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Estudo de viabilidade econômico financeira

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Estudo de Viabilidade Econômico

Financeira

Elaborado por:

São Paulo, Dezembro de 2011

0

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Brasil

Í N D I C E

1. Introdução.....................................................................................................................................2

2. Apresentação da Companhia.......................................................................................................6

3. Análise do mercado de turismo no Brasil...................................................................................12

A. Introdução..............................................................................................................................12

B. Contexto social e macroeconômico........................................................................................13

C. Megaeventos – Copa 2014 e Olimpíadas 2016.....................................................................22

D. Oferta e demanda do setor de turismo...................................................................................26

E. Serviços financeiros no turismo..............................................................................................51

4. Viabilidade Econômica da Brasil Travel.....................................................................................62

A. Metodologia de avaliação.......................................................................................................62

B. Descrição e análise da amostra.............................................................................................70

C. Composição dos Resultados..................................................................................................81

D. Taxa Interna de Retorno (TIR) e Análises de Sensibilidade..................................................85

E. Premissas utilizadas e Fatores Limitantes.............................................................................87

F. Conclusões.............................................................................................................................88

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Brasil

1 . I N T R O D U Ç Ã O

O presente estudo de viabilidade econômico-financeira (“Estudo de Viabilidade”) da Brasil Travel

Participações e Administração S.A. (“Brasil Travel” ou “Companhia”), empresa localizada na Rua

Fidêncio Ramos, nº 195, conjunto 15, 1º andar, Vila Olímpia, CEP 04551-010 e inscrita no CNPJ sob

o nº 13.503.515/0001-56, é apresentado nos termos da Instrução nº. 400, de 29 de dezembro de

2003, conforme alterada, da Comissão de Valores Mobiliários (“Instrução CVM 400” e “CVM”,

respectivamente), no âmbito do pedido de registro de uma oferta pública primária e secundária de

ações ordinárias da Companhia (as “Ações”), a ser conduzida pela Companhia e pelos Acionistas

Vendedores (“Oferta”).

As informações aqui incluídas não dispensam a leitura do Formulário de Referência da Companhia

(“Formulário de Referência”) e dos Prospectos Preliminar e Definitivo relacionados à Oferta

(“Prospectos”), incluindo aquelas constantes das Seções 4.1 “Descrição dos Fatores de Risco” e 5.1

“Descrição dos Principais Fatores de Risco de Mercado” do Formulário de Referência (“Formulário

de Referência”) e da Seção “Fatores de Risco” dos Prospectos.

Este Estudo de Viabilidade foi preparado pela A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda

(“A.T. Kearney”) em conjunto com a Companhia com base em informações públicas, informações

financeiras auditadas e outras informações fornecidas pela Brasil Travel e pelas empresas de

turismo (“Empresas de Turismo” ou “Empresas”) que irão compor o portfólio da Companhia, visando

passar um maior entendimento sobre o modelo de negócios da Companhia e fornecer subsídios que

atestem sua viabilidade econômico-financeira.

As premissas, estimativas e expectativas futuras aqui contidas têm por embasamento, em grande

parte, as expectativas atuais e tendências que afetam ou podem potencialmente vir a afetar os

negócios operacionais da Companhia. Embora acreditemos que estas estimativas e declarações

futuras encontram-se baseadas em premissas razoáveis, estas estimativas e declarações estão

sujeitas a diversos riscos, incertezas e suposições e são feitas com base nas informações de que

atualmente dispomos. Tais estimativas e expectativas podem ser influenciadas por diversos fatores,

incluindo, exemplificativamente:

Intervenções governamentais, resultando em alteração na economia, tributos, tarifas ou

ambiente regulatório no Brasil;

Alterações nas condições gerais da economia, incluindo, exemplificativamente, inflação,

taxas de juros, câmbio, nível de emprego, crescimento populacional e confiança do

consumidor;

Alterações significativas nas condições da indústria de turismo, tais como aumento da

penetração do setor, demanda por produtos ligados a turismo, capacidade da oferta em

atender a demanda, cumprimento dos investimentos anunciados para infraestrutura;

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Capacidade de implementação da estratégia operacional e de aquisições da Companhia,

bem como capacidade de integração das Empresas de Turismo adquiridas e que a

Companhia pretende adquirir;

Outros fatores de risco apresentados na seção “Fatores de Risco” do Prospecto da oferta.

Os efetivos resultados da Companhia podem ser adversamente impactados e conseqüentemente

comprovarem-se substancialmente diferentes das expectativas descritas neste Estudo de

Viabilidade, sendo que estas estimativas não consistem a garantia de desempenho futuro da

Companhia. Por conta dessas incertezas, o investidor não deve se basear exclusivamente neste

documento para tomar uma decisão de investimento.

Alguns dos indicadores e dados referentes à indústria de turismo apresentados neste Estudo de

Viabilidade foram obtidos perante as seguintes entidades: Ministério do Turismo – Mtur, Ministério

do Trabalho e Emprego – MTE, Fundação Getúlio Vargas – FGV, Banco Central do Brasil (“Banco

Central” ou “BACEN”), Federação Brasileira de Bancos – FEBRABAN, Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, Ministério dos Esportes, Euromonitor, Jones Lang

Lasalle hotéis, Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE, Infraero e Organização

Mundial do Turismo – OMT e Superintendência de Seguros Privados - SUSEP. As informações

contidas neste Estudo de Viabilidade em relação ao Brasil e à economia brasileira são baseadas em

dados publicados pelo Banco Central, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, Instituto

de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, Fundo Monetário Internacional – FMI e pelos órgãos

públicos e por outras fontes. Alguns indicadores da indústria de turismo, câmbio e seguros e dados

demográficos utilizados neste Estudo de Viabilidade foram extraídos de fontes consideradas

confiáveis. Apesar de acreditarmos que essas informações provêm de fontes confiáveis, estes

dados macroeconômicos, comerciais e estatísticos não foram objeto de verificação de forma

independente.

As Empresas de Turismo que irão compor o portfólio da Companhia atuam em diversas áreas do

setor de turismo, englobando consolidadores de passagens aéreas, corretora de câmbio, corretora

de seguros, operadoras de turismo, agências corporativas (dedicadas a empresas públicas e

privadas) e um portal de venda de passagens pela internet, sendo que sua receita advém

principalmente de comissões recebidas pela intermediação de produtos de turismo, como

passagens aéreas e diárias de hospedagem. As Empresas de Turismo (excluindo-se as operadoras)

detêm relacionamento direto com seus clientes, intermediando a venda de produtos e serviços. Tal

atividade tem como característica predominante a baixa necessidade de investimento, seja em ativo

fixo, pessoal ou capital de giro, muitas vezes tornando métricas de retorno sobre o capital investido

pouco significativas para atestar sua viabilidade econômico-financeira.

O presente Estudo de Viabilidade concentra sua análise e conclui pela viabilidade econômico-

financeira da estratégia de negócios proposta pela Brasil Travel para atuar na atividade de

intermediação de produtos e serviços de turismo por meio da análise de sua lucratividade,

mensurada pela margem de lucro líquido em percentual da receita líquida, apresentando cenários

diferentes e análises de sensibilidade, bem como pela análise de mercado de seus principais

segmentos de atuação. Adicionalmente, visto que a Companhia pretende desenvolver seus

negócios por meio do crescimento orgânico de suas atuais subsidiárias assim como pela aquisição

de outras Empresas, optou-se por apresentar o cálculo da Taxa Interna de Retorno (“TIR”) esperada

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Brasil

na aquisição destas novas Empresas, atividade que será parte relevante da estratégia da

Companhia e na qual a Companhia pretende aplicar a maior parte dos recursos primários que

pretende captar na Oferta. Tal estimativa levou em consideração o preço de aquisição de Empresas

por um múltiplo de lucro, tendo em contrapartida os lucros estimados ao longo de 8 anos e uma

eventual venda da empresa adquirida ao final do período projetivo. A Companhia acredita que o

múltiplo de lucro é o indicador adequado, pois foi o principal indicador utilizado nas negociações da

Companhia para a aquisição das Empresas de Turismo além de ser amplamente utilizado em

avaliações econômico-financeiras no setor de turismo, de varejo e outras indústrias com baixa

necessidade de capital. Optamos por calcular a TIR apenas para novas aquisições uma vez que o

crescimento orgânico de Empresas não envolve investimentos significativos em ativos fixos ou

capital de giro tornando o calculo da TIR pouco relevante e até mesmo indutor de desinformação se

considerado no contexto de crescimento orgânico das Empresas.

Ao final deste relatório são apresentadas estimativas, elaboradas pela Companhia em conjunto com

a A.T. Kearney, que visam demonstrar os potenciais impactos financeiros para a Companhia em

decorrência da transferência, para a Companhia, das participações dos sócios fundadores (“Sócios

Fundadores” ou “Fundadores”) das respectivas Empresas de Turismo. O investidor deve estar ciente

que tais informações referem-se a eventos futuros e incluem estimativas, julgamentos e declarações

acerca do futuro, sujeitas a riscos e incertezas relevantes e, por esse motivo, o investidor não deve

tomar qualquer decisão de investimento com base em tais informações. As premissas e estimativas

aqui previstas não são fatos e o investidor não deve confiar em tais premissas ou estimativas como

sendo necessariamente indicativas de futuros resultados ou condição financeira da Companhia. O

investidor deve estar ciente de que as premissas e estimativas previstas neste Estudo de Viabilidade

podem não ser corretas, tendo em vista que dependem de diversos fatores. Todas as informações

financeiras históricas da Companhia foram auditadas pelo auditor independente contratado, porém

nem os auditores e nem qualquer outro auditor independente compilou, revisou ou conduziu

qualquer procedimento relacionado a qualquer informação prospectiva financeira. Dessa forma, as

tabelas e cálculos elaboradas neste Estudo não são, e não devem ser, consideradas demonstrações

contábeis da Companhia ou das Empresas. Os potenciais impactos financeiros consistem

exclusivamente naqueles que a Companhia tem conhecimento na data deste Estudo de Viabilidade.

Os potenciais impactos financeiros consistem exclusivamente naqueles que a Companhia tem

conhecimento na data deste Estudo de Viabilidade.

O presente Estudo de Viabilidade se baseia em informações públicas, no entendimento e

conhecimento do setor, por parte da A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda. A

empresa A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda, especializada em consultoria de

gestão, está localizada na Rua Joaquim Floriano, nº 72, conjunto 201, Itaim Bibi, São Paulo, SP,

CEP 04.534-000 e inscrita sob o CNPJ de no 73.142.705/0001 – 17. Fundada em 1926 em Chicago,

Estados Unidos, e desde 1993 no Brasil, a empresa desenvolve projetos de análise de mercado,

estratégias, operações e implementação de suas recomendações, oferecendo a seus clientes um

amplo leque de serviços de consultoria de alto valor agregado. As principais indústrias nas quais a

A.T. Kearney atua no Brasil são: Agronegócio, Automotiva, Bens de consumo e varejo, Indústrias de

processo e mineração, Instituições financeiras, Manufatura intensiva, Química e farmacêutica,

Saúde, Telecomunicações e mídia, Transportes e Infraestrutura.

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Brasil

Apresentamos a seguir o currículo das pessoas físicas e jurídicas que foram envolvidas na

elaboração e/ou revisão do presente Estudo de Viabilidade:

Silvana Machado (A.T. Kearney): A Sra. Machado é engenheira de produção, formada em 1992

pela Universidade de São Paulo, e cursou MBA na Universidade de Chicago, concluindo o curso em

1997.

A Sra. Machado tem 13 anos de experiência em consultoria de gestão, onde desenvolveu diversos

projetos de análise de mercado e planejamento estratégico. Também atuou por 5 anos como

executiva em bancos de varejo, nas áreas de planejamento estratégico e gestão de clientes. Hoje, é

Sócia-Diretora da A.T.Kearney para a América do Sul

Ilnort Rueda Saldivar(A.T. Kearney): O Sr. Rueda é engenheiro mecânico, formado em 1996 pela

Universidade Técnica de Darmstadt, na Alemanha, e cursou mestrado em gestão na Universidade

de St. Gallen, em 1998, na Suíça. Iniciou sua carreira no banco UBS, indo sem seguida para a A.T.

Kearney, passando pelos escritórios de Zurique e São Paulo, onde atualmente ocupa o cargo de

Diretor. Tem mais de dez anos de experiência em consultoria, tendo realizado diversos estudos de

viabilidade de negócios e projetos de análise de mercados.

Paulo Castello Branco (CEO da Brasil Travel) – Formado em Administração de Empresas pela

UFRJ em 1979, concluiu cursos de extensão de (i) Marketing Aeroportuário, Administração dos

Aeroportos de Paris, França, em 1981, (ii) Mercado de Capitais, na Fundação Getúlio Vargas, São

Paulo em 1982, (iii) Marketing Aeroportuário, na ICAO, Boston, EUA em 1983 e (iv) Planejamento

Aeroportuário, na Fundação Getúlio Vargas, São Paulo em 1986, bem como MBA em (i) Logística,

na Universidade do Reno Nevada, EUA em 2002 e (ii) Estratégia e Marketing na Fundação Getúlio

Vargas, São Paulo em 2009. O Sr. Paulo é nosso Diretor Presidente desde novembro de 2011.

Anteriormente trabalhou como Vice Presidente Comercial e Alianças da Transportes Aéreos Marília

(TAM), tendo sob sua ingerência, entre outras, a Diretoria de Vendas, Diretoria de Alianças e de

Relações Internacionais, de 2004 a 2011 e, em 2005 foi Membro do Conselho Consultivo do

Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias – SNEA. De 2001 a 2003 atuou como Vice-Presidente

de Planejamento e Logística da VARIG, coordenando a malha aérea doméstica e internacional, bem

como a área de Relações Governamentais. De 1991 a 1992, atuou como Vice-Presidente da

Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos ECT e em 1991 atuou como Diretor de Administração e

Finanças da Casa da Moeda do Brasil. De 1981 a 1989 atuou como Chefe do Departamento

Comercial da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária – Infraero.

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Brasil

2 . A P R E S E N T A Ç Ã O D A C O M P A N H I A

A Brasil Travel foi fundada em Maio de 2011 após a percepção dos seus fundadores que havia

possibilidade de implementar uma estratégia de negócios no setor de turismo que em suas visões

poderia transformar o setor. A referida estratégia prevê atuar na consolidação do setor de turismo

no Brasil. Os sócios da Companhia identificaram que o setor de turismo no Brasil é composto por

mais de 12 mil Empresas de Turismo, dado que é ratificado conforme detalhamento apresentado a

seguir neste Estudo de Viabilidade. A tese de investimentos é que apesar de muitas das empresas

dedicadas às atividades de turismo conseguirem atuar de forma lucrativa, as mesmas são

individualmente pouco representativas da magnitude econômica do setor, que tem por característica

um alto grau de fragmentação. O plano de negócios da Companhia prevê a consolidação deste

setor por meio de crescimento orgânico e, principalmente, através de aquisições de empresas

operacionais, lucrativas e, em muitos casos, líderes regionais. A idéia de uma Companhia com

escala nacional e representativa no contexto setorial pode trazer grandes benefícios aos acionistas

em termos operacionais, principalmente no que tange a sinergias de custo e vendas. Além disto o

Brasil apresenta alto crescimento esperado para o setor nos próximos anos dado os mega eventos

como Copa do Mundo e Olimpíadas. O governo brasileiro e o setor privado já estão realizando

significativo investimento em infraestrutura em aeroportos, transportes urbanos e estádios, entre

outros, para abrigar com eficiência os mega eventos e todos os demais que são atraídos por estes.

Este Estudo de Viabilidade não tem como objetivo analisar e validar a tese de investimento da

Companhia, mas sim analisar a viabilidade econômica da estratégia formulada por seus acionistas.

Para iniciar a implementação da sua estratégia, a Companhia iniciou uma profunda análise do setor

de turismo no Brasil e identificou mais de 200 Empresas de Turismo, com atuação em múltiplos

segmentos da indústria, momento a partir do qual iniciou a primeira fase de consolidação do setor.

Deste universo foram selecionadas 35 Empresas, com as quais a Companhia formalizou contratos

de compra e venda que são vinculados à execução correta da segunda fase da estratégia, que é a

abertura de capital da empresa.

Neste contexto, a Companhia acredita que será a maior e mais diversificada rede própria de varejo

de turismo brasileiro, com presença em 21 dos 26 Estados do Brasil mais o Distrito Federal. A

Companhia pretende atuar em todos os segmentos relacionados ao turismo, com um grupo

composto por Empresas e com presença no Brasil e nos Estados Unidos (“Grupo Econômico”) e

com uma estrutura de venda que conta com 316 lojas, das quais 267 são lojas próprias e as demais

franquias. É importante destacar que fazem parte do Grupo Econômico uma corretora de câmbio e

uma corretora de seguros, especializada no segmento de seguro de viagens, que prestarão serviços

em caráter de exclusividade para nossas Empresas e clientes.

Para efeitos deste Estudo de Viabilidade, serão considerados ainda os valores da Empresa Pegasus

(Empresa com sede nos Estados Unidos e que passará a integrar o Grupo Econômico) e a

operação da Empresa GapNet será dividida entre as unidades de turismo (Gapnet) e sistemas de

informação (ArgoIT), que a Companhia acredita representar melhor a sua forma de operação. Nesta

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conjuntura, as Empresas da Brasil Travel somaram mais de R$ 87 milhões em lucro líquido no ano

de 2010.

A Brasil Travel acredita estar posicionada para ser a maior Companhia de turismo nacional após a

Oferta e pretende aplicar a estratégia de crescimento para se posicionar como a maior companhia

do setor na America Latina e disputar posições de liderança a níveis globais. Em 2010 seria a 23ª

empresa do setor de turismo no mundo por vendas segundo dados da Euromonitor.

Mapa nacional com posicionamento da Brasil Travel

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Brasil

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No ano de 2010 e até 30 de setembro de 2011, as Empresas que integrarão o grupo após a Oferta

obtiveram em conjunto um volume de vendas de R$4,39 bilhões e R$3,68 bilhões e as Empresas

emitiram 3,84 milhões e 2,66 milhões de passagens aéreas, respectivamente. No ano de 2010, as

empresas que integrarão o grupo após a Oferta apresentaram receita bruta de R$378,4 milhões e

lucro líquido de R$ 87,04 milhões; enquanto que a margem do EBITDA e a margem do lucro líquido

obtidas no mesmo período foi de 37,4% e 24,7%, respectivamente.

As empresas adquiridas pela Companhia atuam de forma integrada no setor de turismo, prestando

um acervo completo de produtos e serviços, conforme tabela abaixo:

Corporativo Venda de pacotes para empresas abrangendo passagens aéreas, transporte

terrestre, hospedagem, entre outros viabilizando a infraestrutura necessária

para que os colaboradores dessas empresas possam atuar em diversas

localidades

Consolidador As agências consolidadoras prestam serviços para pequenas e médias

Empresas que não possuem grande volume de vendas de passagens aéreas ou

de reservas em hotéis, atuando como intermediadora nas negociações com as

companhias aéreas ou hoteleiras, visando obter melhores condições de

negociação

Operador de

Turismo – Lazer

Venda de pacotes turísticos padronizados ou customizados em vôos comerciais

regulares ou fretados para todas as regiões do Brasil, incluindo passagens

aéreas, transporte terrestre ou marítimo, hospedagem e serviços de guias

especializados, entre outros

Receptivo Serviços de transporte, acomodação e compra de ingressos para shows e

eventos [para clientes estrangeiros]

Viagens Estudantis Explora a venda de pacotes de turismo estudantil no exterior

Internet Venda de pacotes turísticos e de passagens aéreas pela internet

Corretor de Câmbio Serviços de compra e venda de moedas, bem como de transferência e

recebimento de recursos para o exterior

Corretor de

Seguros

Venda de seguros de viagem, médico e hospitalar, entre outros relacionados ao

setor de turismo

A tabela a seguir apresenta a relação das Empresas adquiridas pela Brasil Travel, incluindo as

áreas de atuação e os produtos oferecidos:

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Brasil

Relação das Empresas de Turismo adquiridas pela Brasil Travel

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Brasil

Sede Área de Atuação Fundação

Aerotur Natal/RN Corporativo/Lazer 1961

Casablanca Turismo Fortaleza/CE Corporativo/Lazer 1987

Classic Turismo João Pessoa/PB Corporativo/Governo 1995

Olinda Seguros Recife/PE Corretora de Seguros 1965

Salvatur Salvador/BA Corporativo 1970

Taguatur Sao Luís/MA Lazer 1980

Tour Azul João Pessoa/PB Receptivo 2005

Transamérica Maceió/AL Corporativo/Lazer 1979

Visão Turismo Salvador/BA Corporativo/Lazer 1988

Paradise Manaus/AM Corporativo/Lazer 1988

Vale Verde Belém/PA Lazer 1990

Fligen Goiânia/GO Corporativo/Lazer 1990

Time Tour Campo Grande/MS Corporativo/Lazer 1979

Ambiental São Paulo/SP Operadora 1987

Argo IT São Paulo/SP Sistemas TI para Agências 2006

Belvitur Belo Horizonte/MG Corporativo 1963

Bravo Viagens Belo Horizonte/MG Corporativo 2005

Central de Intercâmbio São Paulo/SP Intercâmbio 1988

Copastur São Paulo/SP Corporativo 1973

Costa Brava Campinas/SP Corporativo 1988

Gap Net São Paulo/SP Consolidadora/Operadora 1995

Intercontinental Vitória/ES Operadora 1986

Litoral Verde Petrópolis/RJ Operadora 2003

Mappa Turismo Belo Horizonte/MG Corporativo/Lazer 1994

Promotional Rio de Janeiro/ RJ Corporativo 1992

Renova São Paulo/SP Corretora de Câmbio 1993

Rio Travel Rio de Janeiro/ RJ Corporativo 1993

Tourlines Vitória/ES Operadora 1994

Tourstar Belo Horizonte/MG Consolidadora 2000

Unitour Belo Horizonte/MG Corporativo 1965

Visual São Paulo/SP Operadora 1986

Brementur Curitiba/PR Consolidadora 1981

ITM Viagens Florianópolis/SC Corporativo/Lazer 1993

Porto Brasil Porto Alegre/RS Lazer 1993

Shopping Tour Porto Alegre/RS Corporativo/Governo 1997

Trip Service Itajaí/SC Corporativo/Lazer 1996

EUA Pegasus Orlando/ FL - USA Receptivo 1994

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A Companhia manteve na gestão das empresas os sócios fundadores das mesmas. A remuneração

fixa foi sensivelmente reduzida e foi introduzida remuneração variável atrelada a metas de

desempenho das respectivas Empresas. Há cláusulas contratuais exigindo a permanência dos

sócios fundadores (com 27 anos de experiência no setor, em média) por pelo menos 5 anos, a partir

da data de abertura de capital, na administração da Companhia e, uma vez encerrado esse prazo,

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Brasil

devem respeitar uma cláusula de não competição por mais 3 anos. Acreditamos que essas

cláusulas contratuais colaborem favoravelmente à Companhia em termos de inteligência de

mercado e lucratividade das companhias adquiridas.

O quadro a seguir reflete a estrutura da Brasil Travel na data de elaboração do Estudo de

Viabilidade:

Organograma do Grupo Econômico Brasil Travel

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Brasil

3 . A N Á L I S E D O M E R C A D O D E T U R I S M O N O B R A S I L

A . I N T R O D U Ç Ã O

O Brasil presenciou dois acontecimentos nos últimos anos que, definitivamente, serão lembrados no

futuro como transformadores do turismo como atividade econômica e como produto de consumo no

país: o crescimento econômico robusto e ter sido escolhido para sediar a Copa do Mundo e as

Olimpíadas.

A partir de 2005, o país presenciou a combinação de boas condições macroeconômicas, mudanças

no perfil social e demográfico, crescimento do PIB e melhor distribuição de renda, o que tem

resultado em nível de emprego recorde e aumentos ano a ano do crédito e do consumo das

famílias. A demanda por turismo, que por muitos anos foi latente, transformou-se em real, com

crescimentos significativos e consistentes em todos os indicadores de consumo, a ponto de superar

a intenção de consumir eletrônicos. Pesquisa Nielsen sobre intenção de gastos, citada pelo jornal O

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Brasil

Estado de S. Paulo em 13 de Novembro de 2011, mostra que a prioridade do brasileiro para gastar

dinheiro no fim deste ano é com viagens (29%), acima de roupas (26%) e eletrônicos (25%).

Em paralelo ao bom momento macroeconômico, em outubro de 2007 a FIFA anunciou o Brasil como

a sede da Copa do Mundo de 2014. Exatamente dois anos depois, o Rio de Janeiro é escolhido a

cidade sede para os Jogos Olímpicos de 2016. Será a quarta vez que um único país sediará esses

dois megaeventos no mesmo período, e a segunda vez para um país em desenvolvimento. Estes

são considerados divisores de águas para a imagem do país no exterior, com o Brasil se

credenciando mundialmente como um país capaz de gerar, convergir e coordenar recursos para

promover o maior campeonato do esporte mais popular do mundo e o maior encontro de atletas do

planeta. Os resultados já aparecem - no último relatório “2011-2012 Country Brand Index”, da Future

Brand, a “marca” Brasil subiu 10 posições entre 2009 e 2011, passando à 31ª numa lista de 113

países, registrando o maior crescimento dentre os 50 que lideram a lista.

Para materializar esses projetos e ao mesmo tempo suprir a demanda crescente resultante do

desenvolvimento econômico, inicia-se um período de investimentos significativos em infraestrutura,

também descritos neste documento, que devem durar quase uma década.

Dessa forma, a infraestrutura, até então um limitante ao crescimento da demanda turística apesar do

desenvolvimento econômico, pode tornar-se um impulsionador, graças aos preparativos para os

dois megaeventos. Se estes forem bem executados, o turismo para o Brasil terá condições de

mudar definitivamente.

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Brasil

B . C O N T E X T O S O C I A L E M A C R O E C O N Ô M I C O

O Brasil dispõe de uma quantidade e variedade de recursos naturais singulares, com reservas

ambientais protegidas, praias e florestas, além de um território largamente inexplorado e a preços

acessíveis, do ponto de vista dos padrões internacionais.

A situação geopolítica mostra-se também favorável. A implantação da democracia e o

funcionamento das instituições são plenos, o que é positivo para as decisões de investimento

estrangeiro. As autoridades têm visado transmitir tranqüilidade à comunidade internacional através

da célere resolução das questões relacionadas com a segurança. A instalação de Unidades de

Polícia Pacificadora (UPPs) em diversas comunidades carentes do Rio Janeiro é um exemplo da

preocupação em reduzir os níveis de violência nos principais centros urbanos nestes anos que

precedem os dois grandes eventos.

Adicionalmente, a população Brasileira atravessa um período de acentuada mudança demográfica,

social e econômica. Após mais de duas décadas de baixo aproveitamento do potencial de

desenvolvimento do país, os últimos anos vêm sendo caracterizados por um acentuado crescimento

econômico, num quadro de assinalável estabilidade, que nem o impacto da maior crise financeira

mundial desde 1929 conseguiu debilitar.

Este fenômeno vem se sustentando na melhoria da educação e qualificações, no crescimento da

população economicamente ativa e no aumento da renda disponível, bem como na redução da

desigualdade social através da melhoria na distribuição de renda. Neste contexto, amplia-se o

mercado de consumo interno, agora dominado por uma renovada classe média, simultaneamente

mais instruída e com maior poder aquisitivo discricionário, o que a torna mais propensa ao consumo

de produtos de cultura e lazer e potencializa o Brasil como pólo emergente de turismo.

Fatores sociais e demográficos

Em consonância com os restantes mercados emergentes de referência, como a Índia ou a China, o

Brasil apresenta hoje uma estrutura etária jovem e em mutação. Segundo dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade média atual da população brasileira é de 29

anos, o que se compara com os 37 anos da América do Norte e os 40 anos da Europa. Números do

censo demográfico de 2010 mostram que a população atingiu nesse ano os 191 milhões de

habitantes, após uma taxa de crescimento anual composta de 1,9% na década que terminou em

1990, 1,5% na década que terminou em 2000 e 1,2% na década que terminou em 2010. Este

crescimento continua a ser superior ao verificado nos países desenvolvidos, com a União Européia

crescendo apenas 0,1% em 2010 e os EUA com um aumento populacional previsto de 1% para

2011, segundo o CIA World Factbook.

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Brasil

A expansão demográfica que se vem verificando deverá desacelerar nas próximas décadas, com os

números do IBGE mostrando que, no longo prazo, a população do Brasil poderá fixar-se em torno

dos 215 milhões, conforme demonstrado na tabela acima. O IBGE estima que o crescimento vá se

situar na taxa composta de 0,8% ao ano até 2020. Por outro lado, prevê um aumento da esperança

média de vida na próxima década, de 73 anos em 2010 para 76 anos em 2020. Esta estabilização,

em conjunto com a juventude patenteada pela estrutura etária e com o incremento da esperança

média de vida, abrirá espaço para o chamado bônus demográfico. Estudo realizado pelo instituto

Insper e publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo em 02/01/2010 indicou que o Brasil já possuía

um bônus demográfico em 2009, com uma média de 2 adultos para cada dependente (crianças e

idosos). Segundo este mesmo estudo, o bônus demográfico brasileiro deverá continuar crescendo

até 2020, quando atingirá seu auge, com adultos representando cerca 70% da população. Nesses

10 anos, as condições demográficas para o crescimento econômico do país são consideradas as

melhores possíveis.

Ao mesmo tempo, parece atenuar-se o perfil tradicionalmente desigual do país. Segundo o Instituto

de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o coeficiente de Gini (gráfico abaixo), que permite avaliar o

desequilíbrio na distribuição de renda, caiu de 0,60 em 1995 para 0,54 em 2009. Na União Européia,

situou-se, em 2009, nos 0,30, segundo dados do CIA World Factbook. Adicionalmente, vem

melhorando o nível educacional da população brasileira. Segundo o IBGE, de 1995 a 2009 o

número médio de anos de escolaridade passou de 5,2 para 7,2 para os brasileiros com mais de 25

anos de idade.

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Brasil

A existência de um bônus demográfico em conjunto com o aumento real e melhor distribuição de

renda deverão potencializar o consumo interno, constituindo assim per se em relevantes fatores de

sustentação do crescimento econômico futuro.

Cenário macroeconômico

No seguimento da recente crise financeira, que em 2009 arrastou o crescimento econômico global

para terreno negativo pela primeira vez em muitas décadas, o caminho da recuperação, ainda que

abaixo do esperado, deverá ser razoável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que se

situe em torno dos 4%, em 2011 e 2012 (“World Economic Outlook”, Setembro/2011).

Ainda assim, a recuperação continua a efetuar-se a duas velocidades: os mercados desenvolvidos

em nítido processo de estagnação e os mercados emergentes descolando de forma robusta. Nos

primeiros, a generalizada transferência de alavancagem do setor privado para o público conduziu a

níveis insustentáveis de endividamento dos governos, forçando os mesmos a reverter as políticas de

relaxação e estímulo econômico que haviam lançado inicialmente. A correção destes fatores será

necessariamente lenta e penosa, uma vez que o crescimento econômico potencial permanece

reduzido. Já nos mercados emergentes, a situação fiscal e financeira mais favorável que vigorava

antes do eclodir da crise, em conjunto com o crescimento do mercado de consumo interno, o que

compensa a diminuição dos fluxos de comércio internacionais, torna muito mais fácil o movimento

de ajustamento. Assim, um dos desafios das autoridades residirá na capacidade de evitar o

sobreaquecimento das respectivas economias.

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Brasil

O Brasil vem sendo justamente um dos grandes motores do forte crescimento econômico observado

nos mercados emergentes. A diversidade de recursos naturais, a sofisticação da estrutura

empresarial, a crescente e mais qualificada força de trabalho e o quadro de reforço das relações

com grandes potências importadoras, como a China, vêm impulsionando a economia. Segundo o

IBGE, o PIB aumentou 7,5% em 2010, o maior crescimento desde 1986, atingindo 3,7 trilhões de

reais. Desde o lançamento do Plano Real em 1994, o país vem se beneficiando de um quadro de

estabilidade política, fiscal e monetária resultante da combinação positiva de inflação controlada,

redução das taxas de juros e equilíbrio da balança de pagamentos. Somados a isso, a estabilidade

institucional e o respeito aos contratos têm se consolidado no Brasil, e hoje são considerados como

diferenciais em relação aos outros países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul),

favorecendo investimentos externos.

Segundo estimativas do FMI, pouco mais de duas décadas decorridas desde o lançamento do Plano

Real, o PIB real do Brasil terá mais do que duplicado em 2016, conforme se observa no gráfico

abaixo. A economia Brasileira cresceu a uma taxa anual composta de 1,6% na década de 1980 a

1990, 2,5% na década de 1990 a 2000 e 3,6% na década de 2000 a 2010. Apesar das recentes

revisões para baixo, o FMI estima que o crescimento do PIB brasileiro se situe sempre acima dos

3,5% nos próximos 5 anos.

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Brasil

Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), o consumo foi o principal responsável por este

assinalável desempenho econômico, potencializado pela melhoria das condições de crédito e pelo

elevado valor dos Índices de Confiança do Consumidor (ICC) e da Indústria (ICI), publicados

mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que permanecem na zona de otimismo e

expansão há cerca de dois anos.

A continuidade da evolução favorável do mercado de trabalho tem sido o principal pilar de

sustentação do consumo interno. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados

(CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), registrou-se em 2010 a criação líquida de

2,1 milhões de empregos formais. Desde 2003, a taxa de desemprego nas seis regiões

metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) reduziu-

se em mais de metade, de 10,9% para 5,3% no final de 2010, o menor nível histórico já medido pela

pesquisa.

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Brasil

Com o desemprego próximo da taxa natural, existe competição acrescida pela mão-de-obra,

especialmente a mais qualificada, o que se traduz na inflação dos salários, num ciclo virtuoso de

sustentação do mercado de consumo. Esse efeito vem estimulando um movimento massivo de

imigração de médios e altos quadros provenientes de países desenvolvidos. Adicionalmente, as

grandes áreas metropolitanas, e nomeadamente São Paulo, vêm se convertendo de forma cada vez

mais acentuada em pólos centralizadores de atração de negócios na região e no mundo.

A grande vantagem deste processo de transformação reside no fato de se desenrolar em paralelo à

profunda transformação do padrão de classes sociais. A busca de um caminho de redução da

desigualdade na distribuição de renda, a melhoria das qualificações e nível educacional da

população e o seguimento de programas de transferência por parte do governo abriram caminho ao

surgimento de uma nova classe média. No ano de 2009, segundo a FGV, a Classe C passou a

representar mais de metade da população total pela primeira vez na história do país.

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Brasil

Um estudo do Instituto Data Popular mostra que, contrariamente ao que acontece na Classe A, em

que apenas 10% dos elementos possuem qualificação superior à da geração de seus pais, na

Classe C esse número sobe para cerca de 70%. Esta deixará de ser encarada como apenas mais

um segmento para se converter no foco central do próprio mercado, já que o seu crescimento e

predomínio beneficiam tanto a demanda quanto a oferta. De fato, os participantes da Classe C não

só assumirão o seu papel de consumidores como também se tornarão estratégicos nas decisões de

investimento das empresas no Brasil, ao se tornarem mais exigentes na seleção dos produtos,

buscando itens cada vez mais sofisticados.

Poder aquisitivo e consumo

O promissor aumento da base de consumo interno no Brasil vem sendo potencializado e amplificado

por três relevantes alavancas: o aumento da renda per capta, a melhoria na distribuição de renda e

a democratização do crédito, o qual vem crescendo na direção dos padrões internacionais.

A primeira e a segunda alavanca traçam, respectivamente, a semelhança e a diferença entre o

desempenho nacional e o da generalidade das grandes potências emergentes. A renda média

mensal real da população Brasileira com 10 anos ou mais de idade, obtida através da Pesquisa

Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2004-2009, aumentou acumuladamente 24% no

período de 5 anos em análise - o dobro do crescimento alcançado pelo PIB per capita - em sentido

contrário ao que se observa em países como a China ou a Índia. Este movimento foi impulsionado

por uma aproximação das classes de renda inferior às de renda superior. Segundo dados da PNAD

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Brasil

2001-2009, o décimo inferior de população aumentou a sua renda disponível com uma taxa anual

composta de quase 7%, o que compara com o crescimento de 1,5% do décimo superior, indo ao

encontro da idéia de reforço da classe média, que constitui a referência primária para o consumo.

Uma das principais ameaças à continuação do processo de expansão da renda real no futuro diz

respeito à possibilidade de incremento da inflação nos próximos anos. Esse foi durante décadas um

dos principais bloqueadores do crescimento econômico Brasileiro, e a sua estabilização, pilar

fundamental do lançamento do Plano Real e um dos fatores que mais contribuiu para o atual cenário

de expansão vivenciado pelo país.

Neste sentido, desde a adoção pelo BCB do Regime de Metas de Inflação em 1999 e, mais

enfaticamente, desde que em 2002 o câmbio quase atingiu 4 reais por cada dólar dos EUA, com o

IPCA cotando-se nos 12,5%, o Banco Central do Brasil (BCB) vem perseguindo uma política de forte

contenção da inflação. A recuperação e estabilização da economia Brasileira vêm permitindo a

entrada de capitais externos, conduzindo o câmbio a um máximo de quase 1,5 reais por cada dólar

dos EUA em 2008. A inflação encontra-se desde 2005 contida na banda de 4 pontos percentuais em

torno da meta de 4,5% definida pelo BCB, i.e., entre 2,5% e 6,5%, embora nos anos de 2008 e 2010

tenha se aproximado do limite superior em função do aquecimento do consumo interno.

Segundo o BCB (“Focus – Relatório de Mercado”, 18/11/2011) a expectativa do mercado é de que a

inflação continue abaixo dos 6,5% para os anos de 2011 e 2012, embora próximo ao limite superior

da banda.

Beneficiada pela estabilidade e confiança dos agentes econômicos, surge a segunda alavanca do

consumo: a democratização do crédito. Exercendo influência no consumo das famílias e nas

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Brasil

decisões de investimento das empresas, a trajetória de gradual redução da taxa referência SELIC

tem impulsionado este fenômeno. Adicionalmente, a bancarização do país é crescente, como se

ilustra na figura abaixo, com a duplicação do número de contas correntes desde 2001 e o

incremento da capilaridade das instituições financeiras. O acesso ao crédito é cada vez menos

dispendioso e a prazos mais alargados.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) projeta a continuação dessa tendência,

dos atuais 46% para cerca de 70% do PIB em 2014. De acordo com os números do Banco Central

Europeu (BCE), o total de empréstimos do sistema financeiro representava, no final de 2010, 116%

do PIB na França, 119% na Alemanha e 185% na Espanha. Em todos os países referidos, o crédito

à Pessoa Física já é superior a 50% do PIB, ao passo que no Brasil não atingiu ainda os 20%.

De 2001 a 2010, o crédito concedido em percentagem do PIB cresceu a uma taxa anual composta

de cerca de 5% para pessoa jurídica, e de cerca de 10% para a habitação e Pessoas Físicas. Houve

também uma maior sofisticação nos produtos oferecidos pelas instituições financeiras, que

passaram a proporcionar um leque mais amplo de alternativas, expandindo garantias e seguros.

Segundo um estudo da LCA Consultores, a evolução na penetração de crédito teria sido

responsável por cerca de 40% do crescimento econômico do Brasil nos últimos 6 anos. Em suma, o

consumo das famílias, que representa mais de 60% da economia e que vem sendo alavancado pelo

surgimento da nova classe média emergente, pelo aumento generalizado das rendas e pela

expansão da disponibilidade de crédito, constitui o grande motor do crescimento Brasileiro,

conforme se pode constatar na figura abaixo. Desde 2004, o PIB cresceu 28%, ao passo que o

consumo das famílias avançou acumuladamente 37%, dados do BCB. Na medida em que o eixo de

gravidade de consumo desce das Classes A e B para as Classes C e D, cada unidade monetária

marginal de renda converte-se num valor superior de consumo.

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Brasil

C . M E G A E V E N T O S – C O P A 2 0 1 4 E O L I M P Í A D A S 2 0 1 6

Como agentes catalisadores do cenário otimista que vem se desenhando para o setor de turismo no

Brasil, surgem os dois megaeventos a se realizar nos próximos anos: a Copa do Mundo FIFA em

2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.

Esta será a quarta vez que um país é sede de ambos os eventos no mesmo período, e apenas a

segunda vez em um país em desenvolvimento.

Após o anúncio dos dois megaeventos, o país ganhou visibilidade internacional que se reflete em

vários setores. Em 2010, por exemplo, houve 50 shows internacionais no país, e em 2011 o

calendário contava com mais de 100, segundo reportagem da revista Época de 16/09/2011.

Copa 2014

Segundo estudo da Ernst & Young (“Brasil Sustentável- Impactos Socioeconômicos da Copa 2014”,

publicação em 2010), a Copa realizada na Alemanha em 2006 atraiu 3,4 milhões de expectadores

aos estádios, gerou 5 milhões de pernoites de turistas locais e estrangeiros, 18 milhões de visitas às

áreas de lazer circundantes e estimativa de mais de 26 bilhões de telespectadores acumulados. Na

África do Sul em 2010, estima-se um total 30 bilhões de telespectadores. Segundo o mesmo estudo,

a edição Brasileira deverá atingir números ainda superiores, e estima-se que o fluxo receptivo no

país durante todo o ano de 2014 será 50% maior do que foi em 2010, alcançando 7,8 milhões de

turistas estrangeiros.

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Brasil

A Copa de 2014 no Brasil será realizada em 12 cidades sede – um número elevado em relação ao

padrão para Copas do Mundo – trazendo grande exposição externa para estas cidades brasileiras.

Entretanto, o fator que deverá trazer maior impacto nos fluxos turísticos doméstico e receptivo serão

os elevados investimentos que o país vai realizar em infraestrutura e qualidade dos serviços

turísticos, fruto dos preparativos para o evento.

De acordo os diversos estudos já efetuados sobre o tema, por instituições como o Ministério do

Turismo e a Fundação Getúlio Vargas, há boas possibilidades de potencialização dos investimentos

efetuados, através de um efeito multiplicador sobre a atividade econômica, não só devido ao efeito

de investimento direto público e privado como também através de uma cadeia de efeitos indiretos e

induzidos, desde que seguidas as medidas e procedimentos adequados.

Estudo do Ministério dos Esportes em parceria com a empresa de consultoria Value Partners

(“Impactos econômicos da realização da Copa de 2014”, Março/2010) estima que a Copa gere um

impacto direto de R$ 9,5 bilhões ao turismo, através dos 600 mil turistas estrangeiros que virão,

gerando divisas de R$ 3,9 bilhões, e 3,1 milhão de turistas nacionais, gerando R$ 5,5 bilhões. Esse

estudo estima investimentos diretos que impactam o turismo em mais de R$ 47 bilhões, e um

impacto total sobre o PIB brasileiro de mais de R$ 180 bilhões.

Dos R$ 47,5 bilhões em impacto direto, os investimentos em infraestrutura somam R$ 33 bilhões,

representando aproximadamente 70% do total. Turismo e Consumo respondem pelos R$ 14,5

bilhões restantes, conforme gráfico abaixo:

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Brasil

Parte significativa dos investimentos em infraestrutura civil será destinada aos estádios, incluindo 6

reformas de grande porte e a construção de 6 novos, totalizando R$ 6,3 bilhões:

Mesmo antes da realização da copa, os impactos na imagem brasileira como país hospedeiro de

eventos esportivos já podem ser sentidos. Segundo a revista Exame de novembro/2011, utilizando

dados da Sport+Market, a aproximação dos dois megaeventos fez com que o número de feiras e

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Brasil

eventos relacionados ao esporte quintuplicasse, passando de 30 em 2010 para os 148 previstos

para 2011.

Além dos impactos diretos e indiretos dos investimentos, existem diversos benefícios intangíveis,

mas que influenciam positivamente os fluxos turísticos:

Fortalecimento da imagem brasileira como um pólo turístico, com infraestrutura adequada, bons produtos e serviços turísticos e capacidade organizacional para receber grandes eventos internacionais;

Salto de qualidade dos produtos e serviços oferecidos por todos os prestadores da cadeia turística, particularmente nas cidades sede;

Criação e/ ou reforço da imagem de atratividade para turismo das cidades sede e suas regiões ao nível internacional, pela exposição na mídia e pelo “boca-a-boca” dos turistas, contribuindo para descentralizar o fluxo receptivo e incrementar o interno;

Aumento do nível de “cosmopolização” das cidades sede, contribuindo para torná-las locais mais receptivos aos turistas estrangeiros.

Olimpíadas 2016

Ao contrário da organização de uma Copa do Mundo, onde várias cidades sede passam por um

salto em investimentos e exposição, as Olimpíadas têm o propósito de converter uma única cidade

sede numa metrópole mundialmente conhecida e admirada, estabelecendo um novo

posicionamento da cidade na rede global de turismo. Essa foi a estratégia adotada por Barcelona,

Sidney e Beijing.

Segundo o estudo ”Plano Aquarela 2020”, publicado em 2009 pelo Ministério do Turismo, estima-se

que as Olimpíadas de Sidney levaram ao país um número adicional de 1,7 milhão de turistas entre

1997 e 2004, que gastaram mais de US$ 3,4 bilhões. Além disso, a marca “Austrália” avançou o

equivalente a 10 anos. O estudo também cita um relatório elaborado em 1998 onde consta que

45% dos norte-americanos viajantes em potencial se diziam mais propensos a visitar a Austrália nos

próximos quatro anos como resultado direto da escolha de Sidney para sediar as Olimpíadas.

A estimativa calculada pela Beijing Olympic Economic Research Association é de que cerca de 600

mil turistas viajaram de fora da China e de que cerca de 2,5 milhões deles das mais diversas regiões

chinesas durante os jogos. Ainda é esperado um crescimento de 8% a 9% na quantidade de turistas

em Pequim no período 2009-2018.

Segundo o Plano Aquarela Brasil 2020, estima-se que os jogos de 2012 em Londres devam gerar

ganhos da ordem de US$ 3,4 bilhões (câmbio de julho/2011) para o Reino Unido.

Para o caso brasileiro, um estudo da FIA encomendado pelo Ministério dos Esportes (“Estudo de

impactos socioeconômicos potenciais da realização dos jogos olímpicos na cidade do Rio de Janeiro

em 2016”, setembro/2009) aponta a estimativa de chegada de 380 mil visitantes estrangeiros ao Rio

durante as Olimpíadas em 2016, que devem gastar em hospedagem, alimentação, comércio e

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serviços em torno de US$ 152 milhões. É esperado, além disso, um impacto considerável na

imagem da cidade e na sua atratividade como pólo de turismo de lazer e de negócios.

D . O F E R T A E D E M A N D A D O S E T O R D E T U R I S M O

Nos últimos anos, uma convergência de fatores positivos macroeconômicos, demográficos e

socioeconômicos criou as condições para que uma demanda latente se materializasse numa

explosão de consumo turístico, refletida nas viagens domésticas, ao exterior, desembarques

nacionais, ocupação hoteleira, aluguel de veículos e outros. Segundo dados IPC Target, o potencial

de consumo para despesas de viagens no Brasil teve aumento médio composto de 25% ao ano,

entre 2003 a 2010, quando alcançou R$ 36 bilhões. Além disso, a o crescimento da economia

impulsiona também o turismo de negócios interno e o receptivo, com a crescente quantidade de

eventos de negócios locais e internacionais realizados no Brasil.

Naturalmente, o mercado não é composto só por demanda, e a oferta de serviços e produtos

turísticos tem aumentado tanto em quantidade como em qualidade ao longo dos últimos anos. Neste

sentido, infraestrutura é um limitante ao crescimento. A iniciativa privada tem contado com um

crescente esforço governamental para coordenar ações nas áreas de financiamento, suporte à

qualidade da gestão, formação de mão de obra e visibilidade do Brasil no exterior.

Como mostraremos nos próximos tópicos, o momentum da demanda turística deve continuar forte

nos próximos anos, inclusive com os impulsos dos megaeventos de 2014 e 2016, que deverão

deixar um legado significativo na oferta de infraestrutura, produtos e serviços turísticos e visibilidade

nacional no exterior.

A indústria do turismo no Brasil ainda tem uma participação direta no PIB baixa se comparado a

outros países, de acordo com dados do Euromonitor e FMI:

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Brasil

Fluxos turísticos

A demanda turística contempla três fluxos turísticos, descritos em função do sentido que possuem

em relação às fronteiras do país:

Fluxo doméstico refere-se às movimentações turísticas com origem e destino dentro do Brasil (A);

Fluxo internacional emissor refere-se às movimentações de turistas com origem no Brasil com destino o exterior (B);

Fluxo internacional receptivo refere-se às movimentações de turistas com origem em outros países e com destino o Brasil (C).

Fluxo turístico doméstico

O mercado turístico doméstico tem crescido sistematicamente, sustentando a demanda

em momentos em que a conjuntura externa apresentou-se desfavorável.

O número de viagens domésticas é um dos indicadores do vigor da demanda turística e tem

crescido nos últimos anos a uma taxa média anualizada de 6%. Para os próximos anos, o MTur e

FGV, no estudo “Turismo no Brasil, 2011- 2014”, consideram três cenários para o processo de

crescimento, desenvolvimento e de melhoria da competitividade turística no período de 2010-2014.

O mais favorável – “acelerado” (C1); o intermediário – “moderado” (C2); e o de menor crescimento –

“inercial” (C3).

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C

B

A

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Brasil

Pela alta correlação entre as viagens domésticas e o desenvolvimento econômico, os cenários C1 e

C2 resultam nas mesmas projeções para o volume das viagens domésticas. Apenas no caso de

crescimento inercial é que as viagens perderiam ritmo.

Um importante indicador do vigor do fluxo turístico doméstico é o desembarque de passageiros nos

aeroportos brasileiros, que tem crescido a uma taxa anualizada média de 12%. Conforme demonstra

o gráfico abaixo, mesmo o crescimento esperado para o cenário mais otimista projetado pelo MTur

(C1), subestimou o número de desembarques ocorridos em 2010, indicando uma resposta mais

sensível deste indicador às condições econômicas favoráveis no ano.

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Brasil

Outro setor de destaque é o de cruzeiros marítimos. Embora não seja totalmente um fluxo

doméstico – dos 793 mil turistas na temporada 2010/2011, 12,5% foram estrangeiros – o número de

cruzeiristas que viajam no Brasil cresceu a um taxa média composta de 34% ao ano nos últimos 6

anos, segundo estudo da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) e FGV Projetos.

Dos brasileiros, 61% são do estado de São Paulo.

Outro setor que reflete o crescimento da demanda (doméstica e receptiva internacional) é o

hoteleiro, onde, segundo estudo do BNDES sobre perspectivas do setor no Brasil, tem mostrado

aumento na taxa de ocupação nos últimos anos, após um período pressionado pela retração da

demanda e, em alguns dos principais destinos turísticos do país, pelo excesso de oferta promovido

pela intensa construção de apart-hotéis. Outro índice com crescimento acentuado é o RevPAR

(revenue per available room) – índice que combina taxa de ocupação e valor da diária média paga.

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Brasil

Fluxo turístico internacional emissivo

O crescimento econômico brasileiro e o consequente aumento da renda discricionária das famílias,

descritos anteriormente, também impulsionam o fluxo de turistas brasileiros para o exterior, que tem

sido amplificado consideravelmente pela valorização do real em relação ao dólar nos últimos anos.

Segundo Business Monitor International (BMI) no seu relatório “Brazil Tourism Report Q3 2011”, em

torno de 5,6 milhões de brasileiros deveriam viajar em 2011 ao exterior. Em 2010, cada turista

brasileiro gastou em média US$ 2.610 no exterior, quase três vezes mais que o gasto médio de um

turista estrangeiro no Brasil, totalizando US$ 14,6 bilhões. Esse número pode refletir os gastos com

compras desproporcionalmente maiores realizados pelos turistas brasileiros.

Em 2010, 44% dos turistas brasileiros que foram para o exterior tiveram como destino países da

América Latina, especialmente a Argentina, refletindo alto grau de intercâmbio comercial e das

ofertas de produtos de turismo dirigidos para o país vizinho.

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Brasil

Fluxo Turístico Internacional Receptivo

A entrada de turistas estrangeiros no Brasil atingiu um patamar em 2005, manteve-se estável até

2009 e deu sinais de iniciar uma recuperação em 2010. O ritmo dessa recuperação depende em

parte da atratividade turística do Brasil, tanto em lazer como para negócios, e também da qualidade

dos serviços e infraestrutura. O MTur e FGV projetam 3 cenários para o crescimento do fluxo

receptivo até 2014, baseados em projeções da taxa de câmbio, crescimento do PIB mundial, fluxo

turístico internacional e assentos oferecidos.

No lado da atratividade brasileira, os seguintes fatores são geralmente apontados entre aqueles que

defendem a perspectiva de cenário mais otimista:

O Brasil é um país com reconhecidas belezas naturais e também com crescentes atrativos culturais, culinários e de lazer em geral;

O país sediará um número crescente de eventos esportivos, culturais e de negócios nos próximos 5 anos;

O governo, através do MTur, tem aumentado seus esforços de promoção e de comunicação do turismo no exterior.

As metas contidas no Plano Aquarela 2020 do MTur contemplam um crescimento de 113% entre 2010 e 2020 para a chegadas de turistas ao país.

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Brasil

No entanto, apesar da expectativa positiva, dados da Organização Mundial do Turismo e do MTur

indicam que, com os 4,8 milhões de turistas estrangeiros recebidos em 2009, o Brasil ficou na 45ª

colocação mundial, atrás de países como Turquia (7º lugar), Malásia (9º), México (10º) e Áustria

(11º), e empatado com a Argentina, apesar das diferenças em tamanho geográfico e populacional

entre os dois países.

Dessa forma, o Brasil ainda tem um longo caminho para se aproximar dos níveis de países como a

Argentina, Chile, México e África do Sul, conforme demonstrado abaixo.

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Brasil

Outro indicador do grande espaço para crescimento são as divisas geradas pelo setor no Brasil, que

o WTTC estima em US$ 6,58 bilhões em 2011, nos colocando apenas no 42º lugar num ranking de

181 países, para uma economia que é a 7ª no mundo atualmente.

Quanto a destino, houve uma desconcentração no fluxo de passageiros internacionais nos principais

aeroportos brasileiros nos últimos anos, embora modestos. De 2003 a 2010, segundo relatórios da

Infraero, Guarulhos passou de 70% para 65% dos passageiros internacionais, enquanto Brasília

passou de praticamente nada a 1,3%, Manaus de 0,4% para 1,0%, Confins de 1,0% para 1,9% e

Porto Alegre de 1,7% para 2,8%.

Prestadores de Serviços

A prestação de serviços turísticos no Brasil ainda é considerada uma atividade com grande nível de

informalidade. O Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos – Cadastur – tem

apresentado um crescimento consistente no número de prestadores, reflexo da obrigatoriedade do

cadastro a partir de 2008. Em 2009, havia 36.846 prestadores cadastrados, um aumento de 6%

sobre o ano anterior.

Em termos de emprego, o IPEA estima uma queda lenta, mas contínua, no nível de informalidade

para o setor, saindo de 59% em 2002, para 57% em 2009. Neste período, a participação da

ocupação do turismo na economia passou de 2,0% para 2,3%.

Em 2008, segundo o IPEA, os empregos em turismo estavam divididos na seguinte forma:

40% em transportes;

33% em alimentação;

13% em alojamentos;

5% como auxiliares de transporte;

5% em Empresas de Turismo e;

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Brasil

4% em outros.

Segundo a 7ª Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo (Pacet), as 80 maiores

Empresas de Turismo no país faturaram em 2010 R$ 42,8 bilhões e empregaram 96 mil pessoas.

Segundo a mesma pesquisa, para o período entre 2004 e 2010 (com exceção de 2009) as

empresas pesquisadas reportaram aumentos de receita de um ano para o outro entre 15% e 30%.

A cadeia de valor turística engloba diversos participantes: fornecedores de produtos de turismo,

operadoras e consolidadoras, outras Empresas de Turismo, clientes corporativos e físicos,

corretoras de câmbio, bancos, operadoras de cartão de crédito e seguradoras, que formam um elo

conforme o diagrama abaixo:

O caráter de intermediação de serviços que caracteriza boa parte da cadeia de valor do turismo

indica que a consolidação vertical apresenta grande potencial de ganhos tanto em eficiência –

menos interfaces, refletindo em menores custos – quanto em qualidade do serviço – maior controle

sobre todos os elos da cadeia, do prestador de serviço ao canal que tem contato com o cliente final.

Empresas de Turismo

É uma indústria bastante pulverizada no Brasil, com 12.784 empresas cadastradas em novembro

de 2011 no Cadastur – sistema do MTur de cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no

turismo – sendo a grande maioria micro ou pequenas empresas. Essa fragmentação as torna, em

geral, o elo mais fraco na cadeia de valor, já que a maioria dos demais participantes constitui-se por

segmentos com alta concentração, proporcionando uma assimetria a favor do poder de barganha

dos outros elos diante das Empresas.

Fornecedores das Empresas de Turismo

o Cias aéreas: setor altamente concentrado, com o quase duopólio Gol e TAM;

o Hotéis: setor com concentração crescente, onde cadeias nacionais e estrangeiras, com

maior acesso a crédito, avançam na sua participação de mercado;

Agências consolidadoras: setor não tão concentrado quanto o de cias aéreas, mas cujos

participantes têm poder de barganha muito superior às outras categorias de Empresas de

Turismo, com melhor acesso aos bancos, seguradoras, corretoras de câmbio e até nas Cias

Aéreas.

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ClientesAgências de

turismo

Consolidadoras

e Operadoras

Cias aéreas,

hotéis etc.

Corretoras de câmbio

Bancos, cartões de crédito e seguradorasBancos, cartões de crédito e seguradoras

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Bancos, cartões de crédito e seguradoras: setores concentrados e com tendências a

acentuação. Empresas de menor porte tendem a ter dificuldades para levantar recursos junto

aos bancos ou negociar taxas de intermediação com cartões de crédito;

Corretoras de câmbio: indústria também em processo de consolidação, com grandes empresas

estrangeiras entrando no mercado brasileiro através de aquisições;

Clientes

o Cliente final pessoa física: aumento do poder de barganha sobre as Empresas pelo

crescimento das alternativas online de turismo e acesso direto aos fornecedores de

serviços turísticos (turistas independentes), além da crescente fragmentação da

demanda, que dificulta o acesso à segmentação mercadológica;

o Clientes corporativos: segmento com margens declinantes para as Empresas devido ao

tamanho dos clientes e pelo serviço ser cada vez mais negociado em áreas de compras

mais agressivas.

Esse ambiente competitivo favorece um movimento de concentração das Empresas de Turismo, que

seria uma contrapartida ao menor poder individual, possibilitando mais poder de barganha na

negociação com bancos, operadoras, fornecedores turísticos e clientes corporativos.

Outra possibilidade de ganhos é através da consolidação horizontal, onde Empresas que atendem

distintos segmentos e geografias se unem. Embora bem menos frequente, essa configuração

possibilita atingir vários segmentos da demanda turística, que valorizam abordagens e serviços

específicos, reduzindo flutuações sazonais na receita e ineficiências nas interfaces, além de

possibilitar fluxos “internos”, onde certas regiões agem como emissoras de turistas, que serão

servidos também por receptivos pertencentes ao mesmo grupo.

Pode-se esperar também uma verticalização no setor, com empresas agregando mais de um elo da

cadeia, como, por exemplo, unir operadoras, consolidadoras e outras Empresas de diversos

segmentos de atuação com corretoras de câmbio, corretoras de seguros, entre outros. Nesse caso o

ganho principal seria nas interfaces entre cada elo da cadeia e no maior controle sobre a qualidade

do serviço como um todo.

Segundo pesquisa do MTur, no primeiro semestre de 2011 as Empresas de Turismo reportaram

uma expansão dos negócios em 70%, sendo que 76% dessas Empresas planejavam investimentos

para o segundo trimestre, refletindo o bom momento atual e o otimismo para o curto prazo.

Entretanto, segundo outro estudo do MTur sobre hábitos de consumo do turista em 2009, dos que

compraram serviços de turismo, apenas 24,5% os fizeram através de Empresas, indicando um

grande potencial de penetração.

A região Sudeste concentra 48% das Empresas registradas, seguida pela região Sul com 22%,

Nordeste com 16%, Centro-Oeste com 9% e Norte com 5%. Essa distribuição reflete o peso das

regiões como emissores de turistas no país.

Há vários subsegmentos de Empresas de Turismo em função da motivação principal do viajante ou

da sua posição na cadeia de valor; entretanto, muitas atendem a mais de um segmento como forma

de minimizar sazonalidades na demanda e também como forma de otimizar estruturas de

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Brasil

atendimento e vendas. A seguir, vamos apresentar em breve descritivo de cada um desses

subsegmentos.

Agências de Turismo Receptivo

Por definição, não trabalham com a emissão de turistas para outras localidades. Restringem-se à

recepção de viajantes e em atividades complementares como reserva de hotéis, tickets para shows

e eventos, transportes de passageiros e realização de passeios turísticos no destino, sendo parte

importante nos fluxos turísticos doméstico e receptivo internacional. Algumas Empresas de maior

porte fecham acordos diretamente com Empresas emissoras nos respectivos países e repassam

alguns serviços para as chamadas Receptivas, que organizam apenas translados e passeios.

A sazonalidade da demanda no turismo de lazer torna bastante flutuante a receita para essas

empresas, sendo agravada nos casos onde a dependência do fluxo receptivo estrangeiro é grande.

A diversificação geográfica – atendendo fluxos com sazonalidades complementares – e por

segmento – mercado corporativo e eventos de negócios – é uma alternativa de crescimento para as

receptivas.

Agências Corporativas

Empresas focadas no mercado corporativo, com volume maior de transações mas com margens

menores. Algumas empresas oferecem serviços adjacentes às viagens, como gestão do fluxo de

viagens para a empresa cliente – caso da Flytour – ou a organização dos eventos corporativos –

caso da Belvitur.

Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagem Corporativas (Abracorp), em 2010

aproximadamente 75% do faturamento do setor veio da emissão de passagens aéreas. Entretanto,

o segmento que mais cresce é o de viagens de incentivos e eventos.

Agências exclusivas para o Governo

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, citando o Sistema Integrado de Administração Financeira do

Governo Federal (Siafi), os gastos do governo federal no primeiro trimestre de 2011 com viagens e

deslocamentos de funcionários somou R$ 122 milhões. Esse subsegmento tem atraído a atenções

de algumas Empresas que atendem exclusivamente o governo. Entretanto, é um segmento

competitivo, cujo ciclo de contratação é longo e sob licitação.

Agências focadas em Turismo Educacional e Intercâmbio

Neste caso, o público alvo é o turista cujo objetivo principal é aprimorar seu conhecimento sobre

outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em cursos curriculares ou não. As vendas

são consultivas, demandando nível de treinamento de pessoal acima da média do setor. Além disso,

Empresas são de porte médio para grande, pois exige capacidade de coordenação com equipes de

apoio nos vários países envolvidos nos intercâmbios.

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O número de brasileiros em cursos no exterior tem crescido a uma taxa anual média de 26%,

segundo a Belta. Em 2005 contava-se pouco mais de meia centena, ao passo que para 2011 a Belta

estima que sejam ultrapassados os 200 mil. As principais Empresas de intercâmbio são a CI e a

STB, com mais de 60 lojas cada, a Experimento com 28 lojas e a World Study com 16 lojas.

Segundo o Valor Econômico, o faturamento das empresas do setor cresceu 40% entre o primeiro

semestre de 2010 e o de 2011.

Agências de Turismo de Aventura e Ecoturismo

Segmento onde os produtos são direcionados aos viajantes cuja motivação é de aventura (com

algum nível de risco controlado) de caráter recreativo e também produtos onde a preocupação em

não agredir o meio ambiente é primordial.

Segundo estudo da Euromonitor International (“Travel and Tourism Global Overview”, março/2011),

a categoria de turismo que mais vai crescer globalmente entre 2010 e 2015 será a de turismo a

parques nacionais.

Agências Consolidadoras

Estas são Empresas que consolidam serviços junto às cias aéreas e repassam às Empresas de

menor porte, que não são credenciadas para este fim.

Operadoras

Diferentemente das outras Empresas de turismo, as operadoras em geral não mantém contato nem

comercializam com o cliente final, o turista, mas somente com os fornecedores de serviços e

produtos turísticos. Elas adquirem os serviços, elaboram pacotes e os disponibilizam para as

Empresas de Turismo para que sejam comercializados. Entretanto, algumas desenvolvem canais de

venda no varejo, como lojas físicas ou canal eletrônico (internet) de vendas.

Segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), no seu Anuário 2011,

estima-se que seus 86 associados comercializaram 85% dos pacotes turísticos no Brasil 2010 e

transportaram aproximadamente 4,8 milhões de viajantes, gerando vendas conjuntas de R$ 7,6

bilhões. Pelas estatísticas da Braztoa, o mercado brasileiro total de operadoras teria,

consequentemente, gerado vendas de aproximadamente R$ 8,9 bilhões em 2010.

Algumas operadoras utilizam lojas como canal de vendas no varejo para seus produtos. O uso de

sistemas de franquias acelera expansão das lojas, mas pode trazer riscos pela redução do controle

sobre o próprio canal de vendas.

Organizadores de Feiras e Eventos

O setor de empresas organizadoras de eventos é caracteristicamente pulverizado e informal,

composto por 90% de micro ou pequenas, segundo a Associação Brasileira das Empresas de

Eventos (ABEOC). Não há estatísticas confiáveis sobre o setor, mas, segundo o “Anuário Brasileiro

das Promotoras e Organizadoras de Eventos”, em 2008 havia 6 mil empresas organizando 319 mil

eventos/ano no país, nem todos relacionados ao turismo.

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Além disso, há uma grande diversidade em tamanhos, desde empresas iniciadas por ex-

funcionários que passam a organizar os eventos corporativos para o antigo empregador, até

grandes como a Reed Exhibitions Alcantara Machado, joint venture constituída em 2007, que

segundo seu presidente, espera realizar 42 feiras em 2011 e 2012, com investimentos de R$ 100

milhões. Em 2011 suas feiras hospedarão 6 mil expositores e receberão 4 milhões de visitantes. A

empresa, que informa ter faturado US$ 150 milhões no Brasil em 2010, ainda segundo seu

presidente, tomou a decisão estratégica de diversificar geograficamente, e deve destinar pelo menos

25% dos seus negócios para o Nordeste nos próximos anos.

Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Hospedagem

Diferentemente dos meios de transporte, a hotelaria está inteiramente vinculada à demanda

turística. Os meios de hospedagem se compõem por hotéis, pousadas e hospedarias, que prestam

serviços basicamente para os vários segmentos de turistas.

Segundo estudo setorial do BNDES, o mercado brasileiro de hotelaria tem baixa concentração,

sendo que os 20 maiores grupos de hotelaria por quantidade de quartos, que administram mais de

500 hotéis, ofertam apenas 19% das unidades habitacionais hoteleiras.

Relatório da Hotel Investment Advisors (HIA) e da Horwath HTL, citados em estudo do BNDES em

agosto de 2007, afirma que existiam no Brasil 7.153 hotéis e flats em 2007, totalizando 359 mil

quartos. Já em julho de 2010, segundo estudo publicado pela Jones Lang Lasalle Hotels, “Hotelaria

em números Brasil 2010”, havia 9.524 hotéis e flats no país (incluindo condo hotéis), totalizando 441

mil quartos. Segundo documento do MTur, estão previstos investimentos de R$ 1,9 bilhão em

hotelaria até Copa de Mundo de 2014 e um crescimento anual de 7% para o número total de

estabelecimentos hoteleiros no período.

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Uma característica importante do fluxo turístico doméstico é o fato, capturado em uma pesquisa da

FIPE em 2007, de que a maioria dos turistas brasileiros em viagens de lazer hospeda-se em casa

de amigos ou parentes, sendo que apenas 23% hospedaram-se em hotéis. No turismo de negócios,

por outro lado, a penetração dos hotéis é bem maior, tendo atingido 60% dos viajantes.

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Assim, a segmentação da demanda em 2009, segundo a Jones Lang LaSalle, mostrou uma

concentração de 50% nos clientes corporativos para os hotéis e flats urbanos.

Há uma forte concentração de quartos na região Sudeste, com 47%, seguido por Nordeste e Sul

com 21% cada, Centro-Oeste com 8% e Norte com 3%.

Em linha com esses dados, o estudo da Jones Lang LaSalle indicou que existiam, em julho de 2010,

153 projetos hoteleiros em construção ou em fase adiantada de planejamento e que serão afiliados

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às principais redes hoteleiras que operam no país, adicionando 24.147 novos apartamentos à oferta

atual, concentrados nos segmentos econômico e superior. Isso representaria um acréscimo de

apenas 5,5%.

Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Transporte

Transporte Aéreo

As maiores companhias aéreas operando no mercado doméstico brasileiro, em número de assentos

instalados em dezembro/2011, segundo anuário ANAC 2010, são: TAM com 26.859: Gol: 21.155;

Azul: 2.948; Trip: 2.740; Avianca: 1.946; Pantanal: 819 e; Passaredo: 637.

Portanto, o transporte aéreo de passageiros no Brasil é bastante concentrado, quase um duopólio,

onde as duas empresas principais tiveram, nos vôos domésticos em 2010, 83% e 82% dos assentos

quilômetros oferecidos (AKS) e dos passageiros quilômetros transportados, respectivamente,

segundo o relatório anual ANAC. Portanto, desempenho dessas duas companhias reflete em grande

parte o que acontece no setor como um todo.

Abaixo, alguns dados sobre a Gol Linhas Aéreas:

37% de participação de mercado (jul/2011);

Faturamento de quase R$ 7 bilhões em 2010.

115 aeronaves;

18,7 mil funcionários.

Dados sobre a líder de mercado, a TAM:

45% de participação de mercado;

Faturamento de R$ 9,2 bilhões em 2010;

157 aeronaves em operação.

Neste setor, vemos o impacto do crescimento da demanda turística com bastante clareza. Segundo

a ANAC, de 2002 a 2010 houve um aumento de 153% no Passageiro Quilômetro Pago

Transportado (RPK) (1 RPK = 1 passageiro pagante que voou por 1 km) para vôos domésticos.

Também segundo a ANAC, de julho de 2010 a junho de 2011, o preço médio das passagens aéreas

no Brasil foi o menor desde o início da série histórica, em 2002, contribuindo para o aumento da

demanda.

Transporte Terrestre

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, o transporte rodoviário de

passageiros no Brasil é responsável por uma movimentação superior a 140 milhões de

usuários/ano. O transporte rodoviário por ônibus é a principal modalidade de movimentação coletiva

de usuários nas viagens de âmbito interestadual, segundo o MTur e FGV. Embora perdendo

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Brasil

mercado ao longo dos últimos anos, conta com um faturamento anual superior a R$ 2,5 bilhões,

utilizando 13.400 ônibus, conforme o Anuário Estatístico da ANTT. O desembarque de passageiros

em transporte rodoviário coletivo para percursos acima de 75 km, indicador utilizado pelo Plano

Nacional de Turismo, mostra uma queda de 12% entre 2004 e 2008. Segundo estudo realizado pela

Câmara Brasileira de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, em relação ao transporte

turístico, o setor opera hoje com uma demanda a 20% da registrada em 1985. Essa perda é

concomitante não somente com o aumento expressivo do número de veículos licenciados e de

veículos locados a partir de 2003, o que poderia explicar parcialmente o comportamento da

demanda segundo o MTur e FGV, como também o aumento da oferta e redução das a tarifas

aéreas para viagens de longa distância, o que incentivou parte dos viajantes a trocar o ônibus pelo

avião.

Por outro lado, o mercado de locação de veículos vem crescendo com taxas de dois dígitos. No

período de 2003 a 2010, segundo a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA), a

frota teve um CAGR de 12% e o faturamento um CAGR de 11%.

Em 2010, 56% das locações tiveram como objetivo a terceirização de frota, 24% o turismo de

negócios e 20% para o turismo de lazer.

Segmentação por classe de demanda

Em pesquisa realizada pelo MTur e FIPE em 2007, o lazer foi a motivação principal para viagem

doméstica declarada por cerca de dois terços dos entrevistados, seguida por negócios com 24% e

outros motivos com 9%.

Turismo de Lazer

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Brasil

O turismo de lazer é, por definição, composto por viagens motivadas pela busca do entretenimento

em praias, campo, em cidades com ricos acervos culturais, históricos ou naturais, em parques

temáticos, em resorts que ofereçam serviços especializados ou diferenciados, visitas a parentes e

amigos. Há um alto grau de viagens discricionárias nesse segmento, ou seja, a demanda é muito

influenciada pela renda disponível das famílias e da atratividade do turismo como consumo.

Segundo estudo da Euromonitor International (“Travel and Tourism Global Overview”, março/2011),

as vendas no varejo de turismo de lazer a nível global em 2010 foram três vezes maiores que as

corporativas, o que deve se manter até 2015, onde deve atingir aproximadamente US$ 600 bilhões.

Em pesquisa do MTur e FIPE, os principais motivos dos turistas nas viagens de lazer domésticas

foram: a visita a parentes/amigos; sol e praia; compras pessoais; turismo cultural e; diversão

noturna.

Algumas características distinguem o turista doméstico de lazer do de negócios, também levantadas

pelo estudo do MTur FIPE:

As viagens de lazer usam automóvel em 50% dos casos, enquanto as de negócios em 36%. Em

contrapartida, viagens de negócios usam o avião em 22% dos casos, contra apenas 8% das de

lazer;

Em mais da metade das viagens a lazer o turista se hospeda na casa de amigos e parentes,

indicando uma grande oportunidade para o setor hoteleiro;

92% dos turistas alegam não ter usado os serviços das Empresas de Turismo para organizar a

sua principal viagem, indicando também uma grande oportunidade para as empresas do setor

aumentar sua penetração.

Turismo de Negócios

O turismo de negócios trata das viagens onde a motivação seja algum compromisso de natureza

profissional, o que inclui participação em congressos, seminários, feiras e etc.

Em 2007 foram realizadas 37 milhões de viagens domésticas motivadas por negócios, segundo o

MTur. O dinamismo do turismo de negócios no Brasil pode ser comprovado pelo desempenho do

segmento corporativo das Empresas de Turismo, incluindo as operadoras. Segundo a pesquisa

“Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas”, encomendada pela Associação Brasileira de

Gestores de Viagens Corporativas (ABGEV), o setor de viagens corporativas cresceu 20% em 2010,

movimentando R$ 21 bilhões.

O mercado crescente tem estimulado a consolidação no Brasil, exemplificada pelo anúncio em

novembro da aquisição de 100% da Net Tour pela Carlson Wagonlit Travel (CWT), a maior empresa

do mundo de turismo corporativo. Segundo seu presidente em entrevista ao jornal Valor Econômico,

com a aquisição a CWT deve faturar em torno de R$ 1,5 bilhão em 2012.

Já o fluxo receptor internacional de turistas estrangeiros em viagens de negócios, segundo o MTur

baseado em dados do WTO, veio apresentando uma queda leve a partir de 2005, que se acentuou

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Brasil

em 2009, impulsionado principalmente pela crise financeira nos principais países emissores. Em

2010 houve uma recuperação nos níveis de entrada de turistas estrangeiros no Brasil, e estudos da

MTur e FGV estimam que a proporção relativa a viagens de negócios, que estava em patamares de

29% até 2005 e chegou a 23% em 2009, deva retornar gradativamente aos 29%. Além disso, a

crescente importância brasileira no contexto econômico mundial, aliada ao crescente número de

eventos de negócios internacionais sediados no Brasil, reforça a atratividade do país.

Eventos de Negócios

O Brasil tem se desenvolvido nos últimos anos como destino de eventos de negócios internacionais.

Segundo o International Congress and Convention Asssociation (ICCA), passou de 62 em 2003 para

275 eventos em 2010, ocupando por 3 anos a 7ª posição mundial.

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Brasil

Apesar de estar concentrada em São Paulo, que sediou 75 eventos em 2010, a quantidade de

cidades brasileiras nesse grupo passou de 22 para 45 nesse período, caracterizando uma

desconcentração, distribuindo os ganhos por outras capitais brasileiras.

Em 2008, os 254 eventos ICCA contaram com 64.500 participantes não-residentes no Brasil,

segundo o EMBRATUR. Os segmentos mais importantes em número de participantes foram

Tecnologia e Meio Ambiente (46%), Médico (38%), e Educação Social e Esporte (12%).

Segundo estudo da EMBRATUR (2008/2009), o turista estrangeiro que chega ao Brasil para

participar de evento associativo tem gasto diário médio de US$ 280, contra apenas US$ 68 para o

turista de lazer.

Intercâmbio e outros Relacionados à Educação

O turismo emissor de intercâmbio, ou educacional, é aquele em que o objetivo principal do turista é

aprimorar seu conhecimento sobre outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em

cursos curriculares ou não. O aumento da internacionalização do Brasil, onde cada vez mais as

empresas valorizam experiências internacionais no recrutamento de jovens, além do câmbio

favorável, têm contribuído para este ser um dos segmentos de maior crescimento atualmente.

Segundo a Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), que diz representar 90% do

mercado das Empresas para turismo de intercâmbio, os cursos de intercâmbio disponíveis no

mercado em geral envolvem: cursos colegiais (jovens de 15-18 anos), idiomas, idiomas combinado

com interesses específicos, para professores, terceira idade e programas de férias.

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Brasil

A nível mundial, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE), atualmente 3 milhões de estudantes realizam estudos no exterior, que, estima-se, atingirá

10 milhões em 2025.

Outros Motivos de Viagem

Turismo visando jogos esportivos: destaque crescente no Brasil nos últimos anos. Os Jogos

PanAmericanos de 2007 marcaram a entrada do Brasil como sede de grandes eventos

esportivos mundiais. Aconteceram 36 eventos esportivos internacionais no país em 2011, em

aproximadamente 15 cidades diferentes, com destaque para os 5o Jogos Mundiais Militares em

julho no Rio de Janeiro, onde participaram 6.000 atletas de 110 países e 2.000 treinadores e

comissões técnicas, segundo o site oficial do evento. Para os próximos 5 anos, além dos

megaeventos Copa do Mundo e Olimpíadas, já estão programados cerca de 20 eventos

esportivos por ano. Alguns exemplos abaixo mostram a diversidade e a importância:

Evento Local Audiência estimada

Data Última edição no país

Mega

eventos

Confederations Cup Brasil 400.000 2013 Primeira vez

Copa América Rio de Janeiro 800.000 2015 1989

World University Games Brasil 300.000 2017 Primeira vez

Summer Paralympics’ Games Rio de Janeiro 100.000 2016 Primeira vez

Formula 1 – GP Brasil São Paulo 72.631 Anual (Novembro) 2011

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Brasil

Rally dos SertõesGoiânia to Fortaleza

30.000 Anual (Agosto) 2011

Eventos

de média

escala

São Silvestre (Marathon) São Paulo 21.000 Dezembro 11 2010

São Paulo International

MarathonSão Paulo 20.000 Anual (Junho) 2011

Masters Track & Field

ChampionshipPorto Alegre 20.000 2013 2010

UFC Rio (Mixed Martial Arts) I

and IIRio de Janeiro 16.572 Ago2011/Jan2012 Primeira vez

WCT (Surf) Rio de Janeiro 10.000 Anual (Maio) 2011

Rio Surf Pro International Rio de Janeiro 10.000 Anual (Outubro) 2011

Rio de Janeiro Marathon Rio de Janeiro 9.000 Anual (Agosto) 2011

Rio de Janeiro International Half Marathon

Rio de Janeiro 9.000 Anual (Agosto) 2011

WCSK8 (Oi Rio Vert Jam)

(Skate)Rio de Janeiro 8.500 Anual (Março) 2011

Brasil Open (Tennis) Bahia 4.665 Anual (Setembro) 2011

Brasilia Open – Beach Volleyball Brasília 4.500 Anual (Abril) 2011

Judo World Championship Rio de Janeiro 2.500 2013 2011

Eventos e serviços direcionados ao público GLS: crescente no Brasil e em várias partes do

mundo, como a Parada Gay de São Paulo. Segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), em 2010

mais de 400 mil turistas vieram a São Paulo e cerca de 3 milhões de pessoas se reuniram na

Av. Paulista. A próxima convenção anual da Intenational Gay & Lesbian Travel Association será

em Florianópolis, em 2012;

Turismo com motivação médica: este é outro segmento que cresce muito a nível global, com os

consumidores procurando por locais onde os procedimentos médicos tenham melhor

custo/benefício. Na pesquisa MTur e FIPE de 2007, 7% dos turistas responderam que a saúde

era um dos motivos de viagem. Segundo o Euromonitor International, turismo objetivando

procedimentos cosméticos tem crescido com vigor na Malásia, Taiwan e Argentina. Segundo o

mesmo relatório, as categorias de turismo que mais crescerão (CAGR) em valor de vendas

entre 2010-2015, por motivação, serão: Parques Nacionais – 6,8%; Turismo Médico: 5,4%;

Spas: 3,3%; Cruzeiros: 3,3% e; Aventura: 3,3%.Festas de Rodeios: A Confederação Nacional

de Rodeios (CNAR) calcula que sejam realizadas 1.800 festas de rodeios anualmente no Brasil,

com visitas estimadas em 30 milhões em 2009. Segundo levantamento feito pela Folha de

S.Paulo, com dados da CNAR, as 30 maiores tiveram 4 milhões de visitantes em 2010;

Turismo com motivação religiosa: também apresenta números relevantes, com 3,8% dos

viajantes apontando esta como uma das motivações de turismo, na pesquisa MTur e FIPE.

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Brasil

Alguns estudos da Escola de Turismo da USP estimam que a cidade de Aparecida do Norte,

SP, receba em torno de 7 milhões de turistas anualmente, sendo o maior centro de

peregrinação religiosa da América Latina;

O Rio de Janeiro sediará a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento a nível

mundial da Igreja Católica, contando com a presença do Papa Bento XVI. Em algumas das

edições anteriores, o número de visitantes foi muito elevado, como Manila em 1995, com 5

milhões, e Roma em 2000, com 2,1 milhões, segundo a CNBB. Para 2013, a prefeitura do Rio

de Janeiro espera a chegada de 4 milhões de peregrinos na cidade;

Festas do Norte / Nordeste: as cidades de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE) recebem mais

de 1,5 milhão de visitantes cada uma durante as comemorações de festa junina nos meses de

junho e julho. A cidade de Juazeiro do Norte (Ceará), conhecida por suas romarias ao Padre

Cícero, segundo sua Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Romarias, recebe

em torno de 2 milhões de visitantes anualmente. A romaria a São Francisco, na cidade de

Canindé (Ceará), segundo Secretaria de Turismo do município, trouxe à cidade 200 mil

romeiros no dia 18 de setembro. Já no Norte do Brasil, o festival de Parintins, no Amazonas,

atrai todos os anos mais de 100 mil pessoas, de acordo com o site oficial do evento;

Carnaval: apesar de estar concentrado em apenas quatro dias ao ano, movimenta uma grande

quantidade de turistas domésticos e estrangeiros por todo o país. Segundo estimativas da

Riotur, no carnaval de 2011 a cidade do Rio de Janeiro recebeu 760 mil turistas. O governo da

Bahia estima que Salvador recebeu outros 550 mil neste ano.

Canais de Distribuição

O canal de distribuição na indústria do turismo é um sistema de intermediários ligando os produtos e

serviços turísticos aos consumidores, pessoas físicas ou corporativas. Podemos agrupá-los em

tradicionais e eletrônicos.

Canais Tradicionais

Mais próximas do consumidor final pessoa física ou corporativa, existem as Empresas de Turismo

emissoras, que geralmente prestam serviço de consultoria sobre destinos, pacotes, documentação.

Conforme explicado em tópico anterior, podem ser segmentadas por motivo da viagem ou pelo tipo

de consumidor. Em posição intermediária, existem as operadoras turísticas, que montam pacotes de

serviços e produtos turísticos e distribuem via Agências emissoras. Finalmente, próximo aos

fornecedores de serviços turísticos, estão as Empresas de Turismo receptivas, que trabalham

exclusivamente com a recepção de turistas, reserva de hotéis, transporte de passageiros, etc

Canais eletrônicos

Todos os elementos da cadeia de distribuição e também os fornecedores de produtos e serviços

utilizam canais eletrônicos para se aproximar dos consumidores finais.

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Brasil

Empresas de Turismo emissoras desenvolvem seus próprios sites na internet para informar sobre seus produtos e/ou comercializá-los, em processos com início e fim no site ou a finalização em loja física;

Existem Empresas puramente online, ou seja, operam somente por meios eletrônicos, não sendo um canal de uma empresa tradicional. O maior exemplo é a Expedia Inc, Decolar.com, Viajanet e Rapi10.

Operadoras também desenvolvem sites para evitar que a comercialização de seus produtos seja intermediada por outra Empresa de Turismo;

Fornecedores de produtos turísticos são os mais desenvolvidos na utilização da Internet para vender diretamente ao consumidor: companhias aéreas, hotéis, empresas de locação de veículos, empresas de transporte marítimo e ferroviário, etc;

É inegável o papel da internet na comercialização dos produtos e serviços turísticos. O rápido

aumento do acesso à internet e à conexões de banda larga no Brasil, associado a uma população

jovem (Gerações “Y” e “Z”) que não tem as resistências habituais ao comercio eletrônico e abraça

as redes sociais com muito vigor, garantem um futuro promissor para o canal. Segundo o IBOPE

Nielsen online, entre junho de 2010 e 2011 houve um crescimento de 14% na procura por sites de

viagens, alcançando 23,6 milhões de usuários únicos. Em relação aos cruzeiristas, pelo seu perfil

socioeconômico elevado, 58% com ensino superior completo, e por ter partido de uma base menor,

o crescimento dessa subcategoria foi de 117% no período.

Segundo reportagem da Revista Exame, citando pesquisa da E-Consulting, o turismo foi a categoria

do comércio eletrônico que mais cresceu no primeiro semestre de 2011 no Brasil: 29%, contra a

média do varejo online de 19%. Até o final de 2011, o faturamento do turismo online deve alcançar

R$ 7,3 bilhões, segundo a mesma fonte.

Segundo o relatório “Travel and Tourism: Global Overview 2011”, da Euromonitor International, há

muito espaço para o crescimento na penetração das vendas online de produtos turísticos na

América Latina, se comparado com outros continentes.

Penetração Regional das Vendas Online por Categoria (2010)

Pacote Turístico Passagem Aérea Hotel

América do Norte 54% 57% 39%

Europa Ocidental 23% 49% 16%

América Latina 8% 20% 4%

Fonte: Euromonitor International

O total de brasileiros com acesso à internet chegou a 73,9 milhões em 2010, crescimento de 10%

sobre o ano anterior, segundo o IBOPE Nielsen Online. A adoção do canal eletrônico para compras

também avança rapidamente no país, embora com velocidades diferentes. Segundo o Comitê

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Brasil

Gestor da Internet no Brasil (CGI), 59% dos internautas da classe A já compram on-line; na classe B

13%; e na C 5%.

Citando o crescimento das vendas de turismo pela internet e o elevado gasto dos turistas brasileiros

no exterior, o site francês de ofertas de viagens de luxo Voyage Privé, que prevê faturar US$ 380

milhões em 2011, justificou a sua entrada no mercado brasileiro em novembro.

Infraestrutura e o Setor de Turismo

A Pesquisa do Fórum Econômico Mundial divulgada em março de 2011 posicionou o Brasil em 52º

lugar no ranking de competitividade no turismo, entre os 139 analisados (caindo da posição 49 em

2009). Entre os 14 quesitos avaliados, as infraestruturas de transporte terrestre e aeroportuário, a

violência e a mão de obra qualificada foram os principais responsáveis pela mediana posição

brasileira.

Adicionalmente, a World Tourism Organization (UNWTO) classifica o Brasil em 95º lugar num grupo

de 130 países em relação a infraestrutura de transporte de grupo.

Nas áreas urbanas, a integração entre modais também apresenta sérias limitações em decorrência

das carências relativas à mobilidade urbana, particularmente nas grandes cidades.

A infraestrutura de transportes brasileira, além de ser um limitante para a atividade econômica em

geral, pode caracterizar um limitante ao crescimento dos fluxos turísticos no Brasil. No mercado

doméstico, o crescimento dos desembarques nacionais foi de 118% entre 2003 e 2010, provocando

uma ocupação de praticamente toda a margem operacional da infraestrutura aeroportuária nos

principais destinos turísticos do país, segundo o MTur.

O caráter multiministerial das iniciativas relacionadas à infraestrutura de transporte, e

consequentemente de turismo, dificulta a coordenação de esforços pelo governo federal e em

particular o MTur.

Indicando uma percepção de urgência pelo governo federal, recentemente foi anunciado que os

aeroportos de Brasília, Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, e Viracopos, em

Campinas, serão explorados pela iniciativa privada, que poderá ter no mínimo 51% do capital, e a

Infraero deve ficar com até 49%. O governo também estuda fazer a concessão dos aeroportos

Confins (MG) e Galeão (RJ).

Segundo a Infraero, os aeroportos diretamente relacionados às 12 cidades-sede para a copa de

2014 receberão investimentos de R$ 5,6 bilhões, sendo R$ 5,2 bilhões da própria Infraero.

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Brasil

A qualidade do sistema viário terrestre, dos terminais turísticos rodoviários e dos pontos de parada e

outras limitações da atividade são apontadas pela Câmara Nacional do Comércio como uma das

principais causas para o fato do transporte turístico rodoviário hoje corresponder a 20% do que era

em 1985, aliada à concorrência do modal aéreo.

Para endereçar esse ponto, o Ministério do Planejamento lançou, em fevereiro de 2011, o PAC da

Mobilidade, destinado a incrementar a infraestrutura de transporte público nas 24 principais cidades

brasileiras. Segundo o Ministério, serão investidos R$ 18 bilhões, dos quais 6 bilhões diretos da

União e 12 bilhões através de financiamentos.

Por fim, os diversos eventos que ocorrerão no Rio de Janeiro nos próximos anos têm mobilizado a

alocação de investimentos na cidade. Segundo sua Prefeitura, 16 investimentos em mobilidade

urbana ou estão em andamento ou em fase de planejamento, sendo quatro vias expressas:

Transbrasil (em projeto): recursos de R$ 1,5 bilhão. Vai contar com o Bus Rapid Transit (BRT).

Ligará Deodoro ao Centro, atravessando toda a Avenida Brasil;

Transoeste (em construção): R$ 0,7 bilhões – ligará Barra da Tijuca a Santa Cruz;

Transcarioca (em construção): R$ 1 bilhão estimado em investimentos – ligará a Barra da Tijuca

ao aeroporto do Galeão;

Transolímpica (obras a iniciar): estimados R$ 1,6 bilhão em investimentos – ligará Recreio das

Bandeiras a Deodoro

Incentivos Governamentais

O MTur desenvolveu um plano de longo prazo para o turismo receptivo, o Plano Aquarela 2020 –

Marketing Turístico Internacional do Brasil – com metas para o fluxo de turistas. Segundo seu

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Brasil

documento de divulgação, seus objetivos principais são: aprimorar os resultados de longo prazo na

promoção turística do país; envolver os setores público e privado numa estratégica unificada;

promover o Brasil como destino turístico internacional e; aproveitar os megaeventos mundiais para

fazer o Brasil mais conhecido como destino turístico.

Além disso, a MTur desenvolve uma série de projetos específicos para melhorar a qualidade da

oferta e regionalização, baseados em estudos sobre tendências no setor, tais como: Programa de

Estruturação dos Segmentos e Projeto de Cooperação Técnica para Roteirização – diversificação e

segmentação da oferta; Projetos Talentos do Brasil Rural e Projetos relativos ao Turismo de Base

Comunitária – incentivo ao turismo social e local; Projeto Economia de Experiência – apoio ao

pequeno negócio turístico e; Novo sistema de classificação de meios de hospedagem – inserção

nos padrões internacionais de normatização

Atualmente está disponível, através dos principais bancos estatais, uma série de linhas de crédito

específicas para o turismo, definidas pelo MTur:

FINGETUR – Fundo Geral do Turismo – aquisição de máquinas e equipamentos novos

PROGER – Turismo Investimento – para investimento fixo e capital de giro associado

FNE – programa de apoio ao turismo regional NE

FNO – programa de desenvolvimento sustentável para o Amazonas

FCO - programa de apoio ao turismo regional CO

BNDES automático até R$ 10 milhões, FINEM, FINAME e cartão BNDES

Programas regionais de desenvolvimento do turismo (Prodetur), direcionados a estados e

municípios, que são operacionalizados pelo MTur e tem parceria com o Banco

Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Corporação Andina. Já tem US$ 870 milhões

em projetos aprovados e US$ 780 milhões aguardando aprovação.

Segundo o MTur, o volume de recursos desembolsados pelas instituições financeiras federais para

o setor de turismo aumentou 181% desde 2003, com destaque para os dois últimos anos. Em 2010,

72% dos recursos saíram do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.

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Brasil

E . S E R V I Ç O S F I N A N C E I R O S N O T U R I S M O

Com a estabilização econômica do país e a obtenção de uma linha de desenvolvimento sustentável

da renda das famílias, surge como consequência natural a crescente expansão do nível de

bancarização, num fenômeno simultâneo de penetração geográfica e de classes. Atrelada a esta,

evidencia-se a massificação do acesso ao crédito, abrindo caminho à democratização de toda uma

variedade de produtos financeiros, cada vez mais diversos e sofisticados, e até aqui apenas

acessíveis às camadas mais favorecidas da população.

Como uma das atividades econômicas com potencial de crescimento futuro, o turismo não deverá

deixar de acompanhar este processo, alavancando a sua atividade na comercialização de produtos

financeiros relacionados. O crescimento dos serviços financeiros no turismo deverá apoiar-se em

três pilares fundamentais: crédito pessoal para o consumo de produtos turísticos e em particular a

influência no padrão de utilização dos cartões de crédito, produtos de câmbio e mercado segurador.

Crédito

Os pacotes de turismo, dado o seu perfil discricionário, o caráter habitualmente esporádico e

sazonal e o peso que em geral representam sobre os orçamentos familiares, revelam-se

normalmente inatingíveis para os segmentos da população de rendas média e baixa excluídos do

acesso ao crédito. Nesse sentido, esse é um dos setores que mais deverá beneficiar-se do vigoroso

crescimento do mercado de financiamento ao consumo privado que vem se verificando no Brasil,

em paralelo ao desenvolvimento econômico e social.

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Brasil

Ao longo da última década, o crédito à Pessoa Física avançou dos 66 bilhões de reais em 2000 para

os mais de 560 bilhões de reais em 2010, com destaque para o crescimento do crédito pessoal,

onde se inserem os produtos de turismo, a uma taxa anual composta de 24% no mesmo período. O

seu peso sobre o PIB, que era pouco superior a 5%, triplicou, atingindo mais de 15%.

De fato, o caminho de crescimento econômico sustentado e de reforço da confiança dos agentes,

investidores e consumidores seguido ao longo dos últimos anos, não se reflete apenas no atenuar

das desigualdades e no incremento da renda disponível. Transporta igualmente consigo um efeito

de melhoria das condições de financiamento das instituições de crédito. A estabilização e

visibilidade proporcionadas pelo novo quadro macroeconômico vêm permitindo o alargamento dos

prazos dos empréstimos e a redução dos spreads exigidos, que no Brasil estão entre os mais

elevados do mundo. Segundo dados do BCB, na última década o prazo médio das operações de

crédito com recursos livres para Pessoas Físicas mais do que duplicou, desde o mínimo de 242 dias

em 2004, para 562 dias no final de 2010, ao passo que o spread médio se reduziu em mais de

metade, dos 60% em 2004 para os cerca de 27% no final de 2010. Este efeito alavanca-se na

capilaridade crescente do sistema financeiro nacional e no robusto ritmo de bancarização da

população para permitir a conversão em massa ao universo do financiamento, abrindo para milhões

de novos consumidores as portas de acesso a produtos habitualmente parcelados, como é o caso

do turismo.

Segundo projeções da LCA Consultores, este fenômeno deverá continuar ao longo da próxima

década, embora naturalmente com um ritmo menor. Estima-se que o volume nominal de crédito à

Pessoa Física mais do que quadriplique, atingindo cerca de 24% do PIB em 2020. Este indicador

era já em 2010 de 52% do PIB na França e 57% na Alemanha, o que permite antever a larga

margem de expansão existente no Brasil.

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Brasil

Numa visão de mais curto prazo, a FEBRABAN divulgou recentemente uma estimativa de

crescimento que mostrava que a componente de crédito pessoal deverá continuar a ser o principal

impulsionador do crescimento de 15% ao ano em 2011 e 2012 do total de recursos livres para

pessoas físicas, pois se prevê que este componente irá avançar 17% ao ano no mesmo período.

Tem sido notória a tendência das instituições financeiras no sentido de adicionar à sua oferta

produtos direcionados ao turismo. Um exemplo do apetite do consumidor de turismo pelo crédito é o

sucesso alcançado pelo Cartão Turismo da Caixa Econômica Federal (CEF), agente financeiro do

Ministério do Turismo. Acrescenta às funções tradicionais de um cartão de crédito o financiamento a

24 meses e com juros mais favoráveis do consumo em estabelecimentos dos ramos de turismo,

como hotéis, pousadas, companhias aéreas, locadoras de veículos e Empresas de Turismo.

Segundo a CEF, já foram emitidos mais de 1,6 milhões de cartões desde que o produto foi lançado

no final de 2005, o que representa uma disponibilidade de crédito de cerca de R$ 900 milhões.

Cartões de crédito

Se a amplitude do acesso ao crédito segue em acelerado processo de expansão no Brasil, o

panorama não é diferente no que diz respeito ao padrão de utilização dos meios de pagamento. O

processo de simultâneo incremento da bancarização da população e de crescimento da massa de

consumidores vem se traduzindo na progressiva adoção de instrumentos eletrônicos no ato de

pagamento, em substituição dos meios tradicionais, de que é exemplo mais comum o próprio papel-

moeda. Apesar da maior parte das transações no varejo continuar a efetuar-se através deste,

especialmente quando se trata de montantes menores, é nítida uma modificação nos

comportamentos do consumidor Brasileiro, seguindo o caminho que há alguns anos vem sendo

percorrido pelas economias desenvolvidas. Assim, a evolução da representatividade do pagamento

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Brasil

com cartão no consumo das famílias Brasileiras vem sendo galopante, esperando-se que em menos

de uma década supere pela primeira vez o papel-moeda como instrumento principal de pagamento.

Embora o faturamento com cartões tenha, segundo a Associação Brasileira de Cartões de Crédito e

Serviço (ABECS), ultrapassado o meio trilhão de reais em 2010, representa ainda apenas um quarto

do consumo das famílias, o que compara com os atuais 45% dos EUA.

Este fenômeno vem sendo sustentado no significativo crescimento dos meios eletrônicos, bem como

do montante médio por transação. Segundo dados da ABECS, nos últimos 5 anos, de 2005 a 2010,

o número de cartões de crédito em circulação cresceu mais de 150%, atingindo os cerca de 170

milhões e representando cerca de um terço das transações com instrumentos não em espécie, se

contabilizados em conjunto com os cartões de rede e loja, os chamados co-branded - cartões

híbridos que podem ser utilizados em determinadas lojas de varejo ou nas redes abertas como a

Cielo ou a Redecard.

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Brasil

Conforme mencionamos, este fenômeno tenderá a manter-se no futuro, em paralelo ao

desenvolvimento econômico do país, dado o baixo índice de utilização desse meio de pagamento

em comparação aos padrões observados nos países desenvolvidos. O setor de turismo será

justamente um dos grandes beneficiários desta transição de comportamento, impulsionado por duas

forças principais:

i) O tipo de produto que oferece ao consumidor, sazonal e fortemente discricionário,

dependente em grande medida da disponibilidade de crédito e, sobretudo, da possibilidade

de parcelamento. Este pode advir da utilização do crédito tradicional bancário, de cartões

ou linhas de crédito já disponíveis, ou ainda da promoção de cartões de rede de loja das

Empresas de Turismo, constituindo assim uma linha de negócio adicional com forte margem

de expansão;

ii) A crescente penetração que estes instrumentos financeiros estão obtendo com os

consumidores das novas classes emergentes, cujas rendas atingiram níveis condizentes

com a aquisição de produtos de turismo.

Conforme demonstra a tabela abaixo, nas classes de menor rendimento o avanço da indústria de

cartões supera já a própria penetração de contas bancárias.

Penetração de Cartões e Contas Bancárias na População (%)

Total AB C DE

Posse de cartões 67% 81% 64% 36%

Crédito 45% 61% 38% 20%

Débito 53% 70% 49% 19%

Conta bancária 67% 82% 64% 33%

Fonte: ABECS – Levantamento em 11 regiões metropolitanas

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Brasil

A mudança de paradigma dos meios de pagamento permitirá ao setor de turismo incrementar o seu

mercado-alvo natural, não apenas por via da penetração de classes como também através da

penetração geográfica. Segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado

de São Paulo (FECOMERCIO), o número de estabelecimentos credenciados cresceu mais de 2,5

vezes no período de uma década, atingindo 1,4 milhões de postos com aceitação de cartões em

2008, com expansão tanto pelo interior do país como por periferias de grandes centros urbanos. As

emissões de cartões têm sido mais intensas fora do tradicional eixo entre Rio de Janeiro e São

Paulo, condizente com uma estratégia de captação de clientes nitidamente voltada paras as classes

de menor renda.

Este processo está sendo reforçado pelo lançamento da bandeira de aceitação local ELO em 2011,

criada por Bradesco e Banco do Brasil, com posterior adesão da CEF. Pelo seu caráter local, a ELO

deverá se constituir como uma ferramenta instrumental de captação das classes mais baixas pelas

empresas do setor de turismo. Os bancos criadores têm uma capilaridade regional e local que não

está ao alcance das bandeiras tradicionais e estão posicionando este produto na direção de um

segmento de população de baixa renda, que não viaja ao exterior e que, como tal, não vê valor na

posse de um cartão de crédito com validade internacional. A inexistência das funcionalidades

exigidas aos cartões tradicionais pode se traduzir numa redução considerável dos custos que lhe

estão associados, levando a ELO a informar o objetivo de deter 15% do mercado nacional de

cartões de crédito em 5 anos.

A forte alavancagem da atividade turística no mercado de cartões de crédito fica ilustrada no gráfico

abaixo, onde se verifica que os gastos com cartão de crédito em produtos associados ao setor de

Turismo e Entretenimento avançaram a uma taxa anual composta de 23% nos últimos 4 anos,

cotando-se em R$ 68 bilhões. Desde 2007, o peso das transações turísticas sobre o total avançou

quase dois pontos percentuais, atingindo os 14,3% em 2010.

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Brasil

A Cielo, rede adquirente líder no mercado Brasileiro, divulgou números do ano de 2009 relativos ao

segmento específico de turismo, revelando que este havia capturado cerca de 6% do seu total de

volumes movimentado, o que compara com uma representatividade do setor na economia de

apenas 3,3%. Os pagamentos com cartões de bandeira VISA no segmento de turismo representam,

em termos de faturamento: 49% para as companhias aéreas, 33% para os hotéis e 15% para as

operadoras.

Câmbio

No caso do turismo internacional, a complexidade envolvida no ato de pagamento não se esgota no

tipo de instrumento a utilizar, já que surge na equação o vetor adicional do câmbio. Com o processo

de abertura do mercado Brasileiro ao exterior iniciado na década de 1990, intensificaram-se as

transações comerciais internacionais, o que impulsionou a utilização e sofisticação de produtos de

câmbio, quer no âmbito corporativo, quer no particular.

O setor de turismo, que segundo a Organização Mundial de Turismo (OMT) representava já em

2009 6% das exportações mundiais totais e 30% das exportações mundiais de serviços,

acompanhou naturalmente esta tendência. O fluxo cambial total do Brasil, resultante da

contabilização da despesa cambial e da receita cambial turística, atingiu em 2010 o valor de US$

22,3 bilhões, quase cinco vezes o valor registrado em 2003, segundo o BCB. O último relatório do

BMI estima que esta variável atinja os US$ 36 bilhões em 2015, conforme se pode observar no

gráfico abaixo.

Este valor é consideravelmente relevante para as corretoras de câmbio atuando no setor de turismo,

uma vez que, com o crescimento das transações de câmbio, cresce o seu mercado endereçável

potencial.

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Brasil

Muito embora a utilização de cartões de crédito de bandeira internacional seja cada vez mais

comum no consumo por turistas em visita ao exterior, as corretoras de câmbio continuam a ter um

papel fundamental na prestação deste serviço, especialmente no caso particular do Brasil, por

questões tributárias. Neste ponto, o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que vinha

cobrando 2,38% das compras efetuadas no exterior com recurso a cartão de crédito, sofreu

recentemente uma penalização, passando a reter 6,38% do valor destas transações. Como

resultado, ainda que o câmbio turismo seja tradicionalmente comercializado acima do câmbio

normal, torna-se mais compensador para o viajante internacional proceder previamente à conversão

do real em moeda estrangeira, estando assim sujeito a uma taxa reduzida de 0,38% de IOF.

As corretoras de câmbio estruturam atualmente a sua oferta segundo três tipos de produtos base:

Câmbio manual: conversão tradicional de papel-moeda

Cartão pré-pago: consiste numa operação de câmbio semelhante à tradicional, mas com o

montante creditado num cartão de bandeira internacional, utilizável globalmente como

forma de pagamento em moeda estrangeira, o que o torna uma opção mais segura (são

exemplos Visa Travel Money, Mastercard Cash Passport ou Amex Global Travel). Tal como

no câmbio manual, não está sujeito à flutuação da cotação da moeda; o remanescente

pode ser utilizado em viagem posterior ou revendido à corretora;

Remessas e pagamentos internacionais: opção para pagamento de faturas internacionais

ou transferência de valores para o exterior

Algumas operações recentes de consolidação no mercado de corretoras de câmbio demonstram as

oportunidades de ganhos de escala e expectativas de crescimento para o setor. A brasileira Grupo

Confidence, por exemplo, se uniu à inglesa Travelex num negócio de US$ 500 milhões em maio de

2011. Já o banco Rendimento, dono da corretora Cotação, adquiriu a corretora Action no final de

2007.

As principais corretoras independentes em termos de número de operações, segundo o BACEN,

são:

Fonte: Bacen, Difis, maio 2011

62

Corretora Número de operações

Renova 10.186

Cotação 8.924

Confidence 7.272

Fitta 3.301

Action 2.136

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Brasil

Seguro e Assistência Viagem

Os produtos de seguro e assistência viagem apresentam uma oferta diversificada em vários

aspectos: natureza do produto (assistência ou seguro), tamanho e abrangência de cobertura e canal

de venda e forma de contratação, muitas vezes confundindo o canal e também o cliente final.

Estima-se que de 90% a 95% sejam adquiridos por turistas em viagens internacionais.

Em geral, há quatro formatos diferentes de assistência/seguradora nas ofertas dos produtos:

seguradoras estabelecidas no Brasil, mas que incorporam coberturas de assistência executadas por

empresas estrangeiras; seguradoras estrangeiras comercializando produtos através de corretores

estabelecidos no Brasil, com pagamento em cartão de crédito internacional e; empresas de

assistência, brasileiras ou não, que se utilizam de seguradoras parceiras estabelecidas no Brasil.

Produto Características Canais de Distribuição Comissão paga

Assistência

Viagem

O principal do produto são

as coberturas de assistência

com ou itens de seguros,

cobertos por seguradora

parceira.

Apenas as coberturas de

seguros são reguladas e

quantificadas pela SUSEP.

Empresas de Turismo

Incluídas nos pacotes das

operadoras

Sites de viagem (com

exclusividade ou não)

Sites específicos de seguro/

assistência viagem

Direto

o Lojas próprias

o Call center

o Site próprio

20% a 40% para as

Empresas de Turismo.

Seguro

Viagem

Produto de seguro com

alguma ou nenhuma

cobertura de assistência

fornecida por empresa

própria ou parceira.

Empresas de Turismo

Incluídas nos pacotes das

operadoras

Corretora de seguros

Direto

o Agências bancárias

o Site próprio

De 10 a 25% para os

corretores de seguros.

A não ser as coberturas básicas de morte e invalidez, que são caracteristicamente produtos de

seguros, as outras coberturas, como assistência médica, odontológica, perda de bagagem, diárias

por atraso, etc., podem estar contidas em produtos de seguro viagem ou assistência viagem.

Nesses casos, entende-se por seguro o produto que oferece reembolso de uma despesa efetivada

pelo cliente. Os prêmios variam de R$ 2,00 a R$ 4,00 por dia para destinos nacionais e de R$ 9,00 a

R$ 25,00 por dia para destinos internacionais. As Empresas de Turismo costumam oferecer planos

já incluídos em seus pacotes, geralmente por intermédio de um convênio com seguradoras

parceiras. No caso do segmento corporativo, existem planos executivos com múltiplas proteções por

meio de uma apólice aberta com prazos anuais.

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Brasil

As estatísticas oficiais da SUSEP consideram apenas as coberturas de seguros, portanto refletem

parcialmente o mercado, não considerando os produtos de assistência e seguros de empresas no

exterior. Entretanto, os números mostram um crescimento robusto dos prêmios emitidos, saltando

no último ano, com crescimento de mais de 100%.

Considerando que o número de turistas brasileiros que viajaram ao exterior cresceu

aproximadamente 25% de 2009 para 2010, bem menos que os prêmios, os números do seguro

viagem refletem também uma combinação de aumento da penetração: exigência pelo Tratado de

Schengen na Europa; cruzeiros exigindo seguro por parte das receptivas e; maior nível de litígio na

relação Agência/consumidor, obrigando as Empresas emissoras a se protegerem através do reforço

da necessidade de seguro viagem a seus clientes.

O setor de assistência-viagem tem apresentado crescimento semelhante. Segundo a Associação

Brasileira de Cartões de Assistência (ABCA), o mercado cresceu 50% nos dois últimos anos e deve

crescer outros 25% em 2011. Hoje, aproximadamente 35% dos viajantes brasileiros ao exterior

possuem cartão assistência e essa proporção deve ir a 50% dentro de dois anos, embora ainda

abaixo dos 65% apresentados pela Argentina, também segundo a ABCA.

Parte do crescimento dos seguros viagem está atrelado também à assistência, por ser parte

integrante de grande parte dos produtos de assistência.

Apesar do crescimento dos últimos anos, há obstáculos para a consolidação do produto,

particularmente nos canais de distribuição. Por representar geralmente em torno de 5% do total do

valor de uma viagem, o seguro ou assistência como produto não recebe atenção especial por parte

de Empresas de Viagem (segundo a Abracor, responderam apenas por 0,1% do faturamento das

agências corporativas no 1º semestre de 2010). Os seguros, em particular, são geralmente

distribuídos por corretores ou agências bancárias, ambos diferentes dos canais de distribuição de

produtos turísticos, por isso um descasamento entre os momentos de compra para o cliente final.

Além disso, para as seguradoras, os prêmios realizados com o produto são pequenos, não

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Brasil

justificando esforços comerciais mais intensos, e como são produtos massificados, não se

desenvolve um canal de relacionamento personalizado com o cliente final.

Os produtos de assistência, distribuídos basicamente pelos canais de produtos turísticos, além de

menos regulados, conseguem estar mais próximos das necessidades dos clientes finais e também

dos canais.

4 . V I A B I L I D A D E E C O N Ô M I C A D A B R A S I L T R A V E L

A . M E T O D O L O G I A D E A V A L I A Ç Ã O

Os diferentes negócios do setor de turismo não são, na sua essência, intensivos em capital ou

demandam capital de giro significativo. Acreditamos, portanto, que o cálculo de uma TIR para a

Companhia como um todo seja pouco representativo segundo o conceito tradicional de uma relação

entre fluxo de caixa livre e investimentos necessários alocados no tempo ao longo de um período de

projeção.

No entanto, tendo em vista que o plano de negócios da Companhia prevê utilização relevante dos

recursos captados para promover aquisições de novas Empresas por todo o Brasil, fizemos uma

adaptação neste conceito tradicional e apresentamos um cálculo de TIR Real que leva em

consideração o preço de aquisição das empresas de turismo a um múltiplo do atual lucro líquido das

empresas (“Multiplo de Aquisição”), que tratamos como o investimento realizado.

O que observamos do que foi praticado pela Companhia, a fragmentação do mercado de turismo

identificada tanto a nível nacional quanto a nível estadual indica que o múltiplo efetivo de aquisição

pode variar de acordo com tamanho, segmento de atuação, desempenho financeiro das empresas e

experiência de negócios dos sócios fundadores. Acreditamos que a lucratividade das empresas,

medida pela margem de lucro líquida, tenha perspectivas naturais de crescimento ao longo do

tempo em função da integração nacional da Companhia e sinergias que serão capturadas ao longo

deste processo. No entanto, assumimos para efeito deste Estudo de Viabilidade que as margens se

manterão a níveis constantes e que o lucro líquido das empresas crescerá proporcionalmente ao

crescimento que projetamos para as receitas da Companhia, diretamente associado ao crescimento

da indústria de turismo no Brasil. Optamos por calcular a TIR sem refletir os efeitos da inflação,

portanto em moeda constante. Optamos por agir de maneira conservadora ao não considerar

aumento das margens líquidas que a Companhia espera obter com (i) maior poder de barganha

junto a fornecedores e escala da operação e (ii) o que Companhia espera promover em termos de

sinergias operacionais e reduções de custos, além de uma gestão centralizada dos recursos em

caixa.

O Grupo Econômico da Brasil Travel é composto por Empresas com atuação nos diversos setores

de turismo. Estas empresas foram responsáveis, em 2010, por mais de R$ 4,3 bilhões em vendas e

faturaram mais de R$ 378 milhões, números que refletem grande representatividade no setor de

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Brasil

turismo. As tabelas a seguir apresentam o resultado consolidado do Grupo econômico para os anos

de 2010 e 2011. O lucro apresentado pelas Empresas é de aproximadamente R$ 87 milhões, o que

representa uma margem líquida consolidada de 24,7%. É importante destacar que a tendência de

crescimento do setor foi observada na grande maioria das companhias, independente de sua área

de atividade dentro do setor de turismo. A última tabela mostra ainda os impactos nas

demonstrações financeiras após a retirada de custos e despesas financeiras, que na visão da

Companhia é uma aproximação dos valores efetivos que a mesma pretende observar após a

profissionalização da gestão do caixa das Empresas.

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Brasil

Demonstrativo de Resultados do Grupo Econômico para o exercício encerrado em 31 de dezembro de 2010 (1 de 6)

Total de Vendas 63.792.408 31.031.717 8.595.199 117.539.500 37.096.560 268.064.774 132.386.154 152.465.759

Receitas de Serviço 6.735.778 6.097.747 8.595.199 11.137.220 1.733.758 14.055.894 17.344.287 22.596.731Conversão em Receita 10,56% 19,65% 100,00% 9,48% 4,67% 5,24% 13,10% 14,82%

Deduções da Receita Bruta de Serviços -582.645 -423.090 -805.345 -624.230 -97.957 -1.109.838 -1.535.236 -1.121.430

Receita Líquida 6.153.134 5.674.657 7.789.854 10.512.991 1.635.801 12.946.056 15.809.052 21.475.301

Despesas Operacionais -1.733.422 -1.472.719 -680.514 -3.056.478 -618.769 -3.567.082 -4.536.488 -5.742.464Despesas Operacionais (% da Rec. Líquida) -28,17% -25,95% -8,74% -29,07% -37,83% -27,55% -28,70% -26,74%

Despesas Administrativas -1.864.272 -1.107.292 -2.397.860 -3.158.584 -476.388 -3.565.186 -5.917.079 -7.045.205Despesas Administrativas(% da Rec. Líquida)

-30,30% -19,51% -30,78% -30,04% -29,12% -27,54% -37,43% -32,81%

Outras Despesas -366.817 -268.289 -131.854 -752.431 -110.392 -690.316 -570.646 -1.063.960

Resultado Financeiro Líquido 208.337 -168.684 -47.048 44.476 -37.159 -247.338 324.225 719.108

Despesas Financeiras -40.571 -234.837 -47.048 -105.415 -66.115 -394.460 -160.245 -345.238Receitas Financeiras 248.908 66.153 - 149.892 28.956 147.123 484.470 1.064.346

Resultado Operacional Antes das Provisões Tributárias

2.396.959 2.657.672 4.532.579 3.589.973 393.092 4.876.134 5.109.064 8.342.780

Provisão para IRPJ e Contribuição Social -708.853 -879.608 -1.381.077 -1.196.590 -109.651 -1.633.886 -1.713.082 -2.812.545

Lucro Líquido do Exercício 1.688.106 1.778.064 3.151.502 2.393.383 283.441 3.242.249 3.395.982 5.530.235Margem Líquida 27,43% 31,33% 40,46% 22,77% 17,33% 25,04% 21,48% 25,75%

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Brasil

Demonstrativo de Resultados do Grupo Econômico para o exercício encerrado em 31 de dezembro de 2010 (2 de 6)

Total de Vendas 34.486.371 116.896.213 38.696.317 24.889.227 1.361.789.716 71.844.240 47.989.092 23.124.872

Receitas de Serviço 4.063.000 16.132.691 4.798.980 3.460.542 69.228.326 10.185.361 7.964.270 2.459.918Conversão em Receita 11,78% 13,80% 12,40% 13,90% 5,08% 14,18% 16,60% 10,64%

Deduções da Receita Bruta de Serviços -351.450 -1.325.970 -415.112 -285.495 -4.750.238 -645.336 -435.798 -163.627

Receita Líquida 3.711.551 14.806.721 4.383.868 3.175.047 64.478.089 9.540.026 7.528.472 2.296.292

Despesas Operacionais -937.753 -3.496.097 -1.384.114 -576.267 -20.646.266 -2.370.089 -1.262.260 -1.198.628Despesas Operacionais (% da Rec. Líquida) -25,27% -23,61% -31,57% -18,15% -32,02% -24,84% -16,77% -52,20%

Despesas Administrativas -1.765.350 -5.015.482 -1.395.611 -1.686.324 -16.223.133 -2.864.134 -2.548.918 -274.941Despesas Administrativas (% da Rec. Líquida) -47,56% -33,87% -31,84% -53,11% -25,16% -30,02% -33,86% -11,97%

Outras Despesas -124.247 -629.188 -335.598 -81.624 -363.092 -501.524 -284.889 -158.795

Resultado Financeiro Líquido - -345.667 -19.460 -131.880 -32.460 -280.888 -12.634 69.024

Despesas Financeiras - -359.449 -19.460 -131.880 -448.386 -326.587 -12.634 -3.250Receitas Financeiras - 13.782 - - 415.926 45.699 - 72.274

Resultado Operacional Antes das Provisões Tributárias

884.201 5.320.287 1.249.084 698.952 27.213.137 3.523.391 3.419.771 732.951

Provisão para IRPJ e Contribuição Social -276.628 -1.784.898 -400.689 -213.644 -9.194.467 -1.173.953 -1.138.722 -225.203

Lucro Líquido do Exercício 607.572 3.535.389 848.396 485.309 18.018.670 2.349.438 2.281.049 507.748Margem Líquida 16,37% 23,88% 19,35% 15,29% 27,95% 24,63% 30,30% 22,11%

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Brasil

Demonstrativo de Resultados do Grupo Econômico para o exercício encerrado em 31 de dezembro de 2010 (3 de 6)

Total de Vendas 16.359.000 34.957.054 20.601.006 21.964.428 116.589.443 805.221.339 64.976.476 111.440.592

Receitas de Serviço 3.277.816 5.139.963 20.601.006 2.622.039 13.750.476 25.035.513 6.956.965 10.561.845Conversão em Receita 20,04% 14,70% 100,00% 11,94% 11,79% 3,11% 10,71% 9,48%

Deduções da Receita Bruta de Serviços -226.218 -444.607 0 -226.806 -1.160.389 -1.447.037 -613.054 -704.426

Receita Líquida 3.051.598 4.695.356 20.601.006 2.395.232 12.590.087 23.588.476 6.343.911 9.857.418

Despesas Operacionais -381.037 -1.158.472 -2.017.831 -584.644 -3.420.093 -2.832.457 -1.115.412 -3.146.727Despesas Operacionais (% da Rec. Líquida) -12,49% -24,67% -9,79% -24,41% -27,16% -12,01% -17,58% -31,92%

Despesas Administrativas -962.604 -1.836.562 -12.829.166 -834.439 -4.631.048 -11.835.425 -2.723.677 -2.861.798Despesas Administrativas (% da Rec. Líquida) -31,54% -39,11% -62,27% -34,84% -36,78% -50,17% -42,93% -29,03%

Outras Despesas -72.765 -251.584 -402.371 -85.725 -444.179 -629.316 -263.790 -462.575

Resultado Financeiro Líquido -4.846 -75.000 -319.510 - -160.345 - -56.575 -213.081

Despesas Financeiras -4.903 -75.000 -320.293 - -187.812 - -74.119 -218.427Receitas Financeiras 57 - 784 - 27.466 - 17.543 5.345

Resultado Operacional Antes das Provisões Tributárias

1.630.346 1.373.738 5.032.128 890.425 3.934.421 8.291.279 2.184.455 3.173.237

Provisão para IRPJ e Contribuição Social -332.626 -443.071 -888.781 -278.744 -1.303.703 -2.023.885 -718.715 -1.054.901

Lucro Líquido do Exercício 1.297.720 930.667 4.143.347 611.680 2.630.718 6.267.393 1.465.741 2.118.337Margem Líquida 42,53% 19,82% 20,11% 25,54% 20,90% 26,57% 23,10% 21,49%

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Brasil

Demonstrativo de Resultados do Grupo Econômico para o exercício encerrado em 31 de dezembro de 2010 (4 de 6)

Total de Vendas 73.504.359 15.052.533 15.681.474 2.460.034 78.929.632 52.045.613 26.237.389 41.189.744

Receitas de Serviço 7.972.564 1.830.930 1.372.308 2.458.952 10.796.357 1.966.683 3.216.824 3.544.933Conversão em Receita 10,85% 12,16% 8,75% 99,96% 13,68% 3,78% 12,26% 8,61%

Deduções da Receita Bruta de Serviços -689.627 -158.375 -118.705 -210.372 -569.753 -111.118 -278.255 -256.451

Receita Líquida 7.282.938 1.672.555 1.253.603 2.248.581 10.226.605 1.855.565 2.938.569 3.288.482

Despesas Operacionais -1.418.030 -663.685 -561.085 -467.533 -3.933.711 -317.712 -738.422 -495.391Despesas Operacionais (% da Rec. Líquida) -19,47% -39,68% -44,76% -20,79% -38,47% -17,12% -25,13% -15,06%

Despesas Administrativas -3.035.923 -508.191 -279.044 -688.515 -1.588.625 -786.764 -1.001.775 -1.829.911Despesas Administrativas (% da Rec. Líquida) -41,69% -30,38% -22,26% -30,62% -15,53% -42,40% -34,09% -55,65%

Outras Despesas -222.870 -73.859 -79.242 -69.673 -919.511 -52.062 -152.126 -107.074

Resultado Financeiro Líquido 511.364 -53.138 -44.281 -127.126 -483.983 -122.311 -114.010 -6.753

Despesas Financeiras -36.757 -53.138 -48.786 -127.126 -483.983 -122.311 -114.010 -28.291Receitas Financeiras 548.121 - 4.505 - - - - 21.538

Resultado Operacional Antes das Provisões Tributárias

3.117.479 373.681 289.952 895.734 3.300.775 576.715 932.237 849.353

Provisão para IRPJ e Contribuição Social -1.035.943 -103.052 -74.584 -280.550 -1.098.264 -172.083 -292.961 -264.780

Lucro Líquido do Exercício 2.081.536 270.630 215.368 615.184 2.202.512 404.632 639.276 584.573Margem Líquida 28,58% 16,18% 17,18% 27,36% 21,54% 21,81% 21,75% 17,78%

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Brasil

Demonstrativo de Resultados do Grupo Econômico para o exercício encerrado em 31 de dezembro de 2010 (5 de 6)

Total de Vendas9.616.407 51.528.957 71.902.432 210.603.261 21.989.327 4.393.538.620

Receitas de Serviço1.036.586 7.489.579 9.022.190 30.708.802 2.494.894 378.446.928

Conversão em Receita10,78% 14,53% 12,55% 14,58% 11,35% 8,61%

Deduções da Receita Bruta de Serviços-49.607 -647.849 -791.426 -2.656.311 -215.808 -26.248.988

Receita Líquida986.979 6.841.730 8.230.765 28.052.490 2.279.086 352.197.940

Despesas Operacionais-230.845 -2.121.943 -2.231.905 -9.149.287 -369.827 -90.635.460

Despesas Operacionais (% da Rec. Líquida)-23,39% -31,01% -27,12% -32,61% -16,23% -25,73%

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Brasil

Despesas Administrativas-466.612 -1.831.545 -2.903.939 -7.646.358 -1.283.542 -119.671.223

Despesas Administrativas (% da Rec. Líquida)-47,28% -26,77% -35,28% -27,26% -56,32% -33,98%

Outras Despesas-53.382 -483.852 -340.463 -1.268.050 -71.764 -12.939.896

Resultado Financeiro Líquido-3.976 - - -319.103 56.567 -1.494.155

Despesas Financeiras-3.976 - - -336.406 -9.047 -4.939.959

Receitas Financeiras- - - 17.303 65.614 3.445.804

Resultado Operacional Antes das Provisões Tributárias

232.164 2.404.390 2.754.458 9.669.692 610.519 127.457.206

Provisão para IRPJ e Contribuição Social-54.936 -793.493 -912.516 -3.263.695 -183.577 -40.418.353

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Brasil

Lucro Líquido do Exercício177.228 1.610.898 1.841.942 6.405.997 426.943 87.038.854

Margem Líquida17,96% 23,55% 22,38% 22,84% 18,73% 24,71%

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Brasil

Demonstrativo de Resultados do Grupo Econômico para o exercício encerrado em 31 de dezembro de 2010 (realizado e com ajustes¹) (6 de 6)

2010 9M2010 9M20112010

Ajustado¹9M2010

Ajustado¹9M2011

Ajustado¹Total de Vendas 4.393.538.620 3.025.343.055 3.676.768.118 4.393.538.620 3.025.343.055 3.676.768.118

Receitas de Serviço 378.446.928 269.481.669 339.921.120 378.446.928 269.481.669 339.921.120Conversão em Receita 8,61% 8,91% 9,25% 8,61% 8,91% 9,25%

Deduções da Receita Bruta de Serviços -26.248.988 -19.159.111 -23.876.648 -26.248.988 -19.159.111 -23.876.648

Receita Líquida 352.197.940 250.322.557 316.044.472 352.197.940 250.322.557 316.044.472

Despesas Operacionais -90.635.460 -64.387.044 -75.311.678 -90.635.460 -64.387.044 -75.311.678Despesas Operacionais (% da Rec. Líquida) -25,73% -25,72% -23,83% -25,73% -25,72% -23,83%

Despesas Administrativas -119.671.223 -84.476.721 -110.310.206 -119.671.223 -84.476.721 -110.310.206Despesas Administrativas (% da Rec. Líquida) -33,98% -33,75% -34,90% -33,98% -33,75% -34,90%

Outras Despesas -12.939.896 -11.248.275 -14.980.050 -12.939.896 -11.248.275 -14.980.050

Resultado Financeiro Líquido -1.494.155 -895.305 -1.906.144 - - -

Despesas Financeiras -4.939.959 -3.128.387 -4.296.857 - - -Receitas Financeiras 3.445.804 2.233.082 2.390.714 - - -

Resultado Operacional Antes das Provisões Tributárias

127.457.206 89.315.212 113.536.394 128.951.361 90.210.518 115.442.538

Provisão para IRPJ e Contribuição Social -40.418.353 -28.809.382 -35.730.435 -40.418.353 -28.809.382 -35.730.435

Lucro Líquido do Exercício 87.038.854 60.505.830 77.805.960 88.533.009 61.401.136 79.712.103Margem Líquida² 24,71% 24,17% 24,62% 25,14% 24,53% 25,22%

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Brasil

Notas1. Expurgo de receitas e despesas financeiras para maior comparabilidade dos resultados2. 2.Lucro líquido dividido pela receita líquida de vendas

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Brasil

Para a determinação da viabilidade econômico-financeira da Companhia, selecionamos, dentro do

universo de empresas com as quais a Companhia celebrou contratos de compra e venda, amostra

contendo uma empresa com atuação em cada forma de prestação de serviço elencada

anteriormente na seção que apresenta a Companhia para servir de base para construção das

margens de cada unidade de negócio e das projeções da Companhia. A Companhia acredita que

um dos seus principais diferenciais seja a atuação em múltipos segmentos do setor de turismo, que

apesar de aparentar semelhanças, possuem dinâmicas distintas de operação, motivo pelo qual

entendemos que a forma mais adequada para demonstrar a operação seja apresentar o resultado

da Companhia por linha de negócio.

O ano de 2010 representa um exercício social completo dessas empresas e acreditamos que seja

representativo das margens históricas obtidas e estrutura do negócio para cada ramo de atividade.

Acreditamos também que os demonstrativos de 2010 são representações adequadas para as

margens líquidas esperadas no longo prazo para cada uma dessas atividades, mesmo que não

considerem os efeitos potenciais das sinergias operacionais e otimização de custos que a

Companhia esperar capturar ao longo do processo de integração das empresas adquiridas.

Apresentaremos também os números auditados/revisados de 2011, embora não sirvam para base

de projeção do exercício completo desse ano, com o objetivo de retratar o crescimento recente

observado no mercado de turismo para os múltiplos segmentos. Não faremos análises nos dados

de 2011 anualizados por entender que essa aproximação desconsideraria períodos importantes em

termos da sazonalidade característica do negócio assim como não consideramos os efeitos dos

ajustes de receitas e despesas financeiras para fazermos as análises de sensibilidade.

B . D E S C R I Ç Ã O E A N Á L I S E D A A M O S T R A

Conforme mencionado nas seções anteriores, a Brasil Travel pretende atuar em todos os

segmentos do setor de turismo. As Empresas adquiridas e a serem adquiridas pela Companhia

atuam como operadoras de turismo, agências voltadas a lazer, agências consolidadoras de

passagens aéreas, corretoras de câmbio, corretoras de seguros, agências de intercâmbio e portais

de venda através da internet.

Com o intuito de exemplificar os diversos segmentos onde a Brasil Travel atua, escolhemos uma

empresa em cada segmento e realizamos projeções para efeito desse estudo de viabilidade,

conforme a tabela a seguir:

Nome da Agência Ramo de Atividade

Brementur Consolidação

Copastur Corporativo

Visual Operadora

CI (Central de Intercâmbio) Intercâmbio

Renova Corretora Corretora de Câmbio

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Brasil

O presente Estudo fundamenta o negócio da Companhia tendo como principal foco sua

lucratividade, representada pela margem de lucro Líquido.

O setor de turismo caracteriza-se por sua baixa necessidade de capital fixo, previsibilidade dos

pagamentos a fornecedores (principalmente companhias aéreas) e sazonalidade de vendas. Os

custos fixos mais representativos do setor são limitados a despesas de pessoal, despesas

relacionadas à Tecnologia da Informação e a aluguéis e manutenção de escritórios. Ademais, cada

operação possui níveis diferentes de recorrência de receitas, especialmente devido à natureza dos

clientes, como entre clientes corporativos com viagens periódicas e menor comissão e clientes de

lazer com viagens menos freqüentes mas com maior comissão.

Os contratos de aquisição firmados com as empresas adquiridas determinam que quaisquer

empréstimos, contas a pagar ou a receber pendentes sejam liquidados, que o caixa excedente do

capital de giro (calculado levando em consideração 125% do saldo de contas a receber para fazer

frente a 100% do saldo de contas a pagar para fornecedores) seja distribuído aos sócios na forma

de dividendos e que quaisquer atividades não relacionadas aos negócios base da empresa sejam

encerradas ou transferidas a outra sociedade não objeto da aquisição. Os contratos de aquisição

determinam que os antigos sócios das empresas adquiridas passem a receber entre R$ 80 mil e R$

120 mil anuais na forma de pró-labore, de tal forma que a maior parte de suas remunerações e

incentivos advenha da lucratividade da Companhia como um todo, dada a participação de cada

empresa, acrescida de bônus de desempenho para empresas que obtiverem desempenho acima de

suas metas. Existe ainda a possibilidade de recompra, após aprovação por maioria qualificada no

conselho, das ações de empresas cujos Sócios Fundadores utilizarem de más práticas de gestão,

fraudes etc. a preços que podem incluir 30% a 99,9% de desconto em relação ao valor de aquisição

firmado em contrato.

Para a análise de margens líquidas das Empresas serão utilizadas como parâmetros as margens

considerando a implementação dos ajustes acima descritos (exceto a retirada dos resultados

financeiros). Acreditamos que estas margens permitem visualizar adequadamente a operação de

cada forma de negócio no setor de turismo. Analisando os dados de maneira consolidada, pode-se

observar que a margem de lucratividade dessas empresas situa-se em torno de 23,5% e

entendemos por este numero que é um negócio com grande potencial de geração de caixa para

Empresas que já atingiram a maturidade operacional.

Análise da amostra relativa ao período de janeiro a setembro de 2011

As empresas integrantes da Brasil Travel estão seguindo a mesma linha de crescimento esperado

para o setor de turismo que foram destacados na seção que aborda as perspectivas do setor. O

crescimento médio apresentado pelas companhias selecionadas na amostra foi de 29% no

comparativo dos primeiros nove meses de 2010 e 2011 e a Companhia acredita que esta tendência

se manterá e se aplicará para todo o ano de 2011.

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Brasil

Demonstrativo de resultado da amostra – janeiro a setembro de 2011

Brementur Copastur Visual CI RenovaTotal de Vendas 238.031.803 106.890.936 176.874.385 128.533.905 596.261.907

Receitas de Serviço 13.613.679 14.930.063 24.825.114 19.872.828 27.760.364Conversão em Receita 5,72% 13,97% 14,04% 15,46% 4,66%

Deduções da Receita Bruta de Serviços -1.071.375 -1.233.768 -2.147.372 -988.395 -1.600.665

Receita Líquida 12.542.304 13.696.295 22.677.741 18.884.433 26.159.699

Despesas Operacionais -3.253.984 -3.444.171 -7.009.922 -5.004.832 -3.631.111Despesas Operacionais (% da Rec. Líquida) -25,94% -25,15% -30,91% -26,50% -13,88%

Despesas Administrativas -3.451.631 -4.574.414 -6.405.203 -5.799.881 -13.212.216Despesas Administrativas (% da Rec. Líquida) -27,52% -33,40% -28,24% -30,71% -50,51%

Outras Despesas -781.570 -549.742 -1.473.329 -1.009.052 -571.666

Resultado Financeiro Líquido -183.011 -241.245 -318.671 205.211 -

Despesas Financeiras -297.084 -268.259 -334.796 -445.654 -Receitas Financeiras 114.073 27.013 16.124 650.865 -

Resultado Operacional Antes das Provisões Tributárias 4.872.109 4.886.722 7.470.615 7.275.880 8.744.706

Provisão para IRPJ e Contribuição Social -1.638.517 -1.643.486 -2.522.009 -2.406.027 -2.125.821

Lucro Líquido do Exercício 3.233.592 3.243.237 4.948.606 4.869.852 6.618.885Margem Líquida 25,78% 23,68% 21,82% 25,79% 25,30%

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Brasil

Demonstrativo de resultado da amostra – janeiro a setembro de 2010

Brementur Copastur Visual CI RenovaTotal de Vendas 198.837.867 86.125.966 144.593.092 111.025.459 437.816.028

Receitas de Serviço 10.964.455 11.917.068 21.228.090 16.109.713 15.925.828Conversão em Receita 5,51% 13,84% 14,68% 14,51% 3,64%

Deduções da Receita Bruta de Serviços -865.096 -981.966 -1.836.230 -807.097 -922.105

Receita Líquida 10.099.360 10.935.102 19.391.860 15.302.616 15.003.722

Despesas Operacionais -2.871.639 -2.687.321 -6.327.230 -4.169.608 -2.507.320Despesas Operacionais (% da Rec. Líquida) -28,43% -24,58% -32,63% -27,25% -16,71%

Despesas Administrativas -2.849.675 -3.701.780 -5.332.189 -4.605.319 -7.537.961Despesas Administrativas (% da Rec. Líquida) -28,22% -33,85% -27,50% -30,09% -50,24%

Outras Despesas -531.845 -546.188 -1.237.535 -727.229 -326.883

Resultado Financeiro Líquido -132.688 -236.679 -199.596 309.596 -

Despesas Financeiras -228.499 -243.177 -212.452 -213.546 -Receitas Financeiras 95.812 6.498 12.855 523.143 -

Resultado Operacional Antes das Provisões Tributárias 3.713.512 3.763.133 6.295.310 6.110.056 4.631.558

Provisão para IRPJ e Contribuição Social -1.244.594 -1.261.465 -2.122.405 -2.059.419 -1.120.865

Lucro Líquido do Exercício 2.468.918 2.501.668 4.172.905 4.050.637 3.510.694Margem Líquida 24,45% 22,88% 21,52% 26,47% 23,40%

Crescimento de Lucro Líquido Observado nas Empresas da Amostra

Nome da Agência Crescimento Jan-Set entre 2010 e 2011

Brementur 30,9%

Copastur 29,6%

Visual 18,6%

CI (Central de Intercâmbio) 20,2%

Renova Corretora 88,5%

Total da Amostra 37,2%

79

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Brasil

O presente Estudo de Viabilidade procurou analisar e gerar sensibilidades na margem de lucro

Líquido da Companhia. É importante destacar que as margens de lucro líquido das empresas

selecionadas observadas no período de 2010 e nos nove meses encerrados em 30 de setembro de

2011 estão consistentes para cada linha de negócio apresentada.

Nome da Agência Mg. Líquida (%)

2010

Mg. Líquida (%)

2010 (9M)

Mg. Liquida (%)

2011 (9M)

Brementur 25,0% 24,5% 25,8%

Copastur 23,9% 22,9% 23,7%

Visual 22,8% 21,5% 21,8%

CI (Central de Intercâmbio) 25,8% 26,5% 25,8%

Renova Corretora 26,6% 23,4% 25,3%

Total da amostra 24,8% 23,6% 24,4%

A consistência das margens analisadas e o crescimento de faturamento em todos os segmentos da

Companhia são indicadores importantes da lucratividade do negócio. A combinação destes fatores

forma fundamentos importantes para ancorar as análises apresentadas neste Estudo de Viabilidade

e formar as premissas utilizadas nas análises de sensibilidade de cálculo da TIR (TIR) esperada

para as futuras aquisições.

Análise por segmento de Atuação

A seguir são apresentadas análises para os principais segmentos de atuação da Companhia:

Câmbio:

A Companhia atua em operações de câmbio turismo por meio da Renova Corretora de Câmbio, a

maior corretora independente de câmbio voltada para o turismo. Nesta atividade, é esperado que

haja um elevado crescimento devido às oportunidades de:

(i) Cross selling: todas as Empresas do grupo deverão operar com a Renova (desde que

satisfeitos condições de pontualidade e qualidade de serviço na entrega de papel

moeda ou cartões Travel Money);

(ii) Abertura de novas lojas: em setembro de 2011 a Renova, firmou uma parceria de longo

prazo com a Western Union (WU), maior e mais importante empresa do mundo em

remessas de divisas, na qual a Renova garantirá exclusividade de utilização dos

serviços de remessa de fundos da WU Para conseguir essa parceria Renova

comprometeu-se a adicionar no mínimo mais 70 lojas a sua atual rede, totalizando mais

de 100 pontos de atendimento em todo Brasil, alavancando suas operações.

80

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Brasil

Consolidação:

A

Companhia atua no setor de consolidação apor

meio principalmente de três empresas: Brementur, GAPNET e Tourstar, localizadas nos estados do

Paraná, São Paulo e Minas Gerais respectivamente.

Acreditamos que haverá um crescimento expressivo

desta linha de negócio em razão de:

81

PREMISSAS

Crescto. em relação ao Lucro de 2010

Lucro Líquido Resultante (R$ mi)

Margem Líquida (%)

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Brasil

(i) Cross selling: todas as Empresas do grupo deverão utilizar os serviços de consolidação

internacional destas companhias, que desfrutam de melhores tarifas junto às

companhias aéreas devido ao seu volume de operações;

(ii) Novos negócios com demais Empresas no Brasil: o tamanho e a escala da Brasil

Travel possibilitarão maior poder de barganha com seus principais fornecedores

aéreos, possibilitando oferecer condições mais vantajosas que seus demais

concorrentes.

Intercâmbio:

82

% do Crescto do Custo Serv. Prestados em relação ao Crescto da Receita 80%% de Crescto das Desp. Administrativas em relação ao Crescto da Receita 70%% de Crescto das Outras Desp. em relação ao Crescto da Receita 50%IRPJ/CSLL 34%ISS/PIS/COFINS 8,65%

0,00% 0,25% 0,50% 0,75% 1,00%

25% 28,0% 28,4% 28,7% 29,1% 29,4%

50% 29,4% 29,8% 30,1% 30,3% 30,6%

75% 30,5% 30,8% 31,0% 31,3% 31,5%

100% 31,3% 31,5% 31,7% 31,9% 32,1%

125% 31,9% 32,1% 32,3% 32,5% 32,6%

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

0,00% 0,25% 0,50% 0,75% 1,00%

25% 4,5 4,8 5,1 5,3 5,6

50% 5,7 6,0 6,3 6,7 7,0

75% 6,8 7,2 7,6 8,0 8,4

100% 8,0 8,5 8,9 9,4 9,8

125% 9,2 9,7 10,2 10,7 11,2

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

0,00% 0,25% 0,50% 0,75% 1,00%

25% 36% 44% 53% 61% 70%

50% 71% 81% 92% 102% 112%

75% 107% 119% 131% 142% 154%

100% 142% 156% 170% 183% 197%

125% 178% 193% 209% 224% 239%

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

Brementur

2010

(12 meses)

Total de Vendas 268.064.774

Conversão em Receita 5,24%

Receitas de Serviço 14.055.894

Deduções da Receita Bruta de Serviços 1.109.838-

Receita Líquida 12.946.056

Despesas Operacionais 3.567.082-

Despesas administrativas 3.565.186-

Outras despesas 690.316-

Resultado Financeiro Líquido 247.338-

Despesas financeiras 394.460-

Receitas financeiras 147.123

Resultado operacional antes das provisões tributárias 4.876.134

Provisão para IRPJ e Contribuição Social 1.633.886-

Lucro Liquido do Exercício 3.242.249

Margem Líquida 25,0% Crescto. em relação ao Lucro de 2010

Lucro Líquido Resultante (R$ mi)

Margem Líquida (%)

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Brasil

A Companhia atua no setor de intercâmbio estudantil por meio da CI – Central de Intercâmbio, que

possui 63 lojas espalhadas pelo Brasil, sendo 14 próprias e o restante franquias. Este é um setor

que vem experimentando taxas de crescimento de dois dígitos nos últimos anos. O crescimento

desta linha de negócio da companhia deverá ser alavancado por:

(i) Abertura de novas lojas: tanto lojas próprias como novas franquias pelo Brasil;

(ii) Venda dos programas de intercâmbio na rede de lojas existentes na Brasil Travel;

(iii) Disponibilidade de crédito para financiamento dos programas de intercâmbio: o ticket

médio elevado deste produto faz com que haja uma demanda reprimida por tal, que

poderá ser com maior disponibilidade de crédito a taxas de juros mais vantajosas do

que são ofertadas atualmente.

83

0 0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00%

20% 27,5% 27,8% 28,0% 28,3% 28,5%

40% 28,8% 29,0% 29,3% 29,5% 29,7%

60% 29,7% 30,0% 30,2% 30,4% 30,6%

80% 30,5% 30,7% 30,9% 31,1% 31,2%

100% 31,1% 31,3% 31,5% 31,6% 31,8%

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00%

20% 7,1 7,4 7,7 8,0 8,3

40% 8,6 9,0 9,4 9,8 10,1

60% 10,2 10,6 11,1 11,5 11,9

80% 11,8 12,3 12,7 13,2 13,7

100% 13,4 13,9 14,4 15,0 15,5

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00%

20% 29% 34% 40% 46% 52%

40% 57% 64% 71% 77% 84%

60% 86% 93% 101% 109% 117%

80% 114% 123% 132% 140% 149%

100% 143% 153% 162% 172% 182%

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

% do Crescto do Custo Serv. Prestados em relação ao Crescto da Receita 80%% de Crescto das Desp. Administrativas em relação ao Crescto da Receita 70%% de Crescto das Outras Desp. em relação ao Crescto da Receita 50%IRPJ/CSLL 34%ISS/PIS/COFINS 8,65%

CI

2010

(12 meses)

Total de Vendas 152.465.759

Conversão em Receita 14,82%

Receitas de Serviço 22.596.731

Deduções da Receita Bruta de Serviços 1.121.430-

Receita Líquida 21.475.301

Despesas Operacionais 5.742.464-

Despesas administrativas 7.045.205-

Outras despesas 1.063.960-

Resultado Financeiro Líquido 719.108

Despesas financeiras 345.238-

Receitas financeiras 1.064.346

Resultado operacional antes das provisões tributárias 8.342.780

Provisão para IRPJ e Contribuição Social 2.812.545-

Lucro Liquido do Exercício 5.530.235

Margem Líquida 25,8%

PREMISSAS

Crescto. em relação ao Lucro de 2010

Lucro Líquido Resultante (R$ mi)

Margem Líquida (%)

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Brasil

Operadora:

A Companhia atuará como operadora por meio de várias marcas, na grande maioria líderes de

mercado regionais, como Visual, Intercontinental, Litoral Verde, Tourlines e Ambiental. Nesta linha

de negócio, acreditamos que o crescimento e a rentabilidade aumentarão devido a três fatores

principais:

(i) Melhoria da condição de comissão com hotéis e companhias aéreas devido ao maior

volume da Brasil Travel, garantindo melhor ocupação para os hotéis com que

trabalhamos;

(ii) Disponibilidade de crédito ao consumo turístico, que será feito por meio de parceria

com um banco de varejo no Brasil, o qual ficará a cargo da gestão de crédito;

(iii) Ampla rede de distribuição no país, além de investimentos em marketing e vendas,

alavancado a capacidade de explorar as marcas amplamente conhecidas em suas

regiões de atuação.

84

0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00%

20% 25,4% 25,7% 26,0% 26,2% 26,5%

40% 26,7% 27,0% 27,2% 27,4% 27,7%

60% 27,7% 27,9% 28,1% 28,4% 28,5%

80% 28,5% 28,7% 28,9% 29,1% 29,2%

100% 29,1% 29,3% 29,5% 29,6% 29,8%

Margem de Vendas AdicionalCr

esci

men

to d

e V

enda

s

0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00%

20% 8,5 8,9 9,3 9,7 10,1

40% 10,5 11,0 11,4 11,9 12,4

60% 12,4 13,0 13,5 14,0 14,6

80% 14,4 15,0 15,6 16,2 16,8

100% 16,3 17,0 17,7 18,3 19,0

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00%

20% 30% 36% 42% 48% 54%

40% 59% 66% 73% 80% 87%

60% 89% 97% 105% 113% 121%

80% 118% 127% 136% 145% 155%

100% 148% 158% 168% 178% 188%

Cres

cim

ento

de

Ven

das

Margem de Vendas Adicional% do Crescto do Custo Serv. Prestados em relação ao Crescto da Receita 80%% de Crescto das Desp. Administrativas em relação ao Crescto da Receita 70%% de Crescto das Outras Desp. em relação ao Crescto da Receita 50%IRPJ/CSLL 34%ISS/PIS/COFINS 5,00%

Visual

2010

(12 meses)

Total de Vendas 210.603.261

Conversão em Receita 14,58%

Receitas de Serviço 30.708.802

Deduções da Receita Bruta de Serviços 2.656.311-

Receita Líquida 28.052.490

Despesas Operacionais 9.149.287-

Despesas administrativas 7.646.358-

Outras despesas 1.268.050-

Resultado Financeiro Líquido 319.103-

Despesas financeiras 336.406-

Receitas financeiras 17.303

Resultado operacional antes das provisões tributárias 9.669.692

Provisão para IRPJ e Contribuição Social 3.263.695-

Lucro Liquido do Exercício 6.405.997

Margem Líquida 22,8%

PREMISSAS

Crescto. em relação ao Lucro de 2010

Lucro Líquido Resultante (R$ mi)

Margem Líquida (%)

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Brasil

Corporativo:

Acreditamos que o mercado de turismo corporativo que é explorado pela Brasil Travel por meio de

empresas dedicadas a esta finalidade, como a Copastur, poderá experimentar taxas de crescimento

elevadas em função de:

(i) Atendimento nacional, por meio de salas Vips em quase todos os aeroportos nacionais;

(ii) Melhoria das condições comerciais com as companhias aéreas, hotéis e GDS (“Global

Distribution System”, como Sabre e Amadeus);

(iii) Possibilidade de atendimento a contas globais, por meio de parcerias com empresas

internacionais (ex. a Copastur possui uma parceria com a ATPI para atendimento de

contas de multinacionais no Brasil)

Internet:

O

portal de compras por internet da Companhia

não

está

segregado em CNPJ próprio, tornando difícil uma

85

-0,50% 0,00% 0,50% 1,00% 1,50%

15% 4,3 4,5 4,8 5,0 5,2

30% 5,1 5,4 5,6 5,9 6,2

45% 5,9 6,2 6,5 6,8 7,1

60% 6,7 7,0 7,4 7,7 8,0

75% 7,5 7,9 8,2 8,6 8,9

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

-0,50% 0,00% 0,50% 1,00% 1,50%

15% 16% 23% 29% 35% 42%

30% 38% 45% 52% 60% 67%

45% 60% 68% 76% 84% 92%

60% 82% 91% 100% 108% 117%

75% 104% 113% 123% 133% 142%

Margem de Vendas Adicional

Cres

cim

ento

de

Ven

das

0 -0,50% 0,00% 0,50% 1,00% 1,50%

15% 26,3% 26,7% 27,1% 27,5% 27,8%

30% 27,7% 28,0% 28,4% 28,7% 29,0%

45% 28,7% 29,0% 29,4% 29,6% 29,9%

60% 29,6% 29,9% 30,2% 30,4% 30,7%

75% 30,3% 30,6% 30,8% 31,1% 31,3%

Margem de Vendas AdicionalCr

esci

men

to d

e V

enda

s

% do Crescto do Custo Serv. Prestados em relação ao Crescto da Receita 70%% de Crescto das Desp. Administrativas em relação ao Crescto da Receita 70%% de Crescto das Outras Desp. em relação ao Crescto da Receita 50%IRPJ/CSLL 34%ISS/PIS/COFINS 8,65%

Copastur

2010

(12 meses)

Total de Vendas 116.896.213

Conversão em Receita 13,80%

Receitas de Serviço 16.132.691

Deduções da Receita Bruta de Serviços 1.325.970-

Receita Líquida 14.806.721

Despesas Operacionais 3.496.097-

Despesas administrativas 5.015.482-

Outras despesas 629.188-

Resultado Financeiro Líquido 345.667-

Despesas financeiras 359.449-

Receitas financeiras 13.782

Resultado operacional antes das provisões tributárias 5.320.287

Provisão para IRPJ e Contribuição Social 1.784.898-

Lucro Liquido do Exercício 3.535.389

Margem Líquida 23,9%

PREMISSAS

Margem Líquida (%)

Crescto. em relação ao Lucro de 2010

Lucro Líquido Resultante (R$ mi)

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Brasil

análise individual desse segmento, apesar de se tratar de um dos principais diferenciais que a

Companhia acredita ter.

O site Rapi10 (www.rapi10.com.br) é hoje o 4º site de vendas por internet mais visitado do Brasil,

competindo diretamente com Submarino, Decolar e Viajanet (ex-empresa do Grupo GapNet).

Com a consolidação a ser realizada pela Brasil Travel, a Companhia acredita que será possível ter

esforços direcionados a atividades de marketing para que haja uma maior penetração do produto

Rapi10, tendo como o aumento do número de acessos em seu site, para assim, atingir disputar o 1º

lugar no ranking.

Ao se analisar o segmento de Empresas de internet torna-se claro o impacto que esforços de

marketing agregam ao potencial econômico do site. Na comparação com seus competidores

Viajanet e Decolar, o Rapi10 investiu substancialmente menos em marketing nos últimos anos. A

Companhia espera transformar a exposição do Rapi10 através de esforços de marketing e

divulgação da sua existência por meio da rede de comunicação e distribuição da Brasil Travel.

Impactos dos investimentos em marketing no fluxo de usuários de website

Fonte: Alexa – “The Web Information Company”

86

Rapi10Rapi10

Viajane

Investimentos de Marketing Investimentos de Marketing

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Brasil

Outra medida estatística que mostra os benefícios trazidos por investimentos direcionados a

campanhas de marketing são as formas como os consumidores acessam aos sites, por exemplo:

digitando o próprio nome do site em sites de busca, ou digitando o nome de um produto que deseja

adquirir, etc. Abaixo é possível ver essas estatísticas para as empresas Viajanet, Decolar e Rapi10.

Fonte: Alexa – “The Web Information Company”

87

Metódo % Metódo % Metódo %Passagens Aéreas 25% Viajanet 40% Decolar 36%Rapi10 19% Passagens Aéreas 6% Passagens Aéreas 14%

Passagens Aéreas Promocionais

9% Passagens Aéreas Promocionais

3% Passagens 1%

Passagens Aéreas On-line

5% Hotéis no Rio de Janeiro 2% Hotéis no Rio de Janeiro 1%

Outros 41% Outros 50% Outros 48%

Rapi10 Viajanet Decolar

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Brasil

C . C O M P O S I Ç Ã O D O S R E S U L T A D O S

O negócio de turismo pode ser dividido em múltiplas formas de atuação, mas essencialmente se

caracteriza por (i) vendas de produtos próprios, no caso de operadoras de turismo, companhias

aéreas e hotéis, entre outros, ou (ii) intermediação de um produto de outra companhia remunerado

por uma comissão, como no caso de agências corporativas, de lazer e consolidadoras, entre outros.

Na sua grande maioria, os agentes da indústria de turismo não atuam de forma exclusiva (exceto no

caso das operadoras) e, portanto, vendem produtos de mais de um fornecedor. Os pagamentos

realizados às empresas podem ser em depósitos ou transferências, nos quais os agentes do setor

recolhem o pagamento do cliente final e repassam líquido de IR aos fornecedores ou através de

cartões de crédito, nos quais o fornecedor recebe o pagamento integral e repassa ao agente de

turismo.

A composição da receita por segmento de atuação da Companhia, com base nas informações

auditadas, pode ser observada a seguir:

Área de Atuação Fontes de receita Relação receita

líquida / vendas

Consolidação de

Passagens Aéreas

Comissões de fornecedores

(na maioria cias aéreas)

3,5% a 5,5%

Operadoras Venda de pacotes turísticos próprios ou

elaborados por outros operadores

12% a 18%

Corporativo Comissões de fornecedores

(cias aéreas, hotéis, locadoras, etc.)

8% a 12%

Intercâmbio Vendas de pacotes próprios

(dinâmica semelhante à da operação)

12% a 17%

Corretora de câmbio Compra e venda de moedas 3,0% a 4,5%

No setor de turismo é comum a ocorrência de comissões variáveis em função de metas que alguns

fornecedores podem estabelecer para determinados agentes de turismo. Tal remuneração é um

incentivo dos fornecedores para capturar mais vendas e é freqüentemente observada para agentes

que atuam em grande escala na compra de passagens aéreas (como consolidadores e corporativo)

e reservas de hotéis (como nos setores de operação, corporativo e lazer). A comissão média que as

Empresas selecionadas para amostra apresentaram é representativa do que a Companhia acredita

ser a mais adequada representação da lucratividade de cada linha de negócio. Com o crescimento

da Companhia, a administração espera que essas comissões médias podem sofrer reajustes

positivos devido a maior capacidade de negociação com os fornecedores.

Além das receitas apresentadas, os agentes do setor de turismo podem auferir outras receitas

provenientes de serviços e contratações complementares. A titulo de ilustração, se pode mencionar

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os seguros viagem, cujas vendas realizadas por Empresas de Turismo podem ser comissionadas

pelas seguradoras.

Tributos – As receitas dos agentes de turismo são tributadas diretamente como serviços prestados

e, portanto, são sujeitas à tributação de PIS (Programa de Integração Social), COFINS (Contribuição

para o Financiamento da Seguridade Social) e ISS (Imposto Sobre Serviços). Sobre as receitas de

intermediação de produtos e serviços incidem PIS de 0,65% e ISS entre 2% e 5% dependendo do

município de atuação. Sobre as receitas do setor de turismo incidem COFINS de 3%.

A contabilidade da Companhia será feita com base em lucro real. O contrato firmado entre a

Companhia e as empresas adquiridas prevê a aquisição de 100% das empresas e seus resultados

serão consolidados nos demonstrativos da Companhia, após sua abertura de capital. A Companhia

acredita que a forma de tributação das empresas adquiridas pode sofrer alteração no futuro, mas

ainda não determinou quais empresas e qual seria o ajuste. Para efeitos deste Estudo de

Viabilidade, aplicamos o mesmo tratamento tributário informado pela auditoria realizada na

Companhia e todas as empresas investidas e apuramos com base em lucro real. A alíquota efetiva

paga pela Companhia e suas controladas, desconsiderando efeitos de ágio nas aquisições, é de

15% referente a Imposto de Renda Pessoa Jurídica mais 10% sobre o que exceder R$ 240 mil

anuais e 9% referente a Contribuição Social sobre Lucro Líquido.

Despesas Operacionais – As despesas operacionais das empresas do setor de turismo incluem a

remuneração dos executivos e empregados, rede de comunicação, infraestrutura de informativa,

despesas comerciais, despesas de aluguel/ocupação e despesas administrativas. A grande maioria

das despesas são de natureza fixa, mas devem variar positivamente com o crescimento da

companhia, mesmo que proporcionalmente menor do que o crescimento das receitas.

Custos Relacionados a uma Empresa de Capital Aberto - Além dos custos e despesas

operacionais incorridos pelas Empresas de Turismo, corretoras e website, a Companhia incorrerá

em custos administrativos inerentes a uma companhia de capital aberto. Tais custos incluem

despesas com diretoria, gerência e time de analistas entre outros custos administrativos como

aluguel da sede, luz e etc. A seguir, apresentamos os detalhes destes custos estimados para a

Companhia tendo como base os valores obtidos do plano de negócios da Companhia:

Pessoal: quadro de pessoal composto por diretores, gerentes e analistas, totalizando uma

despesa anual de R$ 2,7 milhões;

Despesas Administrativas: R$ 700 mil anuais, incluindo todas as despesas de

comunicações, aluguel e consumo incluindo luz, água, materiais de escritório, internet,

telefone, conservação, limpeza, prestadores de serviços diversos e etc.

Despesa com taxa Bovespa / CVM: conforme valores de mercado atuais, R$ 100 mil / ano.

Despesa com custódia de ações: conforme valores de mercado atuais, estimadas em R$ 50

mil / ano.

Despesa com serviços de contabilidade: Considerando terceirização do processamento da

folha de pagamentos com base em empresas semelhantes em R$ 400 mil / ano.

Despesas com auditoria externa: com base em orçamento de empresa especializada,

estimamos um gasto anual de R$ 1 milhão / ano.

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Despesas com publicações e anúncios de aquisições: custos com publicação estimados em

R$ 150 mil / ano.

Despesas com advogados: despesas com assessoria jurídica estimadas em R$ 250 mil /

ano.

Esforço de RI / Web site: gasto estimado em R$ 50 mil para implementação de web site e

serviços de relações com investidores on-line.

Os custos apresentados acima totalizam uma despesa anual estimada em aproximadamente R$ 5,4

milhões.

Tais custos serão arcados pela Companhia utilizando os dividendos distribuídos pelas Empresas e

os recursos recebidos na oferta primária.

Tais custos foram estimados no plano de negócios da Companhia para o primeiro ano completo de

operações integradas. É importante destacar que há possibilidade de aumento destes custos em

função do crescimento da companhia devido à maior complexidade da operação e expansão dos

serviços prestados pela Companhia às futuras subsidiárias. Tais custos serão arcados pelos

resultados futuros das Empresas para os quais a Companhia espera um crescimento expressivo nos

próximos anos.

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D . T A X A I N T E R N A D E R E T O R N O ( T I R ) E A N Á L I S E S D E S E N S I B I L I D A D E

Para cálculo da TIR Real assumimos que a Companhia crescerá a taxas reais anuais de 15%,

próximo ao crescimento mais conservador apresentado pela amostra de Empresas e acima do

crescimento esperado para o mercado de turismo no Brasil. Assumimos que as empresas serão

adquiridas a um múltiplo fixo de 7,5x o lucro líquido e que serão vendidas (avaliadas) ao final de 8

anos a múltiplos diferentes. Para efeitos de ágio, consideramos um período de amortização de 5

anos e alíquota de Imposto de Renda e Contribuição Social (IR e CSLL) de 34%. Assumimos

também que o pagamento será feito em três parcelas iguais ao longo de três anos, sendo a primeira

no momento da aquisição e que ao final do período de projeção a Companhia arcará com alíquota

de Imposto de Renda Pessoa Jurídica de 15% mais o adicional de 10% sobre o que exceder R$ 240

mil por ano e alíquota de Contribuição Social sobre Lucro Líquido de 9%.

Para formação do intervalo do múltiplo de preço / lucro das companhias após o período de 08 anos,

utilizamos como critério múltiplos de mercado de uma seleção de empresas brasileiras e

estrangeiras comparáveis. Estes valores, tendo como referência o fechamento de mercado,

apresentaram uma mediana de aproximadamente 15,0x o lucro esperado para os próximos 12

meses.

A TIR Real anual que estimamos para as aquisições da Companhia varia de 29,7% a 63,8%.

Considerando uma taxa de inflação de 5,5%, a TIR nominal anual varia entre 36,8% e 72,8%. É

importante destacar que o múltiplo de avaliação após 8 anos para essas empresas pode ser ainda

superior aos múltiplos considerados para este Estudo de Viabilidade..

A seguir estão apresentadas as análises de sensibilidade em relação à TIR esperada das aquisições em diferentes cenários:

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Análise de Sensibilidade – TIR Real Esperada na Aquisição e Venda das Empresas de Turismo

Aquisição (x Lucro Líquido) 42,7% 10 12 14 16 18 20 22 24

5,0 54,4% 56,0% 57,6% 59,0% 60,3% 61,5% 62,7% 63,8%

5,5 50,2% 51,9% 53,5% 54,9% 56,3% 57,5% 58,7% 59,8%

6,0 46,6% 48,4% 50,0% 51,4% 52,8% 54,1% 55,3% 56,4%

6,5 43,6% 45,3% 47,0% 48,4% 49,8% 51,1% 52,3% 53,5%

7,0 40,9% 42,7% 44,3% 45,8% 47,2% 48,5% 49,7% 50,9%

7,5 38,5% 40,3% 42,0% 43,5% 44,9% 46,2% 47,4% 48,5%

8,0 36,4% 38,2% 39,9% 41,4% 42,8% 44,1% 45,3% 46,4%

8,5 34,5% 36,3% 38,0% 39,5% 40,9% 42,2% 43,4% 44,6%

9,0 32,7% 34,6% 36,2% 37,7% 39,2% 40,5% 41,7% 42,8%

9,5 31,1% 33,0% 34,6% 36,2% 37,6% 38,9% 40,1% 41,3%

10,0 29,7% 31,5% 33,2% 34,7% 36,1% 37,4% 38,6% 39,8%

Análise de Sensibilidade - Múltiplo de Lucro Líquido na aquisição vs. Múltiplo de Lucro Líquido após 8 anos

Múltiplo de Alienação após 8 anos

Análise de Sensibilidade – TIR Real Esperada em função do crescimento real do setor de Turismo e

Múltiplo Venda das Empresas de Turismo

Crescimento do Lucro Líquido (% ao ano)

42,7% 10 12 14 16 18 20 22 24

10,0% 31,5% 33,2% 34,8% 36,3% 37,6% 38,9% 40,0% 41,1%

11,0% 32,9% 34,7% 36,2% 37,7% 39,1% 40,3% 41,5% 42,6%

12,0% 34,3% 36,1% 37,7% 39,1% 40,5% 41,8% 43,0% 44,1%

13,0% 35,7% 37,5% 39,1% 40,6% 42,0% 43,2% 44,4% 45,6%

14,0% 37,1% 38,9% 40,5% 42,0% 43,4% 44,7% 45,9% 47,1%

15,0% 38,5% 40,3% 42,0% 43,5% 44,9% 46,2% 47,4% 48,5%

16,0% 39,9% 41,7% 43,4% 44,9% 46,3% 47,6% 48,9% 50,0%

17,0% 41,3% 43,2% 44,8% 46,4% 47,8% 49,1% 50,3% 51,5%

18,0% 42,7% 44,6% 46,3% 47,8% 49,2% 50,6% 51,8% 53,0%

19,0% 44,2% 46,0% 47,7% 49,3% 50,7% 52,0% 53,3% 54,5%

20,0% 45,6% 47,4% 49,1% 50,7% 52,1% 53,5% 54,8% 55,9%

Análise de Sensibilidade - Crescimento Real de Lucro vs. Múltiplo de Lucro Líquido após 8 anos

Múltiplo de Alienação após 8 anos

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Brasil

E . P R E M I S S A S U T I L I Z A D A S E F A T O R E S L I M I T A N T E S

Caso as premissas utilizadas neste Estudo de Viabilidade se mostrem incorretas, os resultados do

mesmo poderão ser afetados ou ter sua utilidade reduzida. Dentre as premissas que podem alterar

as conclusões deste Estudo de Viabilidade, destacam-se os seguintes:

- Não assumimos a existência de quaisquer empréstimos bancários ou dívidas financeiras e,

portanto, assumimos que a geração futura de caixa esperada da Companhia seja suficiente para

suportar suas operações, custos e eventuais passivos. Na nossa visão esse risco é baixo em

função da lucratividade apresentada pelas empresas e as perspectivas de crescimento para o

mercado.

- Não assumimos que a Companhia venha a ter necessidade de capital de giro superior aos

recursos iniciais com que contará, visto que os prazos para coleta de pagamentos dos clientes são

inferiores aos prazos para pagamento a fornecedores.

- Consideramos neste Estudo de Viabilidade que as empresas selecionadas na amostra são

representantes fidedignas de empresas com atuação nos mesmos segmentos de turismo e que a

composição de produtos oferecidos pelas mesmas se manterá semelhante no longo prazo.

- O objetivo deste Estudo de Viabilidade é demonstrar a viabilidade econômico-financeira para a

atuação da Companhia em diferentes segmentos da cadeia de turismo mantendo a lucratividade do

negócio, bem como comprovar a capacidade de geração de valor para a Companhia através da

proposta de aquisição e consolidação do seu setor de atuação.

- Consideramos neste Estudo de Viabilidade que o ambiente regulatório e a competitividade da

indústria de turismo não se alterarão significativamente, portanto não prevemos aumentos de custos

decorrentes de mudanças regulatórias ou do nível de competitividade. No nosso entendimento essa

medida foi conservadora no sentido de que o setor ainda é altamente fragmentado e há pouca

representatividade individual de cada empresa isoladamente, portanto as mudanças no curto prazo

serão favoráveis à Companhia.

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Brasil

F . C O N C L U S Õ E S

Tendo em vista o que observamos quanto à lucratividade das Empresas, podemos confortavelmente

atestar que o setor de turismo apresenta boas oportunidades para a implementação da estratégia de

entrada, crescimento e consolidação proposta pela Brasil Travel, especialmente tendo em vista que

estas Empresas são empresas operacionais, com longo histórico de atuação e renomadas nos seus

respectivos mercados. Existe ainda um grande potencial de sinergias que poderão ser capturadas

pela Brasil Travel ao longo do processo de integração.

Entendemos que a baixa necessidade de capital inicial e a fragmentação do setor não oferecem

barreiras significativas de entrada e que as empresas que são administradas por equipes

qualificadas e com experiência podem se manter lucrativas ao longo de largos horizontes de tempo.

Na nossa visão, a estratégia proposta pela Brasil Travel de manter os sócios fundadores das

Empresas alinhados a partir da remuneração atrelada ao desempenho gera incentivo mútuo para se

maximizar as sinergias e geração de valor do conglomerado econômico. Fortalecendo esse cenário

há as restrições contratuais que limitam as possibilidades dos atuais acionistas se desligarem da

Companhia para iniciar negócios concorrentes.

A mencionada fragmentação do mercado aliada ao grande potencial financeiro que a Companhia

espera obter com a abertura de capital corrobora a possibilidade de praticar aquisições em grande

escala para o crescimento do negócio e o poder de negociação que o grupo econômico consolidado

passa a ter indica grandes possibilidades de retorno na prática de aquisições. Assim, concluímos

que a Companhia é econômica e financeiramente viável, possuindo uma estratégia de negócios

adequada para atuar na atividade de intermediação de produtos e serviços de turismo.

Silvana Rosa Machado

A.T. Kearney Consultoria de Gestão Empresarial Ltda

Diretora Presidente

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