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meu diabetes Orientações de Pacientes da Universidade Federal de Juiz de Fora Eu controlo guia adulto Organização Prof.ª Mônica Barros Costa Colaboradores Antonio Paulo André de Castro Bruno Feital Barbosa Motta Christiane Chaves Augusto Leite Simão Layla de Souza Pires Luciana dos Santos Soares Samuel de Castro Braga Vera Hotz Prof.a Dra. Darcília M. N. da Costa Prof.a Dra. Mônica Barros Costa

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meu diabetes

Orientações de Pacientes da Universidade Federal de Juiz de Fora

Eu controlo

guia adulto

OrganizaçãoProf.ª Mônica Barros Costa

ColaboradoresAntonio Paulo André de Castro

Bruno Feital Barbosa MottaChristiane Chaves Augusto Leite Simão

Layla de Souza PiresLuciana dos Santos Soares

Samuel de Castro BragaVera Hotz

Prof.a Dra. Darcília M. N. da CostaProf.a Dra. Mônica Barros Costa

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Eu controlo meu diabetes : guia adulto : orientações de pacientes da Universidade Federal de Juiz de Fora / Mônica Barros Costa (org.), colaboradores, Antonio Paulo André de Castro ... [et al.] – Juiz de Fora : Editora UFJF, 2013. 32 p. : il.

ISBN 978-85-7672-178-9

1. Diabetes Mellitus. 2. Educação em Saúde. 3. Promoção da saúde. I. Costa, Mônica Barros. II. Castro, Antonio Paulo André de. CDU 616.379-008.64

Autores/Pacientes:Cleuza Pinto da Rocha

Emanuel CastorHelio Gonçalves

Maria Aparecida RaimundoMarília Cleide Toledo Alvim

Sônia Cristina MacielTerezinha de Jesus Silva Castor

Terezinha Sinfronio

Supervisão e organização:Equipe multidisciplinar do projeto de Extensão

“Educação em Diabetes” da UFJF

Supervisão e organização:Antonio Paulo André de Castro

Bruno Feital Barbosa MottaLayla de Souza Pires

Luciana dos Santos Soares Samuel de Castro Braga

Vera HotzProf.a Dr.a Darcília M. N. da CostaProf.a Dr.a Mônica Barros Costa

© Editora UFJF, 2013Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização expressa da editora.

O conteúdo desta obra, além de autorizações relacionadas à permissão de uso de imagens ou textos de outro(s) autor(es),são de inteira responsabilidade do(s) autor(es) e/ou organizador(es).

ReitorHenrique Duque de Miranda

Chaves FilhoVice-Reitor

José Luiz Rezende Pereira

Diretor da Editora UFJF/Presidente do Conselho Editorial

Antenor Salzer RodriguesConselho Editorial

Afonso Celso Carvalho RodriguesFabrício Alvim Carvalho

Frederico BraidaHenrique Nogueira Reis

Rogerio CasagrandeSueli Maria dos Reis Santos

Studio Editora UFJFProjeto gráfi co, editoração e capa

Luciana InhanRevisão de português

e normas técnicasAndressa Marques Pinto

ImagensMorguefi le, Stock.xchng

Editora UFJFRua Benjamin Constant, 790. Centro - Juiz de Fora - MG. CEP: 36015-400

Fone/Fax: (32) 3229-7645 | (32) [email protected] | [email protected] | www.editoraufjf.com.br

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Apresentação

Esse manual foi construído a partir de depoimentos de pa-cientes atendidos no Ambula-

tório de Diabetes Mellitus do Serviço de Endocrinologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Foram colhidos os depoimentos de todos os parti-cipantes que, posteriormente, foram transcritos visando a elaboração des-te manual. Durante todo o proces-so, a coordenação foi realizada por membros da equipe multiprofissional que desenvolve projeto de extensão universitária na área de Educação em Diabetes no Hospital Universitário da UFJF que incluiu médico, enfermeiro, educador físico, nutricionista, psicó-logo e jornalista.

Nosso objetivo é oferecer aos portadores de diabetes mellitus e às suas famílias textos que auxiliem na convivência e no cuidado com esta doença.

“Eu tenho uma história muito grande no que diz respeito ao dia-betes, o que ela me provocou, como eu controlo, como eu vivo... A gente contar a história da gente serve para as outras pessoas entenderem o

diabetes e a aprenderem a conviver com ela. E as crianças de hoje que podem ter diabetes e a família não sabe como combater! Eu acho que as famílias devem falar e conversar para poder ajudar. A gente sabe que a diabetes não tem cura e somente, às vezes, uma melhora: a gente tem que correr atrás e batalhar e apren-der a cuidar da gente.” (Helio)

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Apresentação

A Editora da Universidade Fede-ral de Juiz de Fora (EDUFJF) tem o prazer de distribuir a

cartilha Eu controlo meu diabetes. Este impresso faz parte do projeto social da EDUFJF e é distribuído gra-tuitamente, além de estar disponível no site da editora para acesso sem qualquer ônus financeiro.

da Editora UFJF

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Sumário

Capítulo 1: Motivação para o Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Capítulo 2: Noções Gerais sobre Diabetes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Diabetes: afinal qual é o problema com o organismo? . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Quantos tipos de diabetes existem? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Como saber se uma pessoa tem diabetes? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

O que fazer para o diabetes ficar bem controlado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Capítulo 3: A Alimentação do Diabético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

O que representa a alimentação para o diabético? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Quais são os principais grupos de alimentos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Como diabético deve comer? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

O que deve ser evitado? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

E os adoçantes? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

O que são alimentos diet e light? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

No momento de comprar os alimentos,

o que o diabético deve observar nos rótulos?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Capítulo 4: Exercícios físicos e diabetes – O que é preciso saber? . . . . . . 17

Qual a diferença entre Atividade Física e Exercício Físico? . . . . . . . . . . . . . 17

Como o exercício físico ajuda no tratamento do diabetes? . . . . . . . . . . . . . 17

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Que tipo de exercício o diabético pode fazer? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Como eu devo me exercitar (roupas, lugar, horário)? . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Quais são os cuidados que devem ser

tomados para praticar exercícios físicos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Quando não é recomendável fazer exercícios? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Capítulo 5: Os Medicamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Os Antidiabéticos Orais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Tipos de Antidiabéticos Orais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Cuidados de Armazenamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

A insulina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Tipos de Insulina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Quais os cuidados devem ser tomados pelos pacientes que usam insulina? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Técnica de Aplicação da Insulina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Capítulo 6: O Diabetes e Outras Doenças . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Hipoglicemia: Causas, sintomas e como evitar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Febre e Infecções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Cuidados com os Olhos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Cuidados com os Rins . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Cuidados com os Pés . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Cuidados com os Dentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Cuidados com Coração e o Circulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

O cigarro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

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Capítulo 7: Como saber sobre o controle da doença - A automonitorização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

O que se entende por automonitorização da glicemia? . . . . . . . . . . . . . . . 28

Quando a automonitorização é necessária? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Quais os benefícios da automonitorização? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Quais cuidados precisam ser tomados para a medida da glicemia capilar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Como receber o glicosímetro? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Capítulo 8: Dicas para se sentir bem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Capítulo 9: Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

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Motivaçãopara o tratamento

Quando se recebe o diagnós-tico de diabetes as reações podem ser variadas, como:

• Susto;• Preocupação;• Negação;• Conformismo;• Sensação de desafio por estar

diante de algo novo.

Após a notícia do diagnóstico de diabetes muitas coisas vão mudar, dentre elas:

• Os hábitos alimentares;• O cuidado com o corpo e com

a saúde;• A prática de exercícios físicos;• A automonitorização das taxas

de glicose no sangue;• O uso de medicamentos.

Algumas coisas parecem compli-cadas à primeira vista:

• Alimentar-se adequadamente, com quantidade apropriada e

“...quando eu recebi a notícia que era diabética, fiquei assustada, preocupada. Naquele dia eu fiquei só pensando: sou

diabética e agora, o que fazer?” (Marilia)

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na hora certa, consumindo ali-mentos saudáveis;

• Aplicar a insulina; • Tomar os remédios correta-

mente;• Praticar exercícios físicos regu-

larmente.

Nesse momento é importante buscar ajuda para iniciar o tratamen-to. Esse apoio pode ser encontrado:

• Na família;• No diálogo com outros pacien-

tes;• Nas consultas do ambulatório

de diabetes;• Em reuniões e palestras sobre

o diabetes;• Em grupos terapêuticos;

• Nas informações trazidas pela mídia como jornais, revistas e programas de TV.

Apesar das mudanças e dificul-dades trazidas pelo diabetes é mui-to importante encontrar motivação para o tratamento. A motivação pode estar:

• Na vontade de estar bem;• Na família;• Na aceitação de portar uma

doença crônica;• Na preocupação com as com-

plicações decorrentes do dia-betes;

• No bom atendimento dos pro-fissionais de saúde.

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Noções geraissobre diabetes

“Andar em dia com aquilo que você tem para fazer: a alimentação, os médicos, os exames... e frequentar os médicos que você precisa para controlar a hipertensão, a diabetes e, se às vezes, aparecer alguma coisa diferente, não esperar porque pode ser proveniente da diabetes e quanto antes você procurar

ajuda você estará evitando complicações.” (SÔNIA)

Diabetes: afinal qual é o pro-blema com o organismo?

Quando nos alimentamos, estamos absorvendo nutrientes dos alimentos, como, por exemplo, o carboidrato que será quebrado em glicose (açúcar). Uma parte dessa glicose será utilizada pelas nossas células e a outra irá para o fígado, onde será formada uma reserva para ser utilizada quando necessário.

A glicose deve entrar na célula para produzir energia para o nosso corpo. Para que isso aconteça, é necessária a presença do hormônio chamado insulina, produzido pelo pâncreas.

Nos portadores de diabetes, este órgão não é capaz de produzir insuli-na ou, apesar da produção, as célu-las possuem resistência à utilização

do hormônio e com isso a glicose se acumula no sangue e afeta vários ór-gãos do corpo.

Quantos tipos de diabetes exis-tem?

Os tipos de diabetes mais co-muns são tipo 1 e tipo 2:

Diabetes mellitus tipo 1:• Acomete principalmente crian-

ças e adolescentes e, ocasio-nalmente, adultos;

• Geralmente aparece em pesso-as magras;

• É considerado autoimune: há lesão das células do pâncreas e com isso não há produção de insulina;

• Os sintomas aparecem abrup-tamente;

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• Há necessidade de insulina.

Diabetes mellitus tipo 2: • Atinge, principalmente, adultos

e pessoas mais velhas;• Geralmente aparece em pesso-

as obesas;• Sua causa está ligada a vários

fatores como obesidade, se-dentarismo e genética;

• Inicialmente o pâncreas ainda produz insulina, mas existe re-sistência das células em utilizar o hormônio;

• Os sintomas podem demorar a aparecer;

• Pode ser tratado com medica-ção oral e, posteriormente, na maioria dos casos, haverá ne-cessidade do uso da insulina.

Como saber se uma pessoa tem diabetes?

• O diabetes é uma doença here-ditária.

• Pode não apresentar sintomas e uma pessoa pode ter a doen-ça e sem saber;

• Mesmo apresentando sintomas, eles podem ser mal definidos;

• O diabetes pode acometer vá-rios órgãos do corpo e apenas ser diagnosticado quando as complicações crônicas já se manifestaram

• A melhor forma de se ter certe-za se uma pessoa tem ou não diabetes é através dos exames.

• Os sintomas mais comuns são:- Muita sede- Boca seca - Urinar muito- Emagrecimento- Muita fome- Cansaço e dores nas pernas- Mal-estar, tonteiras e visão turva- Dormência nos pés- “Urina doce”

O que fazer para o diabetes ficar bem controlado?

Assim que uma pessoa recebe o diagnóstico da doença, é muito im-portante:

• Realizar consultas e exames pe-riodicamente

• Seguir orientação médica e dos demais profissionais da saúde (nutricionista, enfermeiro, edu-cador físico, psicólogo e farma-cêutico)

• Fazer a dieta prescrita e realizar exercícios físicos.

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A alimentaçãodo diabético “A alimentação complementa o tratamento com os remédios. É muito importante para nós. Não adianta tomar os remédios

e não fazer a dieta de acordo.” (Emmanuel)

O que representa a alimen-tação para o diabético?

A alimentação para paciente dia-bético é de extrema importância, uma vez que ela faz parte do trata-mento e está relacionada aos níveis de glicose no sangue.

A alimentação precisa ser balan-ceada e variada para se obter de cada alimento os nutrientes neces-sários para o bom funcionamento do organismo. Além de ser funda-mental para o bem-estar e qualida-de de vida.

Quais são os principais grupos de alimentos?

Os alimentos são divididos em grupos, de acordo com suas pro-priedades.

Grupo 1: CarboidratosÉ o grupo do arroz, pão, batata e macarrão. Devemos dar preferência aos grãos integrais. Recomenda-se

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comer de 5 a 9 porções desse grupo por dia.

Grupo 2: HortaliçasÉ o grupo dos vegetais, verduras e legumes. Recomenda-se comer de 4 a 5 porções desse grupo por dia.

Grupo 3: FrutasRecomenda-se comer de 3 a 5 por-ções desse grupo por dia.

Grupo 4: LeguminosasÉ o grupo do feijão, ervilha, lentilha e soja. Recomenda-se comer 1 por-ção desse grupo por dia. Grupo 5: Carnes e ovosRecomenda-se comer 1 a 2 porções desse grupo por dia.

Grupo 6: Leite e derivadosRecomenda-se comer 3 porções desse grupo por dia, dando prefe-rência aos desnatados.

Grupo 7: Gorduras e óleosRecomenda-se comer 1 a 2 porções desse grupo, por dia. Seu consumo deve ser muito cuidadoso, pois são alimentos muito calóricos.

Grupo 8: AçúcaresRecomenda-se comer 1 a 2 porções desse grupo por dia.

A pirâmide dos alimentos é um instrumento gráfico que ajuda a visua lizar as proporções dos alimen-tos a serem consumidos em um dia.

http://www.ibb.unesp.br/Museu_Escola/2_qualidade_vida_hu-mana/Museu2_qualidade_corpo_digestorio3.htm

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Como o diabético deve comer?• Alimentar-se de três em três

horas;• Respeitar a quantidade reco-

mendada pelos médicos e nu-tricionistas;

• Manter a alimentação nos mes-mos horários, sempre que pos-sível;

• Preferir verduras, legumes, car-nes mais magras (peito de fran-go, patinho, coxão-duro), cere-ais integrais e frutas;

• Comer peixes marinhos, duas vezes por semana;

• Preferir carne cozida ou assada. Ao prepará-la, retirar a gordura aparente antes de cozinhar;

• Comer ovo somente cozido e uma vez por semana;

• Consumir os alimentos que “vêm de embaixo da terra”, na quantidade informada pelo mé-dico ou nutricionista;

• Utilizar azeite de oliva extra--virgem;

• Preferir leite desnatado e queijo branco, como a ricota, o queijo minas ou queijo tipo cottage;

• Substituir o refrigerante por sucos naturais adoçados com adoçante;

• Consumir acima de oito copos de água por dia;

• Utilizar adoçantes caso queira

adoçar bebidas e outros alimen-tos.

O que deve ser evitado?• Gorduras e açúcares, já que

eles já são utilizados no preparo dos alimentos. É o caso dos sal-gadinhos fritos, balas e doces;

• Bebidas alcoólicas;• Alimentos gordurosos, frituras e

massas;• Comidas com corantes e mui-

tos conservantes;• Comer exageradamente;• Passar longos períodos sem se

alimentar;• Seguir a orientação de estra-

nhos ou não-profissionais de saúde.

E os adoçantes?

Para substituir o açúcar no prepa-ro dos alimentos, os pacientes dia-béticos devem usar os adoçantes. Existem vários adoçantes, porém é preciso verificar com o médico ou nutricionista qual é o melhor a ser usado, já que cada um apresenta vantagens e desvantagens.

O que são alimentos diet e light?O produto light é um alimento que

tem redução de no mínimo 25% de algum nutriente, e essa redução ge-ralmente é de açúcares ou gorduras.

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O produto diet tem a isenção de algum nutriente, podendo ser açú-cares, gorduras, sódio ou proteínas, e são destinados para diabéticos, hi-pertensos, cardíacos e outros.

É muito importante que o pacien-te diabético observe o rótulo dos alimentos para verificar se ele, real-mente, não contém açúcar.

No momento de comprar os ali-mentos, o que os diabéticos de-vem observar nos rótulos?

• Observar a validade: o con-sumo de produtos com prazo de validade vencido é prejudi-cial à saúde;

• Observar o teor de macronu-

trientes, ou seja, carboidra-tos, proteínas e gorduras;

• No item “carboidratos”, ob-servar qual o tipo de açúcar presente no alimento;

• No item “gorduras”, devem ser evitadas as gorduras sa-turadas e as chamadas gor-duras trans;

• Observar o teor de sódio, que significa teor de sal do alimen-to, que não deve ser consu-mido em excesso, sobretudo por pessoas portadoras de hipertensão arterial;

• Os rótulos, muitas vezes, são difíceis de entender, por isso, se necessário, peça ajuda.

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Exercícios físicose diabetes

O que é preciso saber?“Em nosso dia a dia, o exercício ajuda tanto o diabético

quanto quem tem hipertensão. O exercício físico complementa o tratamento com remédios e ajuda o

organismo a não ficar mais debilitado. Funciona como um complemento muito importante do tratamento”. (Sônia)

Qual a diferença entre ativida-de física e exercício físico?

Atividade FísicaGeralmente, corresponde às nos-

sas atividades do dia a dia, como:• Varrer, lavar, cozinhar, capinar,

podar uma árvore, cuidar da horta, cuidar do jardim, dentre outros.

Exercício FísicoÉ uma atividade física programa-

da, na qual a quantidade e a inten-sidade do esforço são determinados previamente, além de serem de-finidos os dias da semana em que devem ser feitos. São exemplos de exercício físico:

• Caminhada, Bicicleta, Hidrogi-nástica e musculação (academia).

Como o exercício físico ajuda no tratamento do diabetes?

São muitos os benefícios propor-cionados pelo exercício físico. Veja-mos alguns:

• Ajuda na redução do açúcar (gli-cose) no sangue;

• Promoção do bem-estar físico; • Auxilia o tratamento não só do

diabetes, mas também de ou-tras doenças, como hiperten-são arterial e doenças das arti-culações;

• Ajuda no controle da ansiedade;• Ajuda a melhorar as dores no

corpo;• Quando realizado em grupo,

amplia a rede de contatos so-ciais.;

• Promove bem-estar físico e mental.

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• Ajuda a perder peso

Que tipo de exercício o diabético pode fazer?

• Caminhada, andar de bicicleta, musculação na academia e hi-droginástica.

• Tanto o homem quanto a mu-lher podem fazer os mesmos exercícios dependendo das condições e a capacidade de cada um, levando em conta, ainda, os possíveis problemas de saúde.

Como eu devo me exercitar (rou-pas, lugar, horário)?

• Roupas leves, calçados confor-táveis, fechados e não aperta-dos e meias de algodão, prefe-rencialmente de cor clara;

• Realizar o exercício físico em lugar plano, tranquilo, ilumina-do, com pouca poluição e sem trânsito;

• Alimentar-se antes do exercício físico;

• Levar algum alimento, água e o cartão do diabético (conten-do nome, endereço, telefone e informação sobre ser portador de diabetes tipo 1 ou diabetes tipo 2);

• Evitar caminhar assim que acor-dar;

• Evitar exercitar-se sozinho.

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Quais são os cuidados que de-vem ser tomados para praticar exercícios físicos?

Para que o diabético possa se exercitar de forma correta e segura, alguns cuidados devem ser tomados:

• Alimentar-se adequadamente. Não devemos comer e ir fazer exercício em seguida. Devemos aguardar um período de pelo menos 30 minutos.

• Quem faz uso de insulina não deve aplicá-la no local que será muito exercitado. Por exem-plo, se for caminhar, não fazer a aplicação da insulina na coxa, preferir aplicar no braço ou no abdome.

• Antes de sair para se exercitar, é bom fazer alongamentos, prin-cipalmente, da musculatura que será exercitada. O alongamen-to prepara o organismo para o exercício.

• Usar roupas confortáveis, que permitam a movimentação do corpo e não esquentem em ex-cesso.

• Evitar se exercitar em locais pouco arejados e sob sol forte.

Quando não é recomendável fa-zer exercícios?

• Portadores de diabetes que es-tejam com a glicose ou a pres-

são arterial descontrolados de-vem consultar o médico antes de começar a fazer exercícios

• No dia de se exercitar, se a gli-cose estiver alta (acima de 300 mg/dL) ou baixa (abaixo de 80 mg/dL) não fazer exercício

• Em caso de mal-estar, não ini-ciar o exercício e, caso se sinta mal durante a atividade, deve--se interrompê-la.

• As pessoas que estiverem com ferimentos nos pés devem evi-tar exercícios que os forcem.

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Os medicamentos

“A dificuldade é com os horários de tomar o remédio e o esquecimento, pois às vezes [me] programo para sair

e esqueço de levar o remédio. Mas procuro evitar ao máximo que isso aconteça. Quando saio e vou demorar tenho uma caixinha, dividida pelos dias da semana, e

coloco os comprimidos ali.” (Hélio)

Os Antidiabéticos OraisO uso de medicamentos

pela pessoa que tem diabe-tes não serve apenas para abaixar ou manter os níveis glicêmicos dentro da normalidade. Eles possuem também a importante função de diminuir ao máximo as complicações crônicas causadas pelo diabetes mellitus.

Atualmente, além da dieta e dos exercícios físicos, existem várias medicações para manter o controle glicêmico.

Tipos de Antidiabéticos OraisOs antidiabéticos orais são classifi-cados de acordo com seu mecanis-mo de ação. É muito importante a orientação médica para a escolha do medicamento adequado para cada pessoa. Os principais grupos de me-dicamentos usados por via oral são:

• Sulfonilureias:

Elas aumentam a secreção de in-sulina em células do pâncreas. São elas: a glibenclamida, a glimepirida e a gliclazida e a clorpropamida

• Glinidas:Também aumentam a secreção

de insulina pelo pâncreas, principal-mente após as refeições. São elas a repaglinida e a nateglinida.

• Biguanidas:Reduzem a produção hepática de

glicose melhorando a resposta dos tecidos à insulina. Corresponde à metformina.

• Glitazonas:Promovem a melhora da sensibili-

dade à insulina em vários tecidos do organismo. São a rosiglitazona e a pioglitazona.

• Gliptinas:Aumentam a produção e a secre-

ção de insulina. São elas: vildaglipti-na, sitagliptina e saxagliptina.

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Cuidados de ArmazenamentoAlguns cuidados devem ser toma-dos para o armazenamento dos comprimidos:

• Guardar em local fresco, sem exposição à luz solar;

• Verificar a data de vencimento;• Deixar fora do alcance de

crianças.

A INsuLINATipos de InsulinaNos portadores de diabetes tipo 2, o controle glicêmico pode ser obtido inicialmente por mudanças no esti-

lo de vida. Com o passar do tempo, ocorre a perda gradual da capaci-dade de secreção de insulina pelo pâncreas. Dessa forma, com a evo-lução da doença será necessária a introdução dos antidiabéticos ou da insulina.

Nos portadores de diabetes tipo 1, o uso da insulina é a base do tra-tamento.

Existem vários tipos de insulina e análogos de Insulina que podem ser utilizados no tratamento do diabetes. Estas insulinas e suas características podem ser vista no quadro abaixo.

TIPO DE INsuLINA AÇÃO INÍCIO DE

AÇÃOPICO DE AÇÃO

DuRAÇÃO DA AÇÃO

NPH Intermediária 2-4 horas 4-10 horas 12-18 horasRegular Rápida 0,5-1 hora 2-3 horas 8-10 horasLispro Ultra-rápida 5-15 minutos 0,5-1,5 hora 4-6 horasGlulisina Ultra-rápida 5-15 minutos 0,5-1,5 hora 4-6 horasAsparte Ultra-rápida 5-15 minutos 0,5-1,5 hora 4-6 horasDetemir Lenta 4-6 horas Sem pico 18-20 horasGlargina Lenta 2-4 horas Sem pico horas

Quais os cuidados devem ser to-mados pelos pacientes que usam insulina?

seringas:É muito importante verificar a gra-duação da seringa para não errar a dose que deve ser aspirada. Existem vários tipos de seringas, a saber:

• seringas de 1mL, graduadas em até 100 unidades;

• seringas de 0,5mL, gradua-das em até 50 unidades;

• seringas de 0,3ml, graduadas em até 30 unidades.

Agulhas:• O tamanho da agulha deve ser

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proporcional à espessura da pele. Sua função é atravessar a pele e liberar a insulina na gor-dura subcutânea.

Armazenamento:• Os frascos de insulina que es-

tejam fechados devem ser ar-mazenados em geladeira (2° a 8°C), evitar tanto a proximida-de com o congelador quanto a porta do refrigerador;

• Uma vez aberto, o frasco pode ser mantido sob refrigeração ou em temperatura ambiente, entre 15° e 30°C, e deverá ser utili-zado dentro do período de 30 dias;

• Quando o frasco está em uso e guardado na geladeira, ele poderá ser retirado 10 a 20 mi-nutos antes da aplicação para melhor conforto, já que a insu-lina gelada pode causar dor na aplicação.

Transporte• Para transporte de curta dura-

ção, evitar exposição à luz solar direta, nunca deixar em porta--luvas nem no bagageiro de carro;

• Para transporte de longa dura-ção, usar caixa de isopor, porém sem contato direto com o gelo

para evitar o congelamento da insulina.

TéCNICA DE APLICAÇÃO DA INsuLINA

• Lave bem as mãos antes de ini-ciar a preparação da injeção;

• Prepare o material a ser usado: algodão, álcool, seringa, agulha e insulina;

• Antes de aspirar a insulina, role, gentilmente, o frasco entre as mãos para misturar a suspen-são;

• Limpe a tampa do frasco com algodão embebido em álcool;

• Introduza ar, na seringa, de acordo com a dose prescrita e injete no frasco;

• Inverta o frasco e aspire a quantidade desejada. Se ne-cessário, bata com os dedos na seringa, para retirar as bo-lhas de ar;

• Em caso de combinação de dois tipos de insulina, aspire antes a insulina de ação rápida (insulina regular, que é incolor);

• Limpe a pele com algodão em-bebido em álcool antes de ini-ciar a aplicação da insulina.

• Realize uma prega cutânea an-tes de introduzir a agulha que deve ser introduzida em ângulo de 90 graus.

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• Antes de injetar, puxe o êmbolo para verifi car a presença de san-gue. Caso venha sangue, realize a aplicação em outro local;

• Após injetar a insulina, pressio-ne o local com algodão e retire a agulha sem fazer massagem local.

Locais de aplicação da insulinaA insulina pode ser aplicada em di-versos locais: face posterior do bra-ço, abdome, face anterior da coxa e nádegas. É recomendável fazer o rodízio dos locais de aplicação, de modo a manter uma distância mínima de 1,5 cm a cada injeção.

FRENTE COsTAs

Canetas InjetorasA insulina pode ser apli-cada também através do uso de canetas injetoras. Estes dispositivos podem ser descartáveis ou reu-tilizáveis e auxiliam, prin-cipalmente, os pacientes que fazem uso de múlti-plas doses diárias de in-sulina.

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São comercializadas em flaco-netes (“refill”) com volume de 3mL, equivalente a 300 unidades de in-sulina. Têm a vantagem da conve-niência na aplicação, praticidade e precisão na dose.

Os procedimentos para aplicação são os seguintes:

• Retire a tampa e desrosque a caneta;

• Acomode o refill de insulina no corpo da caneta;

• Rosqueie a agulha para a ca-neta, na ponta do refill;

• Selecione duas unidades e pressione completamente o botão injetor, repetindo a ope-ração até o aparecimento de uma gota de insulina na ponta da agulha;

• Selecione o número de unida-des de insulina necessárias;

• Introduzir a agulha no tecido subcutâneo e pressione o bo-tão injetor;

• Após a administração, aguar-de cinco segundos antes de retirar a agulha;

• Retire a agulha e pressione o local por mais cinco segundos;

• Retire e descarte a agulha uti-lizada;

• Recoloque a tampa da cane-ta e guarde-a em temperatura ambiente.

Descarte do material utilizadoO material utilizado (seringas, agu-lhas etc.) deve ser colocado em ma-terial adequado para isso. Caso não esteja disponível, é possível improvi-sar o armazenamento em um reci-piente como garrafa pet. Assim que o recipiente estiver cheio leve a um posto de sáude (Unidade Básica de Saúde) para o descarte adequado.

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O diabetese outras doenças

“Quem é diabético tem que fazer um controle rigoroso por causa da alteração do diabetes, que altera tudo, pressão, circulação, coração – onde tem circulação, pode entupir... Procuro fazer o melhor por mim, pois os médicos estão lá para ajudar a gente, mas precisamos nos cuidar para não

precisar[mos] deles...” (Hélio)

Hipoglicemia: causas, sinto-mas e prevenção

A hipoglicemia é um even-to com sintomas indesejáveis e pe-rigosos, mais comum em pacientes que usam insulina.

Quando os níveis de glicose no sangue caem abaixo de 50 mg/dL, geralmente, aparecem os sintomas de hipoglicemia, porém, esse valor pode variar de pessoa para pessoa.

CausasA hipoglicemia pode acontecer em algumas situações como:

• Intervalos prolongados entre as refeições.

• Exercício não programado ou extenuante.

• Dose excessiva de insulina ou de antidiabético oral.

• Erro na dosagem de insulina.

Prevenção• Alimente-se regularmente (isto

é, a cada três horas);• Evite exercícios extenuantes;• Tome medicação no horário

certo;• Evite estresse;• Fique atento à dose de insulina;• Esteja sempre com um alimen-

to para ingerir caso os sintomas apareçam;

SINtOMAS

Os principais sintomas da hipoglice-mia são:• Tremores, sudorese fria, taquicardia• Dificuldade de raciocínio, sono-lência• Visão turva, mal-estar, fraqueza, enjoo • Convulsões e coma

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• Siga a orientação médica.

Febre e InfecçõesNa presença de alguma intercor-rência como quadros de febre e in-fecções, o diabético deve continuar tomando a medicação e procurar o médico para saber a causa da infec-ção.

Cuidados com os OlhosAs complicações oculares do dia-betes estão relacionadas, principal-mente, ao tempo de doença e seu mau controle. As doenças dos olhos mais frequentes são a retinopatia, a catarata e o glaucoma.

Para retardar ou evitar o apareci-mento dessas complicações é ne-cessário:

• manter o controle adequado dos níveis de glicose e também de colesterol e triglicérides no sangue;

• realizar periodicamente consul-tas oftalmológicas para avalia-ção da acuidade visual, e exa-me de fundo de olho.

Cuidados com os RinsO comprometimento renal devido ao diabetes mellitus pode ser silen-cioso, ou seja, assintomático. Para evitar a doença renal relacionada ao daibetes é necessário:

• Manter os niveis glicêmicos, as taxas lipídicas e a pressão arte-rial bem controlados;

• Fazer acompanhamento médi-co periódico incluindo exames de urina para avaliar a perda de proteínas pelo rim.

Cuidados com os PésPara evitar uma complicação grave do diabetes conhecida como “pé diabético”, que pode levar até a am-putação dos membros, alguns cui-dados precisam ser tomados:

• Usar sapatos confortáveis e meias de algodão;

• Evitar usar chinelos;• Evitar andar descalço, mesmo

dentro de casa;• Não cortar a cutícula das unhas

nem os calos, se os possuir;• Cortar as unhas em linha reta,

sem arredondar os cantos; • Lavar bem os pés com água

morna e sabão neutro;

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• Secar bem os pés, dando es-pecial atenção à região entre os dedos;

• Usar creme hidratante na pele evitando passá-lo entre os de-dos;

• Examinar os pés à procura de qualquer ferimento;

• Verifi car se não há algum obje-to dentro dos sapatos, antes de calçá-los;

• Não usar bolsas de água quente.

Cuidados com os DentesO mau controle do diabetes e a hi-giene defi ciente podem levar a doen-ças das gengivas e dos tecidos que apoiam os dentes, favorecendo o acúmulo de restos alimentares e bac-térias, infecção e até“amolecimento” e perda dos dentes.

Dessa forma, para o diabético, é fundamental a higiene bucal, ou seja, escovação dos dentes e língua, o uso de fi o dental e visitas periódicas ao dentista. Dessa forma, evitam-se infecções e outras doenças da boca e das gengivas.

Cuidados com o Coração e a CirculaçãoA hiperglicemia pode causar lesões na circulação, atingindo tanto os grandes quanto os pequenos vasos sanguíneos. Em associação com ta-

xas elevadas de lípides (gorduras) no sangue pode levar a infarto do mio-cárdio, acidente vascular cerebral e amputação dos membros.

Para evitar estas complicações é necessário:

• Manter o bom controle dos ní-veis de glicose, colesterol, trigli-cérides e pressão arterial;

• Realizar consultas médicas pe-riódicas acompanhadas de exa-mes como eletrocardiograma, teste de esforço e exames de sangue sempre que necessário.

O cigarroO cigarro difi culta a ação da insulina e aumenta os níveis de glicose no san-gue. Dessa forma, favorece o surgi-mento de doenças cardíacas,lesões dos vasos sanguíneos, e doenças pulmonares, dentre outras. Por tudo isso, todo diabético deve interrom-per o hábito de fumar.

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Como saber

sobre o controle da doença

“Eu estou bem e começo a sentir alguma coisa, parecendo que é hipoglicemia, tem que medir para ver o que está

acontecendo na realidade” (Helio)

O que se entende por auto-monitorização da glice-mia?

A automonitorização da glicemia consiste na prática em que o pacien-te diabético mede, regularmente, a sua própria glicemia através do uso do glicosímetro. Os glicosímetros são aparelhos portáteis, que permi-tem a dosagem da glicose no san-gue retirado, geralmente, dos vasos (capilares) da ponta dos dedos.

Quando a automonitorização é necessária?O plano de monitorização mais ade-quado para cada paciente é deter-minado pelo médico endocrinologis-ta, levando em conta fatores como a presença de complicações do dia-betes, o tipo de medicação utilizada

e a qualidade do controle glicêmico. De uma maneira geral, a frequência da automonitorização é definida em função do tipo de diabetes:

• diabetes tipo 1: 3 a 6 vezes ao dia

• diabetes tipo 2: 2 a 3 vezes ao dia

Quais os benefícios da automo-nitorização? A medida frequente dos níveis de glicose no sangue é uma ferramen-ta de grande valia para o portador de diabetes. Através da automo-nitorização é possível ao paciente diabético:

• Evitar possíveis episódios de hi-poglicemia ou de hiperglicemia;

• Fazer ajustes nos hábitos de vida e na dose das medicações;

A automonitorização

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• Avaliar a efetividade do trata-mento;

• Assumir o controle da sua pró-pria saúde.

Quais cuidados precisam ser to-mados para a medida da glice-mia capilar?FitasO armazenamento das fitas deve ser feito com cuidado. Nunca devem ser misturadas fitas de diferentes fras-cos e a embalagem deve ser rapida-mente fechada logo após a retirada de uma fita para uso.

LancetasQuanto às lancetas, é recomendável:

• Mantê-las em lugar limpo e seco;

• Fazer o descarte em local apro-priado, como é feito com as agu-lhas de aplicação de insulina.

GlicosímetroQuanto aos aparelhos, recomenda--se:

• Armazenar na caixa ao final de cada uso;

• Não guardar em locais úmidos ou expostos ao sol.

Como receber o glicosímetro?O preenchimento da Planilha de Pro-gramação de Insumos para Diabe-

tes, através do Censo de Portadores de Diabetes Insulino-dependentes, é o primeiro passo para se ter direito às portarias estaduais que regem a dispensação de insumos para dia-béticos em todo o estado de Minas Gerais.

Os critérios para receber os insu-mos são:

• Portadores de diabetes tipo 1 e gestantes: 1 glicosímetro por paciente, 1 lanceta/dia e 3 fitas reagentes/dia

• Portadores de diabetes tipo 2: 1 glicosímetro por paciente, 1 lanceta/dia e 01 fita reagente/dia (a partir do 2º semestre de 2010).

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Dicas parase sentir bem

“Você não precisa parar de frequentar festa, nem lugar nenhum. tem que levar a sua vida normalmente. Na hora, tem

que ver aquilo que você pode fazer ou não!” (Hélio)

Para se sentir bem é importante que o diabético tome algumas atitudes, muitas delas, bastan-

te simples:

Medidas gerais• Seguir as orientações da equipe

de saúde;• Entender a importância do tra-

tamento;• Manter hábitos de vida saudá-

veis;• Solicitar ajuda de familiares ou

dos profissionais de saúde, quando necessário.

Cuidados com a alimentação• Comer alimentos saudáveis e

variados;• Seguir a dieta prescrita pelo nu-

tricionista;• Alimentar-se na hora certa, con-

forme orientado pelo médico e pelo nutricionista;

• Evitar bebidas alcoólicas;• Praticar exercícios físicos;

• Seguir as orientações do médi-co e do professor de Educação Física;

• Usar roupas e calçados ade-quadas ao exercício que será praticado;

• Dar preferência aos exercícios prazerosos e bem orientados.

Medicamentos• Fazer o uso da medicação de

forma correta;• Não aumentar, diminuir ou sus-

pender o medicamento por conta própria;

• Fazer a automonitorização da glicemia.

Cuidados com o corpo• Verificar se existem feridas ou

lesões, principalmente nos pés; • Notar se as feridas estão demo-

rando a cicatrizar;• Manter cuidados específicos

com os olhos, os rins, os pés, os dentes, o coração e o cérebro.

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Consideraçõesfinais

Para finalizar, um recado do nosso grupo de pacientes. Esperamos que ele possa

servir de ajuda e apoio a todos os diabéticos na sua luta diária pelo bom controle da doença.

“Procuro fazer uma boa alimenta-ção, comer mais verduras, tomar os remédios direitinho. Eu estou sentin-do que isto está fazendo muito bem para mim.” (Marilia)

“Eu convivo até bem com a diabe-tes. Cuido da minha alimentação. Te-nho muita vontade de comer doce, mas sei que não devo comer.” (Tere-zinha Sinfrônio)

“A minha diabetes foi mais na par-te de stress. Fui criada e tive uma vida até boa, porque comia muita verdura, corria no campo, tinha boa alimentação, era mais verdura... Tudo era da roça: o que a gente plantava, comia. Eu acho que depois que “pe-guei” idade e não me cuidava, não ia ao médico, não fazia nada e só co-mia coisa que não devia, então acho

que foi onde [sic.] adquiri o diabetes. Mas eu aceitei bem a doença porque quando fui ao médico e ele me disse que eu poderia ter vários problemas mais tarde, eu assumi o compromis-so e tentei não fazer nada de errado. Procuro manter o tratamento direiti-nho.” (Cleusa)

“Eu acho que cuidar em saúde depende tanto da parte médica como da parte da família: a família deve ajudar. Nós mesmos, os dia-béticos, também devemos nos aju-dar uns aos outros. A doença já é difícil e quem está tendo dificulda-de de enfrentamento vai ficar ain-da mais chateado. A raiva para ele vai ser pior, pois quanto mais rai-va, mais mal ele sente. Tem que ter carinho, atenção... A doença não é só remédio que a gente toma. Tem que ter o amor, a dedicação e o cuidado. Para mim foi assim.” (Sonia)

“Ajuda muito quando a gente tem um acompanhamento frequente, porque a gente aprende a cuidar de nós mesmos e se torna responsável

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por nós mesmos. Depois que passei a me cuidar, me senti melhor.” (Apa-recida)

“Antigamente eu nem procurava médico, agora depois que fiquei dia-bético, tenho que ir sistematicamen-te. Eu também não tinha hora para comer, nem nada, aí depois que apareceu tive que entrar na norma: comer de três em três horas e não comer exagerado. Quanto à insulina não tive problema não. Pelo contrá-rio, me dei bem com a insulina. De-pois que eu tomei insulina até que eu melhorei. Vou continuar com ela.” (Emanuel)

“Não sabia que ele (meu marido) tinha diabetes até a hora que des-cobriu. A partir daquele dia, eu o acompanho sempre. A vida conti-nua e graças a Deus, Deus me deu saúde e força, vou levando a vida e acompanhando o marido, há 45 anos.” (Terezinha Castor)

“Eu aprendi que a gente nasce para passar por muitas e muitas coisas. Eu consegui, com o trata-mento, reverter os sintomas do meu diabetes. Após o diabetes é que eu me interessei por tudo aquilo que eu deixei para trás, sem me interessar: cuidar da saúde. A partir do diabe-tes eu fui me interessar a procurar

o médico, a nutricionista para fazer um cardápio para me alimentar direi-to. A diabetes, hoje, está me propor-cionando uma vida muito melhor do que era antes.” (Helio)

Você não está sozinho nessa luta.

Boa sorte!

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