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Esgoto Sanitário de Aeronaves Dezembro/2013
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013
Esgoto Sanitário de Aeronaves
Gilson Schüssler – [email protected]
MBA Perícia, Auditoria e Gestão Ambiental
Instituto de Pós-Graduação e Graduação - IPOG
Porto Alegre, RS, 01 de maio de 2013
Resumo
Este artigo é sobre a composição básica dos esgotos sanitários originados em aeronaves que
operam no Aeroporto Internacional Salgado Filho em Porto Alegre/RS. Qual é a
característica básica dos esgotos sanitários originados em aeronaves? A hipótese é que esses
esgotos têm características diferentes daquelas tipicamente encontradas no esgoto sanitário
doméstico. O objetivo foi caracterizar os parâmetros básicos dos esgotos sanitários gerados
em aeronaves e destinados para Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do aeroporto. Para
isso, foi acompanhado o serviço de QTU (drenagem do esgoto de aeronaves) e criadas
planilhas de controle e, foram avaliados os resultados dos Relatórios de Análises do esgoto
de aeronaves afluente à ETE, no período de novembro de 2010 a novembro de 2012. Esses
resultados foram comparados com os valores já publicados na literatura técnica
especializada para esgotos domésticos. O valor médio encontrado para DBO5 foi de 412mg
O2/L, DQO 658mg O2/L, nitrogênio total Kjeldahl 345mg N/L e fósforo total 35mg P/L e
predomina a ausência de coliformes termotolerantes. A conclusão é que as características
dos esgotos sanitários de aeronaves diferem daquelas tipicamente encontradas nos esgotos
sanitários domésticos.
Palavras-chave: Aeroporto Internacional Salgado Filho. Características. Esgoto sanitário de
aeronaves.
1. Introdução
O gerenciamento adequado de esgotos sanitários é necessário para evitar inconiventes de
ordem estética, sanitária, ambiental e econômica e, para isso, é fundamental conhecer suas
características.
Os autores são unânimes em considerar a importância da caracterização dos esgotos. Braga et
al. (2005:120), afirma que “é importante conhecer os esgotos sanitários, tanto no que diz
respeito à sua composição quantitativa quanto à sua composição qualitativa”. Para Mihelcic e
Zimmermann et al. (2012:329), “a coleta de dados da água e do esgoto é passo fundamental
no projeto de um sistema de distribuição ou um sistema de coleta de esgoto ou no
dimensionamento de uma estação de tratamento”.
Os aeroportos não fogem a essa necessidade e segundo Souza Júnior e Ribeiro (2011:17 apud
REIS, 2004), “o aeroporto é considerado o maior equipamento urbano de um município”,
sendo que consomem grandes quantidades de água e geram efluentes líquidos. Ainda segundo
Souza Júnior e Ribeiro (2011:171), “as águas residuárias dos aeroportos possuem composição
complexa, pois são constituídas de esgotos de vasos sanitários, mictórios, pias, limpeza de
áreas dos terminais de passageiros e de cargas, restaurantes, sanitizantes e esgotos de
aeronaves”.
Esgoto Sanitário de Aeronaves Dezembro/2013
ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 6ª Edição nº 006 Vol.01/2013 –dezembro/2013
Diante dessa necessidade, foi realizado o presente estudo com o objetivo de caracterizar o
esgoto sanitário originado em aeronaves que operam no Aeroporto Internacional Salgado
Filho em Porto alegre/RS. Para isso, foi acompanhado o serviço de QTU, desde a aeronave
em solo até a ETE/SBPA e foram analisados os Laudos e Relatórios de Análises do esgoto
bruto afluente à ETE, no período compreendido entre novembro de 2010 e novembro de
2012.
O estudo demonstrou que o esgoto sanitário de aeronaves tende a apresentar ausência de
coliformes termotolerantes, maior carga orgânica (DBO5 e DQO) e maior concentração de
nutrientes (fósforo e nitrogênio) do que o esgoto sanitário doméstico, confirmando a hipótese
levantada.
Com isso demostra-se a importância deste trabalho que divulga as características do esgoto
sanitário de aeronaves e contribui com a pesquisa sobre o tema. Não se tem a pretensão de
esgotar o assunto, mas sim iniciar a discussão e instigar outros pesquisadores a caracterizar os
esgotos sanitários de aeronaves.
2. Esgotos sanitários
O esgoto sanitário pode provocar danos de ordem sanitária e ambiental e prejuízos
econômicos. No entender de Nuvolari (2011:225), “o lançamento de esgoto sanitário sem
prévio tratamento, num determinado corpo d’água, pode causar a deterioração da qualidade
dessa água, que passaria então a ser uma ameaça à saúde da população”.
Além das águas superficiais, as subterrâneas também podem sofrer degradação. Segundo
Teixeira et al. (2003:438), os esgotos domésticos possuem concentrações de diferentes
elementos químicos e micro-organismos patogênicos, sendo que “os que representam os
maiores riscos à água subterrânea são o nitrogênio e os microorganismos patogênicos”.
Por isso é importante que os esgotos sanitários sejam gerenciados de forma adequada. Mas o
que é esgoto sanitário? O termo esgoto sanitário não é unânime entre os autores e, por isso, é
importante conceituá-lo no contexto deste trabalho. Segundo Braga et al. (2005:119), esgoto
difere de esgoto sanitário:
Esgoto é o termo usado para caracterizar os despejos provenientes dos
diversos usos da água, como o doméstico, comercial, industrial, agrícola, em
estabelecimentos públicos e outros. Esgotos sanitários são os despejos
líquidos de esgotos domésticos e industriais lançados na rede pública e águas
de infiltração (BRAGA et al., 2005:119).
Philippi et al. (2005:197), utiliza o termo Sistema de Tratamento de Águas Residuárias (SAR)
para descrever o conjunto de obras necessárias desde a coleta até a disposição final das águas
residuárias.
Segundo Mihelcic e Zimmermann et al. (2012:411), “existem quatro componentes para o
esgoto doméstico: (1) esgoto de usuários domésticos, comerciais, e industriais; (2)
escoamento superficial de água da chuva; (3) infiltração e; (3) coleta da água da chuva”. Mas
logo em seguida, os mesmos autores usam o termo águas residuárias industriais para
descrever que estas variam em quantidade, composição e concentração dependendo das
especificidades da fonte industrial.
Já no entender de Jordão e Pessoa (2005:37),
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Os esgotos costumam ser classificados em dois grandes grupos principais: os
esgotos sanitários e os industriais. Os primeiros são constituídos
essencialmente de despejos domésticos, uma parcela de águas pluviais, águas
de infiltração, e eventualmente uma parcela não significativa de esgotos
industriais, tendo características bem definidas (JORDÃO e PESSOA,
2005:37).
O autor ainda faz uma crítica à aversão do uso do termo esgoto quando afirma que:
A aversão injustificada pelo termo “esgoto” tem levado alguns autores ao
emprego do termo “águas residuárias”, que expressa a tradução literal de
“wastewater”, amplamente usada em inglês para substituir o rejeitado termo
“sewage”. Esta tendência tem proliferado o uso da sigla ETAR (Estação de
Tratamento de Águas Residuárias) conflitando com a sigla ETE (Estação de
Tratamento de Esgoto), tradicional de recomendada pela ABNT (JORDÃO e
PESSOA, 2005:37).
Além dessa diversidade de termos usados pelos autores, de acordo com a preferência de cada
um, existem ainda as definições legais. A Resolução RDC nº 2, de 8 de janeiro de 2003, da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que aprova o Regulamento Técnico,
para fiscalização e controle sanitário em aeroportos e aeronaves define:
Efluente Sanitário: é o líquido resultante de águas servidas e dejetos oriundos
das aeronaves e do terminal de passageiros e que foram submetidos a
tratamento primário, apresenta certa turbidez, odor característico do meio
séptico e certo grau de contaminação, sendo necessário monitoramento para o
seu lançamento no meio ambiente (ANVISA, 2003).
A Resolução n° 430 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que dispõe sobre
condições e padrões de lançamento de efluentes e complementa e altera a Resolução n° 357,
de 17 de março de 2005 do CONAMA define em seu artigo 4°que: “efluente: é o termo usado
para caracterizar os despejos líquidos provenientes de diversas atividades ou processos” e
“esgotos sanitários: denominação genérica para despejos líquidos residenciais, comerciais,
águas de infiltração na rede coletora, os quais podem conter parcela de efluentes industriais e
efluentes não domésticos” (CONAMA, 2011).
E finalmente têm-se as Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT: a
NBR 9648:1986 estabelece procedimentos para o estudo de concepção de sistemas de esgoto
sanitário e define:
Esgoto sanitário: Despejo líquido constituído de esgotos doméstico e
industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária.
Esgoto doméstico: Despejo líquido resultante do uso da água para higiene e
necessidades fisiológicas humanas.
Esgoto industrial: Despejo líquido resultante dos processos industriais,
respeitados os padrões de lançamento estabelecidos (ABNT, 1986:01).
Já a NBR 7229:1993 que estabelece diretrizes para projeto, construção e operação de sistemas
de tanques sépticos, define:
Despejo industrial: Resíduo líquido de operação industrial.
Efluente: Parcela líquida que sai de qualquer unidade de tratamento.
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Água residuária: Líquido que contém resíduo de atividade humana.
Esgoto doméstico: Água residuária de atividade higiênica e/ou de limpeza.
Esgoto sanitário: Água residuária composta de esgoto doméstico, despejo
industrial admissível a tratamento conjunto com esgoto doméstico e água de
infiltração (ABNT, 1993:01).
Diante dessas opções e considerando que a ABNT é o órgão normalizador brasileiro adotou-
se o termo esgoto neste trabalho. Portanto, esgoto de aeronaves é um tipo especial de esgoto
sanitário originado nos toaletes de aeronaves. Essa definição visa orientar o leitor para o
correto emprego do termo utilizado neste trabalho e também instigar órgãos normalizadores,
legisladores e autores a padronizar os termos utilizados na gestão de esgotos sanitários.
2.1 Características do esgoto sanitário
Segundo Braga et al. (2005:119), os esgotos domésticos variam em função dos costumes e
condições socioeconômicas das populações, mas têm características bem definidas e resultam
do uso da água pelo homem em função dos seus hábitos higiênicos e de suas necessidades
fisiológicas.
Os autores são unânimes em considerar a importância da caracterização dos esgotos. Braga et
al. (2005:120), afirma que “é importante conhecer os esgotos sanitários, tanto no que diz
respeito à sua composição quantitativa quanto à sua composição qualitativa”. O autor afirma
que:
É muito grande o número de substâncias que compõem os esgotos sanitários.
Assim, para caracterização do esgoto, utilizam-se determinações físicas,
químicas e biológicas, cujas grandezas (valores) permitem conhecer o seu
grau de poluição e, consequentemente, dimensionar e medir a eficiência das
estações de tratamento de esgotos (BRAGA et al., 2005:120).
Para Jordão e Pessoa (2005:38), um dos parâmetros mais importantes é a vazão quando
afirmam que se trata “da mais importante característica dos esgotos, indicando o transporte
conjunto de todos os seus componentes, tais como água, matéria sólida (mineral ou orgânica),
poluentes químicos, micro-organismos”.
Mihelcic e Zimmermann et al. (2012:329) concordam que:
A coleta de dados da água e do esgoto é passo fundamental no projeto de um
sistema de distribuição ou um sistema de coleta de esgoto ou no
dimensionamento de uma estação de tratamento. As taxas de vazão e os
padrões variam muito de sistema a sistema e dependem muito do tipo e do
número de usuários, do clima e da economia local (MIHELCIC E
ZIMMERMANN et al., 2012:329).
A ABNT NBR 12209:2011, evidencia a importância dos dados de vazão e demais parâmetros
básicos do afluente (esgoto) para o dimensionamento das unidades de tratamento e órgãos
auxiliares. Entre eles estão as vazões afluentes máxima, mínima e média; DBO; DQO; sólidos
em suspensão (SS); nitrogênio total Kjeldahl (NTK); fósforo total (P); coliformes
termotolerantes (CTer), entre outros (ABNT, 2011:09).
Com isso se demonstra a importância deste trabalho que visa justamente apresentar as
características básicas do esgoto sanitário de aeronaves.
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2.1.1 Esgoto doméstico
Segundo Braga et al. (2005:119), os esgotos domésticos são a parcela mais significativa dos
esgotos sanitários e que, apesar de variarem em função dos costumes e condições
socioeconômicas das populações, têm características bem definidas.
No entender de Jordão e Pessoa (2005:37),
Os esgotos domésticos ou domiciliares provêm principalmente de
residências, edifícios comerciais, instituições ou quaisquer edificações que
contenham instalações de banheiros, lavanderias, cozinhas, ou qualquer
dispositivo de utilização da água para fins domésticos. Compõem-se
essencialmente da água de banho, urina, fezes, papel, restos de comida,
sabão, detergentes, águas de lavagem (JORDÃO e PESSOA, 2005:37).
Jordão e Pessoa (2005:60) classificam o esgoto em forte, médio e fraco conforme mostra a
Tabela 1.
Parâmetro Esgoto forte Esgoto médio Esgoto fraco Unidade
Coliformes totais - 106 a 10
9 - NMP/100mL
Coliformes
termotolerantes- 10
5 a 10
8 - NMP/100mL
DQO 800 400 200 mg O2/L
DBO, 5d, 20°C 400 200 100 mg O2/L
Nitrogênio total 85 40 20 mg N/L
Fósforo total 20 10 5 mg P/L
Óleos e Graxas 150 100 50 mg /L
O.D. 0 0 0 mg O2/L
pH - 6,5 a 7,5 - -
Sólidos sedimentáveis 20 10 5 mg /L
Sólidos suspensos 360 230 120 mL /L
Temperatura - 20 a 25 - °C
Tabela 1 – Valores típicos de parâmetros de carga orgânica no esgoto
Fonte: Adaptado de Jordão e Pessoa (2005:60)
Para Jordão e Pessoa (2005:19), “no campo do tratamento de esgotos os parâmetros de
qualidade de interesse são aqueles relacionados às exigências legais, e às necessidades para
projeto, operação, e avaliação do desempenho das ETEs”.
2.1.2 Esgoto industrial
De acordo com Jordão e Pessoa (2005:37), “os esgotos industriais, extremamente diversos,
provêm de qualquer utilização da água para fins industriais, e adquirem características
próprias em função do processo industrial empregado. Assim sendo, cada indústria deverá ser
considerada separadamente, uma vez que seus efluentes diferem até mesmo em processos
industriais similares”.
Segundo Braga et al. (2005:119), “resíduo líquido industrial é o esgoto resultante de
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processos industriais". Suas características são específicas e dependem do tipo de indústria,
por isso é necessário estudá-las isoladamente.
E, Nuvolari (2011:38), afirma que “o esgoto industrial, considerado parcela do esgoto
sanitário, deve ser quantificado diretamente na medição do efluente na indústria, quando
significativamente maior do que se poderia esperar da área urbana ocupada pela indústria”.
Considerando que o foco deste trabalho não é a caracterização de esgoto industrial, não foram
apresentadas as características desses.
2.1.3 Esgoto sanitário de aeroporto
Para Souza Júnior e Ribeiro (2011:17 aput REIS, 2004), “o aeroporto é considerado o maior
equipamento urbano de um município”, que consome grandes quantidades de água e gera
efluentes líquidos. Ainda segundo os autores:
As águas residuárias produzidas nos aeroportos podem ser agrupadas em três
grandes categorias de acordo com o local em que são produzidas e em função
de sua composição: a) águas de drenagem – provenientes de águas das áreas
externas nos pátios, pistas e demais pavimentos impermeabilizados
decorrentes de precipitações ou de limpeza do solo com água; b) águas
residuárias industriais – geradas na lavagem de veículos, equipamentos,
aeronaves e na manutenção dos mesmos; e c) esgotos sanitários gerados nos
lavatórios, sanitários, restaurante e esgoto de aeronaves. (JÚNIOR e
RIBEIRO, 2011:17 aput REIS, 2004).
Segundo Philippi et al. (2005:197), os esgotos sanitários de aeroportos são classificados como
esgotos especiais quando descreve as fontes de águas residuárias em áreas urbanas:
Nas áreas urbanas, as principais fontes de águas residuárias compreendem:
- esgotos domésticos, provenientes de residências, comércio e instituições
públicas;
- esgotos industriais, oriundos de indústrias;
- esgotos especiais, provenientes de empreendimentos como hospitais,
shopping centers e aeroportos, cujas especificidades podem demandar
gerenciamento diferenciado (PHILIPPI et al., 2005:192).
O esgoto sanitário originado em aeroportos tem características próprias, sendo que uma de
suas fontes é das aeronaves. Para Souza Júnior e Ribeiro (2011:171), “as águas residuárias
dos aeroportos possuem composição complexa, pois são constituídas de esgotos de vasos
sanitários, mictórios, pias, limpeza de áreas dos terminais de passageiros e de cargas,
restaurantes, sanitizantes e esgotos de aeronaves”.
3. Aeroporto Internacional Salgado Filho
O Aeroporto Internacional Salgado Filho está localizado nas coordenadas 29° 59’ 38”S/051°
10’ 16”W (DECEA, 1999:3-p-39), na cidade de Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul,
região sul do Brasil, conforme mostra a Figura 1.
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Figura 1 – Aeroporto Internacional Salgado Filho
Fonte: O autor (2013)
A história do aeroporto se inicia na antiga Sesmaria de Jerônimo de Ornellas, localizada no
campo da várzea do Rio Gravataí. A partir de 1923 passou por várias modificações,
proprietários e denominações. Somente em 12 de outubro de 1951, pelo Decreto Lei n° 1457,
passou a ser designado Aeroporto Internacional Salgado Filho. A INFRAERO - Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - assumiu sua administração em 7 de janeiro de
1974. Atualmente o Aeroporto Internacional Salgado Filho é um dos mais modernos do país e
o maior da região sul do Brasil em movimentação de passageiros. A infraestrutura existente
permite a operação de várias companhias aéreas nacionais e internacionais entre elas estão a
Azul Linhas Aéreas, TAM, Trip, TAP, Taca Airlines, Oceanair, NHT, Aerolineas Argentinas,
Gol e Copa Airlines (INFRAERO, 2013).
3.1 Movimento operacional do aeroporto
O Aeroporto Internacional Salgado Filho é o maior aeroporto da região sul do Brasil em
movimentação de passageiros (embarque e desembarque), chegando a marca de 8 milhões de
passageiros em 2012. O movimento operacional do aeroporto é apresentado na Figura 2.
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Figura 2 – Movimentação de aeronaves e passageiros
Fonte: O autor (2013)
A Figura 2 evidencia o crescimento do aeroporto nos últimos anos. A movimentação de
aeronaves (pousos e decolagem) chegou a 100 mil operações em 2011 e, em 2012 ocorreu
uma pequena queda, que coincidiu com a saída da Companhia WEBJET do mercado de
aviação. Enquanto a movimentação de aeronaves caiu no último ano, o número de passageiros
(embarque e desembarque) só aumentou, consequentemente, o número de passageiros por
aeronave também aumentou.
A movimentação de aeronaves e passageiros é o que caracteriza um aeroporto e que gera a
necessidade de infraestrutura adequada para proporcionar conforto e segurança aos usuários
desse modal de transporte. O sistema de esgoto sanitário é um exemplo dessa infraestrutura,
que é indispensável para assegurar a proteção da saúde humana e preservação ambiental.
3.2 Sistema de esgotamento sanitário
O gerenciamento do esgoto sanitário gerado em um aeroporto é de responsabilidade da
administração aeroportuária conforme estabelece a RDC 02/2003 da ANVISA: “o Controle
de Qualidade do sistema de esgotamento sanitário, em todas as etapas existentes sob sua
administração” (ANVISA, 2003). Esse gerenciamento compreende a coleta, transporte,
tratamento e destinação final.
No Aeroporto Internacional Salgado Filho, as principais fontes de geração de esgoto sanitário
são os Terminais de Passageiros (TPS), hangares de aviação e demais edificações internas do
sítio aeroportuário e aeronaves, sendo que cada uma dessas fontes geradoras têm uma forma
distinta de gerenciamento:
- o esgoto gerado no Terminal de Passageiros1 é lançado na rede pública, que é gerenciada
pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre, por meio do Departamento Municipal de Água e
Esgotos (DMAE);
0
50.000
100.000
150.000
Aer
on
av
es
AERONAVES/ANO
0
2.500.000
5.000.000
7.500.000
10.000.000
Pa
ssa
gei
ros
PASSAGEIROS/ANO
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- o esgoto gerado nos hangares de aviação e demais edificações internas do sítio aeroportuário
é tratado de forma individual por meio de tanque séptico seguido de filtro anaeróbio. A
responsabilidade pela gestão é da cada Concessionário, mas com supervisão da administração;
- e o esgoto sanitário das aeronaves é tratado na Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do
Aeroporto Internacional Salgado Filho (SBPA) – ETE/SBPA, sob a responsabilidade do
administrador aeroportuário (INFRAERO).
3.2.1 Estação de tratamento de esgotos
O Aeroporto Internacional Salgado Filho possui uma ETE, que recebe e trata somente o
esgoto sanitário proveniente das aeronaves. O tratamento consiste de gradeamento para
remoção de sólidos grosseiros, digestão biológica aeróbia para redução de carga orgânica,
decantação para remoção de sólidos sedimentáveis e cloração (tratamento complementar) para
desinfecção se necessário. Esse tratamento ocorre nas respectivas unidades de tratamento:
grades, tanque de aeração, decantador e tanque de saída.
Não há rede coletora de esgoto. O esgoto bruto é transportado até a ETE pelas Empresas de
Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (ESATAS), utilizando veículos especiais
denominados veículos de QTU. O fluxo não é contínuo, pois a frequência e o volume
transportados dependem do serviço de QTU, que é o termo comumente empregado na rotina
operacional para descrever o serviço de drenagem do esgoto sanitário de aeronaves, sendo
utilizado neste contexto também neste trabalho.
A ETE não possui um dispositivo específico para medir vazão afluente e o operador não
realiza registros sistemáticos do volume de esgoto nos veículos de QTU o que dificulta o
controle da vazão. A vazão operacional máxima da ETE foi estimada pela Infraero (2011) em 2,5 m³/dia. Esta
estimativa foi realizada com base em informações obtidas entre 29/07 e 03/08/2010, durante
uma manutenção realizada na ETE. A vazão mínima foi de 1,5 m³/dia, a máxima de 2,2
m³/dia e a média de 1,8 m³/dia. Para chegar a vazão de 2,5 m³/dia, foi acrescido um fator de
segurança (k=1,15) a vazão máxima (INFRAERO, 2011). A Figura 3 mostra os dados
obtidos.
Figura 3 – Vazão QTU – julho e agosto de 2010
Fonte: Adaptado de INFRAERO, 2011
1,5
2,2
1,8 1,8 1,7
2,1
1,0
1,5
2,0
2,5
m³/
dia
Q (m³/dia)
1,8
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No período entre 29/07 e 03/08/2010 foram registradas em média 5 cargas de QTU
diarimente, oscilando entre 3 e 6, sendo que as empresas ESATAS responsáveis pelo
transporte foram VIT SOLO, SWISSPORT e TAM (INFRAERO, 2011).
O monitoramento dos parâmetros físicos, químicos e bacteriológicos do esgoto bruto, afluente
à ETE, é realizado por uma empresa contratada da INFRAERO. A amostra é coletada na
tubulação de recalque do esgoto bruto da cloaca para o reator aeróbio. As coletas ocorrem a
cada três meses e as análises são realizadas por um laboratório especializado. Este laboratório
emite Laudos ou Relatórios de Análises com o resultado de todos os parâmetros analisados.
3.3 Esgoto sanitário de aeronaves
As necessidades fisiológicas básicas (urinar e até defecar) das pessoas, mesmo no ar,
precisam ser satisfeitas. Para isso, passageiros e tripulantes contam com o toalete (toilet) da
aeronave. É neste momento que começa a ser gerado o esgoto sanitário de aeronaves.
O vaso sanitário possui acionamento a vácuo, permitindo um gasto mínimo de água e um
tanque de acúmulo do esgoto. Nas aeronaves da família A-320 o gasto de água na descarga
(flush) é de 200 mL e o tanque de esgoto possui capacidade para 170L (AIRBUS, 2013). A
água utilizada na descarga pode conter um aditivo (sanitizante) com propriedade bactericida e
desodorante. O sanitizante pode também ser adicionado no vaso sanitário da aeronave.
A drenagem do esgoto acumulado no tanque deve ser realizada em local apropriado e por
equipe especializada. O serviço de QTU deve ocorrer em aeroportos que disponham de meios
seguros para o tratamento e disposição final dos esgotos e ser realizado por Empresa de
Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (ESATAS), que é a responsável pelo esgotamento e
transporte de dejetos e águas residuárias da aeronave (ANVISA, 2003).
As empresas ESATAS que fazem o serviço de QTU no Aeroporto Internacional Salgado Filho
são: VIT SOLO, TAM, ORBITAL, SEAVIATION e SWISSPORT além de Companhias da
aviação geral.
3.3.1 QTU (Quick Toilet Unit)
De acordo com VIT SOLO (2008:80), “o carro destinado à drenagem de dejetos, limpeza e
sanitização dos lavatórios (toilets) das aeronaves é conhecido como QTU (Quick Toilet Unit)
Unidade Rápida de Toalete”. A unidade é composta de dois tanques, sendo um de água
tratada, para abastecimento dos tanques dos toaletes da aeronave e outro destinado a receber
os dejetos da aeronave, conforme apresentado na Figura 4.
Esgoto Sanitário de Aeronaves Dezembro/2013
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Figura 4 – Veículo de QTU
Fonte: O autor (2013)
Trata-se de um equipamento rebocável, que possui um tanque de armazenamento de esgoto
com capacidade 500 litros (variável de acordo com o modelo), tampa de inspeção, indicador
de nível e válvula para esgotamento na cloaca (termo utilizado para se referir ao local de
descarte do esgoto na ETE).
A operação de drenagem do esgoto sanitário é realizada em várias aeronaves até atingir um
volume definido no tanque de armazenamento do veículo de QTU, sendo então transportado
até a ETE onde é esgotado na cloaca.
A colocação do sanitizante nos lavatórios não é realizada em todas as aeronaves e geralmente
é feita pelo encarregado ou auxiliar de limpeza, tão logo o operador de QTU termine a
drenagem do tanque de esgoto e informe o fim da operação. Se não for feita a drenagem de
dejetos (QTU), não há necessidade de colocação de sanitizante (VIT SOLO, 2008:81).
4. Metodologia
Foi realizada pesquisa bibliográfica para verificar as características dos esgotos sanitários,
levantar normas e legislações aplicáveis e apresentar o Aeroporto Internacional Salgado Filho.
Analisaram-se documentos da INFRAERO como o projeto da Estação de Tratamento de
Esgotos e relatórios técnicos com características operacionais da ETE.
Foram analisados os Laudos e Relatórios de Análises trimestrais, emitidos pelo laboratório,
referente ao monitoramento do esgoto bruto (esgoto sanitário de aeronaves) no período de
dois anos, compreendido entre novembro de 2010 e novembro de 2012, totalizando nove
medições.
Foi acompanhado o serviço de QTU, realizado por uma empresa ESATA, para registrar e
descrever os procedimentos desde a aeronave em solo até a ETE/SBPA.
A partir desses dados foi elaborado um formulário para ser preenchido pelas empresas
ESATAS TAM, SWISSPORT e VIT SOLO durante o serviço de QTU que foi realizado nas
aeronaves que pernoitaram no aeroporto no dia 17/04/2013. As principais informações
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registradas foram: origem do voo, número de passageiros, tipo de aeronave, volume de esgoto
sanitário drenado e se foi utilizado sanitizante no vaso sanitário.
O volume de esgoto sanitário drenado de cada avião foi aferido no painel da própria aeronave
(Figura 5) que mostra o nível de esgoto no tanque ou o tanque de armazenagem do veículo de
QTU apresentado na Figura 4. Esses dados foram posteriormente tratados.
Figura 5 – Painel interno da aeronave
Fonte: O autor (2013)
Para estimar a vazão afluente à ETE/SBPA foi elaborada uma planilha para que o operador
registrasse as cargas de QTU descarregadas na ETE com informações como: dia, hora,
gerador, ESATA, volume e responsável pelo serviço, conforme mostra a Figura 6.
DIA HORA GERADOREMPRESA
ESATA
VOLUME/
carga (L)
NOME DO
RESPONSÁVEL
07/07/2012 16:30 SWISSPORT 600
09/07/2012 15:55 SWISSPORT 1000
09/07/2012 16:10 TAM 200
10/07/2012 09:10 SWISSPORT 600
11/07/2012 09:05 TAM 250
11/07/2012 09:35 SWISSPORT 600
11/07/2012 16:30 SWISSPORT 400
11/07/2012 16:00 SWISSPORT 300
PLANILHA DE CONTROLE DE QTU NA ETE/SBPA
Figura 6 – Planilha de controle de QTU
Fonte: O autor (2013)
A planilha foi implantada em janeiro de 2012, mas os primeiros registros ocorreram somente
em fevereiro e março de 2012 depois pararam e retomaram em junho de 2012. Os registros
considerados satisfatórios ocorreram de 01 a 25 de março e 24 de junho a 28 de agosto de
2012.
Os dados registrados nas planilhas de controle de QTU foram analisados, as inconsistências
corrigidas, registros duvidosos foram eliminados e se estimou a vazão de esgoto sanitário de
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aeronaves afluente a ETE/SBPA, assim como a contribuição de cada ESATA para essa vazão.
Os valores obtidos foram comparados com estimativas anteriores realizadas pela INFRAERO.
A partir dos Relatórios de Análises emitidos pelo laboratório foram definidos os parâmetros
físicos, químicos e bacteriológicos para obter as características básicas do esgoto sanitário das
aeronaves: sólidos sedimentáveis, sólidos suspensos, temperatura, pH, DBO5, DQO, fósforo
total, nitrogênio total Kjeldahl, óleos e graxas, oxigênio dissolvido, coliformes totais e
coliformes termotolerantes.
Os dados dos Relatórios de Análises foram compilados e trabalhados estatisticamente em uma
planilha do Excel. Foram calculados os valores mínimos [MÍNIMO()], máximos
[MÁXIMO()], médios [MÉDIA()] e desvio padrão da população [DESVPAD.P()] dos
parâmetros.
Em seguida foi estabelecida uma regra para definir o valor para esgoto fraco, médio e forte
como segue:
- esgoto médio: média aritmética da população (todos os valores do período de estudo de cada
parâmetro);
- esgoto fraco: média aritmética dos valores abaixo da média aritmética da população;
- esgoto forte: média aritmética dos valores iguais ou acima da média aritmética da
população.
Os parâmetros bacteriológicos tiveram tratamento diferenciado para se adequar aos valores
apresentados por Jordão e Pessoa (2005): não foi calculado o desvio padrão e o valor médio
adotado foi a faixa desde o menor até o maior valor logarítmico encontrado nas amostras.
Os valores obtidos foram comparados com as características descritas na literatura
especializada para esgoto doméstico especialmente por Jordão e Pessoa (2005).
5. Características do esgoto sanitário de aeronaves
As características dos esgotos mudam em função de sua origem e, conhecer suas
características é fundamental para gerenciá-los de forma adequada. Neste contexto,
apresentam-se as principais características dos esgotos sanitários de aeronaves que operam no
Aeroporto Internacional Salgado Filho.
5.1 Origem
Os esgotos sanitários de aeronaves são gerados a partir do uso e limpeza do toalete a bordo do
avião. A Figura 7 mostra detalhes do vaso sanitário no toalete da aeronave e do serviço de
QTU.
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Figura 7 – Vaso sanitário da aeronave e serviço de QTU
Fonte: O autor (2013)
O serviço de QTU é uma operação que pode resultar em acidente aeronáutico, por isso os
operadores de rampa passam por treinamento específico. O procedimento envolve a conexão
da mangueira de drenagem do veículo de QTU à aeronave e depois o acionamento da válvula
de descarga de esgotos da aeronave até esvaziar o tanque.
As características dos esgotos sanitários de aeronaves são influenciadas pelos hábitos e
necessidades fisiológicas de passageiros e tripulantes, pelo funcionamento do vaso sanitário,
pela higienização do toalete e pelo serviço de drenagem (QTU) realizado pelas empresas
ESATAS:
- em relação aos hábitos e necessidades de tripulantes e passageiros, pode-se especular que o
uso do vaso sanitário para defecar deva ocorrer somente em casos de extrema necessidade e
isso, contribui para características básicas dos esgotos como coliformes termotolerantes e
DBO5, por exemplo;
- o funcionamento do vaso sanitário é outro fator que merece destaque, pois a quantidade de
água utilizada na descarga (flush) é mínima, o que permite supor que o esgoto sanitário de
aeronaves seja mais concentrado em função da menor diluição;
- a higienização do toalete de algumas aeronaves prevê a colocação de sanitizante no vaso
sanitário ou juntamente com a água de descarga (flush) ou ainda pode não ser utilizado. O
sanitizante é um produto (aromatizante e bactericida) a base de quaternário de amônio, cujo
princípio ativo geralmente é o cloreto de alquil dimetil benzil amônio (PRUDEMPLAST,
2013). Seu nome e concentração são variados dependendo do fabricante. Esse produto pode
interferir nas características físico-químicas e bacteriológicas do esgoto sanitário das
aeronaves;
- o serviço de QTU pode influenciar na característica do esgoto que chega à ETE, pois a
drenagem ocorre em várias aeronaves antes de ser transportado, ocorrendo a homogeneização
e até mesmo aeração em função da movimentação do veículo de QTU até a ETE.
5.2 Volume de esgoto gerado no serviço de QTU
Conhecer o volume de esgoto sanitário gerado nas aeronaves (serviço de QTU) é importante
para entender a vazão da ETE. O serviço de QTU é realizado principalmente nas aeronaves
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que pernoitam no aeroporto em função do maior tempo de solo, mas pode ser realizado
durante o dia se for solicitado pela tripulação do voo.
O resultado do serviço de QTU realizado pelas empresas WISSPORT, VIT SOLO e TAM em
21 aeronaves que pernoitaram no Aeroporto Internacional Salgado Filho no dia 17/04/2013 é
apresentado na Figura 8. O volume médio de esgoto sanitário drenado de cada aeronave foi de
42 litros.
Figura 8 – QTU e pax/aeronave
Fonte: O autor (2013)
A Figura 8 mostra que o volume de QTU de cada aeronave tem relação com o número de
passageiros (pax). Essa tendência somente é rompida em duas aeronaves (10 e 11) atendidas
pela VIT SOLO, que ajudaram para que a média do volume de QTU/pax também subisse.
Uma possibilidade para essa alteração pode ser a não execução do serviço de QTU no
aeroporto de origem o que levaria a aeronave a transportar um peso extra sem necessidade.
A Figura 9 mostra que o volume médio de QTU por passageiro (pax) é de 0,46 L/pax,
oscilando entre o mínimo de 0,14L/pax e o máximo de 1,05L/pax nas 21 aeronaves
pesquisadas. O pico ocorre na aeronave número 11.
Figura 9 – QTU por passageiro
Fonte: O autor (2013)
Após a drenagem do esgoto da aeronave, o QTU é transportado até a ETE. As empresas
ESATAS que transportaram QTU até a ETE, no período validado nas planilhas, foram aVIT
SOLO, TAM, SWISSPORT, ORBITAL e AEROJET (aviação geral), mas as duas últimas
com volumes inespressívos, conforme mostra a Figura 10.
0
40
80
120
160
200
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
LITR
OS
QTU/AERONAVE PASSAGEIRO/AERONAVE MÉDIA QTU/AERONAVE
42
VIT SOLO SWISSPORT TAM
0,00
0,40
0,80
1,20
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
LITR
OS
QTU/PASSAGEIRO MÉDIA
0,46
1,05
0,14
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Figura 10 – QTU - empresas ESATAS
Fonte: O autor (2013)
A Figura 10 mostra que a empresa que mais destinou QTU para a ETE é a SWISSPORT com
73% do volume, seguida da VIT SOLO com 20% e TAM (6%). As outras empresas são
pouco representativas.
5.3 Vazão afluente à ETE/SBPA
A ETE/SBPA recebe somente esgoto sanitário de aeronaves, por isso o transporte de QTU
realizado pelas empresas ESATAS é que resulta na vazão afluente. O transporte não é
contínuo, por isso a vazão é intermitente, podendo ser comparado a um sistema por bateladas,
embora a ETE não opere dessa forma.
A ETE não possui registro sistemático da vazão afluente, por isso foram implantadas as
planilhas para registro dos volumes de QTU. Com esse registro foi possível acompanhar o
comportamento e estabelecer a vazão afluente, conforme apresentado na Figura 11.
Figura 11 – Vazão: 24/02 a 25/03 de 2012
Fonte: O autor (2013)
A Figura 11 mostra os volumes diários de QTU, em cada um dos meses monitorados. Os
registros válidos são respectivamente 20 dias em março, 10 em junho, 16 em julho e 13 em
73%
20% 6%
1%
SWISSPORT
VIT SOLO
TAM
OUTROS
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
m³/
dia
março junho julho agosto média
1,6
0,7
0,1
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agosto de 2012. Esta inconsistência nos registros ocorre pela falta de um sistema confiável
para medição da vazão afluente da ETE e ausência de operador na maior parte do período.
Os gráficos da Figura 11 evidenciam uma significativa oscilação da vazão de um dia para
outro, atingindo uma diferença de 1.500% entre a vazão mínima (0,1m³/dia) e a máxima
(1,6m³/dia) no período estudado. A vazão média ficou em 0,7 m³/dia. Uma das causas
prováveis dessa oscilação é justamente a irregularidade no transporte de QTU realizado pelas
ESATAS. Essa variação significativa na vazão afluente e o transporte irregular de QTU
aproximam a operação da ETE a um sistema por bateladas.
Comparando os resultados da Figura 11 com aqueles relatados por Infraero (2011), observa-se
que em 2010 a vazão máxima chegou a 2,2 m³/dia e a diferença entre a vazão mínima (1,5
m³/dia) e máxima foi de 47% enquanto que em 2012 chegou a 1.500%. Considerando que em
2010 a ETE estava em manutenção, é possível imaginar que tenha havido maior controle
sobre as cargas de QTU e também um procedimento diferenciado das empresas ESATAS.
Não é possível encerrar a discussão sobre a vazão da ETE/SBPA com este estudo porque o
serviço de QTU, em sua grande maioria, é realizado no período noturno quando não existe
operador na ETE. É possível especular que a vazão de esgoto sanitário de aeronaves afluente
à ETE/SBPA possa ser maior do que a registrada no período de estudo, evidenciando a
necessidade de melhorar o controle desse parâmetro para obter dados conclusivos.
5.4 Aspecto estético do esgoto
Segundo Jordão e Pessoa (2005:20), “a cor é indicativa da condição de chegada dos esgotos à
ETE: será de tonalidade marrom ou cinza no esgoto fresco e negra no esgoto séptico”. A cor
do esgoto sanitário de aeronaves é marrom e a presença de papel é visível em sua
composição, conforme mostra a Figura 12.
Figura 12 – Cor marrom e presença de papel no esgoto
Fonte: O autor (2013)
A Figura 12 mostra o processo de descarga do QTU na cloaca. Constata-se a cor marrom do
esgoto sanitário de aeronaves e o papel parcialmente dissolvido que passa pela grade da ETE.
Este papel é bombeado, juntamente com o esgoto, para o reator aeróbio e pode interferir no
processo de tratamento, por isso é mais uma característica que deve ser observada. Um
aspecto sensorial que chama a atenção é o odor muito forte e característico do esgoto de
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aeronaves.
5.5 Características físico-químicas e bacteriológicas
As características físico-químicas e bacteriológicas foram obtidas a partir dos Relatórios de
Análises. A Tabela 2 apresenta todos os resultados apurados no período de estudo (novembro
de 2010 a novembro de 2012) dos parâmetros definidos para caracterização básica do esgoto
sanitário de aeronaves. Trata-se de uma transcrição dos resultados apresentados nos
Relatórios de análises realizadas pelo laboratório. Com isso espera-se contribuir para
próximos estudos que venham a ser realizados com este tipo de esgoto sanitário e aprofundar
a discussão sobre sua caracterização.
Tabela 2 – Características físico-químicas e bacteriológicas
Fonte: O autor (2013)
A Tabela 2 mostra a variação dos valores, de um mesmo parâmetro, de uma amostra para
outra, como exemplo a DBO5 que oscila de 8 a 2080 mg O2/L.
A ausência de coliformes termotolerantes em 5 das 9 amostras e valores abaixo de 8
coliformes/100 mL em outras 3 amostras e somente uma amostra atingindo 3 “log” (9,8x10³
coliformes/100mL) é uma característica do esgoto sanitário de aeronaves totalmente diferente
do esgoto doméstico, que apresenta de 105 a 10
8 coliformes fecais (termotolerantes)/100mL,
segundo Jordão e Pessoa (2005:68).
Portanto, pode-se afirmar que uma característica básica do esgoto sanitário de aeronaves é a
tendência de ausência de coliformes termotolerantes. Essa característica pode estar sendo
influenciada pela adição de sanitizantes no toalete da aeronave ou pela pouca quantidade de
fezes presentes no esgoto das aeronaves.
A relação DQO/DBO5 apresenta uma média de 3,4, sendo que na maioria das amostras a
relação fica abaixo de 2,8 e em duas acima de 6,3, conforme mostra a Figura 13. Portanto
existe uma variação considerável nessa relação que segundo Jordão e Pessoa (2005:59) se
PARÂMETROS UNIDADE 10/11/10 15/2/11 12/5/11 10/8/11 9/11/11 7/2/12 8/5/12 8/8/12 7/11/12
Coliformes
TermotolerantesNMP/100mL Ausente Ausente Ausente 6,1 9,2x10
3 Ausente 2,O 7,8 Ausente
Coliformes
TotaisNMP/100mL ≥ 1,6x10
81,4x10
32,2x10
27,0x10
21,6x10
4 Ausente 2,4x102
1,3x102 Ausente
DBO5 mg O2/L 210 150 10 2.080 220 8 340 587 102
DQO mg O2/L 500 408 119 2.908 400 50,9 482 1.044 151
Fósforo Total mg P/L 10,7 8,23 4,53 196 25,4 1,25 14,5 47,3 5,42
Nitrogênio Total
Kjeldahlmg N/L 226 119 38,2 1.174 155 6,52 268 1.059 59,9
Óleos e Graxas
Totaismg/L 17,1 19,2 16,2 77,6 ND ND 18,9 ND 23
Oxigênio
Dissolvidomg O2/L 6,7 1,6 6,6 0,5 0,4 7,13 5,01 0,4 6,1
pH 8,98 8,89 8,77 8,95 7,78 8,03 9,08 8,67 9,08
Sólidos
SedimentáveismL/L 0,6 15 ND ND ND 4 11 ND ND
Sólidos
Suspensosmg/L 56 134 14 490 108 70 31 180 41
Temperatura °C 21,7 24,0 21,3 19,2 25,1 23,4 22,3 21,5 20,1
ESGOTO SANITÁRIO DE AERONAVES
Esgoto Sanitário de Aeronaves Dezembro/2013
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mantém entre 1,7 e 2,5 vezes o valor da DBO nos esgotos domésticos.
Figura 13 – Relação DQO/DBO5
Fonte: O autor (2013)
A Tabela 3 mostra os valores estatísticos (mínimos, máximos e médios) dos parâmetros
avaliados e o desvio padrão dos parâmetros físico-químicos. Visualiza-se também os valores
calculados para definir esgoto fraco e forte para os parâmetros físico-químicos (exceto pH e
temperatura), permitindo desta forma uma comparação dos valores obtidos neste trabalho com
aqueles descritos por Jordão e Pessoa (2005) para esgoto doméstico.
PARÂMETROS UNIDADES mínimo máximo médio fraco forte despad.P
Coliformes
TermotolerantesNMP/100mL 0,0 9,2x10
30 a 10
3
Coliformes Totais NMP/100mL 0,0 1,6x108
0 a 108
DBO5 mg O2/L 8 2080 412 149 1334 613
DQO mg O2/L 51 2908 658 282 1976 842
Fósforo Total mg P/L 1,3 196,0 34,8 10,0 121,7 58,5
Nitrogênio Total
Kjeldahlmg N/L 6,5 1174,0 345,1 124,7 1116,5 420,9
Óleos e Graxas Totais mg/L 0,0 77,6 19,1 6,7 69,4 22,5
Oxigênio Dissolvido mg O2/L 0,4 7,1 3,8 0,6 6,3 2,8
pH 7,8 9,1 8,6 0,4
Sólidos Sedimentáveis mL/L 0,0 15,0 3,4 0,1 10,0 5,4
Sólidos Suspensos mg/L 14 490 125 53 268 138
Temperatura °C 19,2 25,1 22,1 1,8
ESGOTO SANITÁRIO DE AERONAVES
Tabela 3 – Valores estatísticos do esgoto bruto
Fonte: O autor (2013)
A Tabela 3 mostra que o desvio padrão entre os valores de cada parâmetro é expressivo,
exceto no pH e temperatura, refletindo a variação dos valores de uma amostra para outra.
Verifica-se que a DBO5, DQO, fósforo total, nitrogênio total Kjeldahl e sólidos suspensos
apresentam, respectivamente, um desvio padrão de 613; 842; 58,5; 420,9 e 138. Portanto,
constata-se aí mais uma característica dos esgotos sanitários de aeronaves, ou seja, grande
oscilação da carga orgânica de uma amostra para outra. Essa característica é importante na
operação da ETE ou mesmo para considerar a melhor forma de tratamento desse tipo de
2,4 2,7
11,9
1,4 1,8
6,4
1,0 1,8 1,5
0,0
6,0
12,0
RELAÇÃO DQO/DBO5 MÉDIA
3,4
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esgoto.
A Tabela 4 apresenta o comparativo dos valores encontrados pelo autor deste trabalho para
esgoto sanitário de aeronaves com os valores descritos por Jordão e Pessoa (2005) para esgoto
sanitário doméstico.
COMPARAÇÃO
fraco médio forte fraco médio forte MÉDIO
Coliformes
TermotolerantesNMP/100mL - 0 a 10
3 - - 105 a 10
8 - <
Coliformes Totais NMP/100mL - 0 a 108 - - 10
6 a 10
9 - <
DBO5 mg O2/L 149 412 1334 100 200 400 >
DQO mg O2/L 282 658 1976 200 400 800 >
Fósforo Total mg P/L 10 35 122 5 10 20 >
Nitrogênio Total
Kjeldahlmg N/L 125 345 1117 20 40 85 >
Óleos e Graxas Totais mg/L 7 19 69 50 100 150 <
Oxigênio Dissolvido mg O2/L 1 4 6 0 0 0 >
pH 7,8 a 9,1 - 6,5 a 7,5 - >
Sólidos Sedimentáveis mL/L 0 3 10 5 10 20 <
Sólidos Suspensos mg/L 53 125 268 120 230 360 <
Temperatura °C - 19 a 25 - - 20 a 25 - -
AUTOR JORDÃOPARÂMETROS UNIDADES
Tabela 4 – Comparação dos valores
Fonte: O autor (2013)
A Tabela 4 evidencia que o esgoto sanitário de aeronaves difere do esgoto sanitário doméstico
em todos os parâmetros avaliados, exceto em relação a temperatura que é similar.
Os valores encontrados para coliformes termotolerantes e totais, óleos e graxas, sólidos
sedimentáveis e sólidos suspensos são menores, enquanto que para DBO5, DQO, fósforo total,
nitrogênio total Kjeldahl, oxigênio dissolvido e pH os valores são maiores no esgoto sanitário
de aeronaves do que aqueles descritos por Jordão e Pessoa (2005) para o esgoto doméstico.
Com isso verifica-se que o esgoto sanitário de aeronaves tende a apresentar ausência de
coliformes termotolerantes, maior carga orgânica (DBO5 e DQO) e maior concentração de
nutrientes (fósforo e nitrogênio) do que o esgoto sanitário doméstico.
A causa provável dessa caracterização diferenciada do esgoto sanitário de aeronaves é em
função de sua origem específica no toalete de aeronaves. Onde o consumo de água de
descarga no vaso sanitário é mínimo, resultando em uma diluição também mínima e ainda
pode ocorrer adição de sanitizantes com propriedades bactericidas e, ainda é possível
especular que o esgoto tenha pouca quantidade de fezes em função dos hábitos de passageiros
e tripulantes.
Portanto conclui-se que as características do esgoto sanitário de aeronaves diferem daquelas
descritas na literatura técnica especializada para o esgoto doméstico, apresentando maior
carga orgânica e tendência de ausência de coliformes termotolerantes, mas é necessário que
ocorram mais pesquisas sobre este tipo de esgoto para ter um referencial mais significativo.
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6. Conclusão
Os esgotos sanitários de aeronaves são um tipo especial de esgoto, que são gerados a partir do
uso e limpeza do toalete a bordo de um avião. Suas características são influenciadas pelos
hábitos e necessidades fisiológicas de passageiros e tripulantes, pelo funcionamento do vaso
sanitário, pela higienização do toalete e pelo serviço de drenagem do esgoto (QTU) realizada
pelas empresas Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (ESATAS).
O volume médio de QTU gerado nas 21 aeronaves amostradas no Aeroporto Internacional
Salgado Filho no dia 17/04/2013 foi de 42 litros, resultando em um volume médio
QTU/passageiro (pax) de 0,46 L, oscilando entre o mínimo de 0,14 L/pax e o máximo de 1,05
L/pax.
Esse volume de QTU (esgoto sanitário de aeronaves) é tratado na ETE/SBPA que recebe
somente este tipo de esgoto. Não há registro sistemático da vazão afluente, mas isso pode ser
realizado por meio do registro do volume de QTU transportado pelas ESATAS.
A vazão afluente à ETE é irregular em função do transporte irregular de QTU. No período de
estudo a variação da vazão chegou a 1.500% entre a mínima (0,1m³/dia) e a máxima
(1,6m³/dia), enquanto a média ficou em 0,7 m³/dia. Em 2010 foi registrada uma vazão mínima
de 1,5 m³/dia, máxima de 2,2 m³/dia e a média ficou em 1,8 m³/dia.
Não é possível encerrar a discussão sobre a vazão da ETE/SBPA com este estudo porque o
serviço de QTU geralmente é realizado no período noturno quando não existe operador na
ETE para registrar os volumes descarregados.
Os coliformes termotolerantes tendem a estar ausentes nos esgotos sanitários de aeronaves.
Constatou-se a ausência de coliformes termotolerantes em 5 das 9 amostras e valores abaixo
de 8 coliformes/100 mL em 3 amostras e somente uma amostra alcançou o valor de 3 “log”
(9,8x10³ coliformes/100mL). Essa característica pode estar sendo influenciada pela adição de
sanitizantes no toalete da aeronave e também pela possibilidade de uma reduzida quantidade
de fezes presentes no esgoto.
O desvio padrão dos valores de cada parâmetro é expressivo, exceto no pH e temperatura,
refletindo a variação da carga orgânica presente no esgoto. Verifica-se que a DBO5, DQO,
fósforo total, nitrogênio total Kjeldahl e sólidos suspensos apresentam, respectivamente, um
desvio padrão de 613; 842; 58,5; 420,9 e 138.
Comparando os valores encontrados no esgoto de aeronaves com aqueles descritos na
literatura para o esgoto doméstico, constatou-se que os coliformes termotolerantes e totais,
óleos e graxas e sólidos apresentam valores menores, enquanto a DBO5, DQO, fósforo total,
nitrogênio total Kjeldahl, oxigênio dissolvido e pH apresentam valores maiores, portanto a
carga orgânica dos esgotos de aeronaves é maior e tendem a apresentar ausência de
coliformes termotolerantes.
A causa provável dessa caracterização diferenciada do esgoto sanitário de aeronaves é em
função de sua origem específica no toalete de aeronaves. Onde o consumo de água de
descarga no vaso sanitário é mínimo, ocorrendo pouca diluição, pode ocorrer adição de
sanitizantes, com propriedades bactericidas e, ainda é possível especular que o esgoto tenha
pouca quantidade de fezes em função dos hábitos de passageiros e tripulantes.
Conclui-se que a hipótese levantada de que as características do esgoto sanitário de aeronaves
diferem daquelas descritas na literatura técnica especializada para o esgoto doméstico se
confirmou, ou seja, o esgoto sanitário de aeronaves apresenta maior carga orgânica e
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tendência de ausência de coliformes termotolerantes, mas é necessário que ocorram mais
pesquisas sobre este tipo de esgoto para ter um referencial mais significativo.
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