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ENSAIO SOBRE A RAZÃO COMPOSITIVA Uma investigação sobre a natureza das relações entre as partes e o todo na composição arquitetônica Edson da Cunha Mahfuz Acadêmicas: Cristiana Trichez e Vanessa Casarin

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ENSAIO SOBRE A RAZÃO COMPOSITIVAUma investigação sobre a natureza das relações entre as

partes e o todo na composição arquitetônica

Edson da Cunha Mahfuz

Acadêmicas: Cristiana Trichez e Vanessa Casarin

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Uma visão geral do processo de projeto arquitetônico

O método Beaux-ArtsVisão geral – arquitetura – processo compositivo =

evolução do todo para as partes.Interpretação tradicional das teorias arquitetônicas do Renascimento.

Tornou-se fundamento da doutrina Beaux-Arts: “o todo vem antes das partes”. Era bastante claro, com passos precisos para atingir o objetivo final. Hoje não é mais a única maneira de projetar.

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Uma visão geral do processo de projeto arquitetônico

O método Beaux-Arts.Parti – partido – concepção mais básica de um edifício.Na heráldica é um emblema, uma figura de um objeto simbolizando outro.Na tradição acadêmica é um esquema diagramático, uma idéia conceitual

genérica que tem, ao mesmo tempo, as noções de reunião e divisão.

l’esquisse – esboço – estudo que contém as características principais. É considerado o todo (as

partes são subordinadas).

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Uma visão geral do processo de projeto arquitetônico

Uma visão contemporânea da composição.

Fase preliminar – busca a definição do problema e seus aspectos objetivos – análise da informação relativa a:

necessidades pragmáticas;herança cultural;

características climáticas e do sítio;recursos materiais disponíveis.

Essa fase não oferece nenhuma indicação quanto ao rumo a ser tomado, nem o peso de cada aspecto do problema.

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Uma visão geral do processo de projeto arquitetônico

Uma visão contemporânea da composição.

Processo de projeto - interpretação e organização dos dados da fase preliminar de acordo com as prioridades do arquiteto:

Personalidade e bagagem cultural do arquiteto tem papel central.

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Uma visão geral do processo de projeto arquitetônico

A composição elementar na tradição acadêmica.

Essa interpretação e definição do problema pode se relacionar de duas maneiras:

simples – elementos combinados, transformados e estruturados sem nenhum elemento externo, resultado:

objetos arquitetônicos que servem somente para satisfação banal das necessidades, negando a possibilidade de a obra

ultrapassar seu valor utilitário = formalismo pragmático.6/45

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O CONCEITO DE COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO PROJETUAL

A composição elementar na tradição acadêmica.

complexa – contém mais aspectos do que os levantados inicialmente, um fator extra* entra no processo, resultado:

objetos arquitetônicos que podem ser aberrações formais desenfreadas.

* Com profundas raízes na vida interior de quem projeta. Pode estar relacionado com suas aspirações, sonhos e experiências privadas.

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O CONCEITO DE COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO PROJETUAL

A composição elementar na tradição acadêmica.IDEAL – unir as duas relações:

Início do processo de projeto - IMAGEM CONCEITUAL - princípio básico – onde o todo é organizado.

Possibilidade de passar do pensamento pragmático para o criativo.

Foco mais na síntese do que na análise. Criação de partes conceituais.

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O CONCEITO DE COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO PROJETUAL

A composição elementar na tradição acadêmica.

Ilustração desse processo segundo Louis Kahn, na idéia para a Igreja Unitária de Rochester:

“Primeiro temos o santuário e o santuário é para aqueles que querem ajoelhar-se. Em volta do santuário está o deambulatório, e o deambulatório é para os que não tem certeza mas querem estar por perto. Fora há

um pátio para os que querem sentir a presença da capela. E o pátio possui parede. Os que passam por ela

podem até piscar-lhe um olho.”

Necessidade de primeiro descobrir a natureza do edifício igreja para depois lidar com sua realidade física – partes conceituais – não tem forma.

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O CONCEITO DE COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO PROJETUAL

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A composição elementar na tradição acadêmica.

Processo – síntese – geração de um todo conceitual = idéia forte = fio condutor – mais

que a soma das partes. Todo conceitual é o embrião do partido.

Qual a natureza do todo conceitual?Como se relacionam o todo conceitual x todo construído?

Entre eles não existe uma conexão formal e direta.

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O CONCEITO DE COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO PROJETUAL

A composição elementar na tradição acadêmica.Louis Kahn sobre conceitual x material:

“...A Forma precede o Projeto. A Forma é o “quê”. O Projeto é “como”. A Forma é impessoal; o Projeto

pertence a quem projeta. O projeto confere aos elementos a sua forma, tirando-os de sua existência na mente e dando-lhes presença tangível. O Projeto é um

ato circunstancial”.

Conceito semelhante ao de Aristóteles, onde forma é uma idéia central tanto na criação quanto na apreciação da arte.

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O CONCEITO DE COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO PROJETUAL

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A composição elementar na tradição acadêmica.Duas abordagens sobre forma x matéria:

Platão: matéria subordinada à forma. Todo conceitual é completo e perfeito. Projetar =

esforço – traduzir aquele ideal em forma física.

Aristóteles: forma não pode ser separada da matéria. São conceitos co-relativos.

“Toras são matéria para a madeira como forma, a madeira é matéria para a casa como forma, e a casa é parte da matéria para a cidade como forma.”

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O CONCEITO DE COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO PROJETUAL

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A composição elementar na tradição acadêmica.

Passagem do conceitual para o material não é direta = estágio intermediário =

desenvolvimento do todo conceitual = partido (parti).

Segundo o conceito acadêmico.Partido é uma tomada de decisão = forte componente subjetivo = síntese dos

aspectos mais importantes de um problema arquitetônico, exceto sua materialização.

O Partido contém repertório arquitetônico do arquiteto = tradição e a imagem criativa = conceito de invenção.

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O CONCEITO DE COMPOSIÇÃO COMO PROCESSO PROJETUAL

A composição elementar na tradição acadêmica.Diferentes conexões entre partido e partes materiais =

diferentes todos construídos.Partido e partes podem se transformar durante sua interação.Nem sempre virá antes das partes, pode ser gerado como resultado das tentativas de organização de partes materiais já existentes.

Kahn sobre esta relação:

“O que eu disse não implica um sistema de pensamento e trabalho levando da Forma ao Projeto.

Projetos também podem levar à realizações de Forma. Esse interrelacionamento é o que torna a Arquitetura

tão excitante.”14/45

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

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Todos.

Conceito de totalidade arquitetônica?Deve ser visto como um caso particular entre todos os tipos de todos encontráveis na natureza e no universo feito pelo homem.

Smuts em Holism and Evolution:

“Um todo não é simples, é complexo e consiste de partes. Ele não pode ser como a Alma de Platão, um

todo único que é absoluto, indestrutível e imutável .”Segundo Ernest Nagel:

“algo que possui extensão espacial.”

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Todos.Laugier segundo a relação entre partes e todo:

Um edifício depende das suas partes, sendo todas importantes, onde nenhuma delas pode ser retirada sem que o mesmo desmorone.Cada parte tem uma função justificada pela razão e a forma como se unem não é muito

importante.

Mas todo não é só união das partes.

Edward de Zurko esclarece:

Um todo não é apenas a soma de partes, onde a retirada de uma é despercebida. Elas devem ser

conectadas internamente e relacionadas estruturalmente.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Todos. J C Smuts (visão holística)

Um todo não é algo além das partes, ele é as partes de um arranjo estrutural bem definido... ,com suas atividades e funções.

Viollet-le-Duc

Deve existir uma idéia dominante no agrupamento das partes

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Todos.No pensamento estruturalista existem três tipos de todos na arte:

• Padrões: todos fechados que em adição às propriedades de suas partes tem uma qualidade Guestaltica total que os caracteriza como um todo;

• Contexturas: unidades semânticas cuja alteração mudaria o todo;

• Estruturas: a condição de totalidade é caracterizada como correlação de componentes que vincula as partes em si

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Todos.

Todos não podem ser concebido em si, separados de seus contextos....são influenciados pelos seus contextos e os influenciam.

J C Sumts (visão holística)

....esse todo mais seu campo, seu campo não como algo diferente e adicional a ele, e sim como sua continuação para além dos contornos sensíveis a experiência.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Todos.

Steiner (visão biológica)

O Todo arquitetônico é um fenômeno complexo composto por elementos heterogêneos que é unificado por um princípio estruturante. Seus elementos constituintes são organizados de forma que uns são essenciais e outros não...uma mudança de uma das partes principais equivale a alteração do todo.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Todos.

FunçõesArquitetura requerimentos que a sociedade a

impõe

Murakovsky

As funções influenciam na organização de uma obra de arte e assim são objetivadas por sua estrutura.... O todo arquitetônico como estrutura artística excede a obra individual em duração, muda com o tempo e existe na consciência coletiva.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Todos.

Fig. 02: Ópera Garnier de Paris. Fonte: Arnaud Frich Photo

Realidade Social Imaterial22/45

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Todos.CARACTERÍSTICAS DO TODO ARQUITETÔNICO:

a) Extensão espacial, deve ser um objeto construído; b) Composição por partes; (não massas homogêneas)c) As partes são organizadas de acordo com algum princípio

estrutural. Não são agrupamentos caóticos.d) Sempre se relaciona positivamente com seu contexto; e) O significado depende da percepção da tradição artística da

qual faz parte; f) Sempre pode ser explicado teológicamente, já que é

subordinado funcionalmente à sociedade onde foi criado. 23/45

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.Assim como as paredes, colunas, etc. são elementos

que compõem os edifícios, estes são elementos que compõem a cidade. (J Durand, 1989 )

Webster English Dictionary: Parte= porção de um todoDo latim, parere (produzir, causar, dar a luz)O todo é que confere significado à parte. A parte é a unidade de produção e implica importantes

conseqüências para a composição.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.

Levi Strauss“Para entender um objeto real na sua totalidade temos

que trabalhar sempre a partir de suas partes”

Grande casa pequena cidade

Duas questões: Escala, limite.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.

Leone Alberti (1480)

Partes principais: espaços interiores e exteriores de um edifício;

Partes secundárias: aquelas que conferem caráter às partes primárias, os espaços. Detalhes arquitetônicos. Ex.: ordens, janelas, portais.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.Laugier (1753) A partir da cabana primitiva

aponta que “somente a coluna, o entablamento e o frontão podem formar uma parte essencial de sua composição...nada mais precisa ser adicionado para fazer um trabalho perfeito...”.

Fig 7 livro pg. 41. Fonte: Vitruvius

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.Partes introduzidas por necessidade (licenças):

paredes, portas e janelas. Partes introduzidas por capricho: são a causa das falhas

de um edifício

Alberti partes (ambientes, recintos)Laugier partes(elementos construtivos)Durand elementos construtivos x partes (2 tipos) (classificados a partir da história da arquitetura)

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.J. Durand (1809) Elementos construtivos: fundações,

paredes, tetos;Partes:Partes principais (pátios, vestíbulos e

demais recintos;) Partes assessórias (escadas, pérgulas,

fontes. )Durand cria um livro de receitas das

partes e de como reuni-las.

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Fig.: Página iliustrativa do Manual de Durand. Fonte: Pereira, 2007.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.Julien Guadet A parte ganha caráter estrutural e compositivo, além

do caráter espacial. F. L. Wright L. CorbusierEspaço se sobrepõem a estrutura Igualdade entre espaço e elem. construtivos

Fig 10. Oak Park. Fonte: Arquitetura Urbana. Fig 11. Vila Savoye. Le Coubusier. Fonte: Galinsky. 30/45

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.Aldo Rossi Propõe Partes essenciais: a coluna cilíndrica,a pilastra,

a janela quadrada, escadaria externa entre outros elementos que se repetem em sua obra. Ele acredita que as partes cada vez que são recombinadas adquirem significados novos.

Sua teoria reverte a máxima de Sullivan “a forma segue a função” onde a função segue a forma, já que estas pré-existem ao projeto.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.Noberg- Schulz Não fornece uma nova definição do conceito de parte

arquitetônica, mas desenvolve uma classificação útil:Massa - espaço - superfície Massa: qualquer corpo 3D; Espaço: volume definido pelas superfícies limitantes

das massas que o circundam.Superfície: limite para massas e espaços.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.

Diferença entre massa e espaço: referência posição do observador em relação a ambos.

Sempre se está fora de um elemento massa enquanto se está sempre dentro de um elemento espaço.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.

...escala de fundamental importância para uma definição da parte arquitetônica.

Aristóteles (correlação entre forma e matéria)A argila é matéria para o tijolo como forma, este é

matéria para a parede como forma... A abertura é uma parte do recinto visto como todo, o

recinto é uma parte do edifício como todo e este é uma parte da cidade vista como um todo.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

Partes.Critérios permitem identificar a parte arquitetônica,

mesmo que não seja possível defini-la de forma absoluta:

a) A espacialidade da parte; b) A quantidade de informação que a parte

proporciona acerca do espaço que ele qualifica (as partes dão caráter ao espaço)

c) Sua relevância para o entendimento do envolvimento do todo que a contém com a situação sendo analisada. (depende do que se quer investigar)

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

A questão do fragmento.

Fragmento definido de duas maneiras:(1)Significado genérico: Uma peça quebrada/separada

(ruptura,fratura)(2)Em arquitetura: uma peça quebrada ou um objeto

incompleto. Fragmentos arquitetônicos de duas espécies:

a) Natural: ruína de um elemento abandonadob) Artificial: elemento copiado de objeto existente

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

A questão do fragmento.

Qual diferença entre parte e fragmento?Quais as condições necessárias para o fragmento se tornar

parte?Pode se tornar parte:1) Quando compartilha propriedades formais comuns com

outros elementos que compõe o artefato2) Quando é tratado como um objeto independente entre

uma coleção de objetos tratados igualmente.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

A noção de totalidade....capacidade de um objeto ser considerado um todo...

Aproximando-se do conceito totalidade...Três tipos de totalidade:1ª Totalidade constitutiva ou analítica: se refere as

propriedades físicas do objeto1) Constituição por partes2) As partes organizadas por algum princípio

reconhecível 3) Apresentam relações ativas com seus contextos.

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TODOS, PARTES E CONCEITO DE TOTALIDADE

A noção de totalidade.

2ª Totalidade visual: propriedades físicas – relação figura-fundo

3ª Totalidade associativa: experiência consciente de uma correspondência entre características físicas de um objeto arquitetônico e um quadro de referência – a teoria – através do qual o observador vê o mundo.

Importância da experiência prévia do observador no processo de percepção.

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A relação entre noção de totalidade e beleza.Busca da beleza – objetivo mais elevado da arquitetura até o século XIX

Vários pensadores tentaram definir e explicar a beleza com termos racionais.

Pitágoras, Platão, Aristóteles, Kant e Schopenhauer, Hegel.

Século XVII – beleza = qualidade relativa.Idéia aceita recentemente ainda com relutância.

Longo período de discussão: (objetividade e subjetividade)Platão – beleza absoluta e beleza relativa.Alberti – harmonia das partes: Proporção e Conexão, Consenso e Concordância.Renascença e barroco– unidicidade de concepção - adoção de formas consideradas

perfeitas.

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A relação entre totalidade e beleza.Século XVIII – contraste entre as partes e não mais a unificação.

Claude Perrault contestou: beleza obtida através regras proporcionais e matemáticas fixas.

Beleza positiva – riqueza de materiais, precisão da construção, simetria e adequação a função.

Beleza arbitrária – baseada no gosto e costume.Esta contestação ajudou na busca de outras definições de beleza a partir da metade do séc. XVII.

Busca da beleza não era objetivo final da arquitetura.Segundo Durand “agradar não é o objetivo da arquitetura”

Após Perrault vários conceitos de beleza – sem aplicação de regras matemáticas e proporcionais.

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A relação entre totalidade e beleza.

Século XVIII – forma segue a função* – principal critério para medir beleza e excelência.

* Origem na Grécia antiga, depois Durand e mais tarde Walter Gropius e Hannes Mayer.

Noção de imitação – outra fonte de beleza.

Renascença – imitação da arquitetura antiga – interpretação dos princípios da natureza.Laugier – arquitetura racional – princípios da natureza – cabana primitiva.

Depois do séc. XVIII - arquitetura = recitação de cultura = imitação de outras culturas e épocas para

transmitir algo.

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A relação entre totalidade e ordem.

Arquitetura Clássica – harmonia onipresente – interrelação homem, música, natureza e arquitetura.

Idéia traduzida em regras matemáticas e geométricas.

Recentemente – psicologia da Gestalt – uso das formas elementares pela sua claridade perceptiva.

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A relação entre totalidade e medida.

Grécia antiga – medida certa– requisitos essenciais da boa vida.

Atualmente – a noção de medida – comparação de algo com outro padrão.

A medida deixou de ser a chave para a essência da realidade.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MAFUZ. Edson. Ensaio sobre a razão compositiva. UFV/. ARNAUD FRICH PHOTO. Disponível em www.arnaudfrichphoto.com. Acesso

em: 03/10/2010.PEREIRA, Sonia Gomes. A Historiografia da Arquitetura Brasileira no Século

XIX e os Conceitos de Estilo e Tipologia. 19&20, Rio de Janeiro, v. II, n. 3, jul. 2007. Disponível em: <http://www.dezenovevinte.net/arte%20decorativa/ad_sgp.htm>.

ARQUITETURA URBANA. Disponível em www.arquitetura-urbana.com. Acesso em: 03/10/2010.

GALINSKY. Disponível em www.galinsky.com. Acesso em: 03/10/2010.VITRUVIUS. Disponível em www.vitruvius.com. Acesso em: 03/10/2010.

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