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Épocas de semeadura e tratamentos de manejo químico, no controle da brusone na cultura do arroz irrigado Felipe Frigo Pinto 1 ; Igor Gomes Maidana 2 ; Leonardo Furlani 2 ; Felipe Ruviaro 2 ; Victor Snovarski 2 ; Ricardo Silveiro Balardin 3 Palavras-chave: Pyricularia oryzae, fungicida, produtividade. INTRODUÇÃO A brusone, causada pelo fungo Pyricularia oryzae, é considerada a principal doença da cultura do arroz, devido ao alto potencial de dano. Sob condições ambientais favoráveis em cultivares suscetíveis, as perdas pelo ataque da brusone podem chegar a 100%. A época de semeadura é um dos principais fatores que definem a produtividade de grãos e a ocorrência de brusone na cultura do arroz irrigado, pois determina os níveis de radiação solar e temperatura em cada fase de desenvolvimento da cultura. Contudo nem sempre é possível realizar a semeadura dentro do período preferencial, principalmente em anos de El Niño, como foi a safra 2015/16. O controle químico de patógenos por meio da aplicação de fungicidas, tem se apresentado atualmente como uma medida importante na mitigação dos danos causados pelas doenças. O momento da aplicação define o sucesso no controle químico de um determinado patógeno. No entanto, devido aos inúmeros fatores que atuam na patogênese, não há consenso sobre o momento e o número de aplicações de fungicidas para controle de Pyricularia oryzae na cultura do arroz irrigado. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de épocas de semeadura e tratamentos de manejo químico no controle da brusone, na produtividade e qualidade da produção da cultura do arroz irrigado. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no município de São Sepé, latitude 30º12’41”S, longitude 53º29’54”O e altitude de 107 m, na região central do estado do Rio Grande do Sul, em área de cultivo consolidado de arroz irrigado, durante a safra agrícola 2015/16. A semeadura do experimento foi realizada em área de cultivo convencional, utilizando a cultivar GURI INTA CL, a qual apresenta-se suscetível à brusone. O experimento foi instalado no delineamento de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e cinco repetições. Os tratamentos foram constituídos de um bifatorial (3 x 6). O primeiro fator foram três épocas de semeadura, as quais foram implantadas em faixas na parcela principal. As semeaduras ocorreram nos dias 27/10/2015, 23/11/2015 e 12/12/2015, constituindo-se respectivamente na 1ª, 2ª e 3ª época de semeadura. O segundo fator foi a aplicação de seis tratamentos de controle químico (Tabela 1), os quais foram alocados nas subparcelas. Os fungicidas utilizados nos tratamentos foram a mistura de cresoxim-metílico + epoxiconazol (93,75 + 93,75 g.i.a ha -1 ) + triciclazol (225 g.i.a ha -1 ) + óleo mineral (378 g.i.a ha -1 ). As aplicações dos fungicidas foram efetuadas utilizando pulverizador costal, pressurizado a CO2 comprimido, munido de barra de aplicação com quatro pontas de pulverização XR 110 02, calibrado para uma vazão de 150 L ha -1 . Foram realizadas avaliações do percentual de severidade da brusone aos 7, 14, 21 e 28 dias após o estádio de R4. A partir dos valores de severidade, foi calculado a Área Abaixo da Curva de Progresso da Brusone (AACPB). Avaliou-se o percentual de incidência de 1 Doutorando em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. [email protected]. 2 Graduando em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria. 3 Eng. Agr. PhD., Professor da Universidade Federal de Santa Maria.

Épocas de semeadura e tratamentos de manejo … DE PROGRAMAS DE MANEJO FUNGICIDAS NO CONTROLE DE Pyricularia oryzae NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO Cássio Alberto 2Vielmo Ben1; Ivan

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Épocas de semeadura e tratamentos de manejo químico, no controle da brusone na cultura do arroz irrigado

Felipe Frigo Pinto1; Igor Gomes Maidana2; Leonardo Furlani2; Felipe Ruviaro2; Victor Snovarski2; Ricardo

Silveiro Balardin3

Palavras-chave: Pyricularia oryzae, fungicida, produtividade.

INTRODUÇÃO

A brusone, causada pelo fungo Pyricularia oryzae, é considerada a principal doença da cultura do arroz, devido ao alto potencial de dano. Sob condições ambientais favoráveis em cultivares suscetíveis, as perdas pelo ataque da brusone podem chegar a 100%.

A época de semeadura é um dos principais fatores que definem a produtividade de grãos e a ocorrência de brusone na cultura do arroz irrigado, pois determina os níveis de radiação solar e temperatura em cada fase de desenvolvimento da cultura. Contudo nem sempre é possível realizar a semeadura dentro do período preferencial, principalmente em anos de El Niño, como foi a safra 2015/16.

O controle químico de patógenos por meio da aplicação de fungicidas, tem se apresentado atualmente como uma medida importante na mitigação dos danos causados pelas doenças. O momento da aplicação define o sucesso no controle químico de um determinado patógeno. No entanto, devido aos inúmeros fatores que atuam na patogênese, não há consenso sobre o momento e o número de aplicações de fungicidas para controle de Pyricularia oryzae na cultura do arroz irrigado.

Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de épocas de semeadura e tratamentos de manejo químico no controle da brusone, na produtividade e qualidade da produção da cultura do arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no município de São Sepé, latitude 30º12’41”S, longitude 53º29’54”O e altitude de 107 m, na região central do estado do Rio Grande do Sul, em área de cultivo consolidado de arroz irrigado, durante a safra agrícola 2015/16.

A semeadura do experimento foi realizada em área de cultivo convencional, utilizando a cultivar GURI INTA CL, a qual apresenta-se suscetível à brusone. O experimento foi instalado no delineamento de blocos ao acaso, com parcelas subdivididas e cinco repetições. Os tratamentos foram constituídos de um bifatorial (3 x 6). O primeiro fator foram três épocas de semeadura, as quais foram implantadas em faixas na parcela principal. As semeaduras ocorreram nos dias 27/10/2015, 23/11/2015 e 12/12/2015, constituindo-se respectivamente na 1ª, 2ª e 3ª época de semeadura.

O segundo fator foi a aplicação de seis tratamentos de controle químico (Tabela 1), os quais foram alocados nas subparcelas. Os fungicidas utilizados nos tratamentos foram a mistura de cresoxim-metílico + epoxiconazol (93,75 + 93,75 g.i.a ha-1) + triciclazol (225 g.i.a ha-1) + óleo mineral (378 g.i.a ha-1). As aplicações dos fungicidas foram efetuadas utilizando pulverizador costal, pressurizado a CO2 comprimido, munido de barra de aplicação com quatro pontas de pulverização XR 110 02, calibrado para uma vazão de 150 L ha-1.

Foram realizadas avaliações do percentual de severidade da brusone aos 7, 14, 21 e 28 dias após o estádio de R4. A partir dos valores de severidade, foi calculado a Área Abaixo da Curva de Progresso da Brusone (AACPB). Avaliou-se o percentual de incidência de

1 Doutorando em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. [email protected]. 2 Graduando em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria. 3 Eng. Agr. PhD., Professor da Universidade Federal de Santa Maria.

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brusone na base da panícula no estádio fenológico de R9. A produtividade foi obtida pela colheita manual de seis linhas centrais, por 3 metros de comprimento da área útil de cada unidade experimental. O rendimento de grãos inteiros do arroz foi obtido pelo processamento dos grãos, por máquina beneficiadora devidamente calibrada e aferida.

Tabela 1 – Tratamentos de controle químico de brusone aplicados de acordo com o

estádio fenológico de desenvolvimento da cultura do arroz. São Sepé, 2016.

Tratamentos Estádio Fenológico no momento da aplicação*

R1 R2 R4

1 - - -

2 - X -

3 - - X

4 X X -

5 - X X

6 X X X

* Estádios fenológicos determinados pela escala fenológica proposta por Counce et al. (2000).

Todos os dados foram submetidos à análise de variância e os efeitos significativos foram discriminados através do teste de Scott e Knott (p<0,05) para a comparação múltipla das médias, com o uso do programa estatístico SISVAR versão 5.3 (FERREIRA, 2011).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise estatística dos dados demonstrou haver interação dupla significativa entre os fatores épocas de semeadura e tratamentos de controle químico, para todas as variáveis analisadas. A ocorrência de Pyricularia sp. na área experimental foi natural e homogênea, de forma que somente o efeito dos tratamentos interferiu no estabelecimento e progressão da doença.

Os dados da área abaixo da curva de progresso da brusone (AACPB) e incidência de brusone na base da panícula do arroz, estão apresentados na Figura 1. Observou-se efeito significativo da época de semeadura e dos tratamentos de controle químico na intensidade da ocorrência da brusone.

A doença ocorreu em baixa intensidade na 1ª época de semeadura, e alta intensidade 2ª e 3ª época. Esses resultados mostram a importância da semeadura antecipada como estratégia de escape, para reduzir a intensidade do ataque e os danos provocados pela brusone na cultura do arroz irrigado. Na última época de semeadura, a doença manifestou-se em maior intensidade, por haver maior quantidade de inóculo do patógeno e condições climáticas favoráveis ao estabelecimento da doença. Faghani et al. (2011) também observaram que semeaduras tardias aumentam o nível de inóculo do patógeno, favorecendo a ocorrência da brusone.

Na 1ª época de semeadura, como houve baixa presença de brusone nas folhas, não houve diferença entre os tratamentos químicos. Já na 2ª e 3ª época, houve diferença significativa entre os tratamentos, sendo que o tratamento 3 (R4), destacou-se como o pior para o controle da brusone nas folhas e panículas, igualando-se ao tratamento 1 (testemunha, sem aplicação de fungicida). Esse resultado explica-se pelo tratamento 3 ter sido aplicado tardiamente, quando a doença já estava estabelecida nos tecidos da cultura, ocasionando lesões irreversíveis. O emprego do controle químico da brusone, no momento adequado, é importante para o manejo eficiente da brusone em genótipos suscetíveis (Silva et al., 2003).

O tratamento 6 (R1 + R2 + R4), foi o mais eficiente no controle da brusone nas folhas e panículas, mostrando ser o tratamento mais estável dentre os testados. Ao compararmos os tratamentos que realizaram duas aplicações de fungicida, tratamento 4 (R1 + R2) e tratamento 5 (R2 + R4), podemos observar que o controle da brusone nas folhas foi mais

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efetivo no tratamento 4, e o controle da brusone na base da panícula foi mais efetivo no tratamento 5. Resultados semelhantes foram encontrados por Scheuermann & Eberhardt (2011), que concluíram que a eficácia do controle químico da brusone, nas panículas do arroz, é maior com aplicações de fungicidas, realizadas nos estádios de R2 (emborrachamento) e R4 (pleno florescimento).

Figura 1 – Área Abaixo da Curva de Progresso de Brusone (AACPB) e incidência de brusone na base

da panícula, na interação entre épocas de semeadura e tratamentos de controle químico na cultivar GURI INTA CL. São Sepé – RS, 2016. * Letras minúsculas comparam os tratamentos de controle químico dentro da época de semeadura. Letras maiúsculas comparam épocas de semeadura dentro dos tratamentos de controle químico. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade de erro.

O efeito dos fatores épocas de semeadura e tratamentos de controle químico na

produtividade e no rendimento de grãos inteiros do arroz pode ser observado na Figura 2. A cultivar GURI INTA CL, teve sua produtividade e qualidade da produção influenciada

significativamente pelos fatores testados, onde os tratamentos mais eficientes no controle de P. oryzae, protegeram o potencial produtivo da cultura.

O atraso da semeadura resultou em significativa redução da produtividade e qualidade da produção, nos tratamentos 1 (testemunha), 2 (R2) e 3 (R4), devido à baixa eficiência de controle da brusone desses tratamentos na 2ª e 3ª época de semeadura. Segundo Freitas et al. (2008), as semeaduras realizadas fora do período preferencial, além de favorecer a ocorrência de brusone, expõem as plantas a baixas taxas de radiação solar e a prováveis baixas temperaturas durante a fase reprodutiva, o que pode refletir em baixas produtividades.

Os tratamentos 4 (R1 + R2), 5 (R2 + R4) e 6 (R1 + R2 + R4), por terem sido mais efetivos no controle da brusone, mantiveram a produtividade e a qualidade da produção menos influenciados pelo atraso na época de semeadura. Esse resultado evidencia a importância do emprego adequado do controle químico da brusone na cultivar GURI INTA CL. Resultado semelhante foi encontrado por Teló et al. (2011), que concluíram que duas aplicações de fungicida nos estádios de R2 e R4, proporcionam maior percentual de grãos inteiros quando comparado à testemunha.

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Figura 2 – Produtividade (kg ha-1) e rendimento de grãos inteiros de arroz, na interação entre épocas

de semeadura e tratamentos de controle químico na cultivar GURI INTA CL. São Sepé – RS, 2016. * Letras minúsculas comparam os tratamentos de controle químico dentro da época de semeadura. Letras maiúsculas comparam épocas de semeadura dentro dos tratamentos de controle químico. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade de erro.

CONCLUSÃO

Com base nos resultados obtidos na condução do experimento, é possível concluir que: A severidade e a incidência da brusone foi maior à medida que a semeadura foi

atrasada, prejudicando a produtividade e o percentual de grãos inteiros da cultura do arroz irrigado.

O tratamento com três aplicações de fungicidas realizadas nos estádios R1, R2 e R4, foi o tratamento com maior eficiência no controle da brusone, estabilidade produtiva e qualitativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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EFEITO DE PROGRAMAS DE MANEJO FUNGICIDAS NO CONTROLE

DE Pyricularia oryzae NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO

Cássio Alberto Vielmo Ben1; Ivan F. Dressler da Costa2; Angelica Marian da Silva3; Gabriel Burtet3; Guilherme P. Londero3; Matheus Barcellos Quatrin4; Nivea Maria Ledur4; Igor Honnef4.

Palavras-chave: Oryza sativa, brusone, Fitossanidade.

INTRODUÇÃO

O arroz está entre os cereais mais produzidos e consumidos no mundo e possui grande importância social e econômica (BORTOLOTTO, et al., 2008). No Brasil, segundo a CONAB (2017), na safra do ano agrícola 2016/2017 o Rio Grande do Sul respondeu por mais de 71%

da produção brasileira, havendo aumento na produtividade quando comparada à safra anterior, assim como na área cultivada no sistema irrigado.

Outro fator que também contribuiu para o aumento desses índices foi a expansão da área

cultivada com cultivares resistentes ou mais tolerantes a doenças, permitindo menores perdas de produção.

Porém, a utilização de cultivares resistentes deve ser consorciada com outras

susceptíveis, o que é conhecida como área de refúgio, que tem como principal objetivo evitar a quebra de resistência por pressão de seleção causado por patógenos presentes nas áreas de cultivo.

Dentre esses patógenos está a Pyricularia oryzae, agente responsável pela doença

conhecida como brusone. Em condições ideais para

seu desenvolvimento, essa doença pode produzir

perdas de até 100% na produtividade do arroz em

cultivares susceptíveis (PRABHU et al., 2009). Os

sintomas podem ocorrer em todas as fases de

desenvolvimento da cultura do arroz e é identificada

por lesões no formato de diamante nas folhas,

coloração marrom escura com as bordas

amareladas e causa perda da área foliar

fotossinteticamente ativa, diminuindo a absorção de

foto assimilados. Também pode ocorrer nos demais

órgãos da planta como pescoço, ráquis e panículas,

evitando que os grãos sejam nutridos, e assim,

diminui a potencial produtivo da cultura (Figura 1).

Dessa forma, é necessário realizar um manejo para evitar ou diminuir os danos causados por doenças, sendo o controle químico com fungicidas a forma mais eficiente empregada na

proteção de plantas de arroz (CAMARGO et al., 2008). Ainda, a rotação de princípios ativos fungicidas e tecnologia de aplicação são vistas como métodos complementares e importantes que devem ser adotados visando evitar a resistência de patógenos aos produtos utilizados no

seu controle. Diante disso, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito de programas composto por diferentes princípios ativos fungicidas aplicados em diferentes combinações sobre o controle de brusone na cultura do arroz e os reflexos obtidos sobre os índices de

produtividade.

1Aluno de Pós-graduação em Agronomia - UFSM - Santa Maria-RS (CEP 97010-490)

[email protected] 2 Professor orientador - UFSM 3Aluno de Pós-graduação em Agronomia - UFSM 4Aluno de graduação em Agronomia - UFSM

Figura 1 - Sintoma característico de

brusone na região do pescoço.

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MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em uma lavoura comercial no município de Dona Francisca-

RS, na safra agrícola 2016/2017, a uma latitude 29º36`41”S e longitude 53º21`03”WO. Para

o estabelecimento da cultura foi utilizado o sistema de semeadura direta e a cultivar Guri Inta CL com espaçamento de 0,17m entre linhas. A adubação nitrogenada de cobertura foi dividida em duas partes, sendo a primeira aplicação no perfilhamento e a segunda na diferenciação

do primórdio floral, totalizando 250 kg ha-1. Realizou-se também os tratos culturais recomendados para a cultura do arroz irrigado, como controle de plantas daninhas e aplicação de inseticidas.

O experimento foi conduzido em delineamento de blocos ao acaso, com onze tratamentos (Tabela 1) e quatro repetições, com uma testemunha sem controle fungicida. Cada parcela foi constituída de 15 m² (3 metros de largura e 5 metros de comprimento). Os tratamentos

foram aplicados na fase de emborrachamento (estádio R2) e 15 dias após, pela ocasião da floração (estádio R4), utilizando-se pulverizador costal pressurizado com CO² e barra com 5 pontas tipo teejet, com volume de calda de 200 L ha-1.

Foram realizadas avaliações de severidade de brusone da folha após a segunda aplicação dos tratamentos conforme a escala preconizada pelo IRRI (1996) e atribuído notas conforme escala diagramática proposta por Azevedo (1998). No fim do ciclo da cultura, foram

colhidos 2 m2 centrais de cada parcela para determinação do rendimento de grãos, e a umidade ajustada para 13%.

Em seguida, os dados foram submetidos à análise de variância e as variáveis que

demonstraram significância foram submetidas à comparação de médias pelo tes te de Tukey para as variáveis qualitativas e regressão para as variáveis quantitativas, em 5% de probabilidade de erro com auxílio do programa computacional SASM-Agri (Althaus et al.,

2001).

Tabela 1 - Descrição dos tratamentos por épocas de aplicação e doses dos princípios ativos utilizados no controle de brusone na cultura do arroz irrigado cultivar GURI Inta CL. Dona Francisca - RS 2017.

*Adicionado óleo vegetal a 0,5% v.v.

**Testemunha sem tratamento de fungicida, mas com aplicação de água.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a execução do experimento houve menos incidência de doença mesmo havendo

condições climáticas ideais para o surgimento de sintomas ou um ataque mais severo. Mesmo assim, permitiu que a diferenciação entre a testemunha (sem fungicida) com os demais tratamentos.

Em análise da severidade da doença em resposta aos tratamentos utilizados, foi observado que o tratamento T1, com apenas a aplicação do princípio ativo Tricyclazole, apresentou alta eficiência no controle da doença. Ainda, os tratamentos T2, T3, T8,

demonstram que quando houve a combinação de Tricyclazole com outro fungicida na mesma

Trat. 1ª aplicação Dose p.c kg ou

L ha-1

2ª aplicação Dose p.c kg ou

L ha-1

1 Tricyclazole* 0,3 Tricyclazole* 0,3 2 Tricyclazole* 0,3 Tricyclazole + Mancozeb* 0,3 + 4,0 3 Tricyclazole + Mancozeb* 0,3 + 4,0 Tricyclazole* 0,3 4 Casugamicina* 1,5 Casugamicina* 1,5 5 Casugamicina* 1,5 Casugamicina + Mancozeb* 1,5 + 4,0 6 Casugamicina + Mancozeb* 1,5 + 4,0 Casugamicina* 1,5

7 Casugamicina + Mancozeb* 1,5 + 4,0 Tricyclazole* 0,3 8 Tricyclazole + Mancozeb* 0,3 + 4,0 Casugamicina* 1,5 9 Tricyclazole* 0,3 Casugamicina + Mancozeb* 1,5 + 4,0 10 Casugamicina + Mancozeb* 1,5 + 4,0 Casugamicina + Mancozeb* 1,5 + 4,0 11 Testemunha** 0 Testemunha 0

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a a a

bc b bab ab ab

ab

c

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 T11

Pro

dutivi

dade K

g h

a-1

Tratamentos

aplicação, apresentaram melhores índices de controle da doença do que quando aplicados

sozinhos ou com outro princípio ativo. Isso demonstra que houve um incremento no efeito de ambos fungicidas mesmo tendo diferentes sítios de ação e que o Tricyclazole não sofre interferências negativas na sua atuação.

Ainda, nesse mesmo raciocínio, o princípio ativo Mancozeb demonstrou-se potencializador quando aplicado com o Tricyclazole. Porém, não apresentou efeito semelhante em conjunto com a Casugamicina, que possui ação no ribossomo impedindo a

incorporação de aminoácidos no processo de síntese de proteínas. Isso pode ser observado nos tratamentos T6 e T10, com eficiência de controle abaixo de 80%. Ainda, a casugamicina quando aplicada sem a combinação com outro princípio ativo, demonstrou-se menos eficiente

ainda, evidenciando sua baixa eficiência. Tabela 2 – Avaliações da severidade e eficiência do controle dos programas de manejo químico sobre

brusone na cultura do arroz irrigado cultivar GURI Inta CL. Dona Francisca -RS 2017.

* Médias não seguidas pelas mesmas letras nas colunas diferem entre si pelo teste de Skott-Knott ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Na análise de produtividade, os maiores índices obtidos foram nos tratamentos 1, 2 e 3,

não diferindo entre si pelo teste de Tukey. Os demais tratamentos 5, 6, 7, 8 e 9 tiveram índices

de produtividade dentro da média produzida no estado do RS. Já a menor produtividade obtida entre os tratamentos com aplicação foi obtida pelo tratamento 4, que demonstrou os danos causados pela doença devido ao baixo controle pela casugamicina.

A testemunha apresentou os menores rendimentos, evidenciando os danos causados pela brusone que, segundo NUNES (2013), ao incidirem na base da panícula, interrompe a passagem da seiva e impede o processo de enchimento de grãos e a maturação, resultando

em grãos chochos e baixa qualidade do produto. Gráfico 1: Produtividade de arroz em respostas aos tratamentos utilizados. Dona Francisca,

2017.

Trat. 1ª aplicação 2ª aplicação Severidade Eficiência %

1 Tricyclazole Tricyclazole 1,43 a* 89,4

2 Tricyclazole Tricyclazole + Mancozeb 1,15 a 91,4

3 Tricyclazole + Mancozeb Tricyclazole 1,13 a 91,6

4 Casugamicina Casugamicina 4,48 d 66,4

5 Casugamicina Casugamicina + Mancozeb 2,18 b 83,7

6 Casugamicina + Mancozeb Casugamicina 3,01 c 77,4

7 Casugamicina + Mancozeb Tricyclazole 2,11 b 84,2

8 Tricyclazole + Mancozeb Casugamicina 1,42 a 89,3

9 Tricyclazole Casugamicina + Mancozeb 1,69 b 87,4

10 Casugamicina + Mancozeb Casugamicina + Mancozeb 2,85 c 78,6

11 Testemunha Testemunha 13,33 e 0

CV 12,4% -

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CONCLUSÃO

Nas condições que o experimento foi realizado, observou-se que o Tricyclazole continua atuando com eficiência no controle de brusone e que não sofre efeitos antagonistas pelos

demais princípios ativos testados. A utilização de Mancozeb atuou como potencializador quando utilizado em conjunto com

o Tricyclazole.

A produtividade da cultura é diretamente afetada quando não há controle eficiente de fungicidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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agronegócio e ciências ambientais: sistema para análise e separação de médias pelos

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PRABHU G, SHIMAZU H, CERRI G, BROCHIER T, SPINKS RL, MAIER M., et al. Modulation

of primary motor cortex outputs from ventral premotor cortex during visually guided grasp in

the macaque monkey. The Journal of Physiology, 587: 1057–1069, 2009.

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Avaliaç ão de tolerância das cultivares de arroz irrigado sob condições de inoculação natural de ponta-branca

Cley Donizeti Martins Nunes1; Ariano Martins de Magalhães Júnior2; Paulo Ricardo Reis Fagundes 2

Palavras-chave: nematóide, tolerância, produtividade, oryza

INTRODUÇÃO

A doença ponta-branca é causada pelo nematóide Aphelenchoides besseyi Christie. As plantas atacadas apresentam sintomas conforme o nome dado à doença, ponta branca, que se caracteriza pelo aparecimento de uma clorose no ápice das folhas do arroz. Essa clorose prossegue com a morte dos tecidos, ficando com aspecto de um espinho retorcido, formado pelo enrolamento do limbo foliar ao redor da nervura central. Na folha bandeira, nota-se também espiralamento da folhas próximas à lígula, enrolando-se ao redor da panícula, dificultando sua emissão. Em alguns casos, a folha bandeira fica totalmente atrofiada (NUNES, 2013). Os primeiros danos causados pela doença na produtividade do arroz no Rio Grande do Sul foi na década de 60, que foram entre 30% a 50%, nas cultivares Agulha Precoce, Caloro e IRGA 407. Com a introdução das cultivares de alto grau de tolerância como as americanas Bluebelle, Belle patna, Labelle e Lebonnet a partir de 1970, e com lançamento de BR-IRGA 409 nos anos 80, que chegaram ocupar 62,4% da área cultivada no estado do Rio Grande do Sul, os danos e as perdas causados por nematóide se tornaram raros (NUNES, 2013, TERRES et al., 2004). Somente em 2014 se teve novamente registro da presença do nematóide em uma amostra de grãos na lavoura do município de Jaquarão, que posteriormente foi impedida de ser exportada para Europa.

Nos estudos realizados com as cultivares BR-IRGA 409, BRS 7 “Taim” e BRS Pampa apresentam tolerância à doença e não expressaram nas folhas os sintomas de ponta branca. Com a semeadura continuado de sementes contaminadas aumenta o número significativo de nematóide nos grãos de uma safra para outra que poderá agravar o dano na produtividade do arroz (NUNES et al., 2015).

Objetivo deste estudo foi avaliar o método de inoculação natural e a reação de tolerância das diferentes cultivares comerciais de arroz irrigado à ponta-branca, Aphelenchoides besseyi.

MATERIAL E MÉTODOS

O estudo foi realizado na Estação Experimental de Terras Baixas (ETB) da Embrapa Clima Temperado, localizada no município de Capão do Leão, RS, no ano agrícola de 2015/2016.

Para realização do ensaio, uma área de 6 m de largura por 50 m de comprimento foi semeada em 27/11/2015, no espaçamento de 17,5cm das entre-linhas e com densidade de sementes de 100 kg.ha-1. A cultivar utilizada foi “Cachinho”, que tem como característica o grão tipo japônico, altura média de 114 cm e com a média de 73 vermes de Aphelenchoides besseyi /100 grãos.

Na fase de emergência desta cultivar, com índice médio de 45%, com 7 dias após a semeadura, os 10 genótipos usados para este estudo (Tabela 1), isentos de contaminação de nematóide foram semeados nas entre-linhas. As parcelas constaram de 3 linhas de 1m de comprimento e ficando espaçadas entre si de 1,5 m, obedecendo o delineamento de blocos ao acaso com 4 repetições.

1 Engº Agrº, Dr. Pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Rod. BR 392, km78, CEP 96010-971, Pelotas, RS.

[email protected] . 2 Engº Agrº, Dr. Pesquisador da Embrapa Clima Temperado.

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As práticas de adubação e de manejo da cultura adotadas seguiram as recomendações técnicas de cultivo do arroz irrigado (SOSBAI, 2016).

Durante a fase de enchimento de grãos (R6) foram feitas avaliações visuais atribuindo percentual de folhas com sintomas de ponta branca nas parcelas. A colheita dos grãos foi realizada manualmente e armazenadas na temperatura ambiente. Posteriormente, no Laboratório de Fitossanidade foram efetuadas as análises quantitativas referente ao número de nematóides por 100 grãos de arroz. A extração dos nematóides foi feita descascando-se manualmente as sementes na placa de Petry e submergindo as casca e os grãos em de água esterilizada, pelo período de 24 horas, na temperatura de 24ºC. Após os nematóides foram contados em microscópio esteroscópio (OLIVEIRA, 1987).

Os dados obtidos de número de nematóide porcentagens de sintomas foram previamente transformados em √x+0,5 e posteriormente submetidos a análise de variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O sistema de inoculação natural do nematóide Aphelenchoides besseyi em condições de campo mostraram ser eficiente para agrupar as cultivares em três grupos de tolerâncias por número de nematóides em grãos de arroz (Tabela 1).

As produtividades das cultivares sob condições de sombreamento realizadas pelas plantas da cultivar cachinho, não apresentaram diferenças significativa na análise do teste de média realizado por Tukey a 5% de probabilidade. As produções poderiam ter maior uniformidade entre as cultivares se não houvesse ocorrido incidência da doença de podridão do colmo (Sclerotium oryzae) nas plantas de BRS 7 “Taim”, IRGA 424 e IRGA 417, ou seja com menor coeficiente de variação. Nestas condições de ambiente, as produtividade das cultivares estão muito abaixo das médias registradas na região. Destaca-se nestas condições de inoculação natural, todos os genotipos avaliados não apresentaram sintomas de ponta branca.

Tabela 1 – Avaliação das cultivares comerciais de arroz irrigado à ponta-branca pelas médias das variáveis: produtividade, porcentagem de sintomas na folha, número de vermes vivos e o total de vermes (vivos e mortos), na safra 2015/2016/Estação de Terras Baixas, Capão do Leão. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS, 2017.

Cultivares Produtividade (kg.ha-1)

Sintomas (%)

Nº de vermes vivos

Total de vermes

BRS Pampa 2457 a 0 6,25a 7,50a INTA CL Puita 1846 a 0 16,50ab 19,00ab BRS Querência 3723 a 0 17,00ab 19,75ab IRGA 417 1284 a 0 17,00ab 20,50ab INTA CL Guri 3331 a 0 20,75ab 27,00abc BRS Sinuelo CL 1792 a 0 25,50abc 30,75abc BRS Fronteira 2431 a 0 26,00abc 32,00abc BRS Atalanta 1707 a 0 44,75abc 53,25abc IRGA 424 1464 a 0 64,50 bc 77,75 bc BRS 7 “Taim” 1056 a 0 80,25 c 89,50 c

CV (%) 56,26 35,53 34,27

* Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade

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Nas análises de nematóides nos grãos, a variável número de vermes vivos e total se mostraram semelhantes nos agrupamentos das cultivares, o que mostra a falta de interferência da variável de nematóides mortos observados durante a análise. A cultivar BRS Pampa teve menor número de nematóides, mas não se diferencia das cultivares INTA CL Puíta, BRS Querência, IRGA 417, INTA CL Guri, BRS Sinuelo CL e BRS Fronteira, BRS Atalanta e IRGA 424. No entanto, as quatro ultimas cultivares não diferenciam de BRS 7 “Taim” encontrado com a maior número de nematóides, o que demonstra ter menor tolerância a ponta branca.

Segundo Fukano (1962) citado por CABI; EPPO (2015) a densidade limiar de dano econômico na produtividade é de 300 nematóides vivos / 100 sementes. Portanto, todas as cultivares de arroz irrigado estudadas estão abaixo do nível de dano.

CONCLUSÃO

O método de inoculação natural de Aphelenchoides besseyi é efetivo para contaminação das cultivares de arroz irrigado. A cultivar BRS Pampa é a mais tolerante à ponta branca. O uso de cultivares resistentes ou tolerantes é uma das medidas de controle mais importante no controle da doença

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CABI; EPPO Data Sheets on Quarantine Pests Aphelenchoides besseyi. n. 122, 4p. Disponível em: <http://www.eppo.int/QUARANTINE/nematodes/Aphelenchoides_besseyi/APLOBE_ds.pdf> Acesso em: 06 de abril, 2015.

NUNES, C. D. M. Doenças da cultura do arroz irrigado. Embrapa Clima Temperado, 2013, 83p. (Embrapa Clima Temperado, Documentos, n. 360).

NUNES, C. D. M.; MAGALHÃES, Jr. A. M.; FAGUNDES, P. R.; ALVES, Y. S. Efeitos do nematóide, aphelenchoides besseyi, em cultivares de arroz irrigado nas safras 2012/13 e 2013/14. In: IX Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado: Ciência e Tecnologia para a Otimização da orizicultura, Anais.. . Brasília, DF: Embrapa; Pelotas: Sociedade Brasileira de Arroz Irrigado, 2015. CD-ROM.

OLIVEIRA, J. V. Efeitos do nematóide Aphelenchoides besseyi Christie, 1942, em quatro cultivares de arroz irrigado . 1987. 49f. Tese (Mestrado em Produção Vegetal) – Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO (SOSBAI). Arroz irrigado: Recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Br asil . Pelotas, SOSBAI: Bento Gonçalves, 2016, 200p.

TERRES, A. L.; FAGUNDES, P. R. R.; MACHADO, M. O.; MAGAHLÃES Jr., A. M.; NUNES, C. D. M. Melhoramento genético e cultivares de arroz irrigado. In: GONES, A.S.; MAGAHLÃES Jr., A. M. (Ed.). Arroz irrigado no sul do Brasil. Brasília, DF. Embrapa Informação Tecnológica, 2004, p.161-235.

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EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA BRUSONE DO ARROZ IRRIGADO NA SAFRA 2015/2016

Cley Donizeti Martins Nunes1; Jose Francisco da Silva Martins2

Palavras-chave: Oryza sativa, manejo, Pyricularia, resistência

INTRODUÇÃO

A brusone causada pelo fungo Pyricularia oryzae é uma doença altamente prejudicial à cultura do arroz, afetando diretamente a produção e a qualidade de grãos. Este patógeno possui uma vasta gama de hospedeiro, uma rápida capacidade de disseminação e de destruição das plantas.

A sua característica policíclica do fungo faz que sejam reproduzidos esporos em grande escala. A lesão típica pode surgir em cerca de seis dias após a infecção e produzir de 2000 a 6000 conídios por dia (OU, 1985). A incidência e a severidade da doença variam muito conforme as condições climáticas e as cultivares utilizadas, podendo ocasionar perdas de quase 100% (NUNES, 2013).

O uso de cultivares resistentes ainda é o método mais econômico e eficiente para o controle da doença. O maior obstáculo à obtenção dessas cultivares tem sido a freqüente perda da resistência vertical (RV), em conseqüência das adaptações do patógeno aos genes que conferem resistência. Em função da “quebra” da resistência das cultivares, o controle da doença é realizado basicamente pelo uso de fungicidas.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência agronômica de fungicidas mais utilizados para o controle da brusone em cultivares de arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido na área da Estação Terras Baixa, da Embrapa Clima Temperado em planossolo Háplico, no ano agrícola 2015/2016, no município do Capão do Leão, RS. Esse solo tem como características a deficiência da drenagem natural, baixa capacidade de armazenamento de água, condutividade hidráulica reduzida e a baixa velocidade de infiltração de água (SILVA; PARFITT, 1998). O experimento foi implantado com a cultivar Guri INTA CL, no delineamento experimental de blocos ao acaso com nove tratamentos (oito fungicidas e uma testemunha) e quatro repetições (Tabela 1). Para adubação de base, o solo foi adubado com 300 kg.ha-1 da formula 5:20:20 kg.ha-1 de N; P2O5 e K2O, respectivamente. A semeadura foi realizada no sistema de plantio direto em parcelas de 9 linhas de 5,0 m de comprimento, espaçadas de 0,175m, na densidade de 100 kg.ha-1. A irrigação foi por inundação a partir de 20 dias após a emergência do arroz. A adubação nitrogenada em cobertura foi realizada na forma de uréia, na dose de 400 kg.ha-1, de forma parcelado, no estádio V3 e V4 e a outra metade no estádio V8 e V9 (COUNCE et al., 2000).

Os tratamentos foram aplicados em pulverização, utilizando-se pulverizador costal pressurizado à CO2, de pressão constante, equipado com barra de aplicação de 2,0 m, provido de quatro pontas de pulverização do tipo jato leque plano (XR 110 02), a uma pressão de 30 psi e a velocidade de caminhamento de 1,0 m.s-1, com o objetivo de distribuir uma vazão de 200L.ha-1 de calda. As aplicações dos fungicidas ocorreram em condições ambientais favoráveis de temperatura, umidade relativa do ar e velocidade do vento, sendo a primeira aplicação realizada no estádio de emborrachamento em 29/03/2016 e a segunda

1 Engº Agrº, Dr. Pesquisador da Embrapa Clima Temperado, Rod. BR 392, km78, CEP 96010-971, Pelotas, RS.

[email protected] .. 2 Engº Agrº, Dr. Pesquisador da Embrapa Clima Temperado.

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aplicação 16 dias após. O estabelecimento da brusone ocorreu de maneira natural e, avaliou-se a severidade da

doença aos 21 dias após a última aplicação de fungicida, conforme as escalas diagramáticas preconizadas pelo sistema internacional de avaliação de doenças do arroz (IRRI, 2000). A severidade da brusone nas panículas (SBP) foi avaliada na pré-colheita do arroz. A porcentagem média da SBP foi avaliada em 50 panículas tomadas ao acaso por tratamento, aplicando a escala de seis graus (0%; 5%; 25%; 50%; 75% e 100%) e a fórmula SBP (%) = (classe do valor x frequência da classe) /número total de panículas da amostra.

A produtividade do arroz e a esterilidade das espiguetas foram estimadas a partir da colheita da área útil da parcela, 3,5 m2 e de 20 panículas tomadas ao acaso, respectivamente. O volume de grãos foi pesado e sua umidade ajustada para 13% para cálculo do rendimento final. Posteriormente, foi retirada uma amostra de 100g de grãos da produção de cada parcela para fazer o rendimento de grãos, no engenho de provas, marca Suzuki. Após a separação dos grãos foram pesados os inteiros e os quebrados + gessados.

Os dados de rendimento de grãos inteiro, brusone nas folhas e panículas e SBF foram previamente transformados em √x+0,5. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott, no nível de 5% de probabilidade de erro. Para a análise utilizou-se o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 1998).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de normalidade dos dados de severidade da brusone das folhas não mostrou diferenças significativas que separe as eficiências dos fungicidas em virtude da baixa severidade da doença na área foliar da parcela. Enquanto, a severidade da brusone das panículas foi possível diferenciar os tratamentos para o controle da doença em três grupos, Tabela 1. O primeiro, os tratamentos mais eficientes, Bim 750BR e Nativo, com 71% de controle da brusone. O segundo, Kasumin, Dithiobim e Priori com eficiência variando de 41% a 35% e o terceiro grupo Alterne, Brio, Eminent e testemunha variando de 12% a O%. Tabela 1. Eficiência do controle da brusone avaliados pelas variáveis: brusone das folhas, brusone das panículas, e SBP (Severidade da Brusone nas Panículas) na cultivar Guri INTA CL, quando submetida aos diferentes tratamentos de fungicidas, na Estação Terras Baixas da Embrapa, Capão do Leão, safra 2015/2016. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, 2017.

Tratamentos Brusone da folha

Brusone da panícula

Controle (%)

SBP2 (%)

Controle (%)

Bim 750 BR 1,0 a 2,50 a 1 70,59 3 32,74 a 62,7 3

Nativo 1,0 a 2,50 a 70,59 50,54 b 42,4 Dithiobim 1,3 a 5,50 b 35,29 59,17 b 32,6 Priori 2,3 a 5,50 b 35,29 61,01 b 30,5 Alterne 3,5 a 7,50 c 11,77 72,62 c 17,3 Kasumin 2,0 a 5,00 b 41,18 73,52 c 16,3 Brio 3,5 a 8,50 c 0,00 77,37 c 11,9 Eminent 3,5 a 8,50 c 0,00 84,23 c 4,1 Testemunha 4,3 a 8,50 c - 87,80 c -

CV 44,88 15,37 15,10

1 - Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem estatisticamente entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. 2 - SBP = Severidade de brusone nas panículas. 3 Cálculo com base no tratamento testemunha.

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Na avaliação dos tratamentos pela variável SBP, separou o Bim 750BR pela maior eficácia para controle da brusone (63%), comparado com os outros dois grupos. O segundo agrupamento, os fungicidas Nativo, Dithiobin e Priori com eficiência entre 12% a 31%, e o terceiro, os tratamentos Kasumin, Brio e Eminente com 17,3% a 4,1%.

Na análise de porcentagens de grãos inteiros evidenciou dois grupos de fungicidas. Os que obtiveram os melhores resultados foram Bim 750 BR, seguido de Nativo, Dithiobin e Priori com 66%; 65%; 65% e 63%, respectivamente. Este grupo de fungicidas obteve as melhores produtividades (Tabela 2).

Nesta análise das médias da variável produtividade, diferenciou os fungicidas em dois grupos. O agrupamento que obteve as maiores diferenças de produtividade de grãos com base a testemunha, entre 82% a 39% foram os fungicidas Bim 750BR, Nativo, Priori, Dithiobim e Kasumin, com 8,80 t/ha; 7,99 t/ha; 7,31 t/ha; 6,75 t/ha e 6,73 t/ha de grãos de arroz, respectivamente. O grupo com menores em produtividade de grãos causados pelos menores índice de controle da doença foram Brio, Alterne, Eminet e Testemunha com 5,31 t/ha; 5,05 t/ha; 4,64 t/ha e 4,84 t/ha, respectivamente. Tabela 2. Eficácia do controle da brusone avaliados pelas variáveis: produtividade, diferenças de produtividade, grãos inteiros e esterilidade da cultivar Guri INTA CL quando submetida aos diferentes tratamentos de fungicidas, na Estação Terras Baixas da Embrapa, Capão do Leão, safra 2015/2016. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, 2017.

Tratamentos Grãos Inteiros (%)

Produtividade (t/ha)

Diferenças de produtividade

(%)2 Bim 750 BR 65,80 a 8,80 a1 82,05 Nativo 64,68 a 7,99 a 65,19 Priori 64,55 a 7,31 a 51,20 Dithiobim 63,25 a 6,75 a 39,57 Kasumin 61,13 b 6,73 a 39,17 Brio 57,08 b 5,31 b 9,81 Alterne 58,63 b 5,05 b 4,47 Testemunha 58,60 b 4,84 b - Eminent 57,75 b 4,64 b -4,01

CV 3,11 28,09

1 Médias seguidas pela mesma letra, minúsculas na coluna e maiúsculas na linha, não diferem estatisticamente entre si pelo teste Scott-Knott a 5% de probabilidade. 2 Cálculo com base no tratamento testemunha.

CONCLUSÃO

O Bim 750BR atinge a maior eficiência no controle da brusone no arroz

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUNCE, P.A.; KEISLING, T.C.; MITCHELL, A.J. A uniform, objective and adptive system for expressing rice development. Crop Science , v40, p.436-443, 2000.

IRRI - International Rice Research Institute. Standard evaluation system for rice (SES) . Manila, Philippines. 2000. 56p.

NUNES, C. D. M. Doenças da cultura do arroz irrigado. Embrapa Clima Temperado, 2013, 83p. (Embrapa Clima Temperado, Documentos, n. 360).

OU, S. H. Blast. In: OU, S. H. Rice disease . 2ed. Wallingford, U K; CAB International, 1985.

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p.109-201.

SILVA, C. A. S.; PARFITT, J. M. B. Manejo de solo e água. In: PORTO, M. P.; SILVA, S. D. A.; WINKLER, E. I. G.; SILVA, C. A. S.; PARFITT, J. M. B. Milho em várzeas, na região sul do Brasil: cultivares e manejo de solo e água . Pelotas: Embrapa-CPACT, p.20-31, 1988. (Circular Técnica n.6).

FERREIRA, D. F. Sisvar – um programa para análises e ensino de estatística. Revista Symposium , Lavras: v6, p. 36-41, 2008.

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EFICIÊNCIA DE CONTROLE DA BRUSONE DO ARROZ EM RESPOSTA À UTILIZAÇÃO DE DIFERENTES PONTAS DE

PULVERIZAÇÃO DE FUNGICIDAS

Klaus Konrad Scheuermann1; Marcelo Mendes Haro

2

Palavras-chave: Pyricularia oryzae, doenças, tecnologia de aplicação.

INTRODUÇÃO

A brusone do arroz, causada pelo fungo Pyricularia oryzae, apresenta um potencial de

dano que pode chegar a 100% de perda de produção, quando não controlada adequadamente (SANTOS et al., 2002). Em função disso, o controle da doença envolve medidas que incluem o uso de cultivares resistentes, práticas de manejo e o uso de

fungicidas (SOSBAI, 2016). A resistência genética, apesar de ser o método mais eficaz de controle da brusone,

normalmente é pouco duradoura, em decorrência da capacidade adaptativa do fungo,

advinda de sua elevada variabilidade genética (SCHEUERMANN et al., 2012). Estratégias de manejo envolvendo a destruição da palhada e de plantas de arroz voluntárias na entressafra, adubação equilibrada, especialmente a nitrogenada, assim como a rotação de

cultivares, reduzem significativamente a severidade da doença. Entretanto, o controle químico com fungicidas, seja pela ineficácia das medidas de manejo, ou como forma preventiva de controle da doença, constitui uma das estratégias mais empregadas para o

controle da brusone do arroz. Estão registrados pelo menos 41 fungicidas para o controle da brusone na cultura do

arroz (MAPA, 2017), cuja eficiência é bastante variável, pela natureza dos produtos e

também pela tecnologia de aplicação empregada (SANTOS et al., 2005; SCHEUERMANN & EBERHARDT, 2011). Entre os componentes envolvidos na tecnologia de aplicação estão as pontas de pulverização, as quais podem proporcionar uma variedade de tipos de jato,

tamanhos de gota e vazões, o que pode influenciar diretamente na eficácia do tratamento fungicida empregado. Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi avaliar o desempenho de sete pontas para pulverização de fungicidas, visando o controle da brusone

de panícula na cultura do arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS

Os experimentos foram realizados na Epagri/Estação Experimental de Itajaí-SC, no período correspondente as safras agrícolas 2015/16 e 2016/17, em condições de lavoura,

com delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições. Utilizou-se nos dois experimentos a cultivar de arroz SCS116 Satoru, com densidade de semeadura de 120 kg ha

-1, em sistema pré-germinado, seguindo as recomendações de cultivo da SOSBAI

(2016). Foram testados dois tratamentos fungicidas, em combinação com sete pontas de pulverização (Tabelas 1 e 2). Os tratamentos foram aplicados em parcelas de 2 x 5m, com espaçamento entre parcelas de 1,5m, utilizando-se pulverizador costal propelido com CO2,

com uma pressão de trabalho de 40 Psi. As aplicações foram realizadas nos estádios R2 (emborrachamento) e R4 (pleno florescimento). No estádio R9 (todos os grãos da panícula apresentando casca marrom) foi realizada avaliação de incidência de brusone de panícula (Pyricularia oryzae), com base em escalas de notas (IRRI, 2013). Foram consideradas

panículas com brusone, aquelas infectadas no primeiro ou segundo nó basal. Foi colhida

1 Eng. Agr. Dr. Epagri – Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277, Itajaí-SC. CEP:88318-112. [email protected].

2 Eng. Agr. Dr. Epagri – Estação Experimental de Itajaí.

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uma área de 4,25 m2 de cada parcela para a determinação de produtividade e rendimento

de grãos inteiros, sendo para isso a umidade dos grãos ajustada para 13%. Foi colhida também uma área de 0,25 m

2 para a determinação da esterilidade de grãos. Para isso, as

panículas foram debulhadas manualmente, e os grãos obtidos foram submetidos à corrente

de ar que separou os grãos cheios das espiguetas vazias, para posterior contagem e pesagem. Grãos contendo tamanho inferior a 2/3 do tamanho padrão foram considerados quebrados. A partir dos dados obtidos, foi verificada a normalidade dos resíduos com o

teste de Shapiro-Wilk, bem como a homogeneidade de variâncias com o teste de Bartlett. Satisfeitas às condições, as variáveis analisadas foram submetidas à análise de variância e

as médias comparadas pelo teste Tukey HSD a 5% de probabilidade.

Tabela 1 – Especificações das pontas de pulverização avaliadas Pontas de

pulverização1

Tipo de Jato Vazão

2

(L ha-1

)

110 DB 015 Duplo leque 165

110 DB 02 Duplo leque 200

110 DBA 015 Duplo leque com

indução de ar 170

110 DBA 02 Duplo leque com

indução de ar 205

HB 02 Cone vazio 160

HB 03 Cone vazio 200

110 XP 015 Leque 170 1Todas as pontas de pulverização empregadas são da marca

Micron; 2A vazão descrita foi obtida com pressão de trabalho de 40

Psi.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A incidência de brusone de panículas foi elevada, atingindo nota máxima em ambos os

experimentos realizados, tornando robusta a análise dos tratamentos em avaliação. A alta incidência de brusone provocou um aumento significativo de espiguetas vazias, assim como reduziu o rendimento de grãos inteiros e a produtividade (Tabela 2). Isso sugere que as

perdas provocadas pela brusone não se limitam à redução de produtividade, mas também à qualidade dos grãos.

Ao se comparar a mistura comercial dos fungicidas tebuconazol + trifloxistrobina com a

mistura em tanque de tebuconazol + triciclazol, observa-se que ambos os tratamentos fungicidas são equivalentes em eficiência de controle da brusone de panículas.

A avaliação do efeito das pontas de pulverização, sobre a eficiência dos tratamentos

fungicidas mostra que, para a mistura dos fungicidas tebuconazol + triciclazol, não há diferença de desempenho entre as pontas de pulverização testadas. Por outro lado, quando se considera a mistura em tanque dos fungicidas tebuconazol + trifloxistrobina, observa-se

que a ponta 110 XP 015 proporcionou uma menor eficiência de controle da doença. O desempenho diferenciado dos tratamentos fungicidas em função da ponta de pulverização, pode estar relacionado à sistemicidade dos fungicidas empregados, associado à distribuição

do produto sobre a planta. Entre os fungicidas empregados neste trabalho, todos são de ação sistêmica, exceto a trifloxistrobina a qual é de ação mesostêmica (MAPA, 2017). As pontas de pulverização da série XP proporcionam gotas de tamanho intermediário e não

são indicadas para produtos de contato (MICRON, 2017). Fungicidas mesostêmicos, apesar de apresentarem movimentação translaminar, de maneira geral não movimentam-se sistemicamente, o que sugere que podem exigir uma melhor distribuição sobre a planta para

sua plena efetividade. Fiallos et al. (2011) observaram que em trigo o controle mais eficaz de doenças foi obtido com pontas de pulverização que produzem gotas finas, mesmo para

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doenças foliares. No presente trabalho, foram testadas também pontas de pulverização da

série DBA, que produzem gotas grandes, porém aeradas, as quais fragmentam-se ao entrar em contato com a superfície da planta. Essa característica possivelmente assegurou uma boa distribuição dos tratamentos fungicidas avaliados, haja vista sua equivalência em

eficiência de controle quando comparada com as demais pontas de pulverização. Apesar de ter havido uma menor eficiência de controle da brusone quando empregada a ponta de pulverização 110 XP 015 para aplicação da mistura tebuconazol + trifloxistrobina, essa

diferença não se refletiu nos componentes de rendimento, onde verificou-se uma equivalência entre as pontas de pulverização avaliadas, para os dois tratamentos fungicidas empregados. A similaridade entre os tratamentos avaliados demonstra a possibilidade de

emprego de pontas de pulverização com características distintas, inclusive as que produzem jatos com maior resistência à deriva, como as pontas com indução de ar, extremamente úteis para regiões com maior incidência de ventos. Verificou-se ainda que, pontas de pulverização que proporcionam uma menor vazão, não provocaram redução na

eficiência de aplicação, dentro dos intervalos testados, o que também possibilita uma maior autonomia de trabalho, quando da utilização de vazões menores.

Tabela 2 – Efeito da utilização de diferentes pontas de pulverização de fungicidas, sobre o controle da brusone de panícula e componentes de rendimento de arroz. Itajaí-SC, safra

agrícola 2015/16 e 2016/17.

Tratamentos1

Incidência de Brusone (%)

Espiguetas vazias (%)

Grãos inteiros (%)

Produtividade Kg ha

-1

1 Testemunha 75,0 ± 0,0 a 40,4 ± 1,4 a 23,9 ± 0,8 a 3657 ± 155 a

2 DB 015 (tb+tf) 17,9 ± 2,0 bc 20,5 ± 1,3 b 53,0 ± 1,4 b 7293 ± 186 b

3 DB 02 (tb+tf) 11,8 ± 0,9 c 19,1 ± 1,1 b 50,3 ± 2,1 b 6759 ± 359 b

4 DBA 015 (tb+tf) 14,1 ± 1,3 c 19,6 ± 1,4 b 54,4 ± 1,4 b 7464 ± 94 b

5 DBA 02 (tb+tf) 15,3 ± 2,5 c 19,2 ± 1,2 b 55,0 ± 0,7 b 7608 ± 376 b

6 HB 02 (tb+tf) 17,9 ± 3,6 bc 19,1 ± 1,4 b 53,1 ± 2,0 b 7032 ± 261 b

7 HB 03 (tb+tf) 12,8 ± 0,0 c 17,8 ± 0,9 b 54,9 ± 0,5 b 7433 ± 238 b

8 XP 015 (tb+tf) 22,9 ± 3,6 b 20,5 ± 0,9 b 54,5 ± 1,4 b 7189 ± 128 b

9 DB 015 (tb+tc) 12,8 ± 0,0 c 18,6 ± 0,9 b 56,0 ± 1,3 b 6983 ± 306 b

10 DB 02 (tb+tc) 11,4 ± 1,3 c 19,7 ± 0,7 b 54,4 ± 1,6 b 7044 ± 452 b

11 DBA 015 (tb+tc) 15,4 ± 1,5 c 18,2 ± 1,7 b 56,9 ± 0,8 b 7292 ± 253 b

12 DBA 02 (tb+tc) 11,4 ± 2,5 c 17,3 ± 4,7 b 54,7 ± 1,3 b 7258 ± 344 b

13 HB 02 (tb+tc) 14,1 ± 1,3 c 20,9 ± 1,7 b 53,4 ± 0,3 b 7292 ± 352 b

14 HB 03 (tb+tc) 15,4 ± 1,5 c 22,1 ± 0,7 b 53,9 ± 0,8 b 7282 ± 506 b

15 XP 015 (tb+tc) 14,1 ± 1,3 c 18,5 ± 2,6 b 54,8 ± 1,8 b 7231 ± 507 b

P

F <0.001 80,24

<0.001 15,62

<0.001 35,53

<0.001 8,43

1Ponta de pulverização seguida pelo fungicida empregado. (tb+tf): fungicida tebuconazol + trifloxistrobina (Nativo) na

dose de 750 mL ha-1

, com o adjuvante Aureo na dose de 500 mL ha-1

. (tb+tc) mistura em tanque dos fungicidas tebuconazol (Alterne) na dose de 750 mL ha

-1, com triciclazol (Bim) na dose de 250g ha

-1. Todas as doses referem-se à

dose do produto comercial.

CONCLUSÃO

Pontas de pulverização que produzem jatos tipo cônico, duplo leque e duplo leque com

indução de ar podem ser empregadas para a aplicação de fungicidas na cultura do arroz, visando o controle de brusone de panículas.

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AGRADECIMENTOS

A Fapesc e ao CNPq pelo suporte financeiro que tem assegurado à continuidade dos trabalhos de pesquisa. Aos assistentes de pesquisa Geovani Porto e Samuel Batista dos

Santos pela supervisão dos experimentos no campo e coleta de dados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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em: 14 jun. 2017. SANTOS, G.R.; SABOYA, L.M.F.; RANGEL, P.H.N.; OLIVEIRA-FILHO, J.C. Resistência de genótipos de arroz a doenças no sul do Estado do Tocantins. Bioscience Journal, v.18,

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SCHEUERMANN, K.K.; RAIMOND, J.V.; MARSCHALEK, R.; ANDRADE, A.; WICKERT, E. Magnaporthe oryzae genetic diversity and its outcomes on the search for durable resistance.

In: Mahmut Caliskan. (Ed.). The Molecular Basis of Plant Genetic Diversity. Rijeka: Ed.

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SENSIBILIDADE À ESTROBILURINA DE ISOLADOS DE PYRICULARIA ORYZAE DO ARROZ NO RIO GRANDE DO SUL

Camila Bedin Scalco1, Cláudio Ogoshi2, Daniel Arthur Gaklik Waldow3, Danielle Almeida4, Gabriela de

Magalhães da Fonseca5

Palavras-chave: Brusone, Oryza sativa, azoxistrobina, resistência

Introdução O Rio Grande do Sul (RS) destaca-se como o maior produtor nacional de arroz,

sendo responsável por cerca de 70% do total produzido no Brasil. A brusone, doença causada pelo fungo Pyricularia oryzae Sacc. (forma imperfeita) - Magnaporthe oryzae (Herbert) Barr. (forma perfeita), assume posição de doença economicamente importante, pois em anos cujas condições se apresentam como favoráveis, os danos ocasionados por essa podem comprometer até 100% da produção da lavoura de arroz (SOSBAI, 2016). Na safra 2016/2017, aproximadamente 30% da área cultivada com arroz irrigado no estado do RS foi semeada com cultivares suscetíveis à brusone (IRGA, 2017). Mas esse cenário já foi pior, na safra 2014/2015, por exemplo, mais de 2/3 da área foi semeada com genótipos suscetíveis à brusone (IRGA, 2015). A utilização de cultivares resistentes é uma medida efetiva para o controle dessa doença. Entretanto, devido à grande variabilidade genética do patógeno, a resistência introgredida em novas cultivares não é durável (SCHEUERMANN & EBERHARDT, 2011). Atualmente, o controle da brusone depende principalmente da aplicação de fungicidas (CASTROAGUDÍN et al., 2015). Existem hoje 41 fungicidas registrados para o controle da brusone na cultura do arroz (AGROFIT, 2017). Apesar disso, observa-se que, um grupo composto por um número restrito de produtos com sítio específico de ação, como triazóis e estrobilurinas, tem sido utilizado de forma continuada (SCHEUERMANN & EBERHARDT, 2011). Esse fato colabora com o surgimento de novas raças de patógenos resistentes a esses fungicidas (ADAME & KOLLER, 2003). As estrobilurinas pertencem ao grupo dos fungicidas conhecidos como inibidores de quinona oxidase (QoIs), os quais interferem na respiração mitocondrial do patógeno bloqueando a transferência de elétrons no citocromo b (codificada pelo gene cyt b) (FERNÁNDEZ-ORTUÑO et al., 2008). Em P. oryzae, assim como na ampla maioria dos fitopatógenos, a resistência à estrobilurina resulta da alteração de um aminoácido de glicina para alanina no códon 143 do cyt b, conhecida como mutação G143A. Outra mutação, a F129L, que ocorre no códon 129 e ocasiona a alteração de fenilalanina para leucina, já foi descrita como causadora de resistência moderada (GISI et al., 2002). Embora mutações que resultem em resistência a fungicidas QoIs tenham sido relatadas de forma recorrente e em diferentes genótipos de patógenos de regiões geográficas distintas (OLIVEIRA et al., 2015), o desenvolvimento dessas depende de fatores particulares de cada patossistema (MA et al., 2009). P. oryzae apresenta uma ampla gama de hospedeiros. Trigo, triticale e cevada são alguns exemplos de outras culturas que podem apresentar quedas significativas de produtividade devido ao ataque desse patógeno (GALBIERI & URASHIMA, 2008). Alguns autores já descreveram a alta variabilidade genético-patotípica de populações do fungo como possível determinante de eventos de mudança de hospedeiro (MOREIRA et al., 2015). Em 2015, CASTROAGUDÍN e colaboradores publicaram um estudo realizado com 325 isolados de P. oryzae infectantes de trigo e de espécies de gramíneas invasoras de

1 Eng. Agrônoma e Mestre em Biologia Celular e Molecular, IRGA, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes 1494, Cachoeirinha-RS, CEP: 94930030, e-mail: [email protected]. 2 Eng. Agrônomo e Doutor em Fitopatologia, EPAGRI. 3 Eng. Agrônomo e Mestre em Fitomelhoramento, IRGA. 4 Eng. Agrônoma e Doutora em Fitotecnia, IRGA. 5 Eng. Agrônoma e Doutora em Fitomelhoramento, IRGA.

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lavouras de trigo, os quais foram coletados em sete estados brasileiros incluindo o RS, e verificaram que mais de 90% dos isolados apresentavam mutação no gene cyt b, expressando resistência à estrobilurina. Apesar desse relato, dados de pesquisas para acompanhar o nível de sensibilidade e detectar casos de resistência à estrobilurina especificamente em populações gaúchas de isolados de P. oryzae de arroz não foram publicados até o momento. Assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a sensibilidade à estrobilurina em população de isolados de P. oryzae coletados em arroz no RS. Material e Métodos Para testar a sensibilidade de isolados P. oryzae de arroz à azoxistrobina (fungicida QoI) foram utilizados 47 isolados monospóricos provenientes de amostragens realizadas em lavouras de arroz localizadas exclusivamente no estado do RS na safra 2015/2016. O nível de sensibilidade à estrobilurina foi determinado com base na EC50, concentração capaz de causar 50% de inibição de crescimento micelial. Os isolados foram cultivados por 7 dias em placas de Petri contendo batata dextrose-ágar (BDA, Merck) com adição de estreptomicina na concentração de 50 µg/mL e incubados a 25 °C com fotoperíodo de 12 horas de luz e 12 horas de escuro para produção de inóculo. Para produção de solução de trabalho, o fungicida Priori® (azoxistrobina 250 g/L, Syngenta) foi diluído 100 vezes em água deionizada. O meio de cultura BDA utilizado nos ensaios foi autoclavado e resfriado a aproximadamente 50 °C, em seguida acrescentou-se 80 µg/mL de ácido salicilhidroxâmico (SHAM), o qual é necessário para suprimir a via alternativa da oxidase (MA et al., 2009), e azoxistrobina para atingir as concentrações finais de 0,04; 0,16; 0,32; 1,25; 5,0 e 10,0 µg/mL de ingrediente ativo. O preparo do meio de cultura das placas controle foi igual ao das placas testadas, porém sem adição de azoxistrobina. Discos com 7 mm de diâmetro de micélio foram cortados da borda das colônias inóculo, e posteriormente depositados nas placas de meio BDA acrescidas das diferentes doses de azoxistrobina. Em cada placa de meio de cultura depositou-se discos de 4 isolados de P. oryzae diferentes, constituindo uma unidade experimental. Após 5 dias de incubação a 25 °C, o crescimento do diâmetro das colônias foi medido em milímetros e subtraiu-se 7 mm, medida correspondente ao diâmetro do disco micelial original. O crescimento micelial dos isolados nas doses testadas foi convertido em crescimento relativo (CR) por meio da fórmula: 100 x (diâmetro médio da colônia em meio com fungicida) / (diâmetro médio da colônia em meio sem fungicida). O programa ED50plus v1.0 (VARGAS, 2000) foi utilizado para cálculo dos valores de EC50, no qual trabalhou-se com os CRs de cada isolado e concentrações do fungicida transformadas em logaritmo natural. O delineamento experimental foi de blocos casualizados com quatro repetições. Foi feito teste de resíduos e análise de variância para o EC50 com o programa estatístico SAS versão 8.0 (SAS INSTITUTE, 2000). O agrupamento, realizado pelo teste de médias Scott-Knott para cada um dos isolados, foi feito com o programa estatístico SISVAR versão 4.1 (FERREIRA, 2000). A resistência à estrobilurina foi determina para 3 isolados com base na genotipagem do gene cyt b. O DNA dos isolados foi extraído com o kit Wizard Genomic DNA Purification (Promega®), seguindo instruções do fabricante. Um fragmento de 879 pb do gene cyt b foi amplificado por PCR usando os primers PgCytb-F1 (5′-AGTCCTAGTGTAAT GGAAGC-3′) e PgCytb-R1 (5′-ATCTTCAACGTGTTTAGCACC-3′). Os produtos de PCR foram purificados com o kit Wizard SV Gel and PCR Clean-Up System (Promega®) e sequenciados pela empresa ACTGene Análises Moleculares (Porto Alegre, Brasil) utilizando sequenciador automático AB 3500 Genetic Analyzer (Applied Biosystems®). O programa Clustal W (THOMPSON et al., 1994) foi utilizado para alinhamento de sequências usando a sequência de DNA AY245424, recuperada do GenBank, como referência de isolado sensível. Mutações que conferem resistência à estrobilurina (G143A e F129L) foram buscadas manualmente.

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Resultados e Discussão Por meio desse estudo, observou-se que os isolados apresentam variações

quantitativas de sensibilidade à azoxistrobina. Os valores de EC50 para azoxistrobina de 47 isolados de P. oryzae de arroz coletados em lavouras do RS variaram de 4,71.10-8 a 0,09 µg/mL de azoxistrobina. O teste de Scott-Knott classificou os isolados analisados em 3 grupos diferentes: sensibilidade alta, sensibilidade média e sensibilidade baixa (Gráfico 1); sendo que os isolados foram considerados sensíveis à azoxistrobina por apresentarem valores de EC50 dentro do intervalo determinado por CASTROAGUDÍN et al. (2015). A EC50

média, bem como as maiores e menores EC50 de cada grupo estão apresentadas na Tabela 1.

Gráfico 1: Agrupamento de isolados de acordo com o Teste de Scott-Knott. Tabela1: EC50 média, maior e menor de cada grupo.

No Brasil, aplicações típicas de azoxistrobina variam entre 2,5 a 10 µg/mL de i.a.

(MAPA, 2017). Entre os isolados analisados nesse estudo, não há qualquer um que apresente EC50 igual ou maior à 2,5 µg/mL de azoxistrobina, portanto, os níveis de sensibilidade observados foram considerados satisfatórios dando indícios de que, provavelmente, não há no grupo mutantes resistentes à azoxistrobina. Até o momento foram obtidas sequências de DNA correspondentes ao cyt b de 3 isolados, sendo que 2 deles apresentaram sensibilidade baixa e 1 com sensibilidade média à azoxistrobina. Conforme esperado, as mutações G143A e F129L não foram encontradas no cyt b desses isolados. Esse fato pode estar relacionado, entre outros fatores, com uma capacidade baixa dessa população em desenvolver resistência, com sua taxa de reprodução, com a magnitude da pressão de seleção, com a eficiência da adoção de estratégias anti-resistência, com a qualidade da cobertura da cultura no momento da aplicação do fungicida, e com a velocidade de degradação do fungicida, a qual depende basicamente do clima local.

CASTROAGUDÍN e colaboradores (2015) demonstraram que isolados de P. oryzae portadores das mutações G143A e F129L no cyt b e, portanto, resistentes à azoxistrobina apresentam EC50 em doses maiores que 10 µg/mL. Para efeito de comparação, a maior EC50 detectada nesse trabalho foi em dose aproximadamente 100 vezes menor que 10 µg/mL, reforçando a hipótese de que, até o momento, não há entre os isolados resistência ao i.a. em estudo. Essa hipótese somente será confirmada quando todos os isolados incluídos no estudo tiverem o cyt b genotipado. Apesar de terem sido inúmeros os relatos de resistência às estrobilurinas na última década (Kim et al, 2003), experimentos avaliando a eficácia de fungicidas no controle da brusone, realizados na Estação Experimental do Arroz em Cachoeirinha, RS (EEA/IRGA), na safra 2015/2016, demonstraram que aplicações de fungicidas a base de azoxistrobina em cultivares de arroz sensíveis à brusone resultaram em redução na severidade da doença (dados não publicados), corroborando com os resultados do presente trabalho. Conclusão

Não houve caso confirmado de resistência à azoxistrobina no grupo de isolados de P. oryzae de arroz analisados. Embora tenha sido notado diferentes níveis de sensibilidade à azoxistrobina, aparentemente, o uso de fungicidas QoIs em lavouras de arroz do RS ainda não ocasionou resistência ao patógeno P. oryzae.

Menor EC50

Maior EC50

EC50 Média

Sensibilidade alta

4,71.10-8

1,01.10-7 7,43.10

-8

Sensibilidade média

2,39.10-5

1,95.10-4

0,95.10-5

Sensibilidade baixa 7,59.10

-4 0,09 0,02

* Dados em µg/mL

4%

9%

87%

Classificação dos isolados quanto à sensibilidade à azoxistrobina (Fungicida QoI)

Sensibilidade alta

Sensibilidade média

Sensibilidade baixa

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UTILIZAÇÃO DE FUNGICIDAS E RELAÇÕES COM A QUALIDADE E A CONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE ARROZ

Iuri Stéfano Negrisiolo Dario

1; Ana Dionísia da Luz Coelho Novembre

2; Geraldo José Aparecido Dario

3

Palavras-chave: tratamento de sementes, armazenamento, fungicidas.

INTRODUÇÃO

O Brasil é o nono produtor mundial de arroz, considerando os sistemas de cultivo irrigado e terras altas, com 10,6 milhões de toneladas produzidas na safra 2015/2016, em área de 2 milhões de hectares (CONAB, 2017).

A planta de arroz, em qualquer fase de desenvolvimento, é susceptível às doenças que reduzem a qualidade e a quantidade final do produto. A prevalência e a severidade das doenças estão relacionadas à presença do patógeno, à susceptibilidade do cultivar utilizado e às condições ambientes favoráveis (LOBO, 2004; NUNES et al., 2004).

O uso de sementes sadias e a erradicação do patógeno por meio de produtos químicos visa reduzir o inóculo inicial e evitar a introdução de novas doenças, sendo que o tratamento de sementes com fungicidas é uma prática importante, de custo reduzido e reduz o risco de contaminação do ambiente e do aplicador (HENNING, 2005; PRABHU et al., 1999).

O tratamento de sementes com fungicida é baseado na proteção da semente e da plântula contra infecções e danos causados por microrganismos. Estes fungicidas podem controlar os patógenos das sementes e, se forem de natureza sistêmica, protegerem também as plântulas.

A aplicação dos produtos nas sementes de arroz é usualmente efetuada pelos agricultores no momento da semeadura, mas visando garantir a qualidade e a eficiência do tratamento, as empresas produtoras de sementes têm realizado o tratamento antes da comercialização. No entanto, há ainda restrição de informações relacionadas à interferência dos produtos aplicados nas sementes antes do armazenamento, especialmente para as sementes de arroz.

A avaliação do parâmetro fisiológico das sementes é essencial, pois possibilita estimar a germinação, o vigor e o período de conservação dessas sementes. Por outro lado, os patógenos podem causar alterações negativas na qualidade das. Essas condições, podem determinar o baixo desempenho das sementes no campo (MACHADO, 1988).

Esta pesquisa teve como objetivo avaliar a interferência da aplicação de fungicidas na qualidade das sementes de arroz em função do período de armazenamento, para tanto foram avaliadas sementes três cultivares oriundos dos principais centros de pesquisa com arroz do país e três promissores fungicidas das principais empresas do mercado.

MATERIAL E MÉTODOS

A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Análise de Sementes, Departamento de Produção Vegetal, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz - Universidade de São Paulo, Piracicaba - SP. Foram utilizadas sementes de arroz (Oryza sativa L.) dos cultivares SCS 118 Marques, BRS Pampa e IRGA 424 (3 lotes de cada cultivar), provenientes de três distintas regiões de cultivo: as sementes do cultivar IRGA 424 foram produzidas em campos de sementes da cidade Mostardas, Planície Costeira Externa - RS, do cultivar SCS 118 Marques foram produzidas no município de Turvo, Litoral Sul Catarinense - SC e do cultivar

1 Doutorando, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Faculdade de Ciências Agronômicas. Av. Antonio

Joaquim de Moura Andrade, 65. 13.525-000. Águas de São Pedro - SP. [email protected] 2 Professor Associado, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - Universidade de São Paulo.

3 Professor Doutor, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - Universidade de São Paulo.

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BRS Pampa foram produzidas na Estação Experimental da Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás - GO; de cada genótipo foram utilizadas sementes de três lotes.

O tratamento das sementes foi realizado no dia 10 de novembro de 2013 no Laboratório de Análise de Sementes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, utilizando um tratador líquido de sementes, sendo aplicados os fungicidas Penflufem + Trifloxistrobina, Metalaxil + Tiabendazol + Fludioxonil e Piraclostrobina + Tiofanato-metílico + Fipronil, nas doses de 50, 100 e 150 ml / 100 kg de sementes de arroz, respectivamente.

Imediatamente após o tratamento, as sementes foram acondicionadas em 72 sacos duplos de papel contendo 500 g de sementes cada e acomodados em caixas de plástico, sendo 36 sacos armazenados em ambiente controlado e 36 em ambiente natural.

Em ambiente natural, as sementes ficaram armazenadas em um galpão com temperatura e umidade relativa do ar variáveis e em ambiente controlado ficaram em câmara fria e seca, à temperatura e umidade constante (10ºC e 20% UR). Em ambos os ambientes, a temperatura e umidade foram medidas e armazenadas em um Datalogger.

As análises foram realizadas aos 1, 15, 30, 60 e 120 dias após o tratamento das sementes de arroz, através da avaliação dos testes de teor de água, germinação, primeira contagem do teste de germinalção, emergência de plântulas, envelhecimento acelerado, teste de frio, comprimento da plântula e teste de sanidade “blotter test”.

O delineamento estatístico utilizado foi o inteiramente casualisado, onde os dados foram submetidos à análise de variância e transformados se necessário, e para comparação de médias foi utilizado o teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 01: Sementes de arroz, cultivar SCS 118 Marques, lotes 34, 36 e 38, 120 DAT: Resultados do teste de germinação e da emergência da plântula.

Trat.

Germinação (%) Emergência de Plântula (%)

Ambiente Natural Ambiente Controlado Ambiente Natural Ambiente Controlado

L 34 L 36 L 38 L 34 L 36 L 38 L 34 L 36 L 38 L 34 L 36 L 38

C 87 b 91 a 91 b 91 a 92 a 96 a 88 a 78 b 90 b 86 b 90 a 86 a

EG 86 b 96 a 96 ab 95 a 93 a 94 a 82 a 91 a 88 b 90 ab 80 b 84 a

MA 98 a 94 a 99 a 95 a 93 a 99 a 80 a 92 a 96 a 94 a 94 a 87 a

ST 94 ab 93 a 94 ab 91 a 88 a 94 a 88 a 92 a 96 a 74 c 94 a 88 a

C.V. 4,48% 3,21% 3,37% 3,81% 3,57% 2,63% 4,63% 3,87% 2,31% 3,42% 3,76% 3,58%

A Tabela 01 mostra que em sementes armazenadas em ambiente natural houve

superioridade estatística do fungicida Tiabendazol + Metalaxil-M + Fludioxonil (MA) em relação ao controle para as sementes dos lotes 34 e 38 para o teste de germinação e para as sementes dos lotes 36 e 38 para o teste de emergência da plântula, evidenciando nestes dois parâmetros o que os testes de vigor tem indicado ao longo dos períodos de teste, efetuados aos 1, 15, 30, 60 e 120 dias após a aplicação dos produtos, que este fungicida é o mais eficiente para a manutenção da qualidade das sementes do cultivar SCS 118. Já para germinação em ambiente controlado, os tratamentos não diferiram estatisticamente do controle, de maneira oposta ao que aconteceu em ambiente natural, onde as sementes armazenadas em ambiente natural, tiveram redução da germinação para o tratamento controle. Estes resultados indicam que a manutenção da qualidade das sementes na medida que aumenta o período de armazenamento depende do ambiente, ou seja, os resultados são mais expressivos em ambiente natural, onde há variação diária da temperatura e umidade relativa do ar.

Tabela 02: Sementes de arroz, cultivar BRS Pampa, lotes 1, 2 e 5, 120 DAT: Resultados do

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teste de germinação e da emergência da plântula.

Trat.

Germinação (%) Emergência de Plântula (%)

Ambiente Natural Ambiente Controlado Ambiente Natural Ambiente Controlado

L 1 L 2 L 5 L 1 L 2 L 5 L 1 L 2 L 5 L 1 L 2 L 5

C 88 ab 90 a 87 a 84 b 87 b 89 a 78 a 72 b 82 ab 70 c 67 b 81 a

EG 90 a 85 a 89 a 91 a 92 a 90 a 76 a 84 a 84 ab 82 b 76 ab 86 a

MA 84 b 84 a 90 a 88 ab 86 b 90 a 82 a 89 a 88 a 78 b 86 a 80 a

ST 88 ab 84 a 86 a 90 ab 80 ab 86 a 83 a 84 a 76 b 91 a 68 b 82 a

C.V. 3,09% 3,42% 3,08% 3,55% 2,68% 3,82% 6,50% 3,91% 6,75% 3,50% 6,89% 3,82%

A Tabela 02 mostra que em ambiente natural, as sementes armazenadas cento e vinte dias

após o tratamento, a aplicação de fungicidas garante a maior emergência da plântula, em comparação com o controle, apenas para as sementes do lote 2. Para as sementes armazenadas em ambiente controlado, a Tabela 02 mostra que houve diferença estatística para as sementes dos lotes 1 e 2, sendo que para o teste de germinação o resultado decorrente da utilização do fungicida Penflufen + Trifloxistrobina (EG) foi estatisticamente superior ao controle e para o teste de emergência da plântula o fungicida Tiabendazol + Metalaxil-M + Fludioxonil (MA) foi superior ao controle no lote 2 e os resultados dos tratamentos fungicidas foram superiores ao controle no lote 1, sendo Piraclostrobina + Tiofanato-metílico + Fipronil (ST) superior aos outros fungicidas. Estes resultados mostram a importância do tratamento das sementes com fungicidas para a manutenção da viabilidade por um maior período de armazenamento.

Tabela 03: Sementes de arroz, cultivar IRGA 424, lotes 25, 28 e 29, 120 DAT: Resultados do

teste de germinação e da emergência da plântula.

Trat.

Germinação (%) Emergência de Plântula (%)

Ambiente Natural Ambiente Controlado Ambiente Natural Ambiente Controlado

L 25 L 28 L 29 L 25 L 28 L 29 L 25 L 28 L 29 L 25 L 28 L 29

C 90 a 85 b 86 b 91 a 91 a 82 b 87 a 90 ab 82 a 76 b 84 a 70 b

EG 95 a 94 a 93 a 94 a 93 a 93 a 86 a 95 a 86 a 76 b 85 a 79 a

MA 94 a 93 a 93 a 93 a 94 a 92 a 80 a 89 ab 87 a 80 ab 86 a 84 a

ST 94 a 93 a 93 a 90 a 90 a 94 a 88 a 86 b 85 a 88 a 84 ba 82 a

C.V. 2,84% 3,68% 3,41% 3,20% 2,78% 3,20% 5,53% 4,33% 4,29% 6,51% 5,90% 6,18%

A Tabela 03 mostra que houve superioridade estatística dos resultados dos fungicidas em

relação aos do controle para as sementes dos lotes 28 e 29 para o teste de germinação, estes resultados mostram que a aplicação de fungicidas mantém a germinação das sementes de arroz armazenadas por cento e vinte dias em ambiente natural. Para as sementes armazenadas em ambiente controlado, os resultados indicam que para o teste de germinação somente as sementes do lote 29 apresentaram diferença estatística, sendo que os tratamentos fungicidas foram superiores em relação ao controle, assim como no teste de emergência de plântulas.

Os resultados das Tabelas 01, 02 e 03 mostram a importância do tratamento das sementes com fungicidas para a manutenção da viabilidade por um maior período de armazenamento.

Em relação aos Testes de Sanidade, as amostras das sementes SCS 118 Marques apresentaram Microdochium oryzae e Trichoconiella padwickii, em todos os lotes analisados, e verifica-se que todos os fungicidas reduziram ou eliminaram os fungos, destacando a superioridade de Tiabendazol + Metalaxil-M + Fludioxonil (MA) no controle de Microdochium

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oryzae e Penflufen + Trifloxistrobina (EG) e Tiabendazol + Metalaxil-M + Fludioxonil (MA) no controle de Trichoconiella padwickii, resultados semelhantes aos apresentados nas avaliações realizadas aos 1, 15, 30, 60 e 120 dias após a aplicação dos fungicidas, nos dois ambientes.

Os lotes de sementes do cultivar BRS Pampa não apresentaram fungos fitopatogênicos, já para o cultivar IRGA 424, as sementes apresentaram Bipolaris oryzae, Phoma sp. e Penicillium sp.. Para as sementes armazenadas em ambiente controlado, avaliando-se a presença de Bipolaris oryzae, somente o fungicida Penflufen + Trifloxistrobina (EG) para as sementes do lote 28 foi estatisticamente superior em relação ao controle. Para os fungos Phoma sp. e Penicillium sp., todos os fungicidas reduziram ou eliminaram os fungos, destacando a superioridade de Penflufen + Trifloxistrobina (EG) no controle de Phoma sp. e de Piraclostrobina + Tiofanato-metílico + Fipronil (ST) no controle Penicillium sp.. Os resultados das análises realizadas em sementes armazenadas por 120 dias em ambiente natural, mostram que a eficiência dos fungicidas é inferior se comparado às sementes armazenadas em ambiente controlado, principalmente em relação à Bipolaris oryzae, cujo controle é difícil, também é possível verificar através dos dois ambientes de armazenamento que o fungicida mais eficiente no controle dos três fungos é o Penflufen + Trifloxistrobina (EG). Além disso, ao contrário do observado para as sementes armazenadas em ambiente natural, com o decorrer do armazenamento em ambiente controlado a população de Phoma sp. cresceu e de Penicillium sp. diminuiu, sendo que a incidência de Bipolaris oryzae se manteve constante nos dois ambientes de armazenamento, essas variações ocorreram devido à relação da viabilidade dos fungos com a temperatura e umidade relativa do ar, que variou de acordo com o ambiente.

CONCLUSÃO

a) O tratamento das sementes de arroz com fungicidas, independente do genótipo, é adequado para manter a qualidade das sementes, por um período de armazenamento de até cento e vinte dias; b) Há influência do fungicida, do ambiente e do período de armazenamento na germinação e no vigor das sementes de arroz; c) A interferência do fungicida varia de acordo com o genótipo e a qualidade da semente; d) Os três fungicidas são eficientes para o controle dos principais fungos associados às sementes de arroz, com destaque para Tiabendazol + Metalaxil-M + Fludioxonil para o controle de Microdochium oryzae e Penflufen + Trifloxistrobina para o controle de Trichoconiella padwickii, Bipolaris oryzae, Phoma sp. e Penicillium sp..

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONAB. Levantamentos de safra: 9º Levantamento grãos safra 2016/17. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/olalacms/uploads/arquivos/17_06_08_09_02_48_boletim_graos_ Junho_2017.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2015. HENNING, A.A. Patologia e tratamento de sementes: noções gerais. Documento 264. 2.ed. Londrina: Embrapa Soja, 2005. 52p. LOBO, V.L.S. Tratamento de sementes para o controle da brusone nas folhas em arroz. Comunicado Técnico 77. Embrapa, Santo Antônio de Goiás, GO, Dezembro, 2004. MACHADO, J. da C. Patologia de sementes: fundamentos e aplicações. Brasília: MEC/ESAL/FAEPE, 1988. 106p. NUNES, C.D.M.; RIBEIRO, A.S.; TERRES, A.L.S. Principais doenças em arroz irrigado e seu controle. In: GOMES, A. da S., MAGALHÃES JÚNIOR, A. M. de (Ed.). Arroz Irrigado no sul do Brasil. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. p. 579-621. PRABHU, A.S.; FILIPPI, M.C.; RIBEIRO, A.S. Doenças e seu controle. In: VIEIRA, N. R. de A.; SANTOS, A. B. dos; SANT'ANA, E. P. (Ed.). A cultura do arroz no Brasil. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão, 1999. p. 262-307-242.

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SISTEMA DE ALERTA DA FERRUGEM ASIÁTICA COMO FERRAMENTA PARA O MANEJO SUSTENTÁVEL DA DOENÇA EM

TERRAS BAIXAS. Pablo Gerzson Badinelli

1, Cláudio Ogoshi

2, Darci Francisco Uhry Junior

3 , Alencar Junior Zanon

4, Daniel

Arthur Gaklik Waldow1 ,Érika Menegat

5.

Palavras-chave: Phakopsora pachyrhizi, fungicidas ,Glycine max L..

INTRODUÇÃO

A rotação de culturas do arroz irrigado com a soja está sendo adotada como alternativa para reduzir problemas principalmente relacionados à resistência de plantas daninhas aos herbicidas. Além disso, a rotação com soja possibilita a redução de doenças e pragas, ciclagem de nutrientes, redução de custos operacionais, entre outros benefícios, que tem proporcionado aumento na produtividade do arroz em sucessão. Além disso, a rotação com soja possibilita a redução de doenças e pragas, ciclagem de nutrientes, redução de custos operacionais, entre outros benefícios, que tem proporcionado aumento na produtividade do arroz em rotação.

Para que se obtenha altos rendimentos na cultura da soja em áreas de cultivo de arroz irrigado, é importante a adequação da área quanto a drenagem devido a sua tolência parcial ao excesso hídrico, correções na compactação, pH, fertilidade do solo.

Desta forma, a soja tem sido a principal cultura utilizada em rotação com arroz irrigado no Rio Grande do Sul, foram cultivados aproximadamente 270.000 ha dos 5,6 milhões de hectares cultivados com soja no estado foram cultivados nos solos arrozeiros (IRGA, 2017; CONAB, 2016).

Entre as doenças que atacam a cultura da soja, a ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, é a de maior importância dentre as mais de quarenta doenças registradas no Brasil (EMBRAPA, 2005; GODOY et al., 2009), isto se deve a sua alta agressividade, dada pelo alta taxa de progressão e disseminação (Sinclair et al, 1999). Os danos causados pela ferrugem asiática variam a cada ano e região, principalmente devido às diferentes condições climáticas específicas de cada safra e a fonte de inóculo (EMBRAPA, 2005).

A adoção de práticas de manejo integrado de doenças (MID) tem o papel de monitorar, e conciliar com o controle químico de forma racional, com intuito de alcançar altos rendimentos, com menor custo de produção e baixo impacto ambiental. O uso indiscrimindo de produtos químicos no controle de doenças apresenta alto risco de contaminação por resíduos destes químicos no ambiente e à saúde humana, com elevado custo financeiro para o produtor, que nem sempre é revertido em produtividade.

Atualmente, o Instituto Rio Grandense do Arroz está testando o modelo para previsão da ferrugem asiática (Sistema Alerta) no qual a severidade final da doença tem alta correlação com a frequência e quantidade de chuva no período de 30 dias após o estabelecimento da mesma (Del Ponte et al., 2006). Espera-se que este sistema auxilie os produtores de soja no manejo da ferrugem asiática aplicando os fungicidas somente quando necessário, saindo assim das aplicações “calendarizadas” o qual onera muito o custo de produção.

O potencial para aumento da severidade da ferrugem-asiática da soja nas terras baixas do Sul do Brasil é elevado, ainda que não atinja neste agroecossistema o grau de prejuízo

1 Eng.Agr.,M.Sc, Instituto Rio Grandense do Arroz, Rua Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, CEP 94930-030,

Cachoeirinha, RS. [email protected] 2 Eng.Agr.,Dr. Fitopatologia. Empresa de Pesquisa Agropecuária e extensão Rural de Santa Catarina-Caçador, SC

3 Eng.Agr., Instituto Rio Grandense do Arroz, Cachoeirinha, RS.

4 Eng.Agr., Dr. Professor, UFSM – Santa Maria, RS

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constatado em outras regiões do País. Apesar disso, uma quantidade significativa de fungicidas tem sido aplicada sem base em monitoramentos da doença. Modelos que simulem o desenvolvimento das culturas e simultaneamente contabilizem o impacto de doenças, aportando conhecimento sobre os riscos regionais de ocorrência, constituem-se em importantes ferramentas para a decisão sobre a adoção de táticas de manejo, incluindo o controle químico, a exemplo do modelo de previsão de ocorrência da ferrugem-asiática da soja, desenvolvido por Del Ponte et al. (2006).

Diante disso, o objetivo do presente trabalho foi verificar a eficiência do modelo de previsão da ferrugem asiática da soja proposto por Del Ponte et al. (2006).

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido no ano agrícola 2016/2017 em Cachoeirinha-RS. As unidades experimentais foram compostas de seis linhas de seis metros de comprimento, com espaçamento entre linhas de 0,50 m, totalizando 18 m

-2 de área. A semeadura foi

realizada no dia 13/01/2017 com a cultivar BS IRGA 1642 IPRO. A semeadura foi realizada no dia 13/01/2017 com uma semeadora (Hyper Plus KF-6/4) de seis linhas em solo corrigido de acordo com as recomendações técnicas para a cultura da soja, com adubação para expectativa de rendimento de 4 t ha

-1. As sementes foram inoculadas com estirpes de

Bradyrhizobium japonicum. O tratamento das sementes foi realizado com 300mL de inseticida Imidacloprido (150 g L

-1) + Tiodicarbe (450 g L

-1) e 200mL de fungicida

Carbendazim (150 g L-1) + Tiram (350 g L

-1). O controle de plantas daninhas e insetos foram

realizados de acordo com as recomendações técnicas da cultura (Documentos..., 2014). Durante o ciclo da cultura, foram realizadas 4 intervenções de irrigação por lâmina 3cm em superfície, quando a tensão de umidade do solo monitorada por Tensiômetro chegava a 60kPa. Foram utilizados quatro tratamentos, dois constituíram de diferentes limiares de severidade para a aplicação de fungicidas (mais conservador e menos conservador), um terceiro onde se seguiu o calendário de pulverizações baseado no efeito residual dos produtos e um quarto tratamento onde não foram realizadas aplicações de fungicidas (testemunha), conforme descrito na Tabela 1. O sistema de previsão da ferrugem asiática utilizado foi o proposto por Del Ponte et al. (2006), o qual considera que a severidade final da ferrugem apresenta alta correlação com a frequência e quantidade de chuva no período de 30 dias após o estabelecimento da doença. Tabela 1- Descrição dos tratamentos utilizados para a previsão da ferrugem asiática e os critérios adotados para a aplicação do fungicida em Cachoeirinha-RS na safra 2016/2017. Os limiares utilizados foram baseados na severidade prevista pelo modelo de previsão de Del Ponte et al. (2006).

Tratamentos Tipo Especificação (Limiares)

T1 Mais conservador Aplicação 1=50; 2=45; 3=40; 4=35

T2 Menos conservador: Aplicação 1=60; 2=55; 3=50; 4=45

T3 Calendário R1 em diante seguindo o residual do produto

T4 Testemunha Sem aplicação

O monitoramento da severidade prevista para os tratamentos 1 e 2 iniciou-se no estádio V6. O fungicida utilizado foi a mistura de Azoxistrobina (300 g kg

-1) com Benzovindiflupir

(150 g kg-1) na dosagem de 200 g ha

-1 do produto comercial, junto com o adjuvante Óleo

Mineral (428 g L-1). Considerou-se o período residual do fungicida de 20 dias.

A avaliação da severidade da ferrugem asiática da soja foi realizada em 20 plantas por

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parcela utilizando uma escala diagramática proposta por (Godoy et al., 2006) no estádio de desenvolvimento R7 (20/03/2015). Avaliou-se o trifólio central da parte basal, um da parte mediana e um da parte superior de cada planta, totalizando 60 notas de severidade por parcela. No fim do ciclo da cultura, foram colhidos cinco m

2 centrais de cada parcela para

determinação da produtividade (Kg ha-1), com a umidade dos grãos ajustada para 13%.

O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com quatro repetições. Os dados da severidade e produtividade foram submetidos à análise da variância em e as variáveis que demonstraram significância pelo F-teste (p<0,05) foram submetidas à comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. As análises estatísticas foram realizadas com o auxilio do programa SAS versão 9.0 (SAS, 2002).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verificou-se pela análise de variância, diferença significativa (p≤0,05) entre os tratamentos observados para avaliação de severidade e produtividade de grãos de soja. Na Figura 01, observa-se a resposta dos tratamentos para a variável severidade (%), onde os tratamentos T1, T2 e T3 não diferiram estatisticamente entre si, mas foram mais eficientes na resposta à ferrugem asiática quando comparadas com o tratamento T4 (Testemunha). Apesar de não haver diferença estatística entre os tratamentos T1, T2 e T3, vale ressaltar que o tratamento T1(mais conservador) e T2 (menos conservador) houve apenas uma aplicação de fungicida devido o baixo volume de precipitação de chuvas durante o ciclo da cultura neste ano de 2017 conforme é observado na Figura 2. O tratamento - T3 (Calendário) recebeu três aplicações a partir do estádio R1 e sempre respeitando o período residual do produto recomendado pelo fabricante. Mesmo que não tenha ocorrido diferença entre os tratamentos, houve redução do número de aplicações nos tratamentos T1 e T2, que num ano de pouca precipitação e baixa pressão de ferrugem asiática, pode significar economia e menor contaminação do ambiente, respeitando o

conceito de uma produção sustentável cada dia mais exigida pela sociedade.

Figura1. Severidade (%) da Ferrugem Asiática da Soja em relação aos tratamentos utilizados no sistema de alerta. Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05).

Na Figura 3, a variável produtividade reflete o a eficiência do controle químico e a sua

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importância no manejo da ferrugem asiática, mesmo em anos de baixa precipitação e baixa pressão de doenças, como aconteceu nesta última safra 2016/2017. Os tratamentos T1, T2 e T3 não diferiram estatisticamente entre si, mas houve diferença significativa quando comparado ao Tratamento T4 sem a aplicação (Testemunha). Cabe ressaltar que o tratamento T1 e T2 tiveram menor número de aplicações com o mesmo resultado final, o que fortalece a importância e a eficiência do uso do Sistema de Alerta para a tomada de decisão para aplicar o controle químico de fungicidas.

Figura 2. Distribuição da Precipitação (mm), com as respectivas datas de irrigação.

Figura 3. Produtividade (kg ha

-1) da Soja referente aos tratamentos utilizados no Sistema de Alerta. Médias seguidas

pela mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05)

Neste trabalho é possível perceber que o tratamento previsto pelo sistema alerta (T1 e

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T2), levou a um menor número de aplicações nesta estação de crescimento e mostra-se uma ferramenta eficiente para o controle da ferrugem asiática.

Diante destes resultados, deve-se ressaltar a importância de se repetir este trabalho por mais alguns anos e nas diferentes regiões orizícolas do estado do Rio Grande do Sul, para ajustar e validar esta ferramenta que poderá servir de apoio para tomada de decisão pelos produtores e colaboradores da lavoura de soja quanto ao número e intervalos de aplicação dos fungicidas e aumentar a eficiência do sistema de rotação de culturas.

CONCLUSÃO

O sistema de alerta da ferrugem asiática utilizado neste trabalho é eficiente para a indicação dos intervalos entre as aplicações de fungicidas para o controle de ferrugem asiática em Cachoeirina-RS.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento, ACOMPANHAMENTO DA SAFRA BRASILEIRA de grãos, V. 4 – SAFRA 2016/17- N. 9 - Nono levantamento, p 13; -ISSN:2318-6852. JUNHO, 2017 DEL PONTE, E. M; GODOY, C. V.; LI, X. Predicting severity of Asian soybean rust epidemics with empirical rainfall model. Phytopathology, Saint Paul, USA, v. 96, p.797-803, 2006. EMBRAPA - Tecnologias de produção de soja Região Central do Brasil 2004. Londrina: Embrapa Soja, 237 p, 2005. GODOY CV, KOGA LJ, CANTERI M.G,. Diagrammatic scale for assessment of soybean rust severity. Fitopatologia Brasileira 31:63-68. – 2006. REUNIÃO DE PESQUISA DE SOJA DA REGIÃO SUL - Indicações técnicas para a cultura da soja no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, safras 2013/2014 e 2014/2015. / XL Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul,. BARNECHE, A.C.O.; ROSA, da, A.P.S. (Organizadores) Pelotas: Embrapa Clima Temperado, 2014.. 90 p(Documentos, 382). SAS INSTITUTE. Statistical analysis system. SAS Users Guide: Statistics, Version 9.1, 2002. INSTITUTO RIO GRANDENSE DO ARROZ - Elaboração: Política Setorial, Evolução Área e Produtividade Soja em Rotação com Arroz Irrigado - 2017. SINCLAIR, J. B.; HARTMAN, G. L. Soybean rust. In: HARTMAN, G. L.; SINCLAIR, J. B.; RUPE, J.C. (Eds.). Compendium of soybean diseases. St. Paul, Minnesota: American Phytopathological Society, 4. p. 25-26. ed. 1999.

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(1) Graduando em Agronomia, Bolsista da FAPERGS/IRGA, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes, 1494, Cachoeirinha, RS, e-mail [email protected] (2) Graduando em Agronomia, Bolsista da FDRH/IRGA (3) Graduando em Agronomia, Bolsista do CNPq PIBIC-IRGA (4) Eng. Agr. M.Sc. EEA/IRGA (5) Eng. Agr. Dr. EEA/IRGA

EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA BRUSONE EM ARROZ IRRIGADO NA SAFRA 2015/2016.

Charles Terres do Nascimento1; Roberson Diego Souza Almeida2; Carolina Roberta Campos

Bittencourt 3; Camila Scalco 4; Claudio Ogoshi5.

Palavras-Chave: Oryza sativa L, Pyricularia oryzae, controle químico, manejo de doenças.

INTRODUÇÃO

A cultura do arroz ocupa atualmente no Brasil uma área de 1,9 milhões de hectares, onde são produzidos 11,9 milhões de toneladas de grãos (CONAB, 2017). É atribuída ao arroz uma grande importância, principalmente na região Sul do Brasil, onde a produtividade média é de 7,3 t/ha superando a produtividade média nacional de 6,0 t/ha (CONAB, 2017).

Apesar do aumento da produtividade média nacional ao longo dos últimos anos, a brusone (Pyricularia oryzae) conhecida como uma das doenças mais prejudiciais à cultura do arroz é um fator limitador de potencial produtivo e de vida útil das cultivares (FILIPPI et al.; 2015).

A resistência em cultivares é uma das medidas para o controle da brusone, porém essa resistência introgredida em novas cultivares não é durável pelo fato do patógeno apresentar elevada variabilidade genética (PRABHU et al., 2002; KUMAR et al., 1999; AHN, 1994).

Uma medida alternativa possível de ser adotada para o controle da brusone é a utilização de fungicidas, entretanto, em muitos casos há aplicação desnecessária e de forma inadequada. Apesar de existirem vários produtos registrados para o controle da brusone na cultura do arroz (AGROFIT 2017) poucos são de fato eficientes.

Diante disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência dos fungicidas no controle da brusone em arroz irrigado.

MATERIAIS E MÉTODOS

O ensaio foi conduzido na estação experimental de arroz – IRGA, RS, no município de Cachoeirinha, no período da safra 2015/2016. O experimento foi delineado em blocos casualizados com quatro repetições, em parcelas de 1,53 x 5,0 m (7,65m²) com 9 linhas. Os tratos culturais foram realizados de acordo com recomendações do boletim CTAR (SOSBAI, 2014). Foram testados oito fungicidas isoladamente cujas doses seguiram recomendações dos fabricantes, conforme Tabela 1. Na testemunha (T1) nenhum fungicida foi aplicado. A cultivar utilizada para experimentação foi a Guri Inta CL na qual foram feitas duas aplicações dos fungicidas em estudo, sendo uma no final do emborrachamento (R2) e outra 12 dias após a primeira. Avaliou-se a incidência e a severidade da brusone na panícula, utilizando escala proposta pelo International Rice Research Institute (1996) e as análises estatísticas foram feitas pelo teste de Duncan (p<0,05). A produtividade de grãos também foi avaliada.

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Tabela 1: Fungicidas avaliados para o controle da brusone de panícula na cultura do arroz irrigado, e testemunha, em experimento implantado no município de Cachoeirinha, RS.

Amostra Ingrediente Ativo Grupo Químico Dose

T1 - - -

T2 Tetraconazol Triazol 0,5 L/ha

T3 Azoxistrobina Estrobilurina 0,4 L/ha

T4 Triciclazol Benzotiazol 300 g/ha

T5 Trifloxistrobina + Tebuconazol Estrobilurina + Triazol 0,75 L/ha

T6 Picoxistrobina + Ciproconazole Estrobilurina + Triazol 0,4 L/ha

T7 Epoxiconazole + Cresoxim-Metílico Triazol + Estrobilurina 0,75 L/ha

T8 Tebuconazol Triazol 0,75 L/ha

T9 Casugamicina Antibiótico 1,5 L/ha

T1 = Amostra sem aplicação de fungicidas (testemunha).

RESULTADO E DISCUSSÃO

Em relação à incidência da brusone na panícula, os resultados possibilitaram uma separação estatística em dois grupos (A e B) pelo teste de Duncan (p<0,05), os tratamentos T6, T5 e T4 (grupo B) tiveram a menor incidência em relação aos demais tratamentos incluindo a testemunha sem aplicação.

Para a severidade da doença ocorreu uma separação em três grupos (A, B e C). Nos tratamentos T3, T6, T5 e T4 (grupo C) observou-se uma severidade menor em relação aos tratamentos T7, T8 e T9 (grupo B), que por sua vez tiveram menor severidade em relação ao T1 e T2 (grupo A), conforme figura 1.

As maiores produtividades foram observadas no grupo A (T4 e T5), seguido pelo grupo B (T6, T9 e T3) e grupo C (T8, T7, T1 e T2), conforme figura 2.

Quando comparada a relação entre severidade e produtividade, apenas os tratamentos T4 e T5 do grupo C, com menor severidade, apresentaram os maiores índices de produtividade, enquanto T6 e T3, também classificados no grupo de menor severidade apresentaram índices menores de produtividade.

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Figura 1: Avaliação dos tratamentos em relação a severidade e incidência da brusone na panícula.

Tratamentos utilizados em cada amostra: T1= Testemunha (sem aplicação de fungicidas); T2 = Tetraconazol; T3 = Azoxistrobina; T4 = Triciclazol; T5 = Trifloxistrobina + Tebuconazol; T6 = Picoxistrobina + Ciproconazole; T7 = Epoxiconazole + Cresoxim-Metílico; T8 = Tebuconazol; T9 = Casugamicina. Figura 2: Avaliação dos tratamentos conforme a produtividade.

Tratamentos utilizados em cada amostra: T1= Testemunha (sem aplicação de fungicidas); T2 = Tetraconazol; T3 = Azoxistrobina; T4 = Triciclazol; T5 = Trifloxistrobina + Tebuconazol; T6 = Picoxistrobina + Ciproconazole; T7 = Epoxiconazole + Cresoxim-Metílico; T8 = Tebuconazol; T9 = Casugamicina. Os grupos A, B e C foram separados conforme índice de produtividade.

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CONCLUSÃO Os resultados demostram que apenas dois fungicidas foram eficientes no controle da

brusone com reflexo positivo sob a produtividade, reforçando a importância de seguir o boletim com as recomendações técnicas da pesquisa para a cultura do arroz irrigado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGROFIT. Sistema de agrotóxicos fitossanitários. Disponível em: <http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons>. Acesso em: 12 jun. 2017. AHN, S.W. International collaboration on breeding for resistance to rice blast In: ZEIGLER, R.S.; LEONG, S.A.; TENG, P.S. (Ed) Rice blast disease. Manila: Cab International, 1994. p.136-153 CONAB. Acompanhamento da safra brasileira grãos, v.4 safra 2016/2017 – Sexto levantamento, Brasília, 2017. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_03_14_15_28_33_boletim_graos_marco_2017bx.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2017. FILIPPI, M. C. C. de; SILVA-LOBO, V. L.; NUNES, C. D. M.; OGOSHI, C. (1 Ed.). Brusone no Arroz. Brasília, DF: Embrapa Arroz e Feijão, 2015. INTERNATIONAL RICE RESEARCH INSTITUTE. Standard evaluation system for rice, 4 th Edition. Manila- Philippines, 1996. KUMAR, J.et.al. Population structure and dynamics of Magnaporthe grisea in the Indian Himalayas. Genetics, Austin, v.152, n. 3, p.971-984, jul. 1999. PRABHU, A.S.; FILLIPI, M.C.; ARAÚJO, L.G. Pathotype diversity of Pyricularia grisea from improved upland rice cultivars in experimental plots. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.27, n. 5, p.468- 473, 2002. SOSBAI. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado,5. Reunião da Cultura do Arroz Irrigado,27. Pelotas: SOSBAI, 2007. 164p

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AVALIAÇÃO DA REAÇÃO À BRUSONE EM FOLHAS E PANÍCULAS DE GENÓTIPOS DO PROGRAMA DE MELHORAMENTO DO IRGA -

SAFRA 2016/2017

Camila Bedin Scalco1, Carolina Roberta Campos Bittencourt2, Cláudio Ogoshi3, Gabriela de Magalhães da Fonseca4, Roberson Diego Souza Almeida5

Palavras-chave: Pyricularia oryzae, Oryza sativa L., resistência genética.

INTRODUÇÃO A busca pela resistência à brusone, doença causada pelo fungo Pyricularia oryzae

Sacc. (forma imperfeita) - Magnaporthe oryzae (Herbert) Barr. (forma perfeita), destaca-se como um dos principais objetivos em programas de melhoramento de arroz nacionais e internacionais. Isso se justifica pelo fato de essa doença ser considerada a mais importante da cultura sendo um dos fatores limitantes da produtividade. Atualmente, a resitência genética é considerada a principal medida de controle para a brusone (SANTOS et al., 2005). A principal estratégia utilizada pelo Programa de Melhoramento Genético do IRGA para a obtenção de cultivares resistentes à brusone tem sido a avaliação de linhagens e genótipos promissores em condições de alta pressão de inóculo do fungo, sendo essa a principal característica do método denominado “hot spot” (CORREA-VICTORIA & ZEIGLER, 1993; OGOSHI, 2015). O método em questão permite avaliar a resistência das plantas de forma completa pois todas as raças fisiológicas do patógeno presentes no local atuam em todas as fases de desenvolvimento dos genótipos, e várias avaliações são realizadas durante o ciclo da cultura. Além da escolha do local, com condições naturalmente favoráveis para a expressão da eventual suscetibilidade/resistência das plantas, aplica-se um conjunto de técnicas para favorecer a alta pressão e variabilidade de fitopatógenos, especialmente de P. oryzae. A semeadura em épocas tardias em condições de sequeiro, a inoculação artificial, a implantação de faixas compostas por plantas suscetíveis (bordaduras infestantes), e as elevadas doses elevadas de nitrogênio são exemplos dessas técnicas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a reação dos genótipos de arroz do Programa de Melhoramento Genético do IRGA à P. oryzae e identificar genitores para resistência à brusone.

MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi instalado e conduzido em uma área experimental utilizada

tradicionalmente para essa finalidade na localidade de Morrinhos do Sul, em Torres/RS. As bordaduras foram semeadas manualmente no dia 23 de novembro de 2016, sendo formadas por uma mistura de 18 cultivares suscetíveis em faixas transversais às linhas das futuras parcelas, tendo 1 m de largura e distanciadas 3,20 m entre si. As cultivares suscetíveis utilizadas para a mistura foram: Puitá INTA CL, Bluebelle, BR-IRGA 409, BR-IRGA 410, EEA 406, El Paso L 144, Epagri 109, Fanny, Guri INTA CL, INIA Olymar, IRGA 416, IRGA 417, IRGA 420, IRGA 421, IRGA 422 CL, SCS 112, SCS 116 SATORU, SCSBRS Tio Taka. As sementes foram misturadas homogeneamente na proporção de 14% para as cultivares Fanny e Guri INTA CL, as quais apresentam alta suscetibilidade, e 4,5% para as demais, utilizando-se densidade de 500 kg/ha. A semeadura dos genótipos em estudo ocorreu no dia 13 de dezembro, empregando-se semeadora mecânica. Para cada genótipo semeou-se uma linha de três metros de comprimento e distanciadas de 0,30 m e na densidade de 1 g por metro

1 Eng. Agrônoma e Mestre em Biologia Celular e Molecular, IRGA, Av. Bonifácio Carvalho Bernardes 1494, Cachoeirinha-RS, CEP: 94930030, e-mail: [email protected]. 2 Graduanda em Agronomia, ULBRA. 3 Eng. Agrônomo e Doutor em Fitopatologia, EPAGRI. 4 Eng. Agrônoma e Doutora em Fitomelhoramento, IRGA. 5 Graduando em Agronomia, ULBRA.

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linear. Ao todo, foram semeados 5503 genótipos distintos, dos quais 223 foram repetidos uma vez e 474 foram usados como testemunhas, totalizando 7200 linhas.A adubação de base foi realizada no dia 23 de novembro de 2016 com 500 kg/ha de fertilizante NPK da fórmula 4-14-8, incorporado com grade de discos em toda a área (aproximadamente 10.300 m²), por ocasião da semeadura das bordaduras. A adubação de cobertura foi escalonada. Nas bordaduras foram aplicados 250 kg/ha de ureia, divididos em três aplicações sendo duas de 100 kg/ha e uma de 50 kg/ha. A primeira aplicação ocorreu dia 14 de dezembro de 2016 e as demais ocorreram nos dias 12 de janeiro de 2017, e 01 de fevereiro de 2017. Nas parcelas, utilizou-se 250 kg/ha de ureia, divididos em três aplicações em cobertura: 100 kg/ha

aproximadamente 30 dias após a semeadura, 100 kg/ha aproximadamente 50 dias após a semeadura e os últimos 50 kg/ha aproximadamente 70 dias após a semeadura. A inoculação da suspensão de esporos de Pyricularia oryzae nas bordaduras ocorreu no dia 12 de dezembro de 2016 com uma mistura de 51 isolados na concentração de 1,0 x105 esporos/mL. O controle de invasoras foi realizado, pela aplicação dos produtos Ricer (0,2 L/ha), Clincher (3,5 L/ha). A irrigação por aspersão, não foi utilizada, devido à regularidade de chuva ocorrida no local do experimento. A avaliação da reação à brusone nas folhas foi realizada durante o período de 30 de janeiro a 3 de fevereiro de 2017. A avaliação das panículas foi realizada somente para materiais previamente selecionados pelo programa de melhoramento genético do IRGA, em função de características agronômicas de interesse. O período de avaliação de panículas ocorreu durante o mês de maio de 2017, dividido em três períodos de avaliação, em função dos diferentes ciclos de desenvolvimento dos genótipos. Para a avaliação dos genótipos quanto à reação de brusone nas folhas e panículas utilizaram-se as escalas de avaliações do IRRI (1996).

RESULTADOS E DISCUSSÃO As avaliações obtidas nesse experimento para as folhas e para as panículas estão

apresentadas nas Tabelas 1 a 5. Considerou-se que a instalação do viveiro foi bem sucedida, uma vez que as testemunhas apresentaram reações de acordo com o esperado, tanto nas folhas quanto nas panículas, permitindo a realização de uma avaliação confiável de reação à brusone nas linhagens do Programa de Melhoramento Genético do IRGA. Dentre os genótipos segregantes das gerações F3 e F5, a maioria apresentou resposta de resistência nas folhas e nas panículas. A geração F3 apresentou 83,66% dos genótipos resistentes nas folhas e 71,90% resistentes nas panículas. Como a F3 é a primeira geração avaliada para resistência à brusone, de acordo com os dados obtidos pode-se concluir que a escolha dos genitores para os cruzamentos foi satisfatória para essa característica. Na geração F5, 93,90% dos genótipos testados foram resistentes nas folhas e 76,87% nas panículas (Tabela 1). Na Parcela de Observação, a reação de resistência foi apresentada por mais de 80% dos genótipos avaliados, tanto em folhas quanto em panículas (Tabela 1). Já no grupo Semente Genética 60 % dos genótipos avaliados foram classificados como resistentes em folhas e panículas (Tabela 1). De acordo com esses resultados, há a expectativa de que na próxima safra os materiais que serão avaliados em ensaio de rendimento apresentem reação satisfatória de resistência à brusone. Tabela 1: Reação à brusone nas folhas e nas panículas dos genótipos das gerações F3 e F5, Parcela de Observação e Semente Genética avaliados pelo Programa de Melhoramento do IRGA, safra 2016/2017 em Torres-RS.

F3 F5 PARCELA DE

OBSERVAÇÃO SEMENTE GENÉTICA

Reação Folha (%)

Panícula (%) Folha (%)

Panícula (%) Folha (%)

Panícula (%) Folha (%)

Panícula (%)

Resistente 83,66 71,9 93,9 76,87 82,85 81,43 60 60 Moder. Resistente 13,04 17,65 4,49 16,67 8,09 11,43 11,43 0 Moder. Suscetível 2,7 10,46 1,34 6,12 4,85 6,43 2,86 30

Suscetível 0,6 0 0,27 0,34 4,21 0,71 25,71 10

População avaliada 669 320 1493 294 309 140 35 10

As notas foram estabelecidas conforme a escala preconizada pelo IRRI (1996), sendo para as folhas 0,1,2 e 3 = Resistente; 4 e 5 = Moderadamente Resistente; 6 e 7 = Moderadamente Suscetível; 8 e 9 = Suscetível. Para as panículas 0 e 1= Resistentes; 3= Moderadamente resistentes; 5 e 7= moderadamente suscetível e 9= Suscetível.Sementes não germinadas completam 100%.

Todos os genótipos em ensaio de rendimento, ou seja, em fase final de avaliação,

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apresentaram reações de resistência à brusone nas folhas acima de 86%, e nas panículas acima de 84% (Tabela 2). Esses resultados nas panículas estão de acordo com o esperado, uma vez que os genótipos dessas gerações já passaram por avaliações anteriores no viveiro. Sendo assim, conclui-se que o programa de melhoramento genético do IRGA conta com materiais promissores com resistência à brusone os quais poderão ser lançados como novas cultivares.

Tabela 2. Reação à brusone nas folhas e nas panículas dos genótipos dos grupos preliminar, avançado, e VCU avaliados pelo Programa de Melhoramento do IRGA, safra 2016/2017 em Torres-RS.

PRELIMINAR AVANÇADO VCU

Reação Folha (%) Panícula (%) Folha (%) Panícula (%) Folha (%) Panícula (%)

Resistente 94,17 84,21 92,6 94,23 86,96 89,36

Moder. Resistente 0,00 14,04 0,0 1,92 2,17 0,00

Moder. Suscetível 5,00 1,75 5,6 3,85 0,00 4,26

Suscetível 0,83 0,00 1,9 0,00 10,87 2,13

População avaliada 120 114 54 52 92 47

As notas foram estabelecidas conforme a escala preconizada pelo IRRI (1996), sendo para as folhas 0,1,2 e 3 = Resistente; 4 e 5 = Moderadamente Resistente; 6 e 7 = Moderadamente Suscetível; 8 e 9 = Suscetível. Para as panículas 0 e 1= Resistentes; 3= Moderadamente resistentes; 5 e 7= moderadamente suscetível e 9= Suscetível.Sementes não germinadas completam 100%.

O Programa de Melhoramento Genético do IRGA trabalha com conversão de

genótipos para resistência aos herbicidas do grupo químico das Imidazolinonas (RI). Nessa safra foram avaliadas gerações Segregantes RI e VCU RI. Observa-se que nos dois grupos a maioria dos genótipos foi resistente nas folhas (Tabela 3). Entretanto, nas panículas observou-se reação de resistência para 34,39% dos genótipos do grupo Segregantes RI e 71,43% do grupo VCU RI. Quando se considera os genótipos resistentes e moderadamente resistentes para as panículas, o grupo Segregantes RI totalizou 57,38 % dos genótipos, já o grupo VCU RI 85,72%. Para um programa de melhoramento genético de plantas que visa à obtenção de materiais resistentes a doenças os genótipos classificados como moderadamente resistentes também são importantes e podem ser incluídos no manejo integrado de doenças, pois podem apresentar produtividade satisfatória colaborando com a redução da taxa de progresso da doença. Tabela 3: Reação à brusone nas folhas e nas panículas do grupo de genótipos resistentes às Imidazolinonas (Segregantes RI e VCU RI) avaliados pelo Programa de Melhoramento do IRGA, safra 2016/2017 em Torres-RS

SEGREGANTES RI VCU RI

Reação Folha (%) Panícula (%) Folha (%) Panícula (%)

Resistente 81,38 34,39 70,00 71,43 Moder. Resistente 9,14 22,99 10,00 14,29 Moder. Suscetível 7,07 38,88 10,00 14,29

Suscetível 2,41 3,74 10,00 0,00

População avaliada 580 580 20 14

As notas foram estabelecidas conforme a escala preconizada pelo IRRI (1996), sendo para as folhas 0,1,2 e 3 = Resistente; 4 e 5 = Moderadamente Resistente; 6 e 7 = Moderadamente Suscetível; 8 e 9 = Suscetível. Para as panículas 0 e 1= Resistentes; 3= Moderadamente resistentes; 5 e 7= moderadamente suscetível e 9= Suscetível.Sementes não germinadas completam 100%.

Dentre os materiais selecionados originalmente em Santa Vitória do Palmar, local

onde se busca resistência ao frio, nesse ano agrícola avaliou-se para reação à brusone o grupo de Segregantes e Semente Genética. No grupo Segregantes Santa Vitória do Palmar 78,09 % dos genótipos avaliados mostraram-se resistentes nas folhas, e 70,39 % nas panículas. E, no grupo Semente Genética, 87,66 % e 92,63 % foram resistentes nas folhas e nas panículas, respectivamente (Tabela 4). Apesar de esses genótipos terem sido selecionados em condições climáticas não favoráveis à brusone, os mesmos demonstraram boa resposta de resistência à doença. O IRGA mantém convênio de cooperação técnica com o Fondo Latinoamericano de Arroz de Riego (FLAR), por meio do qual, tem acesso a novas fontes de variabilidade genética. O grupo de genótipos FLAR apresentou 73,03% de genótipos resistentes nas folhas e 64,71% de genótipos resistentes nas panículas (Tabela 4). Com esses resultados, conclui-se que os genótipos fornecidos pelo FLAR oferecem aos melhoristas do IRGA boas opções para futuros cruzamentos visando resistência à brusone.

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Tabela 4: Reação à brusone nas folhas e nas panículas dos genótipos dos grupos Segregantes e Semente Genética de Santa Vitória do Palmar e FLAR avaliados pelo Programa de Melhoramento do IRGA, safra 2016/2017 em Torres-RS.

SEGREGANTES SVP SEMENTE GENÉTICA SVP FLAR

Reação Folha (%) Panícula (%) Folha (%) Panícula (%) Folha (%) Panícula (%)

Resistente 78,09 70,39

87,66 92,63 73,03 64,71

Moder. Resistente 9,55 13,41

3,90 4,21 15,73 16,18

Moder. Suscetível 10,02 11,17

3,25 0,00 3,37 5,88

Suscetível 2,34 5,03

5,19 3,16 7,87 13,24

População avaliada 1068 179 154 95 89 68

As notas foram estabelecidas conforme a escala preconizada pelo IRRI (1996), sendo para as folhas 0,1,2 e 3 = Resistente; 4 e 5 = Moderadamente Resistente; 6 e 7 = Moderadamente Suscetível; 8 e 9 = Suscetível. Para as panículas 0 e 1= Resistentes; 3= Moderadamente resistentes; 5 e 7= moderadamente suscetível e 9= Suscetível.Sementes não germinadas completam 100%.

No grupo Segregantes Restauradores, 80,05 % dos genótipos avaliados

apresentaram resistência na folha e 67,51 % na panícula. A resistência à brusone nos restauradores é de importância relevante para a obtenção de híbridos também resistentes. Em relação aos genótipos do grupo Híbridos, 64,32% foram resistentes e nas folhas e somente 58,63% foram resistentes e moderadamente resistentes nas panículas (Tabela 5). A baixa resistência à brusone no grupo Híbridos explica-se pela suscetibilidade dos genótipos macho-estéreis, ou seja, das linhas A, utilizados como um dos genitores dos Híbridos. Para os genótipos do grupo da seleção recorrente, 73,25 % foram resistentes nas folhas e 61,77% foram resistentes e moderadamente resistentes nas panículas (Tabela 5). Diante disso, ressalta-se que o programa de seleção recorrente do IRGA está tendo sucesso na incorporação de genes de resistência à brusone em diferentes genótipos, os quais poderão fazer parte do melhoramento convencional visando à disponibilização de cultivares superiores de arroz aos produtores rurais.

Tabela 5: Reação à brusone nas folhas e nas panículas dos genótipos dos grupos Segregantes Restauradores, Híbridos e Seleção Recorrente avaliados pelo Programa de Melhoramento do IRGA, safra 2016/2017 em Torres-RS.

SEGREGANTES RESTAURADORES

HÍBRIDOS SELEÇÃO RECORRENTE

Reação Folha (%) Panícula (%) Folha (%) Panícula (%) Folha (%) Panícula (%)

Resistente 80,05 67,51 64,32 38,13 73,25 44,12 Moder. Resistente 8,75 20,68 12,95 20,50 11,52 17,65 Moder. Suscetível 9,52 11,81 14,39 33,45 9,47 32,35

Suscetível 1,67 0,00 8,35 7,91 5,76 5,88

População avaliada 777 237 695 278 243 68

As notas foram estabelecidas conforme a escala preconizada pelo IRRI (1996), sendo para as folhas 0,1,2 e 3 = Resistente; 4 e 5 = Moderadamente Resistente; 6 e 7 = Moderadamente Suscetível; 8 e 9 = Suscetível. Para as panículas 0 e 1= Resistentes; 3= Moderadamente resistentes; 5 e 7= moderadamente suscetível e 9= Suscetível.Sementes não germinadas completam 100%.

CONCLUSÕES

A avaliação da reação à brusone nas folhas e panículas dos genótipos do Programa de Melhoramento do IRGA na safra 2016/2017 apresentou resultados satisfatórios, auxiliando na seleção de linhagens em desenvolvimento, e na identificação de genitores resistentes tanto naqueles mantidos em banco de germoplasma quanto nos materiais introduzidos. O método “hot spot” foi uma ferramenta eficiente para a identificação de genótipos resistentes e suscetíveis à brusone.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CORREA-VICTORIA, F.J.; ZEIGLER, R.S. Pathogenic variability in Pyricularia oryzae at a rice blast “hot spot” breeding site in eastern Colombia. Plant Disease, 77: 1029-1035. 1993. OGOSHI. C. Epidemia de Brusone do Arroz no Estado do Rio Grande do Sul. Lavoura Arrozeira, Porto Alegre, n. 465, p.13-15. 2015. SANTOS, G. R.; RANGEL, P. H. N.; SANTIAGO, C. M.; et al. Reação a doenças e caracteres agronômicos de genótipos de arroz de várzeas no estado do Tocantins. Revista Agropecuária Técnica. v. 26, n. 1, p.41-45, 2005.

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ALTERNATIVAS DE MANEJO QUÍMICO NO CONTROLE DE BRUSONE NA CULTURA DO ARROZ-IRRIGADO

Tassiane Bolzan Morais1; Danie Martini Sanchotene2; Alexandre Swarowsky3; Rudimar Spannemberg4;

Afonso Brinck Brum5; Maria Angelitta Teixeira6; Erika Nogueira Muller6; Cinthia Leon7

Palavras chave: Oryza sativa, Pyricularia oryzae, fungicidas.

INTRODUÇÃO

A cultura do arroz (Oryza sativa L.) é uma planta semi-aquática pertencente à família Poaceae (Gramineae) e é considerada uma das mais importantes cultivares do mundo. Originou-se na Ásia há mais de 6.000 anos, em regiões de climas tropicais e subtropicais e no decorrer do tempo se estendeu pelas regiões temperadas quentes (MAZOYER; ROUDART, 2010), sendo hoje cultivado em todos os continentes e um dos produtos mais importantes para a alimentação de mais da metade da população mundial.

A cadeia do arroz, atualmente se configura como uma das mais importantes para o agronegócio brasileiro visto ser um produto de elevado consumo interno e representa um volume expressivo da produção de grãos no país (ZAMBERLAN E SONAGLIO, 2011). A produção do arroz é oriunda do sistema de cultivo irrigado e de sequeiro, sendo a orizicultura irrigada a mais expressiva, responsável por cerca de 80% do arroz produzido no mundo (BARRIGOSSI et al., 2004).

O Brasil, um dos maiores produtores da cultura, apontou redução na área plantada de 2,3% em relação à safra passada, influenciada pela redução das áreas no sistema de sequeiro. Em contrapartida, observou-se o aumento do plantio em área irrigada, o que ajuda a explicar uma estimativa de aumento de produtividade em 15,5%. Sequeiro. A produção deve chegar a 11.968,1 mil toneladas, um aumento de 12,8% em relação à safra 2015/2016 (CONAB, 2017).

Plantas de arroz são atacadas por vários fungos que podem reduzir significativamente sua produção (MALAVOLTA et al., 2002). As doenças fúngicas são responsáveis por danos variáveis entre 20 e 50% na produtividade das lavouras de arroz no Rio Grande do Sul (BALARDIN & BORIN, 2001). A incidência e severidade das doenças dependem da ocorrência de patógeno virulento, de ambiente favorável e da suscetibilidade da cultivar (EMBRAPA, 2002).

Destacamos a brusone (Pyricularia oryzae). A brusone é a principal doença da cultura do arroz e seus sintomas nas folhas iniciam com pequenas lesões de coloração marrom e, no decorrer do tempo, aumentam de tamanho e tornam-se elípticas, com o centro cinza ou esbranquiçado e margens marrons (UTUMI, 2008), os mesmos sintomas aparecem nos nós e entrenós na fase de maturação da planta. Em condições favoráveis, que são em temperaturas que variam dos 20ºC ao 25ºC, umidade relativa superior aos 93% e baixa

________________________________________________________________________

1Doutoranda Programa de Pós-Graduação Engenharia Agrícola – Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Rua João Batista da Cruz Jobim, nº 11, apto 512, Bairro Nª S. Medianeira, Santa Maria/RS, [email protected] 2Doutor. Professor Titular do Departamento de Agronomia da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI Campus Santiago, RS 3Docente Permanente Programa de Pós-Graduação Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Santa Maria 4Engenheiro Agrônomo Iharabras 5Mestrando Programa de Pós-Graduação em Agrobiologia – Universidade Federal de Santa Maria - UFSM 6Graduanda Agronomia Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI Campus Santiago, RS 7Graduanda Agronomia – Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

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luminosidade, a doença pode causar a morte das folhas e também de toda planta (EMBRAPA, 2002), causando perdas de até 100% na produtividade do arroz (PRABHU et al., 2009).

O manejo integrado de brusone objetiva controlar a população do patógeno a níveis toleráveis, sem causar danos econômicos à cultura, mediante a adoção de um conjunto de medidas preventivas, de maneira não isolada, como a resistência genética, práticas culturais e controle químico (PRABHU & FILIPPI 2006). A aplicação de fungicidas de parte aérea tem-se mostrado medida eficaz para controle dessas doenças (DALLAGNOL et al., 2006). O fungicida utilizado deve ser tóxico ao patógeno e ter grande estabilidade metabólica, mesmo nas condições mais adversas de clima. Deve ser de baixo impacto ambiental e não fitotóxico à planta, evitando, danos ao meio ambiente (AZEVEDO 2001).

Diante do exposto, o objetivo do trabalho foi avaliar o desempenho de diferentes alternativas de manejo no controle químico de brusone, na cultura do arroz-irrigado, utilizando diferentes ingredientes ativos.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi desenvolvido na estação experimental da Empresa Biomonte Pesquisa

e Desenvolvimento, no município de Santa Maria-RS, na safra agrícola 2015/2016, a uma latitude de 29°38’40,054” S, longitude 53°57’52,186” WO e altitude de 105 metros. A semeadura da cultura ocorreu de maneira mecanizada, sendo realizada no dia 18 de dezembro de 2015, com a cultivar Guri Intá Cl, espaçamento entre linhas de 0,17 metros e densidade de semeadura de 100 kg de sementes.ha-1.

O preparo da área foi de maneira convencional, com três operações de gradagem e uma operação de nivelamento. A adubação de base utilizada foi de 320 kg.ha-1 do adubo formulado 05-20-20. A adubação de cobertura utilizada foi 200 kg.ha-1 de ureia (46-00-00) parcelado em duas aplicações, a primeira com 120 kg.ha-1 no perfilhamento e a segunda com 80 kg.ha-1 na diferenciação do primórdio floral. Os demais tratos culturais foram conduzidos conforme a recomendação técnica para a cultura (SOSBAI, 2014).

O experimento foi conduzido em delineamento blocos ao acaso, com quatro tratamentos e quatro repetições. A unidade experimental foi constituída de parcelas com 18 m2 (3 metros de largura e 6 metros de comprimento). A taxa de aplicação foi de 200 L.ha-1. Sendo, a primeira aplicação dos tratamentos (Tabela 1) ocorreu preventivamente, no emborrachamento da cultura e, a segunda aplicação 15 dias após, quando o arroz encontrava-se nos estágios 51 e 59, conforme a escala BBCH. Para a aplicação foi utilizado um pulverizador costal pressurizado a CO2 contendo barra de 2,5 m munido de seis pontas do tipo teejet 110.02.

Tabela 1 – Descrição dos tratamentos, ingredientes ativos (i.a. g.ha-1) e doses do produto comercial (P.C. g ou ml.ha-1) no controle de brusone, na cultura do arroz irrigado. Santa Maria-RS, 2015/2016.

Nº TRATAMENTOS Doses P.C. Doses i.a.

1 Testemunha - -

2 Tebuconazol + metominostrobin* / mancozebe + tiofanato-metilico

725 / 2500 118,46 + 78,95 / 1600

+ 350

3 Tebuconazol + Metominostrobin* / Triciclazol 725 / 300 118,46+78,95 / 225

4 Tebuconazol /Triciclazol 750 / 300 150 / 225

*Adicionou-se Iharol na dose de 0,5% v/v

As avaliações foram realizadas previamente e a severidade da doença aos 07, 14 DA1A (dias após a primeira aplicação) e 07, 14 e 21 DA2A (dias após a segunda aplicação dos tratamentos). Para avaliação da eficiência agronômica para controle de Pyricularia oryzae na cultura do arroz irrigado, utilizou-se a fórmula de Abbott (1925). Foi calculada a AACPD (área abaixo da curva de progresso da doença) no final das avaliações, segundo CAMPBELL & MADDEN (1990). Os parâmetros avaliados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey (P≤0,05). Para a avaliação de produtividade (kg.há-

1), realizou-se a colheita no dia 12/04/2016 através da colheita manual em dois metros

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quadrados de cada parcela. Após a operação de colheita realizou-se o processo de trilha e posterior secagem das sementes até atingir 12% de umidade.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A severidade ocasionada pela brusone apresentou distribuição homogênea na área

experimental. Todos os tratamentos reduziram a severidade de Pyricularia oryzae quando comparado com à testemunha sem aplicação. Percebe-se uma redução significativa dos valores de AACPD em função dos tratamentos fungicidas quando comparados aos dados da testemunha sem controle (Tabela 2).

Havendo diferença estatística pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro quando comparados os tratamentos fungicidas aplicados com a testemunha sem aplicação. Tabela 2 – AACPD, eficiência de controle (%) e produtividade da cultura. Santa Maria – RS, 2015/2016.

Nº TRATAMENTOS AACPD Efic (%) Produtividade (kg.ha-1)

1 Testemunha 19,487a1 0,0 5040,0b

2 Tebuconazol + metominostrobin* / mancozebe + tiofanato-metilico

3,625b 81,4 6588,75ab

3 Tebuconazol + Metominostrobin* / Triciclazol

2,418b 87,6 7636,125a

4 Tebuconazol /Triciclazol 3,14b 83,9 7439,25ab

CV - 34,62 - 17,60 1Médias não seguidas pelas mesmas letras nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro.

A Tabela 2 apresenta a porcentagem de controle dos tratamentos fungicidas aplicados para controle de Pyricularia oryzae na cultura do arroz-irrigado. Analisando os dados apresentados na Tabela 2, infere-se que o tratamento Tebuconazol + metominostrobin / mancozebe + tiofanato-metilico na dose 725 ml.ha-1 / 2500 g.ha-1; Tebuconazol + Metominostrobin / Triciclazol na dose 725 ml.ha-1 / 300 g.ha-1 e Tebuconazol /Triciclazol na dose 750 ml.ha-1 / 300 g.ha-1apresentaram controle eficiente (igual ou superior a 80%), sobre P.oryzae com médias de 81,4%, 87,6% e 83,9%, respectivamente, de acordo com dados obtidos com o cálculo de AACPD. Dallagnol et al. (2006) relataram que a redução de severidade de doenças foliares incrementou significativamente a produção de grãos, com aumento médio de 27,2%.

Analisando a Tabela 2 verifica-se que a produtividade da cultura do arroz irrigado obteve um acréscimo numérico de acordo com a eficiência do controle sobre Pyricularia oryzae quando comparados com a testemunha sem controle. Sendo que, o tratamento Tebuconazol + Metominostrobin / Triciclazol na dose 725 ml.ha-1 / 300 g.ha-1 apresentou diferença estatística significativa pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro se comparado com a testemunha sem aplicação.

Dessa forma, os tratamentos estudados apresentam-se como um manejo alternativo eficiente no controle de brusone, na cultura de arroz-irrigado, evitando o desenvolvimento do patógeno na cultura.

CONCLUSÃO

A escolha de um adequado manejo de fungicida é fundamental para o controle das

diferentes doenças foliares que acometem a cultura do arroz-irrigado, especialmente a brusone.

Dos tratamentos estudados, todos proporcionaram redução na taxa de progresso da brusone quando comparado com a testemunha sem aplicação de fungicida e, um controle eficiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ABBOTT, W.S., A method of computing the effetiviness of na insecticide. Journal of Economic Entomology, Riverside, v.18, p. 265-267. 1925. AZEVEDO, L. A. S. Proteção integrada de plantas com fungicidas: teoria, prática e manejo. São Paulo: Emopi, 2001. CAMPBELL, C.L. & MADDEN, L.V. Introduction to plant disease epidemiology. New York. J. Wiley & Sons. 1990. BARIGOSSI, J. A. F.; LANNA, A. C.; FERREIRA, E. Agrotóxicos no Cultivo do Arroz no Brasil: análise do consumo e medidas para reduzir o impacto ambiental negativo. Edição 1. Santo Antônio de Goiás: EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO, 2004. 8p. (EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO. Circular técnica, 1). BALARDIN, R. S.; BORIN, R. C. Doenças na cultura do arroz irrigado. Santa Maria: UFSM, 2001. 48 p. il CONAB – COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Acompanhamento da safra brasileira: grãos, oitavo levantamento, maio 2017. Disponível em: < http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/17_05_12_10_37_57_boletim_graos_maio_2017.pdf Acesso em: 28 maio 2017. DALLAGNOL, L. J.; NAVARINI, L.; BALARDIN, R. S.; GOSENHEIMER, A.;MAFFINI, A. A. Dano das doenças foliares na cultura do arroz irrigado e eficiência de controle dos fungicidas. Revista Brasileira de Agrociência, v.12, p.313-318, 2006 EMBRAPA. Manejo da Brusone no Arroz de Terras Altas. Edição 1. Santo Antônio de Goiás, GO: EMBRAPA ARROZ E FEIJÃO - ISSN 1678-9636, 2002. 6p. (EMBRAPA – ISSN. Circular Técnica, 52). MALAVOLTA, V. M. A.; PARISI, J. J. D.; TAKADA, H. M.; MARTINS, M. Efeito de diferentes níveis de incidência de Bipolaris oryzae em sementes de arroz sobre aspectos fisiológicos, transmissão do patógeno às plântulas e produção. Summa Phytopathologica, v. 28, p. 336-340, 2002 MAZOYER, M.; ROUDART, L. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea.São Paulo: Editora UNESP; Brasília, DF: NEAD, 2010. 568p. PRABHU G, SHIMAZU H, CERRI G, BROCHIER T, SPINKS RL, MAIER M., et al. Modulation of primary motor cortex outputs from ventral premotor cortex during visually guided grasp in the macaque monkey. The Journal of Physiology, 587: 1057–1069, 2009. PRABHU, A.S, FILIPPI, M.C (2006) Brusone em arroz: controle genético, progresso e perspectivas. Santo Antônio de Goiás GO. Embrapa Arroz e Feijão. SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO (Sosbai). Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Porto Alegre: Sosbai, 2014. UTUMI, M. M. (ed.). Sistema de produção de arroz de terras altas. 4. ed. Porto Velho, 2008. - (EMBRAPA Rondônia, Sistema de produção, 31). ZAMBERLAN, C.O.; SONAGLIO, C.M. A produção orizicola brasileira a partir da década de 1990: evolução e perspectivas econômicas. Qualistas Revista Eletronica. Vol.1, nº 4280, 2011.

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¹Graduanda em Agronomia, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), R: São Domingos, B: São Jorge, Portão RS, [email protected]. ² Dr. Em Fitopatologia, Universidade Federal de Lavras (UFLA). ³Engenheiro Agronômo e Mestre, Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) 4Graduanda em Agronomia, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). 5Graduando de Agronomia, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA).

CULTIVARES DE ARROZ RESISTENTES À BRUSONE E SUA RELAÇÃO COM A REDUÇÃO DO USO DE FUNGICIDAS

Rafaela de Lourdes Rodrigues da Silva¹, Cláudio Ogoshi², Filipe Selau Carlos³, Carolina

Roberta Campos Bittencourt4, Roberson Diego Souza Almeida5. Palavras chave: Pyricularia oryzae, manejo integrado, IRGA 424RI

INTRODUÇÃO

A cultura do arroz é afetada por diversas doenças que reduzem a produtividade e a qualidade dos grãos, sendo que a brusone (Pyricularia oryzae), é considerada a mais destrutiva ocorrendo em todo o território brasileiro (IRGA, 2007). Sabe-se que o arroz é uma importante fonte de alimento para grande parte do mundo, por isso seu cultivo torna-se intensivo necessitando ser realizado em grandes áreas de forma contínua (SOSBAI, 2016). A brusone tem seu desenvolvimento favorecido quando adubações com altas taxas de nitrogênio são realizadas, e isso resulta em perdas quantitativas e qualitativas de grãos (IRGA, 2007). No manejo integrado essa situação é amenizada, pois se busca o manejo das doenças por meio de técnicas que diminuem a chance das mesmas ocasionarem danos. Algumas práticas do manejo integrado são: utilização de sementes certificadas, cultivares resistentes, época de semeadura na janela recomendada, adubação equilibrada, biocontrole e controle químico (SOSBAI, 2016). Atualmente o controle da brusone é realizado principalmente por meio do uso de cultivares resistentes e aplicação de fungicidas (SOSBAI, 2016). Objetivou-se como este trabalho verificar a contribuição de cultivares resistente à brusone para a redução do uso de fungicidas.

MATERIAL E MÉTODOS

Em Palmares do Sul-RS, o experimento foi instalado e em delineamento de blocos com 4 repetições. No dia 11 de novembrode 2015 a semeadura foi realizada. As parcelas foram formadas por 4 cultivares com diferentes níveis de resistência à brusone (IRGA 424, IRGA 423, IRGA 417 e BR IRGA 409), submetidas à diferentes 3 tratamentos: testemunha sem aplicação de fungicida, 1, 2 e em intervalos de 14 dias, diferenciando da panículas-V9 a polinização R3). O fungicida Bim 750 BR (triciclazol) – 0,3L/ha + o nativo 300 SC (trifoloxistrobina + tebuconazol) – 0,75 L/ha foram utilizados na 1° aplicação. Avaliou-se a severidade da brusone nas folhas, iniciando-se com a primeira aplicação em intervalo de 7 dias. Para atribuir notas de doenças utilizou-se escala publicada pelo International Rice Research Institute (IRRI, 1996). A partir das avaliações de severidade foi calculada a Área Abaixo da Curva de Progresso da brusone (AACPB) pela fórmula citada por CAMPBELL & MADDEN (1990). Com a umidade dos grãos ajustada para 13%, no fim do ciclo da cultura, foram colhidos 3 m2 centrais de cada parcela para determinação da produtividade (Kg. ha-1). Os dados foram submetidos à análise de variância demonstrando significância pelo F-teste (p<0,05). Com o auxílio do programa SAS versão 9.0 foram realizadas análises estatísticas (SAS, 2002).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise de variância indicou diferença significativa somente para cultivares e fungicidas para a variável AACPB e somente para cultivares para a varipável Produividade (p≤0,05). A interação entre cultivares e aplicações de fungicidas não foi significativa para ambas as variáveis. Para a AACPB, a cultivar BR IRGA409 apresentou maior valor, sendo mais susetível a brusone na folha, seguida pela cultivar IRGA 417 que teve a segunda maior AACPB e depois as cultivares IRGA 423 e IRGA 424 que apresentaram a menor AACPB e não apresentaram sintomas da brusone na folha, sendo resistentes à esta doença (Figura 1). A utilização da resistência genética no manejo integrado de doenças de plantas é fundamental, pois é a tática mais simples a ser utilizada, altamente eficiente, mais econômica e mais segura para o homem e ao meio ambiente, pois contribuem para a redução da aplicação de agrotóxicos.

Figura 1. Área Abaixo da Curva de Progresso da Brusone na Folha em função de cultivares com diferentes níveis de resistencia à Brusone.

Quanto à aplicação de fungicidas, ocorreu diferença somente entre a segunda aplicação e a testemunha sem aplicação, sendo esta, apresentando maiores valores de AACPB (Figura 2). .

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Figura 2. Área Abaixo da Curva de Progresso da Brusone na Folha em função das aplicações de fungicidas independente das cultivares utilizadas.

Para a variável produtividade, houve diferença estatística somente para as cultivares. As cultivares IRGA 423 e IRGA 424 apresentaram as maiores produtividades e foram estatisticamente iguais entre si. A cultivar IRGA 417 teve produtividade intermediária e a BR IRGA409 teve a menor produtividade, principalmente por ter sido mais afetada pelo ataque de brunose na folha (Figura 3).

Figura 3. Produtividade (kg.ha-1) em função de diferentes cultivares independente de aplicações de fungicidas.

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CONCLUSÃO

Para que haja redução de aplicação de fungicida na cultura do arroz, devem ser utilizadas cultivares resistentes a brusone.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAMPBELL, C. L.; MADDEN, L. V. Introduction to plant disease epidemiology. New York NY. John Willey & Sons. 1990. IRGA. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. Pelotas, 2007 164p. INTERNATIONAL RICE RESEARCH INSTITUTE. Standard evaluation system for rice, 4 th Edition. Manila- Philippines, 1996. SAS INSTITUTE. SAS users guide: statistics, version 9.0 Cary: SAS Institute, 2002 SOSBAI. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o Sul do Brasil. PELOTAS, 2016 10p, 145-152p

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EFICÁCIA DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE BRUSONE NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO

Mariane Peripolli1, Danie Martini Sanchotene2, Afonso Brinck Brum3, Leandro Lima Spatt4, Érika Nogueira

Muller5, Cinthia Borges Leon6, Maicon Pivetta7, Andrei Beck Goergen8

Palavras-chave: Pyricularia grisea, Oryza sativa, Guri INTA CL.

INTRODUÇÃO

O arroz (Oryza sativa L.) é uma planta semi-aquática pertencente à família Poaceae (Gramineae) e uma cultura de grande importância mundial. Caracteriza-se como a base alimentar de mais de três bilhões de pessoas no mundo (SOSBAI, 2016). O Brasil é considerado um dos maiores produtores de arroz irrigado, sendo o Rio Grande do Sul o maior produtor nacional da cultura, responsável por 67,5% de todo arroz produzido, correspondendo a cerca de 1,1 milhão de hectares cultivados anualmente (CONAB, 2016).

A cultura do arroz sofre interferência direta de doenças fúngicas foliares as quais são responsáveis pela redução da produtividade de arroz no Brasil. as doenças fúngicas responsáveis por danos variáveis entre 20 e 50% na produtividade das lavouras de arroz no Rio Grande do Sul (BALARDIN e BORIN, 2001).

Pyricularia grisea, é a principal doença da cultura do arroz, podendo ocorrer em toda a parte aérea da planta e se desenvolve desde estádios iniciais até a fase final de produção de grãos. Os sintomas provocados nas folhas iniciam-se com pequenas lesões necróticas, que evoluem, podendo provocam o secamento de toda a folha (WILSON; TALBOT, 2009; WEBSTER e GUNNELL, 1992). Nas panículas, a doença além de reduzir a produtividade pode causar esterilidade completa na panícula (PRABHU et al., 2003).

O método mais viável de controle da brusone seria a utilização de cultivares resistentes. Entretanto, o patógeno apresenta uma elevada variabilidade genética, fazendo com que a resistência em novas cultivares não seja durável (PRABHU et al., 2002; KUMAR et al., 1999; AHN, 1994). Assim, o controle químico com fungicidas é uma alternativa para redução do dano das doenças mais utilizados, devido ser eficiente, economicamente viável e capaz de garantir maior produtividade, qualidade de produção e atender a demanda da agricultura (POMMEL et al., 2006).

Sendo assim, devido a cultura do arroz ser responsável por desempenhar uma importante função sócio–econômica em regiões onde é cultivada, o objetivo do trabalho foi a avaliação de fungicidas, aplicados em diferentes doses, com duas aplicações, visando o controle de Pyricularia grisea em arroz irrigado.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado na safra 2015/16, em uma área experimental de arroz

irrigado na cidade de Itaqui, localizada na Fronteira Oeste do estado do Rio Grande do Sul (LAT: 29° 15' 3,452'' S LONG: 56°22' 0,61'' WO). A semeadura do arroz ocorreu no dia 29/12/2015, com a cultivar Guri INTA CL, com espaçamento entre linhas de 0,17 m e, na

1 Graduanda da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Angelim Bortholuzzi, 481 apto 303, Santa Maria, RS, Brasil. [email protected] 2 Professor Doutor da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI/Santiago. 3 Mestrando do Programa de pós-graduação em Agrobiologia – UFSM. 4 Mestrando do Programa de pós-graduação em Agrobiologia – UFSM. 5 Graduanda da URI/Santiago. 6 Graduanda da UFSM. 7 Graduando da UFSM. 8 Graduando da UFSM.

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densidade de 100 kg de sementes ha-1 da cultivar Guri INTA CL, de ciclo médio e suscetível a brusone.

Realizou-se adubação de base na fórmula 09-18-28 na dose de 300 kg ha-1 e em cobertura aplicou-se uréia (46%) na dose de 130 kg ha-1 e 80 kg ha-1 quando as plantas de arroz encontravam-se no estádio de 3 a 4 folhas e 8 a 9 folhas, respectivamente. Os demais tratos culturais foram executados conforme recomendação técnica para a cultura do arroz irrigado (SOSBAI, 2014).

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com seis tratamentos e quatro repetições. A unidade experimental foi constituída de parcelas com 3,0 metros de largura e 6,0 de metros de comprimento (18 m2), para fins de avaliação considerou-se 8m2 centrais. Para a aplicação dos fungicidas utilizou-se pulverizador costal pressurizado por CO2, munido de uma barra de 2,5 metros com de 6 bicos com pontas do tipo leque XR Teejet 110.02, espaçados de 0,5 metros, operando sob pressão constante de 15 lbs.pol-2 e volume de calda aplicado de 200 L ha-1.

Os tratamentos foram aplicados em dois momentos, sendo a primeira no dia 17/03/2016, quando a cultura do arroz irrigado encontrava-se na fase de emborrachamento, e a segunda aplicação com intervalo de 15 dias com relação à primeira (Tabela 1). As avaliações da eficiência demonstrada pelos tratamentos em relação à testemunha foram realizadas previamente e aos 7, 14, 21 e 28 dias após a aplicação dos tratamentos (DAA). Para avaliação da severidade, analisou-se a área foliar afetada em vinte folhas por parcela, considerando a folha bandeira e a folha bandeira menos um, de acordo com escala diagramática adaptada do manual de quantificação de doenças (AZEVEDO, 1998).

Tabela 1. Descrição dos tratamentos, doses de ingredientes ativos e doses do produto comercial no controle de brusone, cultivar Guri INTA CL. Itaqui - RS 2015/2016.

N° Tratamentos Dose P.C mL ha-1(¹) Dose de g i.a ha-1(²)

1 Tebuconazol + Triciclazol* 750 135,37+108,0

2 Tebuconazol + Triciclazol* 1000 180,5+144,0

3 Tebuconazol + Triciclazol* 1250 225.62+180,0

4 Tebuconazol + Triciclazol** 1380,5 249,2+198,8

5 Tebuconazol +

Trifloxistrobina** 750 150,0+ 75,0

6 Testemunha - -

*Adicionou-se adjuvante Joint Oil a 0,5% v.v. **Adicionou-se adjuvante Aureo 0,5% v.v. ¹Doses do produto comercial em mL ha-1. ²Doses em grama de princípio ativo ha-1.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Analisando-se a Tabela 2 verifica-se que a testemunha, tratamento sem a aplicação de

fungicida, apresentou um aumento significativo de severidade da doença entre a avaliação prévia e a avaliação 28 dias após a segunda aplicação (DA2ªA). Além disso, o maior dano causado pela P. grisea ocorreu sobre a panícula, quando comparado as folhas das plantas, sendo que estas panículas infectadas produziram grãos inviáveis.

Pode-se observar que não houve diferença estatística quanto a severidade de P. grisea sobre as plantas de arroz irrigado, pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro, dos tratamentos fungicidas aplicados Tebuconazol 200 g i.a. + Triciclazol 160 g i.a. ao resultado de severidade obtido com o tratamento padrão Trifloxistrobina 100 g i.a + Tebuconazol 200 g i.a nas doses avaliadas, ocorrendo diferença estatística pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro apenas com a testemunha sem aplicação de fungicidas.

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Tabela 2. Severidade para Pyricularia grisea na cultura do arroz irrigado. Itaqui - RS 2015/2016.

Tratamentos1

Dose

P.C.

mL ha-

1(5)

Severidade de brusone2

Prévia 07

DA2A3

14

DA2A

21

DA2A

28

DA2A

1. Tebuconazol 200 g i.a. +

Triciclazol 160 g i.a.(6) 750 0,0 0,15b 0,5b 2,125b 2,36b

2. Tebuconazol 200 g i.a. +

Triciclazol 160 g i.a. 1000 0,0 0,075b 0,287b 1,186bc 1,375bc

3. Tebuconazol 200 g i.a. +

Triciclazol 160 g i.a. 1250 0,0 0,025b 0,187b 0,875c 0,937c

4. Tebuconazol 200 g i.a. +

Triciclazol 160 g i.a. 1380,5 0,0 0,025b 0,062b 0,7c 0,875c

5. Trifloxistrobina 100 g i.a +

Tebuconazol 200 g i.a 750 0,0 0,0375b 0,2b 0,687c 0,75c

6. Testemunha - 0,0 1,25a 2,375a 6,75a 8,375ª

CV (%) -- - 44,14 56,83 25,96 22,23 1Tratamentos Fungicidas aplicados. 2Em relação a vinte plantas por parcela considerando folha bandeira, bandeira menos um e panículas. 3Dias Após a Segunda Aplicação dos tratamentos. 4Médias não seguidas pelas mesmas letras nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de

probabilidade de erro. 5Doses do produto comercial em mL ha-1. 6Doses em grama de princípio ativo ha-1.

*Adicionou-se Joint Oil 0,5 L ha-1. **Adicionou-se Aureo 0,5 L ha-1.

Tabela 3. Avaliação da Àrea Abaixo da Curva de Progresso da Doença (AACPD) e porcentagem de controle com relação a Pyricularia grisea na cultura do arroz irrigado. Itaqui - RS 2015/2016.

Tratamentos1

Dose

P.C.

mL ha-

1(5)

Controle de brusone2 AACPD

07

DA2

A3

14

DA2

A

21

DA2

A

28

DA2A MÉDIA

Abbo

tt

1. Tebuconazol 200 g i.a. +

Triciclazol 160 g i.a.(6) 750 88,0 78,9 68,5 71,8

27,693

b 72,8

2. Tebuconazol 200 g i.a. +

Triciclazol 160 g i.a. 1000 94,0 87,9 82,4 83,8

15,662

c 84,6

3. Tebuconazol 200 g i.a. +

Triciclazol 160 g i.a. 1250 98,0 92,1 87,0 88,8

10,893

c 89,3

4. Tebuconazol 200 g i.a. +

Triciclazol 160 g i.a. 1380,5 98,0 97,4 89,6 89,6 8,575c 91,6

5. Trifloxistrobina 100 g i.a +

Tebuconazol 200 g i.a 750 97,0 91,6 89,8 91,0 9,1c 91,1

6. Testemunha - 0,0 0,0 0,0 0,0

101,93

7a 0,0

CV (%) -- -- -- -- -- 11,61 -- 1ratamentos Fungicidas aplicados. 2Em relação a parcela toda 3Dias Após a Aplicação dos tratamentos. 4Médias não seguidas pelas mesmas letras nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade erro.

5Doses do produto comercial em mL ha-1. 6Doses em grama de princípio ativo ha-1. *Adicionou-se Joint Oil 0,5 L ha-1. **Adicionou-se Aureo 0,5 L ha-1.

A Tabela 3 são apresentados os resultados médios para área abaixo da curva de

progresso da doença e controle de P. grisea sobre as plantas do arroz irrigado. Pode-se

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inferir que o tratamento Tebuconazol 200 g i.a. + Triciclazol 160 g i.a. nas doses de 1000, 1250 e 1380,5 mL ha-1 foram eficientes (superior a 80%) no controle de brusone na cultura do arroz irrigado, evitando desta forma o desenvolvimento do patógeno causador da doença sobre a cultura, de acordo com dados de cálculo obtidos da AACPD. Além disso, reduziram o dano de P. grisea nas panículas das plantas de arroz. Essas mesmas doses não se diferenciou ao resultado de severidade obtido com o tratamento padrão Trifloxistrobina 100 g i.a + Tebuconazol 200 g i.a (750 mL ha-1), o qual controlou satisfatoriamente (controle superior a 80%) sobre o desenvolvimento de Pyricularia grisea, na cultura do arroz irrigado, obtendo controle de 91,1%, até 28 DA2ªA.

CONCLUSÃO O fungicida Tebuconazol 200 g i.a. + Triciclazol 160 g.i.a. nas doses de 1000, 1250 e

1380,5 mL ha-1 é eficiente (controle superior a 80%) para Pyricularia grisea e acarretou uma redução na taxa de progresso da doença quando comparados à testemunha sem aplicação.

Tebuconazol 200 g i.a. + Triciclazol 160 g i.a. nas doses de 1000, 1250 e 1380,5 ml P.C ha-1 tem eficiência agronômica para o controle de Pyricularia grisea e não diferi estatisticamente pelo teste Tukey com 5% de probabilidade de erro do tratamento padrão Trifloxistrobina 75 g i.a. + Tebuconazol 150 g i.a. na dose de 750 mL de P.C ha-1.

Nas condições de campo que submeteu-se o experimento verificou-se que todos os tratamentos fungicidas avaliados apresentaram praticabilidade agronômica à cultura do arroz irrigado, cultivar Guri INTA CL.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABBOTT, W.S., A method of computing the effetiviness of na insecticide. Journal of Economic Entomology, Riverside, v. 18, p. 265-267. 1925. BALARDIN, R. S.; BORIN, R. C. Doenças na cultura do arroz irrigado. Santa Maria: UFSM, p. 48, 2001. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos, Safra 2015/2016: oitavo Levantamento. Disponível em: <Disponível em: http://www.conab.gov.br/conteudos.php?a=1252& >. Acesso em: 18 de maio de 2017. EUROPEAN WEED RESEARCH COUNCIL – EWRC. Report of the 3rd, and 4thmeetings of EWRC. Comitte of methods in Weed Research. Weed Res., v. 4, p. 88, 1964. PRABHU, A.S.; FILLIPI, M.C.; ARAÚJO, L.G. Pathotype diversity of Pyricularia grisea from improved upland rice cultivars in experimental plots. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 27, n. 5, p. 468- 473, 2002. PRABHU, A.S. et al. Estimativa de danos causados pela brusone na produtividade de arroz de terras altas. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.38, n. 9, p.1045-1051, 2003. POMMEL, B.; Gallais, A.; Coque, M.; Quillere, L.; Hirel, B.; Prioul, J.L.; Andrieu, B. Carbon and nitrogen allocation and grain filling in three maize hybrids differing in leaf senescence. Journal of Agronomy, Cairo, v. 24, n. 3, p. 203-211, 2006. SOSBAI. Arroz irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado,5. Reunião da Cultura do Arroz Irrigado,27. Pelotas: SOSBAI, p. 164, 2007. SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO- Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado (Bento Gonçalves, RS: 2016). Arroz Irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. Bento Gonçalves, RS: SOSBAI, p. 10, 2016. SOCIEDADE SUL-BRASILEIRA DE ARROZ IRRIGADO- Reunião Técnica da Cultura do Arroz Irrigado (Bento Gonçalves, RS: 2016). Arroz Irrigado: recomendações técnicas da pesquisa para o sul do Brasil. Bento Gonçalves, RS: SOSBAI, p. 146, 2016. WILSON, R.A.; TALBOT, N. J. Under pressure: investigating the biology of plant infection by Magnaporthe oryzae. Nature Reviews Microbiology, London, v. 7, n. 3, p. 185-195, 2009.

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CULTIVAR DE ARROZ IRRIGADO IRGA 424 RI APRESENTA SENSIBILIDADE AO FUNGO Pyricularia oryzae Cavara.

Ivan Francisco Dressler da Costa

1; Caroline de Almeida Gulart

2; Cassio Alberto Vielmo Ben

3; Guilherme

Londero4; Gabriel Burtet

5; Nivea Maria Ledur

6; Matheus Barcellos

7, Igor Honnef

8

Palavras-chave: brusone, suscetibilidade, Oryza sativa

INTRODUÇÃO

A brusone do arroz, causada pelo fungo Pyricularia oryzae Cavara, pode ser

considerada, se não a principal, uma das principais doenças da cultura, juntamente com a mancha parda (Bipolaris oryzae) e a escaldadura da folha (Gerlachia oryzae) (DALLAGNOL et al, 2006). O controle da brusone tem sido realizado, nos últimos anos principalmente, através da aplicação de diferentes princípios ativos fungicidas, entre os quais se destaca o grupo dos inibidores da biossíntese de melanina (SCHEUERMANN; EBERHARDT, 2011). Outros métodos de controle estão associados ao manejo da cultura, como o dimensionamento adequado e disponibilidade de fontes de água, a profundidade de semeadura, a semeadura em época recomendada, a densidade de semeadura e a utilização de cultivares resistentes ao patógeno. Cultivares com resistência à doença tem sido lançados no mercado, sendo uma boa opção para aquelas regiões onde a brusone se torna problemática para a produção do arroz, e onde a semeadura pode ser realizada mais próxima do período preferencial. A semeadura mais distante deste período pode forçar a ocorrência de maiores pressões do patógeno sobre os cultivares, induzindo a incidências e severidades maiores da doença. Este trabalho teve por objetivo descrever a ocorrência de Pyricularia oryzae sobre plantas do cultivar IRGA 424RI, descrita como resistente ao patógeno.

MATERIAL E MÉTODOS

Na safra de verão 2016/2017, foi instalado um experimento em área de produção de

arroz irrigado, com as cultivares IRGA 424 RI e GURI INTA CL, no município de Dona Francisca, RS, sob as coordenadas geográficas 29°36’34.55”S e 53°19’41.14”O, e com altitude média de 48 m NMM. Durante as avaliações, foi constatado, sobre plantas de ambas as cultivares, sintomas de brusone, em folhas e de pescoço, porém com maior expressão sobre a cultivar GURI INTA CL, que apresentou muitas lesões de tamanho grande, e menor em IRGA 424 RI, que apresentou poucas lesões de tamanho pequeno. Plantas de arroz, cv. IRGA 424 RI foram coletadas e levadas ao Laboratório de Diagnose de Doenças em Plantas, UFSM, onde se procedeu ao isolamento do patógeno. Para este processo, as folhas com lesões foram cortadas, e submetidas à limpeza com álcool 70%, durante um minuto, hipoclorito de sódio 0,5% durante um minuto e três lavagens consecutivas em água estéril. O mesmo procedimento foi realizado para os nós de panículas com sintoma de brusone de pescoço. O material resultante foi incubado em placas de Petri, com meio de cultura BDA, e em câmara úmida, com temperatura de 28°C e regime luminoso de 12/12h, durante 96 horas. Após foi submetido à avaliação. Do material que sofreu assepsia, não resultou esporulação, quando incubado em meio de cultura BDA, porém, sobre o material submetido à câmara úmida, houve esporulação, sendo os esporos

1 Eng. Agr., Dr., Universidade Federal de Santa Maria, Av Roraima, 1000, Santa Maria, RS, [email protected].

2 Eng. Agr., Dra., Instituto Phytus, Itaára, RS.

3 Eng. Agr., MSc., UFSM, Santa Maria, RS.

4 Eng. Agr., MSc., UFSM, Santa Maria, RS.

5 Eng. Agr., MSc., UFSM, Santa Maria, RS.

6 Grauando Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS.

7 Grauando Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS

8 Grauando Agronomia, UFSM, Santa Maria, RS

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identificados como característicos de Pyricularia oryzae. A identificação foi realizada através de microscopia óptica, em microscópio Olympus CH30. Os esporos obtidos foram cultivados em meio de cultura BDA, multiplicados, e a partir das colônias esporuladas, foi obtida uma suspensão de esporos (1 x 10

6 conidios/mL). Plantas de arroz, cv IRGA 424RI, foram

inoculadas com esta suspensão, quando apresentaram três folhas desenvolvidas, e incubadas em câmara úmida por 12h, em temperatura de 25°C, 100% de umidade relativa e escuro. Após este período, as plantas inoculadas foram colocadas em câmara de crescimento, com temperatura de 28°C, umidade relativa de 65% e regime luminoso de 12/12h, para reproduzir os sintomas observados em campo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O controle da brusone do arroz pode ser realizado através de controle químico, com

diferentes princípios ativos, porém nas últimas safras, poucos tem apresentado eficácia satisfatória, e o uso de cultivares resistentes pode contribuir significativamente para diminuir o impacto causado pelo patógeno sobre a cultura. Desta forma, plantas de arroz, da cultivar IRGA 424RI, cultivadas em ambiente sujeitas à pressão de inoculo de Pyricularia oryzae, mostraram sensibilidade ao patógeno (Figura 1), apresentando sintomatologias típicas da doença, tanto nas folhas quanto nos nós do colmo. Plantas deste cultivar, com sintomatologia e submetidos à câmara úmida, apresentaram farta esporulação, e quando sujeitas à inoculação, em ambiente controlado, reproduziram sintomatologia típica da doença.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que o cultivar IRGA 424RI expressou

sensibilidade ao fungo Pyricularia oryzae, no município de Dona Francisca, RS. Este resultado permite inferir que, em anos e regiões sujeitas a maior pressão de

brusone, e particularmente naqueles locais onde a semeadura, por qualquer motivo, seja adiada para períodos limites, deve-se proceder à proteção química dos cultivares, mesmo aqueles com resistência ou tolerância, visando um melhor desempenho em função da produtividade e qualidade de grãos.

Figura 1. Brusone sobre cultivar IRGA 424RI. (A) Colmo com sintomatologia de brusone de pescoço; (B) esporos de P. oryzae retirados da lesão; (C) plantas de arroz, cv. IRGA 424RI inoculadas com suspensão de esporos; (D) primeiras lesões sobre IRGA 424RI; (E) lesões características de brusone sobre folha de IRGA 424RI. Santa Maria, 2017.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Scheuermann, K. K., Eberhardt, D. S. Avaliação de fungicidas para o controle da brusone de panícula na cultura do arroz irrigado. Revista de Ciências Agroveterinárias. Lages, v.10, n.1, p. 23-28, 2011. Dallagnol, L. J. et al. Dano das doenças foliares na cultura do arroz irrigado e eficiência de controle dos fungicidas. Revista Brasileira Agrociência, Pelotas, v. 12, n. 3, p. 313-318, jul-set, 2006.

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IRGA 424 RI E GURI INTA CL APRESENTAM SENSIBILIDADE À PATÓGENOS.

Ivan Francisco Dressler da Costa1; Cassio Alberto Vielmo Ben2; Guilherme Londero3; Gabriel Burtet4;

Nivea Maria Ledur5, Matheus Barcellos6, Igor Honnef7

Palavras-chave: Oryza sativa, doenças, diagnose

INTRODUÇÃO

As doenças de folha e panícula, em arroz irrigado podem ser consideradas limitantes ao

cultivo desta cultura, tanto em produtividade quanto em qualidade de grãos. O controle de doenças tem sido realizado, nos últimos anos, principalmente, através da aplicação de diferentes princípios ativos fungicidas, entre os quais se destacam os grupos dos inibidores da biossíntese de melanina e misturas de triazóis + estrobilurinas. Outros métodos de controle estão associados ao manejo da cultura, como o dimensionamento adequado e disponibilidade de fontes de água, a profundidade se semeadura, a semeadura em época recomendada, a densidade de semeadura e a utilização de cultivares resistentes aos patógenos. Cultivares com resistência às diferentes doenças tem sido lançados no mercado, sendo uma boa opção para aquelas regiões onde ocorre uma maior incidência destes patógenos, tornando problemática a produção do arroz, e também onde a semeadura pode ser realizada mais próxima do período preferencial. A semeadura mais distante deste período pode forçar a ocorrência de maiores pressões dos patógenos sobre os cultivares, induzindo a maiores incidências e severidades das doenças. Este trabalho teve por objetivo a diagnose de diferentes doenças associadas com plantas das cultivares GURI INTA CL e IRGA 424RI, no município de Dona Francisca, RS.

MATERIAL E MÉTODOS

Na safra de verão 2016/2017, foi instalado um experimento na Área de Pesquisa de

Arroz Irrigado, do Laboratório de Diagnose de Doenças de Plantas, Departamento de Defesa Fitossanitária, UFSM, com as cultivares IRGA 424 RI e GURI INTA CL, no município de Dona Francisca, RS, sob as coordenadas geográficas 29°36’34.55”S e 53°19’41.14”O, e com altitude média de 48 m NMM. A semeadura foi realizada em 23/11/2016. Plantas dos cultivares GURI INTA CL e IRGA 424RI foram coletadas da área experimental de arroz irrigado e levadas ao laboratório, no Campus Central. Para identificação das doenças, as lesões observadas nas plantas coletadas, foram comparadas com sintomas típicos de doenças de arroz, em publicações especializadas. Foram realizadas avaliações de incidência e severidade de acordo com a doença identificada. Quando a diagnose não foi finalizada, por desacordo com as informações disponíveis, excertos das plantas foram limpas, através de assepsia. Para este processo, o material com lesões foi cortado e submetido à limpeza com álcool 70%, durante um minuto, hipoclorito de sódio 0,5% durante um minuto e três lavagens consecutivas em água estéril. Após secos, os excertos foram incubados em câmara úmida, em B.O.D., sob temperatura de 26 ±1°C e regime luminoso de 12/12h, durante 96 horas, ao fim das quais foi realizada observação em microscópio estereoscópico e microscópio óptico, quando foi realizada identificação através das estruturas morfológicas dos patógenos associados.

1 Eng. Agr., Dr., Universidade Federal de Santa Maria, Av Roraima, 1000, Santa Maria, RS, [email protected]. 2 Eng. Agr., MSc., Universidade Federal de Santa Maria. 3 Eng. Agr., MSc., Universidade Federal de Santa Maria. 4 Eng. Agr., MSc., Universidade Federal de Santa Maria. 5 Grauando Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria. 6 Grauando Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria. 7 Grauando Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante as avaliações, foi constatado, sobre plantas de ambas as cultivares, sintomas

de várias doenças, entre as quais: mancha parda (Bipolaris oryzae), escaldadura da folha (Gerlachia oryzae), mancha da bainha (Rhizoctonia oryzae), podridão de sarocladio (Sarocladium oryzae) e carvão verde (Ustilaginoidea virens) (Tabela 1). Destas doenças, a mais problemática é a mancha parda, que pode determinar perdas consideráveis em produtividade e, principalmente, em qualidade de grãos (FITOPATOLOGIA, 2017). A mancha parda foi identificada nas parcelas testemunhas de plantas de ambas as cultivares, com severidade média de 19,6% em GURI INTA CL e de 21,95% sobre IRGA 424RI. A escaldadura da folha foi identificada, também, sobre os dois cultivares testados, sendo a incidência menor em IRGA 424RI (9,3%) e maior em GURI INTA CL (16,4%). A escaldadura da folha pode, em incidências altas, comprometer a eficiência fotossintética das plantas, reduzindo a capacidade produtiva (EPAGRI, 2107). Mancha da bainha foi identificada sobre os dois cultivares, com incidência de 4,5% em IRGA 424RI e 3,6% em GURI INTA CL. Esta doença pode comprometer a produtividade da cultura, e ataques mais intensos podem secar parcialmente ou totalmente as folhas, podendo também provocar acamamento (AGROLINK, 2017). A podridão de sarocladio, além de induzir a esterilidade das espiguetas, pode afetar a viabilidade das sementes e o valor nutricional dos grãos, pela diminuição nos teores de amido e proteínas (LOBO et al., 2017). Esta doença foi identificada nos dois cultivares, com incidência média de 6,4% em IRGA 424RI e 5,0% em GURI INTA CL. O carvão verde é uma doença comum em panículas de arroz (QUINTANA et al., 2017). Devido às condições de umidade relativa do ar ocorridas durante o desenvolvimento dos experimentos, foi diagnosticado sobre os dois cultivares, porem com incidência maior sobre IRGA 424RI (15%) e menor sobre GURI INTA CL (4%).

Tabela 1. Incidência e severidade de doenças associadas à dois cultivares de arroz irrigado, na safra agrícola 2016/17. Santa Maria, 2017.

Doenças diagnosticadas Incidência/Severidade (%)

IRGA 424 RI GURI INTA CL

Mancha parda (Bipolaris oryzae) 21,95 19,60 Escaldadura da folha (Gerlachia oryzae) 9,30 16,40 Mancha da bainha (Rhizoctonia oryzae) 4,50 3,60 Podridão de sarocladio (Sarocladium oryzae) 6,40 5,00 Carvão verde (Ustilaginoidea virens) 15,00 4,00

CONCLUSÃO

Os resultados deste trabalho permitiram concluir que sobre os dois cultivares de arroz irrigado mais utilizados no Estado do Rio Grande do Sul, há a ocorrência de patógenos causadores de doenças limitantes à cultura. A proteção destes cultivares contra patógenos pode ser realizada quando a semeadura ocorre fora do período preferencial recomendado. Proteção química associada ao manejo integrado de doenças deve ser opção preferencial dos produtores, visando o aumento da produtividade e qualidade de grãos de arroz irrigado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGROLINK. Mancha das bainhas – Rhizoctonia oryzae. Disponível em: < https://www.agrolink.com.br/culturas/problema/mancha-das-bainhas_2598.html>. Acesso em: 26 mai. 2017.

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EFEITO DE PRINCÍPIOS ATIVOS DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE

Pyricularia oryzae EM ARROZ IRRIGADO SOB DIFERENTES

CONDIÇÕES DE ADUBAÇÃO NITROGENADA

Matheus Barcellos Quatrin1; Ivan F. Dressler da Costa2; Cássio A. Vielmo Ben3; Guilherme P. Londero4; Nívea Ledur5; Igor Honnef6; Gabriel Wobeto7

Palavras-chave: Oryza sativa, brusone, rendimento de grãos, fitossanidade.

INTRODUÇÃO

Segundo dados fornecidos pela CONAB (2016), a produção de arroz na safra 2015/16 apresentou redução quando comparada à safra anterior, fato relacionado a diminuição da área cultivada e ao excesso de chuvas, que ocorreu desde o estabelecimento da cultura.

O excesso hídrico também influenciou no surgimento de doenças, entre elas a brusone, considerada a principal doença da cultura do arroz irrigado. As mudanças no clima durante o período de vegetativo e reprodutivo e a ocorrência de doenças (brusone) e insetos-pragas iniciais afetam de forma significativa a produtividade do arroz e devido a isto, faz com que a cultura leve o rótulo de “cultura de alto risco” (FORNASIERI FILHO; FORNASIERI, 2006),

Outro fator que predispõe o surgimento de doenças é o desiquilíbrio nutricional, principalmente o nitrogênio (N) pois é o nutriente que apresenta maior interferência no crescimento e desenvolvimento de plantas de arroz, sendo ainda fundamental para alcançar altas produtividades (SOSBAI, 2014). Porém, de acordo com Zambolim et al.,(2012), altas concentrações de N permitem maior expansão e menor espessura da parede celular dos tecidos vegetais, tornando-os menos resistentes e assim, pode promover condições favoráveis para a ocorrência das doenças, pois diminui a resistência de penetração de estruturas fúngicas.

Doses de N aumentam a severidade de brusone e necessitam que sejam controladas com fungicidas para manter elevada a renda do benefício, grãos inteiros e vítreos. Doses acima de 60 kg ha-1 de N, sem aplicações de fungicidas diminuem o percentual de grãos inteiros e vítreos, aumentando os índices de grãos gessados. A qualidade industrial de grãos de arroz da cultivar Guri INTA Cl diminui em altas severidades de brusone (OLIVEIRA, 2016).

Em função disso, o controle da brusone do arroz é realizado basicamente pelo uso de fungicidas, que podem ser aplicados em tratamento de sementes, visando o controle de brusone nas folhas (LOBO, 2008), e via pulverização foliar para controle de brusone nas folhas e panículas (DARIO et al., 2005).

Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar diferentes princípios ativos fungicidas no controle de brusone na cultura do arroz irrigado cultivado com diferentes doses de nitrogênio.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no município de Dona Francisca em uma latitude 29º36`41”S

e longitude 53º21`03”W, da Depressão Central do Estado do Rio Grande do Sul. De acordo com a classificação de Köppen-Geiger, o município de Dona Francisca se enquadra no clima tipo CFA. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com dez tratamentos e quatro repetições, sendo uma testemunha sem controle de fungicida. Cada parcela possuía

1Aluno de graduação em Agronomia - UFSM - Silveira Martins (CEP 97195-000) –

[email protected] 2 Professor orientador - UFSM 3 Aluno de pós-graduação em Agronomia - UFSM

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Incidência de brusone

25/02/2017 12/03/2017 20/03/2017

10 m² (2x5m²). O experimento foi conduzido durante a safra 2016/17 utilizando a cultivar Guri Inta CL semeada dia 15 de novembro. As aplicações de adubação nitrogenada ocorreram nos dias 14 de dezembro e 18 de janeiro utilizando-se, conforme o tratamento, duas doses (350 e 450 Kg ha-¹). A aplicação dos tratamentos com fungicidas (Tabela 1) ocorreram dia 27 de janeiro coincidindo como final do emborrachamento (estádio R2) e a segunda dia 11 de fevereiro (estádio R4). Foram realizadas cinco avaliações de incidência de brusone.

Tabela 1: Tratamento de fungicida e doses de adubação nitrogenada realizada sobre o experimento do cultivar GURI Inta CL. Santa Maria, UFSM, 2017.

* Duas aplicações de fungicida, sendo a primeira no final do emborrachamento e a segunda 15 dias após (florescimento). **Testemunha Sem Tratamento de Fungicida, mas com aplicação de adubação nitrogenada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizadas cinco avaliações de severidade durante a execução do experimento, porém só foram observados sintomas a partir da terceira época de avaliação. Os tratamentos com maior controle da doença foram T1, T3, T5 e T7, porém não apresentaram diferença significativa no teste de Skott-Knott a 5% de significância entre si (Gráfico 1).

Durante a realização do experimento foi possível observar baixa incidência de brusone em todos os tratamentos, porém, foi maior nas testemunhas sem aplicação de fungicidas e em todos os tratamentos com a maior dose de Nitrogênio.

Esse fato é comumente relatado na literatura, pois em condições de excesso de nitrogênio, geralmente ocorre aumento da severidade de doenças, principalmente brusone na cultura do arroz.

Gráfico 1: Índices de incidência de brusone em plantas de arroz irrigado submetidas ao controle químico e diferentes doses de nitrogênio. Dona Francisca, 2017.

TRATAMENTOS Dose da adubação Nitrogenada (Kg/ -1)

1. Seltima + Seltima* z 350

2. Seltima + Seltima * 450

3. Bim + Bim* 350

4. Bim + Bim* 450

5. Seltima + Bim* 350

6. Seltima + Bim* 450

7. Bim + Seltima* 350

8. Bim + Seltima* 450

9. TST** 350

10. TST** 450

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Pro

dutivid

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Tratamentos

Rendimento de grãos

Foi analisado o índice de rendimento de grãos a partir da colheita de 2m² da área útil de cada parcela, trilhado, ajustado para 13% de umidade e convertidos em Kg ha-1. Após ser submetido ao teste de Tukey a 5%, foram observadas diferenças na produtividade, sendo os tratamentos 5 e 7 os que apresentaram os maiores índices como pode ser observado no Gráfico 2. Assim, quando relacionamos o controle químico utilizando-se diferentes princípios ativos e uma dose equilibrada de nitrogênio, podemos constatar melhor controle de doenças e consequentemente maiores produtividades, pois como pode ser observado nesse experimento, a produtividade foi diretamente afetada pela incidência de brusone nas parcelas com as maiores doses de nitrogênio.

Esses fatores contemplam a atividade orizícola, permitindo melhores rendimentos, assim como permitem que cultivares mais suscetíveis consigam atingir altas produtividades no meio em que são cultivadas. Outro fato que também pode ser abordado é que a utilização de uma adubação parcelada e equilibrada permite que a planta se desenvolva e ocorram menos perdas por lixiviação e possíveis contaminações hídricas, além de diminuir custos com a produção. Gráfico 2: Produtividade de arroz a partir da colheita de 2m², com umidade ajustada para

13% e convertido em Kg ha-1. Dona Francisca, 2017.

CONCLUSÃO

Nas condições que o experimento foi realizado, observou-se que os tratamentos que receberam a menor dose de nitrogênio apresentam menores índices de incidência de brusone, assim como as maiores produtividades.

Concluiu-se também que houve redução da produtividade nos tratamentos que receberam a maior dose de N, podendo ser relacionado ao aumento de doenças folhares, responsáveis pela diminuição da área foliar fotossintética ativa e menor conversão em fotoassimilados no enchimento de grãos e ocorrência de brusone no pescoço e nas panículas.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BARBOSA FILHO, M. P. Nutrição e adubação do arroz: sequeiro e irrigado. Piracicaba:

Potafos, 1987. 129 p. (Boletim Técnico, 9).

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Acompanhamento de safra brasileira:

grãos, 9º levantamento,

<http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/16_01_12_09_00_46_boletim_graos_janeir

o_2016.pdf>Brasília, 2016

DARIO, G.J.A. et al. Controle químico de brusone em arroz irrigado. Revista da Faculdade de Zootecnia, Veterinária e Agronomia, Uruguaiana, v.12, n. 1, p.25-33, 2005.

FORNASIERI FILHO, D.; FORNASIERI, J. L. Manual da cultura do arroz. Jaboticabal: Funep, 2006. 589 p

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sensível à brusone. 2016. 77 f. Tese de defesa de mestrado – Universidade Federal de

Santa Maria, Santa Maria.

RAIJ, B. V. Fertilidade do solo e adubação. Piracicaba: Ceres/Potafos, 1991. 343 p

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