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FACEBOOK E A CONT GT14 - Mídia, cultura e sociedade TROVÉRSIA DO IMPACTO SOBRE AS CONTEMPORÂNEAS LIANE FERREIRA DA li Universidade Federal do R Fina JOSÉ ANTONIO S s Universidade Federal do R 1 SOCIABILIDADES A TRINDADE MARIZ [email protected] Rio Grande do Norte anciamento: CAPES SPINELLI LINDOSO [email protected] Rio Grande do Norte

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FACEBOOK E A CONTROVÉRSIA D

GT14 - Mídia, cultura e sociedade

FACEBOOK E A CONTROVÉRSIA DO IMPACTO SOBRE AS SOCIABILIDADES

CONTEMPORÂNEAS

LIANE FERREIRA DA [email protected]

Universidade Federal do Rio Grande do NorteFinanciamento: CAPES

JOSÉ ANTONIO [email protected]

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

1

O IMPACTO SOBRE AS SOCIABILIDADES

LIANE FERREIRA DA TRINDADE MARIZ [email protected]

Universidade Federal do Rio Grande do Norte Financiamento: CAPES

SPINELLI LINDOSO [email protected]

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

2

FACEBOOK E A CONTROVÉRSIA DO IMPACTO SOBRE AS SOCIABILIDADES CONTEMPORÂNEAS

LIANE FERREIRA DA TRINDADE MARIZ1

JOSÉ ANTONIO SPINELLI LINDOSO2

RESUMO

As redes sociais digitais ancoram-se nas inquietações da sociedade atual. Constituindo-se espaço de mediação dialógica seus encadeamentos induzem a falsos impactos e mascaram relações de poder entre indivíduos. Busca-se compreender as consequências para as sociabilidades decorrentes de arranjos sociais que perpassam o eixo público/privado nos Feeds de Notícias do Facebook. As relações concretas e estáveis que descrevem a sociabilidade tradicional são afetadas por compartilhamentos no interior de um sistema de comunicação digital, contribuindo para sua aleatoriedade e fluidez. O jogo interativo no ciberespaço nos inclui num tecido social encoberto por uma composição fragmentária, abrindo espaços sem fronteiras para exposição da vida privada. Isso é revelado pela própria tessitura do ciberespaço, uma vez que apresenta simbologias que demonstram a necessidade de espaços sociais ampliados.

Palavras-chave: Ciberespaço. Redes Sociais. Tecnologia e sociedade.

SUMMARY

Social networks anchor in current society uneasy. Constituting space of dialogical mediation and its threads induce false impacts and mask power relations among individuals. We seek to understand the consequences for the socialities arising from social arrangements that permeate the public/private axis in the Facebook News Feeds. The concrete and stable relations that describe the traditional sociability are affected by shares within a system of digital communication, contributing to its randomness and fluidity. The interactive game on cyberspace includes us in a social woven covered by a fragmentary composition, opening spaces without borders for expositure of private life. This is revealed by the own tessitura of the cyberspace, since that it presents symbologies that demonstrate the need of expanded social spaces.

Keywords: Cyberspace. Social Networks. Technology and society. 1 Doutoranda do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN). Mestre em Educação - UFRN, graduada em Pedagogia pela UFRN. E-mail: [email protected]. Financiamento CAPES – DS.

2 Professor Titular de Teorias Sociológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRN (mestrado e doutorado). Membro do Grupo de Pesquisa Política, Cultura e Educação (diretório do CNPq). E-mail: [email protected]

3

1 INTRODUÇÃO

Apresenta-se uma investigação sobre redes sociais on-line, considerando

sua inserção no plano da cotidianidade e de práticas sociais que revelam/ocultam

um mundo humano que é produto da práxis de indivíduos sociais. Tendo em vista

que os seres humanos organizam sua vida social ancorados nos sistemas de

produção, comunicação e relacionamento com seus semelhantes - o que possibilita

a constituição de comunidades e a formação de redes sociais -, podemos dizer que

redes sociais on-line são teias de relações, mediadas pela Internet, entre grupos de

pessoas que têm entre si algum vínculo de identidade e/ou interesse. Para Capra,

“Redes Sociais são, antes de tudo, redes de comunicação que envolvem linguagem

simbólica, restrições culturais, relações de poder etc” (CAPRA, 2008, P.22).

Está se realizando um inventário em torno de perspectivas relevantes para

poder abordar criticamente algumas das vertentes teóricas hegemônicas nesse

campo de estudos. Considera-se que a metáfora das redes tem, porém, uma história

longa e se estrutura inicialmente como objeto de estudos das ciências exatas, como

apontam Barabási (2003); Watts (2003; 2009); e Buchanan (2002). A partir de então

há um alargamento e amplitude na utilização desse conceito por diferentes campos

das ciências, incluindo as Ciências Sociais. Nessa área, as redes são consideradas

como uma forma de entender os relacionamentos humanos de forma integrada,

contextualizada e datada. Na abordagem de alguns autores essas ideias encontram

sustentação na Teoria Geral dos Sistemas que defende que um evento deve ser

analisado em suas relações com a totalidade do sistema social (PARSONS, 1969).

Entretanto, esse enfoque voltado para o sistema social, entendido como uma

totalidade articulada em diversos níveis (ALTHUSSER, 1975), ou em diversos

campos (BOURDIEU, 2001), é também utilizado por outras correntes, a exemplo do

marxismo.

A chamada força transformadora dessas redes digitais repousaria,

sobretudo, nas inquietações da sociedade contemporânea, que vivencia o fluxo

mundializado de informações, os processos globalizantes e a ampliação dos

horizontes da comunicação, propiciados, entre outras coisas, pelas tecnologias

computacionais. A comunicação digital, mediada por recursos informáticos redefine

as percepções de tempo e espaço característicos da visão newtoniana de mundo.

Essas categorias fundamentais, reconstruídas na modernidade, são desconstruídas

4

e passam a ser vistas como sinônimos de volatilidade e fugacidade, ancorados num

processo de desterritorialização do conhecimento e descentralização do saber

(DELEUZE; GUATTARI, 1991).

Assistimos, inclusive no Brasil, a diminuição de custos em relação ao acesso

à internet, ampliando e/ou ao mesmo tempo criando novas estruturas para a

participação social, as quais, acredita-se, se trabalhadas dentro de uma perspectiva

emancipatória, carregam em si um potencial transformador. Reportando ao

pensamento de Gramsci, todo homem exerce certa atividade intelectual, adota uma

visão de mundo, uma linha de conduta moral deliberada, e contribui para defender e

fazer prevalecer certa visão do mundo (GRAMSCI, 1978, p.6).

A teorização gramsciana sobre hegemonia parte do pressuposto de que há

nas sociedades modernas uma permanente negociação de conflitos que envolvem o

uso simultâneo da coerção e do convencimento. Esse último aspecto ressalta a

importância da cultura, das ideias e do discurso simbólico no processo de

construção da hegemonia de um dado grupo social. Essa constatação nos induz a

indagar, se essa nova esfera conversacional/relacional, desenhada pelo ciberespaço

e contida no Facebook e em outras redes sociais, traria a emergência de um poder

interagente e transformador.

Percebe-se isso inspirado nas reflexões de Gramsci, haja vista que, embora

as restrições sócio-estruturais delimitem fronteiras para a ação social, a malha social

é em si impregnada de fendas e rupturas, apresentando situações de conflitos que

viabilizam o afloramento das potencialidades humanas capazes de contribuir para as

mudanças sociais. Os saberes sobre o capital social são desenvolvidos também em

redes sociais, e possuem uma natureza complexa, sendo manifestações de uma

sociabilidade avançada, em que as distinções público/privado, indivíduo/sociedade,

sociedade civil/Estado já estão amplamente desenvolvidas. Como comprovou Alexis

de Tocqueville (2005) ao analisar a estruturação da sociedade norte-americana das

primeiras décadas do século XIX. Atualmente, essa discussão das redes sociais na

internet integra um estudo de uma amplitude bem maior, encontrando bases em

diversos autores que discutem a temática da tecnologia e sociedade como Castells

(2003); Bauman (2001); Schaff (1995); Lévy (1993; 1996; 1999); Harvey (1993),

entre outros.

Os indivíduos são os agentes modeladores dessas redes sociais, como o

Facebook, por exemplo. No entanto, o que podemos visualizar sobre o chamado

5

impacto social proveniente das redes sociais digitais, é uma extensão/continuidade

dos acontecimentos que se dão fora das redes. Os sujeitos inscrevem, definem e

redefinem a infraestrutura desses ambientes. Dessa forma, podemos expor que, se

existe algum impacto social, esse é feito, produzido e tecido pelos sujeitos.

Em uma análise preliminar dos dados da pesquisa que vem sendo

conduzida, sobre os impactos das redes sociais nas sociabilidades contemporâneas,

ficou constatado que 31,68% do que é exibido nos feeds de notícias do Facebook

são postagens que os usuários fazem sobre intimidades de suas vidas. Vejamos

exemplos:

FONTE: Postagens nos feeds de notícias do Facebook no mês de dezembro de 2011.

A exposição de sentimentos e ações, enfim, das intimidades da vida

cotidiana, em um ambiente de rede de amigos, porém público, nos leva aos escritos

de Hannah Arendt (2003). Essa autora indaga sobre a delimitação da vida pública e

da vida privada na era moderna3, operando uma distinção entre três esferas: a do

privado, a do social e a do político, sendo, as duas últimas, constitutivas da esfera

pública. Se, na Antiguidade, a vida privada dizia respeito à esfera das necessidades

e da coerção, enquanto a vida pública constituía o reino da liberdade, na

modernidade esses termos são ressignificados. A esfera privada passa a ser o reino

da liberdade individual, de sua intimidade resguardada das invasões da nova esfera

social, permeada pelo conformismo, e também resguardada, com tanto mais razão,

das interferências do Estado político.

Ora, o que se observa, nessa nova era de capitalismo de acumulação

flexível, de crise dos Estados nacionais, de questionamentos das “grandes

3 Sem entrarmos em maiores detalhes, é importante ressalvar que H. Arendt que o significado do público e do

privado, assim como de suas relações recíprocas, têm, na modernidade, conotação inteiramente distinta da que

tinha no mundo antigo.

1.

2.

3.

6

narrativas”, de descentramento dos sujeitos e de emergência de uma cultura dita

pós-moderna, é que as fronteiras entre as esferas da intimidade e da vida social são

inteiramente borradas. Nas redes sociais de relacionamento, Facebook incluído, isso

é claramente perceptível. A ponto de se expor aspectos da vida do indivíduo que são

da esfera da intimidade, evidenciando fragilidades que só aos amigos íntimos

éramos capazes de revelar.

FONTE: Postagens nos feeds de notícias do Facebook no mês de dezembro de 2011.

O jogo interativo representado no mundo da virtualidade faz com que

possamos nos sentir incluídos, participativos e adscritos a um tecido social

encoberto por uma composição pulverizada. Há um simulacro de

participação/interação. Isso é revelado na tessitura do ciberespaço, uma vez que

nele circulam bens simbólicos representativos da cultura pós-moderna4.

O paradigma da interconectividade e de saberes que são distribuídos em

rede promove a inversão do centro das ações, dimensão e abstração sobre as

condições sociais favoráveis ao desenvolvimento e manutenção das redes. O estudo

de redes sociais descortina a reformulação das abordagens individualistas,

presentes em correntes influentes das ciências sociais (individualismo

metodológico), e se movimenta em busca de uma análise que integre as dimensões

indivíduo/estrutura. Considera-se a capacidade de expressão de múltiplas

identidades se reproduzindo com o uso de ferramentas disponíveis nas redes

sociais; questionam-se as relações de poder e dominação que indivíduos/grupos

exercem sobre outros, considerando que essas comunidades virtuais revelam e

ocultam, contraditoriamente, tanto potencialidades emancipatórias dos sujeitos

4 A cultura pós-moderna se pontua, entre outras inúmeras características, pela fragmentação e pela indistinção

entre o erudito e o popular, pela entronização do kitsch na arte e por fronteiras borradas entre público e privado.

1.

2.

7

humanos, autores de seu próprio mundo, como as limitações determinadas pela

sociabilidade capitalista alienante.

As linhas de abordagem do fenômeno mundial das redes de

relacionamentos seguem o paradigma da teoria dos grafos, conforme estudado por

inúmeros pesquisadores (BARABÁSI, 2003). Entretanto, esse enfoque analítico,

calcado no modelo da Matemática e da Estatística, expõe aspectos morfológicos das

redes sociais, mas é insuficiente para apreender os sentidos da ação social no

interior das redes de relacionamento.

Outro paradigma habilitado para analisar os fenômenos comunicacionais são

as teorias sistêmicas, pois de acordo com Capra (2008) o biólogo Ludwig

Bertalanffy, realizou na década de 30, um estudo que instituiu o paradigma das

redes como forma de estudar organismos vivos. Para Capra (2008) os blocos

constitutivos dos organismos vivos não garantem a existência e perpetuação das

redes e sim a possibilidade metabólica. Capra (2008, p.18) afirma que “É o

incessante fluxo de energia e matéria através de uma rede de reações químicas que

permitem a um organismo vivo gerar, reparar e perpetuar-se continuamente”. A

teoria sistêmica pode ser usada analogicamente com as teorias da complexidade, da

cibernética e da própria comunicação. No mundo dos relacionamentos em redes on-

line não se admitem ações isoladas, mas ações mediadas e descentralizadas.

Nesse contexto, o antigo paradigma tradicional mecanicista já não dá conta das

progressivas transformações, complexidades e incertezas que permeiam a

sociedade na emergência da comunicação instantânea.

É preciso acentuar que máquinas computacionais ligadas entre si, operando

digitalmente em rede, só constituem/possibilitam redes de relacionamento de

pessoas se estiverem compartilhando saberes5.

A reflexão que se faz nesse texto sobre as redes sociais de relacionamento

na internet considera que estas são estabelecidas através da comunicação mediada

por tecnologias da informática e apresenta características diversas das redes sociais

não mediadas por essas tecnologias. Historicamente falando, a primeira tecnologia

intelectual que permitiu a existência das redes sociais foi a oralidade, passando pela

escrita e, seguindo uma evolução histórica, chegando atualmente ao computador.

5 Saberes entendidos como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes (Tardif, M. 2002),

o que difere de informação, de acordo com Castells, 2005.

8

Autores como Giovannini (1987), mostram a história da comunicação e dos meios

para efetivá-la, começando pela oralidade, passando pela escrita, pela imprensa,

pelo sistema editorial, até os satélites para comunicação e o computador.

2 DELINEANDO A METODOLOGIA

Para realização desse trabalho foi coletado material diretamente do feed de

notícias do Facebook, durante o mês de dezembro de 2011, excetuando-se os dias

05, 18, 19, 20 e 21 em que não houve feeds salvos. O salvamento dos feeds

acontecia da seguinte forma: ao ser aberta a página principal do Facebook, o

primeiro feed era salvo e o seguinte seria o 6º, depois o 11º e assim seguia de 5 em

5 até um total de 5 feeds salvos por perfil. Foram utilizados dois perfis no Facebook.

A priori eram salvos 10 feeds por dia. Nos dias 01 de dezembro foram salvos apenas

5 feeds, e no dia 03 apenas 4. Ao final do mês, acabamos com um saldo de 249

feeds salvos, sendo 129 do perfil A e 120 do perfil B. O perfil A possui 141 amigos

(até 31 de Dezembro de 2011), sendo 121 pessoas físicas e 20 os demais, como

comerciais, institucionais etc. O perfil B possui 152 amigos (até 31 de Dezembro de

2011), sendo 147 pessoas físicas e 5 os demais, como comerciais, institucionais etc.

Delineando o pensamento, as estratégias de ação e os caminhos do

processo, nos reportamos ao pensamento de Morin (2000), para quem uma atitude

intelectual deve buscar integração das múltiplas ciências e de seus procedimentos

cognitivos heterogêneos. Tal postura teria em vista o ideal de um conhecimento

eclético e complexo, pois os procedimentos metodológicos representam a atividade

pensante do sujeito.

Sendo assim, a pesquisa sociológica, usando-se a metodologia adequada,

pode apreender de maneira criteriosa, elementos importantes das ações realizadas

na dinâmica sociocultural dos espaços. Esse espaço é espaço construído, que de

acordo com Santos (2000. p. 140) “A emergência de um novo espaço é visível nas

ciências sociais, e a importância da consideração da dimensão espacial para

investigar seus impactos específicos sobre as relações sociais”.

A própria prática social nos convida a refletir sobre os impactos que essas

ações causam nos sujeitos do processo. As sutilezas, efeitos, distorções e conduta

do campo pesquisado, só se mostrarão, enquanto ações válidas, quando forem

percebidas na própria realidade que as contém. Pois uma tendência muito forte na

9

pós-modernidade é a atenção dada aos espaços e particularização dos espaços, o

que nos obriga a considerar uma nova entidade complexa, o espaço-tempo,

segundo Santos (2000). Para os defensores dessa tendência de pensamento o

tempo sem espaço é mera abstração.

3 O QUE É POSTADO NO FEED DE NOTÍCIAS DO FACEBOOK?

Uma rede social digital de comunicação é uma rede social na internet, uma

rede social de relacionamentos on-line. Consideramos que a internet nos apresenta

uma forma nova de comunicação ao mesmo tempo em que reinventa as já

existentes, conferindo-lhes novos significados. São esses novos significados que

incentivam indagações sobre as formas de relacionamento nas redes, pois eles

imprimem uma descentralização ao processo de comunicação, que agora passa a

ser um processo de multipontos, direcionando a interação no sentido todos para

todos, como explicita Pierre Lévy (1993).

Outra característica evidenciada é o acoplamento de linguagens em um

único suporte, ou seja, imagens, textos e sons coabitam e dão vida à comunicação

multimidiática. Nas redes sociais de relacionamento on-line encontramos essas

características em sua mais legítima expressão, onde os sujeitos participantes

possuem funções intercambiáveis, transitando entre o ser autor/leitor, o ser

produtor/consumidor de conteúdos em um ambiente dinâmico que suporta a

linguagem instantânea, descentralizada, linguagem essa ao mesmo tempo

sincrônica e multiconectada. As formas de comunicação vão evoluindo e coexistindo.

Assim como nas sociedades mais tradicionais nos comunicamos face a face, agora,

com a mediação das redes on-line podemos manter um padrão comunicativo

instantâneo mesmo quando não existe coincidência espaço-temporal dos sujeitos.

Sem dúvida as novas mídias ampliaram, potencializaram e dinamizaram as formas

de nos comunicar e estar no mundo, ativando a multisensorialidade da enunciação

digital.

Entretanto, não se trata apenas de evidenciar aspectos morfológicos das

redes sociais de relacionamento ou apreender a presença de distintas linguagens,

mas ir além, buscando os significados atribuídos pelos sujeitos. As novas mídias

abrem, simultaneamente, possibilidades de expressão das subjetividades. Nesse

sentido, as mídias digitais tanto podem convidar os sujeitos a se acomodarem a um

mundo coisificado (Kosik, 1969)

condição; tanto podem expandir a esfera da emancipação humana, como podem

reiterar a heteronomia. A internet é um

diversas mídias, tanto escritas como faladas: telefone, rádio, TV,

complementando e nos aponta

paradigmas cristalizados.

As redes sociais di

indivíduos postam. Esses dados vão perdurar durante um tempo ainda

desconhecido em um lugar multifacetado

pelos que compõem a rede e pelos que invadem a rede.

As facilidades de abertura, edição, estruturação e manutenção das redes

são vistas como um dos principais fatores para seu sucesso, difusão

como instrumentos de auto

associado ao benefício da ação coletiva nas novas configurações de colaboração

on-line, pode ser um componente impulsionador na busca de uma interatividade

igualitária. Por outro lado, também podemos observar que se as redes passam a ser

percebidas como espaços de mediação dialógica e de equilíbrio da alteridade,

também produzem encadeamentos que mascaram relações de dependência e

domínio entre indivíduos e grupos

Para uma maior aproximação com essas ideias

trabalho: feeds de noticias do F

categorias gerais, como mostra o gráfico abaixo:

FONTE: Gráfico da distribuição em

(Kosik, 1969), como podem convidá-los a

ção; tanto podem expandir a esfera da emancipação humana, como podem

A internet é um misto de comunicação em que

tanto escritas como faladas: telefone, rádio, TV,

e nos apontando perspectivas para nos desvencilhar

paradigmas cristalizados.

As redes sociais digitais documentam em tempo real

sses dados vão perdurar durante um tempo ainda

em um lugar multifacetado, o ciberespaço, podendo ser acessado

pelos que compõem a rede e pelos que invadem a rede.

As facilidades de abertura, edição, estruturação e manutenção das redes

um dos principais fatores para seu sucesso, difusão

como instrumentos de autoexpressão de indivíduos e grupos sociais. Esse fator,

associado ao benefício da ação coletiva nas novas configurações de colaboração

, pode ser um componente impulsionador na busca de uma interatividade

tária. Por outro lado, também podemos observar que se as redes passam a ser

percebidas como espaços de mediação dialógica e de equilíbrio da alteridade,

também produzem encadeamentos que mascaram relações de dependência e

domínio entre indivíduos e grupos sociais.

Para uma maior aproximação com essas ideias, apresentamos a variável do

trabalho: feeds de noticias do Facebook, aonde foram analisada

, como mostra o gráfico abaixo:

Gráfico da distribuição em categorias dos feeds de notícias do Facebook (Mês de dezembro de 2011).

10

a repensarem a sua

ção; tanto podem expandir a esfera da emancipação humana, como podem

em que estão contidas

tanto escritas como faladas: telefone, rádio, TV, jornal e revista, se

para nos desvencilharmos de

gitais documentam em tempo real aquilo que os

sses dados vão perdurar durante um tempo ainda

o ciberespaço, podendo ser acessado

As facilidades de abertura, edição, estruturação e manutenção das redes

um dos principais fatores para seu sucesso, difusão e crescimento

expressão de indivíduos e grupos sociais. Esse fator,

associado ao benefício da ação coletiva nas novas configurações de colaboração

, pode ser um componente impulsionador na busca de uma interatividade

tária. Por outro lado, também podemos observar que se as redes passam a ser

percebidas como espaços de mediação dialógica e de equilíbrio da alteridade,

também produzem encadeamentos que mascaram relações de dependência e

ntamos a variável do

acebook, aonde foram analisadas e organizadas em

categorias dos feeds de notícias do Facebook (Mês de dezembro de 2011).

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Essas categorias reproduzem de forma bastante aproximada o conteúdo dos

feeds postados no Facebook, expressando crenças, sentimentos e escolhas

valorativas. Expõe-se que essas categorias não são taxativas e foram elaboradas

com o propósito de operacionalizar a análise dos dados, mas poderão sofrer

alterações, pois se inscrevem no cotidiano e na dinâmica da alimentação da rede

social digital analisada.

O passo seguinte constitui em analisar o caráter concreto dessas crenças,

sentimentos e escolhas valorativas, indagando se elas podem compor uma visão de

mundo e o quanto elas carregam de ideologias ou de contraideologias. Resta

também saber como esses valores são compartilhados pelos sujeitos participantes

das redes e como essas partilhas se distribuem entre diversas categorias de sujeitos

(homem versus mulher; jovens versus adultos; universitários versus não-

universitários etc.).

Podemos concordar com o pensamento de Pierre Lévy (1999), segundo o

qual não se pode reproduzir o pensamento advindo da era da informação, mas sim

reconstruí-lo e ampliá-lo, utilizando-o de acordo com objetivos previamente

definidos. Nesse sentido, as redes sociais on-line nos incentivam à realização de

reflexões constantes sobre as características demonstradas e afloradas por uma

Cibercultura que pode ser entendida como a porta-voz das novas enunciações. A

cibercultura é a busca da compreensão do fenômeno dos novos suportes de

comunicações, do transversal, do interativo, da cooperação, expressando o

surgimento de um novo universal (LÉVY, 1999).

Dentro dessa linha de discussão, percebe-se que estamos envoltos em um

ciberespaço que seria um espaço sem fronteiras, onde saberes se interconectam,

possuindo como pontos peculiares a mutabilidade, amplitude, flexibilidade,

universalidade, sendo infinitamente variável, enfim, a terra do saber (LÉVY, 1993).

Ciberespaço, ou espaço virtual para Lévy (1999, p. 92) “é um único computador cujo

centro está em toda a parte e a circunferência em nenhuma, um computador

hipertextual, disperso, vivo, pululante, inacabado, enfim, um computador de Babel”.

Em artigo estampado na influente publicação The Economist e reproduzido

em tradução por Carta Capital (Ano XV, n. 604, 14/07/2010, p. 42-43) alerta-se para

o fato de que o ciberespaço está se transformando numa nova área de confrontação

entre as superpotências: “O ciberespaço tornou-se o quinto domínio da guerra,

depois da terra, mar, ar e espaço”. O pior, alerta a publicação, é que nesse domínio

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não há regras e não se conhecem com precisão as consequências de um ataque

maciço (que tanto pode vir de governos como de bandos de criminosos globais),

sabendo-se apenas que poderão ser catastróficas.

4 CAPITAL SOCIAL: REDES SOCIAIS

Nas redes de relacionamento on-line uma mudança notável consiste na

forma de lidar com novos saberes que agora são construídos e estruturados de

forma não-linear e não-hierárquica. Sua disposição vem em forma de hipertexto, que

se constitui nesses ambientes virtuais. Na atualidade a discussão do uso ou não das

redes sociais no ciberespaço passa necessariamente por uma discussão sobre a

inclusão digital, já que no Brasil atualmente mais de 100 milhões de pessoas ainda

não acessam a internet. Mesmo o IBOPE mostrando o crescimento considerável do

número de acessos, para atender a grande massa da sociedade, ainda precisa se

expandir bastante. A seção Notícias, IBOPE Nielsen Online, publicada em

04/05/2011, mostra que o número de usuários ativos cresceu 13,9% em um ano.

O que representa o maior crescimento em relação ao acesso em domicílios

no período de um ano e tudo isso por meio de conexões de banda larga. O total de

usuários ativos de internet no trabalho e em domicílios chegou a 43,2 milhões em

março de 2011, o que significou uma evolução de 4,4% na comparação com o mês

anterior6. E continua crescendo como mostra o quadro abaixo:

6 Em relação aos 37,9 milhões de usuários ativos de março de 2010 o aumento foi de 13,9%.

13

7

Em relação ao número de usuários do Facebook, de acordo com matéria

divulgada pela rede BBC8, o Brasil possui, até o momento, aproximadamente 47

milhões de perfis conectados à rede social, e somente nos meses de fevereiro,

março e abril de 2012, o número desses perfis ativos contou com um aumento de

24,02%.

Como investigar essas redes sociais digitais sem reproduzir, por um lado,

preconceitos acerca das novas tecnologias ou, por outro lado, uma atitude de

admiração acrítica? É possível, para os sujeitos envolvidos nas redes sociais de

relacionamento, atuar criticamente e assumir a posição de sujeitos ativos? Para isso

dialogamos com ideias defendidas por Illich (1985) quando ele postula que “à

medida que eu domino a ferramenta, eu preencho o mundo com sentido; à medida

que a ferramenta me domina, ela me molda sua estrutura, e me impõe uma ideia de

mim mesmo”.

Refletir acerca dessa postulação torna-se relevante na medida em que se

busca a instauração da liberdade de criar e pensar sobre o mundo. A internet, ao

possibilitar a constituição de redes sociais de relacionamento, instaurou uma fratura

potencial nas dobras do discurso único veiculado pela mídia hegemônica em âmbito

mundial. A importância de cada novo instrumento no cotidiano dependerá da

interpretação que for feita e da confiança que se depositar neles, não só em se

tratando dos instrumentos e suportes de comunicação em si, mas da infinidade de

7http://www.ibope.com.br/calandraWeb/servlet/CalandraRedirect?temp=5&proj=PortalIBOPE&pub=T&

db=caldb&comp=Noticias&docid=A2783DA1A6F2F86D832579B1005DC913(Acesso em 14/06/2012).

8http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/05/120517_investimentos_facebook_brasil_india_lgb.shtml (Acesso em 14/06/2012).

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situações (conhecimentos, saberes, costumes etc) que por eles vão sendo

proporcionadas. Em relação a isso, vejamos o postulado de SCHAFF (1995, p. 24):

Nenhum avanço do conhecimento humano é em si reacionário ou negativo, já que tudo depende de como o homem o utiliza como ser social: uma mesma descoberta pode ser utilizada pelo homem para abrir caminho a um novo paraíso ou a um novo inferno muito pior do que aquele que conhecemos até agora.

Para o uso socialmente produtivo dessas redes deve-se criar estratégias de

investimento em capital social como estímulos ao aumento da conectividade,

estabelecendo afinal um nexo conotativo entre democracia ─ como forma de vivificar

as redes sociais e desenvolver sinergia ─ e diversos tipos de recursos para além da

renda e da riqueza, com destaque para um tipo de capital que vai além do

econômico, frequentemente denominado de capital social, mas que é, no fundo,

simplesmente a rede social. Nesse sentido a rede social digital não é vista como a

provocadora de mudanças, ela é a propria mudança.

Diante do exposto acreditamos que capital social favorece o

desenvolvimento das comunidades virtuais beneficiando os arranjos de cooperação,

o que desafia a sociedade tecnicista com sujeitos alienados, quer dizer, sujeitos que

se supõem autores de si próprios, conscientes de sua própria autodeterminação

como sujeitos, quando na verdade são apenas simulacros de sujeitos humanos. A

realidade é pervertida e mascarada?

A alienação consiste num processo de alheamento do ser, do sujeito, de ser

por-ser para fora de si sem saber reconhecer nesse ser-outro um desdobramento de

si próprio. Dito de outra forma, em sociedades capitalistas modernas, pós-modernas

ou pós-capitalistas (como querem alguns), a alienação humana, enquanto fenômeno

sociológico, se expressa no alheamento dos sujeitos sociais em relação ao mundo

produzido por eles mesmos. Assim, tal mundo lhes aparece como um conjunto de

objetos mecânicos e autônomos, ou de entidades fantasmagóricas como o

“mercado”, o “Estado”, a “política”, a “moda” e o “ciberespaço”, que dominam os

destinos humanos e lhes impõem suas regras abstratas.

Na perspectiva de um autor como Jean Baudrillard, os simulacros se

confundem de tal forma com o real que acabam por constituir uma hiper-realidade,

algo que torna impossível fazer-se a distinção entre real e irreal. O próprio autor nos

diz: “A simulação já não é a simulação de um território, de um ser referencial, de

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uma substância. É a geração pelos modelos de um real sem origem nem realidade:

hiper-real”.

Apesar de capital social constituir-se em um enfoque relativamente recente,

com o avanço nos estudos que versam sobre redes digitais, percebemos que esse

conceito conjuga a perspectiva das redes sociais e as normas de reciprocidades

estruturais.

Consideramos que capital social se refere a certas características que

compõem a organização social, como por exemplo a confiança em seus

semelhantes e nas instituições, assim como em normas e padrões de conduta que

contribuam com o desenvolvimento da sociedade, facilitando as ações articuladas.

Assim, capital social seria a cooperação ampliada socialmente nas redes sociais e

se operacionaliza como elemento gerado nas ações coletivas traçadas a partir das

associações comunitárias em ambientes virtuais, sendo ele, por um lado, produto

das ações engendradas e, por outro, o encadeamento que penetra no tecido social e

que pode colaborar para o seu fortalecimento (TOCQUEVILLE, 2005).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Que novas relações sociais estão sendo forjadas nesse novo ambiente

social em que os relacionamentos rompem os suportes materiais e simbólicos

tradicionais e assumem uma forma fluida, ao mesmo momento em que adquirem a

capacidade de abertura para a diversidade e o desconhecido? Pode-se falar em

“produção maquínica” da subjetividade? Aparentemente as redes estão livres de

controles externos e de imposições vindas de forças externas, seja do mercado, da

autoridade do Estado ou das instituições tradicionais (família, Igreja, escola e

outras). Todavia, as formas de expressão em que os sujeitos supostamente exercem

uma liberdade irrestrita não estão livres de condicionamentos sociais, nem estão

desligadas de estruturas subjacentes. Nessa investigação que estamos conduzindo

no campo empírico, acreditamos que com o advento da cultura digital em um mundo

que se configura cada vez mais tecnologizado, faz-se necessário refletirmos sobre

as relações sociais que se processam nas redes e como elas estão se

resignificando, se re[a]presentando e se mantendo.

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Nessa medida faz-se necessário perceber que as virtualidades contidas no

ciberespaço admitem possibilidades que abrem horizontes para ampliar as

liberdades, a autonomia e as sociabilidades inclusivas?

REFERÊNCIAS

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