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espaçosolidarioObra Diocesana de Promoção SocialAno VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
pessoas a sentirem pessoas
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STO
: 0,0
1€
3Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
Ficha Técnica
Administração: Américo Ribeiro, Helena Costa Almeida, Rui Cunha, Manuel Amial e Pedro PimentaDirecção/Redacção: Manuel Pereira AmialPropriedade/Editor: Obra Diocesana de Promoção SocialColaboradores: A. Pronzato, Américo Ribeiro, Ângelo Santos, António Coutinho, Aurora Rouxinol, Bernardino Chamusca, Chefe Hélio Loureiro, Confhic, Cónego Rui Osório, D. João Lavrador, D. João Miranda, D. Manuel Clemente, D. Manuel Martins, Diana Cancela, Elvira Almeida, Filipa Martins, Filomena Semana, Frei Bernardo Domingues, João Alves Dias, João Pratas, Manuel Amial, Manuel Tavares, Manuela Botelho, Margarida Aguiar, Maria Amélia Rhotes, Maria Anjos Pacheco, Maria Barroso Soares, Dra., Maria Isabel Cristina Vieira, Maria Lurdes Regedor, Maria Teresa Carvalho Lobão, Maria Teresa Souza-Cardoso, Monsenhor Victor Feytor Pinto, Mónica Taipa Carvalho, Padre Dr. Américo Aguiar, Padre Jardim Moreira, Padre José Maia, Padre Lino Maia, Padre Mário Salgueirinho, Paulo Lapa, Pedro Rhotes, Professor Daniel Serrão, Professor Eugénio da Fonseca, Professor Francisco Carvalho Guerra, Ricardo Azevedo, Rosa Maria Seabra, Sara Cardoso e Susana Carvalho. Gráfica - Lusoimpress, Artes Graficas, Lda.; www.lusoimpress.comPeriodicidade (2008): Trimestral; Tiragem 4.000 ex.; NIPC: 500849404; Depósito legal: 237275/06; Marca nacional: 398706; Registo ICS: 124901; Sócio AIC: 262; Sócio APDSI: 1000005; Postos de Difusão Porto: Casa Diocesana de Vilar; Edições Salesianas, Fundação Voz Portucalense, Livraria Fátima, Paulinas Multimédia, Ermesinde-Casa da JuventudeSede: Serviços Centrais da ODPS, R. D. Manuel II, 14, 4050-372 PORTO
Contactos: URL Geral: www.odps.org.pt; Mail: [email protected]; Telef. 223 393 040/ Fax. 222 086 555
04 - Editorial Manuel Amial
05 - Mensagem do Bispo do Porto Sua Revª. D. Manuel Clemente
06 - Mestria e Sustentabilidade Américo Ribeiro
08 - O pó que Deus ama! Confhic
09 - Solidariedade e Envelhecimento Activo Padre Lino Maia
10 - Morrer na solidão Professor Daniel Serrão
12 - tarefa de todos e de cada um Professor Eugénio da Fonseca
14 - Obra Diocesana – na raiz da sua identidade Professor João Alves Dias
16 - Visita Sua Excelência O Presidente da República João Pratas/Mónica Taipa de Carvalho
21 - Pobrezas envergonhadas Padre Rui Osório
22 - A minha perspectiva Diana Cancela, Psicóloga
24 - Aspectos sofrimento humano Frei Bernardo, O.P.
26 - Maria Teresa Souza-Cardoso
29 - A Minha Visão Maria dos Anjos Pacheco, Enfermeira
30 - Padre Lino Maia reeleito
João Pratas/Mónica Taipa de Carvalho
31 - de Acção Directa na vida dos
António Coutinho, Enfermeiro
32 - Generosidade e Partilha João Pratas/Mónica Taipa de Carvalho
33 - Mensagens do Espaço Solidário
34 - Conselho de Administração
35 - Amigos em crescendo!
Sumário
4 Obra Diocesana de Promoção Social
EditorialNo passado dia 10 de Março tive o privilégio de assistir ao Simpósio da
Família e da Mulher que se realizou em Ílhavo, pela mão do Lions Clube daquela
cidade.
Com duas excelentes comunicações a cargo do Excelentíssimo Senhor
especialistas na matéria.
Entre vários assuntos debatidos, ressaltou a temática das famílias mais
envelhecidas e da necessidade de se adoptarem políticas activas no sentido do
seu apoio efectivo, nomeadamente na criação de condições para a vivência em
nos cuidados de saúde.
O incentivo da solidariedade entre gerações também foi abordado, no
que toca à aprendizagem e à integração de todas as idades nas acções de vo-
luntariado.
Como diz o cartaz promocional do Ano Europeu do Envelhecimento Acti-
vo e da Solidariedade entre Gerações 2012, nunca é tarde demais para … parti-
lhar experiências, unir forças, viver a vida intensamente, …”.
Será certamente o Ano de 2012 uma oportunidade de ouro para
defender e apoiar as famílias, especialmente as mais carenciadas e mais
envelhecidas!
Manuel Amial
SOLIDARIEDADE ENTRE GERAÇÕES!
- Que havemos de fazer mais, entre Quaresma e
-
des acrescidas?
Creio que não se trata de fazer mais, se já
temos tanta coisa que nos ocupa e preocupa, mas
de fazer melhor, mais profunda e religiosamente.
O Papa Bento XVI, na sua Mensagem Qua-
resmal, insiste neste ponto, tirado de um versículo
bíblico:
“Prestai atenção uns aos outros!”.
Creio que é isto mesmo que se trata,
de prestar mais atenção aos que nos rodeiam
ou procuram.
O trabalho pode ser realmente muito – nos Cen-
tros da Obra Diocesana, como na vida em geral -, mas cada
pessoa é uma pessoa e, nós cristãos, sabemos que em cada
um é o próprio Cristo que encontramos:
“Tive fome e deste-me de comer, tive sede e des-
te-me de beber, estava só e visitaste-me…” (cf. Mt 25)
Que o Espírito Santo nos abra os olhos e o coração
para esta presença de Cristo em toda a gente.
É esta a religião verdadeira, que nos liga a Deus
e aos outros, na realidade da vida, dia a dia e no mais
concreto possível.
Tão simples e tão total como isto, para
que seja Páscoa verdadeira!
Convosco,
+ Manuel Clemente
Mensagem D. Manuel ClementeBispo do Porto
5Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
Mestria e sustentabilidade
Américo RibeiroPresidente do Conselho de Administração da ODPS
Cada organização, cada ins-
tituição conta, incondicionalmente,
com os seus funcionários, com os
seus colaboradores, os quais consti-
tuem peça fundamental na sustenta-
bilidade e progresso daquela.
Estes, ao fazerem a assunção
dos cargos ou funções, que lhes com-
pete e ao que responderam com um
início do seu exercício, propuseram-se
a dar um bom contributo pessoal e co-
lectivo. Vale não só por si próprio, mas
também pelo grupo.
A instituição precisa dos
colaboradores e os colaboradores
precisam da instituição. Nesta sim-
biose, ambas as partes comprome-
tem-se a dar o seu melhor, focali-
zando o alcance dos objectivos.
Uma boa gestão da organiza-
ção, da instituição obedece e envol-
ve múltiplos factores, sendo prepon-
derantes a governação, a regulação
e a supervisão dos recursos globais
existentes, perspectivando sempre
outros, que venham, eventualmente,
engrossar as possibilidades da sus-
tentação e progresso. Nestes re-
cursos, os humanos têm de mar-
car espaço ou lugar destacável e,
como tal, o seu dever, nas diferen-
tes variantes, torna-se ainda mais
acrescentado.
A demonstração de pro-
se exerce deve acontecer, siste-
maticamente, pois inscreve-se na
responsabilidade, ética e consciência
-
foi assim, porém, dadas as mutações
aceleradas e exigências dos tempos
que correm, o serviço prestado tem
de possuir competência, autenticida-
de, verdade, lealdade… a excelência
Obra Diocesana de Promoção Social6
do fazer, do servir, da marca, que se
deixa pelo bem comum, pelo bom
senso, pelo desempenho sem reser-
vas, nem imperfeições colabora para
a segurança do futuro.
Como humanos, que somos, a
vulnerabilidade, fragilidades, ímpetos
perfeitamente normais e aceitáveis,
mas requerem e impõem um aperfei-
çoamento gradual e, aqui, entram a
autoavaliação e heteroavaliação, que
servem para estimular e corrigir os
pontos menos bons, ultrapassá-los e
-
mes e inovadoras.
, avalia-o,
melhora-o, sucessivamente, e impor-
ta-se com os impactes, que o mesmo
tem, visando o posicionamento e me-
lhoria do todo para o engrandecimen-
to da instituição na qual trabalha.
Momento do Presidente
A competência abre a pessoais e colectivas, sustentabilidade e
“
7Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
É um processo de constru-
ção, que se realiza com as dolo-
rosas e boas experiências, com os
erros e fracassos, percepcionan-
do e interiorizando que, no cômputo
valoriza, pela vivência quotidiana, a
integridade e a focalização nos princí-
pios e valores, que concorrem para a
dignidade humana.
A competência abre a por-
ta a oportunidades pessoais e
colectivas, promove a qualidade,
instituição.
A nossa instituição, Obra Dio-
cesana de Promoção Social (ODPS),
alista-se neste quadro e solicita,
com urgência, a mestria de cada
colaborador, em particular, e de to-
dos, no global, para encarar as vicissi-
circunstâncias inopinadas da conjun-
que estamos a passar e possa manter
os seus postos de trabalho e oferecer
um serviço de qualidade a quem tanto
necessita.
Apelo ao respeito da hie-
rarquia de exercícios da com-
posição da instituição, à ética
profissional, que é um compro-
misso social, e ao cumprimen-
to integral de cada função para
que a coordenação e articulação
funcionem no equilíbrio, harmo-
nia e rigor, imprescindíveis, na
boa gestão.
Compreendam e encarem
as lideranças fortes e incisivas,
que procuram estabelecer pontes
entre os possíveis e os impossíveis e
abrir horizontes num tempo difícil, mas
onde a esperança acredita no bem,
que é promovido e realizado.
É uma política e uma peda-
gogia que fazem nascer motiva-
que as rotinas toldem um trabalho
com a intencionalidade e tenaci-
dade desejáveis.
Acreditem que o BEM ultra-
passa barreiras, transpõe os maiores
problemas, suplanta os embustes de
toda a ordem, porque tem o poder de
vencer.
A ODPS pratica o bem e o
ser humano abriga, no seu íntimo,
o desígnio de o praticar, porque a
sua missão é o crescimento neste
âmbito.
O BEM é o imperativo da vida,
que lhe dá sentido e consagra a feli-
cidade ambicionada num espírito de
que esta resida em todos e para to-
dos!
porta a oportunidades promove a qualidade, eficiência da instituição.
”
Obra Diocesana de Promoção Social8
CONFHICCongregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras Imaculada Conceição
O pó que Deus ama!
É este brado que dá início à Quaresma com o rito da imposição das cinzas.
A Sagrada Escritura está cheia de referências à cinza, ao pó.
São de Abraão as palavras: atrevo-me a falar ao meu Senhor, eu que sou
poeira e cinza [Gen.17,28].
Biblicamente cinza, pó… representam a fragilidade do ser humano, a sua
limitação e pequenez.
Reconhecer que sou como cinza, que não tem peso ou como palha es-
palhada ao vento, é assumir a minha pequenez diante da imensidão do Criador!
Ao encontro desta radical pequenez Deus vem e nos surpreende com o
desvelo e o carinho de uma mãe: Quando Israel era menino, Eu o amei e do Egipto
[Os 11,1-4].
Vivemos um tempo complexo mas favorável de procura. Da procura de
Deus e da procura cuidada dos irmãos.
Um tempo de nos pormos a caminho dispostos a desencadear uma luta
sem tréguas para a vitória de uma vida autêntica, coerente, completamente dada
pelo bem do outro, na descoberta do que ele tem de melhor!
Um tempo, como nos alerta Bento XVI na sua mensagem para esta Qua-
resma, de “prestarmos atenção aos outros” especialmente os mais carencia-
observar com atenção, com reci-
procidade e cuidado.
Inclinou-se, fez-Se um de nós e tornou-nos capazes de comunicar vida e
nos solidarizarmos ao ponto de, esquecidos de nós, darmos o que somos e não o
que nos sobra.
Não podemos esquecer que o Deus de Jesus Cristo é um Deus “distinto”.
Um Deus que foge aos nossos esquemas e raciocínios. Um Deus que não é possí-
vel catalogar ou fazer à nossa medida. É um Deus ajoelhado. Ajoelhado sim. Para
repetir o gesto daquele dia em que ajoelha, toma uma taça com água, cinge uma
toalha à cintura e lava os pés de todos os discípulos.
distraídos e esquecidos dos grandes gestos que acordarão este tempo
de ver!
Nós sabemos, Senhor, que este é o
tempo de Ver!
Que nos vejam
A caminho de uma conversão visível
A Ti e àqueles que Tu amas!
De uma conversão visível
Em relações de atenção e cuidado
Aos mais próximos de nós!
A caminho
De uma conversão profunda
De gestos novos de reconciliação
conTigo e connosco mesmos.
De uma conversão concreta
Que nos re-oriente
Para a generosa dádiva de nós !
Que nos vejam
A caminho apressado
De quem Te acolhe como Tu és,
Um Deus distinto e mendigo
Que respeitosamente
Bate e espera…
Sem jamais forçar a porta!
Neste tempo nublado, mas de Esperança
Todos possam ver-Te
Ao cruzar connosco
Ao perceber as metas
Que nos fazem andar
E a Alegria Pascal
Deste “pó” que, conTigo,
vai ressuscitar!
Lembra-te, ó homem, que és pó! [Cf Gn 3,19]
Solidariedade e envelhecimento activo
Enquanto tem baixado muito
substancialmente a natalidade, a faixa
da população constituída por indivídu-
os com cinquenta anos ou mais está a
aumentar e aumentará ainda mais a um
até hoje. Se o aumento da esperança
diminuição da natalidade, porém, está a
provocar um desequilíbrio intergeracio-
da vida humana.
Uma resposta para esta mu-
dança na pirâmide etária consiste em
promover a criação de uma cultura
de envelhecimento activo ao longo da
vida, garantindo que a população mais
idosa, que em geral é mais saudável e
instruída do que a de qualquer outro
grupo etário precedente do mesmo
tipo, seja convenientemente apreciada,
tenha boas oportunidades de emprego
e participe activamente na vida social e
familiar.
O envelhecimento constitui um
todas as gerações. O Parlamento Euro-
peu anunciou que 2012 será o Ano Eu-
ropeu dedicado ao Envelhecimento Ac-
tivo e à Solidariedade Intergeracional.
O objectivo global do Ano Eu-
ropeu é incentivar e apoiar os esforços
dos Estados-Membros, das suas au-
toridades regionais e locais, dos par-
ceiros sociais e da sociedade civil no
sentido de promover o envelhecimento
activo e de melhor explorar o potencial
da população, em rápido crescimento,
com 50 ou mais anos de idade, preser-
vando desta forma a solidariedade en-
tre gerações. Para possibilitar o enve-
lhecimento activo há que criar melhores
oportunidades e condições de trabalho
para permitir que os trabalhadores mais
velhos desempenhem o seu papel no
mercado de trabalho, combater a ex-
clusão social fomentando a participa-
ção activa na sociedade e incentivar o
envelhecimento saudável.
A actividade é uma expressão
construtora da vida dos seres huma-
nos. Foi através dela que as civilizações
se incorporaram e conseguiram desen-
volver-se e alcançar o nível actual. A ac-
tividade gera e partilha conhecimentos,
riquezas materiais, satisfação pessoal e
desenvolvimento económico. Por isso é
e sempre foi muito valorizada em todas
as sociedades. Prescindir da actividade
dos mais velhos é prescindir da sereni-
dade, do conhecimento e da transmis-
são e partilha de valores.
A actividade é um bem do ho-
mem. E se este bem traz em si a marca
de um “bem árduo” (para usar a termi-
nologia de S. Tomás de Aquino), isso
não impede que, como tal, ele seja um
bem do homem. E mais, é não só um
bem “útil” ou de que se pode usufruir,
como também é um bem “digno”, ou
seja, que corresponde à dignidade do
homem, um bem que é expressão da
sua dignidade e que faz com que atinja
maior visibilidade.
Padre Lino Maia
Querendo determinar melhor
o sentido ético da actividade, é indis-
pensável ter diante dos olhos, antes de
mais nada, esta verdade. A actividade
é um bem do homem – é um bem da
sua humanidade – porque, mediante
a actividade, o homem não somente
transforma a natureza, adaptando-a às
suas próprias necessidades, mas tam-
bém se realiza a si mesmo como ho-
mem e até, num certo sentido, “se torna
mais homem”. Com a sua actividade, o
homem sente-se construtor, contribuin-
te numa comunidade humana de que
também é receptor. Vê na sua activi-
dade um processo na sua autonomia e
desenvolvimento, que faz dele cidadão
de pleno direito e responsável pelo seu
devir.
Para promover um envelheci-
mento activo recomendam-se: valoriza-
ção permanente, alimentação cuidada
e escolhas saudáveis, favorecimento
da manutenção das energias físicas e
de perspectivas no devir, convivência
intergeracional, exercitação do corpo e
revitalização da mente.
9Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
E que o ser prevaleça sempre sobre o ter.
Obra Diocesana de Promoção Social10
Morrer na solidão
Professor Daniel Serrão
1. As notícias sobre seres
humanos achados mor-
tos, no abandono e na
solidão, passados dias, semanas
ou meses, estão a arrepiar a nossa
consciência de cidadãos e a fustigar
a nossa vivência de cristãos. Como
é possível que homens e mulheres
apareçam mortos, em sua casa, sem
que ninguém se tenha apercebido?
A resposta só pode ser esta: esta-
vam excluídos de qualquer contac-
to humano, estavam sós, estavam
abandonados. A sua morte pode ser
tão inaceitável como a eutanásia mé-
que na eutanásia médica é o doente
que pede para ser morto e nesta eu-
tanásia social as pessoas não pedi-
ram à sociedade que as matassem
por abandono e solidão.
2. Estas situações, que são
do domínio público por-
que os órgãos de comuni-
cação as dão a conhecer, são uma
clara demonstração de que a nossa
sociedade está muito doente. Viver
em sociedade implicou, desde o iní-
cio da invenção da sociedade, uma
qualquer forma de solidariedade
-
Se houver membros de uma socie-
dade que estão excluídos, abando-
nados e morrem como animais na
total solidão, a sociedade está a fa-
lhar no seu objectivo essencial que
é o de incluir e não o de isolar e ex-
cluir. Na perspectiva da sociedade
pós-moderna, porém, estas formas
de morrer são as que se devem es-
perar porque cada um trata de si e
não tem que se preocupar com os
outros. O indivíduo pós-moderno é,
de facto, um ser apenas individual
e da sociedade só deseja o mínimo;
e um mínimo que não o obrigue a
qualquer reciprocidade. Sem que o
reconheçamos, a sociedade portu-
guesa começa a ter sinais de pós-
-modernidade que, se progredir, irá,
em poucos anos, minar e destruir o
Estado Social.
3.Mas nós, os Cristãos, não
estamos nesta linha. A vi-
são da sociedade no Cris-
tianismo é radicalmente diferente. O
Homem que o Cristianismo criou e
que seduz multidões um pouco por
todo o Mundo, é um ser que esta-
belece com os outros, seus irmãos,
relações baseadas no afecto porque
a mensagem de Cristo foi muito sim-
ples e clara:”Amai-vos uns aos outros
como Eu vos amei”. Amar os outros é
desde logo ser solidário com eles, é
procurar que eles sejam felizes, é es-
tar preocupado com o seu bem-estar
pessoal em todas as circunstâncias;
é ser capaz de sair de uma postura
egocêntrica avançar para uma atitude
de abertura ao outro, às suas neces-
sidades e fragilidades. Ao longo de
séculos a cristandade foi alfobre de
iniciativas pessoais e institucionais
em que esta atitude se manifestou.
Basta recordar como João de Deus
carregava os loucos ao colo para os
assistir e proteger em hospitais apro-
priados. Ou como Madre Teresa, em
Calcutá, acolhia no seu colo os mori-
bundos que os hospitais rejeitavam.
Dirão que estes foram cristãos excep-
pela Igreja institucional. É verdade;
mas a todos os cristãos é pedido que
sejam excepcionais, sempre que se
trate de amar o nosso irmão, o nosso
semelhante, o nosso igual.
11Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
4. Daqui resulta que os Cris-
tãos e a sua Igreja, que
ou apenas preocupados com estas
mortes na solidão e no abandono,
mas nada resultando dessa preocu-
sacudidos e sair da sua indiferen-
ça para a acção. O novo Bispo de
Lamego, D. António Couto, deu o
sinal apropriado logo no dia da sua
iria mobilizar todos os recursos da
doentes que estiverem isolados em
suas casas e para promover visitas
diárias dos cristãos. Oxalá esta de-
cisão renove o espírito vicentino e
nenhum ser humano no território do
novo Bispo, morra, daqui em diante,
abandonado solitário e, de certo, em
grande sofrimento. E muito bom que
os nossos Bispos mostrem como o
seu coração de pastores e Mestres
na Fé está amargurado com estas
mortes solitárias. Muitos desses
mortos seriam cristãos e não tiverem
a presença de um irmão na Fé quan-
do estavam a terminar os seus dias
de vida. E isto é insuportável e terá
de ser prioritário para todas as paró-
quias mobilizando todos os cristãos
que nelas vivem a sua Fé. É a hora
de agir, não é mais o tempo de ape-
nas falar. É a hora de organizar sem
delongas um serviço pastoral que
descubra os seres humanos aban-
donados que correm o risco de mor-
rer sem que ninguém dê conta de
que morreram. Que não se diga que
este serviço deve ser da PSP ou da
GNR, porque é uma hipocrisia. É um
a salvação está no amor aos outros,
aos que vivem connosco a aventu-
ra da vida e que um dia, como nós,
morrerão.
5.A OBRA DIOCESANA
DE PROMOÇÃO SOCIAL, NA
ÁREA DA SUA COMPETÊNCIA
E NO SEU ESPAÇO DE
INTERVENÇÃO CUMPRE ESTA
MISSÃO, HONRA LHE SEJA.
Obra Diocesana de Promoção Social12
Edificar o bem comum, uma tarefa de todos e de cada um
Os tempos conturbados que o
mundo está a atravessar, são resultan-
tes do individualismo e utilitarismo que
tem reduzido o bem comum à simples
soma dos interesses particulares dos
membros da sociedade, sobretudo, aos
de ordem material.
Este tipo de cultura predomi-
nante tem sido terreno fértil para o libe-
ralismo económico mais ou menos do-
minado pela doutrina da “mão invisível”
que permite a acumulação da riqueza
por um pequeno grupo e, consequen-
temente, dando origem a escandalosas
opulências e à acumulação de riqueza
não solidariamente distribuída. Temos,
assim, uma sociedade dual ou uma so-
ciedade dos três terços: a dos “muito
ricos”, recetores plenos da prosperida-
de económica, a da classe média e a
dos “marginalizados”. Estas profundas e
injustas desigualdades geram descon-
instauração da civilização do “condomí-
nio fechado” e a um universo de interes-
ses muito díspares.
Por isso, foi de grande oportu-
nidade a proposta feita pelo Conselho
Geral da Cáritas Portuguesa à, então,
Comissão Episcopal da Pastoral Social,
do lema para a Semana da Cáritas de
-
refa de todos e de cada um” é, de facto,
um assunto cada vez mais incontorná-
vel para quem deseje mesmo uma so-
ciedade onde reine maior equidade a
todos os níveis.
Para que seja viável o empenho
de todos e de cada um é necessário
conseguir-se uma noção consensual
sobre o que se entende por bem co-
mum. A Igreja, através do seu pensa-
mento social, dá-nos um bom contri-
condições da vida social que permitem,
tanto aos grupos como a cada membro,
alcançar mais plena e facilmente a sua
própria perfeição» (Gaudim et Spes 26)
e, complementarmente, acrescentam
os nossos bispos na Instrução Pastoral
sobre a Ação Social da Igreja, ao referi-
homem procura na sociedade e que
esta deve compartilhar com ele» (cfr. n.º
8 da IPSASI, 1997).
Para se alcançar o bem comum
deve-se ter em conta, por isso, todos os
aspetos da existência humanam, tendo
este assim uma dimensão totalizante,
na medida em que terá de envolver a
sociedade toda, mas nunca numa pers-
petiva totalitária, porque tem como seu
Professor Eugénio da Fonseca
fundamento principal a pessoa, princí-
instituições sociais da ordem social (Cfr.
Enc MM, 219). Por outro lado e por sua
natureza, o bem comum deve redundar
em proveito de todos os cidadãos, sem
preferências por pessoas especialmen-
te privilegiadas ou por grupos sociais
determinados. O bem comum exclui
as discriminações. A fazer alguma
exceção, ter-se-á que ter em conta que
exigir, às vezes, que os homens de go-
verno tenham especial cuidados pelos
cidadãos mais débeis, que podem en-
contrar-se em condições de inferiorida-
de, para defender seus próprios direitos
e assegurar seus legítimos interesses»
(Pacem in Terris, 56).
Outro aspeto que não se pode
ignorar é o facto de o bem comum impli-
car direitos e deveres e o empenhamen-
to de todos. A começar pela responsa-
bilidade pessoal sendo a participação
um sinal concreto da responsabilidade
levada à prática. A família é um espaço
privilegiado para se aprender a estimar
medida em que nela se faz a experiência
vivida de comunhão e participação, ins-
pirada e guiada pela lei da gratuidade; é
13Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
a guardiã, defensora e transmissora das
virtudes e dos valores; é o lugar nativo
-
ção e de personalização da sociedade.
Mas o Estado, quer na sua di-
mensão central ou local, tem também
responsabilidades, que não pode alie-
nar, designadamente na sua dimensão
de regulação, de reconhecimento dos
direitos e deveres dos cidadãos, res-
peitá-los, harmonizá-los, promovê-los,
em cooperação com as instituições da
sociedade civil. Não cabe ao Estado
substituir-se aos cidadãos, mas harmo-
nizar com justiça os interesses setoriais
e promover as suas iniciativas. O povo
é, deve ser e permanecer o sujeito, o
vez que a soberania radica na socieda-
de civil.
É a construção do bem co-
Estado.
Os cristãos, enquanto tal, têm
responsabilidades acrescidas, até por-
que dispõem de um manancial de prin-
cípios e orientações que os ajudarão a
desempenhar as suas tarefas cívicas.
Impõe-se, desde já, o conhecimento
maior e mais generalizado da Doutrina
comum, os cristãos devem estar na li-
nha da frente na Luta pela justiça, que
o mesmo é dizer na defesa dos direitos
humanos.
O compromisso pela justiça não
pode ser uma opção, mas sim um estilo
de vida. Isso mesmo lembrou Paulo VI
aos Padres sinodais: «A Igreja dese-
ja converter-se plenamente ao Se-
nhor, e realizar o seu ministério ma-
nifestando respeito e atenção aos
direitos humanos em sua própria
vida. Há na Igreja uma consciência
renovada do papel da justiça em
seu ministério.»; na vivência da cari-
dade, enquanto total doação ao outro e
não sentimentalismo, nem emotivismo
-
mais se trabalha em prol de um bem co-
mum que dê resposta também às suas
necessidades reais.
Todo o cristão é chamado a
esta caridade, conforme a sua vocação
e segundo as possibilidades que tem de
incidência na pólis. (…) Quando o em-
penho pelo bem comum é animado pela
caridade, tem uma valência superior à
do empenho simplesmente secular e
político.» (Caritas in Veritati 7); no desen-
volvimento de espaços de comunhão,
porque a vida do cristão deve guardar
uma profunda unidade na diversidade.
Tanto o espiritualismo alienante como o
secularismo são caricaturas e desvios
da vida cristã que deformam a imagem
da Igreja perante o olhar do mundo;
numa conversão permanente (meta-
noia), prosseguindo com coragem e
persistência as intervenções sociais da
Igreja, em colaboração com todas as
pessoas de boa vontade, procurando
a promoção da dignidade de cada ser
esperança que é a essência do cristia-
nismo, afastando fatalismos e tentações
dominadoras.
Oxalá que a proposta apre-
sentada pela Cáritas tivesse ecoa-
do em muita gente.
É que urge incentivar o surgi-
mento de grupos de líderes-servidores,
quais agentes dinâmicos e criativos de
transformação da mentalidade individu-
alista.
Assim se motivará para um for-
talecimento da consciência participativa
e responsável dos singulares cidadãos
e se pautará a vivência coletiva na sen-
da da construção do bem comum.
Obra Diocesana – na raiz da sua identidade
Professor João Alves Dias
Celebrar a memória não é
passadismo. A memória é o chão
onde se enraíza a árvore do presen-
te. São essas raízes que seguram a
árvore e, simultaneamente, lhe forne-
cem alimento para viver e frutificar.
O húmus onde a Obra se
nutre mistura a ternura dos afec-
tos com a lucidez da razão.
Nasceu no coração com-
padecido de um Bispo que sofria
com os pobres, especialmente com
aqueles que estavam a ser retirados
das “ilhas do Porto” e eram deposita-
dos, sem qualquer respeito pela sua
comunidade de origem, nos bairros
periféricos da cidade. Ele queria que
a Igreja, à maneira do samaritano do
Evangelho, se fizesse “próxima” da-
queles que se sentiam espoliados
do único bem que ainda possuíam,
a riqueza da vizinhança. Como sinal
desta Igreja próxima e pobre, quis
que o primeiro sacerdote da Obra
fosse viver no Bairro do Cerco do
Porto onde se fez vizinho entre vi-
zinhos, a ponto de, ainda hoje, pas-
sados mais de 40 anos, as pessoas
lhe dizerem quando o encontram: eu
moro no seu bloco; eu resido na sua
entrada. Há dias, uma senhora, com
um sorriso de satisfação, confiden-
ciou-lhe: eu agora vivo na sua casa.
O passado faz-se presente. Quão
enigmático é o tempo…
D. Florentino, motivado por
esta paixão que era compaixão e
simpatia (compaixão vem do latim
cum patior que significa sofrer com
– enquanto simpatia deriva do grego
sun patein que quer dizer pratica-
mente o mesmo), foi, por diversas
vezes, celebrar a esse Bairro.
Aparecia à hora habitual da
Missa dominical, sem aviso prévio
nem convite, sem pompa nem cir-
cunstância. Os moradores habitua-
ram-se a vê-lo como seu Pastor. As
crianças tratavam-no com o mesmo
carinho que dedicavam ao seu padre
e, como não sabiam o nome, sauda-
vam-no simplesmente como “Senhor
Padre Bispo”, o que sempre fazia
aparecer um sorriso na palidez as-
cética do seu rosto. Para elas, Bispo
não era título de alguém importante
mas nome próprio duma pessoa que
as acarinhava.
Este entusiasmo transmitiu-
-se a muitos cristãos, especialmen-
te dos Cursos de Cristandade, que
colaboraram na formação da Obra.
Eram tempos do Vaticano II em que o
vento da renovação e da esperança
soprava por toda a Igreja.
Assim, a Obra nasceu sob
a matriz da paixão, do entusias-
mo, da proximidade, da partilha,
do acolhimento, da simpatia e da
fraternidade cristã.
Mas D. Florentino quis que o
impulso do coração fosse iluminado
e orientado pela luz da razão.
Obra Diocesana de Promoção Social14
O húmus onde com a
mistura a ternura
Não foi por acaso que a Obra
teve a sua primeira sede no Instituto
de Serviço Social, na Avenida Rodri-
gues de Freitas. Este Instituto tinha
sido criado em 1956, por D. António
Ferreira Gomes que, na clareza da
sua inteligência, viu quão importante
era para a Sociedade e para a Igreja
ter um Instituto Superior que prepa-
rasse com competência e rigor cien-
tífico os agentes do serviço social.
Em 1964, exatamente o ano
em que nasceu a Obra dos Bairros,
o Instituto viu reconhecido pelo Es-
tado o seu estatuto de escola supe-
rior não oficial. E também não foi por
mera coincidência que D. Florentino
confiou a D. Julieta Cardoso, Direto-
ra desse Instituto, a missão de supe-
rintender no trabalho social da Obra.
Havia uma simbiose entre a Obra
e o Instituto. E foi assim que a Obra
dos Bairros não se limitou a ser de
pura assistência, como era normal à
época, mas enveredou por caminhos
novos, os caminhos da promoção
social, tornando-se caso único a
nível nacional e exemplo de tra-
balho comunitário. Os pobres já
não eram recetores passivos e agra-
decidos, mas, como sujeitos de di-
reitos e deveres, agentes responsá-
veis pela construção da sua própria
história e da sua comunidade.
Esta segunda vertente
matricial da Obra traz consigo
o profissionalismo, a exigência,
a competência, o rigor por parte
de quem nela trabalha e, simul-
taneamente, a abertura à comu-
nidade e o sentido de solidarie-
dade dos que dela beneficiam.
Ninguém se deve sentir um sim-
ples beneficiário sem partilhar
desta dimensão original da Obra;
ninguém deve limitar-se a rece-
ber sem nada fazer por si e pelos
outros.
Como disse Bento XVI, “gra-
-
-se como um organismo rico e vital,
não uniforme, fruto do único Espírito
que conduz a todos à unidade pro-
funda, assumindo a diversidade sem
Podemos, pois, concluir que,
fruto do único Espírito, a Obra Dio-
cesana tem, na sua génese, a inteli-
gência de D. António Ferreira Gomes
que o levou a fundar o Instituto de
Serviço Social e o coração de D. Flo-
rentino de Andrade e Silva que criou
a Obra e aproveitou, inteligentemen-
te, o saber e a disponibilidade desse
Instituto. Não foi sem razão que D.
António tanto acarinhou a Obra
Diocesana quando regressou à
sua Diocese...
A Igreja é católica exac-
tamente porque congrega na
unidade a pluralidade das suas
obras e carismas.
15Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
a Obra se nutrelucidez da razão.dos afectos
No dia 20 de Janeiro, Sua Ex-
celência O Presidente da República,
Professor Doutor Aníbal Cavaco Sil-
va, visitou, uma vez mais, a Obra Dio-
cesana de Promoção Social (ODPS).
Na mente de todos estava ain-
da claramente vincada a visita de 9
de Março de 2009.
Nesse dia, o Senhor Presiden-
João Miguel PratasDirector do Economato, Logística e ManutençãoNutricionista
Mónica Taipa de CarvalhoDirectora dos Recursos Humanos e JurídicosAdvogada
Visita de Sua ExcelênciaO Presidente da República
te da República conheceu o Centro
Social da Pasteleira. Passados me-
nos de três anos, a Instituição foi no-
vamente honrada com a presença da
mais alta individualidade do Estado,
desta vez, no seu Centro Social de
Fonte da Moura.
No âmbito de uma deslocação
à cidade do Porto, o Professor Doutor
Aníbal Cavaco Silva visitou o bairro
camarário de Fonte da Moura, a sua
reabilitação urbana operada pela Câ-
mara Municipal do Porto e, por fim, o
Centro Social da Obra Diocesana aí
localizado.
Naquele que é um dos doze
Centros Sociais da ODPS, reuniram-
-se mais de 600 clientes e colabo-
radores da Instituição. Todos rece-
beram o Presidente da República, a
Obra Diocesana de Promoção Social16
sua esposa, Dr.ª Maria Cavaco Silva,
e outros convidados que muito nos
dignificaram com a sua comparência.
Por parte da Câmara Muni-
cipal do Porto compareceu o seu
Presidente, Senhor Dr. Rui Rio, e a
Vereadora do Pelouro da Habitação,
Senhora Dr.ª Matilde Augusta Alves.
Ilustres personalidades mar-
caram presença em tão honrosa vi-
sita, designadamente Sua Excelência
Reverendíssima D. Pio Alves, Bispo
Auxiliar do Porto; o Senhor Padre
Lino Maia, Presidente da Confede-
ração Nacional das Instituições de
Solidariedade (CNIS) e Assistente
Eclesiástico da Obra Diocesana; o
Senhor Chefe Hélio Loureiro, Presi-
dente da Liga dos Amigos da ODPS;
o Professor Doutor Daniel Serrão; o
Senhor Padre Dr. Manuel Correia
Fernandes, Diretor da Voz Portuca-
lense; o Senhor Dr. António Barros
Marques, Presidente da Cáritas Dio-
cesana do Porto; o Senhor Eng.º Rui
Leite de Castro, Presidente do Banco
Alimentar Contra a Fome – Porto; e
a Senhora D. Maria da Glória Santos,
Amiga da Instituição.
O Presidente da República foi
17Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
recebido com uma onda de entusias-
mo, patente na felicidade de todos e
no acenar das coloridas bandeirolas
que saudaram a comitiva. À chegada
ao Centro Social, O Professor Doutor
Aníbal Cavaco Silva e sua Esposa fo-
ram aclamados com uma canção in-
terpretada pelas crianças.
Todos os membros dos ór-
gãos de gestão da Obra Diocesana
– Conselho de Administração (CA) e
Conselho Fiscal – acolheram e cum-
primentaram o casal presidencial.
Na sua intervenção de boas-
-vindas, o Senhor Américo Ribeiro,
Presidente do CA, sublinhou a espe-
cial atenção dada pelo Presidente da
República às “causas sociais, às
políticas sociais e à materializa-
ção dos direitos humanos”. Afir-
mou que toda a Instituição se encon-
trava em “festa e plena de alegria”,
vivenciando autênticos sentimentos e
afetos. Enalteceu e agradeceu igual-
mente o relevante trabalho que tem
vindo a ser desenvolvido pela autar-
quia, no contexto do protocolo cele-
brado com a ODPS, e exemplarmente
concretizado na requalificação do
edifício do Centro Social de Fonte da
Obra Diocesana de Promoção Social18
Moura.
Seguiu-se um momento de
grande simbolismo – o descerrar
da placa comemorativa desta visita,
onde ficou gravada a gratidão e o re-
conhecimento da ODPS.
O Chefe de Estado percorreu
todos os espaços do Centro Social,
tendo contactado com os idosos, as
crianças e os colaboradores. Ao lon-
Sua Excelência, O Presidente da República, Senhor Professor Doutor
Aníbal Cavaco Silva
Senhora de Sua Excelência O Presidente da República, Excelentíssi-
ma Senhora Doutora Maria Cavaco Silva
Sua Excelência Reverendíssima, D. Pio Alves, Bispo da Diocese do
Porto
Entidades Civis, Militares e Religiosas
Minhas Senhoras, Meus Senhores, Crianças
Excelência,
Bem-vindo, mais uma vez, à Obra Diocesana de Promoção Social.
A Obra Diocesana de Promoção Social regista neste dia lindo, marca-
do pelos afectos, mais um facto memorável, consubstanciado na presença,
sempre amável e infundida de sentimento, de Sua Excelência.
Falei em sentimento e afectos, pois são autênticos e bilaterais, não
só de todos quantos estão ligados a esta IPSS, como da parte de Sua Exce-
lência, tantas vezes testemunhados no seu percurso como pessoa e como
Sabemos bem que as causas sociais, as políticas sociais e a materia-
lização dos direitos humanos são objecto de atenção especial e prioridade na
dinâmica, que prescreve e concretiza.
Toda a Instituição se encontra em festa e plena de alegria. Desta vez
o acolhimento presidencial consumou-se, mais de perto, no Centro da Fonte
da Moura.
Escolhemos este Centro dentre os doze, pois a sua imagem trans-
protocolo existente com a Câmara Municipal, parceira no projecto da Obra
Diocesana.
Aproveito para enaltecer e agradecer o trabalho que tem vindo a ser
desenvolvido pela Autarquia, que o considero de elevada relevância.
Em meu nome, em nome do Conselho de Administração e Conselho
Fiscal queremos saudar Sua Excelência, dar-lhe as boas vindas, enfatizando
a importância desta visita no quadro da vida e obra da Instituição.
Um sentido reconhecimento revestido de singularidade no meio da
multidão.
A verdadeira abundância encontra-se na dimensão do ser, olhando os
outros com igualdade pela solidariedade.
Obrigado.
Américo Ribeiro
19Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
go do percurso foi visível a alegria de
todos e a profunda honra por este
acontecimento.
O Senhor Presidente da Re-
pública visitou ainda uma exposição
alusiva à requalificação dos bairros
camarários da cidade do Porto. Essa
mostra, patente no salão polivalente
do nosso Centro, mostrou o investi-
mento realizado pela Domus Social
na melhoria do parque habitacional
do município.
Já próximo do final da visita,
a comitiva foi agraciada com várias
lembranças manualmente realizadas
pelos nossos clientes. Também nes-
sa circunstância, o Professor Doutor
Aníbal Cavaco Silva assinou o Li-
vro de Honra da Obra Diocesana, aí
deixando gentis palavras de apreço
pela ação solidária da Instituição.
Manifestou o seu “reconhecimen-
to pelo trabalho notável da Obra
Diocesana, que surpreendeu pela
dimensão e qualidade, em prol
dos mais fracos, dos mais frágeis
e dos mais necessitados da nos-
sa sociedade e em particular da
região do Porto”.
Obra Diocesana de Promoção Social20
21Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
Na dupla face da globalização, o lado sombrio esconde mal as novas
situações de vulnerabilidade das pessoas, demasiadas, infelizmente.
A profundidade e a natureza das desigualdades sociais medem-se, nos
dias de hoje, pelos recursos que cada um dispõe ou para construir a sua vida,
mais a consciência de pertença coletiva dá lugar à multiplicidade de “eus isola-
dos”, aqueles que vivem individualmente a experiência da sua exclusão, como
se lê em recentes estudos portugueses sobre a pobreza.
-
ceira, as suas consequências sobre os mais pobres ainda estão longe de ser
debatidas em profundidade na sociedade portuguesa. O que é verdade é que
algumas das medidas de combate à crise são sobretudo gravosas para os que
se encontram em situações de mais vulnerabilidade.
Vá lá que as instituições de solidariedade social aparecem na arena
pública na defesa e promoção do bem comum. Nalguns casos, a expressão
dessa solidariedade poderá ceder ao primarismo, não ultrapassando o assis-
tencialismo, que, se for teimoso, poderá tornar-se humilhante.
A crise por que passamos não atinge apenas os mais pobres, os tra-
dicionais ou pobres de sempre, mas muitos outros que já estão no limiar da
pobreza, nas chamadas pobrezas envergonhadas.
Os discursos sobre a pobreza e a coesão social difundem-se nos pa-
íses da União Europa a que pertencemos. As políticas comunitárias há muito
-
equaciona-se assim: para reduzir a
pobreza, é necessário começar por
-
seguir com tentativas de compreen-
são da sua génese, de forma a estru-
turar políticas sociais que combatam
as causas e não apenas os efeitos.
Infelizmente, entre nós, pouco se
tem feito nesse sentido.
A nossa amargura traduz-se
deste modo: a crise socioeconómi-
ca nivela-nos por baixo, pelos níveis
de pobreza. Gente como nós, que já
teve pão farto na mesa, por disfun-
cionamento do mercado de trabalho,
seguido pela sucessiva diminuição
dos apoios sociais ligados ao Estado
de bem estar, está a experimentar e
a sofrer a pobreza.
Pobrezas envergonhadas
Cónego Rui OsórioJornalista e pároco da Foz do Douro
Não haverá por aí
saídas para a crise?quem invente
Obra Diocesana de Promoção Social22
A minha perspectiva
Um dia alguém me disse: “Tu
tens um emprego fantástico! Tens
sempre histórias para contar!”. É
um facto. Mas esta é apenas uma das
vantagens e mais-valias de ser psicólo-
go e, principalmente, de ser psicólogo
na ODPS.
ser psicólogo não é só ser capaz de
ouvir o outro e dar bons conselhos.
Essa é aquela “costela de psicólogo”
que qualquer um de nós tem e que a
vida e a experiência nos vão dando.
Ser psicólogo exige uma
certa vocação interior, uma espécie
de curiosidade interna sobre tudo o que
é o ser humano, nas suas variadas face-
tas, as agradáveis de mostrar e as que
ninguém quer conhecer. É quase uma
predisposição para dissecar o ser hu-
mano por dentro e sarar as feridas da
alma.
Ser psicólogo não é conhecer o
comprimido mágico para a cura, muito
menos curar pela palavra. É orientar,
guiar, ajudar a chegar lá; é ser capaz
de trazer ao de cima o melhor e pior de
nós; é ensinar a lidar com o que dói e
tudo isto com o rigor e o compromisso
assumido com essa grande ciência que é a Psicologia.
É uma pergunta legítima que muitos colocarão. Se pensarmos nas princi-
no presente, a pensar no futuro e a reviver o passado.
Somos mais um dos membros fundamentais deste esqueleto interventivo
que se preocupa com a realidade social e ainda acredita que a pode mudar, agindo.
Ser psicólogo ou colaborador na ODPS nos dias que correm é ver
da qual a maioria tem conheci-
mento apenas através dos meios de comunicação social.
Aqui aprendemos que as crianças são como esponjas que absorvem
-
ção social e de valores que nos rodeia. Percebemos ainda que elas podem sofrer
como gente crescida e que não é errado os pais pedirem ajuda ou necessitarem
-
portamento.
Aqui vemos como para alguns é difícil ser idoso em Portugal. Convivemos
lado a lado com o sofrimento humano, com a dor da perda, com a incerteza do
amanhã, com a solidão, o vazio e o abandono.
Aqui lutamos com os nossos idosos contra doenças mais ou menos ga-
lopantes, com as perdas de capacidades e com as demências que lhes roubam a
identidade e as recordações.
Num dia uma perda, no outro uma vitória. E a esperança, sempre a es-
perança. Às vezes sentimo-nos impotentes, incapazes e desmotivados, tantas são
-
des em responder a muitas delas.
-
queles em que as nossas crianças acreditam e gostam de se transformar, e sermos
capazes, não de mudar o mundo, mas de mudar o mundinho daqueles que nos
estendem a mão e acreditam no nosso empenhamento em cada causa.
Diana CancelaPsicóloga
23Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
A cada dia, sempre que regressamos ao calor dos nossos lares e da
nossa família, trazemos cada uma daquelas histórias connosco.
-
São os nossos valores a falarem e são eles que fazem de nós aquilo que
somos – somos, antes de tudo o resto, “pessoas a sentirem pessoas”.
valeu a pena deixar
o conforto da nossa cama numa manhã fria de Inverno ou perder uma tarde de sol
em frente ao rio para podermos entrar em cada uma daquelas vidas com história(s)
e (re)escrevermos um capítulo mais feliz, ou pelo menos, menos doloroso.
Valeu a pena ouvir o idoso que se sente só e estar ali com e para ele.
Valeu a pena ouvir a mãe que não se sente capaz ou a criança que sonha
com o impossível e que ninguém parece compreender. E sempre que recebemos
um sorriso, percebemos que valeu realmente a pena cada segundo investi-
do naquele caso.
Na ODPS também há sorrisos, dos 0 aos 101 anos. Vemo-los nos bebés
que palram e nas crianças que brincam, nos jovens que descobrem algo novo da
vida a cada passo, nos idosos que todos os dias nos ensinam algo mais e nos
familiares de todos eles, que nos agradecem a ajuda e o estarmos presentes nos
momentos bons e nas crises, honrando o compromisso que assumimos com cada
um dos nossos utentes. E se são sorrisos que recebemos, devemos retribui-los de
forma transparente, sincera e humana.
Na minha perspectiva, eu tenho de facto um emprego fantástico.
Não só pelas muitas histórias que tenho para contar, mas por poder conhe-
cê-las e aos seus actores e por, de certa forma, poder fazer parte delas enquanto
mediadora entre um momento de sofrimento ou dúvida e a vida, no seu completo
Ser psicólogo também é isto: viver e dar vida ao outro.
Ser
psi
cólo
go
tam
bém
é is
to: v
iver
e d
ar v
ida
ao o
utro
.
Obra Diocesana de Promoção Social24
Frei Bernardo Domingues
Aspectos do Sofrimento Humano
A palavra “sofrimento” vem do
xo” e carregar penosamente a desar-
monia pessoal ou social. É uma expe-
riência negativa universal que marca
negativamente, de modos e em graus
diferentes, os limites inadequados da
aventura humana. Consoante as pes-
soas e a respectiva estrutura, história
tes ao longo do arco da vida pessoal,
são inevitáveis as experiências doloro-
sas mais ou menos agressivas, pro-
longadas e opressivas.
Efectivamente a história da hu-
manidade está marcada por comple-
xas experiências de sofrimento devido
a casualidade múltipla, mas todas com
as características da ausência do bem
ideal requerido para a plenitude do ser
pessoal e respectivo contexto de vida
dem ser químicas, físicas, psicológi-
cas ou psicossomáticas, com origem hereditária ou adquiridas por ocorrências
de fome, peste, guerra, acidentes, ou circunstâncias sociais interferentes ne-
gativamente na vida das pessoas perturbando o funcionamento integral e inte-
grado dos elementos e subsistemas constituintes da pessoa enquanto animal,
racional, social, livre e responsável, pela ética, a estética e o relacionamento
correcto, nos modos de ser, viver, planear, executar e avaliar projectos de felici-
dade pessoal e social.
O Papa João Paulo II escreveu uma pertinente Encíclica sobre “A dor sal-
como foi e é culturalmente interpretado, nomeadamente nos textos bíblicos, que
alternam entre o pessimismo de ser um castigo permanente ou também como um
enças crónicas, com dependências permanentes, dos cuidados de saúde e da
medicação com efeitos secundários negativos, todavia a vida humana é sempre
leal e competente serviço aos outros.
As fraquezas, as fragilidades, os sofrimentos de todas as formas de cadu-
cidade, e até a morte, não são necessariamente o fruto de pecados ou maldades
pessoais, visto que na vida social ora somos, eventualmente, culpados ou então
vítimas inocentes das agressões dos outros.
É de bom senso e na linha da perspectiva da cultura cristã que devemos
promover aturadamente as possíveis condições de vida saudável para todos os
membros da comunidade humana.
diminuição de algumas
25Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
Na perspectiva cristã, é vocação comum viver o nosso ciclo de vida “fa-
zendo o bem” (cf. Act. 10, 38) a si mesmo e aos outros, com competência, hones-
tidade, lealdade e solidariedade ajustada às necessidades dos outros e às próprias
capacidades.
É essencial proporcionar às pessoas o ensino adequado para que se tor-
nem livres e responsáveis na gestão da própria qualidade de vida e com as respec-
tivas capacidades e fragilidades a ter sempre em conta.
Na partilha social complementar, todos somos vocacionados para sermos
solidários, nomeadamente com os mais frágeis, abandonados e necessitados, sem
nunca farisaicamente fazer de conta e iludir as situações a necessitarem de apoio
pertinente e possível, atendendo a cada situação (cf. Lc. 20, 29-37). Os sofrimentos
físicos, psicológicos e morais podem e devem ser tidos em conta a maturidade
temporal da vida (cf. I Cor, 12, 10).
É frequente o questionamento sobre o “porquê” e o “para quê” do sofrimento
e concretamente no que se refere ao próprio ou a terceiros que são ou parecem ino-
centes. Poderemos dizer que a dor é uma resposta mecânica a um estímulo negativo
e desagradável ou que resulta dum mecanismo químico ou neurológico descontro-
lado; mas a dor humana é muita mais complexa e envolve a história, os medos, os
factores psicológicos, etc. As nossas limitações, o desgaste orgânico, os desajustes
Perdendo capacidades e temendo o futuro, poderemos provocar bloquea-
mentos e distúrbios. Mas a diminui-
ção de algumas capacidades não
ocasião de descobrir e actualizar
outras virtualidades latentes e conti-
nuar a viver com sentido, utilidade e
presença positiva aos outros.
O nosso cérebro, em situação
de correcta funcionalidade, está cons-
tantemente a receber informações, a
seleccioná-las e a elaborar projectos a
partir do que recebe. Por isso é impor-
tante educá-lo para buscar o sentido
cativa tendo em conta o eventual so-
frimento afectivo, o físico, o intelectual
e o social como fenómenos inerentes
à nossa situação de formas limitadas,
dependentes de factores múltiplos
mas que pela razão e a fé podermos
orientar para uma situação da vida
com sentido, vencendo o fatalismo,
Deus que a todos conhece e ama ob-
jectivamente.
capacidades
Obra Diocesana de Promoção Social26
Maria Teresa de Souza-CardosoEducadora de Infância
CaminhandoA Porta da Fé
O Santo Padre publicou uma carta apostólica sobre a fé. “A porta da Fé”
convida os cristãos a redescobrir o valor das suas convicções e anuncia a realização
de um Ano da Fé, um tempo de graça, com início a 11 de Outubro de 2012, data
do 50º aniversário do início do Concilio Vaticano II, e que terminará na solenidade de
Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, a 24 de Novembro de 2013, pretenden-
face à crescente secularização e descristianização da sociedade contemporânea.
Bento XVI salienta que atravessar a porta da fé é embrenhar-se num caminho
que dura a vida inteira. “ Este caminho tem início com o Baptismo, pelo qual podemos
dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da
morte para a vida eterna (…) Devemos readquirir o gosto de nos alimentar da Palavra
-
to de quantos são seus discípulos.”
O Ano da Fé
da caridade. “ A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um senti-
mento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente,
de tal modo que uma consente à outra de realizar o seu caminho”.
A Obra Diocesana de Promoção Social é também já, a seu modo, uma
Porta da Fé.
Todos os 12 Centros da Obra trabalham, no seu dia-a-dia, os valores Cris-
tãos, nomeadamente os da partilha, da tolerância, do respeito e da solida-
riedade. As festas religiosas, principalmente o Natal e a Páscoa são devidamente
festejadas com especial cuidado e carinho, mas mais do que isso, em muitos Centros
refere a Responsável de um dos nossos Centros, “Quinzenalmente reunimos as
crianças de ATL e Pré-escolar para, ao som da guitarra, entoarem canções
de cariz religioso. Procuramos que as canções sejam alegres e propiciem
momentos de alegria e vivacidade para que haja adesão e participação”.
Nestas alturas criam-se momentos únicos de alegria, partilha e companhei-
rismo, que nos motivam a continuar a dar passos mais largos como a criação de um
livro de canções onde estas estão incluídas, porque fazem parte do nosso dia-a-dia”
ou como também nos diz a Educadora Social de outro Centro “A Oração do Terço
é um momento repleto de emoções e sentimentos, em volta da imagem de
-
dos os presentes. De realçar, que as situações de demência, difíceis de controlar,
Fátima permanece à entrada do Centro e são vários os idosos que durante o dia vão
manifestar a sua fé junto de Nossa Senhora”.
Também deliciosos os comentários das crianças, que cantam os bons dias
a Jesus ou lhe rezam as suas pequeninas mas tão sentidas orações, no início da
manhã, e que sentem que Ele participa nas suas actividades, ajudando-os a brincar,
a ser amigos, a partilhar, a respeitar o outro, ajudados pelas suas equipas educativas
que têm particular preocupação em fazê-los vivenciar princípios como os do amor,
da cooperação, da entreajuda, da amizade, do respeito pelo outro e pela família, “Sou
contente comigo”.
Os clientes mais velhos testemunham também no mesmo sentido de plenitu-
de na fé e no amor “Faz-me muito bem rezar o terço, sinto-me em paz, quan-
do rezamos, todos juntos, no Centro”, “Rezar o terço é o meu maior gosto,
quando rezamos todos juntos no salão com a Nossa Senhora de Fátima e o
Sagrado Coração de Jesus”, “Sou Católica desde sempre, rezar o terço aqui no
Centro, para mim, é uma alegria”.
Claro que, na Obra Diocesana, todos os clientes e colaboradores contam
com o exemplo do Conselho de Administração, que sempre que realiza encontros
Sede, o “nosso” 14 da Rua D. Manuel II, conta com Jesus representado e com umas
imagens de Maria particularmente bonitas e sempre tão acarinhadas.
Citando o nosso Presidente, Senhor Américo Ribeiro, “Temos que ser
transparentes; a nossa Instituição é antes de mais uma Instituição da Igreja
Católica, sendo da máxima importância que as nossas crianças partilhem
uma verdadeira alegria, um verdadeiro amor e uma verdadeira Fé Cristã.”
Como tão bem refere o meu querido amigo, director do Secretariado do
Apostolado de Oração, P. Dário Pedroso, s.j., (e de quem ouvi falar, com tanto entu-
siasmo, pela primeira vez, da Porta Fidei, num dos nossos tão agradáveis encontros
na Casa do Enxido, no início do ano) “Ter Fé, viver da Fé, crescer na Fé não é só acre-
ditar numas verdades, aceitar uns dogmas. A Fé é adesão pessoal ao Amor. Ter
Fé é acreditar que Deus é Pai, origem de todo o dom e de toda a graça. A Fé é uma
relação viva com Alguém. E o Pai nos enviou seu Filho, o Verbo, que, pelo Espírito, fez
nascer a Igreja e nos faz viver nela. Fé alimentada pela Palavra e pelos Sacramentos,
vivenciada pela oração, traduzida na vida em caridade cada vez mais perfeita em
amor cada vez mais universal. (…). A Fé vive-se em comunhão com outros. Em Famí-
lia, que é Igreja doméstica, selada pelo sacramento do matrimónio. Em comunidade
paroquial ou religiosa, na certeza de que Jesus está presente no meio dos que rezam
e vivem unidos em seu nome. Em Igreja diocesana ou universal para descobrir mais
o rosto de Jesus, seu Esposo, que deu a vida por ela na Cruz e que na Eucaristia
renova sem cessar o seu dom e a sua oferta. Fé comunitária que ajuda outros a viver,
a animar-se, a alegrar-se em Deus, a ser mais apóstolos, a descobrir os encantos do
amor divino, a beleza encantadora da presença do amor no meio de nós”.
E em tempos tão difíceis como os que atravessamos é cada vez mais neces-
sário que a Escola e a Família dêem as mãos e juntas ajudem as nossas crianças a
crescer e a viver numa Fé responsável, passando a fazer parte do seu dia-a-dia, Je-
sus, a Nossa Senhora, a oração, a tolerância, o perdão, a partilha, o amor ao próximo.
Como nos transmite mais um dos nossos Centros, “ A presença divina ma-
nifesta-se quando conseguimos o sorriso de uma criança, enxugamos uma lágrima,
27Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
alegria, alimentamos quem está faminto, oferecemos solidariedade, transformamos
tristeza em alegria, quando ouvimos o silêncio ou quando apenas com um sorriso
dizemos: Bom dia!
-
que, quando rezamos o terço com os nossos idosos, vamos beber da sua coragem,
da sua generosidade e grandiosidade! É ela que generosamente acede aos nossos
pedidos, cobrindo-nos com o seu manto protector, cheio de amor!”
Neste tempo de Quaresma, tempo de nos voltarmos para Deus, devemos
continuar a criar as condições para que a Fé cresça e se desenvolva, se possa tornar
de oração, com as crianças, com os mais idosos, com as famílias, com a comuni-
brilhozinho especial nos olhos, quando, juntos, ensaiamos cânticos a Jesus e Maria,
outra forma tão bonita de com Eles falar.
Neste tempo de Quaresma é importante que as crianças vivam o porquê de
verem uma Cruz que, depois de ser coberta com um pano roxo, passa a sê-lo por
o triunfo da vida sobre a morte, de celebrarmos o amor que perdura.
Desejo a todos uma Santa e Feliz Páscoa.
Aleluia! Aleluia!
Obra Diocesana de Promoção Social28
29Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
A minha Visão
Maria dos Anjos PachecoEnfermeira
Um dia, ainda durante o meu
percurso académico, um colega per-
guntou quando iríamos aprender a criar
estratégias de resistências perante a dor
dos outros. A Enfermeira, especializada
em saúde materna e infantil respondeu:
“Ser Enfermeira é exactamente o
contrario! Ser enfermeiro é precisa-
mente chorar quando vemos a dor
do outro, é rir quando vemos a feli-
cidade do outro, é saber ouvir quan-
do o outro precisa de falar, é saber
ensinar quando o outro precisa de
aprender. Ser enfermeiro é ser-se
humano para os outros, sabendo
que para o enfermeiro o outro é a
base do seu trabalho.”
E, de facto, é assim mesmo. O
ser enfermeiro não se resume a admi-
nistrar medicação ou avaliar parâmetros
vitais, mas sim em conhecer o nosso
paciente em toda a sua totalidade e di-
mensão. É saber ser, saber fazer e saber
estar…
Um idoso, não é só “válido”
ou “inválido” como por vezes ouvi-
mos algumas pessoas categoriza-
rem. Um idoso é uma pessoa com expe-
riencias e vivencias, com um histórico de
saúde, com sentimentos e expectativas
e principalmente com muitos conheci-
mentos para transmitir.
O enfermeiro na Obra Diocesana
de Promoção Social, escuta com aten-
ção todas as histórias que cada ruga
de cada idoso conta, limpa cada lá-
grima que caem dos seus olhos e
partilha com ele cada alegria que ele
manifesta.
A avaliação dos parâmetros
vitais não é um momento meramente
técnico mas sim um grande momento de
partilha.
Ser enfermeiro na Obra é conhe-
cer a história de cada idoso, intervindo no
que este como ser individual que é, ne-
cessita. É instruir as ajudantes de acção
directa para que elas assim trabalhem.
Para um cliente é mais im-
portante o modo como elas falam,
o sorriso que elas levam até suas
casas, do que propriamente, por
exemplo, o modo como fazem a sua
higiene. Isto, tendo sempre a noção que
em muitas situações somos nós os úni-
cos a levar estes sorrisos e abraços para
casa destes idosos.
Ser enfermeiro na Obra é sim-
plesmente amar o próximo assim como
Deus nos amou e trabalhar para que ou-
de acção directa – sigam estas directri-
zes.
É sermos “pessoas a cuidar de
pessoas”, é trabalharmos todos os dias
em cooperação -
sionais envolvidos na nossa instituição, é
sermos empenhados em todos os pro-
jectos que nos são solicitados, é sermos
transparentes para com a instituição,
admitindo os nossos erros para melhorar
a qualidade, é darmos sugestões para
que se inovem os serviços, é sermos
responsáveis, pois por mais que o can-
saço se apodere do nosso corpo, iremos
ter sempre a capacidade para “cuidar
do outro”, sempre pensando que cada
ser é único e como tal merece que os
cuidados sejam personalizados a esta
sua individualidade.
-
meiro por Cuidar?
Já Watson (2002) dizia: “Cuidar
Esta actuação implica, por parte da en-
fermeira, valores e empenhamento nas
acções e suas consequências, para
além do sentido do dever e da obrigação
moral, numa perspectiva ética”.
Sendo a Florence Nightin-
gale (enfermeira britânica pioneira no
cuidar aos feridos de guerra), pioneira
enfermagem demonstrou que distribuir
medicamentos e fazer pensos não seria
-
vência dos doentes, era necessário
“desencadear tudo o que mobiliza a
sua energia, o seu potencial de vida”.
Nightingale salientou o cuidar
como algo de humano e de profundo.
O cuidado para ela consiste no
serviço à humanidade que se baseia na
experiência eobservação, ajudando a
pessoa saudável ou doente a obter as
melhores condições possíveis, de forma
a que a natureza possa agir sobre este.
E, também é esta a minha
visão…
Obra Diocesana de Promoção Social30
O Senhor Padre Lino Maia, atu-
al presidente da CNIS – Confederação
Nacional das Instituições de Solida-
riedade – e Assistente Eclesiástico da
Obra Diocesana de Promoção Social,
foi reeleito, por uma larga maioria, para
mais um mandato de três anos à frente
da principal organização de instituições
de solidariedade social.
A lista A obteve 597 votos con-
tra os 350 da lista B, encabeçada pelo
Senhor Padre Arsénio Isidoro. Dos 954
votos, que representam outras tantas
IPSS, dois foram considerados nulos e
João Miguel PratasDirector do Economato, Logística e ManutençãoNutricionista
Mónica Taipa de CarvalhoDirectora dos Recursos Humanos e JurídicosAdvogada
Padre Lino Maia reeleito presidente da CNIS
cinco brancos. Esta votação, que resul-
tou da maior participação eleitoral de
-
nhor Padre Lino Maia até 2014.
foram conhecidos, o presidente reeleito
“uma vi-
tória das instituições”. Por seu turno,
o Senhor Padre Arsénio Isidoro garantiu
que “ganha a solidariedade e que o
caminho tem de ser bem feito e so-
lidariamente por esta lista que ven-
ceu as eleições”.
A defesa da sustentabilidade
das instituições, que são a “almofada
social deste país”, será a prioridade
para o próximo mandato.
“O momento é difícil, é im-
portante que haja paz, para que as
instituições possam continuar, com
-
dades das pessoas”, disse o Senhor
Padre Lino Maia, que prometeu “ajudar
a moderar as exigências, para que
com os mesmos meios se possa
ajudar mais pessoas”.
Perante o Senhor Ministro da
Solidariedade e Segurança Social, Dou-
tor Pedro Mota Soares, que assistiu ao
seu discurso, o presidente reeleito da
CNIS anunciou “diálogo, lealdade e
cooperação” com o Governo.
Os novos corpos sociais da
CNIS foram empossados logo após o
conhecimento dos resultados eleitorais,
na Casa do Verbo Divino, em Fátima.
A Obra Diocesana esteve pre-
sente nestas eleições, tendo-se feito
representar pelo Presidente e pelo Te-
soureiro do Conselho de Administração,
Senhores Américo Ribeiro e Rui Manuel
Cunha, respectivamente, os quais, em
primeira mão, felicitaram e saudaram o
Senhor Padre Lino Maia pela sua vitória.
31Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
A importância das Ajudantes de Acão Direta na vida dos nossos Idosos
Desde a existência da espé-
cie humana, que falamos em cui-
dar… cuidar da criança, do idoso e
do doente. É certo, que este papel
de cuidar, antigamente era atribui-
do somente à mulher, que ficava no
domicílio a cuidar dos enfermos, en-
quanto ao marido cabia o papel de
exercer uma função remunerada que
permite-se sustentar as despesas.
Actualmente, esta realidade
dissipou-se… as mulheres, tal como
os homens, exercem uma profissão
não restrita ao ambiente familiar o
que reduz a sua disponibilidade tem-
poral para cuidar daqueles que um
dia já cuidaram de si e que agora
pelo efeito do envelhecimento, de-
pendência ou patologia necessitam
de apoio. Associado a este aspecto,
a alteração do contexto socioeconó-
mico, da dinâmica familiar e o cres-
cente envelhecimento demográfico
tornaram essencial repensar respos-
tas de carácter social que permitam
responder às necessidades dos ido-
sos, mantendo-os no seu ambiente
familiar. Surgindo neste enquadra-
mento, os serviços de apoio domici-
liário que asseguram a manutenção
do quotidiano do beneficiário.
Destaca-se, o papel desem-
penhado pelos cuidadores formais
(Ajudantes de Acão Direta) que na
casa do cliente, substituem-no na-
quilo que outra hora a própria fazia
sem necessidade de apoio, levando
consigo um sorriso, uma palavra de
apoio e compreensão, e acima de
tudo, um período de tempo que re-
duz a solidão e o isolamento social
do cliente, bem como o isolamento
a que por vezes são sujeitos os fa-
miliares.
Também a relação de confian-
ça, estabelecida entre os cuidadores
formais e os clientes do serviço de
apoio domiciliário acaba por acarre-
tar um certo sentimento de pertença
da parte do cliente, que perceciona
a ajudante como um elemento da
sua família que o visita diariamente
e lhe presta apoio, realçando-se que
o facto deste apoio ser pago, é em
alguns casos uma variável esquecida
pela solidão que os idosos de hoje
experienciam. Contudo, em certos
momentos, a remuneração mensal
desvanece-se quando comparada
com uma expressão de “Obrigado”
por parte do cliente e dos seus fa-
miliares, com as suas lágrimas que
afirmam “Ainda bem que esteve co-
migo” ou com um abraço apertado
que se traduz “Espero que regresse
Também é de realçar, a im-
portância de tocar o cliente, o que
se assume como uma prática dos
cuidadores formais, que permite que
este se sinta apoiado, acompanhado
e acima de tudo compreendido.
Por outro lado, estes cuida-
dores são o elo de ligação entre o
cliente/família e outros serviços de
apoio, já que ao transmitirem no seio
da equipa multidisciplinar as neces-
sidades do cliente é executada uma
estruturação dos cuidados a pres-
tar de acordo com as necessidades
detetadas e consequentemente sa-
tisfeitas as referidas necessidades
atendendo aos recursos disponíveis,
sendo no final deste processo é efe-
tuada uma avaliação da satisfação
do cliente.
Façamos uma experiência,
imagine-se idoso a viver sozinho,
sem apoio da família nem que seja
apenas durante o dia, sem conse-
guir alimentar-se, sem conseguir
deslocar-se à casa de banho, sem
ninguém com quem partilhar os seus
medos e angústias, sem ninguém
que se preocupe com o seu bem-es-
tar, com as suas dores, com os seus
medos característicos do fim de vida
… e repense para si… se o serviço
prestado pelos ajudantes de acção
directa não é essencial, promotor
da dignidade e do respeito pelo ser
humano idoso e acima de tudo, uma
expressão nítida de uma obra de
promoção de solidariedade social.
António CoutinhoEnfermeiro
33Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
Num gesto de generosidade e
partilha, o Senhor Engenheiro Alberto
Carlos Castro Silva Lopes e esposa, Ex-
celentíssima Senhora D. Maria da Glória
Santos, ofereceram à Obra Diocesana
uma viatura e um extenso conjunto de
material didático.
A viatura, um furgão de merca-
dorias, constitui uma importante ajuda
João Miguel PratasDirector do Economato, Logística e Manutenção
Nutricionista
Mónica Taipa de CarvalhoDirectora dos Recursos Humanos e Jurídicos
Advogada
Generosidade e Partilha
na logística diária da Instituição. Por sua
vez, o material didático será uma mais-
-valia para todos os clientes, os mais
jovens, mas também os seniores.
O Conselho de Administração
enaltece e reconhece penhoradamente
-
cia por parte destes Amigos da Obra
Diocesana de Promoção Social.
Congratulo-me, muito sinceramente,
com o vosso envio da Revista “Espa-
ço Solidário”, o que muito agradeço
e gostaria de colaborar com esta pe-
quena importância como Amigo des-
ta meritória Instituição.
Com os melhores desejos de um
2012 com PAZ e felicidade com os
melhores
António Paes Cardoso, Dr.
Américo Ribeiro
Estimado Amigo Américo Ribeiro,
Gostaria de informar V.Exª. que, nes-
te momento, cesso funções na Vice-
-Presidência da Comissão Coorde-
nação e Desenvolvimento Regional
do Norte (CCDR-N).
Nestes três anos tive a oportunidade
de servir uma instituição de referên-
cia na Região Norte e no País, onde
contei com uma equipa de excelên-
cia, dotada de uma capacidade de
que honra o que de melhor a Admi-
nistração Pública pode aspirar.
também o privilégio de interagir com
um vasto grupo de atores e institui-
ções que, de forma tangível e siste-
mática, muito têm contribuído para a
Venho, assim, assinalar o reconhe-
cimento da disponibilidade e coope-
ração que V.Exª. demonstrou como
fator determinante neste trabalho de
promoção de desenvolvimento re-
gional.
Agradecendo desde já todos os con-
tributos prestados, aproveito a opor-
tunidade para dirigir os meus since-
ros votos de sucesso quer do ponto
Com os meus cordiais cumprimen-
tos pessoais,
Ana Teresa Lehmann, Dra.
Obra Diocesana de Promoção Social34
Américo Joaquim Costa Ribeiro
Por indicação de Sua Excelência O
Presidente da República, tenho a
honra de transmitir o seu agrade-
cimento pela amabilidade que teve
V.Exa. em lhe fazer chegar o registo
te efectuou ao Centro Social de Fonte
da Moura.
Com os melhores cumprimentos
Ana Maria de Castro Palha, Dra.
Assessora Pessoal de Sua excelência
o Presidente da República
Américo Ribeiro,
Agradecemos o exemplar do livro
“Obra Diocesana de Promoção So-
cial – 40 Anos”, que nos enviou.
Junto enviamos o cheque nº.
3732921659, sobre a CGD, no valor
de 50,00 €, como forma de nos as-
sociarmos às causas solidárias, que
pretendem apoiar na vossa comuni-
dade.
Saudações lionísticas
CL José Luis Adriano
Secretário do Lions Clube
de Cova da Beira
Bom amigo Américo,
Desculpe em ser pouco, mas infeliz-
mente, a época é má para ser soli-
dário, mas acredito, que este pouco,
somará alguma coisa.
Abraços amigos
António Marcelino e Estefânia Valente
espaçosolidariomensagens recebidas sobre o novo
Amigos em crescendo!
A.A.M.J. Padaria e Pastelaria, Lda. 498,43 €
Albino de Almeida Fernandes, Pe. 125,00 €
Alfredo Quintans Hermida 25,00 €
Amílcar Gil Alves 150,00 €
Animécio Abranches Ferreira Maia 100,00 €
Anónimo 20,00 €
Anónimo 75,00 €
Anónimo 35,00 €
Anónimo 24,00 €
Anónimo 25,00 €
Anónimo 25,00 €
António José Fernandes Coutinho, Enf. 40,00 €
António Manuel Bessa Paes Cardoso, Dr. 100,00 €
António Marcelino dos Santos Valente 100,00 €
Delfim Adérito Martins Castro 120,00 €
JFF 25,00 €
Joana Catarina Ribeiro Paiva 25,00 €
Lions Clube Cova da Beira 50,00 €
Manuel Pedro Penafort Ribeiro 300,00 €
Maria Alberta da Conceição Canizes, Dra. 50,00 €
Maria Azália Pires da Silva Cardoso 10,00 €
MAS 1.000,00 €
MMSC 150,00 €
MTDTM 100,00 €
Olímpia Maria Almeida Teixeira 25,00 €
Pedro Alberto Alves Pimenta 150,00 €
Raquel Maria Azevedo Castro 15,00 €
Descrição Contribuição Descrição Contribuição
Liga dos Amigos da Obra Diocesana
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Obrigado!35Ano VII . n.º26 . Trimestral . Março 2012
Donativos de 27/12/2011 a 20/03/2012