10
CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZES PROF a MÁRCIA PIETROLUONGO ENSAIOS DE QUALIDADE Objetivo: avaliar se determinadas características do produto estão em conformidade com as especificações estabelecidas pelo próprio fabricante ou determinadas pelo consumidor. Englobam ensaios físicos e físico-químicos que não são aplicados a análise de identidade, pureza e potência. Os ensaios físicos são geralmente aplicados a produto acabado e estão associados a um dos seguintes aspectos: Estabilidade física; Uniformidade; Biodisponibilidade. A conformidade com as especificações, para os ensaios de qualidade, visa garantir a eficácia terapêutica, prazo de validade e aspectos organolépticos das diversas formas farmacêuticas e cosméticas. Tabela 1: Exemplo de Ensaios Físicos Oficiais e Não Oficiais aplicados a formas farmacêuticas Formas farmacêuticas Ensaios Físicos Oficiais Não-oficiais Comprimidos Peso / Desagregação/ Dureza Friabilidade/ Dissolução Dimensões Aspecto/ Cor Cápsulas Peso/ Desagregação Dissolução Aderência/ Cor Resistência ao choque Suspensões e emulsões Volume Viscosidade Taxa de sedimentação/ Grau de subdivisão/ 1

ensaios da qualidade

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ensaios da qualidade

CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZESPROFa MÁRCIA PIETROLUONGO

ENSAIOS DE QUALIDADE

Objetivo: avaliar se determinadas características do produto estão em conformidade com as especificações estabelecidas pelo próprio fabricante ou determinadas pelo consumidor.

Englobam ensaios físicos e físico-químicos que não são aplicados a análise de identidade, pureza e potência.

Os ensaios físicos são geralmente aplicados a produto acabado e estão associados a um dos seguintes aspectos:

Estabilidade física; Uniformidade; Biodisponibilidade.

A conformidade com as especificações, para os ensaios de qualidade, visa garantir a eficácia terapêutica, prazo de validade e aspectos organolépticos das diversas formas farmacêuticas e cosméticas.

Tabela 1: Exemplo de Ensaios Físicos Oficiais e Não Oficiais aplicados a formas farmacêuticas

Formas farmacêuticas Ensaios FísicosOficiais Não-oficiais

Comprimidos Peso / Desagregação/ Dureza Friabilidade/

Dissolução

DimensõesAspecto/ Cor

Cápsulas Peso/ Desagregação Dissolução

Aderência/ CorResistência ao choque

Suspensões e emulsões VolumeViscosidade

Taxa de sedimentação/ Grau de subdivisão/

Comportamento reológico

Soluções Volume/ pHDensidade

Aspecto/ Cor/ Odor Sedimentação /

Coacervação Viscosidade

Supositórios e óvulos PesoDesintegração

Homogeneidade/ Intervalo de fusão/ Capacidade de

cessão

Pomadas Peso Consistência/ Equilíbrio de fases

Comportamento Reológico

1

Page 2: ensaios da qualidade

CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZESPROFa MÁRCIA PIETROLUONGO

CONTROLE DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E FÍSICO-QUÍMICASNAS DIFERENTES FORMAS FARMACÊUTCAS

VARIAÇÃO DO VOLUME E VOLUME MÉDIO

Pode ocorrer durante o envase Fatores econômicos e principalmente prejuízo terapêutico Aplicação: F.F. ou cosméticas líquidas Teste de variação de volume: avaliação da homogeneidade do

enchimento Limites de variação permitidos: 1% e 3%

Tabela 2: Relação entre volume total, números de amostra e desvios permitidos (F.Bras.IV)

Volume declarado (mL) Tamanho da amostra (n) Desvio máx. toleradoAté 10 mL 12 3,0%

Entre 10 e 30 mL 10 2,5%Entre 30 e 100 mL 6 2,0%Entre 100 e 250 mL 3 1,5%Acima de 250 mL 2 1,0%

ANALISAR PARÂMETROS PRECONIZADOS NA F. BRAS. IVANALISAR PARÂMETROS PRECONIZADOS NA F. BRAS. IV

VISCOSIDADE

Característica relacionada com a fluidez dos líquidos. Expressa a resistência do líquido ao escoamento.

Aplicação: F.F. e cosméticas líquidas e semi-sólidas Aspectos reológicos Viscosidade e Temperatura

ANALISAR PARÂMETROS PRECONIZADOS NA F. BRAS. IV ANALISAR PARÂMETROS PRECONIZADOS NA F. BRAS. IV (Método do tempo de escoamento de um líquido)

2

Page 3: ensaios da qualidade

CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZESPROFa MÁRCIA PIETROLUONGO

CONCENTRAÇÃO HIDROGENIÔNICA (pH)

Aplicação: F.F.cujo veículo seja água ou uma mistura que a contenha. O pH de uma preparação farmacêutica ou cosmética irá depender da

via de administração, solubilidade do princípio ativo, estabilidade da formulação e atividade do fármaco.

Técnica mais utilizada para determinação do pH é a potenciometria.

Solubilidade do Fármaco: Ácidos orgânicos são solúveis em pH alcalino.

Ex: fenobarbital injetável (pH 9,2 e 10,0)

Bases orgânicas são solúveis em pH baixo.Ex: lindocaína injetável (pH 5,0 e 7,0)

Estabilidade da formulação:Enalapril (potente conversor da ECA)Enaprilato: pH < 2,4

DENSIDADE

Relação existente entre massa e volume de determinada amostra, a uma dada temperatura, sendo expressa em g/cm3 (CGS) ou g/mL (USP) (densidade absoluta).

Útil para assegura a homogeneidade do produto

ANALISAR PARÂMETROS PRECONIZADOS NA F. BRAS. IV ANALISAR PARÂMETROS PRECONIZADOS NA F. BRAS. IV

CONDUTIVIDADE

Propriedade, apresentada por determinado material (metal ou solução eletrolítica), de conduzir corrente elétrica.

Aplicação: CQ de águas para fins farmacêuticos e cosméticos Condutividade da água pura 5.0 x 10-8 U-1.Cm-1

3

Page 4: ensaios da qualidade

CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZESPROFa MÁRCIA PIETROLUONGO

VARIAÇÃO DE PESO E PESO MÉDIO

Formas farmacêuticas Sólidas e Semi-Sólidas Uniformidade de Peso Uniformidade do Envase Limites oficiais são estabelecidos de acordo com a forma farmacêutica Controle em processo: 20 comprimidos pesados a cada 20 minutos

(durante a compressão do lote)

Tabela 3: Parâmetros para a determinação de peso em formas farmacêuticas sólidas ou semi-sólidas (FB IV)

ANALISAR PARÂMETROS PRECONIZADOS NA F. BRAS. IV ANALISAR PARÂMETROS PRECONIZADOS NA F. BRAS. IV

DUREZA

Associado à resistência ao esmagamento

Estabilidade física de formas sólidas obtidas por compressão

Parâmetro útil para o controle de qualidade do processo.

Os critérios mínimos considerados pela FB IV para a aprovação da forma farmacêutica são os seguintes:

3,0 Kgf (30N), utilizando um DURÔMETRO com mola espiral.

Formas farmacêuticas Peso médio ou valornominal declarado

Limite de variação

Comprimidos em geral e Pastilhas

peso < 80,0 mg80,0 mg < peso <250,0 mgpeso > 250,0 mg

± 10,0%± 7,5%± 5,0%

Drágeas e comprimidosrevestidos

peso < 25,0 mg25,0 mg < peso < 150,0 mg150,0 mg < peso < 300,0 mgpeso > 300,0 mg

± 15,0%± 10,0%± 7,5%± 5,0%

Cápsulas duras e moles,Cápsulas vaginais

peso < 300,00 mgpeso> 300,00 mg

± 10,0%± 7,5%

Supositórios e óvulos Todos os pesos ± 5,0%Cremes, pomadas, pós egranulados

peso < 60,0g60,0g < peso < 150,0g

± 10,0%± 5,0%

Pós estéreis e liofilizados

peso < 40,0 mgpeso > 40,0 mg

± 15,0%± 10,0%

4

Page 5: ensaios da qualidade

CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZESPROFa MÁRCIA PIETROLUONGO

4,5 Kgf (45N), para DURÔMETROS com bomba de ar comprimido.

Analisador programável da dureza de comprimidos.

Indústria Farmacêutica: 10 unidades. Média dos valores obtidos em Kgf (10N) consiste no resultado final.

Comprimidos MACIOS: dureza entre 4,0-6,0 KgfComprimidos DUROS: dureza entre 7,0-12,0 Kgf

A dureza de um comprimido é proporcional ao logaritmo da força de compressão e inversamente proporcional à porosidade.

FRIABILIDADE

Determina a resistência ao choque, atrito, rolamento, agitação e fricção.

O teste é aplicado a comprimidos não revestidos e núcleos Aparelho utilizado: friabilômetro F.BRAS.IV : friabilidade aceitável 1,5% ou o indicado na Monografia

DESINTEGRAÇÃO

Relacionado a biodisponibilidade da forma farmacêutica Aplicado a comprimidos revestidos e não revestidos, drágeas, cápsulas

duras e moles, supositórios, óvulos, formas farmacêuticas de liberação retardada (gastro-resistentes).

Comprimidos em contato com água pura ou adicionado de pepsina e ácido clorídrico a 370C.

1 a 6 comprimidos. Tolerância teórica 10% A velocidade de desagregação dos comprimidos depende da ação

medicamentosa e da matéria-prima, ou seja, forma e fórmula farmacêutica.

Aparelhagem

O aparelho consiste de um cesto redondo de polietileno, móvel, com o fundo sendo uma tela de aço inoxidável com seis cilindros, formando compartimentos independentes, nos quais são

5

Page 6: ensaios da qualidade

CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZESPROFa MÁRCIA PIETROLUONGO

colocadas as unidades a serem testadas. Sobre estas, geralmente, são colocados discos de acrílico, com dimensões e formas apropriadas.Durante o teste, o cesto é submetido a movimentos verticais, ascendentes e descendentes, durante os quais é mergulhado no meio de dissolução.

DISSOLUÇÃO

1940: comprimidos sendo recuperados nas fezes. Conceito de

“disponibilidade fisiológica” para comprimidos multivitamínicos;

1952: absorção de drogas depende antes de sua dissolução do que

da desintegração;

1955: primeira tentativa de relacionar velocidade de dissolução com

velocidade de absorção;

1963: primeira comunicação de bioinequivalência entre dois produtos

em conseqüência de diferenças na velocidade de dissolução de

comprimidos de prednisona;

1965: "... É necessário estabelecer-se um teste de dissolução in

vitro..." (Morrison e Campbell)

O ensaio de Dissolução determina a percentagem da quantidade de

fármaco, em relação ao declarado, liberado no meio de dissolução em

determinado tempo.

Ensaios oficiais de Equivalência

6

Equivalentes FarmacêuticosSão medicamentos que contém o mesmo fármaco, isto é, mesmo sal ou éster da mesma molécula terapeuticamente ativa, na mesma quantidade e forma farmacêutica, podendo ou não conter excipientes idênticos (...).

Page 7: ensaios da qualidade

CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZESPROFa MÁRCIA PIETROLUONGO

Velocidade de dissolução: função direta dos excipientes utilizados na formulação dos comprimidos, das formas cristalina ou amorfas, que se diferem não só pelo aspecto, como pelos seus pontos de fusão, densidade e coeficiente de solubilidade.

Permite avaliar, in vitro, a disponibilidade do fármaco - Prognóstico da biodisponibilidade.

Objetivos do Ensaio de Dissolução: qualidade Contínua; monitoração do processo durante e após o desenvolvimento e bioequivalência entre lotes.

Tabela de aceitação (F. Bras. IV)

Etapas Unidades Testadas Critérios de AprovaçãoE1 6 Não menos que Q + 5,0% por unidade

E2 6 A média das 12 unidades (E1 + E2) igual ou superior a Q e nenhuma deve apresentar resultado

menor que Q – 15,0%E3 12 A média das 24 unidades (E1 + E2 + E3) deve ser

igual ou maior a Q e não mais que duas unidades podem apresentar valores inferiores a Q – 15% e nenhuma deve apresentar resultado menor que Q

– 25,0%

7

Page 8: ensaios da qualidade

CQM – CIS1785 – FARMÁCIA – CAMPUS GOYTACAZESPROFa MÁRCIA PIETROLUONGO

Processos que ocorrem após a administração de formas farmacêuticas sólidas

Classificação Biofarmacêutica dos Fármacos

Classe Solubilidade Permeabilidade

1 Alta Alta

2 Baixa Alta

3 Alta Baixa

4 Baixa Baixa

8

Forma Farmacêutica

Sólida

Desintegração

Desagregação

PartículasMenores

DissoluçãoMaior

Fármaco em soluçãoou dissolvido

Absorção

DissoluçãoMenor

Fármaco na CorrenteCirculatória, outros fluidos biológicos ou

tecidos.

Granulados ou Agregados