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©Feevale – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial, de qualquer forma oupor qualquer meio. A violação dos direitos do autor (Lei n.º 9.610/98) é crime estabelecido pelo artigo 184 doCódigo Penal.
Campus I: Av. Dr. Maurício Cardoso, 510 – CEP 93510-250 – Hamburgo Velho – Novo Hamburgo – RSCampus II: RS 239, 2755 – CEP 93352-000 – Vila Nova – Novo Hamburgo – RSFone: (51) 3586.8800 – Homepage: www.feevale.br
Universidade Feevale
COORDENAÇÃO EDITORIALInajara Vargas Ramos
EDITORA FEEVALECoordenador: Celso Eduardo StarkAnalista de Editoração: Maurício BarthAuxiliar de Editoração: Gislaine A. M. Monteiro
Rafael de Ávila
EDITORAÇÃO ELETRÔNICACelso Eduardo Stark
REVISÃO TEXTUALLovani Volmer
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)Universidade Feevale – RS/Brasil
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Bibliotecário Responsável: Susana Fernandes Pfarrius Ladeira - CRB 10/1484
Cartilha de ergonomia na indústria calçadista: diretrizes para segurança e saúde dotrabalhador / ABICALÇADOS ; FETICVERGS; Ministério do Trabalho e Emprego. – NovoHamburgo: Feevale, 2011.96 p. ; il. ; 21 cm.
Inclui anexo e bibliografia.ISBN 978-85-7717-131-6
1. Trabalhadores – Saúde e higiene. 2. Promoção da saúde dos empregados. 3.Ergonomia – Indústria calçadista. I. Associação Brasileira das Indústrias de Calçados. II.Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e do Vestuário do Rio Grande do Sul.
CDU 331.45
Mais Qualidade de Vida para as Pessoas.
Mais Produtividade para as Empresas.
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FETICVERGS
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Agradecimentos
Angela MachadoDébora Cristina Bühler
Enio KleinEurico Döhr
Gisele GarcezJacinta Sidegum Renner
João Nadir PiresLázaro Reinaldi
Luiz Fernando Osório JuniorPaulo Antonio Barros Oliveira
Rafael Jassen Gazzolla Aires de AraújoRenan José Machado de Souza
A. Grings S A - PiccadillyPaquetá Calçados Ltda
Universidade Feevale
ColaboradoresCaroline Monalisa Santos
Elisabete BöesKelli Prado
Rogério Gustavo Dreyer
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Àexemplo da Cartilha de Segurança de Máquinas eEquipamentos da Indústria de Calçados, lançada emoutubro do ano passado, em parceria com a
ABRAMEQ, Federação dos Trabalhadores na Indústria doCalçado e do Vestuário do Estado do Rio Grande do Sul eMinistério do Trabalho e Emprego, a Cartilha de Ergonomia éum novo marco no tratamento deste assunto importante: asegurança e a saúde do trabalhador.
Após um exaustivo trabalho do grupo montado pelaABICALÇADOS para discutir aspectos ergonômicos,formatou-se um início de lapidação da obra.
Com a instituição da Comissão Tripartite Paritária, a obratomou o formato que estamos apresentando hoje, frutoigualmente de exaustivas reuniões de debate e discussão deseu conteúdo.
A filosofia da Comissão Tripartite foi despir-se detendências que desvirtuassem o conteúdo da cartilha. O nortesempre foi o atendimento da produtividade dentro de limitesque assegurassem o bem-estar, a realização profissional, ochamamento à responsabilidade de ambas as partes(empregadores e empregados) e a proximidade maior possíveldaquilo que tecnicamente se considere o ideal.
Enfim, fruto deste trabalho e deste comportamento ético,entrega-se ao público esta Cartilha de Ergonomia na Indústriado Calçados, com o primado de que sirva como base sólida naconsecução dos objetivos que justificaram a sua confecção.
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A preocupação com a saúde dos trabalhadores é quelevou a nossa Federação a participar desde o iníciodeste trabalho. Daí a importância da Ergonomia, que
representa um esforço de detectar possíveis riscos à saúde dotrabalhador e buscar soluções.
A ergonomia trata das relações entre a máquina e ohomem dentro de seu ambiente de trabalho, tendo comofinalidade o bem-estar, a saúde e o bom rendimento dotrabalhador. Desta forma, uma cartilha que aborde o temaserve de base de sustentação para que o trabalhador conheçaum pouco mais os problemas que pode enfrentar e ondebuscar auxílio.
A Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçadoe do Vestuário do Rio Grande do Sul (Feticvergs), quecongrega 23 sindicatos espalhados pelo Estado, entende aimportância da prevenção da saúde do trabalhador, pois deladepende o desenvolvimento financeiro gaúcho. Apoiar umapublicação como esta faz parte da luta empreendida pelaFeticvergs.
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FETICVERGS
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APRESENTAÇÃO
expressão ergonomia, derivada do grego (trabalho) e(regras/leis naturais), aparece em artigo científico em
1857. Contudo, somente com a fundação na Inglaterra da, no início da década de 1950,
passou a ser conhecida mundialmente.A Consolidação das Leis do Trabalho, de 1943, de forma
intuitiva já adotava preceitos ergonômicos quando referia quepara se evitar a fadiga era obrigatória a disposição de assentosajustáveis à altura do indivíduo e função exercida.
Com a edição da Portaria 3.214/78 regulamentando aseção relativa à prevenção da fadiga surge a NormaRegulamentadora 17 – Ergonomia, contemplandodisposições para levantamento, transporte e descarga demateriais, utilização de bancadas e mesas, escrivaninhas,painéis e assentos ajustáveis. Em 1990 tal Norma sofreualteração inovando ao não restringir a ergonomia à postura emobiliário, incluindo questões relacionadas à organização dotrabalho no processo de adaptação da atividade laboral.
A indústria calçadista, por seu caráter manufatureiro, tempotencial significativo para o surgimento de doençasosteomusculares, sendo que a partir de meados dos anos 90,com a adoção parcial e mal adaptada de um sistema deprodução japonês, implementou procedimentos inadequadosem relação à postura de trabalho dos empregados.
A partir de 1998, quando da lotação de Auditores-Fiscaisda área de Saúde e Segurança do Trabalho na GerênciaRegional do Trabalho e Emprego de Novo Hamburgo, o temaergonomia se mostrou recorrente, quer em ações fiscais derotinas, quer em atividades educativa-preventivas,materializadas nas Campanhas Nacionais de Prevenção de
ergo
nomos
Ergonomics Research SocietyA
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Acidentes do Trabalho (CANPATs) e Seminários, além de outrosprojetos.
Decorrida mais de uma década foram retomados oscontatos com representantes dos empregadores e dostrabalhadores da indústria calçadista, resultando naconstituição da “Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia naIndústria calçadista”.
Como resultado deste trabalho, após diversas reuniõestécnicas, foi produzida a presente Cartilha, com intuito deorientar boas práticas ergonômicas, focando especialmente asposturas recomendadas considerando as atividadespeculiares da produção. Além disso, aborda assuntosrelacionados ao mobiliário dos postos de trabalho,levantamento, transporte e descarga individual de materiais,condições ambientais e organização do trabalho, sem apretensão de exaurir o assunto.
Rafael Jassen Gazzolla Aires de AraujoAuditor-Fiscal do TrabalhoChefe do Setor de Inspeção do TrabalhoGerência Regional do Trabalhoe Emprego de Novo Hamburgo/SRTE-RS/MTE
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SUMÁRIO
POSTURAS DE TRABALHO
MOBILIÁRIO DOS POSTOS DE TRABALHO
LEVANTAMENTO, TRANSPORTE E DESCARGAINDIVIDUAL DE MATERIAIS
CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE TRABALHO
ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
REFERÊNCIAS
ORGANIZAÇÃO GERAL DA CARTILHA
ANEXOA EXPERIÊNCIA DA MULTIFUNCIONALIDADE
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AAbicalçados, em parceria com o Ministério doTrabalho e Emprego e Representantes Sindicais dosTrabalhadores, vem atuando, desde setembro de
2009, através da composição de uma equipe constituída deprofissionais de ergonomia, medicina, engenharia esegurança do trabalho, para discutir e buscar soluções nasquestões relacionadas à ergonomia na indústria calçadista.No entanto, devido à amplitude e abrangência do tema, fez-senecessário abordar os assuntos considerando certa ordem deprioridade. Nesse sentido, o grupo optou por focarinicialmente o tema posturas de trabalho, com o objetivo deesclarecer a melhor postura a ser adotada de acordo com ascaracterísticas das atividades de trabalho.
Tendo em vista que a saúde, segurança e qualidade de vidano trabalho são os focos de discussão do grupo tripartite,apresentam-se os principais problemas e posturas prejudiciaisnos postos de trabalho. Os movimentos que podem trazercomplicações à saúde, principalmente quando repetidosmuitas vezes, são: movimentos rotacionais de tronco, asflexões para frente e para os lados, os movimentos de extensão(esticar a coluna para trás), ficar muito tempo parado, sentadoou posicionado do mesmo modo e lugar (postura estática),seja com uma parte do corpo ou com o corpo todo.
Durante as atividades de trabalho, diversas posturaspodem ser adotadas, no entanto, as posturas comumenteutilizadas são sentada ou em pé durante toda a jornada,configurando a postura estática, que é extremamenteprejudicial à saúde. Na contrapartida da postura estática(sempre em pé ou sempre sentado), de acordo com Grandjean(1998), está a alternância postural (ora sentada, ora em pé).Nesse caso, deve-se considerar a necessidade natural doorganismo de troca de movimentos e posicionamento quandoo corpo assim o solicitar e as características da atividade(OLIVER e MEDDLEDITCH, 1998). Os sinais para solicitaçãode troca de postura são emitidos e sentidos pelo corpo atravésde sensações de dor, desconforto, cansaço, formigamento,entre outros.
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Em termos biomecânicos, quando um trabalhadorpermanece em pé por tempo prolongado, necessita requisitara força de aproximadamente 650 músculos de todo o corpohumano, os quais passam a realizar trabalho muscularestático, fazendo força para o corpo equilibrar-se contra aação da gravidade. Nesse caso, há de se considerar o expostona Nota Técnica 060/2001, que corrobora o que foiexplicitado: “Trabalhar sentado permite maior controle dosmovimentos porque o esforço para manter o equilíbriopostural é reduzido”. Os músculos tendem a fatigar dasegunda para a terceira hora na manutenção da mesmapostura. Nesse caso, a força (energia) gasta pelos músculospara manutenção da postura poderia e deveria ser gasta paraa realização da atividade de trabalho, fatigando menos otrabalhador e, sem dúvida, resultando em melhor rendimento.
No que se refere aos trabalhos realizados na posiçãosentada, Iida (2005) considera que se encontra menortrabalho muscular quando as costas estão apoiadas sobre oencosto da cadeira, a cabeça está alinhada com a coluna equando os pés tocam o chão (se não, é necessário utilizarapoio para os pés). Quando esse posicionamento não épossível, é necessário ter orientações para reorganização doposto de trabalho de forma que permita o posicionamentoadequado.
Ao se discutir posturas de trabalho, é imprescindívelconsiderar a visão da ergonomia, que está fundamentada emadaptar o trabalho ao homem e não o homem ao trabalho. Aergonomia é uma ciência multidisciplinar que visa o conforto,bem-estar e saúde do trabalhador e, em consequência, oincremento produtivo. Um dos enfoques dessa ciência é aprevenção da fadiga muscular, que pode se instalar em funçãoda postura estática prolongada, tanto em pé quanto sentada,embora a postura sentada seja bem menos lesiva do que a empé, uma vez que exige menor atividade e esforço muscular.
Do ponto de vista ortopédico e fisiológico, de acordo comIida (2005), é altamente recomendável um local de trabalhoque alterne o trabalho sentado com uma postura de pé. Uma
A ergonomia éuma ciência
multidisciplinar quebusca o conforto,
bem estar e a saúdedo trabalhador e, em
conseqüência, oincrementoprodutivo.
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postura sentada prolongada é realmente muito menoscomprometida com trabalho estático do que a postura de pé,embora também seja prejudicial em longo prazo, poispoderão surgir complicações de fadiga, que, pela alternânciacom o trabalho em pé, tornam-se menos críticas.
Embora a questão postural seja apenas um dos inúmerosaspectos que devem ser discutidos e abordados emergonomia, este foi o foco prioritário estabelecido pelo grupotécnico multidisciplinar convidado pela Abicalçados. Emdiversas reuniões realizadas na sede da entidade durante oano de 2009, discutiu-se atividade por atividade de cada setor,considerando, inclusive, a grande diversidade de modelos quecirculam a cada estação.
De acordo com cada modelo de sapato, existem algunsaspectos (detalhes) específicos que requerem, em determinadaoperação, um equipamento, máquina e/ou posto de trabalhodiferenciado ou adaptado. Essa situação, por sua vez, implicaque, em determinados períodos do ano, conforme a estaçãoclimática e/ou tendo como fator determinante a moda, sejamexercidas algumas atividades, que, em outros momentos,estão dispensadas do processo. Pode-se citar, como exemplo,a diferença entre a fabricação da sandália, que é aberta, da dosapato, que é fechado. Na sandália aberta (de dedo) não seutiliza a atividade de apontar bico; já no sapato fechado,geralmente se utiliza.
Antes de aprofundar as questões relacionadas às posturasde trabalho, há que se compreender o processo de fabricaçãodo calçado quanto ao modo de produção predominante, adivisão por setores e as características das atividades. Otrabalho na indústria calçadista divide-se em quatro setoresprincipais, dependendo do porte da empresa. Os setoresapresentam-se na seguinte sequência no processo, de acordocom as características de fabricação: almoxarifado, corte,costura (preparação e costura), montagem (montagem eacabamento) e expedição. Em cada setor são realizadas
Posturas de trabalho na indústria calçadista
De acordo com cadamodelo de sapatoexistem algunsaspectos (detalhes)específicos querequerem, emdeterminadaoperação, umequipamento,máquina e/ou postode trabalhodiferenciado ouadaptado.
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atividades com características distintas, embora algumassejam comuns a todo o processo, o que exige posturas detrabalho também diferenciadas, de acordo com as atividades.
Para exemplificar a relação da postura com ascaracterísticas da atividade, de acordo com a Nota Técnica –NT 060/2001 do Ministério do Trabalho e Emprego, a posturaem pé é justificada quando a tarefa exige deslocamentoscontínuos, manipulação de cargas com peso maior ou igual a4,5 kg, alcances amplos frequentes (para cima, para frente oupara baixo), operações frequentes em vários locais de trabalhofisicamente separados ou aplicação de forças para baixo.Assim sendo, fica evidente que os fatores que determinam amelhor postura a ser adotada em determinado posto detrabalho são as características da atividade exercida. Portanto,antes de discutir a postura de trabalho, há de se caracterizar oscomponentes da atividade.
Nesse contexto, ainda a título de exemplo, as atividades deelaboração do calçado de modo geral, de acordo comRenner, Oliveira e Bühler (2004), têm como características autilização de motricidade fina (mãos e dedos), em função daconfiguração do produto que é de pequeno porte, e, conformedemanda e de acordo com a moda, tem inserido pequenosdetalhes, como costuras, enfeites, fivelas e fechos, queacabam por exigir esforço físico, envolvendo principalmentemãos e dedos. Em todas essas atividades, o posto de trabalhodeve ser organizado para que o trabalhador possa exercer suatarefa com postura alternada.
A seguir são apresentados alguns aspectos específicos dotrabalho de cada setor da indústria calçadista.
ALMOXARIFADO E EXPEDIÇÃO: no setor de almoxarifado eexpedição, as atividades caracterizam-se por deslocamentosfrequentes, o que implica realizar o trabalho predominantementena posição em pé, exceto em alguns postos de revisão e/ou empostos informatizados, como escrita fiscal e de faturista, em que apostura poderá ser sentada ou alternada.
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SETOR DE CORTE: neste setor, a maioria das atividadesapresenta grande movimentação de membros superiores,assim como a própria configuração das máquinas requer apostura em pé, especialmente os balancins “jacaré” e osbalancins ponte. No entanto, existe um grupo de atividadesque pode ser realizada em postura alternada, como as que têmcaracterísticas de revisão e/ou pequenos ajustes nas peças:colocar zíper manual, cortar e amarrar peça manual, talonar ,chanfrar, assim como as atividades de revisão. Salienta-se quenas atividades em que não é possível que ocorra a alternânciapostural – o que pode ocorrer em função da própriaconfiguração da máquina, obrigando o trabalhador a atuarna posição em pé – uma das alternativas é a implantação daalternância de funções . Nesse caso, o trabalhador deverárealizar mais de uma atividade, ora na postura em pé, ora napostura sentada, sendo a postura fator determinante da troca,embora as características da atividade determinem a posturaideal em cada tarefa.
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2
1.
2.Agrupar peçasObservar as questões: salário e as determinações dos programas PPRA,
PCMSO, a compatibilidade com a função a exercer.
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Exemplo de atividade realizada na postura em pé: cortarcom balancim hidráulico
Figura 1: atividade realizada na postura em pé por terdeslocamentos freqüentes
Fonte: Abicalçados
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Exemplo de alternância postural em pé/sentado naatividade de colocar zíper manual.
Figuras 2 e 3: exemplo de alternância posturalem pé/sentado no setor de corte
Fonte: Abicalçados
SETOR DE COSTURA : neste setor, que tem inclusas asatividades de preparação e costura, as principaiscaracterísticas são o envolvimento de motricidade fina,acuidade visual e, ainda, quando acionadas, máquinas – oacionamento de pedal. Esses aspectos, quando presentes no
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3. Pesponto.
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trabalho, requerem a postura sentada. No entanto, se o postode trabalho for bem configurado e adaptado, a atividadepoderá ser realizada em postura alternada – o que é o maisindicado em termos biomecânicos. Assim sendo, levando emconsideração as características das atividades, todas poderãoser realizadas na postura alternada, exceto as que exigemdeslocamento frequente, tais como: abastecer esteira e operarmáquina de conformar.
Exemplo de alternância postural em pé sentado naatividade de rebater
Figuras 4 e 5: exemplo de alternância posturalem pé/sentado no setor de costura
Fonte: Abicalçados
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SETOR DE MONTAGEM:neste setor, as atividadescaracterizam-se pelo uso de maquinário e atividades comelementos biomecânicos diversificados, sendo que ocorre apredominância da postura em pé, em função dos alcances egrande movimentação impostos, tanto pela atividade quantopela conformação das máquinas. Em alguns casos, tem-se apresença do uso de força muscular durante a realização datarefa, o que, de acordo com a Nota Técnica 060/2001, limitaa posição sentada. Neste setor, para melhor caracterizar apostura ideal em cada atividade, apresentam-se as atividadesem quatro principais grupos e a justificativa para a indicaçãoda postura:
a) :atividades de abastecimento, encaixotar, colar etiquetas,separar formas, entre outras.
Na Nota Técnica 060/2001, encontram-se descritas astarefas que são desenvolvidas com deslocamentos frequentese/ou contínuos que podem ser realizados na postura em pé,configurando as características dessas atividades.
Atividades com deslocamentos frequentes (em pé)
Figura 6: Tarefa de encaixotarFonte: Abicalçados
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b): apontar bico, operar calceira, montagem,
conformar, grampear, fixar palmilha, pregar salto, rebater,centrar sola, entre outras.
De acordo com a Nota Técnica 060/2001, as tarefas queexigem alcances amplos e frequentes para cima, para frenteou para baixo podem ser realizadas em pé. No entanto, deve-se tentar reduzir a amplitude destes alcances para que se possatrabalhar sentado.
Exemplo de atividade de montar manual, a qual exigemovimentação de membros superiores e é realizada napostura em pé.
Atividades com ampla movimentação de membrossuperiores (em pé)
Figura 7: atividade de montar manual na postura em péFonte: Abicalçados
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c) : tirarrugas, montar traseiro, rebaixar planta, polir cabedal(principalmente se precisar de aspecto “queimado”), entreoutras.
Na Nota Técnica 060/2001, encontra-se a orientaçãopara a tarefa que exige a aplicação de forças para baixo,como em empacotamento, em que a postura em pé épermitida – como é o caso das características destasatividades.
Atividades com uso de força muscular (em pé)
Figura 8: Exemplo de atividadecom uso de força muscular
Fonte: Abicalçados
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d): aplicação de e adesivos de modo geral,
arrancar grampos e pregos, lavar e limpar solados, marcarpalmilha, montar caixas, perfurar/pregar e preparar manual,atividades de colagem/passar brilho/ e creme emgeral e revisão. Considerando a Nota Técnica 060/2001,todas as atividades que têm envolvimento de motricidade finapoderão ser realizadas na postura alternada.
Por fim, ao confrontar as características das atividadesrealizadas na indústria calçadista e o que está disposto naNota Técnica 060/2001, ressalta-se que a postura detrabalho adotada deve ocorrer em função da atividadedesenvolvida, das exigências da tarefa (visuais, emprego deforças, precisão dos movimentos etc.), dos espaços detrabalho, da ligação do trabalhador com máquinas eequipamentos de trabalho, como, por exemplo, oacionamento de comandos. As amplitudes de movimentos dossegmentos corporais, como os braços e a cabeça, assim comoas exigências da tarefa em termos visuais, de peso ou esforçosinfluenciam na posição do tronco e no esforço postural, tantono trabalho sentado como no trabalho em pé.
Atividades com motricidade fina e pouca movimentação(alternado) halogen
praimer
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Exemplo de atividade de rebaixar planta que normalmenteé realizada na postura em pé, mas em função de a atividadeexigir pouco deslocamento (o que configura como posturaestática) foi testado e aprovado pelos trabalhadores aalternância postural em pé/sentado.
Figuras 9 e 10: Exemplo de alternância postural com uso de equipamentoFonte: Abicalçados
Exemplo de alternância postural em pé/sentado naatividade de aplicar adesivo que se caracteriza pormotricidade fina e com pouca movimentação
Figuras 11 e 12: Exemplo de alternância posturalna atividade de aplicar adesivo
Fonte: Abicalçados
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Com relação às atividades de trabalho da indústriacalçadista que devem ser realizadas na posturaalternada, que são a maioria, os requisitos para
adequação dos postos de trabalho devem seguir os seguintesaspectos:
a) : asatividades realizadas em bancadas e mesas, que, na indústriacalçadista, de modo geral, envolvem motricidade fina eacuidade visual, devem ocorrer na postura alternada. Estasatividades são as de preparação, aplicação de adesivos,revisão de qualidade, lavar e limpar solados, marcar palmilha,fazer bucha, fechar caixinha, entre outras.
Seguem alguns exemplos de atividades em que se realiza aalternância de postura em pé/sentado nos setores de corte,costura e montagem.
Quanto às atividades de trabalho alternado
Figura 13: No setor de montagem, atividades de pregar alturaFonte: Abicalçados
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b) : ospostos de trabalho para estas atividades devem serconfigurados para a alternância postural, sendo que a alturada bancada/mesa (observar que deve ser utilizado apoio depés – item d) é projetada para a postura em pé. A cadeira, noentanto, deve ter regulagens que permitam a flexibilidade deajustes conforme as diversidades antropométricas dapopulação e acompanhar a altura da bancada. De acordocom Iida (2005), no caso de bancada fixa, é melhordimensioná-la pelo trabalhador mais alto e providenciar umestrado, que pode ter altura de até 20 cm, para o trabalhadormais baixo. Esse estrado pode ter uma altura diferente paracada trabalhador, ajustando-se às suas dimensõesantropométricas; se ele mudar de bancada, poderá carregá-lopara o novo local. Assim, as alturas dos postos de trabalhopodem ser ajustadas individualmente, a custos reduzidos.Outra medida possível de ser adotada é que a bancada(principalmente as de pequenas dimensões) seja provida dedispositivo para regulagem de altura, que pode ser adequadaconforme a altura dotrabalhador. Importanteobservar, no entanto, quea regulagem deve ser defácil manuseio, semimplicar na necessidadede chamar a manutençãomecânica para fazê-lo.
Quanto à configuração dos postos de trabalho
Figura 14: Exemplo deutilização de estradoFonte: Abicalçados
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Exemplo de máquina de rebaixar planta (lixa) comregulagem de altura
Regulagem de altura
Figura 15: Máquina com regulagem de alturaFonte: Abicalçados
c) :tendo em vista que a maioria das atividades da indústriacalçadista envolve acuidade visual em função de o produto terpequenas dimensões, estes requisitos tendem a serdeterminantes para a saúde do trabalhador, assim como naboa performance para o trabalho. Em algumas atividades,como costura, chanfro, virar fita à máquina, dividir o couro(máquinas de dividir), entre outras que têm o ponto derealização da tarefa fixo (agulha da costura, navalhas e vira),devem ter o ponto de visualização considerado ótimo, situadona metade da linha do olho (campo visual) e o cotovelo fletido
Quanto aos alcances, visualização e acionamentos
4
4. Facas.
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a 90º. Essa situação é bem caracterizada pelas máquinas decostura de coluna, pois o ponto de visão está situadoexatamente entre esses dois parâmetros.
Linha dos olhos
Ponto de visão
Cotovelos
Figura 16: Máquina de costura (alcances e visualização)Fonte: Abicalçados
Figuras 17 e 18: Exemplos de posto de trabalho de costuracom máquina de coluna na postura em pé e sentada
Fonte: Abicalçados
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Outro exemplo para organizar a alternância de postura éadaptar as máquinas para postura em pé e disponibilizarcadeiras altas (com haste de incursão para regulagem daaltura do assento em torno de 78 cm) e disponibilizar apoio depés, que pode estar fixo à máquina ou apoiado no chão.
Figuras 19 e 20: Máquinas de costuraadaptadas para postura em pé/sentado
Fonte: Abicalçados
Tanto na postura sentada quanto na postura em pé, otrabalhador deve ter liberdade para apoiar ou não oscotovelos durante a atividade de costurar. Em termos deprevenção dos sintomas de fadiga muscular, orienta-se quemodificar a postura é o mais adequado, no entanto, devem serdisponibilizadas “almofadinhas” para apoiar os cotovelos,evitando, assim, a compressão dessa região. Nas figuras 15 e16, visualiza-se o trabalhador costurando sem realizar o apoiodos cotovelos, enquanto na figura 18 os cotovelos estãoapoiados.
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Figuras 21 e 22: O trabalhador deve ter liberdadede usar ou não um apoio (almofadinha) para cotovelos
na mesa a fim de evitar a compressão da regiãoFonte: Abicalçados
As alavancas devem estar ao alcance do trabalhador, semque ele tenha necessidade de erguer os ombros acima de 90º,sendo que o ideal é que os ombros e os braços estejam o maispróximo possível do corpo. Dessa forma, evita-se o trabalhomuscular estático, que pode induzir a fadiga muscular. Asfiguras abaixo, de acordo com Chaffin .(2001), indicam osalcances e limites para as situações descritas.
et al
Figura 23: A figura indicao limite máximo de alcance
dos braços, considerando queo ideal é a flexão próxima a 90º
Fonte: Chaffin et al. (2001)
Figura 24: A figura indicao limite entre a extensão dosbraços e a elevação frontal,
sendo que o ideal é aproximidade do cotovelo em 90º
Fonte: Chaffin et al. (2001)
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Exemplifica-se a situação acima descrita na atividade decortar com balancim hidráulico, em que o trabalhador utilizacavalete, posicionado ao lado do balancim, para apoiar aspeles de couro facilitando o alcance. Dessa forma, mantém apostura neutra da coluna vertebral (sem curvar nem torcer) e osmembros superiores podem ser mantidos próximos ao corpo,facilitando a atividade de trabalho.
Figura 25: Alcance facilitado pelo usode cavalete no balancim hidráulico
Fonte: Abicalçados
Outra medida que facilita a atividade de cortar édisponibilizar bancadas laterais ao equipamento, como, porexemplo, para posicionar navalhas, o que elimina osmovimentos de rotação de coluna que o trabalhador realizapara alcançar a bancada, quando a mesma está posicionadaatrás do equipamento.
Figura 26: Uso de bancadas lateraispara posicionar navalhas no balancim ponte
Fonte: Abicalçados
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No setor de montagem na etapa de desenformar, deve-seobservar a altura da esteira de retorno das formas e doformeiro. Abaixo seguem dois exemplos adotados paraguardar as formas e que proporcionam postura adequada dotrabalhador.
Figuras 27 e 28: Exemplo de formeiro circular posicionadoao lado do posto de desenformar
Fonte: Abicalçados
Figuras 29, 30 e 31: Trabalhador retira forma,posiciona em uma caixa e transporta até o formeiro
Fonte: Abicalçados
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Deve-se utilizar com maior frequência as prateleiras,posicionadas na área de alcance, evitando movimentosamplos de membros superiores e de coluna.
Segue exemplo de prateleiras para armazenar caixas nosetor de corte. Nesse caso, os materiais mais utilizados estãoposicionados na linha de alcance (acesso facilitado).
Figura 32: Prateleira que permite fácil acesso às caixasFonte: Abicalçados
d) : da mesma forma que a cadeiradeve ser flexível para acomodar a maioria dos trabalhadores(com regulagens), deve ser utilizado um apoio de pés quetenha regulagem de altura para contemplar a diversidade dealtura dos trabalhadores e permitir que fiquem acomodadosde forma confortável durante o exercício do seu trabalho.
Quanto ao apoio de pés
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Segue exemplo de postos de trabalho configurados paraalternância postural e apoio de pés:
Figura 33: Uso de apoio de pésna bancada de preparação
Fonte: Abicalçados
Figura 34: Uso de apoiode pés fixo na esteiraFonte: Abicalçados
e): de acordo com a Nota Técnica 060/2001, as
cadeiras devem oferecer estabilidade de encosto. O assentode trabalho ideal deve ser determinado em função daatividade desenvolvida, das condições ambientais de trabalhoe, principalmente, da opinião dos usuários. A NR 17 prevê aaltura do posto de trabalho ajustável à altura do trabalhador.Nesse caso, salienta-se que se a cadeira e o apoio de pés sãoajustáveis, não há necessidade de a mesa/bancada serajustável. Os ajustes devem ser facilitados de modo a permitirque o trabalhador tenha autonomia e facilidade para asadaptações.
Quanto às características da cadeira e seleção doassento
A cadeira deve ter regulagem para:
1. altura do assento;
2. aproximação do encosto;
3. altura do encosto.
Figura 35: Regulagens necessárias para o assentoFonte: Abicalçados
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f) :os dois tipos de pedais mais utilizados nas atividades detrabalho na indústria calçadista são o mecânico e o "bolha".Em experimento realizado por Renner (2002), com o objetivode elucidar qual a melhor postura na indústria calçadista, ficouevidente que, independentemente do tipo de pedal utilizado,este deve permitir um bom posicionado dos pés e pernas parapromover o conforto necessário na postura alternada. Seguemexemplos dos dois tipos de pedal mais utilizados e a forma deutilização.
Quanto aos postos de trabalho com utilização de pedais
Figura 36: Cadeira adaptada (pé mais curto)para aproximar do pedal mecânico
Fonte: Abicalçados
Figuras 37, 38 e 39: apoio de pés e utilizaçãodo pedal protegido na posição sentada e em pé
Fonte: Abicalçados
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Figura 40: Corte manualFonte: Abicalçados
g): algumas atividades da indústria calçadista,
principalmente as do setor de corte e de montagem nãopermitem a postura alternada em função das suascaracterísticas e/ou da configuração da máquina. A principalatividade no setor de corte que precisa ser realizada em pé é ocorte, tanto manual como mecânico (balancim de braço móvele balancim ponte).
Quanto às atividades de trabalho que devem serexecutadas em pé
No setor de montagem, a possibilidade de troca éfacilitada, pois existem diversas operações que podem serexecutadas na postura alternada, embora haja predominânciade máquinas e atividades que impõem postura em pé. Nessecaso, conforme previsto no texto relacionado a posturas detrabalho, a troca de funções deve ocorrer de modo a facilitaralternância de características das atividades, as quais sedividem em três grupos: atividades com ampla movimentaçãode membros superiores (em pé); atividades com uso de forçamuscular (em pé); atividades com motricidade fina e poucamovimentação (alternado).
45
De acordo com a NR 17, torna-se importante exporalguns conceitos relativos ao manuseio e transportede cargas: a) o transporte manual de cargas designa
todo transporte no qual o peso da carga é suportadointeiramente por um só trabalhador, compreendendo olevantamento e a deposição da carga; b) transporte manualregular de cargas designa toda atividade realizada de maneiracontínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, otransporte manual de cargas.
O manuseio e transporte de cargas tende a ter diversasvariáveis que corroboram para acentuar ou minimizar osproblemas que podem decorrer da atividade. Nesse sentido, éimportante que a relação entre o peso do objeto e ascondições em que ele é transportado, elevado ou manuseadoseja avaliada de forma quantitativa. Para compreender o graude relevância ou de implicações na saúde do trabalhador, o
(NIOSH)– Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacionaldesenvolveu uma avaliação específica que propõe que astarefas de manuseio de cargas possam ser avaliadas deacordo com as seguintes variáveis:
1) peso do objeto manuseado;2) posição da carga em relação ao corpo - medida tanto
no ponto inicial quanto no final do levantamento, em termosde coordenadas horizontal e vertical;
3) frequência de levantamento;4) período ou duração - tempo total do levantamento;5) possibilidade de preensão ou pega.Conforme Chaffin (2001), através da aplicação da
Equação de NIOSH, identificam-se os limites de levantamentode cargas. Esse processo de avaliação quantitativa domanuseio de cargas é essencial na determinação da estratégiade prevenção a ser adotada e possibilita estabelecer uma basesólida no planejamento das intervenções mais eficazes paraque o controle seja alcançado.
Embora as atividades da indústria calçadista não secaracterizem de forma expressiva pelo manuseio e transportede carga, e, sim, pela motricidade fina, algumas atividadesenvolvem levantamento, transporte e descarga de materiais,principalmente nos setores de almoxarifado, de pré-fabricado
National Institute for Occupational Safety and Health
et al.
48
e de expedição. Nos demais setores produtivos, como corte,costura e montagem, também ocorre manuseio de cargas, noentanto com menor frequência e menor grau de risco. Assimsendo, o processo de avaliação quantitativa do manuseio decargas, através da aplicação da Equação de NIOSH, pode,pois, auxiliar na determinação de qual característica específicada tarefa deve sofrer intervenção.
: é o setor responsável pelorecebimento e distribuição de materiais para os setores(matéria-prima, insumos e componentes). De acordo comGrandjean (1988), a OIT preconizou que, caixas e sacariascom peso superior a 23 kg, para serem transportadas, devemter o auxílio de algum dispositivo de transporte, comocarrinhos, esteira transportadora, entre outros. Quanto ao usode carrinhos, destaca-se a importância de pisos adequados,evitando desníveis ou piso solto. Outra consideração é quantoà dimensão das rodas, ou seja, quanto maior o diâmetro daroda, menor o esforço físico realizado pelo trabalhador. Éimportante, ainda, ter o cuidado de não associar ao manuseioe transporte posturas críticas, como flexão e extensão decoluna e/ou movimentos de rotação, pois são fatorespotencializadores de riscos para a saúde.
Exemplo de uso de carrinho para transportar rolos.
SETOR DE ALMOXARIFADO
Figura 41: Carrinho para transportar rolosFonte: Abicalçados
49
SETOR DE CORTE: neste setor, as atividades de manuseioe transporte de carga encontram-se presentes somente nadistribuição do material, disponibilizado em caixas plásticasque comportam aproximadamente de 20 a 40 Kg. Paratransporte desse material para as linhas ou células deprodução, há necessidade de um dispositivo auxiliar, que podeser um carrinho. Nesse sentido, é importante observar onúmero máximo de quatro caixas sobrepostas a seremtransportadas sobre o carrinho, com a finalidade de permitir aboa visualização e garantir estabilidade.
5
Figura 42: Carrinho para transporte de caixasFonte: Abicalçados
5. Dimensões: 30,5 cm de altura, 36 cm de largura e 54,5 cm de comprimento.
50
SETOR DE COSTURA: no setor de costura, há maiornecessidade de manuseio e transporte quando o trabalho érealizado em células, uma vez que o material, geralmente, étransportado de uma célula a outra em caixas. Quando o
trabalho é realizado em linha (com ou sem esteiratransportadora), essa questão é amenizada, pois o transportedo material é feito pela própria esteira. De qualquer modo,independentemente de as atividades do setor de costura seremrealizadas em células ou linhas de produção, apenas asatividades de abastecimento (fase inicial do processo) têmimplícito manuseio e transporte, que pode ser facilmentesolucionado com o uso de dispositivos auxiliares de transporte.
: no que diz respeito ao manuseioe transporte de carga, as atividades no setor de montagemassemelham-se às da costura. No entanto, a etapa deencaixotamento, a última do processo, apresenta manuseio decarga, que, embora seja mínima (entre 7 e 10 Kg –dependendo do modelo do calçado), o modo de transportartorna-se relevante como fator de risco. Nesse caso, osdeslocamentos com carga devem ter a menor distânciapossível, ser realizados com o auxílio de dispositivos e, ainda,os trabalhadores devem ser orientados para carregar poucasou somente uma caixa de cada vez.
: as caixas, que comportamaproximadamente 12 caixinhas de sapato, não apresentammaior risco em função do peso unitário ou mesmo quandoagregada mais de uma caixa em um único transporte. Noentanto, o maior cuidado deve estar focado na forma comoocorre o abastecimento do caminhão para posteriordistribuição para as lojas; deve ser determinada aotrabalhador a quantidade de caixas transportadas/manuseadas, para que não exceda a carga possível de sersuportada sem prejuízo musculo-esquelético. A partir dessaetapa, a carga é transportada até o caminhão com o uso decarrinhos, quando se deve ter cuidado com a nivelação dopiso (saída da fábrica) e a altura do caminhão. Se houvernecessidade de colocação de rampa para facilitar oabastecimento do caminhão, está deve ter uma inclinaçãoentre 5% e 8% (Pontos de Verificação Ergonômica - OIT), não
SETOR DE MONTAGEM
SETOR DE EXPEDIÇÃO
51
superior, evitando, assim, a sobrecarga física ao trabalhador.Outra medida que pode facilitar o manuseio de cargas érealizá-lo em dupla.
: as atividades realizadas nosetor de manutenção mecânica tendem a ter implícito omanuseio de carga no transporte e/ou manuseio demáquinas, assim como do material de apoio, comoferramentas que são carregadas aos setores onde é realizada amanutenção. Esse material deve ser carregado em carrinhos,facilitando o transporte. O manuseio de máquinas eequipamentos pesados (acima de 23 kg), por sua vez, deve serrealizado através de equipamentos facilitadores, comoempilhadeira elétrica ou manual.
Quando não é possível transportar a carga de outra formaque não seja manualmente, deve-se ter o cuidado de preservarao máximo a estrutura física do trabalhador. Nesse caso, oscuidados posturais mais importantes são: pegar a cargasimetricamente, evitando ao máximo qualquer torção dacoluna lombar e qualquer rotação lateral do tronco;aproximar a carga do corpo e elevá-la o mais próximo possíveldo corpo; evitar movimentos bruscos.
MANUTENÇÃO MECÂNICA
Figura 43: Carrinho para transporte de máquinasFonte: Abicalçados
52
Considerações sobre a Equação de NIOSHTendo em vista que estabelecer o peso ideal a ser
manuseado é complexo, pois devem ser consideradasalgumas variáveis, como peso, frequência, postura adotada econdições de "pega", expõem-se exemplos de resultados deaplicação da Equação de NIOSH no setor calçadista.
A mesma carga (peso) manuseada pode ter resultadosdiferentes de acordo com as características e das variáveisenvolvidas na tarefa. Assim sendo, ressalta-se que a discussãoda Equação de NIOSH no contexto descrito não tem comoobjetivo explicar o uso da ferramenta, mas utilizá-la comoreferência, exemplificando que é possível quantificar a cargarecomendada para cada atividade de trabalho, considerandopeso da carga, postura, distâncias/alavancas, entre outros. Oobjetivo, outrossim, é demonstrar que quanto mais adequadofor o posto de trabalho menor será a sobrecarga, prevenindo,assim, danos à saúde dos trabalhadores.
SituaçãoQuando o trabalhador transfere carga/peso que está
sobre o carrinho para o corrugado, ocorre a postura crítica deflexão de coluna.
não recomendada
Figura 44: Situação não recomendadaFonte: Abicalçados
53
SituaçãoQuando o trabalhador utiliza uma bancada para apoiar o
corrugado, elimina a postura crítica, obtendo umposicionamento neutro da coluna vertebral.
recomendada
Figura 45: Situação recomendadaFonte: Abicalçados
De acordo com Guimarães (2004), ao descrever sobre ométodo NIOSH para o levantamento de peso, diz que énecessário criar condições favoráveis para realizar asatividades, eliminando disfunções que advém do trabalho,tendo como parâmetro os princípios da fisiologia e dabiomecânica. Pesquisas sobre levantamento de pesoconcluíram que a carga máxima tolerável na posição agachadaé de 15 Kg, na posição flexionada, de 18 Kg e, nas melhorescondições, de 23 Kg, considerando as seguintes variáveis:
- a altura inicial da carga antes de ser transportada deveser de cerca de 75 cm, de forma que o trabalhador não securve;
- uma altura mínima de 40 cm, mesmo que o trabalhadorse curve, ainda é mais favorável do que se a carga estiver renteao solo;
54
- a carga deve estar próxima do corpo;- a carga deve ter alças para encaixe das mãos;- a carga deve estar posicionada de modo que evite
rotações (giros) da coluna;- a frequência do levantamento não deve ser superior a um
por minuto.Seguem exemplos para facilitar o manuseio de cargas de
acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego –Fundacentro (2001).
Figuras 46 e 47: Exemplos para facilitar o manuseio de cargasFonte: Pontos de Verificação Ergonômica
55
Exemplos de facilitações durante o manuseio de carga.
Figuras 48 e 49: Exemplos de facilitações durante o manuseio de cargasFonte: Pontos de Verificação Ergonômica
56
CONDIÇÕESAMBIENTAISDE TRABALHO
57
As condições ambientais de trabalho dizem respeito aomeio (local) em que as atividades dos trabalhadoressão desenvolvidas.
Tais condições quando não controladas (adequadas)podem afetar a saúde (doença), a integridade física (acidente),o conforto e o desempenho do trabalhador.
A Norma Regulamentadora Nº 9 – PROGRAMA DEPREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS define os riscosambientais como “os agentes físicos, químicos e biológicosexistentes nos ambientes de trabalho que, em função de suanatureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição,são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.”
Na indústria calçadista, de maneira geral e de forma maisevidente, verifica-se a presença de agentes físicos (ruído evibração) e químicos (especialmente vapores orgânicos). Alémdisso, em razão das peculiaridades de cada estabelecimento,podem ocorrer riscos de outras naturezas.
A identificação (antecipação ou reconhecimento),avaliação e a adoção de medidas de controle dos riscosambientais (quando ultrapassados os limites de tolerânciaou o nível de ação ) constituem etapas do Programa dePrevenção de Riscos Ambientais, cuja elaboração eimplementação é obrigatória por todos os empregadores einstituições que admitam trabalhadores como empregados,independentemente da quantidade.
6
7
8
6.
7.
8.
É fundamental considerar o conhecimento e a percepção que ostrabalhadores têm dos riscos ambientais e dos processos de trabalho
Concentrações dos agentes químicos ou intensidade dos agentes físicospresentes no ambiente de trabalho sob as quais os trabalhadores podem ficarexpostos durante a sua vida laboral, sem sofrer efeitos adversos a sua saúde.
Considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser iniciadas açõespreventivas de forma a minimizar a probabilidade de que as exposições aagentes ambientais ultrapassem os limites de exposição, sendo: a) paraagentes químicos, a metade dos limites de exposição ocupacionalconsiderados de acordo com a alínea "c" do subitem 9.3.5.1 da NR-15; e b)para o ruído, a dose de 0,5 (dose superior a 50%), conforme critérioestabelecido na NR-15, Anexo I, item 6.
58
Entretanto, mesmo que o agente encontre-se abaixo doslimites de tolerância ou esteja controlado, representa fator quecontribui para a ocorrência de acidente de trabalho (porexemplo, ruído que não permita a compreensão deinformações/instruções), causa dano à saúde indiretamente(por exemplo, alteração de pressão arterial devido ao calor), eafeta as condições de conforto (sensação de muito calor, porexemplo) nos locais de trabalho e reduz a produtividade.
Assim, do ponto de vista ergonômico, as medidas decontrole para eliminar ou atenuar riscos ambientais devemobservar também as condições de conforto e estaremadequadas às características psicofisiológicas dostrabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.
O Artigo 176 da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT),em seu parágrafo único, estabelece que os locais de trabalhodeverão ter ventilação natural (ilustrada abaixo) compatívelcom o serviço realizado, sendo a ventilação artificialobrigatória sempre que a natural não preencha as condiçõesde conforto térmico.
Conforto Térmico
Figura 50: Exemplo de ventilação natural por ação dos ventosFonte: Manual de Conforto Térmico (FROTA & SCHIFFER, 1995.)
59
A ventilação natural é obtida através do posicionamentoadequado das aberturas do prédio (portas, janelas, exaustoresnaturais) e a artificial através da instalação de sistemas deventilação/exaustão ou sistemas de ar condicionado. Tanto aventilação natural quanto a artificial propiciam confortotérmico.
Para Álvaro César Ruas (1999), conforto térmico pode serdefinido como a sensação de bem-estar experimentada poruma pessoa como resultado da combinação satisfatória datemperatura radiante média, umidade relativa, temperaturado ambiente e velocidade relativa do ar com a atividadedesenvolvida e com a vestimenta utilizada pelas pessoas .
É evidente que as sensações são subjetivas, ou seja,determinado ambiente pode ser confortável termicamentepara uma pessoa, frio para outra ou quente para uma terceira.Portanto, é possível concluir como condições ambientais deconforto térmico as que propiciam bem-estar ao maiornúmero possível de pessoas.
O aspecto do conforto térmico é de suma importância, poisas perturbações no conforto podem ocasionar alteraçõesfuncionais. O calor excessivo conduz ao cansaço, àsonolência, reduz a prontidão de resposta e aumenta aprobabilidade de falhas. Já o frio, implica na necessidade deaumento de atividade (para regulação térmica), o que tambémreduz a atenção e a concentração no trabalho.
Nesse sentido, destaca Grandjean (1998): “a garantia deum clima confortável no ambiente é, assim, um pré-requisitonecessário para a manutenção do bem-estar e para acapacidade de produção total.”
O artigo 178 da CLT estabelece que as condições deconforto térmico dos locais de trabalho devem ser mantidas deacordo com os parâmetros fixados pelo Ministério do Trabalho
9
9. Para a NBR 16401-2:2008 a sensação de conforto térmico deve alcançar80% ou mais de pessoas.
O aspecto
do conforto térmico
é de suma importância,
pois as perturbações
no conforto podem
ocasionar alterações
funcionais.
60
e Emprego, os quais foram traçados apenas paradeterminadas e restritas situações , contempladas na NR-17,conforme transcrito a seguir:
As disposições do item 17.5.2 e seus subitens sãoaplicáveis aos setores de modelagem, desenvolvimentoproduto e setores administrativos das fábricas de calçados.
10
17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadasatividades que exijam solicitação intelectual e atençãoconstantes, tais como: salas de controle, laboratórios,escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos,dentre outros, são recomendadas as seguintes condições deconforto:a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR10152 (Níveis de Ruído para o Conforto Acústico), normabrasileira registrada no INMETRO;b) índice de temperatura efetiva entre 20 C (vinte) e 23 C(vinte e três graus centígrados);c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) porcento.17.5.2.1. Para as atividades que possuam as característicasdefinidas no subitem 17.5.2, mas não apresentamequivalência ou correlação com aquelas relacionadas naNBR 10152 (Níveis de Ruído para o Conforto Acústico), onível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor nãosuperior a 60 dB.17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devemser medidos nos postos de trabalho, sendo os níveis de ruídodeterminados próximos à zona auditiva e as demais variáveisna altura do tórax do trabalhador.
11 o o
10.
11.Incluindo parâmetros para conforto acústico.Correlação entre as sensações de conforto e as condições de temperatura,
umidade e velocidade do ar.
61
A temperatura efetiva é avaliada através de ábacos, comoo da figura a seguir:
Figura 51: Diagrama de temperaturas efetivas, mostrando a zona demaior conforto térmico para o organismo (LEHMANN, 1960)
FONTE: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
62
Para o setor de produção, os níveis de ruído devem seravaliados e controlados conforme a NR-9. Havendo fontes decalor, procede-se à avaliação da sobrecarga térmica, tambémconforme a Norma Regulamentadora.
Dependendo da região do país e da época do ano, odesconforto térmico está presente, com sensações de calor efrio, as quais devem ser consideradas e avaliadas.
Na falta de uma normalização específica para confortotérmico em ambientes industriais, pode-se considerar comoreferência técnica para se manter os locais de trabalho dentrode parâmetros de conforto os valores estabelecidos pela NBR1640102:2008 apresentados na Tabela 112
TABELA 1 – Parâmetros de Conforto
TemperaturaOperativa13(oC)
Umidaderelativa (%)
Velocidade médiado ar (m/s)
Verão22,5 a 25,5 65
,20 ou 0,2523,0 a 26,0 35
Inverno
21,0 a 23,5 600,15 ou 0,20
21,5 a 24,0 30
Ações visando ao conforto térmico podem ser incluídas nasmetas do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais .
A iluminação do ambiente de trabalho geralmente érenegada a segundo plano, não tomando a importância querepresenta na segurança e saúde do trabalhador, uma vez que
14
Iluminação
12.
13.
14.
Esta NBR especifica os parâmetros do ambiente interno que proporcionamconforto térmico aos ocupantes de recintos providos de ar condicionado.
Temperatura uniforme de um ambiente imaginário, no qual uma pessoatrocaria a mesma quantidade de calor por radiação e convecção que noambiente não uniforme real.
Recomenda-se a leitura de CONFORTO TÉRMICO NOS AMBIENTES DETRABALHOS e AVALIAÇÃO DE CONFORTO TÉRMICO, CONTRIBUIÇÃO ÀAPLICAÇÃO PRÁTICA DE NORMAS INTERNACIONAIS, ambos de ÁlvaroCesar Ruas, publicados pela FUNDACENTRO.
63
atinge as esferas da produtividade, bem-estar e representafatores desencadeantes de fadiga visual e acidentes.
Segundo Iida (2002, p. 258.),
A NR-17, no item 17.5.3, estabelece que em todos oslocais de trabalho deve haver iluminação adequada, naturalou artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza daatividade:
: É a iluminação feita pela luz solar através devidraças, portas, janelas, telhas de vidro, etc.
: É a iluminação feita através de lâmpadaselétricas, que podem ser fluorescentes, incandescentes, demercúrio, etc. Pode ser geral ou suplementar.
Geral: Ilumina todo o local de trabalho, não objetivandouma única operação. Está geralmente afastada dostrabalhadores, como é o caso das lâmpadas ouluminárias colocadas no teto.
[...] a fadiga visual é provocada principalmente peloesgotamento dos pequenos músculos ligados ao globoocular, responsáveis pela movimentação, fixação efocalização dos olhos. Raramente referem-se à dificuldadede percepção. A fadiga visual provoca tensão e desconforto.Os olhos ficam avermelhados, começam a lacrimejar, e afreqüência de piscar vai aumentando. Muitas vezes aimagem perde a nitidez ou se duplica. Em grau maisavançado, a fadiga visual provoca dores de cabeça,náuseas, depressão e irritabilidade emocional.
Natural
Artificial
Figura 52: Iluminação GeralFonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
64
Suplementar ou localizada: Concentra maior intensidadede iluminamento sobre a tarefa, enquanto oambiente geral recebe menos luz, da ordem de50% da primeira.
Combinada: A iluminação geral é complementada comfocos de luz localizados sobre a tarefa, comintensidade de 3 a 10 vezes superior ao ambientegeral.
Figura 54: Iluminação CombinadaFonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
Figura 53: Iluminação LocalizadaFonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
A iluminação combinada é recomendada quando a tarefaexige iluminamento local acima de 1.000 lux ; quando atarefa exige luz dirigida para discriminar certas formas, texturas
15
15.
2Lux: fluxo luminoso uniformemente distribuído que atinge uma superfície de
área igual a 1 m .
65
ou defeitos ou quando existem obstáculos físicos quedificultam a propagação da iluminação geral.
Através de um projeto adequado, tem-se melhoraproveitamento da luz natural, possibilitando economia deenergia (luz) elétrica. Contudo, essa luz pode ocasionardesconforto térmico, com aumento da temperatura ambiente,em razão do calor radiante, fator a ser relevado no projeto.
Além disso, as características da atividade desenvolvidasão primordiais para a definição do tipo de iluminação e dosníveis de iluminamento apropriados. Por isso, devem serconsideradas todas as variáveis existentes no ambiente, sendoo número adequado de luminárias e a correta distribuição doselementos fundamentais no atingimento do nível satisfatóriode iluminamento, de forma que a iluminação geral sejauniformemente distribuída e difusa.
A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada einstalada de forma a evitar ofuscamento , reflexos incômodos,sombras e contrastes excessivos.
Esse ponto é bem abordado por dois especialistas emergonomia: Etienne Grandjean (1998) e Iida (2005) que, comclareza didática, traçam algumas recomendações, as quaistranscrevemos:
16
17
,
- no campo visual de uma pessoa trabalhando não deveencontrar-se nenhum corpo luminoso. A visão direta docorpo luminoso durante o trabalho deve ser evitada atravésde todos os meios;- todas as luminárias devem ter quebra-luz, que devem serdosadas de forma que a densidade luminosa média dasinstalações seja menor que 0,3 sb na iluminação geral emenor que 0,2 sb na iluminação do local de trabalho;
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19
16.
17.
18.
19. 2
Quando um objeto é menos brilhante que o fundo.Diferença de brilho entre a figura observada e o fundo.Medida da claridade de superfícies.1 siltb (sb) = 10.000 Candela/m (Candela (cd) unidade de intensidade
luminosa).
Através de um projetoadequado, tem-semelhor aproveitamentoda luz natural,possibilitandoeconomia de energia(luz) elétrica.
66
- o ângulo entre a direção horizontal da visão e olho-luminária deve ser maior que 30 . Se, em um ambientegrande, um ângulo de menos de 30 é inevitável, asluminárias deve ter quebra luzes eficazes (Figura 51);- um número maior de luminárias com pequenasdensidades luminosas é melhor do que poucas lumináriascom grande densidades;- para evitar ofuscamentos por reflexos, o ambiente detrabalho deve ser ordenado para luminárias (ou asluminárias para o ambiente de trabalho) de tal forma que asmais frequentes direções de visão não encontrem a luzrefletida, e que os reflexos – mesmo que não ultrapassando olimite de contraste de 1:10 – não entrem nunca no campovisual;- deveria desistir-se definitivamente do uso de quaisquermateriais ou cores refletoras em máquinas, aparelhos,superfícies de mesas, quadros de controle e outros, paraevitar reflexos de qualquer espécie;- as janelas devem ficar na altura das mesas e aquelas, deformatos mais altos na vertical, são mais eficazes para umapenetração mais profunda da luz;- a distância da janela e do posto de trabalho não deve sersuperior ao dobro da altura da janela, para oaproveitamento da luz natural, conforme visualizado naFigura 56;- para reduzir o ofuscamento: a) usar vários focos de luz, aoinvés de um único; b) proteger os focos com luminárias ouanteparos, colocando um obstáculo entre a fonte e os olhos;c) aumentar o nível de iluminação ambiental em torno dafonte de ofuscamento, para diminuir o brilho; d) colocar asfontes de luz o mais longe possível da linha de visão; e) evitarsuperfícies refletoras, substituindo-as pelas superfíciesdifusoras;- para postos de trabalho onde se exigem maiores precisõesprovidenciar um foco de luz adicional, que pode ter umbrilho de 3 a 10 vezes superior ao do ambiente em geral;- usar cores claras nas paredes, tetos e outras superfícies,para reduzir a absorção da luz;- a luz da lâmpada fluorescente é intermitente e pode causaro efeito estroboscópico em motores ou peças emmovimento (se houver coincidência com a ciclagem de 60hertz podem produzir imagem estática), havendo risco deacidentes.
o
o
20
20. Ilusão de movimento: objetos animados mostram-se como se estivessem emrepouso ou em movimento muito lento.
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Figura 55: Posição das luminárias para evitar ofuscamento e reflexosFonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
Figura 56: Perfil de propagação da luz natural que penetrapelas janela (HOPKINSON e COLLINS, 1970)
Fonte: Ergonomia Projeto e Produção (IIDA,1992)
Os níveis mínimos de iluminamento a serem observadosnos locais de trabalho são os valores de iluminânciasestabelecidos na NBR 5413 (Iluminamento). Conforme essaNorma, nas indústrias de calçados, a iluminância (em lux) portipo de atividade (valores médios em serviço) deve ser seguir oque indica a tabela 2.
TABELA 2 – Iluminâncias em lux, por tipo de atividade
Atividade (1) (2) (3)
Riscagem de modelos, cortes, costuras,formação de pares e classificação
750 1000 1500
Pregação com tachas, colocação desolas, pregueação, colocação de formas,colocação de vira, enrijecimento,limpeza, tingimento e polimento
750 1000 1500
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O valor mais baixo (1) pode ser usado quando asrefletâncias ou contrastes são relativamente altos; e/ouquando a velocidade e/ou precisão não são importantes; e/ouquando a tarefa é executada ocasionalmente.
O valor intermediário (2) deve ser utilizado em todos os casos.O valor mais alto (3) deve ser utilizado quando a tarefa se
apresenta com refletâncias e contrastes bastantes baixos;e/ou quando erros são de difícil correção; e/ou quando otrabalho visual é crítico; e/ou quando alta produtividade ouprecisão são de grande importância; e/ou quando acapacidade visual do observador está abaixo da média.
Os valores apresentados na tabela 2 devem ser utilizadosna iluminação geral dos ambientes, sendo conveniente, paradefinição mais efetiva dos níveis de iluminamento erecomendação de iluminação suplementar, observar ascaracterísticas das tarefas realizadas (velocidade, precisão,entre outras), da população (idade do trabalhador, etc.) e doambiente (refletância do fundo da tarefa), aplicando-se atabela 1 – Iluminância por classe de tarefas visuais da NBR-5413:1992.
A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem17.5.3.3 da NR-17 deve ser feita no campo de trabalho emque se realiza a tarefa visual, utilizando-se de luxímetro comfotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e emfunção do ângulo de incidência.
Figura 57: Exemplo de luxímetroFonte: www.cescon.com.br
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Quando não puder ser definido o campo de trabalho, esteserá um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros)do piso. Além disso, importante salientar que as medições e oprojeto de iluminação devem ser realizados por profissionallegalmente habilitado.
Recomenda-se consulta à NBR 5382:1985 – Verificaçãode iluminância de interiores – para a avaliação (verificação)dos níveis de iluminamento.
Importante destacar, ainda, que para a qualidade dailuminação faz-se necessária a permanente manutenção dosistema, com a substituição de lâmpadas queimadas/danificadas e limpeza destas e das luminárias.
21
21. Esta norma fixa o modo pelo qual se faz a verificação da iluminância deinteriores de áreas retangulares, através da iluminância média sobre um planohorizontal, proveniente da iluminação geral.
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ORGANIZAÇÃODO TRABALHO
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Aorganização do trabalho deve ser adequada àscaracterísticas psicofisiológicas dos trabalhadores e ànatureza do trabalho a ser executado. De acordo com
o NR 17 e o Manual de Aplicação da NR 17 (2004), doMinistério do Trabalho e Emprego, devem ser levados emconta alguns aspectos, conforme segue:
a) Quanto às normas de produção, é importante que otrabalhador tenha acesso às normas, descritas ou não,para que ele possa ter tranquilidade em realizar atarefa. A clareza da descrição permite o entendimentodas rotinas de trabalho, auxiliando na condução doprocesso industrial e da realização do trabalho, tantoindividual quanto coletivo. Ainda estão incluídasquestões relativas aos horários de trabalho, àqualidade desejada do produto, inclusive mobiliário eequipamentos disponíveis. Nesse sentido, as normasoperacionais devem ser coerentes com a capacidadede produção dos trabalhadores, de modo a não induzira doenças e acidentes de trabalho. Há que se ter umequilíbrio entre demanda e possibilidade de realização,adaptando as condições de trabalho às característicasdo trabalhador.
b) Quanto ao modo operatório (jeito/forma individual derealizar o trabalho), é importante que o trabalhador,para que possa manter a saúde e a qualidade de vidano trabalho, tenha o seu modo operatório respeitado,pois dessa forma tende a ter melhor performanceprodutiva, assim como a preservação da sua saúde. Háde se observar que os gestos e posturas de trabalho nãosejam impostos, dando liberdade para que otrabalhador execute sua tarefa de acordo com o seujeito particular de realizá-la.
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c) Quanto à exigência de tempo, é importante salientarque o tempo para realização da tarefa é influenciadopor fatores individuais, pois a capacidade produtivapode variar de acordo com o momento do dia, do mês ede acordo com questões particulares. Considerandoesses fatores, torna-se crítico o trabalho comremuneração por peça produzida, pois existe umatendência de o trabalhador sentir-se estimulado e,assim, superar a sua própria capacidade produtiva,colocando em risco a sua saúde e segurança. Outroaspecto que deve ser considerado é a sobrecargamuscular e os Distúrbios Osteomusculares Relacionadosao Trabalho (DORT), que podem ocorrer quando ademanda de trabalho excede a capacidade dotrabalhador para alcançar as metas de produçãoestabelecidas. assim sendo, as avaliações das metasdevem ser coletivas, levando em consideração acapacidade do grupo, e não a individual.
d) Quanto à determinação do conteúdo de tempo, há dese ter a tarefa prescrita (determinada pela empresa),mas considerando também os elementos da tarefa nãoprescritos. Esses elementos acabam por fazer adiferença no resultado final do trabalho, ou seja,podem vir a conferir maior e melhor qualidade aoproduto, pois cada um tem a sua maneira de realizar oseu trabalho, independentemente do tempo pré-determinado pela organização.
e) Quanto ao ritmo de trabalho, um fator determinantedessa variável na indústria calçadista é o estudo detempos e movimentos, que devem ser propostos deacordo com as possibilidades do trabalhador e/ou deum grupo de trabalhadores. Independentemente de aempresa calçadista trabalhar com linhas de produção,utilizando esteiras transportadoras ou não, esse ritmopode ser respeitado desde que a velocidade sejaprogramada, levando em conta as variáveiscomplexidade e característica do modelo produzido.
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f) Quanto ao conteúdo das tarefas, há de se considerar ovalor que o trabalhador atribui à sua função. Nessesentido, tarefas de baixa complexidade, como aplicaradesivo, riscar, agrupar peças, abastecer, recolherpeças, entre outras, são consideradas de fácilrealização, sendo que a presença humana ocupaposição principal no processo produtivo e, por isso, aopinião do trabalhador na melhoria de métodos eprocessos é de extrema relevância. Quando otrabalhador tem a possibilidade de sugerir melhorias,mais motivado e envolvido na atividade ele se torna,agregando valor ao seu trabalho e à organização.
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ANEXOA EXPERIÊNCIADA MULTIFUNCIONALIDADE
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Aorganização do trabalho na indústria calçadista, que éindústria manufatureira, é baseada na realização deuma única tarefa, ou seja, é do tipo de trabalho
tradicional, que tem como características as especializaçõesem tarefas e funções e a repetitividade dos movimentos –caracterização clássica da figura do trabalhadorsuperespecializado, que tem o domínio e o conhecimento deuma única operação do processo. É o chamado trabalhounifuncional.
A repetitividade, cabe destacar, está relacionada com otempo em que uma tarefa é realizada e seu grau é definidopela frequência de repetição e pela duração do trabalho.Silverstein (1986) define como repetitivo o ciclo executadomais de duas vezes por minuto, enquanto Louhevaara (1998)considera trabalho muscular repetitivo aquele que aciona omúsculo mais que 30 vezes por minuto. Este autor destaca,ainda, que para um operador inexperiente o ritmo de trabalhoserá mais lento, sendo que a diferença de ritmo seráproporcional ao nível de treinamento e de habilidadenecessários para a execução da tarefa.
Quanto ao ritmo de trabalho, conforme Iida (2005), este édeterminado pelo tempo-padrão, ou seja, o tempo necessáriopara um operador experiente executar a tarefa utilizando ométodo padrão, incluindo a tolerância de espera do processoe de fadiga.
A repetitividade, assim sendo, tem relação estreita com asuperespecialização e a fragmentação do processo, quepodem implicar em problemas tanto para a saúde dotrabalhador quanto para os resultados da empresa. Nessesentido, o surgimento de implicações fisiológicas causadaspelo trabalho repetitivo (sempre igual ao longo da jornada)tende a sobrecarregar partes específicas do corpo, e que afetamúsculos, tendões, articulações, podendo levar a LER/DORT(Lesões por Esforços Repetitivos/Distúrbios OsteomuscularesRelacionados ao Trabalho). A consequência da repetitividadequase sempre implica em custos relacionados a afastamentotemporário ou permanente do trabalho, diminuição da
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produtividade, podendo gerar retrabalho e/ou refugo. Umindivíduo com dor/desconforto dificilmente produzirá com amesma destreza e qualidade do que se estivesse sem dor.
O primeiro sinal de alerta de uma possível LER/DORT é afadiga muscular, podendo ser entendida como o desequilíbrioreversível entre a exigência e a capacidade de recuperação doorganismo, e uma degradação qualitativa do trabalho (IIDA,2005). A fadiga apresenta sinais, como a redução dacapacidade muscular, redução da força produzida, reduçãoda habilidade e da precisão. Nos casos mais críticos, podeocorrer dor severa localizada, contratura muscular e atéexaustão (Guimarães, 2002). Em decorrência disso, aempresa acaba tendo custos variados com serviços demedicina, fisioterapia, afastamento do trabalho temporário oupermanente, redução de produtividade e da qualidade doproduto.
Nesse sentido, a melhor atuação sempre será através demedidas preventivas, fazendo-se necessário trabalhar emconjunto com a equipe técnica, chefias e, principalmente, comos trabalhadores. Programar variações de postura, diversificarou ampliar o conjunto de tarefas, atividades ou funções sãoentendidas como medidas estratégicas de prevenção.Sampaio (1993) conceitua a ampliação no conjunto de tarefasque incorpora outras especialidades profissionais nãopertencentes, originalmente ao empregado, comomultifuncionalidade. No entanto, isso implica em um processolento e gradual, e não poderá ser realizado com êxito sem acriação de uma consciência geral na empresa sobre asvantagens e desvantagens, pois exige mudanças naorganização funcional do trabalho, na cultura da empresa,treinamento e capacitação dos trabalhadores, de modo a seevitar perdas no processo e produto.
Assim, faz-se necessário o estudo das necessidades daoperação e da capacidade das pessoas e máquinas, assimcomo o desenvolvimento de tarefas que resultem em melhoraproveitamento dos fatores relevantes (Hendrick & Moore,1980), ou seja, o projeto de trabalho, definindo como o
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trabalho deve ser arranjado e dimensionado para ser eficiente.O conceito de projeto do trabalho, do ponto de vistaergonômico, considera o posto como uma “vestimenta” bemadaptada, em que o operador possa realizar o trabalho comconforto, eficiência e segurança (Iida, 2005). De forma maisabrangente, o projeto do trabalho é a tecnologia, conteúdo docargo, extensão do cargo, estrutura da organização, fluxo deinformação e comunicação, estilo de gestão, nível dequalificação, tempos do trabalho e suas recompensas (SPUR,SPECHT & HERTER, 1994).
A proposta de multifuncionalidade sob o ponto de vista daergonomia surge como um recurso para o incrementoprodutivo e a manutenção da saúde do trabalhador.
Nesse sentido, a multifuncionalidade traz consigoelementos motivacionais, decorrentes principalmente daquebra da monotonia, além do estímulo proporcionado peloaprendizado de novas funções, tornando o trabalhador maisqualificado para o mercado de trabalho.
No entanto, há vários fatores inibidores damultifuncionalidade que devem ser analisados antes de seiniciar o processo de adaptação do sistema de trabalhounifuncional em multifuncional. De acordo com Santini eGomes (1999), alguns fatores identificados são:
- inadequação da organização funcional do trabalho(atividades não correspondentes às funções especificadas naCarteira de Trabalho);
- dificuldade no controle do uso de EPI´s;- cultura do trabalho individualista;- diversidade de processos e materiais utilizados (torna o
treinamento mais exigente);- fragilidade do treinamento técnico operacional;- espectro limitado de conhecimento dos profissionais dos
cargos de chefia.
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Na análise desses autores, a adaptação passa por umafase inicial de investimentos e, portanto, torna-se importanteum estudo para apurar sua a viabilidade econômica:
- análise do organograma da empresa;- graus de risco presentes no ambiente de trabalho;- amplitude dos processos de produção;- diversidade de matérias-primas utilizadas;- estrutura do treinamento interno da empresa;- habilidades da chefia para questões interdisciplinares.Após essa análise, é importante a designação de uma
equipe multidisciplinar para organizar as ações do projeto,composta por administradores, direção/gerência, chefia deprodução, engenheiros, equipe de saúde, recursos humanos,etc.
Renner (2007) destaca, ainda, alguns cuidados eestratégias para que a implantação de um sistemamultifuncional obtenha sucesso:
a) os trabalhadores devem ser qualificados para, nomínimo, 4 funções, pois o ideal é que possam trocar deoperação 4 vezes por dia. Esse processo de troca podeiniciar com a troca a cada dia, para, após, passar a sera cada turno e, posteriormente, quando já qualificado ecom a destreza e habilidade necessária, trocar 4 vezespor dia. A justificativa para esse tempo de troca é queentre a segunda e a terceira hora realizando a mesmatarefa, o corpo tende a entrar em processo de fadiga;
b) é preciso o cuidado de não expor o trabalhador a riscosocupacionais para não implicar em lesões eadoecimentos;
c) há de se alocar o trabalhador multifuncional emdeterminadas faixas de salário, prevenindo futurospassivos trabalhistas;
d) torna-se necessário que a multifunção seja acompanhadapor um processo de gestão, ou seja, é fundamentaldiscutir metas, realizar planos de ação, considerar aslideranças naturais, fazer reuniões com envolvimento dostrabalhadores;
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e) há de se considerar que, embora raros, poderá havertrabalhadores que preferem permanecer realizando amesma operação. As razões podem ser as mais diversase devem ser respeitadas, desde que não ocorra prejuízopara a sua saúde e qualidade de vida.
Por fim, considera-se que um projeto multifuncional bemrealizado deve trazer os seguintes benefícios:
- aumentar a flexibilidade da equipe;- melhorar a satisfação do empregado;- aumentar o comprometimento e a motivação, assim
como a autonomia;- aumentar o nível de aspiração dos trabalhadores;- reduzir o absenteísmo;- enriquecer o trabalho, através da maior tomada de
decisões;- ampliar o conhecimento, a responsabilidade e o controle
sobre o trabalho;- reduzir o refugo e o retrabalho;- incrementar a produção e melhorar a qualidade do
produto.
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REFERÊNCIAS
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REFERÊNCIAS
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FETICVERGS
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MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGOSUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO E EMPREGO
NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PORTARIA/GAB/SRTE/RS/Nº 120,DE 27 DE OUTUBRO DE 2010
Institui Comissão Tripartite Paritária de Ergonomia na IndústriaCalçadista.
O Superintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estadodo Rio Grande do Sul Substituto, no exercício do cargo deSuperintendente Regional do Trabalho e Emprego no Estado do RioGrande do Sul, no uso de suas atribuições legais e:
Considerando o trabalho desenvolvido, nos últimos anos,referente aos aspectos de segurança de máquinas, que abordaramquestões relativas à Ergonomia, resolve:
Artigo 1º - Instituir, no âmbito desta Regional, a ComissãoTripartite Paritária de Ergonomia na Indústria Calçadista, compostapor representantes da Superintendência Regional do Trabalho eEmprego no Estado do Rio Grande do Sul, da Associação Brasileiradas Indústrias de Calçados – ABICALÇADOS e dos Sindicatos dosTrabalhadores da Indústria de Calçados.
Artigo 2º - A Comissão será composta da seguinte forma:
Representantes da Superintendência Regional do Trabalho eEmprego no Rio Grande do Sul:
- Rafael Jassen Gazzolla Aires de Araújo;- Luis Carlos Rossi Bernardes; e- Paulo Antônio Barros Oliveira.
Representantes da bancada dos trabalhadores:- João Nadir Pires;- Roberto Müller; e- Elário Becker
Representantes da bancada dos empregadores:- Rogério Gustavo Dreyer;- Gisele de Morais Garcez; e- Jacinta Sidegum Renner.
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Artigo 3º - para a consecução dos seus objetivos, a Comissãoterá as seguintes atribuições:
a) Discutir sobre assuntos relativos às condições de trabalhono âmbito da ergonomia na indústria de fabricação de calçados;
b) Analisar e propor condições ergonômicas de trabalho paraa indústria de fabricação de calçados;
c) Propor ações coletivas de capacitação, informação edivulgação sobre o tema.
Artigo 4º - A Seção de Segurança e Saúde no Trabalho(SEGUR), a ABICALÇADOS e os Sindicatos de Trabalhadorescomponentes da Comissão prestarão o apoio técnico eadministrativo necessário ao funcionamento da Comissão.
Artigo 5º - As deliberações da Comissão serão tomadas porconsenso entre seus membros.
Parágrafo único – Nos mesmos termos das ComissõesTripartites Nacionais, na ausência de consenso, caberá à Seção deSegurança e saúde no Trabalho (SEGUR) decidir sobre as questõescontroversas.
Artigo 6º - A referida Comissão poderá elaborar RegimentoInterno.
Artigo 7º - esta Portaria entra em vigor na data de suapublicação.
LUIZ FELIPE BRANDÃO DE MELLOSuperintende Regional do Trabalho e Emprego no RS -
Substituto
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PRESIDENTA DAREPÚBLICA FEDERATIVADO BRASIL
MINISTRO DOTRABALHO E EMPREGO
SECRETÁRIA DE INSPEÇÃODO TRABALHO
DIRETOR DO DEPARTAMENTODE FISCALIZAÇÃODO TRABALHO - DEFIT
DIRETOR DO DEPARTAMENTODE SEGURANÇA E SAÚDENO TRABALHO - DSST
SUPERINTENDENTE REGIONALDO TRABALHO E EMPREGONO ESTADO DORIO GRANDE DO SU
Dilma Rousseff
Carlos Lupi
Vera Lúcia Ribeiro de Albuquerque
Leonardo Soares de Oliveira
Rinaldo Marinho Costa Lima
l Heron de Oliveira
Av. Mauá, 1013 – CentroPorto Alegre – RSCEP 90010-110Fone: (51) 3213-2800www.mte.gov.br
PRESIDENTE DO CONSELHODELIBERATIVO NACIONAL Roberto Simões
DIRETOR PRESIDENTE Luiz Barretto
DIRETOR-TÉCNICO Carlos Alberto dos Santos
DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃOE FINANÇAS José Claudio dos Santos
GERENTE UNIDADEATENDIMENTO COLETIVO- INDÚSTRIA Kelly Cristina V. de Pinho Sanches
COORDENAÇÃO NACIONALDA CADEIA PRODUTIVADE COURO E CALÇADOS Anna Patrícia Teixeira Barbosa
Juliana Ferreira Borges
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas EmpresasSGAS Quadra 605 - Conjunto ABrasília DFCEP 70.200-645(61) 3348-7282 / 3348-7374www.sebrae.com.br
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PRESIDENTE
VICE-PRESIDENTES
DIRETORES
MILTON CARDOSO
CAETANO BIANCO NETTOJOSÉ CARLOS BRIGAGÃO DO COUTOJÚNIOR CESAR SILVALUIZ RAUL ALEIXO BARCELOSMARCO LOURENÇO MÜLLERMARCIO UTSCHPAULO GRINGSPAULO SCHEFFERRAUL KLEINRICARDO WIRTHWAGNER AECIO POLI
ABDALA JAMIL ABDALAALDO FURLANETTOANDERSON BIRMANNANTONIO TAVARES AZEVEDO DE BRITTOCARLOS MESTRINERCESAR MINETTODONATO LEMKEEGON GEWEHRELIAS SAAD RACHED NETO
GILBERTO HENRICHGILDO LEMKEJOÃO CARLOS WILBERTJOSÉ CUNHA DE MORAESLEONILDO DAL PONTEMARCO TAVARESPEDRO GRENDENE BARTELLEROBERTO ARGENTAROMEU LEHNENSAMIR NAKADSÉRGIO MURADÁSURIAS CINTRAWERNER MÜLLER
FRANCISCO SANTOS
90
CONSELHO FISCAL
DIRETORES EXECUTIVOS
ADÃO OSCAR WOLF
WERNER ARTHUR MÜLLER JR
ABICALÇADOSAssociação Brasileira das Indústrias de CalçadosRua Aluízio de Azevedo, 60 - Vila NovaNovo Hamburgo / RS(51) 3594.7011www.abicalcados.com.br
ALAOR JESUS MARTINSERNANI REUTERLUIZ CARLOS TROTTPAULO ROBERTO KONRATH
HEITOR KLEINROGÉRIO DREYER
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Diretoria Efetiva
Presidente: Alvaro Davi Boessio
1º Vice Presidente: João Nadir Pires
2º Vice Presidente: João Ricardo Schaab
Secretário: Nelson Gross
2º Secretário: Roberto Muller
Tesoureiro: Nilvion Barreto Schroeder
2º Tesoureiro: Álvaro José Guilherme Da Cruz
Diretor Social: José Carlos Markeviski
Diretor De Patrimônio: Jandir Zaccaria
Diretor De Divulgação Norberto Beck
Diretora da Mulher: Elvira Bervian Graebim
Suplentes da Diretoria Valdir Raimundo Ramos
Juvelino Angelo De Bortoli
Silvio Antonio Kirsch
Gaspar De Mello Nehering
Arlito Klein
Eurico Dörr
Mareli Hennika
Delmar Land
Marlene Amaral da Silva
Davi Batista Rodrigues da Silveira
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FETICVERGS
Conselho Fiscal Efetivos Elário Enio Becker
Paulo César Da Silveira Santos
José Leocir Conceição
Conselho Fiscal Suplentes Aloí Teles Moreira
Clenir Maria dos santos
Jair Eloi Brito da Silveira
Delegados Representantes
Efetivos Almir D´avila Pereira
João Nadir Pires
Delegados Representantes
Suplentes João Henrique Vitorazzi
Nilvion Barreto Schroeder
Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Calçado e doVestuário do Rio Grande do SulRua Dr.Flores, 307 - CentroPorto Alegre / RS(51) 3227.5175
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94
PRESIDENTE DA ASPEUR Argemi Machado de Oliveira
REITOR DAUNIVERSIDADE FEEVALE Ramon Fernando da Cunha
PRÓ-REITORA DE ENSINO Inajara Vargas Ramos
PRÓ-REITOR DE PESQUISAE INOVAÇÃO João Alcione Sganderla Figueiredo
PRÓ-REITOR DEPLANEJAMENTOE ADMINISTRAÇÃO Alexandre Zeni
PRÓ-REITORADE EXTENSÃO EASSUNTOS COMUNITÁRIOS Gladis Luisa Baptista
Maria Cristina Bohnenberger
Cesar Augusto Teixeira
Luis André Ribas Werlang
Cristina Ennes da Silva· Escola de Aplicação
Cecília Monaco da Silva
DIRETORA DOINSTITUTO DE CIÊNCIASSOCIAIS APLICADAS
DIRETOR DO INSTITUTODE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DIRETOR DO INSTITUTODE CIÊNCIAS EXATASE TECNOLÓGICAS
DIRETORA DO INSTITUTODE CIÊNCIAS HUMANAS,LETRAS E ARTES
DIRETORA DA ESCOLA DEEDUCAÇÃO BÁSICA FEEVALE– ESCOLA DE APLICAÇÃO
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A diagramação e produção gráfica deste livro foi realizada pela Editora Feevale.Fontes utilizadas: Futura Lt BT e . Tiragem: 4.000 exemplares.Futura Md BT