Estrutura e Discurso Problema e Questões Do Diagnóstico

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    Revista Affectio SocietatisDepartamento de PsicoanlisisUniversidad de [email protected] (versin electrnica): 0123-8884ISSN (versin impresa): 2215-8774Colombia

    2011Sidi Askofar, Sonia Alberti

    ESTRUTURA E DISCURSO: PROBLEMA E QUESTES DO DIAGNOSTICO(ESTRUTURA, DISCURSO, DIAGNOSTICO)

    Revista Affectio Societatis, Vol. 8, N 15, diciembre de 2011

    Art. # 18Departamento de Psicoanlisis, Universidad de AntioquiaMedelln, Colombia

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    ESTRUTURA E DISCURSO:PROBLEMA E QUESTES

    DO DIAGNOSTICO

    (ESTRUTURA, DISCURSO,DIAGNOSTICO)

    Sidi Askofar1e Sonia Alberti2

    Resumo

    A partir da clnica dita estrutural, aqui abordadapelo vis das questes diagnsticas eexemplificada pelas questes clnicas envolvidasna depresso, problematizamos o ensino dapsicanlise na universidade. Quando se ensinapsicanlise na universidade, importanteinstrumentalizar o estudante com os aportestericos de base. No entanto, h incertezas naclnica psicanaltica que nem sempre so levadasem conta e a questo que se coloca saber quelugar podem ocupar no ensino. Que relaoexiste entre o ensino da psicanlise nauniversidade e o que dela privilegiado nasinstituies psicanalticas, quer dizer, em doisdiscursos diferentes? Dialetizando clnica, ensinoe pesquisa, abordamos o que da estrutrura sepode saber e o que lhe escapa como no sabido,para lev-lo em conta no prprio contexto doensino de forma a deixar abertas aspossibilidades para o surgimento de algo novo.

    Palavras-chave:diagnstico, estrutura, ensino dapsicanlise.

    1Professor da Universidade de Toulouse 2 / Frana. Diretorde teses. Psicanalista Membro da [email protected] Adjunta do Instituto de Psicologia daUniversidade do Estado do Rio de Janeiro. Coordenadora doPrograma de Ps-graduao em Psicanlise e Procientistada UERJ; pesquisadora do CNPq. Psicanalista Membro [email protected]

    ESTRUCTURA Y DISCURSO: PROBLEMA YCUESTIONES DEL DIAGNSTICO(ESTRUCTURA, DISCURSO Y DIAGNOSTICO)

    Resumen

    La clnica estructural que aqu es abordada apartir del punto de vista del diagnstico y deejemplos clnicos de la depresin, ser discutidaen relacin con la enseanza del psicoanlisis enuniversidades. Cuando se ensea el psicoanlisisen la universidad es importante proveer anuestros estudiantes con elementos tericos debase. Pero hay siempre incertidumbres quesurgen del psicoanlisis clnico, y que no siempreson tenidas en cuenta. Qu lugar podra tomaresto en la enseanza del psicoanlisis en

    universidades? Qu relacin podra haber entrela enseanza de psicoanlisis y lo que se pone derelieve en las instituciones psicoanalticas, estoes, en dos discursos diferentes? Dialectizandoclnica, enseanza e investigacin, estudiamos loque de la estructura se puede saber y lo queescapa de ella como no sabido, pero importantepara incluir en el contexto de la enseanza delpsicoanlisis dejando as la posibilidad abiertapara algo nuevo.

    Palabras clave: Diagnstico, estructura,

    enseanza del psicoanlisis.

    STRUCTURE AND SPEECH: PROBLEM ANDQUESTIONS OF THE DIAGNOSIS(STRUCTURE, SPEECH, AND DIAGNOSIS)

    Summary

    The structural clinic, tackle here from thestandpoint of diagnosis and depression clinicalexamples, will be discuss in relation withpsychoanalysis teaching in universities. When

    psychoanalysis is taught at the universities isimportant to provide the students with basictheoretical elements. But always there areincreasing uncertainties in the clinicalpsychoanalysis, but they are not alwaysconsidered. What place might take this in thePsychoanalysis teaching at the universities? Whatrelation might be between the teaching of the

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    psychoanalysis and what is putted on relief in thepsychoanalytical institutions, that is, in twodifferent speeches? Clinical dialecting, teachingand research, we study what it is possible to knowabout the structure and what escape for unknown,

    but that is important to include inside the contextof Psychoanalytical teaching; leaving, in this way,open the possibility to something new.

    Keywords: Diagnosis, structure, psychoanalysisteaching.

    STRUCTURE ET DISCOURS: PROBLEME ETQUESTIONS DU DIALOGUE (STRUCTURE,DISCOURS ET DIAGNOSTIQUE)

    Resume

    La clinique structurelle qui est aborde ici du pointde vue du diagnostique et dexemples cliniques dela dpression est discute par rapport lenseignement du la psychanalyse dans lesuniversits. Quand la psychanalyse est apprisedans les universits, il est important de fournir auxtudiants des lments thoriques de base. Mais il

    y a toujours des incertitudes qui surgissent de lapsychanalyse clinique, et qui ne sont pas toujoursprises en compte. Quelle place pourrait occuperceci dans lenseignement de la psychanalyse dansles universits ? Quel rapport pourrait exister entrelenseignement de la psychanalyse et ce qui estmise en relief dans les institutionspsychanalytiques, cest--dire, dans deux discoursdiffrents ? En dialectisant clinique, enseignementet recherche, nous tudions ce qui est possible desavoir de la structure, et ce qui en chappecomme non su mais qui est important pourconclure dans le contexte de lenseignement de lapsychanalyse en ouvrant ainsi la possibilit quelque chose de nouveau.

    Mots-cls: diagnostique, structure, enseignement

    de la psychanalyse.

    Recibido: 10/04/11 Evaluado: 05/07/11Aprobado: 20/07/11

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    Estrutura e discurso: problema e questes do diagnstico

    A exigncia de um diagnstico de estrutura parece ser imposta como um dos traos que identifica o

    psicanalista lacaniano. Estar esta postura suficientemente fundamentada e interrogada? Constata-

    se, de um lado, que desde o nascimento da psicanlise os casos em contradio com a teoria

    psicanaltica so bastante raros para no dizer inexistentes. Por outro lado, apesar do

    desenvolvimento da teoria h mais de um sculo, a incerteza diagnstica continua presente at

    mesmo em casos to paradigmticos como o do Homem dos lobos (psicose, neurose ou

    borderline?) ou mesmo o caso Schreber (esquizofrenia ou parania?). Da a necessidade de

    distinguir, em nosso saber referencial, o que da ordem da doutrina e o que da ordem da teoria

    visando, sobretudo, manter aberta a possibilidade do surgimento do novo.

    Partimos de uma observao propcia para introduzirmos a questo: H o que os analistas dizem e

    h o que eles fazem . Associamos a essa observao que certa vez escutamos de Michel Silvestre,

    que h o que os analistas dizem pensar e h o que eles se proibem, s vezes, de pensar . Ou

    seja, h um mundo entre o que os analistas pensam a ss sobre sua prtica, e o que dela relatado

    em conferncias, jornadas e congressos. Na realidade, as incertezas, as incompreenses, as

    dificuldades da prtica e da associao entre prtica e teoria nunca ou muito raramente

    aparecem quando, em pblico, o analista deixa de lado os questionamentos, substitudos por umsaber assegurado de si mesmo, suturando os furos do cotidiano da prtica com pressupostos

    retirados do patrimnio epistmico comum.

    Isso pode levar impresso, enganadora, de que a psicanlise seria uma disciplina pronta,

    consistente, como se j no houvessem problemas ou questes no resolvidas, dividindo portanto o

    mundo entre aqueles que j compreenderam tudo e aqueles que ainda no compreenderam. Talvez

    seja esse o ponto que mais exatamente precede a confuso entre o discurso do psicanalista e o

    discurso universitrio. Com efeito, se esses discursos so fundamentalmente distintos, se o fato de

    haver ensino da psicanlise na universidade no implica que o ensino se d no discurso da

    universidade, h que se levar em conta que os psicanalistas que tambm so professores

    universitrios tm a um problema a resolver. Como ensinar a psicanlise na universidade se sua

    transmisso implica, por definio, que ela justamente no est pronta, consistente, e que h um

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    mundo de questes em mutao, questes no resolvidas? E que a prpria psicanlise um saber

    que se constri a partir de cada caso clnico, ainda hoje tal como aconteceu na poca de Freud?

    Para abordar essas questes, enfocaremos o campo do diagnstico em psicanlise porque ele

    permite demonstrar que a clivagem entre teoria, doutrina, estrutura, de um lado, e a experincia, a

    clnica, a prtica de outro, artificial e problemtica na articulao entre ambos esses discursos.

    O diagnstico na clnica

    Partamos da prtica. Todos temos a experincia de casos em que o diagnstico no causa maiores

    problemas, tanto porque o quadro clnico claro, quanto porque a relao transferencial est bem

    amarrada. Tudo parece acontecer como nos textos clssicos, e chegamos mesmo a correr o risco

    de nos instalarmos no conforto intelectual e na segurana terica. No entanto, mesmo nesses casos

    no so salvaguardas as surpresas pois preciso diferenciar os casos em que o diagnstico inicial

    confirmado no curso do tratamento, daqueles em que ele desmentido na emergncia da fantasia,

    no desenvolvimento da transferncia, numa mudana de posio na existncia ou ainda na

    metamorfose do sintoma.

    Mas h tambm os casos bem conhecidos que desde o incio implicam uma incerteza diagnstica.

    Nestes, h duas possibilidades:

    A primeira possibilidade relativa aos casos em que a indeterminao diagnstica do incio

    seguida de uma viso diagnstica mais clara, viso, por sua vez, que ou conduzir proposio da

    regra da associao livre, em direo a uma anlise propriamente dita ou, ao contrrio, levar

    deciso de que a direo do tratamento no deve implicar o convite para o sujeito deitar-se no div e

    iniciar um tratamento psicanaltico clssico.

    A segunda possibilidade de que a incerteza diagnstica nunca ser resolvida podendo inclusive

    acentuar a prudncia do analista, paralisando-o, ou levando-o a um ativismo e forao, com aconseqncia freqente de uma ruptura no lao social, ou seja, no discurso do analista. Aqui

    efetivamente fracassamos em sustentar a relao transferencial.

    Seno, vejamos:

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    Para que possamos desenvolver o que interessa no contexto desse artigo, pensemos, por exemplo,

    na complexa clnica da depresso e a maneira como podemos trabalhar com ela frente a essas duas

    possibilidades. O campo da depresso paradigmtico para pensarmos a questo diagnstica na

    medida em que, de um lado, se encontra na interseo entre vrias abordagens teraputicascomo freqentemente apontado, por exemplo em Monteiro & Lage (2007)e, de outro lado,

    um campo controverso no interior mesmo da psicanlise. H autores que identificam, em maior ou

    menor grau, depresso e melancolia, e outros que as distinguem, a primeira como sendo da ordem

    de um fenmeno que pode se presentificar nas diferentes estruturas e, a segunda como sendo da

    ordem da psicose, ou seja, equivalente psicose manaco-depressiva isolada por Kraepelin na sexta

    edio de seu Manual, em 1899. evidente que uma depresso pode ser somente a mscara de

    uma culpabilidade oculta, uma agressividade contra o eu, um luto que no diz seu nome, o ndice deuma misria sexual tais interpretaes podem advir de diferentes orientaes clnicas. Em todo

    caso, a depresso mascara a estrutura, na grande maioria das vezes, neurtica.

    Relembremos de Gislaine, uma jovem que pudemos diagnosticar histrica sem maiores problemas,

    e que internada em funo de uma tentativa de suicdio. Ao longo das entrevistas, acaba por

    chegar sua identificao a um pai prestes a perder o emprego e que sustentara toda famlia por

    mais de vinte anos. A ameaa provinha do fato de que ele j no acompanhava os avanos

    tecnolgicos que seu trabalho exigia e seria necessariamente aposentado. Em p de guerra com eleem funo da crise da adolescncia, Gislaine no se dava conta de sua identificao. Somente a

    partir do trabalho na transferncia pode se reconciliar com o pai, ter uma boa conversa com ele, o

    que o levou a confessar que j no queria mais trabalhar, estava cansado, e o levou a dizer filha

    que a vez agora era dela, que fizesse seu vestibular e ingressasse na universidade. O que, alis,

    Gislaine fez.

    Ou ento, pensemos no contexto da neurose obsessiva, em que certo sujeito se culpabilizava tanto

    que chegava mesmo a se machucar fisicamente. O analista inquietou-se: tratar-se-ia de uma

    depresso mascarando a neurose ou uma melancolia psictica? At que ficou claro que o psictico

    era, na realidade, o pai do sujeito. Esse esclarecimento se deu no dia em que, apesar de todas as

    estranhezas que contara de seu pai, o sujeito revela a lembrana de uma cena: com doze anos de

    idade, conversando com tias maternas e outras senhoras, identifica na fala dessas mulheres no s

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    uma feroz crtica a seu pai como tambm percebe o quanto desdenhavam dele. O rapaz ento,

    apesar de j bastante acovardado nessa idade, se insurgiu contra elas e defendeu seu pai com toda

    veemncia, como se ele fosse um grande heri que jamais deveria ser questionado. O analista,

    diante disso, no teve mais dvidas em poder diagnosticar uma neurose, contra todas asaparncias, pois lhe foram oferecidas as bases para um seguro diagnstico estrutural: esse sujeito

    precisava de seu pai, o defendia com unhas e dentes, mesmo quando tal defesa no se justificava

    na realidade, pois o pai era efetivamente todas aquelas coisas que as senhoras matraqueiras

    comentavam. O fato que ele sabia que precisava da referncia ao pai para sustentar sua prpria,

    ou seja, sua identificao ao Nome-do-Pai e era isso o que defendia. A partir desse momento, o

    analista apostou na anlise desse sujeito que, por sua vez, pode fazer um longo trabalho com

    inmeras mudanas subjetivas e uma paciente luta contra uma clssica neurose obsessiva, mesmo

    que grave e determinada por uma pulso de morte nem sempre ligada libidinalmente. Em ambos

    esses casos aqui somente esboados, estamos diante da primeira possibilidade, mesmo se, como

    no segundo caso, o diagnstico estrutural no pode ser dado de incio, tendo levado algum tempo de

    entrevistas preliminares para o esclarecimento.

    Ainda no contexto da primeira possibilidade, retomemos a questo da depresso como sintoma

    social. Ou seja, todas as observaes clnicas que demonstram a depresso ser, na atualidade, uma

    forma de contrariar o empuxo--produo dos tempos contemporneos. No trabalhar, no estudar,no se levantar de manh uma forma de se posicionar contra a demanda superegica de que

    preciso produzir, comprar, fazer, acontecer, de preferncia o tempo todo! A depresso como sintoma

    social que tantas vezes acaba sendo medicalizada com comprimidos que prometem levantar o moral

    medicao que, mais dia, menos dia, se mostra infrutfera na realidade o grito de recusa

    contra esse discurso que, tal mquina de fazer trabalhar, quer anular a fora que tem na histria da

    humanidade, o otium cum dignitate3 que, alis, prprio do princpio do prazer pois dita que

    preciso sempre manter as excitaes a nvel baixo e homeosttico. em A Terceira que Lacan

    (1974) prope essa acepo do sintoma: uma pedra no meio do caminho como diria nosso poeta

    Drumonddo discurso do mestre a nos exigir sempre mais esforo e trabalho. E o discurso que

    questiona o do mestre, como sabemos, o da histrica que sempre mais dia menos diaacaba

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    conseguindo incomodar aquele a quem contraria. Portanto, depresso como sintoma social efeito

    do discurso reinante sobre os sujeitos que, na posio questionadora do histrico, recusam-se a

    danar conforme essa msica .

    Mas h a segunda possibilidade, a da incerteza diagnstica. Trata-se de sujeitos em cujas falas

    parece impossvel identificar as referncias que permitam diagnosticar a estrutura. Assim,

    necessrio dizer que so sujeitos que no se inscrevem contra o discurso reinante, nem tampouco

    apresentam uma depresso que mascara as relaes do sujeito com o Outro e com seu gozo mas,

    ao contrrio, a depresso parece implicar diretamente uma identificao com o objeto fantasmtico

    que caiu do Outro, tal como Lacan constri o prprio matema da fantasia ($a).Semelhante

    observao freudiana segundo a qual a melancolia implica numa identificao ao objeto (Freud,

    1975), levanta a hiptese de uma psicose que nem sempre pode ser corroborada.

    Com efeito, para fazer um diagnstico estrutural na transferncia fundamental verificar, na fala do

    sujeito, seu lugar frente ao Outro e ao gozo, para poder identificar de que maneira o Outro se coloca

    para ele, se dialetizado ou no, se o invade ou no, se barrado ou no. No caso de s -lo, implica

    na queda do objeto a aquele que em decorrncia da castrao do Outro perdido para sempre,

    causando ento o desejo do sujeito, promovendo, portanto, o desejo, o sujeito desejante. No caso

    de no ter havido a inscrio do Nome-do-Pai o objeto ano cai do Outro e a fantasia permanece

    intimamente ligada com a da me. Eis tambm porque Lacan pode dizer que h duas modalidades

    possveis de a criana aparecer na relao com seus pais: ou como sintoma do par parental o

    que implica a dialetizao do lugar do sujeito atravs da metfora paterna e da inscrio do Nome-

    do-Pai no Outro, ou como objeto da fantasia da meno dialetizado pelo pai (Lacan, 2001a).

    Termos j bastante solidificados no estudo do diagnstico estrutural mas que nem por isso deveriam

    ser as nicas orientaes clnicas para um analista poder receber um sujeito que queira falar com

    ele. Na realidade, escutamos cada vez mais colegas que se queixam de que tais referncias nemsempre do conta de sua clnica atual.

    3Palavras que identificam a postura contemplativa do ser de nobreza a partir de Ccero (De OratoreLibro I, 1-2)como a melhor

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    O diagnstico estrutural e o questionamento

    Identifica-se hoje o primeiro Lacan com o que estruturou na teoria psicanaltica o campo da

    linguagem, tendo como texto prnceps Funo e campo da fala e da linguagem (Lacan, 1966), e

    o segundo Lacan com o que estruturou o campo do gozo, campo lacaniano como ele prprio o

    nomeia (Lacan, 1991). Na realidade, assim como Freud pode formalizar duas tpicas , Lacan

    formalizou dois campos , e isso em momentos diferentes do estudo terico em ambos os casos, e

    nunca abrindo mo do primeiro para pensar o segundo, ao contrrio, tanto a segunda tpica

    freudiana, quanto o campo do gozo lacaniano respondem a questes colocadas na primeira tpica e

    no campo da linguagem que s puderam ser respondidas com a nova teorizao.

    O fato que a doutrina dita estrutural ou estruturalista discute neurose, psicose e perverso emfuno do assujeitamento do ser falante estrutura da linguagem. Mas autorizado-nos de uma

    releitura de Freud por Lacan o que identificado como doutrina, muitas vezes deixamos de

    observar os mltiplos eixos abordados por Freud quando discutimos neurose e psicose. Podemos,

    por exemplo, levantar a hiptese de que a doutrina nosogrfica que reduz a trs estruturas os

    tipos de assujeitamento estrutura da linguagem efeito da identificao do que hoje se conhece

    como o primeiro Lacan com as teses estruturalistas. Eis o que pretendemos examinar.

    Com Jean-Claude Milner poderamos formular que o estruturalismo se sustenta numa escolha

    minimalista. Ele o formula com muita clareza em seu priplo estrutural : um nmero mximo de

    teoremas deve ser deduzido de um nmero mnimo de axiomas expressos por um nmero mnimo

    de conceitos primitivos. O que podemos resumir sob a denominao de minimalismo

    epistemolgico (Milner, 2008: pp. 22-3). Pode-se ver bem o funcionamento disso em Lacan. Seno

    vejamos:

    Do axioma: o inconsciente estruturado como uma linguagem, podemos deduzir os teoremas:

    Trs registros do ser falante: Real, Simblico e Imaginrio;Trs estruturas do sujeito: psicose, neurose e perverso;

    Quatro mecanismos fundamentais: simbolizao primordial, recalque, foracluso e desmentido;

    Quatro conceitos fundamentais: inconsciente, repetio, transferncia e pulso;

    postura na cidade antiga e que no deixa de estar presente em Macunama, o que tambm a faz brasileira.

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    Quatro elementos da estrutura: $, A, a e a;

    Quatro discursos, quatro lugares, quatro termos: discurso do mestre, da histrica, da universidade e

    do analista; verdade, agente (ou semblante), outro (ou gozo) e produo (ou mais-de-gozar); S 1, S2,

    $, a;

    Quatro anis da estrutura borromeana: R, S, I e .

    Conhecemos a potncia do axioma retido por Lacan e a riqueza das conseqncias que tirou dele

    para teorizar a experincia psicanaltica, mas tambm conhecemos os deslocamentos, os

    acrscimos, as retificaes que precisou fazer para que tal teorizao pudesse continuar cingindo de

    perto o real em jogo na psicanlise. No h dvida de que se trata de um paradigma, de um ponto

    de vista que privilegia aspectos do objeto, da realidade ou da experincia, em detrimento de outros.

    Um dos interesses da obra de Milner de apresentar uma histria do paradigma estrutural que teve

    grande sucesso mas tambm seus esgotamentos, finalmente seu declnio nas cincias da

    linguagem nas quais nasceu e das quais Lacan o tirou para um debate mais aprofundado dos

    esgotamentos sofridos pelo estruturalismo, consultar: sobre os limites do estruturalismo na biologia,

    Joliot (2001), e sobretudo Kupiec e Sonigo (2000); nas matemticas, Patras (2001), e na lingustica,

    Milner (1989).

    Uma teoria psicanaltica integralmente estruturalista seria absolutamente justificvel do que o prprioLacan diz da cincia. O que ainda ressoa quando lemos o que Etienne Klein4pode falar da fsica

    hoje: ela seria fascinada pela idia da invarincia, uma espcie de conceitualizao da imobilidade,

    diz ele. De tal maneira que, mesmo quando a fsica se aplica aos processos que tm uma histria ou

    uma evoluo, ela tenta descrev-los a partir das formas, das leis, das regras independentemente

    do tempo. Sua ambio de construir uma legislao das metamorfoses apoiando-se sobre

    noes que no se submetem ao tempo (Klein, 2002: p. 63). Donde, as leis intemporais que ela

    utiliza parecem ser exterioresao universo de tal modo que os fsicos procuram exprimir o futuro a

    partir de elementos que lhe escapam, a partir de regras que somas no adviro[...] (idem), de

    forma que, segundo o epistemlogo, h algo de platnico no uso que a fsica faz das matemticas

    ou em seu culto pela invarincia. Ela tenta alcanar a realidade que nos escapa e que muda, atravs

    de formalismos abstratos mas perfumados de eternidade (idem: p. 64). Aos olhos de um fsico

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    terico, somente as matemticas, com suas verdades inamovveis e suas leis fixas podem visar as

    estruturas profundas do mundo (idem). Ou seja, via cincia, ela reencontra o mito.

    Na realidade, preciso dizer que no estruturalismo, no sentido estrito, h algo que fica foracludo do

    sujeito, da histria, do gozo. Donde, ento, a categoria de discurso que articula esses trs termos

    (cf. Milner, 1995: p. 126). A partir do segundo Lacan mantm-se do estruturalismo a estrutura da

    linguagem (a equivalncia estrutura / linguagem, de Radiofonia Lacan, 2001b) e a estrutura do

    sujeito.

    Para alm do fato da foracluso da articulao entre o sujeito, a histria e o gozo, a maior objeo

    doutrina das trs estruturas surge de alguns elementos esparsos, mas nem por isso menos

    essenciais, que o ensino de Lacan indica, desde o incio, atravs de pequenas pistas, mas que votomando cada vez mais forma. Evoquemos trs exemplos: O primeiro se inscreve no Discurso de

    Roma . Examinando a partir de uma anlise a questo do sujeito da fala e da linguagem, Lacan ali

    isola o que chama de paradoxos . Trs paradoxos nessas relaes apresentam-se em nosso

    campo (Lacan, 1966: p. 279). Primeiro paradoxo, a loucura, com seu obstculo transferncia e

    seu delrio que apresenta uma linguagem sem dialtica (idem); segundo paradoxo, a neurose com

    suas manifestaes (idem: p. 280), e o terceiro paradoxo, no a perverso, mas o sujeito que

    perde seu sentido nas objetivaes do discurso (idem: p. 281). Este ltimo identificado por Lacan

    com a alienao mais profunda do sujeito da civilizao cientfica (idem). Ele observa que o eu

    do homem moderno adquiriu sua forma no impasse dialtico da bela alma que no reconhece a

    prpria razo de seu ser na desordem que ela denuncia no mundo (idem). Ou seja, originado de

    tal impasse, o eu do homem moderno acabou apostando na comunicao da cincia e nos

    empregos que ela comanda na civilizao universal, que ser tanto mais efetiva quanto maior for a

    objetivao que permita esquecer a subjetividade [... de maneira que] h a um muro de linguagem

    que se ope fala (idem: p. 282). Tal observao de Lacan nos alerta que at mesmo o

    estruturalismo pode fazer as vezes de tal muro, opondo-se fala do sujeito.

    Um segundo exemplo, de que Lacan introduziu objees teoria das trs estruturas, encontra-se na

    formulao do conceito de discurso que Lacan formaliza em O Seminrio, livro 17, O avesso da

    4Fsico e epistemlogo francs.

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    psicanlise (1991). Com o discurso, Lacan no somente isola o campo do gozo, quanto rompe com

    o que, no estruturalismo, foraclui a histria. No simplesmente a histria na sua articulao com o

    inconsciente o inconsciente tanto estrutura quanto histria, quer dizer, discurso do Outro,

    mas para muito alm disso, a histria real das sociedades humanas. Como j observado, essacategoria no incompatvel com a estrutura pois s h discurso da linguagem. Mas o que o

    discurso como conceito permite abordar o efeito da estrutura levando em conta as mutaes

    simblicas, as mudanas nos saberes e nas prticas, as metamorfoses ou as emergncias nos

    modos de gozo.

    Sobre esse ponto, so absolutamente decisivas as formas de levar em conta o real do discurso do

    capitalista e seus efeitos clnicos, assim como a leitura histrica dos quatro discursos de tal maneira

    que isso possa auxiliar a sair do mito da estrutura e dar a verdadeira medida do acontecimento que

    o discurso do capitalista no ensino de Lacan. Com efeito, tal discurso rompe com os quatro

    discursos fundamentais que o precederam, porque ele no se funda na interdio dos gozos. O que

    no necessariamente muda tudo, mas certamente muda algumas coisas!

    Finalmente, o terceiro exemplo est em O Seminrio, livro 21, Os no-tolos erram . preciso

    observar que o ttulo original desse seminrio um equvoco: Les non-dupes errent , ttulo que,

    falado em francs tambm pode ser traduzido para o portugus como Os nomes do pai . Nele,

    mais especificamente na lio de 19 de maro de 1974, Lacan (1973-4) observa que no lugar do

    Nome-do-Pai e de sua funo, o momento histrico que o nosso, privilegia a nomeao paraque

    j no tem relao com o Nome-do-Pai. H uma incidncia cada vez maior, diz Lacan, no momento

    que vivemos, do fato de que ao Nome-do-Pai se substitui uma funo que no outra seno

    aquela da nomeao para (Lacan, 1973-4). Ao substituir o Nome-do-Pai, essa nomeao para

    alguma coisa se aproxima muito mais daquilo que sempre pode ficar a cargo da me pois ela

    geralmente suficiente para designar o projeto, traar o caminho para tal nomeao. Como Lacan

    sempre observou, o desejo do homem o desejo do Outro, e o desejo da me muitas vezes suficiente para se fazer valer como desejo do Outro. Assim, quando a nomeao para se substitui ao

    Nome-do-Pai, bem possvel que o desejo do Outro no barrado que se impe ao sujeito.

    "Ser nomeado para alguma coisa, eis o que parece ser preferido, nesse ponto da histria em que nosencontramos, quero dizer, efetivamente preferido, colocado em primeiro plano [...]. bastante

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    estranho que a o social assume uma prevalncia de n, fazendo a trama de tantas existncias, pordeter o poder do nomear paraa ponto que disso se restitua uma ordem, mas uma ordem que deferro. [...] Esse traado designa o retorno do Nome-do-Pai no real, na medida em que o Nome-do-Paiest verworfen, foracludo, rejeitado, e que a esse ttulo ele designa essa foracluso sobre a qualpude dizer que ela o princpio da loucura. Ser que esse nomear para seria o signo de uma

    degenerescncia catastrfica?" (idem, lio de 19 de maro de 1974)

    ou seria outra coisa?

    Tratando da questo do ensino a partir da clnica

    Na realidade, tudo o que novo e estranho orientao anterior com freqncia identificado com

    o que disfunciona. A pergunta de Lacan acima retomada, sobre essa outra coisa ser ou no da

    ordem de uma degenerescncia catastrfica, abre uma possibilidade de debates para os novos

    dilemas clnicos com que nos deparamos. Entre tantos autores que se ocuparam do tema nestadcada, citemos Amiel, G. (2001) e Morel, G. (2004).

    Gerard Amiel se questiona sobre os sujeitos que apresentariam uma especificidade, uma

    particularidade provvel no curso da fase do espelho, como se a me no tivesse tido um olhar, ou

    no pode fazer as vezes de um suporte de um olhar [...], quer dizer, no teria podido sustentar uma

    fala propcia para designar a criana [...]. Alm disso, sem dvida a imagem permanece no

    assegurada ulteriormente pelo pai [...] (Amiel, 2001: p. 108). Sugere que como se o sujeito no

    se visse porque no Outro no encontrou uma possibilidade para tal lugar (idem).

    Observao que articula uma falha no olhar e na fala, na relao com o Outro que, para alm disso,

    presentifica uma falha na funo paterna: por alguma razo, esta no assegura o sujeito na

    identificao que, como sabemos, primordialmente com o pai. Originalmente, levando em conta o

    diagnstico estrutural, diramos que certamente h a uma falha na Bejahung (afirmao

    fundamental do sujeito no simblico), funo que Freud j construa em 1975a e que, diante da

    tarefa de um diagnstico estrutural nos orienta para uma psicose. A leitura do texto de Pinheiro

    (2006) identifica a questo: trata-se do j nomeado problema do olhar do Outro materno que

    atravessa o beb, sem nele se fixar, ultrapassando-o para se depositar em um ponto para alm

    dele (Pinheiro et al., 2006), ou o que, como prope M.C. Lambotte (1997), teria como

    conseqncia um acidente narcsico .

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    Articular tais observaes com a de Amiel de que a imagem tampouco assegurada pelo pai em

    sua funo simblica perfeitamente possvel se retomamos, por exemplo, o esquema R

    indicamos o estudo feito por Vandermersch, 2008, para as propriedades desse esquemaem

    que Lacan demonstra como simblico e imaginrio se associam. A imagem tem vida porque possodecomp-la em traos significantes, diz tambm Vieira (2005), pois imaginrio e simblico esto

    justapostos, coisa que, mais tarde, Lacan ainda aprofundaria mais com a teoria dos ns. Quando h

    ento uma falha no olhar da me e quando em funo disso a imagem no assegurada nem

    mesmo pelo pai, articula-se a uma reduplicao dessa mesma falha que ter conseqncias

    tambm na relao do sujeito com o objeto.

    A questo, no entanto, que da clnica sempre soubemos que a funo paterna falha! Alis, por

    isso mesmo que h clnica psicanaltica! O pai necessariamente falha de alguma forma ao barrar a

    me. Na fobia, essa falha se presentifica quando o sujeito busca uma outra referncia para sustentar

    a interdio do acesso me, como o fez o pequeno Hans quando elegeu o cavalo que Freud j

    identificara com o pai castrador. Na histeria de converso, o pai sempre impotente de alguma

    maneira, como Freud tambm j desconfiou quando pinou na impotncia do pai de Dora as razes

    de ela se dar em sacrifcio a ele, interessando-se na proposta do que ela mesma denuncia como

    odiosa troca, ou seja, no relacionamento da famlia com os K. Na neurose obsessiva, o pai

    endividado, no caso paradigmtico do Homem dos ratos de Freud, o pai literalmente morre devendodinheiro a um colega militar, para alm do fato de ter uma dvida impagvel com as mulheres por ter

    escolhido se casar com a rica e ter deixado a amada, pobre. Ou seja, mesmo no contexto clssico

    das neuroses, a inscrio do Nome-do-Pai falha sempre por algum motivo, mesmo barrando a me

    de forma claudicante. s na psicose que isso no ocorre, o Nome-do-Pai no se inscreve no

    simblico e o sujeito no tem recurso a ele para se referir castrao.

    Assim, quando no encontramos um quadro claro de neurose classicamente falando, se nos

    mantemos na referncia estrutural, a questo que se coloca : trata-se de neurose ou de psicose? Eno basta, para respond-la, encontrar o no asseguramento por parte do pai da imagem cuja falha

    decorre de uma falha no olhar da me. Pois claro que a se presentifica uma falha do pai, mas a

    questo permanece em se saber se essa falha a nvel da afirmao (Bejahung) do sujeito ou se

    de outra ordem, quando ento no haveria razo de se propor um diagnstico de psicose.

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    Como hoje surgem cada vez mais patologias que escamoteiam as estruturas clnicas por exemplo

    as toxicomanias e as depresses, identificadas cada vez mais como patologias do gozo, o

    diagnstico estrutural necessariamente posto prova. Pois muitas vezes mesmo depois de longos

    tratamentos, ainda no possvel identificar a estrutura do sujeito e, menos ainda, seu tipo clnico. O

    que fazer ento?

    Solues comeam a surgir nas diferentes propostas de alguns tericos da clnica, desde as que

    sobrepujam a Lei da me (Morel, op.cit.) o que certamente no sem relao com as

    observaes anteriores aqui retomadas a partir das contribuies de Lambotte, Pinheiro e Amiel,

    at o estudo das novas formas de sintomas . Magalhes (2005) usa este estudo como uma

    maneira de abordar, na clnica, a proliferao dos gozos fora dos discursos (p. 1), o que

    podemos considerar corroborado tambm por Kahl (2006). Alis, com frequncia, utiliza-se a ltima

    conceituao do sintoma em Lacan para justificar novas incidncias clnicas.

    Diante disso, para alm da questo diagnstica e daquela da nosografia e da performance

    clnica , h problemas reais e verdadeiras questes para a psicanlise. Condens-mo-las em dois

    pontos: 1) em que medida um analista pode se autorizar a dirigir um tratamento independentemente

    de toda e qualquer hiptese diagnstica? Dito de outro modo, uma direo do tratamento pode se

    fundamentar sem tal hiptese? 2) se as hipteses diagnsticas so relativas, dependentes dadoutrina, da leitura e da interpretao particular de cada analista, ento preciso que a prpria

    questo diagnstica se articule com a da doutrina. Como justificar isso na relao entre a prtica do

    psicanalista e o ensino da psicanlise na universidade questo abordada por vrios outros

    autores (p. ex., Lo Bianco (org.), 2006; Maurano, 2009; S, 2008; Sigal, 2009)? Sem poder

    responder a todas essas questes no momento, gostaramos de nos deter um pouco na ltima que

    a prpria razo desse artigo.

    A psicanlise na universidade, o ensino e as doutrinas

    Em um pequeno texto, publicado originalmente na revista mdica de Budapeste Gygyszat, em

    1999, Freud responde pergunta de alguns estudantes de medicina que se manifestavam pela

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    incluso da psicanlise no plano do curso de medicina: "A psicanlise deve ser ensinada nas

    universidades?"

    Freud introduz sua contribuio ao debate vejam que este debate no novoobservando que

    ele deve ser esclarecido a partir de dois pontos de vista (Standpunkten): do lado da Psicanlise e do

    lado da Universidade. notrio observar que Freud, aqui, j tem muito clara a diferena desses dois

    contextos, dessas duas instituies, como diria Lacan muitos anos depois, desses dois discursos no

    lao social: o da psicanlise e o da universidade, e que uma pergunta como esta imprescinde de um

    debate de ambas as partes de forma que cada uma verifique as possveis interseces discursivas

    decorrentes de bons e/ou maus encontros. Trata-se, portanto, j para Freud, de dois conjuntos

    diferentes, cada um com suas leis e seus regulamentos, impossveis de serem identificados entre si

    mas passveis de manterem um campo de interseco. Do lado da psicanlise, como isso se daria?

    Todo analista, escreve Freud, valora positivamente a insero da psicanlise no currculo

    acadmico, mesmo se isso no quer dizer, continua, que o analista seja de alguma forma

    dependente da universidade. "Ao contrrio: ele adquire seus conhecimentos tericos do estudo da

    literatura analtica e os aprofunda durante as sesses cientficas das associae psicanalticas no

    debate conceitual (im Gedankentausch) com seus membros. Ele aprende o manuseio prtico da

    tcnica analtica em parte na anlise de sua prpria pessoa, em outra parte na anlise de pacientes

    sob superviso de colegas mais experimentados" (Freud, 1999: p. 700).

    O que Freud observa aqui, preciso explicit-lo, que o analista, enquanto tal, no produto da

    universidade, por isso ele no dependente dela. Um analista nem mesmo se forma, enquanto

    analista, pela universidade, por mais que a universidade possa formar profissionais. O que

    demonstra, por um lado, que no houve qualquer originalidade em Lacan ao observar que o analista

    produto de sua prpria anlise, seno a de explicit-lo nestes termos e afinar a proposta: "o

    analista s se autorisa de si mesmo", a partir de sua prpria anlise e a partir da possibilidade de se

    tornar psicanalista de sua prpria experincia (Lacan, 2001: p. 243), mbito assegurado pelodispositivo por ele proposto, o passe. Por outro lado, essa assertiva freudiana tambm demonstra

    que a psicanlise no s no equivale s profisses de formao universitria, como tampouco

    dela debitria. Por ltimo, Freud confirma aqui em 1999, que a formao do analista se d no trip:

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    formao continuada (debates cientficos entre os pares nas associaes psicanalticas), anlise

    pessoal e superviso de casos clnicos.

    No entanto, j nesse texto de 1999, Freud sustenta que apesar de ser muito interessante

    desenvolver um ensino de psicanlise na universidade, isso no deve subsumir a existncia das

    instituies psicanalticas que tm por funo, justamente, sustentar a formao do psicanalista o

    que deve ser feito fora da universidade, para que perdure a dita formao. "As organizaes

    psicanalticas devem sua existncia justamente excluso do mbito da universidade e continuaro

    a desempenhar uma importante funo de formao enquanto perdurar essa excluso" (idem)5.

    Nessa poca, Freud somava todos os esforos para fortalecer a Associao Psicanaltica

    Internacional e, ao mesmo tempo, propunha a insero da psicanlise no currculo regular de umcurso de medicina em Budapeste. Ele o justifica, no final desse artigo, da seguinte maneira: o fato de

    ter disciplinas de psicanlise na universidade e no hospital psiquitrico no faz de ningum um

    analista. O estudante de medicina ainda estar longe de realmente aprender psicanlise. E termina:

    o cirurgio tampouco acredita que sai da universidade como cirurgio experiente. Ele sabe muito

    bem que, para isso, necessitar de longos anos de formao especializada nos hospitais.

    Ensinar psicanlise na universidade uma forma de coloc-la prova no contexto das conexes da

    psicanlise contexto no qual Freud (1975b) tambm prope seu currculo de ensino, levando emconta as outras cincias, as artes, a literatura e assim por diante, coloc-la prova na relao

    com os outros saberes que circulam dentro de uma universidade e, na medida do possvel,

    enriquecer a prpria psicanlise com as contribuies que da podem advir por exemplo, a da

    exigncia de rigor no desenvolvimento de uma questo, ou at a possibilidade do intercmbio com

    outras doutrinas, contra sectarismos que no so incomuns e que certamente no contribuem para o

    crescimento de um saber.

    Mas no momento atual, em que nos deparamos com o questionamento do alcance da lgica

    estrutural no que tange a nosografia e a clnica, questes que so desenvolvidas necessariamente

    na articulao com as diferentes doutrinas como observado acima, de que maneira sustentar a

    5"Die psychoanalytischen Organisationen ihrerseits verdanken ihre Existenz gerade dem Ausschluss aus dem Univeristtsbetrieb undwerden fortfahren, eine wichtige Ausbildungsfunktion zu erfllen, solange dieser Ausschluss bestehen bleibt" (idem).

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    psicanlise na prtica do ensino cotidianoem cursos de graduao, por exemplose mais agora

    do que nunca nos deparamos, como analistas e professores, com o questionamento que a clnica

    provoca a ponto de nem sempre podermos afirmar com certeza os alicerces terico-conceituais com

    os quais nos orientamos?

    inegvel que h um descompasso entre o que desenvolvemos nos debates entre pares nas

    instituies psicanalticas e o que se ensina na universidade, a partir da prpria formao nessas

    instituies. Esse descompasso sempre houve, haja vista a prpria histria de Freud: as

    conferncias introdutrias dadas na Universidade de Viena, retomam somente em 1917 toda

    articulao terica que fizera at ento! Dezessete anos depois de publicar a Interpretao dos

    sonhos, Freud se d ao trabalho de explicar, com toda pacincia, o que a interpretao dos

    sonhos!

    Por um lado, tal descompasso se deve ao fato de que nas instituies psicanalticas que

    colocamos prova, entre pares, os avanos na teoria a partir da psicanlise em intenso que nelas

    priorizamos, ou seja, a partir da verificao da prtica da psicanlise pura que nelas deveria sempre

    encontrar abrigo. Por outro lado, se deve ao fato de que nas universidades por definio e em

    funo das prprias orientaes que j encontramos nos textos de Freud (1975b, por exemplo) e de

    Lacan (1966, por exemplo), h todo um terreno para o verdadeiro debate, pois se a universidade

    um campo frtil para as conexes da psicanlise, ento preciso observar que tambm o lugar

    em que o que j foi verificado entre os pares pode agora ser colocado prova na relao com os

    outros saberes e, na melhor das hipteses, servir tambm a eles.

    fato que as publicaes, jornadas cientficas e trocas entre pares no campo da psicanlise muitas

    vezes so mais produtivas nas instituies psicanalticas do que nas universidades, ao contrrio do

    que ocorre no seio da expressiva maioria dos saberes que interseccionam na universidade.

    Poderamos assim aproximar o trabalho que psicanalistas que tambm so professoresuniversitrios fazem nas instituies psicanalticas de que so membros e nas quais elaboram a

    clnica na teoria, ao trabalho que em outras reas do saber feito em laboratrios onde justamente

    se coloca prova a relao entre prtica e teoria. Com uma diferena, que discursiva: se nos

    laboratrios, ligados s universidades para as quais e nas quais so feitas pesquisas, o discurso o

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    mesmo que aquele desenvolvido na universidade, o discurso que deve primar na instituio

    psicanaltica o do analista, o que, no entanto, nem sempre o caso donde tambm a

    necessidade constante de exercermos a crtica discursiva dentro das instituies psicanalticas.

    Entendemos que, da mesma maneira como nas outras reas h constante verificao da teoria a

    partir da prtica o que influencia os cursos universitrios quando muitas vezes exigido um

    afinamento da teoria, tambm na psicanlise, quando tal verificao se d, preciso inclu-la na

    construo das disciplinas tanto de ps-graduao quanto de graduao. Mas essa incluso solicita

    uma elaborao a mais, pois os alicerces freudianos no se modificam, e precisam ser transmitidos

    para orientar o estudante na tica da psicanlise sem a qual no h teorizao possvel nesse

    campo especfico. A tica da psicanlise sustenta toda clnica e toda teoria psicanalticas e em

    Freud que podemos melhor encontr-la. Caso contrrio, corremos o risco de formar nossos

    estudantes de uma maneira que os impea, no futuro, de desenvolverem a articulao teoria e

    clnica dentro da especificidade do campo.

    H algo na leitura do texto freudiano que sempre surpreende e s possvel avanar quando o

    levamos em conta. Seria demais dizer que o texto de Freud cria trilhamentos? Bahnungen6? talvez

    no. desconcertante como isso funciona, inclusive no ensino da psicanlise na universidade! E

    ento que podemos nos colocar as questes que se apresentam a partir da prtica e da relao quetodo psicanalista deve sustentar com a atualidade que o cerca.

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  • 7/25/2019 Estrutura e Discurso Problema e Questes Do Diagnstico

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    Affectio Societatis N 15/ diciembre 2011ISSN 0123-8884

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