantados na

cidade de São Paulo onde se pode visualizar Parklets que foram criados em

áreas comerciais com o objetivo de proporcionar aos transeuntes uma

experiência de sociabilidade pública. Estes espaços são exemplos de

gentilezas urbanas, haja vista que a cidade é um espaço cinza e intimidador

por seu tamanho e a criação desses espaços traz áreas de bem-estar dentro

do gigantesco espaço da cidade.

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O crescimento das cidades, aliado ao aumento do consumo e o estilo de

vida, leva a vivencia na área urbana a um ritmo agitado, de correria e estresse,

com poluição visual, atmosférica, sonora e outras. Neste sentido justifica-se a

busca por maneiras de suavizar a paisagem e trazer locais de interação social

que afastem-se dessa realidade.

A criação de um Parklet é a intenção de se criar um meio de diálogo com

a sociedade, visando levantar o debate de questões relacionadas à ocupação

do espaço público e sua utilização pelas pessoas ocupantes das cidades. A

realidade vivenciada nas grandes cidades, faz com que o Parklet se torne uma

intervenção humana no espaço, fazendo com que sua utilização seja

democrática, promovendo um espaço de convivência e descanso.

Na imagem a seguir figura 1 pode se observar um modelo de Parklet em

espaço público:

Figura 1: Parklet – Na cidade de Belo Horizonte/MG

Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte, 2019

Nos grandes Centros Urbanos, ocorre que em inúmeras vezes devido a

conformação do espaço urbano, os pedestres tem seu espaço de passagem

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reduzido, utilizando o espaço público para passagem rápida. Os parklets são

locais criados para que o ambiente urbano traga mais conforto e comodidade

aos indivíduos, com calçadas mais largas, de trânsito fluído, com espaço para

lazer e convívio.

2.1.1.1. Surgimento dos Parklets

O termo “Parklet” surgiu em 2005, na cidade de San Francisco, nos

Estados Unidos, quando uma organização ativista de arte e design chamada

Rebar resolveu pagar o parquímetro de uma vaga de estacionamento e

transformá-la em um mini-parque por duas horas (Littke, 2016). De acordo com

o mesmo autor esse miniparque, o primeiro „Parklet‟, foi criado para gerar um

debate crítico sobre a qualidade e necessidade de espaços públicos.

Lado outro, ainda em 2005, como fruto da popularidade dessa

intervenção, nasceu o projeto Park(ing) day, na mesma cidade, visando

reclamar espaços públicos não utilizados e espaços orientados aos carros e

transformá-los em espaços públicos por um dia, o que acabou se tornando um

evento anual celebrado em diversas partes do mundo (Littke, 2016). Kelly

(2013) destaca que em 2011, como parte do Park(ing) Day, 975 miniparques

foram instalados em 162 cidades ao redor do mundo.

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17

Figura 2: Primeiro Park(ing) Day, São Francisco, EUA

Fonte: LOCHE, 2015

A grama sobre o asfalto, a sombra e o banco implantados sobre uma

vaga de automóvel foi reproduzida de tal forma que levou o grupo a criar um

manual do processo de implantação e projeto para a criação desses espaços

temporários. No mesmo período e com o objetivo de provocar, inspirar,

transgredir, resistir e obter o apoio da população para suas ações, alguns

coletivos cujas ações utilizavam técnicas intituladas guerrilla intervention

associadas ao tactical urbanism realizavam ações de intervenção no espaço

urbano, temporárias e de baixo custo com o objetivo de ressignificar lugares

urbanos inspirando comunidades de vizinhança a mudar sua percepção sobre

o uso do espaço urbano.

Muitos atores sejam da iniciativa privada, de organizações comunitárias,

do próprio setor público, ou de outras origens tomaram parte nessa

disseminação. No entanto, uma característica comum, uma vez que a

instalação do parklet seja regulada, é que os mesmos sejam propostos por

estabelecimentos comerciais privados como cafés e restaurantes, que se

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beneficiam com a sua implantação, ao mesmo tempo em que fornecem um

espaço público de qualidade para a comunidade local.

O que se observa é que esse tipo de solução representa um novo tipo

de parceria frutífera entra a esfera pública e a privada.

2.1.1.2. Calçadas e extensões sociais

O surgimento de um urbanismo menos programático e mais

experimental praticado por membros da sociedade civil organizados em

coletivos, ONGs e associações diversas de comunidades, vem difundindo

práticas culturais em áreas públicas especialmente fora do território brasileiro.

Suas ações são criadas a partir de estratégias de ocupação temporária com o

objetivo de ressignificar o espaço público das cidades planejadas para o

automóvel.

Trata-se de “arquitetura temporária” que, por meio de estratégias

associadas ao urbanismo tático, pode ser utilizada na criação de espaços

urbanos mais dinâmicos e com usos e funções diversificados para atender as

expectativas de pessoas. Para além das praças, parques e outros tipos

programáticos das cidades planejadas, os métodos aplicados pelos “urbanistas

táticos” junto à população podem ser excelentes ferramentas de interação entre

o poder público e a população colaborando na promoção de mudanças nos

espaços físicos de forma mais eficaz.

As praças e os parques urbanos em geral são categorias de espaços

livres públicos urbanos destinados à recreação e lazer das populações

urbanas. Para a implantação dos Parklets, o urbanismo programático

modernista misturou-se com ações ativistas estrangeiras antecipando

demandas, incluindo em sua Agenda Urbana as reivindicações de grupos

ativistas estrangeiros e criando, por meio de decreto, a possibilidade de

implantação desses equipamentos temporários em áreas comerciais de grande

fluxo de pessoas e calçadas estreitas utilizando como instrumento as parcerias

público-privadas.

Por outro lado, as calçadas vão muito além de cumprir a função de

viabilizar o deslocamento de pessoas entre diferentes locais do território

urbano. As calçadas são também locais de passeio. A partir deste espaço

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19

linear, o cidadão pode contemplar o espaço livre público, os edifícios que

compõem a paisagem, a movimentação das pessoas, sentir o sol e o vento,

apreciar as praças e os jardins.

Conectadas ao sistema viário das cidades, as calçadas se vinculam

fisicamente às ruas. Ruas estas que desempenham funções distintas no

sistema de circulação, transporte e mobilidade das cidades contemporâneas.

São formas espaciais tais como ruas e avenidas de diferentes hierarquias e,

com elas, calçadas para atender a circulação dos pedestres além de rotatórias,

canteiros centrais também funcionalmente destinados não só para a mobilidade

do cidadão como também destinados à recreação e lazer da população.

Rotatórias e canteiros centrais transformam-se, por meio da incorporação de

mobiliários e equipamentos públicos em praças e locais de estar da população

e são, muitas vezes, inapropriadas ao convívio e ao uso humano quer pelas

dimensões inadequadas quer pela localização em avenidas de tráfego intenso

por exemplo.

O nível de civilidade de um lugar pode ser mensurado a partir da

qualidade do espaço público destinado aos cidadãos. No Brasil, o espaço

público nasceu como herança da fundação das cidades: quer por doações,

desapropriações ou por obrigações legais vinculadas ao loteamento de terras,

estes espaços nasceram como sobras, resíduos da esfera de vida privada.

Culturalmente, a maneira como os espaços destinados à vida pública foram

criados, é fundamental para a compreensão da forma urbana contemporânea

das calçadas e dos demais tipos de espaços destinados ao caminhar nas

cidades.

Destaque-se que a estrutura fundiária associada à geografia local e às

características climáticas condiciona a construção de uma cidade, bem como

seu sistema de circulação e também, os seus espaços públicos e privados

interferindo sobremaneira na qualidade de apropriação.

O principal espaço livre das cidades brasileiras é a rua ou ainda, o

sistema viário. É nele que ocorre grande parte da vida cotidiana da sociedade

urbana e que, por meio de suas calçadas, conecta aos demais tipos de

espaços como os parques, as praças, os mirantes, os calçadões, as florestas

urbanas, as reservas naturais, as lagoas, as praias, entre outros, completando

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os espaços destinados à população. As ruas são anteriores ao automóvel que

hoje, determina, o forma das cidades e dos espaços livres públicos urbanos.

Segundo Degreas (2016), as calçadas brasileiras apresentam

dimensões que estão aquém das necessidades para a circulação segura e

confortável do pedestre. Quando existem, tem cerca de um metro e meio,

mesmo em áreas de grande fluxo de pedestre com aquelas localizadas em

regiões comerciais ou próximas do acesso de sistema de transporte como

metrô. Apesar do apreço da população brasileira pelo plantio de elementos

arbóreos em calçadas, a medida se torna inviável pelo dimensionamento

existente.

Pela figura 3 é possível identificar que no município de Caratinga a

problemática das calçadas inadequadas se repete.

Figura 3: Calçada sem dimensionamento ideal

Fonte: Acervo da autora (2019)

Além de estreitas, as calçadas, muitas vezes, apresentam vários

materiais, elementos vegetais em ambos os lados, equipamentos públicos

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como postes e fiações além de degraus para viabilizar o estacionamento dos

automóveis nas garagens frontais das residências.

2.2. URBANISMO TÁTICO

A dimensão pública dos espaços é reduzida, com sua substituição pela

oferta de serviços e consumo. Se a burocracia estatal e o livre mercado tiram

das mãos dos habitantes as decisões sobre seus espaços públicos, a única

forma pela qual eles podem ver seus anseios respondidos é se organizando de

forma independente e autônoma com relação ao Estado.

Nesse sentido, as ações de urbanismo tático estão ligadas à apropriação

de espaços públicos subutilizados ou terrenos baldios pelas próprias

populações locais. Na maioria das vezes elas envolvem a construção de

protótipos urbanos de baixo custo, com natureza efêmera ou permanente. Os

espaços urbanos são então ativados pela força do trabalho conjunto em torno

de alguma melhoria física local ou proposição de novos usos, envolvendo uma

série de processos colaborativos e horizontais de decisão.

Lado outro, o termo “tático”, segundo Lydon e Garcia (2015, p. 2), refere-

se às ações de pequena escala que servem a grandes propósitos. Urbanismo

tático seria então, segundo os pioneiros do conceito, a abordagem que utiliza

ações rápidas e de fácil execução para demonstrar possibilidades de mudança

de longo prazo e em larga escala através de pequenas intervenções,

significando uma resposta rápida para circunstâncias específicas do século XXI

(Duany, 2015, p. XI).

Convém destacar que o urbanismo tático se alinha com as ações de

direito à cidade, atuações que priorizam o espaço público como lugar para o

engajamento democrático e não como um negócio (Ferguson, 2014, p. 15), e

muito menos como um espaço para o usufruto de poucos privilegiados. Sendo

assim, alia a reconquista do espaço físico à reivindicação também do espaço

político.

As ações realizadas no aspecto do urbanismo tático podem servir como

etapas de um projeto maior (fase zero de implantação), na medida em que

consideram como horizonte a grande transformação, porém atuam taticamente

em uma ação parcial e ágil como teste da ideia e de sua aceitação pela

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comunidade, em um processo de tentativa e erro (Lydon e Garcia, 2015, p. 3).

Dessa maneira, a abordagem surge na tentativa de romper o impasse e

morosidade do grande planejamento, atuando através de projetos e políticas

flexíveis e ajustáveis, sem perder de vista o longo prazo e os objetivos em

grande escala.

2.2.1. Histórico do urbanismo tático

O termo urbanismo tático foi registrado pela primeira vez em 1996 para

designar, segundo Lydon (2011) e Steffens e Vergara (2013) “um protótipo de

curto prazo que pode dotar de informações para o planejamento de longo

prazo”, sendo “construída a partir de grupos de pessoas empoderadas, ou seja,

urbanismo cidadão” de forma a reconhecer “o valor das ações informais no

espaço público e incorporar na forma de políticas públicas urbanas inclusivas

de longo prazo”.

Desse modo, nota-se que essa estratégia assume o papel de uma nova

metodologia de construção de cidade tendo a sociedade civil como o principal

ator, transformando o processo de tomada de decisões – deixando de ser

apenas uma decisão top-down (em função dos interesses dos detentores do

poder local, geralmente o Estado e a iniciativa privada) para aproximar aos

anseios da população. Geralmente associada a performances da sociedade

(individuais ou organizadas), o Urbanismo Tático, também, pode ser uma

iniciativa “de departamentos municipais, governo, desenvolvedores e/ou

organizações sem fins lucrativos para testar ideias ou promover mudanças a

curto prazo” (LYDON; GARCIA, 2015). Essa abordagem centrada no cidadão

para a construção do bairro, caracterizada por intervenções de curto prazo e de

baixo custo destinadas a catalisar a mudança a longo prazo (LYDON, 2014),

traz consigo alguns padrões comuns.

Mike Lydon (2012) leciona sobre cinco características que agrupadas

definem o Urbanismo Tático, e o diferencia de outros conceitos similares, quais

sejam: (1) Visão: uma abordagem iterativa6 e intencionada para instigar

mudanças a longo prazo; (2) Contexto: a oferta de soluções locais para os

desafios do planejamento local, aproximando o resultado às necessidades e

anseios da população; (3) Agilidade: compromisso de curto prazo e

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expectativas realistas; (4) Valor: assumir pequenos riscos com possibilidade de

recompensas maiores; (5) Comunidade: desenvolvimento de capital social;

construção de capacidade organizacional e fortalecimento da identidade local.

Soma-se a essas características mais duas categorias reincidentes nos

discursos sobre urbanismo tático: uma que trata do procedimento, em que a

cidade é tida como um laboratório de experimentação, como o próprio Lydon

(2011) caracteriza as intervenções do urbanismo tático; e outra, a legalidade,

em que o grau de formalização/autorização das ações que variam de:

intervenções não sancionadas que é, segundo Tyrväinen (2015), “uma forma

de intervenção („tática‟), que não é legalizada, aprovada pela autoridade, com o

objetivo de alterar ou acrescentar algo no ambiente urbano”, podendo “ser

percebido como uma contrapartida para a forma estabelecida de planejar,

desenvolver e organizar a cidade.”; intervenções sancionadas, quando as

intervenções temporárias são aprovadas por uma autoridade, instituição ou

quando este desempenha parte da intervenção, se utilizando da ação como

ferramenta para o planejamento urbano; e intervenções semi-sancionadas, que

é usado para descrever o que está entre as formas não sancionadas e

sancionadas, representando ações que não são tão radicais quanto as não

sancionadas, mas que são reconhecidas pela autoridade e por isso, em alguns

casos, é autorizado, nem que seja subjetivamente.

A defesa de que a cidade deve ser construída através de um processo

colaborativo, expressa na frase “As cidades tem a capacidade de proporcionar

algo para todos somente porque e somente quando, são criadas por todos”

(JACOBS, 1961), é onde se baseia o Urbanismo Tático, “ao acreditar que a

inclusão da cidadania na criação do espaço urbano é essencial para enfrentar

os complexos desafios da nova era urbana” (STEFFENS; VERGARA, 2013).

Diferente dos processos burocráticos do planejamento urbano, esta

abordagem permite a uma série de atores locais experimentarem novas táticas

e novos conceitos buscando melhorias em pequena escala antes de assumir

grandes compromissos políticos ou financeiros.

Por fim, Urbanismo Tático é uma estratégia de intervenção no espaço

urbano com elevado potencial de participação da população em todas as

etapas do processo. O grande destaque é a possibilidade de experimentação

das intervenções que são construídas de forma leve, rápida e com baixo custo,

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e depois de implantadas são analisados os resultados decorrentes da

apropriação pela população local para assim tornarem-se intervenções

permanentes.

2.2.2. Por que utilizar o urbanismo tático

Uma razão para se utilizar o urbanismo tático é que sua abordagem

pode ser aplicada na fase de avaliação e coleta de dados que irá embasar o

desenvolvimento de um projeto, como ferramenta de participação popular em

ações lideradas pelo setor público ou, ainda, como forma de expressão cívica

no espaço urbano, no caso de iniciativas lideradas por grupos comunitários ou

organizações não governamentais.

O método do urbanismo tático traz benefícios que abrangem ao mesmo

tempo as cidades e as pessoas, tais como: inspirar ações e estimular a

implementação de novos projetos; chamar a atenção para lacunas políticas ou

de desenho urbano e permitir que as pessoas experimentem fisicamente uma

rua diferente; ampliar a participação social, uma vez que projetos de urbanismo

tático possibilitam que as pessoas expressem suas visões e preferências a

partir da vivência prática; aprofundar a compreensão das necessidades locais,

seja na escala do bairro, de uma quadra ou apenas de um edifício; coletar

dados a partir da experiência real de uso das vias e espaços públicos;

estimular as pessoas a trabalharem juntas de novas maneiras, fortalecendo

laços entre vizinhos, organizações, comércio local e poder público, bem como,

testar elementos de um projeto ou plano antes de fazer investimentos políticos

ou financeiros em intervenções permanentes.

Uma das referências de implementação bem-sucedida de um projeto de

urbanismo tático é a cidade de Nova York, nos Estados Unidos. A cidade

transformou a área da Times Square, aumentando o espaço dedicado aos

pedestres como se pode observar na figura 4.

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Figura 4: Projeto de urbanismo tático na Times Square, Nova York, EUA.

Fonte: WRI Brasil, 2018

A figura 5 mostra os projetos do Centro Aberto, que são outro exemplo

de urbanismo tático, aproveitando estruturas já existentes através de novos

usos e, com isso, conferindo novos sentidos aos lugares.

Figura 5: Projeto do Centro Aberto na cidade de São Paulo

Fonte: WRI Brasil, 2018

Como pode-se notar, no Brasil também já temos muitos exemplos da

aplicação do urbanismo tático, como as cidades de Fortaleza e São Paulo.

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2.2.3. Surgimento de uma estratégia urbanística

O urbanismo tático é estruturado em muitos debates e terminologias,

que são, no entanto, bem recentes apesar de não ser um fenômeno novo. A

arquitetura temporária e portátil tem sido usada em inúmeros aspectos da

atividade humana, como em atendimentos médicos e na habitação, desde as

tendas Yurts dos povos nômades da Mongólia até as casas de papelão de

Shigeru-Ban para vítimas de fenômenos naturais. De acordo com Rieff (2011)

também podemos encontrar muitos exemplos de pavilhões de exposição e

instalações artísticas temporárias, como o Serpentine Pavilion de 2016,

localizado em Londres e projetado por Bjarke Ingels Group, no campo das

artes.

Figura 6: Serpentine Pavilion de 2016, Londres

Fonte: Bruna Sato, 2016

De outra banda, Lydon (2012) ressalta que a propagação do urbanismo

tático foi determinada pela desaceleração do crescimento econômico norte

americano, que obrigou órgãos públicos, cidadãos e urbanistas a concentrarem

seus esforços em ações pequenas e eficazes nas cidades.

Destaca-se também o aumento de pessoas, principalmente jovens e

aposentados, habitando áreas não muito valorizadas. Essa desvalorização vem

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provocando nessas pessoas o interesse em promover melhorias em seus

bairros e ruas.

A internet também vem sendo utilizada como ferramenta para promover

o urbanismo tático, por meio da facilitação de publicação de manuais que

orientam na formação de agentes que buscam melhorias e até mesmo

financiamentos para o desenvolvimento de projetos de urbanismo tático em

seus bairros.

2.3. INTERVENÇÕES URBANAS

A intervenção urbana refere-se ao ato de transformar o espaço urbano,

em busca de criar novos cenários, ressignificar o cotidiano, buscar resolução

de adversidades e estudar um ambiente e compreende manifestações

artísticas, dentro da diversidade das artes, visuais, arquitetura e design, além

de outras áreas que auxiliam no desempenho de tal tarefa. De acordo com

Silva (2008), a relação de intervenção baseia-se na quebra da rotina, em

repensar o espaço expondo o inusitado até mesmo como protesto e solicitação

de providência.

Por outro lado, a cidade reúne uma grande quantidade de indivíduos, no

entanto as interações sociais são limitadas, fazendo os espaços urbanos

funcionarem apenas como circulação entre locais. Considerado a necessidade

de busca da convivência coletiva e troca de experiências existe a demanda de

se ocupar esses espaços e, nesse sentido, a intervenção urbana traz um

impacto essencial na rotina. Conforme destaca Silva (2008), por meio da

interferência no espaço, tem-se a possibilidade da interação entre estranhos,

uma troca de conceitos, brevemente caracterizando a realidade.

As intervenções urbanas admitem uma apropriação dos espaços

públicos, transformando-os em locais de convivência, uma vez que ocupar as

cidades é mais do que habitá-la. Nesse sentido, os parklets proporcionam aos

usuários um melhor uso das calçadas, sendo mais democrático e permitindo

que este seja produzido por quem os desfruta como espaço de convivência.

Por meio da arte das intervenções, a integração de símbolos expressivos feitos

de maneira incomum provocam impactos nos indivíduos, retirando-os de seus

sentidos passivos aos espaços e designando-os a uma visão abrangente sobre

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o meio comum. Esses projetos buscam favorecer a interação social, visando de

várias maneiras a alteração do espaço público (COSTA, 2015).

Como ressalta Silva (2008), tais intervenções podem ter muitos tipos e

variados portes, desde pequenas iniciativas artísticas, trabalhos pequenos,

colagens de cartazes, adesivos, pintura de paredes e ruas, até estruturas

temporárias como parklets e projetos com estruturas permanentes e de grande

porte. A duração de uma intervenção pode ser de minutos ou anos, a depender

do objetivo. E, por outro lado, seus resultados são atemporais.

Projetos para soluções a longo prazo, para problemas de partes

abandonadas ou problemáticas das cidades surgiram como modelos de

intervenção urbana. Estes projetos denominados como renovações,

revitalizações ou ampliações buscam devolver a estética, conexões, auxiliar a

novas centralidades, ampliar locais coletivos e também instalar parques, dando

novo uso principalmente aos vazios urbanos. Em algumas ocasiões os projetos

têm auxílios não só público como privado, podendo ter ligações de programas

de integração e implantação de infra-estrutura. Rossetto e Rezende (2007)

destacam que uma vez que o impacto deste pode auxiliar

socioeconomicamente a cidade e região.

2.3.1. O papel das intervenções urbanas

As intervenções, principalmente em centros urbanos, possui mais do que

uma análise de patrimônio, herança histórica, caráter utilitário e funcional das

estruturas urbanas, ela busca, essencialmente, localizar quais são as

necessidades do meio. Seu conceito atende determinações urbanas,

provenientes das ciências biológicas. Bacin (2018) define como um ato

cirúrgico que se intervêm em situações de reabilitação, cura, preservação,

acidentes e também padrões estéticos. E ainda, como estímulos que

encaminham estas intervenções são considerados pelo papel fundamental

desses centros em relação aos seus cidadão e visitante, sociabilidade

existente, infraestrutura, mudanças nos padrões sociodemográficos e

deslocamentos pendulares.

Lado outro, a partir de tal visão, as ruas, praças e edificações são locais

de convivência, já que influenciam e são influenciados pelo comportamento

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coletivo. Costa (2015) destaca que no caso das intervenções artísticas, elas

auxiliam na compreensão prática dos resultados obtidos em pesquisas

teóricas, sobre um local em questão, trazendo à tona novas questões as quais

só podem ser constatadas em realização efetiva. Da mesma forma se investiga

em diversos pontos de vista os episódios decorrentes diariamente no espaço

em estudo. Segundo Costa e Lopes (2018), além de uma reeducação sobre as

formas como os espaços públicos devem ser conservados e impactam

positivamente se dadas as utilidades adequadas, estas intervenções trabalham

na reflexão, capacitação, e acumulam conhecimento que só são possíveis

através desse método de interações sociais.

As características das intervenções urbanas podem ser de variados

tipos, se adequando a cada perfil de local. Como exemplo, nas periferias a

segregação carrega uma bagagem histórica, as cidades seguiam os modelos

estéticos europeus, onde as elites procuravam distanciar a ralé, a qual se

caracterizava pela baixa renda, pessoas incultas, e não civilizadas. Desta

forma, a população pobre ocupou os locais menos favorecidos, formaram-se os

primeiros cortiços, e ocupações de morros. Desde então, a carência de

saneamento básico e demais infraestruturas é um indício das favelas. Nestes

locais, um método é a execução de intervenções que auxiliam na requalificação

local, e reeducação social. Estas trazem por vezes por meio da arte e cultura a

inserção dos indivíduos novamente ao meio coletivo (FERREIRA, 2005).

As intervenções urbanas com abordagem simples e efetiva envolvem

pesquisas teóricas e ações de análise dos espaços nos centros urbanos. Tais

intervenções são temporárias, possibilitando experimentar de forma real os

processos que serão necessários para posteriores projetos e alternativas

permanentes para tais locais (FONTES, 2018). Nesse sentido, pequenas

intervenções possuem o condão de criar e estimular breves transformações

graduais, proporcionando novas visões e diagnósticos que provocam

mudanças a longo prazo.

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2.3.2. Diretrizes para a implantação de Parklets em Caratinga

A proposta deste trabalho é de se avaliar a possibilidade de implantação

de Parklets na cidade de Caratinga. Para tanto, além dos projetos e pesquisas

de viabilidade, criou-se também uma proposta de Decreto que regulamentasse

a implantação, vez que o Município não conta com nenhuma legislação

pertinente à questão.

Após a realização de pesquisas sobre a legislação local e de outros

municípios que já têm intervenções urbanas realizadas por meio da

implantação de Parklets, entende-se que o Decreto deve, inicialmente, definir

seu conceito e sua destinação.

No Decreto deve constar a forma para a implantação de Parklets, a

relação de documentos necessários à implantação, os requisitos para o

desenvolvimento e implantação do projeto, além dos deveres que o

responsável pela instalação deve ter a partir do momento que obtiver a

autorização para a instalação do referido.

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3. METODOLOGIA

Partindo do princípio de que a pesquisa tem caráter exploratório, adotou-

se como estratégia o estudo de caso. Trata-se, portanto, de uma pesquisa

qualitativa e descritiva, onde o objetivo principal é realizar um levantamento de

campo a partir de visitas aos bares em horário de funcionamento noturno,

realizando conversas não estruturadas com usuários, bem como fazer

fotografias dos objetos de estudo.

Para tanto, foram feitas pesquisas a partir da revisão de literatura,

realizada em livros, boletins técnicos, artigos, sites, consulta de periódicos,

dissertações e teses referentes ao tema proposto.

Inicialmente, foi realizada uma busca por informações que pudessem

auxiliar na compreensão inicial do tema a ser desenvolvido, baseado em uma

pesquisa bibliográfica, utilizando como fonte principal artigos publicados sobre

o tema, dissertações, livros e sites. Na fase introdutória foram pesquisados os

conceitos sobre o espaço público, sobre Parklets, sobre o urbanismo tático e

sobre intervenção urbana.

Concluída a revisão bibliográfica, passa-se à realização de um estudo de

caso no município de Caratinga para a escolha das áreas a serem propostas

por essa autora o desenvolvimento de um projeto de política de intervenção

urbana.

Com base nas pesquisas realizadas sobre a história e características

gerais do município de Caratinga, chegou-se à escolha dos locais objetos de

estudo.

Para fundamentar a escolha dos locais e da política de intervenção

urbana que melhor se adequaria foi realizada também uma conversa informal

com os usuários dos bares situados nas áreas de estudo.

Após analisadas todas as informações levantadas durante o período de

estudo, foi realizada a triagem e organização dos dados, para então apresentá-

las num contexto lógico e conclusivo, elaborando, portanto, as considerações

finais.

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4. ESTUDO DE CASO

4.1. HISTÓRICO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DA CIDADE DE

CARATINGA

O município de Caratinga é cortado pela Br-116 (Rodovia Rio-Bahia),

ocupando uma área total de 1.258,69 km². O povoamento do município iniciou-

se verdadeiramente na secunda metade do século XIX.

De acordo com Mattos (2006), pode-se visualizar a localização do

município de Caratinga na figura 7: Figura 7: Localização do Município de Caratinga

Fonte: Mattos (2006)

Na figura 8 tem-se o destaque da localização do Município de Caratinga

no mapa do Estado de Minas Gerais.

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Figura 8: Município de Caratinga

Fonte: Google (2019)

Registros ressaltam que inicialmente foram encontrados na região

enorme quantidade de cará branco ou Caratinga (por isso a denominação da

cidade.

Em 1867 foi celebrada a primeira missa pelo sacerdote Pe. Maximiano.

Nesta época a capela situada próximo ao que hoje corresponde ao Distrito de

Sapucaia, era o único sinal de civilização a uma terra que ainda parecia

segregada e inóspita.

Segundo Do Val (1968) conforme era loteada e vendida, a área onde

estavam delimitados os limites do município foi sendo ocupada cada vez mais

por propriedades rurais. Com a construção de estradas de ferro vindas do

norte, muitos lavradores começam a interessar-se ainda mais pela região.

Em 06 de fevereiro de 1890 foi criado o município de Caratinga, com

superfície de 10.572 km2 e uma população de 25.000 habitantes. Em 03 de

novembro de 1891 foi criada a comarca de Caratinga. Pela lei nº 23 de 24 de

maio de 1892 a Vila de Caratinga foi elevada a cidade. Na época a cidade

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possuía 2km a sul e 1km a norte, com 10 ruas, 4 praças e um distrito eleitoral

de 470 eleitores (vale lembrar que negros, mulheres e crianças nesta época

ainda não votavam). A cultura forte já era o café.

Em junho de 1906 o município já contava com 90 mil habitantes, uma

extensão territorial de 10 mil km2 e doze distritos.

Em 1933 houve a construção da rede de água e de esgoto e a

construção do jardim das palmeiras, na praça Cesário Alvim, que hoje é um

dos símbolos do município.

Em 1942 houve o calçamento da cidade com paralelepípedos. Em 1944

se deu a construção do Palácio Episcopal. No governo de Getúlio Vargas o

município é premiado com a construção da rodovia Rio-Bahia, o que deu

enorme impulso à economia da região.

Atualmente o município de Caratinga está inserido na região VIII

denominada Rio Doce e na microrregião homogênea da Mata de Caratinga, na

porção leste mineira.

O município de Caratinga é cortado pela rodovia BR-116 (Rio-Bahia) no

sentido Norte-Sul, por rodovias estaduais: Caratinga - Bom Jesus do Galho,

Caratinga – Entre Folhas – Vargem Alegre, a rodovia federal Caratinga –

Ipanema (parcialmente asfaltada) e estradas vicinais municipais, que oferecem

condições de trânsito para todas as vilas e povoados do município.

Com a emancipação de vários distritos, a área do município que até

1992 era de 2204Km2 passou para 1655Km

2 e mais recentemente, em 01-01-

1997, para 1258,69Km2 com a emancipação de mais de 3 distritos.

Atualmente o município está dividido em 11 distritos sendo eles:

Cordeiro de Minas; Dom Modesto; Dom Lara; Santa Efigênia de Caratinga; São

Cândido; Santa Luzia de Caratinga; Santo Antônio do Manhuaçu; Patrocínio de

Caratinga; Sapucaia; São João do Jacutinga.

No Brasil, as características de formação das cidades que conhecemos

hoje começaram a aparecer somente no século XIX. É nesta mesma época

que se dá à instalação das primeiras ferrovias, dos telégrafos e das campanhas

de navegação que repercutiram muito no processo de urbanização do país.

Mas apenas na década de 70, que Caratinga, assim como inúmeros

outros municípios, começa a receber incentivos para o seu desenvolvimento

urbano. A ideia do governo vigente era incrementar o desenvolvimento de

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35

algumas cidades com intuito de tornarem-se referência regional e desta forma

absorverem mão-de-obra proveniente das altas taxas de migração.

Neste período, os incentivos para a área rural estavam quase

interrompidos, em resposta, houve um boom no êxodo rural, com destino as

grandes cidades. O inchaço populacional nas metrópoles brasileiras,

provocaram, e ainda provocam, consequências desastrosas no cenário urbano:

subempregos, violência, moradias inadequadas, doenças, dentre outros.

A partir desta década, observa-se um ritmo mais acelerado de

crescimento urbano em Caratinga. Este fenômeno pode ser observado e

comparado; onde pode-se ver a tendência de adensamento e verticalização no

centro da cidade, assim como o aumento da área urbana.

Nas últimas duas décadas, além da significativa contribuição da

produção cafeeira para a economia local, ainda conta-se com a expansão dos

cursos de graduação na cidade, onde são atraídos estudantes de outros

municípios e até de outros estados, que vem se especializar em uma das

muitas áreas disponíveis.

Assim sendo, o crescimento urbano do município registrou um

crescimento significativo nas últimas duas décadas, marcado não somente pelo

crescimento desordenado e o aparecimento de mais periferias, como a

mudança da paisagem com o aparecimento de novos loteamentos, reformas

das antigas edificações por prédios e comerciais e residenciais.

Destarte, houve uma mudança na arquitetura da cidade trazendo uma

aparência de um centro urbano maior e mais desenvolvido, com o caos do

trânsito, crescimento do consumismo, grandes edificações, lixo pelas calçadas

e poluição. Assim sendo, podem ser identificadas várias áreas na cidade onde

podem ser utilizados princípios de urbanismo tático, visando a criação de um

local de interação social e de desenvolvimento da arte por meio de grafite e

outras técnicas.

4.2. OBRA ANÁLOGA

Atualmente no cenário brasileiro várias cidades já aderiram a

implantação de Parklets como forma de intervenção urbana e busca pela

melhoria e interação do meio urbano com a sociedade. No âmbito nacional

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brasileiro cidades como São Paulo, Vila Velha, Porto Alegre e Belo Horizonte já

aderiram à ideia da utilização dos Parklets, como forma de interação e

pertencimento da população com o meio urbano. Nestas cidades os Parklest

são utilizados, como intervenções urbanas de caráter local, implementadas em

áreas originalmente destinadas a vagas de estacionamento de veículos nos

logradouros públicos.

De maneira geral os municípios que decidem por desenvolver os

Parklets desenvolvem manuais de orientação como legislação a ser seguida

para orientação de construção dos Parklets.

Em Belo Horizonte Minas Gerais, os Parklets também são conhecidos

como varandas externas nas ruas. São mini praças ou stands que ocupam o

local de mais ou menos duas vagas de estacionamento para carros, permitindo

assim a criação de ambientes de inteiração e convivência para ciclistas e

pedestres. Os projetos para implantação dos Parklets podem ter características

próprias, entretanto os locais devem ser abertos e de fácil utilização de toda a

população. A figura 9 apresenta a imagem de um Parklet instalado na Savassi

em Belo Horizonte.

Figura 9: Parklet Savassi em Belo Horizonte

Fonte: CATRACALIVRE (2019)

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Neste contexto percebe-se que os Parklets também podem ser utilizados

como forma de urbanismo tático em cidades de médio e pequeno porte mais

que estão em constante desenvolvimento urbano, e necessitam de criar áreas

públicas de convivência e conforto para a população.

Neste estudo pretende-se utilizar como base as referências e os

resultados da construção dos Parklets já implantados no município de Belo

Horizonte para a possível implantação de um Parklet na cidade de Caratinga,

Minas Gerais. Como proposta sugere-se analisar a Avenida Marechal Deodoro

da Fonseca, a Rua Coronel Galdino Pires, a Praça Getúlio Vargas, além da

Rua Coronel Antônio da Silva, regiões que se encontram no centro da cidade

de Caratinga. Essas regiões foram escolhidas por serem locais centrais e de

grande circulação de pessoas e longo percurso, se apresentando como locais

viáveis para construção de um Parklet.

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5- RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com o inciso I do artigo 30 da Constituição Federal de 1988

compete ao Município legislar sobre assuntos de interesse local. Por outro

lado, o artigo 182 do mesmo Diploma Legal ressalta que será executada pelos

municípios a política de desenvolvimento urbano, cujo objetivo é o de ordenar o

pleno desenvolvimento das funções sociais de cidade, além de garantir o bem-

estar dos seus habitantes.

No município de Caratinga foi instituído o Código de Obras Municipal de

Caratinga através da Lei 1.613/1987. Em 2001 foi instituído o Estatuto das

Cidades, através da Lei 10.257, que trouxe normas gerais e instrumentos

jurídicos úteis na ordenação do espaço urbano.

No entanto, o município de Caratinga não atualizou a Lei 1.613/1987.

Hoje ainda vigoram normas que não se aplicam mais, tais como:

Art. 176. A iluminação e ventilação por clarabóias será tolerada em compartimentos destinados a escadas, despensas, galpões para depósitos, desde que a área efetiva das mesmas seja igual à metade da área total do compartimento. Art. 186. Todo e qualquer edifício de apartamentos além das prescrições deste Código que lhe forem aplicáveis, deverá satisfazer ainda as seguintes: § 1º - Se tratar de apartamento com dois ou mais dormitórios, é obrigatória a existência de dependências de serviço completas, constituídas de área de serviço, quarto de empregada e sanitário com banho.

Estes fragmentos demonstram que a legislação precisa de revisão.

Em relação ao tema deste trabalho a referida Lei não faz qualquer

disposição, visto que à época que foi sancionada a preocupação com a função

social da cidade ficava em segundo plano, não sendo importante sua

regulamentação.

Nos termos do artigo 11 da Lei 1613/87, logradouro público é o espaço

público destinado à circulação, transporte ou concentração pública. Por outro

lado, a mesma Lei dispõe, no inciso IX do artigo 51, que:

A construção de viveiros, galinheiros, telheiros, caramanchões, estufas e tanques para fins exclusivamente domésticos, com área inferior a 15,00 m2 (quinze metros quadrados), desde que não fiquem

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situados no alinhamento do logradouro nem sejam visíveis dos logradouros;

A implantação de Parklets ou outros projetos de intervenção urbana não

é mencionada em nenhum artigo da Lei 1613/87, apesar de já haver em outros

municípios essa preocupação com a função social da cidade. Caratinga não

tem qualquer legislação acerca do tema, embora nos dias atuais ser assunto

de grande relevância.

A proposta do Decreto visa justamente regulamentar o tema e atualizar o

que se refere ao assunto na Lei 1613/87.

Lado outro, como exemplo de legislação que se adequa às políticas de

intervenção urbana, tão necessárias para a função social das cidades, tem-se o

Decreto nº 55.045 de 16 de abril de 2014 do município de São Paulo

regulamentou a instalação e o uso de extensão temporária de passeio público,

Parklets.

O Decreto evidencia a implantação do Parklet como plataforma sobre a

área antes ocupada pelo leito carroçável da via pública, equipada com bancos,

floreiras, mesas e cadeiras, guarda-sóis, aparelhos de exercícios físicos,

paraciclos, dentre outros.

Baseando-se neste Decreto foi confeccionado um manual operacional

para implantar um Parklet no município de São Paulo. Este manual traz todas

as orientações necessárias, não só para as políticas públicas, como também

para as ações de iniciativa privada.

De acordo com o Manual a instalação dos Parklets pode ser de iniciativa

da Administração Pública, pessoas físicas ou jurídicas. Os custos referentes à

instalação, manutenção e remoção do Parklet são de responsabilidade

exclusiva do mantenedor (GESTÃO URBANA SP, 2014).

Segundo as informações contidas no Manual a implantação dos Parklets

objetiva humanizar e democratizar o uso da rua, tornando-a mais atrativa e

convidativa. A ampliação da oferta de espaços públicos destinados à

permanência na cidade é certamente um investimento na qualidade de vida da

população.

A proposta de implantação do Parklet na área objeto de estudo deste

trabalho busca alcançar, em linhas gerais, o mesmo objetivo que atenda à

população caratinguense.

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A figura 10 mostra a descrição para o processo de implantação do

Parklet de maneira resumida. Essa ilustração exemplifica como pode ser

desenvolvida uma possível política de intervenção urbana no município de

Caratinga.

Figura 10: Processo resumido de implantação de parklet

Fonte: Prefeitura de Belo Horizonte, 2015

O manual operacional para a implantação de Parklet na cidade de Belo

Horizonte mostra a viabilidade do desenvolvimento desta política de

intervenção urbana e baseando-se nele é possível notar as semelhanças com

os objetos de estudo deste trabalho, ficando evidenciada a viabilidade da

implantação no munícipio de Caratinga.

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41

6- LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO

As áreas objetos de estudo da presente monografia estão localizadas no

Centro da cidade de Caratinga – MG. As ruas em análise apresentaram as

características apropriadas para o estudo da implantação de Parklets.

Na figura 11 tem-se a área de estudo 1, localizada na Rua Marechal

Deodoro da Fonseca.

Figura 11: Rua Marechal Deodoro da Fonseca (área 1)

Fonte: Mapa elaborado pala autora no Google Earth, 2019

A figura 12 apresenta a localização da área de estudo 2, na Rua Coronel

Galdino Pires.

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Figura 12: Rua Coronel Galdino Pires (área 2)

Fonte: Mapa elaborado pala autora no Google Earth, 2019

Tem-se ainda a área de estudo 3, localizada na Rua Coronel Antônio da

Silva, determinada na figura 13.

Figura 13: Rua Coronel Antônio da Silva (área 3)

Fonte: Mapa elaborado pala autora no Google Earth, 2019

Por fim, a área de estudo 4 está localizada na Praça Getúlio Vargas,

conforme figura 14.

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Figura 14: Praça Getúlio Vargas (área 4)

Fonte: Mapa elaborado pala autora no Google Earth, 2019

No decorrer da confecção do presente trabalho, foram realizadas visitas

às áreas objetos de estudo para análise das características dos espaços, bem

como visitas aos bares situados nas regiões em horário de funcionamento, a

fim de realizar levantamento fotográfico do uso dos espaços, além de

conversas informais com os usuários e proprietários dos bares.

Pelo levantamento fotográfico realizado por esta autora é possível notar

que existem espaços não aproveitados que certamente poderiam ser utilizados

para a implantação de Parklet que atenderiam aos pedestres, principalmente

no uso diário, além dos próprios usuários dos bares que ali funcionam.

Na área 1, localizada na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, foi

realizado um levantamento fotográfico complementar a fim de ilustrar as

situações que podem demandar a instalação de parklets. Dentre as áreas

definidas como de maior viabilidade para implantação dos parklets na região

central do Município, essa conta com vários estabelecimentos que possuem

características apropriadas para uma possível implantação.

Assim, a figura 15 mostra um bar localizado na Rua Marechal Deodoro

da Fonseca que faz uso da calçada durante seu horário de funcionamento.

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Figura 15: Uso da calçada em horário noturno

Fonte: Acervo da autora, 2019

Na figura 16 é possível observar outro bar que, além do uso da calçada

para disposição das mesas, ocupa também parte da rua. Situação que pode

trazer transtorno ao trânsito da localidade. Figura 16: Vista do uso da rua para disposição de mesas do bar

Fonte: Acervo da autora, 2019

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Por outro lado, a figura 17 mostra o uso da calçada para disposição das

mesas na mesma localidade.

Figura 17: Ocupação da calçada para uso do bar

Fonte: Acervo da autora, 2019

A figura 18 mostra os demais bares que ficam localizados na área 1

objeto de estudo, na Rua Marechal Deodoro da Fonseca. Destaque-se, como

já mencionado, que essa região é a que apresenta maior concentração de

bares.

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Figura 18: Bares situados na área 1 objeto de estudo

Fonte: Acervo da autora, 2019

Dentre os estabelecimentos situados na Rua Marechal Deodoro da

Fonseca, o que apresentou melhor viabilidade para a implantação inicial do

Parklet foi o bar “Armazém Diesel”, conforme se verifica na figura 19.

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Figura 19: Área 1 – localidade para implantação do parklet

Fonte: Acervo autora, 2019

As calçadas dessa área medem entre 2,0m e 3,0m. Considerando que o

espaço existentem nas calçadas dessa área não são suficientes para atender

os usuários dos bares e os pedestres que passam por ali no horário de

funcionamento dos mesmos, seria benéfico para ambos uma estrutura que

pudesse ampliar o espaço por eles utilizado.

Na figura 20 tem-se a área 2, localizada na Rua Coronel Galdino Pires

que também apresenta viabilidade para a implantação de Parklets.

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Figura 20: Área 2 – viabilidade de implantação de parklet

Fonte: Acervo da autora, 2019

A área 3, localizada na Rua Coronel Antônio da Silva, apresenta

viabilidade para a implantação do parklet, conforme se verifica na figura 21.

Figura 21: Área 3 – viabilidade de implantação de parklet

Fonte: Acervo da autora, 2019

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Por fim, a área 4, localizada na Praça Getúlio Vargas, apresenta

características diferentes das demais. Como se verifica na figura 22, essa área

não conta com bares, no entanto, a implantação de Parklet nessa área

beneficiaria principalmente idosos que frequentam o banco e que, muitas vezes

ficam horas de pé na fila que se estende ao longo da calçada.

Figura 22: Área 4 – viabilidade de implantação de Parklet

Fonte: Acervo da autora, 2019

Conversando informalmente com os usuários dos estabelecimentos das

áreas objetos de estudo foi possível perceber que as opiniões se dividem

acerca da implantação de um Parklet nas localidades.

Os proprietários dos bares apresentaram receptividade com a ideia,

principalmente pelo fato das calçadas não atenderem a demanda de seus

estabelecimentos. Outros ficaram com receio da ideia, especialmente por

perderem vagas de estacionamento.

Desse modo, percebe-se que a ideia da implantação de Parklets no

município é de interesse da maioria dos usuários das localidades, embora,

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provavelmente por não conhecerem todos os benefícios da implantação,

alguns fiquem pouco a vontade com a possibilidade.

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51

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do exposto pode-se concluir que as intervenções urbanas são

excelentes ferramentas de melhoria contínua e proximidade da população com

o meio urbano. Sendo assim, após as analises realizadas nessa pesquisa

percebe-se que há a necessidade crescente das cidades de modo geral

buscarem a ampliação cada vez mais constante deste tipo de medida, tendo

em vista o crescimento constante das cidades.

Neste contexto optou-se por utilizar como estudo de caso regiões da

cidade de Caratinga que apresentam necessidade de um espaço maior para os

pedestres. Após as análises realizadas nestes locais pode-se concluir que são

regiões que apresentam grande potencial para implantação de políticas de

intervenção urbana como os Parklets, que, conforme já descrito nesta

pesquisa, são ótimas ferramentas de aproximação das pessoas com o meio

urbano e podem trazer muitos benefícios para os municípios.

Sendo assim, espera-se desenvolver um projeto de implantação de

Parklets na Rua Marechal Deodoro da Fonseca, Rua Coronel Galdino Pires,

Rua Coronel Antônio da Silva e Praça Getúlio Vargas, todas localizadas na

região central do município de Caratinga, com o objetivo de desenvolver um

local de permanência para a população em regiões de grande movimento de

veículos e pedestres, no intuito de fomentar esses locais públicos para que a

população tenha mais conforto e se sinta como parte integrante da cidade.

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ANEXO 1

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DECRETO Nº 228, DE NOVEMBRO DE 2019

Estabelece regras e condições para a instalação de “parklets” no

Município e dá outras providências.

O Prefeito de Caratinga, no uso das atribuições que lhe são conferidas

por lei,

DECRETA:

Art. 1º - Denominam-se parklets o mobiliário urbano de caráter

temporário instalado, em geral, em paralelo à pista de rolamento de veículos,

de forma a expandir o passeio público, com o objetivo de ampliar a oferta de

espaços públicos de fruição, providos de estruturas que visem ao aumento do

conforto e da conveniência dos cidadãos, tais como bancos, mesas e cadeiras,

floreiras, guarda-sóis, paraciclos e outros elementos destinados à recreação,

ao descanso, ao convívio, à permanência de pessoas e a manifestações

culturais.

Parágrafo único - O parklet e todo o mobiliário nele instalado serão

destinados ao uso público, não se admitindo, em qualquer hipótese, utilização

exclusiva por seu mantenedor ou outros interessados.

Art. 2º - A autorização para a instalação de parklet será concedida à

pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, e decorrerá de termo de

cooperação específico celebrado entre a Administração Municipal e o

proponente, do qual constarão as condições e regras para instalação e

manutenção do equipamento.

Parágrafo único - Os requisitos técnicos e operacionais para a instalação

de parklets são os previstos neste Decreto, os quais poderão ser acrescidos de

outros estabelecidos pela Secretaria Municipal de Obras Públicas, Transporte e

Logística, a partir da análise individualizada e específica das propostas

apresentadas.

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Art. 3º - O requerimento para instalação de parklet deverá ser

apresentado à Secretaria Municipal de Obras Públicas, Transporte e Logística,

e instruído com a seguinte documentação:

I - Tratando-se de pessoa física, o pedido deverá ser instruído com:

a - cópia do documento de identidade;

b - cópia da inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas - CPF;

c - cópia de comprovante de residência.

II - Tratando-se de pessoa jurídica, o pedido deverá ser instruído com:

a - cópia do registro comercial, certidão simplificada expedida pela Junta

Comercial do Estado ou Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, ato

constitutivo e alterações subsequentes, lei instituidora ou decreto de

autorização para funcionamento, conforme o caso;

b - cópia da inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas –

CNPJ.

III - projeto simplificado do parklet proposto, contendo:

a) identificação da via e endereço do(s) imóvel(eis) limítrofe(s) ao

equipamento, para referência de localização;

b) planta de situação, indicando o local para instalação do parklet,

contendo a identificação de todos os equipamentos, mobiliários urbanos e

vegetação existentes no passeio num raio de 30 (trinta) metros do local

proposto, dimensões e inclinações longitudinal e transversal do passeio;

c) projeto do parklet, contendo suas dimensões e descrição dos

elementos que serão alocados no equipamento;

d) fotografias do local.

§ 1º - O requerimento será objeto de análise pela Secretaria Municipal

de Obras Públicas, Transporte e Logística.

§ 2º - A representação gráfica do projeto e o procedimento para seu

exame e sua aprovação são objeto de Portaria a ser publicada pela Secretaria

Municipal de Obras Públicas, Transporte e Logística.

§ 3º - Em conjuntos urbanos ou em áreas limítrofes a imóveis de

interesse cultural, o requerimento deverá ser submetido à análise do

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58

Departamento de Patrimônio Cultural, integrante da Superintendência de

Cultura, Esporte, Lazer e Juventude.

§ 4º - As instalações com duração de até 24 h (vinte e quatro horas) são

isentas da necessidade de requerimento e celebração de termo de cooperação,

desde que se enquadrem nos parâmetros estabelecidos no art. 4º deste

Decreto.

Art. 4º - Para sua instalação, o parklet deverá obedecer às seguintes

condições:

I - estar localizado em via com velocidade regulamentada de até 40

km/h, salvo autorização específica da Departamento de Transportes e

Logística;

II - ser instalado a distância mínima da esquina de 5,00 m (cinco

metros), contados a partir do alinhamento dos lotes;

III - não ocupar vagas de estacionamento destinadas a idosos, a

pessoas com deficiência e outras que possuam regulamentação especial, bem

como áreas destinadas a carga e descarga ou embarque e desembarque,

salvo hipótese de remanejamento ou alteração da sinalização, a critério do

órgão de trânsito;

IV - não obstruir faixas de travessia de pedestres, rebaixos de meio-fio,

acessos a garagens, ciclovias, pistas de caminhada;

V - não obstruir pontos de ônibus e táxi;

VI - não obstruir o acesso a hidrantes, caixas de acesso e manutenção;

VII - resguardar as condições de drenagem da via, não interrompendo o

escoamento de água em sarjetas e não obstruindo bocas de lobo e poços de

visita;

VIII - apresentar proteção ao usuário instalada em todas as faces

voltadas para a pista de rolamento, devendo ser acessado apenas a partir do

passeio ou da área de circulação de pedestres.

IX - dispor de permeabilidade visual;

X - apresentar sinalização refletiva nas quinas voltadas para a via;

XI - dispor de balizadores ou solução semelhante para manutenção de

distância de segurança em relação às vagas de estacionamentos adjacentes;

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XII - atender às normas de segurança e acessibilidade;

XIII - ser removível;

XIV - não ocupar espaço superior a 2,20 m (dois metros e vinte

centímetros) de largura, contados a partir do alinhamento das guias, por 10 m

(dez metros) de comprimento em vagas paralelas ao alinhamento da calçada,

ou de 4,40 m (quatro metros e quarenta centímetros) de largura por 5 m (cinco

metros) de comprimento em vagas perpendiculares ou a 45º (quarenta e cinco

graus) do alinhamento.

§ 1º - Os parklets deverão ser preferencialmente implantados em áreas

com maior intensidade de fluxo de pedestres e vias com presença significativa

de comércio e serviço ou grande densidade de moradias.

§ 2º - Caso o passeio limítrofe, na extensão correspondente ao parklet,

não possua árvore, o responsável pela instalação deverá providenciar o plantio,

exceto nas hipóteses em que a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Serviços Urbanos o desaconselhar, conforme critérios técnicos.

Art. 5º - O interessado que obtiver a autorização para a instalação

do parklet ficará responsável pela confecção e segurança do mobiliário e de

todos os seus elementos, assim como pela realização dos serviços de

instalação, manutenção e remoção do equipamento, bem como pela

recomposição do logradouro quando da remoção, de acordo com os prazos e

condições do termo de cooperação celebrado, assim como por todos os custos

financeiros decorrentes.

Art. 6º - O parklet deverá dispor de placa informativa com dizeres e

dimensões a serem definidos pelo Executivo, esclarecendo que se trata de

espaço público, podendo o equipamento ser utilizado por todos.

Art. 7º - Será autorizada a instalação de placa indicativa da parceria

celebrada entre a pessoa física ou jurídica e o Município, com a finalidade de

divulgar a iniciativa da instalação do parklet pelo interessado, conforme padrão

a ser estabelecido pela Secretaria Municipal de Obras Públicas, Transporte e

Logística.

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Art. 8º - Na hipótese de qualquer solicitação de intervenção por parte do

Executivo, obras na via ou implantação de desvios de tráfego, restrição total ou

parcial ao estacionamento no lado da via, implantação de faixa exclusiva de

ônibus, bem como em qualquer outra hipótese de interesse público, o

mantenedor será notificado e será responsável pela remoção do equipamento

em até setenta e duas horas, com a restauração do logradouro público ao seu

estado original.

Parágrafo único - A remoção de que trata o caput deste artigo não gera

qualquer direito à reinstalação, realocação ou indenização ao mantenedor.

Art. 9º - Os casos omissos serão regulamentados pela Secretaria

Municipal de Obras Públicas, Transporte e Logística.

Art. 10 - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Caratinga, 05 de dezembro de 2019.

Welington Moreira de Oliveira

Prefeito Municipal