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São Leopoldo/RS - Edição 116 - Julho/Agosto de 2009 Obras do Trensurb já interferem na vida dos moradores da Brás Moradores querem mais ônibus A principal reivindicação, como a do pedreiro Elto da Costa, é que as em- presas Sinoscap e Central ofereçam mais opções de horário. PÁGINA 3 Faltam vagas na creche da Brás Marcela da Conceição é uma das mães que, por falta de vaga na creche municipal, não têm com quem deixar seus filhos. PÁGINA 9 Agora ficou fácil comprar flores A floricultura Dê uma flor para quem você ama é a única em atividade na Brás e oferece vários tipos de produtos. PÁGINA 4 A reportagem do Enfoque conversou com as pessoas que, de uma forma ou outra, serão atingidas pelas expansão do trem. PÁGINAS 6 e 7 KAISER KONRAD MARIANA OLIVEIRA KAISER KONRAD MARCELO GOMES Projeto habitacional desperta sonhos Viviane se inscreverá no Minha Casa, Minha Vida, que tem por meta a construção de 1 milhão de casas. PÁGINA 5 MARCELA SCHUCK Cadê o centro esportivo? Há mais de quatro anos a Vila Brás aguarda a construção do centro esportivo, que é promessa da prefei- tura e que, inclusive, já tem terreno reservado. PÁGINA 3 http://blogenfoque.blogspot.com/ Praça da Paz recebe mudas Presidente da Associação de Mora- dores, Claudemir Schütze, fala da importância em preservar e da cons- cientização ambiental. PÁGINA 8 DEMÉTRIO SOSTER Vamos colorir o Enfoquinho? PÁGINA 11

Enfoque Vila Brás ed.116

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Jornal editado pela turma de Redação Experimental em Jornal do curso de Jornalismo da UNISINOS. Sua linha editorial gira em torno do que acontece na Vila Brás, bairro de São Leopoldo/RS. São três edições por semestre. Esta é a edição 116, última da turma de 2009/1.

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Page 1: Enfoque Vila Brás ed.116

São Leopoldo/RS - Edição 116 - Julho/Agosto de 2009

Obras do Trensurb já interferem na vida dos

moradores da Brás

Moradores queremmais ônibus A principal reivindicação, como a do pedreiro Elto da Costa, é que as em-presas Sinoscap e Central ofereçam mais opções de horário. PÁGINA 3

Faltam vagas na creche da BrásMarcela da Conceição é uma das mães que, por falta de vaga na creche municipal, não têm com quem deixar seus filhos. PÁGINA 9

Agora ficou fácil comprar floresA floricultura Dê uma flor para quem você ama é a única em atividade na Brás e oferece vários tipos de produtos. PÁGINA 4

A reportagem do Enfoque conversou com as pessoas que, de uma forma ou outra, serão atingidas pelas expansão do trem.

PÁGINAS 6 e 7

KAISER KON

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MARIAN

A OLIVEIRA

KAISER KON

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MARCELO

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Projetohabitacionaldesperta sonhosViviane se inscreverá no Minha Casa, Minha Vida, que tem por meta a construção de 1 milhão de casas. PÁGINA 5

MARCELA SCH

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Cadê o centroesportivo?Há mais de quatro anos a Vila Brás aguarda a construção do centro esportivo, que é promessa da prefei-tura e que, inclusive, já tem terreno reservado. PÁGINA 3

http://blogenfoque.blogspot.com/

Praça da Pazrecebe mudasPresidente da Associação de Mora-dores, Claudemir Schütze, fala da importância em preservar e da cons-cientização ambiental. PÁGINA 8

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Vamos colorir oEnfoquinho?

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Page 2: Enfoque Vila Brás ed.116

Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 20092

enfoqueO Enfoque Vila Brás é um jornal-laboratório produzido para os moradores da Vila Brás, em São Leopoldo/RS. Os textos e as fotos foram produzidos pelos alunos da disciplina de Redação Experimental em Jornal.

& 3590 8466) [email protected]

REDAÇÃO - Professor: Demétrio de Azeredo Soster. Edição: Rodrigo Duarte. Subedição: Vanessa Reis. Edição de fotografia: Delmar Costa. Produção: Genésio Barão, Gilberto Dutra e Eduardo Trindade. Eventos: Mônica Patrícia. Multimídia: Kayser Konrad e o Marcelo Gomes. Opinião: Pauline Costa. Textos e fotos: alunos Ana Paula Sardá, Anaiara Ventura, Bruno Alencastro, Carolina Schubert, Daiane Benin, Delmar Costa, Eduardo Trindade, Fabrícia Hess, Fernanda Calegaro, Fernanda Mineiro, Flavia Tres, Genésio Barão, Gilberto Dutra, Gisiane Andrade, Kaiser Konrad, Marcela Schuck, Marcelo Gomes, Márcia Lima, Mariana Bechert, Mariana Oliveira, Mariana Scherrer, Mônica Patrícia, Pauline Costa, Priscila Milán, Régis Eduardo, Renata Lopes, Rodrigo Duarte, Sandra Vargas, Simone Bertuzzi, Vanessa Coimbra e Vanessa Reis. Colaboração (fotos): Alunos José Luiz de Paula e Úrsula Schilling, sob supervisão da profes-sora Beatriz Sallet. Ilustrações: Vanderlei Gomes. PRODUÇÃO GRÁFICA - Realizada pela Agência Experimental de Comunicação (AgexCOM). Coordenação-geral: professora Thaís Furtado. Projeto gráfico e diagramação: jornalista Marcelo Garcia. Diagramação: estagiário André Seewald e Pedro Barbosa.

Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Endereço: Av. Unisinos, 950, Bairro Cristo Rei, São Leopoldo/RS. Contatos: (51) 3591.1122 e [email protected]. Reitor:

Marcelo Fernandes de Aquino. Vice-reitor: José Ivo Follmann. Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes. Diretor de Graduação: Gustavo Borba. Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs.

Opinião

A senhora quase centenária pergunta se quero almoçar com ela enquanto conversamos sobre seu filho, um dos muitos homossexuais da Brás. Que é julgado mais por sua opção amorosa do que por seu caráter. É um problema não apenas da Brás, mas de todo o país. E assim como saneamento, moradia e educação, deveria ser tratado como prioridade.

Escrevo isso porque não foi apenas uma pessoa

que me olhou estranho quando anunciei que minha reportagem seria sobre os gays da Vila. Será que a família os aceita? E os vizinhos? Será que deixam de falar com estes homens e mulheres apenas porque são gays e lésbicas? Para grande parte das pessoas com quem conversei, na Unisinos ou da Brás, o assunto ainda soa como conversa de outro mundo. Lidam com ele com humor, o que os faz parecer menos preconceituosos. Ou desconversam.

De forma que recebo o nome de apenas três pessoas para entrevistar: um casal de lésbicas, que vive com um filho, e um homossexual, que mora com a mãe. Ao chegar na Vila, não encontro nenhum deles. Apenas a mãe daquele que eu queria entrevistar. Ela diz que o ama como é. Que ele sofre preconceito diariamente e já recebeu até ameaças.

Ao conversar com um menino de 9 anos, vizinho do casal de mulheres, ele me conta que as viu saindo de casa com várias malas numa viagem que parece ser longa. Talvez sem volta. Questiono-me se tem a ver com o preconceito do local, mas não tenho respostas.

Despeço-me da Brás sem o esperado senso de dever cumprido. As crianças que ouvem por diversas vezes que o amor entre iguais é “coisa do diabo” seguirão sem o esclarecimento que o amor é bonito em todas as suas formas, entre negros e brancos, velhos e jovens, homens e homens, garotas e garotas. Desde que haja respeito pelo outro.

Para os meninos e meninas que se descobriram gays e lésbicas e sentiram medo de perder o amor dos pais ou o respeito da comunidade, peço desculpas por não ter conseguido fazer a matéria. Este artigo é para todos eles. Para todos nós.

A diversão de fazer o Enfoque está nas relações estabelecidas com a comunidade local. E esta se reforça a cada entrega de nova edição. Uma saída a campo é sempre diferente da outra. Todas com suas peculiaridades. Em comum, além da fome dos repórteres por temas que possam virar matérias interessantes, a empolgação e o brilho no olhar dos moradores

que reconhecem a si e à comunidade nas páginas do Enfoque Vila Brás.

Resolvi captar um pouco mais destas sensações dos moradores ao receber o jornal que fala sobre eles. E não foi preciso muito para perceber que não lhes interessa apenas aquilo que diz respeito a eles diretamente. Depois de entregar o jornal a Eduardo da Veiga, 41 anos, um pai de família da rua 23, fiquei espiando a

reação dele e dos familiares. Todos cercaram o homem que mostrava, sorridente, os vizinhos e conhecidos que haviam aparecido na edição. A empolgação de Eduardo explica um pouco do poder do jornalismo popular.

A receita é simples e a razão de seu sucesso também. O jornalismo popular concentra grande parte de seus esforços na valorização de um valor notícia primordial para este formato de publicação:

a proximidade. Em outras palavras, tudo que for próximo da comunidade local pode virar matéria no Enfoque.

Além disso, enquanto publicações de grande escala retratam a Brás apenas nos seus problemas de violência, invasão de propriedade e tráfico, o Enfoque traz às famílias da Vila a alegria de se reconhecerem no jornal, não apenas com as coisas ruins que a grande mídia retrata, mas com aquilo que os

moradores vêem diariamente na comunidade.

O jornalismo popular valoriza o simples, o trivial. E por mais que o seu Eduardo da Veiga veja Dona Maria, ou o pedreiro Valério, todo o dia, lhe causou felicidade vê-los nas páginas do Enfoque.

Ficamos, assim, diante de uma inegável e nobre verdade. O gosto pela leitura na Brás é estimulado, todos os semestres, pelo Enfoque Vila Brás. Parabéns aos envolvidos!

Márcia LiMa

Eduardo TrindadE

-

-

Preconceito também por aqui

A comunidade se reconhece no Enfoque

Até que me convençam do contrário, tenho plena consciência de que não é possível que exista qualidade de vida num ambiente degradado.

Atualmente, em meio a tantos alertas sobre a preservação ambiental e o uso indevido dos recursos naturais, é importante pensar na forma de conscientização das pessoas. Nesse sentido, é necessária uma educação que inicie em si mesmo. Também é necessário que as pessoas parem de culpar a própria sociedade e as instituições, e comecem a questionar os seus hábitos e sua verdadeira contribuição com a preservação.

Nesse contexto, a Vila Brás pode se tornar o exemplo de preocupação nessa relação do meio-ambiente e sua comunidade. Durante a primeira semana de junho, dedicada ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a comunidade pôde compreender e poderá ver na prática o que significa uma ação de responsabilidade ambiental e uma oportunidade de reeducação ecológica.

A Brás recebeu 40 mudas de árvores, que foram plantadas na única praça do bairro (ver matéria na pág. 8). Uma praça localizada numa comunida de com certa escassez natural, ganha agora o incentivo de estar mais bonita e integrada à comunidade. O cuidado em conservar a partir de agora é o próximo passo dos seus moradores.

Espaços comunitários como a Praça da Paz, significam um avanço para a Brás, já que ambientes menos agressivos e que busquem a integração entre as pessoas podem assegurar uma vida com mais qualidade. O espaço é de todos, e a partir de agora a responsabilidade é de cada um.

FErnanda caLEgaro-

Brás que te quero verde

VANDERLEI

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3Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 2009 VIla Brás

Na última edição do Enfoque Vila Brás o pedreiro Valério da Silveira, que havia sido entrevistado sobre o fim das ligações clandestinas de luz, chamou atenção com a reforma de seu Opala 81.

Valério estava no final da recuperação do Opala, comprado há um ano e todo detonado. Com a matéria sobre a reforma do Opala 81, o pedreiro desafiou o Enfoque a retornar na próxima edição para conferir o carro pronto.

Desafio aceito, fomos conferir e o resultado, como é

possível ver, ficou muito bom. Principalmente considerando que Valério fez tudo como lazer nos finais de semana. E conta, feliz: “Depois que com-prei, deixei parado um tempo

antes de mexer. Foram quase oito meses de trabalho no carro. Agora tá tudo certinho, só falta um detalhezinho na documentação e logo vou es-tar rodando com ele por aí.”

O serviço de transporte coletivo na Vila Brás está

deixando a desejar. É o que dizem alguns moradores. Atualmente o bairro conta com duas linhas de ônibus: a Santos Dumont, da empresa Sinoscap, e a Vila Brás, da empresa Central. Os ônibus costumam passar a cada quinze minutos durante a semana, e a cada meia hora nos finais de semana.

Para a estudante Rita de Cássia Pinheiro, 14, o intervalo é bastante demorado. “Uso ônibus para ir a Novo Hamburgo. Já acho cansativa a viagem que dura trinta minutos e, esperar de quinze a vinte

minutos para pegar um ônibus causa ainda mais incômodo”, reclama a jovem.

Para a cabeleireira Clair Guedes Lenes, 40, poderia haver horários alternativos nos transportes. “Acredito que deveria ter uma maior regularidade nos horários dos ônibus. Também penso que as paradas precisariam passar por reformas, para oferecer um maior conforto ao usuário”, diz.

O pedreiro Elto José da Costa, 32, utiliza o transporte todos os dias porque mora em Portão e trabalha na Brás. Para ele, as paradas estão em condições ruins e os horários poderiam ser mais alternativos. Entretanto, leva na brincadeira o incômodo: “Ficar esperando meia hora pelo menos é bem

melhor que não ter meio de transporte. Ando de Central todos os dias e é claro que se tivessem horários mais flexíveis seria melhor. Além disso, as paradas poderiam estar em melhores condições e deveria haver sinalização

de ônibus”. Ao contrário dos outros

entrevistados, o presidente da Associação de Moradores da Brás, Claudemir Schütze, entende que o serviço está muito bom em relação aos anos anteriores.

“Poderiam melhorar alguns detalhes, como ar-condicionado e facilitar o acesso a deficientes físicos”. Quanto à segurança, “Não lembro quando foi a última vez que um ônibus foi assaltado na Vila”.

O Opala de Valério estava feio. O que ele fez? Reformou o carro

Eduardo TrindadE-

Intervalos poderiam ser menores para melhor atender à comunidade

GEnésio BarãoKaisEr KonradMariana BEchErT

-

Centro Esportivo não sai do papel há quatro anos

Há mais de quatro anos a Brás aguarda a constru-ção do Centro Esportivo. Aprovado no Orçamento Participativo, com uma ver-ba de $100.000,00 liberada e com área reservada, a Vila não entende o porquê da demora. Para Altamiro Lemos, 48 anos, ele precisa ser construído para tirar as crianças das ruas e ocupá-las com esporte que é educação. “A associação, a escola e o Brazão precisam se unir e entender o que vai ser este Centro, com

campo de futebol, pista de atletismo, arremesso de peso, salto à distância e um galpão de CTG.

Ele atenderá mais de 30 mil pessoas entre os mora-dores da Brás, as cooperati-vas e a região nordeste.

“Devido à construção da linha do trem, famí-lias da Brás terão de ser reassentadas no terreno que era destinado para a construção da obra, por isso o projeto está sendo revisto, pois teremos de colocar na mesma área as famílias e o centro”, relata Angélica Severo, Diretora do OP.

Flavia TrEscarolina schuBErT-

|serviço|o Enfoque vila Brás dá a dica!

saia bem na foto!

Priscila Milán sandra varGas-

Transporte coletivo deixa a desejar

Kais

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on

rad

sugestão é que linhas tenham horários flexíveis

oPalão: demorou e deu trabalho, mas, no final, ficou todo bonito

Eduardo TrindadE

Flavia TrEs

a área para construção do centro já está reservada

Se você está organizando uma festa, batizado, casamento ou aniversário e precisa de um fotógrafo experiente para re-gistrar o evento, pode procurar o Seu Doralicio Maciel. Ele, que trabalha há 20 anos com

fotografia, é de Novo Ham-burgo e acaba de abrir na Vila Brás o Bazar e Foto Maciel. O estúdio está localizado ao lado da loja Sol Modas, na Avenida

Leopoldo Wasun, 892. No local você faz fotos para documen-

tos ou book e encon-tra acessórios para câmeras fotográficas, tais como filmes e pilhas.

Page 4: Enfoque Vila Brás ed.116

A Vila Brás é mesmo um lugar de muitas histórias curiosas. Imagine só: quatro irmãos de uma mesma famí-lia que se casam com outros quatro irmãos? Foi isso que aconteceu com Maria, Lúcia, Jorge e José Ivo, que se ca-saram respectivamente com João, Carmo, Eva e Lúcia. Todos moradores da Brás.

Essa história começou a mais ou menos 60 anos, em Santa Rosa, no noroeste gaú-cho. Os pais das duas famí-lias se conheceram no quar-tel e começaram a se reunir,

junto com os familiares. Ambos se casaram e tiveram seus filhos que cresceram juntos num grande ambien-te de amizade. Da amizade surgiu o amor, e hoje, quatro casais e muitos filhos.

Todos vivem próximos, em São Leopoldo ou Novo Hamburgo, e trabalham no mesmo ramo de ati-vidade (comércio de ali-mentos). Veja abaixo como tudo começou:

Maria Jorgina, 50 anos e João, 53 anos – A paixão surgiu quando ela tinha 14 e ele 17 anos. Se ca-saram dois anos depois e vieram para São Leopoldo.

Estão juntos há 35 anos e têm oito filhos.

José Ivo, 53 anos e Lúcia de Fátima, 47 anos - Começaram a namorar quando ela tinha 14 e ele 20 anos. São casados há 33 anos e têm cinco filhos.

Lúcia, 46 anos e Antônio do Carmo, 48 anos – Brin-cavam e brigavam durante a infância. Casados há 30 anos, têm sete filhos.

Jorge, 48 anos e Eva, 41 anos – Namoram desde que tinham 21 e 14 anos respectivamente. Moram no bairro Santo Afonso, vizinho à Vila Brás e têm quatro filhos.

Graças ao espírito empreendedor de Miguel Jorge Filho,

49 anos, a Vila Brás conta agora com uma floricultura. Dê uma flor para quem você ama foi inaugurada no início de abril, sendo o único estabelecimento do ramo na comunidade. O ex-gerente de uma transportadora mora com a esposa e um filho no bairro Rio dos Sinos, em São Leopoldo. Ele conta que sentiu na pele os efeitos da crise mundial, quando foi demitido depois de anos trabalhando na mesma firma. Para garantir a estabilidade financeira, resolveu arriscar e investir no próprio negócio.

A sugestão da área de

atuação veio de parentes que moram na Brás e sentiam falta de uma floricultura. Cauteloso, Seu Miguel relata que tomou algumas precauções antes tomar a decisão final. “Eu fiz uma pesquisa de mercado e vi que teria procura. Tem muita gente que ia até o centro só para comprar flores”, afirma o mais novo empreendedor da Brás.

A dona-de-casa Rosalina Alves de Campos, moradora da Rua 21, era uma dessas pessoas. “Eu moro na Brás há 25 anos, e nunca teve floricultura aqui na Vila”, comenta. “Eu adoro flores. Antes tinha que ir até o centro de São Leopoldo para achar umas mudinhas, mas agora ficou mais fácil. Vou estar sempre aqui”, conta

empolgada, carregando uma caixinha com os três cactos e uma muda de alecrim recém adquiridos.

Na floricultura do Seu Miguel, além dos cactos, é possível encontrar bonsais, adubo, sementes e, é claro,

flores e folhagens de todos os tipos. E o dono do negócio garante: “eu vendo até 50% mais barato que no centro. Um vasinho de pimenta que lá custa R$ 30,00, aqui sai por R$ 10,00.” A floricultura Dê uma flor para quem

você ama também vende aquários, vasos, terra, cartões, bichos de pelúcia e cestas para presente. O estabelecimento fica na Rua Leopoldo Wasun, 801, na Vila Brás. O telefone para contato é 81248396.

Duas famílias unidas pelo amorAnA PAulA SArdÁVAneSSA CoimbrA-

Depois de ser demitido,ex-gerente de transportoraresolveu usar seu talento

bruno AlenCAStrodAiAne benin-

Moda Gospel é na Sabrina Modas

Você é religiosa e tem dificuldade em encontrar roupas? Na Brás isso não é mais problema. Sabri-na Modas oferece tudo de Moda Gospel. A dona, Sabrina dos Santos, que é da Igreja Evangélica Caminhando com Jesus, sempre teve dificuldades em achar roupas “decen-tes”, e por isso abriu a loja há mais ou menos

dois meses. A idéia era vender

apenas Moda Gospel, mas por necessidade vende de tudo. Sabrina diz que o movimento maior é com as roupas evangélicas, mas avi-sa que também possui outros tipos de roupa: “... não posso perder venda e sempre tem um cliente atrás de calça masculina ou feminina normal e roupa infantil” .

eduArdo trindAde-

Quer um sorvete caseiro? Então vá até a casa da Dona Lúcia e seu José Ivo. Sorvetes e picolés feitos em casa nos mais variados sabores, chocolate, creme, morango, entre outros. O picolé é vendido a R$ 0,25 centavos e os sorvetes de copinho a R$

0,50 centavos. O casal tam-bém fornece os sorvetes para lancherias e restaurantes da região. O endereço é na rua 12, casa número 103, na Vila Brás. É só chegar e chamar por eles a qualquer dia da semana e serão muito bem recebidos.

|Serviço|o enfoque Vila brás dá a dica!

Sorvete caseiro no coração da comunidade

AnA PAulA SArdÁ VAneSSA CoimbrA-

miguel ganha a vida com as flores

Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 20094 Vila Brás

KAiS

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FloreS: local oferece diversas espécies

Page 5: Enfoque Vila Brás ed.116

5Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 2009 Vila Brás

Tomar banho frio no in-verno é uma das dificuldades enfrentadas por Daniel Al-meida e sua família, que mora na Rua 23, onde não há rede de esgoto e água. O abasteci-mento é feito por meio de uma mangueira ligada na rede de outra rua, o que resulta no fluxo variável de água.

Márcia Regina Moraes e o marido João Luís Teixeira vivem a mesma situação. Ele destaca que os moradores e a Associação se mobilizaram e conseguiram comprar os canos de água. Mas isto não foi sufi-ciente para a instalação.

Conforme o Serviço Munici-

pal de Água e Esgoto (Semae), a responsável pelo problema é a loteadora. A autarquia infor-ma que não executa extensão de rede de água ou esgoto em

área particular ou de ocupação irregular. Os lotes referidos não têm infra-estrutura básica: arruamento, água, esgoto e drenagem urbana.

Quem não sonha com a casa própria? Todo o ser humano

deseja ter seu lar, para dar um pouco de conforto para a sua família. Viviane de Souza Ortiz e Rodrigo dos Santos, ambos com 20 anos, não são diferentes. Juntos há quatro anos, o casal tem duas filhas, Eduarda de um ano e meio e Vitória, de cinco meses.

Depois de pagar um aluguel de R$ 250,00 por uma casa sem forro e com goteiras, a família mora desde dezembro em uma pequena residência, nos fundos do terreno da mãe de Viviane. Mesmo assim, as condições não são ideais.

A moradia, construída com mil reais, tem uma peça que é cozinha e quarto do casal e das meninas, e um banheiro inacabado.

“Minhas filhas estão dormindo comigo. Não temos espaço, quero um lugar melhor para elas”, comenta Viviane. E o sonho dela e de Rodrigo pode estar próximo, graças ao projeto Minha Casa, Minha Vida, programa habitacional do Governo Federal, que teve início em 24 de abril, na cidade de São Leopoldo.

Podem se inscrever pessoas que não tenham sido beneficiadas em outros programas sociais habitacionais e que não possuam casa própria ou financiamento para moradia em andamento em todo o

país. Os moradores da Brás

tomaram conhecimento do programa através de cartazes nos pontos de comércio e começaram a fazer os cadastros através da internet. Alexandro Alves Andrade, responsável pela Lan House ao lado

do mercado Müller disse que cerca de 30 pessoas por semana fazem suas inscrições no “Minha Casa, Minha Vida”.

Famílias com renda de até três salários podem adquirir casas de até 41 mil reais. Não há previsão de término do período

de cadastro, assim como também não existe ainda previsão de entrega das casas.

As inscrições podem ser feitas via internet no site: http://www.saoleopoldo.rs.gov.br:8081/habitacao/

ou diretamente na secretaria de Habitação.

Rede de água não chega à Rua 23Priscila Milánsandra Vargas-

Até o dia 8 de junho, em São Leopoldo, o programa Minha Casa, Minha Vida já tinha recebido mais de 7.600 inscrições

Marcela schuck Mônica Patrícia-

Seu Nelson é um exemplo de força de vontade

Em um sábado de ma-nhã com o céu nublado e temperatura fria, Nelson Fontes realizava seu tra-balho com agasalhos no corpo e chinelos de dedo nos pés. Aos 75 anos ele diz que é a única forma de manter sua esposa, os três filhos pequenos e os sete adultos.

Nelson cata papel desde 2007, mora na Vila Nova há mais de 30 anos e costumava servir como pedreiro quando mais jovem. Segundo o catador, catar papel rende muito pouco para sustentar a família. Uma carroçinha cheia de papel gera, no máximo, R$ 500,00. “A gente faz o que dá, quan-do a idade chega não se pode mais trabalhar.”

Fernanda MineirosiMone Bertuzzi-

Uma boa opção de almoço de domingo, ou um lanche no final da noite, é a Lancheria Coma Bem, no centro da Vila Brás. O cardápio é variado. Há frango com polenta aos sábados, por R$ 14,00, além

de cachorro quente, cachur-rasco e xis, por preços em torno de R$ 3,00. O horário de funciona-mento é de segunda a domingo, das 9 às 24 horas. Refrigerantes

e cervejas complementam a deliciosa refeição, tudo bem fresquinho e feito na hora. Lancheria Coma Bem, Av. Leopoldo Wasun, nº 500.

|serviço|o enfoque Vila Brás dá a dica!

cardápio para todos os gostos na coma Bem

ana Paula sardá Vanessa coiMBra-

Viviane e rodrigo querem um larPr

isci

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ilán

do jeito que dá: família está morando de forma precária desde dezembro

joÃo, Márcia e Filhos: à espera

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Page 6: Enfoque Vila Brás ed.116

Um trem que cruza muitas vidas

Jair Ávila tem 35 anos e há dois trocou Novo Hamburgo pela Vila para fugir do alu-guel. Naquela manhã de sába-do em que estivemos na Brás ele conversou conosco enquan-to observava o trabalho.

Numa área próxima à casa de Jair, homens trabalhavam preparando o terreno onde serão construídas casas para as famílias que terão que se mudar devido às obras do Trensurb. Além do barulho que já dura quatro meses, Jair disse se preocupar com o que a chegada dos novos vizinhos poderá trazer para a segurança da Vila. “Estão com medo que dê mais as-salto. Morar eles precisam também, né? Fazer o quê? A única coisa que eu acho que deviam fazer primeiro é

cuidar da infra-estrutura do nosso loteamento”, disse.

Se Jair se preocupa com o impacto futuro das obras do trem, existem pessoas que já foram atingidas. Encontramos canos estourados no começo das obras que deixaram diver-

sas famílias sem água há cerca de três meses.

Segundo o pedreiro Nelson Ristof, morador da Vila há um ano, uma representante da Prefeitura esteve lá há quase dois meses para tentar resolver o problema. Para ele,

a ampliação da linha do trem é positiva, mas devem tomar cuidado com os transtornos. “Vai ser bom. A única coisa ruim é que tiraram nossa água”, protestou ele.

Ao entrar em contato com o consórcio Nova Via, respon-sável pela execução da obra, fomos informados pela asses-soria de imprensa que antes de qualquer buraco ser feito, são consultados os projetos e plantas da prefeitura. Portan-to, de acordo com a assessora Júlia Caon, “aquelas são redes clandestinas”.

Para resolver estes e outros problemas dos moradores, o consórcio resolveu abrir um centro de atendimento na Av. Mauá, esquina com a Dom João Becker. O serviço ainda não foi oficialmente lançado, mas disponibiliza um tele-fone para atendimento: (51) 3037.5786.

A obra de expansão da linha do Trensurb já mudou a vida de

centenas de pessoas da Brás. A equipe do Enfoque foi conferir de perto o impacto

que o projeto avaliado em R$ 652 milhões de reais está provocando na comunidade. A linha vai ganhar mais quatro estações, sendo que uma delas passará pela Vila. As matérias acabam mostrando desde aqueles

que ganham o sustento por meio do trabalho no canteiro de obras até aqueles que vão ter que se mudar, ou, ainda, aqueles que foram privados de direitos básicos, como o acesso à água.

Mudanças afetam o futuro e o presenteVanessa ReisRodRigo dUaRte-

As obras de ampliação do Trensurb já alteraram a paisagem na Brás e transformaram o dia-a-dia dos moradores da comunidade

RodRigo dUaRte-

Oportunidade no caminho do trem

É manhã de sábado em São Leopoldo. O tempo está nublado e a chuva ameaça cair a qualquer momento. Enquanto isso, Selmiro Aguiar dos Santos, 37 anos, manuseia uma pá enchen-do o carrinho de mão com a terra retirada nas obras da expansão do Trensurb. Ao seu lado, a filha Edic-léia Amaral dos Santos, 8 anos, com a enxada, ajuda puxando a areia do morro existente à sua frente.

Cada carrinho cheio de terra significa economia no salário que Selmiro recebe de uma empresa de componentes para sapatos. A areia está sendo usada para nivelar e tapar os buracos do terreno ocupado

por sua família, onde mora com a esposa e três filhos. Consciente que o local foi invadido, ele mantém a es-perança. “Esperamos que a prefeitura legalize. A gente está trabalhando para ver se consegue. Nossa idéia é permanecer na área”, afirma.

Selmiro acredita que a estação do Trensurb trará melhorias para todos na volta. Principalmen-te para se deslocar até Porto Alegre. Enquanto a obra está em andamento, aproveita a oportunidade que apareceu e continua enchendo o carrinho de areia, sem saber ao certo se é permitido ou não. “Por enquanto ninguém falou nada. Estou puxando terra e ninguém falou nada”,

comenta durante uma pa-rada para respirar, antes de empurrar o carrinho cheio. A chuva que começa a cair lentamente não interrompe o trabalho, mas alivia um pouco o cansaço.

Mais à frente, na Aveni-da Mauá, ficará a Estação Liberdade. No meio das obras, Alexandre Nunes, 31 anos, topógrafo responsável no local, comunica que, em princípio, nenhum mate-rial deveria ser retirado. Incluindo a areia que será reutilizada para assentar as bases dos trilhos e o que sobrar, no loteamen-to “Chácara dos Leões” para onde irão as famílias desalojadas. O caminho até a Estação Liberdade deverá ficar pronto até 2010, afir-ma Alexandre.

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Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 20096 Vila Brás

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ediCléia: brincaenquanto ajuda seu pai

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Page 7: Enfoque Vila Brás ed.116

|Entrevista|Secretário Marcel Frison

Jair Ávila tem 35 anos e há dois trocou Novo Hamburgo pela Vila para fugir do alu-guel. Naquela manhã de sába-do em que estivemos na Brás ele conversou conosco enquan-to observava o trabalho.

Numa área próxima à casa de Jair, homens trabalhavam preparando o terreno onde serão construídas casas para as famílias que terão que se mudar devido às obras do Trensurb. Além do barulho que já dura quatro meses, Jair disse se preocupar com o que a chegada dos novos vizinhos poderá trazer para a segurança da Vila. “Estão com medo que dê mais as-salto. Morar eles precisam também, né? Fazer o quê? A única coisa que eu acho que deviam fazer primeiro é

cuidar da infra-estrutura do nosso loteamento”, disse.

Se Jair se preocupa com o impacto futuro das obras do trem, existem pessoas que já foram atingidas. Encontramos canos estourados no começo das obras que deixaram diver-

sas famílias sem água há cerca de três meses.

Segundo o pedreiro Nelson Ristof, morador da Vila há um ano, uma representante da Prefeitura esteve lá há quase dois meses para tentar resolver o problema. Para ele,

a ampliação da linha do trem é positiva, mas devem tomar cuidado com os transtornos. “Vai ser bom. A única coisa ruim é que tiraram nossa água”, protestou ele.

Ao entrar em contato com o consórcio Nova Via, respon-sável pela execução da obra, fomos informados pela asses-soria de imprensa que antes de qualquer buraco ser feito, são consultados os projetos e plantas da prefeitura. Portan-to, de acordo com a assessora Júlia Caon, “aquelas são redes clandestinas”.

Para resolver estes e outros problemas dos moradores, o consórcio resolveu abrir um centro de atendimento na Av. Mauá, esquina com a Dom João Becker. O serviço ainda não foi oficialmente lançado, mas disponibiliza um tele-fone para atendimento: (51) 3037.5786.

O chefe de acabamen-to Joel Antunes, 34 anos, está concluindo sua casa em uma área ocupada por diversas famílias há cinco meses nas margens da Av. Mauá. Quando começaram a construir suas residências, não sabiam que as obras do Metrô chegariam tão rápido à Vila Brás.

Agora, enquanto cuida da finalização de seu chalé, observa de seu quintal uma parafernália de equipamen-tos e máquinas. Os homens de macacão cor de laranja trabalham em ritmo acele-rado para construir a linha que ligará São Leopoldo à

Novo Hamburgo. A cerca de 200 metros de

sua casa está sendo cons-truída a Estação Liberdade. Seu Joel está tranqüilo e não teme ser removido do local. Sabe que se tiver que sair terá direito a uma indeniza-ção. Ele já procurou infor-mação na central de aten-dimento da Trensurb. Ficou sabendo que, por enquanto, quem não recebeu marcação nas propriedades não vai precisar sair.

O secretário Municipal de Planejamento e Coordenação de São Leopoldo, Marcel Martins Frison, responsável pelas obras da expansão do Trensurb, afirma que as pesso-as cujas casas serão atingidas pelas obras não devem fazer construções.

O que acontecerá com as pessoas que moram no caminho das obras?

Quem mora no local do trajeto do trem em áreas de ocupação serão reassentadas na “Chácara dos Leões”. O reassentamento será em dois níveis: o primeiro é onde passa o elevado do trem e calcula-se 160 famílias, com prazo até 2010; o segundo é a abertura da Avenida Mauá. Conforme a obra vai avan-çando, as famílias serão reassentadas. Quem for proprietário do terreno será indenizado conforme a parcela desapropriada: indeniza-ção parcial e continuarão no local; indeniza-

ção total e irão se mudar. A indenização será pelo valor de mercado.

Será feito um investimento em vol-ta da Estação Liberdade, com melho-rias no local?

Sim, nas duas estações. Melhorias como pistas de skate, quadras poliesporti-vas e espaço para apresentações culturais. Para conseguir recursos, apresentaremos um projeto para o Ministério das Cidades incluindo a construção de escola e posto de saúde. Já temos certo: área para o reassentamento e construção das casas para as famílias. As pessoas que serão atingidas pela estação de trem não devem fazer investimentos em suas casas. Quem está em área de ocupação terá sua casa demolida. Em 2010 devemos ter 80% das famílias reassentadas.

Osmar Amaral Pithan tem 42 anos, natural de Palmeira das Missões, mora na Vila Bom Fim, bem ao lado da Brás. Nos finais de semana, ele faz questão de visitar os amigos da Brás no bar Alcanaor. Osmar é pedreiro e se candidatou para trabalhar nas obras de extensão do Trensurb, mas achou o salário muito baixo.

Como pedreiro autônomo, Osmar tira até 250 reais por semana em empreitadas no Vale dos Sinos, sendo que a Trensurb ofereceu 660 reais com pagamento uma vez por mês, o que para ele não chega para as despesas da casa.

Mudanças afetam o futuro e o presente

O trem chegou antes mesmo deJoel Antunes acabar sua casa

Para pedreiro, a empresa não paga bem

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PedReiRo: preferereceber por semana

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Quando Joel começoua construção, não sabia que trilhos chegariam tão rápido

osmar prefere receber por semana

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Consórcio nova Via construirá 160 casas

Page 8: Enfoque Vila Brás ed.116

Na semana em comemo-ração ao Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, a Brás ganha um presente que celebra a natureza. A Secre-taria Municipal de Habitação (Semhab) doou 40 mudas de árvores à comunidade.

Em 2006, quando foi inau-gurada a praça, as mudas plantadas na época não foram mantidas pela comu-nidade. Agora, as 20 mudas de Ipê e de outras espécies variadas foram plantadas na Praça da Paz. O espaço escolhido entre as quadras de futebol, vôlei e o calçadão, garante uma boa sombra com o tempo.

O presidente da Associa-ção de Moradores, Claudemir Schutz, enxerga um desa-fio para a comunidade: “É necessário que os moradores adotem a praça e desfrutem

do espaço tornando o ponto de encontro dos moradores”. “A expectativa é de que a comunidade se conscientize para manter o espaço bonito e iluminado”, diz.

Seis mulheres decidiram se unir para trabalhar no que melhor

sabem fazer: artesanato. Giomar dos Santos é uma dessas mulheres que ajudou o projeto Recriar Customizações a acontecer e ganhar visibilidade dentro da Brás. Giomar, mais conhecida como Dica, diz: “esse é um grande sonho nosso, trabalhamos muito para conseguir esse espaço e agora estamos lutando para mantê-lo”.

No começo, essas mulheres não tinham espaço para trabalhar, mas há três meses conseguiram transformar a loja em ateliê, onde podem trabalhar nos fundos e na

frente conseguem vender seus produtos. No projeto Recriar Customizações, um empreendimento de economia solidária, os trabalhos são feitos manualmente, com extremo capricho e dedicação. Os produtos vão de travesseiros de lã, que são desfiados manualmente, até bolsas de crochê, passando por idéias criativas como porta celular, enfeite para os cabelos e para potes de vidro.

“Nós temos duas máquinas de costurar e nos revezamos para criar cada vez mais. Temos colares e bolsas. Agora, estamos fazendo roupas, graças as aulas de corte e costura que tivemos gratuitamente”, diz dona Dica.

As demais artesãs, Marlene Rufino, Imidia

Zeferino, Mariana Lucia, Vera Regina e Maria de Lurdes, receberam um curso de corte e costura que possibilita ampliar o negócio. O grupo teve apoio do Projeto Tecnologias Sociais

para Empreendimentos Solidários da Unisinos. No começo, todas produziam individualmente seu produto e o comercializavam, então, pensando em economia solidária, passaram a

produzir coletivamente. “Agora, todas se ajudam, então, não penso somente na minha família, mas nas das minhas colegas. Vendemos mais quando todos se unem” conclui dona Giomar.

Vila Brás está bem mais verdeFernanda Calegaro-

Projeto Recriar Customizações virou ateliê e agora tem local para a venda de produtos

Mariana oliveiraPauline Costa-

Talento que passa de pai para filha

Para Brandina dos Santos Costa não impor-ta quantas cabeleireiras disputem clientes com ela na Brás: isto porque seu talento com as tesou-ras vem passando de ge-ração em geração, coisa rara de se ver por aí.

Aos 57 anos de idade, 16 deles vividos na Brás, é uma das cabeleireiras mais antigas do local.

Mesmo assim, está por dentro das novidades da gurizada. Tanto que uma de suas criações mais famosas é o corte conhecido como “moi-cano largo”, usado por centenas de meninos entre 7 e 17 anos.

O corte é um dos res-ponsáveis pelo salão lo-tado, que conta também com a venda de produtos Avon e de arranjos de flores.

MárCia liMa-

Moda masculina, feminina e infantil, além de calçados para todos os gostos e estilos. Tudo isso e muito mais você encon-tra na Sol Modas! O estabelec-imento, que funciona na Vila

Brás há dois anos, fica na Rua Leopoldo Wasun, 892. E para os que gostam de futebol, vale a pena dar uma passadinha lá na loja e conferir as camisetas e acessórios da dupla Gre-Nal.

Além de dinheiro, o pagamen-to pode ser feito no crediário. Para saber como abrir uma conta, entre em contato com a Dona Solange Blauth pelo telefone 3568-7296.

|serviço|o enfoque vila Brás dá a dica!

Para dar uma melhorada no seu guarda-roupa

Bruno alenCastro daiane Benin-

novo espaço para o artesanato

Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 20098 Vila Brás

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PraÇa: desafio, agora, é a comunidade deixaro espaço bem cuidado

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visiBilidade:travesseiros de lã, bolsas de crochê e até enfeites para cabelo e potes são vendidos no novo ateliê

talento: Brandina criou o corte “moicano largo”, um dos sucessos do salão

Page 9: Enfoque Vila Brás ed.116

9Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 2009 Vila Brás

Moradores da Rua 23 estão insatisfeitos com a falta de ilu-minação pública em boa parte da via. As famílias reclamam que é cobrada na conta de energia uma taxa que varia de R$ 3 a R$ 5 reais pelo serviço não prestado. As luminárias estão instaladas em cerca da metade dos postes da rua.

De acordo com Clécio Sychochi, de 32 anos, que reside no número 370, a Pre-feitura de São Leopoldo já foi procurada para solucionar o problema, mas até agora nada foi feito. “Moro há um ano aqui e acho injusto pagar por um serviço que não é disponi-bilizado”, disse.

A dona-de-casa Almerinda Silva Vieira, de 67 anos, tam-bém mora na área sem ilumi-nação pública. Ela afirma que com o problema a insegurança cresceu nos últimos meses. “A gente sai de casa e não sabe se volta”, conta.

O drama de muitas das mães que moram na vila Brás é a

dificuldade de encontrar um espaço para deixar seus filhos enquanto vão trabalhar. Isso porque a única creche municipal da Brás, a Girassol, não oferece vagas suficientes para atender a todos eles. Outra questão preocupante é sobre um dos critérios utilizados por todas as creches municipais para selecionar as crianças: a necessidade dos pais estarem trabalhando. A solução é contar com a ajuda de vizinhos.

Marcela da Conceição, 28 anos, viúva, mãe de quatro filhos está à procura

de emprego. No entanto, encontra-se há sete meses aguardando duas vagas para dois dos quatro filhos. “Não tenho com quem deixar as crianças, então, como encontrarei trabalho? Se pelo menos houvesse mais vagas na creche, muitas mães poderiam procurar emprego sossegadas”, desabafa a viúva. Ela recebe bolsa-família do governo federal e vende pão para aumentar a renda. Outro caso é o de Daiane Laís da Silva, 21 anos, mãe de dois filhos, que está há um mês a espera da vaga na creche. “Como procurarei emprego sem meus filhos terem onde ficar? Para trabalhar, preciso sair de casa e eles não ficarão sós”, comenta.

Foi por meio da intervenção do Conselho

Tutelar que Eraci da Rosa Teixeira, 42 anos, mãe de duas filhas conseguiu uma vaga para a menina mais nova. Mesmo comprovando que trabalhava, a espera durou mais de um ano. “Fui obrigada a procurar o

Conselho Tutelar e explicar a minha situação. Graças a isso tive a vaga garantida”, explica.

Conforme a coordenadora da creche, Tatiana Baermann, são disponibilizadas, todo ano,

63 vagas, para crianças de zero até seis anos. “Queríamos atender todas as 330 crianças que nos procuram, no entanto, não temos condições necessárias para isto. Por mim, cuidaria de todas, mas não posso.”

Ainda falta luz na Rua 23Delmar costa-

Atualmente existem apenas 63 lugares, quando são necessários 330 por ano

Gisiane anDraDemariana oliveirarenata roDriGues lopes

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Fabiano é um confeiteiro que gosta do que faz

Em fevereiro de 2008, Fabiano, de 27 anos, decidiu abrir um negócio próprio para colocar em prática suas habilidades e diz que faz o que gosta e o que sabe fazer: “Não era meu sonho ter uma padaria, mas quando vi a oportunidade, agarrei”. Há 17 anos no ramo, o morador da Brás vendeu sua moto para investir em uma con-feitaria.

Casado com Gresia Lidiene Pires e pai de um casal, Maiane, de 4 anos e

Riquelmo, de 1 ano, o novo empreendedor diz estar muito feliz com o sucesso da confeitaria. O crescimento econômico satisfatório fez com que Fabiano contratas-se ajudante e conseguisse comprar um carro.

O talento vem de família. Seu irmão, Marcos Antenor Pires, também é proprietário da Padaria do Chiquinho.

A Confeitaria Merengão elabora kits para festa a partir de R$20,00, além de vender tortas, salgados, pães, cucas, biscoitos entre outras delícias, além de aceitar encomendas.

mariana oliveirapauline costa-

Maria Loacir da Silva, 44 anos, decidiu seguir o negócio da sua ex-chefe. Há três meses ela e o Elci de Lima abriram a Fruteira do Povo, que fica na Avenida principal. Moradora da Vila há 30 anos, ela diz que

os moradores da Vila procuram muito por frutas e verduras e que o negócio está começando bem. A fruteira é aberta das 7h30 às 20h, de segunda a sexta-feira, e, aos sábados, das 7h30 às 12h.

|serviço|

Fruteira do povo

FernanDa mineiro simone Bertuzzi-

mães querem vagas em creche

clÉcio: apesar das queixas, luminárias ainda não estão instaladas

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Page 10: Enfoque Vila Brás ed.116

Sábado chuvoso. Muitos estavam debaixo de suas cobertas. Enquanto isso, a Associação dos Moradores da Vila Brás estava pratica-mente lotada. Eram alunos de todas as faixas etárias dançando ou esperando a sua vez para entrar em cena.

Lucas Nogueira e Ma-theus Vieira, ambos de 9 anos, estavam animados com a coreografia. Lucas conta que já sabe dar até “mortal”. Os meninos fazem parte da Explosão da Dança.

A responsável por toda a empolgação é a professora Graciela de Oliveira Souza,

22 anos; há quatro ensinando a arte da dança na Vila Brás. São 102 integrantes e seis turmas. Entre as modalida-des, Street Dance, Jazz, Con-temporâneo e Baby Dance.

Tudo começou em 2005. Graciela tinha 10 alunos e iniciou com um projeto para aqueles que tinham vontade de dançar, mas não ti-nham oportu-nidade. Desde lá as coisas melhoraram. Inicialmente os ensaios aconteciam em uma igreja que tinha go-teira. Depois

se mudaram para a escola, mas a sala era pequena e não tinham espelho.

Graciela conta que alguns alunos caminham de 30 a 40 minutos para participarem dos ensaios. “É muito satis-fatório ver a evolução deles, a vontade que eles têm em estar aqui”.

Ao falar do trabalho à frente de seu salão de beleza, orgulho

e determinação tornam-se as características mais preeminentes de Klenir Blummelhaus, 39 anos. Mais conhecida como Lena, a cabeleireira natural de Farroupilha veio pela primeira vez à Brás, quatro anos atrás visitar um conhecido. Ao chegar à vila, Klenir logo fez muitas amizades, acabou gostando do lugar e resolveu ficar.

Com mais de 30 anos de experiência no ramo e a um ano e três meses na Brás ela diz estar satisfeita com seu negócio. “No início foi difícil pra conquistar a clientela, o pessoal ficava meio assim porque não

conhecia meu trabalho. Hoje tenho uma freguesia fiel. Quem corta cabelo, ou faz qualquer tratamento de beleza, pelo menos uma vez comigo, fica cliente”, garante a cabeleireira.

Klenir oferece em seu estabelecimento os trabalhos de cortes: feminino, masculino, infantil, bem como, manicure e pédicure. A microempresária tem consciência da concorrência na área que atua, assim, trata seus clientes como muita dedicação e carinho.

Em seu salão faz uso de algumas estratégias para fidelizar sua clientela. “É muito importante ser atenciosa e simpática com todos que chegam, pois a primeira impressão é a que fica. Tratar bem as pessoas

que vem aqui é o primeiro passo pra conquistar um novo cliente”, relata.

Uma das ações que Klemir realiza é presentear seus clientes com a escolha de algum serviço de seu salão.

Para ela, essas ações servem como um atrativo a mais aos clientes e tem trazido bons resultados. Segundo a cabeleireira, a maior lição que aprendeu nestes anos todos em seu negócio foi que conquistar

um cliente é difícil, mas perdê-lo é muito fácil. O salão de Klenir está localizado na avenida Leopoldo Wasun, 112. Funciona de segunda a sábado das 8h às 20h e no domingo até o meio dia.

A dança encanta as criançasMariana SchererFabrícia heSS-

O segredo de seu sucesso éo orgulho do que faz e a determinação em vencer

rÉGiS eDUarDO-

Bar Acauan tem 26 anos de história na Vila

Jairo Finger Acauan, 54 anos de idade, é o feliz proprietário do Bar e Lancheria Acauan, que fica na Avenida Leopoldo Wasun, 110. É o primeiro bar da Vila Brás.

Acauan, segundo o dono, é nome de um pás-saro e o bar tem muitas opções em lanches, doces e bebidas. Os freqüentadores jogam sinuca num espaço ao lado, ligado à lancheria por uma pequena janela.

Jairo nasceu em Bom

Jesus e tem 26 anos de histórias de bar no Acauan. Para agradar a todos os gostos ele fez homenagem ao Inter e ao Grêmio com painéis emol-durados na parede.

Divertido, conta que um freguês veio lhe pedir dinheiro emprestado porque tinha acabado de nascer o filho e ele foi pego desprevenido. — Mas se tu que espera há nove meses o teu filho foi pego desprevenido, imagine eu que nem sou o pai? — replicou Jairo.

anaiara VentUra-

Sua bicicleta está precisando de alguns reparos ou de uma reforma urgente? Se estiver, vá até a oficina do Seu Evaldir Ramirez de Azevedo, que mora na

Brás há cerca de 30 anos. Na Ped-ale Bem Cicles, além do conserto, você encontra diversos acessórios para deixar a bike novinha em fol-ha. Seu Evaldir também conserta

fogões a gás. A oficina fica na Avenida Leopoldo Wasun, 719, e abre de segunda a sábado, em horário comercial. Entre em con-tato pelo 35725713 ou fale com Dona Eva Azevedo no 85252291.

|Serviço|O enfoque Vila brás dá a dica!

evaldir conserta bicicletas e fogões

Marcela SchUck, PriScila Milán, SanDra VarGaS-

klenir é cabeleireira de mão cheia

Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 200910 Vila Brás

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eXPeriente: lena chegou há pouco à brás e já fez muitos amigos

espetinho de ovo faz parte do menu

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Page 11: Enfoque Vila Brás ed.116

Olá amiguinhos! A pedido de vocês, vamos falar um pouquinho mais sobre

o mundo mágico do circo!Que tal conhecer este lugar tão bacanabrincando comigo? Aproveitem e deixem

esta página bem colorida.

11Enfoque | São Leopoldo | Julho/Agosto de 2009 Página da Criança

CuriosidadesO circo é um local onde artistas como malabaristas, palhaços, acrobatas, mágicos, entre outros, se reúnem para realizar uma apresentação ao público;

Um circo normalmente é organizado em uma arena ou picadeiro redondo.

A história do circo no Brasil começa há muuuuuuuuuito tempo, no século 19, com famílias e companhias que vinham da Europa para se apresentar por aqui.

Você sabia?

As apresentações de circo contam com palhaços, shows musicais, malabaristas, mágicos e trapezistas?

Os palhaços brasileiros que fizeram mais sucesso nos circos brasileiros foram Carequinha, Arrelia, Torresmo e Piolin.

Que o Dia do Circo é comemorado em 27 de março?

Caça-PalavrasO quem a gente encontra no

circo? Ache as seis palavras que explicam os tipos de atrações que

existem em um circo: MALABARISMO – TRAPÉZIO

PALHAÇO – MÁGICA EQUILIBRISMO – PERNA DE PAU

T R A I R A U I O P A SD F G H C K L Z X C V PN M Q A Z M S X E D C EF V T G B Y A N U J M RQ Z W X E C C G T B Y NU M I L Ç P A A I U T AR E W Q Ç L K R L C R DS A M N W O Y P I A A EQ H S O N Ç E H B U P PP M L N U A D R R I E AÇ A A D E H O Q I P Z UM Z M X N L U V H S I IM A L A B A R I S M O AK A A G O P A F M E J DE Q U I L I B R I S M OP O I U Y T O E W Q A B

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Para Colorir!

O jogo dos sete errosEncontre os sete erros entre os dois palhaços

Page 12: Enfoque Vila Brás ed.116

São Leopoldo | Julho/Agosto de 2009

RETRATOS DA BRÁS1 2 3

4 5

6 7 8

As fotos foram produzidas pelos alunos Anaiara Ventura (5,6 e 8), Marcelo Gomes (4) e John Lenon

Cada uma ao seu modo, as fotografias dos moradores e dos estudantes de Jornalismoda Unisinos revelam personagens que constróem a comunidade no seu dia-a-dia