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ALEXANDRE SCHMAEDECKE Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em cães Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre em ciência Departamento: Cirurgia Área de concentração: Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres Orientador: Prof. Dr. Cássio Ricardo Auada Ferrigno São Paulo 2004

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Page 1: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

ALEXANDRE SCHMAEDECKE

Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em cães

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre em ciência

Departamento:

Cirurgia

Área de concentração:

Anatomia dos Animais Domésticos e

Silvestres

Orientador:Prof. Dr. Cássio Ricardo Auada Ferrigno

São Paulo

2004

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Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO

(Biblioteca da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)

T.1381 Schmaedecke, AlexandreFMVZ Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular

em cães / Alexandre Schmaedecke – São Paulo : A. Schmaedecke,2004.

101 f. : il.

Dissertação (mestrado) - Universidade de São Paulo. Faculdadede Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Cirurgia, 2004.

Programa de Pós-graduação: Anatomia dos Animais Domésticose Silvestres.

Área de concentração: Anatomia dos Animais Domésticos eSilvestres.

Orientador: Prof. Dr. Cássio Ricardo Auada Ferrigno.

1. Displasia coxo-femoral animal. 2. Periósteo. 3. Pelve.4. Cães. I. Título.

Page 3: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em
Page 4: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome do autor: SCHMAEDECKE, Alexandre

Título: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em cães

Dissertação apresentada à faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciência.

Data: ___/___/___

Banca Examinadora

Prof. Dr.______________________________________ Instituição:____________________

Julgamento:___________________________________ Assinatura:___________________

Prof. Dr.______________________________________ Instituição:____________________

Julgamento:___________________________________ Assinatura:___________________

Prof. Dr.______________________________________ Instituição:____________________

Julgamento:___________________________________ Assinatura:___________________

Page 5: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

Sonhei que estava andando na praia com o Senhor, E através do Céu, passavam cenas de minha vida.Para cada cena que passava, percebi pegadas na areia; Uma era minha e a outra do Senhor.Quando a última cena de minha vida passou diante de nós, olhei para as pegadas na areia,Notei que muitas vezes no caminho da minha vida havia apenas um par de pegadas na areia.Notei também que isso aconteceu nos momentos mais difíceis da minha vida.Isso aborreceu-me deveras e perguntei então ao Senhor:- Senhor, Tu me disseste que, uma vez que eu resolvi Te seguir, Tu andarias sempre comigo, todo o caminho,- Mas notei que nos momentos das maiores atribulações do meu viver havia na areia dos caminhos da vida, apenas um par de pegadas.- Não compreendo... Porque nas horas em que eu mais necessitava Tu me deixastes?O Senhor respondeu :- Meu precioso filho, Eu te amo e jamais te deixaria nas horas da tua prova e do teu sofrimento.Quando vistes na areia apenas um par de pegadas, foi exatamente aí queEU TE CARREGUEI EM MEUS BRAÇOS

A Deus,por iluminar meu caminho

Page 6: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

"Se eu pudesse deixar algum presente a você, deixaria aceso o sentimento de amor à vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo o que nos foi ensinado pelo tempo afora. Lembraria os erros que foram cometidos, como sinais para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos. Deixaria para você, se pudesse, o respeito aquilo que é indispensável: alem do pão, o trabalho e a ação. E, quando tudo mais faltasse, para você eu deixaria, se pudesse, um segredo. O de buscar no interior de si mesmo a resposta para encontrar a saída."

Mahatma Ghandi

Aos meus pais, Luiz Renato e Neide,por não me deixarem cair quando estava fraco, pela confiança, ajuda e carinho sem limitesAo meu irmão André,que embora mais novo, é para mim um modelo de perseverança na busca dos objetivos

Page 7: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

Aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós.Amado Nervo

Pitoco( meu cachorro que faleceu aos 16 anos, durante a realização deste trabalho) e todos os animais que contribuíram para minha formação,razão maior dos meus estudos e dedicação profissional

Page 8: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

"Se não houver frutos, valeu a beleza das flores. Se não houver flores, valeu a sombra das folhas. Se não houver folhas, valeu a intenção da semente..."

Latife, esta vitória também é sua

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Só existe uma coisa melhor do que fazer novos amigos:conservar os velhos.

Elmer G. Letterman

João Paulo, amigo de uma década,pela ajuda, conselhos e oportunidade concedidos

Page 10: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

"A glória da amizade não é a mão estendida, nem o sorriso carinhoso, nem mesmo a delícia da companhia. É a inspiração espiritual que vem quando você descobre que alguém acredita e confia em você."

Ralph Waldo Emerson

Rafael, meu irmão maranhense,André e Flávio,Cris, Carol e Ju,

minha família em São Paulo, por todos os bons momentos que vivemos

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Nada lhe posso dar que já não existam em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.

(Hermann Hesse)

Aos professores

Cássio, meu orientador,pela oportunidade concedida e pela relação de amizade com que desenvolvemos este trabalho

Silvia, minha orientadora espiritual,pelos conselhos e paciência a mim dedicados

Pedro Bombonato,pelas aulas, lições e conversas extra-classe, que muitas vezes ensinam mais do que horas de estudo

Page 12: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

AGRADECIMENTOS

À professora Maria Angélica Miglino, pela oportunidade concedida

Tatiane Campagnoli, por me abrir esta porta

Jorge, Rogério, Daniel, Helena, Ana Paula e toda equipe da clínica MVN, pela oportunidade e boa relação de trabalho

Aos alunos da pós graduação, que viveram juntos bons e maus momentos

Aos alunos da graduação, por mostrarem que pode-se construir um trabalho sério mesmo com ambientes descontraídos, onde impera a amizade e harmonia

Aos professores Francisco, Nanci, Paula e José Roberto, pelos ensinamentos transmitidos

Aos funcionários Índio, Diogo, Ronaldo, Jesus, Otávio e Maurício, pelos “galhos quebrados” e boa convivência nesse período

Marcos, Tatiana e Vanessa, pela amizade, e por estarem sempre prontos a ajudar

Marcos, aluno do CIES, pelo talento gentilmente cedido na confecção das ilustrações

Helena e Cris e Margareth, funcionárias da biblioteca, sempre atenciosas e prestativas

Ao CIES (Centro Integrado de Ensino Superior) pela oportunidade concedida e confiança depositada.

À CAPES pela concessão de bolsa de mestrado

Page 13: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

RESUMO

SCHMAEDECKE, A. Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em cães. [A quantitative study of actabular periosteum nerve fibers in dogs.]. 2004. 101 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, 2004.

A displasia coxo-femoral tem sido descrita como moléstia de origem genética,

caracterizada por incongruência articular, com alterações dos tecidos conectivos da

articulação. Podendo afetar qualquer raça, é particularmente prevalente em raças

grandes e gigantes e está apontada como a principal causa do desenvolvimento de

osteoartrite em cães. Muitas técnicas são apontadas para o tratamento destes

quadros, e novas pesquisas têm sido desenvolvidas no intuito de se obter técnicas

mais eficazes e menos cruentas, diminuindo também o tempo de recuperação.

Destas, a denervação da articulação coxo-femoral surge como técnica simples e

eficaz que recupera a atividade funcional dos membros afetados em tempo

significativamente menor em relação às demais. Esta técnica consiste em remoção

do periósteo acetabular, eliminando as fibras nervosas sensitivas da região com

conseqüente promoção da analgesia. Este estudo visou quantificar as fibras

nervosas presentes na região descrita, relacionando a densidade encontrada com a

técnica cirúrgica, na intenção de torná-la mais precisa e eficaz. Foram utilizados 30

acetábulos, provenientes de 15 cães, machos e fêmeas, com peso variando entre

22,0 Kg e 62,0 Kg. A dissecção macroscópica revelou simetria bilateral com variação

individual da enervação regional, com ramos originados dos nervos glúteo cranial,

isquiático e femoral. A enervação do periósteo acetabular foi estudada por método

de impregnação pela prata e os resultados obtidos apontam uma diferença

estatística significativa entre a densidade (fibras/mm2) da região crânio-lateral em

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relação à região caudo-lateral do acetábulo. Demonstraram ainda haver simetria

entre os antímeros estudados. As fibras nervosas apresentam disposição quase

vertical no periósteo acetabular, em direção à cápsual articular, o que sugere a

densidade nervosa também presente na região.

Palavras chave: Displasia coxo-femoral animal. Periósteo. Pelve. Cães

Page 15: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

ABSTRACT

SCHMAEDECKE, A. A quantitative study of actabular periosteum nerve fibers in dogs. [Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em cães.]. 2004. 101 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, 2004.

Hip dysplasia has been described as a genetic disease, caracterized by articular

incongruence with alterations in the articular connective tissues. It may affect all

breeds, prevailing in large and very large ones and it is supposedly the main cause

in the development of osteoarthrites in dogs. Many techniques are indicated for the

treatment of this disease, and new researches are being developed in the meaning of

obtaining more efficient and less traumatic techniques, keeping the post operative

time as short as possible. Among these, the denervation of the hip joint capsule

comes as a simple and effective technique, that recovers the functional activity of the

affected limbs in significantly less time then the others. This surgical procedure

consists in removing the acetabular periosteum, eliminating the nervous fibers with

consequent analgesy This study tried to quantify the nervous fibers present in the

mentioned region, relating the density found with the surgical technique, intending to

make it more efficient. Thirty acetabular fragments, from 15 dogs, both male and

female, weighting between 22,0 and 62,0 Kg, were used. Macroscopic dissection

showed bilateral symmetry, with individual variation of regional innervation, and

branches from the cranial gluteal, ischiaticus and femoral nerves. The acetabular

periosteal innervation was studied by silver staining and the results showed a

significatn difference between the nervous fiber density (fibers/mm2) of the cranial

lateral portion and caudal lateral portions of the acetabulum. They also showed both

antimeres are symmetric. Nervous fibers are positioned almost in a vertical position

Page 16: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

in the acetabular periosteum, running directed to the joint capsule, suggesting

nervous density also in that region.

Key words: Animal hip dysplasia. Periosteum. Pelvis. Dogs

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................20

2 REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................24

2.1 ARTICULAÇÃO COXO-FEMORAL.................................................................25

2.1.1 Componente ósseo e ligamentar ..............................................................25

2.1.2 Componente muscular...............................................................................27

2.1.3 Componente vascular ................................................................................28

2.1.4 Componente nervoso.................................................................................29

2.2 HISTOLOGIA ..................................................................................................32

2.2.1 Periósteo .....................................................................................................34

2.3 DISPLASIA COXO-FEMORAL........................................................................35

2.3.1 Etiologia ......................................................................................................36

2.3.2 Patogênese .................................................................................................38

2.3.2.1 Doença Articular Degenerativa..................................................................41

2.3.3 Sinais Clínicos ............................................................................................42

2.3.3.1 Técnicas específicas para diagnóstico......................................................43

2.3.3.2 Técnicas Radiográficas .............................................................................44

2.3.4 Tratamento..................................................................................................46

2.3.4.1 Tratamento Clínico ....................................................................................47

2.3.4.2 Tratamento cirúrgico..................................................................................47

2.3.4.2.1 Denervação articular .............................................................................48

3 MATERIAL E MÉTODO.....................................................................................50

3.1 ANIMAIS..........................................................................................................50

3.2 PREPARO.......................................................................................................50

Page 18: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

3.3 RANDOMIZAÇÃO ...........................................................................................52

3.4 IMPREGNAÇÃO PELA PRATA ......................................................................53

3.5 TESTE DE ESPECIFICIDADE........................................................................53

3.6 MENSURAÇÕES ............................................................................................54

3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................................54

4 RESULTADOS...................................................................................................56

4.1 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA DA ENERVAÇÃO ACETABULAR EM CÃES ............................................................................................................57

4.2 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA QUANTIFICAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS DO PRIÓSTEO ACETABULAR EM CADA ANTÍMERO ANALISADO .............................................................................58

4.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA QUANTIFICAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS DO PRIÓSTEO ACETABULAR EM CADA REGIÃO DOS ANTÍMEROS ANALISADOS .................................................62

4.4 AVALIAÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS DOS RESULTADOS OBTIDOS NA QUANTIFICAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS DO PERIÓSTEO ACETABULAR DE CADA ANIMAL EM RELAÇÃO AO SEU PESO ...........................................................................76

5 DISCUSSÃO ......................................................................................................78

6 CONCLUSÕES ..................................................................................................85

REFERÊNCIAS.....................................................................................................86

ANEXOS ...............................................................................................................97

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Desenho esquemático ilustrando a trajetória das fibras nervosas do periósteo em direção ao osso cortical e medular – São Paulo – 2004 .....35

Figura 2 –Desenho esquemático da enervação acetabular em cães – São Paulo – 2004 ............................................................................................57

Figura 3 – Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, segundo o antímero analisado – São Paulo – 2004................................................60

Figura 4 – Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região A do antímero direito – São Paulo – 2004 ......................................................................................................63

Figura 5 – Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região B do antímero direito – São Paulo – 2004 ......................................................................................................65

Figura 6 – Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região C do antímero direito – São Paulo – 2004 ......................................................................................................67

Figura 7 – Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região A do antímero esquerdo – São Paulo – 2004 ............................................................................................69

Figura 8 – Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região B do antímero esquerdo – São Paulo – 2004 ............................................................................................71

Figura 9 – Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região C do antímero esquerdo – São Paulo – 2004 ............................................................................................73

Figura 10 – Diagrama de caixas indicando a distribuição das fibras nervosas do periósteo acetabular, distribuídos segundo cada região analisada – São Paulo – 2004 ..................................................................................75

Figura 11 – Correlação entre a média dos resultados obtidos pela contagem de fibras nervosas acetabulares de cada animal e seu respectivo peso – São Paulo – 2004 .....................................................................................76

Page 20: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, agrupados segundo o sexo, peso, região, antímero e divisão analisados – São Paulo – 2004..........................................................59

Tabela 2 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, distribuídos segundo o antímero analisado – São Paulo – 2004........61

Tabela 3 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região A do antímero direito – São Paulo – 2004 .............64

Tabela 4– Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região B do antímero direito – São Paulo – 2004 .............66

Tabela 5 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região C do antímero direito – São Paulo – 2004 .............68

Tabela 6 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região A do antímero esquerdo – São Paulo – 2004 ........70

Tabela 7 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região B do antímero esquerdo – São Paulo – 2004 ........72

Tabela 8 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região C do antímero esquerdo – São Paulo – 2004 ........74

Tabela 9 – Valores médios do número de fibras nervosas acetabulares de cada animal estudado em relação ao seu peso corporal – São Paulo – 2004 ......................................................................................77

Page 21: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

Introdução

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22

1 INTRODUÇÃO

Os animais de companhia vêm, ao longo dos anos, ganhando status de

“membros da família” de seus proprietários, principalmente nos grandes centros

urbanos, onde o cotidiano das pessoas acaba por absorver quase a totalidade do

tempo disponível, fazendo com que estas optem por famílias menos numerosas.

Diante do fato, o zelo e os cuidados dispensados aos animais têm aumentado

significativamente, obrigando aos veterinários a desenvolver e especializar a ars

veterinaria.

Mas engana-se quem imagina que este seja um processo recente e

transitório. A domesticação dos animais data de milhares de anos antes de Cristo.

Evidências arqueológicas sugerem que o cão pode ter sido o primeiro animal

domesticado.

A caverna Palegawra, nos pés das montanhas Zagros, oeste do Irã, é o local

onde foi encontrado o primeiro fóssil de mandíbula de canídeo, acreditando-se ser

de um cão, a cerca de 10.000 a.C. Desenhos em cavernas apontam que os cães

estavam presentes junto aos humanos, principalmente em caçadas.

Juntamente com a domesticação, surge a necessidade de alguém capaz de

entender os processos biológicos dos animais, tanto na saúde, quanto em quadros

mórbidos.

Do início dos quadros de “cura”, nos tempos pré-históricos, chega-se aos

primeiros processos cirúrgicos em animais, confundidos mesmo com o início da

cirurgia em humanos, pois os instrumentos e técnicas eram os mesmos. A primeira

cirurgia que se tem conhecimento é a trepanação, para dar vazão aos “maus

espíritos”.

Page 23: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

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23

Das civilizações antigas surgem as primeiras leis que regimentam a cirurgia

humana e veterinária: o código de HAMMURABI (2200 a.C.), que regulamenta a

prática, responsabilidade e remunerações dos cirurgiões humanos e de animais; no

“Papiro de KAHUN (1900 a.C.), constam processos de contenção, receitas e

pequenas operações.

Depois de um longo período sem grandes avanços neste processo, surgem,

durante a Renascença, destaques na França e Itália, principalmente no tratamento

de eqüinos.

O século XVIII vem trazer, sem dúvida, o início da medicina veterinária

moderna, com a fundação da Escola Veterinária de Lion (1762) e Alfort (1765),

dando início ao segundo período da história veterinária: o período educacional.

Nesta época os cirurgiões surgem como os primeiros grandes mestres da

veterinária. Lafosse se projeta como anatomista e cirurgião de renome. Na

Alemanha, Wolstein se destaca com suas publicações e, na Inglaterra, funda-se o

Colégio de Veterinária de Londres (1791). É nesse período que John Hunter (1728-

1793) tem grande projeção. Trabalhando com fraturas e crescimento ósseo, muito

do qual aprendido com estudos em animais, estabelece-se como pioneiro em

ortopedia. O termo, que vem do grego Orthios (direito) e pais (criança), descreve os

ensinamentos dos métodos de tratamento e prevenção das deformidades em

crianças.

O século XIX surge com novidades em termos de fixação e redução de

fraturas, na tentativa de se prevenir a formação de seqüelas indesejáveis. Em cães,

Blaine (1824) aplica imobilizações de madeira, fixadas por tiras de couro.

Page 24: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

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24

No final do século surgem as primeiras cirurgias com anestesia, feitas por

Liston, utilizando éter em uma amputação. Surgem também as primeiras evidências

de que a anti-sepsia poderia auxiliar na recuperação dos processos cirúrgicos.

A descoberta dos raios-X por Röentger (1895) foi o avanço mais notável desta

época, permitindo melhor avaliação dos quadros mórbidos e conseqüente

explicação dos insucessos de até então.

No século passado, a grande evolução da ortopedia veterinária data dos anos

50, com o início de seu processo de especialização, seguindo os padrões da

medicina humana. Por razões práticas, os mais beneficiados com esta evolução

foram os cães e gatos.

Desde então, estudos têm sido desenvolvidos para se obter tratamentos

adequados nos processos ósteo-articulares, quer sejam conservadores ou

cirúrgicos, no intuito de estabelecer o retorno da função inicial, com mínima ou

nenhuma seqüela, no menor tempo de recuperação possível.

Os avanços cirúrgicos só são possíveis mediante o estabelecimento da

anatomia e fisiologia dos tecidos e órgãos envolvidos, o que norteia a maioria das

pesquisas atuais.

Na Medicina Veterinária, a displasia coxo-femoral tem se apresentado como a

principal afecção ortopédica, sendo responsável por quase 50% dos atendimentos

desta especialidade. Embora sua causa ainda seja motivo de investigação, acredita-

se que crescimento muito rápido, associado a ganho de peso em igual velocidade, e

fatores genéticos sejam determinantes para o aparecimento do quadro.

Muitas são as técnicas apontadas para o tratamento, como são também as

pesquisas em relação a esta doença.

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25

Como uma das mais recentes técnicas apresentadas está a denervação

articular, procedimento cirúrgico simples, que consiste na neurotomia seletiva das

fibras sensitivas do periósteo acetabular, promovendo a completa recuperação das

atividades em período notavelmente inferior a qualquer tratamento proposto.

O objetivo deste trabalho foi quantificar as fibras nervosas do periósteo

acetabular em cães, para se desenvolver uma técnica precisa e eficaz na cirurgia de

denervação da articulação coxo-femoral de cães.

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Revisão de Literatura

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27

2 REVISÃO DE LITERATURA

Com a finalidade de se realizar uma revisão da literatura sobre a

enervação do periósteo do acetábulo em cães, considerou-se primordial a

divisão deste capítulo em três sub-capítulos, sendo, inicialmente, um sub-

capítulo que abordasse publicações a respeito da anatomia descritiva da região

analisada; em segundo momento, que abordasse publicações a respeito da

histologia do tecido ósseo e periósteo e, em momento final, por se tratar de

dissertação de anatomia relacionada à cirurgia veterinária, sub-capítulo

trazendo publicações inerentes à cirurgia de displasia coxo-femoral, alvo

principal da aplicação do resultado desta pesquisa.

Apesar de haver alguma pesquisa em relação à enervação de ossos

longos, bem como em relação à enervação da cápsula articular, não verificou-

se estudo referente à região acetabular em específico.

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28

2.1 ARTICULAÇÃO COXO-FEMORAL

A articulação coxo-femoral é formada por duas estruturas ósseas, a

cabeça femoral e o acetábulo, sendo a primeira um componente articular

hemisférico, proveniente da região proximal do fêmur, e que se encaixa na

segunda. Sua configuração anatômica, a qual consiste em articulação do tipo

sinovial, apresentando líquido sinovial, cartilagem, cápsula e cavidade articular,

permite a realização de movimentos com estabilidade, congruência e

amplitude, sob baixa fricção (HARTY, 1985; MANLEY, 1993; MILLER;

CHRISTENSEN, 1974).

2.1.1 Componente ósseo e ligamentar

A região proximal do fêmur inclui a cabeça, o colo e três trocânteres. O

colo femoral é a continuação da diáfise femoral e seu comprimento é

controlado pelo crescimento endocondral da placa da cabeça do fêmur

(BENNET; DUFF, 1980). Esta placa, denominada placa terminal, associada ao

sistema Haversiano disposto horizontalmente, e a quantidade de osso

trabecular subjacente a ela, proporcionam elasticidade e desempenham

importante papel na absorção de impactos, protegendo a cartilagem contra

lesões traumáticas (RADIN; ROSE, 1986).

A cabeça do fêmur é hemisférica e constitui cobertura de cartilagem para

o colo, estendendo-se em seu aspecto caudal até a fossa trocantérica. A fóvea

é a região achatada localizada na porção caudo-medial da cabeça femoral,

desprovida de cartilagem, onde se insere o ligamento da cabeça do fêmur

Page 29: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

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(ligamento redondo). Este ligamento tem formato filamentar e se estende da

fóvea até a fossa acetabular, onde se fixa ao acetábulo em seu periósteo e ao

ligamento acetabular transverso. O ligamento da cabeça do fêmur é

primariamente importante na estabilidade da articulação coxo-femoral (EVANS;

CHRISTENSEN, 1979).

O trocânter maior é o maior dos três trocânteres e serve como ponto de

inserção dos músculos glúteo profundo, glúteo médio, e piriforme. Está

conectado ao colo femoral por linha óssea densa, a linha transversa. A fossa

trocantérica é a depressão localizada caudalmente a essa linha e medialmente

ao trocânter maior. A fossa é o ponto de inserção dos músculos gemelar e

obturador interno e externo. O trocânter menor é a projeção triangular

localizada na base do aspecto caudo-medial do colo femoral. A crista

intertrocantérica, no aspecto caudal do trocânter maior, se curva na direção

caudo-medial, para terminar no trocânter menor. O terceiro trocânter está

localizado 1 a 2 cm do trocânter maior, sendo o ponto de inserção do músculo

glúteo superficial (EVANS; CHRISTENSEN, 1979).

O acetábulo é a cavidade formada pela fusão dos ossos ílio, ísquio,

púbis e acetabular (EVANS; CHRISTENSEN, 1979, HARTY, 1985), que ocorre

na décima segunda semana pós-natal, e que continua seu desenvolvimento em

resposta a presença da cabeça do fêmur (SCHOENECKER et al., 1984). A

entrada do acetábulo, nas articulações coxo-femorais saudáveis, está

direcionada caudo-lateralmente. No acetábulo, se forma região semelhante a

ferradura, revestida de cartilagem articular, denominada superfície semilunar.

Em sua porção central, em área deprimida e delgada, a fossa acetabular, se

inserem os ligamentos redondo e acetabular transversal. Este se estende e

Page 30: Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em

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envolve a região ventral da cabeça femoral, aumentando a profundidade do

acetábulo. O labrum acetabular é a continuação deste ligamento como um anel

fibrocartilaginoso, anexado à periferia do acetábulo. Estas estruturas

fibrocartilaginosas têm a função de aumentar a estabilidade articular (RISER,

1975).

2.1.2 Componente muscular

A articulação coxo-femoral é envolvida por variedade de grandes grupos

musculares importantes no suporte, estabilidade e locomoção (MANLEY,

1993).

Os músculos flexores incluem o iliopsoas, o tensor da fáscia lata, o

articular da coxa, o reto femoral e o sartório (EVANS; CHRISTENSEN, 1979).

O iliopsoas é o principal flexor em humanos e é vital para os cães (HARTY,

1985). O articular da coxa é um pequeno músculo e tem ínfimo papel na flexão

e rotação interna da articulação. O sartório e o reto femoral indiretamente

flexionam a articulação coxo-femoral por sua ação na articulação do joelho

(EVANS; CHRISTENSEN, 1979; HARTY, 1985).

Os extensores da articulação coxo-femoral formam o maior grupo

muscular e incluem os músculos glúteos, piriforme, quadrado femoral, bíceps

femoral, semitendinoso, semimembranoso, grácil e adutor (MANLEY, 1993).

Os músculos rotadores externos incluem os obturadores interno e

externo, gemelar, quadrado femoral e iliopsoas. A transecção dos rotadores

externos resulta em alguma rotação interna da articulação coxo-femoral e do

joelho, e movimento anormal dos membros pélvicos. Os rotadores internos e

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abdutores do fêmur incluem os glúteos e o tensor da fáscia lata. Os adutores

incluem o adutor longo, adutor magno e breve, pectíneo e grácil (MANLEY,

1993).

2.1.3 Componente vascular

O suprimento vascular da articulação coxo-femoral, colo femoral e

epífise femoral em cães imaturos provém das artérias circunflexas femorais

medial e lateral, com menor suprimento da artéria gluteal caudal. Estes três

vasos formam anel extracapsular que contorna toda a circunferência articular.

A artéria circunflexa lateral fornece suprimento para a porção dorsal e cranial

do anel, assim como a circunflexa medial para a porção ventral e caudal e a

artéria gluteal caudal para pequena porção próxima à fossa trocantérica. As

artérias do anel extracapsular englobam a cápsula articular e dão origem a

série de artérias cervicais ascendentes (artérias retinaculares), que invadem o

colo femoral sob a reflexão da cápsula articular. Estas artérias atravessam a

periferia da placa terminal, infiltrando na cabeça do fêmur como artérias

epifiseais. As artérias epifiseais dorsal e ventral formam uma rede, suprindo a

irrigação da região (e a zona proliferativa da cabeça femoral em cães

imaturos). Embora a irrigação arterial seja evidente no ligamento da cabeça do

fêmur, este irriga apenas pequena porção da epífise capital (KADERLY, 1983;

RIVERA, 1979). A artéria circunflexa medial dá origem à artéria nutrícia, que

invade o fêmur na sua face caudal entre seu terço proximal e médio. As

artérias nutrícias se tornam artérias metafiseais no terço proximal do fêmur e

colo femoral. Em animais imaturos, antes do fechamento da placa de

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crescimento, a artéria metafiseal não atravessa a placa de crescimento. Uma

vez fechada a placa de crescimento, a artéria então se anastomosa com a

artéria epifiseal para irrigar a epífise da cabeça femoral. O aumento na

quantidade do líquido sinovial, subluxação da cabeça do fêmur ou fratura da

placa de crescimento podem resultar em dano irreversível ao suprimento

sangüíneo da região, com concomitante alteração da estrutura articular

(HULSE, 1980; KADERLY, 1983; MANLEY, 1993; SCHOENECKER et al.,

1984).

A integridade da irrigação sangüínea é essencial para a manutenção da

normalidade da estrutura e da função. As alterações da drenagem venosa

podem ter efeitos profundos no osso. A atividade muscular é componente

importante do mecanismo de manutenção da integridade vascular óssea. A

contração dos músculos oclui temporariamente os canais venosos e eleva a

pressão vascular na medula óssea. Esta ação bombeadora dos músculos é

importante para a drenagem vascular e para a estrutura óssea. Por este

motivo, a imobilização prolongada dos membros durante processos de fratura

está associada a redução da massa óssea (osteopenia quantitativa) proximal e

distal ao local da fratura (PERRIN, 1969).

2.1.4 Componente nervoso

Em 1846 um anatomista francês dissecou um cavalo e mostrou em sua

conferência um nervo que acompanhava a artéria nutrícia para dentro do

fêmur, emitindo projeções para o periósteo. Trinta e cinco anos depois, dois

cientistas duvidaram do método empregado para visualização dos nervos,

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apresentando um novo modelo de estudo. Variot e Remy (1880 apud

SHERMAN, 1963)1 demonstraram a enervação em cortes histológicos,

estudando exemplares de braços humanos amputados, um feto humano, cães

de várias idades, além de muitos outros animais. Os fragmentos eram tratados

com cloreto de ouro, ácido ósmico ou picrocarmina, descrevendo que os

componentes tissulares são facilmente separáveis, os glóbulos adiposos e os

nervos claramente identificáveis. Eles ilustraram nervos que variavam de dez a

100 micra de diâmetro e que continham muitas vezes aproximadamente 30

fibras. Descreveram tanto fibras mielínicas quanto amielínicas, geralmente em

associação com vasos sangüíneos, sem demonstrarem suas terminações. E

concluíram que a medula era extraordinariamente rica em nervos. Outros 20

anos se passaram para que Ottolenghi, em estudo histológico detalhado

pudesse confirmar os achados de Variot e Remy (SHERMAN , 1963).

Nenhuma atenção foi dada a este fato até que um estudante de Cajal,

chamado De Castro, iniciou pesquisa de interesse. Ele adaptou impregnação

nervosa utilizada para osso embrionário e pode identificar fibras simpáticas

isoladas, caminhando sobre capilares, que participavam da ossificação

endocondral na linha de crescimento. Em estudo posterior, descreveu que

fibras similares terminavam em um anel de protoplasma de osteoblastos em

um tecido osteóide; assim que este calcificasse esta enervação era perdida por

atrofia retrógrada da fibra; e em osso maduro, ambas as fibras, mielínicas e

amielínicas, podem ser vistas, a primeira terminando na adventícia profunda de

vasos arteriais e a segunda, muito mais numerosa e provavelmente de função

vasomotora, em anéis da muscular da parede vascular (SHERMAN, 1963).

1 VARIOT, G.; REMY, C. Sur les nerfs de la moelle des os. J. A’Anat. Et Physiol, v. 16, p. 273-284, 1880.

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Estimulados pelas publicações de De Castro, muitos pesquisadores

usaram variações de suas técnicas com resultados contraditórios, sendo

demonstradas terminações nervosas em forma de bulbos no periósteo, fibras

nervosas em matriz óssea de gato e terminações nervosas ao redor da

membrana endosteal (SHERMAN, 1963).

LERICHE (1930 apud SHERMAN, 1963) 1 declarou que os ossos contêm

nervos que suprem tanto a medula quanto o tecido ósseo. Descreveu fibras “

centrífugas” do sistema simpático e fibras “centrípetas” do cérebro e medula

espinal pelas quais eram mediadas a dor, bem como a posição e percepção

espacial, dados estes comprovados mais tarde por vários trabalhos científicos

(ASCENZI; BELL, 1972; HELAL, 1965; INSALL et al., 1974; KUNTZ; RICHINS,

1945; MACH et al., 2002; MILGRAM; ROBINSON, 1965; RUBENS, 2000;

THURSTON, 1982).

Polacek (1961), em amplo estudo, demonstrou a variabilidade

morfológica das terminações nervosas, comparando-as em articulações de

ratos, coelhos, morcegos, gatos, cães e macacos.

O estudo da enervação da articulação coxo-femoral em cães tem se

tornado de fundamental importância, principalmente após a descoberta de

novas técnicas cirúrgicas que permitem a neurotomia sensitiva da região

acetabular, devolvendo ao animal a amplitude de seus movimentos. No

entanto, os resultados obtidos ainda são controversos (KINZEL et al., 1998).

Staszyk e Gasse (2002) propuseram modelo baseado em enervação

segmentar, com as fibras nervosas penetrando por áreas distintas da cápsula

1 LERICHE, R. Le paradoxe de la sensibilté osseuse. Presse Méd., v. 38, p 1059-1060, 1930

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articular, além de fibras nervosas “indiretas” que penetram continuamente da

musculatura pelo periósteo e cápsula, o que denominou de enervação múltipla.

Percebeu ainda que, ao contrário das articulações de cotovelo e ombro, onde

as enervações são assimétricas, a articulação coxo-femoral possui uma

enervação bilateralmente simétrica e individualmente variável.

Sob este aspecto, Gardner (1948) já havia descrito ramos articulares do

nervo femoral, obturador, quadrado femoral e glúteo cranial enervando a

cápsula em seres humanos. No entanto, Kinzel et al. (1998) demonstrou em

seu estudo em 16 cães, a enervação partindo de ramos articulares do nervo

glúteo cranial em sua porção cranio-lateral e, em sua porção caudo-lateral,

ramos oriundos dos nervos isquiático e femoral, não podendo indicar

enervação do nervo obturador em nenhum cão.

É notória a intimidade entre o componente nervoso e a articulação, uma

vez que é freqüente a perda da função neurológica em quadros de fratura

acetabular e displasia, tanto em relação aos nervos glúteo cranial

(SIEBENROCK et al., 2000; WILLICK et al., 1998), quanto isquiático

(FEARNSIDE; BLACK, 1999; SORJONEN et al., 1990).

2.2 HISTOLOGIA

O osso é um tecido conjuntivo especializado, formado por células

incluídas em substância gelatinosa, que se torna mineralizada. O método de

secreção e a forma pela qual as células ficam enclausuradas na matriz são

semelhantes aos fenômenos observados na cartilagem. A fase mineral é

característica típica do osso. O componente mineral é formado

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predominantemente por cristais de hidroxiapatita. A matriz orgânica do osso é

semelhante à da cartilagem (COOPER et al., 1958).

O osso é tecido extremamente vascularizado. As células ósseas

raramente estão situadas a mais de 2 mm de um vaso sangüíneo. A matriz

óssea tem capacidade de expansão mínima, sendo o osso incapaz de crescer

através do mecanismo intersticial. O crescimento aposicional é, portanto, seu

único meio de crescimento (KINCAID; VAN SICKLE, 1983).

O estudo histológico do osso pode ser feito pelo exame de cortes

desmineralizados ou mineralizados. A desmineralização é feita através de dois

procedimentos primários, a quelação ou a hidrólise ácida. Linder (1978) indica

o emprego dos dois procedimentos na preparação de material ósseo

desmineralizado, relatando sua preferência pelo agente quelante, por manter

as estruturas mais próximas do parâmetro normal, embora o uso de agentes

ácidos seja compatível. A desmineralização, também chamada de

descalcificação, resulta na eliminação da fase mineral do osso. O material

orgânico que permanece depois desse tipo de tratamento é chamado de

osteóide. Podem ser obtidos cortes finos de osso por esse método. Os cortes

de osso assim preparados mantêm de forma aproximada as relações entre os

constituintes da matriz. Os detalhes citológicos também são mantidos. As

amostras mineralizadas são cortadas com lâminas de tungstênio ou revestidas

por diamante, ou ainda desgastadas em material abrasivo. Os detalhes

citológicos não são mantidos com este método; todavia, a natureza da matriz

proporciona informações valiosas sobre a atividade celular (OWEN, 1978).

A população celular do osso está distribuída por todo o tecido em dois

locais específicos. O subconjunto osteocítico está localizado no interior da

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matriz óssea. As outras células estão localizadas nas superfícies ósseas, em

envoltórios morfologicamente diferentes, periósteo e endósteo. Embora as

populações celulares destes envoltórios pareçam idênticas, as respostas

celulares destes conjuntos são diferentes durante o crescimento e o

envelhecimento (KINCAID; VAN SICKLE, 1983).

2.2.1 Periósteo

O periósteo é o revestimento mais externo do osso. Este envelope

reveste o osso inteiro, exceto nas superfícies articulares. O revestimento deve

ser cortado ou removido antes que o tecido ósseo subjacente seja visualizado

diretamente. O periósteo é formado por camadas fibrosas e celulares. A

camada fibrosa é constituída por tecido conjuntivo denso, o qual é considerado

a cápsula do órgão. As fibras colágenas dos ligamentos e dos tendões se

mesclam a esta camada e passam através dela antes de se ancorarem ao

tecido ósseo sob a cápsula. A camada celular do periósteo é formada por

células mesenquimatosas, células osteoprogenitoras, osteoblastos e

osteoclastos. O periósteo é bastante vascularizado (ASCENZI et al., 1967),

sendo o trajeto da rede vascular geralmente paralelo às fibras nervosas

(BJURHOLM et al, 1988; HILL; ELDE, 1991; HUKANEN et al., 1993;

TABAROWSKI et al., 1996) . Muitas fibras nervosas caminham pelo periósteo,

ramificando ao redor destes vasos sangüíneos, e ocasionalmente terminando

em contato com suas paredes. Fibras isoladas ou pequenas terminações

nervosas seguem caminho por entre as células, independentemente dos vasos

(THURSTON, 1982), conforme ilustrado na figura 1.

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Figura 1 – Desenho esquemático ilustrando a trajetória das fibras nervosas do periósteo em direção ao osso cortical e medular – São Paulo - 2004

2.3 DISPLASIA COXOFEMORAL

A má formação da articulação coxo-femoral em cães ou Displasia Coxo-

femoral (DCF), é disfunção do desenvolvimento articular, de origem hereditária,

mas não congênita (LUST, 1973), ou seja, os cães nascem com articulações

normais; no entanto, durante o crescimento do animal, existe uma disparidade

entre o esqueleto e os tecidos musculares de suporte (ALEXANDER, 1992;

NUNAMAKER et al., 1973). O grau de envolvimento varia de pequenas

alterações até a destruição da articulação coxo-femoral (FOX et al., 1987).

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Costa (2003) relata que a primeira descrição da DCF foi feita por

Schnelle, em 1935, com o nome errôneo de luxação coxo-femoral bilateral

congênita, tendo este acreditado ser moléstia rara. Atualmente sabe-se que é

afeção comum, na prática veterinária, sendo responsável por quase 30% dos

atendimentos ortopédicos (RICHARDSON, 1990). Podendo afetar todas as

raças, é mais prevalente em raças grandes e gigantes (SMITH et al., 2001).

Doença similar já foi descrita em humanos, gorilas, ursos, eqüinos,

bovinos e felinos. No entanto, a DCF é mais prevalente em cães (LUST, 1973).

Dentre as raças mais afetadas, Lust et al. (1973) citam o São Bernardo,

Malamute, Bulldog, Boxer, Collie, Doberman, Rottweiler, Pastor Alemão,

Golden Retriever, Husky e Labrador. A incidência da doença nestas raças foi

confirmada por estudos de Corley (1992) e Smith et al. (2001). Lust et al.

(1973) apontam a possibilidade de cães de raças pequenas e gatos

normalmente não demonstrar os sinais clínicos da DCF por apresentarem

menos estresse em suas articulações.

A displasia pode acometer uma ou as duas articulações, sendo a

apresentação unilateral menos freqüente (COSTA, 2003). Machos e fêmeas

são igualmente predispostos (LUST et al., 1973), embora estudo realizado por

Hedhammar (1979) aponte um número maior de fêmeas afetadas.

2.3.1 Etiologia

A etiologia e etiopatogenia da DCF, embora muito estudadas, ainda não

estão bem definidas (LUST et al., 1973), sendo influenciadas por uma série de

fatores e forças (ALEXANDER, 1992). A arquitetura da articulação coxo-

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femoral neonata é predeterminada por uma impressão genética que modela a

articulação, determina as inserções musculares e o tamanho, a enervação, e o

desenvolvimento e estruturação da cabeça e colo femorais, trocânter maior e

ossos adjacentes (FROST, 1989). Costa (2003) indica a DCF como uma

doença hereditária poligênica oriunda da interação de centenas de genes, cada

um contribuindo com pequena parcela de seu desenvolvimento.

Intimamente ligado aos fatores genéticos, o estresse ambiental por qual

o filhote irá ser submetido influencia no desenvolvimento da DCF

(ALEXANDER, 1992). Programas de exercício intenso, excesso de alimento e

tipo de piso onde o animal é mantido são fatores que podem estar associados

ao desenvolvimento da DCF e conseqüente doença articular degenerativa

crônica (COSTA, 2003).

O período mais crítico do desenvolvimento do filhote é do nascimento

até os sessenta dias de idade. Neste período, os músculos e nervos da

articulação coxo-femoral estão imaturos e sua função é limitada

(RICHARDSON, 1992). As diferenças na musculatura pélvica entre cães com

articulações anatomicamente normais e cães com DCF proporcionam o suporte

básico da teoria em que a doença é uma alteração biomecânica entre o

crescimento do esqueleto e o desenvolvimento da massa muscular adjacente.

Isto sugere que o desenvolvimento e a maturação muscular ocorre mais

lentamente que o do esqueleto. Deste modo, o estresse provocado pelos

fatores descritos pode sobrecarregar a articulação, iniciando várias alterações

secundárias que levarão à osteoartrite e doença articular degenerativa

(FROST, 1989; CARDINET et al., 1997).

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Os fatores nutricionais também são relatados como predisponentes. A

alimentação excessiva promove um aumento no peso, sem, no entanto,

antecipar a maturação óssea e muscular, determinando o surgimento,

aumentando a freqüência e a severidade da DCF em animais suscetíveis

(HEDHAMMAR, 1979; LUST et al., 1973; RICHARDSON, 1992).

Dentro dos desequilíbrios nutricionais, os cães jovens não conseguem

contrabalançar o excesso de cálcio, ocasionando diminuição da atividade

osteoclástica, e atraso da remodelação óssea (LUST et al. 1973; RISER,

1975). A vitamina D favorece a absorção de cálcio pelo intestino e evita sua

eliminação, o que simula os efeitos do excesso de cálcio (HAZEWINKEL,

1994). Deste modo, o excesso de cálcio ou vitamina D pode contribuir para o

desenvolvimento de DCF em animais geneticamente propícios, devendo ser

evitados em cães jovens de raças grandes e gigantes (FRIES; REMEDIOS,

1995).

O ácido L-ascórbico (vitamina C) tem papel fundamental em muitos

mecanismos de regulação homeostática corporal. Provavelmente o mais

importante mecanismo é o de hidroxilação de lisina e prolina durante a síntese

de colágeno, que por sua vez é a mais importante proteína estrutural do

organismo. Colágeno tipo I é o mais densamente distribuído nos tecidos

conectivos, primariamente nos ossos e ligamentos. No entanto, estudos

clínicos realizados por Fries e Remedios (1995), não comprovaram nenhuma

eficácia na suplementação de vitamina C como profilaxia para o

desenvolvimento de DCF em cães. Pelo contrário, desencorajam seu uso, pois

pode levar a perpetuação de quadros de hipercalcemia, atrasando a maturação

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cartilagínea, reduzindo a reabsorção óssea e afetando a remodelação óssea

normal.

Em relação ao equilíbrio eletrolítico da dieta, Kealy (1992) demostrou

que ao se fornecer uma dieta aniônica com menos de 20 mEq/100g de

alimento, é possível diminuir a quantidade de líquido sinovial formada, um dos

pontos fundamentais da frouxidão articular desenvolvida na DCF. Quando o

volume de líquido sinovial está aumentado, como nos casos de DCF, a cabeça

do fêmur sofre uma pressão excessiva, predispondo a quadros de subluxação

(COSTA, 2003). A modificação da dieta diminui o volume de líquido, melhora a

estabilidade articular e minimiza a severidade da DCF. Entretanto, estudos

adicionais são necessários para determinar se a diferença na osmolaridade do

líquido sinovial é primária ou secundária e se a dieta causa alterações no

equilíbrio ácido-básico, na quantidade de minerais do esqueleto ou no

crescimento dos ossos (HAZEWINKEL, 1994).

2.3.2 Patogênese

No animal adulto, incluindo os humanos, a cartilagem articular perde

nervos, vasos linfáticos e um contato direto com o sistema vascular (MORGAN,

1992). Embora a ausência de terminações nervosas possa parecer vantajosa

em termos de perda de percepção dolorosa em casos de injúria, atualmente

este é fator fundamental no desenvolvimento da doença articular degenerativa,

pelo extensivo e potencialmente irreversível dano que pode ocorrer antes da

intervenção clínica. A perda de um aporte vascular direto à cartilagem requer

que a difusão dos nutrientes saia do plexo vascular sinovial, atravesse a

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membrana, para se diluir no líquido sinovial, e penetrar pela matriz

cartilaginosa para chegar aos condrócitos. A troca de nutrientes é processo

efetivamente passivo, facilitado pela constante compressão e re-expansão da

matriz cartilagínea. Embora este mecanismo funcione satisfatoriamente em

articulação anatomicamente normal, a existência de lesões na membrana

sinovial ou cápsula articular, que podem estar presentes na DCF, resulta em

comprometimento no aporte nutritivo da cartilagem. Além disso, a ausência de

aporte vascular direto resulta em limitada resposta a injúria. A reação

inflamatória aguda provocada por processo não infeccioso ou asséptico,

envolve infiltração mínima de células e a suas proteases, hidrolases e outras

enzimas associadas, o que pode potencialmente afetar a cartilagem

(MORGAN, 1992).

A arquitetura da cartilagem articular é não só importante na nutrição,

mas desempenha papel efetivo no amortecimento necessário das articulações

sustentadoras de peso. As características de configuração e bioquímicas da

matriz intercelular são as primariamente responsáveis pela resistências da

cartilagem articular à deformação (MANKIN et al., 1972). Em termos gerais, a

matriz cartilaginosa é composta basicamente por água e duas macromoléculas:

proteoglicanas e colágeno. Proteoglicanas são compostas por cadeia protéica

linear com açúcares polidiméricos agregados, conhecidos como

glicosaminoglicanas (GAG’s). As macromoléculas formam aglomerados que se

unem ao colágeno. As GAG’s encontradas na cartilagem incluem sulfato de

keratana, sulfato de condroitina, ácido glucurônico e sulfato dermatan

(MORGAN, 1992).

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2.3.2.1 Doença Articular Degenerativa

Embora os cães predispostos à displasia apresentem articulações

normais ao nascimento, após duas semanas de vida já apresentam

estiramento da cápsula e ligamento redondo (ALEXANDER, 1992; COSTA,

2003; RISER, 1975). Na quarta semana há sinovite asséptica, edema e efusão

articular e, na 12ª semana, modificações na membrana sinovial e cápsula

articular. A cartilagem sujeita a pressão é a mais acometida e, no início

apresenta fissuras. Com a evolução da doença, ela que normalmente é

transparente esbranquiçada, fica amarelo-acinzentada e, eventualmente,

vermelho âmbar, devido à extensa lesão e exposição do osso subcondral. Em

seguida, há formação de osteófitos, espessamento de cápsula e hipertrofia das

vilosidades da membrana sinovial (COSTA, 2003). Microscopicamente, há

morte dos condrócitos superficiais, modificações da matriz de proteoglicanas e

na cadeia de colágeno (LUST; SUMMERS, 1992; MORGAN; 1992).

A efusão articular, o estiramento progressivo da cápsula e do ligamento

redondo estão associados com o aumento da instabilidade articular

(ALEXANDER, 1992; HAZEWINKEL, 1994) e provocam subluxação da cabeça

femoral durante a marcha, modificando a relação de forças que atuam sobre o

esqueleto imaturo (COSTA, 2003). Forças compressivas se concentram no

aspecto medial da cabeça femoral e na borda cranio-dorsal do acetábulo,

atrasando o processo de ossificação (ALEXANDER, 1992; HAZEWINKEL,

1994), resultando em arrasamento acetabular e achatamento da cabeça

femoral (ALEXANDER, 1992; COSTA, 2003). A distribuição anormal das forças

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provoca microfraturas no osso subcondral que, posteriormente, se consolidam

e comprometem a elasticidade da região. Há aumento de estresse sob a

cartilagem já em tensão, o que intensifica sua degeneração (ALEXANDER,

1992).

A doença articular degenerativa avançada proporciona degeneração de

cartilagem articular, espessamento de cápsula, estiramento ou ruptura do

ligamento redondo, proliferação óssea na borda cranio-dorsal do acetábulo,

espessamento do colo femoral e atrofia muscular. Essas alterações podem

diminuir a instabilidade, ou promover progressão da frouxidão e luxação da

cabeça femoral. Mesmo quando não existe a luxação, o animal não está livre

da doença e apresenta diminuição dos movimentos articulares e dor decorrente

da artrose (MORGAN, 1992).

2.3.3 Sinais Clínicos

Fry e Clark (1992) descrevem duas classificações de DCF, separadas

por critério de idade: animais com menos de 1 ano de idade e animais com

mais de 1 ano. Animais jovens afetados apresentam episódios agudos de dor

em membros pélvicos, bilateral ou, mais raramente, unilateralmente,

exacerbadas por exercício vigoroso ou pequenos traumas. Sinais clínicos

iniciais incluem dificuldade em se levantar, caminhar, correr e subir degraus

(RISER, 1975). Estes quadros podem ser intermitentes, de acordo com a

severidade do quadro. Este quadro pode perdurar por tempo indeterminado,

até que haja um desenvolvimento de doença articular degenerativa, onde os

sinais, agravados, seriam constantes (FRY; CLARK, 1992).

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Cães mais velhos, exibindo claudicação, geralmente transferem o se

peso para os membros torácicos, como compensação para a dor e desconforto

articular, e inevitavelmente apresentam musculatura dos membros torácicos

mais desenvolvida. A musculatura dos membros pélvicos está moderada a

gravemente atrofiada, e pode apresentar algum grau de simetria, de acordo

com a severidade da doença. Estes cães sempre apresentam dificuldade em

levantar-se e podem apresentar fraqueza nos membros pélvicos. Permanecem

relutantes ao exercício e preferem ficar sentados ou deitados (RISER, 1975).

Como a claudicação de membros pélvicos nem sempre está atribuída a

DCF, é importante a realização de exame ortopédico e neurológico completo,

para descartar outras causas de dor e claudicação. Qualquer alteração

envolvendo a articulação coxo-femoral e as vértebras, da medula espinhal, ou

a medula isoladamente devem ser investigadas. Cães com DCF associada a

outras alterações, inclusive artropatias em membros torácicos têm sido

documentados (OLSEWSKI et al., 1983). Condições que geralmente

confundem com DCF são alterações na articulação dos joelhos (ruptura do

ligamento cruzado cranial, luxação patelar), artropatias imunomediadas,

doenças metabólicas em cães jovens (osteocondrite dissecante, osteodistrofia

hipertrófica), e doenças da medula espinhal (doença de disco intervertebral,

mielopatia degenerativa, instabilidade lombossacral) (FRY; CLARK, 1992).

2.3.3.1 Técnicas específicas para diagnóstico

O exame ortopédico completo deve levar em consideração o paciente

em seu estado de repouso, caminhando, e correndo, reexaminando após

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47

exercício intenso. Claudicações esporádicas são mais facilmente visualizadas

após exercícios. Se o paciente permitir, exames ortopédicos e neurológicos

devem ser praticados sem o auxílio de sedação ou anestesia, uma vez que a

avaliação dos quadros dolorosos irão sofrer drásticas alterações (FRY; CLARK,

1992).

O ângulo de mobilidade da articulação coxo-femoral, que normalmente

em cães anestesiados é de 110 graus, pode estar diminuído para menos de 45

graus (RISER; NEWTON, 1981).

Exames específicos são utilizados para avaliar o grau de frouxidão

articular, sendo os mais comuns o teste de Ortolani (CHALMAN, 1985), o teste

de Bardens (BARDENS; HARDWICK, 1968), e o sinal de Barlow (BARLOW,

1962).É indicada a realização destes exames sob anestesia geral, sob a qual

os mesmos serão mais facilmente completados e a acurácia dos resultados

será efetivamente maior. Todavia, a confiabilidade dos resultados está ligada ,

segundo Wallace (1987), a idade do paciente, sendo pobre até as 8 primeiras

semanas de vida, e bastante confiáveis após seis meses.

2.3.3.2 Técnicas Radiográficas

Muitos são os métodos radiográficos utilizados para diagnosticar a DCF

em cães. Inúmeros também são as publicações indicando as alterações

radiográficas decorrentes da doença (ACKERMAN, 1982; BURNS et al., 1987;

HARE, 1960; HENDRICSON et al., 1966). Embora isto ainda seja motivo de

discussão, é geralmente aceito que a subluxação da cabeça femoral é

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geralmente aceita como a primeira evidência de DCF em cães (HENDRICSON

et al., 1966; LUST, 1973).

Na intenção de padronizar a melhor incidência radiográfica para se obter

o diagnóstico de DCF em cães, a Fundação Americana de Ortopedia Animal

adotou a posição ventro-dorsal, com os membros estendidos e aduzidos, de

modo que os joelhos fiquem totalmente estendidos, os membros paralelos

entre si e com a coluna vertebral e as patelas centralizadas (WHITTINGTON et

al.,1961). Esta posição é aceita e adotada há mais de 30 anos por grande parte

dos ortopedistas de todo o mundo (LAWSON, 1963; OLSSON, 1961; RISER,

1962; RISER, 1973; SMITH, 1964; WHITTINGTON, 1961). A interpretação do

exame é feita pelo grau de cobertura da cabeça femoral pelo acetábulo,

congruência entre o acetábulo e a margem óssea subcondral da cabeça do

fêmur (HENRY, 1992). Vários métodos de mensuração são utilizados sobre

esta incidência, como o ângulo de Norberg, e o ângulo cervicodiafiseal

(COSTA, 2003).

O ângulo de Norberg é usado para avaliação da articulação coxo-

femoral, quanto ao grau de subluxação. Os centros das cabeças femorais são

identificados e uma linha é traçada, conectando estes dois pontos. Outra linha

é então traçada do ponto central da cabeça femoral, tangenciando a margem

cranio-dorsal da rima acetabular, e o ângulo é mensurado. O diagnóstico da

DCF pode ser dado a partir dos dois anos de idade e qualifica a articulação que

apresenta angulação maior que 105º como normal; entre 100º e 105º como

displasia suave; entre 90º e 100º como moderada e, menor que 90º, como

displasia grave (COSTA, 2003).

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O ângulo formado pela cabeça e colo femorais, no plano frontal, referido

por Hauptman (1979) como ângulo de inclinação (ângulo cervicodiafiseal) é

freqüentemente estudado, observado e discutido por anatomistas, radiologistas

e ortopedistas. Este ângulo apresenta significativa importância clínica em

quadros de coxa vara e coxa valga, além de ser um importante parâmetro de

seleção de técnica cirúrgica em correções de deformidades decorrentes de

artrites (RUMPH et al., 1990), e cirurgias protéticas (PROUBASTA et al., 1984;

SCHMOTZER et al., 1988).

2.3.4 Tratamento

O tratamento mais apropriado para a DCF em cães ainda é muito

controverso (PLANTÉ et al., 1997; SLOCUM; SLOCUM, 1992). Publicações

comparando a eficiência de resultados à longo prazo de tratamentos cirúrgicos

são escassas. Os diferentes métodos de avaliação clínica tornam difíceis as

comparações entre resultados. A maioria dos artigos relata a resposta do

proprietário como indicativo de resultados, além de trazer valores subjetivos de

avaliação de dor e claudicação, que não necessariamente refletem o estado

articular (PLANTÉ et al., 1997). No entanto, é notória a melhora de condição do

paciente tratado cirurgicamente em relação aos tratamentos conservativos.

(BARR et al., 1987; PLANTÉ et al., 1997).

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2.3.4.1 Tratamento Clínico

A DCF tem sido tratada clinicamente desde a descrição inicial da

doença. Fármacos anti-inflamatórios não-esteroidais formam a base do

tratamento. No entanto, muitos deles apresentam efeitos adversos que

implicam em tratamento curto ou fracionado. Somente com a chegada das

glicosaminoglicanas polissulfatadas ao mercado é que novas pesquisas

apresentaram mudanças no protocolo de tratamento. Porém estes métodos

ainda devem ser mais investigados (JONHSTON, 1992). O tratamento clínico e

conservativo da DCF em cães, entretanto, tem um parâmetro. Deve-se lembrar

que a DCF é primariamente uma doença de alterações biomecânicas, com

frouxidão da articulação, e os efeitos degenerativos da cartilagem são

secundários. Portanto, em casos de grau maior de frouxidão, incongruência

articular, degeneração articular ou alterações osteoartríticas, o tratamento

conservativo não será eficaz, principalmente a longo prazo ( BARR et al., 1987;

JONHSTON, 1992; PLANTÉ et al., 1997).

2.3.4.2 Tratamento cirúrgico

Muitas são as técnicas cirúrgicas descritas para o tratamento da DCF

em cães, e sua escolha e vinculada a uma série de fatores como idade do

paciente, estado físico, temperamento, local em que vive, intensidade da

degeneração articular, congruência articular, além da condição monetária do

proprietário e da preferência do cirurgião ortopedista (ARNBJERG, 1999;

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COSTA, 2003). Dentre as práticas descritas, cita-se a cirurgia do músculo

pectíneo (WALLACE, 1992), osteotomia intertrocantérica (WALKER; PRIEUR,

1987), alongamento do colo femoral, osteotomia tripla da pelve (SLOCUM;

SLOCUM, 1992), denervação da cápsula articular, acetabuloplastia

extracapsular (COSTA, 2003), excisão de cabeça e colo femorais (MOSES,

2000), sinfiodese púbica juvenil (SWAINSON, 2000) e prótese total de quadril

(MONTGOMERY et al., 1992).

2.3.4.2.1 Denervação articular

Kinzel et al. (2002) descreve o desenvolvimento de técnica usada na

ortopedia humana, simples e efetiva como terapia de doenças articulares

crônicas da mão e cotovelo – a denervação articular. Esta técnica consiste em

neurotomia seletiva de fibras nervosas sensitivas da região peri-capsular,

induzindo a analgesia permanente e levando a reativação do componente

dinâmico da articulação. Em medicina veterinária, estudos iniciais mostram que

esta técnica pode ser útil no tratamento de doenças da articulação coxo-

femoral, como a displasia coxo-femoral e quadros de artrose.

A técnica descrita consiste na remoção semi-circular do periósteo,

partindo da margem cranio-dorsal em direção a margem ventral do acetábulo.

Adicionalmente, área circular do periósteo é removida nas inserções dos

músculos peri-articulares, eliminando assim as fibras nervosas sensitivas do

local. Resultados preliminares desta técnica apontam uma recuperação pós-

operatória de cerca de 3 dias, com retomada completa da movimentação,

enquanto nas técnicas anteriores são necessários, no mínimo 30 dias.

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Kinzel (2002) relata estudo com 117 cães tratados com esta técnica,

apresentando uma taxa de melhora clínica dos pacientes em 90,6% dos casos,

sendo que 56% destes apresentaram melhora significativa em, no máximo 3

dias após a cirurgia.

Kawaguchi et al. (2001), usam um processo de bloqueio transitório da

resposta nervosa sensitiva dos nervos obturador e femoral para o tratamento

da dor na articulação coxo-femoral em seres humanos, através do uso de

aparelho de radiofreqüência percutânea, com resultados efetivos em 86% dos

pacientes tratados, por período variando entre 1 e 11 meses (média de 4,2

meses).

Além dos resultados apresentados, a maior vantagem apresentada pela

denervação vem sendo a simplicidade do ato cirúrgico. Não há a necessidade

de equipamentos sofisticados e a operação se restringe a remoção do

periósteo, eliminando as fibras nervosas presentes no periósteo, não

envolvendo articulação ou cápsula articular. Esta simplicidade torna a cirurgia

apropriada para pacientes muito novos ou idosos. Sua vantagem está

associada ao tempo cirúrgico reduzido, associado ao curto tempo de

recuperação do paciente. Adicionalmente a isso, o custo baixo da cirurgia

convence facilmente os proprietários, mesmo de cães idosos, que preferem

esta técnica às outras em que seus cães são submetidos a longos períodos de

recuperação ou a tratamentos conservadores extremamente onerosos. A

técnica também pode ser associada às intervenções cirúrgicas convencionais,

melhorando a qualidade da recuperação (KINZEL et al., 2002).

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Material e Método

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3 MATERIAL E MÉTODO

3.1 ANIMAIS

Neste estudo utilizou-se 30 articulações coxo-femorais provenientes de

corpos de 15 cães, 8 machos e 7 fêmeas, sem definição de raça, com peso variando

entre 22,0 kg e 62,0 kg, oriundos do Hospital Veterinário da Universidade de São

Paulo, que foram a óbito eutanaziados por outras causas, com articulações coxo-

femorais sem alterações macroscópicas, sob a licença da Comissão de Bioética

desta instituição.

3.2 PREPARO

Os animais foram submetidos a dissecção romba da região acetabular, para

estudo macroscópico da enervação regional, com o auxílio de lupa magnificadora de

luz fria.

Os acetábulos foram liberados de suas inserções musculares e vásculo-

nervosas, seguidos da remoção da cápsula articular e ligamentos acetabulares,

luxação da cabeça femoral pela incisão e ruptura do ligamento da cabeça do fêmur,

sendo removido fragmento que se originava 1,0 cm cranial e seguia até 1,0 cm

caudal à margem acetabular, com o auxílio de serra circular.

Este material foi mensurado e subdividido em 3 partes iguais, denominadas

aqui de região A, região B e região C.

Cada uma destas partes foi novamente subdividida em 3 partes iguais,

denominadas aqui de divisão 1, divisão 2 e divisão 3. Destas subdivisões,

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fragmentos centrais de aproximadamente 1 cm2 foram tomados para realização do

estudo. Esta divisão se deve à amplitude da área pesquisada, onde, para maior

acurácia dos resultados, utilizamos técnica de estudo randomizado.

3.2.1 Descalcificação

Cada fragmento foi obtido pela eliminação de osso esponjoso sub-cortical

através de corte com serra circular, sendo utilizado apenas periósteo e osso cortical,

que então foram identificados pelas posições de origem ( A1, A2, A3 ou B1, B2, B3,

ou ainda, C1, C2, C3) e fixados individualmente em solução de formalina a 10% por

5 dias. Estes fragmentos então foram descalcificados em solução ácida composta

por 4 % de ácido clorídrico, 3 % de ácido acético, 10% de clorofórmio, 10% de água

destilada e 73 % álcool a 95% (V/V). O tempo de descalcificação variou em cada

caso, sendo acompanhado através de inspeção por agulha fina. A ausência de

material calcificado se verificou pela livre passagem da agulha pelo fragmento

ósseo.

Os fragmentos selecionados foram lavados para retirada dos ácidos de

descalcificação, sendo preparados e incluídos em parafina, cortados e montados

sobre lâmina de microscopia de luz para impregnação.

3.2.2 Processamento em parafina

Os fragmentos foram processados seguindo-se a seqüência histológica

convencional: desidratação em álccol, diafanização em xilol e inclusão em parafina

(BEHMER; TOLOSA; NETO, 1976).

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Cada região foi incluída e cortada com espessura de 5 m em micrótomo

Leica 2165.

3.3 RANDOMIZAÇÃO

O estudo foi realizado de forma randomizada e ao acaso, contemplando

igualmente cada região, independente do animal estudado, e obedecendo o critério

de que somente uma área de cada região de todos os animais fosse analisada.

Sendo assim, como o estudo se fez em 30 acetábulos, existiam 30 peças de cada

uma das regiões descritas ( 15 do antímero direito e 15 do antímero esquerdo).

Foram selecionadas 10 regiões A1, 10 A2 e 10 A3 ( 5 de cada antímero), o mesmo

sendo feito para as regiões B e C. Quando uma divisão (1, 2 ou 3) era escolhida em

um região ( A, B ou C) do antímero, as outras duas foram automaticamente

descartadas. Portanto, ao final da seleção, obtivemos 90 fragmentos, sendo 45 do

antímero esquerdo ( 5 A1, 5 A2, 5 A3, 5 B1, 5 B2, 5 B3, 5 C1, 5 C2 e 5 C3), e 45 do

antímero direito, na mesma proporção.

Desta forma, cada animal cedeu apenas 1 fragmento das regiões A, B ou C

de cada antímero.

3.3.1 Critérios de Seleção

Somente foram utilizados animais com mais de 15 quilogramas e idade

superior a dois anos de idade, com articulações coxo-femorais sem alterações

macroscópicas perceptíveis após dissecção.

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3.3.2 Critérios de exclusão

Critérios específicos de exclusão deste estudo podem ser separados em 3

grupos:

1. Não estarem especificamente incluídos em todos os critérios de seleção

acima descritos;

2. Por serem oriundos do Hospital Veterinário, não apresentarem em suas fichas

clínicas, diagnóstico presuntivo ou definitivo de doença infecto-contagiosa;

3. Não estarem apresentando sinais clínicos de doença articular degenerativa;

3.4 IMPREGNAÇÃO PELA PRATA

A técnica utilizada para marcação das fibras nervosas foi a impregnação pela

prata, utilizando-se adaptação do método proposto por Linder (1978), o qual

preconiza a utilização de solução de nitrato de prata a 1% em pH controlado. Este

controle se fez pela adição de solução de sulfito de sódio a 10%, até se obter pH

igual a 7,8, conforme proposto por THURSTON (1981).

3.5 TESTE DE ESPECIFICIDADE

Para que pudéssemos ter certeza quanto a especificidade do método de

impregnação, utilizamos cortes histológicos de linfonodo, indicado por Thurston

(1982) como não apresentando fibras nervosas, e técnica de coloração por azul de

toluidina em corte seqüencial do tecido estudado, para visualização de outras

estruturas tissulares.

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3.6 MENSURAÇÕES

Para medir a área de superfície (mm2) de cada fragmento em cada região,

foram analisados os mesmos padrões de corte transversal onde foram contadas as

fibras. A área de cada periósteo foi obtida de imagens digitalizadas obtidas por

câmera digital Nikon E800 acoplada a microscópio de luz, associado a software de

Image Pro Plus v. 4.5®. As imagens foram então mensuradas, proporcionando a

densidade de fibras (mm2).

3.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As análises estatísticas foram processadas com auxílio de programa

estatístico computadorizado (MINITAB RELEASE 13, 2000).

Os dados obtidos foram analisados quanto a sua distribuição paramétrica ou

não pela prova de Kolmogorov-Smirnov (SIEGEL, 1975). Os dados que

apresentaram distribuição não-paramétrica foram comparados pelo Teste de Mann-

Whitney. Os dados analisados apresentaram distribuição paramétrica e as médias

foram confrontadas pelo teste de Fischer.

No estudo da relação entre as variáveis peso e densidade de fibras, foi

calculado o coeficiente de correlação.

3.7.1 Níveis de Significância

Foram consideradas significativas as diferenças cujo valor de “p” apresentou

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valores iguais ou inferiores a 0,05. A análise de variância foi realizada pelo teste de

Fischer e os resultados obtidos foram comprovados pelo teste t de Student.

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Resultados

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4 RESULTADOS

Os resultados macroscópicos obtidos através das pesquisas desta

dissertação estão disponíveis em um primeiro tópico;

Com o objetivo de facilitar a visualização e interpretação dos resultados

microscópicos obtidos na presente dissertação, optou-se por sua apresentação em

tabelas e figuras, sendo os mesmos divididos em três partes.

Na primeira parte foram apresentados os resultados obtidos segundo a

contagem de fibras nervosas do periósteo acetabular em relação à cada antímero.

Na segunda parte, os resultados foram apresentados segundo as regiões dentro de

cada antímero, bem como em cada divisão das mesmas.

Nas tabelas foram apresentados apenas a média, o desvio padrão, a

amplitude de variação e o contraste estatístico dos resultados obtidos na contagem

das fibras nervosas; enquanto que nas figuras foram apresentados a média, desvio

padrão, medianas, resultados de primeiro e terceiro quartis, de cada uma das

análises realizadas.

Na terceira parte foi apresentado o resultado da correlação existente entre o

número de fibras nervosas encontrado e o peso do animal estudado.

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4.1 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA DA ENERVAÇÃO ACETABULAR EM CÃES

Dissecando as regiões acetabulares dos cães obteve-se como resultados

relativos à enervação macroscópica, ramos provenientes do nervo glúteo cranial se

projetando diretamente ao periósteo e musculatura da região crânio-lateral do

acetábulo, ramos procedentes do nervo isquiático, originando-se caudalmente aos

primeiros e inserindo-se igualmente ao periósteo e musculatura da região crânio-

lateral do acetábulo, e em sua região medial, ramos originados do nervo femoral. Em

nenhum animal obteve-se enervação proveniente do nervo obturador, cujo trajeto,

nessa região e retilíneo e sem emissão de ramos articulares, conforme ilustrado na

figura 2.

Figura 2 – Desenho esquemático da enervação acetabular em cães – São Paulo - 2004

Nervo isquiático

Nervo glúteo cranial

Nervo femoral

Nervo obturador

Ligamento da cabeça do fêmur

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4.2 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA QUANTIFICAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS DO PRIÓSTEO ACETABULAR EM CADA ANTÍMERO ANALISADO

Durante a avaliação dos resultados obtidos pela contagem do número de

fibras nervosas do periósteo acetabular em relação aos antímeros, apresentados na

tabela 4.1 e 4.2 e na figura 3, observou-se não haver diferença estatística

significativa do antímero direito ( 69,84 8,21) em relação ao antímero esquerdo

(68,27 8,32), comprovadas pelo teste de Fischer ( p 0,05).

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Tabela 1 – Número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, agrupados segundo o sexo, peso, região, antímero e divisão analisados – São Paulo - 2004

ÁREA A B C

SEXO PESO

(KG)

D E D E D E

M 22,0 1 71 2 69 2 70 2 68 1 67 3 61

M 27,8 2 74 2 68 1 74 2 71 3 64 1 69

F 30,7 3 78 1 70 1 80 3 68 2 65 3 60

F 25,1 1 70 3 70 3 74 3 72 2 58 2 60

F 42,0 3 74 1 70 2 74 2 69 3 57 2 51

M 62,0 2 78 2 81 3 78 2 81 1 63 3 59

M 55,6 1 78 1 75 1 77 2 73 3 58 1 61

M 38,9 2 74 3 70 3 62 1 70 2 63 2 62

F 28,4 3 73 3 71 3 61 3 63 3 59 1 64

M 27,6 3 81 1 82 1 65 3 60 3 58 3 56

F 35,2 1 78 3 74 2 78 1 80 2 54 3 51

F 23,7 1 68 3 68 1 77 3 69 1 60 1 58

F 48,1 2 82 1 85 2 74 1 77 1 61 2 57

M 51,0 3 83 2 79 2 78 1 77 2 62 1 61

M 35,9 2 79 2 77 3 72 1 75 1 59 2 60

Nota: A,B,C – representam a região analisada; D,E – representam o antímero analisado; os números sublinhados representam a porção em cada região analisada; valores da contagem dos nervos expressos em fibras / mm2

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Figura 3 – Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, segundo o antímero analisado – São Paulo – 2004

ED

85

80

75

70

65

60

55

50Antímero

Fibr

as

ED

85

80

75

70

65

60

55

50Antímero

Fibr

as

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Tabela 2 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, distribuídos segundo o antímero analisado – São Paulo – 2004

Antímero

Direito Esquerdo

Número de divisões analisadas (fibras/mm2)

45 45

Média (fibras/mm2) 69,84 68,27

Desvio padrão (fibras/mm2) (fibras/mm2)

8,21 8,32

Amplitude de variação (fibras/mm2)

54 - 83 51-85

Nota: os valores de média não apresentaram diferença estatística significativa – Teste de Fischer (p 0,05).

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4.3 AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS NA QUANTIFICAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS DO PRIÓSTEO ACETABULAR EM CADA REGIÃO DOS ANTÍMEROS ANALISADOS

Durante a avaliação dos resultados da contagem de fibras nervosas do

periósteo acetabular em relação às divisões de cada região dos antímeros

estudados, não houve diferença estatística significativa entre cada divisão dentro de

uma mesma região. Foi realizada análise estatística de Fischer entre todas as

divisões, e os resultados comprovados por teste t de Student, comparando cada

divisão (p 0,05).

As regiões foram comparadas entre si, não apresentando diferença estatística

significativa entre regiões A e B de mesmo antímero (p 0,05), e ambas

apresentando diferença estatística significativa para a região C (p 0,05). Foi

realizada análise estatística de Fischer entre todas as regiões, e os resultados

comprovados por teste t de Student, comparando cada região.

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321

83

78

73

68

Porções

regi

ão A

lado

Dire

ito

Figura 4 –Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região A do antímero direito – São Paulo – 2004

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Tabela 3 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região A do antímero direito – São Paulo – 2004

Região A do antímero direito

Divisão 1 2 3

Número de divisões analisadas (fibras/mm2)

5 5 5

Média (fibras/mm2) 73,00 77,40 77,80

Desvio padrão (fibras/mm2) (fibras/mm2)

4,69 3,44 4,32

Amplitude de variação (fibras/mm2)

68 – 78 74-82 73-83

Nota: os valores de média não apresentaram diferença estatística significativa – Teste de Fischer (p 0,05).

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70

321

80

70

60Porções

regi

ão B

lado

Dire

ito

Figura 5 –Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região B do antímero direito – São Paulo – 2004

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Tabela 4.4 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região B do antímero direito – São Paulo – 2004

Região B do antímero direito

Divisão 1 2 3

Número de divisões analisadas (fibras/mm2)

5 5 5

Média (fibras/mm2) 74,60 74,80 69,40

Desvio padrão (fibras/mm2) (fibras/mm2)

5,77 3,35 7,54

Amplitude de variação (fibras/mm2)

65-80 70-78 61-78

Nota: os valores de média não apresentaram diferença estatística significativa – Teste de Fischer (p 0,05).

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72

1 2 3

55

60

65

Porções

regi

ão C

lado

Dire

ito

Figura 6 –Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região C do antímero direito – São Paulo – 2004

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Tabela 5 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região C do antímero direito – São Paulo – 2004

Região C do antímero direito

Divisão 1 2 3

Número de divisões analisadas (fibras/mm2)

5 5 5

Média (fibras/mm2) 62,00 60,40 59,20

Desvio padrão (fibras/mm2) (fibras/mm2)

3,16 4,39 2,77

Amplitude de variação (fibras/mm2)

59-67 54-65 57-64

Nota: os valores de média não apresentaram diferença estatística significativa – Teste de Fischer (p 0,05).

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74

321

85

80

75

70

Porções

regi

ão A

lado

Esq

uerd

o

Figura 7 –Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região A do antímero esquerdo – São Paulo – 2004

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Tabela 6 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região A do antímero esquerdo – São Paulo – 2004

Região A do antímero esquerdo

Divisão 1 2 3

Número de divisões analisadas (fibras/mm2)

5 5 5

Média (fibras/mm2) 76,40 74,80 70,60

Desvio padrão (fibras/mm2) (fibras/mm2)

6,88 5,93 2,19

Amplitude de variação (fibras/mm2)

70-85 68-81 68-74

Nota: os valores de média não apresentaram diferença estatística significativa – Teste de Fischer (p 0,05).

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76

321

80

70

60

Porções

regi

ão B

lado

Esq

uerd

o

Figura 8 –Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região B do antímero esquerdo – São Paulo – 2004

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Tabela 7 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região B do antímero esquerdo – São Paulo – 2004

Região B do antímero esquerdo

Divisão 1 2 3

Número de divisões analisadas (fibras/mm2)

5 5 5

Média (fibras/mm2) 75,80 72,40 66,40

Desvio padrão (fibras/mm2) (fibras/mm2)

3,70 5,18 4,83

Amplitude de variação (fibras/mm2)

70-80 68-81 60-72

Nota: os valores de média não apresentaram diferença estatística significativa – Teste de Fischer (p 0,05).

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78

321

70

60

50Porções

regi

ão C

lado

Esq

uerd

o

Figura 9 –Distribuição das fibras nervosas do periósteo do acetábulo, observadas as divisões da região C do antímero esquerdo – São Paulo – 2004

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Tabela 8 – Valores médios, desvio padrão e amplitude de variação do número de fibras nervosas do periósteo acetabular de cães, relativos à região C do antímero esquerdo – São Paulo – 2004

Região C do antímero esquerdo

Divisão 1 2 3

Número de divisões analisadas (fibras/mm2)

5 5 5

Média (fibras/mm2) 62,60 58,00 57,40

Desvio padrão (fibras/mm2) (fibras/mm2)

4,16 4,30 4,04

Amplitude de variação (fibras/mm2)

58,69 51-62 51-61

Nota: os valores de média não apresentaram diferença estatística significativa – Teste de Fischer (p 0,05).

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80

CBACBA

85

80

75

70

65

60

55

50Região

Fibr

as

Direito Esquerdo

aA abA

abA

bA

cB

cB

Nota: a,b,c – letras não coincidentes representam diferença estatística significativa entre regiões, independente do antímero analisado– Teste t de Student (p 0,05); A,B – letras não coincidentes representam diferença estatística significativa entre regiões, dentro do antímero analisado– Teste t de Student (p 0,05); círculos cheios indicam média; * indica valor discrepante.

Figura 10 – Diagrama de caixas indicando a distribuição das fibras nervosas do periósteo acetabular, distribuídos segundo cada região analisada – São Paulo - 2004

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4.4 AVALIAÇÃO DA CORRELAÇÃO ENTRE AS MÉDIAS DOS RESULTADOS OBTIDOS NA QUANTIFICAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS DO PERIÓSTEO ACETABULAR DE CADA ANIMAL EM RELAÇÃO AO SEU PESO

A média geral de cada animal analisado foi tomada e este resultado

relacionado com o peso do animal, obtendo-se uma correlação de 57%. Os

resultados estão dispostos na tabela 4.9 e figura 11.

20 30 40 50 60

60

62

64

66

68

70

72

74

Peso (Kg)

Méd

ia d

a co

ntag

em d

e fib

ras

nerv

osas

( fib

ras/

mm

2)

Figura 11 – Correlação entre a média dos resultados obtidos pela contagem de fibras nervosas acetabulares de cada animal e seu respectivo peso – São Paulo - 2004

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Tabela 9 – Valores médios do número de fibras nervosas acetabulares de cada animal estudado em relação ao seu peso corporal – São Paulo - 2004

Peso do animal Média do número de fibras (fibras / mm2 )

22,0 67,66

27,8 70,00

30,7 70,17

25,1 67,33

42,0 65,83

62,0 73,33

55,6 70,33

38,9 66,83

28,4 65,16

27,6 67,00

35,2 61,16

23,7 66,66

48,1 72,66

51,0 73,33

35,9 70,33

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Discussão

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5 DISCUSSÃO

A sensibilidade relativa de um osso em relação a estímulos dolorosos é bem

conhecida e tem sido discutida em muitos trabalhos científicos (SHERMAN, 1963;

THURSTON, 1982), sempre relacionada à densidade da enervação do periósteo

(MACH et al., 2002). Embora seja primariamente responsável, a enervação do

periósteo não é exclusiva à sensibilidade dolorosa do tecido ósseo, como

comprovam os trabalhos de Insall et al., 1974 e Rubens, 2000, onde pacientes com

percepção de sensibilidade dolorosa óssea resultante de doenças confinadas

principalmente à medula óssea ou parte mineral óssea, não apresentavam sinais de

comprometimento periosteal.

As funções aferentes dos nervos em um osso provavelmente incluem

percepção da dor, pressão e posição. Quando uma agulha toca o periósteo, dois

tipos de sensibilidade são perceptíveis, como exposto por Thurston (1982), sendo

um pontual e uma difusa. Kuntz e Richins (1945) comparam a dor provocada por

punção da medula óssea como aquela sentida em um abcesso de crescimento

rápido, não sentida, no entanto, em sarcomas de crescimento lento. Alterações na

pressão vascular intramedular também são descritas como causadoras de quadros

de dor (HELAL, 1965). Relatos sobre a sensibilidade dolorosa em região cortical

óssea são controversos. Enquanto Sherman (1963) e Milgram e Robinson (1965)

indicam ausência de dor em quadros cirúrgicos de camada cortical, Ascenzi e Bell

(1972) relatam que a osteotomia é dolorosa quando atravessa esta camada.

Em relação ao periósteo, conforme amplamente relatado em outras regiões

anatômicas, podemos através deste trabalho confirmar a intensidade da enervação

presente também no acetábulo, com fibras nervosas caminhando em uma

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disposição quase totalmente vertical, em direção à cápsula articular, onde pudemos

presenciar fibras penetrando nesta estrutura. Quanto ao trajeto das fibras, embora

freqüentemente associada a vasos sangüíneos, como registram os trabalhos de

Bjurholm et al., (1988), Hill e Elde (1991), Hukkanen et al. (1993); Tabarowski et al.

(1996), a especificidade da técnica de impregnação impediu a demonstração deste

fato. Resultados semelhantes foram obtidos por Thurston (1982), que relata a

intensa população de fibras nervosas do periósteo de ossos longos, que penetram

às camadas mais profundas, por entre as células, independentemente dos vasos

sangüíneos.

Ao estudarmos a técnica de impregnação pela prata, muitas são as

descrições em relação à especificidade da mesma quanto as fibras nervosas

(SHERMAN, 1963). No entanto, algumas das técnicas desenvolvidas são difíceis de

realizar e, se testadas com o critério de que todos os nervos devem ser

impregnados, diferenciados de outros tecidos e que suas estruturas morfológicas

devem ser claramente identificadas, a grande maioria apresenta falhas (LINDER,

1978). Se compararmos com métodos mais modernos de visualização de estruturas,

como a imunohistoquímica, por exemplo, utilizada por Mach et al (2002) para

marcação de fibras nervosas em fêmur de camundongos, vimos não haver diferença

que tornasse imprescindível a utilização desta. Além disso, a especificidade dos

reagentes em cada técnica imunohistoquímica pode ser discutida.

Nesse sentido, em nosso trabalho, utilizamos o critério de avaliação da

técnica de impregnação pela prata quando comparada a outra coloração em mesmo

tecido e à mesma técnica em tecido sabidamente ausente de fibras nervosas, no

sentido de obtermos a especificidade da impregnação. Ao utilizarmos a coloração

por azul de metileno, dificilmente conseguimos distinguir uma fibra nervosa, em

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oposição aos relatos de Sherman (1963), citando não haver necessidade de técnica

especial de marcação para identificação de fibras nervosas. Quando utilizamos a

mesma técnica de impregnação pela prata em linfonodo, pudemos observar a

ausência de fibras nervosas, conforme descrito por Thurston (1982). Com estes

parâmetros de especificidade e seletividade, aliados ao custo do processo, optamos

pela técnica apresentada para marcação das fibras nervosas do periósteo

acetabular.

Em relação aos resultados macroscópicos obtidos, Staszyk e Gasse (2002)

trabalhando em cães, descrevem fibras provenientes dos nervos glúteo cranial,

isquiático, femoral e obturador. Propõem ainda uma enervação bilateralmente

simétrica, com variações individuais. Resultados semelhantes foram obtidos em

pesquisa realizada por Gardner (1948) em seu estudo com seres humanos.

Discordando destes resultados, Kinzel et al. (2002) descrevem fibras nervosas

provenientes dos nervos glúteo cranial, isquiático e femoral, sem, no entanto,

observar nenhuma enervação proveniente do músculo obturador. Em nossa

pesquisa, encontramos os mesmos resultados propostos por este trabalho, onde os

ramos nervosos provenientes do nervo glúteo cranial se inserem no periósteo da

região crânio-lateral, os feixes do nervo isquiático caminham à musculatura inserida

na região caudo-lateral e o nervo femoral tem suas fibras dispostas na região medial,

não encontrando, em nenhum animal estudado, fibras oriundas do nervo obturador.

Em estudo microscópico, trabalhando com fêmur de camundongos, e

utilizando técnica de imunohistoquímica para marcação de fibras nervosas, Mach et

al. (2002) dividiram a região total estudada em três porções, baseado em marcações

morfológicas, na intenção de facilitar a interpretação e aumentar a precisão dos

resultados. Para mensuração da quantidade de fibras por área analisada, utilizaram

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software Image pro-plus 3.0. Em nosso estudo, seguindo o modelo proposto,

dividimos a área total em três fragmentos menores e, na intenção de obtermos

resultados ainda mais precisos e diminuirmos quaisquer efeitos provocados pela

irregularidade morfológica da região analisada, subdividimos os fragmentos de

acetábulo em 3 divisões, tomando ao final 9 porções de cada antímero. A imagem

final foi processada em mesmo software, com versão atualizada, Image pro-plus 4.5.

Na intenção de obtermos amostras independentes, optamos por realizar

estudo randomizado e ao acaso, tomando a precaução de que, ao final do processo,

todas as divisões das regiões de cada antímero analisado fossem igualmente

contempladas. Deste modo, diminuímos ao máximo a possibilidade de que nossos

resultados estejam distorcidos devido a qualquer variação individual.

À análise dos resultados obtidos, em comparação ao disposto em bibliografia

consultada, obtivemos resultados semelhantes aos propostos por Staszyk e Gasse

(2002) e diferentes dos propostos por Kinzel et al. (2002) em suas apresentações. O

primeiro demonstrou em estudo com marcação por acetilcolinesterase a enervação

periosteal existente nas regiões crânio e caudo-laterais dos acetábulos de cães,

além de enervação originada de fibras musculares nestas regiões. A pesquisadora e

seus colaboradores demonstram apenas fibras nervosas na região crânio-lateral,

citando ausência de fibras na região caudo-lateral. Em nosso trabalho podemos

comprovar presença de fibras nervosas em todas as regiões do periósteo

acetabular, sendo evidente a diferença entre a região crânio lateral ( regiões A e B

de nosso estudo) e caudo-lateral (região C de nosso estudo)

A densidade de fibras nervosas obtidas nesse estudo, que expressa em

média (fibras/mm2 ), foi de 69,84 para o antímero direito e de 68,27 para o antímero

esquerdo, com respectivos desvios padrão de 8,21 e 8,32 e amplitude de variação

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de 54-83 e 51-85, respectivamente, não foram descritas em nenhum trabalho

científico em relação à área analisada. Mach et al. (2002) publicaram resultados

expressos em mesma formatação, estudando enervação do fêmur de camundongos,

sendo a média obtida de fibras nervosas na epífise proximal de 65,5 com respectivo

desvio padrão de 8,7.

Analisando os valores obtidos para cada região dos antímeros dispostos por

teste estatístico de Fischer, e os resultados comprovados individualmente por teste t

de Student, não houve diferença estatística significativa entre as regiões A, B e C de

antímeros opostos, quando comparados entre si. Ao compararmos as regiões A e B

de mesmo antímero, obtivemos igual resultado, ambas sendo diferentes da região C.

Ao cruzarmos os resultados, podemos observar que as regiões A do antímero direito

e B do antímero esquerdo apresentaram diferença estatística significativa, tanto por

teste de Fischer, quanto por teste t de Student, o que não aconteceu em relação às

regiões A esquerda e B direita, embora não houvesse valor estatístico discrepante

em quaisquer das regiões em questão.

Regiões C de diferentes antímeros foram consideradas estatisticamente

semelhantes, mesmo apresentando um valor discrepante nos dados do antímero

esquerdo. Este valor não alterou nenhuma relação estatística entre as regiões

analisadas, uma vez que, os mesmos testes de análise, se realizados excluindo este

dado, proporcionaram os mesmos resultados.

Tendo sido apurado estes fatos e, sabendo que os antímeros não apresentam

diferença estatisticamente significativa, obtivemos uma média geral de cada animal,

expressa em fibras/mm2, as quais comparamos com o peso de cada animal, no

intuito de aferirmos se havia alguma correlação entre si. O resultado obtido

apresentou baixo grau de correlação ( 57%), embora consideremos estes dados

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apenas sugestivos, podendo não expressar a estreita realidade do fato. Estudos

mais aprofundados devem ser realizados neste sentido para que se possa averiguar

esta quanto uma possível correlação entre a média de fibras obtidas e o sexo dos

animais.

De acordo com a esclerose observada na margem crânio-lateral do acetábulo

com subseqüente subluxação crânio-lateral da articulação coxo-femoral em casos

mais severos, supõe-se que a região especificada seja a mais envolvida pela ação

das forças anormais causadas pela incongruência articular (KINZEL, 2002). Estudos

em articulações coxo-femorais humanas mostraram que a maior concentração de

terminações nervosas está localizada onde as maiores forças de compressão estão

atuando (GARDNER, 1948). Deste modo, Kinzel (2002) relata estarem relacionadas

às áreas de maior concentração de terminações sensitivas à dor a região crânio-

lateral também em cães. Ainda, relata não haver quase nenhuma significância a

enervação das regiões caudo-lateral e ventral da articulação citada, quando

relacionadas ao ato cirúrgico. Através desses dados, preconiza uma remoção

completa apenas da região crânio-lateral do periósteo acetabular, como forma eficaz

de denervação capsular. Neste mesmo estudo, indica recuperação de cerca de 90%

dos pacientes tratados. Em nosso estudo, podemos comprovar a presença de

número significativo de fibras nervosas no periósteo acetabular da região caudo-

lateral em todas as articulações analisadas, não sendo avaliada a relação entre a

disposição destas fibras e a quantidade de terminações nervosas na cápsula

articular. A disposição destas fibras sugere um caminho tomado em direção à

cápsula articular, porém não foi possível determinar em nenhum caso, fibras

penetrando através da cápsula, como feito em relação à região crânio-lateral.

Estudos mais precisos devem ser realizados sob este aspecto, na tentativa de

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estabelecer uma relação entre as fibras nervosas do periósteo acetabular da região

caudo-lateral e sua terminação, seja ela no próprio periósteo ou na cápsula articular.

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Conclusões

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91

6 CONCLUSÕES

A enervação do periósteo do acetábulo de cães é bilateralmente

simétrica, tanto no aspecto macroscópico quanto macroscópico;

Existem fibras nervosas no periósteo em toda a semi-circunferência

acetabular dos antímeros estudados em cães;

Existe diferença significativa entre a densidade de fibras nervosas

presentes no periósteo acetabular de cães da região crânio-lateral em relação à

região caudo-lateral, sendo a primeira mais enervada, tanto em relação ao mesmo

antímero, quanto a antímeros opostos.

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Referências

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ANEXO A – Dissecção macroscópica da região acetabular em cão, evidenciando componente nervoso. * nervo isquiático – São Paulo – 2004.

ANEXO B – Dissecção macroscópica da região acetabular em cão, evidenciando componente nervoso. * nervo femoral – São Paulo – 2004.

*

*

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ANEXO C – Dissecção macroscópica da região acetabular em cão, identificando regiões e divisões estudadas – São Paulo – 2004.

ANEXO D – Fotomicrografia de periósteo acetabular, corado pelo método de impregnação pela prata, representativo da densidade de fibras nervosas da região. Aumento 110X – São Paulo – 2004.

C3 C2 C1 B3 B2 B1 A3 A2 A1