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EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS INTEGRINAS
αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 EM MUCOSA ORAL NORMAL, HIPERPLASIA FIBROEPITELIAL
INFLAMATÓRIA ORAL E DISPLASIA EPITELIAL ORAL
Doutorando: Manuel Antonio Gordón Núñez
Orientador: Prof. Dr. Leão Pereira Pinto
Natal / RN
2006
Tese apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Doutor em Patologia Oral.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PATOLOGIA ORAL
PROGRAMA DE ESTUDANTE CONVÊNIO / PG BRASIL - PANAMÁ
MANUEL ANTONIO GORDÓN NÚÑEZ
EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DAS INTEGRINAS
αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 EM MUCOSA ORAL NORMAL, HIPERPLASIA FIBROEPITELIAL
INFLAMATÓRIA ORAL E DISPLASIA EPITELIAL ORAL
Natal / RN
2006
Catalogação da publicação. UFRN/Biblioteca Setorial de Odontologia
Gordón-Núñez, Manuel Antonio. Expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral e displasia epitelial oral/Manuel Antonio Gordón-Núñez.__Natal, RN, 2006. 128f. : il.
Orientador: Leão Pereira Pinto.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral.
1. Moléculas de adesão celular – Tese. 2. Integrinas – Tese. 3. Mucosa oral – Tese. 4. Hiperplasia inflamatória oral –Tese. 5. Displasia epitelial oral – Tese. 6. Imuno-histoquímica. I Pereira Pinto, Leão. II. Título. RN/UF/BSO/2006 BLACK D793
À MINHA MANEIRA À MINHA MANEIRA À MINHA MANEIRA À MINHA MANEIRA
Eu sei, se aqui cheguei, se conquistei o que eu queria
Cheguei porque teimei, porque apostei na travessia
Não fiz tudo o que eu quis, mas sou feliz, não fui perfeito
Errei, mas procurei fazer direito
Andei, corri e voei, me atrapalhei, perdi o prumo
Voltei, recomecei, replanejei, achei meu rumo
Não fiz tudo o que eu quis, mas sou feliz, não fui perfeito
Errei, mas eu tentei fazer direito
Se eu me enganei e eu me enganei, e me engasguei por querer demais
Mas reagi, cuspi pra fora e aprendi a mastigar
E me refiz e sou feliz, não tenho presa
Amei, sorri e chorei, perdi e ganhei, joguei errado
Cresci, envelheci e agora eu vi como é engraçado
Pensar no que eu já fiz pra ser feliz, quanta loucura
Errei, mas acabei de alma pura
Pra ser alguém, a gente tem que se guardar, tem que se doar
E ser real e ser fiel e não mentir e não fingir
Se eu errei, errei tentando, fazer direito
Se eu errei, errei tentando, fazer direito
Antônio Cordeiro
DEDICATÓRIA
Dedico esta nova vitória a MINHA FAMILIA, MINHA FAMILIA, MINHA FAMILIA, MINHA FAMILIA, ao Meu saudoso pai Fernando Antonio Gordón Torres Fernando Antonio Gordón Torres Fernando Antonio Gordón Torres Fernando Antonio Gordón Torres
(in memórian), a minha mãe Gardênia Núñez García Gardênia Núñez García Gardênia Núñez García Gardênia Núñez García e aos meus irmãos Fernando Enrique, Julio César, Fernando Enrique, Julio César, Fernando Enrique, Julio César, Fernando Enrique, Julio César,
Jorge Alberto Jorge Alberto Jorge Alberto Jorge Alberto e Gloria Gardênia. Gloria Gardênia. Gloria Gardênia. Gloria Gardênia. O cuidado do nosso anjo da guarda (Pai), a esperança, compreensão,
apoio incondicional e imenso amor que sempre me dedicam, constituem o firme alicerce e o porto seguro
onde renovo as forças para continuar na luta. Amo vocês.Amo vocês.Amo vocês.Amo vocês.
AGRADECIMENTOS
É só esperar acontecer... É só continuar e não deixar que as lágrimas embacem o olhar... E não deixar que a
tristeza tire a força do caminhar... do continuar!!! Olhando nos olhos de DEUSDEUSDEUSDEUS, enxergando a verdade,
nada e ninguém poderá impedir!!!.
Obrigado meu DEUS
Ao meu orientador
Prof. Dr. Leão Pereira Pinto,Prof. Dr. Leão Pereira Pinto,Prof. Dr. Leão Pereira Pinto,Prof. Dr. Leão Pereira Pinto, lhe agradeço pelos ensinamentos, a confiança, o respeito e a liberdade de
ação que sempre me proporcionou. “Existem pessoas que executam tarefas e outras que buscam “Existem pessoas que executam tarefas e outras que buscam “Existem pessoas que executam tarefas e outras que buscam “Existem pessoas que executam tarefas e outras que buscam
acrescentar a cada dia um acrescentar a cada dia um acrescentar a cada dia um acrescentar a cada dia um valor diferenciado, melhorando o resultado e elevando o grau de satisfação e valor diferenciado, melhorando o resultado e elevando o grau de satisfação e valor diferenciado, melhorando o resultado e elevando o grau de satisfação e valor diferenciado, melhorando o resultado e elevando o grau de satisfação e
admiração”.admiração”.admiração”.admiração”.(Parábolas eternas). A sua realização pessoal e profissional constitui um claro exemplo do
valor diferenciado que imprime na sua vida e me servirá como referência para acreditar que misturando
esforço pessoal e a Fé em Deus é mais fácil concretizar os meus projetos profissionais e de vida.
À coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral
“Põe amor nas coisas e as coisas terão sentido. Retira“Põe amor nas coisas e as coisas terão sentido. Retira“Põe amor nas coisas e as coisas terão sentido. Retira“Põe amor nas coisas e as coisas terão sentido. Retira----lhes o lhes o lhes o lhes o amor e se tornarão vazias”amor e se tornarão vazias”amor e se tornarão vazias”amor e se tornarão vazias”, Dra., Profa.
Lélia Batista de Souza, Lélia Batista de Souza, Lélia Batista de Souza, Lélia Batista de Souza, esta frase de Santo Agostinho traduz aquilo que a senhora imprime em todo o
que faz em prol do crescimento e reconhecimento do Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral da
UFRN, seu exemplo de dedicação desmedida a esta escola é digna de admiração. Obrigado pelos
ensinamentos, a confiança e a amizade.
Agradecimento especialAgradecimento especialAgradecimento especialAgradecimento especial
Ensinar é uma arte, requer dedicação, paciência, amor, respeito e humildade, Profa., Dra. Hébel Hébel Hébel Hébel
Cavalcanti GCavalcanti GCavalcanti GCavalcanti Galvãoalvãoalvãoalvão, você imprime equilibradamente todas essa qualidades na arte que escolheu como
profissão, razão pela qual lhe admiro e respeito. O carinho e a amizade que a senhora e sua bela família
me ofereceram permanecerão por sempre do lado esquerdo do meu peito. As lições que se aprendem de um
professor amigoprofessor amigoprofessor amigoprofessor amigo dificilmente se esquecem e nos permitem tornar-nos academicamente mais sábios e
humanamente mais evoluídos.
Aos professores:
Roseana de Almeida Freitas, Lélia Maria Guedes Queiroz e Antônio de LiRoseana de Almeida Freitas, Lélia Maria Guedes Queiroz e Antônio de LiRoseana de Almeida Freitas, Lélia Maria Guedes Queiroz e Antônio de LiRoseana de Almeida Freitas, Lélia Maria Guedes Queiroz e Antônio de Lisboa Lopes Costasboa Lopes Costasboa Lopes Costasboa Lopes Costa, lhes
agradeço de coração pelos ensinamentos e a amizade. Cada um de vocês possui um estilo particular de
passar os seus conhecimentos acadêmicos, desde a minha posição de humilde receptor procurei ao
máximo adquiri-los e espero poder aplicá-los e fazê-los frutificar onde quer que eu vá.
“Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”
Cora CoralinaCora CoralinaCora CoralinaCora Coralina
Aos meus avós
Enrique Núñez JaramilloEnrique Núñez JaramilloEnrique Núñez JaramilloEnrique Núñez Jaramillo (In memóriam), Maria Dominga García de NúñezMaria Dominga García de NúñezMaria Dominga García de NúñezMaria Dominga García de Núñez, Marcelino GordónMarcelino GordónMarcelino GordónMarcelino Gordón e
Rosalia TorrRosalia TorrRosalia TorrRosalia Torres de Gordónes de Gordónes de Gordónes de Gordón (In memóriam), primeiramente lhes agradeço a fortuna de ter gerado figuras
maravilhosas como os meus pais, e conseqüentemente, pelo infinito carinho, respeito e confiança que
sempre depositam em mim.
Aos meus tios: Benilda D`Jesus, Benilda D`Jesus, Benilda D`Jesus, Benilda D`Jesus, ItItItItsa sa sa sa Teresa Núñez, Maria Vicenta de Villaverde, Lúz Amália Núñez, Teresa Núñez, Maria Vicenta de Villaverde, Lúz Amália Núñez, Teresa Núñez, Maria Vicenta de Villaverde, Lúz Amália Núñez, Teresa Núñez, Maria Vicenta de Villaverde, Lúz Amália Núñez,
Júlio Núñez, José de la Rosa Núñez, José Antonio Núñez, Júlio Núñez, José de la Rosa Núñez, José Antonio Núñez, Júlio Núñez, José de la Rosa Núñez, José Antonio Núñez, Júlio Núñez, José de la Rosa Núñez, José Antonio Núñez, JoséJoséJoséJosé Gordón, Mirian Gordón Gordón, Mirian Gordón Gordón, Mirian Gordón Gordón, Mirian Gordón e Gloriela Gloriela Gloriela Gloriela
GordónGordónGordónGordón, aos meus sobrinhos e primos lhes agradeço por serem meus torcedores incondicionais.
Márcia Cristina da Costa Miguel – Marcinha,
Gustavo Pina Godoy - Gustavito e
Kenio Costa Lima - Hermanito...
"Deus criou o AMORAMORAMORAMOR e nós, humanos, não soubemos utilizá-lo. Ele então numa inspiração divina
criou a AMIZADEAMIZADEAMIZADEAMIZADE e foi assim que o amor passou a ser utilizado na essência de seu significado.
Quem está ligado por esse amor, distância alguma separa, pois a verdadeira amizade não une
corpos, não une mentes, mas une corações e essa união é feita por Deus e o que Deus une, homem
algum é capaz de separar”.
William ShakespeareWilliam ShakespeareWilliam ShakespeareWilliam Shakespeare
... Muito obrigado por tanto carinho e compreensão, valeu e valera por sempre a existência de vocês na minha vida, dela jamais sairão.
Meus caros e inesquecíveis amigos do mestrado e doutorado:
Danielle, Danielle, Danielle, Danielle, Karuzita, Joãozinho, Cassiano, Georgiño,Karuzita, Joãozinho, Cassiano, Georgiño,Karuzita, Joãozinho, Cassiano, Georgiño,Karuzita, Joãozinho, Cassiano, Georgiño, Simonita, Simonita, Simonita, Simonita, Flávio, Flávio, Flávio, Flávio, Carmencita, Fernandita, Antônio Carmencita, Fernandita, Antônio Carmencita, Fernandita, Antônio Carmencita, Fernandita, Antônio
Luis, Robertita, RivadávioLuis, Robertita, RivadávioLuis, Robertita, RivadávioLuis, Robertita, Rivadávio,,,, Rosilene Rosilene Rosilene Rosilene,,,, Marcinho Marcinho Marcinho Marcinho, , , , Erickinha, AndrErickinha, AndrErickinha, AndrErickinha, Andréa, Marthica, Claudine,éa, Marthica, Claudine,éa, Marthica, Claudine,éa, Marthica, Claudine, Janaina Janaina Janaina Janaina, Poliana, , Poliana, , Poliana, , Poliana,
Débora, BethDébora, BethDébora, BethDébora, Bethânia, Ruth, Pedro Paulo, Marcelo e Domingosânia, Ruth, Pedro Paulo, Marcelo e Domingosânia, Ruth, Pedro Paulo, Marcelo e Domingosânia, Ruth, Pedro Paulo, Marcelo e Domingos
... De uma ou outra forma, nas minhas saudosas lembranças vou levando a essência da bondade e
amizade de vocês, espero ter deixado pelo menos uma pequena marquinha indelével nas suas, obrigado
por tudo.
“Aqueles que passam por nós não vão sós, não nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós”.
Felipe Cortelline RoqueFelipe Cortelline RoqueFelipe Cortelline RoqueFelipe Cortelline Roque
Meus amigos:Meus amigos:Meus amigos:Meus amigos:
Pensando no tempo que tenho vivido nesta Terra Maravilhosa chamada Brasil, ao chegar ao final desta
jornada estou plenamente convencido de que as lições aprendidas, a experiência adquirida, as lágrimas
derramadas, as melodias cantadas, os sonhos realizados e incubados, o amor vivido e desejado não
teriam o valor incalculável que lhes percebo se não tivessem passado por minha vida pessoa fantásticas
como Minhas Mães brasileiras: Dona Rosário DantasDona Rosário DantasDona Rosário DantasDona Rosário Dantas, Dona Socorro Paraguai Dona Socorro Paraguai Dona Socorro Paraguai Dona Socorro Paraguai e Dona Íris Ce Dona Íris Ce Dona Íris Ce Dona Íris Cerrrrqueiraqueiraqueiraqueira;
meus amigos Márvin Márvin Márvin Márvin, sua esposa Cira Cira Cira Cira e seus filhos, meus sobrinhos Edgar e Eloísa Edgar e Eloísa Edgar e Eloísa Edgar e Eloísa, meu amigo-irmão
Manoel Quaresma Manoel Quaresma Manoel Quaresma Manoel Quaresma Filho Filho Filho Filho e familia, Ketsia Ketsia Ketsia Ketsia, Sormani Sormani Sormani Sormani, RuthinéiaRuthinéiaRuthinéiaRuthinéia, Emanuel Sávio Emanuel Sávio Emanuel Sávio Emanuel Sávio, João Luis João Luis João Luis João Luis, Néstor Néstor Néstor Néstor
Alberto Sánchez, Alberto Sánchez, Alberto Sánchez, Alberto Sánchez, Álvaro ParaguaiÁlvaro ParaguaiÁlvaro ParaguaiÁlvaro Paraguai, Demerson Demerson Demerson Demerson, Lêda Maria Lêda Maria Lêda Maria Lêda Maria, LuizLuizLuizLuiz Carlos Azevedo, Suzete Carlos Azevedo, Suzete Carlos Azevedo, Suzete Carlos Azevedo, Suzete e familia, , , ,
Allann e Francisco Lopes da Silva JuniorAllann e Francisco Lopes da Silva JuniorAllann e Francisco Lopes da Silva JuniorAllann e Francisco Lopes da Silva Junior. A todos vocês que com pequenos e grandes detalhes me
apresentaram as diversas facetas do amor, da amizade e da compreensão, me incentivaram a ter coragem
e sobre todo me mostraram a grandeza do Coração Verde AmareloCoração Verde AmareloCoração Verde AmareloCoração Verde Amarelo, lhes sou eternamente grato.
"O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”.
Fernando PessoaFernando PessoaFernando PessoaFernando Pessoa
Aos funcionáriosAos funcionáriosAos funcionáriosAos funcionários
Sandovania (Sandy)Sandovania (Sandy)Sandovania (Sandy)Sandovania (Sandy), Maria das Graças (Grace)Maria das Graças (Grace)Maria das Graças (Grace)Maria das Graças (Grace), IdIdIdIdelzuiteelzuiteelzuiteelzuite, HévioHévioHévioHévio e CanindéCanindéCanindéCanindé, agradeço todo o apoio que me
ofereceram durante a minha passagem por esta escola, pelas manifestações de carinho e pela colaboração
técnica proporcionada na elaboração desta tese.
“Quando fizeres o bem, oculta-o; quando te fizerem o bem, proclama-o”.
(Sabedoria árabe)(Sabedoria árabe)(Sabedoria árabe)(Sabedoria árabe)
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológi Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico co co co ---- CNPq e ao Ministério das Relações CNPq e ao Ministério das Relações CNPq e ao Ministério das Relações CNPq e ao Ministério das Relações
Exteriores do BrasilExteriores do BrasilExteriores do BrasilExteriores do Brasil, agradeço pela oportunidade e pelo apoio financeiro que me ofereceram durante esta
nova etapa da minha formação acadêmica.
“Fomentar a ciência e o crescimento humano é o caminho certo que nos leva a um futuro promissório”
OOOObbbbrigado Brasil, terra querida, terra abençoada, terra maravilhosa, por sempre estarás no rigado Brasil, terra querida, terra abençoada, terra maravilhosa, por sempre estarás no rigado Brasil, terra querida, terra abençoada, terra maravilhosa, por sempre estarás no rigado Brasil, terra querida, terra abençoada, terra maravilhosa, por sempre estarás no
lado esquerdo do meu pelado esquerdo do meu pelado esquerdo do meu pelado esquerdo do meu peito como a minha segunda Pátria.ito como a minha segunda Pátria.ito como a minha segunda Pátria.ito como a minha segunda Pátria.
RESUMO
RESUMO
Este estudo se propôs analisar através da técnica da estreptoavidina-biotina a expressão
imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em 11 espécimes de mucosa oral normal
(MON), 16 de hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral (HFIO) e 25 de displasia epitelial
oral (DEO) (16 leves, 2 moderadas e 7 graves), procurando determinar se existe alteração
qualitativa na expressão destas integrinas e se a mesma guarda relação com as modificações
sofridas pelo epitélio oral. Para a integrina α2β1 a maioria dos espécimes exibiu uma marcação
predominantemente intensa e difusa nos contatos intercelulares e no citoplasma celular das
camadas basal e suprabasal, sem diferença desse perfil entre os diferentes tipos de espécimes,
porém com uma tendência a fraca ou perda da expressão em 21.1% das DEOs, sendo todos os
espécimes que não expressaram marcação para este heterodímero DEOs graves. Para a
integrina α3β1 a maioria da amostra exibiu uma marcação fraca ou ausente
predominantemente em camada basal. A integrina α5β1 exibiu uma forte marcação difusa nos
contatos intercelulares e citoplasmática na camada suprabasal, com diferença apenas na
intensidade de marcação entre os tipos de espécimes, residindo essa diferença nas DEOs, onde
12 (48%) espécimes exibiram uma fraca marcação. Concluiu-se que as integrinas avaliadas
podem estar envolvidas nas interações célula-célula e célula-MEC que garantem a
diferenciação celular e manutenção do arranjo estrutural tecidual. A variável expressão da
integrina α5β1 nas DEOs, poderia sugerir, respectivamente, um papel dessa molécula na
sobrevida celular, com o intuito de perpetuar o fenótipo alterado nessas lesões, ou uma ação
supressora desse fenótipo devido à falta de interação desta molécula com a fibronectina da
MEC.
Palavras chaves: Moléculas de adesão celular; integrinas; mucosa oral, hiperplasia
inflamatória oral, displasia epitelial oral, imuno-histoquímica.
ABSTRACT
ABSTRACT
The objective of this study was perform by the streptoavidin-biotin technique an
immunohistochemical analysis of α2β1, α3β1 e α5β1 integrins in 11 normal oral mucosa
(NOM), 16 oral inflammatory fibroepithelial hyperplasia (OIFH) and 25 oral epithelial
dysplasia (OED) (16 mild, 2 moderates and 7 severe), to determine if exists qualitative
alteration in the expression of these integrins and if this guard relation with the oral epithelial
modifications. It was observed that for the α2β1 integrin the majority of the sample showed a
predominantly intense labeling diffusely distributed in the intercellular contacts and the
cytoplasm of cells of the basal and suprabasal layers, without difference of this profile
between the different types of specimens, however with a trend to weak or loss of expression
in 21.1% of the OEDs, being all the specimens that had not expressed this heterodimer, severe
OEDs. For the α3β1 integrin the majority of the sample showed a weak or absent labeling in
basal layer. The α5β1 integrin showed a predominant strong diffuse labeling in the
intercellular contacts and cytoplasm in the suprabasal layer, with difference only in the
labeling intensity between the types of specimens, inhabiting this difference in the OEDs,
where 12 (48%) specimens had shown a weak labeling. It was concluded that the evaluated
integrins can be involved in the cell-cell, cell-ECM interactions modulating the cellular
differentiation and maintenance of the epithelial structural arrangement. The variable
expression of the α5β1 integrin in the OEDs, could suggest, respectively, a role of this
molecule in the cellular survival, with intention to perpetuate the modified phenotype in these
lesions, or a suppressor role on the modified phenotype due to lack of interaction of this
molecule with the fibronectina of the MEC.
Key words: Cellular adhesion molecules; integrins; oral mucosa; oral inflammatory
hyperplasia; oral epithelial dysplasia, immunohistochemistry.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
ILUSTRAÇÃO Página
Figura 1. Distribuição da amostra de mucosa oral normal (MON) em relação à
localização anatômica dos espécimes. Natal / RN, 2006 ......................... 71
Figura 2. Distribuição da amostra de hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral
(HFIO) em relação à localização anatômica dos espécimes. Natal / RN,
2006 .......................................................................................................... 71
Figura 3. Distribuição da amostra de displasia epitelial oral (DEO) em relação à
localização anatômica dos espécimes. Natal / RN, 2006 ......................... 72
Figura 4. Distribuição da amostra de mucosa oral normal (MON) em relação aos
diagnósticos clínicos dos espécimes. Natal / RN, 2006 ........................... 72
Figura 5. Distribuição da amostra de hiperplasia fibroepitelial oral (HFIO) em
relação aos diagnósticos clínicos dos espécimes. Natal / RN, 2006 ..... 73
Figura 6. Distribuição da amostra de displasia epitelial oral (DEO) em relação aos
diagnósticos clínicos dos espécimes. Natal / RN, 2006 ..................... 73
Figura 7. Mucosa oral normal (MON). (H/E –100x) ................................................ 75
Figura 8. Hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral (HFIO). (H/E –100x) ............ 75
Figura 9. Hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral (HFIO). (H/E – 400x) ........... 75
Figura 10. Displasia epitelial oral (DEO) leve. (H/E –100x) .................................... 76
Figura 11. Displasia epitelial oral (DEO) moderada. (H/E – 100x) ......................... 76
Figura 12. Displasia epitelial oral (DEO) grave. (H/E – 100x) ................................ 76
Figura 13. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α2β1 em camadas
basal e suprabasal de MON (SABC – 100x) ........................................... 88
Figura 14. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α2β1 em camadas
basal e suprabasal de HFIO (SABC – 100x) ............................................ 88
Figura 15. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α2β1 em
citoplasma e contatos intercelulares das camadas basal e suprabasal de
HFIO (SABC – 400x) .............................................................................. 88
Figura 16. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α2β1 em camada
basal de DEO leve (SABC – 100x) .......................................................... 89
Figura 17. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α2β1 em camada
suprabasal de DEO leve (SABC – 100x) ................................................. 89
Figura 18. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α2β1 em camada
basal/suprabasal de DEO leve (SABC - 100x) ........................................ 89
Figura 19. Fraca imunomarcação linear difusa para integrina α3β1 em camada
basal de MON (SABC - 100x) ................................................................. 90
Figura 20. Fraca imunomarcação granular focal para integrina α3β1 em camada
basal de HFIO (SABC – 100x) ................................................................ 90
Figura 21. Fraca imunomarcação granular focal para integrina α3β1 em camada
basal DEO leve (SABC – 100x) .............................................................. 90
Figura 22. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α5β1 em camada
suprabasal de MON (SABC - 100x) ........................................................ 91
Figura 23. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α5β1 em camada
suprabasal de HFIO (SABC – 100x) ........................................................ 91
Figura 24. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α5β1 em camada
suprabasal de HFIO (SABC – 400x) ........................................................ 91
Figura 25. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α5β1 em camada
suprabasal de DOE leve (SABC - 400x) .................................................. 92
Figura 26. Fraca imunomarcação granular difusa para integrina α5β1 em camada
suprabasal de DEO leve (SABC – 100x) ................................................. 92
Figura 27. Forte imunomarcação granular difusa para integrina α5β1 em camada
suprabasal de DEO moderada (SABC – 100x) ........................................ 92
LISTA DE QUADROS E TABELAS
LISTA DE QUADROS E TABELAS
QUADRO/TABELA Página
Quadro 1. Anticorpos................................................................................................. 67
Tabela 1. Distribuição da amostra em relação ao tipo de espécime, sexo e cor dos
pacientes. Natal / RN, 2006...................................................................... 70
Tabela 2. Distribuição da amostra em relação à média, desvio padrão (DP),
mínimo e maximo das idades dos pacientes da amostra avaliada. Natal /
RN, 2006................................................................................................... 70
Tabela 3. Número absoluto e percentual da expressão imuno-histoquímica da
integrina α2β1 em relação à intensidade, padrão, distribuição e
localização em mucosa oral normal (MON), hiperplasia fibroepitelial
inflamatória oral (HFIO) e displasia epitelial oral (DEO), Natal / RN,
2006........................................................................................................... 82
Tabela 4. Número absoluto e percentual da expressão imuno-histoquímica da
integrina α2β1 em relação à intensidade, padrão, distribuição e
localização em displasia epitelial oral (DEO) leve, moderada e grave,
Natal / RN, 2006....................................................................................... 83
Tabela 5. Número absoluto e percentual da expressão imuno-histoquímica da
integrina α3β1 em relação à intensidade, padrão, distribuição e
localização em mucosa oral normal (MON), hiperplasia fibroepitelial
inflamatória oral (HFIO) e displasia epitelial oral (DEO), Natal / RN,
2006........................................................................................................... 84
Tabela 6. Número absoluto e percentual da expressão imuno-histoquímica da
integrina α3β1 em relação à intensidade, padrão, distribuição e
localização em displasia epitelial oral (DEO) leve, moderada e grave,
Natal / RN, 2006....................................................................................... 85
Tabela 7. Número absoluto e percentual da expressão imuno-histoquímica da
integrina α5β1 em relação à intensidade, padrão, distribuição e
localização em mucosa oral normal (MON), hiperplasia fibroepitelial
inflamatória oral (HFIO) e displasia epitelial oral (DEO), Natal / RN,
2006........................................................................................................... 86
Tabela 8. Número absoluto e percentual da expressão imuno-histoquímica da
integrina α5β1 em relação à intensidade, padrão, distribuição e
localização em displasia epitelial oral (DEO) leve, moderada e grave,
Natal / RN, 2006....................................................................................... 87
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AKt - Serine/threonine kinase. Proteína envolvida na iniciação e/ou progressão tumoral.
BSA – Bovine Serum Albumin (Albumina de soro bovino).
Ca++ - Íon cálcio.
CAM – Cellular adhesion molecules (Moléculas de adesão celular).
CEO – Carcinoma epidermóide oral.
c-fos – Proto-oncogene envolvido na proliferação celular que precede a expressão
gênica músculo-especfica e a diferenciação.
c-jun – Proto-oncogene com importante ação nas vias de sinalização que regulam o
crescimento, desenvolvimento e diferenciação celular normal.
CSA - Catalized Signal Amplification System for Mouse Primary Antibodies.
DEO – Displasia epitelial oral.
ERK - Extracellular signal-regulated kinase (kinases reguladas por sinais
extracelulares).
FADD - Fas-associating protein with a death domain.
FAK – Focal adhesion kinase (Kinase de adesão focal).
HFIO – Hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral.
junB – Proto-oncogene da família JUN antagonista das funções do jun na regulação
do ciclo celular, proliferação e transformação celular.
kD – Kilodalton.
Ki-67 - Antígeno nuclear associado com a proliferação celular, encontrado nas fases G1, S, G2 e M do ciclo celular e ausente em G0.
MAPK – Mitogen-actived protein kinase (Kinase mitógeno-ativada).
MEC – Matriz extracelular.
MEK - Kinase regulada por metiletilcetona-mitogénio.
ERK – Extracellular-regulated kinases.
Mg++ - Íon magnésio.
MMP – Metaloproteinase.
OMS – Organização Mundial da Saúde.
p130cas – Proteína adaptadora envolvida nos processos de adesão, migração e transformação celular.
PI3K – Phosphatidyinositol 3-kinase.
RGD – Seqüência tripeptídica constituída pelos aminoácidos arginina-glicina-ácido aspártico.
SABC - Streptoavidin biotin complex (Complexo estreptoavidina-biotina).
Src – Família de proteínas tirosino-kinase, encontradas nas adesões focais, representando componentes chaves na transdução de sinais mediados pelas integrinas e na ligação ao citoesqueleto de actina.
TOA – Tumor odontogênico adenomatóide.
TRIS-HCl – Tris (hydroxymethyl) aminomethane Hydrochloride
µµµµm - Micra
SUMÁRIO
SUMÁRIO
Página
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
LISTA DE QUADROS E TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 32
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................... 34
2.1 Mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória e
displasia epitelial oral ............................................................................... 35
2.2 Matriz extracelular: Considerações gerais .......................................... 39
2.2.1 Colágeno IV, laminina e fibronectina ........................................... 41
2.3 Integrinas: Considerações gerais .......................................................... 46
2.3.1 Integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 ............................................................ 51
2.3.2 Estudos recentes sobre o papel das integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1
nos eventos celulares epiteliais .......................................................... 54
3 PROPOSIÇÃO .............................................................................................. 60
4 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................................... 62
4.1 Caracterização do estudo ....................................................................... 63
4.2 População ................................................................................................ 63
4.3 Amostra ................................................................................................... 63
4.4 Critérios de seleção da amostra ............................................................ 64
4.4.1 Critérios de inclusão ....................................................................... 64
4.4.2 Critérios de exclusão ...................................................................... 64
4.5 Estudo morfológico ................................................................................ 64
4.6 Estudo imuno-histoquímico ................................................................... 65
4.6.1 Método imuno-histoquímico ......................................................... 65
4.6.2 Análise do perfil imuno-histoquímico .......................................... 67
4.7 Análise estatística ................................................................................... 68
4.8 Considerações éticas ............................................................................... 68
5 RESULTADOS .............................................................................................. 69
5.1 Caracterização da amostra .................................................................... 70
5.2 Resultados morfológicos ........................................................................ 74
5.3 Resultados imuno-histoquímicos .......................................................... 77
5.3.1 Análise do perfil imuno-histoquímico ............................................ 77
5.3.1.1 Expressão imuno-histoquímica da integrina α2β1 ................... 77
5.3.1.2 Expressão imuno-histoquímica da integrina α3β1 ................... 78
5.3.1.3 Expressão imuno-histoquímica da integrina α5β1 ................... 80
6 DISCUSSÃO .................................................................................................. 93
7 CONCLUSÕES ............................................................................................. 110
REFERÊNCIAS
ANEXOS
INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
Em condições de normalidade, durante o processo de renovação constante
experimentado pelo epitélio da mucosa oral, suas células migram através dos seus estratos e,
nesse processo, sofrem modificações bioquímicas e morfológicas (KATCHBURIAN,
ARANA,2004).
Alterações no equilíbrio homeostático tecidual por algum fator agressor, podem
promover adaptações celulares, modificando sua estrutura morfológica e bioquímica ou sofrer
um processo regressivo ou, até mesmo evoluir à morte. Nos casos em que a célula não se
adapte e tenha sua função aumentada, ocorre, geralmente, uma alteração progressiva
denominada hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral (HFIO) (MONTENEGRO, FRANCO,
1999). Ainda pela ação de agentes físicos, químicos e até genéticos, podem surgir lesões mais
graves como a displasia epitelial oral (DEO) (GONZÁLEZ-MOLES, 1997).
A adesão celular está envolvida nos quatros eventos mais importantes da célula:
proliferação, migração, diferenciação e morte, verificando-se destarte que, qualquer alteração
nesses processos gera conseqüências que interferem no comportamento celular (THOMAS,
JONES, SPEIGHT, 1997). Proteínas de superfície celular, principalmente as integrinas, estão
envolvidas na interação célula-célula e célula-matriz extracelular (MEC), regulando tais
eventos (PETRUZZELLI, TAKAMI , HUMES, 1999).
Atualmente, o foco dos estudos tem sido direcionado à pesquisa das integrinas e seu
papel fundamental nas alterações sofridas pelo epitélio da mucosa oral, uma vez que,
alterações na topografia, expressão e/ou função dessas moléculas, podem representar um
mecanismo potencial para a adesão alterada e/ou reorganização citoesquelética de células com
fenótipo transformado (KAWANO et al, 2001), as quais levam a uma proliferação e
diferenciação descontroladas, promovendo o surgimento de células com alterações malignas
(ALBELDA, 1993).
Com o objetivo de obter informações que contribuam para uma melhor compreensão
do papel das integrinas no comportamento biológico das células epiteliais da mucosa oral,
este estudo se propôs realizar uma análise da expressão imuno-histoquímica das integrinas
α2β1, α3β1 e α5β1, observando-se sua presença, localização, intensidade, padrão e distribuição
em mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral e displasia epitelial oral,
procurando determinar se existe alguma alteração qualitativa na expressão destas integrinas e
se a expressão alterada guarda relação com as modificações sofridas pelo epitélio oral.
REVISÃO DA LITERATURA
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral e displasia epitelial
oral.
A mucosa oral é revestida por um epitélio pavimentoso estratificado de origem
ectodérmica constituído por células justapostas e firmemente aderidas em camadas contínuas,
cuja integridade estrutural é mantida através de um sistema homeostático de renovação
constante, no qual as células são produzidas por divisão mitótica. Tais células são permeadas
por uma substância intercelular conhecida como matriz extracelular (MEC) (JUNQUEIRA,
CARNEIRO, 2004; OKAZAKI et al, 2002).
Os estratos ou camadas celulares do epitélio da mucosa oral são compostos pela
camada basal, constituída pelas células fonte que estão em constante atividade proliferativa,
se dividem e posteriormente, as células filhas migram pelos estratos subseqüentes, que são o
espinhoso e granuloso até serem descamadas na superfície. Durante esse processo de
migração, as células sofrem modificações bioquímicas e morfológicas caracterizadas pelo
acúmulo de filamentos intermediários denominados tonofilamentos e, na maioria das vezes,
filamentos de ceratina constituindo assim, os epitélios ceratinizados, daí a denominação de
ceratinócitos para as células do epitélio oral. Dependendo da localização anatômica na
cavidade oral, tal epitélio pode ser ceratinizado ou não ceratinizado (CASTTELLANOS,
2002a; KATCHBURIAN, ARANA, 2004; WINNING, TOWSEND, 2000).
É relatado que o processo normal de migração e diferenciação celular desde a camada
basal até às camadas mais superficiais ocorre num constante equilíbrio homeostático,
garantindo a renovação epitelial adequadamente, porém ao ser interrompido ou alterado esse
equilíbrio por algum fator agressor, as células podem adaptar-se progressivamente
modificando sua estrutura morfológica e bioquímica ou sofrer um processo regressivo,
podendo até culminar com a morte. Nos casos em que a célula não se adapta e tem sua função
aumentada, ocorre, geralmente, uma alteração progressiva denominada hiperplasia
(MONTENEGRO, FRANCO, 1999).
A hiperplasia constitui o aumento de tamanho de um tecido ou órgão em conseqüência
do número aumentado de células, processo este que ocorre de forma exclusiva em tecidos
com capacidade mitótica, comprometendo células biologicamente normais capazes de
responder a estímulos sem perder o seu padrão morfológico (GALVÃO, 1997; KUMAR,
ABBAS, FAUSTO, 2005). Segundo Zerdoner (2003) a hiperplasia epitelial representa um
amplo espectro de alterações histológicas caracterizadas por anomalias celulares e estruturais,
porém com preservação da membrana basal.
Geralmente as alterações epiteliais características da hiperplasia fibroepitelial
inflamatória oral são acompanhadas por certo grau de mudanças a nível subepitelial tais
como, aumento da vascularização, fibrose e presença de infiltrado inflamatório
predominantemente crônico (KAMBIC, 1997).
A hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral (HFIO) é categorizada separadamente de
outras hiperplasias orais devido à constante associação da lesão com fatores irritantes locais
crônicos de baixa intensidade como trauma por próteses mal adaptadas, dentes fraturados,
restos dentários, dentre outros (PRIDDY, 1992; NEIA, SHINIKE, CHICARELLI, 2001).
Várias terminologias têm sido utilizadas para denominar a HFIO, como: epulis fissuratum
(BASSI, VIEIRA, GABRIELLI, 1998), granuloma de dentadura, fibromatose por dentadura
(NAKAO, YONEDA, OSAKI, 1995); hiperplasia inflamatória, hiperplasia traumática,
hiperplasia fibrosa inflamatória induzida por dentadura (ZANETTI, 1996).
Clinicamente a HFIO mostra-se, geralmente, como uma lesão elevada, de consistência
que varia de firme a flácida à palpação, superfície lisa, implantação séssil ou por vezes
pediculada e coloração semelhante à da mucosa normal, podendo exibir superfície ulcerada
em conseqüência do trauma local; bem como apresenta crescimento lento e tamanhos
variados, podendo ocorrer em qualquer idade. Embora possa acometer qualquer lugar da
mucosa oral, é mais freqüente em regiões predispostas a irritação ou trauma, principalmente
na gengiva, mucosa jugal, lábios e palato (COELHO, ZUCOLOTO, 1998; NEIA, SHINIKE,
CHICARELLI, 2001).
As lesões hiperplásicas orais têm sido o foco de interesse de muitos estudos devido à
possibilidade destas constituírem lesões potencialmente malignas, porém esse assunto é
controverso (NEIA, SHINIKE, CHICARELLI, 2001; ZERDONER, 2003). É importante
salientar que muitas das alterações celulares e teciduais eventualmente observadas em
algumas lesões hiperplásicas orais, que podem chamar a atenção do patologista para
características comuns de lesões com potencial maligno ou neoplasias propriamente ditas,
geralmente são resultantes do próprio processo inflamatório, onde é conhecida a ação de
mediadores químicos com capacidade de promover alterações celulares e teciduais
semelhantes às observadas nas lesões potencialmente malignas (KUMAR, ABBAS e
FAUSTO, 2005).
Segundo Zerdoner (2003) a classificação das HFIOs poderia auxiliar na avaliação do
risco de progressão e transformação neoplásica, facilitando o seu manejo clínico e
conseqüentemente o prognóstico das mesmas.
Dentre as alterações morfológicas que as células do epitélio da mucosa oral podem
sofrer em conseqüência da ação agressora de agentes de natureza diversa, destaca-se a
displasia epitelial oral (DEO). Segundo Focchi, Terreiro, Ribalta (1987) o termo displasia é de
origem grega, e significa dificuldade ou transtorno de formação. Genericamente, o termo
displasia epitelial enquadra diferentes mudanças estruturais do epitélio caracterizadas pela
combinação variável de características histológicas indicadoras de uma desordem da
maturação e proliferação celular, onde a gravidade da lesão depende do maior ou menor
número de transtornos epiteliais verificados (CASTELLANOS, 2000b; GONZÁLEZ-
MOLES, 1997).
De acordo com Reibel (2003) a DEO não é associada a nenhum aspecto clínico
específico, no entanto, as leucoplasias e eritroplasias são lesões classicamente associadas a
alterações histopatológicas características de displasias.
É relatado que mesmo sendo relativamente raras em relação às leucoplasia, as
eritroplasias constituem lesões com alto potencial de transformação maligna, podendo
representar, histopatologicamente, displasias epiteliais graves, estágios primários de lesões de
carcinoma epidermóide in situ, ou até, carcinomas microinvasivos (REICHART e
PHILPISEN, 2005). Segundo estes autores, as eritroplasias, são mais freqüentes em adultos,
com maior incidência entre a sexta e sétima décadas de vida, no sexo masculino,
principalmente em palato mole, assoalho bucal e mucosa jugal, com tamanhos variando de
1 cm até 4 cm e sua etiologia é desconhecida porém, muitos casos têm sido associados a
fatores predisponentes como o álcool e o tabaco.
Citologicamente, o epitélio displásico difere do normal por características que vão
desde alteração da relação núcleo-citoplasma, pleomorfismo celular e nuclear, halo
perinuclear, basofilia, hipercromasia e irregularidade na estrutura cromatínica, bem como
presença de mitoses, as quais podem estar presentes até nas células mais superficiais do
epitélio. Histopatologicamente, essas diferenças são representadas por perda da estratificação
normal, perda da polaridade celular e distúrbios na maturação celular (FOCCHI, TERREIRO,
RIBALTA, 1987). Segundo Reibel (2003), são precisamente essas alterações histopatológicas
que associam a DEO com alto risco de transformação maligna.
As displasias são consideradas lesões potencialmente malignas e diversos fatores têm
sido relacionados com sua etiologia, dentre eles o consumo crônico de álcool e tabaco
(JABER et al, 1999; JABER et al, 2003), até a participação de agentes biológicos
(Mc CULLOUGH et al, 2002). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)
(PINDBORG et al, 1997) os seguintes critérios histomorfológicos devem ser considerados no
diagnóstico dessas lesões:
� Perda da polaridade das células basais;
� Presença de mais de uma camada de células de aspecto basalóide;
� Perda da relação núcleo-citoplasma;
� Projeções epiteliais em forma de gota;
� Estratificação irregular do epitélio;
� Aumento do número de figuras de mitose;
� Figuras de mitose anômalas;
� Presença de figuras de mitose na metade superficial do epitélio;
� Pleomorfismo celular e nuclear;
� Hipercromatismo nuclear;
� Nucléolos volumosos;
� Perda da aderência celular;
� Ceratinização individual ou de grupos de células na camada espinhosa.
Segundo Regezzi e Sciubba (2000), o diagnóstico de displasia epitelial pode ser
estabelecido quando menos da espessura total do epitélio apresenta maturação desordenada.
Enquanto que, quando a espessura total do mesmo está comprometida, porém sem invasão do
tecido conjuntivo adjacente ou quando a atipia celular é intensa, mesmo sem
comprometimento de toda a espessura epitelial, estaríamos frente a um quadro de carcinoma
in situ.
A gravidade da DEO pode ser classificada, de acordo com Neville et al (2004) em:
displasia branda, para referir-se às alterações limitadas às camadas basal e parabasal; displasia
moderada, para designar um quadro histológico de alterações envolvendo desde a camada
basal até a porção média da camada espinhosa; e displasia epitelial grave que é caracterizada
pela presença de alterações comprometendo desde a camada basal até um nível acima da
porção média do epitélio.
Devido à subjetividade dos critérios de avaliação estabelecidos para a classificação da
displasia não existe um sistema de gradação ideal que proporcione resultados consistentes e
reproduzíveis (Van der WAAL et al, 1997).
Atualmente é bem aceito que a transição de mucosa normal para carcinoma
epidermóide é um processo multifatorial extremamente complexo, o que justifica os inúmeros
estudos que tentam identificar as alterações na mucosa oral normal que precedem a
malignização. O desenvolvimento de alguns tipos de lesões pode representar passos diferentes
nesse processo. Quando expostas a fatores carcinogênicos, algumas regiões anatômicas da
mucosa oral como as bordas laterais e ventre de língua, assoalho bucal, palato mole, mucosa
labial inferior e região retromolar são as mais susceptíveis a alterações displásicas (KUFFER,
LOMBARDI, 2002).
Constitui tarefa difícil afirmar se a displasia epitelial severa e o carcinoma in situ
podem ser considerados entidades diferentes ou se a presença de displasia epitelial severa
evoluiria para o desenvolvimento de carcinoma invasivo, mais do que a presença do
carcinoma in situ (OKAZAKI et al, 2002; PINDBORG, DAFTARY, METHA, 1977).
Segundo Mincer, Coleman, Hopkins (1972) a progressão da displasia epitelial para carcinoma
in situ envolveria a identificação de uma linha divisória entre atipia reversível e carcinoma in
situ, porém é precisamente neste instante que reside a dificuldade na obtenção de um
consenso de critérios entre os pesquisadores que auxiliem a identificar tal linha divisória.
De acordo com Olever, Mc Donald e Feliz (2000) até hoje não existem marcadores
confiáveis para predizer alterações malignas em lesões pré-cancerosas, porém, levando em
consideração esse risco de transformação, o diagnóstico clínico e histopatológico de lesões
displásicas orais é de suma importância (JABER et al, 2003).
2.2. Matriz extracelular: Considerações gerais
A matriz extracelular (MEC) é uma complexa estrutura constituída de vários tipos de
macromoléculas, como as proteínas glicosiladas denominadas de proteoglicanas e
glicosaminoglicanas (ALBERTS et al, 1997), além das proteínas fibrosas como o colágeno e a
elastina, ambas com função estrutural, e as glicoproteínas adesivas como laminina, tenascina,
nidogênio e fibronectina (KUHN, 1994; POTTS, CAMPBELL, 1996). A biossíntese desses
componentes da MEC obedece a um programa perfeitamente orquestrado, o qual pode variar
durante toda a vida do indivíduo (LABAT-ROBERT, 2001).
Segundo Winning e Towsend (2000), são relatados dois tipos de MEC, a matriz
intersticial, que compreende todo o material existente entre as células mesenquimais, e a
membrana basal, que é a MEC especializada, em forma de lâmina, a qual funciona como
arcabouço físico, tendo papel bioativo na regulação do comportamento celular, influenciando
seu desenvolvimento, regulação da expressão gênica, compartimentalização do tecido em
reservatórios de substâncias produzidas pelas células, bem como medeia a ligação celular e
participa da filtração de sais e pequenas moléculas (ALBERTS et al, 2004).
A membrana ou lâmina basal é uma MEC especializada, de estrutura elástica
constituída principalmente por densas quantidades de colágenos IV e VI, proteoglicanas,
heparan sulfato, condroitin sulfato e glicoproteínas, como fibronectina, laminina, tenascina,
entactina (nidogênio) e trombospondina, as quais estão alternadamente dispostas pelas áreas
de lâminas lúcida e densa (WILSON et al, 1999). Sua função principal é servir como
ancoragem às células epiteliais separando-as do tecido conjuntivo subjacente (KARIYA,
MIYAZAKI, 2004; PARK, BISSELL, BARCELLOS-HOFF, 2000).
Durante o processo de proliferação neoplásico, haja vista o papel da MEC como
barreira natural, é preciso que ocorra a sua degradação sendo isto realizado pelas enzimas
proteolíticas produzidas, principalmente pelas células tumorais, facilitando dessa forma a
invasão neoplásica (BRYNE, 1998; De CLERCK, 2000; FODA, ZUCKER, 2001; THOMAS,
LEWIS, SPEIGHT, 1999; ZIOBER et al, 2000). A invasão tumoral é acompanhada por
fragmentação, disfunção ou anormalidades da membrana basal, provavelmente devido a uma
deposição alterada de seus componentes ou a uma aumentada atividade de proteinases
degradadoras da MEC (KOHN, LIOTTA, 1995).
A capacidade de invasão local e metastática do carcinoma epidermóide oral está
associadas a particularidades da célula neoplásica e sua interação com componentes da MEC,
incluindo alterações na membrana basal; no entanto, a relação da membrana basal com o
comportamento biológico desta neoplasia não é bem compreendida (JIANG et al, 1994). Tem
sido relatado que as células neoplásicas induzem produção de proteínas da MEC e aumentam
a expressão de receptores para as mesmas, dependendo da fase de desenvolvimento e
migração na qual elas se encontram (KOIVISTO et al, 2000; SHINOHARA et al, 1996).
Durante o desenvolvimento do carcinoma epidermóide oral, o tecido conjuntivo
adjacente sofre um variado número de alterações dentre elas a lise do estroma tumoral com
degradação da MEC (RICH, READE, 2001; THOMAS, LEWIS e SPEIGHT, 1999), levando
a maioria dos autores a considera a degradação do tecido conjuntivo como o caminho
preparatório para a invasão tumoral. Alternativamente, este tecido pode ter um papel
significativamente mais ativo no processo de carcinogênese, podendo interagir com o epitélio
e influenciá-lo diretamente, assim como o faz durante a embriogênese (RICH, READE,
2001).
2.2.1. Colágeno IV, laminina e fibronectina.
A MEC é constituída por uma intrínseca estrutura de proteínas, as quais podem atuar
como reguladores de crescimento e diferenciação dos ceratinócitos do epitélio oral; por
exemplo, a fibronectina pode inibir a diferenciação terminal dessas células em cultura, e
componentes da lâmina basal como a laminina ou o colágeno IV estão envolvidos na
determinação do fenótipo epitelial celular (MARAGOU et al, 1999).
Uma das proteínas mais abundantes da MEC é o colágeno, correspondendo a 25% da
composição total de proteínas dos mamíferos. Cerca de 20 diferentes genes codificam as
diversas formas de colágeno. Os diversos tipos de tecido conjuntivo devem suas
características específicas ao tipo de colágeno que possuem, sua quantidade e a outros
componentes distribuídos na MEC (ALBERTS et al, 1997). O colágeno tipo I está distribuído
por todo o tecido conjuntivo, sendo um dos componentes mais abundantes da MEC
intersticial deste tecido (ALBERTS et al, 1997; ZIOBER et al, 2000).
Os colágenos fibrilares englobam os tipos I, II, III, V e XI presentes em pele, mucosas,
ossos, ligamentos, vasos e órgãos. Os colágenos associados às fibrilas com tripla hélice
ininterrupta agrupam os tipos IX, XII e XIV, localizando-se sobre os colágenos fibrilares e
ligando-os entre si e a outros componentes da MEC, sendo encontrados em cartilagens,
tendões e ligamentos. Os tipos IV e VII pertencem ao grupo dos colágenos formadores de
rede, ricamente presentes nas membranas basais epiteliais (KUHN, 1994; O´TOOLE, 2001).
Entre os diferentes tipos de colágeno destaca-se o colágeno do tipo IV, a proteína mais
abundante em praticamente todos os tipos de membrana basal, formando arranjo na forma de
uma intrincada rede, pela ligação entre várias moléculas (WILSON et al, 1999). Este tipo de
colágeno liga-se indiretamente à superfície das células epiteliais, por meio de interações com
a laminina e com o colágeno VII. Por outro lado, sua ligação com a matriz intersticial ocorre
diretamente com o colágeno I, ou indiretamente, via laminina e fibronectina (AUMAILLEY,
ROUSSELLE, 1999; WINNING, TOWNSEND, 2000).
Geralmente, durante a proliferação neoplásica e na migração através da membrana
basal, o colágeno IV é degradado pela metaloproteinase do tipo 2 (MMP-2 ou gelatinase A)
produzida pelas células epiteliais malignas (De CLERCK, 2000; ELLEBROECK, WU,
STACK, 2001; FODA, ZUCKER, 2001).
Sekigushi et al (1995) observaram através de um estudo imuno-histoquímico de alguns
tipos de colágeno em carcinoma epidermóide oral de humanos, que o colágeno IV
encontrava-se restrito à membrana basal dos ninhos celulares neoplásicos invasivos, com um
padrão variando entre descontinuidade e atenuação de expressão.
Hagedorn et al (2001) avaliando a expressão imuno-histoquímica dos colágenos tipo
IV, VII e outros componentes da membrana basal em carcinomas de laringe verificaram
defeitos na membrana basal peritumoral, associados principalmente a uma perda de expressão
mais significativa de colágeno tipo VII do que o tipo IV. No entanto, observaram que mesmo
exibindo maior expressão do que o colágeno VII, ainda assim, o colágeno IV mostrava
pequena imunorreatividade.
Dentre outras proteínas da MEC avaliadas por Miranda (2002) numa amostra de
carcinomas de lábio inferior e de língua, o autor observou ausência de expressão do colágeno
IV na membrana basal dos ninhos celulares da maioria da amostra, sugerindo, segundo o
autor que esse perfil imuno-histoquímico poderia ser resultante da ação de enzimas
proteolíticas produzidas pelas células tumorais que promoveriam a lise e degradação dessa
proteína da MEC durante a invasão neoplásica.
As lamininas correspondem a uma família de glicoproteínas da MEC constituídas por
cadeias α, β e γ localizadas principalmente na membrana basal que funcionam como adesina,
ligando as células basais do epitélio ao colágeno IV. A combinação das 5 cadeias α, 3 β e 3 γ
dão origem a pelo menos 15 isoformas de lamininas, cada uma contendo suas respectivas
variantes (KARIYA, MIYAZAKI, 2004). A maioria de suas cadeias é produto de genes
distintos, cuja expressão é específica de certos tecidos e determinados períodos do estágio de
desenvolvimento embrionário, no qual sua presença é extremamente necessária, sendo assim,
a laminina-5 parece ser o tipo mais comumente produzido por células epiteliais maduras
(AUMAILLEY, ROUSSELLE, 1999).
A laminina-5 apresenta uma estrutura molecular constituída por cadeias α3, β3 e γ2 e
corresponde à contraparte dos hemidesmossomos na membrana basal (BERNDT et al, 1997;
HAAS et al, 2001; WINNING, TOWSEND, 2000). Esta glicoproteína representa o maior
substrato insolúvel de ancoragem dos filamentos celulares conectando as células epiteliais à
membrana basal, formando um complexo de adesão epitelial (AUMAILLEY, ROUSSELLE,
1999). Porém, tem sido relatado que pode atuar também como fator solúvel, favorecendo a
motilidade e conseqüentemente a invasão celular neoplásica (KARIYA, MIYAZAKI, 2004).
Este componente da MEC pode ligar-se a ela mesma e formar uma rede com arranjo
hexagonal, independente da presença do colágeno IV, com o qual interage indiretamente,
formando complexos com o nidogênio. Sua expressão imuno-histoquímica na mucosa oral
normal é vista como uma linha contínua e delicada na membrana basal (KAINULAINEN et
al, 1997).
A interação das lamininas com as integrinas e outros componentes da superfície
celular, lhes confere propriedades de controlar atividades celulares como migração,
diferenciação, polarização, proliferação, apoptose e expressão gênica. Algumas isoformas
como a laminina 1 e seus receptores são extremamente necessárias durante o período
embrionário e morfogenético enquanto que, a laminina-5 é importante nas interações com o
complexo de ancoragem, para manter a integridade arquitetural da membrana basal
(AUMAILLEY, ROUSSELLE, 1999).
É relatado que a síntese da laminina poderia exercer um papel importante na promoção
da invasão celular neoplásica uma vez que, em vários tipos de tumores, esta proteína é
sintetizada pelas células neoplásicas dentro de massas tumorais formando uma membrana
basal individual circundante nas mesmas, ou em torno de células desgarradas de carcinoma
epidermóide oral (BERNDT 1997; HAGEDORN, et al, 2001; MEYER et al, 1985).
Kainulainen et al (1997), observaram uma expressão descontínua e difusa da laminina
pela membrana basal e positividade intracitoplasmática em algumas células epiteliais basais
de displasias epiteliais orais. Em carcinomas invasivos e metastáticos linfonodais, a laminina
mostrou intensa expressão intracitoplasmática nas células desgarradas do carcinoma
epidermóide ao longo da borda de invasão das ilhotas neoplásicas e nas células que
realizavam invasão individual.
Tosios, Kapranos, Papanicolaou (1998) analisando a expressão da laminina em
displasias epiteliais e carcinoma epidermóide oral observaram expressão desta variando de
linear a descontinua de acordo com o aumento gradativo da displasia, sendo mais descontínua
em áreas de invasão tumoral profunda, do que em áreas centrais ou superficiais.
Berndt et al (2001) constataram que o comportamento invasivo do carcinoma
epidermóide oral, entre outros fatores, está associado com a síntese de laminina pelas células
tumorais, perda focal da mesma em membrana basal e deposição desta no estroma tumoral
imediatamente próximo às células neoplásicas invasoras.
Miranda (2002) observou a predominância da ausência de imunorreatividade para a
laminina numa amostra de carcinomas epidermóides de lábio inferior e língua, sugerindo,
segundo o autor, que essa ausência estaria associada com uma maior capacidade invasiva das
células tumorais, principalmente nos tumores de comportamento biológico mais agressivo
como os de língua.
A fibronectina é uma glicoproteína adesiva existente na MEC como dímero
constituído por duas longas subunidades ligadas por um par de pontes disulfeto localizadas
próximo à carboxila terminal. Cada subunidade é dobrada numa série de domínios funcionais
distintos separados por regiões de cadeia polipeptídica flexível. São conhecidos três diferentes
tipos de domínios desta proteína; um liga-se ao colágeno, outro à heparina e outro a integrinas
específicas da superfície de vários tipos de células (LYONS, CUI, 2000). Sua distribuição
tecidual segue a mesma do tecido conjuntivo frouxo, mostrando-se em concentração
aumentada nas membranas basais epiteliais (CASELITZ, 1987).
Em humanos são reconhecidos 20 subtipos diferentes da fibronectina, derivados de um
único gene por processamento alternativo ou por modificações pós-transcricionais (MANDEL
et al, 1994; MOHRI, 1996). Esta proteína liga-se ao colágeno, proteoglicanas e fibrina,
através de domínios constituídos por uma seqüência específica de aminoácidos do tripeptídeo
arginina-glicina-ácido aspártico (RGD), cuja seqüência é também reconhecida por receptores
da superfície celular como as integrinas (ALBERTS et al, 1997), sendo a integrina α5β1
apontada como o principal receptor para fibronectina em tecidos epiteliais. A função
primordial desta proteína é servir de ancoragem celular, tendo um papel importante nos
processo de reparo tecidual, neovascularização e migração celular, principalmente durante a
embriogênese (O´TOOLE, 2001).
Andrade et al (2003) dentre outras proteínas avaliou a expressão e distribuição da
fibronectina em mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória e displasias
epiteliais orais, observando uma expressão semelhante na lâmina própria papilar da mucosa
oral normal, da HFIO e das displasias graves num padrão reticular, sugerindo, segundo a
autora, a possibilidade do processo de proliferação celular não interferir na localização da
fibronectina. Em relação às displasias, segundo a autora, levando em consideração o risco de
malignização destas, poder-se-ia sugerir que para que ocorra a proliferação epitelial e invasão
do tecido conjuntivo subjacente, seria necessário que houvesse uma maior interação entre
estes dois tecidos para promover uma sinalização bioquímica efetiva que estimulasse as
células epiteliais a produzirem enzimas proteolíticas da MEC, facilitando assim, a locomoção
das células neoplásicas.
Miranda et al (2002) num estudo imuno-histoquímico observaram uma expressão
variada da fibronectina em fibromas de células gigantes, hiperplasias fibrosas e fibromas da
cavidade oral, sendo esta fraca e moderada nos fibromas de células gigantes e fibromas
respectivamente, intensa num padrão fibrilar desorganizado e linear fino no tecido conjuntivo
das hiperplasias fibrosas, e descontínua na membrana basal, principalmente nas áreas que
exibiam infiltrado inflamatório mononuclear. Tais achados levaram os autores a concluir que
nas hiperplasias fibrosas, a expressão da fibronectina poderia sugerir um papel modulador do
processo inflamatório.
Num outro estudo, Miranda (2002) observou predominância de uma forte expressão
para a fibronectina na membrana basal e no estroma peritumoral de carcinomas epidermóides
de lábio e língua, levando o autor a sugerir que essa proteína da MEC poderia estar associada
a mecanismos de migração e invasão tecidual pelas células neoplásicas.
A fibronectina é o componente mais abundante na MEC do carcinoma epidermóide
(RAMOS et al, 2002), o que somado ao conhecimento de sua capacidade de interação com o
colágeno, glicosaminoglicanas, proteoglicanas e fibrinogênio, complementou a concepção da
fibronectina como um constituinte da MEC com propriedade adesiva (ROUSLAHTI, 1998).
A perda desta proteína na superfície celular no processo de transformação maligna das células
tem sido associada à migração neoplásica, contribuindo assim com a invasão tumoral
(MEYER et al, 1985). Sua função de adesão celular é comprometida em neoplasias malignas,
com conseqüente desprendimento das células tumorais (CASELITZ, 1987).
Avaliando a expressão imuno-histoquímica da fibronectina, laminina e colágeno IV,
Kannan et al (1994) observaram que a fibronectina mostrava-se ausente em mucosa oral
normal, estando intensamente expressa na membrana basal e nas células basais epiteliais da
displasia severa e do carcinoma epidermóide. A laminina e colágeno IV mostraram marcação
intensa e contínua na membrana basal da mucosa normal, sendo expressas de maneira
descontínua, delgada e fraca na membrana basal da displasia oral severa e no carcinoma
epidermóide.
Segundo Lyons e Cui (2000) e Lyons et al (2001) a isoforma oncofetal da fibronectina
está intimamente associada com malignidade em carcinomas orais. Esta isoforma da
fibronectina foi demonstrada em íntima relação com o carcinoma epidermóide invasivo e
ausente em lesões pré-malignas e epitélio oral normal (MANDEL et al, 1994).
2.3. Integrinas: Considerações gerais.
As moléculas de adesão celular (CAMs) constituem um grupo heterogêneo de
receptores da superfície celular, importantes no desenvolvimento de diversos processos
fisiológicos e patológicos, tais como divisão, migração, diferenciação celular, apoptose e
expressão gênica; além de estarem na superfície celular, as CAMs podem ser armazenadas
intracitoplasmáticamente (FREEMONT, 1998; HYNES, 1987; HYNES, 1992; KUMAR,
ABBAS, FAUSTO, 2005; LABAT-ROBERT, 2001 e THOMAS, SPEIGHT, 2001). Segundo
os autores antes citados, a expressão das CAMs é regulada, controlando assim,
subseqüentemente, os processos biológicos celulares. Muitos desses processos, porém, podem
ser sub-regulados nas neoplasias malignas, sendo sugerido então que muitas das
características das células tumorais tenham origem na expressão aberrante ou na função
alterada das CAMs.
Entre as CAMs, as integrinas constituem uma família de receptores de superfície
celular que medeiam as interações célula-célula e célula – MEC. Cada integrina é constituída
por uma subunidade α e uma subunidade β, ligadas não covalentemente, dependentes de
cátions divalentes de Ca++ e Mg++ (CROSS, BURY, 2003; JONES, 1993; THOMAS, JONES,
SPEIGHT, 1997). Estas moléculas são classificadas de acordo com a subunidade β em
comum (HYNES, 1992; SATO, SEIKI, 1993) e sua afinidade pelo ligante na MEC é
conferida pela cadeia α (THOMAS, JONES, SPEIGHT, 1997). Atualmente são conhecidas
18 subunidades α, com 120 a 180 kD e 8 subunidades β, de 90 a 110 kD, as quais podem
formar 24 combinações heterodiméricas diferentes, cada uma da quais pode ligar-se a uma
gama específica de ligantes na superfície celular, na MEC ou a proteínas solúveis
(BRAKEBUSCH et al, 2002; CALDERWOOD, 2004; SHEPPARD, 2000; WIESNER,
LEGATE, FÄSLER, 2005).
Cada subunidade possui um domínio extracelular longo, responsável pelas interações
cátion-dependentes com os componentes da MEC e/ou outros receptores da membrana
citoplasmática; um domínio transmembrana e um domínio intracitoplasmático curto, o qual
atua como mediador das interações com os componentes do citoesqueleto de actina, bem
como com proteínas transdutoras de sinais, como as quinases e proteínas ligantes do cálcio
(CLARK, BRUGGE, 1995; COPPOLINO, DEDHAR, 2000).
No domínio extracelular de cada subunidade encontra-se a região N-terminal ou
“cabeça”, que é o sítio de ligação para as proteínas da MEC, na extremidade do domínio
citoplasmático de cada subunidade também encontra-se a região C-terminal ou “cauda” que
constitui o ponto de interação das integrinas com as proteínas do citoesqueleto. A adesividade
do domínio extracelular é controlada por eventos de ligação da região C-terminal da cauda,
dando lugar a mudanças conformacionais através da membrana citoplasmática, as quais são
propagadas até a região de contato com o ligante da MEC (LIDDINGTON, BANKSTON,
2000).
O curto domínio citoplasmático de ambas subunidades de integrina não possui função
catalítica, mas transmite sinais pela ligação a uma variedade de proteínas efetoras que podem
estar direta ou indiretamente associadas ao citoesqueleto de actina (WIESNER, LEGATE,
FÄSLER, 2005).
Segundo Liddington e Bankston (2000), é sugerido que o estado de baixa afinidade de
adesão da integrina é mais estável na ausência do ligante, sendo o mesmo caracterizado pela
ligação das regiões de contato dos domínios citoplasmáticos e/ou extracelulares das cadeias α
e β, adotando assim, a integrina a conformação “T” ou fechada. Já na conformação “R” ou
aberta, a ligação entre as subunidades α e β é quebrada para propiciar o estado de alta
afinidade de adesão de integrina.
As interações adesivas célula-célula e célula-MEC constituem funções essenciais no
controle da morfogênese e reparo tecidual, migração celular controlada, formação de barreiras
epiteliais e apoptose, sendo esses processos mediados pelas integrinas (HYNES, 1992;
LABAT-ROBERT, 2001; MIZEJEWSKI, 1999). A maioria das integrinas liga-se à seqüência
peptídica RGD (Arg-Gly-Asp) que pode ser encontrada em muitas proteínas da MEC
(COPPOLINO, DEDHAR, 2000; THOMAS, JONES, SPEIGHT, 1997).
As integrinas exercem um papel adicional alem de serem simples receptores da
superfície celular, uma vez que, por intermédio do seu domínio citoplasmático, as mesmas
ligam a MEC ao citoesqueleto, interagindo com os componentes deste, dando lugar a
complexos mecanismos moleculares conhecidos como transmissão de sinais bioquímicos, os
quais ocorrem num sentido bidirecional, constituindo assim, as denominadas sinalização
inside-out e sinalização outside-in, estes processos modulam a conformação estrutural e
função das integrinas e conseqüentemente, o comportamento biológico celular (CARY,
GUAN, 1999; CLARK, BRUGGE, 1995; COPPOLINO, DEDHAR, 2000; CROSS, BURY,
2003; LIU, CALDERWOOD, GINSBERG, 2000; O´TOOLE, 2001; WIESNER. LEGATE,
FÄSLER, 2005).
Na sinalização outside-in, a adesão do ligante à integrina promove a transmissão de
sinais para o interior da célula, resultando na reorganização do citoesqueleto, expressão
gênica e diferenciação celular. Já na sinalização inside-out os sinais produzidos no meio
intracelular podem ser propagados através das integrinas e regular sua afinidade pelo ligante
na MEC (LIU, CALDERWOOD, GINSBERG, 2000).
Embora seja preponderante o papel de integrinas na transmissão de sinais, segundo
Cary e Guan (1999) tal função não sería possível sem a participação de proteínas citosólicas
conhecidas como kinase de adesão focal (FAK), que junto com as integrinas constituem as
denominadas adesões focais.
Os mecanismos precisos através dos quais ocorre a transmissão de sinais que regulam
os processos celulares ainda não estão bem estabelecidos, porém, acredita-se que sejam
dependentes da ativação das FAKs pelas integrinas, especificamente pela subunidade β. Em
relação à proliferação celular relata-se que esta poderia ocorrer através de três vias
independentes que incluiriam a interação da integrina, com um complexo formado pela FAK
com a proteína Src e conseqüentemente ocorreria a regulação de outras proteínas
citoplasmáticas, fazendo com que estímulos bioquímicos sejam transmitidos da MEC para o
núcleo celular, onde gera a aceleração do ciclo celular (CARY, GUAN, 1999; STUPACK,
CHERESH, 2002).
A sinalização mediada pelas integrinas pode exercer algum papel na manutenção do
ciclo celular, representando isto um mecanismo básico pelo qual estas moléculas de adesão
promoveriam a sobrevivência celular (STUPACK, CHERESH, 2002).
Em relação ao processo de migração celular, a interação da integrina com a FAK
promoveria a fosforilação da proteína p130cais contando ainda essa via de sinalização com a
participação de outras proteínas citosólicas. Finalmente, os mecanismos de regulação da
apoptose tampouco estão bem estabelecidos, porém é sugerido que a integrina ativaria a FAK
e esta por sua vez interagiria coma proteína PI3K e provavelmente com a AKt, e
conseqüentemente a cadeia de transmissão dos sinais progrediria com a participação de outras
proteínas dando como resultado a sobrevida da célula (CARY, GUAN, 1999).
Por outro lado, segundo Kumar, Abbas e Fausto (2005) as integrinas podem promover
interações com receptores de fatores de crescimento e conseqüentemente transmitir sinais
outside-in, tendo como objetivo regular a proliferação celular, apoptose e diferenciação.
Sugere-se que algumas integrinas possam funcionar como biossensores, ou seja,
quando estiverem ligadas a uma matriz insolúvel, proporcionariam um mecanismo de
ancoragem à MEC e ativariam sinais de sobrevivência. Porém quando os ligantes estiverem
ausentes, ou na presença de um ligante solúvel endógeno ou um antagonista terapêutico, as
integrinas ativariam as vias de morte celular. Integrinas não ligadas poderiam propiciar a
“morte celular mediada por integrinas”, atuando assim como reguladores negativos da
sobrevivência celular, uma vez que as integrinas não ligadas poderiam promover a apoptose
através do recrutamento de caspase-8 na membrana plasmática independentemente de
receptores de morte ou FADD (Fas-associating protein with a death domain) e induzir uma
forma diferente de morte celular denominada anoikis que se dá pela falta ou perda de adesão
celular (STUPACK et al, 2001)
De acordo com Stupack e Cheresh (2002), mesmo tendo um papel na prevenção da
apoptose pela manutenção da função celular normal, as integrinas podem também estar
implicadas na resistência a estímulos apoptóticos, particularmente a sinais que ativam a via
intrínseca de morte celular, também conhecida como via do stress ou via mitocondrial. Nesse
contexto, é relatado que as integrinas preservam a viabilidade celular em resposta ao stress em
diferentes níveis. A sinalização mediada por estas moléculas regula tanto a expressão como a
atividade de muitos membros da família bcl-2, afetando a quantidade, função e localização
dessas proteínas.
As neoplasias malignas são caracterizadas pela invasão da célula neoplásica no tecido
conjuntivo subjacente e pela sua capacidade de metástase à distância. Esses processos
envolvem alterações nas interações célula - célula e célula-MEC, as quais podem estar
associadas com alterações na expressão ou função das integrinas. O fenômeno de migração é
iniciado pela proliferação celular e modificações morfológicas na membrana plasmática tais
com as fímbrias ou protrusões. As integrinas teriam o papel de fixar essas fímbrias ou
prolongamentos à MEC e promover a interação com os filamentos de actina do citoesqueleto,
desencadeando assim, a associação de diferentes moléculas sinalizadoras aos contatos focais
célula-MEC; seguidamente, os sinais transmitidos através das integrinas estimulam a
contração celular, permitindo o movimento do corpo celular através dos contatos adesivos;
finalmente, a polo apical da célula destaca-se do substrato pela inativação das integrinas e o
desarranjo do complexo de adesão. Posteriormente, numa outra fase do processo, as integrinas
facilitariam o movimento celular através da MEC ativando enzimas degradantes das suas
proteínas. (CORD et al, 2000).
Tem sido relatado que as funções das integrinas podem ser moduladas através da
ligação destas com outras integrinas, podendo ainda ligar-se a receptores de fatores de
crescimento, no intuito de regular os processos celulares, sendo assim, as integrinas podem
potencializar os efeitos sinalizadores dos fatores de crescimento exercendo desta forma uma
ação conjunta na regulação do ciclo e migração celular (SIEBER et al. 2005).
Atualmente, o foco dos estudos tem sido direcionado à pesquisa das integrinas no seu
papel fundamental no crescimento tumoral e na metástase, uma vez que, segundo Kawano et
al (2001), alterações na topografia, expressão e/ou função dessas moléculas podem
representar um mecanismo potencial para a adesão perturbada e/ou reorganização
citoesquelética das células transformadas, as quais levam a uma proliferação e
desdiferenciação descontroladas, promovendo o surgimento de células malignas com
capacidade de invadir os tecidos subjacentes e até promover metástase à distância
(ALBELDA, 1993).
2.3.1. Integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1.
As integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 são geralmente expressas nos epitélios pavimentosos
estratificados, mediando adesões célula-célula, célula-MEC. O padrão de diferenciação e
ceratinização epitelial difere em diversas regiões do epitélio da mucosa oral e isto pode ser
refletido na variação da expressão sítio-específica das integrinas (KAWANO et al, 2001).
A integrina α2β1 é descrita como receptor para colágeno e laminina e funciona não só
como receptor para essas proteínas na membrana basal, mas também como organizadora da
MEC, moduladora da migração celular, na organização do citoesqueleto e na produção de
metaloproteinases, podendo muitas dessas funções estar relacionadas à sua capacidade de
associar-se com outras proteínas transmembranares (HEMLER, RUTISHAUSER, 2000). A
integrina α2β1 pode interagir heterotípicamente com a E-caderina para regular o processo de
adesão celular e conseqüentemente a estratificação ou manutenção do arranjo arquitetural do
epitelio (JENSEN, WHEELOCK, 1995; WHITTARD et al, 2002).
A integrina α3β1 está localizada numa posição basolateral nos ceratinócitos basais,
sendo relatada como receptor para fibronectina em alguns tipos celulares, porém atua
principalmente como receptor da laminina-5 e do colágeno em menor escala (KREIDBERG,
2000). Tem sido relatado que esta integrina além de exercer um papel na adesão e migração
celular, pode interagir com a laminina-5 estimulando a proliferação celular através da ativação
de proteínas kinases mitógeno-ativadas (MAP-Kinases), favorecendo a migração e
diferenciação dos ceratinócitos basais em contato com a MEC (DI PERSIO et al, 1997;
GONZÁLEZ et al, 1999).
Esta integrina pode servir como receptor secundário na organização da MEC
participando do arranjo inicial da membrana basal pela ligação à laminina-5 ou outras
proteínas da MEC durante seu processamento ou recrutamento para os sítios de adesão
celular. Pode ligar-se à laminina-5 ou outras proteínas da MEC na membrana basal pré-
formada, no sentido de estabilizar as interações primárias das células com a MEC exercida
pela α6β4 nos hemidesmossomos, sendo assim, a α3β1 seria requisitada para manter a
integridade da membrana basal independentemente do seu arranjo estrutural inicial.
Além do antes citado, as interações da α3β1 com os ligantes da membrana basal podem
induzir eventos de transdução de sinais nos ceratinócitos, os quais regulariam a organização e
ou remodelação da matriz induzindo a produção dos seus componentes protéicos ou
promovendo a atividade de MMPs ou outras enzimas degradantes da MEC (DI PERSIO et al,
1997). Neste sentido tem sido relatado que esta integrina pode modular a migração e invasão
de células neoplásicas induzindo a produção e/ou ativação de MMPs 2 e 9, participando
portanto da organização e remodelação da MEC (DYCE et al, 2002; GIANNELLI et al, 2002;
HEMLER, RUTISHAUSER 2000).
Por outro lado, estudos têm mostrado uma reduzida expressão da integrina α3β1 em
tumores de origem epitelial, sugerindo que a interação desta molécula com a membrana basal
poderia levar à transdução de sinais que inibem o comportamento invasivo das células
epiteliais (KREIDBERG, 2000). Segundo o autor antes citado, a integrina α3β1 exerce um
papel muito mais complexo daquele de simples receptor para membrana basal, podendo
também, modular a adesão, migração e organização citoesquelética; além de interagir com
proteínas transmembranares da família da tetraspanina, com as quais pode formar complexos
envolvidos na transdução de sinais.
A informação antes citada é reforçada por Darribère et al (2000) ao comentarem que a
perda da expressão de integrina α3β1 pode comprometer a estrutura organizacional da
membrana basal epidérmica, promovendo com isto perda da integridade desta estrutura e
conseqüentemente a perda de ancoragem celular devido à possível dimerização da subunidade
α3 com a β1 para constituírem um receptor para a laminina e entactina. Ainda nesse tema, uma
reduzida expressão desta integrina tem sido relatada em associação a perda de fibronectina em
lesões altamente metastáticas (KAWANO et al, 2001).
É relatado que as integrinas constituem os principais receptores de adesão celular à
MEC, estando envolvidas na transmissão de sinais “outside-in” da MEC que inibem a
apoptose e promovem a sobrevida celular (GIANCOTTI, ROUSLAHTI, 1999; HINES,
2000). Neste sentido, segundo Manohar et al (2004) a integrina α3β1 torna as células menos
susceptíveis a apoptose através da supressão da ativação da caspase-3 e ativação da
sinalização de kinases de adesão focal (FAK) e das kinases reguladas por sinais extracelulares
(ERK) dependentes da kinase mitógeno-ativada MEK. Sinalização esta que seria translocada
para o núcleo celular onde ativariam a transcrição de genes que promovem a sobrevida
celular.
As células epiteliais podem interagir com a laminina por meio de integrinas de vários
tipos, principalmente a α3β1 e a α6β4, fazendo ligações célula-célula e célula-MEC,
respectivamente (AUMAILLEY, ROUSSELLE, 1999). Segundo Thorup et al. (1998), em
carcinoma epidermóide oral pobremente diferenciado ocorre pronunciada perda de expressão
da laminina e seus receptores do tipo integrinas α e β, quando comparado com lesões pré-
malignas e tecidos alterados por processos inflamatórios.
Já a integrina α5β1 é um receptor principal para fibronectina, cuja expressão aberrante
têm sido associada com tumorigenicidade. As células malignas, geralmente, são rodeadas pela
MEC com baixa expressão da fibronectina e da integrina α5β1, a qual participa da
incorporação da fibronectina à MEC (LABAT-ROBERT, 2002; ROMBERGER, 1997). A
integrina α5β1 liga-se à fibronectina através da seqüência RGD, porém, também possui um
sítio sinérgico separado na molécula dessa proteína da MEC, conferindo à célula um maior
potencial de migração pelo aumento do nível de ligação, uma vez que quanto maior a
afinidade da integrina pelo seu ligante, maior a capacidade migratória celular (ROBINSON et
al, 2003).
Considerando a expressão de receptores para fibronectina em células embrionárias,
segundo Pignatelli et al (1990) e Cavani et al (1993), o aumento numérico de células α5
positivas em CEOs pobremente diferenciados com intensa atividade proliferativa pode ser
explicado como uma correlação do aumento da imaturidade celular, ou seja, um
ressurgimento das propriedades embrionárias nas células tumorais.
Segundo Koivisto et al (2000) tem sido relatado que as células de CEOs podem usar
cooperativamente outras integrinas, além da α5β1 na interação com a fibronectina da MEC
uma vez que, tais células poderiam adaptar-se adquirindo certa versatilidade de ligação
mediante a utilização de diferentes integrinas para essa proteína da MEC e facilitar desta
forma sua migração.
Por outro lado, Labat-Robert (2002) comenta que a expressão da α5β1 exerce um papel
no crescimento, migração e tumorigenicidade através da deposição ativa de fibronectina na
MEC, promovendo desta forma sua remodelação. Comentam ainda esses autores que esta
molécula pode inativar genes de proliferação celular como c-fos, c-jun e junB, e desta forma
afetar negativamente o crescimento das células e a proliferação neoplásica.
2.3.2. Estudos recentes sobre o papel das integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 nos eventos
celulares epiteliais.
Resultados discrepantes têm sido relatados no tocante ao padrão de expressão de
integrinas no câncer oral e em lesões potencialmente malignas (SCULLY e BURKHARD,
1993). Alguns autores observaram a expressão alterada de integrinas em neoplasias malignas
da mucosa oral, variando entre os tumores e até entre diferentes áreas de um mesmo tumor,
sendo relatado que uma expressão reduzida ou uma extensa perda focal de integrinas,
geralmente, poderiam estar associadas com perda de diferenciação celular, enquanto que a
expressão aumentada de outras integrinas pode ser associada à perda de diferenciação e pobre
prognóstico (CORTESINA et al, 1995; JONES, WATT, SPEIGHT, 1997; SCULLY,
BURKHARD, 1993).
Diversos estudos têm associado a expressão alterada de integrinas com modificações
histomorfológicas, bioquímicas e moleculares em espécimes orais (ANDRADE, 2003; De
HART, HEALY, JONES et al, 2003; DYCE et al, 2002; GODOY, 2005; JONES et al, 1993;
KOIVISTO et al, 2000; KOSMELST et al, 1995; MARAGOU et al, 1999; MIGUEL, 2005;
MODOLO et al, 2004; THORUP et al, 1998).
Jones et al (1993) avaliaram a expressão das subunidades de integrinas α2, α3, α6, β1 e
β4 em epitélio oral normal, hiperplásico, displásico e carcinoma epidermóide oral, observando
que nos epitélios displásicos e hiperplásicos adjacentes a úlceras, a expressão dessas
subunidades foi mais forte na camada basal do que no epitélio oral normal. De 17 lesões de
CEO, 13 exibiram perda de expressão das subunidades de integrinas, principalmente nos
casos pobremente diferenciados; 6 de 10 casos moderadamente diferenciados também
exibiram esse padrão de expressão. Os autores sugeriram que as integrinas regulam não
somente a adesão de ceratinócitos, mas também a sua diferenciação.
Kosmehl et al (1995) avaliaram a expressão (presença, quantidade e distribuição) das
integrinas α2β1 (VLA-2), bem como das subunidades α6 (VLA-6) e α5 (VLA-5) em 25 casos
de CEO e 6 espécimes de mucosa oral normal, correlacionando-a com o grau de proliferação
através do anticorpo anti-Ki-67 e com o grau de diferenciação celular, observando uma
expressão uniforme da integrina α2β1 na mucosa oral normal, predominantemente nas
camadas basal e suprabasal. O Ki-67 também marcou nessas regiões, indicando que as células
α2β1 positivas estavam ativamente proliferativas. Nesses espécimes, a subunidade α5 exibiu
uma expressão polarizada e descontínua na superfície celular da interface camada basal-
lâmina basal.
Kosmehl et al (1995) observaram também que a subunidade α2 foi expressa em todos
os CEOs, sendo observada uma aumentada expressão desta em células periféricas dos ninhos
tumorais das lesões bem diferenciadas. A subunidade α5 mostrou uma fraca expressão,
preferencialmente nas lesões pouco diferenciadas. Foi observada ainda uma correlação entre o
aumento da atividade proliferativa celular definida pela marcação do Ki-67 e uma reduzida
expressão da integrina α2β1 nessas lesões, sendo a expressão dessa integrina maior nos CEOs
bem e pobremente diferenciados, levando os autores a sugerirem que a α2β1 não seria
necessária para proliferação celular em CEOs pouco diferenciados.
Nishimura et al (1998) avaliaram a expressão imuno-histoquímica das subunidades de
integrina α2, α3 e β1 em 9 espécimes de ceratocistos odontogênicos e 5 de cistos dentígeros,
observando imunomarcação das subunidades α2 e α3 em toda a extensão do limitante epitelial
de ambos tipos de cistos. Uma forte expressão dessas subunidades foi observada pelos autores
na camada basal dos epitélios císticos com menor espessura, reduzindo ou perdendo-se a
expressão destas nas células suprabasais. Segundo os autores, a perda da expressão das
subunidades α2 e α3 pode comprometer a adesão intercelular, favorecendo o desgarramento
das células superficiais, sua ceratinização e conseqüente descamação. Baseados nessa
informação e nos resultados do seu estudo, os autores concluíram que a espessura do limitante
cístico odontogênico pode guardar relação com a distribuição das integrinas, uma vez que
estas atuam na regulação da espessura epitelial.
Thorup et al (1998) realizaram um estudo para avaliar se a expressão das integrinas
α2β1, α3β1, α6β4 e da laminina-5 poderia ser usada como marcador de transformação maligna
da mucosa oral. Na amostra avaliada (18 CEOs, 21 leucoplasias e 11 espécimes de gengiva
livre com inflamação crônica) foi observada perda focal da integrina α3β1, α6β4 e da laminina-
5 no front de invasão de CEOs pobremente diferenciados, embora, tenha-se observado uma
tendência a forte expressão da integrina α2β1. Nas leucoplasias e gengivas inflamadas,
observou-se alteração na expressão da laminina-5 e das integrinas α3β1 e α6β4 nas células da
camada basal. Nas leucoplasias, caracteristicamente, foi observada perda de expressão da
integrina α3β1, nas células suprabasais. Os autores concluíram que nas lesões por eles
avaliadas, a expressão das integrinas e laminina-5 não pode ser usada como marcador de
malignidade.
Maragou et al (1999) avaliaram a intensidade de expressão imuno-histoquímica das
subunidades de integrinas β1, α2, α5 e α6 em 25 CEOs comparando-a a 15 espécimes de
mucosa oral normal, procurando correlacionar essa expressão e o padrão de distribuição com
o grau de diferenciação tumoral. No epitélio oral normal, houve uma forte intensidade de
expressão da maioria das subunidades avaliadas, principalmente na camada basal em toda a
periferia celular, sugerindo que as integrinas podem também estar envolvidas nas interações
intercelulares do epitélio. Na maioria dos CEOs a expressão das integrinas foi observada nas
camadas celulares periféricas das ilhas tumorais, reproduzindo a expressão observada na
membrana basal do epitélio normal. Os autores não observaram correlação entre o padrão de
marcação e o grau histológico dos tumores e concluíram que uma reduzida intensidade de
expressão de integrinas foi observada nos CEOs, mas que a perda da integrina α2β1 foi
especificamente verificada nessas lesões, podendo isto ter algum valor prognostico no
comportamento do CEO.
Dyce et al (2002) avaliaram a expressão das integrinas α2, α3, α5, α6, β1 e β4 utilizando
duas linhagens celulares de carcinomas de células escamosas (UM-SCC-1 e JHU-022-SCC).
Estes pesquisadores analisaram as propriedades invasivas dessas células in vitro observando
sua capacidade de ligação ao colágeno IV, fibronectina e lamininas 5 e 10 e in vivo através de
transplante ortotípico das mesmas em ratos, além da expressão das subunidades antes citadas
através de Western Blot e citometria de fluxo. Observaram que a linhagem UM-SCC-1 era
mais invasiva in vitro e apresentava uma alta propensão a invasão perineural e linfática in
vivo. Não verificou-se diferença na capacidade migratória das linhagens no colágeno IV,
porém as células JHU-022-SCC mostraram menor capacidade migratória na laminina 5 do
que as UM-SCC-1, as quais mostraram maior adesão a fibronectina. Estes resultados, segundo
os autores, são importantes se levarmos em consideração que estudos têm mostrado a
superexpressão de laminina-5 em associação com tumores mais invasivos. Tanto a
subunidade α3 como a α2 foram subexpressas pelas células JHU-022-SCC quando
comparadas às UM-SCC-1. Esses resultados provavelmente indicam uma redução nos níveis
das integrinas α2β1 e α3β1 limitando a interação com a laminina-5. Os autores concluíram que
as células UM-SCC-1 são mais invasivas que as JHU-022-SCC, o que pode estar associado à
expressão diferencial das integrinas α2β1, α3β1 e α6β4, conferindo uma maior motilidade
destas células em uma matriz rica em laminina-5.
Andrade (2003) comparou imuno-histoquímicamente a expressão das integrinas α2β1,
α3β1 e α5β1 entre ameloblastomas sólidos e unicísticos, tumor odontogênico adenomatóide
(TOA) e germes dentais, verificando uma expressão mais intensa da integrina α2β1 nos
ameloblastomas do que nos TOAs, sendo essa imunorreatividade observada na interface
células proliferantes – estroma de tecido conjuntivo. Nos ameloblastomas acantomatosos foi
observada uma forte marcação da integrina α5β1 nas áreas com metaplasia escamosa,
sugerindo, segundo o autor, que as células poderiam estar em processo de diferenciação
terminal ou sofrendo apoptose, uma vez que a produção excessiva deste heterodímero
promoveria um acúmulo sem ligação às proteínas da MEC, podendo ter como conseqüência a
morte celular programada e supressão do crescimento tumoral.
Nos ameloblastomas desmoplásicos e basalóides, Andrade (2003) ainda observou uma
forte expressão das integrinas avaliadas predominantemente nos contatos intercelulares, o que
também foi constatado nos contatos intercelulares das áreas sólidas e cordões epiteliais dos
TOAs, porém, nas estruturas ductiformes destas lesões houve uma expressão granular ou
linear no pólo luminal celular e ocasionalmente num padrão bipolar. Baseado nos resultados
observados, o autor concluiu que os diferentes padrões de expressão das integrinas avaliadas
poderiam sugerir uma possível influência destas nos eventos celulares e nas interações destas
com a MEC das neoplasias e dos germes dentais.
Através de imuno-histoquímica, Modolo et al (2004) compararam a intensidade e o
padrão de distribuição das integrinas α2, α3, α5, αv, β1, β3 e β4 em 14 espécimes de
ameloblastoma, sendo 4 do subtipo folicular, 6 plexiformes, 2 acantomatosos e 2 unicísticos,
e espécimes de germe dentário, lâmina dentária e epitélio de mucosa oral. Foi observado
imunoexpressão de todas as integrinas na amostra avaliada, especialmente nas células
periféricas do ameloblastoma, sugerindo, segundo os autores, um importante papel destas na
interação entre as células e a membrana basal. Nos germes dentários na fase de campânula
observou-se forte imunorreatividade para todas as integrinas num padrão reticular, além de
marcação em todas as camadas epiteliais do órgão do esmalte, sendo a mesma destacada no
pólo basal das células do epitélio interno, enquanto na papila dentária não foi constatada
marcação para as integrinas avaliadas. Por outro lado, na lâmina dentária, houve uma intensa
marcação reticular da integrinas na camada basal das células periféricas e marcação
citoplasmática das células centrais. Adicionalmente, foi verificada semelhança no padrão de
expressão entre o ameloblastoma folicular, acantomatoso e unicístico com o epitélio de
mucosa oral, e entre a variante plexiforme com o germe e a lâmina dentária.
Procurando avaliar como a adesão mediada pela integrina α3β1 poderia regular a
sobrevida de queratinócitos Manohar et al (2004) realizaram um estudo utilizando
queratinócitos de ratos, sendo um grupo de células normais e outro de células desprovidas da
subunidade α3 de integrina, cultivados numa MEC de laminina-5, comparando a
susceptibilidade dessas células à apoptose induzida pela remoção do soro que as nutria. Nos
resultados os autores observaram que a presença da integrina α3β1 inibia a ativação
proteolítica da caspase-3 e suprimia a apoptose em queratinócitos privados de soro. Além,
disso, os autores mostraram que a integrina α3β1 promovia a sobrevivência de queratinócitos
principalmente através da ativação de kinases de adesão focal (FAK) e parcialmente através
da ativação de kinases reguladas por sinais extracelulares (ERK) dependentes de uma forma
de proteína kinase mitógeno-ativada (MAP) conhecida como MEK. Os autores concluem que
a integrina α3β1 suprime a ativação da caspase-3 e conseqüentemente a apoptose através da
via de sinalização MEK/ERK.
Miguel (2005) avaliou a expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e
α5β1 em 14 casos de adenoma pleomórfico de glândula salivar maior, 14 casos de adenoma
pleomórfico de glândula salivar menor e em 10 casos de carcinoma adenóide cístico. Foi
observada uma diferença estatisticamente significativa na intensidade de expressão da
integrina α2β1 entre as duas neoplasias, sendo essa expressão maior nos adenomas
pleomórficos. No subtipo sólido do carcinoma adenóide cístico houve ausência ou uma
reduzida expressão das integrinas avaliadas. Baseada nos resultados, a autora concluiu que a
reduzida expressão da α2β1 nos carcinomas adenóides císticos pode guardar relação com a
menor diferenciação celular desta neoplasia, e que a reduzida expressão da α5β1 pode exercer
algum papel no comportamento mais agressivo do subtipo sólido do carcinoma adenóide
cístico.
Godoy (2005) avaliando a expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e
α5β1 em folículos pericoronários espessados e cistos dentígeros incipientes observou
marcação predominantemente citoplasmática e na membrana celular num padrão granular em
toda a amostra, constatando diferença estatisticamente significativa para a integrina α2β1 entre
os espécimes avaliados, sendo a marcação mais intensa nos cistos dentígeros incipientes,
principalmente na camada basal do limitante epitelial, sugerindo, segundo o autor, que essa
imunorreatividade poderia estar relacionada com a maior atividade proliferativa das células
basais e com a organização estrutural epitelial da referida lesão.
Em relação á integrina α3β1, os resultados obtidos por Godoy (2005) mostraram
diferença estatisticamente significativa entre as duas entidades, sendo verificada marcação
mais intensa nos cistos dentígeros incipientes, podendo esse resultado, segundo o autor,
sugerir a participação desta integrina na organização da estratificação epitelial, bem como na
expansão cística através da possível ativação de metaloproteinases. Finalmente, o autor
constatou intensa marcação da integrina α5β1 nos dois tipos de espécimes, porém sem
diferença estatisticamente significativa, sugerindo, segundo o autor, a participação deste
heterodímero na diferenciação celular e no controle do crescimento tecidual da amostra
avaliada.
Destacando o fato de que o fenótipo maligno é conseqüência de alterações
bioquímicas, moleculares e morfológicas, é justificável a realização de estudos imuno-
histoquímicos em lesões consideradas potencialmente malignas objetivando pesquisar
marcadores capazes de proporcionar maiores informações sobre a complexa dinâmica do
processo neoplásico que conduz à instalação do carcinoma epidermóide oral.
Baseado na literatura consultada, este estudo teve como objetivo avaliar o papel das
integrinas no comportamento biológico das células epiteliais da mucosa oral, realizando uma
análise da expressão imuno-histoquímica das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em mucosa oral
normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral e displasia epitelial oral, procurando
determinar se existe alteração qualitativa na expressão destas integrinas e se esta guarda
relação com as alterações sofridas pelo epitélio oral.
PROPOSIÇÃO
3. PROPOSIÇÃO
Este estudo se propôs realizar uma análise da expressão imuno-histoquímica das
integrinas α2β1, α3β1 e α5β1, principais receptores celulares para colágeno IV, laminina-5 e
fibronectina, respectivamente, em mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória
oral e displasia epitelial oral, procurando determinar se existia alteração qualitativa na
expressão destas integrinas e se esta guardava relação com as modificações sofridas pelo
epitélio oral, objetivando obter informações que contribuam para entender o papel dessas
integrinas no comportamento biológico das células epiteliais da mucosa oral no estado
normal, hiperplásico e displásico.
MATERIAIS E MÉTODOS
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. Caracterização do estudo
Este estudo foi de caráter descritivo correlacional da expressão imuno-histoquímica
das integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 em mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial
inflamatória oral e displasia epitelial oral, visando saber se existia alteração qualitativa na
expressão destas integrinas e se esta guardava relação com as alterações sofridas pelo epitélio
oral.
4.2. População
Dos casos registrados e diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica da
Disciplina de Patologia Oral do Departamento de Odontologia da UFRN e da Faculdade de
Odontologia da Universidade de Fortaleza - UNIFOR foram selecionados espécimes de
mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral e displasia epitelial oral que
constituíram a amostra.
4.3. Amostra
A amostra foi intencional, baseada na quantidade de material disponível no bloco e
constituída de 11 espécimes de mucosa oral normal, 16 de hiperplasia fibroepitelial
inflamatória oral e 25 de displasia epitelial oral existentes nos arquivos dos serviços
anteriormente referidos.
4.4. Critérios de seleção da amostra
4.4.1. Critérios de inclusão
• Foram incluídos espécimes que tinham quantidade suficiente de material
disponível nos blocos para análise.
• Foram incluídos os espécimes diagnosticados histopatologicamente como
mucosa oral normal (oriundos de procedimentos cirúrgicos para fins estéticos,
da remoção de dentes inclusos ou de margens cirúrgicas de lesões não
neoplásicas), hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral e displasia epitelial
oral.
4.4.2. Critérios de exclusão
• Foram excluídos os espécimes diagnosticados histopatologicamente como
mucosa oral normal e hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral apresentando
quantidade significativa de células inflamatórias, principalmente em posição
justaepitelial.
• Foram excluídos espécimes que tinham quantidade insuficiente de material
disponível nos blocos para análise.
4.5. Estudo morfológico
Dos espécimes existentes nos Arquivos da Disciplina de Patologia Oral do
Departamento de Odontologia da UFRN e da Faculdade de Odontologia da UNIFOR
selecionados para este estudo foi realizada uma análise histomorfológica em microscopia de
luz com cortes de 5 µm de espessura, estendidos em lâminas de vidro e corados pela técnica
da hematoxilina e eosina.
Foi realizada uma análise descritiva dos aspectos histomorfológicos dos espécimes de
mucosa oral normal levando em consideração as características histológicos de normalidade
preconizados por Stern (Bhaskar, 1989).
Os espécimes de hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral foram diagnosticados
levando em consideração aspectos histomorfológicos tais como hiperplasia epitelial,
degeneração hidrópica, espongiose, acantose, exocitose e intensidade do infiltrado
inflamatório.
Os espécimes de displasia epitelial oral foram diagnosticados levando em
consideração aspectos histomorfológicos preconizados pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) (PINDBORG, REICHART, SMITH et al, 1997) e classificados conforme ao sistema
proposto por Neville et al (2004) em:
• Displasia leve: refere-se a alterações limitadas às camadas basal e parabasal;
• Displasia moderada: refere-se às alterações que se estendem da camada basal até o
terço médio da camada espinhosa;
• Displasia grave: refere-se às alterações que vão desde a camada basal até um nível
acima da porção média do epitélio.
A análise foi realizada por dois observadores previamente calibrados e os dados foram
anotados em ficha previamente elaborada para este fim (Anexos A, B e C).
4.6. Estudo imuno-histoquímico
4.6.1. Método imuno-histoquímico
Do material emblocado em parafina, foram obtidos cortes de 3 µm de espessura que
foram estendidos em lâminas de vidro previamente preparadas com organosilano
(3-aminopropyltrithoxy-silano, Sigma Chemical CO, USA) e submetidos ao método da
imuno-histoquímica com anticorpos para as integrinas α2β1, α3β1 e α5β1 através da técnica da
estreptoavidina-biotina peroxidase (SABC- streptoavidin biotin complex) otimizado com o
sistema de amplificação CSA (Catalized Signal Amplification System for Mouse Primary
Antibodies) – DAKO. Foram utilizados como controle positivo para os anticorpos avaliados
os cortes de mucosa oral normal. O controle negativo foi obtido pela substituição dos
anticorpos por albumina de soro bovino a 1% (BSA – Bovine Serum Albumin) em solução
tampão. A técnica utilizada foi realizada conforme os passos que se seguem:
• Xilol 1 (30 minutos) a 60 oC
• Xilol 2 (20 minutos) à temperatura ambiente
• Etanol absoluto 1 (5 minutos) à temperatura ambiente
• Etanol absoluto 2 (5 minutos) à temperatura ambiente
• Etanol absoluto 3 (5 minutos) à temperatura ambiente
• Etanol 95o (5 minutos) à temperatura ambiente
• Etanol 80o (5 minutos) à temperatura ambiente
• Hidróxido de amônia a 10 % em etanol 95o (10 minutos) à temperatura ambiente, para
remoção de pigmentos formólicos;
• Lavagem em água corrente por 10 minutos;
• Passagem em água destilada por duas vezes (5 minutos cada);
• Recuperação antigênica (Quadro 1);
• Lavagem em água corrente (10 minutos);
• Duas passagens em água destilada (5 minutos cada);
• Bloqueio da peroxidase endógena com solução de peróxido de hidrogênio 10 volumes a 3
%, em três passagens (uma de 10 minutos e duas de 5 minutos cada);
• Lavagem em água corrente (10 minutos);
• Passagem em água destilada por duas vezes (5 minutos cada);
• Imersão em solução de TRIS-HCl pH 7,4 (tri-hidroxi-metil-aminometano, Laborsynth,
Brasil), duas trocas de 5 minutos cada;
• Incubação com solução de BSA a 1 % (albumina sérica bovina), SFB a 5 % (soro fetal
bovino) em TRIS-HCl pH 7,4 por 60 minutos com a finalidade de bloquear reações do
anticorpo com proteínas inespecíficas teciduais;
• Incubação com os anticorpos primários (Quadro 1) diluídos em solução de BSA a 1 % em
TRIS-HCl, pH 7,4.
• Duas passagens em solução de Tween 20 a 1 % em TRIS-HCl pH 7,4 por 5 minutos cada;
• Incubação por 15 minutos em cada um dos reagentes seqüenciais do kit CSA – DAKO
que são: anticorpo secundário, complexo estreptavidina-biotina, reagente amplificador e
estreptavidina-peroxidase. Entre a incubação em um reagente e a incubação no reagente
subseqüente do kit foi sempre realizada passagens em solução de Tween 20 a 1 %
conforme descrito no item anterior;
• Lavagem com TRIS-HCl;
• Imersão em TRIS-HCl, duas trocas de 5 minutos cada;
• Incubação em solução contendo o agente cromógeno diamonobenzidina
(diaminobenzidina, Sigma Chemical CO, USA) na concentração de 30 mg em 100 mL de
TRIS-HCl pH 7,4 ativada por 600 mL de peróxido de hidrogênio 10 volumes a 0,3 %;
• Lavagem em água corrente por 10 minutos;
• Passagem em água destilada;
• Contra-coloração com hematoxilina de Mayer por 10 minutos à temperatura ambiente;
• Lavagem em água corrente por 10 minutos;
• Desidratação em etanol em cadeia crescente de 80o ao absoluto por 3 minutos cada;
• Diafanização em xilol durante 10 minutos;
• Montagem da lamínula com resina Permount (Ficher Scientific, USA)
Quadro 1. Anticorpos.
Especificidade Fabricante Clone Diluição Tempo de incubação
Recuperação antigênica
Integrina α2β1 Chemicon International,
Temeluca, CA, USA
BHA2,1 1:1000 60 min Pepsina 0,5%
(estufa 37 oC / 30 min)
Integrina α3β1 Chemicon International,
Temeluca, CA, USA
M-KD
102
1:500 60 min Pepsina 0,5%
(estufa 37 oC / 30 min)
Integrina α5β1 Chemicon International,
Temeluca, CA, USA
JBS5 1:1000 60 mim Pepsina 0,5%
(estufa 37 oC / 30 min)
4.6.2. Análise do perfil imuno-histoquímico
A expressão imuno-histoquímica foi analisada em microscópio óptico Nikon®
considerando a intensidade de marcação, padrão, distribuição e localização da expressão dos
antígenos correspondentes aos anticorpos utilizados. A avaliação foi realizada por dois
observadores em dois momentos diferentes, em caso de discordância entre os avaliadores o
caso foi reavaliado até chegar a um consenso, sendo os achados anotados em ficha
previamente elaborada (Anexo C) para posterior análise dos resultados obtidos.
A intensidade de marcação, descrita como o grau da expressão imuno-histoquímica
das integrinas nos espécimes selecionados foi avaliada com uma escala qualitativa onde foram
utilizados as seguintes categorias: Ausência de marcação, marcação fraca e marcação forte.
O padrão de expressão, ou seja, a forma em que se dispõe a expressão imuno-
histoquímica das integrinas nos espécimes selecionados foi categorizado em: linear, reticular
e granular. A distribuição de marcação, definida como a disposição predominante da
expressão imuno-histoquímica das integrinas nos espécimes selecionados foi avaliada de
acordo com os seguintes critérios: focal e difusa. A localização, ou seja, o local exato
predominante da expressão imuno-histoquímica das integrinas foi categorizada em: camada
basal, suprabasal e basal/suprabasal.
4.7. Análise estatística
Para a análise das variáveis dependentes qualitativas ordinais sería utilizado o teste de
Kruskal-Wallis, uma vez que se tratava de mais de dois grupos de espécimes não
correlacionados. Para a análise da influência das variáveis independentes sobre a intensidade,
padrão, distribuição e localização da expressão das integrinas seria utilizado o teste Qui-
quadrado ou Exato de Fisher, porém em virtude de algumas categorias das variáveis estudadas
não terem tido ocorrência de nenhum evento e, portanto, caselas das tabelas serem iguais a
zero, tornou-se inaplicável o teste de Qui quadrado ou qualquer teste de associação estatística
entre as variáveis, sendo assim, optou-se por realizar uma estatística descritiva.
4.8. Considerações éticas
O presente estudo foi submetido à análise pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
UFRN, sendo aprovado pelo protocolo no 37/05 e pelo Sistema Nacional de Ética na Pesquisa-
SISNEP 056280 (Anexo D). Declaramos, para os fins que se fizerem necessários que, como
responsáveis pela pesquisa, assumimos toda e qualquer responsabilidade por eventuais
conseqüências legais pela utilização de espécimes teciduais incluídos em parafina,
pertencentes aos arquivos do Serviço de Anatomia Patológica da Disciplina de Patologia Oral
do Departamento de Odontologia da UFRN. Não haverá exposição da identidade do paciente
e nenhum risco para o mesmo, uma vez que os cortes histológicos serão obtidos dos
espécimes arquivados no referido serviço, alguns deles, inclusive há mais de 30 anos, o que
tornou impraticável a obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido dos
pacientes.
RESULTADOS
5. RESULTADOS
5.1. CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Foram avaliados 52 espécimes, dos quais, 11 (21.2%) eram de mucosa normal (MON),
16 (30.8%) de hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral (HFIO) e 25 (48.1%) de displasias
epiteliais orais (DEO), sendo destas, 16 (64.0%) leves, 2 (8.0%) moderadas e 7 (28.0%)
graves. A tabela 1 mostra a distribuição da amostra em relação ao tipo de espécime, sexo e cor
da pele dos pacientes.
Tabela 1. Distribuição da amostra em relação ao tipo de espécime, sexo e
cor da pele dos pacientes. Natal / RN, 2006
Sexo Cor da pele do paciente
Masculino Feminino Total Leuco* Melano* Feod* S/I * Total Tipo de
Espécime n % n % n % n % n % n % n % n %
MON* 3 27.3 8 72.7 11 21.2 6 254.5 1 9.1 2 20.0 2 18.2 11 21.2
HFIO* 3 18.8 13 81.2 16 30.8 6 37.5 4 25.0 2 12.5 4 25.0 16 30.8
DEO* 9 36.0 16 64.0 25 48.1 11 44.0 7 28.0 6 24.0 1 4.0 25 48.1
Total 15 28.8 37 71.2 52 100 23 44.2 12 23.1 10 19.2 7 13.5 52 100
* MON: Mucosa oral normal, HFIO: Hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral, DEO: Displasia epitelial oral, Leuco:
leucoderma, Melano: melanoderma, Feod: Feoderma, S/I: Sem informação.
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral - UFRN
A tabela 2 exibe a distribuição da amostra em relação à idade dos pacientes.
Tabela 2. Distribuição da amostra em relação à média, desvio padrão (DP), mínimo e
maximo das idades dos pacientes da amostra avaliada. Natal / RN, 2006
Espécime n Média + DP Min - Max
MON* 11 48.36 + 17.21 15.00 – 70.00
HFIO* 13 46.92 + 16.25 7.00 – 70.00
DEO* 24 51.41 + 16.00 17.00 – 81.00
* MON: Mucosa oral normal, HFIO: hiperplasia fibroepitelial oral e DEO: Displasia epitelial oral Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral - UFRN
As figuras 1, 2 e 3 mostram, respectivamente, a distribuição da amostra de mucosa
oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral e displasia epitelial oral em relação à
localização anatômica dos espécimes.
0 0,5 1 1,5 2
Figura 1. Distribuição da amostra de mucosa oral normal (MON) em relação à localização anatômica dos espécimes.
Natal / RN, 2006
Lábio inferior Região retro molar Assoalho bucalRebordo alveolar Palato duro GengivaMucosa labial inferior Mucosa jugal
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN.
0 1 2 3 4 5
Figura 2. Distribuição da amostra de hiperplasiafibroepitelial inflamatória oral (HFIO) em relação àlocalização anatômica dos espécimes. Natal / RN, 2006
Fórnice vestibular Gengiva Mucosa jugal Palato duro
Rebordo alveolar Lábio superior Ventre lingual
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN.
0 1 2 3 4 5 6
Figura 3. Distribuição da amostra de displasia epitelial oral (DEO) em relação à localização anatômica dos espécimes. Natal / RN, 2006
M ucosa jugal Gengiva Lábio inferio rRebordo alveo lar Língua Região retro molarPalato duro Palato mole Ventre lingualM ucosa labial inferio r Freio labial
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN.
As figuras 4, 5 e 6 mostram, respectivamente, a distribuição da amostra de mucosa
oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral e displasia epitelial oral em relação aos
diagnósticos clínicos presentes nas fichas dos espécimes avaliados no estudo.
Figura 4. Distribuição da amostra de mucosa oral normal (MON) em relação aos diagnósticos clínicos registrados
nas fichas dos espécimes. Natal / RN, 2006
8 (73%)
1 (9%)
1 (9%)
1 (9%)
HFIO * Mucocele Nevus melânico Fibroma
* HFIO: Hiperplasia fibroepitelial oral
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
Figura 5. Distribuição da amostra de hiperplasia fibroepitelial inflamatória oral (HFIO) em relação aos
diagnósticos clínicos registrados nas fichas dos espécimes. Natal / RN, 2006
1 (6%)
1 (6%)1 (6%)
13 (82%)
HFIO * Mucocele Gengiva Fibroma / Hiperceratose
* HFIO: Hiperplasia fibroepitelial oral
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
0 1 2 3 4 5 6 7
Figura 6. Distribuição da amostra de displasia epitelial oral (DEO) em relação aos diagnósticos clínicos registrados nas fichas dos
espécimes. Natal / RN, 2006
Leucoplasia HFIO * CarcinomaQueilite actínica Papiloma/Fibroma LipomaHiperceratose/Leucoplasia Hip. Gengival dilantínica Granuloma piogênicoLíquen plano/Leucoplasia Eritroplasia Sem informação
* HFIO: Hiperplasia fibroepitelial oral
Fonte: Programa de Pós-Graduação em Patologia Oral – UFRN
5.2. RESULTADOS HISTOMORFOLÓGICOS
Na avaliação histomorfológica realizada nos cortes histológicos corados pela técnica
de hematoxilina/eosina e analisados sob microscopia de luz, foi observado que os espécimes
de MON apresentaram as características de normalidade descritas por Stern (Bhaskar, 1989),
ou seja, um revestimento epitelial pavimentoso estratificado paraceratinizado (9 espécimes –
81.8%) e hiperparaceratinizado (2 espécimes – 18.2%), lâmina própria constituída por um
tecido conjuntivo fibroso de densidade variável, sendo denso em 7 (63.6%) espécimes e
frouxo em 4 (36.4%), o tecido era moderadamente vascularizado, exibindo, por vezes,
discreto infiltrado inflamatório predominantemente mononuclear, em posição principalmente
perivascular (Figura 7).
Todos os espécimes de HFIO eram revestidos por um epitélio pavimentoso
estratificado paraceratinizado (8 espécimes – 50.0%), hiperparaceratinizado (5 espécimes –
31.3%) e ortoceratinizado (3 espécimes – 18.8%), exibindo hiperplasia, degeneração
hidrópica, espongiose, discreta exocitose em pontos focais de 6 espécimes (37.5%) e discreto
a moderado infiltrado inflamatório mononuclear em 10 (62.5%) e 6 (37.5%) espécimes,
respectivamente. A lâmina própria era constituída por tecido conjuntivo denso em 12 (75.0%)
espécimes e tecido conjuntivo frouxo em 4 (25.0%) casos (Figuras 8 e 9).
Os espécimes de DEO exibiram as características histomorfológicas preconizadas pela
OMS, onde verificou-se um revestimento epitelial estratificado paraceratinizado (6 espécimes
– 24.0%), hiperparaceratinizado (14 espécimes – 56.0%) e ortoceratinizado (5 espécimes –
20.0%). Todos os espécimes exibiram hiperplasia da camada basal, pleomorfismo celular e
nuclear, perda da relação núcleo-citoplasma, hipercromatismo, áreas de perda da
estratificação (DEOs moderadas/graves) e focos de exocitose. Áreas com perda da nitidez da
membrana basal foram constatadas em 9 (36.0%) espécimes. A lâmina própria era constituída
por um tecido conjuntivo cuja densidade variava de fibroso denso (6 espécimes – 24.0%) a
frouxo (19 espécimes - 76.0%), moderadamente vascularizado, sede de infiltrado inflamatório
mononuclear, sendo predominantemente intenso em 6 (24.0%) espécimes, moderado em 16
(64.0%) e discreto em 3 (12.0%) (Figuras 10, 11 e 12).
5.3. RESULTADOS IMUNO-HISTOQUÍMICOS
5.3.1. ANÁLISE DO PERFIL IMUNO-HISTOQUÍMICO
5.3.1.1. EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DA INTEGRINA α2β1
A tabela 3 mostra a análise do perfil de expressão imuno-histoquímica para a integrina
α2β1 na amostra avaliada.
Na análise descritiva foi observado que em relação à intensidade de expressão da
integrina α2β1, 44 % dos espécimes de DEO mostraram uma tendência para fraca marcação ou
perda de expressão da mesma. Em relação ao padrão e distribuição da expressão desta
integrina, não houve diferença entre os tipos de espécimes, uma vez que 100 % destes
exibiram um padrão granular distribuído difusamente. No tocante à localização da expressão
imuno-histoquímica da integrina α2β1, os espécimes de DEO exibiram uma expressão
variável, ora na camada basal, ora apenas suprabasal e por vezes nas camadas
basal/suprabasal (Tabela 3).
Todos os espécimes de MON exibiram forte intensidade de marcação para a integrina
α2β1 distribuída difusamente com um padrão granular na camada basal e em
citoplasma/contatos intercelulares da camada suprabasal (Figura 13) (Tabela 3).
Todos os espécimes de HFIO exibiram uma forte intensidade de marcação para a
integrina α2β1 distribuída difusamente em um padrão granular, sendo 8 (50.0%) em
localização basal e suprabasal (Figuras 14 e 15) (Tabela 3) e nos outros 8 (50.0%) espécimes
apenas na camada suprabasal, predominantemente em contatos intercelulares/citoplasma
(Tabela 3).
Foi observada imunomarcação para a integrina α2β1 em 20 espécimes de DEO, sendo
esta intensa em 14 (56.0%) casos, cuja distribuição foi difusa em um padrão granular ora na
camada basal (8 espécimes – 57,1%), nas camadas basal e suprabasal (4 espécimes – 28,6%) e
por vezes na suprabasal (2 espécimes – 14.3%), sendo estas duas últimas localizações em
contatos intercelulares/citoplasma. Uma fraca intensidade de marcação para esta integrina foi
verificada em 6 (24.0%) espécimes distribuída difusamente com um padrão granular
localizada predominantemente nos contatos intercelulares e citoplasma celular da camada
suprabasal. Cinco casos de DEO não exibiram marcação para esta integrina (Tabela 3)
(Figuras 16, 17 e 18).
A tabela 4 mostra o perfil de expressão imuno-histoquímica da integrina α2β1 em
relação ao grau de DEO. A análise descritiva mostrou diferença na intensidade de expressão
desta integrina entre os diferentes graus de DEO avaliados, sendo que os espécimes de DEO
grave mostraram uma tendência à fraca imunorreatividade ou perda da expressão para essa
integrina. Em relação ao padrão e distribuição desta integrina entre os diferentes graus de
DEO, não foi observada diferença, sendo esse perfil em padrão granular distribuído
difusamente. No tocante à localização da expressão desta integrina, foi verificado que nas
DEOs leves a expressão foi variável, ora em camada basal, suprabasal e por vezes,
concomitantemente nas camadas basal e suprabasal.
Foi observado que 12 (75.0%) dos 16 espécimes de DEO leve exibiram uma forte
intensidade de expressão num padrão granular distribuída de forma difusa, sendo que destes, 5
(41.7%) espécimes com marcação em camada basal e 5 (41.7%) nas camadas basal e
suprabasal, nesta última, com marcação em contatos intercelulares/citoplasma; além disso, 2
(16.7%) espécimes exibiram essa mesma expressão para a integrina α2β1 porém apenas nos
contatos intercelulares e citoplasma da camada suprabasal. Fraca marcação granular difusa foi
registrada em 4 (25.0%) espécimes de DEO leve (Tabela 4).
Nos 2 espécimes de DEO moderada para a integrina α2β1 observou-se uma forte
(50.0%) e fraca (50.%) intensidade de expressão, respectivamente, em um padrão granular
distribuída difusamente na camada basal (Tabela 4).
Nas DEOs graves (n = 7), 1 (14.3%) espécime exibiu forte marcação para a integrina
α2β1 com um padrão granular distribuída difusamente na camada basal e outro espécime
(14.3%) exibiu uma fraca marcação para esta integrina na camada suprabasal, especificamente
no citoplasma. Não foi observada marcação para a α2β1 nos outros 5 ( 71.4%) espécimes de
DEO grave (Tabela 4).
5.3.1.2. EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DA INTEGRINA α3β1
A tabela 5 mostra o perfil imuno-histoquímico da integrina α3β1 na amostra avaliada.
Não verificou-se diferença na intensidade de expressão desta integrina entre os três tipos de
espécimes avaliados, variando esta de fraca imunomarcação a ausência de expressão, porém,
2 casos de DEO exibiram uma forte intensidade de expressão. Em relação ao padrão de
expressão foi verificado que os espécimes de MON não expressaram o padrão granular, o qual
prevaleceu no resto da amostra avaliada. Com respeito à distribuição da expressão desta
integrina foi observado que nos espécimes de MON e HFIO a distribuição foi diferente, sendo
difusa e focal, respectivamente.
Em relação à localização da expressão da integrina α3β1 entre os três tipos de
espécimes, foi verificado que nas DEOs a marcação foi variável, ora na camada basal
(4-26.7%), apenas suprabasal (6-40.0%) e por vezes nas camadas basal/suprabasal (5-33.3%),
já nas HFIOs a expressão foi verificada apenas em camada basal dos 7 (100%) espécimes
imunomarcados para esta integrina .
Para a integrina α3β1, 7 casos (63.6%) de MON exibiram marcação, sendo destes, 5
(71.4%) com fraca intensidade distribuída difusamente em um padrão linear na camada basal
(Figura 19) e os outros 2 (28.6%) casos exibiram fraca intensidade de marcação distribuída
difusamente em um padrão reticular nas camadas basal e suprabasal. Não foi verificada
marcação para a α3β1 em 4 (36.4%) espécimes de MON (Tabela 5).
Em 7 (43.8%) dos 16 espécimes de HFIO foi verificada uma fraca intensidade de
marcação para a integrina α3β1 distribuída de forma focal com um padrão granular na camada
basal epitelial, predominantemente no polo basal celular (Figura 20), os outros 9 (56.3%)
espécimes não exibiram marcação para esta integrina (Tabela 5).
Nas DEOs, para a integrina α3β1 foi verificada uma predominância de fraca marcação
em 13 (52.0%) espécimes, sendo esta em um padrão granular distribuída focalmente no
citoplasma das células suprabasais de 3 espécimes (12.0%), 2 (8.0%) espécimes com
marcação nas células da camada basal (Figura 21) e apenas 1 (4%) com marcação
concomitantemente em camada basal e no citoplasma das células da camada suprabasal. Uma
fraca intensidade de marcação com padrão granular, porém, distribuída de forma difusa foi
verificada em 7 (46.7%) espécimes de DEO, sendo esta, predominantemente, em camada
basal de 1 (4.0%) caso, outro em contatos intercelulares da camada suprabasal (4.0%) e 2
(8.0%) espécimes com marcação concomitantemente na camada basal e nos contatos
intercelulares da camada suprabasal (Tabela 5).
Além disso, fraca marcação, porém, com padrão linear distribuída difusamente, foi
observada em 2 (8.0%) espécimes, com localização em camada basal e contatos intercelulares
da camada suprabasal, respectivamente. O outro espécime (4%) exibiu fraca marcação com
padrão linear distribuída focalmente na camada basal e nos contatos intercelulares da camada
suprabasal. Não foi verificada marcação para a integrina α3β1 em 10 (40.0%) espécimes de
DEO (Tabela 5).
Na tabela 6 está registrado o perfil de expressão imuno-histoquímica da integrina α3β1
entre os diferentes graus de DEO. Não foi observada diferença em relação à intensidade de
expressão desta integrina entre as DEOs, porém verificou-se uma tendência a uma expressão
fraca ou ausente nas DEO graves, bem como total ausência de imunomarcação nas
moderadas. Não foi constatada diferença no padrão, distribuição e localização da expressão
imuno-histoquímica desta integrina entre os diferentes graus de DEO, que se apresentavam,
predominantemente, com um padrão granular distribuído difusamente nas camadas basal e
suprabasal.
Nos espécimes de DEO leve, foi observada predominância de fraca marcação para a
α3β1, sendo esta em um padrão granular, distribuída de forma focal nos contatos intercelulares
da camada suprabasal de 4 (25.0%) espécimes, 1 (6.4%) em camada basal, outro em camada
basal e citoplasma da camada suprabasal (6.4%) e o último na camada basal e contatos
intercelulares da camada suprabasal (6.4%).
Uma fraca marcação com um padrão linear distribuída de forma difusa para a integrina
α3β1 foi observada nas camadas basal e suprabasal (contatos intercelulares) de 2 (12.5%)
espécimes de DEO leve e apenas na camada basal de 1 (6.4%) espécime. Uma fraca marcação
em um padrão granular distribuída difusamente foi observada nos contatos intercelulares de 1
(6.4%) espécime. Apenas 1 (6.3%) espécime exibiu forte intensidade de marcação para a α3β1
com um padrão granular, distribuída de forma focal em citoplasma da camada suprabasal.
Não foi observada nenhuma marcação para a integrina α3β1 em 4 (25.0%) espécimes de DEO
leve.
Nenhum dos 2 (100%) espécimes de DEO moderada exibiu marcação para a integrina
α3β1. Nos espécimes de DEO grave 1 (14.3%) caso exibiu forte intensidade de marcação com
um padrão granular distribuída de forma difusa em camada suprabasal, predominantemente
no citoplasma celular; 2 espécimes exibiram fraca marcação com um padrão granular, sendo
esta difusa em camada basal 1 (14.3%) e outro com distribuição focal em citoplasma da
camada suprabasal (14.3%). Não foi observada marcação para a integrina α3β1 em 4 (57.1%)
espécimes de DEO grave (Tabela 6).
5.3.1.3. EXPRESSÃO IMUNO-HISTOQUÍMICA DA INTEGRINA α5β1
A tabela 7 mostra o perfil de expressão imuno-histoquímica da integrina α5β1 nos três
tipos de espécimes que constituíram a amostra deste estudo. A análise descritiva mostrou uma
diferença na intensidade de expressão desta integrina, principalmente nos espécimes de DEO,
onde 48% dos casos exibiram uma fraca imunorreatividade; não foi observada diferença no
padrão, distribuição e localização da expressão imuno-histoquímica da integrina α5β1 entre os
diferentes tipos de espécimes avaliados, sendo este predominantemente granular difuso em
camada suprabasal.
Foi constatada uma forte intensidade de marcação para a integrina α5β1 em 11
espécimes de MON, sendo esta distribuída difusamente, com padrão granular nos contatos
intercelulares e citoplasma da camada suprabasal de 9 (81.8%) casos (Figura 22) e 2 (18.2%)
espécimes com uma forte marcação focal em um padrão reticular nos contatos intercelulares
da camada suprabasal (Tabela 7).
Os 16 (100%) espécimes de HFIO exibiram uma forte intensidade de expressão para a
integrina α5β1 distribuída difusamente em um padrão granular predominantemente nos
contatos intercelulares/citoplasma da camada suprabasal (Figura 23 e 24) (Tabela 7).
Nos espécimes de DEO foi verificada uma forte intensidade de expressão para a
integrina α5β1 em um padrão granular, distribuída de forma difusa predominantemente nos
contatos intercelulares da camada suprabasal de 13 (52.0%) espécimes, sendo que destes, 5
(20.0%) espécimes apresentaram também marcação citoplasmática (Tabela 8). Uma fraca
intensidade de marcação foi observada em 12 (48.0%) espécimes de DEO, em um padrão
granular com distribuição difusa predominantemente nos contatos intercelulares da camada
suprabasal (Tabela 7) (Figuras 25, 26 e 27).
A tabela 8 mostra o perfil imuno-histoquímico da integrina α5β1 entre os espécimes de
DEO. A análise descritiva não mostrou diferença no perfil imuno-histoquímico desta integrina
entre os diferentes graus de DEO avaliados, variando tal perfil de uma intensidade forte a
fraca, com um padrão granular distribuído de forma difusa na camada suprabasal de todos os
espécimes de DEO.
Nas DEO leves, 7 (43.8%) espécimes exibiram uma forte intensidade de marcação
para a integrina α5β1 com padrão granular distribuída difusamente nos contatos intercelulares
da camada suprabasal. Os outros 9 (56.3%) espécimes exibiram uma fraca marcação para esta
integrina com um padrão granular distribuída em forma difusa nos contatos intercelulares da
camada suprabasal. Nos 2 espécimes de DEO moderada foi observada uma forte (1-50.0%) e
fraca (1-50.0%) intensidade de marcação respectivamente, ambos em um padrão granular
distribuída de forma difusa nos contatos intercelulares da camada suprabasal (Tabela 8).
Para a integrina α5β1, 5 (71.4%) espécimes de DEO graves exibiram uma forte intensidade de
expressão com padrão granular distribuída difusamente nos contatos intercelulares/citoplasma
de células da camada suprabasal; os outros 2 (28.6%) espécimes exibiram uma fraca
marcação para esta integrina com padrão granular, distribuída de forma difusa em contatos
intercelulares e citoplasma das células da camada suprabasal (Tabela 8).
DISCUSSÃO
6. DISCUSSÃO
No processo de renovação constante experimentado pelo epitélio da mucosa oral, as
suas camadas ou estratos rearranjam-se estruturalmente em conseqüência das modificações
bioquímicas e morfológicas de suas células, as quais garantem a integridade e funcionalidade
de todo o tecido que reveste a cavidade oral (KATCHBURIAN, ARANA, 2004; WINNING,
TOWSEND, 2000).
Em virtude da ação de algum fator agressor pode acontecer um desequilíbrio do
processo homeostático tecidual, continuando ainda as células epiteliais a sofrerem alterações
bioquímicas e morfológicas, com possibilidade de alterar o padrão de normalidade
característico da mucosa oral. Sendo assim, em alguns casos, dependendo do tipo e
intensidade da agressão sofrida pelo epitélio, suas células podem adaptar-se progressivamente
ou sofrer um processo regressivo e, até mesmo evoluir para morte, dando lugar às lesões
hiperplásicas, displásicas ou nos casos mais graves, às chamadas neoplasias malignas
epiteliais (GONZÁLEZ-MOLES, 1997; MONTENEGRO, FRANCO, 1999; PRIDDY, 1992).
O epitélio da MON constitui um tecido com intensa atividade mitótica e em resposta a
uma adaptação celular, frente à ação de agentes agressores crônicos de baixa intensidade, tal
tecido pode sofrer modificação da sua estrutura normal, dando lugar a um aumento do
tamanho decorrente do aumentado número de células, comprometendo sua homeostase
funcional, levando à formação de uma lesão denominada hiperplasia fibroepitelial
inflamatória oral (HFIO), ou seja, o conjunto de alterações histológicas caracterizadas por
anomalias celulares e estruturais, porém com preservação da membrana basal (GALVÃO,
1997; NEIA, SHINIKE, CHICARELLI, 2001; ZERDONER, 2003).
A caracterização da amostra de HFIO avaliada neste estudo (Tabelas 1 e 2) não diferiu
dos dados da literatura (COELHO, ZUCOLOTO, 1998; NEIA, SHINIKE, CHICARELLI,
2001), uma vez que não foi verificada diferença na ocorrência dessa lesão com relação ao
sexo, idade nem cor da pele dos pacientes; os dados do estudo também concordaram com a
literatura consultada, no tocante a localização mais freqüente das HFIO, ou seja, aquelas
regiões da mucosa oral que freqüentemente são expostas à irritação ou trauma (Figura 2). No
estudo de Tosios, Kapranos e Papanicolaou (1998) foram observados resultados semelhantes
aos deste estudo, uma vez que as HFIO por eles analisadas ocorreram em regiões como
língua, lábios, mucosa jugal e gengiva.
Tem sido sugerida a possibilidade das HFIO constituírem lesões potencialmente
malignas, porém, concordamos com Neia, Shinike, Chicarelli (2001); Zerdoner (2003) no
tocante ao caráter questionável desta hipótese.
Baseados nas informações da literatura e nas experiências clinicas e histomorfológicas
adquiridas e sustentadas na análise histomorfológica deste estudo, acreditamos que embora,
do ponto de vista histopatológico certas lesões hiperplásicas da mucosa oral possam exibir
características comumente observadas em lesões com potencial maligno, como as displasias,
devemos considerar que muitas destas alterações poderiam estar associadas ao próprio
processo inflamatório onde se dá a ação de mediadores químicos com capacidade de
promover mudanças na morfologia celular e no arranjo estrutural tecidual (KUMAR,
ABBAS, FAUSTO, 2005).
Porém, vale salientar que muitas dessas alterações não devem ser sub-valorizadas,
cabendo ao profissional clínico e ao patologista o bom senso para orientar a instituição da
terapêutica adequada e o conseqüente acompanhamento do paciente quando na dúvida de se
tratar de uma lesão suspeita ou não de potencial maligno.
No epitélio da mucosa oral, diferentes mudanças estruturais caracterizadas pela
combinação variada de fenômenos histológicos indicadores de uma desordem da maturação e
proliferação celular, são conhecidas como displasia epitelial oral (DEO) (CASTELLANOS,
2002b; GONZÁLEZ-MOLES, 1997).
Apesar das DEOs serem consideradas lesões potencialmente malignas, pouco se
conhece sobre os fatores de risco associados à sua etiologia, porem, o tabaco e o álcool têm
sido apontados como os principais agentes etiológicos associados ao desenvolvimento de
DEO (JABER et al, 1999; JABER et al, 2003). Infelizmente, neste estudo não foi possível
obter dados que nos permitissem estabelecer associação de algum fator de risco para a
amostra de DEO devido à falta de informação na maioria das fichas clínicas, porém nas
poucas que continham esse dado, verificava-se uma tendência a reproduzir o relatado na
literatura.
Os dados da caracterização da amostra, referentes aos espécimes de DEO avaliados
neste estudo (Tabelas 1 e 2), não mostraram diferença expressiva na ocorrência desta lesão em
relação ao sexo, idade nem cor da pele dos pacientes, porém observou-se que houve uma
maior tendência a ocorrer no sexo feminino (64%), principalmente em pacientes adultos, cuja
média de idade neste estudo foi de 51.41 anos.
Estes dados concordam com os da literatura no tocante à idade, onde se verifica uma
maior freqüência das DEO em pacientes acima da quinta década de vida (JABER et al, 2003).
Os autores antes citados, tampouco encontraram diferença significativa na ocorrência de DEO
entre os diferentes sexos, contudo ao contrário do observado neste estudo, eles verificaram
uma tendência a maior freqüência da lesão no sexo masculino. Acreditamos que esses dados
controversos guardam relação com particularidades da amostra, uma vez que o estudo deles
foi realizado na Europa, onde os hábitos dos pacientes e particularidades do ambiente diferem
dos da amostra analisada neste estudo, podendo isto ter alguma influência no acometimento
de um determinado sexo de acordo com a população e a região geográfica avaliada.
Mesmo sem ter sido observada diferença expressiva na ocorrência de DEO em relação
à cor da pele dos pacientes, foi constatado que 44% da DEO ocorreram em pacientes
leucodermas, dados estes que também concordam com a literatura, onde Jaber et al (2003)
verificaram uma maior freqüência dessa lesão em pacientes de pele branca.
Levando em consideração a localização das lesões de DEO, foi observado que a
maioria delas ocorreu em regiões de mucosa jugal, lábio inferior, língua, palato e região
retromolar (Figura 3), locais que segundo Kuffer, Lombardi (2002) quando expostos a fatores
carcinogênicos são mais susceptíveis ao desenvolvimento de um processo neoplásico do que
outras áreas da mucosa oral. Nos estudos de Jaber et al (2003); Tosios, Kapranos e
Papanicolaou (1998) também foram observados resultados semelhantes aos desta pesquisa em
relação à localização das DEO.
Admite-se que a frase “sítios de alto risco” para o desenvolvimento de neoplasias
epiteliais na cavidade oral não está bem fundamentada por evidências científicas, porém
existe a probabilidade de que locais como o assoalho bucal, ventre e bordas da língua possam
ser significativamente mais susceptíveis à ação de carcinógenos dissolvidos na saliva do que
outras regiões da cavidade oral (REIBEL, 2003).
Correlacionando o aspecto clínico das lesões, através dos diagnósticos clínicos
registrados na ficha, com o diagnóstico histopatológico de DEO na amostra analisada neste
estudo, não foi verificada diferença expressiva, porém observamos que a maioria dos
espécimes teve diagnóstico clínico de leucoplasia, HFIO, carcinoma e queilite actínica
(Figura 6). Estes dados concordam com a literatura, onde se verifica que muitas das lesões de
aspecto clínico esbranquiçado, principalmente as leucoplasias, são diagnosticadas
histopatologicamente como DEOs (JABER et al, 2003; OLIVER, MACDONALD, FELIX,
2000; REIBEL, 2003; TOSIOS, KAPRANOS e PAPANOCOLAOU, 1998).
Segundo Reibel (2003), o processo de desenvolvimento do câncer oral pode dar-se
pela presença de uma lesão precursora inicial ou de uma mucosa aparentemente normal,
sendo que dentre as lesões precursoras destacam-se as leucoplasias. Para Tosios, Kapranos e
Papanicolaou (1998) o risco de transformação maligna de lesões com potencial neoplásico
varia de 4 % a 35 % e este risco é diretamente relacionado ao grau de displasia epitelial
presente. Schepman et al (1999) relataram que de 16 a 62 % dos CEOs têm sido associados a
lesões leucoplásicas.
Na amostra de DEO desta pesquisa, apenas 1 caso teve diagnóstico clínico de
eritroplasia, o qual ocorreu na mucosa jugal de uma paciente de 65 anos de idade, sendo
diagnosticada, histopatologicamente como DEO leve. Este caso esta em consonância com a
literatura no tocante à localização e idade de maior freqüência para as eritroplasias; porém em
relação ao sexo, observou-se uma discrepância com a literatura, que apontam uma maior
freqüência em pacientes do sexo masculino, embora alguns estudos relatam uma tendência
variável entre os sexos (REICHART e PHILIPSEN, 2005).
Mesmo sendo apenas um caso de eritroplasia registrado na amostra deste estudo, o
diagnóstico histopatológico de DEO leve dado a este, nos leva a concordar com Reichart e
Philipsen (2005) ao comentarem que, ainda que relativamente raras quando comparadas às
leucoplasias, quando presentes em sítios de alto risco da mucosa oral, as eritroplasias,
geralmente constituem, histopatologicamente, lesões displásicas ou até neoplasias epiteliais
malignas propriamente ditas.
O processo evolutivo de mucosa oral normal para carcinoma epidermóide oral é
constituído pela concatenação de múltiplos eventos, daí a justificativa de continuar as
pesquisas para tentar esclarecer quais são tais eventos e qual a participação de cada um deles,
nas alterações sofridas pela mucosa normal, que podem preceder a instalação de uma
neoplasia propriamente dita, uma vez que algumas das lesões da mucosa oral podem
representar estágios diferentes de uma futura neoplasia epitelial maligna (KUFFER,
LOMBARDI, 2002).
A simples observação das características morfológicas das alterações da mucosa oral
pode auxiliar no estabelecimento do diagnóstico das lesões sofridas por essa mucosa, porém,
não oferecem muitas informações sobre quais seriam os eventos que levariam ao
estabelecimento de uma determinada lesão.
Nesse sentido, por exemplo, concordamos com Okazaki et al (2002) ao comentarem
que é difícil diferenciar uma DEO severa de um carcinoma in situ, ou se a presença de DEO
severa levaria obrigatoriamente a um carcinoma. Do ponto de vista de uma análise
histopatológica em hematoxilina/eosina (H/E), abstrair esta informação é quase impossível, a
não ser que a lesão seja deixada ao seu próprio curso, porém, eticamente, esta possibilidade é
inviável, principalmente em se tratando de uma lesão que pode possuir um risco intrínseco de
transformação maligna.
Portanto, baseado na informação antes citada, justifica-se os estudos com técnicas
mais elaboradas como a imuno-histoquímica com anticorpos contra moléculas celulares ou da
MEC e mais recentemente, a execução de estudos de biologia molecular na tentativa de
auxiliar na procura de informações que permitam entender a complexa multifatorialidade
envolvida no processo neoplásico do epitélio da mucosa oral.
Por muito tempo a maioria dos estudos foi direcionada à avaliação das alterações que
ocorriam nas células epiteliais, deixando de lado, geralmente, os materiais adjacentes a tais
células, ou seja, a MEC. O avanço dos estudos mostrou que a MEC e sua rica estrutura
conformacional representava mais do que um simples arcabouço de sustentação para as
células epiteliais e que, as diversas moléculas que a constituem, exercem importantes funções
bioativas na regulação do comportamento biológico celular e do arranjo estrutural tecidual
(ALBERTS et al, 1997; RICH, READE, 2001; WINNING, TOWSEND, 2000).
Verifica-se na literatura inúmeros estudos abordando o papel exercido pelas proteínas
da MEC no comportamento celular do epitélio da mucosa oral (ANDRADE, 2001;
MIRANDA, 2002) e, dessas células, entre si; portanto, partindo da premissa de que essas
proteínas exercem suas funções através de outras moléculas que atuam como mediadoras, as
denominadas moléculas de adesão, consideramos pertinente avaliar o papel das integrinas que
atuam como receptores principais para o colágeno IV, laminina-5 e fibronectina, ou seja, as
integrinas α2β1, α3β1 e α5β1, respectivamente, em MON, HFIO e DEO, uma vez que, segundo
Kawano et al (2001), essas integrinas são geralmente expressas nos epitélios estratificados
mediando as interações célula-célula e célula-MEC.
Analisando os resultados deste estudo, foi observado que a maioria dos espécimes
avaliados exibiu marcação para a integrina α2β1, sendo o perfil desta marcação
predominantemente intenso com padrão granular distribuído difusamente nos contatos
intercelulares e no citoplasma das células das camadas basal e suprabasal. Não foi observada
diferença no perfil de expressão desta integrina entre os diferentes tipos de espécimes, porém
foi registrada uma tendência para fraca expressão ou perda da mesma em 21.1% dos
espécimes de DEO (Tabela 3), sendo que todos os espécimes que não expressaram marcação
para esta molécula eram DEO graves.
A maior marcação da integrina α2β1 em camada basal e suprabasal da amostra de
MON analisada nesta pesquisa constituiu um resultado semelhante ao obtido por Kosmehl et
al (1995) e Maragou et al (1999) que observaram uma expressão predominante dessa integrina
em camada basal da amostra de MON por eles avaliada. Andrade (2003) também verificou
uma intensa marcação desta integrina na interface das células proliferantes/estroma de tecido
conjuntivo de ameloblastomas e tumores odontogênicos adenomatóides sugerindo, segundo o
autor, uma possível influência da integrina α2β1 nos eventos celulares e nas interações destas
com a MEC.
Essa maior marcação da integrina α2β1 em camada basal observada neste estudo está
em consonância com os dados da literatura, uma vez que é relatado que esta integrina atua
como receptor principal para colágeno IV, um componente da MEC predominante na
membrana basal (MIRANDA, 2002; WILSON et al, 1999), sugerindo assim, que a integrina
α2β1 estaria exercendo um papel importante na interação adesiva entre as células da camada
basal do epitélio e destas com seu ligante na MEC, mediando, dessa forma, a ancoragem
celular ao tecido conjuntivo subjacente. Esse fato leva-nos a concordar com Tosios, Kapranos
e Papanicolaou (1998), os quais afirmam que o estudo das alterações que ocorrem em nível da
membrana basal de lesões potencialmente malignas e em neoplasias orais, pode contribuir
para o conhecimento do comportamento clínico e biológico de determinadas lesões.
Além disso, de acordo com Godoy (2005) e Bennett et al (2001), a expressão da
subunidade α2 é mais freqüente em células que estão em intensa atividade proliferativa como
as da camada basal epitelial, que constitui o compartimento proliferativo celular dos epitélios
estratificados, justificando assim, a maior marcação da integrina α2β1 em camada basal da
amostra avaliada neste estudo.
A marcação nos contatos intercelulares da camada suprabasal para a integrina α2β1,
observada neste estudo, reforça os dados da literatura no tocante ao papel exercido por esta
integrina nas interações homotípicas que garantem a manutenção do arranjo estrutural
epitelial e na diferenciação celular (GODOY, 2005; JONES et al, 1993; MIGUEL, 2005;
MODOLO et al, 2004; NISHIMURA et al, 1998).
Os achados deste estudo, em relação à expressão da integrina α2β1 nas MONs e HFIOs
poderiam sugerir que esta molécula estaria participando da regulação positiva da proliferação
celular, através de alguma(s) via(s) de sinalização(ões) que incluem a participação de outras
proteínas celulares nas chamadas adesões focais, como relatado por Cary e Guan (1999), ao
sugerirem a interação das integrinas com proteínas citosólicas como as FAKs na transmissão
de sinais regulatórios das funções celulares.
Ainda nesse contexto, é relatado que integrinas podem interagir com receptores de
fatores de crescimento no intuito de transmitir sinais do meio extracelular para o intracelular
e, conseqüentemente, regular a proliferação celular (KUMAR, ABBAS, FAUSTO, 2005).
Provavelmente nos espécimes de MON e HFIO deste estudo que exibiram forte expressão
para a integrina α2β1, pode-se sugerir a sua participação no processo proliferativo celular
desses espécimes através de um ou ambos mecanismos relatados por Cary e Guan (1999) e
Kumar, Abbas e Fausto (2005), respectivamente.
A literatura relata resultados divergentes em relação à expressão de certas integrinas
em lesões potencialmente malignas e no câncer oral, podendo essa expressão variar entre
diferentes lesões ou até entre diferentes áreas de uma mesma lesão (SCULLY e
BURKHARD, 1993). Comparando a ausência de marcação para a integrina α2β1 observada
nas DEOs graves desta pesquisa com os dados da literatura, percebe-se certa discrepância nos
resultados de alguns estudos, dentre estes o de Jones et al (1993) que observaram uma forte
marcação para esta molécula na camada basal de epitélios displásicos, não obstante, no estudo
destes autores, as DEOs eram de graus leve e moderado. Provavelmente o grau de alteração
histopatológica das lesões tenha tido alguma influência na discrepância dos resultados entre
os dois estudos. Nesse sentido, acreditamos que, provavelmente, a controvérsia entre alguns
estudos da literatura em relação à expressão de integrinas, possa guardar relação com
particularidades da amostra e não propriamente com a integrina avaliada.
Em relação à amostra de DEOs graves analisada nesta pesquisa que não exibiu
imunorreatividade para a integrina α2β1, acreditamos que, provavelmente, alguma outra
molécula produzida pelas células com fenótipo alterado poderia levar à subregulação desta
integrina ou que, por outro lado, essas células poderiam promover a degradação da própria
MEC, prejudicando a síntese e deposição de colágeno e, conseqüentemente, a redução e ou
ausência da expressão do seu receptor principal, a integrina α2β1.
Levando em consideração o potencial de transformação maligna das DEOs,
principalmente das graves, a ausência de marcação para a integrina α2β1 observada neste
estudo é um resultado digno de nota, pois poderia sugerir uma perda das interações célula-
célula exercidas homotípicamente pela α2β1 e das interações heterotípicas desta integrina com
a E-caderina, podendo levar, conseqüentemente, a uma perda da diferenciação e adesão
celular e comprometimento do arranjo arquitetural tecidual contribuindo com a instalação e
progressão das características morfológicas alteradas que são comumente observadas nas
DEOs.
Ainda nesse contexto, a reduzida expressão da integrina α2β1 em CEOs pobremente
diferenciados observada por Kosmehl et al (1995) pode reforçar hipótese de que nas DEOs
graves avaliadas neste estudo que não expressaram imunorreatividade desta integrina,
representaria o reflexo de um fenótipo celular com maior potencial de malignidade para estas
lesões.
Nos resultados obtidos por Miguel (2005) para a amostra de carcinomas adenóides
císticos sólidos, observou-se uma reduzida expressão da integrina α2β1 sugerindo, segundo a
autora, que essa perda de expressão poderia guardar relação com a menor diferenciação
celular desta neoplasia.
Considerando a informação de que a integrina α2β1 atua como receptor principal para
colágeno IV da membrana basal, a tendência para reduzida ou perda de expressão da mesma
nas DEOs deste estudo concorda com o observado por Tosios, Kapranos e Papanicoulaou
(1998) que verificaram uma reduzida ou perda da expressão da laminina e do colágeno IV na
membrana basal em hiperplasias epiteliais, displasias epiteliais e em áreas de invasão de
carcinomas epidermóides orais, levando os autores a sugerirem que a alteração na distribuição
dessas proteínas da MEC e a conseqüente perda da continuidade da membrana basal
subepitelial ocorrem, concomitantemente, com a progressão do processo de transformação
neoplásico no epitélio oral, podendo isto, portanto, contribuir com o aumento do potencial de
malignidade das DEOs.
Os resultados de Miranda (2002) também corroboram a ausência de expressão da
integrina α2β1 na DEOs graves deste estudo, uma vez que esse autor observou uma
predominância da ausência do ligante principal para esse heterodímero, o colágeno IV, na
membrana basal peritumoral de 50% dos carcinomas de lábio inferior e 66% dos de língua por
ele avaliados, sugerindo, segundo o autor, que tais achados poderiam estar associados à ação
de enzimas proteolíticas produzidas pelas células neoplásicas, como as metaloproteinases que
promoveriam a degradação do colágeno IV durante o processo de invasão tumoral.
Com relação à integrina α3β1 foi observado que a maioria da amostra avaliada neste
estudo exibiu uma imunomarcação variando de fraca a ausente, porém sem diferença na
intensidade de expressão desta molécula entre os três tipos de espécimes. Apenas dois
espécimes de DEO tiveram uma forte marcação para este heterodímero, sendo uma DEO leve
exibindo um padrão granular, distribuído difusamente na camada basal e contatos
intercelulares da camada suprabasal e, o outro, um espécime de DEO grave com forte
marcação num padrão granular distribuída de forma difusa, predominantemente, no
citoplasma das células da camada suprabasal.
Foi registrada diferença em relação ao padrão de expressão da integrina α3β1
verificando-se essa diferença nos espécimes de MON que exibiram um padrão variando de
linear a reticular e não o padrão granular que predominou no resto da amostra. A distribuição
da expressão desta integrina também exibiu diferença na amostra avaliada, residindo a mesma
entre os espécimes de MON e HFIO onde todos os casos exibiram uma distribuição difusa e
focal, respectivamente. Em relação à localização da marcação da integrina α3β1, na amostra
deste estudo, não houve diferença, no entanto as DEOs a expressaram variavelmente nas
camadas basal, apenas na suprabasal e simultaneamente nas camadas basal e suprabasal.
Todos os espécimes de HFIO expressaram esta integrina nas células da camada basal.
Os resultados deste estudo no tocante à reduzida expressão da integrina α3β1 na
maioria da amostra, foram semelhantes aos de alguns estudos da literatura (ANDRADE,
2003; GODOY, 2005; KREIDBERG, 2000; MIGUEL, 2005; THORUP et al, 1998).
Segundo Miguel (2005) a ausência de marcação para a integrina α3β1 em alguns
adenomas pleomórficos, por ela avaliados, poderia estar associada à fragmentação que pode
ocorrer na membrana basal na interface das células neoplásicas-estroma, o que alteraria a
adesão entre constituintes dessa membrana e suas integrinas receptoras, contribuindo assim
para o comportamento infiltrativo característico de alguns casos desta neoplasia benigna de
glândula salivar.
Ainda em relação à ausência de marcação dessa integrina em carcinomas adenóides
císticos sólidos avaliados por Miguel (2005), a autora comenta que esse perfil poderia refletir
o comportamento biológico mais agressivo desse subtipo e, conseqüentemente, um pior
prognóstico para essa neoplasia maligna, uma vez que apesar dos resultados discrepantes em
relação à expressão de certas integrinas em diferentes tumores, tem sido relatada uma redução
ou ausência de expressão dessas em lesões de alto grau de malignidade ou pouco
diferenciadas (THOMAS, JONES, SPEIGHT, 1997).
Kreidberg (2000) relatou que uma reduzida expressão da integrina α3β1 em células
tumorais poderia sugerir um papel desta na migração celular, uma vez que tem sido
demonstrada a interação entre esta molécula e componentes da membrana basal como a
laminina promovendo a transmissão de sinais que, por sua vez, inibiriam o comportamento
invasivo das células neoplásicas.
A informação antes citada é reforçada por De Hart, Healy e Jones (2003), ao
constatarem em estudo por eles realizado que ceratinócitos desprovidos da subunidade α3
exibiram maior motilidade e menor capacidade adesiva à laminina-5 do que aqueles
ceratinócitos possuindo tal subunidade, levando os autores a sugerirem que a integrina α3β1
exerce um papel importante na determinação da deposição da laminina-5 na MEC e que a
organização dessa proteína, por sua vez, influencia suas funções como substrato de adesão das
células epiteliais à membrana basal, modulando a migração celular.
Aplicando essas informações aos resultados deste estudo, acreditamos que a tendência
para fraca ou ausência de expressão para a integrina α3β1, principalmente no caso específico
das DEO graves, permitem inferir que, semelhantemente ao que foi sugerido em relação à
expressão da α2β1, esse perfil poderia conferir às células epiteliais um fenótipo alterado,
ficando, assim, livres para proliferarem e migrar desorganizadamente, contribuindo desta
forma para o surgimento das alterações celulares e para o arranjo arquitetural desorganizado
característico das DEOs, podendo isto ainda contribuir com o aumento do potencial de
transformação maligna para estas lesões, devido à perda de ancoragem entre as células e
destas com a laminina da membrana basal.
A informação antes sugerida encontra apoio no relatado por Thorup et al (1998) ao
comentarem que a fraca expressão da integrina α3β1 em lesões displásicas pode refletir uma
redução das interações adesivas entre as células epiteliais, podendo isto indicar um sinal
precoce de um provável fenótipo invasivo para tais células.
Como mencionado anteriormente, apenas dois espécimes de DEO (1 leve e 1 grave)
exibiram forte intensidade de expressão para a integrina α3β1, mesmo se tratando de uma
amostra pequena para sustentar qualquer inferência em relação a este resultado, acreditamos
que é plausível tentar explicar o provável significado dessa marcação imuno-histoquímica,
portanto sugerimos que estes resultados poderiam guardar relação com os relatos de Dyce et
al (2000); Giannelli et al (2002) e Hemler, Rutishauser (2000) quando consideram que a
integrina α3β1 pode induzir a produção e ativação de MMPs como a 2 e 9 pelas células
epiteliais, favorecendo, dessa forma, a migração e proliferação celular, através da falta ou
perda de interação adesiva dessa integrina com seu ligante na MEC.
Sendo assim, nas DEOs deste estudo que exibiram forte marcação para a integrina
α3β1, pode-se sugerir que em determinado momento do processo displásico as células
proliferantes utilizariam esta integrina para induzir a produção de tais MMPs alterando as
interações célula-célula e, destas, com a MEC, podendo contribuir assim para o surgimento de
um comportamento biológico celular desorganizado e conseqüentemente com a instalação e
progressão das características histopatológicas comumente observadas nas DEOs. Porém em
outro momento, tendo o caminho livre para proliferar e migrar desorganizadamente devido à
ação das MMPs, não precisariam mais da ação adesiva célula-célula, célula-MEC exercida
pela integrina α3β1, permitindo assim a proliferação independente de ancoragem das células
com fenótipo alterado e conseqüentemente a progressão do processo displásico.
Por outro lado, levando em consideração que a forte marcação para a integrina α3β1
nos 2 casos de DEO, foi em camada suprabasal, onde geralmente esta molécula não é
expressa, pode estar associado ao relatado em relação à integrina α6β4, ou seja, que a
expressão desta integrina em camada suprabasal, geralmente, correlaciona-se com pobre
prognóstico de carcinomas epidermóides orais ou com um alto risco de transformação
maligna (WATT, 2002). Portanto, partindo desse pressuposto, poderia-se sugerir que nos 2
espécimes de DEO a forte expressão da α3β1 estaria refletindo um possível fenótipo celular
alterado e conseqüentemente, um maior potencial de transformação maligna.
Neste estudo observou-se que mesmo não sendo verificada diferença na localização da
expressão imuno-histoquímica para a integrina α3β1, na amostra avaliada, alguns espécimes
de MON e DEO exibiram marcação para esta molécula em camada suprabasal. Estes
resultados permitem inferir a participação desta integrina na regulação das interações adesivas
importantes para a manutenção do arranjo arquitetural tecidual, porém, levando em
consideração que a expressão nessa camada foi predominantemente fraca com distribuição
difusa e às vezes ausente, concordamos com Godoy (2005), de que a integrina α3β1
semelhantemente à α2β1 teria algum papel na manutenção da estratificação epitelial, sendo
que, a participação da α3β1 nesse evento não seria preponderante.
A fraca expressão da integrina α3β1 na camada basal e sua ausência total na camada
suprabasal da amostra de HFIO, avaliada neste estudo, seria um outro fato que também
reforçaria a informação antes discutida, uma vez que em se tratando de lesões onde é bem
conhecida sua patogenia às expensas do aumento do numero de células, seria plausível supor
uma bem regulada interação intercelular em quase todas as camadas epiteliais e, portanto,
uma acentuada expressão das integrinas comumente expressas nos epitélios estratificados. Os
resultados deste estudo discordam dessa concepção, podendo isto indicar que efetivamente a
integrina α3β1 exerceria um papel predominante na interação das células da camada basal com
a MEC e uma ação menos significativa nas interações intercelulares nas camadas suprabasais
epiteliais.
A tendência à descontinuidade da expressão da laminina em associação ao aumento do
grau de displasia epitelial observada por Tosios, Kapranos e Papanicolaou (1998), é consoante
com os resultados deste estudo, principalmente no tocante à ausência de marcação do receptor
principal dessa proteína da MEC, a integrina α3β1 nas DEOs graves.
Apesar de ter utilizado uma técnica de análise diferente à deste estudo, Haas et al
(2001) observaram uma redução na expressão dessa proteína no fronte invasivo de CEOs. O
estudo desses autores, mais uma vez reforça os achados da presente pesquisa em relação à
fraca e/ou ausência de expressão da integrina α3β1 na amostra avaliada.
Por outro lado, os resultados obtidos por Jones et al (1993) foram discordantes do
observado neste estudo, uma vez que eles constataram uma forte expressão para as
subunidades de integrinas por eles avaliadas, incluindo a α3 nas hiperplasias e DEOs.
A literatura é bastante controversa no tocante à expressão da integrina α5β1, sendo
relatado que uma forte expressão poderia estar associada a supressão tumoral (ANDRADE,
2003; CARY, GUAN, 1999), enquanto que, por outro lado, esta mesma superexpressão tem
sido associada à progressão tumoral (ADACHI et al, 2000; JAYNE et al, 2002).
Neste estudo, a expressão imuno-histoquímica da integrina α5β1 exibiu um perfil
predominantemente forte num padrão granular, distribuído difusamente nos contatos
intercelulares da camada suprabasal e alguns espécimes com marcação citoplasmática na
mesma camada celular. Foi constatada diferença apenas na intensidade de marcação para esse
heterodímero entre os diferentes tipos de espécimes avaliados, residindo essa diferença nas
DEOs onde 12 (48%) espécimes exibiram uma fraca intensidade desta integrina. Entre as
DEOs não foi observada diferença na expressão imuno-histoquímica em relação ao grau de
displasia, variando a mesma de forte a fraca, num padrão granular difuso localizado
predominantemente nos contatos intercelulares da camada suprabasal.
Resultados semelhantes aos deste estudo foram obtidos por Andrade (2003) nas
células com metaplasia escamosa de uma amostra de ameloblastomas sólidos acantomatosos,
levando o autor a sugerir que a forte expressão da integrina α5β1 poderia estar associada com
a diferenciação terminal ou a regulação da apoptose nas células que a expressaram.
Com relação ao apontado por Andrade (2003), é relatado que a interação da integrina
α5β1 com o seu principal ligante na MEC, a fibronectina, pode influenciar a sobrevida das
células e conseqüentemente favorecer a proliferação destas, modulando a apoptose através da
super regulação de proteínas anti-apoptóticas ou da supressão de mediadores apoptóticos
(JAYNE et al, 2002). Ainda nesse contexto, é relatado que através da mediação de integrinas,
a proteína PI3K e provavelmente, a AKt estejam envolvidas numa via de sinalização que teria
por objetivo aumentar a sobrevida celular pela supressão da apoptose.
Extrapolando essa informação para os resultados deste estudo, pode-se pensar que
tanto na amostra de MON quanto na de HFIO, a forte expressão da integrina α5β1, além de
estar envolvida na promoção das interações adesivas intercelulares e destas com a MEC,
provavelmente também estaria participando da manutenção da viabilidade celular em níveis
homeostáticos, garantindo, conseqüentemente, a diferenciação celular e o arranjo arquitetural
tecidual.
No caso das DEOs avaliadas neste estudo, a interpretação dos resultados constitui
tarefa delicada, porém, tentando encontrar uma explicação para a marcação observada, por um
lado pode-se supor que a forte expressão da integrina α5β1 em 52 % dessas lesões, igual ao
verificado nas MONs e HFIOs, poderia sugerir que esta molécula estaria aumentando a
sobrevida das células, porém, provavelmente, por um período de tempo mais prolongado, com
o intuito de perpetuar o fenótipo alterado ou potencialmente maligno das DEOs,
principalmente se for levado em consideração que neste estudo, 71,4% das DEOs com este
perfil de marcação eram DEOs graves.
Sendo assim, essa expressão poderia refletir um estágio de diferenciação celular nas
DEOs e, provavelmente, com a progressão do fenótipo potencialmente maligno, as células
transformadas poderiam passar para um estágio de fraca ou ausência de expressão da integrina
α5β1 no intuito de facilitar a instalação de um processo neoplásico epitelial propriamente dito.
Miguel (2005) também obteve resultados semelhantes aos deste estudo, com uma forte
marcação para a α5β1, nas áreas de metaplasia escamosa de adenomas pleomórficos,
sugerindo, semelhantemente, que tal imunoexpressão poderia refletir um estagio de
diferenciação terminal dessas células.
Por outro lado, o relatado por Su et al (2002), mostra a associação da maior expressão
da integrina α5β1 com lesões neoplásicas exibindo comportamento biológico menos
agressivo, sugerindo os autores que essa molécula teria um papel na diferenciação celular e
não nos processos invasivo e metastático tumorais.
Do ponto de vista de uma análise imuno-histoquímica é difícil explicar através de que
mecanismo a expressão da integrina α5β1 poderia ter alguma associação com a proliferação de
células com potencial maligno, porém, provavelmente o que é relatado na literatura
(STUPACK, CHERESH, 2002) sobre o aumento da expressão da proteína bcl-2 mediada pela
integrina α5β1 possa guardar alguma relação com a forte expressão desta integrina nas DEOs
graves analisadas neste estudo.
Por outro lado, no presente estudo também foi observada uma fraca intensidade de
expressão da integrina α5β1 em alguns espécimes de DEO, fato este que poderia guardar
relação como o apontado na literatura, ou seja, que a fraca ou ausente expressão dessa
integrina e conseqüentemente a falta de interação desta com a fibronectina da MEC,
comprometeria a proliferação celular e, portanto, exerceria uma ação supressora do fenótipo e
comportamento celular transformado (ADACHI et al, 2000). Nas DEOs avaliadas nestes
estudo, principalmente nas leves que constituíram a maioria da amostra com a fraca marcação
para α5β1, alguns mecanismos ainda não elucidados poderiam estar tentando suprimir o
surgimento e/ou a progressão do fenótipo celular potencialmente maligno, dentre estes, a
perda de interação intercelular e das células com a MEC, ou a indução da apoptose devido à
ausência de mediação exercida pela α5β1.
Kosmehl et al (1995) obtiveram resultados semelhantes ao perfil imuno-histoquímico
predominante observado neste estudo para a integrina α5β1, onde, geralmente foi constatada
uma ausência de marcação na camada basal das amostras de MON e HFIO, no entanto, nos
CEOs pobremente diferenciados avaliados por Kosmehl et al (1995), houve uma forte
expressão dessa integrina levando os autores a sugerirem que esse perfil de marcação poderia
estar associado a uma menor diferenciação celular, refletindo um provável aumento da
imaturidade celular nos CEOs.
Baseados na informação antes citada acreditamos que a associação entre a forte
expressão da integrina α5β1 com o aumento do grau de DEO, observado neste estudo, sustenta
a hipótese de que esta marcação estaria relacionada com lesões displásicas exibindo maior
potencial maligno.
Miguel (2005) numa amostra de carcinomas adenóides císticos sólidos (CACs)
também observou uma fraca imunorreatividade focal para integrina α5β1, porém suas
sugestões contrastam com o inferido neste estudo, em relação à fraca expressão da integrina
α5β1 em algumas DEOs, uma vez que segundo Miguel (2005) esse padrão de expressão,
principalmente nos CACs sólidos, poderia refletir o comportamento mais agressivo
característico dessa neoplasia maligna de glândula salivar.
No caso deste estudo, levando em consideração que a maioria das DEOs com fraca
marcação para a α5β1 eram DEOs leves e, portanto, lesões com menor potencial de
transformação maligna, induzem apoiar a hipótese de que, pelo menos na amostra avaliada
nesta pesquisa, a fraca expressão da α5β1 estaria associada a lesões mais indolentes, ou que
por outro lado, essa expressão refletiria um estágio de alteração da expressão dessa molécula
nas DEOs leves, uma vez que, contrariamente, na amostra de MON e de HFIO deste estudo
foi verificada uma maior expressão desta integrina.
Tendo observado a variabilidade de expressão da integrina α5β1, ao comparar os
resultados deste estudo com os da literatura, concordamos com Jayne et al (2002) ao
comentarem que fatores como a linhagem celular analisada, a condição histológica do tecido,
dentre outros, devem ser levados em consideração na difícil tarefa de tentar interpretar os
resultados das pesquisas.
É evidente que os processos de transformação e progressão neoplásicos são
dependentes de uma complexa cadeia de eventos, porém, os resultados deste estudo e sua
comparação com os da literatura sugerem que efetivamente as integrinas α2β1, α3β1 e α5β1
exercem funções importantes nas interações célula-célula e destas com a MEC. Inferir a
dinâmica dessas funções, do ponto de vista de uma análise imuno-histoquímica, constitui
tarefa bastante delicada, principalmente, pelos resultados conflitantes que atribuem papeis
diferentes para essas integrinas na regulação dos eventos celulares epiteliais.
Portanto, diante desse panorama, é evidente a necessidade de maiores e mais
complexos estudos, com o uso de técnicas de biologia molecular que visem esclarecer com
detalhes o significado de determinado perfil de expressão das integrinas, avaliadas neste
estudo, nas alterações morfo-funcionais sofridas pelas células do epitélio da mucosa oral, que
possam levar à instalação de uma neoplasia epitelial maligna e, desta forma, fornecer
informações mais concretas que contribuam para o diagnóstico precoce de lesões com severo
potencial de malignidade e de neoplasias propriamente ditas, além de poderem representar
ferramentas úteis no desenvolvimento de terapias antineoplásicas.
CONCLUSÕES
CONCLUSÕES
Diante dos resultados desta pesquisa, concluiu-se que:
• A intensa imunomarcação granular difusa em camada basal para a integrina α2β1 na
amostra avaliada, reforça os dados que sugerem um papel desta nas interações adesivas e
sinalizadoras entre as células da camada basal epitelial e destas com seu ligante principal
na matriz extracelular, o colágeno IV.
• A intensa imunomarcação num padrão granular difuso nos contatos intercelulares e no
citoplasma das células das camadas basal e suprabasal para a integrina α2β1, na amostra
avaliada, sugere a participação dessa molécula na diferenciação celular e na manutenção
do arranjo estrutural epitelial.
• A fraca e/ou perda de expressão das integrinas α2β1 e α3β1 nas DEOs graves poderia
sugerir uma perda das interações célula-célula, célula-MEC e, conseqüentemente, uma
perda da diferenciação celular com o comprometimento do arranjo arquitetural tecidual,
conferindo assim as características morfológicas alteradas comumente observadas nas
DEOs.
• A expressão predominantemente forte com padrão granular difuso em contatos
intercelulares para a integrina α5β1 nas MONs e nas HFIOs poderia sugerir o
envolvimento desta integrina nas interações célula-célula e, destas, com a MEC,
promovendo a manutenção do arranjo estrutural tecidual, além de ter uma possível
participação na manutenção da viabilidade celular em níveis homeostáticos, garantindo a
diferenciação celular e o arranjo arquitetural tecidual.
• Nas DEOs, a forte e fraca/ausente expressão da integrina α5β1 poderiam sugerir,
respectivamente, um papel dessa molécula no aumento da sobrevida das células, com o
intuito de perpetuar o fenótipo celular alterado nessas lesões, ou uma ação supressora do
fenótipo alterado devido à falta de interação desta com a fibronectina da MEC
comprometendo a proliferação celular.
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ANEXOS
Anexo A - FICHA PARA COLETA DE DADOS
Expressão imuno-histoquímica das integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 em mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória e displasia epitelial oral.
Espécimes de _______________________
Variáveis independentes
No do caso
Sexo Raça Idade (anos)
Localização Histopatológico Diag. clínico
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Anexo B - FICHA PARA COLETA DE DADOS
Expressão imuno-histoquímica das integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 em mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória e displasia epitelial oral.
Espécimes de Displasia Epitelial Oral
Variáveis independentes
No do caso
Sexo Raça Idade Localização Diagnóstico clínico Grau de displasia
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
Anexo C - FICHA PARA COLETA DE DADOS
Expressão imuno-histoquímica das integrinas αααα2ββββ1, αααα3ββββ1 e αααα5ββββ1 em mucosa oral normal, hiperplasia fibroepitelial inflamatória e displasia epitelial oral.
Espécimes de ________________________ Integrina _________________
Variáveis dependentes
No do caso Distribuição Padrão de expressão Localização Intensidade
Focal Difusa Linear Reticular Granular Basal Suprabasal Ausente 0
Fraca 1
Forte 2
Citoplasma Contatos intercelulares