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FACULDADE DE INFORMÁTICA E ADMINISTRAÇÃO PAULISTA MBA Gestão de Projetos segundo as Práticas do PMI®
LETICIA DE OLIVEIRA COMPARINI
GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS UM
DIFERENCIAL PARA O SUCESSO DE PROJETOS
São Paulo
2010
LETICIA DE OLIVEIRA COMPARINI
GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS UM
DIFERENCIAL PARA O SUCESSO DE PROJETOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Informática e Administração Paulista, como um dos requisitos para a conclusão do Curso de MBA Gestão de Projetos segundo as Práticas do PMI®.
Orientador: Prof. Ms. Antonio Augusto Barbosa Camargos
São Paulo
2010
LETICIA DE OLIVEIRA COMPARINI
GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS UM
DIFERENCIAL PARA O SUCESSO DE PROJETOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Informática e Administração Paulista, como um dos requisitos para a conclusão do Curso de MBA Gestão de Projetos segundo as Práticas do PMI®.
Aprovada em xx de xxx de 20xx.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Ms. Antonio Augusto Barbosa Camargos Orientador
Dedico este trabalho a Deus, aos meus pais,
familiares e amigos que fazem parte
diariamente da minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, que me
permitiu realizar este curso de MBA e me
ilumina todos os dias da minha Vida para fazer
sempre as melhores escolhas e seguir pelos
caminhos mais adequados.
Ao meu orientador Augusto Camargos que
esteve disponível para me orientar e direcionar
em todas as etapas deste trabalho.
A minha família que colaborou em todos os
momentos de desenvolvimento e execução.
E a empresa que trabalho atualmente e meu
gestor que colaboram para meu
desenvolvimento pessoal e profissional.
RESUMO
Atualmente o número de projetos que não possuem sucesso em sua finalização ou não são finalizados cresce drasticamente e independente do tamanho do projeto ou da empresa que está realizando, em todos os projetos é fundamental o envolvimento de pessoas. Na era da informação as pessoas estão cada vez mais envolvidas e interessadas em seus projetos pessoais, que incluem crescimento profissional, portanto configura-se como papel principal dos gerentes de projetos manterem seus recursos ligados aos objetivos dos projetos e em constante aprendizado e desenvolvimento profissional. Neste trabalho defendemos a hipótese de que a gestão e o desenvolvimento adequados de pessoas é um diferencial no resultado final dos projetos, diante desta proposta, apresentamos as diversas formas existentes para motivação, modelos de gestão e desenvolvimento, a visão do Guia PMBOK® sobre a gestão de recursos humanos e gerenciamento de projetos e finalizando com três cases que apresentam claramente a diferença, nas empresas e nos projetos em que a gestão de pessoas foi aplicada e encarada como primordial à execução.
Palavras-chave: Gestão de Pessoas, Projetos, Motivação, Desenvolvimento.
ABSTRACT
Today, the number of projects that have not been completed successfully or were not completed has increased dramatically. Regardless of the size of a project or the company who is performing it, all people’s involvement with the project is essential. In the information age, people are even more involved and interested in personal projects, which also provides professional growth. Therefore, the lead role of Project Managers is to keep their resources related to a project’s objective through constant learning and professional development.
In this thesis we are defending the hypothesis that the appropriate management and development of people has a differential impact on the final result of projects. Based on this proposal, we present these various forms for motivational development and management models among people. Including also the vision of PMBOK® guide on the management of human resources and project management. Ending with three cases that clearly demonstrate the difference it makes in companies and projects where the management and development of people was implemented and seen as essential to execute any work.
Keywords: People Management, Projects, Motivation, Development.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
Figura 1 – Sete processos de Gestão de Pessoas em Projetos 14
Figura 2 – Pirâmide das hierarquias das necessidades de Maslow 18
Figura 3 – Liderança Situacional 27
Figura 4 – Roda do Desenvolvimento de Equipes 41
Figura 5 – Nível típico de custos e pessoal ao longo do seu ciclo de vida 46
Figura 6 – Grupos de processos de gerenciamento de projetos 48
Figura 7 – Os grupos de processos interagem em uma fase ou em um projeto 48
Figura 8 – Visão geral do gerenciamento dos recursos humanos do projeto 51
ii
QUADROS
Quadro 1 - Comparativo entre recurso e parceiro 15
Quadro 2 – Tipos/fontes de motivação 16
Quadro 3 – Definições e propriedades das necessidades de Aldefer 20
Quadro 4 – Principais diferenças entre as teorias X e Y 23
Quadro 5 – Características comportamentais dos líderes 28
Quadro 6 - Mapeamento de grupos de processos de gerenciamento de projetos e
áreas de conhecimento 49
Quadro 7 – Modelos gerenciais do século XX 56
LISTA DE SIGLAS
BSC - Balanced Scorecard
CRM - Customer Relationship Management
DSS - Decision Support System
EDI - Electronic Data Interchange
ERP - Enterprise Resource Planning
EAP - Estrutura Analítica do Projeto
EAR - Estrutura Analítica dos Recursos
EAO - Estrutura Analítica Organizacional
ERG - Existence, relatedness and growth
RACI - Responsible, Accountable, Consult and Inform
PMBOK® - Project Management Book of Knowledge
KPI - Key Performance Indicator
PDV - Plano de Demissão Voluntária
PDI - Plano de Desenvolvimento Individual
PMI® - Project Management Institute
RH - Recursos Humanos
RDP - Revisão de Desempenho e Performance
ZOPA - Zona de Potencial Acordo
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................10
1. GESTÃO DE PESSOAS .......................................................................................14
1.1. Teorias da Motivação .......................................................................................15
1.2. Processos de Motivação ..................................................................................22
1.3. Liderança..........................................................................................................25
1.4. Gerenciamento de Conflitos .............................................................................29
1.5. Gestão dos Relacionamentos ..........................................................................32
2. DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS ..................................................................35
2.1. Gestão de Competências .................................................................................36
2.2. Gestão do Conhecimento.................................................................................38
2.3. Desenvolvimento de Equipes ...........................................................................40
3. GESTÃO DE PROJETOS.....................................................................................44
3.1. Projeto ..............................................................................................................44
3.2. Gerenciamento de Projetos..............................................................................46
3.3. Gerenciamento de Recursos Humanos............................................................50
4. CASES ..................................................................................................................65
4.1. Fog Creek Software..........................................................................................65
4.2. Danone.............................................................................................................69
4.3. Itaú Unibanco ...................................................................................................73
CONCLUSÃO............................................................................................................79
REFERÊNCIAS.........................................................................................................81
10
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa se configura com trabalho de Conclusão do Curso de MBA em
Gestão de Projetos segundo as Práticas do PMI® da Faculdade de Informática e
Administração Paulista, realizada pela aluna Leticia de Oliveira Comparini,
apresentando as justificativas para escolha do tema e sua delimitação. Para
realização deste trabalho foram necessárias algumas pesquisas prévias sobre os
assuntos abordados.
Projetos são realizados por pessoas, ou seja, dependente das pessoas envolvidas,
obviamente o desenvolvimento de um projeto não depende somente de pessoas,
mas de sistemas, planos, cronogramas, fornecedores, órgãos reguladores, enfim
diversos outros aspectos, porém sem a colaboração dos membros da equipe, o
projeto não acontece. Por mais que o gerente seja preparado tecnicamente, tenha
anos de experiência ele não faz nada sozinho, o papel deste é justamente gerenciar,
coordenar, orientar, direcionar as pessoas que fazem parte da sua equipe e
qualquer outra pessoa que tenha um envolvimento no seu projeto.
O gerente deve desenvolver o papel de líder e para liderar sua equipe, ou uma
empresa, ou até um exercito, o principal desafio deste líder é conseguir que todos os
seus liderados se movam na mesma direção, ou mais comumente falando,
conseguir com que as pessoas envolvidas façam o que ele quer/precisa. E este
desafio aumenta proporcionalmente ao tamanho da equipe e do projeto, pois cada
pessoa possui características diferentes e um objetivo pessoal a alcançar, onde,
para que esta pessoa permaneça no projeto produzindo resultados positivos, seus
objetivos devem convergir com os objetivos do projeto/empresa empregadora ou
seus objetivos devem ser alcançados/desenvolvidos juntamente com os objetivos do
projeto, ou seja, a vida e o crescimento pessoal e profissional das pessoas não
podem parar para que o projeto seja concluído, eles devem caminhar juntos.
A gestão de recursos humanos tornou-se um processo chave para as organizações
e conseqüentemente para projetos, contribuindo para suas vantagens estratégicas,
atualmente é primordial para manter alta a motivação das equipes o
11
desenvolvimento das pessoas com a competência apropriada para seus trabalhos e
em projetos o responsável pela gestão dos recursos humanos é o gerente do
projeto.
Diante disso, os gerentes de projetos devem ser cada vez mais preparados para
lidarem com diversos tipos de pessoas e situações que ocorrem no decorrer dos
projetos.
O objetivo é defender a proposta de que a correta gestão e desenvolvimento de
pessoas na execução dos projetos têm total influência para o alcance do sucesso
como resultado final de projetos.
Delimitação do tema
Para defender a proposta deste trabalho, foram explanados alguns conceitos e
métodos em torno de assuntos referentes a pessoas e projetos. A presente pesquisa
se organizou em quatro capítulos. O primeiro capítulo explana e, baseado em
literaturas sobre o tema, conceitua a gestão de pessoas, teorias e processos
motivacionais existentes na história da administração de recursos humanos,
liderança, gerenciamento de conflitos e a gestão dos relacionamentos. Em um
segundo momento, é abordado o desenvolvimento de pessoas, investigando a
gestão de competências e conhecimento, na busca do desenvolvimento de equipes.
Em terceiro lugar é apresentada a gestão de projetos baseada no guia PMBOK –
Quarta Edição, seus processos e áreas de conhecimento, com ênfase em Recursos
Humanos, apresentando as evoluções dos modelos gerenciais e os papéis e
competências necessárias para um gerente, no gerenciamento eficaz de recursos
humanos. E finalizando, na quarta parte são apresentados três cases reais de
empresas que por terem uma correta e adequada gestão de pessoas obtiveram
sucesso nos resultados finais de seus projetos.
12
Justificativas para pesquisa
O tema desta pesquisa é de total relevância científica, visto que na Era da
Informação, o bem mais valioso da empresas são as pessoas constituindo seu
capital intelectual, levando este fato para o âmbito de projetos observamos total
aderência deste conceito, pois são decorrentes de ações das pessoas que os
projetos acontecem.
O interesse pessoal da pesquisadora advém do fato de interagir tanto no
desenvolvimento de projetos como com pessoas que compõem sua equipe
operacional, portanto os assuntos gestão, desenvolvimento e motivação de pessoas
fazem-se necessários para sua ascensão profissional.
A pesquisa foi considerada viável por haverem diversas fontes de consulta sobre os
assuntos desenvolvidos.
Referencial Teórico
Ao tratarmos do tema gestão de pessoas utilizamos o livro Recursos Humanos: o
Capital Humano das Organizações de Idalberto Chiavenato, que suportou neste
trabalho principalmente a diferença no tratamento das pessoas.
Para explanação das teorias e processos motivacionais, citamos Robbins, Huitt e os
próprios autores destes. Os temas liderança e conflitos foram desenvolvidos
baseados em Bergamini, Kotter, Silva, Vargas, Meredith e Mantel.
Autores como Senge, Peter Drucker, Nonaka e Takeuchi, Kane, Pfeiffer, Heldman,
colaboraram amplamente com assunto desenvolvimento de pessoas e equipes.
No que se refere à gestão de projetos, foi utilizado o guia PMBOK® - Quarta Edição
desenvolvido pelo Project Management Institute – PMI que traz todas as áreas de
conhecimentos, processos e boas práticas necessários à gestão de projetos nas
organizações, foi dada ênfase a área de conhecimento Recursos Humanos por estar
complemente ligada à gestão de pessoas.
13
Além destes, foram consultados outros autores, pesquisas na internet, e consulta a
revistas voltadas para os assuntos abordados para compor este trabalho e serão
referenciados nos momento adequados.
Objetivo
O objetivo é comprovar que a correta e adequada gestão de pessoas em projetos
afetam significantemente os resultados finais, apresentando cases reais para
embasamento da proposta.
Problema
Qual o impacto pode causar no resultado final do projeto, o mau gerenciamento e
desenvolvimento das pessoas constituintes da equipe?
Hipótese
O gerenciamento e desenvolvimento não adequado ou, a ausência destes, pode
comprometer o resultado final de um projeto.
Metodologia
Para o desenvolvimento do trabalho foram coletados os dados nos instrumentos
adequados, e foram empregadas técnicas aprendidas durante o curso, seguindo o
roteiro:
a) Leitura dos textos pesquisados;
b) Compilação das informações;
c) Entendimento e transcrição dos assuntos e conceitos abordados.
Além das referências utilizadas, houve também a pesquisa e apresentação dos
estudos de casos para embasar o trabalho.
14
1. GESTÃO DE PESSOAS
Pessoas e organizações formam o contexto da gestão de pessoas. As pessoas
interagem umas com as outras e devido as suas limitações, se agrupam a fim de
atingir um mesmo objetivo, este agrupamento é uma organização. Segundo
Chiavenato, uma organização só existe quando: “Há pessoas capazes de se
comunicarem e que estão dispostas a contribuir com ação conjunta, a fim de
alcançarem um objetivo comum.”
Com a dinâmica de projetos ao longo de suas carreiras profissionais as pessoas
interagirão com diversas organizações temporárias, então, o capital humano torna-
se o maior legado em projetos, e a capacidade de gerenciar este legado é um dos
maiores fatores de sucesso para alcançar o objetivo proposto nos projetos.
O papel da gestão de pessoas em projetos é obter o comprometimento das pessoas
envolvidas no desenvolvimento das atividades do projeto, buscando alcançar os
objetivos finais e conceder condições para que estas pessoas possam atingir seus
objetivos pessoais e individuais paralelamente.
No gerenciamento de recursos humanos o Guia PMBOK® (Project Management
Book of Knowledge) cita quatro processos onde esta implícita a gestão de pessoas,
para Travassos (2008) a gestão de pessoas em projetos é composta por um
conjunto de processos dinâmicos e interativos, conforme figura 1.
Figura 1 – Sete processos de Gestão de Pessoas em Projetos
FONTE: Mundo Project Management – Ano 4 N° 21
Planejar
Pessoas
Agregar
Pessoas
Alocar
Pessoas
Recompensar
Pessoas
Desenvolver
Pessoas
Manter
Pessoas
Monitorar
Pessoas
15
Além dos processos apresentados na figura no contexto de projetos, deverá ser feita
à escolha de como as pessoas que compõem esta equipe serão tratadas, como
recursos ou parceiros, no quadro a seguir Chiavenato compara as principais
diferenças no trato das pessoas/membros da equipe.
Pessoas como recursos Pessoas como parceiros
Empregados isolados nos cargos
Horários rigidamente estabelecidos
Preocupação com normas e regras
Subordinação ao chefe
Fidelidade à organização
Dependência da chefia
Alienação à organização
Ênfase na especialização
Executora de tarefas
Ênfase nas destrezas manuais
Mão-de-obra
Colaboradores agrupados em equipe
Metas negociadas e compartilhadas
Preocupação com resultados
Atendimento e satisfação do cliente
Vinculação à missão e à visão
Interdependência com colegas e equipes
Participação e comprometimento
Ênfase na ética e na responsabilidade
Fornecedores de atividade
Ênfase no conhecimento
Inteligência e talento
Quadro 1 - Comparativo entre recurso e parceiro
FONTE: Chiavenato (2006)
De acordo com Alexandre TRAVASSOS (2008), o gerenciamento de recursos
humanos é um desafio que não depende somente de ferramentas e métodos, mas
também de habilidades interpessoais, principalmente na seara da motivação e
liderança, que serão os tópicos abordados a seguir.
1.1. Teorias da Motivação
A palavra motivação (do Latim movere) é um processo psicológico que determina a
intenção (predisposição), a direção e persistência do comportamento. É
caracterizada como um fenômeno individual, de caráter intencional e multifacetada
(necessidades, motivos e incentivos).
Muitos teóricos da motivação supõem que a motivação esta sempre presente no
desempenho da pessoa, ou seja, um determinado comportamento não ocorrerá a
16
menos que seja energizado. Por outro lado, muitos pesquisadores vêem
erroneamente que a motivação é um traço pessoal, que algumas pessoas têm e
outras não, acham que se o indivíduo está desmotivado é porque é preguiçoso.
Porém as pessoas diferem em seus impulsos motivacionais, segundo Robbins
(1999) a motivação não depende necessariamente da pessoa e sim da situação.
Além dos impulsos, devemos considerar que o nível de motivação varia tanto entre
indivíduos quanto em cada indivíduo em tempos diferentes.
O indivíduo que possui algumas necessidades realiza coisas (comportamento) que
atenderão a estas necessidades alcançando a satisfação, e isto poderá resultar em
mudanças nas necessidades primárias dos indivíduos, intensificando-as ou
movendo-as para outras.
Todo comportamento humano é motivado, onde o indivíduo agirá impulsionado por
uma força interior, ele está envolvido porque gosta e quer alcançar determinado
objetivo. O que motiva uma pessoa não é necessariamente o que motiva a outra.
No quadro abaixo são apresentados resumidamente os diferentes tipos ou fontes de
motivação:
Comportamental Obter recompensas ou conseqüências desejadas, ou escapar e evitar conseqüências desagradáveis ou indesejáveis.
Social Imitar modelos positivos. Ser parte de um grupo.
Biológica Manter-se em equilíbrio biológico. Ativar sentimentos (paladar, tato, olfato). Diminuir fome, sede ou desconforto.
Cognitiva Diminuir as incertezas e os desequilíbrios. Resolver problemas e tomar decisões. Entender coisas, desenvolver significado e compreensão. Eliminar ameaças ou riscos.
Afetiva Alimentar os bons sentimentos e diminuir os maus. Aumentar a seguranças e diminuir as ameaças a sua auto-estima. Manter bons níveis de otimismo e entusiasmo.
Conexão Conseguir atingir seus sonhos e objetivos. Desenvolver ou manter alta a eficácia. Ter controle sobre sua vida. Eliminar as ameaças para alcançar seus objetivos.
Espiritual Entender o propósito de sua vida.
Quadro 2 – Tipos/fontes de motivação
FONTE: Adaptado de Huitt (2001)
17
Em projetos, uma das principais habilidades que o gerente deve possuir é a
capacidade de demonstrar que está sempre motivado, quaisquer que sejam as
condições ou problemas correntes. A motivação do gerente transmite calma e
confiança para toda a equipe e esta, se esforça para atender as
solicitações/orientações do gerente acreditando e buscando o objetivo final. O
gerente deve também ter a capacidade para entender o que motiva cada indivíduo
de sua equipe.
As teorias motivacionais explicam e analisam como fatores pessoais e intrínsecos
interagem para produzir certos tipos de comportamento e/ou o que motiva uma
pessoa. A seguir as principais teorias da motivação.
1.1.1. Hierarquia das necessidades de Maslow
A teoria humanística da hierarquia das necessidades foi desenvolvida por Abraham
H. Maslow, que em 1954 tentou sintetizar em uma teoria, todos os resultados das
pesquisas realizadas na época. Maslow desenhou uma hierarquia com cinco níveis
divida em dois grupos: necessidades básicas e necessidades de crescimento,
contemplando que o indivíduo trabalha para se manter ou alcançar outro nível,
sendo que, para que haja a subida de nível o indivíduo deverá estar completamente
satisfeito pelo nível inferior, para Maslow os seres humanos aspiravam a tornar-se
auto-realizados.
Na figura 2, apresentamos a pirâmide das hierarquias de Maslow:
18
Figura 2 – Pirâmide das hierarquias das necessidades de Maslow
FONTE: Maslow, 1965.
Iniciando da base da pirâmide, os dois primeiros níveis são consideradas as
necessidades básicas e os três últimos níveis são as necessidades de crescimento.
Vejamos em detalhes:
Necessidades fisiológicas (nível um): contemplam as necessidades básicas do ser
humano, como fome, higiene, moradia, e necessidades de descansar, dormir, evitar
dor e etc.
Necessidade de segurança (nível dois): está relacionado aos medos e ansiedades
do ser humano, como estabilidade no emprego, casa própria, aposentadoria, planos
de previdência, benefícios para alimentação e proteção contra danos e violência.
Necessidades sociais (nível três): necessidade de ter amigos, alguém que o ame e
compartilhe o dia-a-dia e possuir vida social ativa.
Necessidades de estima (nível quatro): necessidade de ser estimado, elogiado,
bem quisto, prestigiado e objeto da atenção das outras pessoas. Por Maslow, o que
faz a pessoa perder a auto estima é imaginar que esta sendo controlado ou
ridicularizado pelos outros, sendo tratado como objeto e obrigado a fazer coisas que
não gosta.
Auto-realização
Estima
Social
Segurança
Fisiológico
19
Necessidades de auto-realização (nível cinco): é a atitude ideal entre o trabalho e
a vida pessoal, são as pessoas que cumprem os objetivos a que se propuseram.
Em 1971, Maslow aprimorou sua teoria, diferenciando as necessidades de
crescimento em quatro itens, e concluiu que para uma pessoa se tornar cada vez
mais auto-realizada e transcendente, ela deveria se tornar cada vez mais sábia, são
os itens:
Cognitivo: Conhecer, entender e explorar;
Estético: Simetria, ordem e beleza;
Auto-realização: Desenvolver e realizar seu potencial, seu desejo interior de
crescimento;
Transcendência: Conectar-se a alguma coisa além do ego, ou ajudar outras
pessoas a encontrar seu autocrescimento e realizar seu potencial.
1.1.2. Teoria das necessidades de Aldefer
Em 1972, Clayton P. Aldefer baseado na teoria de Maslow desenvolveu a teoria
Existence, relatedness and growth (ERG), onde condensou o número de níveis da
pirâmide em três categorias, necessidades de existência, relacionamentos e
crescimento. No quadro a seguir, são apresentadas as definições e propriedades de
cada nível:
20
Nível de necessidades
Definição Propriedades
Crescimento Impele o indivíduo a ter efeitos mais produtivos ou criativos sobre si mesmo e seu ambiente.
Satisfeito através da utilização de sua capacidade e de seu engajamento nos problemas, criando um grande senso de realização e satisfação como se humano.
Relacionamento Envolve o relacionamento com pessoas significativas e importantes.
Satisfeito pelo compartilhamento de pensamentos e sentimentos, aceitação, confirmação, entendimento e influência.
Existência Inclui todas as formas de desejos psicológicos e materiais.
Quando dividido entre pessoas, o ganho de uma representa uma perda para a outra se os recursos são limitados.
Quadro 3 – Definições e propriedades das necessidades de Aldefer
A teoria ERG apresenta os seguintes pontos:
• Um indivíduo pode ser motivado por mais de uma necessidade ao mesmo
tempo;
• Uma necessidade não precisa ser completamente satisfeita para que o
indivíduo mude para a necessidade do nível seguinte;
• As necessidades são apresentadas em ordem diferentes de uma pessoa para
outra;
• Se um nível não é satisfeito o indivíduo voltará ao nível anterior para
aumentar sua satisfação neste nível que é aparentemente mais fácil de ser
satisfeito.
Assim como Maslow, as necessidades de existência motivam o nível mais
fundamental das necessidades de relacionamento, os quais motivam as
necessidades de crescimento.
1.1.3. Teoria higiênico-motivacional de Herzberg
Após diversos estudos Frederick Herzberg (1959) identificou duas categorias
diferentes de necessidades, independentes entre si e que influenciam o trabalho de
maneira diferente.
21
Os fatores higiênicos são extrínsecos e relacionados ao ambiente de trabalho, não
sendo suficientes para motivar recursos, porém não ter estas condições gera
insatisfação, são eles:
• Políticas e administração da empresa;
• Supervisão;
• Condições de trabalho;
• Relações interpessoais;
• Salário, segurança e status.
Os fatores motivacionais são intrínsecos e referem-se ao trabalho em si, atuam
diretamente na motivação e ter estas condições gera motivação:
• Conquistas;
• Reconhecimento;
• Tipo de trabalho, desafios;
• Responsabilidade;
• Crescimento profissional.
Esta teoria é aplicada somente a recursos com alto grau de maturidade que já
passaram ou encontram-se no nível quatro da pirâmide de Maslow.
1.1.4. Teoria das necessidades de conquistas pessoais de
McClelland
O psicologista americano David McClelland dedicou seu tempo ao estudo das
necessidades de conquistas pessoais e em 1961 concluiu sua teoria que apresenta
três necessidades ou motivos responsáveis pelo comportamento humano:
Necessidade de realização (nAch – need of Achievement): Esforço e
conseqüente êxito pelo alcance de uma determinada meta.
Necessidade de poder (nPow – need of Power): Exercer influência no
comportamento dos demais.
22
Necessidade de afiliação (nAff – need of Affiliation): Relações amigáveis e
afetuosas.
Esta teoria afirma que cada indivíduo possui um nível de necessidade diferente do
outro. Estas necessidades apontadas por McClelland correspondem aos níveis mais
altos da pirâmide de Maslow e aos fatores motivacionais de Herzberg.
1.2. Processos de Motivação
Baseados em algumas teorias de motivação, os processos motivacionais tentam
responder a pergunta: “como as pessoas são motivadas?”, e a partir destes
processos temos alguns perfis/estilos de gerenciamento de pessoas.
1.2.1. Teoria X e Y de McGregor
Na teoria X os trabalhadores são vistos como indolentes e preguiçosos que evitam o
trabalho e fazem o mínimo, são pessoas sem ambição e seus poucos objetivos
divergem dos objetivos da companhia, não assumem responsabilidades, possuem
um perfil resistente a mudanças, preferem ser dirigidas e necessitam ser
monitoradas a todo tempo. Estes trabalhadores são motivados apenas pelo nível um
e dois da pirâmide de Maslow, possuem pouca ou nenhuma capacidade para
resolução de problemas e criatividades. Somente a ameaça de punição ou ganhos
extras de dinheiro impulsiona o trabalho destes indivíduos.
A teoria Y apresenta um trabalhador totalmente inverso ao apresentado na teoria X,
as pessoas são esforçadas e gostam do que fazem, procuram e aceitam
responsabilidades e desafios, são criativos e competentes, dedicam-se alcançar os
objetivos da empresa e fazem destes seus objetivos. Os níveis três e quatro da
pirâmide de Maslow são os que motivam estes indivíduos, os gerentes seguidores
desta teoria possuem um enfoque humano e atuam como facilitadores do trabalho
de seus subordinados.
23
No quadro a seguir observamos as principais diferenças entre as teorias X e Y de
McGregor:
Teoria X Teoria Y Concepção tradicional de direção e controle.
Integração entre objetivos individuais e organizacionais.
O ser humano tem aversão ao trabalho. O ser humano vê o esforço físico e mental no trabalho de forma tão natural quanto o querer descansar.
A maioria das pessoas precisa ser controlada, dirigida, coagida e punida, para que finalmente trabalhe.
O compromisso com um objetivo depende das recompensas que se espera receber a sua consecução.
O ser humano não consegue assumir responsabilidades.
O ser humano não só aprende a aceitar responsabilidades como passa a procurá-las.
A participação dos funcionários é um instrumento para sua manipulação.
A participação dos funcionários é uma forma de valorizar suas potencialidades, tais como imaginação, criatividade e engenhosidade.
O líder adota um estilo autocrático. O líder adota um estilo participativo.
Quadro 4 – Principais diferenças entre as teorias X e Y
1.2.2. Teoria da expectativa de Vroom
Victor Vroom baseou seus estudos nos processos internos e cognitivos que as
pessoas utilizam para satisfazer suas necessidades, pensando cuidadosamente na
quantidade de esforço que irão despender em uma tarefa antes de realizá-la, com
isso a motivação para atendimento de uma determinada tarefa existe quando há
uma expectativa de desfecho favorável ao indivíduo.
Para Vroom a motivação não é um processo e varia de indivíduo para indivíduo em
função de seus objetivos pessoais, em 1995 ele imaginou a seguinte fórmula:
Expectativa: O indivíduo avalia a probabilidade de que o esforço acarrete a
consecução do desempenho visado.
Valência: Valor positivo ou negativo dos frutos do trabalho para cada indivíduo.
Instrumentalidade: A probabilidade de que a consecução do desempenho visado,
leve a diversos programas de valorização do trabalho.
Motivação = Expectativa X Valência X Instrumentalidade
24
Se o valor de cada um dos itens for baixo, significa que a motivação para realização
de determinada tarefa será baixa, ou seja, um indivíduo que não acredita que possa
ser bem sucedido na execução da tarefa, não consegue estabelecer uma conexão
entre sua atividade e o sucesso e não valoriza o resultado, provavelmente não irá
querer aprender esta atividade e a motivação e comportamento não serão bons.
1.2.3. Teoria do reforço de Skinner
Esta teoria baseia-se no modo em como as pessoas aprendem em que se enfatiza o
padrão que um comportamento desejável será repetido se for recompensado e um
comportamento indesejável será diminuído por meio de uma punição.
A seguir as quatro técnicas de reforço propostas pela teoria:
Reforço positivo: quando se deseja que determinado comportamento seja repetido
será usada uma boa recompensa ao indivíduo, por exemplo, um aumento de salário.
Reforço negativo: quando se deseja que determinado comportamento não seja
repetido, então o superior deverá repreendê-lo de maneira sutil.
Punição: quando se deseja que determinado comportamento não seja repetido é
aplicada uma punição mais severa, porém esta poderá resultar em sentimentos de
ressentimento, frustrações e revolta.
Extinção: quando se deseja que determinado comportamento não seja repetido
este será ignorado até que desapareça.
Dentre as técnicas apresentadas, os reforços positivos e extinção devem ser
utilizados para estimular os comportamentos dos membros da equipe que trazem
resultados e os reforços negativos e punições devem ser utilizados para
desestimular os membros da equipe que trazem problemas.
Para que o gerente de projetos seja capaz de motivar sua equipe a conquistar os
resultados objetivados, ele deverá primeiramente entender seu próprio processo
25
motivacional interno, suas necessidades e aspirações, identificando claramente seu
nível de motivação.
Baseados nas diversas teorias motivacionais existentes e suas habilidades inatas,
os gerentes de projetos desenham seus próprios métodos para impulsionar o
desempenho da equipe, os quais mesclam os diversos estudos publicados pelos
estudiosos da gestão de pessoas.
O conhecimento das diversas teorias e processos motivacionais são fundamentais
para que os gerentes de projetos lidem com os diferentes recursos humanos que
farão parte de suas equipes e, para que apliquem o processo/técnica mais
adequada as diversas situações vivenciadas durante os projetos.
1.3. Liderança
“Liderança não é dominação, mas a habilidade de influenciar as pessoas para
trabalharem entusiasticamente visando atingir objetivos comuns, inspirando confiança por meio da força do caráter”. (HUNTER, 2006, pg. 18)
Muitos autores apresentam a liderança como algo inato nos indivíduos, outros como
uma competência que pode ser desenvolvida. Independente destes dois conceitos,
podemos afirmar que a liderança é algo primordial para o sucesso de um projeto
e/ou alcance de determinado objetivo.
Segundo BERGAMINI (1994):
A liderança tem sido também estudada como um processo de interação que envolve trocas sociais. Sob este aspecto, o líder é visto como alguém que traz algum benefício não só ao grupo em geral, como a cada membro em particular, fazendo nascer, desse intercâmbio, o valor que normalmente lhe é atribuído. Por sua vez, os membros do grupo devolverão ao líder o seu reconhecimento que se traduz pela forma de lhe conferir a autoridade que passa ter perante seus seguidores.
26
O três tipos básicos de liderança são: autocrático, liberal e democrático
(BERGAMINI, 1994, 2002). Líderes autocráticos possuem como resultado a este tipo
de liderança desde agressividade, tensão e frustração da equipe até a perda de
produtividade, na liderança liberal é propiciado o individualismo, desagregação do
grupo, insatisfação e agressividade e finalmente na liderança democrática temos
altos níveis de qualidade, clima de satisfação, integração da equipe, e os membros
da equipe mais comprometidos e assumindo as devidas responsabilidades.
O quadro apresenta as principais características comportamentais dos líderes.
AUTORITÁRIO DEMOCRÁTICO LIBERAL
O líder determina as tarefas. Os membros são livres para trabalhar, podem escolher e a
divisão das tarefas é deixada ao grupo.
O líder não participa da atribuição de tarefas.
As execuções das atividades são ditadas pela autoridade, um
de cada vez, de modo que futuros passos ficam, em grande parte, incertos.
A atividade é discutida. Os passos gerais para as metas do grupo são esquematizados e,
quando o aconselhamento técnico é necessário, o líder
sugere dois ou mais procedimentos alternativos, entre os quais o grupo pode
escolher.
Subsídios são oferecidos pelo líder, que deixa claro que ele
fornecerá informações quando solicitado. Fora isso, o líder não
toma parte da discussão.
Pessoal nos elogios e criticas do trabalho de cada um: permanece distante da
participação ativa.
O líder é “objetivo” ou “orientado aos fatos” em seus elogios e
criticas.
Evita fazer comentários sobre as atividades dos membros, a não ser quando interrogado;
não tenta avaliar.
Quadro 5 – Características comportamentais dos líderes
FONTE: Bergamini (1994, 2002). Adaptado parcialmente
Atualmente a liderança é um processo que agrega valores e incentiva o
desenvolvimento das equipes, diferentemente do passado, quando era exercida
como uma autoridade distante das equipes. O líder atual possui a missão de
desenvolver as pessoas da equipe permanentemente, oferecendo condições de
treinamento e estimulando uma atitude de autodesenvolvimento no trabalho do dia-
a-dia (Kotter, 2000).
27
O ato da liderança é configurado quando tentamos influenciar o comportamento de
outra pessoa, portanto, cada abordagem de liderança terá um estilo diferente
dependendo da situação.
Silva (2006) apresenta a liderança de duas formas: formal e informal. O líder formal
é aquele que por sua posição hierárquica recebeu oficialmente a autoridade e poder
organizacional, este geralmente recebe o título de supervisor, gerente ou diretor. O
líder informal é aquele que possui habilidades especiais, que não possui título, mas
exercerá um tipo de poder pelo mérito de um atributo pessoal ou desempenho
superior.
Na figura abaixo é apresentando o quadro de liderança situacional, onde as
combinações de níveis de comportamento resultam em determinados estilos de
liderança.
Figura 3 – Liderança Situacional
FONTE: Hersey, Blanchard e Johnson (2000).
No quadro é possível identificar quatro estilos de liderança, são estes:
• Delegação (baixo grau de direção e apoio): O subordinado sabe exatamente
sua tarefa e o líder estabelece somente os objetivos e critérios. Pelo
subordinado possuir competências e confiança, ele dirige o próprio trabalho.
28
• Apoio (alto grau de apoio e baixo grau de direção): O líder utiliza uma
comunicação bidirecional, escuta, apóia, facilita a interação e faz o liderado
participar do processo de decisão. O subordinado conhece sua tarefa, porém
não possui autoconfiança.
• Treinamento (alto grau de direção e alto grau de apoio): O líder fornece muita
e direção e conduz o trabalho com suas idéias, mas ouve os liderados,
gerando uma comunicação de mão dupla e intensifica o apoio às atividades
dos liderados.
• Direção (alto grau de direção e baixo grau de apoio): O líder utiliza
comunicação unidirecional e explica detalhadamente as atribuições dos
liderados, incluindo a resolução de problemas e tomada de decisão, o líder
supervisiona de perto as atividades dos liderados.
Dentre os quatro estilos de liderança, o gestor define os objetivos, monitora e
acompanha o desempenho da equipe fornecendo feedback. Os lideres atuais devem
ser capacitados para adotar um estilo de liderança que atenda as exigências de
cada situação.
Em 2009, o Project Management Institute – Chapters Brasileiros realizou um estudo
de benchmarking em gerenciamento de projetos e em sua 6ª edição, concluiu que a
habilidade mais valorizada nos gerentes de projeto é a liderança e em segundo lugar
a comunicação.
Os gerentes de projetos atuais lideram pessoas e gerenciam projetos, o mercado
necessita de líderes 360°, que são vistos por todos de uma mesma maneira e
lideram por inspiração, os gerentes de projetos devem ser 20% técnicos e 80%
focados em relações humanas e gerenciamento.
29
1.4. Gerenciamento de Conflitos
O gerenciamento de conflitos é mais um grande desafio para os gerentes de projetos
no âmbito da gestão de pessoas. Os conflitos são inevitáveis em qualquer tipo de
relação entre pessoas e organizações, conforme Dinsmore (1984), o conflito é o
afloramento da discordância entre indivíduos. O conflito organizacional é um choque
que ocorre quando o comportamento alinhado a objetivos de um grupo ou indivíduo
bloqueia ou frustra as metas do outro.
Muitos autores apontam diversas situações que podem conduzir uma equipe a
conflitos, são estas:
• Prioridades do projeto ou incompatibilidade de objetivos;
• Procedimentos administrativos;
• Opiniões técnicas e de performance;
• Incerteza de tarefa e requisitos de informação;
• Incerteza de seu papel e responsabilidade;
• Diferenças em alcance da visão (holística ou não);
• Recursos Humanos;
• Orçamento e custos;
• Cronogramas;
• Problemas de comunicação.
Os conflitos, quando instalados em uma equipe podem ter os mais diversos efeitos
no comportamento das pessoas, como:
• Aumento da hostilidade e agressividade;
• Apresentar o desejo de ser o vencedor, podendo bloquear a criação de novas
alternativas;
• Inibição das comunicações, não havendo compartilhamento das informações
relevantes;
• Estresse e criação de uma atmosfera desfavorável;
30
• Discussões que podem ganhar conotações pessoais.
Porém os conflitos não são de tudo negativos, conforme Vargas (2002), podemos
considerar os seguintes aspectos positivos nos conflitos:
• Força mudanças;
• Aumenta a criatividade na criação de novas opções;
• Melhora as comunicações se ambas as partes estiverem interessadas em
ganhos mútuos;
• Aumenta a energia e a coesão do grupo;
• Promove o balanceamento entre poder e influencia, quando associado a
técnicas efetivas de solução de problemas;
• Clarifica as metas.
A partir de certo ponto, os conflitos deixam de ser uma força benéfica e se tornam a
causa do declínio de uma equipe/organização, por isso, cabe aos gerentes estarem
atentos aos níveis de estresse que estes conflitos geram na equipe.
Segundo MEREDITH e MANTEL (1995):
O objetivo da Gerencia de Projetos em relação ao conflito é resolvê-lo. Assim, quando todas as partes envolvidas no conflito estão satisfeitas diz-se que o conflito esta resolvido.
Para gerenciamento dos conflitos em projetos, o Project Management Institute
(PMI®) sugere os seguintes métodos:
Resolução do problema
Este é o método recomendado pelo PMI®, sendo o mais adequado no trato de
conflitos, porém só será eficaz se todas as partes envolvidas estão dispostas a
cooperar. Pois serão designados a trabalharem juntos na busca da solução final,
31
definindo o problema, coletando informações, desenvolvendo, analisando e
selecionando as alternativas mais apropriadas a resolução.
Comprometimento ou negociação
Este é o segundo método mais recomendado pelo PMI®, onde será negociada a
melhor alternativa e que satisfaça as partes conflitantes, proporcionando a relação
ganha-ganha.
Suavizar ou mudança do foco
Consiste em tirar o foco das questões conflitantes e ressaltar as práticas comuns
sobre o problema em questão, mantendo-se a harmonia entre as partes. Porém o
gerente deve estar atento - caso a causa-raiz do conflito não seja resolvida – para
que este conflito não surja futuramente com mais intensidade.
Evitar ou retirar-se temporariamente
Envolve a desistência temporária da situação conflitante e não tratá-la no momento
em que esta ocorrendo. Este método é ideal para quando se faz necessário uma
melhor compreensão da situação e uma preparação para futura negociação com
chance de obter benefícios, esta técnica é indicada quando uma das partes não se
mostra cooperativa e assertiva. É uma tática que falha em resolver o conflito, mas
acalma temporariamente à situação e os possíveis ânimos exaltados.
Empregar a força
Este é o método é a última alternativa indicada pelo PMI®, pois pode causar
conflitos adicionais e muitas vezes, proporciona uma relação ganha-perde. Neste
método o gerente impõe sua decisão sem negociações e devido aos poderes
32
hierárquicos, a decisão é colocada em prática. É uma medida de solução rápida, por
isso, geralmente são aplicadas quanto é necessário à tomada de decisões rápidas
ou quando envolve questões impopulares, como cortes (orçamento e/ou pessoal) e
paralelismo de atividades.
O sucesso dos gerentes de projetos no gerenciamento de suas equipes, com
freqüência depende da capacidade de lidar com os conflitos, os gerentes utilizam
diferentes métodos para resolução dos conflitos, independente da forma, o
primordial a um gerente é que solucione os conflitos de maneira a não criar futuros
problemas e não prejudicando intimamente nenhuma das partes.
1.5. Gestão dos Relacionamentos
A palavra relacionamento é derivada de relacionar, que significa estabelecer relação,
travar conhecimento, ter convivência/conexão. O relacionamento é um
comportamento que exige muita disciplina e paciência, para entender e respeitar a
opinião das outras pessoas. Quando uma equipe de projetos possui objetivos
mútuos e compatíveis a todos, ela possui um relacionamento cooperativo.
A gestão dos relacionamentos tem como objetivo ajudar a desenvolver nas pessoas
a capacidade de se tornarem observadores diferentes, mais eficazes, eficientes e
afetivos no trato dos relacionamentos no contexto do gerenciamento de projetos.
O líder de uma equipe deve ser capaz de interpretar os diversos comportamentos
dos membros de sua equipe, pois estes influem diretamente nos relacionamento
existentes dentro da equipe e com os demais participantes de projetos, sejam outras
áreas, fornecedores internos e externos, etc.
Na história da humanidade encontramos diversos acontecimentos que nos levam a
reflexões, a Balsa de Medusa é um deles.
Em 1816, uma fragata francesa encalhou próximo à costa de Marrocos e não haviam
botes salva-vidas suficientes para todos os tripulantes. Nos restos do navio, formou-
33
se uma balsa que manteve 149 pessoas vivas, porém uma forte tempestade os
arrastou ao mar aberto por mais de 27 dias sem rumo.
Gericault, ao tomar conhecimento deste fato ficou impressionado e realizou um
estudo dos detalhes da tragédia, entrevistando os sobreviventes e enfermos e
presenciou os corpos dos mortos. Horrorizado com a visão e fatos relatados,
reproduziu a íntima realidade humana nesta situação.
“A Balsa de Medusa” de Theodore Gericault é a pintura de um acontecimento que
comoveu a França. Em 2 de julho o navio “A Medusa” naufragou e trouxe
repercussões que tocaram o mais profundo da alma humana.
Analisando os itens expostos, fazemos uma comparação com situações que podem
ocorrem em nosso contexto de projetos e visualizamos as diferentes atitudes
humanas que se manifestam dentre a equipe.
“A Balsa de Medusa” de Theodore Gericault.
34
No 1° círculo destacado, vemos o indivíduo que desistiu de lutar pelo objetivo e
entregou-se a morte, um recurso desmotivado e sem objetivos próprios, pode
facilmente entregar-se a esta situação por não enxergar que toda situação ruim é
apenas passageira.
No 2° círculo vemos o individuo que apesar não ter desistido, não está empenhado
em buscar uma situação melhor, está a mercê dos demais, aguardando uma
solução.
No 3° círculo observamos os indecisos, que por duvidarem da possibilidade do
objetivo final ser alcançado, permanecem na posição em que se encontram.
No 4° círculo temos os indivíduos que mantiveram a esperança e tentam motivar os
demais. E finalmente no 5° círculo temos o visionário, que acima de tudo enxerga a
vitória e busca por esta, incessantemente. Ao observarmos detalhadamente a
pintura, podemos ver que não há nenhum navio para resgatá-los, porém existe um
grupo que está decidido a usar as suas ultimas forças para salvar a tripulação. É
neste grupo que devemos encontrar os gerentes de projetos, sempre motivados no
alcance do objetivo do todo e da equipe.
O gerente de projetos deve ter em mente que poderá passar por uma situação que
resulte em comportamentos semelhantes aos expressados na “Balsa de Medusa” e
ele deverá estar preparado para gerenciar todos estes tipos de relacionamentos de
forma individual, pois apesar de estarem em uma mesma situação, os indivíduos
possuem motivos distintos para tal.
35
2. DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS
Nos tempos atuais, as pessoas precisam estar preparadas para a aprendizagem
contínua, devido ao fluxo de informações e inovações, para as empresas
conseguirem moldar estes profissionais às necessidades do mercado criou-se o
conceito de empregabilidade, onde o profissional deve manter-se em condições de
ser requisitado pelo mercado de trabalho à medida que apresenta as competências
mais valorizadas pelas organizações e, este novo conceito substitui o antigo
paradigma da segurança no emprego. Este novo conceito aguça nos profissionais o
desejo e a necessidade de estarem cada vez mais preparados para enfrentar novos
desafios e estarem em constante desenvolvimento e crescimento profissional,
assumindo a gestão das próprias carreiras e isto, obriga as empresas a possuírem
estrutura que proporcionem este desenvolvimento aos profissionais e, para que
consigam manter em suas equipes os melhores e mais motivados profissionais do
mercado.
Segundo Senge (1990) no conceito de organização que aprende (learning
organization), não é suficiente que somente a equipe tenha conhecimento, é
necessário que toda a organização esteja em desenvolvimento, porém neste
trabalho será abordado somente o desenvolvimento da equipe.
O desenvolvimento da equipe é uma responsabilidade compartilhada entre o
gerente, a organização e a própria equipe, e para o alcance deste desafio as
organizações têm trabalhado com metodologias de gestão de conhecimento e
competências, sendo que o desenvolvimento de competências é considerado um
item muito importante para o sucesso de projetos e para o crescimento sustentável
da organização.
36
2.1. Gestão de Competências
A palavra competência, originada do latim competentia, significa “capacidade para
apreciar, decidir ou fazer alguma coisa”, que compreende a realização, ou seja, uma
ação bem sucedida, segundo Aulete, 1964. A gestão de competências é um
processo que tem por objetivo adequar e desenvolver as competências certas, no
momento certo e aos recursos certos a um custo justo para a organização. No
âmbito prático de gerenciamento de projetos, a gestão de competências é um
conjunto de ações gerenciais assumida pelas organizações com a finalidade de
gerenciar e desenvolver competências técnicas, contextuais e organizacionais,
combinando em sua função a elaboração e aplicação das regras de gestão e o
desenvolvimento das competências que resulta da aprendizagem.
A competência não é um estado ou um conhecimento que se tem e nem, resultado
de um treinamento. Competência é colocar em prática o que se sabe fazer em um
determinado contexto, ou seja, a competência só existe quando há competência em
ação.
De acordo com a Resolução CNE/CP. n° 03/2002, “entende-se por competência
profissional a capacidade pessoal de mobilizar, articular e colocar em ação
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para o desempenho
eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo
desenvolvimento tecnológico”, conclui que uma pessoa expressa competência no
trabalho quando ela gera resultados, em decorrência da aplicação de seus
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores.
Existem três tipos de competências dentro de uma organização, são elas:
competências organizacionais, profissionais e pessoais. As competências
organizacionais são as competências necessárias para que a organização e suas
equipes alcancem seus objetivos, as competências profissionais são as
necessidades de cada cargo, função e/ou profissão exercida na organização e as
competências pessoais são as competências que cada funcionário detêm.
37
Na aplicação da gestão de competências, a empresa deverá estabelecer as
competências necessárias ao desenvolvimento da própria organização e de cada
cargo/função existente nela.
Para aplicar a gestão de competências em uma equipe de projetos, resumidamente,
o primeiro passo a ser executado é mapear as competências dos recursos atuais da
equipe e as competências necessárias para realização do projeto específico, então
são encontradas as necessidades de desenvolvimento dos membros da equipe e
isto gera um Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) para cada membro da
equipe, como base para o direcionamento de seu desenvolvimento na organização.
Este plano de desenvolvimento será desenhado pelos próprios membros da equipe
e seus gerentes, estando ambas as parte em comum acordo e prontificando-se a
cumprir este plano no prazo determinado.
Durante o prazo estipulado, caberá ao gerente acompanhar o desenvolvimento do
plano junto ao recurso, desenvolvendo o coaching, que é um processo planejado de
orientação, apoio, diálogo e acompanhamento, oferecendo o feedback, alinhado às
diretrizes, à visão de futuro da organização e ao plano estabelecido anteriormente.
Após o prazo estipulado, o gerente deverá fazer a avaliação do plano e apresentá-la
ao recurso, contendo informações sobre os itens alcançados e os itens que deverão
ser considerados no próximo plano.
Ao considerarmos que o capital humano é o maior legado em gerenciamento de
projetos e detém importante parcela do conhecimento necessário para a
implementação de qualquer projeto, os gerentes devem atuar como gestores de
competências das pessoas para que elas realizem as atividades necessárias às
etapas dos projetos atuais e futuros.
38
2.2. Gestão do Conhecimento
“Information is data endowed with relevance and purpose. Converting data into information thus require knowledge.”
Peter Drucker
A combinação de dados e informações carregados de expertise, habilidades e
experiências para a valorização dos ativos e apoio ao processo decisório caracteriza
o conhecimento, que pode ser individual ou coletivo e explícito ou tácito.
O conhecimento explícito é o conhecimento exposto no relacionamento ou disposto
em meios físicos, seja um manual de procedimentos, apresentação ou banco de
dados, que utiliza uma linguagem estabelecida em conformidade com a cultura
organizacional, seguindo o conceito de informação.
O conhecimento tácito é o conhecimento de difícil explicação, e ás vezes, impossível
verbalização é constituído de modelos mentais, visões e percepções fundamentados
na experiência do dia-a-dia. Este conhecimento só é transmitido com o contato
direto, na socialização.
A gestão do conhecimento é o gerenciamento de atividades e processos de
conhecimento de modo a alcançar níveis crescentes de competitividade e propiciar o
melhor uso do conhecimento disponível, fomentando a geração de novos
conhecimentos e a criatividade individual e coletiva. Baseados nesta necessidade de
gerenciamento do conhecimento, Nonaka e Takeuchi (1997) conceituaram a espiral
do conhecimento em quatro etapas, são estas:
• Socialização (transmissão do conhecimento tácito para tácito): conversas
informais, compartilhamento de informações e integração com membros da
equipe.
• Externalização (transmissão do conhecimento tácito para explícito):
relatórios, descrição de processos, desenho de modelos e diagramas.
• Combinação (transmissão de conhecimento explícito para explícito):
sistematização e compartilhamento do conhecimento, groupware.
39
• Internalização (transmissão de conhecimento explícito para tácito):
operacionalização do conhecimento, leitura e formação de opinião sobre
textos ou vídeos.
De acordo com Nonaka e Takeuchi (1997) para que a empresa se torne uma
empresa que gera conhecimento, é necessário completar a espiral do conhecimento
e ter este articulado e internalizado, tornando-se base de cada indivíduo, a espiral
deve se repetir constantemente, porém em níveis cada vez mais elevados.
Podemos citar como ferramentas para gestão do conhecimento, bases de dados,
intranet, portais, sistemas de Customer Relationship Management (CRM), Balanced
Scorecard (BSC), Decision Support System (DSS), Electronic Data Interchange
(EDI), Enterprise Resource Planning (ERP), Key Performance Indicator (KPI).
Para a implantação da gestão do conhecimento será necessário vencer alguns
desafios, como fazer com que as lideranças da organização estejam de acordo com
a necessidade da gestão do conhecimento, determinar a classificação dos
conhecimentos a serem disseminados entre as equipes e um dos maiores desafios,
que é a influenciar o comportamento dos membros da equipe para a adoção dos
processos da gestão do conhecimento.
A gestão do conhecimento proporciona as organizações à mensuração com
segurança sua eficiência, a tomada de decisões alinhadas a estratégia da empresa,
a identificação das fontes de informações, a correta administração de dados e
informações e o gerenciamento dos conhecimentos, ou seja, a prática de agregar
valor à informação e distribuí-la e permite às organizações saber o que ela
realmente sabe sobre seu negócio.
40
2.3. Desenvolvimento de Equipes
Alinhado ao trabalho de desenvolvimento individual dos membros da equipe do
projeto, o gerente deve realizar a gestão de desempenho, onde será trabalhado o
desenvolvimento da equipe do projeto como um todo.
Desenvolver a equipe do projeto é melhorar as competências, interações e o
ambiente em que a equipe trabalha, para isso o gerente necessitará de habilidades
para identificar, construir, manter, motivar, liderar e inspirar as equipes no alcance
dos objetivos do projeto e na busca de que esta equipe consiga obter um alto
desempenho.
De acordo com Kane (2001), podemos ter cinco tipos de “equipes” ou “grupos”,
sendo:
• Grupo de Trabalho: Os membros limitam-se ao compartilhamento de
informações, boas práticas e perspectivas para tomada de decisões, a fim de
auxiliar cada membro em sua área, porém as responsabilidades não são
compartilhadas e não existe a necessidade ou oportunidade para se tornar
uma equipe.
• Pseudo Equipe: Um grupo de trabalho que não possui foco no desempenho
coletivo, não possuem interesse em ter metas de desempenho e geralmente
contribuem menos para organização porque suas atividades dispersam o
desempenho individual e não entregam benefícios comuns.
• Equipe Potencial: Existe a oportunidade e necessidade de incrementar e
melhorar o desempenho, porém não possuem clareza nos objetivos e
propósitos e não estabeleceu a responsabilidade coletiva.
• Equipe Real: Possuem pessoas com competências complementares e
comprometidas com o propósito comum, objetivos e responsabilidades
mútuas. Estas equipes são unidades básicas para o desempenho.
• Equipe de Alto Desempenho: Além de possuir todas as condições da
Equipe Real, os membros mantêm um forte compromisso com o crescimento
e o sucesso de cada um. Estas equipes costumam superar as expectativas e
são um estimulo e um excelente modelo para as equipes reais e potenciais.
41
Um gerente deve saber distinguir as diferenças entre suas equipes para conseguir
desenvolvê-las de forma adequada.
Na figura 4, Pfeiffer (2010), apresenta a Roda do Desenvolvimento de Equipes:
Figura 4 – Roda do Desenvolvimento de Equipes
FONTE: Pfeiffer (2001)
Para Pfeiffer, os elementos que compõem a Roda apresentada devem ser
observados e trabalhados para o desenvolvimento constante de uma equipe.
Conforme exemplos a seguir:
• Comunicação aberta: contempla a confiança entre os membros da equipe,
não existem agendas ocultas, sem falsos compromissos à custa de
discussões francas.
• Alinhamento: contempla a visão, objetivos e valores compartilhados, a
existência de sintonia fina entre a organização e equipe.
42
• Criatividade & Inovação: contempla a abertura de novas idéias e o
pensamento não convencional.
• Ownership: a responsabilidade que os membros da equipe assumem de
defender uma “causa”.
• Organização & Coordenação: “Walk the talk”, onde o discurso é igual à
prática, aplicado à condução e tomada de decisões.
• Competências: contemplam os conhecimentos, habilidades, capacidades e
atitudes da equipe.
• Conquistas: o reconhecimento de competências e a celebração do sucesso
alcançado.
• Aprendizagem, compartilhamento, zelo: contemplam a aprendizagem de
toda a equipe, o compartilhamento de experiências e o cuidado para com
todos os membros.
Todos estes itens unidos pela Facilitação da comunicação e da construção da rede
de relacionamento dentro e fora da equipe.
Além disso, Pfeiffer sugere o uso do Team Charter na construção e desenvolvimento
de equipes. O Team Charter apresenta como benefícios a criação e
compartilhamento da visão, missão, objetivos e valores, os papéis e
responsabilidades são bem definidos, os relacionamentos interpessoais são
fortalecidos e acarreta na aprendizagem e compartilhamento da melhoria contínua
do desempenho da equipe e do indivíduo, e salienta que o processo do Team
Charter é pelo menos tão importante quanto o documento.
Para Heldman (2009), equipes eficazes são vigorosas e com entusiasmo
contagiante, são caracterizadas como equipes de alto desempenho e motivadas por
resultados e conclusão bem sucedida de suas tarefas. Portanto, investir na
montagem e desenvolvimento das equipes resulta em diversos benefícios, como:
• Resolução de conflitos mais eficiente;
• Comprometimento e compromisso dos integrantes com o projeto e seu
gerente;
43
• Elevada satisfação profissional, com sensação de pertencimento e propósito;
• Melhor comunicação;
• Um projeto bem-sucedido.
O desenvolvimento de equipes eficazes e com alto desempenho é uma das funções
primárias dos gerentes de projetos, pois o trabalho em equipe é um fator essencial
para o sucesso do projeto, uma equipe alinhada possui comunicações abertas e, a
confiança e a colaboração fazem parte do ambiente desta equipe.
Com muita sorte o gerente de projeto poderá ter uma equipe que reúna a
combinação certa de profissionais logo de primeira e o trabalho de desenvolvimento
pareça desnecessário, porém na maioria das vezes e com o passar do tempo de um
projeto será necessário que o gerente dedique-se a sua equipe, mesmo o gerente
tendo uma combinação explosiva e a uma equipe de alta performance, todo o grupo
se beneficiará dos exercícios para o desenvolvimento e feedback.
“There is a difference between interest and commitment. When you’re interested in doing something, you do it only when it’s
convenient. When you’re committed to something you accept no excuses, only results”. (KEN BLANCHARD)
44
3. GESTÃO DE PROJETOS
Atualmente mantêm-se competitiva no mercado as empresas que estão em
constante inovação e satisfação de seus clientes, para isto, as empresas necessitam
melhorar seus produtos e gerar novos produtos/serviços. O desenvolvimento destas
novas demandas deve ocorrer forma estruturada, no prazo e com o padrão de
qualidade exigidos, isto caracteriza um projeto que deverá ser gerenciado. Como
estas situações estão ocorrendo com cada vez mais freqüência, observamos a
aceitação do gerenciamento de projetos com a aplicação de conhecimentos,
processos, habilidades, ferramentas e técnicas adequadas estão representando
significantemente o sucesso dos projetos.
O Project Management Institute (PMI®) compilou as melhores práticas, dentre
habilidades, conhecimentos, ferramentas e técnicas, no Guia PMBOK®, onde a
aplicação correta destas práticas pode aumentar as chances de sucesso de diversos
projetos, como veremos nos capítulos a seguir.
3.1. Projeto
“A idéia de que planejar significa adivinhar o futuro
é simplesmente absurda.” (PETER DRUCKER)
Na abordagem de Kim Heldman, baseada no Guia PMBOK®, projetos são de
natureza temporária, tem datas de início e término definidas, criam um produto ou
serviço únicos e terminam quando suas metas e objetivos foram atingidos e
aprovados pelas partes interessadas do projeto.
Para Ricardo Vargas, projeto é um empreendimento não repetitivo, caracterizado por
uma seqüência clara de e lógica de eventos com inicio, meio e fim, que se destina a
atingir um objetivo claro e definido, sendo conduzindo por pessoas dentro de
parâmetros de tempo, custo, recursos envolvidos e qualidade.
45
Meredith completa com a citação de que um projeto é complexo o suficiente para
necessitar de uma capacidade de coordenação especifica e um controle detalhado
de prazos, relacionamento, custos e performance.
Resumindo as abordagens apresentadas, definimos que projetos possuem objetivos
específicos desde sua concepção, seu prazo para execução é pré determinado e a
elaboração é progressiva e planejada.
Projetos podem ser aplicados em diversas áreas do conhecimento humano, com em
trabalhos administrativos, estratégicos, operacionais e na vida pessoal de cada
indivíduo.
Os projetos quando inseridos em uma organização poderão atingir seus diversos
níveis, envolvendo poucos ou muitos recursos, serem de curto ou longo prazo, e em
muitos casos envolverem partes externas à organização, como fornecedores,
clientes, parceiros e/ou governo, e muitas vezes são demandados por decisões
estratégicas de negócios da companhia.
A execução de um projeto é divida em fases, dependendo da complexidade do
projeto é determinado o número de fases que este possuirá. As fases de um projeto
agrupadas determinam o ciclo de vida do projeto e estes ciclos são semelhantes em
todos os projetos. Grande parte dos projetos inclui basicamente os quatro ciclos de
vida, a seguir (Figura 5):
• Início;
• Planejamento e organização do trabalho;
• Execução do trabalho;
• Encerramento do projeto.
46
Figura 5 – Nível típico de custos e pessoal ao longo do seu ciclo de vida
FONTE: Guia PMBOK® - Quarta Edição
As fases e os ciclos de vida do projeto descrevem como será concluído o trabalho
associado ao produto do projeto. Ao final de cada fase pode ser avaliado se o
projeto deve passar para a próxima fase revisando e aprovando as entregas
determinadas a esta fase.
3.2. Gerenciamento de Projetos
A aplicação de conhecimentos, habilidades e ferramentas com o objetivo de obter
um produto final (produto ou serviço) dentro dos requisitos identificados inicialmente
é o gerenciamento de projetos.
O gerenciamento de projetos é composto de diversos processos, que são atividades
inter-relacionadas e ações a serem desenvolvidas em busca do objetivo
determinado. Um processo é caracterizado por suas entradas, ferramentas e
técnicas aplicadas, e suas saídas resultantes e o gerente de projetos deve
47
considerar em cada processo os ativos organizacionais e os fatores ambientais da
empresa para gerenciamento destes processos.
Os processos de gerenciamento de projetos são divididos em cinco grupos:
• Grupo de processos de iniciação: São processos que definem um novo
projeto ou fase de um projeto existente, neste processo são formalizadas as
autorizações de inicio.
• Grupo de processos de planejamento: São processos que objetivam refinar
e esclarecer o objetivo do projeto, definir o escopo necessário e as ações
necessárias para alcance do objetivo final.
• Grupo de processos de execução: São os processos que executam as
atividades definidas nos processos de planejamento.
• Grupo de processos de monitoramento e controle: São os processos de
acompanhamento/monitoria dos processos de execução, nestes processos
são realizadas revisões, a fim de identificar as adequações necessárias no
plano e acompanha o desempenho geral do projeto.
• Grupo de processos de encerramento: São os processos que executam
todas as ações necessárias a formalizar o encerramento/finalização do
projeto e/ou fase.
Os grupos de processos apresentados formam um padrão no gerenciamento de
projetos, porém o gerente de projetos e sua equipe deverá em cada projeto
determinar os processos apropriados e o grau de rigor apropriado a este projeto
especifico, ou seja, estes processos não devem ser aplicados de forma uniforme a
todos os projetos.
Os grupos de processo no gerenciamento de projetos são iterativos, repetem-se
durante o desenvolvimento do projeto e são dependentes em suas entradas e
saídas, por isso, o grupo de processos de monitoramento e controle se relaciona
com todos os outros grupos de processos, conforme a figura 6:
48
Figura 6 – Grupos de processos de gerenciamento de projetos
FONTE: Guia PMBOK® - Quarta Edição
A interação entre os grupos de processos e suas sobreposições em diversas fases
do projeto, podem observadas na figura 7:
Figura 7 – Os grupos de processos interagem em uma fase ou em um projeto
FONTE: Guia PMBOK® - Quarta Edição
Os grupos de processo não são fases do projeto, pois em grandes projetos e de alta
complexidade que são divididos em fases ou até em subprojetos, um grupo de
processos será repetido em cada fase ou subprojeto, de acordo com a necessidade.
49
De acordo com as boas práticas apresentadas no Guia PMBOK no gerenciamento
de projetos existem atualmente 42 processos que são divididos nos cinco Grupos de
Processos de Gerenciamento de Projetos e as nove Áreas de Conhecimento do
Gerenciamento de Projetos, são eles:
Project Management Process Groups
Knowledge Areas Initiating Process Group
Planning Process Group
Executing Process Group
Monitoring & Controlling
Process Group
Closing Process Group
4. Project Integration Management
4.1.Develop Project Charter
4.2.Develop Project Management Plan
4.3.Direct and Manage Project Execution
4.4.Monitor and Control Project Work 4.5.Perform Integrated Change Control
4.6.Close Project or Phase
5. Project Scope Management
5.1.Collect Requirements 5.2.Define Scope 5.3.Create WBS
5.4.Verify Scope 5.5.Control Scope
6. Project Time Management
6.1.Define Activities 6.2.Sequence Activities 6.3.Estimate Activity Resources 6.4.Estimate Activity Durations 6.5.Develop Schedule
6.6.Control Schedule
7. Project Cost Management
7.1.Estimate Costs 7.2.Determine Budget
7.3.Control Costs
8. Project Quality Management
8.1.Plan Quality 8.2.Perform Quality Assurance
8.3.Perform Quality Control
9. Project Human Resource Management
9.1.Develop Human Resource Plan
9.2.Acquire Project Team 9.3.Develop Project Team 9.4.Manage Project Team
10. Project Communications Management
10.1.Identify Stakeholders
10.2.Plan Communications
10.3.Distribute Information 10.4.Manage Stakeholders Expectations
10.5.Report Performance
11. Project Risk Management
11.1.Plan Risk Management 11.2.Identify Risks 11.3.Perform Qualitative Risks Analysis 11.4.Perform Quantitative Risk Analysis 11.5.Plan Risk Responses
11.6.Monitor and Control Risks
12. Project Procurement Management
12.1.Plan Procurements
12.2.Conduct Procurements
12.3.Administer Procurements
12.4.Close Procurements
Quadro 6 - Mapeamento de grupos de processos de gerenciamento de projetos e áreas de conhecimento
FONTE: Guia PMBOK® - Quarta Edição
50
3.3. Gerenciamento de Recursos Humanos
O Gerenciamento de Recursos Humanos no ambiente de Projetos é divido em dois
grupos de aspectos, sendo aspectos administrativos e comportamentais.
Os aspectos administrativos abordados no Guia PMBOK são divididos em quatro
processos e tratam questões extremamente administrativas no que tange
documentações, planos, estratégias e mudanças.
Os aspectos comportamentais abordam questões da evolução dos modelos
gerenciais e as competências necessárias ao modelo atual de gerenciamento de
recursos humanos.
3.3.1. PMBOK
De acordo com o Guia PMBOK® o gerenciamento de recursos humanos inclui os
processos que organizam e gerenciam a equipe do projeto. Cada projeto possui uma
equipe de trabalho formada para atender as necessidades específicas deste,
portanto as equipes possuem membros com papéis, responsabilidades, freqüência e
especificidades diferentes. Apesar dos membros das equipes possuírem papéis e
responsabilidades específicas definidas, a participação destes no planejamento do
projeto e na tomada de decisões pode ser benéfico, fortalecendo o compromisso
com o trabalho designado.
Na figura a seguir são apresentados resumidamente os processos do gerenciamento
de recursos humanos de projetos:
51
Figura 8 - Visão geral do gerenciamento dos recursos humanos do projeto
FONTE: Guia PMBOK® - Quarta Edição
Desenvolver o plano de recursos humanos
Neste processo são identificadas e documentadas responsabilidades, papéis,
habilidades e relações hierárquicas do projeto, criando um plano de gerenciamento
de pessoal. O plano de recursos humanos deverá incluir o cronograma para
mobilização da equipe, necessidades de treinamento, estratégias para construção
da equipe, planos para reconhecimentos e recompensas, considerações sobre
conformidade, questões de segurança e o impacto do plano de gerenciamento de
Project Human Resource
Management Overview
.1 Inputs .1 Activity resource requirements .2 Enterprise environmental factors
.3 Organizational process assets
.2 Tools & Techniques .1 Organization charts and position descriptions
.2 Networking .3 Organizational theory .3 Outputs .1 Human resource plan
9.1 Develop Human
Resource Plan
.1 Inputs .1 Project staff assignments .2 Project management plan
.3 Resource calendars .2 Tools & Techniques
.1 Interpersonal skills .2 Training .3 Team-building activities .4 Ground rules .5 Co-location .6 Recognition and rewards .3 Outputs
.1 Team performance assessments .2 Enterprise environmental factors updates
9.3 Develop Project Team
.1 Inputs
.1 Project staff assignments
.2 Project management plan
.3 Team performance assessments .4 Performance reports .5 Organizational process assets
.2 Tools & Techniques .1 Observation and conversation
.2 Project performance appraisals
.3 Conflict management .4 Issue log .5 Interpersonal skills .3 Outputs
.1 Enterprise environmental factors updates .2 Organizational process assets updates
.3 Change request .4 Project management plan
updates
9.4 Manage Project Team
.1 Inputs
.1 Project management plan
.2 Enterprise environmental factors .3 Organizational process assets .2 Tools & Techniques
.1 Pre-assignment .2 Negotiation .3 Acquisition .4 Virtual teams .3 Outputs .1 Project staff assignments .2 Resource calendars
.3 Project management plan updates
9.2 Acquire Project Team
52
pessoal sobre a organização, além de documentar papéis e responsabilidades, e
organograma do projeto.
Um planejamento de recursos humanos eficaz deve considerar e planejar fatores
como: custos do projeto, cronogramas, riscos e qualidade, e desenvolver opções de
recursos humanos.
Ao desenvolver um plano de recursos humanos, são utilizados como entrada deste
processo os requisitos de recursos das atividades para determinar as necessidades
de recursos humanos do projeto, requisitos de pessoal e competência são
desenvolvidos progressivamente ao planejamento de recursos humanos. O
desenvolvimento do plano de recursos humanos pode ser influenciado por fatores
ambientais como cultura e estrutura da organização, recursos humanos existentes,
políticas de administração de pessoal e condições de mercado, e pelos ativos de
processos organizacionais, são exemplos: processos e políticas padrão da
organização e descrições de papéis padronizados, modelos de organograma e
descrição de cargos e informações históricas sobre estruturas organizacionais que
funcionaram em projetos anteriores.
O plano de recursos humanos deverá conter dentre outros, os seguintes itens: os
papéis e responsabilidades, abordando o papel, autoridade, responsabilidade e
competência de cada membro da equipe, o organograma do projeto exibirá
graficamente os membros da equipe do projeto e suas relações hierárquicas, o plano
de gerenciamento de pessoal descreve quando e como os requisitos de recursos
humanos serão atendidos e deverá ser atualizadas continuamente durante a
execução do projeto para direcionar as ações recorrentes de mobilização e
desenvolvimento dos membros da equipe. Diversas informações podem fazer parte
do plano de gerenciamento de pessoal variando de acordo com área de aplicação e
tamanho do projeto, como mobilização de pessoal, calendários de recursos, plano
de liberação de pessoal, necessidades de treinamento, reconhecimento e
recompensas, conformidade e segurança.
Para gerar o plano de recursos humanos podem ser utilizadas algumas ferramentas
como gráficos hierárquicos, gráficos matriciais, descrições em formato de texto,
redes de relacionamento e teoria organizacional. Os gráficos hierárquicos podem ser
53
do tipo Estrutura Analítica do Projeto (EAP), demonstrando as entregas do projeto,
Estrutura Analítica Organizacional (EAO) listando as atividades ou pacotes de
trabalhos do projeto por departamentos, Estrutura Analítica dos Recursos (EAR)
desdobrando o projeto por tipos de recursos. Os gráficos matriciais ou matriz de
responsabilidade apresentam as conexões entre pacotes de trabalho, atividades e
membros do projeto, o gráfico RACI (Responsible, Accountable, Consult and Inform)
é um exemplo de matriz de responsabilidade.
Mobilizar a equipe do projeto
A confirmação da disponibilidade dos recursos humanos e a obtenção dos recursos
necessários para conclusão do projeto é o processo de mobilizar a equipe. Neste
processo o gerente do projeto deverá negociar com eficácia e influenciar as pessoas
que podem fornecer recursos humanos ao projeto.
A mobilização da equipe do projeto é baseada no plano de recursos humanos,
fatores ambientais da empresa e ativos de processos organizacionais, utilizados e
gerados no processo de desenvolvimento do plano de recursos humanos.
Alguns recursos do projeto podem ser designados com antecedência ao inicio do
projeto, este é a técnica de pré-designação, outra técnica muito utilizada na
mobilização da equipe do projeto é a de negociação, o gerente do projeto terá que
negociar os recursos com os gerentes funcionais da empresa, com outras equipes
de projetos concorrentes, fornecedores, prestadores de serviços, contratados
externos entre outros. Se a empresa executora do projeto não possuir o pessoal
adequado para desenvolvimento do projeto, poderão ser feitas contratações de
fornecedores externos. A grande inovação nas comunicações eletrônicas viabilizou a
utilização da técnica de equipes virtuais, onde áreas geográficas dispersas,
escritórios residenciais, turnos e horários diferentes, limitações de mobilidade ou
incapacidades físicas de recursos e custos com viagens, não é mais um empecilho
para conclusão e desenvolvimento dos projetos.
54
Como resultado do processo de mobilização da equipe do projeto é obtida a
formalização das designações de pessoal do projeto, calendário de recursos e
atualizações no plano de gerenciamento do projeto.
Desenvolver a equipe do projeto
O aprimoramento do desempenho do projeto com melhorias de competências,
interação e ambiente global da equipe é o processo de desenvolver a equipe do
projeto. Este processo é executado pelo gerente do projeto e para isto é necessário
que ele tenha algumas habilidades especificas, como: identificar, construir, manter,
liderar e inspirar as equipes do projeto para que alcancem um alto desempenho e
conquistem o objetivo do projeto.
Todo projeto possui uma equipe que deverá trabalhar em conjunto para
conquistarem com mais eficiência e eficácia um alto desempenho e o objetivo final,
para isto, estas equipes necessitam ser estimuladas continuamente, com desafios,
oportunidades, recompensas e reconhecimento e este é o papel primário de um
gerente de projetos.
Para desenvolver a equipe do projeto o gerente necessitará inicialmente da
designação do pessoal do projeto para que seja identificada a equipe do projeto, do
plano de gerenciamento do projeto com o plano de recursos humanos, onde são
identificadas as estratégias e planos de treinamentos e do calendário de recursos,
para identificação da disponibilidade dos recursos para participação nas ações de
desenvolvimento da equipe.
Existem diversas ferramentas para desenvolvimento de equipes de projetos, dentre
elas são especialmente importantes as “soft skills”, ou habilidades não-técnicas
como empatia, influência, criatividade e facilitação de grupo, as atividades para
construção da equipe, para que os membros individuais da equipe trabalhem em
grupo e com eficácia, os treinamentos são de grande valia quando os membros da
equipe não possuem habilidades técnicas ou gerenciais necessárias. A estratégia de
reconhecimento e recompensas é um fator de grande motivação aos membros da
equipe, porém as recompensas devem ser adequadas à cultura da equipe e em
55
projetos o melhor momento para conceber recompensas é durante o ciclo de vida do
projeto, não após o término.
Como acompanhamento aos esforços de desenvolvimento da equipe do projeto,
devem ser realizadas avaliações de desempenho que mensurem o êxito do
desempenho técnico, desempenho do cronograma e orçamento, devem também
conter indicadores de melhorias em habilidades, competências, redução na taxa de
rotatividade de pessoal e aumento na coesão da equipe.
Gerenciar a equipe do projeto
Neste processo são acompanhados os membros da equipe, fornecendo feedback e
se necessário, realizadas mudanças na busca de otimizar o desempenho do projeto.
Baseado em todos os artefatos gerados no plano de recursos humanos, nas
avaliações de desempenho e relatórios da equipe e ativos de processos
organizacionais, o gerente de projetos deverá manter constante contato com o
trabalho e o comportamento dos membros da equipe, deverá realizar as avaliações
de desempenho com feedback, esclarecimentos sobre papéis e responsabilidades,
planos de treinamentos individuais e estabelecimentos de metas especificas por
períodos.
No gerenciamento da equipe são exigidas do gerente habilidades para
reconhecimento e gerenciamento de conflitos, liderança, negociação e influência,
além disso, é muito importante que sejam registradas todas as questões
apresentadas e suas resoluções.
Como resultado do processo de gerenciamento da equipe teremos os fatores
ambientais da empresa e os ativos de processos organizacionais atualizados, as
solicitações de mudanças realizadas nos momentos adequados e o plano de
gerenciamento do projeto atualizado.
56
Além dos processos descritos a equipe responsável pelo gerenciamento do projeto
deverá estar comprometida em ter e garantir que os demais membros da equipe do
projeto tenham um comportamento profissional e ético durante todo o ciclo de vida
do projeto, para que os objetivos sejam alcançados com eficiência e eficácia.
“A sociedade do conhecimento é a primeira sociedade humana onde o crescimento é potencialmente ilimitado. O conhecimento
difere de todos os meios de produção ma vez que não pode ser herdade ou concedido. Ele tem que ser adquirido por cada indivíduo, e todos começam com a mesma e total ignorância”. (PETER DRUKER)
3.3.2. Evolução do gerenciamento de Recursos Humanos
Os modelos gerenciais passaram por diversas modificações até os dias atuais. Na
Era Agrícola a vantagem competitiva das empresas era ter propriedade sobre as
terras para cultivo, onde as empresas detentoras de mais terras tinham maior poder
de produtividade e eram líderes na produção de determinado produto, já na Era
Industrial a vantagem competitiva era ter maior propriedade das fontes de energia e
meios de produção e, atualmente na Era da Informação, a empresa que possui
maior vantagem competitiva no mercado é a empresa que detém conhecimento,
comunicação e capital humano, devido a isto, foram necessárias diversas
modificações dos modelos gerenciais.
No quadro abaixo é verificado os quatro modelos gerenciais do Século XX:
Metas Racionais (Foco Externo)
Processos Internos (Foco Interno)
Relações Humanas (Foco Interno)
Sistemas Abertos (Foco Externo)
Principal Período 1900 – 1925 1900 – 1925 1926 – 1950 1951 – 1975 Critérios de
Eficácia Produtividade, Lucro Estabilidade,
Continuidade Compromisso, Coesão,
Moral Adaptabilidade, Apoio
Externo
Teoria referente a meios e fins
Uma direção clara leva a resultados
positivos
Rotinização leva à estabilidade
Envolvimento resulta em compromisso
Adaptação e inovação contínuas levam à
aquisição e manutenção de recursos externos
Ênfase
Explicitação de metas, análise
racional e tomada de iniciativas
Definição de responsabilidade,
mensuração, documentação
Participação, resolução de conflitos e criação de
consenso
Adaptação política, resolução criativa de problemas, inovação, gestão de mudança
Atmosfera Econômico-racional:
“lucro liquido” Hierárquico Orientado a equipes Inovadora, flexível
Papel do gerente Diretor e Produtor Monitor e Coordenador Mentor e Facilitador Inovador e Negociador Prioridade Controle Flexibilidade Principais
Influenciadores Frederick Taylor e Henry Ford Henri Fayol, Max Weber, Hawthorne e Dale
Influências não contemporâneas
Maslow, Victor Vroom, Herzberg, Max Weber, Adam Smith
Quadro 7 – Modelos gerenciais do século XX
FONTE: Adaptado de Quinn (2004)
57
Dentre os modelos de gestão atuais encontramos características comuns entre eles,
que compõe um sistema de desenvolvimento humano, contemplando:
Gestão de Pessoas por Competências
Cada colaborador possui um plano de carreira a ser seguido, a remuneração é
diferenciada e variável por desempenho, é realizada um administração participativa
e existe a retenção de talento, já que um dos maiores valores competitivos na Era da
Informação é o capital humano.
Gestão do Conhecimento
A gestão do conhecimento segue a filosofia de que todos devem disseminar
conhecimento, então a aprendizagem é incentivada de diversas maneiras, com
educação corporativa, pesquisas aplicadas, cursos e treinamentos.
Gestão da Cultura Organizacional
São realizadas pesquisas de clima organizacional para identificar a situação do
ambiente de trabalho e são divulgados o código de ética, valores, missão e visão de
futuro da empresa para que todos estejam alinhados e buscando o mesmo objetivo.
Desenvolvimento da Liderança
São aplicados os sistemas de Coaching e Mentoring, sessões de conversas com o
Presidente, Feedback 360°, ações para desenvolvimento comportamental e
rotatividade nas funções.
58
Qualidade de vida
Buscando qualidade de vida aos colaboradores são desenvolvidas ações voltadas
para saúde, integração, apoio social, comemorações, benefícios e valorização dos
talentos proporcionando mais desafios.
Cidadania Empresarial
A empresa desenvolve projetos de sustentabilidade, programas de empregabilidade
para recursos carentes e especiais, apóia a sociedade, desenvolvendo ações
sociais.
Com o trabalho focado nestes itens busca-se ter lideranças eficientes para manter-
se no mercado atual da Era da Informação.
Na sociedade da informação devido às inovações tecnológicas de comunicação e
informação houve diversas mudanças estruturais no mundo dos negócios, pelo peso
da competitividade e exigência crescente dos clientes. Com a maior inovação
tecnológica chamada internet, os centros de decisão das empresas se movem por
países e continentes, a comercialização de produtos se tornou global.
Nesta nova sociedade são exigidas dos profissionais competências diferenciadas no
mundo do trabalho, como criar, inovar, planejar, integrar, partilhar, associar, prever,
mobilizar em múltiplas direções e não limitar-se a mera execução, as relações
interpessoais necessitam ser cultivadas e é necessário adotar uma nova postura
ética e social, onde a verdade, autenticidade e transparência são as essenciais
medidas.
59
3.3.3. Papéis dos lideres e suas competências
A cada fase da evolução dos modelos de gestão exigiu-se também uma inovação
nos papéis desenvolvidos pelos gestores, para condução dos projetos e operações
atuais são exigidos dos gestores diversas competências gerenciais para cada papel,
são elas:
Papel de Mentor
O fato de compreender a si mesmo e aos outros é uma competência exigida no
desenvolvimento do papel de mentor, o líder mostra a equipe que o desenvolvimento
e crescimento de cada membro depende unicamente dele próprio, conhecendo seus
pontos fortes e valores, utilizando a inteligência emocional.
A comunicação eficaz é exigida dos gestores atuais, onde a comunicação
interpessoal aliada à linguagem não verbal e escuta reflexiva compõem esta outra
competência.
E uma das principais competências do papel de mentor é o desenvolvimento das
pessoas, com ações de mentoring e coaching, delegação eficaz, liderança
situacional e avaliações de desempenho.
Papel de Facilitador
No ambiente de projetos o papel do facilitador pode ser um dos mais importantes,
pois é neste papel que encontramos a habilidade para construção de equipes. Toda
equipe passará por um ciclo de vida diversas vezes em um projeto, a cada entrada
ou saída de um integrante, o ciclo de vida de uma equipe possui quatro fases:
1. Formação: Os membros são selecionados, reunidos, apresentados e
compreendem seus papéis e o objetivo da equipe;
60
2. Confrontação/Tempestade: Nesta fase os membros disputam posição e
controle;
3. Normalização: Todos os membros já se conhecem, focam na meta do grupo e
não em diferenças pessoais;
4. Execução/Desempenho: A equipe é produtiva e eficaz, os integrantes possuem
alta confiança.
Além de construir a equipe o gestor é responsável por acompanhá-la, proporcionar
desenvolvimento a seus membros, visando às necessidades interpessoais de cada
um e mantendo alinhados os objetivos pessoais da equipe e objetivos
organizacionais da empresa.
O gestor facilitador deve desenvolver um processo decisório participativo,
possibilitando maior comprometimento da equipe com os objetivos, isto
proporcionará mais conhecimentos genéricos e especializados, identificando com
maior facilidade os riscos e reduzindo resistências, porém é necessário manter-se
atento ao tempo gasto para tomada de decisões, orientar a equipe para busca
sempre da melhor alternativa e não do consenso do grupo e estruturar as reuniões
para tomada de decisões.
A administração de conflitos também é competência do gestor facilitador, pois os
conflitos existem desde o inicio da humanidade, fazem parte do processo de
evolução do homem e são necessários para o desenvolvimento e crescimento de
qualquer sistema. Cabe ao gestor interagir com as partes participantes de um
conflito e trabalhar para que obtenham um resultado satisfatório a ambas.
Papel de Monitor
O gestor desenvolvendo o papel de monitor deve realizar analises de informações
com o pensamento crítico gerando alegações, recomendações e avaliações
baseadas em argumentos claros e objetivos sustentando as afirmações.
61
O gerente de projetos deve sempre buscar e documentar as informações de maneira
completa para melhor analise dos fatos em caso de julgamento durante ou pós
projeto, ele deve avaliar a informação e gerar comunicações e documentações
claras e objetivas, sem margem de duvidas a todos os stakeholders.
A atual sobrecarga de informações gera nos recursos uma grande ansiedade
informacional (lacuna entre o que sabemos e o que achamos que deveríamos
saber), para lidar com esta ansiedade os gestores devem aplicar o coaching nos
recursos a fim de orientá-los quais os cursos e informações são necessários a sua
responsabilidade.
O gestor monitor deve acompanhar toda a cadeia produtiva, buscando sempre a
melhoria continua de seus produtos, para isso, faz uso de reengenharia e
engenharia de processos e o ciclo PDCA (Plan, Do, Check and Act) para administrar
os processos essenciais da organização.
Papel de Coordenador
O coordenador deve possuir como competência o planejamento do trabalho para
obter um melhor resultado operacional e maior controle de qualidade, para isso é
utilizada a reestruturação de cargos com o aproveitamento e reciclagem do
profissional promovendo a ampliação, rotação e enriquecimento de tarefas. A gestão
do conhecimento também é utilizada no planejamento do trabalho, ela é sustentada
por em três pilares:
Pessoas e Cultura: É preciso suprir gaps de conhecimento, valorizar e reconhecer o
capital humano, obter sinergia entre os profissionais e o know how adquirido deve
ser compartilhado entre todos os membros.
Processo de Negócio: É preciso mesclar os processos de gestão do conhecimento
com os processos de negócios e atentar-se a postura gerencial, apoiando
permanentemente a filosofia.
62
Tecnologia da Informação: A tecnologia adotada deve ser eleita para atender as
necessidades em prol dos objetivos estratégicos.
A gestão do conhecimento tem diversos objetivos, dentre eles: proteger e valorizar o
capital intelectual, prover informação relevante na hora certa, mapear competências
individuais, apoio na decisão estratégica, preservar a memória da empresa, reutilizar
soluções, aumentar o grau de colaboração, entre outros.
Papel de Diretor
No papel de diretor o gestor deve possuir competências para desenvolver,
comunicar e operacionalizar a visão e a missão da empresa.
As metas estabelecidas tendem a se aproximar da visão com um foco estratégico e
direcional na liderança das organizações e em níveis inferiores tendem a serem mais
táticas, com determinação de tempo para alcance de objetivos específicos, planos
de ação, cronogramas, orçamentos, escopo, padrões e indicadores de desempenho,
e é papel do gestor garantir o desenvolvimento de todos estes itens.
O planejamento estratégico é parte do resultado do trabalho do gestor no papel de
diretor, este plano apresenta a empresa, como ela esta atualmente, quais seus
objetivos estratégicos, visão de futuro e o que será necessário para alcançar estes
objetivos.
Papel de Produtor
O líder produtor deve trabalhar para otimizar o desempenho individual de cada
membro de sua equipe, orientando-os ao resultados, adotando uma gestão
participativa, onde todos os membros participam de decisões e entendem as
necessidades de mudança, permitindo que cada membro tenha autogestão, domínio
e participação nos grupos.
63
Os membros de uma equipe possuem motivações intrínsecas e extrínsecas, cabe ao
líder zelar para que as motivações extrínsecas estejam de acordo com as
necessidades de seus recursos, para isso é importantíssimo que o líder conheça
toda sua equipe e suas necessidades. O líder deve incentivar e dar condições para
que as pessoas se sintam auto-realizadas. Fatores higiênicos, do tipo condições de
trabalho, supervisão, políticas e administração da empresa, não são fatores que
causam motivação aos funcionários quando conquistados, são vistos como
obrigação a ser cumprida pelas empresas, porém na falta destes fatores podemos
causar a insatisfação dos funcionários.
O líder produtor deve estar sempre em busca do melhor desempenho de sua equipe,
orientando-os para melhor aproveitamento do tempo, aplicando técnicas como a
Matriz de Administração do Tempo, 5W2H e a dos 5S que é base para a qualidade
total.
Papel de Negociador
O gestor no papel de negociador deve saber trabalhar com os diversos tipos de
poderes que possui. Fazendo uso do poder de recompensa, o negociador deve ter
pleno conhecimento do que esta sendo negociado e se realmente poderá cumprir
com o acordo proposto, o poder pessoal é o poder essencial para todos os lideres,
pois um forte atributo deste é a relação de confiança – o quanto inspira confiança e o
quanto confia nos demais – e o poder essencial para gerentes de projetos é o poder
dos relacionamentos, a rede social – Networking.
Em situações onde é necessário tomar decisões em conjunto e as partes envolvidas
não compartilham da mesma opinião o negociador deve interagir com as partes, a
fim de conquistar um objetivo comum que satisfaça ambas as partes, para isto o
negociador deverá avaliar o ZOPA (Zona de Potencial Acordo).
64
Papel de Inovador
Na gestão de mudanças o gestor inovador desenvolve importante papel para que as
mudanças necessárias sejam aceitas por todos da equipe e é o responsável para
que elas sejam implementadas com sucesso, para isso ele deve garantir que todos
os requisitos sejam atendidos.
Os gestores no papel de inovador devem buscar afirmar a individualidade de cada
um de seus colaboradores e desenvolver a capacidade de pensamento criativo
tendo a motivação como uma grande aliada.
Para conquistar a inovação, que é sinônimo de vantagem competitiva é necessária à
junção de recursos materiais, conhecimento, idéias criativas e motivação é papel do
líder inovador buscar estes fatores em sua equipe.
Os lideres atuais devem ter uma visão do todo com perspectivas diferentes para
uma mesma situação e ter a habilidade de analisá-la utilizando diversas
competências, mesmo que estas não sejam indicadas para a situação. O
aprendizado é constante e novos desafios sempre surgirão e, para que sejam
alcançadas novas posições é necessário assumir novas responsabilidades e
aprender novas competências.
O gestor com capacidade plena possui um repertório comportamental rico e
diferenciação comportamental, ou seja, em diferentes situações ele possui diferentes
papéis para cada e consegue utilizá-los conforme cada situação. E a cada nova
posição o gestor enriquece seu repertório e adéqua sua diferenciação
comportamental.
A liderança da atualidade deve ser servidora, ou seja, possuir o espírito de servir
com verdadeiro interesse, sem discriminações, falando a verdade, oferecendo o
melhor, valorizando a equipe e sempre inovando.
65
4. CASES
Neste capítulo serão apresentados três cases reais de empresas que utilizando a
correta gestão, desenvolvimento e motivação tiveram sucesso no resultado de seus
projetos.
4.1. Fog Creek Software
A Fog Creek é uma desenvolvedora de softwares fundada em 2000, pelo seu atual
CEO Joel Spolsky, atualmente com sede em Nova York e mais de 15 mil clientes em
116 países. Possui quatro softwares em comercialização, o Fog Creek Copilot um
sistema de suporte remoto, o FogBugz 7.0 um sistema de gerenciamento de equipes
de desenvolvimento, o Make Better Software para treinamento de equipes e o Kiln
1.2 um controle de versão distribuído.
Joel Spolsky e Michael Pryor, respectivamente, CEO e Presidente da Fog Creek
sabem que tão, ou mais importante que a satisfação de seus clientes está à
satisfação de seus funcionários, pois sem possuir os melhores e mais motivados
programadores do mercado não teriam produtos tão vendáveis quanto possuem.
A motivação desta empresa é desenvolver softwares com prazer e isto contempla:
• Atrair, contratar e reter os melhores talentos existentes no mercado;
• Proporcionar aos seus funcionários o melhor lugar possível para o
desenvolvimento de softwares;
• Tratar seus desenvolvedores de softwares com verdadeiros astros do Rock,
conscientizando-os da importância de seus trabalhos;
• Fazer tudo para manter seus funcionários motivados, produtivos e felizes com
seu trabalho.
66
Sintetizando os itens citados na motivação da Fog Creek, temos a seguinte fórmula:
Com a aplicação desta fórmula a Fog Creek dobra suas vendas anuais desde sua
fundação em 2000, sem qualquer investimento interno.
Proporcionar as melhores condições de trabalho aos seus programadores significa
atentar-se aos mínimos detalhes nas instalações, como:
Localização
- Escritório biônico na 8ª Avenida de Nova York;
Privacidade
- Salas individuais para desenvolvedores com porta;
- Cadeiras Herman Miller Aeron, ao custo de US$900.00 cada;
- Salas para conferência e reunião com monitor de plasma de 42”;
- Banheiro em mármore com chuveiro;
Infra-estrutura
- Móveis do escritório projetados para a programação, com ajuste de altura
motorizado, ideais para programação em duplas;
- Dois monitores para cada equipamento, sendo 30” e 21”;
Melhores Condições de
Trabalho
Melhores Desenvolvedores
Melhores Softwares LUCRO!
67
- 20 tomadas atrás de cada escrivaninha, tomadas múltiplas e acessíveis, fiação
adequada ao uso de telefones, LAN, TV a cabo, alarmes, sem a necessidade de
alterações para o uso imediato;
- Quadros brancos de vidro, fáceis de limpar em todas as salas;
- Biblioteca com poltronas reclináveis em couro;
Ambiente
- Próprio para que o desenvolvedor possa descansar a vista, quando necessitar;
- Área de lazer e reuniões informais;
- Café bar e sala de almoço;
- Bebidas e lanches à vontade;
- Todos almoçam juntos, compartilhando de uma grande mesa;
- No restaurante existe um projetor para conferências, reuniões e outros fins;
Proporcionando as melhores condições de trabalho, a Fog Creek entende que seus
desenvolvedores devem ser inteligentes, fazer acontecer e que:
- Bons desenvolvedores nunca estão procurando emprego;
- Candidatam-se a, talvez, quatro empregos na vida inteira;
- Os melhores alunos são contratados por grandes empresas antes mesmo de se
formarem;
- Um currículo excepcional raramente aparece espontaneamente.
Então, a Fog Creek faz a diferença desde a seleção de seus desenvolvedores,
iniciando pelo modo de como e onde anunciam suas vagas, ao receberem os
68
currículos dos candidatos, estes são submetidos ao sistema de
pontuação/classificação, para ter eficiência na seleção.
A primeira entrevista é realizada por telefone com duração aproximada de uma hora
e dividida em três partes, abordando os temas: tecnologia e política, problema
técnico e o candidato entrevista o entrevistador.
As entrevistas presenciais, em torno de seis entrevistas, são realizadas com cinco
desenvolvedores da equipe e isto já inicia, indiretamente, o processo de integração,
onde cada desenvolvedor fará sua entrevista individualmente e somente após a
finalização de todas as entrevistas é que são reunidos para discutir sobre o
candidato.
Após o início dos trabalhos, a Fog Creek possui a missão de reter os talentos, para
isso, a gerência desempenha uma função de suporte às equipes, não existe
politicagem no ambiente, a remuneração (salários e benefícios) é extremamente
satisfatória e acima da média de mercado, e os desenvolvedores além de possuírem
as condições de trabalho descritas, também contam com testadores e projetistas a
disposição.
A Fog Creek também possui um programa de estágios de verão, onde um dos
principais objetivos é fazer com que as pessoas se identifiquem como nova-iorquinos
e sintam-se confortáveis com a idéia de mudar para NY depois de formados, para
passarem a fazer parte da empresa em tempo integral. Para isto, existe uma lista de
atividades extracurriculares, sendo dois shows na Broadway, uma visita ao topo do
Rockefeller Center, um passeio de barco em torno de Manhattan, um jogo dos
Yankees, um open house para que possam encontrar mais nova-iorquinos e uma ida
a um museu, além disso, Joel e Michael promovem festas em seus apartamentos
em forma de boas vindas aos estagiários.
Joel e Michael acreditam que para gerenciar um time de pessoas high-tech e
orientadas ao conhecimento, a melhor técnica a ser adotada é o Método de
Identidade, onde o objetivo é gerenciar fazendo com que as pessoas se identifiquem
com as metas que deverão ser atingidas e estas deverão ser virtuosas e atrativas.
Neste método o gerente deverá se valer de todas suas habilidades sociais para
69
fazer com que os membros da equipe se identifiquem com os objetivos da
organização, de modo que estejam sempre altamente motivados.
A Gerência de Identidade exige que a equipe seja coesa, grudada e que se sintam
como uma família, assim desenvolvendo o senso de lealdade e compromisso entre
os membros da equipe. Deverão ser fornecidas às pessoas as informações que
necessitam para orientar a organização na direção correta.
Como é possível observar neste case, na Fog Creek existe a consciência de que o
maior legado da empresa são seus funcionários e seus conhecimentos, portanto,
toda e qualquer melhoria é direcionada para estes. Comprovamos com este case
que a gestão de pessoas e relacionamentos é um diferencial no gerenciamento de
projetos e pode aferir o sucesso de um projeto.
4.2. Danone
O Grupo Danone é uma empresa multinacional francesa, líder mundial em produtos
lácteos frescos e vice-líder em águas, está presente em mais de 120 países e conta
com aproximadamente 90 mil colaboradores no mundo. A marca Danone está
avaliada em US$ 4,48 milhões segundo a consultoria britânica InterBrands,
ocupando o 63° lugar no ranking das marcas mais valiosas do mundo.
Está presente no Brasil desde 1970 com a fabricação e venda de produtos lácteos,
como o iogurte de polpa de frutas Danone, Petit Suisse Danoninho, Dan’up,
Danette, Corpus e seu principal produto atualmente o Activia.
A administração central da Danone está localizada em São Paulo, suas duas
fábricas em Guaratinguetá/SP e Poços de Caldas/MG e seus escritórios regionais
empregam aproximadamente 2.500 colaboradores.
Em 2005, a empresa estabeleceu como meta duplicar seu tamanho, mas sabia que
este era um objetivo agressivo para ser alcançado, principalmente no Brasil, onde há
alguns anos os resultados apresentados eram negativos, neste período a divisão de
70
iogurtes representava 1,4% do faturamento do Grupo Danone e seu maior
concorrente era a Nestlé.
Para conquistar este novo objetivo, a empresa também sabia que seria necessário
contar com seus colaboradores e que estes deveriam ter um perfil arrojado e
habilidade para trabalhar de forma alinhada ao novo direcionamento, então se criou
o DNA Danone, que é o conjunto de características necessárias para os
colaboradores serem direcionados às conquistas dos resultados desejados e
estabelecimento de novos desafios mais ambiciosos.
O DNA Danone é composto por quatro genes e 100% dos colaboradores da
Companhia devem ter:
Liderança
Fazer acontecer, não se satisfazendo por atingir menos do que as metas
estabelecidas.
Inovação
Pensar diferente utilizando a criatividade na geração de novos resultados.
Ambição
Exceder as expectativas, descobrindo que não existem limites.
Excelência na Execução
Fazer bem feito sempre, sem retrabalhos.
Após os genes definidos, o desafio era implantá-los na rotina de cada área, pois
cada meta estabelecida nas áreas está ligada a um determinado gene. De maneira
muito positiva e sólida as áreas receberam esse processo e promoveram outras
iniciativas para implementar os genes em seus nichos de trabalho. Por exemplo, a
71
área comercial adotou o puma como símbolo do DNA, este animal tem como
principais características fazer a caçada e não ser caçado e seu espírito de
empreitada, o Programa Puma criou para a equipe de vendas uma identidade
alinhada com os valores da empresa.
O conceito do DNA, suas funções e atitudes esperadas, foi disseminado a todos os
colaboradores por meio de uma oficina, onde ficou visível à operação de fábrica, por
exemplo, que, uma pessoa que alcança 100% da produtividade esperada, prima em
Liderança e cumpriu 100% da sua meta.
Para reforçar a influência deste novo conceito e conquistar o compromisso dos
colaboradores para adoção dos genes, o Recursos Humanos (RH) lançou o Desafio
DNA, uma celebração anual que reconhece e premia com viagens e bolsas de
estudos, os funcionários que ativam seu DNA e mostram melhores resultados.
Com a missão de garantir a implantação desta nova cultura à rotina diária dos
colaboradores, o RH desenvolveu junto às áreas as ações necessárias e todos os
processos de gerenciamento, recrutamento e seleção, avaliação de desempenho,
treinamento e desenvolvimento estão alinhados e focados nos genes DNA Danone,
nas competências gerenciais do Grupo Danone e nas competências de cada cargo.
No processo de recrutamento e seleção, o foco é contratar profissionais que não só
possam assumir níveis superiores, mas que criem e contribuam com possibilidades
de crescimento da companhia.
A diretoria de RH participa ativamente das definições de estratégia da empresa,
estabelecidas pelo Comitê de Direção, este comitê decide as metas e prioridades da
Danone Brasil conforme as diretrizes do Grupo Danone. Com as metas definidas, o
RH assume a responsabilidade de cascateá-las a toda companhia, sendo que estas
metas estão diretamente ligadas aos genes DNA.
Para garantir a proximidade aos colaboradores, garantir que os objetivos estejam
sendo trabalhados e as pessoas estejam se desenvolvendo, o RH possui uma
estrutura divida em duas áreas, o Business Partner responsável por atendimento
direto às áreas, aplicação e customização dos processos de RH, e o Planejamento &
Inovação responsável por desenvolver, coordenar e aplicar programas de melhoria
72
dos produtos de RH para atender as necessidades da Danone Brasil. Com esta
estrutura a Danone demonstra que seu conceito de Gestão de Pessoas é atender a
todas às áreas clientes da melhor maneira, proporcionando com isso, os melhores
resultados para a organização como um todo.
Como forma de avaliação individualizada de seus colaboradores, a Danone possui a
Revisão de Desempenho e Performance (RDP), realizada entre os colaboradores e
seus gestores, onde a avaliação das competências impacta no desenvolvimento do
funcionário dentro da empresa e a avaliação de performance impacta no bônus a ser
recebido, para manter esta avaliação formal ao final de cada ano, o RH realiza
reuniões periódicas de feedback sobre o desempenho alcançado.
A RDP compõe o Plano de Desenvolvimento Individual de cada funcionário, neste
são contempladas todas as ações necessárias ao desenvolvimento do colaborador
dentro da companhia. E com estas ferramentas o RH avalia juntamente com os
diretores das áreas o desempenho e potencial de seus subordinados, estas
informações integram o mapa estrutural – Manager Review - da empresa com a
avaliação de cada profissional, que é utilizado para realizar as movimentações
dentro da organização, ações de treinamento e bonificações. Anualmente a Danone
realiza o Salary Review que avalia e aplica aumentos salariais por méritos e bônus,
visando à retenção de talentos.
Devido a toda reestruturação de RH, a implantação do conceito DNA Danone,
investimentos em publicidade e reestruturação da empresa em linhas gerais, no ano
de 2005 a Danone retomou o lucro crescendo 2,0% do faturamento do ano anterior.
Em 2006 apresentou um crescimento de 26%, e de acordo com os dados Nielsen,
em 2007 a empresa tinha 32,6% de participação no mercado contra 21,3% da Nestlé
e 8,5% da Batavo, suas principais concorrentes. Então, constatamos que o genes
DNA foram implementados com sucesso, gerando benefícios a todos.
Podemos afirmar com este case que o modelo de Gestão de Pessoas adotado pela
Danone não está focado somente em resultados, mas também no desenvolvimento
de seus colaboradores e, foram extremamente importantes e necessárias todas as
melhorias realizadas para que os objetivos estabelecidos fossem alcançados, mais
uma vez a Gestão de Pessoas fez a diferença no resultado final.
73
4.3. Itaú Unibanco
Em 3 de novembro de 2008 foi anunciada a fusão entre dois grandes bancos, Itaú e
Unibanco, o que resultou em um grande projeto de integração das plataformas das
duas instituições.
A conclusão total do projeto de migração é estimada para 2012, porém a fase que
mais impacta os clientes e a marca, que é a integração da base de atendimento no
Brasil, foi concluída em outubro deste ano. Comenta Roberto Setubal, presidente do
Itaú Unibanco:
“Tenho muito orgulho de completar a integração das agências nesse período. Essa
conquista é resultado do esforço de cada um dos nossos 106 mil colaboradores, que
contribuíram para que essa grande operação fosse concluída em tempo recorde. E
quem se beneficia são os nossos mais de 40 milhões de clientes, que ganham uma
rede totalmente integrada e com forte capilaridade.”
Histórico do Projeto
Após o anúncio oficial da fusão em novembro de 2008, o processo de integração foi
iniciado e as equipes técnicas do Itaú e do Unibanco, trabalharam juntas para
estabelecer os padrões que seriam adotados pela rede conjunta.
A primeira fase da integração foi nos caixas eletrônicos, que teve início em janeiro
de 2009, a partir desta fase os clientes dos dois bancos puderam realizar saques,
consultas a saldos em conta corrente e poupança, mantendo seus cartões e senhas
já existentes, ou seja, tiveram acesso de comunicações e operações nos caixas
indistintamente e com a unificação das tarifas pelo menor valor.
Em março de 2009 foi fechado o cronograma de migrações e o envolvimento de
diversas áreas do banco, que iniciaram seus trabalhos com o intuito de garantir que
todos os correntistas do Unibanco teriam acesso aos serviços prestados por este
durante o período de migração.
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Uma próxima e importante fase do projeto teve seu piloto realizado em agosto de
2009 com a migração de quatro agências do Unibanco para o design das agências
do Itaú e em dezembro foi contrata a consultoria inglesa Allen, especializada em
branding e design para auxiliar na migração das demais agências do Unibanco. De
acordo com Geraldo Carbone, vice presidente do Itaú Unibanco, a missão era
desenvolver um novo conceito de atendimento nas agências, que unisse os pontos
positivos e experiências dos dois bancos, agregando modernidade, transparência e
proximidade com foco na satisfação dos clientes. Este novo modelo contempla um
conjunto de novas aplicações de tecnologia a serviço do cliente, que serão
expandidas para toda a rede gradualmente.
Planejava-se uma média de migração de 150 agências do Unibanco para o Itaú por
mês e era provisionado o término de todo processo para o final de outubro de 2010,
para isso, foram destacados mais de 450 funcionários do Itaú exclusivos para esta
tarefa.
A migração das agências aconteceu em 25 estados brasileiros mais o Distrito
Federal, contemplando mais de 300 cidades pelo Brasil. “Em toda essa operação
mobilizamos mais de 650 fornecedores e, com isso, contribuímos também para o
desenvolvimento do país por meio da geração de empregos diretos e indiretos.
Foram 150 construtoras, mais de 1.600 pessoas envolvidas somente em logística e
transporte”, comenta Geraldo Carbone.
Para conclusão desta fase do projeto foram migrados mais de 1.200 pontos do
Unibanco e atualmente são 5.000 unidades em todo país com a marca Itaú. No
desenvolvimento deste trabalho, realizado em seis meses, houve meses em que
existam 500 obras simultâneas e segundo o banco neste período a comunicação
com os mais de 4 milhões de clientes foi intensa, gerando informações antecipadas
sobre troca de dados das contas, senhas, produtos, canais de atendimento.
Num período trimestral o banco contabilizou 406 milhões de reais gastos com a
migração dos pontos de atendimento, porém durante o ano de 2010 foram gastos
700 milhões de reais, além do previsto para esta fase que era de 500 milhões, isto
elevou o valor da migração para mais de um bilhão de reais.
75
Uma equipe de aproximadamente seis mil pessoas de tecnologia trabalharam nos
2.500 projetos de infra-estrutura e sistemas, contabilizando mais de 3 milhões de
horas de trabalho, foram contratados mais 3.100 novos circuitos de comunicação
para suportar esta nova operação, gerando maior capacidade à integração das
agências, postos de atendimentos e caixas eletrônicos. Os centros de
processamentos de dados foram integrados no início de 2009, e sofrem constantes
modernizações desde então, de acordo com Geraldo Carbone, atualmente os
centros de processamento do Itaú possuem uma capacidade 65% maior com
apenas 25% a mais em número de servidores operando, o banco aumentou seu
valor de mercado em 79%, passando de 108 bilhões em dezembro de 2008 para
193.300 bilhões em outubro de 2010.
No decorrer de cada fase da migração das agências, o banco foi se aperfeiçoando e
reduzindo o volume de reclamações de seus clientes, a média inicial era de 40
queixas por mil clientes e ao final do processo de migração eram 1,6 reclamações
por mil clientes.
Ainda não foi anunciado pelo banco o resultado em valores desta fusão, porém
antes da união, os dois bancos tinham despesas em torno de 30 bilhões de reais e
era previsto que estas despesas alcançassem o valor de 33 bilhões de reais, mas as
despesas atuais do banco fecharão num número em torno de 30 bilhões, afirmou
Rogério Calderón, diretor de controladoria corporativa e relações com investidores:
"Tínhamos um banco que gastava 30 bilhões em despesas anualmente, passaram-
se dois anos e nós temos a mesma despesa, tendo absorvido toda a migração."
Ao fim da migração, o banco criou um filme para celebrar o sucesso desta fase do
projeto. Neste filme criado pela agência África foi demonstrado o resultado nas
agências pelo Brasil, comentou Zeca Rudge, vice presidente do Itaú Unibanco:
“Esse é um momento muito especial para todos os colaboradores e clientes do Itaú.
Concluímos a migração das agências em tempo recorde. Mais do que isso, estamos
entregando um espaço completamente novo de relacionamento, que traduz os
atributos da nossa marca, reforçando um banco cada vez mais competente, próximo,
76
construtivo e autêntico. Assim, nada melhor do que celebrar esse resultado com uma
campanha que mostre que 1 + 1 é mais do que dois.”
Motivo do sucesso
Historicamente todos os processos de fusões entre grandes empresas possuem
resultados traumáticos para seus funcionários e elevando drasticamente o nível de
insatisfação interna.
As mudanças resultantes destes processos atingem todas as áreas da organização
e as incertezas se multiplicam, como o corte de pessoal. O conflito entre as culturas
existentes geram fissuras profundas que levam anos para serem dissipadas.
O banco Itaú Unibanco sabe que os grandes responsáveis pelo sucesso da
migração são seus funcionários e reconhece publicamente o esforço para a
conquista deste resultado. De acordo com Ricardo Villela Marino, diretor executivo
da área de pessoas e vice presidente para América Latina e Caribe da instituição,
afirma que este empenho das pessoas é reflexo de uma série de medidas
acordadas no início do projeto, como:
Acordo com o sindicato
Foi fechado um acordo com o sindicato dos bancários que garantia o não
fechamento de nenhuma agência e o comprometimento de aproveitar, sempre que
possível, os funcionários de setores atingidos pelo corte.
Centro de recolocação
O centro de recolocação do profissional foi criado para auxiliar os funcionários no
período de transição de áreas, onde os funcionários remanejados recebiam um
treinamento intensivo antes de assumir as novas funções.
77
Plano de Demissão Voluntária (PDV)
Plano com pacote de incentivos financeiros para estimular os funcionários com mais
de 50 anos já aposentados a deixar a instituição.
Pelos cálculos, aproximadamente duas mil pessoas que seriam demitidas foram
aproveitadas em outras áreas do banco como as agências. O turn over, desde a
fusão registra índice de 5%, este total está um pouco acima das médias históricas
registradas pelo Itaú e Unibanco.
As ações de comunicação foram essenciais na divulgação do processo de transição,
além de serem utilizados os canais já existentes, como e-mail e jornal interno, o
banco lançou um hot site na intranet com todas as informações sobre a fusão. No
canal privativo de TV foram gravados depoimentos de toda a diretoria para que os
funcionários soubessem quem era quem na nova composição do banco. Foi criada
uma área de endomarketing que concentra todas as ações de comunicação interna
e distribui aos funcionários o conteúdo multimídia gerado pela área de recursos
humanos.
As mensagens publicadas nos diversos canais, de acordo com Marino, eram
direcionadas para explicar as dificuldades e desafios do novo banco e mantinham o
pessoal atualizado sobre as ações tomadas para acelerar a integração. Os valores
internos do Itaú Unibanco, como ética e responsabilidade social e ambiental eram
reforçados, representado os motivos de reconhecimento pela sociedade.
Apresentavam o novo direcionamento do banco em privilegiar a meritocracia e a
remuneração atreladas a resultados, e no âmbito de carreira, a mensagem é de que
o banco oferece excelentes oportunidades, inclusive no exterior, onde será
contratada a expansão para os próximos anos.
Juntamente com os investimentos em comunicação e esforços para equacionar a
questão trabalhista, o Itaú Unibanco convidou os funcionários a participarem da
fusão, criando um compromisso para o sucesso. Foi contratada a consultoria
McKinsey, conceituada mundialmente por seus serviços de gestão, que formou 19
78
grupos de funcionários nas diferentes áreas do negócio para identificar as melhores
práticas adotadas pelos bancos distintamente, antes da fusão.
Foram pesquisados em torno de nove mil funcionários dos bancos, sendo
questionados pelos valores já presentes nas organizações e os valores que
deveriam ser reforçados, o objetivo era aproveitar o que as duas instituições
possuíam de melhor para a criação de uma nova cultura, onde dois mais dois é igual
a cinco.
E em meio a este processo de transição e para comprovar o sucesso do projeto
junto aos funcionários, o Itaú Unibanco foi eleito pelo segundo ano consecutivo após
a fusão, uma das melhores empresas para trabalhar, segundo a pesquisa realizada
pela Great Place to Work da revista Época e no Guia Exame – Você S/A. Esta
eleição deu-se pelo resultado das duas pesquisas que avaliaram o índice de
satisfação dos funcionários como salário, plano de carreira, benefícios e clima do
ambiente de trabalho.
Pelo resultado alcançado e em forma de reconhecimento pelos esforços dos
funcionários foi criada uma campanha que atingiu cerca de cem mil colaboradores,
cada um deles recebeu uma mala direta com os dizeres: “É o seu brilho nos olhos
que faz nosso banco ser o que é. Nosso jeito de retribuir” e todo ambiente, incluído
on line, foi decorado com as peças de ambientação seguindo os dizeres. Esta
campanha também ajudou a reforçar este grande marco que o banco alcançou.
Neste case podemos observar nitidamente e comprovar que a Gestão de Pessoas é
primordial para obtenção de bons resultados em projetos. Realizar a Gestão de
Pessoas não significa somente seguir os procedimentos das empresas e
metodologias propostas, mas sim fazer com que os funcionários tenham ciência da
importância de sua dedicação ao trabalho e que estes se sintam importantes para a
empresa.
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CONCLUSÃO
Com este trabalho concluímos que a aplicação efetiva da gestão de pessoas,
acompanhada pela busca do desenvolvimento contínuo dos membros da equipe e
alinhados as melhores práticas de gerenciamento de projetos afetam
significantemente o resultado final de um projeto, ou seja, o sucesso de um projeto
está intimamente ligado ao trato com as pessoas no desenvolvimento do projeto.
As empresas estão gradualmente se conscientizando sobre a importância das
pessoas para elas, pois na atualidade a maior riqueza das organizações está no
capital intelectual humano e este pode ser perdido a qualquer momento que o
funcionário encontre-se insatisfeito ou desmotivado. Conhecimentos tecnológicos e
de negócios são passados em livros e qualquer pessoa empenhada pode preparar-
se e adquirir este, porém o conhecimento que não é passado em livros está
relacionado à vivência e ao jeito próprio que cada indivíduo possui em seu interior,
para isto não existe cópia.
Os gestores também estão se conscientizando do papel que eles devem
desenvolver na busca da gestão de pessoas, que contempla a motivação, liderança,
gerenciamento de conflitos e relacionamentos, conforme explanamos nesta
pesquisa. Outro papel essencial dos gestores e que deve caminhar paralelamente
ao item anterior comentado é o desenvolvimento destas pessoas, nos quesitos
competência e conhecimento, quando este trabalho é realizado junto aos
colaboradores, os mesmo se sentem importantes e valorizados pela companhia e
este é um item que auxilia na retenção de talentos, pois a partir do momento que o
profissional não se sente útil para a empresa e esquecido por esta, ele sairá à
procura de novos desafios onde este possa saciar sua sede de crescimento, item
este extremamente importante nos dias atuais.
A gestão de projetos explanada nesta pesquisa foi baseada no Guia PMBOK que
consolida as boas práticas aplicadas no gerenciamento de projetos e em autores
que também são seguidores das boas práticas instituídas e revisadas
periodicamente pelo Project Management Institute, órgão reconhecido
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mundialmente. A ênfase dada foi na área de conhecimento de recursos humanos
que refere-se totalmente ao tema abordado.
Os três cases apresentados foram pesquisados e demonstraram resultados reais de
grandes empresas que já aplicam a gestão e desenvolvimento de pessoas no
gerenciamento de projetos, e estes cases apresentaram resultados positivos ao final
de cada projeto relatado.
Independentemente do cargo, o profissional que deseja ser líder de pessoas, deve
saber entendê-las, lembrar que cada membro de sua equipe possui vida, gosto e
história diferentes, o que resultará na necessidade de uma abordagem diferente a
cada recurso e situação. Cabe ao líder, escutar, entender, orientar, apoiar cada
recurso quando este necessitar e também reconhecer os méritos de cada um
individualmente.
Neste trabalho focamos o objetivo em projetos, pois estes possuem natureza
temporária e diferentemente de uma empresa, que caso determinadas situações não
sejam acertadas de uma maneira, existirá tempo e chances suficientes para
correções, em projetos não existe tempo sobrando para correções, trabalhamos
sempre no limite, portanto, o gerente que souber cativar seus liderados, com certeza
alcançará o sucesso a tempo e de uma maneira saudável para a equipe como um
todo.
Acreditamos que o desenvolvimento de outras habilidades interpessoais por parte
dos gestores, poderão juntamente colaborar para o sucesso de projetos, porém
salientamos que, projetos são realizados por pessoas e estas se tornam a razão do
sucesso ou do fracasso destes projetos.
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