Engenharia Da Confiabilidade Distribuicao Weibull

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    A IMPORTNCIA DA ENGENHARIA DA CONFIABILIDADE E OS CONCEITOSBSICOS DE DISTRIBUIO DE WEIBULL

    MARCELO J. SIMONETTI1; ANDERSON L. SOUZA2; LUIZ F. S. SILVEIRA3; JOO P. S.ARRUDA4;

    1 Professor, M.ScMarcelo Jos Simonetti., Faculdade de Tecnologia de Tatu, - SP. E-mail: [email protected] Professor, Dr. Anderson Luis de Souza, Faculdade de Tecnologia de Tatu, - SP. E-mail: [email protected] Graduando, Luiz Fernando de Souza Silveira, Faculdade de Tecnologia de Tatu, - SP. E-mail: [email protected] Graduando, Joo Paulo Soares de Arruda, Faculdade de Tecnologia de Tatu, - SP. E-mail: [email protected]

    RESUMO

    Diante de um mercado altamente competitivo, onde os clientes esto se tornando cada vez maisexigentes, e os produtos, por sua vez, cada vez mais complexos, as empresas vm sentido anecessidade de modernizao das suas linhas de produo; entretanto mostra-se necessrio que talmodernizao venha acompanhada de procedimentos que, baseados em informaes quantitativas,sejam capazes de otimizar a utilizao e a manuteno desses novos meios produtivos.Nesse sentido, impulsionada pelo surgimento de softwares, especialmente desenvolvidos para facilitara resoluo de clculos e para gerar relatrios instantneos, a engenharia de confiabilidade vemganhando cada vez mais destaque, uma vez que tem como principal objetivo estabelecer, atravs demodelos estatsticos, o tempo no qual um sistema estar disponvel, informao fundamental tantopara a proposio do tempo de garantia de um determinado produto quanto para a gestao damanuteno de um ambiente fabril.Sendo assim, esse trabalho tem como objetivos: apresentar os conceitos bsicos da engenharia de

    confiabilidade; destacar como sua utilizao pode contribuir significativamente no processo de tomadade deciso associado gesto da manutenao industrial.

    PALAVRASCHAVE: engenharia da confiabilidade, distribuio weibull.

    1- INTRODUO

    1.1-A gesto da manuteno como Instrumento de CompetitividadeAs frequentes mudanas ocorridas na economia tm levado as empresas a procurarem

    diferenciadores em seus processos produtivos. No basta somente produzir a um menor custo, deve-seagregar ao produto qualidade, preo e prazo de entrega (Slack 2008). Neste sentido, as empresasdevem projetar produtos que tenham o mximo de valor agregado com custos reduzidos, a fim deaumentar a produtividade. Segundo Teixeira (2004), a produtividade de um produto pode ser descritapelo quociente entre qualidade e custos. Uma vez que os padres de qualidade so ditados pelosclientes, que a cada dia tornamse mais exigentes, para uma empresa tornar-se produtiva, ela deveminimizar seus custos de produo. Portanto, para se desenvolver e para se tornar mais eficiente,mostra-se necessrio que um grande esforo seja empenhado gesto da manuteno.

    Desta forma, de acordo comTeixeira (2004), a manuteno tem evoludo significativamente,

    deixando em segundo plano o papel de conservar (consertar ou reparar) priorizando o foco em manter

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    (prevenir, corrigir). Segundo esse mesmo autor, na busca de uma maior produtividade, a gesto daproduo trilhou os seguintes passos evolutivos:

    I - Manuteno de crises: Reparar quando falhar;

    II - Manuteno Preventiva: Reparar antes que falhe;

    III - Manuteno Preditiva: monitorar e reparar somente na eminncia de falha;

    A seguir, sero abordados esses aspectos.

    2- DESENVOLVIMENTO

    2.1- Confiabilidade: Conceitos Tericos

    Sob o enfoque da manuteno preventiva mostra-se indispensvel a utilizao de ferramentasquantitativas capazes de mensurar o risco de falha de um dado componente. Freitas e Colosimo (1997)definem confiabilidade como sendo a probabilidade de um item desempenhar satisfatoriamente afuno requerida, sob condies de operao estabelecidas, por um perodo de tempopredeterminado. Uma vez que a confiabilidade e o tempo de falha de um dado componente soeventos complementares, fica evidente a relao entre o estudo de confiabilidade e o sucesso damanuteno preventiva.

    Matematicamente, a confiabilidade descrita segundo a Equao 1:

    (1)=t

    dtxftC 0 )(1)(onde:

    C (t) a confiabilidade; f (t) a funo da densidade de probabilidade (f. d. p.) e t o perodo de vidatil;

    Dentre as funes de densidade de probabilidade existentes, a distribuio Weibull a maisutilizada em estudos de confiabilidade, anlise de sobrevivncia e em outras reas devido a suaversatilidade. Uma distribuio definida matematicamente por sua equao de funo de densidadede probabilidade (f. d. p.) existem outras formas de parametrizar a distribuio weibull, mas aexpresso mais geral da f. d. p. da distribuio weibull de 3 parmetros, dada pela expressoproposta por Colossimo & Giolo (2006).

    =

    t

    et

    tf

    1

    )( (2)

    Onde: t>0; >0 e >0

    t a varivel que define o perodo de vida til podendo ser expresso em distncia percorrida (km), emnmero de ciclos (n) ou em tempo de funcionamento (h); o parmetro de forma; o parmetro de escala; o parmetro de posio;

    Nos estudos de engenharia de confiabilidade, o parmetro caracteriza a vida inicial do itemsendo, na maioria das aplicaes, desprezado, =0 (HALLINAN,1993). Nesses casos, onde assume-se

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    =0 a Equao 2 pode ser simplificada e Distribuio Weibull fica representada na sua formabiparamtrica (Equao 3).

    =

    t

    et

    tf

    1

    )( (3)

    Substituindo-se a Equao 3 na Equao 1 temos a Equao 4:

    =

    t

    t

    dtet

    tC0

    1

    1)(

    (4)

    Calculando-se a integral proposta na Equao 4 temos a seguinte funo para o calculo daconfiabilidade:

    =

    t

    et)(C (5)

    Outra medida importante na Engenharia da confiabilidade est associada taxa de falhas(L(T)). De uma maneira geral, a taxa de falhas pode ser descrita como a razo entre o nmero defalhas num determinado tempo de vida e o nmero de componentes sujeitos falha. Matematicamente,levando-se em conta a distribuio Weibull biparamtrica, a taxa de falhas descrita segundo aEquao (6).

    1

    )(

    )()(

    ==

    t

    TC

    TfTL (6)

    2.2 Relaes entre os parmetros da distribuio Weibull e o planejamento da Manuteno

    No que segue, so apresentados os parmetros caractersticos da distribuio Weibull a fim dese caracterizar seus efeitos no comportamento da funo de densidade de probabilidade, das curvas deconfiabilidade e de taxa de falhas e, consequentemente, nas estratgias da gesto da manuteno.

    2.2.1 O parmetro de forma ()

    O parmetro um nmero puro, isto , adimensional e como o prprio nome sugere, talparmetro interfere no formato da funo de densidade de probabilidade como veremos a seguir:

    Quando < 1 a funo densidade de probabilidade (f. d. p.) de falhas apresenta frequnciaselevadas na parte inicial da vida, tais falhas so comumente denominadas de falhas prematuras e, demaneira geral, esto associadas a defeitos originados no projeto, na produo ou na operao. Nestescasos, do ponto de vista da gesto da de manuteno, no h como se antever tais defeitos e para itensnesta condio mostra-se mais indicado optar-se pela manuteno corretiva ou preventiva.

    Para ilustrao, na Figura 1 so apresentadas a FDP, a curva de confiabilidade e a curva dataxa de falhas para um componente fictcio cuja probabilidade de falha segue uma distribuioWeibull biparamtrica com = 0,8 e =30.

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    Figura 1: Distribuio da probabilidade de falhas, confiabilidade e taxa de falhas baseadas nadistribuio Weibull biparamtrica ( = 0,8 e =30).

    0 20 40 600

    0.005

    0.01

    0.015

    0.02

    0.025

    0.03

    0.035

    0.04

    0.045

    0.05Funo de Dens. Probabilidade

    Tempo de vida ( T )

    f(T

    )

    0 20 40 600

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1Confiabilidade

    Tempo de vida ( T )

    C(

    T

    )

    0 20 40 600

    0.01

    0.02

    0.03

    0.04

    0.05

    Taxa de Falha

    Tempo de vida ( T )

    L(T

    )

    Analisando-se a Figura 1, podemos verificar o formato assumido pela distribuio Weibull.

    Verifica-se que a freqncia de falhas elevada na vida inicial do componente fazendo que aconfiabilidade do mesmo decresa de forma acelerada neste mesmo perodo.O comportamento dataxa de falhas uma combinao da probabilidade de falha e da confiabilidade (Equao 6) e

    evidencia que a ocorrncia de falhas mais elevada na vida inicial do componente, diminuindodrasticamente com o tempo de vida e, a partir de um dado momento, aproxima-se de um valorconstante. Em outras palavras, o comportamento da taxa de falhas evidencia que em boa parte doscomponentes avaliados, apresentaram falhas prematuras, defeitos, e os componentes que no falharam,at um determinado tempo de vida, tendem a funcionar segundo as suas caractersticas de projeto.

    Quando =1, a funo densidade de probabilidade equivale funo distribuio exponencial.Nesse caso, a taxa de falhas constante e as falhas ocorrem de forma aleatria. Esse comportamentoest associado, sobretudo, s caractersticas de projeto do componente avaliado e tambm denominadovida til. Nesse caso, a manuteno corretiva e a manuteno preventiva so as mais indicadas (Figura2).

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    Figura 2: Distribuio da probabilidade de falhas, confiabilidade e taxa de falhas baseadas nadistribuio Weibull biparamtrica ( = 1 e =30).

    0 20 40 600

    0.005

    0.01

    0.015

    0.02

    0.025

    0.03

    0.035Funo de Dens. Probabilidade

    Tempo de vida ( T )

    f(T

    )

    0 20 40 600

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1Confiabilidade

    Tempo de vida ( T )

    C(

    T

    )

    0 20 40 600

    0.005

    0.01

    0.015

    0.02

    0.025

    0.03

    0.035

    0.04

    0.045

    0.05Taxa de Falha

    Tempo de vida ( T )

    L(T

    )

    Quando > 1 existem modos de falhas predominantes e, nesses casos, aps efetuar-se estudos

    sobre os tempos mdios entre falha (MTBF) e se analisar o efeito e o modo da falha (FMEA), possvel a manuteno preventiva dos itens que esto sendo analisados. Na Figura 3, soapresentados densidade de probabilidade, a confiana e a taxa de falhas considerando-se uma

    distribuio Weibull biparamtrica (=4 e =30). Analisando-se essa a densidade de probabilidade,percebe-se que grande parte da densidade de falhas concentra-se ao redor de um determinado tempo devida. Nesse caso, T=30, e justamente esse comportamento que caracteriza as falhas predominantes.De maneira geral, ele est ligado ao desgaste natural de um determinado componente. Nesse sentido,a manuteno preditiva tem como preceito bsico o reparo na eminncia da falha. Assim, as curvas deconfiabilidade e da taxa de falha trazem informaes importantes que devem subsidiar a tomada dedeciso sobre o momento de se reparar.

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    Figura 3: Distribuio da probabilidade de falhas, confiabilidade e taxa de falhas baseadas nadistribuio Weibull biparamtrica ( = 4 e =30).

    0 20 40 600

    0.01

    0.02

    0.03

    0.04

    0.05

    0.06Funo de Dens. Probabilidade

    Tempo de vida ( T )

    f(T

    )

    0 20 40 600

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1Confiabilidade

    Tempo de vida ( T )

    C(

    T

    )

    0 20 40 600

    0.1

    0.2

    0.3

    0.4

    0.5

    0.6

    0.7

    0.8

    0.9

    1Taxa de Falha

    Tempo de vida ( T )

    L(T

    )

    2.2.2 Parmetro de Escala ()

    O parmetro de escala () est associado vida caracterstica de um determinado componente.Ele descreve e representa uma distncia, tempo ou ciclos transcorridos desde o incio da atividade ato momento da falha. Nesse sentido, caso no apresente defeitos, falhas prematuras, as falhaspredominantes de um determinado componente, que, como abordado anteriormente, esto associadasao desgaste do mesmo, tendem a ocorrer nas proximidades de sua vida caracterstica; ou seja, noscasos em que ocorrem falhas predominantes, as mesmas tendem a concentra-se nas proximidades doparmetro de escala.

    De maneira geral, podemos afirmar que:

    Se aumentado, enquanto mantido constante, a distribuio, ou seja, a "curva" comea ase estender, esticar para direita e sua altura diminui, ao manter sua forma e posio. Se diminudo, enquanto mantido constante, a distribuio comea a se estreitar paradentro, para esquerda (isto para sua origem ou para 0 ou ), e aumenta a sua altura.

    Os comportamentos descritos acima, podem ser visualizados na Figura 4, onde soapresentados a densidade de probabilidade, a confiana e a taxa de falhas considerando-se umadistribuio Weibull biparamtrica mantendo-se fixo o parmetro de forma (=4) e o parmetro deescala assumiu os valores 10, 20 e 30.

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