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022/16 19/02/2016
Análise Setorial
Fabricação de artefatos de borracha Reforma
de pneumáticos usados
Fevereiro de 2016
2
Sumário
1. Cenário Econômico ..................................................................................................................................... 3
2. Balança Comercial de 2015 ...................................................................................................................... 10
3. Produtividade Física do Trabalho na Indústria de Transformação em 2015 ............................................. 12
BRASIL .......................................................................................................................................................... 12
ESTADO DE SÃO PAULO ................................................................................................................................ 16
4. Empregos e Salários nos Setores CNAE do Sindicato ................................................................................ 19
SINDIBOR - SINDICATO DA INDÚSTRIA DE ARTEFATOS DE BORRACHA NO ESTADO DE SÃO PAULO ........... 19
4.1. Setores CNAE nos Sindicatos ........................................................................................................ 19
4.2. Evolução da Ocupação .................................................................................................................. 19
4.3. Evolução Real dos Salários ............................................................................................................ 20
3
1. Cenário Econômico
O ano de 2015 foi marcado por profundos ajustes na economia brasileira. Expressiva desvalorização da taxa
de câmbio e significativo reajuste da tarifa de energia elétrica foram um dos destaques. O contexto político
conturbado emperrou o processo de ajuste das contas públicas, que aliado aos desdobramentos da
Operação Lava Jato e seus efeitos negativos sobre a cadeia de óleo de gás, concorreram para deprimir a
atividade econômica. Ademais, a contribuição do setor externo ao crescimento do Brasil se reduziu. A
economia global apresenta um menor crescimento, com a economia chinesa sendo destaque no movimento
de desaceleração do crescimento das economias emergentes, puxando para baixo o preço internacional das
commodites. A nossa projeção é que o PIB brasileiro tenha caído 3,8% em 2015, a maior queda desde 1990.
Acreditamos que o quadro continuará bastante adverso em 2016 para a atividade econômica doméstica. A
deterioração dos fundamentos econômicos é expressiva, com aperto nas condições de crédito, elevação da
inflação, queda do nível de emprego e da renda. Ademais, a incerteza sobre a trajetória das contas públicas
contribui para manter a confiança do empresariado em níveis historicamente deprimidos, minando dessa
forma uma eventual retomada da atividade econômica. O mecanismo é simples, sem recuperação da
confiança do empresariado não há investimento e crescimento econômico. Esperamos que o PIB brasileiro
recue aproximadamente 3,0% em 2016, marcando dois anos consecutivo de contração do PIB, algo que não
ocorria no Brasil desde o biênio 1930-31.
Fonte: IBGE
4
As expectativas do mercado e do Fundo Monetário Internacional (FMI) sinalizam que não haverá uma
melhora substancial no crescimento do PIB brasileiro em 2017. De fato, a mediana das expectativas dos
analistas, coletada pelo Banco Central e apresentada no Relatório Focus, aponta para um crescimento do PIB
de apenas 0,80% em 20171. A projeção do FMI sinaliza para um cenário ainda mais desalentador, com a
economia brasileira apresentando crescimento nulo após ter recuado 3,5%, segundo projeções da
instituição2.
Respondendo a atividade econômica em recessão, o mercado de trabalho vem apresentando forte
desaquecimento, exibindo também desaceleração dos salários, fechamento de postos de trabalho e
elevação da taxa de desemprego. Segundo o Ministério do Trabalho, em 2015 houve o fechamento de 1,6
milhão de postos de trabalho com carteira assinada. De acordo com o IBGE, após dez anos de ganhos anuais
sucessivos, a média anual do rendimento real da população ocupada (R$ 2.265,09) registrou perda de 3,7%
em 2015 relativamente a 2014, tendo sido, portanto, a primeira queda desde 2004., apresentando a maior
contração nessa base de comparação desde julho de 2003. Com relação a taxa de desemprego, a nossa
expectativa é que encerre 2015 em 10,1%, um forte aumento com relação os 6,5% observados em 2014.
Para 2016 acreditamos que a taxa de desemprego atinja 12,4%3.
Fonte: IBGE
1 http://www.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20160122.pdf.
2 http://www.imf.org/external/pubs/ft/survey/so/2016/RES011916A.htm. 3 A taxa de desemprego refere-se a PNAD-Contínua do IBGE.
5
No caso da Indústria de Transformação, os números ganham contorno mais dramáticos. Se para muitos
analistas a recessão na economia brasileira teve início no segundo trimestre de 20144, na Indústria de
Transformação podemos afirmar que o setor está em recessão há pelo menos três anos, caminhando a
passos consistentes para o seu terceiro ano. Após recuar 3,8% em 2014 o PIB do setor deve ter contraído
10,5% em 2015 e a nossa expectativa é que caia quase 8,0% este ano.
2.5
-4.8
-1.9
5.7
0.6
2.12.7
9.1
2.21.2
6.1
4.1
-9.3
9.2
2.2
-2.4
3.0
-3.8
-10.5
-7.8
-12.0
-7.0
-2.0
3.0
8.0
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
Indústria de Transformação - PIBVariação Anual (Em %)
Projeções
Fonte: IBGE
Se por um lado é verdade que a recessão na Indústria de Transformação começou em 2013, não é menos
verdade, por outro lado, que o baixo dinamismo na atividade do setor se mostra presente desde meados de
2010. A partir do primeiro semestre de 2010 o setor começou a mostrar fraqueza, com a produção do setor
gravitando em torno da estabilidade, e enveredando na rota de tendência de queda a partir de meados de
2013.
4 http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumChannelId=4028808126B9BC4C0126BEA1755C6C93.
6
Fonte: IBGE
Na Indústria paulista, o cenário também é de recessão, e por um longo período. O seu Nível de Atividade já
vem apresentando resultados fracos desde 2011, registrando crescimento apenas em 2013, resultado que
não chegou perto de compensar a queda sofrida no ano anterior. Em 2014 e 2015, houve queda da atividade
de 6,0% e 6,1% respectivamente. Para 2016, nossa projeção também é de recuo do nível de atividade
industrial de 5,3%.
7
Fonte: FIESP
Como consequência do baixo desempenho da atividade, o nível de emprego da Indústria de Transformação
paulista vem apresentando profunda deterioração. Segundo a Fiesp, em 2015 a Indústria paulista demitiu
235 mil trabalhadores, superando o patamar do ano de 2014, quando foram fechados 129,5 mil postos de
trabalho. Para 2016 a nossa projeção é que ocorram mais 165 mil demissões no setor no estado de São
Paulo. Se essa perspectiva para 2016 se concretizar, a Indústria de São Paulo terá demitido 620 mil
trabalhadores entre 2011 e 2016.
8
-37.0
-3.5
97.5
-7.0
-112.5
115.0
-2.0
-52.5-36.5
-129.5
-235.0
-165.0
-300
-250
-200
-150
-100
-50
0
50
100
150
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Nível de Emprego na Indústria Paulista (FIESP)Empregos no Ano (Em Milhares)
Projeção
Fonte: FIESP
A participação da Indústria de Transformação no PIB vem mostrando persistentes quedas nos anos recentes,
recuando de 17,9% em 2003 para 10,9% em 2014, o menor nível da série histórica iniciada em 1947. Para
2016 a nossa expectativa é que essa participação irá romper a marca dos 10% e atinja 9,7%. Esse processo
derivou de um longo período de câmbio valorizado e aumento dos custos que dinamitaram a
competitividade do setor, resultando no recrudescimento do movimento de penetração de produtos
importados. A elevação dos custos assolou a Indústria de Transformação, em que mereceu destaque, a
considerável expansão dos salários reais acima do crescimento da produtividade da mão de obra entre 2010
e 2014, além do histórico fardo do Custo Brasil: carga tributária pesada; burocracia excessiva; juros e spreads
elevados e infraestrutura defasada.
9
Fonte: IBGE. Metodologia: Bonelli & Pessoa, 2010. Elaboração: Depecon/FIESP
Em suma, diante da acentuada deterioração dos fundamentos econômicos, com destaque para o menor
crescimento da renda e elevação da taxa de desemprego, além da elevada incerteza que cerca o cenário
econômico e político, a economia brasileira deverá sofrer recuo do PIB em 2015 e 2016, configurando dois
anos de recessão no país. A Indústria de Transformação continuará a enfrentar um cenário bastante
desafiador, caminhando para o terceiro ano de queda do seu PIB. Decerto, para a Indústria de
Transformação, bem como para a economia brasileira com um todo, o país está experimentando a mais
profunda e longa das recessões.
10
2. Balança Comercial de 2015
Em dezembro de 2015, a balança comercial brasileira apresentou um superávit comercial de US$ 6,2 bilhões
de dólares, enquanto, em dezembro de 2014, apresentou um superávit de US$ 298 milhões. As exportações
atingiram US$ 16,8 bilhões, ao passo que as importações chegaram a US$ 10,5 bilhões.
No acumulado do ano, as exportações somaram US$ 191,1 bilhões, 15,1% abaixo do observado em 2014
(US$ 225,1 bilhões). Por sua vez, no ano de 2015, as importações atingiram US$ 171,4 bilhões, queda de
25,2% em relação ao registrado no ano anterior, US$ 229,2 bilhões. O saldo comercial no acumulado do ano
é um superávit de US$ 19,7 bilhões, enquanto, em 2014, o saldo comercial foi um déficit de US$ 4,1 bilhões.
Analisando as exportações do acumulado de 2015 por fator agregado (básicos, semimanufaturados e
manufaturados), temos queda das exportações de básicos (-19,5%), semimanufaturados (-7,9%) e
manufaturados (-8,2%) em relação a 2014.
Dos produtos básicos que tiveram queda das exportações, podemos destacar minérios de ferro, tripas e
buchos de animais, petróleo em bruto, miudezas de animais, carnes salgadas, carne bovina, carne suína,
farelo de soja, fumo em folhas, soja em grãos e carne de frango.
Quanto aos produtos semimanufaturados, as principais quedas das exportações em 2015 foram de estanho
em bruto, ferro fundido, couros e peles, açúcar em bruto, catodos de níquel, ferro-ligas, alumínio em bruto,
borracha sintética e produtos semimanufaturados de ferro/aço.
No que se refere aos manufaturados, dos quatro setores que mais exportaram em 2015, três apresentaram
queda em relação a 2014: alimentos (-14,2%); veículos automotores (-3,5%) e metalurgia (-2,2%). A exceção
foi o setor de outros equipamentos de transporte, que apresentou um aumento de 5,1% das exportações no
período. O gráfico abaixo mostra as exportações acumuladas de janeiro a dezembro de 2014 e 2015.
12
3. Produtividade Física do Trabalho na Indústria de Transformação em 20155
BRASIL
5 O indicador de produtividade é elaborado mensalmente pelo Depecon/Fiesp a partir dos dados das pesquisas PIM-PF
do IBGE, Indicadores Industriais da CNI e Levantamento de Conjuntura da Fiesp. Um relatório mais completo fica
disponível no site: http://www.fiesp.com.br/indices-pesquisas-e-publicacoes/produtividade-fisica-do-trabalho-na-
industria-de-transformacao/
13
No ano de 2015, a produção industrial apresentou queda de 9,9% em relação a 2014, enquanto o
número de horas trabalhadas na produção apresentou queda de 10,3% nesta comparação. Como a queda do
número de horas trabalhadas na produção foi maior que a queda da produção, a produtividade cresceu 0,5%
no ano. Isso significa, que a produtividade aumentou, mas não da forma mais positiva.
14
O aumento da produtividade física do trabalho em 2015 ocorreu em apenas 10 setores da indústria
brasileira, enquanto dois setores ficaram estáveis e nove apresentaram queda.
Setores com aumento de
produtividade
Setores com queda de
produtividade
Quando
positivo =
Em termos de
trabalho, ficou mais
caro produzir uma
unidade de produto
Quando
negativo =
Em termos de
trabalho, ficou mais
barato produzir uma
unidade de produto
Variação do Custo Unitário
do Trabalho -
Variação da Produtividade
- +
= Variação da
Remuneração Real Mensal
=
Variação do custo com o trabalho
em uma unidade de produto
15
A remuneração real média em reais apresentou uma pequena queda de 0,1% em 2015, após oito
anos consecutivos de aumento. Como a produtividade cresceu em 2015 e a remuneração real média caiu no
ano, o custo unitário do trabalho teve uma queda de 0,6 ponto.
Em 11 dos 21 setores da indústria de transformação, o aumento da produtividade também foi maior
que o aumento da remuneração real média em reais, resultando em queda do custo unitário do trabalho.
16
ESTADO DE SÃO PAULO
No Estado de São Paulo, no ano de 2015, a produção industrial apresentou queda de 11,0% em
relação a 2014, enquanto o número de horas trabalhadas na produção apresentou queda de 12,9% nesta
comparação. Como a queda das horas trabalhadas na produção foi maior que a queda da produção, a
produtividade cresceu 2,2% no ano. Isso significa, que a produtividade aumentou, mas não da forma mais
positiva.
Em termos de trabalho,
ficou mais caro produzir
uma unidade de produto
Em termos de trabalho,
ficou mais barato produzir
uma unidade de produto
17
O aumento da produtividade em 2015 ocorreu em nove setores da indústria paulista, enquanto seis
apresentaram queda da produtividade.
Com um aumento de 2,2% na produtividade e uma queda de 2,6% na remuneração real média em
2015, o custo unitário do trabalho apresentou uma queda de 4,8 pontos percentuais no ano.
Setores com queda de
produtividade
Setores com aumento de
produtividade
18
Em nove setores da indústria paulista, o aumento da remuneração real média em reais também foi
menor que o aumento da produtividade, resultado em queda do custo unitário do trabalho em reais.
Em termos de trabalho, ficou mais caro produzir uma
unidade de produto
Em termos de trabalho,
ficou mais barato
produzir uma unidade
de produto
19
4. Empregos e Salários nos Setores CNAE do Sindicato
Os dados a seguir visam a apresentar um panorama geral sobre os setores incluídos no sindicato patronal
quanto ao emprego e a remuneração média no Estado de São Paulo. A partir da informação dos setores
CNAE representados pelo sindicato, levantamos dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) contidos
na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) e no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED) para os setores contidos no sindicato dentro do Estado de São Paulo.
SINDIBOR - SINDICATO DA INDÚSTRIA DE ARTEFATOS DE BORRACHA NO ESTADO DE SÃO PAULO
4.1. Setores CNAE nos Sindicatos
O SINDIBOR inclui os seguintes setores CNAE 2.0:
22.12-9: Reforma de pneumáticos usados
22.19-6: Fabricação de artefatos de borracha não especificados anteriormente
4.2. Evolução da Ocupação
Segundo dados da RAIS do Ministério do Trabalho para o Estado de São Paulo, em 2015, o emprego formal
nos setores do sindicato6 apresentou uma queda de 11,3%. Este já é o quinto ano seguido de queda do nível
de emprego formal nos setores. Na Indústria de Transformação, o emprego formal apresentou queda de
8,4% em 2015.
Nº de
empregados
Variação % em
relação ao ano
anterior
Nº de
empregados
Variação % em
relação ao ano
anterior
2006 2.238.987 - 36.072 -
2007 2.402.539 7,3% 40.410 12,0%
2008 2.480.796 3,3% 38.985 -3,5%
2009 2.443.680 -1,5% 36.387 -6,7%
2010 2.630.026 7,6% 40.324 10,8%
2011 2.676.609 1,8% 39.180 -2,8%
2012 2.666.234 -0,4% 37.830 -3,4%
2013 2.679.756 0,5% 36.223 -4,2%
2014 2.590.113 -3,3% 34.423 -5,0%
2015* 2.372.183 -8,4% 30.545 -11,3%
Fonte: RAIS / MTE * Valores estimados pelo CAGED / MTE
Empregados Formais no Estado de São Paulo
Indústria de Transformação Setores SINDIBOR
6 Os dados levam em conta os setores CNAE 2.0 do sindicato no Estado de São Paulo, não representando necessariamente as empresas associadas ao sindicato.
20
4.3. Evolução Real dos Salários
Entre 2006 e 2015, a remuneração mensal média dos setores do sindicato no estado acumulou um aumento
real de 13,8%, deflacionado pelo INPC.
Valor em R$Variação % em relação ao
ano anterior
Variação % acumulada de
2006 a 2015
2006 2.339 - -
2007 2.370 1,3% -
2008 2.356 -0,6% -
2009 2.275 -3,4% -
2010 2.443 7,4% -
2011 2.542 4,1% -
2012 2.553 0,4% -
2013 2.639 3,4% -
2014 2.717 2,9% -
2015** 2.661 -2,0% 13,8%
Remuneração Mensal Média em R$ de 2015*
Setores SINDIBOR
Fonte: RAIS/MTE e IBGE
* Valores deflacionados pelo INPC do IBGE
** Valor de 2015 estimado a partir do acordo coletivo. Pelo acordo coletivo, o aumento salarial em 2015 foi de 9,00%.