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ENSINO
Bolonha e as necessidades do mercado: ainda é cedo para avaliar
Pág. II
RUI TEIXEIRA EM ENTREVISTA
Politécnico de Viana lança programa de apoio a alunos carenciados
Pág. VI
JOÃO PROENÇA, ASSEGURA
“É fundamental desenvolver proximidade entre universidades e empresas
Pág. VIII
Abandono do ensino superior em Portugal aumenta com a crise
Págs. IV e V
ENSINO SUPERIOR ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1449, DE 15 JUNHO DE 2012,
E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE
CIP E IEFP SÃO UNÂNIMES N0 BALANÇO DOS IMPACTOS DAS REFORMAS NO ENSINO SUPERIOR
Bolonha e as necessidades do mercado de trabalho: ainda é cedo para avaliarO Processo de Bolonha veio introduzir duas alterações que podem contribuir para que os estudantes estejam mais adaptados às exigências profissionais quando transitam para o mercado de trabalho: maior enfoque nas competências transversais e a comparação entre formações num mercado de trabalho mais alargado, o que potencia a mobilidade. Uma conclusão é, porém, certa: Bolonha entrou oficialmente no ensino português no ano de 2006, mas os parceiros envolvidos dizem que ainda é cedo para fazer a avaliação final dos impactos da mudança. TERESA [email protected]
SANDRA [email protected]
Tirando o facto de os licencia-dos de Bolonha serem “tenden-cialmente mais novos” à entrada no mercado de trabalho, “ainda é cedo para identificar diferenças substanciais” entre os licenciados pré e pós-Bolonha, afirma o Ins-tituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP).
Em declarações à “Vida Eco-nómica, o IEFP diz, aliás, que “também ainda é difícil perceber se o comportamento dos empre-gadores mudou substancialmente no recrutamento destes profis-sionais”, dado o atual contexto de contração económica e de au-mento do desemprego, em que o “acesso ao primeiro emprego está mais dificultado para todos e para os jovens em particular”.
Na mesma linha, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), António Saraiva, não hesita em afirmar: “ainda é cedo para fazer essa avaliação”, sendo aqui mais relevante per-ceber “se a Universidade desem-penha hoje a sua missão melhor do que no passado”, dadas as suas “muitas e variadas funções, mis-sões e responsabilidades”.
“Costumo dizer que não há economia sem empresas e que não há empresas sem pessoas, que são o ativo mais valioso das organizações”, frisa António Sa-raiva à “Vida Económica”. Daí ser de opinião que “as empresas
precisam de pessoas qualifica-das, preparadas, formadas para, no ambiente profissional, ob-terem estímulos à sua própria realização pessoal e profissional, mas, também, proporcionarem melhoria da atividade empresa-rial”.
Ora se a Universidade é “es-sencial para as sociedades se de-senvolverem, preparando conve-nientemente os jovens que um dia as empresas vão recrutar”, é necessário, diz o presidente da CIP, que, entre outros fatores, haja “um essencial: a preparação tem de ser feita de acordo com as necessidades das empresas”.
Bolonha exige estratégias de aprendizagem de forrna autónoma
Na mesma linha de pensamen-to, Gillian Owen Moreira, pró-reitora da Universidade de Aveiro (UA), explica à “Vida Econó-mica”, também de acordo com o feedback recebido do mundo empresarial, que “a experiência de trabalhar, estagiar e/ou realizar projetos de investigação em am-biente empresarial tem-se revela-do o instrumento mais eficaz na formação dos estudantes”. Os re-sultados indicam, aliás, que “esta experiência deverá ser alargada a todas as formações, podendo to-mar diferentes formatos de acor-do com o grau e a área de estudo,
incluindo ainda uma dimensão internacional”, refere Gillian Owen Moreira.
Assim, diz a pró-reitora da UA, “a planificação e realização das aprendizagens dos estudantes de-verão ser feitas em estreita articu-lação com as entidades emprega-doras, adequando cada vez mais as formações às necessidades do mercado de trabalho”.
Sem se desvalorizar os conhe-cimentos técnicos, que são “in-dispensáveis ao desempenho pro-fissional”, diz por sua vez o IEFP que “as competências pessoais são particularmente valorizadas pelos empregadores”. Razão por que “é fundamental que as pessoas sejam capazes de avaliar criticamente o seu trabalho e de implementar estratégias de aprendizagem de forrna autónoma”.
Ciente de que a organização do trabalho, atualmente, “requer equipas de trabalho multidisci-plinares”, o IEFP vê nesta abor-dagem introduzida pelo processo de Bolonha “uma mais-valia” ga-nha. Salienta ainda o IEFP que esteve subjacente ao processo de Bolonha o reconhecimento pelos Estados-membros das qualifica-ções adquiridas em cada país e que esse aspeto “é fundamental, pois promove a mobilidade sus-tentada dos detentores de quali-ficação superior”. E, com isso, “o mercado de trabalho assume uma maior abrangência e, consequen-
temente, aumenta as hipóteses de emprego”.
“Na CIP, estamos muito atentos à questão da empregabilidade”
Dizendo-se “muito atento à questão da empregabilidade”, o presidente da CIP também explica à “Vida Económica” que “as empre-sas referem frequentemente que há desajustamentos entre a oferta e a procura de emprego e que continu-am a ter dificuldades em contratar profissionais com as competências adequadas às suas necessidades”.
Ora, sabendo que às empresas “cabe dizer quais as qualificações que os seus profissionais devem ter e às escolas e às estruturas de formação transmitir as com-petências necessárias à obtenção das qualificações pretendidas”, António Saraiva deixa a crítica: “as políticas educativas em Por-tugal têm assentado muito mais em tentativas de implementação de conceções teóricas do que em concepções estratégicas, concre-tas e integradas”.
A solução, diz, é “voltar o Ensino simultaneamente para o quotidiano e o global”, pois o mercado de tra-balho precisa, de um lado, de um carácter mais técnico, mais prático, e com forte componente de ‘saber fazer’; e do outro, de banda mais larga e, simultaneamente, mais aprofundado.
sexta-feira, 15 Junho de 2011 ENSINO SUPERIORII
“As empresas referem frequentemente que há desajustamentos entre a oferta e a procura de emprego e que continuam a ter dificuldades em contratar profissionais com as competências adequadas”, revela António Saraiva.
Programa Contacto da Sonae já tem mais de 16 mil jovens registadosTERESA [email protected]
SANDRA [email protected]
Contrariamente a “todas as expectativas iniciais”, a Rede Contacto da Sonae conta já com mais de mais de 16 mil jovens registados. Um número que “ultrapassa as expectativas iniciais” da empresa e relativa-mente ao qual, volvido o Dia Contacto, “podemos afirmar que o balanço é francamente positivo”, revela Ana Cristina Fonseca, Diretora de Recursos Humanos do Centro Corpora-tivo da Sonae, à “Vida Econó-mica”.
Lançado pela Sonae em 1986, o Programa Contacto “permite não só dar a conhecer aos jo-vens universitários informação e oportunidades que temos em aberto, como, também, que estes se deem a conhecer atra-vés da participação ativa e de qualidade nos desafios que vão sendo propostos”. O Programa tem, aliás, vindo a “assumir-se como uma ferramenta privile-giada de comunicação e deteção de talento jovem” ao longo dos anos, diz Ana Cristina Fonseca, sendo que a empresa já recebeu mais de 34 mil candidaturas, das quais foram selecionados cerca de 3900 jovens para par-ticipar no Dia Contacto.
Este ano, e em linha com os anos anteriores, a Sonae abriu as portas aos jovens que mais se destacaram, “procurando apoiar o desenvolvimento das suas competências e desafian-do-os a mostrarem o seu valor”, frisa a responsável de recursos humanos da Sonae.
Questionada sobre que con-selhos dá aos jovens finalistas do ensino superior que não conseguem aceder a este tipo de oportunidades e se veem con-frontados com o desemprego, Ana Cristina Fonseca aponta uma resposta positiva.
“Estamos conscientes que a realidade do mercado atual cria obstáculos à integração de jovens em novos contextos de trabalho”, mas “acreditamos convictamente na importância da procura ativa, por parte dos jovens finalistas, de oportuni-dades que vão de encontro às suas motivações”. E, para isso, acrescenta, é “crucial a persis-tência nesta busca pelo desafio e a capacidade de se diferen-ciarem pelas competências de-senvolvidas nos mais diversos contextos em que se inserem, bem como pelos conhecimen-tos adquiridos ao longo da sua formação académica”.
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BOLSA DE ALUNOS COLABORADORES REMUNERADOS E CALENDÁRIOS PERSONALIZADOS DE PAGAMENTO DE PROPINAS
Politécnico de Viana lança programa de apoio a alunos carenciadosPortugal vai “demorar anos a sair da situação [de crise] em que se encontra” e os seus efeitos, apesar de, para já, “difíceis de quantificar”, pesam forte sobre o ensino superior, universitário e politécnico, avisa Rui Teixeira, presidente do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC).Em entrevista à “Vida Económica”, o também vice-presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) revela as medidas já implementadas para mitigar as carências dos alunos no Instituto a que preside. E até mesmo as adotadas junto dos não carenciados, com calendários de pagamento de propinas ajustados às situações colocadas pelas famílias.Não sendo este o milagre para o fim de todos os problemas, garante Rui Teixeira que as ajudas vão manter-se “enquanto houver um aluno, que seja, com carências”.
TERESA [email protected]
Vida Económica - Dos cerca de 4500 do IPVC, quantos estão identi-ficados como tendo dificuldades eco-nómicas ao ponto de não consegui-rem suportar o custo das propinas?
Rui Teixeira - Os alunos carenciados são bolseiros. O pagamento das propinas é a primeira prioridade no conjunto de apoios que preenchem o conceito ‘bolsa de estu-do’. O IPVC tem cerca de 1300 bolseiros, ou seja, o Estado substitui-se aos agregados familiares destes alunos no dever de pagar as propinas. Nota-se um aumento, difícil de quantificar, dos atrasos no pagamento de propinas por parte de alunos ‘não ca-renciados’, nos termos dos regulamentos de bolsas e das leis da Segurança Social. Com estes, vamos fazendo acordos de ca-lendários de pagamento personalizados, ajustando o calendário pretendido pela família ao calendário da lei a que estamos sujeitos.
VE - Quantos alunos do IPVC já te-rão abandonado o ensino superior de-vido a carências económicas?
RT - Até à data não podemos registar, com clareza, o abandono. Até 31 de de-zembro, não houve qualquer aumento face aos anos anteriores. Nesta fase o abandono prende-se, quase sempre, com razões de ordem académica (não gostam do curso)
ou social (não se adaptam à situação de deslocados, etc.). Após esta fase não há registos nem quaisquer indicadores fide-dignos. Raramente o aluno desiste de um dia para o outro. Começam por, numa ou noutra semana, não virem às aulas, mas, depois, muitas vezes, vêm aos exames. Só vamos ter possibilidade de medir o aban-dono com a exatidão nas reinscrições do início do próximo ano letivo.
VE - Do ‘feedback’ que vai tendo, que destino levam esses alunos que deixaram o ensino superior e que fu-turo os espera?
RT - Temos por hábito abordar todos os estudantes cujo desejo de abandono ou abandono recente chega ao nosso conheci-mento. Este conhecimento é raro, diga-se. Da nossa experiência, as razões do aban-dono devem-se, quase sempre, ao terem encontrado um emprego e à pouca fé que têm na formação superior como condição de favorabilidade para o emprego. Procu-ramos, à exaustão, demonstrar-lhes que estão enganados, as mais das vezes sem sucesso.
Uma grande maioria regressa um ou dois anos mais tarde. Muitos outros mantêm os seus empregos, quase sempre indiferencia-dos e muito mal pagos. Alguns, também, os empreendedores, atingem o sucesso. Poucos. Um número significativo, tam-bém, especialmente no público feminino, abandona ou interrompe por razões de maternidade.
VE - Que medida concreta lançou
o IPVC para ir ao encontro e minorar essas carências?
RT - Desde a atenção reforçada com mecanismos de deteção mais rápida de casos de dificuldade que, muitas vezes, correm envergonhados e silenciosos e que permita a atuação na hora, por parte dos serviços, quando detetamos situações de dificuldades com o estudo da situação dos alunos. Também lançamos uma bolsa de colaboradores, constituída por alunos que prestam pequenos serviços na instituição, com o primeiro objetivo de propedêutica à profissionalização e pelos quais auferem algum dinheiro ou outros benefícios de ajuda à sua frequência. Também disponi-bilizamos cabazes de produtos básicos nos bares a preço reduzido, a interação com movimentos solidários como os Rotários e os Lions, entre outros.
VE - Como é feita na prática a tria-gem e o controlo dos alunos com di-ficuldades? Certamente não apenas com a declaração de IRS referente ao ano anterior...
RT - A definição de ‘aluno carenciado’ não é, nem pode ser, obviamente, uma criação do IPVC. É uma definição políti-ca, legal e regulamentar do Estado, cujas regras são semelhantes para todos os cida-dãos e para todas as prestações sociais de base não contributiva. Na minha opinião pessoal, os princípios pelos quais se rege, atualmente, a determinação de ‘aluno ca-renciado’, um trabalho iniciado pelo an-terior governo e que o atual continuou, são claros e justos. Os limites económicos
a partir dos quais se considera ‘carência’ é que são que muito baixos e excluem logo muita gente, de facto, carente. Esta é uma decorrência da situação que o país vive.
VE - As medidas de apoio aos alu-nos carenciados têm suporte finan-ceiro e não põem em causa as recei-tas do Instituto? Quanto representa para o IPVC, em termos numéricos, essa ajuda?
RT - Os Serviços de Ação Social (SAS) têm, em regra, nas instituições de ensino superior, autonomia e orçamento pró-prios. As bolsas de estudo são pagas dire-tamente pelo Estado aos alunos, também não passando pelos orçamentos das insti-tuições. Os alunos do IPVC recebem do Estado em bolsas de estudo, por ano, cerca de 3,2 milhões de euros, mais cerca de 400 mil euros de orçamento dos SAS em aloja-mento, alimentação e outros. O IPVC, do seu orçamento próprio, soma a estes valo-res para fins sociais cerca de 250 mil euros por ano, dos quais 90 mil euros investimos na bolsa de colaboradores. É um enorme esforço, dadas as circunstâncias em que vivemos.
VE - Por quanto tempo espera ter de manter esta ajuda aos alunos?
RT - Este nível de ajudas deve tornar-se uma prática da vida das instituições. Have-rá sempre ajudas enquanto houver um alu-no, que seja, com carências. Alterará, isso sim, é o caudal dessa ajuda. Infelizmente, todos sabem que o país demorará uns anos a sair da situação em que se encontra.
sexta-feira, 15 Junho de 2011 ENSINO SUPERIORVI
“Frequentam o IPVC cerca de 4500 alunos, cerca de 200 em cursos de especialização tecnológica, 3700 em cursos de licenciatura e 600 em mes-trado”, revela Rui Teixeira à “Vida Económica”.
FERNANDA SILVA [email protected]
O diretor da Faculdade de Economia do Porto (FEP), João Proença, acredita que “é fun-damental desenvolver relações próximas” entre as universida-des e as empresas, mas também “com muitas outras instituições que são centrais na nossa vida social”, como, por exemplo, organizações sociais, políticas e económicas”.
Admitindo que essa ligação “já está a ser desenvolvida em muitas instituições”, seja pela participa-ção de pessoas ligadas às empre-sas nos corpos sociais das várias
universidades, seja pelo envol-vimento da comunidade civil e empresarial nas várias dimensões da vida académica, João Proença admite, contudo, que “é possível potenciar ainda mais essa liga-ção”, nomeadamente através do desenvolvimento de estruturas que permitam “a interação com os ‘alumni’, com os empresários e gestores, com os políticos que conectem e aproximem estes atores”.
Por isso, afirma o docente, “é importante que as Escolas criem condições para que os elementos externos, em parti-cular os ‘alumni’, sejam parte integrante da Escola”, cola-
borando em múltiplas frentes como, por exemplo, “na ob-tenção de estágios para os estu-dantes, em programas de ‘men-toring’, na procura e consumo de serviços prestados pelas ins-tituições de ensino superior, na procura e dinamização de estudos aplicados, no apoio às ações empreendedoras dos es-tudantes e, em particular, às in-cubadoras de empresas de base tecnológica, na valorização e no incentivo ao envolvimento dos estudantes em atividades extra curriculares e com conexão ao exterior da Escola, ou no desen-volvimento de uma política de aproximação e diálogo com as
JOÃO PROENÇA, DIRETOR DA FACULDADE DE ECONOMIA DO PORTO, ASSEGURA
“É fundamental desenvolver relações próximas” entre as universidades e as empresas
João Proença, diretor da FEP.
PUB autoridades regionais e/ou na-cionais”. Paralelamente, todas estas ações “facilitam e aproxi-mam as universidades ao seu exterior e permitem encontrar novas fontes de financiamento para executarmos a nossa mis-são”, assegura João Proença.
Seria um “crime encerrar as estruturas localizadas no interior” do país
Igualmente “fundamental” é para o diretor da FEP a pre-sença de instituições de ensino superior no interior do país, na medida em que esta localização “dá competências para o desen-volvimento local, pode estimu-lar o empreendedorismo e cria atividade económica e emprego direto e indireto nessas regiões”.
Em declarações à Vida Económica , o docente conside-ra por isso que seria um “crime encerrar as estruturas localizadas no interior”, pois esse cenário “agravaria ainda mais as assime-trias do país, em particular as do litoral face ao interior”. Ainda assim, João Proença não descarta a possibilidade de ocorrer uma “reorganização e alguma conso-lidação” do sistema e admite que “isso não signifi ca que não se encontrem formas novas e mais efi cientes do sistema cumprir essa missão”.
Nesse sentido, uma reorgani-zação “deve permitir assegurar que as estruturas do interior do país tenham mais qualidade e permitam, com maior eficiên-cia e racionalização, cumprir a missão do ensino superior português em todo o espaço nacional”. Por isso, o diretor da FEP defende que algumas instituições de ensino superior “devem ter incluído na sua mis-são o desenvolvimento das regi-ões onde estão localizadas”. “É esse o caso da Universidade do Porto, que, a prazo, pode incor-porar na sua missão a contri-buição para o desenvolvimento de todo o Norte do país, o que poderia incluir também as áreas do interior”, remata João Pro-ença.
sexta-feira, 15 Junho de 2011 ENSINO SUPERIORVIII
ENQUADRAMENTO:
OBJETIVOS:
PROGRAMA:
FORMADORA: Raquel Reis -
PORTOJUNHO (6ºf e Sáb.)
16 22232930Hotel Holiday Inn Porto-Gaia
Preços: � 390
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES: Vida Económica – Patricia Flores
E-mail: [email protected]
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