EPUSP - Patologia Em Pavimentos Rígidos

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    Anais do VI Simpsio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 1678

    PATOLOGIA EM PAVIMENTOS RGIDOS

    Pathology in rigid pavements

    Maggi, Patrcia L. O. (1); Castellano, Tiago Garcez (2)

    (1) Professor Doutor, Departamento de Engenharia CivilCentro Universitrio Positivo - UnicenP

    email: [email protected]

    (2) Aluno do curso de Engenharia Civil do UnicenPemail: [email protected]

    Av. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 CEP 81280-330 Curitiba PR

    ResumoOs pavimentos rgidos, de concreto de cimento Portland, apresentam como principal vantagem suadurabilidade. Espera-se que esse tipo de pavimento exija pouca manuteno, reduzindo custos einterrupes de trfego. Observa-se, porm, que alguns pavimentos tm desenvolvido manifestaes

    patolgicas e tm exigido reparos com pouco tempo de uso, ou at mesmo antes da liberao ao trfego.Neste trabalho foram levantadas as manifestaes patolgicas existentes em dois trechos de rodoviasprximos cidade de Curitiba e foi realizado um diagnstico dos sintomas, causas, possveis origens,mecanismos de formao e conseqncias dessas patologias. Foram observadas fissuras devidas aocarregamento direto e de retrao. Tambm foram encontrados degraus entre placas, esborcinamento debordas, buracos com presena de gua e falha de selagem. Grande parte dessas manifestaes pode terorigem na fase de projeto, mas tambm pode ser causada por falhas na execuo. Ambas as fases tmfundamental importncia e devem ser controladas com rigor.

    Palavras-Chave:patologia; pavimentos rgidos, pavimentos de concreto.

    AbstractRigid concrete pavements have durability as one of its main advantages. They are supposed to present lowmaintenance, low cost and minor traffic interruptions. However, some recently built pavements have shownpathologic problems and required repairs at early ages, even before opening for traffic. In this work, tworoads near to Curitiba, Brazil, have been studied. The diagnostic of each pathology problem includes thesymptoms description, causes, probable origins, formation mechanism and consequences. Cracks causedby direct loading and by concrete shrinkage have been observed. Other pathologies have been found suchas steps between slabs, loss of edge concrete, holes with water presence and sealant failure. Most of theseproblems can have their origin at project level, but also during the construction. Both phases arefundamentally important and must be controlled.

    Keywords:pathology; rigid pavements; concrete pavements.

    Anais do VI Simpsio EPUSP sobre Estruturas de ConcretoAbril / 2006 ISBN 85-86686-36-0Edifcios, Pontes, Viadutos, Pavimentos e Tneis de concretoTrabalho SIMP0197 - p. 1678-1692

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    1 Introduo

    Os pavimentos rgidos, de concreto de cimento Portland, so conhecidos por suaexcelente qualidade e durabilidade. Porm, algumas obras recentes tm apresentadomanifestaes patolgicas que reduzem a qualidade da pista e diminuem a vida til

    dessas estruturas. Erros de projeto, execuo ou falta de manuteno podem ocasionaressas manifestaes. Este trabalho consiste numa pesquisa de campo com a qualprocuram-se identificar defeitos em pavimentos rgidos construdos a menos de 10 anos,prximos cidade de Curitiba. Com o diagnstico dessas manifestaes patolgicas possvel traar diretrizes para novos projetos de forma a evitar esses problemas e garantiras qualidades esperadas de um pavimento de concreto.

    1.1 Pavimentos de concreto no Brasil

    Encontram-se no Brasil, pavimentos rgidos com mais de 20 anos de uso,podendo-se citar a rodovia dos Imigrantes. Recentemente algumas obras importantes

    como o rodoanel Mrio Covas e a Via Dutra, ambos em So Paulo, e a Avenida Iguau,em Curitiba, tambm utilizaram essa tecnologia. Alm das rodovias, diversos pisosindustriais so executados em concreto.

    Recentemente os pavimentos rgidos brasileiros tm sido construdos em: Concreto simples, geralmente com barras de transferncia, nas juntas

    transversais; Concreto com armadura distribuda descontnua, sem funo estrutural; Concreto estruturalmente armado; Concreto com fibras.Nos pavimentos de concreto simples (figura 1), as tenses de trao so

    resistidas apenas pelo concreto. Portanto, a espessura do pavimento deve ser

    determinada de forma a garantir que a resistncia trao do concreto so sejaultrapassada. As barras de transferncia no so obrigatrias, mas melhoramconsideravelmente o comportamento estrutural do pavimento. Essas barras, quandocorretamente dimensionadas, espaadas e alinhadas transferem os deslocamentosverticais de uma placa para a placa adjacente, dividindo os esforos entre as duas. Asbarras so engraxadas ou encapadas em metade do seu comprimento a fim de garantir alivre movimentao horizontal das placas, de forma a no introduzir tenses por restriodesse movimento.

    Figura 1 Pavimento de concreto simples com barra de transferncia, OLIVEIRA (2000)

    Os pavimentos com armadura distribuda descontnua possuem tela de aoprxima face superior das placas (figura 2). Essa armadura tem funo de costurar asfissuras causadas pela restrio da retrao das placas. Desta forma as juntastransversais podem ser mais espaadas. A reduo do nmero de juntas temapresentado grandes vantagens pela reduo dos custos de manuteno e pelo ganho dequalidade, visto que as juntas so pontos fracos do pavimento, nos quais muitasmanifestaes patolgicas se iniciam.

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    Figura 2 Pavimento de concreto com armadura distribuda descontnua, OLIVEIRA (2000)

    Os pavimentos de concreto estruturalmente armados (figura 3) so compostosde placas com espessura reduzida, pois os esforos de trao devido ao momento fletorpositivo so resistidos pela malha de ao posicionada prxima face inferior. Essa malhade ao pode ser dimensionada segundo a NBR-6118 (2003), a partir de momentosfletores determinados com auxlio de bacos, encontrados na literatura, ou de programascomputacionais.

    Figura 3 Pavimento de concreto estruturalmente armado, OLIVEIRA (2000)

    Nos pavimentos de concreto com fibras (figura 4), obtm-se maior resistncia trao e maior ductilidade do material pela introduo de fibras de ao, de vidro ou outrosmateriais. Tm sido bastante empregadas em pisos industriais, mas ainda so raros empavimentos rodovirios.

    Figura 4 Pavimento de concreto com fibras, OLIVEIRA (2000)

    Os pavimentos rgidos rodovirios apresentam dois tipos de juntas: Juntas longitudinais de construo; Juntas transversais de retrao.

    As juntas longitudinais, geralmente so conseqncia do mtodo construtivo,que possui limitao de largura. Para que no haja afastamento entre as pistas sousadas barras de ligao nessas juntas. So usados seguimentos de barras paraconcreto armado. No caso de se executar pavimento de concreto simples, pode sernecessria a execuo de junta longitudinal, mesmo que o equipamento no exija junta

    de construo. Essa junta, normalmente serrada, tem o objetivo de combater s tenesde retrao e o empenamento das placas. Nesse caso tambm devem ser usadas asbarras de ligao, posicionadas antes da concretagem.

    As juntas transversais tm a finalidade de reduzir as tenses devidas retraodo concreto. Podem ser serradas ou moldadas, sendo as primeiras mais usuais.Normalmente, essas juntas apresentam barras de transferncia que devem serposicionadas com rigor. As barras de transferncia so lisas, podendo ser adquiridasprontas ou serem cortadas em canteiro.

    A selagem das juntas uma fase importante para se evitar defeitos nospavimentos. A durabilidade dos diversos materiais utilizados como selante, normalmente inferior das placas, devendo ser previstas manutenes peridicas.

    1.2 Patologia

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    A palavra patologia significa estudo da doena. O estudo das doenas dasestruturas de concreto pode ser dividido nas seguintes etapas, conforme sugerido porHELENE (1992):

    Observao dos sintomas; Busca das origens; Procura das causas; Estudo dos mecanismos; Verificao das conseqncias.A escolha do tratamento no escopo deste trabalho, visto que o objetivo

    estabelecer critrios para evitar as manifestaes patolgicas em futuras construes depavimentos rgidos.

    Os sintomas so as manifestaes externas que geralmente podem serobservadas visualmente. Nos pavimentos, os principais sintomas so: fissuras, degraus,afundamentos, esborcinamento de bordas, desgaste superficial e empenamento.

    A origem de uma manifestao patolgica em pavimentos pode ser no projeto,no planejamento, na produo dos materiais, na execuo ou no uso. Identificar a origemsignifica encontrar em que fase do processo executivo ocorreu o erro que ocasionou o

    defeito.As causas so os agentes que provocam os problemas podendo ser:

    carregamento, variaes de umidade, variaes volumtricas, variaes de temperatura,agentes biolgicos, agentes atmosfricos, etc.

    No estudo do mecanismo procura-se explicar como se desenvolveu amanifestao patolgica. de fundamental importncia para se propor o tratamentoadequado ou para evitar os mesmos defeitos em novos projetos.

    As conseqncias podem ser: comprometimento da segurana das estruturas oureduo das condies de servio e perda de funcionalidade.

    2 Estudo de casoNeste trabalho foram estudados dois pavimentos na regio de Curitiba. Oprimeiro um trecho de acesso indstria de cimento Itamb, no municpio de BalsaNova. A estrada teve sua construo iniciada em 1997 e possui 23 km de extenso. Nestecomprimento foram testadas diferentes tecnologias como pavimento de concreto simples,de concreto armado e blocos intertravados. Tambm foram executadas diferentes sub-bases: granulares e de concreto rolado. O segundo um trecho do contorno sul da cidadede Curitiba. Este contorno faz parte do complexo rodovirio da BR 376. O trecho doquilmetro 580,3 ao 595,5 foi executado em concreto. Possui duas faixas de 4,10 m delargura com placas de concreto simples com espessura de 21 cm e 5 m de comprimento.A resistncia trao especificada para o concreto foi de 4,5 MPa. As placas foramapoiadas sobre sub-base de concreto rolado com espessura de 10 cm. As juntastransversais possuem barras de transferncia.

    Neste trabalho procurou-se estudar as manifestaes patolgicas comumenteencontradas em pavimentos recentes. Os sintomas foram observados por inspeesvisuais e registro fotogrfico. Foram identificadas as causas e possveis origens dessasmanifestaes, sem preocupar-se com o caso especfico de cada uma, mas procurandodescrever as situaes que poderiam levar quele tipo de defeito. Para estudo dosmecanismos compararam-se os sintomas com ensaios de laboratrio e modelos tericosencontrados na bibliografia. As conseqncias so previstas pela observao dos itensanteriores e estudo do desenvolvimento do defeito.

    A seguir sero mostradas as diversas situaes encontradas nos trechosestudados.

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    2.1 Situao A

    a. Sintomas

    Fissura linear transversal no meio da placa, paralela s juntas de retrao(figura 5).

    Figura 5 Fotografia do km 580 do contorno sul

    b. Causas

    Restrio ao movimento horizontal devido tendncia de retrao do concreto.A restrio ocorre por atrito entre a placa e a sub-base.

    c. Origens

    As fissuras de retrao podem ter origem na fase de projeto, de planejamento oude execuo do pavimento.

    No projeto deve-se garantir que o comprimento da placa seja adequado ao seu

    tipo, se de concreto simples ou armado, sua espessura, e ao atrito entre os materiais daplaca e da fundao. Caso as placas tenham armadura, essa precisa ter rea suficientepara evitar que as fissuras se apresentem superfcie.

    No planejamento deve-se estudar o intervalo de tempo entre a concretagem e aexecuo das juntas serradas para que as fissuras tenham suas posies induzidas peloenfraquecimento de sees pr-determinadas e no assumam configurao aleatria,onde no existem barras de transferncia. Se a execuo de juntas serradas for muitoretardada a fissurao pode iniciar antes do enfraquecimento das sees onde sepretendia induzir a fissura.

    Na execuo, deve-se garantir que o coeficiente de atrito previsto em projetono seja superado. A m execuo da base, com muitas irregularidades, ou a no

    colocao de camada de isolamento, quando prevista, podem aumentar esse atrito eprovocar tenses acima das calculadas. Tambm na fase de execuo deve-se observaro mtodo de cura adequado a fim de evitar a retrao do concreto antes que atinja aresistncia mnima necessria para evitar a fissurao por impedimento do movimento deretrao.

    d. Mecanismos

    Se a placa de concreto tivesse seu movimento horizontal completamente livre,no ocorreriam fissuras de retrao. Porm, quando a placa tende a reduzir suasdimenses, devido retrao por secagem, o atrito com o solo restringe esse movimentoe aparecem tenses de trao no sentido contrrio (figura 6). Se essas tenses

    ultrapassarem a resistncia do concreto aparecem fissuras. Nos pavimentos de concretosimples, as dimenses das placas devem ser determinadas de forma que essas tensesno sejam ultrapassadas. Nos pavimentos de concreto armado, as fissuras podem

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    ocorrer, mas deve-se dispor de armadura suficiente para que fiquem bem fechadas e nose tornem visveis na superfcie.

    Figura 6 Mecanismo de formao de fissura por retrao das placas de concreto

    e. Conseqncias

    A abertura de fissuras de retrao introduz juntas sem qualquer mecanismo detransferncia de deslocamento entre placas. Caso o pavimento tenha sido dimensionadocom barras de transferncia, os esforos gerados na placa, quando as rodas dos veculostangenciam a fissura, sero maiores que os esforos considerados no projeto,ocasionando novas fissuras, agora de flexo.

    A ausncia das barras de transferncia possibilita maiores deslocamentosverticais na passagem dos carregamentos, aumentando o efeito de bombeamento e deeroso. Entende-se por bombeamento a expulso de materiais finos, em presena degua, quando ocorre o movimento de compresso e alvio da fundao durante apassagem dos veculos. Esses efeitos combinados podem levar runa do pavimento.

    O maior deslocamento relativo entre placas, provocado pela falta demecanismos de transferncia, faz com que a passagem das rodas deteriorem as bordasda fissura ocorrendo o esborcinamento das mesmas. Desta forma h um aumento daabertura e reduo no conforto de rolamento da pista.

    2.2 Situao B

    a. Sintomas

    Fissuras circulares prximas aos cantos das placas (figura 7).

    Figura 7 Fotografia do km 22 do acesso fbrica

    b. Causas

    Trao na face superior devido a momento fletor negativo provocado pelapassagem do carregamento no canto da placa.

    c. Origens

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    As principais origens desse tipo de fissura so falhas no projeto ou mobedincia ao mesmo na execuo do pavimento.

    Quando no so previstos mecanismos de transferncia de deslocamentos entreplacas, o dimensionamento da espessura, de todos os tipos de pavimentos rgidos, deveconsiderar as tenses de trao no canto da placa.

    Caso existam barras de transferncia, esses esforos so reduzidos e as

    fissuras de canto ocorrem por falha de posicionamento ou de dimensionamento dessasbarras.

    d. Mecanismos

    Nas figuras 8 e 9 so mostrados exemplos de distribuio dos esforos numaplaca isolada quando solicitada por um eixo simples com uma roda tangente ao canto daplaca.

    Figura 8 Distribuio dos momentos fletores emplaca isolada com carregamento de canto, direo

    longitudinal

    Figura 9 Distribuio dos momentos fletores emplaca isolada com carregamento de canto, direo

    transversal

    Verifica-se que os maiores esforos ocorrem a menos de 1 m do canto etracionam a face superior da placa.

    O empenamento agrava essa situao, pois h um levantamento dos cantosquando a face superior da placa est com uma temperatura menor que a face inferior.Esse levantamento maior nas placas isoladas, sem mecanismos de transferncia dedeslocamentos.

    e. Conseqncias

    As fissuras de canto, assim como as de retrao, ocasionam um aumento daeroso da sub-base, provocando assim a perda de suporte do pavimento econseqentemente o afundamento da regio. Alm do aspecto esttico e da reduo doconforto ao rolamento, dependendo da dimenso desse afundamento, a segurana dapista comprometida. Na figura 10 mostrado um exemplo de agravamento desse tipo defissura.

    Figura 10 Fotografia do km 20 do acesso fbrica

    2.3 Situao C

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    a. Sintomas

    Fissuras em cruz no centro de placa sem armadura estrutural (figura 11).

    Figura 11 Fotografia do km 20 do acesso fbrica

    b. Causas

    Trao na flexo causada por momento fletor positivo na passagem docarregamento no centro da placa.

    c. Origens

    As fissuras devidas ao memento fletor podem ter origem no projeto ou naexecuo do pavimento.

    No projeto dos pavimentos de concreto simples ou com armadura distribudadescontnua, deve-se garantir que a espessura das placas seja adequada ao nvel decarregamento e intensidade de trfego. Como os pavimentos so submetidos a cargasmveis, que se repetem um grande nmero de vezes, pode haver ruptura por fadiga.

    Portanto uma boa projeo do trfego fundamental para o dimensionamento. Osmtodos de dimensionamento mais usuais j consideram o efeito da fadiga sobre oconcreto.

    Durante a execuo, deve haver um rgido controle da espessura do pavimento,pois uma variao de apenas 5 mm pode ser determinante para o insucesso do mesmo.Tambm deve ser feito um rgido controle do trao do concreto, pois se a resistncia forinferior de projeto pode ocorrer runa por flexo.

    d. Mecanismos

    Ensaios em laboratrio mostram que placas de concreto, sem armadura

    estrutural, submetidas a carregamento centralizado apresentam ruptura em cruz, quandoa tenso atinge o limite de resistncia do concreto (figura 12). Para esse tipo de solicitaoos maiores esforos de trao ocorrem na face inferior da placa onde se iniciam asprimeiras fissuras. Sem encontrar obstculo as fissuras de desenvolvem at atingir asuperfcie.

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    Figura 12 Ensaio de flexo em placa de concreto simples sobre apoio elstico (Maggi, 2004)

    e. Conseqncias

    A placa fica dividida em quatro partes e no h transferncia de deslocamentosentre essas partes. A passagem dos veculos pode chegar a provocar movimentaesverticais visveis na estrutura. O pavimento no apresenta mais a funo de distribuiode esforos reduzidos fundao e esta comea a apresentar deformaes permanentes.O processo de ruptura evolui at a deteriorao completa da placa.

    2.4 Situao D

    a. Sintomas

    Fissuras perpendiculares prximas borda livre (figura 13).

    Figura 13 Fotografia do km 15 do acesso fbrica

    b. Causas

    Trao na flexo causada por momento fletor positivo na passagem docarregamento tangente borda da placa.

    c. Origens

    As fissuras devidas ao memento fletor podem ter origem no projeto ou naexecuo do pavimento.

    As fissuras devido ao carregamento direto so evitadas com uma espessuraadequada dos pavimentos sem armadura estrutural ou com armadura bem dimensionadaem pavimentos estruturalmente armados. No se pode esquecer de considerar o efeito dafadiga, tanto do concreto, quanto do ao.

    Na execuo, tanto a espessura insuficiente, a resistncia do concreto inferior de projeto ou o mau posicionamento das telas dos pavimentos armados podem reduzir aresistncia do pavimento.

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    d. Mecanismos

    Na figura 14 so mostrados os esforos numa placa isolada quando solicitadapor um eixo simples com uma roda tangente ao canto da placa.

    Figura 14 Distribuio dos momentos fletores em placa isolada com carregamento de borda, direolongitudinal (OLIVEIRA, 2000)

    Observa-se que os maiores valores de momento fletor so positivos, ou seja,

    tracionam a face inferior da placa, abrindo fissuras perpendiculares borda. Essasfissuras evoluem at a superfcie. A entrada de gua e os maiores deslocamentos levam perda de suporte na regio. O afundamento da borda introduz tenses de trao na facesuperior, levando formao de fissuras paralelas borda, conforme observado na figura13.

    e. Conseqncias

    As conseqncias desse tipo de fissura so a perda de capacidade resistente dopavimento, comprometendo a segurana de rolamento da pista. Na figura 15 mostradauma placa na qual ocorreram as situaes C e D.

    Figura 15 Fotografia do km 15 do acesso fbrica

    2.5 Situao E

    a. Sintomas

    Fissuras superficiais (figura 16).

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    Figura 16 Fotografia do km 20 do acesso fbrica

    b. Causas

    Retrao plstica do concreto.

    c. Origens

    As fissuras de retrao plstica normalmente tm origem na fase de execuodo pavimento, mais especificamente durante a cura.

    Processo de cura inadequado, ou insuficiente, ou excesso de gua deamassamento do concreto podem dar origem a esse tipo de fissura.

    d. Mecanismos

    A perda de gua do concreto, ainda na fase plstica, ocasiona o que se chamaretrao plstica. Como a perda de gua maior na superfcie, aparecem pequenasfissuras superficiais.

    e. Conseqncias

    As fissuras de retrao plstica no apresentam grandes problemas empavimentos rgidos a no ser a esttica. Em rodovias so praticamente imperceptveis,pela distncia e velocidade dos observadores.

    2.6 Situao F

    a. Sintomas

    Perda de concreto em forma de cunha, nas juntas, bordas ou fissuras -esborcinamento (figuras 17e 18).

    Figura 17 Fotografia do km 590 do Contorno Sul

    de Curitiba

    Figura 18 Fotografia do km 590 do Contorno Sul

    de Curitiba

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    b. Causas

    Presena de material incompressvel nas juntas ou passagem de rodas emencontros de placas com nveis diferentes.

    c. Origens

    Esse tipo de manifestao patolgica pode estar ligado a problemas na selagemda junta que pode ocorrer por escolha e especificao inadequada do material, na fase deprojeto, ou por falhas na execuo ou na manuteno.

    Caso o esborcinamento seja causado por degraus na pista, a falha pode ser noprojeto dos mecanismos de transferncia de deslocamento entre as placas ou naexecuo desses mecanismos.

    d. Mecanismos

    Geralmente a reduo de volume do concreto, nos pavimentos, maior que suadilatao e, portanto, so necessrias apenas juntas de retrao, que em dias quentesacabam funcionando como pequenas juntas de dilatao. A entrada de materialincompressvel nessas juntas prejudica a movimentao das placas, introduzindo tensesentre as mesmas quando esta aumenta de volume devido ao acrscimo da temperatura.

    e. Conseqncias

    Pequenos esborcinamentos tm apenas efeito esttico, mas conforme a regioda junta vai se abrindo o conforto de rolamento reduzido e o processo contnuo dedeteriorao pode levar runa de grande parte da placa. Um exemplo de aumento dadeteriorao do pavimento iniciado na perda de concreto na junta mostrado na figura 19.

    Figura 19 Fotografia do km 590 do Contorno Sul de Curitiba

    2.7 Situao G

    a. SintomasDegraus entre placas (figura 20).

    Figura 20 Fotografia do km 585 do Contorno Sul de Curitiba

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    b. Causas

    Passagem de carregamento sobre placas.

    c. Origens

    A origem dos degraus pode ser de projeto ou de execuo.No projeto, caso no tenham sido previstos mecanismos de transferncia de

    deslocamentos compatveis com o carregamento, os deslocamentos entre as placaspodero ser diferentes, ocasionando degraus na pista.

    O projeto tambm deve prever sub-base suficiente para promover uma boauniformizao da fundao, evitando afundamentos diferentes entre placas contguas.

    Na execuo devem ser obedecidos os espaamentos previstos para as barrasde transferncia e a sub-base deve ser executada conforme projeto.

    d. Mecanismos

    Caso o solo seja uniforme e no haja perda de suporte, os deslocamentosdiferenciais entre placas no so definitivos. Se no houver uniformizao da fundaocom uma sub-base compatvel, uma placa pode estar apoiada sobre solo mais deformvelque outro e o afundamento de uma pode ser diferente do da outra, formando um degraudefinitivo.

    e. Conseqncias

    Os degraus, quando pequenos, reduzem o conforto de rolamento da pista.Quando exagerados, podem comprometer a segurana da mesma.

    2.8 Situao H

    a. Sintomas

    Erro na direo de corte de junta serrada (figura 20).

    Figura 21 Fotografia do km 585 do Contorno Sul de Curitiba

    b. Causas

    Desvio de direo da serra de corte.

    c. Origens

    Esse tipo de erro tem origem na fase de execuo do pavimento.

    d. Mecanismos

    Falha do operador durante o corte das juntas serradas.

    e. Conseqncias

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    Alm de prejudicar a esttica do pavimento a junta executada fora da linha decolocao das barras de transferncia, ocasiona maiores deslocamentos verticais entreplacas. Esse erro leva a esforos, na placa, acima dos considerados em projeto.

    2.9 Situao I

    a. SintomasAbertura de buraco com presena de gua (figura 20).

    Figura 22 Fotografia do km 585 do Contorno Sul de Curitiba

    b. Causas

    Presso de gua.

    c. Origens

    Provvel ruptura de tubulao sob a rodovia.

    d. Mecanismos

    A presso da gua, de baixo para cima, provoca levantamento do pavimento econseqncia ruptura.

    e. Conseqncias

    Perda de servicibilidade e de segurana no rolamento.

    3 Concluses

    Neste trabalho foram estudadas diversas manifestaes patolgicasencontradas em pavimentos recentes. Observou-se que essas manifestaes podem terorigem tanto na fase de projeto quanto na fase de execuo, assim como na falta demanuteno, principalmente das juntas.

    A m projeo de trfego pode levar ao sub-dimensionamento da espessura dospavimentos sem armadura estrutural, provocando a fissurao por esforos diretos. Aespessura insuficiente tambm pode ser conseqncia de falta de controle na execuo.

    As juntas so pontos importantes e sensveis do pavimento. Vrios defeitosesto ligados a elas. O mau dimensionamento ou posicionamento de barras detransferncia, o retardo no corte das juntas serradas, erros de direo de corte, falha deselagem das juntas podem levar a mudanas no comportamento do pavimento e,conseqentemente, a runa.

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    Anais do VI Simpsio EPUSP sobre Estruturas de Concreto. 1692

    Tambm importante observar a vida til do material usado como selante erealizar a manuteno necessria para que no ocorram as manifestaes patolgicasdevidas eroso da sub-base e penetrao de materiais incompressveis nas juntas,conforme observado no item 2.6 deste trabalho.

    A execuo da sub-base tambm um aspecto importante, no pelo aumento ecapacidade da fundao, mas principalmente pela uniformizao da mesma. Dessa forma

    reduzem-se esforos por afundamentos diferenciados e evita-se a formao de degraus.O estudo dos problemas ocorridos nas estruturas de concreto colabora para

    elaborao de diretrizes para novos projetos. importante conhecer os mecanismos deformao dessas manifestaes patolgicas para que se possam encontrar solues maisadequadas e econmicas. Neste trabalho foram estudados diversos tipos de defeitos,comuns nos pavimentos de concreto, e descritas as suas causas e possveis origens.Foram discutidas recomendaes para que se evitem esses problemas e para que segarantam a durabilidade e a qualidade de novos projetos.

    4 Referncias

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 6118 Projeto deestruturas de concreto.ABNT, 2003.

    HELENE, Paulo. Manual para reparo, reforo e proteo de estruturas de concreto.2.ed, So Paulo, Pini, 1992.

    MAGGI, P. L. O.

    Comportamento de pavimentos de concreto estruturalmentearmados sob carregamentos estticos e repetidos.

    So Carlos, 225p. Tese

    (doutorado) Escola de Engenharia de So Carlos Universidade de So Paulo, 2004.

    OLIVEIRA, P. L. Projeto estrutural de pavimentos rodovirios e de pisos industriaisde concreto.So Carlos, 225p. Dissertao (mestrado) Escola de Engenharia de SoCarlos Universidade de So Paulo, 2000.