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GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E
LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE
DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS
ESTUDOS DO MEIO FÍSICO PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO NA ZONA COSTEIRA/ MAR TERRITORIAL
BELÉM/PA 2011
2
GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESPECIAL DE ESTADO DE INFRAESTRUTURA E
LOGÍSTICA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE
DIRETORIA DE ÁREAS PROTEGIDAS COORDENADORIA DE ECOSSISTEMAS
ESTUDOS DO MEIO FÍSICO PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO NA ZONA COSTEIRA/ MAR TERRITORIAL
BELÉM/PA 2011
3
SIMÃO ROBISON OLIVEIRA JATENE Governador do Estado do Pará
HELENILSON CUNHA PONTES
Vice-governador do Estado do Pará
VILMOS DA SILVA GRUNVALD Secretário Especial de Estado de Infraestrutura e
Logística para o Desenvolvimento Sustentável
JOSÉ ALBERTO DA SILVA COLARES Secretário de Estado de Meio Ambiente
CRISOMAR LOBATO
Diretor de Áreas Protegidas
JOCILETE DE ALMEIDA RIBEIRO Coordenadora de Ecossistemas
BENJAMIN CARLOS FERREIRA
Gerente de Proteção do Meio Físico
4
EQUIPE TÉCNICA
BENJAMIN CARLOS FERREIRA
Engenheiro Agrônomo
ROBERTA SERTÃO LIRA Engenheira Agrônoma
IGOR CHARLES CASTOR ALVES
Oceanógrafo
ANDERSON TAVARES DO CARMO Arquiteto
JOÃO MARCELO VIEIRA LIMA Revisão Ortográfica
DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (Biblioteca da SEMA)
Estudos do Meio Físico para a criação da Unidade de Conservação na Zona Costeira / Mar Territorial. / Secretaria de Estado de Meio Ambiente. – Belém: SEMA, 2011.
p. 48.
1. Unidade de Conservação. 2. Zona Costeira I. Secretaria de Estado de Meio Ambiente. II Título.
. CDD 22.ed. – 333.72
5
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEC Coordenadoria de Ecossistemas
CL Concentração de Clorofila a
DIAP Diretoria de Áreas Protegidas
GEMFI Gerência do Meio Físico
GPS Sistema Global de Posicionamento
IET Índice de Estado Trófico
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
OD Oxigênio Dissolvido
PCA Plataforma Continental do Amazonas
SEMA Secretaria de Estado de Meio Ambiente
SiBCS Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
STD Sólidos Totais Dissolvidos
UC Unidade de Conservação
UNESCO Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura
6
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Fotografia 1- Gleissolo Háplico nas margens do canal das Tartarugas. .................... 25
Fotografia 2- Neossolo Quartzarênico na ilha Machadinho ....................................... 27
Fotografia 3- Neossolo Flúvico nas margens do Rio Araraquara ............................... 27
Fotografia 4- Estação Meteorológica de Soure (INMET) ........................................... 28
Fotografia 5- Trecho do Canal das Tartarugas. ......................................................... 34
Fotografia 6 - Barragem construída no Canal das Tartarugas. .................................. 34
Fotografia 7- Barcos de pesca ancorados na foz do Rio Pacoval .............................. 35
Fotografia 8- Rebanho de caprinos na ilha machadinho. ........................................... 43
Fotografia 9- Bubalinos e Equinos na ilha Machadinho. ............................................ 44
Fotografia 10- Aves criadas na ilha Machadinho. ...................................................... 44
Fotografia 11- Embarcações de pesca ao Norte da área prevista para criação da
UC. .............................................................................................................................. 46
7
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Temperatura do ar, máxima e mínima mensal (1961-1990) no Município
de Soure. ..................................................................................................................... 30
Gráfico 2- Variação da chuva acumulada mensal (2009) no Município de Soure. ..... 31
Gráfico 3- Velocidade de ventos para o ano de 2009, estação Soure-PA.................. 31
Gráfico 4- Distribuição da velocidade dos ventos (m.s-1) na ilha de Marajó, (A)
trimestre (MAM) período chuvoso e (B) trimestre (SON) período menos chuvoso. .... 32
Gráfico 5- Variação sazonal da descarga de sedimentos, e descarga de água pelo
Rio Amazonas, medidos durante o programa AMASSEDS. ....................................... 36
Gráfico 6- Análise de agrupamento com os dados bióticos e abióticos nas 4
estações de coleta na Ilha de Marajó. ......................................................................... 39
Gráfico 7- Distribuição da salinidade e turbidez em função da maré, na foz do Rio
Pacoval, em maio de 2011. ......................................................................................... 40
Gráfico 8- Distribuição dos valores de nitrato e N-amoniacal em função da maré, na
foz do Rio Pacoval, em maio de 2011. ........................................................................ 41
Gráfico 9- Distribuição dos valores de silicato e clorofila-a em função da maré, na
foz do Rio Pacoval, em maio de 2011. ........................................................................ 41
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Localização dos pontos de coletas oceanográficas na Costa Atlântica da Ilha de Marajó. ..................................................................................................................... 15 Tabela 2- Número de valores (N), média, mínimo (Mín), máximo (Máx) e desvio padrão (Desv_Pad), dos dados oceanográficos coletados no mês de maio de 2011, na costa Atlântica da Ilha de Marajó. ................................................................................ 37 Tabela 3- Número de valores (N), média, mínimo (Mín), máximo (Máx) e desvio padrão (Desv_Pad), dos dados oceanográficos coletados ao longo dos canais, no mês de maio de 2011. ........................................................................................................ 37 Tabela 4- Classificação do Estado Trófico para rios segundo Índice de Carlson Modificado ............................................................................................................................ 42
9
LISTA DE MAPAS Mapa 1- Localização e distribuição dos pontos de coletas oceanográficas. ............... 14
Mapa 2- Localização da área de estudo. .................................................................... 17
Mapa 3- Mapa geológico simplificado, mostrando sua inserção na Sub-bacia
Mexiana. ...................................................................................................................... 18
Mapa 4- Mapa da distribuição sedimentar a partir da classificação do sedimento
segundo o diagrama triangular de Shepard. ............................................................... 20
Mapa 5- Mapa da distribuição sedimentar, modificado de Milliman (1977). ................ 21
Mapa 6- Batimetria da foz do Amazonas, indicando a localização dos poços
exploratórios da PETROBRÁS. ................................................................................... 23
Mapa 7- Classe de solos encontrados na área de estudo .......................................... 14
Mapa 8- Mapa Hidrográfico da Área de Estudo. ......................................................... 33
10
LISTA DE PRANCHAS
Prancha 1- Coleta de amostras, determinação de dados físico-químicos e oxigênio dissolvido. ............................................................................................................................ 15 Prancha 2- Planície Lamosa (a), Terraços arenosos (b) Dunas costeiras (c), Canais de maré ................................................................................................................................ 22 Prancha 3- A:Barógrafo/ Barómetro, B:Anemógrafo, C:Catavento , D:Pluviógrafo /Termômetro, E:Class. das Nuvens, F: Pluviômetro, G:Tanque de Evaporação, H: Heliógrafo, I: Termômetro medir Temp. do Solo. ............................................................. 29
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 12
2 METODOLOGIA ............................................................................................................... 13
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ....................................................................................... 16
3.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSO .................................................................................... 16
4 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO ........................................................................................ 18
4.1 GEOLOGIA ............................................................................................................. 18
4.2 GEOMORFOLOGIA ................................................................................................ 21
4.3 SOLOS ................................................................................................................... 24
4.4 CLIMA ............................................................................................................................ 28
4.5 HIDROGRAFIA .............................................................................................................. 32
4.6 OCEANOGRAFIA .......................................................................................................... 35
5 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ........................................................................................ 43
6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 45
7 REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 47
12
1 INTRODUÇÃO
Devido a Região Amazônica possuir um rico patrimônio biológico, considerado
estratégico para o país, é de extrema importância que o governo encontre meios
eficientes para proteger sua biodiversidade e uma maneira prática de garantir essa
proteção é através da criação e manejo de espaços oficialmente protegidos. Embora tenha se observado uma grande evolução na criação de Unidades de
Conservação no Estado do Pará, onde 21.677.955,08 ha, ou seja, 17,37% do seu
território já se encontram protegido, muito do seu ecossistema ainda precisa ser
preservado. Seguindo essa diretriz, a SEMA continua avançando nos estudos
objetivando a criação de outras Unidades, como é o caso da Reserva da Biosfera
Amazônia – Marajó referente ao projeto intitulado “Diploma Legal da Reserva da
Biosfera do Marajó”.
A Reserva da Biosfera é um modelo de gestão integrada, participativa e
sustentável dos recursos naturais constituídos por áreas com ecossistemas
terrestres e/ou marinhos, reconhecida pelo programa MaB (Man and Biosphera) da
UNESCO, de importância em nível mundial para a conservação da biodiversidade e
desenvolvimento sustentável, e que devem servir como áreas prioritárias para
experimentação e demonstração dessas práticas.
Porém, para o reconhecimento futuro do Arquipélago do Marajó como uma
Reserva da Biosfera, torna-se necessário, conforme normas estabelecidas pela
UNESCO, que 5% do total da área da reserva sejam de Proteção Integral.
É nesse sentido que baseados em indicações do Macrozoneamento Ecológico
Econômico do Estado do Pará, vêm sendo realizados estudos para criação de
Unidades de Conservação de Proteção Integral em alguns dos municípios que
fazem parte do Arquipélago do Marajó.
O diagnóstico aqui apresentado aborda os temas relacionados à Geologia,
Geomorfologia, Solos, Hidrografia, Oceanografia, Clima e Uso e Ocupação do Solo.
Envolve parte dos territórios dos municípios de Soure e Chaves e tem por objetivo
subsidiar a criação de um mosaico formado por duas Unidades de Conservação nas
categorias Refúgio de Vida Silvestre com área de 163.304,36 ha e Reserva de
Desenvolvimento Sustentável com 480.988,91 cuja extensão total abrange uma
área de 644.293,27ha.
13
2 METODOLOGIA Os procedimentos metodológicos desenvolvidos para a realização do presente
trabalho compreenderam as seguintes etapas:
Levantamento bibliográfico, cartográfico e de imagens de satélite
relacionado à temática em curso
Trabalhos de campo com observações in loco da área de estudo.
Registro fotográfico e georreferenciamento dos principais aspectos da
paisagem e dos limites da área da UC.
Elaboração do Diagnóstico
Na primeira etapa, procurou-se obter através de uma ampla revisão de
literatura as informações existentes sobre os temas relacionados ao meio físico.
Nesse momento pôde-se perceber que os estudos direcionados especificamente à
área proposta para criação da Unidade de Conservação são bastante reduzidos,
principalmente no que diz respeito ao tema de maior importância, ou seja,
Oceanografia.
Nessa etapa, foi realizado também um levantamento cartográfico e de imagens
de satélite permitindo assim que a equipe técnica fosse a campo com um mínimo de
conhecimento da situação em que a área se encontra.
Para a execução da segunda etapa que correspondeu aos trabalhos de campo,
utilizou-se uma embarcação de porte médio com capacidade para 54 pessoas
acoplada com uma voadeira para realização dos trabalhos em terra já que o calado
do barco não permitia sua aproximação da margem. No interior desse barco as
equipes técnicas permaneceram durante 12 dias executando os trabalhos de campo
momento em que foram checadas as informações preliminares geradas na fase
inicial dos trabalhos.
A terceira etapa refere-se aos registros fotográficos e georreferenciamento das
paisagens cujas características representavam algum tipo de interesse relacionado
aos temas que estavam sendo estudados. Tais registros focaram principalmente nos
rios formadores da drenagem, nas classes de solos e nas coletas durante os
trabalhos de oceanografia. Foi feito também o georreferenciamento de alguns
pontos correspondentes aos limites da área em estudo.
14
As coletas oceanográficas foram realizadas na área costeira, concentradas
em 4 (quatro) pontos de coleta, distribuídos ao longo da área de estudo (Mapa 1,
tabela 1).
Mapa 1- Localização e distribuição dos pontos de coletas oceanográficas. Fonte: SEMA (2011).
O estudo oceanográfico foi realizado durante o período de máxima descarga
do Rio Amazonas (maio de 2011). As coletas foram concentradas na área da Costa
Atlântica dos municípios de Soure e Chaves, distribuídas em 4 (quatro) pontos
principais (Tabela 1), Ilha do Machadinho e Canal das Tartarugas localizados
próximos a divisa entre os municípios de Soure e Chaves, assim como na região do
Rio Pacoval, localizado integralmente no Município de Soure.
15
Fonte: SEMA (2011).
Amostras de água foram coletadas diretamente na superfície com garrafa do
tipo Van Dorn (Prancha 3), armazenadas em frascos de polietileno de 500 ml,
refrigeradas e protegidas contra a luz, para posterior filtração. Os sais nutrientes
inorgânicos dissolvidos na água, foram determinados através das técnicas descritas
em Strickland & Parsons (1972) e Grasshof et al., (1983) para determinação da
clorofila a, foi seguido o método descrito em UNESCO (1966) e Teixeira (1973).
Também foram coletados dados de temperatura da água, pH, condutividade,
salinidade, sólidos totais dissolvidos, sólidos suspensos, turbidez e cor e feita a
determinação do oxigênio dissolvido pelo método de Winkler (Prancha 1).
Tabela 1 - Localização dos pontos de coletas oceanográficas na costa Atlântica da ilha de Marajó. Ponto Tipo de coleta Lat Long
Ilha Machadinho Nictemeral 0° 11’ 1,7”S 48°45’23,44”W
Canal das Tartarugas 5 pontos ao longo de 12 km no Rio. 0° 13’ 59,4”S 48°54’57,2” W
Foz Pacoval Nictemeral 0° 14’ 30,0”S 48°29’53,8”W
Rio Pacoval 5 pontos ao longo de 12 km no Rio. 0° 14’ 33,0”S 48°29’55,8”W
A B C
D E F
Prancha 1- Coleta de amostras, determinação de dados físico-químicos e oxigênio dissolvido na Costa Atlântica da Ilha de Marajó, municípios de Soure e Chaves. Fonte: SEMA (2011).
A B C
D E F
16
Para determinar o Índice do Estado Trófico (IET), foi utilizada a metodologia
descrita em Lamparelli (2004), utilizando o Índice do Estado Trófico para a clorofila a
– IET(CL), sendo estabelecidos para ambientes lóticos, segundo a equação:
- Rios IET (CL) = 10x(6-((-0,7-0,6x(ln CL))/ln 2))-20 onde:
CL: concentração de clorofila a medida à superfície da água, em mg.m-3; ln: logaritmo natural.
Finalizando os trabalhos, temos a etapa de elaboração do Diagnóstico cujos
resultados encontram-se aqui apresentados.
3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA 3.1 LOCALIZAÇÃO E ACESSO
O Arquipélago do Marajó possui localização estratégica, sendo considerado o
maior flúvio-marinho do mundo. Situada ao norte desse arquipélago com
644.293,28ha, encontra-se a área proposta para criação da Unidade de
Conservação (Mapa 2), mais precisamente na parte conhecida como Contra Costa
do Marajó que faz parte da Mesorregião Marajó e Microrregião Furos, apresentando
cerca de 94% do seu total por águas fluviais. É uma área que se caracteriza por
apresentar uma diversidade de espécies aquáticas em função da grande quantidade
de alimentos despejados pelo Rio Amazonas no Oceano Atlântico, sendo por isso
considerada como zona de alimentação, onde os peixes jovens migradores
permanecem para se desenvolverem.
17
Mapa 2 - Localização da área de estudo. Fonte: SEMA (2011). Apresenta como limites ao Norte o mar territorial, ao Sul os campos naturais
pertencentes aos municípios de Soure e Chaves, onde estão implantadas várias
fazendas, a leste a Baía de Marajó e a oeste o Golfão Amazônico.
Devido estar situada em local que sofre constantes ações de agentes que
provocam erosão transporte e deposição de sedimentos, levando a constantes
modificações na sua configuração, a área de estudo apresenta como consequência
extensos bancos de areia ficando muitos deles expostos quando da vazante das
marés tornando bastante dificultoso o acesso aquele local. Devido às mudanças
constantes dos canais, algumas vezes até os mais experientes pilotos das
embarcações de pesca encalham ao navegar naquelas águas.
Para um deslocamento seguro no interior da área de estudo, torna-se
necessário uma embarcação apropriada às condições peculiares ali encontradas,
conduzidas por pessoas conhecedoras da região.
Fazem parte da área de estudo também as ilhas do Camaleão, Machadinho e a
ilha em formação denominada pelos moradores de Ilha das Cabras.
18
4 ASPECTOS DO MEIO FÍSICO 4.1 GEOLOGIA
A Ilha de Marajó é constituída por terrenos de origem sedimentar recente em
sua geologia superficial, com restos do Terciário Barreiras, possui dominância do
Quaternário Antigo e Recente e apresenta uma topografia que pouco ultrapassa os
15 metros de altitude. A Ilha está inserida na bacia do Amazonas e abrange partes
das sub-bacias de Limoeiro e Mexiana, bem como da Plataforma do Pará (Mapa3).
As sub-bacias de Limoeiro e Mexiana, juntamente com a Sub-bacia de Cametá,
localizada a sudeste, são depressões formadas por falhas normais e de
transcorrência inseridas em um conjunto de rifts que compõem o Sistema de Graben
do Marajó (Azevedo 1991, Galvão 1991, Villegas 1994).
Mapa 3- Mapa geológico simplificado, mostrando sua inserção na Sub-bacia Mexiana. Fonte: Adaptado de Mantelli & Rosseti (2009) e Tatumi et al., (2008).
19
Este Graben cobre uma área aproximada de 1.5x106 km2, e consiste em uma
estrutura definida por falhas orientadas para NW-SE e NE-SW, além de falhas E-W a
ENE-WSW e NE-SW, que foram reativadas a partir de estruturas antigas do
embasamento pré-cambriano e cretáceo (Azevedo 1991, Villegas 1994, Costa &
Hasui 1997). Essas reativações resultam de extensão relacionada à abertura do
Oceano Atlântico Equatorial, iniciado no Juro-Cretáceo (Szatmari et al., 1987).
A área de estudo situa-se na margem nordeste da Sub-bacia Mexiana, cujo o
preenchimento sedimentar consiste em rochas cretáceas (Aptiano-Neocretáceo),
recobertas por depósitos terciários e quaternários formados em ambiente marinho-
raso a transicional, registrados pela Formação Marajó e pelo Grupo Pará.
A geologia da região da foz do Rio Amazonas, da Plataforma Continental do
Amazonas (PCA) e da Plataforma Continental do Pará é descrita por diversos
autores (Ottman 1960, Santos 1972, Figueiredo et al., 1972, Milliman 1977), com a
elaboração de diversos tipos de mapas, do ponto de vista técnico-científico, com
informações sobre a evolução da área, os processos hidrodinâmicos e
sedimentares atuantes e do ponto de vista prático com aplicações na segurança da
navegação, planejamento em obras de engenharia e nas atividades de pesca.
A análise dos padrões de sedimentação nas margens continentais identificou
que a distribuição de sedimentos na plataforma continental depende de diversos
fatores dentre os quais o volume de sedimento; o tipo de sedimento; a velocidade da
transgressão marinha e a remobilização do sedimento (Figueiredo Jr et al., 2008).
A classificação dos sedimentos de fundo na PCA é predominante de areia e
lama (Mapa 4), existe predominância da fácies lamosa, seguida de fácies areia,
fácies areia lamosa e fácies cascalho + cascalho arenoso. Existem duas fácies
lamosas distintas, uma diretamente relacionada com a descarga sedimentar do
Amazonas e outra que constitui a lama de talude e elevação continental. A fácies
lamosa relacionada à descarga do Amazonas é interrompida pelas areias na foz do
amazonas (canal norte) e do Rio Pará e também pelas areias do cabo norte
(Figueiredo Jr et al., 2008).
20
Mapa 4- Mapa da distribuição sedimentar a partir da classificação do sedimento segundo o diagrama triangular de Shepard.
Fonte: Figueiredo Jr et al., 2008.
Na parte externa da plataforma, predominam as areias, na foz do Rio
Amazonas. Entre as areias de plataforma e a lama da descarga do rio aparecem as
lamas arenosas. Os cascalhos e as areias cascalhosas estão localizados em borda
da plataforma e representam a fácies carbonática da região (Mapa 5).
Longitudinalmente, ao longo da borda da plataforma, esta fácies cascalhosa tende a
aumentar para sudoeste (Figueiredo Jr et al., 2008).
21
Mapa 5- Mapa da distribuição sedimentar, modificado de Milliman (1977). Fonte: Figueiredo Jr et al., 2008.
4.2 GEOMORFOLOGIA
A paisagem costeira da região Norte do Brasil é bastante diversificada, sendo
composta por um mosaico de ecossistemas terrestres e aquáticos que devem ser
considerados como de extrema importância biológica para os órgãos gestores de
meio ambiente.
Na Ilha de Marajó, a compartimentação topográfica regional é representada por
duas unidades morfoestruturais do relevo amazônico: o Planalto Rebaixado da
Amazônia (do Baixo Amazonas) e a Planície Amazônica. A primeira é representada
em parte da ilha que corresponde à superfície do Pediplano Pleistocênico, o qual
ocorre no centro-sul da área de estudo. Por sua vez a Planície Amazônica apresenta
suas características peculiares, em decorrência da quantidade de elementos da
geomorfologia fluvial e que condicionam o encharcamento de grande parte da ilha.
Inclui a fácil penetrabilidade das marés, aliada a sua elevada pluviosidade, e seu
caótico sistema hidrográfico (Furtado et al., 2009).
22
O relevo da Ilha do Marajó é formado basicamente por áreas de baixio. As
informações sobre cotas altimétricas presentes em mapas e cartas topográficas para
essa área são escassas, havendo somente estimativas variando entre 2 m e 42 m.
As áreas com cotas mais elevadas mostram forte influência da altura do dossel.
Modelos de elevação digital-SRTM indicam cotas variando entre 4 e 6 m na porção
leste da ilha, e entre 6,2 e 31 m em sua porção oeste, com média de 12,5 m
(Rossetti & Valeriano 2007).
O planalto costeiro representa a superfície dos baixos platôs, cujas cotas
topográficas variam de 5 a 20 m acima do nível do mar. A planície costeira
apresenta cotas topográficas inferiores a 5 m e se estende para o interior até o
alcance máximo da zona de influência das marés, onde se limita com o planalto
costeiro (FRANÇA; SOUZA FILHO, 2006). A planície é divida em subunidades:
Planície lamosa, terraços arenosos, dunas costeiras, canais de maré e deltas de
maré.
Prancha 2 - (a) Planície Lamosa, (b) Terraços arenosos, (c)Dunas costeiras, (d) Canais de maré. Fonte: SEMA, 2011.
23
ATIVIDADES DE EXPLORAÇÃO DE PETRÓLEO NA FOZ DO AMAZONAS
A PETROBRAS (Petróleo Brasileiro S.A.) executa a atividade de perfuração
marítima de poços exploratórios, a fim de verificar a existência de um reservatório
contendo petróleo e gás natural na região da Bacia da Foz do Amazonas. O Mapa 6
mostra a localização desses poços, que, de maneira geral, estão localizados em
profundidades superiores a 30 metros, na área proposta para a criação da UC. Não
há nenhum poço sendo perfurado ou previsão de perfuração, pois os estudos
indicam a presença de petróleo e gás natural na região conhecida como “cone do
Amazonas”, localizada aproximadamente a 200 km de distância a norte da UC. Um
dos principais impedimentos de realizar estudos na área proposta para criação da
UC está relacionado com a difícil logística devido a pouca profundidade local, inferior
a 15m de lamina d’água.
Mapa 6 - Batimetria da foz do Amazonas, indicando a localização dos poços exploratórios da PETROBRÁS. Fonte: SEMA, 2011.
24
Mapa 7- Classe de solos encontrados na área de estudo. Fonte: SEMA (2011).
4.3 SOLOS
Na área de estudo, os solos ocupam um percentual bastante reduzido não
ultrapassando dez por cento do seu total. Localizados na região litorânea sob forte
influência do Rio Amazonas, esses solos de origem Quaternária, estão assentados
em áreas planas sujeitas a instabilidade erosional onde faixas de praias e dunas se
intercalam com as áreas de várzeas e alguns raros ambientes de manguezais
formados por um aglomerado de vegetação de Avicenia L. ou Rizhopora mangle. A
seguir são descritas as classes de solos encontradas no decorrer dos estudos de
campo. Essa descrição é baseada na mais nova edição do Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos (SiBCS) publicada em 2006.
25
GLEISSOLOS
São solos constituídos por material mineral com horizonte Glei dentro dos
primeiros 150 cm da superfície, imediatamente abaixo de horizonte A ou E, ou de
horizonte H (hístico). São formados principalmente a partir de sedimentos
estratificados ou não e, sujeitos a constantes ou periódicos excessos d’água, o que
pode ocorrer em diversas situações.
Comumente, desenvolvem-se em sedimentos recentes nas proximidades dos
cursos d’água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos a condições de hidromorfia,
podendo formar-se também em áreas de relevo plano de terraços fluviais, lacustres
ou marinhos, como também em materiais residuais em áreas abaciadas e
depressões. São eventualmente formados em áreas inclinadas sob influência do
afloramento de água subterrânea (surgentes). Esses solos ocorrem sob vegetação
hidrófila e higrófila herbácea, arbustiva ou arbórea e a fertilidade natural varia de alta
a baixa. Os gleissolos encontram-se presentes na área de estudo em níveis
categóricos diferenciados conforme descrição abaixo.
GLEISSOLO HÁPLICO
São solos com argila de atividade baixa e baixa saturação por bases (v<50%)
na parte dos primeiros100 cm a partir da superfície do solo.
Na área de estudo encontra-se associado ao Neossolo Flúvico Distrófico
textura indiscriminada sob vegetação de floresta equatorial higrófila de várzea relevo
plano (Fotografia 1).
Fotografia 1- Gleissolo Háplico nas margens do Canal das Tartarugas. Fonte: SEMA (2011).
26
GLEISSOLO SÁLICO
Foram encontrados também associados com Neossolo Flúvico Sálico textura
indiscriminada sob floresta equatorial higrófila de várzea relevo plano. São solos
com horizonte sulfúrico e/ou materiais sulfídricos, dentro de 150 cm a partir da
superfície do solo.
NEOSSOLOS
Essa classe compreende os solos constituídos por material mineral ou por
material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em
relação ao material originário devido à baixa intensidade de atuação dos processos
pedogenéticos, seja em razão de características inerentes ao próprio material de
origem, como maior resistência ao intemperismo ou composição químico-
mineralógica ou por influência dos demais fatores de formação (clima, relevo ou
tempo), que podem impedir ou limitar a evolução dos solos.
Nessa classe estão incluídos os solos que foram reconhecidos anteriormente
como Litossolos, Regossolos, solos Aluviais e Areias Quartzosas. Os Neossolos
presentes na área de estudo pertencem às seguintes subordens.
NEOSSOLO QUARTZARÊNICO
Sua característica é possuir sequência de horizontes A-C, porém
apresentando textura areia ou areia franca em todos os horizontes até, no mínimo, a
profundidade de 150cm a partir da superfície do solo ou até um contato lítico; são
essencialmente quartzosos, tendo nas frações areia grossa e areia fina 95% ou mais
de quartzo, calcedônia e opala e, praticamente, ausência de minerais primários
alteráveis (menos resistentes ao intemperismo).
27
Fotografia 2- Neossolo Quartzarênico na Ilha Machadinho Fonte: SEMA (2011).
NEOSSOLO FLÚVICO
Solos derivados de sedimentos aluviais e que apresentam caráter flúvico.
Horizonte glei, ou horizontes de coloração pálida, variegada ou com mosquedos
abundantes ou comuns de redução. Se ocorrerem abaixo do horizonte A, devem
estar a profundidades superiores a 150 cm.
Fotografia 3- Neossolo Flúvico nas margens do Rio Araraquara Fonte: SEMA (2011).
28
4.4 CLIMA
CLIMA E PARÂMETROS METEOROLÓGICOS DE SOURE
Os resultados aqui apresentados foram obtidos por meio da Estação
Meteorológica de Soure (Fotografia 4), tendo como atividade principal, medir e
enviar dados meteorológicos diários, ao Instituto Nacional de Meteorologia-INMET.
Fotografia 4- Estação Meteorológica de Soure (INMET). Fonte: SEMA (2011).
Neste trabalho, foram utilizados dados referentes ao período entre os anos de
1961 e 1990, através da média mensal e anual dos parâmetros climáticos:
precipitação pluviométrica, temperatura do ar e velocidade dos ventos na região,
obtidos através de equipamentos e aparelhos utilizados na medição de temperatura
do ar e do solo, classificação das nuvens, direção e velocidade dos ventos,
insolação, pluviosidade, umidade relativa, evaporação, dentre outros (Prancha 3).
29
Prancha 3- A: Barógrafo/ Barómetro, B: Anemógrafo, C: Catavento, D: Pluviógrafo /Termômetro, E: Class. das Nuvens, F: Pluviômetro, G: Tanque de Evaporação, H: Heliógrafo, I: Termômetro medir Temp. do Solo. Fonte: SEMA (2011).
TEMPERATURA
O clima é do tipo Ami, definido como clima tropical chuvoso (parte oriental da
Ilha de Marajó), segundo a classificação de Köppen. A temperatura nos municípios
varia diariamente entre os máximos e mínimos em torno de 30,9 e 24,2 º C com
média anual de 27,5° C, apresentando pouca variação mensal e anual, atingindo
valores mais elevados nos meses de setembro a novembro, decaindo a partir de
dezembro (Gráfico 1).
30
Gráfico 1 – Temperatura do ar, máxima e mínima mensal (1961-1990).
Fonte: (INMET, 2011).
PRECIPITAÇÃO
O gráfico 2 mostra valores de precipitação para o ano de 2009, ano esse
marcado, na Ilha de Marajó, por eventos de chuvas e secas intensas durante o
primeiro e segundo semestres, respectivamente, decorrentes de elementos que
influenciam a circulação atmosférica como El Nino e La Nina. Observa-se que
durante o primeiro semestre a quantidade de chuva ultrapassou os 600 mm, ou seja,
acima da normal climatológica (61-90), e no segundo semestre a quantidade de
chuvas foi abaixo da normal climatológica, considerada uma das maiores secas já
registradas.
Segundo a SAGRI (1996), a irregularidade na distribuição sequencial das
precipitações pluviais tem sido um dos fatores limitantes ao maior desenvolvimento e
à estabilização da produção agrícola no Estado do Pará. Diante disso, o estudo dos
parâmetros meteorológicos apresenta uma importância significativa para se planejar,
no processo de tomada de decisões, o desenvolvimento regional, permitindo orientar
as diversas atividades econômicas demandadas pelo poder público.
31
Gráfico 2- Variação da chuva acumulada mensal (2009). Fonte: (INMET, 2010).
VENTOS
Em função de sua especial localização, banhada pela foz do Rio Amazonas e
pelo Oceano Atlântico, a Ilha de Marajó recebe rajadas de vento de superfície mais
forte na região oriental (de campos), atingindo até 3,6 m.s-1 (Gráfico 3).
Gráfico 3- Velocidade de ventos para o ano de 2009. Fonte: INMET, 2010.
32
Os resultados de velocidade do vento registrados na estação de Soure (Ilha de
Marajó) revelam que as maiores velocidades são registradas durante o período
menos chuvoso: mínimos de 1,31 m.s-1 em maio e máximo de 3,70 m.s-1 em
novembro. De acordo com Cruz (2009), os ventos mais intensos ocorrem na parte
norte/nordeste do litoral da ilha, com destaque para o trimestre (SON) Setembro,
Outubro, Novembro quando os ventos se intensificam tanto no interior quanto no
litoral e as médias superam 5,5 m.s-1 em toda a região, com destaque para médias
superiores a 7 m.s-1 na costa (Gráfico 4).
O trimestre com ventos mais fracos é o (MAM) Março, Abril, Maio, onde
predominam ventos fracos tanto no interior da ilha quanto nas suas margens,
quando a média não passa dos 3 m.s-1. No gráfico 4 (B), que representa o trimestre
(SON) com os ventos mais fortes, nota-se, na margem leste da Ilha de Marajó, um
corredor de ventos com velocidades entre 6,5 e 7,0 m.s-1 e que se distribuem para o
interior da ilha. Por encontrar-se limítrofe ao Município de Soure, os dados aqui
informados servirão também como base para o Município de Chaves.
4.5 HIDROGRAFIA
Por ocupar mais de oitenta por cento da área prevista para criação da Unidade
de Conservação na Contra Costa de Soure, a hidrografia pode ser considerado o
mais importante entre os temas relacionados ao meio físico. O mapa hidrográfico
Gráfico 4- Distribuição da velocidade dos ventos (m.s-1) na Ilha de Marajó, (A) trimestre (MAM) período chuvoso e (B) trimestre (SON) período menos chuvoso. Fonte: ALVES (2010), com adaptações.
(A)Trimestre (MAM)período chuvoso (B) Trimestre (SON)
período menos chuvoso
33
(Mapa 7) ilustra a rede hidrográfica da área prevista para criação da Unidade de
Conservação na Contra Costa dos municípios de Soure e Chaves.
Mapa 8- Mapa Hidrográfico da Área de Estudo. Fonte: SEMA (2011).
No Município de Soure, entrecortando as paisagens formadas pelas planícies
inundáveis, estão localizados os rios Pacoval, Araraquara, Siriri, Maruim e o Canal
das Tartarugas que limita os municípios de Soure e Chaves. Fazendo parte dessa
drenagem encontram-se também os igarapés Glória, Bebedouro, São João, Cururu
e Dunas. Já no Município de Chaves destacam-se os principais rios, Ganhoão e
Arapiti.
Esses rios e igarapés que tem suas águas sob constante influência das marés
e desembocam na foz do Rio Amazonas, são utilizados como via de comunicação
entre as comunidades ali existentes. Dentre eles, o Canal das Tartarugas (Fotografia
5) é o que mais se destaca não só pela sua extensão, mas também pela importância
estratégica que representa na região, uma vez que é através do seu curso que o
34
Município de Santa Cruz do Arari mantém constante intercâmbio com o Município de
Chaves na extremidade norte da Ilha de Marajó.
Na década de 1950, o Canal das Tartarugas foi submetido a escavações e
construção de uma barragem, na perspectiva de que, através do seu leito o lago
Arari pudesse ser perenizado.
Fotografia 5- Trecho do Canal das Tartarugas. Foto: SEMA, 2011.
Fotografia 6 - Barragem construída no Canal das Tartarugas. Foto: SEMA, 2011.
Porém, houve uma inversão na drenagem do interior do lago que passou a
secar mais rápido, havendo a necessidade de serem construídos todo ano, durante
a época da seca, diques para preservar os lagos e a pesca comercial e de
subsistência.
35
Outra peculiaridade observada durante os estudos é a importância que o Rio
Pacoval (Fotografia 7) representa para grande parte dos pescadores artesanais. Por
tratar-se de uma área de alta piscosidade, a foz do Rio Amazonas onde se encontra
a área de estudo, é bastante frequentada por pescadores de vários municípios
costeiros que fazem da foz do Rio Pacoval o local de proteção das suas
embarcações contra as fortes ondas e ventos que incidem sobre aquele litoral.
São dezenas dessas pequenas embarcações que ali permanecem aguardando
a hora das marés propícias para pescarem ou descansando de uma noite exaustiva
de pesca.
Fotografia 7- Barcos de pesca ancorados na foz do Rio Pacoval. Foto: SEMA, 2011.
4.6 OCEANOGRAFIA
O regime hidrológico do Rio Amazonas é definido pelos períodos de maior e
menor precipitação, as cheias iniciam em dezembro ou janeiro e terminam em julho
ou agosto, atingindo o máximo em maio e mínimo em novembro, este padrão é
comum aos demais rios do Marajó (Gráfico 4).
36
Gráfico 5- Variação sazonal da descarga de sedimentos, e descarga de água pelo Rio Amazonas, medidos durante o programa AMASSEDS. Fonte: Nittrouer & Demaster (1996).
Os parâmetros físico-químicos das águas da costa atlântica da Ilha de Marajó
apresentaram características bastante semelhantes (Tabelas 2 e 3). A salinidade em
torno de 1,20 é típica do período de maior descarga do Rio Amazonas, quando
ocorre uma maior entrada de águas doces no estuário, devido ao imenso aporte
fluvial, o maior do mundo.
Os parâmetros condutividade elétrica e STD (sólidos totais dissolvidos), estão
diretamente relacionados à salinidade, pois refletem a concentração de íons e
sólidos dissolvidos na água. Dessa maneira, a distribuição destes parâmetros na
área de estudo seguiu o mesmo padrão de distribuição da salinidade. Por outro lado,
com o aumento da descarga de água do Amazonas estes parâmetros tendem a ser
diluídos e os valores são bastante reduzidos.
37
Tabela 2- Número de valores (N), média, mínimo (Mín), máximo (Máx) e desvio padrão (Desv_Pad), dos dados oceanográficos coletados no mês de maio de 2011, na costa Atlântica da Ilha de Marajó.
COLETAS NICTEMERAIS
Variáveis ILHA MACHADINHO (24 HORAS) PACOVAL (12 HORAS)
N Média Mínimo Máximo Dev_pad N Média Mínimo Máximo Dev_pad
pH 24 7,09 6,81 7,4 0,13 12 7,28 7,14 7,37 0,08
Temp 24 28,95 28,3 29,9 0,33 12 29,97 29,5 30,3 0,22
OD 24 4,07 3,1 4,9 0,43 12 4,12 3,6 4,8 0,32
Alcalin 24 0,47 0,3 0,7 0,1 12 0,43 0,3 0,5 0,07
Sól.susp 24 83,67 60 101 10,69 12 210,25 80 405 101,08
Turbidez 24 106,25 86 127 12,15 12 262,92 102 527 129,2
STD 24 27,25 13 82 14,12 12 1141,08 32 4475 1333,85
CE 24 0,45 0,03 9,2 1,87 12 2,28 0,06 8,94 2,67
Sal 24 0,24 0,01 5,16 1,05 12 1,22 0,03 5,02 1,48
Nitrito 24 0,03 0,02 0,05 0,01 12 0,03 0,01 0,05 0,01
Nitrato 24 2,09 1,12 2,84 0,45 12 2,55 1,3 3,25 0,47
N-amo 24 0,33 0,25 0,38 0,04 12 0,32 0,24 0,43 0,05
Fosfato 24 0,70 0,44 1,06 0,16 12 0,71 0,32 1,2 0,26
Silicato 24 67,05 23,9 95,5 20,53 12 50,61 18 78,47 23,29
Clor-a 24 33,49 14,5 59,58 11,04 12 23,24 6,84 53,35 12,07 Fonte: SEMA (2011).
Tabela 3 - Número de valores (N), média, mínimo (Mín), máximo (Máx) e desvio padrão (Desv_Pad), dos dados oceanográficos coletados ao longo dos canais, no mês de maio de 2011.
COLETAS PONTUAIS NOS CANAIS
Variáveis CANAL DAS TARTARUGAS RIO PACOVAL
P1 P2 P3 P4 P5 MÉDIA P1 P2 P3 P4 P5 MÉDIA
pH 6,79 6,82 6,77 6,79 6,80 6,79 7,37 7,31 6,97 6,79 6,80 7,05
Temp 28,50 28,50 28,50 28,50 28,50 28,50 29,50 29,50 29,50 29,50 29,50 29,50
OD 2,50 2,80 2,60 3,00 3,10 2,80 1,90 1,60 2,60 4,40 3,60 2,82
Alcalin 0,30 0,70 0,10 0,50 0,50 0,42 0,40 0,30 0,40 0,30 0,30 0,34
Sól. Susp 124,00 136,00 114,00 123,00 103,00 120,00 62,00 71,00 152,00 140,00 197,00 124,40
Turbidez 158,00 181,00 153,00 158,00 130,00 156,00 72,00 100,00 177,00 167,00 231,00 149,40
Nitrito 0,03 0,04 0,02 0,01 0,03 0,03 0,02 0,02 0,03 0,04 0,03 0,03
Nitrato 0,53 0,59 0,69 1,17 0,80 0,76 1,18 0,47 0,94 1,98 2,77 1,47
N-amo 0,40 0,38 0,50 0,42 0,36 0,41 0,46 0,42 0,30 0,34 0,29 0,36
Fosfato 0,76 0,70 0,64 0,64 0,56 0,66 1,92 0,48 0,54 0,68 0,70 0,86
Silicato 14,92 28,60 8,43 18,20 19,05 17,84 15,90 10,35 16,38 20,72 36,35 19,94
Clor-a 33,39 24,22 22,71 25,94 29,71 27,19 51,58 41,11 42,42 27,35 24,32 37,36
Fonte: SEMA (2011).
A temperatura da água não apresentou diferenciação entre as camadas de
superfície e fundo, e os valores são característicos de um ambiente tipicamente
tropical, onde a variação diária é mais significativa que a variação sazonal. De
38
maneira geral as menores temperaturas ocorrem no período chuvoso em função da
grande quantidade de nuvens que recobrem a região amazônica, durante
praticamente todo o dia, estas nuvens inibem a incidência dos raios solares o que
resulta em temperaturas mais baixas. No período menos chuvoso estas nuvens se
tornam mais esparsas e as águas estuarinas ficam expostas a mais horas de
insolação que permitem a elevação da temperatura da água.
O valor médio de 4,07 mg.L-1 de oxigênio dissolvido, indica águas tropicais
moderamente oxigenadas, o que pode ser resultado de uma elevada produtividade
primária ou ainda pela ação dos ventos que auxiliam na oxigenação dessas águas.
Valores reduzidos de oxigênio Dissolvido (OD) no período de maior descarga do
Amazonas estão intimamente relacionados com a entrada de matéria orgânica que
consome esse gás durante o processo de oxidação, além de uma diminuição no
aporte de OD a partir do processo fotossintético, visto que o aumento da turbidez
limita o desenvolvimento do fitoplâncton estuarino.
Na zona costeira do Marajó a concentração de clorofila-a atingiu o valor
máximo de 59,50 mg.m-3. Em seu estudo no Rio Arari, Ilha de Marajó, Alves (2010)
obteve o máximo de 38,14 mg.m-3, enquanto que na costa da Ilha de Dom Pedro no
Município de Marapanim, estudo realizado por SEMA (2011), registrou-se o valor
máximo de 19,07 mg.m-3. Dessa forma, os valores de Clorofila a na Costa Atlântica
da Ilha de Marajó são extremamente elevados e indicam uma elevada produtividade
primária que favorece o desenvolvimento de diferentes recursos pesqueiros, por ser
um berçário com grande disponibilidade de nutrientes. Essa elevada concentração
de clorofila-a indica a ocorrência de floração de algas, que está diretamente
relacionada à disponibilidade de nutrientes, N e P principalmente.
As águas da costa Atlântica da Ilha de Marajó apresentam características muito
semelhantes, com exceção da coleta nictemeral em Pacoval, que se mostram
diferenciadas e revelam uma clara variação em relação aos momentos de marés
vazante e enchente (Gráfico 6).
39
-4 -3 -2 -1 0 1 2
SCORE 1
-4
-3
-2
-1
0
1
2
SCO
RE
2
LEGENDA
Ilha Machadinho Canal das Tartarugas Canal Pacoval Foz Pacoval
Enchente
Vazante
Gráfico 6- Análise de agrupamento com os dados bióticos e abióticos nas 4 estações de coleta na Ilha de Marajó.
Fonte: SEMA, 2011.
O gráfico 6 mostra o agrupamento das amostras coletadas nos diferentes
pontos ao longo da Costa Atlântica da Ilha de Marajó. A grande maioria das
amostras agrupa-se, revelando que as águas costeiras dos municípios de Soure e
Chaves estão sujeitas às mesmas influências hidrológicas e oceanográficas, como
vazão dos rios, ação das marés, variações de temperatura e ventos. A interação
entre esses fatores possibilita características físico-químicas muito similares dessas
águas costeiras, no entanto, para a amostragem realizada na foz do Rio Pacoval
(Soure), nota-se claramente uma separação das amostras em função dos momentos
de marés enchente e vazante, o que implica em dizer que a maré exerce um maior
controle na distribuição dos parâmetros físico-químicos nessa região. Essa variação
pode estar ocorrendo em função da pequena profundidade local, máximo de 4
metros durante a preamar, enquanto que na Ilha de machadinho a profundidade
mínima foi 19 metros, e os dados foram coletados durante 24 horas, sem revelar
nenhuma separação entre as marés enchente e vazante.
40
RIO PACOVAL
A observação da distribuição diferenciada no comportamento dos parâmetros
físico-químicos no Rio Pacoval (Soure) requer uma análise mais detalhada. Assim,
os resultados de salinidade oscilaram de 0,03 a 5,02 (Gráfico 7), o que indica um
ambiente com água doce e salobra, respectivamente, conforme a resolução
CONAMA Nº 357, de 17 de março de 2005, que estabelece valores entre 0,5 e 30.
Para a turbidez os resultados oscilaram entre 114 UNT e 359 UNT (Gráfico 7),
valores maiores ao comparar com dados do Rio Guamá (142 UNT, PEREIRA, 2007),
o que indica a presença de uma água fluvial com elevado teor de partículas em
suspensão oriundas, durante a vazante com uma diminuição no período da
enchente.
Gráfico 7- Distribuição da salinidade e turbidez em função da maré, na foz do Rio Pacoval, em maio de 2011. Fonte: SEMA, 2011.
Os valores de pH indicam a condição de acidez, alcalinidade ou neutralidade
da água. No presente trabalho os dados indicaram águas com valores básicos (7,14
a 7,37). Para os resultados de oxigênio dissolvido foi observado uma pequena
variação de 3,6 ml.L-1 a 4,5 ml.L-1, tais valores se assemelham a resultados
coletados no Rio Arari, também localizado na Ilha do Marajó, por Alves (2010), cujos
valores apresentam uma variação entre 3,07 4,27 (ml.L-1).
As maiores concentrações das formas nitrogenadas foram detectadas para o
nitrato, seguido de nitrogênio amoniacal (Gráfico 8). Os valores de nitrato oscilaram
0123456
Salinidade
a)Vazante VazanteEnchente
0
100
200
300
400
500
600
Turbidez (UNT)
b)Vazante Enchente Vazante
41
de 1,30 mg.L-1 a 3,25 mg.L-1. O N-amoniacal não apresentou variação significativa
(mínimo de 0,24 mg.L-1 e máximo de 0,43 mg.L-1).
Gráfico 8- Distribuição dos valores de nitrato e N-amoniacal em função da maré, na foz do Rio Pacoval, em maio de 2011. Fonte: SEMA, 2011.
Os valores de fosfato, não tiveram um padrão de distribuição em função da
maré, o mínimo foi de 0,32 mg.L-1 e o máximo de 1,20 mg.L-1. Alves (2010) obteve
valores entre 0,13 mg.L-1 e 1,30 mg.L-1,próximos aos detectados neste trabalho.
A distribuição do silicato (mínimo de 18mg.L-1 e máximo de 78,48mg.L-1),
mostra um padrão de distribuição inverso ao da clorofila (Gráfico 9) a mínimo de
6,84 mg.m-3 e máximo de 53,35 mg.m-³, o que indica a assimilação desse nutriente
pelos organismos fitoplanctonicos. Na Plataforma Continental do Amazonas blooms
de diatomáceas foram verificados (DeMaster et al., 1986), como consequência da
disponibilidade de luz e de nutrientes, em especial o silicato.
Gráfico 9- Distribuição dos valores de silicato e clorofila-a em função da maré, na foz do Rio Pacoval, em maio de 2011. Fonte: SEMA, 2011.
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
14:00 15:00 16:00 17:00 18:00 19:00 20:00 21:00 22:00 23:00 00:00 01:00
Nitrato mg.L-1, N-amoniacal mg.L-1
Vazante VazanteEnchente
0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,0070,0080,0090,00
Silicato mg.L-1
a)Vazante VazanteEnchente
0,0010,0020,0030,0040,0050,0060,00
Clorofila a mg.m-³
Vazante VazanteEnchente
42
Resultados obtidos por Alves (2010) para silicato (6,75 mg.L-1 a 64,20 mg.L-1)
e clorofila a (4,22 mg.m-³ a 38,32 mg.m-³), mostram valores próximos aos que foram
detectados no presente trabalho.
ÍNDICE DE ESTADO TRÓFICO (IET)
O IET, neste estudo, confirma a elevada produtividade típica dos ambientes
amazônicos, o índice revela todos os pontos como “Hipereutróficos”, sendo reflexo
da elevadíssima concentração de clorofila-a registrada no ambiente (Tabela 4).
Tabela 4 - Classificação do Estado Trófico para rios segundo Índice de Carlson Modificado Categoria
(Estado Trófico) Ponderação Clorofila a (mg.m-3) *Costa Atlântica da
Ilha de Marajó Ultraoligotrófico IET=47 Cl=0,74
Oligotrófico 47<IET=52 0,74<CL=1,31 Mesotrófico 52<IET=59 1,31<CL=2,96
Eutrófico 59<IET=63 2,96<CL=4,70 Supereutrófico 63<IET=67 4,70<CL=7,46 Hipereutrófico IET>67 7,46<CL 59,07 mg.m-3
Fonte: Adaptado de Lamparelli, 2004. *Obtido neste trabalho
O IET tem por finalidade classificar corpos d’água em diferentes graus de
trofia, ou seja, avalia a qualidade da água quanto ao enriquecimento por nutrientes e
seu efeito relacionado ao crescimento excessivo das algas ou ao aumento da
infestação de macrófitas aquáticas (CETESB, 2011).
O IET varia de “Ultraoligotrófico” a “Hipereutrófico”, quando um ambiente
aquático é classificado como “Ultraoligotrófico” significa que o mesmo possui uma
carga muito pequena de nutrientes, o que implica em uma baixa produtividade em
termos de clorofila a, por outro lado, os ambientes classificados como
“Hipereutróficos” possuem uma carga muito elevada de nutrientes o que leva a
ocorrência de florações de algas.
Um índice é uma forma simples de analisar um conceito multidimensional que
envolve critérios de oxigenação, de transparência, de nutrientes eutrofizantes, de
biomassa, de composição e concentração de fito e zooplâncton, entre outros dados
(VON SPERLING, 2007).
43
5 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
As informações sobre o uso e ocupação do solo da área prevista para criação
da Unidade de Conservação na contra costa de Soure e Chaves são bastante
restritas uma vez que do total de 258.144,22 ha, apenas 33.557,87ha, ou seja,
quinze por cento correspondem aos locais com presença de solos. São solos de
origem Quaternária sujeitos a inundações periódicas causadas pelas marés e
também pelas precipitações pluviométricas. Esses solos distribuídos ao longo da
faixa litorânea e das margens dos rios e igarapés, na parte Sul da área em estudo,
encontram-se quase que sem a presença de habitações ou atividades agrícolas de
grande expressividade. A cobertura vegetal é representada por espécies comumente
encontradas nas várzeas como Açacu (Hura creptans), Andiroba (Carapa
guianenses), a taboca (Guadua sp.) com bastante expressividade e palmeiras das
espécies, Açai (Euterpe olerácea),e Buriti (Mauritia flexuosaL.) essa última,
ocupando uma considerável faixa de várzea entre a foz do Rio Maruim e a do Canal
das Tartarugas. Parte da área é também recoberta por pequenas formações de
(Avicennia).
A exceção ocorre na ilha conhecida como Machadinho, no Município de soure,
onde a família ali residente utiliza a pastagem natural existente na ilha para criação
de alguns rebanhos formados por um reduzido número de animais como bubalinos,
equinos, caprinos, suínos e aves.
Fotografia 8 - Rebanho de caprinos na Ilha Machadinho. Foto: SEMA, 2011
44
Fotografia 9- Bubalinos e Equinos na Ilha Machadinho. Foto- SEMA 2011.
Fotografia 10 - Aves criadas na Ilha Machadinho. Foto: SEMA 2011.
Outras raras habitações são encontradas próximo ao limite da área de estudo,
onde estão localizadas as grandes propriedades pertencentes aos fazendeiros do
Município de Soure. São residências utilizadas por capatazes das fazendas em
pontos extremos das propriedades para evitar a invasão e principalmente o roubo de
gado.
45
6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
Por estarem situadas na zona de interface terra-mar, as zonas costeiras se
caracterizam por serem regiões de numerosas interações biológicas, químicas,
físicas e meteorológicas.
A área em estudo, parte integrante do ecossistema costeiro amazônico, tem
características próprias devido principalmente a grande influência do Rio Amazonas
e seu estuário.
É um ecossistema sujeito a intensas modificações naturais causadas pelos
regimes de marés e pelos regimes pluviométricos resultando em bancos de areia e
lama, aparecimento e desaparecimento de ilhas e canais e movimentos de dunas.
É um ambiente altamente produtivo, em termos de biomassa de clorofila a o
que indica esta região como uma importante área de berçário, alimentação, repouso
e reprodução da fauna principalmente aquática sendo também local utilizado por
algumas espécies de aves migratórias.
No aspecto socioeconômico, a área pertencente à RDS, exerce bastante
influência no que diz respeito à atividade pesqueira, pois é a principal fonte de
alimento não só para as populações ribeirinhas locais, mas também para centenas
de pescadores de várias regiões cuja produção tem como principal objetivo o
abastecimento de vários municípios e do mercado consumidor da capital paraense.
Essa atividade concentra-se na faixa conhecida como mar territorial, extremidade
norte da área, onde várias embarcações de pequeno e médio porte equipados com
redes conhecidas como malhadeiras praticam a pesca de arraste.
46
Fotografia 11- Embarcações de pesca ao Norte da área prevista para criação da UC. Foto: SEMA, 2011.
Algumas vezes, embarcações industriais penetram nesse ambiente apesar de
proibidos por lei, em busca da Piramutaba, espécie voltada para exportação,
resultando geralmente em sérios conflitos com os pescadores artesanais.
Apesar do ecossistema costeiro já ser uma Área de Preservação Permanente e
por isso protegido pela legislação ambiental, a criação de uma Unidade de
Conservação de Proteção Integral envolvendo parte da costa paraense sem dúvida
irá contribuir para uma melhor proteção daquele ambiente contra as atividades
antrópicas degradantes que atualmente assolam a nossa zona costeira.
Quando da elaboração do plano de manejo, após a criação da UC, deverá ser
dado bastante atenção para a atividade pesqueira no sentido de estabelecer normas
de uso de apetrechos que não causem degradação ao ambiente local, como o uso
de redes com malhas fora do padrão estabelecido por lei. Com exceção da Ilha
Machadinho, onde uma família se encontra morando há vários anos desenvolvendo
atividades voltadas à pesca e criação de animais, não foi percebido a presença de
moradores no restante da área de Proteção Integral.
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REFERÊNCIAS
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