Enfermagem_Materno_Infantil

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    REVISÃO: PROFª. ENFª. GIULLIANA DE MESQUITA ANDRADE

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    I. PROGRAMA DE ASSISTÊNCIA INTEGRAL À SAÚDE DA MULHER (PAISM) ....... 05

    II. CICLO MENSTRUAL ................................................................................................ 07

    III. FECUNDAÇÃO ........................................................................................................ 121. MOMENTO DO CICLO MENSTRUAL ONDE OCORRE A FECUNDAÇÃO ....... 122. GESTAÇÃO ........................................................................................................ 143. DROGAS QUE PODEM LESAR O FETO ........................................................... 194. PARTO ................................................................................................................ 20

    4.1. Os primeiros sinais ...................................................................................... 204.2. Tipos de Parto ............................................................................................. 21

    4.2.1. O Parto normal é vantajoso para a mãe e para o bebê ................... 224.2.2. Intervenções durante o Parto ........................................................... 25

    4.3. Partos com cuidados especiais ................................................................... 26

    IV. AMAMENTAÇÃO .................................................................................................... 28

    V. ABORTO .................................................................................................................. 321. ABORTO ESPONTÂNEO ................................................................................... 322. ABORTO INDUZIDO ........................................................................................... 34

    2.1. Formas de Abortamento ............................................................................. 353. IMPORTÂNCIA DO PRÉ-NATAL ........................................................................ 38

    VI. ALOJAMENTO CONJUNTO ................................................................................... 401. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 40

    2. DEFINIÇÃO ......................................................................................................... 403. VANTAGENS ...................................................................................................... 404. POPULAÇÃO A SER ATENDIDA ....................................................................... 41

    VII. CLASSIFICAÇÃO DO RECÉM-NASCIDO ............................................................. 42

    VIII. CUIDADOS ESPECIAIS DE ENFERMAGEM AO RN ........................................... 44

    IX. CUIDADOS IMEDIATOS E MEDIATOS NO ATENDIMENTO DO RN .................... 48

    X. DIREITOS NO PARTO E PÓS-PARTO ................................................................... 52

    XI. ENFERMAGEM EM PEDIATRIA............................................................................. 54

    XII. CLASSIFICAÇÃO, DESINFECÇÃO E ESTERILIZAÇÃO DE ARTIGOSHOSPITALARES .......................................................................................................... 66

    XIII. MÉTODOS PARA CÁLCULO DA IDADE GESTACIONAL (IG) E DA DATAPROVÁVEL DO PARTO (DPP) .................................................................................... 73

    XIV. PUERICULTURA E ENFERMAGEM .................................................................... 75

    XV. PUERPÉRIO .......................................................................................................... 76

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    Em 1983, o Ministério da Saúde através da Divisão Nacional de Saúde MaternoInfantil (DINSAMI) elaborou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher, com oobjetivo de reduzir a morbi-mortalidade da mulher e da criança (PAISMC).

    Em 1984, o PAISMC foi implantado na FHDF, sendo que em 1991 houve aseparação do Programa da Criança (PAISC) do PAISM (Programa de Assistência Integralà Saúde da Mulher).

    O objetivo maior do PAISM é atender a mulher em sua integralidade, em todas asfases da vida, respeitando as necessidades e características de cada uma delas.

    Para isto, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal tem dado ênfase ao atendimentoà população feminina através de ações preventivas e de controle às doenças prevalentes

    nesse grupo populacional nos níveis primário, secundário e terciário de assistência. As áreas de atuação do PAISM são div id idas em grupos baseados nas fases da v idada mulher, a saber: 

    • Assistência ao ciclo gravídico puerperal: pré-natal (baixo e alto risco), parto e puerpério;

    • Assistência ao abortamento;

    • Assistência à concepção e anticoncepção-;

    • Prevenção do câncer de colo uterino e detecção do câncer de mama; (Portaria 3040 de21 de junho de 1998 do Ministério da Saúde instituiu o Programa Nacional de Combate aoCâncer do Colo Uterino);

    • Assistência ao climatério;

    • Assistência às doenças ginecológicas prevalentes;

    • Prevenção e tratamento das DST/AIDS;

    • Assistência à mulher vítima de violência.

    Humanização e Qualidade: Princípios para uma Política de Atenção Integral à Saúdeda Mulher

    A humanização e a qualidade da atenção em saúde são condições essenciais paraque as ações de saúde se traduzam na resolução dos problemas identificados, nasatisfação das usuárias, no fortalecimento da capacidade das mulheres frente àidentificação de suas demandas, no reconhecimento e reivindicação de seus direitos e napromoção do autocuidado.

    As histórias das mulheres na busca pelos serviços de saúde expressamdiscriminação, frustrações e violações dos direitos e aparecem como fonte de tensão emal-estar psíquico-físico. Por essa razão, a humanização e a qualidade da atençãoimplicam na promoção, reconhecimento, e respeito aos seus direitos humanos, dentro de

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    um marco ético que garanta a saúde integral e seu bem-estar.Segundo Mantamala (1995), a qualidade da atenção deve estar referida a um

    conjunto de aspectos que englobam as questões psicológicas, sociais, biológicas,sexuais, ambientais e culturais. Isso implica em superar o enfoque biologicista emedicalizador hegemônico nos serviços de saúde e a adoção do conceito de saúdeintegral e de práticas que considerem as experiências das usuárias com sua saúde.

    Humanizar e qualificar a atenção em saúde é aprender a compartilhar saberes ereconhecer direitos. A atenção humanizada e de boa qualidade implica noestabelecimento de relações entre sujeitos, seres semelhantes, ainda que possamapresentar-se muito distintos conforme suas condições sociais, raciais, étnicas, culturais ede gênero.

    A humanização da atenção em saúde é um processo contínuo e demanda reflexãopermanente sobre os atos, condutas e comportamentos de cada pessoa envolvida narelação. É preciso maior conhecimento de si, para melhor compreender o outro com suasespecificidades e para poder ajudar sem procurar impor valores, opiniões ou decisões.

    A humanização e a qualidade da atenção são indissociáveis. A qualidade da atençãoexige mais do que a resolução de problemas ou a disponibilidade de recursos

    tecnológicos. E humanização é muito mais do que tratar bem, com delicadeza ou deforma amigável.

    Para atingir os princípios de humanização e da qualidade da atenção deve-se levarem conta, pelo menos, os seguintes elementos:

    •  acesso da população às ações e aos serviços de saúde nos três níveis deassistência;

    •  definição da estrutura e organização da rede assistencial, incluindo aformalização dos sistemas de referência e contra-referência que possibilitem acontinuidade das ações, a melhoria do grau de resolutividade dos problemas e oacompanhamento da clientela pelos profissionais de saúde da rede integrada;

    •  captação precoce e busca ativa das usuárias;

    •  disponibilidade de recursos tecnológicos e uso apropriado, de acordo com oscritérios de evidência científica e segurança da usuária;

    •  capacitação técnica dos profissionais de saúde e funcionários dos serviçosenvolvidos nas ações de saúde para uso da tecnologia adequada, acolhimentohumanizado e práticas educativas voltadas à usuária e à comunidade;

    •  disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos;

    •  acolhimento amigável em todos os níveis da assistência, buscando-se aorientação da clientela sobre os problemas apresentados e possíveis soluções,assegurando-lhe a participação nos processos de decisão em todos osmomentos do atendimento e tratamentos necessários;

    •  disponibilidade de informações e orientação da clientela, familiares e dacomunidade sobre a promoção da saúde, assim como os meios de prevenção etratamento dos agravos a ela associados;

    •  estabelecimento de mecanismos de avaliação continuada dos serviços e dodesempenho dos profissionais de saúde, com participação da clientela;

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    •  estabelecimento de mecanismos de acompanhamento, controle e avaliaçãocontinuada das ações e serviços de saúde, com participação da usuária;

    análise de indicadores que permitam aos gestores monitorar o andamento das ações, oimpacto sobre os problemas tratados e a redefinição de estratégias ou ações que se

    fizerem necessárias.

    Existem numerosas denominações populares para a menstruação: ficar“incomodada”, ter “um período”, estar “naqueles dias”, e assim por diante. Também sãodiversas as visões das mulheres com relação à menstruação. Essa diversidade deopiniões pode ser facilmente observada quando a mulher entra na menopausa e a

    menstruação cessa.Algumas encaram como o fim de uma vida inteira de problemas menstruais e

    inconveniências; outras ficam tristes por não serem mais férteis e podem até experimentaruma sensação de perda. E há ainda as que apresentam uma mistura dos doissentimentos.

    Todos os meses o útero feminino se prepara para uma possível gravidez, fazendoproliferar as células de seu revestimento, o endométrio, assim como os vasos sanguíneoscontidos nele. Muitas vezes não ocorre a fecundação do óvulo e, como conseqüência, oendométrio passa a ser expulso por via vaginal sob forma de menstruação. No final dela,todas as camadas endometriais foram expelidas, menos a mais profunda.

    A menstruação geralmente tem início entre os onze e os catorze anos de idade,

    sendo o primeiro período denominado menarca. No início, esses períodos podem semostrar irregulares, assim como depois dos 45 anos, quando a fertilidade da mulhercomeça a diminuir. A última menstruação ocorre por volta dos cinqüenta anos de idade ecaracteriza a fase da vida feminina chamada menopausa.

    A menstruação, que constitui apenas uma parte do ciclo menstrual, dura em geral dedois a sete dias (quatro dias em média). A duração do ciclo menstrual inteiro varia muitode uma mulher para outra, mas na maior parte delas ele circula em torno de 28 dias, aolongo de aproximadamente 35 anos.

    Costuma-se considerar o primeiro dia da menstruação como o primeiro dia do ciclomenstrual. Isso, porém, é somente uma maneira de facilitar as coisas se precisadeterminar a duração do ciclo, passar instruções relativas ao uso de medidasanticoncepcionais, etc.

    Como se trata de um ciclo, na realidade ele não tem começo nem fim, sendo amenstruação a fase resultante das mudanças ocorridas no período anterior. O ciclomenstrual pode ser dividido em três fases, relacionadas ao estado do revestimento internoda cavidade uterina. Para cada estágio, precisa haver um estreito inter-relacionamentoentre quatro hormônios principais: o folículo-estimulante (FSH), o estrógeno, o luteinizante(LH) e a progesterona.

    Fase proliferativa – Durante a menstruação, o hipotálamo, estrutura nervosalocalizada na base do cérebro, começa a secretar o fator de liberação (RF) do hormônio

    folículo-estimulante ou FSH. O RF atua estimulando as células da hipófise anterior,glândula localizada logo abaixo do próprio hipotálamo, a produzirem FSH.Quando o nível sanguíneo de FSH chega a determinado ponto, começa a estimular

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    estruturas denominadas folículos ovarianos ou folículos primordiais ou, ainda, folículos deGraaf, localizados na porção mais superficial do ovário, o córtex ovariano. Sob a ação doFSH os folículos ovarianos crescem e se desenvolvem até que os óvulos contidos nelesamadurecem.

    No processo de crescimento os folículos começam a fabricar estrógeno, hormônioque estimula o endométrio a se reconstituir. As glândulas endometriais se refazem e

    crescem, embora ainda não secretem nada, e as células vizinhas proliferam, fazendo oendométrio aumentar rapidamente de espessura. Essa fase de proliferação endometrialdura mais duas semanas.

    Enquanto ocorrem todas essas mudanças no endométrio durante a fase proliferativado ciclo menstrual, no ovário também acontecem modificações. Sob a ação do FSH,alguns folículos ovarianos, contendo óvulos imaturos, começam a se desenvolver. Nasegunda semana da fase proliferativa, um dos folículos num dos ovários entra emcrescimento acelerado, enquanto os outros regridem. No final do período de proliferação,o folículo de Graaf contém um óvulo maduro pronto para ser fecundado. O mecanismoque faz os outros folículos regridirem ainda não é conhecido.

    Mais ou menos no décimo quarto dia após o início da menstruação, o nível de

    estrógeno no sangue já está seis vezes maior que no início do ciclo. Isso tem um efeito deretroalimentação negativa sobre a hipófise, que passa a secretar bem menos hormôniofolículo-estimulante e intensifica a produção do hormônio luteinizante (LH).

    O LH provoca uma súbita distensão no folículo maduro, cuja cápsula se rompe epraticamente “ejeta” o óvulo para a cavidade abdominal, juntamente com o fluído folicularque o banhava, configurando a ovulação. Dá-se aí o final da fase proliferativa e o início doperíodo secretor, que dura mais ou menos dez dias.

    O óvulo expulso de seu folículo é captado pelas fímbrias da trompa de Falópio ouoviduto e conduzido a seu interior revestido de cílios vibráteis. O batimento dos cílios dooviduto e um breve movimento de suas camadas musculares fazem o óvulo deslizarlentamente em direção ao útero.

    Em geral, é no terço interno da trompa de Falópio que o espermatozóide se une aoóvulo, ocorrendo a fecundação  ou fertilização.  O óvulo fecundado passa a serdenominado de zigoto  ou ovo. Às vezes, quando a fecundação acontece no terço datrompa mais próximo da cavidade abdominal a rápida multiplicação das células do óvulofecundado, pode impedir sua passagem para o útero. Como resultado, a gestação passaa se desenvolver no oviduto, constituindo a gravidez ectópica, isto é, “fora do lugar” ougravidez tubária. Esse acidente pode ter conseqüências muitíssimo graves, se odesenvolvimento do embrião continuar normalmente. Nesses casos, a trompa afetadapassa a distender-se para a acomodar o embrião cada vez maior e a mulher começa asentir dores abdominais agudas e/ou a apresentar sangramentos vaginais. Se o problema

    não for descoberto a tempo, a trompa pode romper-se, causando uma forte hemorragiaque pode levar a gestante ao choque ou até mesmo à morte.Depois da ovulação, o folículo vazio se enche de sangue, originando o corpo

    hemorrágico. Em alguns casos, o sangue contido no folículo extravasa e cai na cavidadeabdominal, irritando as estruturas ali existentes e causando uma dor conhecida como “dordo meio”, numa alusão à época do ciclo menstrual em que ocorre. Há mulheres com “dordo meio” tão precisa e constante que chegam a desenvolver um método anticoncepcionala partir dela: sabendo de sua correspondência com a ovulação, deixam de ter relaçõessexuais desde o dia do aparecimento da dor até cerca de uma semana depois dela.

    De corpo hemorrágico, o folículo logo se transforma em corpo lúteo  ou corpoamarelo, assim chamado pela cor que assume ao ficar cheio de células luteínicas, muito

    ricas em gorduras; essas células servem para produzir estrógenos e progesterona. Casoocorra a gravidez, o corpo lúteo se mantém.A progesterona produzida por ele, tem vários efeitos nesse período: relaxa os

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    músculos involuntários, garantindo que o útero não se contraia para expulsar o ovo,aumenta a produção de gorduras pelas glândulas sebáceas da pele e eleva a temperaturacorporal em mais ou menos meio grau centígrado (de 36,7º para 37,2º).

    No entanto, o efeito mais importante da progesterona, consiste em estimular oespessamento do endométrio e fazer suas glândulas secretarem um muco aquosodestinado a alimentar o zigoto durante sua fase de implantação. Na ausência do ovo,

    esse muco também facilita a passagem dos espermatozóides do útero para as trompasde Falópio, favorecendo a fecundação.Caso não ocorra gestação num período de mais ou menos uma semana após a

    ovulação, o corpo lutero começa a involuir e uns quatro dias antes da menstruação eleestá quase completamente reduzido a tecido cicatricial esbranquiçado e passa adenominar-se corpo albicans ou corpo branco.

    Paralelamente à involução do corpo lúteo, caem os níveis sanguíneos dos hormôniosestrógeno e progesterona que ele produzia; às vésperas da menstruação, o volumedessas substâncias no sangue é mínimo. A redução das taxas de estrógeno eprogesterona provoca a constrição das artérias espiraladas existentes na parede uterina.Como resultado, o endométrio deixa de receber nutrição sanguínea e começa a murchar

    e a se desfazer. Isso marca o início da fase menstrual do ciclo feminino.

    Fase menstrual – Durante a fase menstrual, secreções, células e sangueprovenientes dos vasos capilares da parede do útero, mais óvulo não fecundado,começam a acumular-se na cavidade uterina. Quando seu volume atinge certo nível, oútero passa a se contrair levemente para expelir seu conteúdo por meio do colo e davagina, sob a forma de fluxo menstrual. Após alguns dias, a fase de proliferaçãorecomeça e todo o processo se repete.

    Acredita-se que, quando o nível de hormônios cai e o endométrio começa adespregar-se das paredes internas do útero, um fator anticoagulante é liberado no sanguecontido nele, para facilitar a saída do fluxo sanguíneo.

    Outro elemento destinado a tornar mais rápido o deslocamento do endométrio são asprostaglandinas nele liberadas. Cerca de 75% do sangue menstrual tem origem arterial,sendo por isso muito rico em oxigênio e nutrientes. O volume total perdido a cadamenstruação beira os 30ml, embora também esse fator esteja sujeito a variações.

    O colo do útero não possui endométrio e, por essa razão, não prolifera nem descamadurante o ciclo menstrual. Mas o muco produzido por ele passa por outras mudançasregulares, que acompanham aquelas ocorridas nos ovários e no útero: na faseproliferativa, ele é espesso e viscoso, formando um tampão protetor dentro do canalcervical; nas proximidades da ovulação e alguns dias depois dela, ele se torna fluído ealcalino, condições que facilitam a passagem e a sobrevivência dos espermatozóides.

    Depois disso, o muco cervical volta a ser espesso e ácido.Menarca – A mulher passa por centenas de ciclos menstruais ao longo de sua vida

    reprodutiva. A idade em que a menarca (primeira menstruação) aparece é influenciadapor fatores genéticos, nutricionais, climáticos e sociais. Na maior parte do mundo, ela vemocorrendo cada vez mais cedo, provavelmente devido à melhoria das condições gerais denutrição.

    No entanto, a variação mostra-se muito grande, havendo meninas que menstruampela primeira vez aos dezessete anos, o que não significa anormalidade. A produção deestrógeno pelos ovários aumenta gradualmente entre os oito e os onze anos de idade,tornando-se cíclica mais ou menos um ano antes da menarca.

    Outras características sexuais secundárias, como o desenvolvimento dos seios e oaparecimento de pelos pubianos, em geral precedem a menarca. No início, os ciclosmenstruais são irregulares, e não são acompanhados de ovulação. Também não

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    costumam ser dolorosos nem trazer qualquer desconforto.

    Higiene menstrual – Além de receber esclarecimentos sobre o que se passa com ocorpo feminino durante a menstruação, a menina também deve ser instruída sobre como“proteger-se” adequadamente durante seus períodos menstruais.

    A perda de sangue pela vagina é involuntária e pode tornar-se bastante embaraçosa

    se as precauções necessárias não forem tomadas. Duas maneiras modernas de se contero fluxo menstrual são os absorventes higiênicos e os tampões intravaginais. Osabsorventes internos tem a vantagem de absorver o sangue menstrual sem qualquerdesconforto, mas, quando a menstruação é abundante, precisam ser usados em conjuntocom um externo.

    Devem ser trocados pelo menos a cada seis horas ou menos, se necessário, paraevitar o aparecimento de forte odor vaginal ou a ocorrência de refluxo do sanguemenstrual para o útero. A troca regular dos absorventes internos revela-se tambémnecessária como medida preventiva contra o choque tóxico, distúrbio que atraiu muitaatenção no início da década de 80, mas cuja ocorrência é, na verdade, bastante rara.

    O choque tóxico resulta da liberação de uma toxina pela bactéria Staphylococcus

    aureus, que pode estar presente no aparelho genital feminino. Um tampão cheio desangue esquecido na vagina após a menstruação, aumenta muito as probabilidades datoxina entrar na corrente sanguínea, causando o choque.

    Vários distúrbios podem afetar o ciclo menstrual. Dentre eles destaca-se aamenorréia  ou falta de menstruação. Na amenorréia dita primária, a mulher nuncachegou a menstruar. Nesses casos, em geral devido a distúrbios hormonais relacionadosà hipófise ou aos ovários, muitas vezes não aparecem também os caracteres sexuaissecundários como seios ou pelos pubianos e a mulher apresenta baixa estatura.

    A falta de menstruação na mulher que anteriormente apresentava fluxo menstrualchama-se amenorréia secundária. Sua causa mais freqüente consiste na gravidez. Noentanto, certos estímulos emocionais, doenças carenciais, distúrbios funcionais dahipófise ou dos ovários, além de enfermidades crônicas em geral podem determinar aamenorréia secundária.

    Nas desportistas cuja especialidade implica manutenção de peso muito baixo ouconsumo de praticamente toda a gordura do corpo (corridas, musculação paracampeonatos, etc), a menstruação também costuma falar durante os períodos detreinamento intensivo.

    Síndrome pré-menstrual – Muitas mulheres sofrem de diversas perturbações nosdias que precedem a menstruação, sendo o conjunto desses distúrbios chamado pelosmédicos de síndrome pré-menstrual. É possível que as mudanças de natureza química e

    hormonal ocorridas no corpo feminino por volta do momento da menstruação produzamos sintomas da síndrome. Entre os mais comuns deles encontram-se a depressão,dificuldades respiratórias, dores nos seios, dores nas costas, enxaqueca e mudançassúbitas de humor, aparecendo em combinações diferentes de uma mulher para outra.

    A tensão pré-menstrual ou TPM, uma forma particular da síndrome, incluidepressão, cansaço físico e irritabilidade. Esses sintomas aparecem quase sempre

     juntos, em graus variados de intensidade, e pioram sob condições de stress. A melhormaneira de controlar a TPM é procurar evitar situações de conflito que tragam irritação ounas quais possa haver outro tipo qualquer de stress.

    Manter o peso dentro do limite ou um pouco abaixo dele pode impedir a retenção de

    fluídos e o inchaço determinado pela TPM. Para mulheres com tensão pré-menstrualmuito forte, pode-se lançar mão de um tratamento com derivados sintéticos deprogesterona. Se a retenção de fluídos constituir o principal problema, porém, o médico

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    provavelmente prescreverá diuréticos. Analgésicos ou tranqüilizantes também ajudam aaliviar os sintomas. Recentemente descobriu-se que a vitamina B pode ser útil em algunscasos.

    Uma variante da síndrome pré-menstrual é a congestão pélvica. Sintomassemelhantes a TPM podem aparecer em qualquer fase do ciclo menstrual, mas mostram-se particularmente intensos logo antes da menstruação. Nesse período, a mulher sente

    uma exagerada pressão na pélvis, dores nas costas e um profundo mal-estar geral.Muitas vezes, sua menstruação é abundante. Especialistas na área acham que o stressemocional determina congestão sanguínea dos órgãos da pelve.

    Menstruação dolorosa – Muitas mulheres sofrem de dismenorréia, mais conhecidacomo cólicas menstruais. Esse sintoma geral só se manifesta dois ou três anos após aocorrência da menarca. As dores costumam afetar a porção inferior do abdome e seiniciam em torno de 24 horas antes da menstruação, durante até 24 horas depois dela.

    Descobriu-se que as vítimas da dismenorréia quase sempre apresentam altos níveissanguíneos de prostaglandinas. Assim, drogas inibidoras dessa substância, como aaspirina, por exemplo, podem aliviar a dor. Em alguns casos, as cólicas diminuem sua

    incidência usando-se técnicas de relaxamento e respiração idealizadas originalmente parao “parto natural”. Outras vezes, a prática regular de exercícios vigorosos alivia ou evita odesconforto.

    Certas mulheres não sofrem de dismenorréia, mas sentem cólicas de intensidadevariável mais ou menos no meio do ciclo menstrual. Essas cólicas, também conhecidascomo “dor do meio”, numa alusão à época de seu aparecimento, ocorrem quando aovulação provoca uma pequena hemorragia no folículo ovariano rompido e o sangueresultante chega atingir a cavidade pélvica, irritando-a. Também é possível que as doresse originem da contração das trompas de Falópio, destinada a impedir o óvulo na direçãodo útero após a ovulação.

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    Na reprodução humana, tudo começa com a união do gameta masculino, oespermatozóide, com o gameta feminino, o óvulo. Como resultado, dois conjuntosdiferentes de material genético, 23 cromossomos da mãe e 23 do pai, misturam-se de

    modo que o novo indivíduo nunca se mostra geneticamente idêntico a qualquer um dosgenitores. Essa variabilidade genética nos torna diferentes de nossos irmãos e irmãs,embora com algumas semelhanças.

    Gametas ou células sexuais femininas e masculinas diferem tanto em estrutura comoem aparência.

    Durante toda a vida adulta do homem, milhões de espermatozóides sãoconstantemente produzidos em feníssimos tubos espiralados, os túbulos seminíferos, nointerior dos testículos.

    Os espermatozóides são microscópicos e seu formato lembra o de um girino, comuma enorme cabeça e uma longa cauda. A cabeça contém as informações genéticas; acauda vibra, servindo de meio de locomoção. A produção de espermatozóides sofre

    influência da temperatura dos testículos, sempre um pouco mais baixa do que aquela dorestante do corpo. Se o calor dos testículos aumentar excessivamente, devido, porexemplo, a roupas justas que forçam as gônadas a permanecer muito perto do corpo, afertilidade diminui.

    Os óvulos são várias vezes maiores que os espermatozóides. Eles se formam já noovário embrionário, num estágio muito inicial da gestação, sendo sua constituiçãogenética determinada desde então.

    A produção de óvulos pelos ovários releva-se muito menor que a formação deespermatozóides pelos testículos: cada ovário contém apenas cerca de 200 mil óvulosimaturos. Da puberdade em diante, eles vão amadurecendo no interior da gônadafeminina, em geral à razão de um por mês, num processo controlado por hormônios.

    O óvulo maduro é então liberado (ovulação) e captado pelas trompas,permanecendo em condições de ser fecundado por uns dois ou três dias, depois dosquais entra em degeneração.

    A fertilização ocorre no ponto culminante do ato sexual, quando aproximadamente100 milhões de espermatozóides são ejaculados dentro da vagina da mulher, nomomento do orgasmo masculino.

    Os espermatozóides estão dispersos num líquido denominado fluído seminal, queproporciona um meio aquoso no qual podem “nadar”. Dois milhões liberados naejaculação, apenas poucos conseguem se aproximar do óvulo e, somente um conseguepenetrar sua membrana externa e fecundá-lo.

    Nesse momento, o material genético das duas células se combina, refazendo onúmero normal de 23 pares de cromossomos. O óvulo fecundado começa imediatamentea dividir-se, formando um aglomerado de células que se fixa no endométrio, orevestimento interno da cavidade uterina. O processo continua e se diversifica até acompleta formação de um novo ser.

    1. MOMENTO DO CICLO MENSTRUAL ONDE OCORRE A FECUNDAÇÃO

    O ciclo menstrual começa com o primeiro dia da menstruação e termina de 24 a 35dias depois, a não ser que ocorra a gravidez.

    Para que se produza a gravidez tem que haver fecundação, porém nem todas asfecundações resulta em gerações.Para que haja a fecundação, tem que ocorrer a ovulação e, pelo menos, um coito

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    próximo a esta, pois é necessário que um espermatozóide encontre com um óvulo e queambos estejam em boas condições para poder unir-se.

    Isto só pode acontecer se o coito antecede a ovulação por não mais que cinco dias,ou coincida com a ovulação. Ainda assim, na metade dos casos em que esta condiçãoocorre, não se produz a fecundação, seja porque os gametas não se encontram, sejaporque são defeituosos, ou porque o meio ambiente que os rodeia não é propício.

    Aproximadamente 90% dos ciclos menstruais são ovulatórios e neles a ovulaçãopode ocorrer em qualquer dia entre o décimo e o vigésimo segundo dia. A ovulação é oprocesso pelo qual o óvulo completa sua maturação e sai do ovário.

    Uma vez que ocorra a ovulação, o óvulo tem que ser fecundado dentro das 24 horasseguintes. Se isso não ocorre, o óvulo se deteriora e perde a capacidade de formar umnovo indivíduo.

    Muitas pessoas acreditam que a fecundação se produz imediatamente depois deuma relação sexual, porém não é assim. Depois de um coito, os espermatozóides podempermanecer no interior da mulher num estado capaz de fecundar até aproximadamenteseis dias.

    Se o coito ocorre cinco dias antes do dia que ocorre a ovulação, a fecundação

    ocorrerá no sexto dia após o coito. Se o coito ocorre no mesmo dia da ovulação, afecundação pode ocorrer na mulher em qualquer dos dias comprometidos entre o primeiroe o sexto dia depois do coito. Portanto, nem todos os indivíduos iniciam sua existência nodia seguinte de um coito.

    A fecundação ocorre habitualmente nas Trompas de Falópio, que é um tubo queconecta o ovário com o útero. O zigoto resultante desta fecundação é uma célula que tempotencialidade de desenvolver-se e chegar a ser um indivíduo constituído por milhares demilhões de células, do mesmo modo que uma semente pode chegar a ser uma árvore,por meio do processo de crescimento e desenvolvimento.

    Se a semente pode chegar a ser uma árvore, ainda não é uma; se um ovo podechegar a ser uma galinha, ainda não é uma. Desta mesma forma, o zigoto humano podechegar a ser um embrião, um feto, um recém nascido, ou uma pessoa adulta, porémainda não é. Ele necessita desenvolver-se.

    Aproximadamente três a quatro dias depois da fecundação, se o zigoto sedesenvolveu normalmente, está constituído por 8 a 10 células e passa para o útero, ondecontinua desenvolvendo-se, imerso no escasso fluído que há na cavidade uterina. Nestemomento alcança o estado de desenvolvimento chamado mórula  e, posteriormente, oestado de blastocisto.

    Antes de implantar-se, o blastocisto conta de umas 200 células. A maioria delas,estão destinadas a formar a placenta e outros órgãos que mais tarde se definem. De 7 a10% das células do blastocisto estão destinadas a formar um embrião. Até aqui, a mulher

    não tem nenhuma forma de reconhecer que tem um novo indivíduo em seu útero.No sétimo dia do desenvolvimento, o blastocisto humano faz a nidação, ou seja,implanta-se na camada interna do útero, chamado endométrio. Para que isto ocorra, épreciso que o endométrio se encontre receptivo pela ação que os hormônios do ovárioexercem sobre ele, que são o estradiol e a progesterona.

    A partir da implantação, o corpo materno reconhece, de um modo evidente, que háum novo indivíduo em desenvolvimento e começa a reagir a sua presença. Por estarazão, a Organização Mundial de Saúde considera que a gravidez, que é uma condiçãoda mãe e não do novo indivíduo em desenvolvimento, começa com a implantação.

    A referida reação do corpo materno se deve, em parte, ao fato de que quando ocorrea implantação, as células que vão dar origem à placenta começam a secretar um

    hormônio conhecido como gonodotrofina coriônica humana (HCG). Este hormônio passapara o sangue materno e atua sobre o ovário para impedir que se produza amenstruação.

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    Se, chega a ocorrer a menstruação depois da implantação do blastocisto, este éexpulso junto com o endométrio. Para evitar que isso ocorra, é que o blastocisto dá umsinal ao organismo materno, o HCG, para que o ovário continue produzindo progesterona,que é indispensável tanto para o blastocisto implantar, como para que se mantenha agestação.

    Deste modo, quando o blastocisto que fez a nidação no útero continua sendo

    desenvolvimento, não se produz menstruação. A mulher que nota que esta não veio eeste tende a ser o primeiro indício de que está grávida.A esta altura do processo, o embrião está começando a se formar. Sob a perspectiva

    biológica, ainda é um indivíduo muito rudimentar, pois necessita de cérebro, de coração,de extremidade e de todos os órgãos que possui o feto, o recém nascido e o adulto. Seudesenvolvimento é mínimo e não possui ainda o substrato biológico para ter sensações,emoções, pensamentos ou desejos. Não obstante, está dotado de uma grandecapacidade de continuar desenvolvendo-se e, consequentemente, adquirir os órgãos efunções que lhe permitam existir como uma pessoa humana.

    Na mulher, aproximadamente a metade dos zigotos que se formam são eliminadosnatural e espontaneamente, antes que se produza o atraso menstrual. Nesses casos, a

    mulher não consegue notar que teve um zigoto, um blastocisto ou um embrião em seuinterior.

    Quando se faz um acompanhamento de cem mulheres que tem relações sexuaislivremente, várias vezes no mês e não utilizam nada para evitar a gravidez, observa-seque 25 mulheres iniciam uma gestação no primeiro mês; em 25% das mulheres restantes,se produz no segundo mês e assim, sucessivamente. A explicação é que, em cada mês,em 50% das fecundações que ocorrem, a metade delas não resultam em gravidez,porque o produto da fecundação se elimina espontaneamente antes que se produza oatraso menstrual.

    Um coito deixa milhões de espermatozóides na vagina. Nas melhores condições,milhares destes entram no colo do útero onde a imensa maioria estaciona. Poucascentenas deles sobem em minutos até a Trompa de Falópio, porém observações feitasem animais de experimentação, mostram que estes não têm capacidade de fecundar.

    Os que ficam no colo do útero se constituem numa fonte da qual vão saindosucessivamente grupos de espermatozóides, que ascendem para as trompas nos diasque se seguem. Alguns espermatozóides de cada grupo, aderem durante horas nascélulas da trompa, processo no qual adquirem a capacidade de fecundar.

    Uma vez que se soltam, mantêm esta capacidade por poucas horas ou minutos,enquanto vão em busca do óvulo.

    A migração dos espermatozóides até o local onde se produz a fecundação podeocorrer na forma descrita até que se produza uma ovulação, porém em nenhum caso se

    prolonga por mais de seis dias depois do coito. Se os espermatozóides podem esperar oóvulo durante dias, o óvulo pode esperar os espermatozóides somente por algumashoras.

    2. GESTAÇÃO

    O desenvolvimento do ser humano desde a fecundação do óvulo até o nascimento,dura em média, 266 dias. No entanto, devido às grandes variações individuais, há umacerta flexibilidade nesse cálculo. Assim, partos ocorridos até duas semanas antes oudepois do dia calculado pelo médico podem ser considerados normais.

    Quando se fala em duração da gestação, parece lógico começar pelo momento daconcepção. Como esse momento, porém, não pode ser determinado com precisão,fazem-se os cálculos com base na data da última menstruação. A concepção costuma

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    ocorrer duas semanas após o último período menstrual. Por isso é comum considerar agravidez como durando 280 dias, o equivalente a quarenta semanas ou pouco mais denove meses.

    Pode-se dividir a gestação em três fases: pré-embrionária, embrionária e fetal.A fase pré-embrionária inicia-se no momento da fertilização e se estende por mais ou

    menos catorze dias. Nesse período, o ovo ou zigoto constitui-se de uma massa de células

    em divisão, já tendo iniciado o processo de diferenciação celular. Também ocorre nesseestágio a fixação do zigoto no útero. Os principais órgãos formam-se na fase embrionária,entre o décimo quarto dia e o terceiro mês de gestação. Ao fim desse período, o embrião

     já possui forma humana e recebe o nome de feto. Durante a fase fetal, que vai do terceiromês até o nascimento, o corpo cresce e se desenvolve em sua plenitude.

    Primeiras divisões – Ao longo do caminho, o ovo divide-se em duas, quatro, oitonovas células, e assim sucessivamente. Antes de cada divisão celular, todos oscromossomos são duplicados, de modo que cada nova célula possua um conjuntocompleto deles.

    Nesse estágio, a pequena e sólida massa de células do zigoto tem forma muito

    semelhante á de uma amora, sendo por isso denominada mórula. À medida que odesenvolvimento prossegue, há um aumento da quantidade de fluído entre as células damórula, que se transforma aos poucos numa estrutura cística que recebe o nome deblástula ou blastocisto. Nessa fase, o pequenino ser conseguiu finalmente chegar aoútero, por volta de cinco a sete dias após a concepção.

    Dentro do útero – Uma vez dentro do útero, o blastocisto movimenta-se livrementedurante mais ou menos dois dias, enquanto suas células dividem-se rapidamente einiciam sua diferenciação. Não mais confinado à trompa de Falópio, o conjunto podeagora aumentar de tamanho.

    A blástula consiste numa camada celular externa denominada trofoblasto e numaglomerado de células, a massa celular interna, de onde origina-se o embrião. Por voltado sétimo dia de gestação, o blastocisto precisa arranjar novas fontes de nutrição, osfluídos tubários e uterinos já não são mais suficientes. É necessário que ele se fixe naparede uterina. Esse processo de fixação, a implantação, completa o primeiro estágio dodesenvolvimento pré-embrionário.

    Segunda semana de vida – Na segunda semana de vida, os processos do estágiopré-embrionário continuam. Por volta do décimo quarto dia, esse estágio se completa e jáestá criado no útero um ambiente capaz de fornecer nutrientes e proteção adequadospara o desenvolvimento do futuro embrião.

    Implantação – Nessa fase, o troboflasto, a camada mais externa do blastocisto,passa a digerir as células superficiais da parede uterina, formando uma pequenadepressão na qual a blástula prende-se, em geral na parte superior do útero. Ao mesmotempo em que escava o endométrio, o trofoblasto origina pequenas vilosidades. Por meiodelas o trofoblasto gradualmente prende-se o revestimento uterino, obtendo dele seusnutrientes.

    A parte do blastocisto mais profundamente incrustada na parede do útero costumaconter a massa celular interna do embrião. Ao final da segunda semana, as vilosidadesdesenvolvem-se na placenta e no saco amniótico, que cerca o trofoblasto como uma bolade alguns milímetros de espessura; com isso, a implantação está completa.

    Durante esse processo, o trofoblasto começa a produzir o hormônio da gravidez ougonadotrofina coriônica. Esse hormônio, detectável na urina da mulher grávida desdequando o zigoto tem duas semanas de vida, é vital para a continuação da gestação,

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    porque mantém o corpo-lúteo funcionando.O corpo-lúteo é a estrutura formada no folículo ovariano de onde o óvulo maduro foi

    liberado. A ele cabe a produção de estrógeno e progesterona. Esses hormônios mantemo revestimento uterino espesso e esponjoso, com a finalidade de facilitar a fixação dotrofoblasto e proporcionar nutrição para o embrião.

    Além disso impedem a menstruação que, se ocorresse, provocaria a expulsão do

    blastocisto do corpo da mãe. Sob a influência do hormônio da gravidez, o corpo-lúteopersiste até a placenta estar pronta para assumir a produção de estrógeno eprogesterona, mais ou menos na décima segunda semana de gravidez.

    Especialização e diferenciação – todas as células do blastocisto implantadooriginam-se do óvulo fertilizado, possuindo, por isso, o mesmo registro genético que ele.

    Por volta da segunda semana de gestação, já estão determinadas as células queirão desenvolver-se em tecido epitelial, as que darão origem a órgãos internos, como ospulmões, as que se transformarão em pele, etc. Esse processo é denominadodiferenciação e especialização.

    Antes que a massa celular interna do blastocisto se transforme em verdadeiro

    embrião, formam-se a seu redor dois sacos contendo fluído, as membranas fetais. Dessasmembranas, a mais importante é o âmnio ou saco amniótico. Esse líquido banha o fetodurante toda a gestação.

    O saco vitelino, a outra membrana fetal, mais tarde murcha e desaparece; àsvezes, porém, um resquício dele se mantém até o nascimento. O âmnio e o líquidoamniótico proporcionam um espaço seguro para o crescimento do embrião, facilitando amovimentação posterior do feto e servindo para protegê-lo de traumatismos por toda agravidez.

    Logo após a fixação, as células destinadas a formar o embrião arranjam-se em duascamadas. Por se empilharem como as folhas de um livro, essas camadas sãodenominadas folhetos embrionários. As células do folheto mais externo, o ectoderma,transformam-se nos tecidos superficiais do corpo (pele, cabelos e unhas), originandotambém o sistema nervoso.

    Do folheto mais profundo, o endoderma, desenvolve-se o tecido epitelial, que formao sistema digestivo, a bexiga e os pulmões.

    As células dos tecidos conjuntivos originam-se de um terceiro folheto embrionário, omesoderma. Estes tecidos irão se transformar em músculos, ossos, sistema circulatóriocompreendendo o coração e vasos sanguíneos e outros órgãos internos.

    Com cerca de catorze dias de vida, o embrião encontra-se firmemente implantado noútero e, desenvolve-se a toda velocidade.

    Devido à grande quantidade de sangue atraída para o local da implantação, ás

    vezes a mulher apresenta nessa época um pequeno sangramento vaginal. Não sabendoainda de sua gravidez e esperando a menstruação mais ou menos para essa época, elapode confundir esse sangramento que acompanha a implantação do ovo com hemorragiamenstrual.

    Após a implantação do ovo no útero, inicia-se o estágio embrionário, com duração dedois meses. Nesse período desenvolvem-se os sistemas e órgãos do corpo, numprocesso delicadíssimo. Qualquer dano ao embrião, nessa fase, revela-se particularmenteperigoso e pode ter efeitos graves e irreversíveis. Algumas drogas tomadas pela mãe,certas infecções, como a rubéola, por exemplo ou um exame de raios X chegam a terconseqüências desastrosas para o feto. De um modo geral, pode-se dizer que, quantomais precoces as perturbações, maiores as seqüelas deixadas.

    Ao contrário do que se costuma pensar, o feto ainda está potencialmente sujeito ainfluências prejudiciais depois dos três primeiros meses de gestação. Por isso, a mãe sódeve tomar medicamentos durante qualquer fase da gravidez se isso se mostrar

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    absolutamente necessário.

    Terceira semana – No início da terceira semana de gestação, os folhetosembrionários, formados no estágio anterior e a partir dos quais o embrião, propriamentedito, agora se desenvolve, passam por uma rápida mudança. De cada um deles começama desenvolver-se as várias partes do corpo. Mais ou menos no décimo oitavo dia, aparece

    um sulco em toda a extensão do embrião. Trata-se do canal neural, originado de umainvaginação das células do ectoderma. Esse fato marca o início do desenvolvimento docérebro, da medula espinhal e dos nervos.

    Ao mesmo tempo o embrião muda de forma. No começo, o crescimento emcomprimento mostra-se maior que o desenvolvimento em largura, fazendo com que asextremidades embrionárias se arqueiem dentro do saco amniótico, que por sua vez,aumenta e dobra-se para envolver todo o embrião com sua membrana protetora.Concomitantemente, as superfícies laterais do disco que é o corpo do embrião, dobram-se para dentro: ele agora tem o formato de uma pêra, devido a uma proliferação desigualdas células da região que mais tarde irá formar o crânio. Já é possível, pela primeira vez,distinguir as extremidades do pequeno ser. A extremidade cefálica revela-se mais larga,

    enquanto a caudal, mais estreita.

    Quarta semana – Na quarta semana de vida o embrião já perdeu seu formato depêra. As dobras cefálica, caudal e lateral crescem, aproximando-se na parte inferior efazendo com que o embrião assuma uma forma cilíndrica envolvendo a parte de ondesurgirão os intestinos. O rápido crescimento do tubo neural origina um longo cilindroabaulado, fazendo da nuca a parte mais saliente dessa curva. Tal flexão dá ao embrião aaparência de um grão de feijão, pois a cabeça e corpo tem mais ou menos o mesmotamanho.

    Enquanto o desenvolvimento embrionário é extremamente veloz, pois da concepçãoaté o final do primeiro mês o peso do embrião aumenta dez mil vezes, o crescimento emvolume não é muito grande. Ao final do primeiro mês, o embrião mede aproximadamente5mm de comprimento.

    Nesse período, assemelha-se muito a embriões de outros vertebrados e ainda nãoparece humano. Possui uma espécie de cauda e sulcos cefálicos laterais que se parecemás guelras de um peixe. Mais tarde, a cauda embrionária desaparece e as “guelras”transformam-se em músculos mastigatórios, maçãs do rosto e ouvidos. Os cientistasacham que as várias fases de desenvolvimento embrionário repetem os passos daevolução de nossa espécie.

    Segundo mês de vida – Ao final do segundo mês de gestação, todos os órgãos

    necessários para manter a vida já se formaram. Desse momento até a idade adulta elesapenas aumentam gradualmente de tamanho e aperfeiçoam seu funcionamento. É porisso que o embrião (do grego émbryon,  “inchar”) passa a se chamar feto (do latim fetu,“criança pequena”). O feto já é reconhecido como um ser humano, embora não exceda ostrês centímetros de comprimento.

    Os genes, elementos genéticos presentes no cromossomo, determinam quais ascélulas devem crescer nos diferentes estágios do desenvolvimento fetal. Por volta dasexta semana, por exemplo, os ouvidos começam a desenvolver-se. O ritmo decrescimento celular também é responsável pelo “movimento” das estruturas embrionárias.Os olhos formam-se nas laterais da cabeça, mas, no instante do nascimento, sua posiçãoé frontal.

    Obviamente, os olhos não possuem movimento próprio. Seu aparente deslocamentotem origem num crescimento relativamente mais lento da área entre os olhos, comparadoao rápido desenvolvimento do restante da cabeça. A taxa de expansão das diferentes

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    partes do corpo nem sempre se revela a mesma. O crescimento do cérebro, por exemplo,acelera-se por volta do trigésimo dia. Como resultado, em dois dias o feto sofre umaumento de tamanho de mais de 25%.

    Terceiro mês de vida – No terceiro mês de vida, ocorre o crescimento e oaperfeiçoamento dos principais órgãos e sistemas do corpo, formados durante os dois

    meses anteriores. Na oitava semana, o feto mede apenas 3cm, mas na décima segundaele já tem três vezes esse tamanho.Um crescimento tão rápido exige um bom suprimento de nutrientes. Por isso, a

    placenta, essencial para que o feto obtenha todos os elementos necessários a seudesenvolvimento, completa sua evolução nesse período. As várias substâncias nutritivas,aminoácidos, gordura, vitaminas e açúcares simples, como a glicose, chegam à placentapelo sangue da mãe. No organismo do feto, passam por certas conversões bioquímicas,ou seja, são metabolizadas para poder supri-lo de proteínas e energia.

    No fim do terceiro mês pode-se distinguir o sexo do feto pela aparência externa; nosegundo mês, ambos os sexos tem a mesma genitália externa: uma espécie de falo edobras ou protuberâncias. Os testículos do feto masculino no terceiro mês, já secretam

    hormônios sexuais próprios, que fazem o pequeno falo desenvolver-se em pênis e asdobras formar o escroto. No feto feminino, os ovários produzem hormônios sexuaisfemininos, que levam as dobras a se transformarem nos pequenos e grandes lábiosvulvares e o falo a se desenvolver em clitóris.

    A forma humana do feto torna-se bem definida nesse período. Há uma acentuadamudança nas proporções, especialmente em relação aos tamanhos da cabeça e docorpo. O corpo cresce mais rapidamente que a cabeça; inicia-se ainda a formação dasunhas dos pés e das mãos, por espessamento dos tecidos das pontas dos dedos. Osmembros também se expandem, havendo uma maior definição das articulações, o queaumenta a flexibilidade do feto.

    O esqueleto, originado de tecido mole, começa agora a se ossificar. Por meio decontínuos depósitos de cálcio, o tecido primeiro se transforma em cartilagem e depois emosso. Os centros de ossificação se encontram nas pontas e no centro da forma óssea,nos quais a cartilagem transforma-se pouco a pouco em osso verdadeiro. Mais tarde, ocanal central do osso enche-se de vasos sanguíneos, dando origem à medula óssea.

    O cálcio necessário para a formação do esqueleto vem do organismo materno, razãopela qual uma dieta rica em cálcio incluindo leite, queijo, ovos e peixe é essencial nagravidez. O cérebro e a espinha dorsal do feto tornam-se mais complexos com o passardas semanas. O desenvolvimento de nervos e músculos permite os primeiros movimentosfetais.

    Final do ciclo fetal –No período entre o quarto e o nono mês de gravidez, o fetocresce e ganha peso, enquanto os vários sistemas e órgãos de seu corpo completam seu

    desenvolvimento. Com nove meses, embora esteja preparado para deixar o útero e levaruma existência independente da mãe, o feto ainda não tem seus órgãos totalmenteamadurecidos, como os rins e o cérebro, que continuam a se aperfeiçoar depois donascimento.

    A partir do quarto mês de gestação, os movimentos do feto tornam-se maisvigorosos e já podem ser percebidos pela mãe, o que representa para ela motivo degrande alegria. Nessa fase, o bebê é capaz de se movimentar livremente dentro dolíquido amniótico; à medida que cresce, porém, sua área de ação diminui.

    Devido a essa falta de espaço, ele adota uma posição flexionada, com os joelhos

    dobrados e as pernas acompanhando a curvatura do corpo: a conhecida posição fetal. Osbraços em geral ficam cruzados sobre o peito. Cerca de dois meses antes do nascimento,o feto tende a se manter de ponta-cabeça, com o crânio voltado para a bacia da mãe.

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    A placenta aumenta de tamanho progressivamente, enquanto supre de nutrientes ofeto em crescimento. Por volta da quadragésima semana de gravidez, ela possui em tornode 20cm de diâmetro, o tamanho aproximado de um prato raso e cerca de 1.800 gramas;o cordão umbilical alcança, nesse estágio, uns 50cm de comprimento e 2cm de diâmetro.

    Os órgãos e sistemas do feto atingem um grau de desenvolvimento que lhes permiteatender às necessidades intra-uterinas. Eles também já se mostram capazes de suportar

    as bruscas mudanças no momento do parto e de se adaptar à vida extra-uterina semdepender da placenta. Desse modo, apesar de a respiração pulmonar não ser necessáriaantes do nascimento, ocorrem movimentos respiratórios esporádicos, visando a prepararos tecidos pulmonares para suas futuras funções fora do útero.

    Da mesma maneira, o sistema digestivo se apronta para a alimentação por via oral:na altura da quadragésima semana de gravidez o feto já é capaz de produzir todas asenzimas digestivas. O bebê recebe a maior parte dos nutrientes do sangue da mãe, pormeio da placenta. No entanto, uma pequena parte deles é obtida pela ingestão do líquidoamniótico. Como resultado disso, os intestinos fetais se enchem de uma substânciaespessa, de coloração verde-escura, denominada mecônio, a ser expelida normalmenteânus após o parto.

    O sistema urinário também já funciona, graças á ingestão do líquido amniótico, comos rins eliminando de volta à cavidade amniótica, uma urina isenta de substâncias tóxicas.O exame dos elementos constituintes do líquido amniótico revela essa atividade renal, apartir da qual pode se determinar o grau de maturidade do feto.

    A ossificação do esqueleto prossegue nessa fase, completando-se na quadragésimasemana. Um caso muito especial, são algumas partes do crônio que só se ossificamvários meses depois do nascimento, mantendo áreas membranosas, as fontanelas,popularmente conhecidas como “moleiras”.

    No final da vigésima oitava semana considera-se o feto viável, isto é, apto asobreviver fora do útero. No entanto, poucos bebês resistem a um parto prematuro,devido principalmente à imaturidade dos órgãos, em especial os pulmões.

    Os fetos de quarenta semanas costumam variar de peso, mas, na vigésima oitava,aproximadamente, a maioria deles tem cerca de 1,2 kg e mede uns 35cm. Depois disso, opeso da criança aumenta de forma considerável, alcançando 3,5kg e 50cm decomprimento na quadragésima semana, com a circunferência da cabeça chegando aos35cm.

    No parto, peso e tamanho do bebê são fatores importantes na avaliação de suamaturidade. No entanto, o sinal de vitalidade mais procurado num recém-nascido talvezseja o choro alto e forte que acompanha o pleno enchimento dos pulmões e anuncia oinício da vida fora do útero.

    3. DROGAS QUE PODEM LESAR O FETO

    A utilização de medicamentos durante a gestação não deve ser feita sem prescriçãomédica, principalmente nos três primeiros meses, uma vez que várias substâncias podemafetar o desenvolvimento do feto causando malformação e doenças congênitas. Asprincipais são:

    •  QUININA:  Malformações gerais, aborto, lesão do oitavo par de nervos cranianos,surdez, trombocitopenia.

    •  RESERPINA: Congestão nasal, depressão e galactosemia no recém-nascido.

    •  SULFAMETOXAZOL-TRIMETOPRIM:  Malformações em animais de laboratório.

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    •  SULFONAMIDAS: Hiperbilirrubinemia.

    •  TALIDOMIDA: Malformações gerais, focomelia.

    •  TERBUTALINA:   No segundo e terceiro trimestres e no parto, pode provocartaquicardia fetal.

    •  TETRACICLINAS:  Inibição do crescimento ósseo, micromelia, sindactilia,hipoplasia do esmalte dentário, manchas dos dentes decíduos.

    •  TIAZÍDICOS:   Alterações no equilíbrio de potássio e da água no organismomaterno, icterícia, trombocitopenia e desequilíbrio iônico no feto.

    •  TOLBUTAMIDA:  Ações sobre o sistema nervoso central, hipoglicemia do recém-nascido.

    •  TRIMETADIONA: Anormalidades cardíacas, síndromes caracterizadas por fáciasanormais, sobrancelhas em forma de V, anormalidades cardíacas, fenda dopalato.

    •  VALPROATO:  Defeitos do tubo neural.

    •  WARFARIN: Síndrome caracterizada por pontilhado das cartilagens, depressãoda linha mediana facial, cegueira, retardo no crescimento intra-uterino, retardomental, hemorragia.

    4. PARTO

    Um parto deve ser sempre o mais seguro possível, tanto para a mãe como para obebê. O casal e o médico devem discutir este assunto e chegar a um acordo do que seriamais seguro para o caso deles, com a história deste casal, com sua filosofia de vida, etc.

    4.1. Os primeiros sinais

    Os primeiros sinais são as contrações uterinas que começam gradativamente. Abarriga fica toda endurecida entre 45 segundos e um minuto. Algumas mulheres podemter esta sensação de forma irregular até 3 dias antes do parto. Essas contrações passama ser mais regulares e se repetem cinco minutos, tornando-se mais freqüentes com opassar do tempo. Inicialmente podem ser indolores ou acompanhadas de uma cólica,muito semelhante à menstrual, localizada no púbis e na região dos rins.

    Conforme se aproxima o momento do parto, as contrações tornam-se mais intensase mais dolorosas. O colo uterino dilata-se. O muco que ocupa o canal do colo do úterocostuma escorrer: é como um catarro com algumas estrias de sangue. Pode acontecer,também, a ruptura da “bolsa das águas” (líquido amniótico). Neste caso a grávida perde,de forma incontrolável, uma quantidade enorme de um líquido claro. Sempre que istoacontecer, a gestante deve ser encaminhada imediatamente para a unidade de saúde.

    Sempre é aconselhável que ao surgirem os primeiros sinais, tais como contraçõesuterinas esparsas e sem dor, a gestante procure o médico para ser examinada de forma ase verificar em que estágio do trabalho de parto ela se encontra. Não é incomum que

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    muitas gestantes, apesar de apresentarem alguns sinais, retornem para seus laresquando verificado que o parto não é iminente e pode acontecer apenas dali a alguns dias.Devido a isto, ao surgirem qualquer um destes sintomas é importante que o médico façauma avaliação clínica.

    4.2. Tipos de Parto

    Parto normal – Dá-se por via vaginal, obedecendo à ação biológica do corpo damãe.

    Inicia-se pela fase de transição com as contrações em intervalos de cinco em cincominutos, durando entre 60 e 90 segundos. É o momento que indica a chegada do bebê.

    O médico deve então, avaliar se o colo do útero está totalmente dilatado. Após estafase, a gestante começa a sentir o desejo involuntário de “empurrar”. Quando a cabeça dobebê atinge o canal vaginal, a criança pressionará o períneo, fazendo também, pressãono reto. Durante cada contração, o bebê começa a descer no canal vaginal e depois dealguns minutos sua cabeça já começa a aparecer externamente.

    Após esta fase, o nascimento é uma questão de minutos. Normalmente a gestantedeverá parar de “empurrar” e começar a respirar rapidamente, permitindo que o períneose alargue. Quando se trata do primeiro parto, pode ser necessário que se faça aampliação do canal de parto pela episiotomia (corte de parte do períneo). O períneo é aregião que fica entre a entrada da vagina e o ânus feminino.

    Na saída total da criança, uma grande quantidade de líquido amniótico deve serliberada. A placenta deve ser expelida em até meia hora após o parto.

    A gestante poderá combinar, previamente, com o obstetra a ingestão do Syntociron,um hormônio artificial que imita a oxitocina e ajuda na contração do útero, além de ajudara reduzir a perda de sangue. A oxitocina é um hormônio naturalmente produzido pelocorpo da mulher grávida e durante a amamentação. Sua função é auxiliar a saída do bebêprovocando as contrações uterinas e a saída de leite, contraindo as glândulas mamáriasna amamentação.

    A grande vantagem do parto normal é a rápida recuperação da mãe. Pesquisas têmdemonstrado que bebês nascidos de parto normal são mais tranqüilos, alimentam-se commaior facilidade, sentam, caminham e falam mais precocemente.

    Porém, algumas ocorrências comuns que podem acontecer durante o parto normal,acabam por induzir médicos e mães a optarem por cesariana:

    •  Distócia funcional: falta de dilatação do colo, suficiente para saída do bebê;

    •  Distócia óssea: mãe tem bacia óssea estreita para passagem do bebê.

    •   Apresentação pélvica: o bebê está sentado, impossibilitando o parto normal.

    •  Bebê apresenta peso acima do normal, ou seja, mais de 4 quilos.

    •  Deslocamento prematuro da placenta.

    •  Sofrimento fetal.

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    4.2.1. O Parto normal é vantajoso para a mãe e para o bebê

    As vantagens para a criança também são imensas. O bebê do parto normal, recebeum “aviso biológico” de que sua hora de nascer está chegando e, portanto, “prepara-se”melhor para este momento, nascendo mais “esperto” e com menos problemas deadaptação.

    Após o parto normal, apesar da recuperação rápida, a mamãe sentirá algunsincômodos característicos desta fase. A dor no períneo, por exemplo, pode ser intensa,principalmente ao sentar. Para aliviar a sensação, o ideal é sentar-se apoiada em doistravesseiros nas costas. Sentar em uma toalha retorcida em formato de roda, tambémpode ser útil.

    A pressão causada no piso pélvico quando a mulher tosse ou gargalha pode causarincômodo e, até mesmo, a sensação de que os pontos estão arrebentando. Neste caso,procure contrair os músculos do períneo quando for assoar o nariz, espirrar, tossir ou rir.

    Parto Cesárea ou Cesariana – Dá-se pela extração do bebê através de duplaincisão abdominal e uterina da mãe.

    Os motivos para optar por uma cesariana devem ser essencialmente, clínicos. Asrazões mais freqüentes são a desproporção do tamanho do bebê em relação à pelvefeminina, infecção herpética ativa, gestantes diabéticas, posição do bebê invertida e difícil,ou ainda, se o seu trabalho de parto não estiver progredindo normalmente.

    Na cesariana, a barriga será coberta com um anti-séptico destinado a exterminar asbactérias e a anestesia será a epidural (em alguns casos a geral é necessária). Agestante tomará soro e uma sonda será introduzida na bexiga para esvaziá-la. A cirurgianão poderá ser acompanhada pela mãe, já que uma tela será colocada na parte superiordo seu corpo, impedindo sua visão.

    Uma incisão horizontal, de 15 a 20cm, será feita acima dos pêlos pubianos, atravésda parede da barriga e então através do útero.

    Ao alcançar o bebê, o cirurgião irá tirá-lo suavemente. A equipe removerá a placentae a examinará, assim como o bebê. O corte será fechado com pontos. O procedimentodeve ser de aproximadamente 30 minutos, o parto leva em torno de 5 a 10 minutos e ofechamento do corte, em torno de 20 minutos.

    É importante saber que como uma cirurgia, a recuperação em uma cesariana é lenta,e requer a internação por alguns dias. Será difícil rir, ficar de pé, ir ao banheiro e outrasatividades rotineiras.

    Parto de Fórceps – É uma variação do parto normal que se dá através daintrodução de uma pinça na vagina da mulher adaptando-a a cabeça do bebê a fim de

    ajudar a expulsão. Este tipo de parto é cada vez menos recomendado por poder ser muitotraumático para a mãe e para o bebê e só é realizado em circunstâncias quando o parto éiminente e onde o parto normal e a cesariana já não são possíveis. Quando a mãe nãoconsegue “empurrar” o bebê ou em casos em que a criança está sentada, é prematura outem uma cabeça maior do que a dilatação da vagina da mãe, é utilizado o fórceps. Nesteprocesso o aparelho é encaixado na cabeça do bebê, após a apisiotomia na mãe, epuxado delicadamente pelo médico.

    Parto de Cócoras – Também é uma variação do parto normal, sendo muitodefendido entre os naturalistas. É de origem indígena, ou seja, as índias têm seus filhosde cócoras, instintivamente, auxiliadas pela ação da gravidade e de sua potente

    musculatura, treinada por toda vida, pois é de cócoras que elas exercem a maioria desuas atividades.Desde a mais remota antiguidade as mulheres procuravam posições que facilitassem

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    o parto. Nas gravuras antigas o mais comum é ver mulheres ajoelhadas, de cócoras, ouem banquinhos baixos de parto. De um jeito ou de outro o que se observa é que as costasestão em posição vertical. A posição das pernas é variável.

    Também é muito comum ver nessas figuras alguém dando suporte por trás,segurando a parturiente por baixo dos braços.

    Às vezes é um homem, em outras é uma mulher. Até hoje, nas comunidades nativas

    (índios brasileiros, por exemplo) o parto ainda acontece dessa forma.É claro que estamos falando aqui do parto em si, e não do trabalho de parto, quepode durar horas e até dias. A posição de cócoras é vantajosa durante o períodoexpulsivo, que dura de alguns minutos a uma hora, na maioria dos casos. Durante todo otrabalho de parto a mulher deve ficar em poses variadas, sentada, ajoelhada, andando,etc.

    Na civilização ocidental, com a entrada da figura do obstetra no parto, as mulheresforam colocadas deitadas de costas em mesas cada vez mais específicas, com as pernasabertas, para que a região genital pudesse ser bem observada. E assim é que funcionaaté hoje, para a maioria dos médicos e hospitais.

    Por outro lado, vários artigos já foram publicados enumerando as vantagens do parto

    verticalizado em relação à posição de litotomia (deitada de costas).

    Entre as vantagens podemos citar algumas:

    - O parto é mais rápido, pois é auxiliado pela gravidade;

    - A oxigenação do bebê é melhor, pois não ocorre a compressão da veia cava pelopeso do útero;

    - A necessidade de episiotomia é menor;

    - A mulher sente-se mais no controle da situação;

    - O companheiro tem uma participação mais ativa ao prover o suporte da posição.

    A desvantagem é que os médicos não conseguem controlar o parto da forma comoforam ensinados.

    Não há necessidade de cadeiras especiais para se fazer um parto de cócoras. Bastaque a mulher suba na cama comum, ajoelhada entre as contrações e acocorada na horadas contrações, apoiando-se de um lado no companheiro, do outro em uma enfermeira ouauxiliar. Também é possível para o companheiro ficar sentado sobre a banqueta que fica

    ao lado da cama, enquanto a parturiente se acocora e se apóie nas pernas abertas docompanheiro, de costas para ele.Enfim, um pouco de boa vontade, criatividade e confiança no instinto da mulher são

    suficientes para se fazer um parto de cócoras em qualquer ambiente, hospitalar ou não.Com relação à preparação, não há necessidade de ser uma atleta ou uma índia para

    parir de cócoras. O hábito de se agachar durante a gestação, ou mesmo ficar algunsminutos de cócoras diariamente, por exemplo, na hora da TV, já é o suficiente. Masmesmo uma mulher sem essa preparação, que não costuma ficar acocorda, podeperfeitamente ficar alguns minutos nessa posição durante as contrações do períodoexpulsivo.

    Parto de Leboyer – Mais uma variação do parto normal que surgiu na França. Esteparto é realizado na penumbra, com som ambiente, geralmente música clássica para nãoagredir o recém-nascido. Assim que nasce, a mãe coloca o bebê na barriga, faz

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    massagem e o leva até a mama para amamentar; logo após, o pai dá banho no filho aolado da mãe, também o massageando. A água deve ter a temperatura da “bolsa daságuas” intra-uterina, ou seja, próximo dos 36 graus.

    Parto na posição de Sims – É uma técnica aplicada ao parto normal na qual a mãefica deitada de lado. Defende-se que na posição lateral, as contrações se coordenammelhor, facilitando o parto, o útero descomprime os grandes vasos mantendo a circulação

    e o bem-estar fetal.

    Parto na água – Trata-se de uma técnica que surgiu na Rússia, também aplicada aoparto normal que se dá numa banheira com água morna.

    O parto na água é uma modalidade de nascimento onde a mulher fica dentro daágua durante o período expulsivo de modo que o bebê chega ao mundo no meioaquático, exatamente como estava no útero. A água é aquecida a 36ºC, o ambientegeralmente fica à meia luz e o pai ou acompanhante pode entrar na banheira com a futuramãe.

    Esses nascimentos costumam ser muito suaves e calmos e muitos bebês sequerchoram quando são trazidos à tona para o colo de suas mães.

    Alguns médicos alegam que nesse parto não é seguro, porque o bebê pode aspirarágua. Na verdade os registros de incidentes nos partos aquáticos são muito raros ecomparado com partos na mesa ginecológica o parto na água não perde em segurança,mas ganha em qualidade do nascimento.

    Outros profissionais alegam que na água não dá para fazer a episiotomia. Esteargumento é falho já que a questão é que no Brasil faz-se mais episiotomia que orecomendado pela Organização Mundial de Saúde e outros órgãos de saúde. Na águamorna o períneo fica bastante relaxado em relação ao parto tradicional, e as rupturas sãoraras e geralmente muito superficiais. A episiotomia nesse tipo de parto embora sejapossível, é desnecessária em quase todos os casos.

    O uso da banheira também pode ser iniciado antes do período expulsivo, pararelaxamento e para a suavização das sensações do trabalho de parto. As contraçõesficam menos fortes e o bebê pesa menos sobre o colo do útero. Muitas mulheres saeminstintivamente da água na hora do bebê nascer, preferindo ficar sobre um colchão, decócoras, deitada em posição semi-reclinada, ou até de lado (posição de Sims).

    Apesar das inúmeras variações de posição, podemos dizer que a melhor posição éaquela que a mulher escolhe por se sentir melhor e mais no controle de seu processo departo. Esse deveria ser o objetivo da obstetrícia e da boa assistência ao parto: oferecerum ambiente de parto onde a mulher possa se concentrar naquilo que seu corpo pede.

    Parto em Casa – Este tipo de parto é bastante comum nas zonas rurais e de regiões

    mais pobres do país. Porém nas zonas urbanas, algumas mulheres optam por um partoresidencial por se sentirem mais seguras num ambiente conhecido. É importante saberque o seu médico só concordará com esta opção caso sua gestação tenha transcorridosem problemas e se a possibilidade de parto normal for dominante. Também é necessárioque o médico avalie se as condições do local permitem um parto seguro.

    Parto Natural – O termo parto natural pode designar um grande número de tipos departos. Mas em termos gerais podemos entender como um parto com um mínimo deintervenções. Isto só é possível se o atendente do parto (obstetra, obstetriz, enfermeiraobstétrica, parteira) for alguém que tenha o conceito da não intervenção bem formatado.

    Neste parto a grávida se prepara para lidar com um dos maiores desafios ao parto

    natural: a dor. E acaba tendo que encontrar muitas ferramentas para lidar com a dor doparto sem o auxílio de anestesia, tais como: respiração, posições que diminuem a dor,massagens, caminhar durante as contrações. É necessário que a grávida prepare-se no

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    pré-natal através de exercícios e orientações, pois se sabe que a anestesia é oprocedimento médico que acaba “chamado” outras intervenções, e por definição o partodeixa de ser natural.

    Parto Humanizado – A idéia de se humanizar o parto vem fato de que muitosserviços médicos ignoram as recomendações da Organização Mundial da Saúde e deoutros órgãos que acabam realizando o parto com uma série de intervenções que cada

    vez mais vêm sendo consideradas desnecessárias.Desta forma, “parto humanizado” seria aquele em que se faz uso do menor númeropossível de intervenções, podendo este termo ser estendido como sinônimo do “partonatural”.

    Abaixo citamos algumas das intervenções que são consideradas desnecessárias emuitas vezes inadequadas, mas que continuam em prática na maioria dos hospitais ematernidades.

    4.2.2. Intervenções durante o parto

    São os procedimentos que geralmente os médicos (e outras pessoas presentes emsala de parto) realizam durante o parto:

    •  Restrição da movimentação, fazendo com que a mulher fique deitada durantetodo o trabalho de parto. Manter uma parturiente deitada em uma cama é a maiscomum e utilizada forma de se acompanhar uma parturiente, e a maioria dasmulheres refere que tem mais dores deitadas. Alega-se que não há espaço noscentros obstétricos para as mulheres caminharem e mudarem de posição. Diz-seque é mais “seguro”. No entanto, estudos provaram há muito tempo que a mulherdeve ter liberdade de posição e movimentação durante todo o trabalho de parto e

    parto.•  Outra intervenção sutil é colocar a parturiente na posição ginecológica, ou

    posição de LITOTOMIA, que a maioria das mulheres acha desconfortável física eemocionalmente. Está sendo provado que a posição melhor para a mãe e para obebê, a mais fisiológica, a que determina as melhores aberturas dos ossos dabacia para o parto são as posições VERTICAIS (cócoras, sentada, de joelhos,semi-sentada, cócoras sustentada, em pé).

    •  Episiotomia: É o corte realizado no períneo na hora do parto, para aumentar odiâmetro da abertura em termos musculares, e teoricamente, para diminuir a

    possibilidade de roturas espontâneas. Teoricamente, porque é grande a chancede extensão ou prolongamento da episiotomia. Temos dois tipos de corte: um queé feito no meio do períneo (em direção ao ânus), que é chamado de episioMEDIANA, ou PERINEOTOMIA e a outra que é feito um corte em direção aolado, geralmente direito, que é chamada de MEDIOLATERAL DIREITA, maiscomumente praticada. Atualmente nos meios científicos já é aceito que não sejaum procedimento de rotina e sim que é necessário avaliar se sua realização deveou não ser feita uma vez que pode ser danosa quando realizada sem indicação.

    •  Anestesia ou analgesia (retirada da dor) que pode ser peridural, raqui ou geral.Existem também medicamentos que aliviam a dor durante o parto, analgésicos,

    principalmente medicamentos opiáceos, de ação no sistema nervoso central,sendo o principal a DOLANTINA.

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    Parto X Diabetes

    Em casos de gestantes diabéticas, o parto, a menos que se suspeite que o fetoesteja em perigo, não deve ser induzido antes do termo. A cesariana, deve ser praticadaquando for verificado pelo médico a ausência de condições para indução, capacidade

    pélvica questionável (bacia estreita), macrossomia fetal (4kg), histórico de perdas fetaispela via vaginal, cesarianas anteriores e provas funcionais, indicando baixas reservasuerolacentárias de oxigênio e sofrimento fetal.

    Caso contrário, será permitida a via vaginal (parto normal). É dada preferência àanestesia peridural. Além disso, o parto deve ser acompanhado por um neonatologista e,se possível, em ambiente que disponha de recursos para cuidados intensivos ao recém-nascido.

    O Corpo Após o Parto

    Após o nascimento, o útero começa a se contrair para recuperar o seu tamanhonormal: seus músculos são extremamente flexíveis, e como uma mola que se estica, elevolta à sua forma original. Esse processo de contração é fundamental porque ajuda odescolamento da placenta, normalmente expulsa pelo organismo materno, pouco depoisdo parto. Quando ela sai, os vasos que a ligam à parede uterina se rompem, provocandouma ferida – do tamanho da palma da mão – e consequentemente, um sangramento. Amulher perde cerca de 500ml de sangue. Mas seu organismo já está preparado para isso.

    A saída da placenta provoca uma descarga de hormônios. Uma parte é eliminada junto com ela e outra cai na circulação. Isso ajuda a mulher a se recuperar, poiscompensa parcialmente a perda repentina de sangue que ocorre no parto.

    Ainda na sala de parto, a mulher perde cerca de seis quilos, que correspondem aopeso do bebê, da placenta, do líquido amniótico e dos sangramentos.

    Nos primeiros minutos, mãe e bebê continuam ligados pelo cordão umbilical, quepulsa nitidamente e ainda leva oxigênio ao pequeno. Alguns médicos preferem cortá-loimediatamente, outros só fazem isso um pouco mais tarde. Após esse momento o bebêvai ser cuidado (peso, exames e quem sabe o primeiro banho). Enquanto isso o obstetratoma os últimos cuidados para que a mãe possa ir para o quarto descansar. Se o parto foinormal, ele examina o colo do útero e o canal vaginal para verificar se não houvenenhuma ruptura na passagem do bebê, ou se a placenta e suas membranas saíramtotalmente. É uma medida de precaução, a fim de evitar futuras complicações, comohemorragias e infecções. Se tudo estiver bem, o médico começa a fazer a sutura do

    períneo caso seja necessário. Esta intervenção dura em média de 15 a 30 minutos. Nocaso da cesariana, a costura leva mais tempo e depois a mamãe ainda fica emobservação para ver se o seu útero está se contraindo bem.

    Atualmente em muitos hospitais os bebês são levados juntamente com a mãe para oquarto uma vez que tenha sido verificado que os dois estão em boas condições. O“berçário” tem sido um espaço cada vez menos utilizado em várias maternidades uma vezque os bebês, após o nascimento, permanecem o tempo todo ao lado da sua mãe.

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    Os padrões alimentares dos bebês são diferentes dos adultos. Para o seu tamanho,eles requerem mais calorias e precisam de alimentos de tipos, texturas e porçõesdiferentes para a manutenção da boa saúde, crescimento e desenvolvimento adequados.

    Durante o primeiro ano, a taxa de crescimento é mais rápida do que qualquer outraetapa da vida. Entretanto, os sistemas orgânicos não estão totalmente desenvolvidos e,como resultado, a capacidade para digestão, aproveitamento e excreção de nutrientes,também não é plena. A nutrição nesse estágio precisa ir de encontro às necessidades deproteína, energia, minerais, vitaminas e outros nutrientes específicos, de acordo com amaturidade fisiológica dos órgãos. A dieta do bebê não pode exceder seus requerimentos,nem sobrecarregar sua capacidade digestiva ou de excreção.

    A melhor forma de alimentação é o aleitamento materno exclusivo para os primeirosquatro a seis meses de vida, seguido da introdução de alimentos sólidos e líquidosapropriados para a idade, com a continuação do aleitamento.

    Muitos dos benefícios já conhecidos da amamentação materna são

    substancialmente maiores quando essa forma de alimentação é exclusiva pelo menos atéo quarto mês.A amamentação fornece alimentos adequados para a manutenção da saúde,

    crescimento e desenvolvimento dos bebês, ao mesmo tempo que beneficia a mãelactante. O leite humano é considerado o alimento ideal para o primeiro ano de vida,incluindo casos de bebês prematuros ou doentes, exceto em poucos casos decontaminações específicas e doenças maternas.

    As vantagens do aleitamento materno são realmente indiscutíveis e incluembenefícios nutricionais, imunológicos e fisiológicos tanto para o bebê quanto para a mãe,assim como também benefícios econômicos.

    Benefícios psicológicos – Estabelecendo uma ligação mais íntima entre a mãe e obebê, a amamentação satisfaz de modo mais amplo às necessidades emocionais deambos e oferece ao bebê a maior garantia de um equilíbrio interno em uma época deimportância decisiva para a formação da personalidade, como é o primeiro ano de vida.

    O aleitamento confere segurança emocional e estreita o vínculo e a afetividade entremãe e filho. A composição única do leite materno, principalmente no que diz respeito àsgorduras, desempenha importante função no desenvolvimento neuro-psicológico. Alémdisso, alguns estudos mostraram melhores resultados em testes de inteligência emcrianças amamentadas ao seio. E o aumento no desenvolvimento cognitivo foiproporcional à duração do aleitamento durante a infância.

    Benefícios nutricionais – O leite humano proporciona nutrição ótima aos bebês porsua composição adequada e o balanço apropriado de nutrientes de fácil digestão eaproveitamento. O conteúdo relativamente baixo de proteínas é adequado e tem fácildigestão, o que não sobrecarrega o sistema renal, ainda imaturo.

    As gorduras são de absorção fácil, graças à sua composição. O leite humano é umaótima fonte de colesterol; isto parece ser benéfico para o prematuro que precisa de fonteexterna de colesterol, bem como para todos os demais lactentes para o desenvolvimentonormal dos mecanismos de controle do colesterol, que serão necessários na idade adulta.

    O elevado conteúdo de ácidos graxos polinsaturados assegura o bomdesenvolvimento do sistema nervoso central. Dos carboidratos do leite materno, a lactose

    representa aproximadamente 90%. O restante é formado por glicoproteínas, quedesempenham importante papel na produção de ácidos que inibem o crescimento debactérias intestinais nocivas.

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    Por ter quantidade relativamente baixa de sódio, é possível atingir os requerimentosnecessários de líquidos da criança apenas com o aleitamento. Os minerais sãobalanceados de forma a melhorar sua absorção, e proporcionam boa provisão de ferro,zinco e cálcio, de acordo com as necessidades infantis e com mínima demanda dasreservas maternas.

    Todas as vitaminas estão presentes no leite materno. O valor calórico do leite

    materno é de cerca de 68 calorias por 100ml. Como o leite passa direto do seio para aboca do bebê, sem qualquer intermediário, ele é fornecido em temperatura apropriada eisento de germes patogênicos.

    Benefícios imunológicos – O leite humano é único na proteção imunológica quefornece ao bebê, por meio de uma série de mecanismos. Essa proteção tem importânciaparticular nas primeiras semanas de vida, quando o sistema imunológico é imaturo e acriança está mais susceptível a infecções.

    Componentes celulares do sistema imunológico, como linfócitos, macrófagos emonócitos estão presentes no colostro e ainda persistem em menores quantidades noleite normal, mas em forma ativa, por vários meses.

    Colostro  é o nome dado ao “leite dos primeiros dias” pós-parto. É um líquidoamarelo, transparente, levemente salgado e com aparência aguarda, e depois de algunsdias vai clareando e tornando-se mais opaco, até chegar ao leite materno, que édefinitivo. É produzido até o 7º dia. Do 7º ao 15º é produzido um leite de transição edepois disso é produzido o leite maduro. Durante o primeiro mês de vida, o bebê precisade um alimento especial, sem muitas moléculas de sais, que sobrecarregariam osdelicados rins.

    Além disso, o intestino do recém nascido precisa começar a funcionar lentamente,expulsando inicialmente algumas substâncias secretadas na gestação, para funcionarcorretamente.

    Além de ajudar o intestino da criança a trabalhar, por ser um laxante suave, ocolostro carrega, em média, vinte vezes mais imunoglobulinas A (IgA) do que o leite seráproduzido pela mãe nos meses seguintes. Essas imunoglobulinas transformam o colostronuma vacina.

    Herdadas da mãe, as moléculas de imunoglobulina se alojam nas mucosasrespiratórias e no tubo digestivo da criança para proteger o organismo indefeso contrainvasores como vírus e bactérias.

    As imunoglobulinas desempenham um papel muito importante na proteção do tratogastrointestinal.

    A flora intestinal formada em resposta à composição química do leite materno,garante a acidez intestinal que dificulta o desenvolvimento de microorganismos

    prejudiciais. Os hormônios promovem a maturação do trato intestinal.O leite materno também contém endorfina, substância química que ajuda a suprimira dor. É uma boa idéia amamentar o bebê logo após ele ser vacinado. Ajuda a superar ador e o leite ma