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Relatório de Estágio
Mestrado Integrado em Medicina
EMERGÊNCIA PRÉ-HOSPITALAR: “OBJETIVO-HOSPITAL”
Custódio José Capela Leite Rodrigues
Orientador
Dr. António Marques
Porto 2012/2013
II
Custódio José Capela Leite Rodrigues
ESTÁGIO NO INSTITUTO NACIONAL DE EMERGÊNCIA MÉDICA
Dissertação do Mestrado Integrado em Medicina submetida ao Instituto de Ciências
Biomédicas de Abel Salazar, da Universidade do Porto.
ORIENTADOR:
Nome completo: António Marques da Silva
Grau académico: Licenciatura em Medicina, Mestrado em Medicina
Título profissional: Especialista em Anestesiologia, com grau de Chefe de Serviço de
Anestesiologia na Carreira Médica, nomeado Diretor do Departamento de Anestesiologia,
Cuidados Intensivos e Emergência, do Centro Hospitalar do Porto; Professor Associado
Convidado do Curso de Medicina, no ICBAS, da Universidade do Porto
III
RESUMO
A emergência médica é constituída por diferentes abordagens, consoante seja em ambiente
hospitalar ou não hospitalar. Em Portugal, a emergência médica pré-hospitalar é regulada e
dirigida pelo Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), entidade coordenadora e
participante do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), que desenvolve toda a
atividade de emergência, incluindo o sistema de socorro pré-hospitalar, transporte, receção
hospitalar, referenciação adequada do doente urgente, formação em emergência médica,
planeamento civil e rede de telecomunicações.
Como complementação da minha formação médica, optei por fazer um estágio de
observação no INEM. Este estágio teve a duração de 84horas, distribuídas por 3 meios
INEM, sendo estes, Viatura Médica de Emergência e Reanimação, Ambulância de Suporte
Imediato de Vida e Ambulância de Emergência Médica e passagem pelo Centro de
Orientação de Doentes Urgentes (CODU).
Este estágio teve como objetivos gerais aprender a situar o papel do médico na abordagem
e tratamento do doente emergente, a identificar as principais situações de emergência do
foro médico e traumatológico, técnicas “life-saving” assumidas como essenciais para a
manutenção da vida no doente grave, tomar conhecimento dos protocolos de atuação e
saber aplicar os Algoritmos de Suporte Avançado de Vida. Foi também objetivo deste
estágio tomar consciência da importância do trabalho em equipa na Emergência Médica. Do
ponto de vista de competências a adquirir este estágio incidiu sobre competências de
liderança e de gestão em situação de pressão e ansiedade, próprias da abordagem do
doente muito grave e urgente, técnicas de reanimação e estabilização de doentes
emergentes, em situação de doença súbita e trauma, trabalho em equipa e responsabilidade
e ética profissional.
Considero que o estágio foi bem sucedido, com todos os objetivos cumpridos, ficando
apenas a lamentar não ter tido oportunidade de ver outro tipo de doentes, como mais
situações de trauma, AVC, sepsis ou queimados.
IV
ABSTRACT
Medical emergency has different approaches in hospital and non-hospital environments. In
Portugal, pre-hospital emergency is regulated by the National Institute of Medical Emergency
(INEM) that also regulates the Integrated System of Medical Emergency (SIEM). The SIEM
develops all the activity of emergency including pre-hospital care, transport, hospital
reception and transmission of information of the urgent patient. SIEM also regulates medical
emergency training, civil planning and communications.
As a complement of my medical training I chose to do an observational internship at INEM.
This internship lasted 84hours distributed by 3 INEM emergency means, these being the
Medical Car of Emergency and Reanimation (VMER), Ambulance of Immediate Life Support
(SIV) and Ambulance of Medical Emergency (AEM) and observation at the Guidance Centre
of Emergency Patients (CODU).
This internship general targets were to learn the role of the physician in the approach and
care of the urgent patient, to be able to identify the major emergencies, to learn essential life-
saving techniques for the seriously ill, to take knowledge of acting protocols and to know how
to apply Advanced Life Support Algorithms. It was also a purpose of this internship to gains
consciousness of the importance of teamwork in Medical Emergency. Skills of leadership
and management, in great pressure and anxiety situations of care of emergent patient as
well as reanimation and stabilization techniques in situations of sudden illness and trauma,
teamwork, responsibility and medical ethics were acquired.
The internship was successful with targets matched, lacking the opportunity to see more
patients of trauma and to see patients of stroke, sepsis or burned.
V
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAS – Ácido Acetilsalicílico
AEM – Ambulância de Emergência Médica
AP – Auscultação Pulmonar
AS – Ambulância de Socorro
AVC – Acidente Vascular Cerebral
AVD – Atividades de Vida Diárias
BPM – Batimentos por minuto
BV – Bombeiros Voluntários
CAPIC – Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise
CCO – Consciente, Colaborante e Orientado
CHP – Centro Hospitalar do Porto
CHPV – Centro Hospitalar da Póvoa do Varzim
CIAV – Centro de Informação Antivenenos
CIPSE – Centro de Intervenção e Planeamento para Situações de Exceção
CODU – Centro de Orientação de Doentes Urgentes
CODU-Mar – Centro de Orientação de Doentes Urgentes no Mar
CPM – Ciclos por minuto
DAE - Desfibrilhação Automática Externa
DNI – Dinitrato de Isosurbilo
DM – Diabetes Mellitus
DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica
EAM – Enfarte Agudo do Miocárdio
VI
ECG - Eletrocardiograma
ECG 12D – Eletrocardiograma de 12 Derivações
EM – Emergência Médica
EV – Endovenosa
FA – Fibrilhação Auricular
FC – Frequência Cardíaca
FR – Frequência Respiratória
GNR – Guarda Nacional Republicana
GPS – Global Positioning Sistem
HGSA – Hospital Geral Santo António
HSJ – Hospital São João
HTA – Hipertensão Arterial
IC – Insuficiência Cardíaca
ICBAS – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar
ICC – Insuficiência Cardíaca Congestiva
INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica
IRC – Insuficiência Renal Crónica
MONA – Morfina + Oxigénio + Nitrato + Ácido Acetilsalicilico
P1 – Prioridade 1
P3 – Prioridade 3
P5 – Prioridade 5
P8 – Prioridade 8
PCR – Paragem Cárdiorespiratória
PEM – Posto de Emergência Médica
VII
PLS – Posição Lateral de Segurança
PMA – Posto Médico Avançado
PSP – Polícia de Segurança Pública
SAV – Suporte Avançado de Vida
SBV - Suporte Básico de Vida
SCA – Síndrome Coronário Agudo
SDR – Sinais de Esforço Respiratório
SF – Soro Fisiológico
SIEM - Sistema Integrado de Emergência Médica
SIV – Ambulância de Suporte Imediato de Vida
SpO2 – Saturação Periférica de Oxigénio
SU – Serviço de Urgência
TA – Tensão Arterial
Tax – Temperatura Axilar
TAE – Técnico de Ambulância de Emergência
TCE – Traumatismo Crânioencefálico
TIP – Transporte Inter-hospitalar Pediátrico
TM – Triagem de Manchester
UMIPE – Unidade Móvel de Intervenção Psicológica de Emergência
UP – Universidade do Porto
VIC – Viatura de Intervenção em Catástrofe
VMER – Viatura Médica de Emergência e Reanimação
VIII
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS
Figura 1 – Cadeia de sobrevivência da vítima adulta
Figura 2 – Algoritmo Suporte Básico de Vida no Adulto
Figura 3 – Algoritmo Suporte Básico de Vida Pediátrico
Figura 4 – Algoritmo Desfibrilhação Automática Externa
Figura 5 – Algoritmo Suporte Avançado de Vida no Adulto
Figura 6 – Algoritmo Suporte Avançado Pediátrico
Gráfico 1- Distribuição da carga horária por meio
Gráfico 2 - Número de saídas por meio
Gráfico 3 - Média de saídas por turno
Tabela1- Caracterização de saídas por meio
Tabela 2- Triagem de Manchester das ativações por meio
Tabela 3 – Distribuição das doenças súbitas por meio
Tabela 4- Distribuição dos Traumas por meio
Tabela 5- Distribuição das ocorrências por faixa etária e meio
Tabela 6- Distribuição das ocorrências por local e meio
IX
AGRADECIMENTOS
Apesar de muitas pessoas terem contribuído para o realizar desta tese e do curso, apesar
de não querer nem dever esquecer ninguém, vou apenas agradecer aos meus pais e à
minha avó materna, por terem ajudado a fazer de mim aquilo que sou hoje.
X
ÍNDICE
RESUMO .............................................................................................................................. III
ABSTRACT .......................................................................................................................... IV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................. V
LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E TABELAS .................................................................. VIII
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................ IX
I. INTRODUÇÃO................................................................................................................ 1
1. MOTIVAÇÕES E OBJETIVOS DO ESTÁGIO ............................................................. 1
2. PEQUENA INTRODUÇÃO HISTÓRICA ...................................................................... 2
3. SERVIÇOS DO INEM ................................................................................................. 3
4. MEIOS DO INEM ........................................................................................................ 5
5. ABORDAGEM INICIAL DA VÍTIMA ............................................................................. 7
6. CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA ................................................................................... 7
II. DISCUSSÃO .................................................................................................................. 9
METODOLOGIA ................................................................................................................ 9
RESULTADOS ................................................................................................................... 9
ANÁLISE DAS ATIVAÇÕES ............................................................................................ 28
COMENTÁRIO ÀS ATIVAÇÕES ...................................................................................... 31
III. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 33
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 34
ANEXOS .............................................................................................................................. 36
ANEXO I – ALGORITMOS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA .......................................... 37
ANEXO II – ALGORITMOS DE DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA ............... 40
ANEXO III – ALGORITMOS DE SUPORTE AVANÇADO DE VIDA ................................. 42
ANEXO IV – FICHAS DE REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO ................................................... 45
1
I. INTRODUÇÃO
1. MOTIVAÇÕES E OBJETIVOS DO ESTÁGIO
Como parte integrante do 6º ano do Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de
Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto (UP), em parceria com
o Centro Hospitalar do Porto (CHP), existe a unidade curricular de
“Dissertação/Projeto/Relatório de Estágio”. Para a realização desta unidade curricular, deve-
se realizar uma tese que pode assumir qualquer um dos três formatos incluídos no nome da
unidade curricular. Perante a possibilidade de realização de um estágio em Emergência
Médica Pré-Hospitalar, esta apresentou-se como uma oportunidade única de ter contacto
com a realidade passada na rua, fora do conforto do hospital onde a tomada de decisão
rápida e sem a opção de consulta constante de um colega fazem parte do dia a dia de
atuação. A abordagem de um doente emergente fora do contexto hospitalar apresenta-se
assim como um importante complemento à formação médica que temos ao longo do curso.
Por isso, e pelo fascínio que tenho pela área, optou-se pela realização de um Estágio de
Observação no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
Com o objetivo de aprofundar os conhecimentos na área de atuação do doente emergente
em contexto pré-hospitalar este estágio pretende ajudar a situar o papel do médico na
abordagem e tratamento do doente emergente, reconhecendo-o como fundamental na
liderança das equipas que prestam cuidados a esse tipo de doentes. Para se poder liderar
uma equipa é necessário tomar consciência da importância do trabalho em equipa na
Emergência Médica, não descurando ser também portador de elevada responsabilidade e
ética profissional. É, também, objetivo deste estágio desenvolver capacidades de liderança e
de gestão de equipa, em situação de pressão e ansiedade próprias da abordagem do
doente muito grave e emergente. Para liderar e atuar, é essencial saber identificar as
principais situações de emergência do foro médico e traumatológico e saber atuar de acordo
com as melhores práticas médicas. Mais especificamente, pretende-se aprender técnicas
“life-saving”, assumidas como essenciais para a manutenção da vida no doente grave e
conhecer os protocolos de atuação e aplicar os Algoritmos de Suporte Avançado de Vida.
Além dos objetivos citados anteriormente, pretende-se perceber melhor o funcionamento e
organização da emergência pré-hospitalar em Portugal.
Neste relatório será feita uma breve revisão do funcionamento da emergência médica pré-
hospitalar em Portugal, com foco especial no INEM, e nos protocolos a seguir em situações
2
de PCR. Seguidamente, serão apresentados os métodos, resultados e discussão dos casos
presenciados.
2. PEQUENA INTRODUÇÃO HISTÓRICA
A emergência médica pré-hospitalar surgiu primeiramente em contexto militar. Dois
cirurgiões militares, Dominique Larrey e Pierre Percy, integrantes das tropas de Napoleão,
organizaram um sistema de ambulâncias cuja prioridade era a estabilização das vitimas no
local e o seu rápido transporte até ao hospital. A partir deste exemplo foram criados dois
modelos de assistência pré-hospitalar: o modelo Anglo-Saxónico, “Scoop and Run”, e o
modelo Franco-Germânico, “Stay and Play”. O primeiro tem como principal objetivo o
transporte rápido à Unidade Hospitalar após uma breve estabilização no local realizada por
uma equipa de Paramédicos, enquanto o segundo, defende a realização do maior número
de cuidados possíveis no local, de modo a garantir a melhor estabilização possível da
vítimar feita por uma equipa mais diferenciada, com recurso a enfermeiros e médicos. Como
ambos os modelos apresentavam virtudes e defeitos, foi posteriormente criado o modelo
“Play and Run”. Este modelo tem por objetivo reunir as vantagens dos dois modelos
anteriores e é o modelo atualmente usado em Portugal na emergência pré-hospitalar. Os
princípios deste modelo baseiam-se no rápido transporte das vítimas para uma Unidade
Hospitalar, no caso destas estarem estáveis, e na ativação de meios diferenciados capazes
de estabilizar a vítima no local e garantir a sua estabilização durante o transporte (Instituto
Nacional de Emergência Médica, 2000).
Em Portugal, o auxílio pré-hospitalar teve início em 1965, com a criação do número nacional
de socorro (115), que ativava uma ambulância tripulada por agentes da Polícia de
Segurança Pública (PSP) que efetuavam os primeiros socorros e transportavam as vítimas
para o hospital, na cidade de Lisboa (Instituto Nacional de Emergência Médica, 2000).
Em 1981, foi criado o Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM). O SIEM trata-se de
um conjunto de entidades que cooperam com o objetivo de prestar assistência às vítimas de
acidente ou doença súbita. Essas entidades são a Polícia de Segurança Pública (PSP), a
Guarda Nacional Republicana (GNR), o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), os
Bombeiros, a Cruz Vermelha Portuguesa, a Linha Saúde 24 e os Hospitais e Centros de
Saúde nacionais. O SIEM é ativado pelo Número Europeu de Emergência, o 112. Foi
também em 1981 que o INEM foi criado (INEM, 2009).
3
O INEM é o organismo do Ministério da Saúde responsável por coordenar o funcionamento,
no território de Portugal Continental, do SIEM. Atualmente, quando se liga 112, o
atendimento das chamadas é feito pela PSP, nas centrais de emergência. Sempre que o
motivo da chamada seja relacionado com saúde, esta é encaminhada para os Centros de
Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do INEM (INEM, 2009).
O INEM tem como missão definir, organizar, coordenar, participar e avaliar as atividades e
funcionamento do SIEM, de forma a garantir aos sinistrados ou vítimas de doença súbita a
pronta e correta prestação de cuidados de saúde, assegurando a sua articulação com os
serviços de urgência e ou emergência nos estabelecimentos de saúde (Decreto-Lei n.º
34/2012 de 14 de fevereiro, 2012).
3. SERVIÇOS DO INEM
CODU
Os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) são Centrais de Emergência
Médica responsáveis pelos pedidos de auxílio médico do Número Europeu de Emergência -
112. Cabe aos CODU atender, triar e dar seguimento às emergências, disponibilizando os
recursos adequados e disponíveis à situação.
Perante uma chamada, e de acordo com a utilização dos fluxos de triagem instituídos, será
atribuída uma prioridade à situação. Do mais prioritário para o menos, as ocorrências podem
ser classificadas como P1, P3, P5 ou P8. A utilização destes fluxos de triagem é recente e
tende a sobrevalorizar a gravidade das situações, uma vez que em caso de dúvida, foi feito
para atribuir uma prioridade superior, de modo a que vítimas urgentes, que por força de uma
triagem deficiente ou ausência de sintomatologia sugestiva de gravidade, não deixem de ser
convenientemente socorridas. Quanto às prioridades dos fluxos, no caso de um evento P1,
é aconselhado o envio de um meio diferenciado da zona, ou seja, uma Viatura Médica e
Emergência e Reanimação (VMER) ou uma ambulância de Suporte Imediato de Vida (SIV).
No caso do meio enviado ser a VMER, é também enviada uma Ambulância de Emergência
Médica (AEM). No caso de inexistência de um meio de assistência diferenciado
suficientemente próximo, e após validação médica, poderá ser enviada apenas uma AEM,
com o intuito de transportar a vítima à Unidade de Saúde mais próxima, visando assim
diminuir o tempo de assistência diferenciada. No caso de um evento P3, é aconselhado o
envio de uma AEM ou do Motociclo de Emergência Médica. Nos eventos P5, a chamada
poderá ser transferida para a autoridade no caso de esta ser necessária para a intervenção
4
ou para a Linha Saúde 24, onde será atendida por um psicólogo de forma a prestar o apoio
necessário. Nos eventos P8, a chamada será terminada.
O INEM tem quatro CODU em funcionamento, sendo estes Lisboa, Porto, Coimbra e Faro e
o seu funcionamento é assegurado, 24 horas por dia, por equipas de profissionais
qualificados (Médicos e Técnicos) com formação específica para efetuar o atendimento,
triagem, aconselhamento, seleção e envio de meios de socorro. Para esse efeito, os CODU
dispõem de um conjunto de equipamentos na área das telecomunicações e informática,
como programas especializados na localização que permitem coordenar e rentabilizar os
meios humanos e recursos técnicos existentes (INEM, 2009).
CODU-MAR
O Centro de Orientação de Doentes Urgentes Mar (CODU-Mar) tem por missão prestar
aconselhamento médico a situações de emergência que se verifiquem a bordo de
embarcações. É formado por uma equipa de médicos que garantem apoio 24 horas por dia,
com a cooperação das estações Radionavais, estações Costeiras, Centros Navais de Busca
e Salvamento e com a Autoridade Marítima Local. Cabe também ao CODU-Mar acionar a
evacuação do doente, organizar o acolhimento em terra, e encaminhá-lo para o serviço
hospitalar adequado (INEM, 2009).
CIAV
O Centro de Informação Antivenenos (CIAV) é um centro de consulta telefónica que presta
apoio referente ao quadro clínico, diagnóstico e terapêutica adequada no caso de exposição
a tóxicos. É composto por uma equipe médica especializada que presta auxílio a
profissionais e público geral (INEM, 2009).
TIP
O Transporte Inter-hospitalar Pediátrico (TIP) é um serviço que se dedica ao transporte de
recém-nascidos e doentes pediátricos em estado crítico entre Unidades de Saúde. As
ambulâncias que asseguram este serviço dispõem de uma tripulação constituída por um
médico, um enfermeiro e um técnico de ambulância de emergência (TAE), estando
equipadas com todo o material necessário à estabilização de doentes dos 0 aos 18 anos de
idade, permitindo o seu transporte para hospitais onde existam unidades diferenciadas com
capacidade para o seu tratamento (INEM, 2009).
5
CAPIC
O Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC) responde às necessidades
psicossociais da população e dos profissionais de saúde. É formado por uma equipe de
psicólogos com formação específica em intervenção em crise, emergência psicológica e
catástrofe (INEM, 2009).
CIPSE
O Centro de Intervenção e Planeamento para Situações de Exceção (CIPSE) tem por
função o planeamento e coordenação estratégica de operações de emergência médica em
cenários de exceção. É responsável pelo planeamento de situações de alto risco em que
haja intervenção do INEM, participação em missões internacionais e exercícios com vista a
garantir a eficácia das equipas do INEM (INEM, 2009).
4. MEIOS DO INEM
MOTOCICLOS DE EMERGÊNCIA MÉDICA
O motociclo de emergência médica é um meio ágil, de fácil deslocação na cidade, que
possibilita chegar mais rapidamente ao local e que transporta material que permite ao
Técnico de Ambulância de Emergência (TAE) adotar medidas iniciais para estabilização da
vitima. Estes motociclos estão equipados com um aparelho de Desfibrilhação Automática
Externa (DAE), oxigénio, adjuvantes da via aérea e ventilação, equipamento para avaliação
de sinais vitais e glicemia capilar e outros materiais de Suporte Básico de Vida (SBV) (INEM,
2009).
Ambulâncias de Emergência Médica (AEM)
Sediadas nas bases do INEM e tripuladas por dois TAE, estas ambulâncias têm como
objetivo a deslocação rápida de uma equipa de emergência médica pré-hospitalar ao local, a
estabilização clínica da vítima e o transporte assistido para o Serviço de Urgência (SU)
indicado (INEM, 2009).
Ambulâncias de Socorro (AS)
Ainda que não pertencendo aos meios do INEM as AS estão sediadas em Postos de
Emergência Médica (PEM) operados por entidades agentes de proteção civil e/ou por
elementos do SIEM, sendo tripuladas por elementos pertencentes às respetivas entidades,
6
com formação específica em técnicas de emergência médica pré-hospitalar, definida e
certificada pelo INEM (INEM, 2009).
Ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV)
Tripuladas por um TAE e um enfermeiro e, recentemente, integradas nos SU pertencentes,
as SIV têm por missão garantir cuidados de saúde diferenciados, tais como manobras de
reanimação até estar disponível uma equipa com capacidade de prestação de Suporte
Avançado de Vida (SAV) ou até à chegada ao SU. Além de todo o material também
presente nas AEM, as SIV dispõem de um monitor-desfibrilhador e materiais para garantir
acesso venoso e fármacos. O equipamento das SIV permite a transmissão de
eletrocardiograma (ECG) e sinais vitais para o CODU, a fim de serem analisados por um
médico (INEM, 2009).
Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER)
A VMER é um veículo de intervenção pré-hospitalar destinado ao transporte rápido de uma
equipa médica ao local onde se encontra a vitima. Situada numa base hospitalar, a equipa é
constituída por um médico e um enfermeiro e o seu objetivo principal é o de estabilização da
vítima e acompanhamento, caso necessário, da mesma na ambulância. A VMER possui
equipamento de SAV (INEM, 2009).
Helicópteros
Os helicópteros do INEM são equipados com equipamento de SAV e a sua equipa é
constituída por um médico, um enfermeiro e dois pilotos. Podem ser usados no transporte
de doentes graves entre unidades hospitalares ou na estabilização e transporte de doentes
desde o local da ocorrência, com especial ênfase para zonas de difícil acesso terrestre
(INEM, 2009).
Unidade Móvel de Intervenção Psicológica de Emergência (UMIPE)
A UMIPE é constituída por uma equipe que intervém com vítimas no local em situações de
acidentes de viação, mortes inesperadas ou traumáticas, emergências psicológicas,
abuso/violação física ou sexual e ocorrências que envolvam crianças, entre outras (INEM,
2009).
Viatura de Intervenção em Catástrofe (VIC)
A VIC é utilizada em situação multivítimas ou catástrofe natural. Na sua carga existe
material SAV e permite a montagem de um Posto Médico Avançado (PMA), que é um
7
pequeno hospital de campanha com capacidade para assistir 8 doentes críticos (INEM,
2009).
No final do 1ºSemestre de 2012 o INEM dispunha, dos seguintes meios de Emergência
Médica: 42VMER, 5 Helicópteros de Emergência, 32 SIV, 61 AEM e 5 Motociclos de
Emergência (INEM, 2012).
5. ABORDAGEM INICIAL DA VÍTIMA
A ativação de meios de emergência pré-hospitalar acontece essencialmente para vítimas de
doença súbita e trauma. Para cada tipo de vítima existe um protocolo de atuação. Estes
protocolos definem os procedimentos gerais que deverão ser efetuados perante qualquer
vítima de doença súbita ou trauma em situação de emergência.
Perante a vítima, deverá ser feita a avaliação primária da vítima seguindo o algoritmo de
atuação ABCDE. Em caso de necessidade deverá ser chamado apoio mais diferenciado.
6. CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA
De acordo com o conhecimento atual, considera-se que há procedimentos capazes de
modificar os resultados no socorro de vítimas de Paragem Cardiorespiratória (PCR) (Anexo
I, II, III). Estes procedimentos devem ser efetuados de forma encadeada e deveriam ser do
conhecimento do público geral. Esta sequência de ações é conhecida como “cadeia de
sobrevivência”, uma vez que o seu objetivo é salvar a vida de uma vítima de PCR. A
divulgação desta cadeia, mais concretamente dos três primeiros passos, tem sido uma das
prioridades do INEM. Esta cadeia é constituída por 4 elementos sendo eles: 1- Pronto
reconhecimento e pedido de ajuda (112), para prevenir a PCR; 2- Suporte Básico de Vida
precoce e eficiente, para ganhar tempo; 3- Desfibrilhação precoce, para reestabelecer a
atividade elétrica do coração; 4- Cuidados pós-reanimação (SAV), para melhorar a
qualidade de vida (European Resuscitation Council, 2010).
8
Figura 1 – Cadeia de sobrevivência da vítima adulta (European Resuscitation Council, 2010)
9
II. DISCUSSÃO
METODOLOGIA
Este relatório resulta da realização de dois períodos de estágio de observação no INEM. O
primeiro feito em dezembro de 2012 e o segundo em maio de 2013. Cada um dos períodos
compreende 42 horas, distribuídas por 7 turnos de 6 horas cada, totalizando 84 horas de
estágio. Em cada um desses períodos foi efetuado 1 turno de CODU, 2 de VMER, 2 de SIV
e 2 de AEM. Os turnos foram distribuídos da seguinte forma: 2 turnos no CODU-Norte, 4
turnos na VMER de Santo António, 2 turnos na SIV da Póvoa de Varzim, 2 turnos na SIV de
Vila do Conde, 2 turnos na AEM (antigas SBV) Porto 3, 1 turno na AEM Porto 1 e 1 turno na
AEM Porto 6 (Anexo IV).
Gráfico 1- Distribuição da carga horária por meio
RESULTADOS
1º e 2º turnos: VMER Santo António
(15/12/2012, 08h-20h)
1ª Saída
Ativação VMER: 09h04
Informação do CODU: Sexo masculino, 45 anos, dor torácica.
Local: Esquadra da PSP Carvalhido
VMER
SIV
AEM
CODU
10
Chegada ao local: 09h11
À chegada ao local, doente consciente, pouco colaborante, sentado na viatura da PSP.
Refere dor torácica ligeira e mal definida com início nos 30 minutos anteriores. Sem outra
sintomatologia. Nega ter feito alguma medicação. FC 101bpm, FR 14cpm, TA 130/90mmHg,
SpO2 99% Glicemia 113mg/dL, Pele e Pupilas sem alterações. Glasgow 15. ECG 12D ritmo
sinusal, sem alterações sugestivos de isquemia miocárdica.
Antecedentes Pessoais: toxicodependente – heroína
No local, o agente da PSP refere que o doente teria acabado de ser apanhado na posse de
heroína imediatamente antes de referir o aparecimento da dor.
Segue para o HSJ sem acompanhamento médico.
2ª Saída
Ativação VMER: 10h02
Informação do CODU: Sexo masculino, 80 anos, dispneia.
Local: Clínica de hemodiálise, S. Cosme
Chegada ao local: 10h11
À chegada ao local, doente com dispneia em repouso e presença abundante de secreções.
Doente com muitas comorbilidades. Terá realizado diálise durante cerca de 2h,
apresentando algum nível dispneia de base grau III. Terá sofrido agravamento do seu
padrão basal de dispneia, sem melhoria com a utilização de broncodilatador. Sem outra
sintomatologia. AP: roncos dispersos e apagamento do murmúrio vesicular nas bases. FR
18, FC 89bpm, SpO2 94% com Oxigénio a 3L, TA 130/90mmHg, Glicemia 186mg/dL.
Pupilas sem alterações, Pele pálida. ECG 12D: Fibrilação auricular. Glasgow 15.
Antecedentes pessoais: HTA, IRC em hemodiálise, neoplasia do pulmão metastizada em
tratamento paliativo com história de derrame pleural.
Medicação habitual: Polimedicado, não existindo ninguém que saiba descrever.
Tentou-se aspirar algumas secreções, levando a algum alívio da sintomatologia. Manteve-se
oxigenoterapia.
Transporte ao SU do CHP-HGSA com acompanhamento médico.
11
TM: Amarelo.
Comentário:
Devido à doença prévia do doente e às suas queixas adequa-se o recurso à VMER.
Motivada pela quase impossibilidade de trabalhar no local onde o doente se encontrava, por
falta de espaço, optou-se por transportar assim que possível para a ambulância.
Por desconhecimento do local, e ausência de funcionamento do dispositivo móvel da
ambulância, esta demorou muito tempo a chegar ao local.
3ª Saída
Ativação VMER: 12h08
Informação do CODU: Sexo masculino, 75 anos, inconsciente.
Local: Estação Campanhã.
Chegada ao local: 12h12
À chegada ao local, doente CCO, vítima de queda com laceração com cerca de 2cm na
orelha esquerda. Sem evidência de TCE ou outro trauma. Nega perda de conhecimento. FC
86bpm, FR 16cpm, TA 145/80mmHg, SpO2 98% Glicemia 93mg/dL, Pele e pupilas sem
alterações. Glasgow 15.
Antecedentes pessoais conhecidos: HTA
Medicação Habitual: AAS, desconhece os restantes.
Foi feito um penso provisório no local de forma a estancar a hemorragia.
Transporte ao HJS sem acompanhamento.
Comentário:
Esta é uma saída que me leva a pensar a forma de fazer triagem. É um caso em que
claramente não é necessária a presença da VMER. O doente teve uma pequena queda, da
qual resultou uma laceração pequena e nada mais. A indicação com que nos dirigimos para
o local era a de que o doente estaria inconsciente, sendo que, no local, nos foi possível falar
com o segurança que ligou para o CODU a pedir ajuda médica. Este disse que descreveu o
doente como inconsciente porque este estava “sentado no chão sem se levantar”. Após ter
passado pelo CODU, apercebi-me que a função de triagem é bem mais difícil do que aquilo
12
que nos parece na rua. No entanto, acho que esta chamada poderia ter sido mais
esmiuçada e a VMER poderia não ter sido chamada ao local e ter ficado disponível, caso
uma situação mais importante acontecesse.
4ª Saída
Ativação VMER: 13h06
Informação do CODU: Sexo Feminino, 60 anos, alteração do estado de consciência.
Local: R. Santa Catarina-Lar
Chegada ao local: 13h10
À chegada ao local, doente acamada, pouco colaborante, sobreponível ao seu estado
habitual. Terá feito obstrução das vias aéreas superiores ao alimentar-se. Sem queixas à
nossa chegada. FC 92bpm FR 14cpm TA 130/85mmHg SpO2 95% Glicose 112mg/dL.
VMER abandona local.
Comentário:
Este caso não é uma emergência médica, visto que a referida obstrução terá resolvido
espontaneamente. A triagem feita pelo CODU foi deficiente.
5ª Saída
Ativação VMER: 16h10
Informação do CODU: Sexo feminino, 31 anos, dor torácica.
Local: Padaria Ribeiro, S. João da Foz
Chegada ao local: 16h16
À chegada ao local, doente consciente e colaborante, com dor retroesternal em opressão,
de intensidade 5/10, sem irradiação, desde há cerca de 1 hora. Sem outra sintomatologia.
Nega ter feito alguma medicação. FC 117bpm, FR 17cpm, TA 125/70mmHg, SpO2 99%
Glicemia 101mg/dL. Pele e pupilas sem alterações. Glasgow 15. ECG 12D em ritmo sinusal,
sem sinais de isquemia miocárdica.
Antecedentes pessoais: Depressão major, medicada com fluoxetina, 20mg/dia.
Transporte ao SU do CHP-HGSA, com acompanhamento médico.
13
TM: Amarelo.
3º e 4º turnos: AEM Porto 3, Aldoar
(22/12/2012, 08h-20h)
1ª Saída
Ativação AEM: 11h07
Informação do CODU: Feminino, 44 anos, alteração do estado de consciência
Local: R. Manuel Sérgio Silva Leite, domicílio.
Chegada ao local: 11h16
À chegada ao local, CCO, História compatível com provável lipotímia, já recuperada. Nega
dor. Sem défices motores e neurológicos. Sem outras queixas. FR 18cpm, FC 85bpm, TA
100/60mmHg, SpO2 99% Tax 36,0ºC Glasgow 15. Pele e pupilas sem alterações.
Antecedentes pessoais: Sem antecedentes relevantes.
Transporte ao SU do CHP-HGSA.
TM: Amarelo.
2ª Saída
Ativação AEM: 13h40
Informação do CODU: Feminino, 95 anos, hemorragia.
Local: Av. Boavista, domicílio.
Chegada ao local: 13h44
À chegada ao local, CCO, com episódio de epistaxis, já controlada. Nega cefaleias e dor.
Sem outras queixas. FR 16cpm, FC 80bpm, TA 164/92mmHg, SpO2 98%, Tax 36,0ºC
Glicemia 100mg/dL, Glasgow 15. Pele e pupilas sem alterações.
Antecedentes pessoais: HTA.
Transporte ao SU.do CHP-HGSA.
14
TM: Amarelo.
3ª Saída
Ativação AEM: 14h24
Informação do CODU: Masculino, 72 anos, crise convulsiva.
Local: Rua Corte Real, domicílio.
Chegada ao local: 14h34
À chegada ao local, CCO, com história comptível com síncope durante o almoço, precedida
de vómito alimentar, já recuperada. Apresenta palidez e sudorese. Refere palpitações. Nega
dor. Sem outras queixas. FR 18cpm, FC 74bpm, TA 152/94mmHg, SpO2 99%, Tax 35,8ºC
Glicemia 124mg/dL, Glasgow 15. Pupilas sem alterações.
Antecedentes pessoais: ICC, FA, HTA, DM 2 e dislipidemia.
Medicação Habitual: Digoxina, desconhece restante medicação.
Após comunicação com o médico do CODU, foi decidido efetuar o transporte para o SU do
CHP-HGSA.
TM: Laranja.
Cometário: Perante a possibilidade da existência de um Síndrome Coronário Agudo (SCA),
a ativação de VMER era justificável. No entanto, o mesmo não foi feito devido às
informações fornecidas aquando da triagem. No momento de chegada ao local e
comunicação com o CODU, foi decidido transportar ao SU por ser mais rápido que a
chegada de VMER.
4ª Saída
Ativação AEM: 16h52
Informação do CODU: Feminino, 63 anos, queda.
Local: R. Nossa Sra. de Fátima, domicílio.
Chegada ao local: 17h04
À chegada ao local, doente CCO, deitada no chão, após queda. Apresenta aparente
deslocação de prótese do fémur. Sem outras queixas, além da dor local. FR 18cpm, FC
15
88bpm, TA 135/70mmHg, SpO2 99%, Tax 36,2ºC Glicemia não medida, Glasgow 15. Pele e
Pupilas sem alterações.
Antecedentes pessoais: HTA, depressão.
Medicação habitual: Refere medicação para a HTA e depressão. Desconhece qual.
Foi realizada imobilização da vítima, com a utilização de plano duro e maca de vácuo. Foi
iniciada oxigenoterapia a 3L.
Transporte ao SU do CHP-HGSA.
TM: Amarelo.
5ª Saída
Ativação AEM: 18h33
Informação do CODU: Feminino, 63 anos, dor torácica.
Local: Rua dos Pintassilgos, domicílio.
Chegada ao local: 18h39
À chegada ao local a VMER já estava presente. Doente CCO, com episódio de dor torácica
em aperto, de instalação súbita nos 30 minutos anteriores, com irradiação para a mandíbula.
Sem outras queixas. FR 18cpm, FC 95bpm, TA 120/80mmHg, SpO2 100%, Tax não medida.
Glicemia 126mg/dL, Glasgow 15. Pele e Pupilas sem alterações. ECG 12D com ritmo
sinusal, sem alterações em relação ao padrão da normalidade.
Diagnósticos possíveis: Angina Instável ou Enfarte do Miocárdio sem Supradesnivelamento
do segmento ST.
Antecedentes pessoais: HTA, DM2.
Iniciada terapêutica com realização do algoritmo MONA – Morfina 3-5mg, Oxigénio 2-4L,
Nitratos 0,5-1,5mg e AAS 160-325mg, e ativação da Via Verde Coronária.
Transporte ao SU do CHP-HGSA, com acompanhamento médico.
TM: Vermelho.
16
6ª Saída
Ativação AEM: 19h42
Informação do .CODU: Feminino, 1 mês, queda.
Local: Bairro da Pasteleira, domicílio.
Chegada ao local: 19h47
À chegada ao local, bebé vítima de queda de cerca de 50cm dentro da alcofa. Queda em
posição ventral. Na avaliação inicial apresenta-se bastante choroso e com bom estado geral.
Após comunicação com o CODU, decidido o transporte ao SU de pediatria do HSJ.
Antecedentes pessoais: sem antecedentes relevantes.
TM: Amarelo.
5º e 6º turnos: SIV – Vila do Conde
(23/12/2012, 08h-20h)
1ª Saída
Ativação SIV: 09h45
Informação do CODU: Masculino, 84 anos, trauma.
Local: Estrada Nacional 13, Navais, via pública.
Chegada ao local: 10h06
À chegada ao local, vítima de atropelamento por veículo pesado, já transportada para dentro
da ambulância dos Bombeiros Voluntários. TCE com alteração do estado de consciência
(Glasgow 6) e ferida com afundamento do osso occipital.
FR 16cpm, FC 90bpm, TA 167/90mmHg, SpO2 98% Tax 35,0ºC Glasgow 6. Pupilas
isocóricas e fotoreactivas. Glicemia 123mg/dL.
Antecedentes pessoais e medicação habitual: Desconhecidos.
17
Realizada imobilização com colocação de colar cervical, acesso venoso periférico,
aspiração, colocação de Guedell, limpeza, desinfeção e proteção da ferida occipital.
Oxigenoterapia.
À chegada da VMER do S. João, cerca das 10h25, o estado de consciência do doente
deteriorou-se para Glasgow 3.
Transporte para a Sala de Emergência do HSJ, onde viria a falecer uma hora depois.
TM: Vermelho.
Comentário:
Devido ao excesso de pessoal na ambulância aquando da chegada da VMER, 2 Bombeiros
voluntários, 1 TAE, 2 Enfermeiros e 1 Médico, foi-me pedido que saísse da ambulância para
libertar espaço, pelo que não posso descrever a atuação a partir desse momento.
2ª Saída
Ativação SIV: 11h17
Informação do CODU: Masculino, 30 anos, alteração do estado de consciência.
Local: Estrada da fábrica, Azurara, via pública.
Chegada ao local: 10h21
À chegada ao local, vítima deitada à porta de uma casa, etilizada a dormir. Vítima não
colaborante na avaliação. Recusa ajuda. SIV abandona local e informa CODU.
3ª Saída
Ativação SIV: 16h24
Informação do CODU: Feminino, 86 anos, dor torácica.
Local: Vila do Conde, domicílio de amiga.
Chegada ao local: 16h33
À chegada ao local, doente com dor retroesternal tipo opressão, com irradiação para o
pescoço, de inicio súbito nos últimos 30 minutos. Apresenta náuseas e vómito alimentar. FR
19cpm, FC 60bpm, TA 156/70mmHg, SpO2 100% Tax 35,7ºC Glasgow 15. Pupilas e pele
sem alterações. Glicemia 124mg/dL.
18
Antecedentes pessoais e medicação habitual: Valvulopatia, desconhecendo a medicação
habitual e não tem consigo documentação.
Perante este quadro, realização de ECG de 12D, que foi enviado ao médico do CODU. Após
comunicação com médico do CODU, terapêutica com AAS 250mg e Dinitrato de Isosurbilo
(DNI) 5mg. Criação de acesso venoso periférico.
Transporte ao SU do HJS.
TM: Laranja
7º turno: AEM – Porto 1
(21/05/2013, 14h-20h)
1ª Saída
Ativação AEM: 16h46
Informação do CODU: Masculino, 80 anos, PCR.
Local: Rua Faria Guimarães, via pública.
Chegada ao local: 16h50
À chegada ao local, doente em PCR, sem sinais de circulação, midríase e pele pálida.
Glasgow 3. Segundo os presentes no local, o inicio da PCR não teria mais de 5 minutos.
Inicio de SBV até à chegada da VMER. Chegada da VMER 3 minutos depois. ECG em
assistolia. Início de SAV. Doente retoma ritmo sinusal após 12 minutos de manobras e
1+1mg de Adrenalina.
17h02 - FC 101bpm, TA 130/70mmHg, SpO2 86%, Glasgow 3
Antecedentes pessoais: Patologia cardíaca.
Medicação desconhecida.
Efetuado transporte do doente para a ambulância e seguida para o SU do CHP-HGSA.
TM: Vermelho
19
Comentário:
Tratou-se de uma oportunidade de ver em ação o protocolo de atuação em caso de PCR.
2ª Saída
Ativação AEM: 17h38
Informação do CODU: Masculino, 40 anos, queda.
Local: Estação Metro Aliados.
Chegada ao local: 17h42
À chegada ao local, doente sentado, alcoolizado, sem sinais aparentes de trauma. Vítima
recusa receber auxílio médico e foge. CODU avisado e abandono do local.
Comentário:
Esta saída foi efectuda com VMER, não havendo razões para tal. Triagem deficiente por
parte do CODU.
8º turno: AEM – Porto 6
(22/05/2013, 14h-20h)
1ª Saída
Ativação AEM: 16h02
Informação do CODU: Masculino, 16 anos, Dor Lombar.
Local: Escola Secundária Filipa de Vilhena.
Chegada ao local: 16h05
À chegada ao local, vitima com dor lombar, de intensidade 2/10, sem irradiação. Sem outras
queixas. FR 15cpm, FC 75bpm, TA 119/82mmHg, SpO2 98%, Glicemia 100mg/dL, Glasgow
15. Pele e pupilas sem alterações.
Transportado ao SU pediátrico do HSJ.
20
Comentário:
Esta não é uma emergência médica e não justificava o envio de meio para o local.
2ª Saída
Ativação AEM: 16h28
Informação do CODU: Feminino, 84 anos, Alteração estado consciência.
Local: Rua Aval de Baixo, domicílio.
Chegada ao local: 16h33
À chegada ao local, vítima CCO, sem sintomatologia. FR 18cpm, FC 78bpm, TA
178/82mmHg, SpO2 98%, Glicemia 157mg/dL, Glasgow 15. Pele e pupilas sem alterações.
Antecedentes pessoais: AVC, HTA, DM2.
Transportado ao SU do HSJ.
TM: Amarelo
Comentário:
Fica a sensação de que a chamada foi feita pela família, numa tentativa de passar algum
tempo longe da familiar, ficando esta no hospital.
A única razão de chamada de assitência deve-se à elevada TA.
3ª Saída
Ativação AEM: 17h35
Informação do CODU: Feminino, 74 anos, Trauma.
Local: R. Azevedo, via pública.
Chegada ao local: 17h47
À chegada ao local, vítima com deslocamento da prótese da anca esquerda. FR 18cpm, FC
81bpm, TA 122/69mmHg, SpO2 95%, Glicemia não medida, Glasgow 15. Pele e pupilas sem
alterações.
Antecedentes pessoais: Osteoporose, prótese bilateral da anca.
21
Procedeu-se à imobilização da vítima com a utilização de plano duro e colchão de vácuo.
Transportada ao SU do HSJ.
TM: Amarelo
9º turno: VMER- Santo António
(23/05/2013, 14h-20h)
1ª Saída
Ativação VMER: 14h23
Informação do CODU: Masculino, 23 anos, Crise Convulsiva
Local: R. Santos Pousada, domicílio.
Chegada ao local: 14h31
À chegada ao local, doente CCO, sentado. Refere violenta discussão com colega de
trabalho. FR 22cpm, FC 130bpm, TA 165/123mmHg, SpO2 98%, Glicemia 132mg/dL,
Glasgow 15. Tax 36,8ºC. Pele e pupilas sem alterações.
Antecedente pessoais: Patologia psiquiátrica seguida no Hospital Magalhães Lemos.
Medicação habitual: Sedoxil + Diazepam
Diagnóstico: Crise Conversiva.
Transportado ao SU do CHP-HGSA sem acompanhamento.
2ª Saída
Ativação VMER: 14h46
Informação do CODU: Masculino, 35 anos, Crise Convulsiva
Local: R. Duque Palmela, domicílio.
Chegada ao local: 14h51
22
À chegada, doente em, posição ictal após crise convulsiva presenciada pela mãe. Presença
de secreção purulenta. Perda de continência de esfíncteres. Pele cianótica. Glasgow 3, FC
90bpm, TA 130/70mmHg, SpO2 88%, FR impossível de avaliar. Tax 37,8ºC.
Antecedentes Pessoais: Epilepsia, HIV +, Toxicodependente
Medicação habitual: Desconhecida
Efetuada aspiração para desobstrução da via aérea, oxigenoterapia, ventilação, entubação
endotraqueal e acesso venoso periférico.
Transporte na lona para a ambulância.
Administração de Midazolam 15mg, Propofol 400mg e Fentanil 0,15mg.
Transporte para o SU do HSJ com acompanhamento.
Diagnósticos: Crise convulsiva. Pneumonia?
Comentário:
Em contacto posterior com o médico do hospital, o doente foi referido como tendo sido
tratado também para pneumonia.
TM: Vermelho
3ª Saída
Ativação VMER: 18h08
Informação do CODU: Feminino, 38 anos, Inconsciente.
Local: R. Sta. Catarina
Chegada ao local: Saída abortada 3 minutos depois.
4ª Saída
Ativação VMER: 19h58
Informação do CODU: Feminino, 50 anos, Enforcamento.
Local: R. Contumil, domicílio.
Chegada ao local: 20h05
23
À chegada ao local, AEM já presente. Doente deitada no chão, após terem cortado a corda
com que se teria enforcado. Estaria em PCR há cerca de 10 minutos e em manobras há 5.
DAE indica doente sem necessidade de choque. Doente sem sinais de circulação, midríase
e pele pálida. Glasgow 3.
Iniciado SAV e reversão da PCR após 1 ciclo (1x Adrenalina). Pulso mantido por 3 minutos.
Doente entra em assistolia novamente e é iniciado novamente SAV. Doente volta a
recuperar pulso ao fim do 1º ciclo de SAV (1x Adrenalina). FC 120bpm, TA 135/65mmHg,
SpO2 89%.
Transporte ao SU do HSJ. Doente manteve o quadro durante o transporte.
TM: Vermelho
10º e 11º turnos: SIV-Póvoa
(24/05/2013, 08h-20h)
1ª Saída
Ativação SIV: 11h35
Informação do CODU: Feminino, 68 anos, Transporte Secundário.
Local: SU Hospital da Póvoa de Varzim CHPV
Doente é trazida ao SU do CHPV por HTA assintomática. No SU, feito ECG que acusa
presença de bloqueio completo de ramo esquerdo. Decidido enviar doente a hospital de
referência para avaliação por cardiologia. Transporte efetuado com acompanhamento de
médico do SU.
FR 14cpm, FC 32bpm, TA 165/95mmHg, SpO2 98%, Glicemia não medida, Glasgow 15. Tax
365,8ºC. Pele e Pupilas sem alterações.
Transporte efetuado sem intercorrências.
TM: Amarelo
2ª Saída
Ativação SIV: 17h18
24
Informação do CODU: Masculino, 82 anos, Dispneia.
Local: Maceira da Maia, domicílio.
Chegada ao local: 17h35
À chegada ao local, vitima deitada na cama, com dispneia em repouso. Apresenta
secreções purulentas. Sem outras queixas. FR 15cpm, FC 78bpm, TA 109/46mmHg, SpO2
86%, Glicemia 85mg/dL, Glasgow 15. Tax 37,0ºC. Pele cianosada e pupilas sem alterações.
ECG 12D, enviado ao CODU.
Realizada aspiração e colocado O2 a 6L atingindo SpO2 90%. Criação de acesso venoso
periférico.
Antecedentes pessoais: HTA, FA, ICC grau 2, DPOC, Dislipidemia.
Medicação habitual: Lisinopril, Varfarina, Sinvastatina, Furosemida, Alprazolam, Bisoprolol.
Após comunicação com o médico do CODU, decidido efetuar o transporte ao SU do HSJ.
TM: Laranja
3ª Saída
Ativação SIV: 18h38
Informação do CODU: Feminino, 52 anos, Dispneia, Transporte Secundário
Local: Clipóvoa
Chegada ao local: 18h45
À chegada ao local, doente internada pós cirurgia de remoção de um craniofarigioma no
HSJ, tendo sido transferida há dois dias para a Clipóvoa. A cirurgia teria ocorrido há 2
meses, tendo desde então ficado acamada. Segundo a médica inicia quadro subfebril e
anúria no próprio dia. Nega dispneia. FR 14cpm, FC 97bpm, TA 90/50mmHg, SpO2 86%,
Glicemia 85mg/dL, Glasgow 10 (4+1+5), sobreponível ao habitual. Tax 37,0ºC. Pele e
pupilas sem alterações.
Antecedentes pessoais: DM 2, craniofaringioma.
Transporte ao SU do HSJ.
TM: Amarelo
25
Comentário:
Este será um caso em que não se deveria ter chamado ajuda diferenciada. O transporte
poderia ser feito com o auxílio dos Bombeiros da zona, ficando o meio mais diferenciado da
zona disponível.
12º turno: VMER- Santo António
(25/05/2013, 14h-20h)
1ª Saída
Ativação VMER: 15h37
Informação do CODU: Masculino, 88 anos, Dispneia.
Local: Lar de Pedrouços.
Chegada ao local: 15h42
À nossa chegada, doente com dispneia, em decúbito dorsal, com SDR e respiração ruidosa.
FC 96bpm, FR 18cpm, TA 136/81mmHg, SpO2 94% Glicemia 135mg/dL Tax 37,4ºC. Pele e
pupilas sem alterações. Glasgow 13 (4+3+5). AP: MV simétrico, presença de roncos
exuberantes dispersos e crepitações. Ausência de edemas.
Antecedentes pessoais: Demência, dependente nas AVD.
Medicação habitual: Risperidona, Fludex.
Realizada aspiração de secreções e administração de oxigénio. Administração de Conbivent
1ml, Furosemida 40mg EV e SF 100ml EV.
Transportado ao SU do CHP-HGSA.
TM: Laranja.
2ª Saída
Ativação VMER: 16h48
Informação do CODU: Masculino, 45 anos, Crise convulsiva.
Local: Rua das Condominhas, dentro de um autocarro.
26
Chegada ao local: 16h53
À nossa chegada, doente em PLS. Inicia crise convulsiva. Crise cessa após 5+5mg
diazepam. Após estabilização foi colocado na maca e ambulância. Glasgow 10 (4+1+5) FC
100bpm, FR 16, TA 95/55mmHg, SpO2 99% Glicemia 136mg/dL Tax 37,2ºC. 10 minutos
após diazepam, inicia nova crise convulsiva, tendo sido administrados + 10mg de diazepam,
tendo a crise cessado.
Antecedentes pessoais: Epilepsia.
Medicação habitual: Hidantina, Valproato de sódio.
Transportada ao SU do CHP-HGSA.
TM: Vermelho.
3ª Saída
Ativação VMER: 18h15
Informação do CODU: Masculino, 45 anos, Inconsciente.
Local: Rua central do seixo, domicílio.
Chegada ao local: 18h22
À nossa chegada, doente deitado, pouco colaborante. Após conversa refere separamento
recente e que foi roubado. Diagnosticado como crise conversiva. Glasgow 15, FC 70bpm,
FR 16, TA 138/75mmHg, SpO2 100% Glicemia 189mg/dL Tax não medida.
Antecedentes pessoais: Alcoolismo, Distúrbio Psiquiátrico.
Medicação habitual: Desconhecida.
Transportado ao SU do HSJ, sem acompanhamento.
13º e 14º turnos – CODU-Norte
No CODU tive a oportunidade de contactar com o outro lado da emergência médica. Para
que os meios possam atuar da forma mais eficaz é necessária toda uma equipa para
organizá-los. Estive fundamentalmente no atendimento e na ativação de meios.
27
No atendimento, há várias dificuldades a registar. É uma tarefa complicada, uma vez que de
um lado temos um operador e do outro temos um cidadão comum, normalmente sem
conhecimentos nas áreas da saúde, numa situação de elevado stress. Se por um lado os
novos fluxos de triagem facilitam a tarefa do operador, a transmissão da informação clínica
por parte de quem liga 112 é muitas vezes deficiente, não permitindo ao operador perceber
o que está a acontecer do outro lado da chamada. Outra das dificuldades prende-se com a
primeira pergunta a responder aquando de uma chamada para o número de emergência-
“Onde?”. Para além de muitas vezes as pessoas não saberem explicar bem onde estão
(fundamentalmente fora das grande cidades), o programa de localização usado não
reconhece muitas localizações, sendo necessário utilizar pontos de referência próximos do
local, o que nem sempre é fácil tanto para os operadores como para as equipas de auxílio a
caminho do local. Como resultado temos um atraso na chegada da assistência. Existe ainda
uma outra dificuldade surpreendente. Frequentemente, as pessoas telefonam de redes fixas
por pensarem que se o fizerem do seu telemóvel vão gastar dinheiro. Além de atrasar a
comunicação da emergência ao CODU, o contactante fica muitas vezes longe da vítima, não
permitindo assim ao operador fazer uma correta avaliação da ocorrência. Penso que a
criação de um programa nacional de educação da população em como ligar para pedir
assistência médica poderia agilizar o processo e fazer a diferença na assistência prestada.
No acionamento, apenas notei uma dificuldade. Aquando da utilização dos sistemas móveis
de comunicação, a Mobile Clinic, o seu funcionamento é muitas vezes deficiente, não
recebendo a informação ou demorando muito a recebê-la. Sendo um sistema caro, penso
ser exigível que funcione corretamente, uma vez que a utilização do rádio móvel atrasa o
processo e não permite a utilização do GPS da Mobile Clinic.
28
ANÁLISE DAS ATIVAÇÕES
No total foram realizadas 29 ativações e observadas 28 vítimas (1ª saída abortada).
Gráfico 2 – Número de saídas por meio
Gráfico 3 – Média de saídas por turno
Das 29 activações 12 foram saídas da VMER, 6 da SIV e 11 da AEM. Em termos médios,
existiram 3 saídas por turno VMER, 1,5 por turno SIV e 2,75 por turno AEM (gráficos 2 e 3).
0
2
4
6
8
10
12
VMER SIV AEM
VMER
SIV
AEM
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
VMER SIV AEM
VMER
SIV
AEM
29
Tabela1- Caracterização de saídas por meio
VMER SIV AEM Total
Nº de ativações 12 6 11 29
Doença Súbita 9 2 7 18
Trauma 2 1 4 7
Transportes
Secundários
- 2 0 2
Outras 0 1 0 1
Abortadas 1 0 0 1
Óbitos 0 0 0 0
No total, verificou-se uma predominância pelas doenças súbitas (18) em relação às
situações de trauma (7). Ainda que constituído por 72horas no terreno, o número de
ativações (29) apresenta-se manifestamente curto para a realização de estatísticas
significativas (Tabela 1).
Tabela 2- Triagem de Manchester das ativações por meio
Triagem
Manchester
VMER SIV AEM Total
Amarelo 2 2 7 11
Laranja 1 2 1 4
Vermelho 3 1 2 8
Transporte sem
acompanhamento
4 - - 4
Sem transporte 2 1 1 4
De acordo com a TM dos doentes transportados ao SU, houve um total de 8 vermelhos, 4
laranja e 11 amarelos. 4 foram transportados sem acompanhamento (não há informação) e
4 não foram transportados (Tabela 2).
30
Tabela 3 – Distribuição das doenças súbitas por meio
VMER SIV AEM Total
Dor Torácica 2 1 1 4
Dispneia 2 1 0 3
PCR 0 0 1 1
Alteração Estado
Consciência
1 0 2 3
Crise Convulsiva 2 0 0 2
Crise Conversiva 2 0 0 2
Dor Lombar 0 0 1 1
Hemorragia (não
associada a
trauma)
0 0 1 1
Síncope 0 0 1 1
No total de doenças súbitas, houve múltiplas etiologias, como apresentado na Tabela 3.
Tabela 4- Distribuição dos Traumas por meio
VMER SIV AEM Total
Queda 1 0 4 5
TCE 0 1 0 1
Enforcamento 1 0 0 1
Em relação aos traumas verificou-se uma predominância pelas quedas (Tabela 4).
31
Tabela 5- Distribuição das ocorrências por faixa etária e meio
VMER SIV AEM Total
<25 anos 1 0 2 3
25-65 anos 7 2 4 13
>65 anos 3 4 5 12
Tabela 6- Distribuição das ocorrências por local e meio
VMER SIV AEM Total
Domicílio/Lar 6 2 7 15
Local Público 4 2 4 10
Estabelecimento
Saúde
1 2 0 3
Em relação às tabelas 5 e 6, é possível verificar uma diferença grande no número de
ativações em relação à faixa etária com menos de 25 anos, quando comparada com as
faixas etárias mais velhas. O número de ativações na faixa etária entre os 25 e os 65 anos é
semelhante ao número de ativações na faixa etária acima de 65 anos (13 contra 12). Quanto
ao local de ocorrências, verificou-se uma predominância pouco acentuada pelas incidências
nos domicílios/estabelecimentos de acolhimento em relação aos locais públicos (15 contra
10).
COMENTÁRIO ÀS ATIVAÇÕES
As 84 horas deste estágio permitiram-me formar uma opinião sobre o funcionamento do
SIEM em Portugal. A meu ver, o sistema está bem estruturado e funciona bem, podendo ser
melhorado em alguns aspetos. Os meios e métodos atualmente utilizados são adequados à
população portuguesa e permitem dar resposta em tempo útil às situações de emergência
médica nacional. No entanto, existem três aspetos que mereciam ser melhorados. Em
primeiro lugar, devia promover-se uma educação da população nacional sobre como ligar
para o 112. Parecendo ser uma tarefa fácil, há alguma falta de informação, como o facto do
32
número de emergência ser gratuito e o facto de se dever, sempre que possível, ligar
próximo da vítima. Outro aspeto que poderia ser melhorado é o das telecomunicações. O
sistema utilizado falha muitas vezes e com isso perde-se muito tempo na assistência às
populações. Os eventos demoram a chegar ao Mobile muitas vezes, se chegarem. O
sistema de GPS também poderia ser melhorado, pois desconhece muitos dos lugares
recônditos do nosso país. Por fim, a integração das SIV não me parece um processo muito
eficaz, talvez por estar no início. Tive a oportunidade de fazer dois turnos da SIV da Póvoa,
a qual está integrada. A meu ver, e tendo em conta que este é o único meio diferenciado da
zona, o tempo que se perde a juntar a equipa para sair (nunca inferior a 5 minutos) parece-
me excessivo, atraso esse que não acontecia na SIV de Vila do Conde, antes da integração.
Penso que este estágio foi muito enriquecedor para a minha formação como médico, uma
vez que me deu uma oportunidade única de contactar com a realidade fora da minha zona
de conforto, o hospital. Uma das grandes diferenças entre trabalhar num hospital e na rua,
reside no facto de que no hospital, o doente adapta-se à realidade que o rodeia enquanto na
rua, os profissionais da emergência médica é que têm de se adaptar à situação em questão.
Subir escadas mais apertadas, não encontrar o local de emergência, lidar com familiares
sempre naturalmente aflitos e muitas vezes a perturbar o trabalho ou mesmo a insegurança
que às vezes se sente são fatores dos quais estamos protegidos num hospital. Além do já
referido, este estágio deu-me a oportunidade de ver em prática algoritmos e protocolos de
emergência que antes, apenas tinha visto em livros. Nada é tão facilitador da aprendizagem
como a sua aplicação prática.
Por último, foi um privilégio poder contactar com os profissionais do INEM. Dedicados e de
competência indiscutível estiveram sempre disponíveis para partilhar conhecimentos e
experiências, sempre com um convívio saudável e bem disposto.
33
III. CONCLUSÃO
Terminado o estágio, sai reforçada a minha ideia que esta era a opção correta. Para muitos
profissionais ligados à área da saúde, incluindo médicos, a emergência médica é um mundo
um pouco desconhecido. Para mim também o era em absoluto antes da realização deste
estágio, sendo essa também uma das motivações que me levou a escolhe-lo como Tese de
Mestrado. A área de intervenção médica começa na rua, onde as situações surgem e só
depois passa para o hospital. Durante todo o curso só obtemos contacto com a segunda
parte desta cadeia, sendo por isso esta uma oportunidade excelente de complementar a
minha formação. O profissionalismo, a competência e a dedicação das equipas com quem
tive oportunidade de estagiar devem ser enaltecidos.
Quanto aos objetivos, penso que de uma forma geral foram todos atingidos. A grande
variabilidade de emergências possíveis torna utópico querer abordar todas a situações
possíveis. No entando, e findo o estágio, considero que aprendi a situar o papel do médico
na abordagem e tratamento do doente emergente, reconhecendo-o como fundamental na
liderança das equipas que prestam cuidados a esse tipo de doentes, e a identificar as
principais situações de emergência do foro médico e traumatológico. Aprendi também
técnicas “life-saving”, assumidas como essenciais para a manutenção da vida no doente
grave e tomei conhecimento dos protocolos de atuação e aplicação dos Algoritmos de
Suporte Avançado de Vida. Penso ter ganho competências de liderança e de gestão, em
situação de pressão e ansiedade próprias da abordagem do doente muito grave e
emergente e técnicas de reanimação e estabilização de doentes emergentes, em situação
de doença súbita e trauma. Na emergência médica trabalha-se sempre em equipa e a
responsabilidade ética e profissional deve estar sempre acima de tudo.
Considero por isso que o estágio foi bem sucedido, ficando apenas a lamentar não ter tido
oportunidade de ver outro tipo de doentes, como mais situações de trauma, AVC, Sepsis ou
queimados.
34
BIBLIOGRAFIA
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de Emergência Médica : http://www.inem.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=27867
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de Emergência Médica: http://www.inem.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=27977
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INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica:
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35
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INEM. (2012). Relatório de Atividades INEM 1º Semestre 2012. Gabinete de Planeamente e
Controlo de Gestão.
Instituto Nacional de Emergência Médica. (2000). Manual VMER. Instituto Nacional de
Emergência Médica.
36
ANEXOS
37
ANEXO I – ALGORITMOS DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA
38
Figura 2 – Algoritmo Suporte Básico de Vida no Adulto (European Resuscitation Council, 2010)
39
Figura 3 – Algoritmo Suporte Básico de Vida Pediátrico (European Resuscitation Council, 2010)
40
ANEXO II – ALGORITMOS DE DESFIBRILHAÇÃO AUTOMÁTICA EXTERNA
41
Figura 4 – Algoritmo Desfibrilhação Automática Externa (European Resuscitation Council, 2010)
42
ANEXO III – ALGORITMOS DE SUPORTE AVANÇADO DE VIDA
43
Figura 5 – Algoritmo Suporte Avançado de Vida no Adulto (European Resuscitation Council, 2010)
44
Figura 6 – Algoritmo Suporte Avançado de Vida Pediátrico (European Resuscitation Council, 2010)
45
ANEXO IV – FICHAS DE REALIZAÇÃO DE ESTÁGIO
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47
48
49
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