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Caciques negam, mas podem ser candidatos Eles não admitem ser candidatos. A tendência manifesta de Alfredo Nascimento, Amazonino Mendes, Arthur Virgílio Neto e Eduardo Braga é apontar o novo prefeito de Manaus, como se pode concluir dos discursos que têm feito nos últimos meses. Política A5 ANO XXIV – N.º 7.548 – MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO – PREÇO DESTA EDIÇÃO: R$ 2,00 48 mil vagas de trabalho TRANSTORNO Saúde & Bem-estar 1 Onipresença do medo na hipocondria Caderno Especial AM retoma produção de juta e malva RESGATE ‘EM TEMPO de Samba’ faz esquenta do Carnaval 2012 TELEVISÃO Programa exibido pela TV EM TEMPO/SBT, nas manhãs de sábado, é sucesso de audiência ao revelar os bastidores da folia. Última Hora A2 Investimento ecológico para a Copa TURISMO PEDRO VILELLA/AE GIOVANNA CONSENTINI Na porta de casa, haitiano é morto com tiro no tórax ZONA LESTE Inolus Pierrelys, 34, foi surpreendido por dois homens, na noite de ontem, em frente a casa onde morava, no bairro Cidade de Deus. Última Hora A2 Com zaga em crise, aposta é no ataque BOTAFOGO Time de Loco Abreu enfrenta o Nova Iguaçu pela se- gunda rodada do Campeonato Carioca. Lance! 3 Elenco 5 a 7 Receita de dobradinha contra inveja CARDÁPIO Dia a dia C2 Manauense prefere fila a internet SERVIÇOS O anúncio veiculado no dia 28/01/2012 no Jornal Agora corresponde às ofertas do dia 21/01/2012 e foi publica- do, pelo jornal acima citado, equivocadamente. Mesmo assim, em respeito aos seus clientes, o Nova Era Supera- tacado manteve as ofertas publicadas. Os produtos anunciados e seus respectivos valores corretos estão expostos na loja e publicados corretamente em nosso encarte. O Nova Era Superatacado agradece sua compreensão. CORREÇÃO Economia B3

EM TEMPO - 29 de janeiro de 2012

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Page 1: EM TEMPO - 29 de janeiro de 2012

Caciques negam, mas podem ser candidatos

Eles não admitem ser candidatos. A tendência manifesta de Alfredo Nascimento, Amazonino Mendes, Arthur Virgílio Neto e Eduardo Braga é apontar o novo prefeito de Manaus, como se pode concluir dos discursos que têm feito nos últimos meses. Política A5

ANO XXIV – N.º 7.548 – MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO – PREÇO DESTA EDIÇÃO: R$ 2,00

48 milvagas de trabalho

TRANSTORNO

Saúde & Bem-estar 1

Onipresença do medo na hipocondria

Caderno Especial

AM retoma produção de juta e malva

RESGATE

RICA

RDO

OLI

VEIR

A

– MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES

‘EM TEMPO de Samba’ fazesquenta do Carnaval 2012

TELEVISÃO

Programa exibido pela TV EM TEMPO/SBT, nas manhãs de sábado, é sucesso de audiência ao revelar os bastidores da folia. Última Hora A2

Investimentoecológico para a Copa

TURISMO

PED

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ILEL

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TIN

I

Na porta de casa, haitiano é morto com tiro no tórax

ZONA LESTE

Inolus Pierrelys, 34, foi surpreendido por dois homens, na noite de ontem, em frente a casa onde morava, no bairro Cidade de Deus. Última Hora A2

Saúde & Bem-estar 1

para a Copa

PED

RO V

ILEL

LA/A

E

Com zaga em crise, aposta é no ataque

BOTAFOGO

Time de Loco Abreu enfrenta o Nova Iguaçu pela se-gunda rodada do Campeonato Carioca. Lance! 3

Elenco 5 a 7

Receita de dobradinha contra inveja

CARDÁPIO

Dia a dia C2

Manauense prefere fi la a internet

SERVIÇOS

O anúncio veiculado no dia 28/01/2012 no Jornal Agora corresponde às ofertas do dia 21/01/2012 e foi publica-do, pelo jornal acima citado, equivocadamente. Mesmo assim, em respeito aos seus clientes, o Nova Era Supera-

tacado manteve as ofertas publicadas. Os produtos anunciados e seus respectivos valores corretos estão expostos na loja e publicados corretamente em nosso encarte. O Nova Era Superatacado agradece sua compreensão.

CORREÇÃO

Economia B3

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A2 Opinião/Última Hora MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

O professor Inolus Pierrelys foi atingido por um tiro em frente à casa onde morava, na Cidade de Deus. Ele era casado e estava em Manaus há dez meses

Haitiano é assassinado com um tiro no tórax

Um haitiano foi as-sassinado com um tiro no tórax, no iní-cio da noite de últi-

ma sexta-feira (28), quando estava sentado em frente à sua casa, no bairro Cidade de Deus, Zona Leste. O pro-fessor, identificado como Inolus Pierrelys, 34, estava no Amazonas há cerca de dez meses e trabalhava em uma empresa de reciclagem em Manaus.

Inolus morava com mais cinco haitianos em uma casa cedida por um comerciante do bairro. Um dos amigos dele, Nicolas Jean, 30, disse que tudo aconteceu muito rápido e que dois homens são os suspeitos do cri-me. “Ele estava sentado em frente à casa, como costu-mava fazer todos os dias. Foi quando os dois homens vieram correndo e atiraram. Eu não vi nada porque esta-va fazendo compras em um mercadinho perto do local. Apenas ouvi os disparos e, ao correr para ver o que tinha acontecido, me deparei com ele no chão”, relatou.

Família no HaitiDe acordo com Nicolas

Jean, Pierrelys era casado, mas sua família ainda está na cidade de São Francisco, no Haiti. O dono da empresa onde o haitiano trabalhava ajudou nos trâmites para a retirada do corpo no Institu-to Médico Legal (IML) e nos detalhes envolvendo o veló-rio e o enterro da vítima.

Moradores da área onde ocorreu o crime disseram que o bairro é muito violen-to e que próximo à casa do haitiano existe uma boca de fumo. Alguns apostam no fato de o crime ter sido moti-vado apenas por maldade.

Universitários furtam loja

Dois jovens universitários foram presos, na noite da últi-ma sexta-feira (28), suspeitos de terem assaltado uma loja de roupas de um shopping na Zona Centro-Sul. Antônio César Melita Júnior, 28, e Laiza Perreira de Vasconcelos, 23, tentavam levar 14 peças de roupas , quando foram abor-dados pela polícia. Ontem, os dois foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) e, em seguida, encaminhados para a cadeia pública.

SHOPPING

Contexto3090-1011/9982-2702 [email protected]

O prefeito Amazonino Mendes (PDT) recuou de seu posi-cionamento em relação à disputa eleitoral da Prefeitura de Manaus, neste ano. Menos de um mês depois de afi rmar que não seria candidato à reeleição, Amazonino volta atrás na sua declaração e, agora, diz que tem saúde sufi ciente para a disputa, em outubro.

Mendes, que esteve ausente nos últimos dias por estar de férias, afi rmou que está em “paz” e já não descarta mais ser o “candidato natural” do processo eleitoral que se avizinha. Mesmo assim, diz que ainda precisa analisar as propostas que serão apresentadas para a cidade. Só então decidirá se encabeçará uma chapa.

A defi nição, segundo o prefeito, não será agora, porque ele não quer falar de política no momento. Prefere apenas mostrar as ações que vêm realizando na prefeitura.

APLAUSOS

Amazonino se diz em forma para o processo eleitoral

NOVA USINAO governo federal já autori-

zou a usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A liberação do projeto básico, da empresa Norte Energia S.A., foi publica-da no Diário Ofi cial da União (DOU) da última sexta-feira (27). Agora, o assunto é prato cheio para ambientalistas.

REUNIÃOHoje, o secretário da Semje,

André Souza, deverá se reunir com o presidente do PSDC, Cícero Lima, e com líderes co-munitários e evangélicos para ouvir as principais demandas dos bairros, a fi m de elaborar um plano de governo do partido.

PLANOOs líderes dos movimentos

sociais das Zonas Norte e Leste, ao fi carem sabendo da indicação do nome de André pelo PSDC para a Prefeitura de Manaus, ligaram para ele e resolveram se mobilizar para marcar uma reunião, inclusive com lideranças das igrejas para discutir os principais problemas dessas zonas. Eles querem organizar uma espé-

cie de plano de governo.

NOMEAÇÕESDeve acontecer nesta

semana a nomeação dos quatro superintendentes adjuntos da Suframa. O ti-tular da autarquia, Thomaz Nogueira, informou, no en-tanto, que as escolhas serão anunciadas daqui a 15 dias e não serão grandes mudan-ças. Nos bastidores, sabe-se que Nogueira quer agilizar as trocas.

VISITA A OBRASO ministro do Esporte, Aldo

Rebelo, confi rmou que estará em Manaus, nesta sexta-feira (3), para visitar as obras da Arena da Amazônia. Antes de chegar a Manaus, ele já terá passado por Brasília, São Paulo e Cuiabá.

UMA SEMANAAmanhã, completa uma se-

mana que o pedido de prisão preventiva do prefeito de Ta-pauá, Carlos Gonçalves da Silva, foi feita. O pedido está nas mãos da juíza Cleonice Fernan-des de Menezes Trigueiro.

Para o projeto de lei da Câmara dos Deputados, que pede celeridade no julgamento de autorida-des com foro privilegiado.

Projeto

VAIAS

Para a atuação de conduções escolares clandestinas, que compe-tem com os condutores autorizados pelo Detran.

Clandestinos

CALADOA estratégia de Amazonino Mendes é mostrar ações à

frente da prefeitura e falar o mínimo possível. Ele confi rmou que preferiu fi car afastado da imprensa.

“Eu não estou me dispondo a ser candidato, eu seria o candidato natural e como é que eu vou fi car falando de política? É uma espécie de contrassenso. Eu prefi ro me reservar, ver

como as coisas vão andar, o que vai aconte-cer e aí, com tranquilidade, me defi nir”

Amazonino Mendes

IZABEL GUEDESEquipe EM TEMPO

Ainda na manhã de on-tem, na Superintendên-cia Regional do Trabalho e Emprego do Amazonas (SRTE-AM), no Aleixo, Zona Centro-Sul, um mu-tirão foi realizado para que cerca de 130 haitia-nos tirassem a carteira de trabalho.

Segundo o superinten-dente do órgão, Dermil-son Chagas, em 2011, 1.391 estrangeiros ob-tiveram o documento. O objetivo é regularizar a situação deles.

SRTE-AM realiza mutirão

Mais 160 haitianos che-garam a Manaus, na manhã de ontem (28). Alocados na Paróquia de São Geral-do, Zona Centro-Sul, eles receberam os primeiros atendimentos e foram en-caminhados para moradias provisórias. De acordo com o responsável pela chegada dos imigrantes à capital amazonense, padre Gel-mino Costa, um barracão foi alugado para hospedar quem ainda não encontrou um local para morar.

Segundo ele, os haitia-nos têm chegado rápido e em grande quantidade, fatores que difi cultam a ajuda. “Vamos auxiliar os

que estão chegando hoje, mas os que ainda estão por vir podem enfrentar difi cul-dades”, disse, ao ressaltar que devem desembarcar na cidade pelo menos mais 260 haitianos, na próxima semana. “Segunda deve-mos receber outros 160 e na terça-feira mais cem pessoas vindas do Haiti”.

O padre informou que os haitianos que têm família na cidade serão encami-nhados a elas a fi m de fa-cilitar o trabalho da igreja, que enfrenta difi culdades para prestar auxílio. “De-pois disso temos que nos focar em quem chegou e está sozinho”, explicou.

Mais 260 chegam à capital

Haitiano foi velado ainda na manhã de ontem. Ex-patrão ajudou nos trâmites para o enterro

ALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Na 2ª edição, EM TEMPO de Samba conquista público

Na segunda edição, o programa “EM TEMPO de Samba”, transmitido pela TV EM TEMPO, nas manhãs de sábado, caiu no gosto do manauense. A emissora é responsável pela transmis-são oficial do Carnaval de Manaus. Além do sucesso na televisão, a produção mostrou grande aceitação do público também pela in-ternet, onde obteve, ainda na primeira edição, mais de dez mil acessos a sua rede social oficial.

“A população tem gostado muito da novidade e senti-mos também esse retorno nas mídias digitais, onde os espectadores estão se ma-nifestando muito”, afi rmou o produtor do programa, Ivan Nascimento.

De acordo com a direto-ra-geral de jornalismo da emissora, Marcela Rosa, o programa é um aquecimento para o Carnaval. “A intenção é que as pessoas entrem no clima e se preparem para o Carnaval deste ano”, disse.

CARNAVAL

Família é feita refém

Três assaltantes invadi-ram uma casa no núcleo 15 do bairro Cidade Nova, Zona Norte, ameaçaram uma família e, ainda, rouba-ram aparelhos eletrônicos e um veículo Frontier, cor vermelha, de placa NAO 2121. O crime ocorreu na madrugada de ontem. A dona da casa, que não quis divulgar o nome, disse que eles estavam armados. Re-gistro foi feito no 6º Distrito Integrado de Polícia (DIP).

ASSALTO

GIOVANNA CONSENTINI

O “EM TEMPO de Samba” foi ao ar na manhã de ontem

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MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 A3Opinião

Presidente: Otávio Raman NevesDiretor-Executivo: João Bosco Araújo

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Os artigos assinados nesta página são de responsabilidade de seus autores e não refl etem necessariamente a opinião do jornal.

DO GRUPO FOLHA DE SÃO PAULO

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CIRCULAÇÃO

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Editorial

Uma pesquisa do DataFolha, divulgada neste fi m de se-mana, revelou ao Brasil que Manaus é a terceira cidade do país onde se come mais barato. Uma surpresa até para os amazonenses, porque não é o que se sabe, sente e se recla-ma no dia a dia. Milagre: como ser barata uma alimentação que é praticamente toda importada? É histórico o desprezo que a economia do Estado tem dedicado à agricultura, à criação de bovinos, caprinos e suínos.

Apenas muito recentemente levou-se ao que pesquisa-dores sérios indicavam há mais de 50 anos: a prática da criação de peixes em “fazendas aquáticas” ou viveiros, ou tanques, ou simples igarapés represados, sem que se tenha, ainda, uma ração adequada às espécies da região. E isso se deu porque o pescado começou a rarear, com o aumento do consumo (em 1970 a cidade tinha cerca de 300 mil habitantes, e hoje dois milhões) interno e da exportação.

Mesmo com a adesão à criação de peixes, o tambaqui do tipo roelo ou curumim vem de Roraima, da mesma maneira que frutas (como banana e melancia) vêm de Roraima e Rondônia. Não terá sido a presença do MacDonald’s numa esquina da cidade que terá baixado o preço da alimentação em Manaus. Então como ser a terceira mais barata? Enten-de-se que Cuiabá apareça assim prestigiada na pesquisa, pois o Centro-Oeste é um dos principais produtores do que o país consome à mesa. Muito do que se consome na capital amazonense vem dessa região e, pasmem!, do Nordeste, pedaço brasileiro famoso principalmente por suas longas e periódicas secas.

O Amazonas possui um território imenso de várzea que não é aproveitado para a produção de grãos, por exemplo – de terras alagadas assim, a Ásia tem construído uma cultura de milhares de anos e até o seco Egito soube fazer do Nilo a fonte de uma civili-zação que até hoje intriga estudiosos e curiosos. Mas o DataFolha tem lá os seus métodos científicos para justificar essas conclusões. Mas se os pesquisadores demorarem um pouco mais na cidade, podem não alterar a estatística, mas certamente mudarão de opinião. Alimentação em Manaus é um dos baratos mais caros do país.

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Charge

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Fala [email protected]

Todo mês de janeiro é a mesma coisa: as estatísti-cas fortalecem o noticiário da mídia que informa gra-ves acidentes de trânsito, principalmente no período entre Natal e Carnaval.

A falta de educação, re-forçada pela imprudência e sensação de impunidade rouba muitas vidas e deixa um rastro de sangue nas

irresponsabilidade dos motoristas não deve/pode ser tratada pela lei como simples acidente, quando na verdade é crime.

Ricardo Viveiros, jorna-lista e escritor

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Acredite se quiser e se puder, mas um condomínio na Ephigênio Salles importou palmeiras impe-riais para ilustrar sua arquitetura da “Casa & Jardim” e nessa transação descobriu que aves amea-çam a segurança das “estrangeiras”. Daí esse absurdo. Ave tem que pousar em aeroporto?

ERIC BRAGA FOTO LEITOR

Um dos baratos mais caros do país: Manaus

Os repetidos episódios em que pessoas conhecidas, artistas, po-líticos, jogadores de futebol, se recusam a fazer o teste do bafô-metro quando parados pela polícia em operações para fazer cumprir a lei seca acabaram por evidenciar um defeito na legislação que, se não for alterada, corre o risco de virar letra morta. “A mudança é imprescindível. Da forma como a lei está redigida dá margem a se tornar inócua porque não assegu-ra punição aos infratores”, diz o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que negocia um acordo no Congresso para conseguir a aprovação de alterações no texto ainda este ano. De preferência no primeiro semestre, antes que sena-dores e deputados se dispersem por causa das campanhas eleitorais.

A recusa ao teste do bafômetro é amparada pela Constituição que resguarda o direito do cidadão de não produzir provas contra si. Segundo o ministro da Justiça, o erro de origem da lei é o esta-belecimento de uma dosagem de álcool a partir da qual fi ca carac-terizada a infração. E aí, de fato, se o motorista fi zer o teste e o resultado estiver fora do padrão, estará produzindo a prova. A ideia seria inverter essa lógica: retira-se da lei a dosagem, estabelece-se como critério a prova testemu-nhal, no caso, dos policiais, de que a pessoa apresenta sinais de embriaguez. Quem quiser provar o contrário, poderá se submeter ao teste para se defender.

Isso, em princípio, porque os deta-lhes ainda estão sendo discutidos a partir de diversos projetos sobre o tema em tramitação no Congresso e a intenção do ministro é evitar o embate, aprovar as modifi cações por acordo. O importante, na opi-nião dele, é que seja preservado o aspecto coercitivo da legislação,

pois à medida que vai fi cando cla-ra a ausência de condições para punições, a tendência é que a lei torne-se inócua e que se percam até os ganhos já obtidos em termos de comportamento da população.

Fator de violência – Constatação do Ministério da Justiça a partir do cruzamento do mapa das localidades mais violentas com a melhoria da dis-tribuição de renda nas várias regiões do país: em algumas delas onde se esperava que caíssem os índices de criminalidade ocorreu justamente o contrário. No Nordeste, por exemplo. Uma lição o ministério já tirou: a pobreza não é fator determinante da violência. Há outros (aumento do consumo de drogas é um deles) ainda em estudo, a partir do qual o governo pretende montar um plano de combate específi co às causas desse crescimento.

De estimação – A concessão do visto de entrada no Brasil à bloguei-ra Yoani Sanchez foi um ótimo gesto de Dilma na direção da defesa dos direitos humanos como fator de po-lítica externa, conforme prometera, mas não terá desdobramentos na visita que inicia amanhã a Cuba. A presidente não vai conversar com dissidentes do regime. Seria, na avaliação de governo, além de um ato hostil a Fidel e Raúl Castro, a negação completa da política de Lula e uma péssima sinalização à esquerda do PT. Marco Aurélio Garcia, assessor internacional, à frente. No governo Fernando Hen-rique, o então chanceler Luiz Felipe Lampreia foi a Cuba, conversou com a oposição e, em represália, Fidel Castro não o recebeu. Algum prejuízo para o Brasil? Nenhum, mas nem de longe o governo do PT pretende trincar suas relações com a ditadura Castro. Por menor importância objetiva que isso tenha, a preservação do simbolismo está acima do discurso pluralista.

Dora [email protected]

Dora KramerJornalista, escreve simultaneamente

no jornal “O Estado de S.Paulo”

A Constitui-ção resguar-da o direito do cidadão de não pro-duzir provas contra si. O erro de origem da lei é o esta-belecimen-to de uma dosagem de álcool que caracteriza a infração”.

Aperto na Lei Seca

estradas, cicatrizes nos corações e mentes. Essa dura realidade continua cada vez pior.

Dados divulgados em fevereiro do ano passado pelo Ministério da Justiça indicavam que as mortes de jovens em acidentes de trânsito, nos últimos 10 anos, cresceram mais de 30%. Só nesse final de

2011, já somam quase 500 vítimas fatais.

O número ofi cial de mor-tos no Brasil, vítimas de aci-dentes de trânsito, é de 35 mil por ano; porém, sabe-se que são contabilizados ape-nas aqueles que morrem no local do acidente.

Muitos acreditam que esse número passe dos 50 mil mortos anuais. A

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A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Jesus traba-lhou como carpinteiro e, depois, labu-tou em sua missão de evangeliza-dor, mas não descuidava do descan-so. Tirava momentos para convi-ver também com a famí-lia”.

Ao ouvir, numa dessas manhãs, o noticiário da Rádio CBN fui surpreen-dido, quiçá chocado, por uma entrevista de Robério, em que prome-tia à popula-ção a vinda do UFC a Manaus”.

João Bosco

Araújo

Todos sabemos que o trabalho é im-portante não só como instrumento de progresso mas também como meio de ter dignidade. Os bispos latino-americanos reafi rmaram essa verdade no documento de sua 5ª Conferência Geral realizada em Aparecida. “Louvamos a Deus porque na beleza da criação, que é obra de suas mãos, resplandece o sentido do trabalho como participação na sua tarefa criadora e como serviço aos irmãos e irmãs. Jesus, o carpinteiro (Mc 6, 3), dignifi cou o trabalho e o trabalhador e recorda que o trabalho não é mero apêndice da vida, mas que constitui uma dimensão fundamental da existência do homem sobre a terra, pela qual o homem e a mulher se realizam como seres humanos. O trabalho garante a dignidade e a liberdade do homem e é provavelmente a chave essencial de toda a questão social” (DA 120).

A necessidade de trabalhar vem crua-mente colocada por Paulo ao escrever aos tessalonicenses: “Quem não quer trabalhar também não há de comer” (2Ts 3, 10). Jesus afi rma que Deus seu Pai trabalha. Em poucas palavras, quem não trabalha por própria vontade coloca-se contra Deus, a sociedade e a si mesmo. Agora, o outro lado da moeda. Todos sabemos que não é menos importante destinar tempo para o descanso. Ninguém tem constituição só para trabalhar. Precisamos parar a fi m de refazer as forças e viver. O livro do Gênesis fala que Deus trabalhou seis dias na criação do mundo e, depois, descansou.

O descanso semanal é oportunidade de louvar a Deus e dedicar tempo para outras atividades também importantes como a vida familiar, a religião, a cultura e o lazer. Outro livro bíblico, o Eclesiastes, diz: “E, que o homem coma e beba, desfrutando do produto de todo o seu trabalho, é dom de Deus” (Ecl 3, 13). Jesus trabalhou como carpinteiro e, depois, labutou em sua missão de evangelizador, mas não descui-dava do descanso. Tirava momentos para conviver com a família de Lázaro, Marta e Maria. Convidava seus discípulos a se recolherem em lugares mais tranquilos. Ia a casamentos e a banquetes. Precisamos aprender a trabalhar sem preguiça e a descansar sem remorso. Nisso consiste o segredo de uma vida sábia.

Na poesia intitulada “Liberdade”, o poeta português Fernando Pessoa brincou com a vontade de fazer nada. Naturalmente é uma brincadeira: vão aí os seus versos: “Ai que prazer/Não cumprir um dever,/ Ter um livro para ler/ E não o fazer!/ Ler é maçada./ Estudar é nada./ O sol doira/ Sem literatura./ O rio corre, bem ou mal,/ Sem edição original./ E a brisa, essa,/ De tão naturalmente matinal/ Como o tempo não tem pressa.../Mas o melhor do mundo são as crianças,/ Flores, música, o luar e o sol, que não peca/ Só quando, em vez de criar, seca./ O mais do que isso/ É Jesus Cristo,/ Que não sabia nada de fi nanças/ Nem consta que tivesse biblioteca...”

O negócio é o seguinte: trabalhar quando se deve trabalhar, e descansar quando se deve descansar. E viva ao ócio bem usado!

PainelRENATA LO PRETE

Depois de integrantes do governo classifi carem como “bárbara e terrorista” a ação da PM paulista na reintegração de posse no Pinheirinho, o Planalto planeja criar grupo de trabalho interministerial para antecipar os diagnósticos de áreas urbanas no país passíveis de confl ito. Levantamento preliminar feito pelo Ministério das Cidades mapeou 200 ocupações de sem-teto análogas à de São José dos Campos no país. Quatro pedidos de socorro federal para invasores de terrenos com determinação judicial de expulsão che-garam à Presidência durante a semana. Uma delas está agendada para amanhã no Mato Grosso do Sul.

Na pele Do secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, atin-gido por bala de borracha na operação policial de do-mingo passado: “É preciso institucionalizar mecanis-mos de diálogo que prece-da qualquer reintegração de posse”.

Prazo de validade A bancada do PP na Câmara não sabe se Mario Negro-monte estará na primei-ra reunião pós-recesso, agendada para quarta. Os deputados aguardam a demissão do ministro das Cidades esta semana.

Timing Na lista de can-didatos ao Ministério do Trabalho, André Figueire-do (RJ) pleiteia a liderança pedetista na Câmara. A escolha está marcada na terça-feira. Presidente da sigla, o ex-ministro Carlos Lupi procura aliados para saber se o Planalto emitiu sinais de que substituirá o interino Paulo Pinto.

Incentivo ofi cial Grupo de haitianos que chegou ao Brasil depois de o go-verno decidir exigir visto se mostrava indignado com o ex-presidente bra-sileiro. “O Lula foi lá [Haiti] e disse que o Brasil estava de braços abertos para nós. Viemos e encontra-mos o país fechado”, disse um deles, em Tabatinga (AM).

Propaganda Em cam-panha para turbinar a Rio+20, Dilma Rousseff pretende ir à Cúpula das Américas, em abril, na Co-lômbia, e à Cúpula Améri-ca do Sul-África, em maio, na Guiné Equatorial.

Multicultural A progra-mação das 12 Fan Fests da Fifa programadas para a Copa-2014 será regio-nalizada. Cada sede fi cará responsável pela seleção de artistas locais e mon-tagem de palco.

Downgrade Em sua despedida do MEC, na terça passada, Fernando Haddad brincou com a candidatura em São Paulo: “Será que troco um Orça-mento de R$ 80 bilhões por outro de R$ 40 bi? E ainda preciso ser eleito”.

Motim Geraldo Alck-min administra crise na Fundação Casa, a antiga Febem. Há seis anos no comando da instituição, Berenice Gianella avisou ao Bandeirantes que sua permanência no cargo estaria prejudicada pelas desavenças com a secre-tária de Justiça, Eloísa Arruda.

Motim 2 Nos bastido-res da pasta, a gestão de Berenice é questionada. A entidade atende 8.000 me-nores e tem 15 mil funcio-nários --sendo 2.000 em cargos de confi ança. O cus-to mensal por infrator é de R$ 12 mil, muito acima do valor gasto com detentos no sistema prisional.

Novo CEP Como parte do projeto de revitaliza-ção do centro, o governo paulista comprou prédio ocupado hoje pelo Banco Itaú na rua Boa Vista. O imóvel foi avaliado em R$ 27 milhões. No local, fun-cionarão o Comitê Paulista da Copa e repartições de secretarias.

Tiroteio

A possível aliança entre o PT e PSD na eleição em SP é um casamento que cos-tumo chamar de ‘Jaconça’, ou seja, jacaré com onça. Não se sabe o bicho que vai dar

Contraponto

O ex-governador Franco Montoro acompanhava, em 1998, inauguração de parque gráfi co em Campinas. Levava uma pilha de livros nas mãos. Apressadamente, um assessor se prontifi cou a guardar as publicações. O tucano, à época deputado federal, rejeitou a ajuda:

— Vou fi car com as mãos ocupadas!Durante o evento, seu desafeto Orestes Quércia subiu

ao palanque e discursou, sendo ovacionado. Montoro evitou cumprimentos e dirigiu-se ao funcionário:

— Entendeu agora?

Publicado simultaneamente com o jornal ‘Folha de S.Paulo’

DO PRESIDENTE DO PTB-SP, CAMPOS MACHADO, sobre o aceno do prefeito Gilberto Kassab (PSD), que enfrentou oposição petista, para o ex-ministro e pré-candidato Fernando Haddad (PT).

Não vamos abrir mão da nossa legislação.

O Congresso tem ma-turidade. O relator da matéria está disposto a respeitar a lei bra-sileira. Mas também temos que respeitar o trato que foi feito

com a Fifa

Conheço o secretário Robério Braga há muitos anos. Sei do seu talento, da sua formação intelectual e moral, da sua erudição, até porque, muito mais novo, frequentava a casa do meu pai, com quem batia longos papos e a cuja biblioteca tinha o acesso que o “velho André” não facultava a qualquer um. Coisa rara já naquele tempo, um jovem que usava do seu tempo para ouvir e, presumo, sorver da sabedoria de um homem já passado nos anos.

Depois, Robério, no bom sentido, foi se tornando pouco a pouco um homem públi-co, sempre vinculado à “intelligentsia” da cidade, no Instituto Geográfi co e Histórico do Amazonas, na Academia Amazonense de Letras, competente e talentoso pesqui-sador da história e da cultura do Amazonas, até chegar ao comando da Secretaria de Cultura, onde está há alguns anos, com os aplausos e a aprovação de praticamente toda a sociedade.

Eu mesmo, neste mesmo espaço, por mais de uma vez já reconheci e proclamei publicamente a qualidade do trabalho de Robério Braga e quanto devemos a ele pelas suas realizações culturais. São coisas como os Festivais de Ópera, de Cinema, de Teatro; a Filarmônica, a Jazz Band, o Coral, o Corpo de Baile; as belíssimas festas como a comemoração do Natal; a destacar ainda a restauração de ruas, prédios e espaços, como o largo São Se-bastião, o que não cessou, como hoje se vê na praça do Congresso.

Dito e mantido tudo isso, posso agora entrar no assunto que me motivou este artigo.

Ao ouvir, numa dessas manhãs, o no-ticiário da Rádio CBN fui surpreendido, quiçá chocado, por uma entrevista de Robério, quando o secretário prometia à população a vinda do UFC a Manaus, com a realização de algumas lutas de MMA, como promoção da instituição de cultura por ele dirigida.

Não vejo como compatibilizar o Robé-rio que conheço, com um evento dessa natureza que, a meu ver, apenas propaga a violência e deseduca a população, so-bretudo a mais jovem.

Com certeza não se coaduna com os objetivos que devem ser buscados por uma secretaria que se propõe preservar e difundir a cultura como o conjunto de atividades e produtos que se vinculam à criatividade do espírito humano.

A questão da violência e sua propaga-ção nas sociedades humanas, inclusive na nossa Manaus, de modo assustador, muito preocupa a todos nós quando lemos nos jornais a fartura e a facilidade com que se agride, fere e mata. Não faz muito tempo uma moça foi assassinada, aqui mesmo, por alguém do jiu-jítsu, que lhe fraturou o pescoço com um soco.

Não, não pode ser uma ideia nascida do próprio Robério Braga. Não se harmoniza com tudo o que tem feito em sua vida, ele, que tem a mais rica e lúcida percepção do que se pode e deve fazer para educar um povo por meio das atividades culturais. Não dá para imaginar o Robério apresentando Wagner e, em seguida, Vítor Belfort.

UFC pode dar voto, masnão vai educar o povo

Para ler nas férias efazer bom uso do ócio

Pinheirinhos em série

Literatura de bolso

Frases

Na maioria dos países da Europa ocidental, a legislação já prevê vistorias periódicas,

num intervalo de ao menos cinco anos, em prédios particulares

Manuel Lapa, do Clube de Engenharia, diz que a entidade pretende entregar à Câmara Municipal do Rio propostas para aumentar a fi scalização sobre

prédios, para prevenir desabamentos.

Fizeram uma divulgação de quebra de sigilo e não deram nome de ninguém. Queremos saber quem é corrupto, quem fez uma tran-sação indevida para ser punido. Hoje, todos os magistrados do país estão sob suspeita

Luiz Eduardo Rabello, presidente da Associação Nacional de Desembargadores, contesta a Lei do

Sigilo Bancário, que permite investigar movimenta-ções fi nanceiras “atípicas” de magistrados.

Aldo Rebelo, ministro do Esporte, tenta servir a dois diabos ao mesmo tempo, contanto que a Copa de 2014 aconteça nas 12 cidades-sede pré-

estabelecidas.

Diretor-executivo do Amazonas EM

TEMPO

Dom LuizSoares Vieira

Arcebispo de Manaus

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MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 A5Política

Eles já estiveram à frente da Prefeitura de Manaus por, pelo menos, quatro anos,

implantaram projetos que modifi caram a cidade em períodos distintos, já foram antecessores e sucessores uns dos outros, “guerrearam” pelo governo do Estado, mas “juram de pés juntos” que não pretendem “brigar” pelo Exe-cutivo Municipal em 2012.

Com discursos diferentes — o ex-senador Arthur Virgí-lio Neto (PSDB), os senadores Eduardo Braga (PMDB) e Al-fredo Nascimento (PR) e o atu-al prefeito da cidade, Amazo-nino Mendes (PDT) — negam o interesse na Prefeitura de Manaus, mas já se articulam para indicar um pré-candidato para a disputa.

O atual prefeito da capital e candidato natural à reeleição, Amazonino Mendes, já disse publicamente que “não aguen-ta mais a pressão” e que “vê forças estranhas conspirando contra sua administração”.

No último ano do terceiro mandato à frente do Execu-tivo (1983-1985; 1992-1994; e 2008-2012), o prefeito dis-se estar sendo perseguido e passando pelo período mais difícil de sua vida política. “Sofri traições e injustiças, fui atacado por todos os lados, mesmo fazendo melhorias na nossa cidade. Pisaram na minha biografi a, agora preci-so de um tempo para mim”, desabafou.

Com a marca de ter conclu-ído grandes obras de infraes-trutura e habitacionais, como a construção dos conjuntos Renato Souza Pinto e Oswaldo Frota, além dos programas sociais “Meu Filho”, “Restau-rante Pequeno Trabalhador”,

“Bolsa Universidade” e “Lei-te do Meu Filho”, o prefeito deve indicar um pré-candidato que represente seus ideais nos próximos quatro anos.

Segundo o secretário-geral do PDT — legenda liderada por Amazonino —, Dermilson Chagas, a sigla não tinha dis-cutido possíveis nomes para a prefeitura. “A preferência é dele (Amazonino). Com o PDT, ele (Amazonino) é candidato a qualquer coisa, mas é ele quem decide. Caso não queira participar do pleito, iremos analisar outros nomes fortes dentro do partido”, disse.

Abre mãoO presidente estadual do

PMDB, senador Eduardo Bra-ga, tem apostado em uma pos-tura diferente. Desde junho do ano passado, o senador evita falar da sucessão municipal, mesmo após ter sido indicado pelo presidente nacional da legenda e vice-presidente da República, Michel Temer, para o cargo na capital amazonen-se. “Há o momento certo para falarmos em pré-candidatu-ras e eleições”, argumentou.

Prefeito de Manaus por dois anos (1994-1996), ele não declarou oficialmente se será candidato, mas já tem uma lista de possíveis “sucessores”.

CAMILA CARVALHOEquipe EM TEMPO

Sofri traições e in-justiças, fui atacado por todos os lados,

mesmo fazendo melhorias na nossa cidade. Pisaram na

minha biografi a

Amazonino Mendes, prefeito de Manaus

Prefeito: Arthur Virgílio Neto (PSDB)Período: 1988 - 1992

Relembre algumas das obras

Obras: Saneamento com-pleto da cidade, sendo denominado de “prefeito tatu”; recapeamento das

principais vias; constru-ção de galerias subter-râneas para escoamento da água.

Prefeito: Amazonino Mendes (PDT)Período: 1983-1985; 1992-1994; 2008-2012;Obras: Implantação dos programas sociais “Meu Filho”, “Restaurante Pe-queno Trabalhador”, “Bolsa Universidade” e “Leite do

Meu Filho”; reforma e Res-tauração completa da orla da Ponta Negra; construção de dois viadutos e duas passagens de níveis.

Prefeito: Eduardo Braga (PMDB)Período: 1994-1996Obras: Primeiros com-plexos viários da cidade; Complexos habitacionais incorporados ao Programa

Social e Ambiental dos Iga-rapés de Manaus (Prosa-mim); construção da Praça do Dom Pedro.

Prefeito: Alfredo Nascimento (PR)Período: 1996-2000; 2000-2004Obras: Tentativa de im-plantação do sistema Ex-presso e dos terminais de integração do transporte coletivo; início da implan-tação dos terminais fl uviais (portos); construção das

passagens de nível entre as avenidas Djalma Batista e Constantino Nery; constru-ção dos viadutos que inter-ligam as avenidas Torquato Tapajós e Djalma Batista à avenida Recife.

O ex-senador Arthur Virgílio Neto (PSDB) — chamado de prefeito “tatu” quando esteve à frente de Manaus em 1988 — afirmou que não pretende disputar pela prefeitura por preferir estar no par-lamento. “O meu amor é pelo parlamento. Manaus é uma cidade complicada, com pro-blemas que emergem força, como as ques-tões de saneamento, habitação e transporte público”, disse.

Ele criticou os ges-tores que tentam uti-lizar o Executivo como trampolim e garantiu que com o atual or-çamento da prefeitura, os problemas poderiam ser resolvidos. “Tem de ser alguém que governe Manaus para valer, que seja saudável para cida-de. Se for para pensar e fazer só o que dá voto, a cidade só apro-funda seus problemas e se torna ingovernável”, criticou.

O ex-senador é cotado para disputar uma das cadeiras do Legislati-vo municipal e garantir vaga para outros 12 cor-religionários. “A verean-ça fortaleceria o partido e me daria mais mobi-lidade para, em 2014, disputar o Senado, mas é algo em avaliação”.

Problemas afastam Arthur

Caciques da política local descartam interesse em disputar a prefeitura da capital, mas se articulam para indicar pré-candidatos ao próximo pleito. Os quatro já foram prefeitos da capital amazonense

Alfredo disse que não tem interesse em disputar a Prefeitura de Manaus

Atual prefeito, Amazonino Mendes, afi rmou sofrer perseguições

Arthur Virgílio garante ter mais inte-resse em permanecer no parlamento

Indicado pelo presidente nacional do PMDB, Braga não confi rmou intenção

um prefeito para ManausO ex-ministro dos Trans-

portes e atual senador da República, Alfredo Nasci-mento (PR), já declarou que não tem interesse em dis-putar a Prefeitura de Ma-naus. Ele, que já foi prefeito da cidade por duas vezes (1996-2000; 2000-2004), deve “indicar” o deputado federal Henrique Oliveira (PR) como representante

dos republicanos no pleito. Por meio de interlocutores, o senador argumentou que o Executivo municipal não faz parte de seus “planos políticos” e que seu objetivo é demonstrar que a gestão à frente do Ministério dos Transportes foi regular.

A reportagem não conse-guiu contato com o deputa-do Henrique Oliveira.

Alfredo está desgastado

GERALDO MAGELA/AGÊNCIA SENADOARQUIVO EM TEMPO/MICHELL MELLOHUDSON FONSECAARQUIVO EM TEMPO/MICHELL MELLO

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A6 Política MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

CNJ promove secretária que autorizou licitação

O Conselho Nacional de Justi-ça (CNJ) promoveu ao cargo de diretora-geral Glaucia Elaine de Paula, justamente a responsá-vel pelo controle interno que deu parecer favorável à realização de licitação suspeita, que gerou contrato de R$ 68 milhões com o consórcio de empresas de in-formática CDS/NTC, vinculado à multinacional Oracle. Glaucia assumiu o cargo em lugar de Helena Azuma, demitida por discordar do projeto milionário, considerado desnecessário por técnicos.

Tá foraTambém foi demitido por se

opor à licitação o ex-diretor de Informática, Delicieux Dantas, cuja área apresentou projeto 14 vezes mais barato.

Conversa...Na reunião do CNJ que deci-

diu manter licitação suspeita, Paula negou qualquer direcio-namento. “Eram apenas duas licitantes”, alegou.

... pra boi dormirMas quem fi cou em segundo

lugar na licitação foi a empresa Maxtera, que tem como repre-sentante Hélio Zveiter, fi lho de diretor da Oracle.

Foi gravadoDizendo representar as em-

presas vencedoras, o sr. Geraldo Tavares Jr, consultor da AFB Advocacia, ofereceu propina para calar denúncias.

Defesa manobra para terrorista fi car no Brasil

As últimas declarações do terrorista italiano Cesare Bat-tisti, agredindo seu próprio país, piora a situação dele no Bra-sil. O juiz Alexandre Vidigal de Oliveira, da 20ª Vara Federal, vai decidir sobre a estada pri-

vilegiada do bandidão no país, em resposta a carta precatória da Itália que chegou em 6 de dezembro passado. Mas a chi-cana jurídica dos caríssimos advogados de Battisti força o juiz a protelar a decisão.

Xô, terroristaAs manobras protelatórias

empurraram a decisão fi nal para depois do Carnaval, que se espera seja o último de Cesare Battisti no país.

Transitado em julgadoCesare Battisti foi condenado

duas vezes à prisão perpétua na Itália por quatro assassinatos a serviço de uma organização terrorista.

Um falsifi cadorBattisti é acusado de co-

meter crimes federais como falsifi cação de passaportes e documentos civis para entrar no Brasil.

Que oposição?Com medo de ser tratorado

pela aliança em torno de Eduar-do Paes, que disputará reeleição à prefeitura do Rio de Janeiro, o PPS está de malas prontas para apoiá-lo nas eleições munici-pais. Usará a desculpa de que a oposição também precisa ser propositiva. Uhum...

Na correriaO presidente nacional do PDT,

Carlos Lupi, se reunirá nesta segunda (30) com diretório do partido em Brasília. O objetivo: validar a indicação de seu braço direito, André Figueiredo, para ministro do Trabalho.

MonitoramentoO deputado Reginaldo Lopes

(PT-MG) pediu ao presidente da Câmara, Marco Maia, uma comissão externa para acom-panhar as ações de prevenção e reparação de danos em áreas

de risco.

No lugar certoA Justiça do Tocantins conde-

nou o ex-prefeito Antônio Fran-cisco Leite a prestar serviços sociais, por fraudar licitação em repasse de R$50 mil da Caixa usando empresa laranja. Nome da cidade: Lavanderia.

Prece atendidaComo a coluna informou na

quarta (25), o ex-presidente da Petrobras,José Eduardo Dutra, louco para voltar, está com um pé na estatal de novo: a direto-ria corporativa. Irreconhecível, perdeu mais de 20 quilos.

Outra brigaAlém de escolher o próximo

líder na Câmara, o PT decidirá em fevereiro quem vai assumir as comissões de Saúde, Educa-ção e Ciência e Tecnologia ou Direitos Humanos. O barraco está armado.

Luz, câmera!O deputado e ator Stephan

Nercessian (PPS-RJ) aproveitou o recesso parlamentar para gravar cenas do novo fi lme de Andrucha Waddington, “Os pe-netras”. A comédia estreia em outubro nas telas brasileiras.

Aumento canceladoApós aumentar o salário dos

servidores com base em estudo de R$ 5,9 milhões da Fundação Getúlio Vargas, o Conselho Fe-deral de Engenharia (Confea) cancelou tudo. A decisão foi do atual presidente, José Tadeu, opositor do autor da medida, o antecessor Marcos Tulio

Luiza fl uminenseNão era a Luiza que estava

no Canadá. Era o governador do Rio de Janeiro, Sergio Cabral. Nada que um jatinho amigo não alcance.

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM TERESA BARROS E LEANDRO MAZZINI

Jornalista

Dos Thales, o maior

www.claudiohumberto.com.br

O prédio já não estava bem”

SENADOR MARCELO CRIVELA (PRB), sobre as condições do edifício que desabou no Rio

Dois gigantes do colunismo político, Carlos Castello Branco, do Jornal do Brasil, e Luiz Recena, do Jornal de Brasília, com-partilhavam do privilégio de terem como fonte o deputado pernambucano Thales Ramalho. Certa vez, reagindo a notícias da iminente escolha do adversário e conterrâneo Fernando Lyra para o ministério de Tancredo Neves, Thales perpetrou a maldade que era uma grande injustiça:

- Fernando não pode ser ministro da Justiça porque é um analfabeto.

Certa sexta-feira, já recomposto com Lyra, ele surpreendeu:- Castello, escreva pra domingo: Fernando será ministro da Justiça.- Pô, Thales, ele não era analfabeto? – cobrou Castelinho.A resposta foi na bucha:- Alfabetizou-se esta semana, Castello...Depois ligou para Recena:- Escreva isto também, vá que o Castello esqueça...

A média de atendimentos tem sido de quatro a cinco pessoas por dia. Rotina normal é de 30, diariamente

Práticas assistencialistasprevalecem nos gabinetes

O anúncio de funcio-namento nos gabi-netes parlamenta-res da Assembleia

Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), em pleno recesso de fi nal de ano, - in-formação divulgada de for-ma sequenciada pela maioria dos deputados no site insti-tucional-, resultou em uma inexpressiva demanda dos populares tanto do interior como da capital. Os poucos que procuraram, no entanto, foram aos gabinetes em busca de atendimento assistencia-lista, situação predominante nas reivindicações.

A média de atendimento tem sido de quatro a cinco por dia, número inferior a rotina do período dos trabalhos parla-mentares efetivos, que chega a 30 por expediente, de acordo com os chefes de gabinetes. O horário de funcionamento é de 8h às 14h, conforme o regimento interno.

Os principais pedidos aos gabinetes são de cunho es-tritamente pessoal, como a procura de consultas médicas, auxílio em cirurgias, orienta-ção jurídica, solicitação de lim-peza e asfaltamento nas vias, principalmente do interior do Estado, entrega de currículos, reivindicações específi cas de segmentos representadas pe-los deputados, - como é o caso

do cabo Maciel (PR) com os servidores da Segurança Pú-blica, e David Almeida (PSD), um dos representantes dos evangélicos na instituição -, entre outros.

Conforme informações dos chefes de gabinetes, após for-malizadas as solicitações, elas são encaminhadas aos órgãos competentes com o intento de dar maior celeridade ou atenção à causa. Alguns dos assessores dos parlamentares argumentaram que o perfi l de assistência predominante nos atendimentos dos gabinetes deve-se à desinformação das atribuições dos Poderes Le-gislativo e Executivo, havendo confusão por parte da socie-dade ao buscar a casa.

MEG ROCHAEquipe EM TEMPO

Para o cientista político Gil-son Gil, os parlamentares, ge-ralmente, tendem a alimentar essa situação ao promover ações assistencialistas des-de suas campanhas políticas. “Eles fomentam o assisten-cialismo, deixando de lado as propostas legislativas ou políticas mais permanentes. Depois de eleitos, fazem de seus gabinetes uma exten-são da campanha, continu-

ando a prática das doações e intervenções em questões individuais”.

Ele observou, ainda, que os populares tornam-se uma espécie de clientelas de de-pendentes. “Por este meio, eles acabam criando ‘currais eleitorais’ cativos pelas ben-feitorias concedidas. Poucos identifi cam as respectivas demandas, que são legítimas em leis práticas”.

PRÁTICA

A deputada Concei-ção Sampaio (PP) disse que optou pelo funcio-namento do gabinete porque as demandas populares não param durante o recesso, e acredita que a principal função de um parla-mentar é ouvir a popu-lação que representa.

“Não me imagino como deputada es-tando voltada apenas

para ações internas na Assembleia. A pessoa que tem função públi-ca, tanto o parlamen-tar como o executivo, erra menos se ouvir a população”, finalizou.

Sidney Leite (DEM) justificou que são identificadas inúme-ras irregularidades por meio das reivin-dicações que chegam aos gabinetes.

Demandas populares

A alegação de con-fundir o papel dos po-deres foi contestada pelo deputado José Ricardo (PT), que im-putou esse padrão de demanda ao estímulo proveniente da má po-lítica, e somente em li-nhas gerais, à ‘confusão popular’. “São práticas decorrentes de uma po-lítica duvidosa, já que os próprios parlamen-tares instigam esses pedidos, aproveitando-se da necessidade das pessoas. São interven-ções próprias daqueles que se travestem de políticos”, disse.

Estímulo vem do mau uso da política

Funcionamento dos gabinetes durante recesso, na Aleam, atraiu demandas assistencialistas

Segundo Sidney Leite, demandas geram representações

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Para Conceição Sampaio, é fundamental ouvir a população

Ações ocorrem desde a campanha eleitoral

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MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 A7Política

Projeto de lei quer pressapara julgar autoridadesCeleridade na apreciação de processos envolvendo parlamentares deve ter prioridade com proposta na Câmara dos Deputados

O projeto de lei que pede celeridade no julgamento de au-toridades com foro

privilegiado – em tramitação na Câmara dos Deputados – é visto com bons olhos pelos deputados da Assem-bleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), mesmo envolvendo os próprios polí-ticos amazonenses.

O projeto de lei (PL) é do deputado Ronaldo Fonseca (PR-DF) e estabelece priori-dade para esse tipo de proces-so, acrescentando parágrafo único ao Código Penal. Desta forma, o decreto-lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941, passa a tratar tanto os processos quanto seus respectivos re-cursos, com prioridade sobre os demais.

O deputado Sinésio Campos (PT) aponta que a imunidade parlamentar não significa im-punidade no cargo. De acordo com o líder do governo na casa legislativa, o fato de ser autoridade não é motivo para se autoafirmar acima da lei, mesmo atuando no Legislativo.

Embora desconheça o teor da matéria, o deputado Marce-lo Ramos (PSB) comenta que só o fato de ter um projeto que trate de agilidade nos julga-mentos já é positivo. O socia-lista pondera que a discussão beneficia tanto a sociedade quanto os próprios acusados, isto porque os cidadãos não terão que manter durante todo o mandato alguém que pode vir a ser condenado, assim como a própria autoridade pode conseguir provar sua ino-cência em curto período.

De acordo com o autor da matéria, este tipo de julga-mento se acumula durante anos e leva muito tempo para ser julgado. Em sua justifica-tiva ao projeto, ele declara que o advento do foro pri-vilegiado concedeu regalias às autoridades que comete-ram crimes comuns ou de responsabilidade, garantin-do-lhes um julgamento dife-renciado. “Vislumbramos na prática uma ausência de re-sultados práticos em relação ao trâmite de processos de competência pela prerrogati-va de função, principalmente, quanto ao tempo de duração, o que nos impele à reflexão sobre o tema”.

O projeto de Fonseca tramita em conjunto ao PL 333/07 do deputa-do federal Paulo Piau (PMDB-MG), que trata de propositura seme-lhante. A propositura dispõe que “o mandato conquistado nas urnas deve servir à defesa do bem comum e, para tanto, seus detentores precisam estar isentos de vícios junto à Jus-tiça, no concernente a crimes comuns e de responsabilidade”. Piau argumenta que o PL não pretende imputar aos políticos presunção de culpabilidade ou o privi-légio do julgamento de qualquer matéria, e sim conferir celeridade aos trâmites desses pro-cessos, beneficiando a própria sociedade.

Mandato deve servir o bem comum

Para Sinésio Campos, imunidade parlamentar não significa impunidade para os parlamentares

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

ARQUIVO EM TEMPO/MICHELL MELLO

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

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EconomiaCa

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o B

[email protected], DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 (92) 3090-1045Páginas 4

Produção orgânica deve triplicar no AM

Lei da Entrega provoca ‘corre corre’ no comércioMesmo ao vislumbrar prejuízos, lojas terão de se adequar a lei que prevê conclusão de entrega e montagem

Conquista para o con-sumidor e, a partir de agora, uma exigência a ser seguida pelos

estabelecimentos comerciais do Amazonas, a Lei da En-trega (3.706/12), publicada no último dia 12 no Diário Ofi cial do Estado (DOE), gera polêmica no setor. Isso por-que o comércio, que agora terá de concluir os serviços de entrega e montagem em um prazo máximo de cinco dias, já “amarga” os possíveis prejuízos da adequação.

Segundo o presidente da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Gaitano An-tonaccio, a nova lei vai gerar despesas extras aos lojistas, que terão de se adequar ou fi car expostos às multas, que

podem chegar a R$ 3 milhões. Para ele, a lei é impraticável e “não vai pegar”, porque as lo-jas não disponibilizam de mão de obra qualifi cada sufi ciente para fazer a entrega e a mon-tagem de forma tão rápida. “Ao invés de estipular prazo mínimo, tem de haver consenso entre o comprador e o vendedor”, declarou, ao ressaltar que o governo deveria dar um período de 90 dias para as empresas se adequarem à legislação.

Por sua vez, o administrador Túlio Bezerra, do Armazém Pa-raíba, prevê que as lojas que trabalham com um grande vo-lume de entregas terão difi -culdades em cumprir a lei, em particular, no quesito referente ao agendamento. Isso porque, segundo ele, a cidade possui um trânsito caótico e problemas na identifi cação dos endereços residenciais. “Vemos com bons

olhos a lei, porém, entendemos que é preciso que sejam feitos alguns ajustes”, afi rmou. “As empresas que trabalham com muitas entregas vão encontrar difi culdades. É preciso ter bom senso”, completou.

Ainda de acordo com ele, o Armazém Paraíba não irá con-tratar novos funcionários para ampliar o grupo de 60 pessoas que trabalham atualmente na área de entrega e montagem da empresa. Segundo ele, o estabe-lecimento realiza mais de cem entregas por dia. “Entregamos em cinco dias úteis e damos prazo de mais cinco dias para a montagem”, enfatizou. “Os órgãos reguladores precisam ver a questão do agendamen-to”, concluiu Bezerra.

ANWAR ASSIEquipe EM TEMPO

Autor do projeto que resultou na lei nº 3.706/12, o deputado Marcos Rotta afi rma que a propositura foi apresentada devido ao grande número de re-clamações referentes à entrega e a montagem dos produtos na Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (CDC-Aleam), da qual é presidente. “O projeto foi feito em comum acordo com os lojistas e veio preencher uma lacuna na hora da entrega e montagem dos produ-tos. Quando é para ven-der é fácil, mas quan-do é para entregar ou montar, as lojas põem dificuldades e demo-ram a prestar o serviço”, declarou o parlamentar.

De acordo com o proje-to, o fornecedor terá prazo de cinco dias úteis – a contar da data da compra –, para entregar a mer-

cadoria. Para os produtos adqui-ridos fora da ci-dade, o tempo é de 20 dias úteis. Além disso, fi cou estabelecido que os prazos pode-rão ser pror-rogados por igual período, mas por uma única vez.

O Departa-mento do Pro-grama Estadual de Proteção e Orientação ao C o n s u m i d o r (Procon/AM) , destaca que as reclamações re-lacionadas à en-trega de produ-tos acabados são “raras”. A maior parte das queixas dos consumidores é quanto a não fi -nalização da monta-gem dos produtos.

Reclamações

‘corre corre’ no comércioMesmo ao vislumbrar prejuízos, lojas terão de se adequar a lei que prevê conclusão de entrega e montagem

podem chegar a R$ 3 milhões. Para ele, a lei é impraticável e “não vai pegar”, porque as lo-jas não disponibilizam de mão de obra qualifi cada sufi ciente para fazer a entrega e a mon-tagem de forma tão rápida. “Ao invés de estipular prazo mínimo, tem de haver consenso entre o comprador e o vendedor”, declarou, ao ressaltar que o governo deveria dar um período de 90 dias para as empresas se adequarem à legislação.

Por sua vez, o administrador Túlio Bezerra, do Armazém Pa-raíba, prevê que as lojas que trabalham com um grande vo-lume de entregas terão difi -culdades em cumprir a lei, em particular, no quesito referente ao agendamento. Isso porque, segundo ele, a cidade possui um trânsito caótico e problemas na identifi cação dos endereços residenciais. “Vemos com bons

olhos a lei, porém, entendemos que é preciso que sejam feitos alguns ajustes”, afi rmou. “As empresas que trabalham com muitas entregas vão encontrar difi culdades. É preciso ter bom muitas entregas vão encontrar difi culdades. É preciso ter bom muitas entregas vão encontrar

senso”, completou.Ainda de acordo com ele, o

Armazém Paraíba não irá con-tratar novos funcionários para ampliar o grupo de 60 pessoas que trabalham atualmente na área de entrega e montagem da empresa. Segundo ele, o estabe-lecimento realiza mais de cem entregas por dia. “Entregamos em cinco dias úteis e damos prazo de mais cinco dias para a montagem”, enfatizou. “Os órgãos reguladores precisam ver a questão do agendamen-to”, concluiu Bezerra.

cadoria. Para os produtos adqui-ridos fora da ci-dade, o tempo é de 20 dias úteis. Além disso, fi cou estabelecido que os prazos pode-rão ser pror-

O Departa-mento do Pro-grama Estadual de Proteção e Orientação ao C o n s u m i d o r (Procon/AM) , destaca que as reclamações re-lacionadas à en-trega de produ-tos acabados são “raras”. A maior parte das queixas dos consumidores é quanto a não fi -nalização da monta-gem dos produtos.

Com 262 colaboradores somente no setor de entre-ga e montagem, a Bemol faz um controle eletrônico das entregas, o que permi-te rapidez e segurança na operação comercial.

“Quando o cliente efetua a compra, o sistema defi ne automaticamente o dia da entrega e registra no pe-dido do cliente. Havendo algum insucesso, quando os caminhões retornam ao fi nal do dia, é feita a prestação de contas do serviço e o call center faz contato e remarca a entrega com o cliente”, informou, por meio de nota, o departamento de marketing da Bemol, ao ressaltar que a empresa

garante a entrega em três dias úteis e cinco dias para a montagem.

Já a gerente administrati-va da Hitech Import, Sa-miza Soares, afi rma que a entrega e monta-gem dos produtos são feitas dentro do pra-zo de cinco dias. “Quando há exce-ções, procuramos resolver de forma amigável”, declarou, salientando que a loja possui um canal direto com o consumidor, por meio do site www.hite-chimport.com.br.

Lojas se adequam à legislação

MANOEL VAZ/SEMCOM

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Merece elogio a iniciativa do governo estadual de so-cializar o acesso a internet para os condomínios e pra-ças do Prosamin e nos PACs, postos de atendimento ao cidadão. É bem verdade que a intenção é desproporcional aos resultados obtidos com 2 megas de velocidade. Não deixa, porém, de ser um bom começo e ensaio de solução local, enquanto o programa da miragem federal não vem. É imperioso avançar na gera-ção da informação e promo-ver sua socialização de forma rápida, sobretudo no desafio amazônico de produzir e com-partilhar a pesquisa e sua in-formação focada em negócios e oportunidades, avançando na consolidação e aprofun-

damento do conhecimento para reverter esse momento de desequilíbrio econômico regional. A comunicação vir-tual passou ao patamar da es-sencialidade nas relações, por isso se demandam instantâne-as, na prontidão da produção e partilha do conhecimento, sob pena de ficarmos para trás.

É verdade que o poder público tem que prover os equipamentos convencionais de saúde por esse beiradão esquecido, mas é possível fazer atendimento médico e terapêutico nas distâncias que isolam os ribeirinhos da Amazônia, quando há recur-sos de comunicação. A pes-quisa, igualmente, pode ser simultânea e a comunicação de dados instantânea entre

os laboratórios locais e os de qualquer parte do planeta. Essa simultaneidade de ope-ração e troca de informações obrigam a rever conceitos e preocupações como a biopira-taria, o controle das fronteiras, soberania amazônica e outros princípios que a transmissão instantânea e partilha de da-dos questionam. Resta-nos, pois, investir na capacita-ção para gerar informações com eficácia e prontidão. A competitividade é a equação direta da velocidade na pro-dução do conhecimento. E nesse contexto, padecemos de instrumental tecnológico, equipamentos e laboratórios de última geração.

Nosso descompasso maior, entretanto, não é tecnológico

e sim de recursos humanos, qualificação e formação bá-sica, precariedade do ensino médio, sucateamento e desa-parelhamento das escolas de graduação. Como formar bió-logos, químicos e físicos sem laboratório? É preciso para a educação, assim como para o banco genético da Amazônia, um projeto de investimento com as dimensões de um pro-grama do tipo pré-sal, com recursos, vontade política e determinação operativa. Um investimento pesado na qua-lificação das novas gerações, com ênfase na consolidação do repertório cognitivo, da ha-bilidade para operar reflexão e análise crítica.

É preocupante observar que as pessoas estão mais lentas

para proceder a operações intelectuais, para processar informações e fazer uso de-las. A velocidade da compe-tição passa pela capacidade de respostas rápidas. Nossas mentes, assim como nossas rotinas resultam do exercício repetitivo para incrementar desempenhos. Da pré-escola à universidade, a palavra de ordem é reinventar caminhos, parcerias e objetivos, aproxi-mando educação, pesquisa e inovação tecnológica na dire-ção de um novo patamar e de novos desafios, exercitando principalmente a vontade e a disponibilidade de avançar... lembrando as recomendações do mestre Estevão Monteiro de Paula, pensador, gestor e pro-positor dessas inquietações.

Alfredo MR Lopes [email protected]

Alfredo MR Lopes

Filósofo e consultor ambiental

É preocupante ob-servar que as pesso-as estão mais len-tas para proceder a operações intelectu-ais, para processar informações”

Amazônia - informação, partilha e prontidão

Formação para executivos a partir de R$ 85 mensais Galileo Business School oferece mais de 20 cursos de pós-graduação em Manaus, com mensalidades acessíveis

Disposta a ganhar mer-cado e contribuir para a formação de execu-tivos no Amazonas, a

Galileo Business School aposta em mais de 20 cursos de pós-graduação com preços acessí-veis para atrair o público local. Com mensalidades a partir de R$ 85, os programas têm reco-nhecimento nacional e de duas instituições internacionais, a American Academy of Finan-cial Management (AAFM) e a American Academy of Project Management (AAPM), ambas norte-americanas.

De acordo com o reitor Hiram de Melo, além dos valores aces-síveis e a variedade de cursos, a escola possibilita aos alunos dupla certificação. Ou seja, eles poderão ter até duas formações no prazo de apenas um ano. “Nos primeiros seis meses as aulas são presenciais e contam com o auxílio de professores”, disse. “Em seguida, acontecem as aulas a distância, nas quais os alunos dão ênfase ao que lhes foi repassado e, por fim, eles desenvolvem um projeto seguindo as diretrizes da AAPM, onde é posto em prática todo o aprendizado no decorrer do curso”, completou.

O reitor acrescentou, ainda, que a forma com o qual os cursos

são conduzidos é o diferencial da escola, porque proporcio-nam conhecimentos básicos da área executiva, com planos de aplicação prática, não ape-nas teórica. “Os programas de pós-graduação da Galileo são únicos no mercado, pois aliam forte conhecimento teórico com a correspondente aplica-ção prática, visando o aumento da empregabilidade de nossos alunos”, afirmou, ao ressaltar o sistema de ensino é compos-to por professores, mestres e doutores. “A experiência profis-sional, material didático próprio e metodologia inovadora são responsáveis pela excelência dos programas”, enfatizou.

ParceriaOs cursos de pós-graduação

da Galileo Business também têm outras parcerias: Câma-ra dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL-Manaus), Facul-dade Arthur Thomas, no Brasil, e Universidade de Valência, na Espanha. “Nossos programas representam uma evolução natural de pós-graduações co-ordenadas, anteriormente, por nossa equipe em várias institui-ções, como a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em várias cidades brasileiras, Universidade Gama Filho e Universidade Estácio de Sá, em Manaus, Florianópolis e Joinville (ambas em Santa Catarina)”, observou.

RICHARD RODRIGUESEquipe EM TEMPO

Os cursos oferecidos pela Galileo Business School já es-tão em Manaus há quase cinco anos. Porém, agora, com iden-tidade própria, a instituição tem uma equipe acadêmica altamente capacitada, com-posta por mestres e doutores, com grande experiência no

mercado amazonense. “Nos-sa metodologia é nacional, porém, a equipe de profes-sores é local, o que garante um excelente aprendizado aos nossos alunos”, afirmou ao de-talhar os recursos oferecidos aos alunos. “Eles contam, ain-da, com um material didático

próprio para cada disciplina e uma biblioteca virtual com mais de mil livros, o que re-força o potencial da escola”, ressaltou Hiram de Melo.

Já no que diz respeito ao público-alvo da instituição, o reitor observou que não há como segmentar um tipo

específico de alunos, pois os programas são destinados para profissionais com dese-jo de aprender e se diferen-ciar no mercado brasileiro, contando com a credibilidade internacional. “São pessoas que desejam ser ‘profissionais globais’”, finalizou.

Profissionais com experiência na bagagem

Segundo reitor da instituição, Hiram de Melo, alunos podem obter dupla certificação, ou seja, fazer dois cursos em um ano

GIOVANNA CONSENTINI

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

De olho em 2014, Estado consolida setor turísticoPotenciais ecológicos abrem nova gama de oportunidades e já atraem grande número de visitantes. Amazonastur pretende desenvolver novas opções no interior

Diante do enorme po-tencial turístico do Amazonas, entidades de turismo têm procu-

rado aproveitar as capacidades naturais do Estado para

criar novos “points” de passeio e ampliar o leque de opções aos visitan-tes. Enquanto alguns projetos já foram consolidados, outros passam por estudo antes de ser

liberados para visitação. A “Etnotrilha do Selvagem”,

na aldeia indígena Beija-Flor 1, na área urbana de Rio Preto da Eva (a 79 quilômetros de Manaus), é um desses atrati-vos recém-inaugurados que o governo aposta para conquistar

os turistas. Ideal para quem gosta de passeio ecológico,

o local é o primeiro do estilo na região e já foi visitado por mais de 800 pessoas, desde a inauguração, no fi m de 2011.

O local será uma das atrações turísticas do município, que está

na lista das cidades amazo-nenses com potencial para o ecoturismo durante a Copa de 2014. “O governo tem dado apoio à comunidade, tanto na parte de infraestrutura, quanto na divulgação da área”, disse a diretora de Marketing da Em-presa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), Ro-selene Medeiros, ao informar que materiais promocionais em inglês, português e espanhol já estão em produção.

Uma dos planos é preparar Iranduba (a 34 quilômetros

da capital), Manacapuru (a 86 quilômetros) e Novo Airão (a 115 quilômetros), com uma “nova roupagem” para receber banhistas e promover pas-seios com animais, como os botos, por exemplo.

Um local a ser trabalhado fu-turamente é a praia Açutuba, na primeira cidade. Recém-desco-berta por moradores da capital, graças à construção da ponte sobre o rio Negro. “Fizemos vi-sitas técnicas, mas o local ainda não tem condições de receber turistas”, enfatizou Roselene.

O fl uxo de turistas que vi-sitou o Amazonas, de janeiro a outubro de 2011, cresceu 11,25% em relação ao ano anterior, totalizando um vo-lume de 573.604 pessoas. A maioria é de estrangeiros de países como Canadá, Es-tados Unidos, França, Ale-manha, Itália, China, Japão, Inglaterra e Espanha.

O gasto médio dos visi-tantes do exterior foi es-timado em US$ 167,88 por dia, aproximadamen-te R$ 292. Para recebê-los, o governo realiza um trabalho nas portas de

entrada de Manaus, onde mantém Centros de Atendi-mento ao Turista (CATs), que funcionam 24 horas. Nesses locais, o turista recebe folhe-tos e informações sobre os pontos turísticos.

De acordo com a Amazo-nastur, os segmentos mais promovidos são os hotéis de selva, a pesca esportiva, trilhas de aventura, obser-vação de pássaros, entre outros, ligados ao turismo ecológico. O Estado também trabalha os eventos culturais como o Festival de Parintins e Amazon Film Festival.

Visitas estrangeiras aumentam

ANWAR ASSIEquipe EM TEMPO

JOEL

RO

SA

O Ministério do Tu-rismo listou produtos e destinos turísticos em 11 municípios do Ama-zonas para a Copa do Mundo de 2014. Uma das principais atrações do Estado, Barcelos, fi -cou de fora. A estimativa é de que um total de 600 mil estrangeiros e 3 milhões de brasileiros devam circular pelo país no mês do Mundial.

Município fora da lista do Mundial

sitou o Amazonas, de janeiro a outubro de 2011, cresceu 11,25% em relação ao ano anterior, totalizando um vo-lume de 573.604 pessoas. A maioria é de estrangeiros de países como Canadá, Es-tados Unidos, França, Ale-manha, Itália, China, Japão, Inglaterra e Espanha.

V

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B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Mais orgânicos em 2012Com ajuda de projetos de profissionalização, espaço e transporte especiais, pequenos produtores do Estado pretendem aumentar quantidade de alimentos saudáveis na mesa da população de Manaus. Meta para o ano é triplicar produção

A procura ainda baixa, mas crescente, por ali-mentos livres de agro-tóxicos e contaminan-

tes não desanima o produtor rural amazonense. Embora a produção orgânica corresponda a apenas 1% de tudo o que é cultivado no Estado, o setor pretende triplicar o plantio e o quadro de produtores este ano, aumentando o número de man-timentos locais mais saudáveis na mesa da população.

De acordo com o agroecólogo do Instituto de Desenvolvimen-to da Amazônia, Bosco Gordia-no, entre os projetos que devem estimular os agricultores está um programa da esfera fede-ral para aquisição de alimentos com doação simultânea, que permite ao produtor um au-mento em até 30% no valor do alimento. Basta comprovar que o produto é realmente orgânico. “Programas estaduais também estão sendo desenvolvidos para apoiar o aumento dessa produ-ção”, afirmou.

Uma das medidas estaduais que também ganha destaque é a capacitação de agricultores familiares para o preparo de adubo orgânico, desenvolvida pela Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror). Desde o início do trabalho, em agosto de 2010, pelo menos 300 pesso-

as participaram de cursos como o de manejo agroecológico do solo, com lições teóricas e práti-cas para preparo do adubo livre de produtos químicos. Já a esfe-ra municipal auxilia na melhoria da qualidade e manutenção do plantio, e garante a distribuição dos alimentos orgânicos.

De acordo com o engenheiro agrícola da Secretaria Municipal de Produção e Abastecimento (Sempab), Marcílio Pascoalino,

o objetivo é auxiliar aqueles que, efetivamente, vivem da ati-vidade. “Implementamos mais locais: uma no Puraquequara (Zona Leste) e outra no ramal do Pau-Rosa, na BR-174 (Manaus - Boa Vista), e estamos próxi-mos de quem planta”, informou. Semanalmente, caminhões do órgão ajudam a escoar cupuaçu, pupunha, cebolinha, salsa, alfa-ce, cheiro verde, entre outros, de fazendas locais até a feira de Produtos Orgânicos.

LARISSA VELOSOEspecial EM TEMPO

MANOEL VAZ/SEMCOM

O novo transporte e a feira beneficiam produtores, com a possibilidade de aumentar a renda e a população interes-sada em consumir alimentos mais saudáveis. A exposição é feita em um único local, na rua Maceió, nº. 160, bairro

Adrianópolis, Zona Centro-Sul. “Eu tinha que levar tudo de ônibus e chegava tarde à feira, sem ter onde expor o produto. Agora, tem o trans-porte e a feira específica, que ajudam a vender toda a minha produção”, disse o

agricultor José Edinaldo. O presidente da Associação

de Produtores de Orgânicos do Estado do Amazonas (Apoam), Raimundo Moura, relata que a produção segue em cresci-mento e a procura não tem ficado atrás. “Temos mais 20

produtores querendo fazer parte da feira e muita gente em busca dos orgânicos. Logo teremos que arrumar mais es-paço para atender quem vende e quem compra”, comemorou. O espaço abre sempre nas manhãs de sábado, às 8h.

Benefícios que facilitam e resultam em lucro

Com facilidade no escoamento dos alimentos e lugar específico para a exposição, produtores e consumidores são beneficiados

AUMENTOSimultaneamente ao crescimento da produ-ção de alimentos sem uso de agrotóxicos no Amazonas, aumentou o número de pessoas in-teressadas em manter uma alimentação mais saudável na capital

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B6 MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012País

Dilma pede transparênciaEm reunião geral, Dilma Rousseff determinou que os ministérios terão seis meses para apresentar seus modelos de monitoramento eletrônico de gastos em tempo real para mostrar que não existem fraudes nos convênios firmados

A presidente da Repú-blica, Dilma Rousseff, afirmou esta semana na abertura da primei-

ra reunião ministerial deste ano, que cada ministério terá até junho para apresentar um modelo de monitoramento eletrônico, em tempo real, no qual todos os gastos e transa-ções de cada pasta possam ser vistos e cobrados na hora pelo governo. A ideia é aumentar a transparência e evitar fraudes em convênios.

“As ações fazem parte de um projeto revolucionário, progressista, e absolutamen-te indispensável para a ver-dadeira reforma do Estado. Não por meio da demissão de servidores ou da perda de direitos previdenciários, mas por meio da gestão de um Es-tado mais profissional e meri-tocrático”, disse a presidente, de acordo com o porta-voz da Presidência da República, Thomas Traumann.

O porta-voz disse, ainda, que com a cobrança maior por par-te da população quanto à ofer-ta de mais serviços públicos, é necessário que o Estado ofe-reça serviços melhores. “Isso não é uma questão básica de reforma do Estado. Isso é como fazer com que o Estado dê serviços melhores para a população”. Apenas Garibaldi Alves e Mendes Ribeiro Filho não participam do encontro.

Justiça quer prender foragidosO Brasil fez 528 pedidos a

outros países para a extradi-ção de estrangeiros foragidos da Justiça brasileira. Foi esse tipo de negociação que pos-sibilitou o retorno na última sexta-feira (27), ao país do ale-mão Dieter Erhard Fritzchen Stieleke, 57 anos, condenado por tráfico de pessoas.

Ele é o primeiro estrangeiro extraditado ao Brasil por cau-sa desse tipo de crime. A Justi-

ça Federal na Bahia condenou o alemão, em 2010, a cinco anos e seis meses de prisão por tráfico internacional de pessoas. Quatro anos antes, ele foi preso em flagrante no aeroporto de Salvador tentan-do embarcar para a Alemanha com três brasileiras, que se-riam vítimas de exploração sexual na Europa. O pedido de extradição foi feito ao México, onde estava o alemão.

A volta de Stieleke é conside-rada uma vitória pelo governo brasileiro e faz parte da estra-tégia de combate ao turismo sexual no país. “A grande monta desse crime é gente vendendo gente. É um crime de reper-cussão”, disse Izaura Miranda, diretora do Departamento de Estrangeiros do Ministério da Justiça. O Brasil, segundo a diretora, começou a fazer ex-tradição ativa em 1998.

ESTRANGEIROS

Brasil tem mais de 500 pedidos para que estrangeiros que cometeram crimes aqui, retornem

DIVULGAÇAO

Crimes da ditadura são debatidosO jornalista e sociólogo

Ignacio Ramonet, ex-editor do jornal francês “Le Monde Diplomatique”, defendeu a criação e o fortalecimento de comissões da verdade para que os crimes cometidos por ditaduras não sejam esqueci-dos nem repetidos. Ramonet definiu o direito à memória como um novo direito huma-no, que precisa ser respeitado e garantido às vítimas e à so-ciedade. Ramonet participou na sexta-feira (27) do debate Direitos Humanos, Memória e Justiça, em sessão especial

do Fórum Social Temático (FST) e do Fórum Mundial de Educação, que ocorrem em Porto Alegre.

“O relato do sofrimento e da resistência é indispensá-vel para que novas gerações conheçam melhor o que se passou. Para que a memória não se degrade, é necessário que seja exercida em relação direta com o presente.

É a única maneira de evitar a impunidade e de evitar que o horror se repita”, disse o espanhol, que atualmente coordena a Associação Me-

mórias das Lutas, com sede na França.

Para o sociólogo, o reco-nhecimento da memória tem que ir além de reparações individuais às vítimas e às famílias de vítimas e precisa tornar públicos os horrores praticados pelas ditaduras. Ramonet defendeu a criação de instrumentos que permi-tam que toda a sociedade tenha acesso ao que ocorreu, como a construção de monu-mentos, museus e e criação de datas nacionais de home-nagem às vítimas.

FÓRUM SOCIAL

Os ministros terão até junho para implantar em suas pastas o projeto, que segundo a presidente é indispensável para a população acompanhar as contas

MARCELLO CASAL JR

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B7MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 País

Exportação prejudicadaIneficiente e com os fretes cobrados pelas concessionárias de trens R$ 600 milhões acima do teto, a malha ferroviária usada para transportar toneladas de produtos de origem primária até os portos gera congestionamentos e atrasos

Se as exportações de “commodities” bra-sileiras brilharam e turbinaram as contas

externas do país desde 2000, a infraestrutura logística está longe de ter acompanhado o mesmo ritmo. Manteve-se cara e ineficiente. Nesse perío-do, o país aumentou em 384% a quantidade de toneladas que circulam e congestionam as rodovias, ferrovias e hidro-vias em direção ao exterior. Mas o número de rodovias asfaltadas aumentou apenas 18% no período, enquanto as linhas de trem cresceram só 500 quilômetros.

O país vem operando “no li-mite da gambiarra”, segundo o diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Bernardo Figueiredo. “O país está diante da possibilidade de um apagão logístico. Mas a logística não pode ser vista só pela lógica da obra e sim pelo desempenho do transporte. Não se resolve o problema logístico transigindo com a boa forma de fazer. Chegamos ao limite da gambiarra”, disse ele.

Dados inéditos mostram que os fretes cobrados pelas con-cessionárias de trens estão R$ 600 milhões acima do teto que a Agência Nacional de Transpor-tes Terrestres (ANTT) considera razoável, segundo a proposta a revisão tarifária que está em consulta pública.

O país aumentou em 384% a quantidade de toneladas que circulam e congestionam as rodovias, ferrovias e hidrovias em direção aos portos internacionais

Infraestrutura sem tecnologiaHoje, um trem leva 88,41

horas do Alto Araguaia até Santos. Mas cada vagão leva em média 28,9 horas no por-to para descarregar. Sem o ferroanel em São Paulo, os trens precisam diminuir a velo-cidade de 30 a 40 quilômetros por hora para 5 quilômetros por hora. Levam um dia para

atravessar a capital paulista, em vez de contorná-la.

A falta de concorrência no transporte ferroviário é o principal problema do setor, segundo técnicos do gover-no. O fato de as malhas de trem disponíveis no país es-tarem concentradas na mão de poucas empresas contribui

para aumentar a burocracia e deixar os custos elevados para exportadores. Um exemplo do efeito nefasto da concentra-ção é que as concessionárias fazem de tudo para evitar que concorrentes utilizem seus tri-lhos. Em Santos, a MRS detém o acesso até o porto, mas a ALL é responsável pela linha

lá dentro. A Vale — dona das malhas Vitória-Minas Gerais, Centro Atlântica, Carajás e sócia da concessionária MRS — por exemplo, terá que re-duzir em 69% sua tarifa em Carajás. Para o presidente da Associação dos Usuários de Trens de Carga (Anut), José Baldez, as concessionárias

se apropriaram dos ganhos de produtividade do país nos últimos 15 anos, ao pressionar o “custo-Brasil”.

Não há trens suficientes até os terminais do porto de Santos, diz o presidente da As-sociação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Rússia tem planos de mandar homem à Lua

As atenções da Rússia es-tão voltadas para a Lua. O país pretende mandar três missões não tripuladas ao satélite e, tempos depois, pousar na superfície lunar em uma nave tripulada. A afirmação foi feita pelo diretor-geral do consórcio aeroespacial Lavochkin, Victor Khartov.

“Existe no mundo um renascimento do inte-resse pela Lua. A Rússia também tem projetos nesse sentido. Já foram escolhidos os locais para a aterrissagem das duas primeiras missões: os po-los norte e sul do satélite”, disse Khartov, citado pela agência Interfax.

Segundo ele, as duas pri-meiras missões não tripu-ladas - batizadas de Luna Resurs e Luna Glob - são a repetição dos passos que já foram dados no passado, nos tempos da então União Soviética. Khartov diz que as experiências adquiridas nesse período acabaram se perdendo, mas devem ser retomadas.

O projeto Lunas-Resurs será executado em conjunto com a Índia, que irá fornecer à missão o foguete portador e o veículo lunar que será depositado na superfície da Lua por um módulo fabrica-do pela Rússia.

Já o Luna-Glob será feito exclusivamente pelos rus-

sos. O projeto prevê o lan-çamento e aterrissagem de um aparelho que, uma vez no terreno, recolherá amostras de pó lunar

Isso também será feito pela terceira missão, cha-mada de Luna-Grunt. Mas, ao contrário de sua an-tecessora, essa “irá trazer amostras de terra lunar de maneira seletiva”, disse o cientista russo.

Assim que todas as mis-

sões não tripuladas forem concluídas, a indústria ae-roespacial russa dará iní-cio aos preparativos para enviar uma nave tripulada ao satélite.

“Para isso, primeiro deve ser preparada a infraes-trutura. O tempo das visi-tas passou”, disse Khartov em alusão à missão ame-ricana de 1969, acrescen-tando que “é preciso se apressar e completar as funções concretas”.

ESPAÇO

PRIMEIRASAs duas primeiras missões não tripu-ladas - batizadas de Luna Resurs e Luna Glob - são a repeti-ção dos passos que já foram dados no pas-sado, nos tempos da então União Soviética

O planeta precisa gerar mais de 600 milhões de empregos em dez anos para recuperar níveis pré-crise, afirma Organização Internacional do Trabalho

Alerta para altos níveis de desemprego no mundo

O mundo precisará criar 600 milhões de empregos na próxima década. O

alerta foi feito pela Organiza-ção Internacional do Trabalho (OIT) em relatório divulgado na última semana, intitula-do Tendências Mundiais de Emprego 2012. O documento alerta para o fato de que não haverá alterações sig-nificativas nas taxas de de-semprego em todo o mundo, nos próximos quatro anos. A estimativa é que, neste ano, o número de desempregados atinja 200 milhões e, até 2016 esse número poderá alcançar os 206 milhões.

Caso o cenário econômi-co tenha uma piora até o fim deste ano, o número de desempregados em todo o mundo poderá atingir mais de 204 milhões e, em 2013, mantendo-se o mesmo ce-nário, esse número poderá chegar a 209 milhões.

Em 2011, de acordo com o documento, o número de jovens desempregados entre 15 e 24 anos chegou aos 74,8 milhões, isso significa um aumento de mais de 4 milhões desde 2007. O rela-tório diz que 6,4 milhões de jovens perderam a esperan-ça de encontrar um emprego e deixaram o mercado de

trabalho. Aqueles que estão empregados, na maioria, tra-balham em postos de meio período ou estão submetidos a contratos temporários.

Segundo a OIT, o número de pessoas empregadas sofreu uma queda entre 2007 e 2010. A taxa de pessoas emprega-das em 2007 no mundo todo era 61,2% e, em 2010, caiu para 60,2%, o maior declínio desde 1991. A OIT diz que as projeções para os próximos anos não são boas e é possível que em 2013 seja registra-da uma taxa ainda menor do que a de 2010. A organiza-ção aponta ainda que, mesmo no melhor cenário, as taxas de criação de empregos não serão suficientes para trazer um aumento significativo dos níveis de emprego.

Ainda de acordo com o relatório, as perspectivas econômicas mundiais são incertas e os níveis de in-vestimento em todo o mun-do têm sido desiguais. Nas economias avançadas e na Europa Oriental, os proble-mas financeiros não foram resolvidos e há altos níveis de incerteza sobre as pers-pectivas globais. Além disso, há uma menor propensão das famílias ao consumo, o que tem retardado a recuperação dos investimentos empresariais.

A OIT estima que o for-talecimento dos incen-tivos econômicos pode gerar uma recuperação mais rápida e que um crescimento de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, traduzido em valores nominais de US$ 1,2 bilhão, é necessá-rio para absorver a lacuna de empregos criada pela crise financeira.

A OIT acredita que, para

lidar com a recessão pro-longada criada pela crise financeira internacional e colocar a economia mundial em um caminho sustentável é necessária uma mudança nas políti-cas públicas. Segundo a entidade, as políticas pro-movidas no período da crise, de financiamento do déficit público, e a flexibilização monetária não são eficientes.

Soluções para a economia

O número de desempregados poderá atingir 204 milhões

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 (92) 3090-1041Página C5

População investe em segurança

MÁRIO OLIVEIRA

Há 23 anos com a consciência de que o mundo dele não tem as mesmas co-

res do mundo das pessoas ao redor. Essa é a realidde do engenheiro civil Jackson Veloso, 43. Ele é daltônico, ou seja, possui um distúrbio que não permite ao portador enxergar as cores como elas realmente são ou, simples-mente não distinguir uma cor da outra. No caso dele, é preciso conviver com a troca de cores.

Jackson diz ter descoberto que tinha a doença quando foi renovar sua Carteira Na-cional de Habilitação (CNH). Durante o teste psicotécnico, ele não conseguiu enxergar a numeração da página. “Fui então ao ost almologista e ele diagnosticou nível leve da doença”, explica.

Segundo ele, as cores mais escuras são as mais prejudicadas pela doença. Nem sempre ele consegue distingui-las. Já o verde e o vermelho são trocados com frequência. Isso já o rendeu

episódios unusitadas. Jackson lembra que, certa

vez, quando ainda estava na faculdade, um amigo pergun-tou se ele não iria copiar o que estava no quadro da sala de aula. Na ocasião, ele reagiu perguntando se havia algu-ma coisa escrita, porque ele não estava vendo nada. “Mas nunca sofri preconceito por causa da doença. Vivo uma vida normal, já que não existe nenhum tratamento para a doença”, esclarece.

A doença O daltonismo é uma do-

ença que, geralmente, é de origem genética e prejudica a percepção das tonalidades. A doença possui dois níveis. O primeiro consiste na difi -culdade de distinguir cores primárias, como vermelho e o verde (deutanóptico) ou, até mesmo, ver tudo em preto e branco (tritanóptico).

Segundo o professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e doutor em medicina Jacob Cohen, o sentido da visão correspon-de há fenômenos. Um deles chama-se acuidade, ou seja, quando a pessoa focaliza um

objeto em um campo visual, mesmo que não queira ver. O daltonismo é outro fenôme-no. A doença altera a visão das cores e as responsáveis por essas mudanças são as células que fi cam no sistema nervoso central.

“Essas alterações ocorrem quando as células do nervo óptico, chamadas de fotorre-ceptores, são alteradas. Elas são de dois tipos: cones (onde se enxergam as cores) e bas-tonetes, que são as visões em preto e branco”, explica.

Não existe cura para o daltonismo. O sexo masculi-no tem maior probabilidade de adquirir. Para os casos, existe apenas tratamento, ou seja, uma reeducação do paciente.

“A pessoa que dirige, por exemplo, é alertada que em um semáforo o verde fi ca embaixo e o vermelho em cima. Ao perceber que um dos dois brilha, ele sabe se é para seguir ou parar. O homem daltônico também não deve casar com uma mulher daltô-nica. Caso contrário, a proba-bilidade dos fi lhos nascerem com o mesmo problema é grande”, comenta.

O mundo tem a cor que você

enxergar

O daltonismo pode ser descoberto por meio de tabelas como a do pes-quisador e doutor Shino-bu Ishihara, feitas sobre a base de uma mescla de manchas de diferentes cores. Nelas, as pessoas que têm o distúrbio veem números diferentes dos que estão realmente ex-postos na tabela.

O químico inglês John Dalton foi quem desco-briu a doença no século 18. Ele possuía o dis-túrbio e acabou doando seu nome para a do-ença. Em seus estudos, Dalton descobriu que o daltonismo é ligado ao cromossomo “X”. Depois de vários estudos, ele concluiu que os homens são os mais vulneráveis à doença.

Tabelas para detectar o problema

Teste se você é daltônico

O daltônico não enxerga os números 25, 45, 6 e 56

Tudo visto em preto e branco ou com as cores de objetos invertidas. É assim que as pessoas portadoras do daltonismo encaram o dia a dia

LUCAS PRATAEquipe EM TEMPO

enxergar

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C2 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Filas vencem a internet e seguem favoritas do clienteMesmo com atendimento pela internet, população admite desconfiar do serviço e prefere encarar filas para resolver pendência

Mesmo “munida” de muitas recla-mações quando o assunto são as

enormes filas que têm de ser enfrentadas para resolver pro-blemas em órgãos públicos e empresas prestadoras de ser-viço, a maioria da população parece estar acostumada à rotina e ignora ou até mesmo desconhece a forma de evitar o transtorno: o atendimento via internet.

Apesar de esse tipo de serviço ser disponibilizado, algumas pessoas ainda têm receio de utilizar os benefícios que a tecnologia proporciona. Outras, porém, alegam difi-culdades em realizar serviços pela internet devido à lentidão da inclusão digital, que ainda aflige o Amazonas.

Apesar das facilidades dis-poníveis na internet — como a segunda via de contas, o detalhamento de fatura e até acesso à documentação de veículos —, muitos continuam lotando Postos de Atendimen-to ao Cidadão (PACs) e sedes públicas para resolver pendên-cias burocráticas ou solicitar algum tipo de documento.

Para a presidente do Depar-tamento Estadual de Trânsi-to no Amazonas (Detran-AM), Mônica Melo, falta confiança e hábito entre os populares, de buscar soluções por meio do computador. “O público ainda não está familiarizado com essa forma de resolver as coisas. Por isso ainda existe muita rejeição”, diz.

Segundo ela, o órgão pre-para uma campanha para a popularização de tudo o que pode ser feito no site oficial do Detran, com o objetivo de mostrar as facilidades do sistema de acesso ao públi-co, incentivando a utilização da ferramenta.

Questão culturalA Águas do Amazonas tam-

bém tem espaço na internet para atender à população. O diretor-técnico institucional da empresa, Arlindo Sales, explica que, desde 2011, os trabalhos nesse sentido foram intensificados.

Mas Sales diz ainda ser ne-cessária uma reeducação cul-tural, para que sejam colhidos resultados mais concretos. “Todos têm que se habituar culturalmente. Os principais problemas podem ser resol-vidos em nosso site”.

WILLIAM GASPAREquipe EM TEMPO

Mesmo consciente da existência de atendimento on-line, a população prefere enfrentar filas

Mesmo com investimen-to das prestadoras de serviço nas ferramentas via internet, Raimunda Ro-drigues, 65, admite não conseguir usar a maioria dos recursos oferecidos. Segundo ela, as páginas dos sites das instituições apresentam muitos pro-blemas. “Mando meus fi-lhos tirarem a segunda via da minha fatura de energia todo o mês, já que não chega pelos Correios. Mas sempre preciso vir ao PAC, porque nunca funcio-na”, declara.

De acordo com a dona de casa, por morar em uma área de difícil acesso, as correspondências não che-gam à casa dela e é comum que todos necessitem de um atendimento diferen-ciado, pessoalmente.

“Na minha casa é raro chegarem minhas contas ou qualquer outra coisa. Por isso sempre procuro os meios alternativos”, justifica, ao ressaltar que o pior atendimento é o da Eletrobras Amazonas Energia, que tem poucos

atendentes. “Ficam uma ou duas pessoas para atender várias pessoas. Atrasa toda nossa pro-gramação”, reclama.

A comerciante Maria da Conceição, 53, também procura, constantemen-te, unidades do PAC para solucionar problemas com contas não entregues em sua casa. Ela admite não ter familiaridade com com-putadores e, na maioria das vezes, desconhece o fato de poder solicitar uma nova fa-tura pelo atendimento inte-rativo. “Não sei usar esses aparelhos ainda. Também não sabia que podia tirar essas cópias, senão iria a uma lan house”, declarou.

Segundo a assessoria de imprensa da fornecedora de energia elétrica, além dos postos e do atendi-mento digital, existem os canais virtuais “chat” e “fale conosco”, disponíveis para quaisquer solicitações dos consumidores. Como alter-nativa para evitar longas filas, a empresa disponibi-liza os Terminais de Autos-serviço (TAS).

Lentidão afasta população

GIOVANNA CONSENTINI

Quem acostuma, recorre sempre aos serviços on-line

DIVULGAÇÃO

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C3Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Marcas de quem vive para salvar a vida do próximoDiariamente atendendo chamados de socorro, funcionários do Samu acumulam histórias que nem sempre têm fi nal feliz

Em 2011, eles foram responsáveis por 42,4 mil atendimentos nas ruas de Manaus e co-

munidades rurais próximas à cidade. Foram acidentes de trânsito, tragédias, agressões físicas, assassinatos, entre ou-tras ocorrências que exigem o máximo de dedicação, amor e profi ssionalismo. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgên-cia (Samu) completa seis anos de atuação em Manaus em fevereiro e profi ssionais das unidades, médicos, enfermei-ros, técnicos de enfermagens e condutores que, diariamen-

te, têm a missão de salvar vidas acumulam e relatam experiências marcantes.

O médico Daniel Sérgio Siqueira, 39, é um deles. Há pouco mais de um ano, ele ingressou no Samu Manaus. Nesse período, uma das ce-nas que mais o marcou foi a morte de um bebê recém-nascido. A cena de um casal chorando a perda de uma criança fi cou na memória dele, que também é pai.

Tudo aconteceu quando o médico se dirigiu até a casa de um casal para tentar socorrer um bebê prematuro. Segundo Siqueira, o casal possuía uma fi lha de 4 anos de idade que não saía de perto do irmão.

“A criança via a mãe fazer tudo. Desde quando ela ainda estava grávida, acompanhou tudo. Quando o bebê nasceu, ela a via amamentá-lo, trocar a roupa e sentia vontade de fazer o mesmo. Foi quando o bebê adoeceu e foi levado para o hospital, sendo separado da irmã”, explica.

Certo dia, quando o bebê já estava em casa, recuperado, a mãe das crianças o arrumou com uma roupinha do tipo “mijão” e o deixou na cama enquanto preparava o almoço. Ao voltar, viu que a fi lha mais velha tinha tentado trocar a roupa do bebê, mas ao fazer isso, tinha esmagado o tórax da criança, deixando-a sem ar,

o que a levou à morte. “Che-guei e o bebê ainda estava com a roupinha metade tirada. Lembro do desespero da mãe gritando e a menina olhando tudo aquilo na inocência, sem saber o que tinha acontecido.

Eu como pai, me emociono. Mas fi ca o conselho de nunca deixar uma criança sozinha com outra”, ressalta.

O último suspiroHá cinco anos no Samu, a

enfermeira Elen Assunção, 40, disse que, diariamente, lida com vítimas de politraumas, armas de fogo e branca. Entre os casos que a marcaram, ela destaca o de uma vítima de arma de fogo que tinha levado quatro tiros, que o atingiram no rosto, braço e abdômen. O Samu foi acionado e, ao chegar ao local, populares já estavam reunidos ao redor do homem. “Cheguei a tempo de ouvir um último suspiro. Nós

o colocamos na ambulância e o levamos diretamente para o Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto, onde ele fi cou internado na Unidade de Tra-tamento Intensivo (UTI)”.

Após um período, a equipe que fez o atendimento rece-beu a informação de que a pessoa atingida tinha sobrevi-vido. “Isso tinha acontecido na Compensa, perto da base onde trabalhava. É gratifi cante ter-mos retorno”, frisa Elen.

De acordo com o coorde-nador do Samu, Ruy Abrahim, apesar de pequeno, há pacien-tes que são atendidos e voltam para agradecer. “Temos o ca-dastro deles. Eles agradecem e dão seus depoimentos”.

MÔNICA FIGUEIREDOEquipe EM TEMPO RELATO

O médico Daniel Sérgio não consegue esquecer do dia em que teve que acompanhar o desespero de uma mãe ao ver o seu bebê, acidentalmente morto por sua outra fi lha, de apenas 4 anos

Equipe do Samu se diz satisfeita em receber os agradecimentos de pessoas salvas por ela

Em uma equipe de 16 pes-soas, Letícia Fonseca, 30, é a única mulher a pilotar uma moto, mesmo assim, ela não é uma condutora qualquer. Ela conduz a “mo-tolância” do Samu, que tem como principal objetivo dar mais agilidade aos atendi-mentos chegando ao local antes da ambulância.

Letícia é técnica de enfer-magem e está no Samu há nove meses. Segundo ela, uma mulher dirigindo uma moto chama muita atenção. Ela explica que, além de causar surpresa, ainda gera desentendimentos devido à desinformação da popula-ção. “Quando eu chego de moto eles dizem: “Eu cha-mei ambulância e não você”. Muita gente não sabe que o Samu tem moto”.

Entre os episódios mar-cantes durante o horário de trabalho, ela destacou o assassinato de uma mulher

no centro de Manaus. A ví-tima havia levado tiros e a população que presenciou o crime achou que ela tives-se morrido ainda no local. Os presentes cobriram en-

tão, o corpo da jovem com sacos e papelão. “Cheguei primeiro que a ambulância. A polícia já estava no local e o povo aplaudiu quando eu cheguei. Retirei o saco

e vi que ela ainda estava viva. Levamos para a am-bulância, tentamos salvá-la, mas após algum tempo, não conseguimos”.

Aos 45 anos, Júlio César B. Rodrigues atua como con-dutor do Samu do suporte avançado. Ele lembra do caso de um jovem que foi baleado durante uma tenta-tiva de assalto a um posto de combustíveis. “Era um domingo, o infrator era um menor. Quando chegamos, ele estava agonizando. Con-seguimos reverter a situa-ção. Lembro que utilizamos dez frascos de soro. Ele foi levado para o hospital. A polícia acompanhou todo o processo. Lembro que levei sete minutos para sair do Lí-rio do Vale até o Hospital 28 de Agosto. Fiquei sabendo, depois, que ele sobreviveu”.Os condutores são socorris-tas e treinados para esse tipo de ação.

Mulher no comando da moto

A polícia estava no local e o povo

aplaudiu quando eu cheguei. Retirei o saco plástico e vi

que ela ainda esta-va viva

Letícia Fonseca,condutora da “motolância”

C3Dia a diaa diaaMANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

de quem vive para de quem vive para

É dentro das ambulâncias que os

profi ssionais da saúde lutam para salvar

vidas

CHAMADOS

42,4atendimentos foram registrados pelo Samu no ano passado

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 C5Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Em algumas empre-sas especializadas na instalação de equipa-mentos de segurança, a procura tem aumen-tado bastante nos últi-mos meses. É o caso da 3D Alarme, conforme informou a assisten-te comercial Patrícia Carvalho. “A demanda aumentou bastante. Principalmente ago-ra, neste período de férias, quando as pes-soas deixam a casa sem ninguém. Nós fa-zemos o serviço em empresas e comércios também, mas a deman-da está maior para mo-radias”, explica.

De acordo com Car-valho, são cerca de oito pedidos de visitas locais diariamente. Muitas vezes, segundo ela, as pessoas procu-ram a empresa quan-do já foram vítimas de algum tipo de ação de bandidos.

Os equipamentos de vigilância e segurança eletrônica são insta-lados de acordo com o cliente, isso porque existem vários tipos de programas de mo-nitoramento. A medi-da pode custar de R$ 5 mil a R$ 7 mil, no caso de um sistema completo. A manuten-ção e o monitoramen-to residencial variam em torno de R$ 200 a R$ 300 por mês.

Procura pelo serviço tem aumentado

Protejam-se se puderemDiante da “onda” de violência vivida na capital amazonense, é cada vez maior o número de pessoas que recorrem a instalação de câmeras, cercas eletrônicas, arames farpados, entre outros, para garantir a segurança da família

Basta dar uma volta por alguns bairros de Manaus para cons-tatar a presença de

equipamentos de segurança eletrônica em muitas casas. Seja com câmeras de vigilân-cia, alarmes, cercas elétricas e afi ns, a prática corriqueira entre comerciantes e empre-sários, é cada vez mais utili-zada pela população com o objetivo de evitar e intimidar a ação de criminosos.

A instalação desses arte-fatos cresce devido a cons-tantes ocorrências policiais envolvendo os mais diversos tipos de crime. Para algumas pessoas, a medida muitas ve-zes não impede a atuação dos bandidos, mas pode ajudar na intimidação e identifi cação, caso os assaltantes persistam e invadam a casa.

Por isso, muitas pessoas, sejam de bairros periféricos ou de conjuntos habitacio-nais, optam por gastar, por conta própria ou por meio de empresas especializadas, cerca de R$ 5 mil para deixar a casa “segura”.

A engenheira elétrica Gil-mara de Araújo, 37, apesar de nunca ter vivenciado a ação de assaltantes, decidiu insta-lar um sistema de vigilância em sua casa, localizada no conjunto Jardim Versales, no Planalto, Zona Centro-Oeste. Por medida de segurança, ela

explica que tomou a atitude porque muitos vizinhos já fo-ram vítimas de assaltos.

No local, ela instalou um sis-tema de monitoramento por câmeras nas partes interna e externa da casa, além de colocar cerca elétrica em toda a extensão do muro. Mesmo não apostando que isso possa evitar a ação dos bandidos, ela fala que a medida ajuda a inibir o ato.

“Muitos deles, quando vi-

rem uma câmera, podem fi -car assustados e desistir. Isso depende muito do tipo de as-saltante, pois alguns acabam agindo mesmo assim”, fala.

Como tem conhecimento na área, ela mesma comprou os equipamentos e fez a ins-talação. Para Gilmara, é um investimento que vale a pena. “Gastei cerca de R$ 2 mil para fazer o serviço por conta pró-pria. Estou até programando colocar um sistema na casa dos meus pais também, para que eles se sintam seguros”.

Assim como Gilmara Araú-jo, a técnica contábil Carla Miranda, 40, decidiu e ins-talou, há pouco mais de um ano, um sistema de alarme na sua casa, localizada em um conjunto no bairro de Flores, Zona Centro-Sul.

“Em 2008, minha casa foi assaltada. Mas como esse e

outros tipos de ação crimi-nosa têm crescido na capi-tal amazonense, resolvi fazer isso como medida preventi-va, já que tem horário em que ninguém está em casa. Monitoro tudo pelo aparelho celular e só não coloquei cerca elétrica porque no con-domínio onde moro contra-

taram vigilantes”, diz. Carla Miranda paga cerca

de R$ 100 pelo serviço de manutenção. Ela também disse não acreditar que o equipamento possa impedir a ação dos bandidos nas casas que possuem esse tipo de segurança, mas que pode ajudar a identifi cá-los caso

o crime aconteça. “Isso só inibe a ação deles,

mas pelo menos você tem a quem recorrer. A gente paga para uma empresa fazer o serviço, então, em parte eles são responsabilizados se as-saltantes conseguirem en-trar na minha casa para fazer qualque coisa”, ressalta.

Instalação apenas inibe ação de bandidos

IZABEL GUEDESEquipe EM TEMPO

CUSTOSMoradores gastam até R$ 7 mil para instalar equipamentos de segurança. Eles apostam que, mesmo não evitando assaltos, os aparelhos assustam ou permitem a identifi -cação dos bandidos

‘Clandestinos’ arriscam a segurança das criançasDetran-AM e empresas regularizadas alertam para o perigo de optar por condução escolar sem o preparo específi co

Há 12 anos, a rotina do casal Francinete e Valmir Silva é a mesma. Sair de casa

por volta das 5h30 e transpor-tar crianças de mais de oito bairros da Zona Leste até a escola. À frente de uma em-presa de transporte escolar, os proprietários orgulham-se em falar do compromisso com o ofício, seguindo as normas previstas pelo Departamento Estadual de Trânsito do Ama-zonas (Detran-AM). A empresa é uma das 82 legalizadas pelo Detran e a Superintendência Municipal de Transportes Ur-banos (SMTU). A fi m de formar futuros condutores, o departa-mento estendeu até amanhã as inscrições para o curso de condução escolar.

Segundo a diretora-geral do Detran, Mônica Melo, se-rão disponibilizadas 60 va-gas para o curso de 50 horas, em que serão ensinadas Le-gislação de Trânsito, Direção Defensiva, Convívio Social, Meio Ambiente e Primeiros Socorros. “Fazemos o alerta aos pais para que procurem verifi car a pessoa contrata-da, para evitar clandestinos. Muitas vezes o mais barato não é o melhor. É preci-so cuidar da segurança das crianças”, alerta.

A competição com os “con-dutores clandestinos” tam-bém foi citada pela empresá-ria Francinete. Ela revelou que, por R$ 20 a menos, eles aca-bam conquistando os clientes. “Isso prejudica e entristece o trabalho. Não adianta fazer propaganda. Os pais são os únicos responsáveis porque contratam motoristas sem es-pecialização para economizar. Nessa área os clandestinos fazem muita concorrência e não vemos a fi scalização agir”, disse. Segundo a diretora do Detran-AM, a fi scalização é responsabilidade da SMTU.

O superintendente da SMTU, Marcos Cavalcante, afi rmou que o instituto faz campanha de conscientização para os pais buscarem profi s-sionais legalizados. A multa para quem for fl agrado por transporte ilegal é de R$ 2.056 e a reincidência custa o dobro. “Pedimos aos pais e as escolas para não contratarem pesso-as não habilitadas. Eles podem estar expondo as crianças a pedófi los e oportunistas”.

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

Para participar do curso o condutor pre-cisa ter habilitação “D”, ter no mínimo 21 anos e não possuir infrações graves ou gravíssimas. Para a matrícula é pre-ciso apresentar original e cópia da Carteira Na-cional de Habilitação (CNH) e do comprovan-te de residência, além de efetuar o pagamen-to da taxa de R$ 84.

Curso para habilitação da condução

Conduções escolares precisam estar devidamente regularizadas junto aos órgãos de trânsito responsáveis. Clandestinidade pode resultar em multas

a instalação de câmeras, cercas eletrônicas, arames farpados, entre outros, para garantir a segurança da família

Instalação apenas inibe ação de bandidos

SEBASTIÃO MOREIRA/AE

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012 C5Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Em algumas empre-sas especializadas na instalação de equipa-mentos de segurança, a procura tem aumen-tado bastante nos últi-mos meses. É o caso da 3D Alarme, conforme informou a assisten-te comercial Patrícia Carvalho. “A demanda aumentou bastante. Principalmente ago-ra, neste período de férias, quando as pes-soas deixam a casa sem ninguém. Nós fa-zemos o serviço em empresas e comércios também, mas a deman-da está maior para mo-radias”, explica.

De acordo com Car-valho, são cerca de oito pedidos de visitas locais diariamente. Muitas vezes, segundo ela, as pessoas procu-ram a empresa quan-do já foram vítimas de algum tipo de ação de bandidos.

Os equipamentos de vigilância e segurança eletrônica são insta-lados de acordo com o cliente, isso porque existem vários tipos de programas de mo-nitoramento. A medi-da pode custar de R$ 5 mil a R$ 7 mil, no caso de um sistema completo. A manuten-ção e o monitoramen-to residencial variam em torno de R$ 200 a R$ 300 por mês.

Procura pelo serviço tem aumentado

Protejam-se se puderemDiante da “onda” de violência vivida na capital amazonense, é cada vez maior o número de pessoas que recorrem a instalação de câmeras, cercas eletrônicas, arames farpados, entre outros, para garantir a segurança da família

Basta dar uma volta por alguns bairros de Manaus para cons-tatar a presença de

equipamentos de segurança eletrônica em muitas casas. Seja com câmeras de vigilân-cia, alarmes, cercas elétricas e afi ns, a prática corriqueira entre comerciantes e empre-sários, é cada vez mais utili-zada pela população com o objetivo de evitar e intimidar a ação de criminosos.

A instalação desses arte-fatos cresce devido a cons-tantes ocorrências policiais envolvendo os mais diversos tipos de crime. Para algumas pessoas, a medida muitas ve-zes não impede a atuação dos bandidos, mas pode ajudar na intimidação e identifi cação, caso os assaltantes persistam e invadam a casa.

Por isso, muitas pessoas, sejam de bairros periféricos ou de conjuntos habitacio-nais, optam por gastar, por conta própria ou por meio de empresas especializadas, cerca de R$ 5 mil para deixar a casa “segura”.

A engenheira elétrica Gil-mara de Araújo, 37, apesar de nunca ter vivenciado a ação de assaltantes, decidiu insta-lar um sistema de vigilância em sua casa, localizada no conjunto Jardim Versales, no Planalto, Zona Centro-Oeste. Por medida de segurança, ela

explica que tomou a atitude porque muitos vizinhos já fo-ram vítimas de assaltos.

No local, ela instalou um sis-tema de monitoramento por câmeras nas partes interna e externa da casa, além de colocar cerca elétrica em toda a extensão do muro. Mesmo não apostando que isso possa evitar a ação dos bandidos, ela fala que a medida ajuda a inibir o ato.

“Muitos deles, quando vi-

rem uma câmera, podem fi -car assustados e desistir. Isso depende muito do tipo de as-saltante, pois alguns acabam agindo mesmo assim”, fala.

Como tem conhecimento na área, ela mesma comprou os equipamentos e fez a ins-talação. Para Gilmara, é um investimento que vale a pena. “Gastei cerca de R$ 2 mil para fazer o serviço por conta pró-pria. Estou até programando colocar um sistema na casa dos meus pais também, para que eles se sintam seguros”.

Assim como Gilmara Araú-jo, a técnica contábil Carla Miranda, 40, decidiu e ins-talou, há pouco mais de um ano, um sistema de alarme na sua casa, localizada em um conjunto no bairro de Flores, Zona Centro-Sul.

“Em 2008, minha casa foi assaltada. Mas como esse e

outros tipos de ação crimi-nosa têm crescido na capi-tal amazonense, resolvi fazer isso como medida preventi-va, já que tem horário em que ninguém está em casa. Monitoro tudo pelo aparelho celular e só não coloquei cerca elétrica porque no con-domínio onde moro contra-

taram vigilantes”, diz. Carla Miranda paga cerca

de R$ 100 pelo serviço de manutenção. Ela também disse não acreditar que o equipamento possa impedir a ação dos bandidos nas casas que possuem esse tipo de segurança, mas que pode ajudar a identifi cá-los caso

o crime aconteça. “Isso só inibe a ação deles,

mas pelo menos você tem a quem recorrer. A gente paga para uma empresa fazer o serviço, então, em parte eles são responsabilizados se as-saltantes conseguirem en-trar na minha casa para fazer qualque coisa”, ressalta.

Instalação apenas inibe ação de bandidos

IZABEL GUEDESEquipe EM TEMPO

CUSTOSMoradores gastam até R$ 7 mil para instalar equipamentos de segurança. Eles apostam que, mesmo não evitando assaltos, os aparelhos assustam ou permitem a identifi -cação dos bandidos

‘Clandestinos’ arriscam a segurança das criançasDetran-AM e empresas regularizadas alertam para o perigo de optar por condução escolar sem o preparo específi co

Há 12 anos, a rotina do casal Francinete e Valmir Silva é a mesma. Sair de casa

por volta das 5h30 e transpor-tar crianças de mais de oito bairros da Zona Leste até a escola. À frente de uma em-presa de transporte escolar, os proprietários orgulham-se em falar do compromisso com o ofício, seguindo as normas previstas pelo Departamento Estadual de Trânsito do Ama-zonas (Detran-AM). A empresa é uma das 82 legalizadas pelo Detran e a Superintendência Municipal de Transportes Ur-banos (SMTU). A fi m de formar futuros condutores, o departa-mento estendeu até amanhã as inscrições para o curso de condução escolar.

Segundo a diretora-geral do Detran, Mônica Melo, se-rão disponibilizadas 60 va-gas para o curso de 50 horas, em que serão ensinadas Le-gislação de Trânsito, Direção Defensiva, Convívio Social, Meio Ambiente e Primeiros Socorros. “Fazemos o alerta aos pais para que procurem verifi car a pessoa contrata-da, para evitar clandestinos. Muitas vezes o mais barato não é o melhor. É preci-so cuidar da segurança das crianças”, alerta.

A competição com os “con-dutores clandestinos” tam-bém foi citada pela empresá-ria Francinete. Ela revelou que, por R$ 20 a menos, eles aca-bam conquistando os clientes. “Isso prejudica e entristece o trabalho. Não adianta fazer propaganda. Os pais são os únicos responsáveis porque contratam motoristas sem es-pecialização para economizar. Nessa área os clandestinos fazem muita concorrência e não vemos a fi scalização agir”, disse. Segundo a diretora do Detran-AM, a fi scalização é responsabilidade da SMTU.

O superintendente da SMTU, Marcos Cavalcante, afi rmou que o instituto faz campanha de conscientização para os pais buscarem profi s-sionais legalizados. A multa para quem for fl agrado por transporte ilegal é de R$ 2.056 e a reincidência custa o dobro. “Pedimos aos pais e as escolas para não contratarem pesso-as não habilitadas. Eles podem estar expondo as crianças a pedófi los e oportunistas”.

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

Para participar do curso o condutor pre-cisa ter habilitação “D”, ter no mínimo 21 anos e não possuir infrações graves ou gravíssimas. Para a matrícula é pre-ciso apresentar original e cópia da Carteira Na-cional de Habilitação (CNH) e do comprovan-te de residência, além de efetuar o pagamen-to da taxa de R$ 84.

Curso para habilitação da condução

Conduções escolares precisam estar devidamente regularizadas junto aos órgãos de trânsito responsáveis. Clandestinidade pode resultar em multas

a instalação de câmeras, cercas eletrônicas, arames farpados, entre outros, para garantir a segurança da família

Instalação apenas inibe ação de bandidos

SEBASTIÃO MOREIRA/AE

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Cerca de 200 denúncias de racismo dentro de 2 anosVítimas de racismo e discriminação têm entre 35 e 64 anos e moram nas zonas Leste e Norte da capital amazonense

Pelo menos 254 pessoas foram vítimas de racis-mo ou discriminação em Manaus nos últi-mos dois anos, segun-

do estatística da Secretaria de

Segurança P ú b l i c a do Es-tado do

Amazo-nas (SSP-

AM), divul-gada na última

sexta-feira (27). Os dados mostram

que a maioria das vítimas tem entre 35 e

64 anos e mora nas zonas Leste e Norte da cidade. Os

casos mais comuns, segundo delegados da Polícia Civil, são os que envolvem pessoas com traços indígenas e negras.

O crime de racismo é defi nido pela lei federal 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que estabele-ce as punições para os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor. O tema também é citado no artigo 5º da Cons-tituição Federal, que considera a prática do racismo um crime inafi ançável e imprescritível, além de sujeitar o infrator à

pena de reclusão.Para o delegado e coorde-

nador da Polícia Civil na Zona Norte de Manaus, João Ferreira Neto, muitas pessoas confun-dem o crime de racismo com casos de injúria, que geral-mente ocorrem em discussões “acaloradas”.

Pela lei, o racismo se dá quando, por motivo de dis-criminação de raça, cor, et-nia, religião ou procedência nacional, alguém sofre algum tipo de restrição como, por exemplo, ser impedido de en-trar em locais públicos ou pri-vados, conseguir emprego ou promoção funcional ou, ainda, ter tratamento diferenciado no ambiente de trabalho. A pena para o crime pode chegar a cinco anos de prisão.

João Neto esclarece, ainda, que grande parte dos casos de racismo registrados em Ma-naus acaba se confi gurando, ao fi nal das investigações, como crime de injúria.

Quem cometer o crime, se-gundo a legislação, pode ser condenado a três anos de reclusão, além de multa. O delegado ressalta, também, que o cidadão que se sentir ofendido deve procurar uma delegacia para registrar o fato. Na maioria das vezes, a vítima já faz a indicação do autor.

NILSON BELÉMEquipe EM TEMPO

Os indígenas estão entre os mais ofendidos por conta da raça, na capital amazonense

ARQUIVO EM TEMPO/FRANCISCO ARAUJO

Na última terça-feira, a dona de casa L.M.V., 41, registrou denúncia após ser chamada por uma mulher de “ticuna”, dentro de uma clínica na rua Tapajós, Centro. L.M. conta que pediu para utilizar o banheiro do local, mas, em se-guida, uma das clientes, ainda não identifi cada, começou a chamá-la re-petidamente, e em voz alta, de “ticuna”, referin-do-se a uma das tribos indígenas que habita o Norte do país.

O caso foi parar no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), na Praça 14, Zona Sul, e segundo o delegado Jorge Car-los Pontes Teixeira, res-ponsável pelo inquérito, as imagens da clínica foram solicitadas para que o reconhecimento da mulher fosse feito.

Caso de injúria em clínica

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Page 23: EM TEMPO - 29 de janeiro de 2012

C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 29 DE JANEIRO DE 2012

Uniforme escolar gratuito amenizaria ‘peso’ no bolsoProjeto de lei sugere que fardamento escolar seja dado gratuitamente por escolas públicas da capital amazonense

Apesar de estarem acostumados com a rotina de início de ano, de dedicar tempo

e dinheiro na compra do mate-rial escolar da garotada, qual pai não se surpreende com o valor total das compras? A surpresa não é menor para quem opta em matricular o filho em escola pública, onde o valor dos uniformes pode variar de R$ 60 a R$ 400, dependendo da instituição.

Camisa diária, short saia, calça social, blusa de edu-cação física com o símbolo da instituição bordado, boi-na, cinto de gala, divisa da série, túnica, muitas são as indumentárias exigidas aos alunos que estudam nos co-légios públicos administrados pela Polícia Militar.

“Já gastei mais de R$ 200 comprando duas calças, blusa, jaqueta e tênis. O preço do uniforme, somado ao material escolar pesa muito no orça-mento. A gente tem que fazer uma reserva durante o ano, caso contrário, meu filho não estuda”, disse a mãe de um alu-no, que preferiu não se identi-ficar. Ela conta que chegou a

gastar aproximadamente R$ 2,5 mil com material escolar e uniforme no início do ano. Mas revela que não mede esforços para oportunizar uma educa-ção de qualidade para sua filha. “Tem seu lado positivo. O ensino oferecido pelo colégio é muito bom. É uma escola de referência”, alega.

Para diminuir o espanto dos pais com a conta de uniforme escolar dos filhos, o deputado estadual Marcelo Ramos criou o projeto de lei (PL) que visa, entre outros pontos, desobri-gar o uso de fardamentos escolares nas instituições pú-blicas de ensino que não os distribuem gratuitamente. O deputado defende que, tanto as escolas estaduais quanto as administradas por milita-res, devem deixar de cobrar pelo fardamento. “Recebi mui-tas reclamações de pais que são obrigados a comprar a farda. Se é escola pública, elas têm de dar o fardamento”.

“Quando o pai submete o filho aos testes e avaliações, submete às regras do colégio, que segue resolução aprovada pela Seduc”, explicou o diretor do colégio da Polícia Militar Centro de Educação de Tempo Integral Marcantônio Vilaça, tenente Fábio Pacheco.

Lojas especializadas em confecção de fardas são frequentemente procuradas por estudantes

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Segundo informações repassadas pela Seduc, a farda é distribuída gratuita-mente para todas as escolas estaduais do Estado. Porém, na maioria das instituições os alunos preferem criar e arcar com um fardamento exclusivo. De acordo com a

diretora do Departamento de Gestão Escolar da secre-taria, professora Maria do Carmo Castelo Branco, tudo é pré-acordado com os pais e responsáveis dos estudan-tes. “O governo do Estado compra o fardamento para as escolas, mas em algumas

existe o fardamento diferen-ciado por reivindicação dos próprios alunos. A orienta-ção dada aos gestores é que realizem assembleia com os pais dos alunos e registrem em ata, com a assinatura de todos. Se a maioria aderir, a escola ganha fardamento”.

Maioria decide por fardamento

A professora observa que os alunos demons-tram orgulho pela farda criada com um design escolhido por eles. “Eles têm orgulho de usar o fardamento diferencia-do. Os alunos criam, manda-se a cópia da ata com a aprovação dos pais e verificamos se o modelo é adequa-do”, explica.

No mercado de Ma-naus, existem duas lo-jas muito procuradas por estudantes. Há 20 anos no mercado, o em-presário Luciano Oliva-rez conta que é procu-rado para confeccionar os modelos desenhados pelos alunos e chega a atender cem pais por dia. “Eles não gostam do uniforme doado pelo Estado e criam o pró-prio modelo”.

Orgulho por farda individual

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