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Ética
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Todos os direitos de divulgação e reprodução exclusivos do
Prof. Dr. José Francisco de Assis Dia
www.profdias.com.br
ÉTICA SOCRÁTICO-
PLATÔNICA
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ÉTICA SOCRÁTICO-PLATÔNICA
1. Premissa:
Além do saber ético, o pensamento ético já suficientemente
explicitado encontrou nos últimos tempos da filosofia pré-
socrática poderosas expressões sobretudo na obra de
Heráclito (530-460 a.C.) e Demócrito (460-370 a.C.), e
alcançou uma avançada instrumentalização lógica na crítica
dos Sofistas à moral tradicional, cuja influência foi decisiva
na gênese do pensamento ético socrático-platônico.
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ÉTICA SOCRÁTICO-PLATÔNICA
1. Premissa:
No que diz respeito à Ética
podemos assinalar alguns temas e
problemas que podem ser
atribuídos, com grande
probabilidade, ao ensinamento
socrático.
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1. Premissa:
É deles que parte o surto especulativo cuja marca
platônica é indiscutível. Deve-se levar em conta, além disso,
que Platão não foi o único herdeiro de Sócrates, embora
inegavelmente o maior.
O ensinamento ético de Sócrates, transmitido
sobretudo pelos primeiros Diálogos de Platão, conhecidos
justamente por socráticos – eles constituem o único modelo
completo que nos resta dos chamados sokratikoi logoi –
apresenta duas características fundamentais, uma
metodológica outra temática.
ÉTICA SOCRÁTICO-PLATÔNICA
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2. Temas da moral socrática:
Esses temas são o homem interior – psyché, o tema
da verdadeira sabedoria – sophrosyne e o tema da virtude
– areté. O tema do homem interior ou da alma – psyche –
no sentido especificamente socrático, e que assinala uma
profunda revolução no curso do pensamento antropológico
grego, constitui o motivo dominante da interpelação dirigida
por Sócrates aos cidadãos de Atenas, tendo em vista
mostrar-lhes que o verdadeiro valor do homem reside no
único bem inatingível pela inconstância da fortuna, a
incerteza do futuro, a precariedade do sucesso, as
vicissitudes da vida: o bem da alma.
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2. Temas da moral socrática:
O cuidado do homem interior exige, antes de mais
nada, o conhecimento de si mesmo, ou seja, o exercício de
uma razão voltada prioritariamente para o próprio homem e
para as coisas humanas – ta anthropina.
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2. Temas da moral socrática:
O reconhecimento da ignorância sobre si mesmo torna-se
uma douta ignorância, a sabedoria verdadeira, e é essa
ignorância que constitui, paradoxalmente, o primeiro
momento da ciência socrática e torna possível o aprendizado
da verdadeira arete.
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2. Temas da moral socrática:
Esses temas se entrelaçam na doutrina que a
historiografia usual consagrou como sendo a marca distintiva
da ética socrática: a doutrina da virtude-ciência.
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2. Temas da moral socrática:
Recebida por Platão e criticada por Aristóteles, ela passou a
caracterizar o chamado intelectualismo moral de Sócrates,
conhecido por suas consequências aparentemente
paradoxais: o homem sábio é necessariamente bom, e o
homem malvado é necessariamente ignorante, o sábio nunca
faz o mal voluntariamente e somente o homem virtuoso é
verdadeiramente feliz.
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2. Temas da moral socrática:
A doutrina da virtude-ciência – que supõe resolvido o
problema da aquisição da virtude pelo sábio – ao estabelecer
a necessidade do uso da razão para a prática da virtude,
inaugura a história da Ética como ciência do ethos, e essa
será a marca indelével de sua origem socrática.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
Platão emerge sem dúvida como o grande continuador do
ensinamento ético de Sócrates, e a ele devemos o essencial
de tudo o que sabemos sobre a doutrina do sábio ateniense.
O gênio de Platão eleva a herança de Sócrates a uma altitude
especulativa com a qual o mestre provavelmente jamais
sonhara.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
A ideia diretriz do pensamento ético de Platão, na qual se
entrecruzam a significação ética e a significação metafísica,
é a ideia de ordem – taxis.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
A ideia da ordem exprime essencialmente uma
proporção – analogia – que une elementos e seres diversos
no mais belo dos laços e será, portanto, uma relação
analógica que Platão irá estabelecer entre as partes da alma
e suas virtudes, entre a alma e a cidade e entre a alma e o
mundo.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
As categorias do saber ético dos gregos que vimos
reinterpretadas por Sócrates – a sabedoria, a virtude, a lei, a
justiça – e aquelas propriamente socráticas platônica dentro
da vasta perspectiva de uma metafísica da ordem.
Visto que Platão não nos deixou uma Ética em forma
sistemática, vários são os roteiros possíveis para uma
exposição de seu pensamento nesse campo.
Como é sabido, os filósofos gregos não
desenvolveram uma teoria da liberdade...
ÉTICA SOCRÁTICO-PLATÔNICA
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
A experiência da liberdade aparece profundamente integrada
à formação da cultura grega, presente de modo determinante
no desenvolvimento do saber ético e nas origens da Ética,
crescendo sobretudo no terreno onde se dá o temeroso
confronto entre o agir humano e o Destino e no campo
político onde a liberdade do cidadão – eleutheria – se
exprime sobretudo na liberdade de expressão – parrthesia e
no direito de participação nas assembleias, essenciais à
politeia democrática.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
Ninguém é virtuoso sem ser livre e ninguém é virtuoso sem
ser sábio.
O conhecimento da ordem implica o conhecimento do Bem,
do qual deriva, e o conhecimento das realidades a serem
ordenadas: realidades estruturalmente complexa nas quais o
bem deverá residir justamente na unidade ordenada das
partes e o mal na multiplicidade desordenada.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
A ordem irá assegurar assim a unidade das partes na
constituição do todo, consistindo a ordem em cumprir cada
uma das partes o que lhe é próprio – ta eautou prattein – de
sorte que no todo assim ordenado possa transluzir a
presença do Bem.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
Platão tem diante de si três tarefas teóricas:
1. A primeira de filosofia política, ou seja, a descrição de
uma polis que seja a imagem da polis ideal, constituída,
portanto, segundo as exigências da razão, na qual a ordem
possa reinar e a arete política florescer.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
2. A segunda antropológica, conduzida a partir da primeira
segundo o princípio da analogia (República, II, 368 e 2-369 b
4), deve mostrar como se reflete na estrutura da alma
individual a ordem da cidade justa, de sorte que a arete do
indivíduo, cidadão da cidade justa, tenha igualmente como
norma ordenadora a virtude da justiça.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
3. A terceira, finalmente, desdobra-se em dois planos: um
propriamente ontológico, que deve inquirir acerca do
fundamento último da justiça, a Ideia do Bem; outro
gnosiológico, que deve descrever o caminho do
conhecimento que leva à Ideia do Bem.
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3. A ideia diretriz da ética de Platão:
Sendo a praxis virtuosa ou a praxis segundo o bem,
o objeto próprio do saber ético e, por conseguinte, da Ética
que é seu sucedâneo em termos de razão demonstrativa,
temos aí uma antropologia da praxis individual e política,
uma teleologia da praxis como ontologia do Bem e uma
epistemologia da ciência do Bem, primeira antecipação do
que será a ciência prática de Aristóteles.
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4. O “modelo ético” em Platão:
O recurso à noção de modelo ético na tipificação que
lhe é dada por Platão tem dado ocasião a que se acuse sua
Ética de excludente e elitista.
A noção de modelo ético, porém, faz parte da
tradição do saber ético, particularmente na Grécia, e de que
os tipos de modelo ético propostos por Platão atendem
antes de mais nada ao intento de regeneração do Estado
ateniense que o projeto da República tinha em vista e se
explicam no contexto da cultura grega do século IV.
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4. O “modelo ético” em Platão:
A noção de modelo ético transmite uma matriz
conceptual essencial à constituição da Ética que, de uma
forma ou de outra, será recebida por toda a tradição do
pensamento ético e é exemplarmente desenvolvida por
Platão na República: a de que a vida ética não é um dom
da natureza, embora por ela condicionado, mas fruto de um
longo, difícil e, por vezes, doloroso processo educativo.
Assim como o ethos é a primeira e fundamental
escola da humanidade, a Ética é a paideia fundamental do
ser humano que atingiu o estágio de uma civilização da
Razão.
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5. O problema da “liberdade” em Platão:
O problema central no pensamento de Platão é aquele da
conciliação entre a necessidade do Bem que emerge do
discurso da razão e a liberdade do agir dentro de uma
filosofia da ordem.
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5. O problema da “liberdade” em Platão:
O problema da liberdade de arbítrio acompanha os diálogos
platônicos como uma franja inferior da liberdade que se não
eleva ao plano dos valores éticos.
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5. O problema da “liberdade” em Platão:
É com a liberdade de escolha que se inicia o
verdadeiro caminho da liberdade e esse, como supõe toda a
argumentação da República em ordem à fundamentação
das virtudes, passa necessariamente além da deliberação
em torno dos objetos empíricos e contingentes ou mesmo
finitos e limitados para finalmente orientar-se para a Ideia do
Bem, absoluto e supra-essencial, de cujo conhecimento
deriva para todo o caminho da liberdade a justificação
racional de cada um de seus passos.
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6. Dimensão religiosa da Ética de Platão:
O Teeteto abrirá uma dimensão religiosa na praxis
ética ao coroar o perfil do Filósofo com a doutrina da
assimilação a Deus – homoiosis teo – destinada a uma
longa posteridade.
O Político introduz na preparação da definição do
verdadeiro homem político a noção de ciência da medida –
he metretike – que desempenhará função fundamental na
definição aristotélica da virtude.
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6. Dimensão religiosa da Ética de Platão:
O Filebo, que trata da questão do prazer – hedone –
objeto de viva discussão entre os discípulos de Sócrates, é
todo ele um diálogo eminentemente ético, mas no qual o
alcance metafísico da teoria das Ideias está presente na
definição do Bem, de suas características e da escala dos
bens.
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6. Dimensão religiosa da Ética de Platão:
O Timeu contém um ensinamento ético que pode ser
caracterizado como consideração do kosmos para viver
retamente. Parte do princípio socrático da virtude-ciência e o
justifica a partir da necessidade de uma relação alma-corpo,
estrutural e harmoniosa, que torna possível a ordenação da
própria vida segundo a ordem do universo.
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6. Dimensão religiosa da Ética de Platão:
As Leis, finalmente, retomam, no contexto da
educação dos Guardiães da cidade, o problema da unidade e
pluralidade das virtudes cardeais e de seu fundamento no
conhecimento do Bem ou, concretamente, na teologia.
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