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No último levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Manaus é apontada como a capital com preço do combustível mais caro do Brasil, entre as ci- dades com refinaria. O valor médio do litro da gasolina custa R$ 2,98 contra R$ 2,83 de Belém, no Pará. Economia B1 VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 MÁX.: 31 MÍN.: 24 TEMPO EM MANAUS FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS. ANO XXVI – N.º 8.187 – DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ RICARDO OLIVEIRA Campanhas em prol de ins- tituições filantrópicas já estão a todo vapor para o Natal. Adrianópolis é um dos bair- ros mais procurados para fi- xar residência em Manaus. Escritor defende que as pre- gações de Jesus sejam lidas de forma revolucionária. Em situação oposta, tricolor carioca volta hoje ao estádio Prudentão, onde conquistou o campeonato de 2012, para enfrentar o Santos. Pódio E6 FLU precisa da vitória BRASILEIRÃO Após 8 anos, Felipe Massa (foto) se despede hoje da Ferrari sem ter conquis- tado nenhum título, mas com sensação de dever cumprido. Pódio E8 A última volta de Massa na Ferrari FÓRMULA 1 ENCURRALADOS NO MEIO DA SELVA Policiais militares civis teriam encontrado os cinco assaltantes de banco que estavam foragidos depois de assaltar uma unidade do Banco do Brasil em Lábrea. Infor- mações dão conta de que os bandidos estão cercados em uma fazenda nas proximidades do km 30 da BR–230, juntamente com dois reféns. Última Hora A2 MILAGRE DOS PEIXES Em 1975, o pirarucu foi colocado na lista de extinção. Em Maraã, os estoques estavam quase “zerados”. Com o programa de manejo desenvolvido pela Colônia de Pescadores, os lagos foram repovoados. Este ano, o EM TEMPO acompanhou a captura do peixe na reserva de Maraã, onde vem sendo operado um verdadeiro “milagre dos peixes”, com produção estimada em 3.586. Considerando o peso médio de cada peixe, a previsão é de que a produção deste ano será de 193.644 quilos. CADERNO ESPECIAL No lago do Canivete, no município de Maraã, depois de arpoar um pirarucu de quase 2 metros, o pescador entra na água para capturar sua presa UMA BOMBA DIVULGAÇÃO

EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

No último levantamento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Manaus é apontada como

a capital com preço do combustível mais caro do Brasil, entre as ci-dades com refi naria. O valor médio do litro da gasolina custa R$ 2,98 contra R$ 2,83 de Belém, no Pará. Economia B1

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ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, POLÍTICA, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ILUSTRÍSSIMA, ELENCO E CONCURSOS.

ANO XXVI – N.º 8.187 – DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

RICA

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OLI

VEIR

A

Campanhas em prol de ins-tituições fi lantrópicas já estão a todo vapor para o Natal.

Adrianópolis é um dos bair-ros mais procurados para fi -xar residência em Manaus.

Escritor defende que as pre-gações de Jesus sejam lidas de forma revolucionária.

Em situação oposta, tricolor carioca volta hoje ao estádio Prudentão, onde conquistou o campeonato de 2012, para enfrentar o Santos. Pódio E6

FLU precisa da vitória

BRASILEIRÃO

Após 8 anos, Felipe Massa (foto) se despede hoje da Ferrari sem ter conquis-tado nenhum título, mas com sensação de dever cumprido. Pódio E8

A última volta de Massa naFerrari

FÓRMULA 1

ENCURRALADOS NO MEIO DA SELVAPoliciais militares civis teriam encontrado os cinco assaltantes de banco que estavam foragidos depois de assaltar uma unidade do Banco do Brasil em Lábrea. Infor-

mações dão conta de que os bandidos estão cercados em uma fazenda nas proximidades do km 30 da BR–230, juntamente com dois reféns. Última Hora A2

MILAGRE DOS PEIXESEm 1975, o pirarucu foi colocado na lista de extinção. Em Maraã, os estoques estavam

quase “zerados”. Com o programa de manejo desenvolvido pela Colônia de Pescadores, os lagos foram repovoados. Este ano, o EM TEMPO acompanhou a captura do peixe

na reserva de Maraã, onde vem sendo operado um verdadeiro “milagre dos peixes”, com produção estimada em 3.586. Considerando o peso médio de cada peixe, a previsão é de que a produção deste ano será de 193.644 quilos. CADERNO ESPECIAL

No lago do Canivete, no município de Maraã, depois de arpoar um pirarucu de quase 2 metros, o pescador entra na água para capturar sua presa

UMA BOMBA

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AÇÃO

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A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Após 60 dias, ponte do São Jorge tem trecho liberadoObras de reforço na estrutura da ponte foram solicitadas pelo Ministério Público do Estado em razão de riscos à população

Condutores e pedestres de Manaus agora po-dem voltar a contar com o sentido bairro-

Centro da ponte Engenheiro Lopes Braga, mais conhecida como ponte do São Jorge, lo-calizada no bairro de mesmo nome, na Zona Oeste. O trecho concluído foi entregue na ma-nhã de ontem pela Prefeitura de Manaus por meio da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Habitação (Seminf), após mais de 60 dias de reformas.

As obras, executadas pela empresa LVM Construções Ltda., e fiscalizadas pela Se-minf, passaram por serviços de reforço estrutural do guarda corpo metálico, guarda-corpo em concreto armado e alarga-mento de tabuleiro com execu-ção de laje de concreto armado. Para ornamentar a ponte, os operários instalaram estrutu-ras metálicas em forma de arco dos dois lados da estrutura, bem como iluminação por meio de luminárias e refletores devida-mente posicionados.

As fundações da ponte tam-bém receberam proteção de estacas metálicas em concreto armado, além de pinturas. O total da obra está orçado em R$ 1.496.388,18 e cumpre uma medida judicial, oriunda de uma

ação do Ministério Público Esta-dual (MPE-AM). A interdição e reforma foi solicitada pelo juiz titular da 2ª Vara da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Manaus, Cezar Luiz Bandiera, em fevereiro de 2013.

DemandasO magistrado observou ins-

peção judicial, relatórios de vistoria, fotografias e depoi-mentos apresentados por ação do Ministério Público, que eluci-daram problemas na estrutura da ponte que podem ser um risco para as pessoas. A perícia identificou uma erosão causada pelas enxurradas e o acúmulo de lixo na estrutura das duas pontes, e também sugeriu que fosse construído um muro de arrimo e que o lixo acumulado no local fosse removido.

Segundo o MP, em 2002 e 2003 foi feita uma obra de con-tenção na cabeceira da ponte no sentido Centro-bairro, inclusive com o plantio de grama no local para evitar a erosão, mas as falhas na estrutura da ponte não foram corrigidas, sendo visíveis rachaduras na laje e nas vigas, onde as ferragens estão à mos-tra e em processo de oxidação, assim como o deslocamento do revestimento (reboco), que deixa as ferragens desprotegidas. Trecho liberado da ponte do São Jorge, sentido bairro-Centro, foi revitalizado e teve sua estrutura totalmente reforçada

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Explosão em oleoduto mata 47

O número de mortos pela explosão de um oleoduto na cidade de Qinqdao, no leste da China, chegou a 47 víti-mas. O acidente considerado uma das maiores tragédias industriais do país também deixou 136 pessoas feridas, além de provocar um incên-dio que levou várias horas para ser controlado e que paralisou o porto da cidade. A explosão no duto foi tão forte que abriu um enorme buraco na estrada, levando um caminhão a cair na cra-tera e virando carros.

O caso ocorreu ontem às 10h30m (0h30 no horário de Brasília), quando trabalha-dores tentavam consertar vazamentos no duto da em-presa da Sinopec. Segundo o governo, o vazamento levou o incêndio até o porto da cidade. No mar, o derrama-mento de óleo se espalhou por três mil metros quadra-dos, levando o terminal de petróleo de Qinqdao a sus-pender as suas operações.

Qinqdao é um dos maiores terminais de importação de petróleo da China, forne-cendo óleo para ao menos duas grandes refinarias da Sinopec e para várias outras refinarias menores indepen-dentes. “As primeiras inves-tigações mostram que o óleo derramado fluiu para a rede municipal, o que causou a ex-plosão”, informou o governo local, sem dar mais detalhes sobre o incidente.

A Sinopec confirmou que a explosão foi cau-sada por um vazamento no oleoduto Huangwei.

Mulher baleada em troca de tirosO pintor Ewerton Felipe da

Silva Nascimento, 22, foi preso na noite da última sexta-feira, 23, na rua da Paz, bairro São Francisco, Zona Centro-Sul de Manaus, suspeito de ter come-tido assalto em um mercadi-nho localizado na rua Urucará, bairro Cachoeirinha, Zona Sul. Na fuga, o suspeito trocou tiros com uma guarnição da polícia e um dos tiros teria alvejado uma mulher de 45 anos que passava pela rua.

Segundo os policiais da 24ª Companhia Interativa Comu-nitária (Cicom), foram infor-mados que um mercadinho das proximidades havia sido alvo de um assalto à mão armada.

Ao avistarem dois indivíduos nas proximidades da rua Uru-cará carregando um fardo de PET de dois litros, os policiais resolveram abordá-los.

No momento em que os suspeitos avistaram a polícia, entraram em um veículo mo-delo Golf de cor preta e placas JXR-3008, chegaram a dar al-guns tiros contra a viatura e saíram em fuga no sentido do bairro São Francisco.

Nas proximidades da rua Valério Botelho, os suspeitos novamente atiraram contra a guarnição, que alvejou uma mulher identificada por Lídia Oliveira Ferreira, 45. A perse-guição continuou até o mo-

mento em que os suspeitos entraram no beco da Paz, no bairro São Francisco e fugiram a pé em sentido ignorado.

A polícia conseguiu deter Ewerton, um dos suspeitos, e o outro conseguiu fugir. Dentro do carro foram encontrados uma quantia de R$ 100, um celular e mais um revólver de calibre 38 utilizado para cometerem o assalto.

O suspeito foi apresentado no 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), e reconhecido pelo proprietário do merca-dinho. O pintor foi encami-nhado para a cadeia pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, Centro.

Os refugiados sírios-curdos Jvan Khaled (à esq.), 23, e Shekha Khaled, 18, cele-bram o seu casamento em cerimônia realizada no campo de refugiados de Quru Gusik, no norte do Iraque. O casal é originalmente de Qamishli, na fronteira da Síria com a Turquia, mas deixou o país devido a guerra civil que assola o país há mais de 2 anos. De acordo com autoridades da Organização das Nações Unidas (ONU) 7 milhões de pessoas já deixaram suas casas desde o início do conflito, em março de 2011, incluindo dois milhões que saíram do país. A Síria vive uma guer-ra civil entre as forças do governo de Bashar al-Assad e rebeldes. Pelos cálculos da ONU, os conflitos mataram ao menos 100 mil pessoas.

AFP

Polícia encurrala suspeitos de assaltar agência bancária

Policiais Militares do Co-mando de Operações Es-peciais (COE), Rondas Os-tensivas Cândido Mariano (Rocam), Força Tática do 4º Batalhão de Polícia Militar de Humaitá, e dez policiais civis já encontraram os cin-co assaltantes de banco que estavam foragidos ao longo da BR-230 depois de realizarem um assal-to ao Banco do Brasil no município de Lábrea (sul do Estado). Informações de Policiais Militares que es-tão na ocorrência afirmam que os cinco assaltantes estão cercados em uma fazenda nas proximida-des do km 30 e que estão com dois reféns.

Os assaltantes estão armados e são considera-dos de alta periculosidade, policiais da capital e do município estão no local ne-

gociando com os foragidos, a Secretaria de Inteligência da capital está com repre-sentantes acompanhando de perto a ação dos profis-sionais e dos criminosos.

A localização dos assal-tantes aconteceu por volta das 16h de sexta-feira, 22, com a participação de cães farejadores do Canil da PM que conseguiram identificar a localização dos bandidos. De acordo com a polícia, as pessoas que estão com os infratores ain-da não foram identificadas, mas passam bem.

PM suspeita que a qua-drilha do assalto em Lábrea seja a mesma que provocou outro assalto na BR-319 contra um carro-forte, um mês atrás.

Com a prisão dos assal-tantes, uma série de crimes poderá ser desvendada.

Assaltantes são suspeitos de levar R$ 1,3 milhão de agência

DIVULGAÇÃO

CACHOEIRNHA LÁBREACHINA

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Page 3: EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 A3Opinião

Sem lenço e sem documento, o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e 7 meses de prisão no processo do mensalão, deixou o Brasil como quem vai à esquina comprar cigarro, cruzou a fronteira e o oceano sem passaporte, chegou à Itália e criou uma saia justa para as autoridades brasileiras. Bem justa.

Como o governo brasileiro “não sabe e não viu” a saída do condenado, o Ministério das Relações Exteriores da Itália também desconhece a presença de Pizzolato em seu território e só vai se interessar pelo assunto “se e quando” o Brasil enviar informações ofi ciais sobre a fuga, que só não foi mais espe-tacular, porque se deu sem a presença de paparazzi. O Brasil quer extradição, mas com que cara?

A saia se ajusta ainda mais com a memória de outro caso, de Cesare Battisti, acusado de quatro assassinatos, ocorridos na Itália, durante a luta armada na década de 70, condenado à prisão perpétua em seu país de origem; entrou no Brasil com passaporte falso e teve sua extradição negada pelo presi-dente Lula. Vem à lembrança, também: em 2000, Salvatore Cacciola, dono do banco Marka, condenado no Brasil, fugiu para a Itália em 2000, onde tinha cidadania (como tem Pizzolato). Ele viveu em Roma durante 7 anos e só foi capturado quando deixou o país para visitar o principado de Mônaco.

A Itália está muda sobre o mensaleiro. O Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse à “Folha-press” não saber se foi ou não emitido novo passaporte ou outro documento que permitisse a Pizzolato embarcar da Argentina rumo à Europa. Pizzolato e Paulo Maluf não podem pisar em 190 aeroportos internacionais. A diferença é que o condenado Maluf continua no Brasil, com lenço e documento de deputado federal (PP-SP), a clamar “sempre acreditei na Justiça”.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para o trabalho de recuperação da ponte de São Jorge, que estava para cair e ontem foi entregue à comunidade totalmente reformada. Agora só falta urbanizar a área.

Ponte de São Jorge

APLAUSOS VAIAS

Ponto final

Depois de tanto tempo “esquecido”, o assunto não resolvido recebeu um pon-to final.

Pizzonia trocou algumas palavras com o chefão da escuderia inglesa, junta-ram os vidros quebrados e parece que ficou tudo bem. O piloto amazonense garante não ter recebido nenhuma nova proposta.

Fórmula 1, tô fora!

O piloto de Manaus, in-clusive, disse não estar interessado em voltar à Fórmula 1. Antonio Pizzo-nia conversa com patro-cinadores para disputar a Stock Car, no Brasil, a Grand-Am, nos Estados Unidos, e a World Extreme Cagefighting (WEC).

Pé de meia

Segundo o piloto, o di-nheiro tem grande influ-ência no futuro dos prati-cantes de esportes sobre quatro rodas.

Isto é, Antônio Pizzonia parou de sonhar e agora quer mesmo é faturar até porque “ninguém tem mais 20 anos”.

Paisagem urbana

Depois de receber re-capeamento asfáltico em toda a extensão, chegou

a vez de a avenida Djal-ma Batista ganhar novas calçadas e meio-fio pa-dronizado.

O trabalho, que já come-ça a mudar a paisagem da via, foi fiscalizado de perto pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, na noi-te de sexta-feira (22).

Iluminação metálica

Os moradores do local gostaram e elogiaram a nova avenida.

— A Djalma foi escolhida para ser uma avenida mo-delo mesmo. Aqui vamos usar iluminação metálica, que vai destacar ainda mais o trabalho que esta-mos fazendo.

Noite de luzO prefeito disse que a

Constantino Nery também vai receber nova ilumina-ção.

— Mas lá vamos usar lâmpadas de LED. A cidade vai voltar a ficar bonita –, afirmou Arthur.

Sangue bom

O governo do Amazonas realizou ontem a 11ª Cor-rida pela Vida.

A prova teve como objeti-vo divulgar o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, que ocorre hoje, 25.

Mulheres na luta

A senadora Vanessa Gra-zziotin (PCdoB) consegui mais um avanço como pre-sidente da Secretaria da Mulher da Câmara dos De-putados e a Procuradoria da Mulher do Senado.

Combate

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), protocolizou nesta semana um projeto, em nome das mesas do Se-nado e da Câmara, para que seja criada a Comissão Permanente Mista de Com-bate à Violência contra a Mulher.

Conscientização

Ao lado da deputada Jô Moraes (MG), também do PCdoB, Vanessa vem trabalhando uma série de atividades com o intuito de conscientizar a população sobre os diversos tipos de violência de gênero previs-tos na Lei Maria da Penha, que pune os agressores de mulheres.

Ato

Entre as atividades pre-vistas está um ato para marcar o “Dia Internacio-nal de Eliminação da Vio-lência contra as Mulheres”, que será celebrado nesta segunda-feira, 25.

Para a política de preços de postos de combustíveis de Manaus, que nos colocou no ranking negativo da cidade com a gasolina mais cara do país.

Gasolina mais cara do país

Antonio Pizzonia e Frank Williams fi zeram as “pazes”.A pombinha branca tocou o coração das feras na última quinta-feira (21), quan-

do o chefão da Williams – uma das principais equipes de Fórmula 1 –, fez uma parada em Manaus antes de seguir para São Paulo, onde Interlagos será palco da última etapa do calendário da categoria. O piloto “esbarrou” com o mandatário no Tropical Hotel e os ressentimentos que os afastaram foram resolvidos.

Há exatos 8 anos, o amazonense recebeu uma promessa de Williams de in-tegrar a equipe na principal categoria do automobilismo mundial e tudo não passou de promesa.

Em paz com o chefão

[email protected]

Mas com que cara?

Leio na revista “Veja” extensa matéria sobre a atual obrigação ditatorial que pesa sobre todas as mulheres e que, embora com menor intensidade, também atin-ge a “nosotros”, os machos da espécie. Refiro-me à ojeriza à gordura, a qualquer resquício de adiposidade, que leva as pessoas a aplicarem com enorme facilidade a qualificação de “obeso” a quan-tos, porque se permitem ou mes-mo por fatalidade, ganhem mais uns poucos quilos.

A matéria da revista, certamente porque reconhece que o elogio desvairado da magreza é também uma velada ameaça à saúde das pessoas que embarquem sem cri-térios nessa nau, se apressa em estabelecer uma distinção entre as “magras musculosas”, saudáveis, e as magras doentias que, mes-mo se assemelhando àquelas no peso e na aparência, são vítimas da anorexia ou da bulimia. E a pergunta surge inexoravelmente: e como saber, dentre todas, quais as bulímicas e as anoréxicas se, as que o são, nunca exercem suas práticas às claras?

Mas, afinal, por que essa verda-deira obsessão pela magreza?

Sabemos, e como sabemos, que não foi sempre assim. Costuma-se fazer referência às rechonchudas mulheres retratadas pelos grandes mestres renascentistas da pintura e até às figuras esculpidas em pedra pelos gregos da antiguidade clássica, em que as curvas e as carnes não faltavam e até abun-davam (sem trocadilho).

E nem precisava ir tão longe. Qualquer um, dos nossos dias, que já tenha vivido algumas dé-cadas, certamente há de lem-brar que a corrida desenfreada pela esqualidez não é coisa de tanto tempo atrás.

O que acontece é que a força do

presente, porque é vida, se sobre-põe ao passado e oculta o futuro, dando a impressão de que, o que hoje é, sempre foi e continuará a ser, quando, na verdade, o que ocorre são flutuações que vão e às vezes voltam, como acontece às variações daquilo a que generica-mente chamamos de moda. Como acontece com a moda, embora num outro ritmo, acontece também com as variações dos critérios estéticos que comandam a eleição do que é considerado belo.

É verdade que hoje a magreza ganhou um reforço por ser con-siderada um elemento da higidez, enquanto o sobrepeso é visto como um risco para a saúde. Mas tal consideração é bem mais recente, estabelecida quando ser magro já era visto como um valor e ser gordo como um desvalor, claramente por um critério de beleza.

Sociólogos vinculam esses fenô-menos à vitalidade e ao dinamismo da cultura, que carrega no seu bojo os valores e os desvalores que a sociedade assume.

Ocorre que a cultura não é intei-ramente autônoma e independente nos seus movimentos, mas sofre a influência de várias forças que ja-zem no subsolo da sociedade, entre elas as energias da economia.

Emagrecer é coisa muito mais difícil do que engordar, que apenas depende do comer mais. Quando o valor e o gosto estão em ser magro, toda uma imensa variedade de linhas de produtos e serviços é mobilizada sob a forma de cremes, cosméticos, alimentos magros, me-dicamentos, academias de ginás-tica, centros desportivos, clínicas de nutrologia, spas, equipamentos, numa listagem quase infinita.

E as revistas, os filmes, as publi-cidades, as novelas da TV e muito mais, se encarregam de fazer o marketing e a lavagem cerebral.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújo

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Gostos e desgostos

[email protected]

Charge

Ocorre que a cultura não é inteiramente autônoma e independen-te nos seus movimentos, mas sofre a infl uência de várias forças que jazem no subsolo da sociedade, entre elas as energias da economia.Emagrecer é coisa muito mais difícil do que engordar, que apenas depende do comer mais”

ARQUIVO EM TEMPO/JOEL ROSAALBERTO CÉSAR ARAÚJO

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Page 4: EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

FrasePainelVERA MAGALHÃES

O PT e João Santana acertam os últimos detalhes do arranjo para que ele supervisione a cam-panha de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo. Pelo desenho, o marqueteiro terá dedicação pessoal exclusiva a Dilma Rousseff , mas indicará a linha da comunicação e fará os pilotos da propaganda no Estado, considerado fundamental para a reeleição da presidente. Também designará o coordenador da campanha, que pilotará, com autonomia, inclusive o programa de TV.

Dobradinha O jornalista Eduardo Oinegue, que coor-denou a campanha de Patrus Ananias (PT) à Prefeitura de Belo Horizonte em 2012, res-pondendo a Santana, é cotado para assumir a mesma função no time de Padilha.

Adeus, toga Eliana Calmon protocolou na sexta-feira seu pedido de aposentadoria no STJ, para vigorar a partir de 18 de dezembro. A data é justamente a véspera de evento em que o PSB pretende anunciar, com pompa, a fi liação da ministra ao partido para disputar o Senado.

Na rede Eduardo Campos e Marina Silva voltam a se encontrar na quinta-feira, em São Paulo. Vão lançar, juntos, uma plataforma digital em que serão recebidas colabora-ções ao programa de governo conjunto, que começou a ser discutido há um mês e será divulgado na internet.

NRSVP O PPS decidiu “des-convidar” Campos e Aécio Neves do congresso nacional que fará no início de dezembro. Roberto Freire disse ter avisado aos dois pré-candidatos que queria evi-tar constrangimento a um deles

caso saia uma decisão sobre o apoio do partido em 2014.

Caminho... O Palácio do Planalto programa para que Dilma faça uma visita de dois ou três dias às obras de trans-posição do rio São Francisco, que viraram alvo da oposição. A ideia é que a presidente passe por cinco cidades.

... das águas O roteiro é se-melhante à viagem que Lula fez aos canteiros da obra em outubro de 2009. A presidente deve realizar as vistorias em dezembro ou janeiro.

Aperto Dilma ordenou que ministros engavetem projetos de suas pastas que prevejam desonerações não acordadas com a Fazenda.

Contra-ataque O PSDB de São Paulo estuda um meio de tentar responsabilizar criminal-mente o presidente do Cade, Vinícius Carvalho, por ter omitido documento ao encaminhar para o Ministério Público e a Justiça paulistas os autos da investiga-ção sobre cartel na compra e ma-nutenção de trens no Estado.

Mapa Nas planilhas com no-

mes dos supostos envolvidos no esquema de propina do metrô de São Paulo e do DF, o ex-executivo da Siemens Everton Rheinhei-mer afi rma que dois diretores da MGE Transportes tinham có-pias de provas “no apartamento de suas amantes”.

Arquivo No ofício envia-do à Polícia Federal de São Paulo em que diz ter recebido as denúncias do ex-executivo “via Cade”, o delegado Braulio Cezar Galloni sugere que a PF avalie fazer diligências e instaurar novo inquérito.

Verão passado Rheinheimer diz também que os executivos da MGE temiam que a Operação Caixa de Pandora, que degolou o ex-governador do DF José Roberto Arruda em 2009, reve-lasse vídeos seus dando pacotes de dinheiro a Durval Barbosa, pivô do mensalão do DEM.

SOS Logo após José Genoi-no ser autorizado a cumprir pena em casa devido a seu es-tado de saúde, seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, teve queda de pressão e desmaiou no aeroporto de Brasília. Le-vado ao posto médico, foi liberado em seguida.

Controle remoto

Contraponto

A Câmara dos Deputados instalou recentemente no hall da taquigrafia – obrigatória de acesso ao plenário – um grande stand da Federação Brasileira de Gastroentero-logia, para ações de prevenção de retocolite ulcerativa. O banner chama a atenção dos transeuntes: “Seu intestino mudou?”.O deputado Hugo Leal (Pros-RJ) manifestou temor pelas brincadeiras que apodem aparecer:— Alguns que passam por aqui falarão de fisiologismo. E os maldosos vão vincular mudança no intestino com melhoria da qualidade nas iniciativas legislativas...

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

Crise visceral

Tiroteio

DO DEPUTADO BETO ALBUQUERQUE (RS), líder do PSB na Câmara, sobre leilão dos aeroportos de Confi ns (MG) e Galeão (RJ) realizado pelo governo federal.

Dilma mostra evolução ao reconhecer valor na iniciativa privada e adotar prática que há pouco seria tachada de entreguista pelo PT.

No Vaticano 2º, houve uma rup-tura com a tradição da Igreja ou devemos ver as suas intuições e orientações como continuidade? A questão não é esta.

A preocupação última de toda renovação eclesial é sempre a fidelidade a Jesus Cristo. Se acreditamos que a Igreja foi fundada por Ele, é importan-te que nas suas estruturas e práticas ela permaneça fiel ao seu fundador. Se no decorrer da história vão surgindo práticas e estruturas que a desfiguram ou a impedem de anunciar o Reino de Deus como Jesus o fez e, sobretudo de viver como Jesus vi-veu, estas práticas e estruturas precisam ser revistas.

A Igreja na Amazônia tem fei-to isto, constantemente. Seus bispos têm uma tradição de encontros onde procurando in-terpretar os clamores da huma-nidade que vive neste pedaço de mundo de valor inestimável para todos os habitantes des-te planeta, examinam as suas opções e estratégias pastorais para continuar a viver em fide-lidade ao Evangelho.

Foi esta a razão do primeiro encontro da Igreja católica na Amazônia legal. Bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, todos agentes de pas-toral, ouviram especialistas e ativistas sociais descreverem o quadro político, jurídico, social e religioso da Amazônia.

A realidade desafiante das ci-dades que nas beiras dos rios e das estradas explodem ou per-manecem no marasmo, foi co-locada diante dos participantes com os desafios que brotam da falta de saneamento básico, dos altos índices de violência e assim por diante. A situação dos povos indígenas e quilombolas

que assistem um assalto aos seus direitos constitucionais, os grandes projetos como é o caso das hidroelétricas e o agro-negócio foram explanados nos seus aspectos jurídicos e sociais. Também o trânsito religioso e o abandono crescente das religi-ões institucionais e tradicionais foram analisados.

Mas o que mais tocou os cora-ções dos pastores foi sem dúvida nenhuma o quadro perverso do tráfico humano, onde meninas e meninos, mulheres e homens são transformados em merca-doria, num sacrifício trágico ao deus mercado, que transforma tudo em mercadoria e destrói a alma dos indefesos.

Diante deste quadro, a Igreja quer continuar fiel a Jesus Cristo. E esta fidelidade implica carida-de e profecia. Caridade e profe-cia nascem da fé e só subsistem onde existe esperança.

Bastaria uma única menina ex-plorada numa balsa de apoio às dragas que exploram o seixo nos altos rios, bastaria o assassinato de um único jovem para queima de arquivo, ou a destruição de um único pedaço de terra com diversidade biológica irrecupe-rável para que o nosso coração se sentisse ferido de morte. Mas os números são trágicos.

Permanecer indiferente ou propor uma religião que seja puro entretenimento e transfor-mar sentimentos e sensações em uma mercadoria a mais, não pode ser o caminho de renovação da Igreja.

Se pelos frutos se conhece a árvore, só solidariedade, com-promisso e profecia são sinais de que estamos anunciando o Reino, pequena semente que carrega em si a promessa de uma árvore frondosa.

Dom Sergio Eduardo [email protected]

Dom Sergio Eduardo Castriani

Dom Sergio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Mas o que mais tocou os corações dos pastores foi o quadro perverso do tráfi co hu-mano, onde meninas e meninos, mulheres e homens são transfor-mados em mercadoria, num sacrifí-cio trágico ao deus merca-do, que trans-forma tudo em mercado-ria e destrói a alma dos indefesos”

Nem ruptura nem continuidade

Olho da [email protected]

O rio refl ete os desatinos da rua. Nesse barranco da Manaus Moderna, criou-se um estacionamento de barcos, canoas e afi ns, que parece a Djalma Batista, ou a André Araújo, ou a Constantino Nery, ou a alameda Cosme Ferreira, ou o beco São José, ou a capital do Amazonas, enfi m. Só uma tempestade desagrega esse acampamento.

Eu particularmente nunca votei no PT. Independente-mente do partido em que eu estou, ou que eu estiver, tenho difi culdade, não acredito no modelo do PT. É

um modelo que vai ocupando os espaços todos, não se preocupa com custeio. Não acredito que o PT consiga desenvolver o país com a proposta dele

Índio da Costa, presidente do diretório regional do PSD-RJ, que foi candidato a vice-presidente na chapa de José Serra (PSDB) em 2010, declara que não apoiará a reeleição da presidente Dilma Rousseff no ano que vem, contrariando decisão do Diretório Nacional do partido.

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IONE MORENO

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Page 5: EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 A5Política

Fechar 2013 em dia com as metas fiscais e o su-perávit alcançado não tem sido um desafio

alarmante só para a presi-dente Dilma Rousseff (PT). No Amazonas, a dívida estadual de aproximadamente R$ 1 bilhão preocupa o governo e alimenta o discurso dos oposicionistas. Preocupado com a política fis-cal, a ordem do governador Omar Aziz (PSD) é de cortar gastos e “apertar os cintos” para ultrapassar o sinal ama-relo da economia.

O titular da Secretaria de Es-tado da Fazenda (Sefaz), Afon-so Lobo, reconheceu durante esta semana que o governo tem adotado alternativas para contornar a situação, inclu-sive congelando as compras do Estado até que a situação se estabilize. Lobo atribuiu o déficit à redução nos repasses federais – oriundo do ‘aperto’ financeiro do Planalto, que não tem medido esforços para não finalizar 2013 ‘no vermelho’ às vésperas do ano eleitoral.

Na última terça-feira, o pre-sidente do Tribunal de Contas

da União (TCU), Augusto Ri-beiro Nardes, colocou ainda mais lenha na fogueira quando, durante um evento na capi-tal amazonense, afirmou que chega a R$ 150 milhões o montante de recursos públicos federais desviados no Amazo-nas por prefeitos, gestores e empresas. Nardes teceu críti-cas severas a administração financeira do Estado.

O vice-governador, José Melo (PMDB), cotado para disputar as eleições gover-namentais em 2014, teve que concordar com as críticas de Nardes, mas atribuiu a culpa da dívida à distribuição de repasse federal e negou que o déficit chega a R$ 1 bilhão. Na ocasião, Omar Aziz encontra-va-se em Brasília (DF), onde articulou o apoio de Dilma à prorrogação dos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus (ZFM) e aproveitou para conversar com o Minis-tro da Fazenda, Guido Man-tega, entre outros assuntos, sobre a situação apertada do Executivo estadual.

Dois dias depois, na quinta-feira, Omar conseguiu o aval de Mantega para a liberação de empréstimo de R$ 764

milhões, que, segundo ele, colocarão “um ponto final” na polêmica sobre a dívida. Omar rebateu as críticas da mídia e da oposição e afirmou: “não vão me tachar como mau administrador”. Segun-do Afonso Lobo, o emprés-timo já estava previsto nas contas do Estado.

‘Pautas-bombas’ na AleamNa Assembleia Legislativa

do Amazonas (Aleam) a oposi-ção questiona que, apesar da ‘luz amarela’ do Executivo es-tadual, tramitam na casa dois projetos oriundos da Casa Civil que aumentam as des-pesas do governo. Segundo o deputado Marcelo Ramos (PSB), na lista das “pautas-

bomba”, figura o aumento dos salários dos procuradores do Estado, que deve gerar um impacto na folha de cerca de R$ 3 milhões por ano.

Também tramita na casa o projeto que cria 12 novos car-gos comissionados no quadro da Casa Civil, órgão gerido pelo secretario Raul Zaidan. O aumento no quadro deverá gerar um custo de aproxima-damente R$ 1 milhão/ano. “Se a situação está delicada, é preciso rever as prioridades, para não prejudicar as finan-ças”, afirmou Ramos.

O líder do governo no Par-lamento estadual, deputado Sinésio Campos (PT), afir-mou que os projetos fazem parte da política de valori-zação do servidor público que vem sendo adotada pelo governador. “São medidas que não devem gerar proble-mas no Orçamento estadual por terem sido planejados com antecedência”, afirmou. Segundo ele, não há nenhu-ma medida entre o gover-no e a casa para paralisar matérias que resultem em novos gastos ao Executivo. “Está tudo absolutamente normal”, afirmou.

‘Déficit é fruto do aperto financeiro do Planalto’Pelo menos essa é a explicação dada pelo secretário de Fazenda, Afonso Lobo, à dívida do Estado que soma R$ 1 bilhão

Afonso Lobo afirmou que não há motivos para maiores preocupações nas finanças do Estado. Ele afirmou que o déficit surgiu a partir de algumas “frustrações”, mas que a situação não implicará em danos à responsabilida-de fiscal. “Fomos pegos de surpresa com a diminuição nos repasses federais e ti-vemos alguns problemas orçamentários”, afirmou.

Segundo Lobo, o emprés-timo concedido por Mantega já estava no planejamento da Fazenda. Na previsão para o fim do ano, ele afirmou que o Estado não fechará “no vermelho”. “Nós temos condições de finalizar o ano com total responsabilidade fiscal. Fecharemos da melhor forma”, afirmou.

O secretário comentou também sobre o projeto aprovado no Congresso, na última quarta-feira, que muda a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2013,

e contém uma importante mudança relacionada à po-lítica fiscal do país: ela prevê que o governo federal perca a obrigatoriedade de arcar com o superávit primário de Estados e municípios, caso eles não consigam cumprir suas metas.

Superávit é a economia feita pelo governo para pagar os juros da dívida. Em 2013, a meta de eco-nomia prevista é de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) – R$ 110,9 bilhões dos quais R$ 48 bilhões corres-pondem ao superávit de Es-tados e municípios. “Com a proximidade do fim do ano e o iminente fechamento das contas, o governo se depa-ra com uma dura realidade: não conseguirá cumprir a meta”, disse Lobo.

“Apesar disso, o Amazonas nunca foi um problema para as finanças do país. Não queremos criar problemas fiscais para o país”, disse.

Finanças fora do vermelho

PLANIFICARCrítico do governo, o deputado José Ricardo (PT) classifica de “des-controle” o déficit da administração estadual e o relaciona à con-tratação de obras sem planejamento financei-ro para execução

Na última quarta-feira, o governador Omar Aziz se reuniu em Brasília com o ministro da Fazenda, Guido Mantega (no centro), junto com o titular da Sefaz, Afonso Lobo (à esq.) e Josué Neto (à dir.)

RAPHAEL LOBATOEquipe EM TEMPO

ALEX

PAZ

ZUEL

O/A

GEC

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Page 6: EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Palocci retoma ‘interlo-cução’ com empresários

O ex-ministro Antônio Pa-locci, está por trás da inquie-tação do PT em relação à “fal-ta de diálogo” da presidente Dilma com empresários, e são atribuídas a ele ameaças de eventual retorno do ex-presi-dente Lula, em caso de risco de vitória da oposição, em 2014. Discretamente, Palocci quer reassumir o papel das campanhas de Lula e Dilma, de “interlocutor com empresá-rios” e, claro, na arrecadação de doações.

Ítalo-brasileiroConsiderado hoje um rico

e discretíssimo empresário, Antônio Palocci também tem dupla cidadania, a exemplo do fugitivo Henrique Pizzolato.

Ficha sujaMinistro da Fazenda de Lula

e da Casa Civil de Dilma, An-tônio Palocci foi demitido em ambos os governo sob fortes suspeitas de corrupção.

HistóricoEm março de 2006, Palocci

foi demitido do Ministério da Fazenda, após o escândalo da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa.

RepetecoEm 2011, então ministro da

Casa Civil, Palocci foi demitido acusado de enriquecimento ilícito; seu patrimônio cresceu 20 vezes em três anos.

Wagner tenta enterrar ação contra mulher no CNJ

O governador Jaques Wag-ner (PT) tenta retirar da pauta do Conselho Nacional de Justiça o processo contra sua mulher, Maria de Fátima Carneiro de Mendonça, que se tornou servidora efetiva do Tribunal de Justiça da Bahia sem fazer concurso público.

Em inspeção em julho, o CNJ identifi cou que a primeira-dama nunca pisou no tribunal e acumula cargo de assessora de supervisão com outro de analista, no Executivo.

BoquinhaEnfermeira de profi ssão,

Fátima teve a petição para se tornar servidora estável aprovada pelo TJ-BA em apenas seis dias. Salário: R$ 13.619.

LançamentoEx-senador e ex-presidente

da Confederação Nacional da Indústria, Albano Franco lan-çará sua biografi a em Brasília, na próxima terça (26).

SubmersoÀs vésperas da prisão, o de-

putado mensaleiro João Paulo Cunha (SP) tem faltado as reu-niões do Diretório Nacional do PT, do qual é titular.

PF já descobriuA Polícia Federal suspeita

que um funcionário tercei-rizado de aeroporto facili-tou a fuga do mensaleiro Henrique Pizzolato do país, e até já o identificou. De-verá ser preso a qualquer momento.

MudosO ex-presidente Lula foi

processado em 1998, após dizer: a Telebrás foi leiloada às pressas para “fazer caixa 2” da campanha tucana. O aeroporto do Galeão foi pri-vatizado por R$ 19 bilhões no ano que antecede as eleições e o silêncio da oposição é ensurdecedor.

Empurra com barrigaNão é à toa que o PT com-

prou briga para adiar a cassa-ção do mandato do presidiário José Genoino. O pedido de aposentadoria do mensaleiro só será analisado em janeiro,

após análise de junta médica da Câmara.

Olho no futuroO presidente do PMDB, Val-

dir Raupp (RO), defende que o partido comece a priorizar novos nomes para disputar a Presidência em 2018: “O PMDB não pode viver só de sua história, precisa projetar o futuro”.

Missão impossívelDilma e Lula jogam batata

quente no colo do PCdoB. Que-rem que a sigla encontre uma saída para obter o apoio do PT a Flávio Dino, no Maranhão, mas preservando a relação com a família Sarney.

Pagou um sapoO presidente do PT, Rui Fal-

cão, revelou a amigos que recebeu um telefonema “tão deselegante” da governadora Roseana Sarney (PMDB-MA), reclamando de suas declara-ções de apoiar Flávio Dino (PCdoB).

Secretaria de quê?Criada para gerir imóveis

públicos, a Secretaria de Pa-trimônio da União não tem a relação das residências cedidas às Forças Armadas. A SPU tira o corpo, com certo temor de mexer nos imóveis dos milicos.

Até que enfimNo Planalto, o clima é

mais de alívio do que de revolta com a prisão de ca-ciques do PT condenados no processo mensalão. A ava-liação é que, quanto antes das eleições o julgamento terminasse, melhor.

Pensando bem......não são só “presos políti-

cos” no presídio da Papuda, no DF. Há também “preso te-soureiro”, “preso ministro”, “preso empresário” etc.

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

www.claudiohumberto.com.br

Mesmo que ele não queira, (Ciro Gomes) é extremamente doce”

PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF DISCURSANDO NO CEARÁ, em raro momento “paz e amor”

PODER SEM PUDOR

S de SandovalNo início dos anos 1960, era prefeito

de Maceió, Sandoval Caju, um dos mais populares políticos da Histó-ria. Também poeta e radialista, bom papo que se defi nia como “conversador”, não gostava das críticas por aplicar a letra S nas obras públicas que inaugurava. Desmentia categoricamente a acusação de promoção pessoal, e explicava:

- O “S” nos bancos de praça é inicial de “Sente-se”; nas calçadas, signifi ca “Siga” e, nos mictórios, “Sirva-se”...

Câmara de Manaus e Assembleia Legislativa entregam, todos os anos, títulos e condecorações a autoridades

Excesso de medalhas e honrarias nos legislativos

Em maio deste ano, o deputado Francisco Praciano, que é do Ceará, tornou-se cidadão amazonense

O excesso de homena-gens e entrega de medalhas nas casas legislativas vem to-

mando cada vez mais espaço no Parlamento do Amazonas. Somente nos dez primeiros meses deste ano, a Câmara Municipal de Manaus (CMM) já condecorou 47 personali-dades de diversos segmen-tos, seja do Estado ou de outras regiões do país com entrega de títulos e medalhas. Já na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Ale-am), a situação tem sido mais controlada. Até outubro deste ano, 16 pessoas já foram agra-ciadas com a cortesia.

De acordo com levantamen-to feito pelo EM TEMPO, mé-dicos, cantores, professores, ministros, párocos, atletas, professores e até artistas e ex-parlamentares estão entre os escolhidos. Este ano, o ex-vereador e médico Paulo Nas-ser, o atleta Ronald Jacaré, o clube Nacional, os bumbás Ga-rantido e Caprichoso, a desem-

bargadora Socorro Guedes e o cantor Jorge Aragão (que ainda falta receber a condecoração) estão entre os agraciados. O vereador que mais apresentou propositura de homenagens foi Arlindo Júnior (Pros), autor de quatro indicações.

Na Assembleia, as home-nagens dos deputados este ano foram direcionadas a ministros do Supremo Tribu-nal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), a ex-parlamentares, jornalis-tas, policiais e empresários. Em setembro, a ministra do STJ, Eliana Calmon, foi conde-corada com a outorga da Me-dalha Ruy Araújo, a mais alta comenda do Poder Legislativo estadual. A homenagem, pro-posta pela deputada estadual Conceição Sampaio (PP), por meio do Projeto de Resolução legislativa, recebeu o apoio do presidente da Aleam, depu-tado Josué Neto (PSD) e dos demais parlamentares.

Na homenagem, Conceição Sampaio explicou que a entre-

ga da medalha tinha como ob-jetivo homenagear aquela que foi a primeira mulher a ocupar uma vaga no STJ, servindo de exemplo da inserção da mulher nos altos cargos do país, e que tem dedicado sua vida à defe-sa do Estado Democrático de Direito. Mas, em seu discurso, a ministra explicou que antes de chegar a Manaus tentou buscar informações de quem tinha sido Ruy Araújo e tam-bém da deputada Conceição Sampaio, pois desconhecia a história do personagem que dava nome à medalha.

Quem também está aguar-dando na “fi la” para receber homenagens está o líder da igreja Vitória em Cristo, li-gada à Assembleia de Deus, pastor Silas Malafaia; o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira; o ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário, “o Fenômeno”; o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (PSD); e o ministro do Esporte Aldo Rebelo.

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O apresentador da Rede Globo, Luciano Huck, tam-bém deverá se tornar cida-dão amazonense por ter res-taurado a comunidade São Thomé, no Alto Rio Negro. O artista só ainda não recebeu a honraria devido à falta de espaço na agenda.

A homenagem ao apre-sentador foi aprovada pelos deputados em 2011 e, desde lá, Huck está sendo aguar-dando para receber o título de cidadão amazonense.

Novas honrariasNo próximo mês, a Assem-

bleia Legislativa do Estado (Aleam) deverá promover mais duas homenagens de entrega de títulos de Cida-dão do Amazonas.

A primeira acontecerá dia 3 de dezembro, e dará a honraria ao radialista Ronaldo Tiradentes, que é natural do Estado de Minas Gerais (MG).

A outra homenagem será destinada ao presidente

da Associação dos Magis-trados Brasileiros (AMB), Nelson Calandra. Ambas proposituras são do tucano Arthur Bisneto.

Ainda tramitam na casa a criação de mais três meda-lhas – “Samuel Benchimol” e “Capelania Bom Pastor”, as duas de autoria do deputado Wanderley Dallas (PMDB) e a Medalha do Mérito Espor-tivo “Orlando Rebelo”, de autoria do deputado Fausto Souza (PSD).

Huck será cidadão amazonense

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Page 7: EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 A7Com a palavra

Eu deixo na mão do povo e de Deus. E o resto é uma questão interna. Eu sempre digo que cada dia com sua agonia. Hoje, nós esta-mos focados na disputa interna do partido”

Com 30 mil fi liados, o PT conclui hoje o seu Processo de Eleições Diretas (PED), defi nin-

do o próximo presidente do diretório estadual para um mandato de 4 anos. A disputa de 2º turno está entre o depu-tado estadual Sinésio Campos e o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal), Valdemir Santana. O último, saiu na dianteira no primeiro combate das urnas, conquistando 2.804 votos, en-quanto Sinésio fi cou com 1.903 votos. O resultado da primeira decisão já deixou Valdemir con-fi ante, acreditando sem “medo” na sua eleição. Apesar da bata-lha interna, ambos levantam as mesmas bandeiras e esperam ver o resultado positivo quanto à prorrogação da Zona Franca de Manaus (ZFM). Em entrevista ao EM TEMPO, os dois candidatos mostraram quais serão os de-safi os na gestão do PT.

EM TEMPO – Caso o senhor seja eleito...

Valdemir Santana – ...Eu vou ser eleito

EM TEMPO – Então, sendo eleito, quais serão seus pro-jetos para o partido?

VS - Eu não tenho projeto. O PT é que tem projeto para a sociedade. Eu só vou executar junto com a Executiva do par-tido o que o PT já determinou há muito tempo nos seus con-gressos. O PT não é um partido personalista, é um partido de trabalhadores, que defi ne nos seus seminários o que vai fazer para a população. O que já tem decidido é fazer uma melhor administração do que já foi. Na política já está determinado de trabalharmos no sentido da melhoria da sociedade como um todo, na questão das políticas públicas e trabalhar para que o PT seja governo, seja prefeitura, para melhorar a situação de vida das pessoas.

EM TEMPO – A sigla já trabalha para lançar candi-datos próprios?

VS - O PT não pode ser mais coadjuvante, tem que ter candi-datura própria. Está mostrado que nosso partido, há 12 anos, já melhorou a vida da sociedade amazonense e da brasileira. Se alguém disser que, em 10 anos, o país está pior do que antes, está mentindo. Nós vamos ter candidato a senador, deputado federal, deputado estadual. E também vamos ter para go-vernador. Nós vamos conversar com os partidos aliados. Temos um partido que faz aliança na-cional com a presidente Dilma. Os únicos que não podem fazer coligação com nosso congresso

são o PSDB, DEM e PPS.

EM TEMPO – E como serão trabalhadas essas alianças, já que o PT não pode ser mais coadjuvante?

VS - Vamos discutir em ní-vel de partido. Não vamos ser submissos a ninguém. Mas é preciso fi car bem claro aos companheiros do interior que todos os diretórios que foram eleitos têm direito e autonomia de decidir o que querem para o interior. Nas eleições passadas, quando se discutia quem iria ser prefeito nas convenções inter-nas, por exemplo, o presidente daqui ia lá e desfazia tudo. Essa ditadura acabou.

EM TEMPO – Quais serão as principais bandeiras?

VS - A primeira é consolidar a Zona Franca de Manaus e fazer uma política pública para todo o interior. Que a gente vê que todo o interior do Estado está na mesma mesmice de 20 anos, que não cresce, de-vido a ZFM que acaba tirando dinheiro que é para ir por meio de incentivos fi scais que nós temos em Manaus. O ICMS é Manaus. Acaba que a divisão do ICMS para o interior não está indo. Nós temos quatro prefeituras no interior e temos que ajudar a administrar a forma do PT de governar.

EM TEMPO – A prisão de petistas envolvidos no men-salão não abala a imagem do partido? Qual a estratégia para as eleições após esse desgaste?

VS - A minha posição é bem clara de que os companheiros foram presos sem provas. Eu já disse que isso é uma justiça da ditadura. Eu acho que não atrapalha a imagem do partido. Hoje (dia 21, data em que José Genoino foi internado depois de passar mal no Complexo Penitenciário da Papuda) o com-panheiro teve parada cardíaca e o presidente do STF não o liberou. Os próprios médicos legistas disseram que era para fazer o exame. O que se vê é que até para escovar os dentes a imprensa está dando ênfase. A mídia é que tem que verifi car o que está fazendo.

EM TEMPO – Quantos filiados o PT possui no Estado?

VS - Hoje temos cerca de 30 mil fi liados e vamos che-gar ao fi nal do nosso mandato, que a gente vai ganhar, com aproximadamente 50 mil. Nós vamos para as periferias fi liar os petistas, os que não sabem o que é o PT ainda, porque é lá que está a pobreza. Nós vamos fi liar e conscientizar.

EM TEMPO – Diante dessa confi ança, em ser eleito, o

senhor trabalha a ideia de ser candidato a deputado estadual ou federal?

VS - Eu não sou candidato a parlamento nenhum. Se eu for candidato um dia, será para prefeito ou governador.

EM TEMPO – Nas eleições de 2014, o senhor viria can-didato a governador?

VS - Se os 300 delegados es-taduais decidirem que querem eu, ou o Praça (deputado Pra-ciano) ou o companheiro João Pedro a governo, nós vamos discutir. Depois do dia 24 de novembro até o dia 2 de de-zembro, toda a direção do PT vai assumir no país. O que era para ser em fevereiro, agora vai ser em dezembro. E a partir daí já vai ser discutida a eleição.

EM TEMPO - Caso o senhor

seja eleito, quais os seus projetos para o partido?

Sinésio Campos - Democra-cia interna. É trabalhar em um projeto de gestão compartilha-da, de resgate da militância e motivação. Um trabalho arti-culado da delegação estadual com os diretórios municipais, fazendo sempre a relação com o nacional. Entendo que o PT tem um papel extremamente importante e é preciso primeiro fortalecer a legenda.

EM TEMPO - E qual será a atuação do diretório para este fortalecimento?

SC - Temos que fazer cam-panha de fi liação. Hoje temos em torno de 30 mil fi liados. O PT nasceu para ser um partido democrático, popular e de mas-sa. O Amazonas sempre deu expressiva votação à eleição nacional, mas isso não refl ete na maioria das candidaturas dos partidos. É preciso forta-lecer a sigla partidária e ter uma relação estreita com a direção estadual e municipal. Vamos trabalhar muito forte na discussão de um programa de governo.

EM TEMPO - Como serão trabalhadas as alianças?

SC - Nós defendemos uma política de alianças. E o par-tido acompanha a chapa de governo. Mas, independente de qualquer coisa, o PT vai discutir o programa de governo, fazer debates e apresentar propostas não somente para a disputa estadual como também para a reeleição da candidata Dilma Rousseff . Porque o Amazonas tem proposituras que não se re-sumem somente à prorrogação da ZFM. Temos peculiaridades próprias e queremos trabalhar em políticas públicas e sociais para a região.

EM TEMPO - O PT vai lançar candidato próprio ao governo?

SC - O que deixamos claro é que o PT estará se debruçando em uma discussão coletiva e colegiada do partido quanto aos rumos de 2014. Não temos uma fórmula pronta. O que vamos fazer é ouvir a militân-cia. Porque política não é uma ciência exata, é construção. Os partidos que defendemos são os que declararam apoio à candidatura da nossa presi-dente. Então vamos dialogar. O PT não será intransigente nesta questão da construção, mas levará em consideração a reeleição da presidente.

EM TEMPO - Quais serão as bandeiras de sua gestão?

SC - O compromisso que já foi assumido pela presidente quanto à prorrogação da ZFM e estaremos abraçando também a política de geração de em-prego e renda, com a proposta de novos investimentos que o governo federal pode vir a fazer na região. Dentre estes está o Polo Industrial Naval, assim como a exploração de potássio e uma indústria petroquímica. O PT não vai discutir somente o trivial, porque a ideia é começar a vislumbrar novas oportunida-des. O Amazonas não é proble-ma, ele é o personagem para novas alternativas de solução.

EM TEMPO - A prisão de petistas envolvidos no men-salão não abala a imagem do partido?

SC - Olha, eu não faço ro-deios na minha fala quanto a esta matéria. Eu creio que o que não se pode questionar é que a decisão da Justiça foi cumprida. Não teve por parte do José Dirceu, do Delúbio Soares e do José Genoino nenhuma tentativa de se esconder das regras do Judiciário, diferente-mente do outro (Henrique Pi-zzolato), que fugiu para a Itália, que não tem fi liação política. As pessoas do partido podem dizer que eles não fugiram da decisão do Judiciário. Agora, é claro que é natural que esse processo venha denegrir, tenha refl exo na legenda. O que vamos fazer a partir disso é oxigenar o partido, fazer a reconstrução. Prova disso é que o governo Dil-ma ganharia o primeiro turno, conforme as pesquisas. Então é sinal de que o modo petista de governo deu certo.

EM TEMPO – O senhor vai ser candidato à ree-leição na Aleam ou tem outros planos?

SC - Eu deixo na mão do povo e de Deus. E o resto é uma questão interna. Eu sem-pre digo que cada dia com sua agonia. Hoje nós estamos focados na disputa interna do partido. Eu só sei que vou ser candidato em 2014. Não sei para qual, mas vou.

Eu não tenho projeto. O PT é que tem projeto para a sociedade. Eu só vou executar junto com a Executiva do partido o que o PT já determi-nou há muito tempo nos seus congressos. O PT não é um partido personalista, é um par-tido de trabalhadores”

LUANA GOMESEquipe EM TEMPO

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O PT nas-ceu para ser um partido democrático, popular. O Amazonas sempre deu expressiva votação à eleição na-cional, mas isso não refl ete na maioria das candidaturas do partido”

Sinésio CAMPOS E VALDEMIR Santana

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Page 8: EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

A8 Política MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

PEC do voto aberto deve entrar na pauta de terçaParte dos senadores defende que a votação da proposta de emenda nº 43/2013 aconteça, independentemente de quórum

O plenário do Senado deve votar, nesta se-mana, em segundo turno, a PEC do voto

aberto (PEC 43/2013). A pro-posta foi aprovada no dia 13 de novembro, em primeiro turno, e já estava pronta para ser votada na última quarta-feira, mas os líderes partidários propuseram um adiamento da votação em função da sessão do Congresso Nacional que estava marcada para o mesmo dia e da falta de quórum no Senado.

Na ocasião, o senador Ál-varo Dias (PSDB-PR) previu que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) adiaria a votação, já que vá-rios senadores se encontra-vam em viagens oficiais e o plenário estava vazio.

“Dezesseis senadores estão em viagem oficial. Há uma reunião do Conselho Político do governo e isso esvazia o plenário. Deve ser adiada a votação”, argumentou Álvaro na quarta-feira.

Diante da dificuldade de um entendimento sobre o mérito da matéria, o senador Mário Couto (PSDB-PA) chamou a atenção para a necessidade de os parlamentares se abri-rem para alguma negociação e, com isso, obterem algum

avanço. “Já se sentia que nós não conseguiríamos o voto aberto total. Então, pelo me-nos um avanço de 80% já seria uma grande vitória da minoria e da oposição”, afirmou.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse que a proposta é uma questão fundamental a ser resolvida e sugeriu aos senadores que, independente

de qualquer outra questão, comecem a ordem do dia da próxima terça-feira com a vo-tação em segundo turno da PEC do Voto Aberto.

“É uma questão fundamen-tal. Vamos para o painel, para o voto, não tem mais jeito. Com quórum ou sem quórum, com senador viajando, com senador em missão oficial, seja lá o que for, terça-feira

a gente tem que apreciar essa matéria”, afirmou.

A proibição do voto secreto vale tanto para as possibilida-des previstas na Constituição, como escolha de autoridades, exame de vetos presidenciais e cassação de mandatos parla-mentares, quanto para as vota-ções reservadas estabelecidas pelos Regimentos Internos do Congresso Nacional, Câmara, Senado, Assembleias Legisla-tivas, Câmara Legislativa do Distrito Federal e Câmaras de Vereadores. Um exemplo dessa situação são as votações para a escolha dos membros das me-sas da Câmara e do Senado.

A PEC 43/2013 foi apresen-tada pelo ex-deputado Luiz Antonio Fleury e já passou pela Câmara dos Deputados. Se aprovada em segundo turno pelo Senado sem modifica-ções, a proposta seguirá dire-to para a promulgação.

Na pauta do plenário estão ainda quatros PECs que pre-cisam cumprir as cinco ses-sões de discussão para serem votadas em primeiro turno, entre elas, a PEC 34/2013 que exige um número maior de votos favoráveis na Câmara e no Senado para a aprovação de projetos que criem repar-tições públicas. Senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse que a proposta tem que ser votada, ‘não tem mais jeito’

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ADIAMENTOSA PEC do Voto Aber-to teve sua votação adiada duas vezes na semana passada por conta da falta de quó-rum regimental. A ex-pectativa é que, desta semana, não passe sua votação e aprovação

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EconomiaCa

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[email protected], DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 (92) 3090-1045Economia B4 e B5

Citricultura colhe bons frutos no AM

RICARDO OLIVEIRA

Manaus tem gasolina mais cara do país, diz pesquisaLevantamento da ANP mostrou que preço do combustível na capital amazonense é o mais alto entre cidades com refi narias

Para desconforto dos motoristas da cidade, Manaus anota o preço mais alto da gasolina,

dentre as capitais localizadas em regiões que possuem re-fi narias. No último levanta-mento da Agência Nacional de Petróleo (ANP), no período de 11 a 16 de novembro, as bom-bas dos postos manauenses registravam o valor médio de R$ 2,98. Além dos encargos federais, a baixa capacidade de refi no da Refi naria Isaac Sa-bbá (Reman) é apontada como responsável pelo peso no “bol-so” dos consumidores.

Enquanto representantes do setor varejista de derivados

de Petróleo em outras cidades justifi cam que a “distância das refi narias” infl uencia no alto preço do combustível, o vice-presidente do Sindicato do Co-mércio Varejista de Combustí-veis do Amazonas (Sindicam), Geraldo Dantas, explica que a Reman conta com uma linha defi citária, na qual o combus-tível, para atender a demanda da região, acaba vindo de outros lugares, como Rio de Janeiro ou São Paulo.

De acordo com o Anuário Es-tatístico 2013 da ANP, desde 2003 a capacidade de refi no da Reman é de 45,92 mil barris por dia de petróleo, o que não quer dizer que estes tonéis são convertidos em gasolina. “A nossa gasolina não é feita em Manaus. A refi naria local é

mais utilizada para produção de parte do óleo-diesel, as-falto e subprodutos. Ela está obsoleta, com muitos investi-mentos que ainda não foram feitos. Quem olha de fora até pensa que o processamento do óleo de Urucu é feito todo aqui, quando na verdade é retirado para o sul do país e depois volta em gasolina”, destaca.

A baixa capacidade da re-fi naria faz com que Manaus tenha uma gasolina bem mais cara que Belém (PA). Sem nenhuma refi naria, a cidade paraense comercializa o pro-duto a um preço médio de R$ 2,838. O preço mais em conta no período fi cou a cargo de São Luís (MA), que, também sem uma empresa de refi no,

orça o combustível a um valor médio de R$ 2,623.

Rota do preçoProprietário do posto 700,

de bandeira Shell, localizado na Djalma Batista, o ex-se-cretário de Estado da Fazenda do Amazonas, Isper Abrahim, destaca que o reajuste con-cedido pelos proprietários de postos fi ca entre 7% a 12% sobre o preço de venda, a contar as variáveis de nego-ciação com a distribuidora, que dependem da quantidade de combustível comprado e da forma de pagamento. Se-gundo ele, deste percentual retiram-se os gastos com luz, quadro de recursos humanos e todos os encargos trabalhis-tas de uma empresa.

LUANA GOMESEspecial EM TEMPO

Valor da gasolina consumida na capital amazonense gira em torno de R$ 2,98, em média, na maioria dos postos de combustível que foi consultada no estudo da Agência Nacional de Petróleo

JOEL ROSA/ARQUIVO EM TEMPO

Nos dias 28 ou 29 de novembro, os combustí-veis podem receber uma nova metodologia de rea-juste, na reunião do con-selho de administração da Petrobras, presidida pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. A pauta seria discutida na última sexta-feira (22), mas foi adiada, sob a justificativa do próprio representante ministerial de que as ma-térias em pauta deveriam ser aperfeiçoadas.

O modelo proposto pela

estatal em reunião do con-selho, no último mês de outubro prevê correções periódicas dos preços com base nas taxas de câmbio e nas cotações internacio-nais do petróleo.

Após o anúncio da pro-positura, o próprio ministro já se posicionou sobre a necessidade de que seja feita uma análise mais aprofundada sobre o tema, especialmente quando qualquer alteração no me-canismo possa prejudicar o controle inflacionário.

TemorConforme o vice-presi-

dente do Sindcam, Geraldo Dantas, esta proposta é vis-ta com preocupação pelos proprietários de postos de combustíveis, já que pode impactar diretamente no consumidor final e, conse-quentemente, nas vendas das empresas.

“É uma coisa que nos pre-ocupa. Se houver aumento da gasolina vai ficar bem acima da capacidade de ganho dos trabalhadores, prejudicando a população

e fazendo com que as ven-das caiam. A alta do cus-to dos combustíveis não é boa para o proprietário de postos, porque o salário não acompanha”, observa o empresário.

O líder da categoria des-taca ainda que o medo é quanto a aumentos se-manais. “Vamos ficar tão surpreendidos quanto à população”, ressalta Geral-do Dantas, que também é proprietário de sete postos, dentre as bandeiras Atem e Ipiranga.

Novo reajuste pode sair ainda em novembro

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Comercialização de cestas natalinas tem alta de 15% Empresas entram na reta final na confecção das cestas para atender à clientela, cujos pedidos iniciaram em outubro

ALEXANDRE FONSECA

Comercialização de cestas natalinas em 2013 deverá ter um aumento de 15%, em relação ao mesmo período do ano passado. Empresas do Distrito Industrial são as principais consumidoras

O final do ano é sinô-nimo de produção a todo vapor para empresas que mon-

tam e comercializam cestas natalinas. Com os primeiros pedidos recebidos em me-ados de outubro, pequenos e médios empreendedores especializados no segmento aceleram os preparativos na última quinzena de novembro para entregar todas as enco-mendas a tempo das come-morações natalinas e alcançar um crescimento médio de 15% nas vendas frente ao mesmo período do ano passado.

A gerente de vendas da empresa Cestas Boa Mesa, Doracy Rego, é uma das co-merciantes que aposta nesse percentual de crescimento. As cestas vão desde as mais simples, a partir de R$ 23,90 até pacotes sofisticados que chegam a custar R$ 1 mil e incluem produtos importados como vinhos e espumantes.

Segundo ela, a variedade de produtos e de cestas ocorre pelos diversos motivos em que o jogo de itens é comprado. “Tem gente que utiliza o produ-to para doações de fim de ano, para presentear familiares e amigos, para fazer um agrado para os funcionários, para não deixar a data passar em bran-co. Para cada motivo, temos um produto”, defende.

Doracy conta que todos os preparativos já foram feitos, desde a compra dos produ-tos para confecção das cestas até a capacitação de traba-

lhadores temporários. Como resultado, as cestas já estão equipadas com itens exclusi-vamente da época, como o panetone, uvas passas, frutas em calda, além das bebidas tradicionais como o vinho tin-to e o espumante.

Entre os clientes, ela desta-ca o Distrito Industrial como o que possui participação mais expressiva nos pedidos, com destaque para os setores de duas rodas, componentes plásticos e eletrônicos.

“Atualmente esta tradição tem se expandido para ou-

tros seguimentos do comércio e prestadores de serviços”, acrescenta Doracy.

Para atender a demanda, a empresa disponibilizou este ano dois pontos de vendas. Um deles em um quiosque no Manauara Shopping, no bairro Adrianópolis, Zona Centro-Sul, e outro em frente à sede da Prefeitura de Manaus, no bair-ro Compensa, Zona Oeste.

Dora, como é conhecida, também aposta em novidades para ganhar a clientela como as sacolas ecológicas em que são montadas as cestas, que

trazem diversas temáticas da fauna e flora amazônica, e a Copa de 2014. “Disponibiliza-mos livros de receitas gratui-tos nas cestas, com ideias para otimizar a ceia e como utilizar os produtos”, detalha.

Opção popularAlém das empresas espe-

cializadas, os supermercados da cidade entram na disputa pela preferência dos clientes na hora da escolha do pacote natalino. A rede de super-mercados Atack, por exemplo, oferece nos balcões do esta-belecimento caixas de Natal a partir de R$ 29 (13 itens) até R$ 95 (32 itens).

A vendedora do balcão, Ana Maria Maricaua, explica que o diferencial do produ-to oferecido é a mistura de itens próprios das festas de fim de ano com mantimen-tos da cesta básica. “Como a maior parte dos clientes é do Polo Industrial de Ma-naus e as cestas são volta-das para funcionários dessas empresas inserimos na caixa produtos como arroz, leite em pó e açúcar, além do panetone e do vinho”, ressalta.

Segundo ela, as encomen-das que iniciaram em outubro e devem seguir até janeiro prometem garantir ao estabe-lecimento um incremento de 30% no volume de vendas do cesto comemorativo. “Basta fazer o cadastro no balcão e o pedido. Quem preferir com-prar na loja vamos disponibi-lizar as cestas nas prateleiras nas próximas semanas. Esta-mos preparados para atender ao público”, destaca.

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

VARIEDADEDependendo do valor, as

cestas além de itens da época também podem in-cluir produtos importados como bebidas alcoólicas ou mesmo produtos que fazem parte da cesta bá-sica como arroz, açúcar e leite em pó, por exemplo

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Novos terminais facilitam escoamento da produção Investimentos na área viabilizarão o deslocamento de mercadorias das empresas da Zona Franca de Manaus

A inauguração de um ter-minal de cargas pela TAM Cargo em Manaus trouxe mais ânimo para

o setor industrial, que sofre com o gargalo de escoamento da produção. O investimento é apontado pela empresa como a maior unidade de cargas da companhia no país, situada em área de 13 mil metros quadra-dos, sendo 5 mil metros quadra-dos de área construída.

O novo terminal compõe o plano de investimento de US$ 20 milhões feito em todo o Brasil pelo grupo Latam Airlines – re-sultado da associação da LAN Airlines S.A. com a TAM S.A. –, segundo o diretor executivo da TAM Cargo, Pablo Navarrete. O objetivo da proposta é uni-ficar as cargas transportadas em voos de passageiros e em cargueiros da companhia, além de garantir agilidade no aten-dimento ao cliente.

“Uniu as duas operações: tan-to as cargas que chegavam pelas companhias cargueiras, que eram feitas pela ABSA – fi-lial da LAN Airlines –, quanto as que vinham pelo terminal de passageiros. Antes, o mes-mo cliente muitas vezes tinha

que retirar a carga em dois locais diferentes e hoje pre-cisa se encaminhar apenas a um armazém”, detalhou.

Segundo Navarrete, não exis-te um grande volume de ope-ração no interior do Amazonas, por isso a empresa não prevê investimentos no interior do Es-tado. Mas há a possibilidade de ampliar a frota na capital, caso a demanda da Zona Franca de Manaus (ZFM) aumente – o equivalente a 60% de todos os pedidos à empresa.

O terminal conta com qua-tro aeronaves “Boeing 767” em plena atividade, com capaci-dade de 50 toneladas, além das aeronaves de passagei-ros, que transportam cargas em seus “porões”, em torno de 20 a 30 toneladas. Navar-rete explicou que em torno de 80% das mercadorias vêm em aeronaves cargueiros, enquan-to o restante chega à cidade pelas “barrigas de aviões”.

Segundo o diretor executivo, a unidade é 100% verticalizada, com 2,6 mil posições de esto-cagem, sistema exclusivo de ar-mazenagem e identificação de cargas, câmara fria para acon-dicionamento de perecíveis e um amplo estacionamento, com vaga para 70 veículos de peque-no, médio e grande porte. Novo terminal pretende unificar transporte de cargas

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EMPOLUANA GOMES

Equipe EM TEMPO

De acordo com o pre-sidente do Centro da In-dústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, todo investimento que está sendo feito na questão aeroportuária em Manaus tem que ser “res-paldado e é muito bem-vin-do”. “Vem para cobrir uma deficiência”, detalhou.

Ainda assim, Périco res-salta que uma empresa privada não pode ser res-ponsável por solucionar todo o déficit de infraes-trutura da região. Segundo ele, o poder público fede-ral precisa ter uma po-lítica de desenvolvimento que resolva essas ques-tões, “especialmente quan-do é isso que impulsiona a economia do país”.

O presidente da Federa-ção das Indústrias do Es-tado do Amazonas (Fieam), Antônio Silva, comentou que o segmento vê o pro-jeto com bastante otimis-mo, especialmente quando deve haver maior celerida-

de no despacho de carga, o que pode contribuir para evitar “o caos quando os Terminais de Carga Aérea (Tecas) estão sem áreas para armazenar”.

Com base na avaliação geral de Silva, o setor industrial tem sido bem atendido nos terminais, entretanto, há a necessi-dade no aumento do efe-tivo dos órgãos federais, como a Receita Federal, para que o retorno rápido das mercadorias seja efe-tivado. É claro que o modal aéreo ainda não é o mais utilizado pela indústria, es-pecialmente por conta do volume das empresas da Zona Franca de Manaus (ZFM) e do custo do frete.

“Algumas cargas têm que ser por avião, porque são de volume menor, como os te-lefones celulares. Mas não tem como o avião ter a mesma capacidade de um navio, que pode comportar o envio de motocicletas, por exemplo”, salientou.

Investimento respaldado

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Page 12: EM TEMPO - 24 de novembro de 2013

B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 B5

Citricultura no Amazonas colhe bons frutosProdutores de laranja comemoram a alta na produção da fruta, e apostam na expansão do setor para os próximos anos

Os produtores de ci-trus – laranja, limão e tangerina – do Amazonas podem

comemorar. Em torno de 60 mil toneladas de laranja-pera – ou laranja regional -, devem ser produzidas nas fazendas e sítios das regiões produtoras do Estado até o fi nal deste ano. O número é praticamente estável em relação à produção obtida no ano passado (58,1 mil toneladas) - considerada a melhor dos últimos 10 anos. A expectativa parte de produ-tores da cultura da laranja em municípios como Manaus e Rio Preto da Eva - localizado a 80 quilômetros da capital.

O produtor de citrus no mu-nicípio de Rio Preto da Eva, Sebastião Siqueira, por exem-plo, aponta 2013 como um ano positivo para o segmento, seguindo a tendência de ex-pansão da última década.

“Crescemos em termos de áreas plantadas, número de famílias envolvidas e empre-gos gerados. Também foi um ano em que intensifi camos a exportação de frutos para outros Estados como Roraima e conseguimos reverter esses ganhos para a economia do

município”, avalia.

“Bons ventos”As perspectivas são ainda

mais promissoras para os próximos anos. Mesmo sem detalhar os números de sua colheita, o produtor disse es-perar um aumento de até 40% na produção nos próximos 2 anos. Segundo ele, os “bons ventos” também sopram para

as demais propriedades. “Em 2014 novas áreas plan-

tadas vão entrar na época de produção que ocorre 4 anos após o plantio das mudas. Com esse incremento, espe-ramos que os produtores do Estado que hoje suprem 90% da demanda de laranja no Amazonas avance chegando em 2015 abastecendo 100% do mercado local”, estima.

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

Há 10 anos havia mais de 400 trabalhos acadêmicos so-bre a Amazônia em andamento na Universidade de São Paulo, indicador de um interesse que cresce entre as instituições do Sudeste em direção à fl oresta. Há 10 anos também foi institu-ído o Prêmio Samuel Benchimol, com a fi nalidade de promover estudos, projetos e modela-gens de desenvolvimento na ótica da sustentabilidade. Os resultados são promissores e confi rmam que esta é uma trilha que precisa ser percorrida com mais atenção e investimentos. A USP debate o Amazonas, por meioda obra de Samuel Benchi-mol, já há algumas décadas. Em 1992, quando o mundo decidiu escolher o Brasil para de bater a questão climática, na relação entre desenvolvimento e meio ambiente, os países poluidores trataram de escolher as su-postas queimadas da Amazô-nia como o bode expiatório do aquecimento global. Naquela ocasião, a Universidade pro-moveu o Seminário sobre Al-ternativas de Desenvolvimen-to Sustentável na Amazônia, onde Samuel, conferencista no Fórum Global, apresentou as teses de sua “Guerra na Flo-resta”, ali ele foi contundente: “O mundo amazônico não po-derá fi car isolado ou alheio ao desenvolvimento brasilei-ro e internacional, porém ele terá quer se autossustentar em quatro parâmetros e paradig-mas fundamentais: isto é, ele deve ser economicamente viá-vel, ecologicamente adequado, politicamente equilibrado e so-cialmente justo”.

E foi esse o mote que perpas-sou o debate acadêmico no re-cente seminário promovido pela

FEA/USP, sobre Novas Matrizes Econômicas na região, onde a pauta Amazônia surge como referência norteadora de sus-tentabilidade, na premissa de satisfazer urgências contempo-râneas sem afetar as gerações que virão. A bioindústria se pre-para para ocupar espaço e novos rumos para adensar, diversifi car e interiorizar a economia na região. O bom senso aponta para o manejo inteligente dos recursos locais, a alternativa correta e efi ciente de conservar a natureza e desenvolver capa-cidades a aptidões das pessoas. A Amazônia, com sua exten-são e biodiversidade, abriga a resposta para a maioria das perguntas que a ciência tenta responder hoje, na medicina, na agricultura, nas fontes energé-ticas e na equação enigmática entre crescimento econômico e recomposição dos estoques naturais. Desse ponto de vis-ta, ela é “cérebro do mundo”, especialmente se considerada no âmbito de sua amplitude continental e potencialidade de novos paradigmas de pesquisa e inovação. E isso remete à produção e aplicação de conhe-cimentos e tecnologias no tra-tamento de sua biodiversidade, da bioenergia, da nutracêutica, da aquicultura relacionada à se-gurança alimentar planetária... Só assim, faz sentido preservar a fl oresta, oferecer oportunida-des que assegurem manter em pé a dignidade das pessoas, de todas as pessoas. Este é o alerta e a razão do prêmio Sa-muel Benchimol, que completa 10 anos de debate, inspiração e proposição de saídas na di-reção de nova socioeconomia para a Amazônia. Voltaremos ao assunto.

Alfredo MR Lopes [email protected]

Alfredo MR Lopes

Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaísta

A bioindús-tria se pre-para para ocupar espa-ço e novos rumos para adensar, diversifi car e interiorizar a economia na região

Amazônia: o prêmio e o alerta de Benchimol

Citricultor Sebastião Siqueira aposta no aumento de 40% na produção de laranja, no Amazonas, para os próximos 2 anos

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Conforme o engenheiro agrônomo e mestre em produção vegetal, Márcio Mesquita Barros, o aumen-to da produção de laranja observado nos últimos anos é resultado da adoção de novas tecnologias e aumen-to do uso de práticas como aplicação de quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes, podas e me-canização de áreas pelos produtores.

Segundo ele, o sucesso das medidas foi associado às políticas de incentivo, fi scalização fi tossanitária e assistência à produção realizadas entre a Secre-taria de Produção Rural do Amazonas (Sepror) e o Ins-tituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal

Sustentável do Amazonas (Idam). “As ações visam ins-truir os produtores garan-tindo o desenvolvimento econômico e social do setor e da sociedade envolvida nessa cadeia”, observa.

Porém, para o produtor e presidente da Associação Amazonense de Citricultores (Amazoncitrus), Osíris Silva, alguns desafi os precisam ser superados para uma maior produtividade. Além de aperfeiçoar estudos para aumentar a variedade de laranjas disponíveis para a produção, segundo ele, é pre-ciso profi ssionalizar a cadeia produtiva da laranja.

Um diagnóstico está sendo elaborado para um mapeamento do setor no Amazonas.

Aposta em novas tecnologias

Embora a laranja consumida no Estado seja quase 100% regional, os preços cobrados pelo fruto não são nada po-pulares. Em alguns locais, a unidade da laranja custa R$ 0,50, enquanto o cento do fruto vendido dos produtores para o varejo sai em média R$ 25. Sebastião Siqueira explica que a travessia encarece o pre-ço da fruta para o consumidor fi nal. “O atravessador benefi -cia o produto (lava, classifi ca,

embala), transporta e distribui, cobrando o quanto achar que deve. Não temos controle so-bre isso”, argumenta.

Os insumos usados no cultivo dos pomares também contribuem para encarecer a fruta. “O produto é regional, mas os insumos como cal-cário e agroquímicos ainda são importados do Sudeste. O calcário vai baratear com a produção local, mas os efeitos serão sentidos apenas em um

prazo de 2 anos”, estima.Dados do Instituto de Bra-

sileiro de Geografi a e Esta-tísticas (IBGE) revelam que o Amazonas possui 2,4 mil produtores no ramo da citri-cultura com produção anual de 58, 1 mil toneladas de laranja em 2012. O resultado é o melhor dos últimos 10 anos e representa um crescimento de 36,7% em relação à produção do ano passado, quando 42,5 mil toneladas do fruto foram

colhidas nos sítios e fazendas amazonenses. Informações da Secretaria Executiva de Políti-cas Agropecuárias e Florestais (Seapaf) destacam Manaus com a produção de 18,5 mil toneladas em uma área de cultivo de 1,1 mil hectares. Em seguida, aparece Rio Preto da Eva, com 16, 5 mil toneladas cultivadas em uma área de mil hectares, e Itacoatiara com 3,2 mil toneladas produzidas em 192,5 hectares.

Atravessadores e insumos elevam o preço

PEQUENOSEm escalas menores,

também se dedicam ao cultivo do cítrico, os mu-nicípios de Parintins, Co-ari, Tefé, Boca do Acre e Japurá além das regiões do rio Madeira, do rio Negro, do Alto Solimões e do rio Purus

Diversas ações contribuíram para aumentar a produção

A expectativa do setor é a de que em 2015 a produção local de laranja atenda em 100% o mercado consumidor do Amazonas

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 B5

Citricultura no Amazonas colhe bons frutosProdutores de laranja comemoram a alta na produção da fruta, e apostam na expansão do setor para os próximos anos

Os produtores de ci-trus – laranja, limão e tangerina – do Amazonas podem

comemorar. Em torno de 60 mil toneladas de laranja-pera – ou laranja regional -, devem ser produzidas nas fazendas e sítios das regiões produtoras do Estado até o fi nal deste ano. O número é praticamente estável em relação à produção obtida no ano passado (58,1 mil toneladas) - considerada a melhor dos últimos 10 anos. A expectativa parte de produ-tores da cultura da laranja em municípios como Manaus e Rio Preto da Eva - localizado a 80 quilômetros da capital.

O produtor de citrus no mu-nicípio de Rio Preto da Eva, Sebastião Siqueira, por exem-plo, aponta 2013 como um ano positivo para o segmento, seguindo a tendência de ex-pansão da última década.

“Crescemos em termos de áreas plantadas, número de famílias envolvidas e empre-gos gerados. Também foi um ano em que intensifi camos a exportação de frutos para outros Estados como Roraima e conseguimos reverter esses ganhos para a economia do

município”, avalia.

“Bons ventos”As perspectivas são ainda

mais promissoras para os próximos anos. Mesmo sem detalhar os números de sua colheita, o produtor disse es-perar um aumento de até 40% na produção nos próximos 2 anos. Segundo ele, os “bons ventos” também sopram para

as demais propriedades. “Em 2014 novas áreas plan-

tadas vão entrar na época de produção que ocorre 4 anos após o plantio das mudas. Com esse incremento, espe-ramos que os produtores do Estado que hoje suprem 90% da demanda de laranja no Amazonas avance chegando em 2015 abastecendo 100% do mercado local”, estima.

JULIANA GERALDOEquipe EM TEMPO

Há 10 anos havia mais de 400 trabalhos acadêmicos so-bre a Amazônia em andamento na Universidade de São Paulo, indicador de um interesse que cresce entre as instituições do Sudeste em direção à fl oresta. Há 10 anos também foi institu-ído o Prêmio Samuel Benchimol, com a fi nalidade de promover estudos, projetos e modela-gens de desenvolvimento na ótica da sustentabilidade. Os resultados são promissores e confi rmam que esta é uma trilha que precisa ser percorrida com mais atenção e investimentos. A USP debate o Amazonas, por meioda obra de Samuel Benchi-mol, já há algumas décadas. Em 1992, quando o mundo decidiu escolher o Brasil para de bater a questão climática, na relação entre desenvolvimento e meio ambiente, os países poluidores trataram de escolher as su-postas queimadas da Amazô-nia como o bode expiatório do aquecimento global. Naquela ocasião, a Universidade pro-moveu o Seminário sobre Al-ternativas de Desenvolvimen-to Sustentável na Amazônia, onde Samuel, conferencista no Fórum Global, apresentou as teses de sua “Guerra na Flo-resta”, ali ele foi contundente: “O mundo amazônico não po-derá fi car isolado ou alheio ao desenvolvimento brasilei-ro e internacional, porém ele terá quer se autossustentar em quatro parâmetros e paradig-mas fundamentais: isto é, ele deve ser economicamente viá-vel, ecologicamente adequado, politicamente equilibrado e so-cialmente justo”.

E foi esse o mote que perpas-sou o debate acadêmico no re-cente seminário promovido pela

FEA/USP, sobre Novas Matrizes Econômicas na região, onde a pauta Amazônia surge como referência norteadora de sus-tentabilidade, na premissa de satisfazer urgências contempo-râneas sem afetar as gerações que virão. A bioindústria se pre-para para ocupar espaço e novos rumos para adensar, diversifi car e interiorizar a economia na região. O bom senso aponta para o manejo inteligente dos recursos locais, a alternativa correta e efi ciente de conservar a natureza e desenvolver capa-cidades a aptidões das pessoas. A Amazônia, com sua exten-são e biodiversidade, abriga a resposta para a maioria das perguntas que a ciência tenta responder hoje, na medicina, na agricultura, nas fontes energé-ticas e na equação enigmática entre crescimento econômico e recomposição dos estoques naturais. Desse ponto de vis-ta, ela é “cérebro do mundo”, especialmente se considerada no âmbito de sua amplitude continental e potencialidade de novos paradigmas de pesquisa e inovação. E isso remete à produção e aplicação de conhe-cimentos e tecnologias no tra-tamento de sua biodiversidade, da bioenergia, da nutracêutica, da aquicultura relacionada à se-gurança alimentar planetária... Só assim, faz sentido preservar a fl oresta, oferecer oportunida-des que assegurem manter em pé a dignidade das pessoas, de todas as pessoas. Este é o alerta e a razão do prêmio Sa-muel Benchimol, que completa 10 anos de debate, inspiração e proposição de saídas na di-reção de nova socioeconomia para a Amazônia. Voltaremos ao assunto.

Alfredo MR Lopes [email protected]

Alfredo MR Lopes

Alfredo MR Lopes

Filósofo e ensaísta

A bioindús-tria se pre-para para ocupar espa-ço e novos rumos para adensar, diversifi car e interiorizar a economia na região

Amazônia: o prêmio e o alerta de Benchimol

Citricultor Sebastião Siqueira aposta no aumento de 40% na produção de laranja, no Amazonas, para os próximos 2 anos

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Conforme o engenheiro agrônomo e mestre em produção vegetal, Márcio Mesquita Barros, o aumen-to da produção de laranja observado nos últimos anos é resultado da adoção de novas tecnologias e aumen-to do uso de práticas como aplicação de quantidades adequadas de corretivos e fertilizantes, podas e me-canização de áreas pelos produtores.

Segundo ele, o sucesso das medidas foi associado às políticas de incentivo, fi scalização fi tossanitária e assistência à produção realizadas entre a Secre-taria de Produção Rural do Amazonas (Sepror) e o Ins-tituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal

Sustentável do Amazonas (Idam). “As ações visam ins-truir os produtores garan-tindo o desenvolvimento econômico e social do setor e da sociedade envolvida nessa cadeia”, observa.

Porém, para o produtor e presidente da Associação Amazonense de Citricultores (Amazoncitrus), Osíris Silva, alguns desafi os precisam ser superados para uma maior produtividade. Além de aperfeiçoar estudos para aumentar a variedade de laranjas disponíveis para a produção, segundo ele, é pre-ciso profi ssionalizar a cadeia produtiva da laranja.

Um diagnóstico está sendo elaborado para um mapeamento do setor no Amazonas.

Aposta em novas tecnologias

Embora a laranja consumida no Estado seja quase 100% regional, os preços cobrados pelo fruto não são nada po-pulares. Em alguns locais, a unidade da laranja custa R$ 0,50, enquanto o cento do fruto vendido dos produtores para o varejo sai em média R$ 25. Sebastião Siqueira explica que a travessia encarece o pre-ço da fruta para o consumidor fi nal. “O atravessador benefi -cia o produto (lava, classifi ca,

embala), transporta e distribui, cobrando o quanto achar que deve. Não temos controle so-bre isso”, argumenta.

Os insumos usados no cultivo dos pomares também contribuem para encarecer a fruta. “O produto é regional, mas os insumos como cal-cário e agroquímicos ainda são importados do Sudeste. O calcário vai baratear com a produção local, mas os efeitos serão sentidos apenas em um

prazo de 2 anos”, estima.Dados do Instituto de Bra-

sileiro de Geografi a e Esta-tísticas (IBGE) revelam que o Amazonas possui 2,4 mil produtores no ramo da citri-cultura com produção anual de 58, 1 mil toneladas de laranja em 2012. O resultado é o melhor dos últimos 10 anos e representa um crescimento de 36,7% em relação à produção do ano passado, quando 42,5 mil toneladas do fruto foram

colhidas nos sítios e fazendas amazonenses. Informações da Secretaria Executiva de Políti-cas Agropecuárias e Florestais (Seapaf) destacam Manaus com a produção de 18,5 mil toneladas em uma área de cultivo de 1,1 mil hectares. Em seguida, aparece Rio Preto da Eva, com 16, 5 mil toneladas cultivadas em uma área de mil hectares, e Itacoatiara com 3,2 mil toneladas produzidas em 192,5 hectares.

Atravessadores e insumos elevam o preço

PEQUENOSEm escalas menores,

também se dedicam ao cultivo do cítrico, os mu-nicípios de Parintins, Co-ari, Tefé, Boca do Acre e Japurá além das regiões do rio Madeira, do rio Negro, do Alto Solimões e do rio Purus

Diversas ações contribuíram para aumentar a produção

A expectativa do setor é a de que em 2015 a produção local de laranja atenda em 100% o mercado consumidor do Amazonas

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B6 País MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

‘Joaquim Barbosa é um homem mau’, diz juristaAdvogado e professor da PUC, Bandeira de Mello condena a forma como o presidente do STF conduziu as prisões dos mensaleiros

Joaquim Barbosa é um ho-mem mau, com pouco senti-mento humano. A descrição nada elogiosa é de Celso An-

tônio Bandeira de Mello, um dos mais conceituados advogados brasileiros e professor da PUC há quase 40 anos. Ele se refere em especial à forma como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) conduziu a prisão de José Genoino. “Acho que é mais um problema de maldade. Ele é uma pessoa má. Falo isso sem nenhum preconceito com a pessoa dele pois já o convidei para jantar na minha casa. Mas o que ele faz é simplesmente maldade”, afirma o advogado.

Bandeira de Mello subscreveu, ao lado de juristas, intelectuais e líderes petistas, um manifes-to condenando a postura de Barbosa. A ação supostamente arbitrária do ministro na prisão dos condenados no processo do mensalão seria passível de um processo de impeachment.

“A medida concreta neste caso seria um pedido de impeach-ment do presidente do Supre-mo”, disse Bandeira de Mello, com a ressalva de que não é es-pecialista em direito penal mas expressa “a opinião de quem entende da matéria”.

De acordo com o advogado, o foro adequado para o pedido

de impeachment seria o Senado Federal. Segundo o inciso 2º do artigo 52 da Constituição Federal, é de competência ex-clusiva do Senado julgar os ministros do Supremo. A ini-ciativa, segundo Bandeira de Mello, pode ser de “qualquer cidadão suficientemente bem informado e, principalmente, dos partidos políticos”.

O diretório nacional do PT che-gou a cogitar medidas concretas contra Barbosa. A iniciativa, no entanto, foi abortada por líderes moderados do partido.

ImpeachmentSegundo Bandeira de Mello,

o fato de Barbosa ter mandado para o regime fechado pessoas que haviam sido condenadas ao semiaberto e a expedição de mandados de prisão em ple-no feriado da Proclamação da República sem as respectivas cartas de sentença (emitidas 48 horas depois) contrariam a legislação e poderiam motivar o afastamento de Barbosa.

Para o advogado, a culpa pelas supostas violações e arbitrarie-dades é exclusivamente do pre-sidente do STF. “É o Barbosa. Os demais ministros, ou parte deles, já praticaram as ilegalidades que podiam praticar no curso do processo”, disse.

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O manifesto divulgado du-rante a semana diz que “o STF precisa reagir para não se tornar refém de seu pre-sidente”. O texto é subscrito por dezenas de militantes petistas e partidos aliados,

como os presidentes do PT, Rui Falcão, e PCdoB, Renato Rabelo, além de personalida-des de diversas áreas como o jurista Dalmo Dallari, a filósofa Marilena Chauí, a cientista política Maria Vic-

toria Benevides, os cineastas Luci e Luiz Carlos Barreto e o escritor Fernando Morais.

Bandeira de Mello crê que o plenário do Supremo deveria fazer uma censura pública a Barbosa. “Poderia ser de for-

ma verbal, em plenário, por meio de um manifesto e até mesmo pessoalmente. Ou o Supremo censura a conduta de seu presidente ou ele vai cada vez mais avançar o sinal”, diz o advogado.

‘O STF não pode ser refém de seu presidente’

Joaquim Barbosa é criticado por suas medidas, consideradas desumanas, no processo de prisão dos acusados pelo mensalão

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Morte de Kennedy completa 50 anos

MITO

A queda de um mito. Esta é uma frase clássica nos EUA para explicar como a morte de John Fitzgerald Kennedy afetou o país em 22 de no-vembro de 1963. “Qualquer que fosse o desastre natural”, disse o cronista Gay Talese, teria tido um efeito menos catastrófico que o assassina-to do presidente. A razão? O jovem democrata, morto aos 46 anos foi responsável pelas ideias mais notórias acerca de questões sociais, econômicas e políticas no século 20 na América do Norte, de acordo com historiadores e especia-listas. Todavia, 50 anos depois, ainda restam controvérsias sobre o seu legado.

A discussão é que, em vez de políticas públicas, o carisma e a energia com que Kennedy apresentava suas opiniões, somados às conspirações e

aos contornos dramáticos de sua morte, teriam transfor-mado o democrata em mito – que persiste, mesmo há 50 anos do fatídico disparo em Dallas, Texas. Diversos críticos de sua gestão afirmam que o norte-americano era muito mais um personagem, inspi-rado em heróis do cinema, do que um governante, capaz de desenvolver soluções para a problemática da sociedade.

Acertos e erros“Kennedy teve acertos e

erros na sua administração, assim como todos os outros presidentes dos EUA. No en-tanto, seus discursos cativan-tes e o seu carisma fizeram com que, no momento de sua morte, ele alcançasse nível de herói”, afirmou o jornalista Seymour Hersh, 76 anos, em entrevista recente. Hersh é

autor do livro “O lado negro de Camelot” - uma das obras mais controversas sobre Ken-nedy, contestando a verdadei-ra face do presidente.

LegadoEmbora a agenda de Ken-

nedy tenha abordado temas complexos da problemática social e econômica dos EUA, cientistas políticos contestam a eficácia do seu trabalho. Muitos afirmam, inclusive, que seu sucessor, Lyndon Jo-hnson, foi quem realmente conseguiu executar os seus planos. “Aqueles que estudam sua gestão como presidente constatam que, embora te-nha tido um grande talento e representasse uma enorme esperança para os norte-ame-ricanos”, afirma o professor Jeffrey Engel, da Southern Me-thodist University, de Dallas.

Kennedy tem a melhor avaliação entre todos os presidentes da história dos Estados Unidos

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Obama: não haverá pedidode perdão com AfeganistãoCasa Branca declara que, após 10 anos de confrontos no Afeganistão, EUA não vai se desculpar por erros na guerra

A Casa Branca assegu-ra que o presidente de Estados Unidos, Bara-ck Obama, não deve

enviar uma carta de desculpas ao Afeganistão pelos supos-tos erros cometidos na guerra que começou em 2001.

Aimal Faizi, um porta-voz do presidente afegão, Ha-mid Karzai, assegurou que o acordo de segurança que vai regulamentar a presença mili-tar americana no Afeganistão após 2014 inclui, como condi-ção, que Obama escreva uma carta reconhecendo os “erros” cometidos na guerra e seu impacto na população civil.

No entanto, a assessora de segurança nacional de Oba-ma, Susan Rice, afirmou que emitir esse tipo de desculpas “não é uma opção”.

“Não se está trabalhando em nenhuma carta desse tipo. Não há necessidade de que os Estados Unidos se des-culpem com o Afeganistão”, disse Rice em uma entrevista à emissora “CNN”.

Karzai quer uma carta escri-ta por Obama para apresentá-la à “Loya Jirga” (Grande As-sembleia), uma congregação de mais de 2,5 mil funcionários e representantes afegãos que se reúne esta semana em Ca-

bul para decidir se aprovam o projeto de acordo de seguran-ça entre Afeganistão e EUA.

GarantiasO líder afegão falou sobre

essa possibilidade em uma conversa telefônica com o se-cretário de Estado dos EUA, John Kerry, informou um fun-cionário do departamento

de Estado. “Karzai pediu (a Kerry) garantias de que pos-sa comunicar à ‘Loya Jirga’ sobre a natureza de nossa relação de segurança no fu-turo e assuntos do passado, como as vítimas civis”, dis-se o funcionário, que pediu o anonimato, aos jornalistas.

“Kerry disse que o desejo dos EUA é continuar trabalhando junto com o Afeganistão para

encontrar um caminho e que vamos considerar seu pedido de garantias, inclusive a opção de uma carta da administra-ção (de Obama) que expresse nossa posição”, acrescentou.

Troca-trocaSegundo o porta-voz de

Karzai, em troca da carta solicitada, o governo afegão estaria disposto a abrandar sua exigência do fim de todas as revistas nos lares afegãos por parte de tropas america-nas a partir de 2014 e tole-rar essas operações em cir-cunstâncias extraordinárias, como pede Washington.

Outro ponto de disputa no acordo foi a garantia de imunidade das tropas ame-ricanas que permanecerão no país após 2014, data es-tipulada com a Otan para a conclusão do processo de retirada militar.

A minuta de acordo atu-al estipula que os Estados Unidos terão jurisdição legal exclusiva sobre o seu pessoal militar e civil que estiverem a serviço do departamento de defesa no Afeganistão, apesar de não impedir que nenhum deles seja processado, segun-do fontes oficiais citadas pelo jornal “Washington Post”.

AFP

Guerra contra o terror entre Estados Unidos e talebans afegãos completa 10 anos sem retratações

CONDIÇÃOAcordo de segurança que vai regulamentar a presença militar ame-ricana no Afeganistão após 2014 inclui, como condição, que Obama escreva uma carta re-conhecendo os “erros” cometidos na guerra

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Dia a diaCade

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[email protected], DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 (92) 3090-1041

Uma difícil luta contra o tráfi co

Dia a dia C4 e C5

JOEL ROSA/ARQUIVO EM TEMPO

Final de ano dá início às ‘temporadas solidárias’Perto do término de 2013, iniciativas para ajudar os mais necessitados surgem de todos os cantos, e participar é muito fácil

Na onda de solidariedade que começa perto do fi m de cada ano, crianças são benefi ciadas com presentes e festas organizadas por grupos de voluntários, alguns com mais de 10 anos de ação

Para uns, uma opor-tunidade de fazer o bem e sentir bem. Ou-tros fazem em agra-

decimento a conquistas. Há aqueles que buscam, quem sabe, se redimir por alguma falta. Muitos são os motivos que amolecem os corações no fi m do ano e o décimo ter-ceiro salário pode dar aque-le empurrãozinho necessário para propagar tantos atos de solidariedade. Se você tem interesse, mas não sabe de que forma ajudar, listamos abaixo algumas iniciativas de diversos grupos, sejam lidera-dos por igrejas, profi ssionais liberais ou apenas por amigos com boa vontade de ajudar famílias menos privilegiadas neste fi m de ano.

Durante 14 anos, um grupo de amigos já levou o Papai Noel para conhecer crian-ças em mais de 200 bairros na capital, em comunidades ribeirinhas, rurais e alguns municípios do interior, como Presidente Figueiredo, Mana-capuru, Iranduba, Rio Preto da

Eva e Itacoatiara. A iniciativa surgiu de ma-

neira tímida, quando quatro amigos se reuniram para co-memorar um Natal diferen-te. Das economias reunidas, compraram 1,5 mil brinque-dos e os distribuíram para crianças carentes. “Em 1998 eu queria comemorar o bom

ano que tive de uma forma diferente. Convidei quatro amigos e resolvemos fazer a distribuição de brinquedos. Nada melhor do que retribuir para a vida o que ela nos deu de bom”, disse a idealizadora e coordenadora da campa-nha, Denise Kassama.

Daí surgiram os “Amigos do

Papai Noel”, um grupo da so-ciedade civil organizada sem vínculos políticos, religiosos, sociais e econômicos. Hoje são mais de cem voluntários que arrecadam uma média de 10 mil brinquedos e “ajudam ao Papai Noel a distribuir presentes no Natal”. Mas já houve ano em que foram arrecadados 20 mil.

Reunir os brinquedos não é tarefa fácil e é fruto de intensa campanha fi nanceira realizada durante todo ano, através de eventos, brechós, vendas de ca-misas, doações de parceiros e arrecadações de voluntários.

“O grupo não é uma ins-tituição juridicamente for-malizada, o que difi culta um pouco as doações. É evidente que conseguir o montante necessário sempre se cons-titui em um desafi o. Logo, as pessoas doam de acordo com as suas possibilidades. Este ano, em particular, es-tamos com uma difi culdade extra, pois não conseguimos as revistas educativas que compõe o kit do Papai Noel e estamos precisando de 15 mil livros e revistas educativas”, disse Kassama.

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

AMIGOSReunir os brinquedos não é tarefa fácil e é fruto de intensa campa-nha fi nanceira realizada durante todo ano, por meio de eventos, bre-chós, vendas de cami-sas, doações de parcei-ros e arrecadações

Nas comunidades visita-das pelo Papai Noel, a festa é grande quando a criança descobre o brinquedo que ga-nhou. “A campanha costuma ir a lugares onde não há essa tecnologia. Muitos lugares sequer possuem eletricida-de. As crianças brincam com pedaços de madeira e latas. Então, lá, os brinquedos são muito bem vindos. Poder pro-porcionar a primeira festa de Natal da vida de uma criança é uma sensação indescritível, que renova a nossa alma”, ressaltou Kassama.

A jornalista e voluntária Vanessa Zogahib participa da campanha junto com sua família desde o segundo ano de execução e guarda na me-mória momentos emocionan-tes junto a comunidades que ainda sofrem com a ausência de abastecimento de água e de luz. “É uma forma de nos doarmos ao próximo, pois as entregas não são feitas de

qualquer forma. É preciso que cada voluntário disponibilize carinho, atenção, sorrisos e abraços a cada criança e fa-miliar que recebe o presente. Não é só entregar o objeto e pronto! No decorrer de tan-tos anos guardamos histó-rias marcantes, experiências e ensinamentos que vamos levar para toda a vida, tanto de crianças quanto de idosos encantados em ver Papai Noel pela primeira vez”, disse.

Para ela, não há dinheiro que pague a satisfação ao ver a alegria da criança e de idosos que encontram o Papai Noel. “É extremamente gratifi cante quando você vê a felicidade de meninos e meninas que nunca tinham visto o Papai Noel, que nunca tiveram um brinquedo – por mais simples que seja – ao ganhar um presente no Natal. É muito emocionante poder participar de um natal diferente na vida dessas crianças. Ajudar a rea-

lizar um sonho e mostrar que eles são possíveis de se con-cretizarem por mais difícil que possa parecer. Porque nessas comunidades que vamos os pais não possui condições fi nanceiras e proporcionar esse tipo de momento para os fi lhos”, observou.

Para ajudar a “encher o saco do bom velhinho”, o grupo realizou ontem uma feijoada solidária. Eles também cria-ram um kit que é entregue às crianças. Um kit custa R$ 5 e é composto de um brinquedo educativo (bola ou quebra-cabeça ou ioiô), um brinquedo (boneca ou carrinho ou bone-co de vinil), uma guloseima e uma revistinha.

Quem tiver interesse em ajudar ou conhecer mais o trabalho solidário ode entrar em contato pelo 9983-3581 ou 3651-2563.

(Continua nas páginas C2 e C3)

Lugares onde não há tecnologia

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C2 Dia a dia

CABOTAGEM

FRIGOUM

Iniciativas solidárias acabam com a solidão do desamparoVale tudo para tornar o fi m de ano mais agradável para quem precisa: de doações de alimentos a confraternizações para famílias desamparadas, o “Natal sem Fome” e o projeto “Tocando em Frente” buscam concretizar essas atividades

Este ano, as doações da campanha “Natal Sem Fome” serão di-recionadas tanto às

comunidades carentes espa-lhadas pelas zonas da cida-de, como para os imigrantes haitianos recém-chegados ou que escolheram Manaus para construir nova vida.

As doações podem ser feitas nas paróquias do São Geraldo, no bairro de mesmo nome, e na de Nossa Senhora das Mercês, no conjunto Eldorado, próximo à praça do Caran-guejo. São aceitos alimen-tos não perecíveis, material de higiene e água.

Integrante da Cáritas Arqui-diocesana, o diácono Afonso explicou que a campanha obje-tiva partilhar alimentos entre as comunidades carentes das áreas missionárias e das pa-róquias e inclusive aos haitia-nos, que estão distribuídos no Parque das Laranjeiras, Zumbi e bairro da União. “Todo ano trabalhamos essa campanha, porque é uma necessidade. Encontramos ainda muitas pessoas com difi culdade de alimento básico. Por mais que tenhamos visto o crescimen-to econômico do país, muitos ainda sofrem com falta de alimentação”, informou.

Para o diácono, essa situa-ção de miséria parece ser uma constante na vida da sociedade por não haver distribuição igua-litária de emprego. “Precisa de mão de obra qualifi cada e nem todos têm, e acabam fi cando fora do mercado. Tem também o caso de pessoas do interior do Estado que vêm para a ca-pital atrás de emprego e não conseguem, e acabam indo mo-rar as margens dos igarapés, que é onde há possibilidade de acesso”, observou.

GaccAs cerca de 200 crianças

que fazem parte do Grupo de Apoio à Criança e Adoles-cente com Câncer do Ama-zonas (GACC-AM) deixaram o pedido numa árvore dentro da sede, que fi ca na avenida Domingo Jorge Velho, 290,

no bairro Dom Pedro. Quem tiver interesse de apadrinhar pode buscar a sede.

Além disso, o grupo organiza para o dia 21 de dezembro uma festa de fi m de ano que deve reunir pelo menos 700 pessoas entre pacientes e familiares. Quem puder doar peito de frango, alimento es-pecífi co da ceia, que faz parte da dieta das crianças é só entrar em contato pelo 3656-1811 ou ir à sede. A festa será realizada a partir das 10h no Parque do Idoso, bairro Nossa Senhora das Graças.

O grupo foi fundado em 23 de maio de 1999 e pelo menos há 12 anos realiza a festa de confraternização com as crian-ças. “É uma etapa importante interação entre as crianças. A hora da confraternização é uma continuidade na inclusão social, hora de agradecer e ver como as famílias estão, saber ânsias, apesar de ter-mos muitos serviços diários. O evento é importante no relacio-

namento”, afi rmou o gerente Márcio José Pereira.

O Gacc é uma sociedade civil sem fi ns lucrativos, ad-ministrado por uma equipe de voluntários e funcionários, que atende a crianças e ado-lescentes com câncer e seus familiares. É oferecido aten-dimento psicológico, pedagó-gico, educacional, de lazer a todas as crianças em trata-mento na Fundação Cecon e demais entidades afi ns.

O grupo vive de doações de pessoas físicas e jurídicas, projetos (Rancho-Padrinho, Sócio-Contribuinte, Troco So-lidário, entre outros), de even-tos e do trabalho voluntário de várias pessoas.

IVE RYLOEquipe EM TEMPO

DONATIVOSEste ano, as doações da campanha “Na-tal Sem Fome” serão direcionadas tanto às comunidades carentes espalhadas pelas zonas da cidade, como para os imigrantes haitia-nos recém chegados

A exemplo dos “Amigos do Papai Noel”, diversas iniciativas de ajuda ao próximo crescem nos últimos meses de cada ano

Crianças de dez bairros da capital terão a visita do papai Noel em dezembro. Com tanto trabalho, o “bom velhinho” vai ter ajuda de 212 ajudantes especiais que participam do projeto “Tocando em frente”.

Os jovens irão distribuir pre-sentes as crianças dos mes-mos bairros que moram, como São José, Zumbi, Novo Reino, Nova Vitória, Grande Vitória e duas comunidades do Tarumã. “Pensamos que eles mesmos, de acordo com estudo de caso

de vida, não tiveram na in-fância o prazer de ganhar um brinquedo, um presente e, as-sim como eles, muitas crianças vivem assim. E queremos que nossos meninos sintam a feli-cidade de presentear, mostrar que é bom fazer o bem, aju-dar, amar o próximo”, ressal-tou a coordenadora e uma das idealizadoras, Janete Canto.

Interessados em doar brin-quedos podem entrar em con-tato pelo 9444-9494.

O projeto existe há dez anos,

e trabalha hoje com 212 ado-lescentes que cumprem medi-das socioeducativas e presta-ção de serviços à comunidade e mais 14 adultos que cumprem pena alternativa. O trabalho visa ressocialização e inclusão de pessoas em vulnerabilida-de social, e é uma atividade independente composta por iniciativa da sociedade civil.

Além da oportunidade de presentear crianças caren-tes, os jovens participarão de uma festa de confrater-

nização que reunirá os fa-miliares. “Para muitas pes-soas que vivem abaixo da pobreza, o Natal não tem muito sentido. Por isso bus-camos fazer confraterniza-ção para trazer as famílias para perto, porque se você não buscar a família, não tem mudança”, salientou.

Para Canto, prestar so-lidariedade faz bem tanto para quem recebe quanto para quem faz, e é isso que o projeto quer mostrar.

Distribuição de presentes na Zona Leste

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Iniciativas solidárias acabam com a solidão do desamparo

Em prol da Casa Vhida, o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Cre-ci) da 18ª Região AM/RR, realiza a quinta edição do Correshow, que visa arre-cadar leite para doação. O evento acontece na próxima quarta-feira (27), às 19h, no salão de festas Elegance, na rua Salvador, Adrianópolis, Zona Centro-Sul.

O objetivo do evento é reunir corretores de toda a capital para que consigam o maior número de doações de leite que serão repas-sados às crianças da Casa Vhida. O evento conta com o apoio do sistema Cofeci-Creci, além de empresas do setor imobiliário.

A Casa Vidha é uma insti-tuição conhecida nacional-mente desde 1999 e trabalha para oferecer as crianças contaminadas com vírus HIV

e os familiares apoio durante o tratamento. Atualmente a casa acolhe 1.026 crianças.

GaviamAlém de organizar a cam-

panha de doação de sangue realizada no último fi m de semana o Grupo de Ami-gos Voluntários Independen-tes do Amazonas (Gaviam) também planeja levar doa-ções de alimentos e roupas a comunidades carentes em municípios próximos à ca-pital. Quem quiser ajudar pode entrar em contato pe-los telefones 3302-2915 e 9246-2377, ou pelo perfi l no Facebook (Gaviam).

O grupo surgiu em 2011, quando amigos resolveram prestar trabalho voluntá-rio a famílias com menos oportunidades, pelo menos duas vezes ao ano. Eles começaram tirando dinhei-

ro do próprio bolso para comprar alimentos e rou-pas e levar a comunidades nos municípios de Autazes e Iranduba. Mais tarde, eles aproveitaram as visitas para levar orientações sobre sus-tentabilidade, conservação do meio ambiente e saúde, com enfoque a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e higiene.

Hoje, o grupo conquistou mais voluntários e buscou capacitação. Além de prestar caridade, eles também auxi-liam Defesa Civil, o Batalhão de Policiamento Ambiental e outros órgãos com o trabalho de busca e salvamento em parceria dos cães farejado-res, no combate e preven-ção de incêndio, resgate de animais, primeiros socorros, além de promover palestras sobre meio ambiente, sus-tentabilidade e saúde.

Corretores ajudam Casa Vhida

Grupos de voluntários atuam levando alegria a crianças e pessoas de poucos recursos

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 C5

TIM CELULAR

Uma batalha complicadaLuta contra o tráfi co de drogas emperra na falta de cooperação entre os órgãos públicos e, no Amazonas, se agrava pela posição “estratégica” na rede de distribuição

De acordo com da-dos da Delegacia de Repressão a Entor-pecentes (DRE), vin-

culada à Superintendência da Polícia Federal do Amazonas (SPF), o número de drogas apreendidas em Manaus este ano aumentou. Até este mês, foram apreendidos na cidade 1.394 toneladas de entorpe-centes. Toda a droga apreen-dida é incinerada.

Segundo o delegado da DRE, Alexandre Rabelo, a dro-ga mais apreendida é a cocaí-na, que serve como base para as demais drogas. Para ele, a dimensão territorial das fron-teiras do Estado e a falta de cooperação entre os órgãos faz com que o Brasil tenha fronteiras desguarnecidas ou

vigiadas precariamente. “A cooperação entre os

órgãos públicos seria uma alternativa para o combate ao tráfi co. Cada vez mais os trafi cantes e as quadrilhas es-tão com um grande potencial, armamentos pesados e com alta sofi sticação”, enfatiza o delegado. Em sua opinião, há anos não se investe dig-namente nas Forças Arma-

das para combater ininter-ruptamente as mazelas do contrabando de e drogas ilícitas, visto que a grande maioria das drogas é de origem estrangeira.

Para Rabelo, Manaus é um centro de distribuição de dro-gas, e isso se dá devido à posição geográfi ca que fa-cilita a logística para a rota de tráfi co, que hoje só perde para o roubo entre os delitos que levam à cadeia.

Segundo o delegado, em uma operação realiza-da entre Brasil e Peru, foi estimado que cerca de 30 toneladas de drogas estão sendo produzidas por ano no país vizinho. “Boa parte do consumo é destinada ao Brasil“, afi rma Alexandre.

A droga é geradora de qua-se toda a violência existente nas estatísticas criminais, A cocaína, que serve de base para outros entorpecentes, é uma das drogas mais utilizadas no mundo e tem rota de tráfi co no Amazonas

JOEL ROSA/ARQUIVO EM TEMPO

REPRODUÇÃO/AAEBD

ADRIANA PIMENTELEspecial EM TEMPO

pois por trás da maioria dos crimes existe o envolvimento com as drogas.

Legislação O Brasil tentou, por meio de

diversas legislações, enfren-tar o problema das drogas, porém novos entorpecentes surgiam, até que o legisla-dor conseguiu encontrar um conceito genérico para essas substâncias proibidas e as-sim tipifi car adequadamente a conduta com o advento da lei 6.368/1976.

Promulgada na tentativa de controlar o tráfi co de drogas no país, a lei foi concebi-da em uma época de re-pressão política e não tinha preocupação com a questão social, pois não distinguia de forma contundente o trafi cante do usuário.

Já a lei 11.343/2006, sobre a adoção de uma nova polí-tica nacional sobre drogas, passou a humanizar o trata-mento legal dispensado aos usuários de drogas, através do abrandamento e adequa-

ção das penas cominadas a conduta de uso, de forma a impor sanção que vise reeducar e trazer de volta ao ambiente social.

De acordo com o assisten-te social Jaime Costa, essa distinção é necessária por questões humanitárias, pois o usuário é vítima do tráfi co de drogas, e para sustentar seu vício passa a cometer ou-tros delitos como furto, roubo e até chegam a ser usados pelos trafi cantes como “mu-las” para transportar a dro-ga, ou como “aviões” para realizar a venda para outras pessoas. Tal abrandamen-to tem sido alvo de críticas, pois alguns consideram que houve a descriminalização do uso de entorpecentes.

Entretanto, para o delega-do Alexandre Rabelo, ultima-mente tem sido observado um aumento considerável no consumo. “Isso tem de-monstrado total desrespeito ao Estado de Direito, sob o argumento que sua punição é diminuta”, alega.

PROBLEMAPara o delegado Alexan-dre Rabelo, a dimensão territorial das fronteiras do Estado e a falta de cooperação entre os órgãos faz com que o Brasil tenha fronteiras desguarnecidas ou vi-giadas precariamente

A Polícia Militar atua como parceira na busca de solu-ções e práticas de cidadania, criando para isso o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que atua como aliado no com-bate às drogas, principalmen-te no interior das escolas.

O programa realiza ações socioeducativas contra o uso de drogas e prática de vio-lência. As atividades já be-nefi ciaram mais de 300 mil alunos e 93 instrutores aten-

dendo em escolas públicas e particulares da capital e em alguns municípios do interior do Estado - Tabatinga, Parin-tins, Manacapuru, Itacoatiara e Boca do Acre.

O Proerd é a versão brasilei-ra do programa americano de-nominado Drug Abuse Resis-tence Education (“Educar para resistir ao abuso de drogas”, em português), ou D.A.R.E, surgido em 1983 na cidade de Los Angeles, em virtude do alto índice de criminalidade

nas escolas envolvendo crian-ças e adolescentes no uso e abuso de drogas, começou como um programa de par-ceria entre o Departamento de Polícia de Los Angeles e o Distrito Unifi cado Escolar daquela cidade onde recebeu o nome atual.

Esse esforço cooperativo foi guiado por dados estatísticos que mostraram alta efi ciência em programas de prevenção baseados na tomada de deci-sões, estabelecimentos de va-

lores, resolução de problemas e estilos de vida positivos.

Segundo o coordenador do programa, tenente-coronel Audiney Oliveira, o Proerd sur-giu da necessidade de orientar famílias que possuíam mem-bros usuários de drogas, es-pecialmente quando o uso de entorpecentes interfere nas relações familiares. “Nas es-colas onde o programa atua verifi camos uma diminuição da violência e do uso de dro-gas”, explica o coordenador.

Programa usa a educação como prevenção

PROERD AMAZONAS/DIVULGAÇÃO

Cerca de 3% da população mundial usa regularmente alguma droga ilícita (isto é, não contando tabaco, álcool e outras drogas livremente comercializadas). É como se todo o conjunto da população brasileira utilizasse drogas.

Em pesquisa divulgada em junho deste ano pelo Insti-tuto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), 9% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental de Manaus ad-

mitiram já ter usado algum tipo de droga ilícita. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) de 2012 entrevistou cerca de 2 mil estudantes das redes pública e privada de educação da capital.

A Região Norte teve o índice de iniciação prematura ao uso de drogas em 5,4%. A pesqui-sa mostrou também que o crack – considerado uma das mais nocivas drogas ilícitas no mundo – é muito pouco utiliza-

do entre os adolescentes que disseram já ter experimentado drogas ilícitas. Um total de 2,8% de jovens disseram ter experimentado o crack uma ou duas vezes.

Segundo relatos históricos, a droga se tornou fonte de riqueza e de investimento. Já no fi nal da década de 1980, o comércio representava 75% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia, sendo, destes, 50% oriundo do comércio clandes-

tino. No Peru, o índice chegou a 90%; na Colômbia, 23%; e nos EUA, em torno de 5%. Trata-se de um negócio empresarial. Nos EUA, a movimentação com as drogas chegou a atingir 10% do PIB, igual às sete maiores empresas norte-americanas: GM, Exxon, Shell, Móbilb, Bridish, Petroleum, a Ford Motors e a IBM.

O narcotráfi co movimen-ta em torno de US$ 400 bilhões anualmente.

Consumo de tóxicos surge na juventudeDIVULGAÇÃO

Grupo de pessoas viciadas consome crack: cena triste e cada vez mais comum nos grandes centros urbanos brasileiros

Por meio do Proerd, Polícia Militar faz sua parte no esclarecimento da juventude sobre os perigos do consumo de drogas

Drogas apreendidas pela Polícia Civil: por ano, pelos menos 30 toneladas são produzidas apenas no Peru, um dos países vizinhos do Brasil

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TIM CELULAR

Uma batalha complicadaLuta contra o tráfi co de drogas emperra na falta de cooperação entre os órgãos públicos e, no Amazonas, se agrava pela posição “estratégica” na rede de distribuição

De acordo com da-dos da Delegacia de Repressão a Entor-pecentes (DRE), vin-

culada à Superintendência da Polícia Federal do Amazonas (SPF), o número de drogas apreendidas em Manaus este ano aumentou. Até este mês, foram apreendidos na cidade 1.394 toneladas de entorpe-centes. Toda a droga apreen-dida é incinerada.

Segundo o delegado da DRE, Alexandre Rabelo, a dro-ga mais apreendida é a cocaí-na, que serve como base para as demais drogas. Para ele, a dimensão territorial das fron-teiras do Estado e a falta de cooperação entre os órgãos faz com que o Brasil tenha fronteiras desguarnecidas ou

vigiadas precariamente. “A cooperação entre os

órgãos públicos seria uma alternativa para o combate ao tráfi co. Cada vez mais os trafi cantes e as quadrilhas es-tão com um grande potencial, armamentos pesados e com alta sofi sticação”, enfatiza o delegado. Em sua opinião, há anos não se investe dig-namente nas Forças Arma-

das para combater ininter-ruptamente as mazelas do contrabando de e drogas ilícitas, visto que a grande maioria das drogas é de origem estrangeira.

Para Rabelo, Manaus é um centro de distribuição de dro-gas, e isso se dá devido à posição geográfi ca que fa-cilita a logística para a rota de tráfi co, que hoje só perde para o roubo entre os delitos que levam à cadeia.

Segundo o delegado, em uma operação realiza-da entre Brasil e Peru, foi estimado que cerca de 30 toneladas de drogas estão sendo produzidas por ano no país vizinho. “Boa parte do consumo é destinada ao Brasil“, afi rma Alexandre.

A droga é geradora de qua-se toda a violência existente nas estatísticas criminais, A cocaína, que serve de base para outros entorpecentes, é uma das drogas mais utilizadas no mundo e tem rota de tráfi co no Amazonas

JOEL ROSA/ARQUIVO EM TEMPO

REPRODUÇÃO/AAEBD

ADRIANA PIMENTELEspecial EM TEMPO

pois por trás da maioria dos crimes existe o envolvimento com as drogas.

Legislação O Brasil tentou, por meio de

diversas legislações, enfren-tar o problema das drogas, porém novos entorpecentes surgiam, até que o legisla-dor conseguiu encontrar um conceito genérico para essas substâncias proibidas e as-sim tipifi car adequadamente a conduta com o advento da lei 6.368/1976.

Promulgada na tentativa de controlar o tráfi co de drogas no país, a lei foi concebi-da em uma época de re-pressão política e não tinha preocupação com a questão social, pois não distinguia de forma contundente o trafi cante do usuário.

Já a lei 11.343/2006, sobre a adoção de uma nova polí-tica nacional sobre drogas, passou a humanizar o trata-mento legal dispensado aos usuários de drogas, através do abrandamento e adequa-

ção das penas cominadas a conduta de uso, de forma a impor sanção que vise reeducar e trazer de volta ao ambiente social.

De acordo com o assisten-te social Jaime Costa, essa distinção é necessária por questões humanitárias, pois o usuário é vítima do tráfi co de drogas, e para sustentar seu vício passa a cometer ou-tros delitos como furto, roubo e até chegam a ser usados pelos trafi cantes como “mu-las” para transportar a dro-ga, ou como “aviões” para realizar a venda para outras pessoas. Tal abrandamen-to tem sido alvo de críticas, pois alguns consideram que houve a descriminalização do uso de entorpecentes.

Entretanto, para o delega-do Alexandre Rabelo, ultima-mente tem sido observado um aumento considerável no consumo. “Isso tem de-monstrado total desrespeito ao Estado de Direito, sob o argumento que sua punição é diminuta”, alega.

PROBLEMAPara o delegado Alexan-dre Rabelo, a dimensão territorial das fronteiras do Estado e a falta de cooperação entre os órgãos faz com que o Brasil tenha fronteiras desguarnecidas ou vi-giadas precariamente

A Polícia Militar atua como parceira na busca de solu-ções e práticas de cidadania, criando para isso o Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), que atua como aliado no com-bate às drogas, principalmen-te no interior das escolas.

O programa realiza ações socioeducativas contra o uso de drogas e prática de vio-lência. As atividades já be-nefi ciaram mais de 300 mil alunos e 93 instrutores aten-

dendo em escolas públicas e particulares da capital e em alguns municípios do interior do Estado - Tabatinga, Parin-tins, Manacapuru, Itacoatiara e Boca do Acre.

O Proerd é a versão brasilei-ra do programa americano de-nominado Drug Abuse Resis-tence Education (“Educar para resistir ao abuso de drogas”, em português), ou D.A.R.E, surgido em 1983 na cidade de Los Angeles, em virtude do alto índice de criminalidade

nas escolas envolvendo crian-ças e adolescentes no uso e abuso de drogas, começou como um programa de par-ceria entre o Departamento de Polícia de Los Angeles e o Distrito Unifi cado Escolar daquela cidade onde recebeu o nome atual.

Esse esforço cooperativo foi guiado por dados estatísticos que mostraram alta efi ciência em programas de prevenção baseados na tomada de deci-sões, estabelecimentos de va-

lores, resolução de problemas e estilos de vida positivos.

Segundo o coordenador do programa, tenente-coronel Audiney Oliveira, o Proerd sur-giu da necessidade de orientar famílias que possuíam mem-bros usuários de drogas, es-pecialmente quando o uso de entorpecentes interfere nas relações familiares. “Nas es-colas onde o programa atua verifi camos uma diminuição da violência e do uso de dro-gas”, explica o coordenador.

Programa usa a educação como prevenção

PROERD AMAZONAS/DIVULGAÇÃO

Cerca de 3% da população mundial usa regularmente alguma droga ilícita (isto é, não contando tabaco, álcool e outras drogas livremente comercializadas). É como se todo o conjunto da população brasileira utilizasse drogas.

Em pesquisa divulgada em junho deste ano pelo Insti-tuto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), 9% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental de Manaus ad-

mitiram já ter usado algum tipo de droga ilícita. A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) de 2012 entrevistou cerca de 2 mil estudantes das redes pública e privada de educação da capital.

A Região Norte teve o índice de iniciação prematura ao uso de drogas em 5,4%. A pesqui-sa mostrou também que o crack – considerado uma das mais nocivas drogas ilícitas no mundo – é muito pouco utiliza-

do entre os adolescentes que disseram já ter experimentado drogas ilícitas. Um total de 2,8% de jovens disseram ter experimentado o crack uma ou duas vezes.

Segundo relatos históricos, a droga se tornou fonte de riqueza e de investimento. Já no fi nal da década de 1980, o comércio representava 75% do Produto Interno Bruto (PIB) da Bolívia, sendo, destes, 50% oriundo do comércio clandes-

tino. No Peru, o índice chegou a 90%; na Colômbia, 23%; e nos EUA, em torno de 5%. Trata-se de um negócio empresarial. Nos EUA, a movimentação com as drogas chegou a atingir 10% do PIB, igual às sete maiores empresas norte-americanas: GM, Exxon, Shell, Móbilb, Bridish, Petroleum, a Ford Motors e a IBM.

O narcotráfi co movimen-ta em torno de US$ 400 bilhões anualmente.

Consumo de tóxicos surge na juventudeDIVULGAÇÃO

Grupo de pessoas viciadas consome crack: cena triste e cada vez mais comum nos grandes centros urbanos brasileiros

Por meio do Proerd, Polícia Militar faz sua parte no esclarecimento da juventude sobre os perigos do consumo de drogas

Drogas apreendidas pela Polícia Civil: por ano, pelos menos 30 toneladas são produzidas apenas no Peru, um dos países vizinhos do Brasil

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C6 Dia a dia

A carta de um réu condenadoEm 23 páginas, o acusado de mentor do assassinato da tia, da prima e do próprio pai, que resultou no processo do “caso Belota”, Jimmy Robert revelou estar arrependido e contou seus temores e planos na prisão. Ele foi condenado na manhã da última sexta-feira a 100 anos de prisão, junto com os outros dois cúmplices

Antes do julgamento que o condenou a 100 anos de prisão por tramar a morte da tia Maria

Gracilene Belota, da prima Ga-briela e do próprio pai Roberval Roberto, o publicitário Jimmy Robert de Queiroz Brito es-creveu uma carta destinada à imprensa como uma forma de desabafo contra informa-ções divulgadas, segundo ele, de forma errada.

Em 23 páginas, Jimmy expõe opiniões sobre o crime que cho-cou a população pela premedi-tação, frieza e crueldade. Ele inicia o documento afi rmando que não há nenhum dia que ele continue a viver sem a dor e o arrependimento de tudo o que aconteceu com a sua família. “Um erro que não tem e nunca terá justifi cativas. E se vocês me perguntarem mais uma vez o que me motivou, hoje eu mesmo não saberei explicar o que acon-teceu comigo naquela época, mas lembro que eu estava muito abalado emocionalmente”, rela-

tou Jimmy na carta.O publicitário diz que fi cou

vulnerável para ser a peça fun-damental “para ser feito o mal”, e ainda explicou que o olhar da sociedade para ele seria de uma pessoa não social. Jimmy relatou todo o sentimento de estar 24 horas no isolamen-to. “É como uma eternidade, trancado num buraco escuro que parece o inferno, imagi-nem vocês cinco meses, mas eu estou onde eu deveria estar”, detalhou, acrescentando que a justiça do homem realmente deve ser feita.

Para a sociedade, Jimmy Ro-bert disse que tem alguns planos de poder ajudar, pois ele deve à sociedade por três vidas que foram acabadas. “Sem falar na dívida de consciência que eu tenho e nunca conseguirei pagar quem perdeu uma amiga como a Gabi, a tia Graciene e o meu pai”, ressaltou o réu.

“Matar não é só acabar com a vida de alguém, mas também é roubar sonhos, alegria, a paz, a tranquilidade de quem fi cou vivo. Eu me refi ro envergonha-damente (sic) pelo que fi z a to-

das essas pessoas que fi caram, oro para Deus todos os dias para que a dor delas seja amenizada”, mencionou na carta.

Ele menciona uma carta que recebeu de sua irmã, na qual ela relata todos os sentimentos desde o crime, a dor da per-da dos familiares e a tristeza de todos os dias saber que o próprio irmão foi preso por participar do assassinato.

Da carta da irmã, Jimmy detalhou as ameaças que escuta apenas por vozes na prisão, até comentários como “Vou brincar contigo como brincaram com o Ro-drigo”. E afi rmou que, caso apareça de uma forma ou de outra morto, o caso jamais será relacionado como sui-cídio, pois prometeu à irmã que não trará mais nenhum sofrimento para ela.

“Quero muito trabalhar aqui dentro, não me impor-to com o quê. Posso lavar, limpar, aprender a cozinhar, escrever, ler, pintar, enfi m, fazer por mim e pelos outros. Qualquer coisa que preencha os meus dias”, declarou.

Na carta escrita na prisão, Jimmy Robert desmente várias informações divulgadas no decorrer do processo e revela alguns planos e receios caso fosse condenado

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

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A carta de um réu condenadoALBERTO CÉSAR ARAÚJO

Jimmy rebate informa-ções divulgadas de que, nos primeiros meses, te-ria solicitado visita ínti-ma de Rodrigo de Moraes Alves, um dos executores dos assassinatos, com quem manteria um rela-cionamento amoroso – re-negado pelo réu no último julgamento. “Visita íntima diferenciada, nunca pedi.

Maldito foi o dia em que eu o conheci”, afirmou.

A carta foi encaminhada pelo advogado de Jimmy, Diego Padilha. Na semana passada, em um bilhete, Jimmy voltou a acusar a esposa de seu avô paterno, Olga Matos, de ser a real arquiteta dos assassina-tos, com a finalidade de receber uma herança caso

eliminasse os membros da família. A acusação contra Olga foi feita no julga-mento do caso em abril passado. No entanto, nem Ruan Pablo Bruno Cláudio Magalhães nem Rodrigo re-velaram conhecimento so-bre a mulher. Ainda assim, o Ministério Público solicitou diligências no sentido de averiguar as denúncias do

publicitário. A quebra do sigilo telefônico foi final-mente determinada pela juíza Mirza Telma de Oli-veira Cunha, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, onde tramita o processo, para cumprimento pela Delega-cia Especializada de Homi-cídios e Sequestros (DEHS), sem prejuízo do andamento do julgamento.

‘Maldito foi o dia em que eu o conheci’

Parte da carta escrita por Jimmy Robert de Queiroz Brito dias antes do julgamento que o condenou: revolta e arrependimento

REPRODUÇÃO

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Implantes devolvem fala para pacientes da FCeconTreinamento da fundação, com parceria de empresa sueca, incluiu quatro cirurgias para colocação de próteses fonatórias

A cirurgia para colocação de próteses em pacientes submetidos a laringectomia tem se tornado mais comum, com bons resultados

A Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazo-nas (FCecon), órgão

vinculado à Secretaria de Esta-do da Saúde (Susam), realizou, na manhã da última sexta-feira (22), um treinamento em par-ceria com a empresa sueca Atos Medical, que incluiu qua-tro cirurgias para a colocação de próteses fonatórias em pa-cientes submetidos à remoção total da laringe (laringectomia) durante tratamento do câncer nessa região. Os procedimen-tos têm como principal objetivo devolver a fala aos indivíduos, reintegrando-os à sociedade.

De acordo com o cirurgião de cabeça e pescoço da FCe-con, Marco Antônio Rocha, as próteses, da marca Provox, que custam em média R$ 1,6 mil cada, foram doadas pela em-presa, a partir de um contato feito durante o Congresso Bra-sileiro de Cabeça e Pescoço, realizado em setembro deste ano, em Brasília, pela equipe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Fundação.

O especialista explica que, embora não seja um proce-dimento padronizado em uni-dade oncológica, esse tipo de cirurgia vem acontecendo com frequência na FCecon, a partir do empenho dos profissionais do Serviço. De acordo com ele, a cirurgia para a colocação da prótese dura, em média, 30 mi-nutos, e o paciente recebe alta horas após o procedimento.

Os pacientes selecionados para os implantes das próte-ses têm entre 50 e 55 anos. Segundo a fonoaudióloga que acompanha a evolução do tratamento dos mesmos na FCecon, Susana Areosa, en-tre os critérios considerados

para a escolha dos que foram submetidos ao implante, esta-vam a liberação das sessões de radioterapia há pelo me-nos seis meses e não possuir obstrução no esôfago, entre outros fatores técnicos.

Marco Antônio Rocha, es-pecialista em cirurgia de ca-beça e pescoço, explica que, tanto após a laringectomia, como depois do implante, o paciente é acompanhado por uma equipe multidisci-plinar da FCecon, composta por fonoaudiólogo, psicólogo, odontologista, fisioterapeuta e médicos, com consultas peri-ódicas, o que garante sua total reabilitação. A fonoterapia a

qual eles serão submetidos posteriormente também será um fator importante para o restabelecimento da fala. O tempo varia, de pessoa para pessoa, explica o médico.

Troca de experiênciasRocha destaca que as ati-

vidades realizadas pelo Ser-viço de Cabeça e Pescoço da FCecon serão debatidas durante o 2º Congresso Pan Amazônico de Oncologia, que será realizado pela ins-tituição, em Manaus, entre os dias 27 e 30 deste mês.

EXEMPLOO cirurgião Marco Antônio Rocha explica que, embora não seja um procedimento pa-dronizado em unidade oncológica, a cirurgia vem acontecendo com frequência na Funda-ção Cecon

Equipe trabalha com troca de experiências em oncologia

De acordo com o médico especialista Marco Antônio Rocha, a ideia é que haja uma discussão em torno da possibilidade de integrar os serviços ofertados na região Norte do país, nessa área específica, levan-tando dados como a multidisciplinaridade de cada um deles e estrutura de modo a montar um panorama que aponte a realidade brasileira no que diz respeito à especiali-dade de cirurgia de cabeça e pescoço.

ProgramaçãoA programação

completa do congres-so está disponível no site www.panamazo-nicodeoncologia.com.br e as inscrições poderão ser feitas no local do evento.

Panorama sobre a especialidade

O 2º Congresso Pan Ama-zônico de Oncologia terá quatro outros eventos as-sociados. Eles acontecerão simultaneamente no Centro de Convenções Manaus Plaza Shopping, na avenida Djalma Batista, Zona Centro-Sul da capital. São eles o 2º Con-gresso de Enfermagem Onco-lógica da Região Amazônica, a 4ª Jornada de Radiologia, a 1ª Jornada de Anestesio-logia e a 1ª Jornada Amazo-nense de Terapia da Dor e

Cuidados Paliativos.As inscrições já encerra-

ram. Contudo, a programação completa está disponível na página do congresso na inter-net e os interessados poderão efetuar a inscrição no local do evento, nos quatro dias. Os valores variam entre R$ 66 e R$260. Segundo a diretora de ensino e pesquisa da FCecon, doutora Kátia Luz Torres, par-ticiparão do evento cerca de 90 palestrantes do Amazonas e de outros Estados. Serão

oferecidas 1,2 mil vagas para congressistas interessados.

Em alusão ao Dia Nacio-nal de Combate ao Câncer, comemorado em todo o país em 27 de novembro, a FCecon realizará, em parceria com a Secretaria Municipal de Saú-de (Semsa), uma sensibiliza-ção corpo a corpo para cons-cientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer e seus fatores de risco. O evento acontece na Ponta Negra, às 18h.

Eventos simultâneos na capital

A Fundação Cecon realizará atividades relacionadas ao Dia Nacional de Combate ao Câncer

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[email protected], DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 (92) 3090-1042 Plateia 3

Resgate às ‘guitarradas’regionais

Começam os preparativospara o Concerto de NatalCorais infantil e jovem do Liceu Claudio Santoro e Corpo de Dança revelam os primeiros detalhes do evento

Crianças e jovens dos respectivos corais do Liceu de Artes e Ofícios Claudio San-

toro (Laocs) já estão com as vozes afi nadas para se apresentarem na produção mais grandiosa do ano, pro-movida pela Secretaria de Estado da Cultura (SEC), que é o Concerto de Natal. Para o mesmo evento, também seguem focados os bailarinos do Corpo de Dança do Ama-zonas (CDA), paralelamente às apresentações do espe-táculo “Sagração da Prima-vera” (que ocorrem nos dia 27, 28 e 29 de novembro, no Teatro Amazonas).

O roteiro propriamente dito do Concerto de Natal – que provisoriamente está sendo chamado de “Oh, Glorious – A Christmas Wish” (Glorio-so – um desejo de Natal, na tradução para o português) – ainda não foi revelado, mas algumas luzes estão sendo acesas entre os artistas en-

volvidos na produção, que no ano passado reuniu nada menos do que quatro mil pessoas trabalhando para sua execução.

Ainda neste mês de novem-bro, após audições externas, 13 crianças e 20 jovens in-gressaram na formação dos corais do Laocs. “Cada um está com 40 integrantes, atualmente”, diz o maestro de ambos os grupos, Hugo Pinheiro. Uma de suas pupi-las, inclusive, Yasmin Maria Barroso, foi selecionada pe-los produtores que assinam a concepção do espetáculo para fazer um solo e inter-pretar uma das personagens centrais da temática. “Farei a Ceci, uma garota que, di-ferente de outras crianças, acredita verdadeiramente no espírito do Natal, e não dá o mesmo valor aos pre-sentes materiais”, diz a co-ralista de apenas 10 anos de idade, que desde 2011 faz parte do coral infantil e que, nesta oportunidade, vai cantar sozinha a canção na-talina “Where’s Christmas?”

(Onde está o Natal?).Enquanto isso, o Coral Jo-

vem se prepara, inicialmente, para interpretar um medley de diversas obras clássicas de natal, incluindo “Go, Tell It On The Mountain”. “Am-bos os corais vão trabalhar muito a expressão corporal, também. Para isso, vamos ter ensaios com as pesso-as de teatro, ainda”, afi rma Pinheiro. O Coral Infantil do Laocs foi criado em 1999 e no seu repertório completo con-tam músicas eruditas, canti-gas de roda, música popular brasileira, canções folclóricas nacionais e internacionais e canções natalinas.

Mesmo sem poder tradu-zir em palavras o conceito da nova coreografi a que o CDA deve apresentar neste Concerto de Natal, a diretora do grupo, Monique Andrade, revela que até o início do próximo mês o responsável pela concepção deve chegar a Manaus para dar prosse-guimento ao trabalho. “Desta vez, vamos receber um core-ógrafo com trabalhos desen-

volvidos na Broadway (EUA) para criar esses movimentos. Por outro lado, o artista que fez este trabalho conosco no ano passado, Rob Mackey, está de volta, mas como di-retor cênico do espetáculo, e essa parte está mais adian-tada. Para nós, é muito in-teressante esse intercâmbio porque tem muito aprendiza-do. Independente de barreiras do idioma – que nem chega a existir, uma vez que estamos bem servidos de intérpretes, há uma construção conjun-ta. Eles mesmo (da empresa norte-americana Hardrive) dizem que aprenderam muito conosco, também”, diz.

O CDA participa do Concer-to de Natal com 20 bailarinos. “Já tivemos várias reuniões com a produção do espetá-culo, fi rmando os núcleos de dança, e logo daremos pros-seguimento aos trabalhos práticos com o coreógrafo presente”, afi rma Andrade. Em 2012, o Concerto de Natal “Glorioso” atingiu a marca de 90 mil espectadores, no largo São Sebastião, no Centro.

GUSTAV CERVINKAEquipe EM TEMPO

Como em todos os anos, o Concerto de Natal será no dia 25 de dezembro, no largo São Sebastião

FOTOS: ARQUIVO EM TEMPO/HUDSON FONSECA

DIVULGAÇÃO

ALEXANDRE FONSECA

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>>O presidente da Assem-bleia Legislativa do Estado do Amazonas, deputado Jo-sué Neto está convidando para a sessão especial em homenagem aos 65 anos da Rádio Difusora do Amazonas, por meio de requerimento do deputado Belarmino Lins, no próximo dia 26, na sede do Poder Legislativo estadual.

>>A querida Silvia Pacífi -co estreia idade nova neste domingo.

>>O Cabaret Night Club, em parceria com a União Turismo, acaba de lançar a nova edição da campanha “Natal Solidário”. Até o dia 20 de dezembro, os fre-quentadores podem trocar dois pacotes de leite por um ingresso(Passaporte Pista), que serão doados para uma entidade fi lan-trópica da cidade.

>>Na lista de aniversarian-tes de hoje, Hellen Belota Alencar e Irina Moss.

>>Hoje no Lappa, esquenta da ‘Retrospectiva do Samba’, em evento que começa às 17h segue pela noite.

>>No próximo dia 4 de dezembro, no Diamond, boa parte do society de Manaus estará presente na festa de fi m de ano desta coluna, com bufê de delícias portuguesas e o sorteio de duas passagens para Lisboa. Ingressos pelos números 8118-9717 e 9985-1422. Agendem.

>> Vitrine. Alessandra e Cristiano Brandão reuniram um grupinho de amigos, na quarta-feira, no

endereço do Parque Residências.. O motivo do encontro? Comemorar o aniversário da linda anfi triã. O evento foi em petit

comitê e cheio de charme. Cristiano e Alê são grandes hosts.

>> Five stars

. O presidente do Tribu-nal de Contas do Estado do Amazonas, conselheiro Érico Desterro, participou na quin-ta-feira, na sede do Tribu-nal de Contas da União, em Brasília, do encontro Diálogo Público sobre a “Governança de Unidades de Conservação no Bioma Amazônia”.

. Érico palestrou sobre “Contribuições Socioam-bientais das Unidades de Conservação”, ao lado do ministro-substituto Weder de Oliveira, relator da Au-ditoria Coordenada de UCs no Bioma Amazônia.

. Desterro falou sobre a im-portância do estreitamento de parcerias com o TCU e que as auditorias coordenadas re-presentam mudanças do pa-radigma passado onde havia um distanciamento entre os Tribunais de Contas e o TCU. “A mudança deste cenário é salutar para a sociedade”, afi rmou. Aplausos!

>> Palestra

A aniversariante da tempo-rada Alessandra Brandão – très chic de Balmain – com o marido Cristiano, no petit comitê de quarta-feira

Efrem e Gisele Maranhão com a aniversariante Alessandra Brandão

Suely Yurtsever, Alexandre Prata, Adriane Antony Gonçalves e Jéssica Tayah

O bonitón Amim Aziz durante tarde de almoço que reuniu elenco VIP

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

O vice-governador José Melo, em seminário que discutiu o futuro das hidrovias na Amazônia, no auditório da Fede-ração das Indústrias do Estado do Amazonas

. A Secretaria Municipal de Educação tem bons motivos para comemorar.

. Foi destaque no Prêmio Nacional de Educação Fiscal colocando dois trabalhos de-senvolvidos em escolas de Ma-naus entre os dez fi nalistas e conquistando o terceiro lugar com o trabalho desenvolvido pelo Centro Municipal de Edu-cação (CMEI) Adelaide Bessa Wanderley, com o projeto “A importância da educação fi scal na educação infantil”.

. Além do CMEI, a Escola Mu-nicipal Thomás Meireles, com projeto “Acelerando na Conquis-ta da Cidadania” estava entre as dez instituições que concorriam a premiação durante a soleni-dade realizada na noite do dia 19 de novembro, no Foyer da Câmara Legislativa do Distrito Federal, em Brasília. A profes-sora coordenadora do projeto, Sandra Corrêa Lima, recebeu o prêmio, além de troféu e certi-fi cado de participação.

>> Destaque

. Do tipo irresistível a bolsa Marni com detalhes em couro dourado.

. Discreta, chique e única ao mesmo tempo, ela tem vários compartimentos para ajudar a manter a rotina do dia a dia de qualquer mulher antenada.

>> Objeto de desejo portância do estreitamento de parcerias com o TCU e que as auditorias coordenadas re-presentam mudanças do pa-radigma passado onde havia um distanciamento entre os Tribunais de Contas e o TCU. “A mudança deste cenário é salutar para a sociedade”, afi rmou. Aplausos!

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

O resgate da ‘guitarrada’ localManoel Cordeiro quer fazer uma releitura da técnica que foi sucesso nas décadas de 80 e 90 com artistas amazonenses

Depois de 10 anos sem trabalhar com artis-tas do Amazonas, o maestro e produtor

cultural paraense Manoel Cor-deiro está de volta a Manaus para produzir o novo CD do multi instrumentista e arran-jador Rosivaldo Cordeiro, in-titulado “Guitarreiro”.

O trabalho é, segundo o maestro, além de uma relei-tura no aspecto estético da “guitarrada”, um resgate his-tórico dessa técnica surgida nos anos 60, no Pará, e que, nos anos 80 e 90, teve muitos ecos em todo o Norte, inclusive no Amazonas, com artistas como Oseas da Guitarra, Teixeira de Manaus, Nonato do Cavaco e Magalhães da Guitarra,.

“Um dos últimos trabalhos com amazonenses foi Tic-tic-tac, do Carrapicho“, relembra Manoel Cordeiro, acrescen-tando que foi logo após esse período que conheceu Rosi-valdo. “Na época, eu produ-zia a banda Warilou, que fez muito sucesso em Manaus, e o Rosivaldo já tocava muito bem, de modo que é uma

grande satisfação voltar a produzir com ele”.

Ainda segundo o maestro, a intenção é que o CD “Gui-tarreiro” – que será lançado no começo de 2014 - conte com a participação de mui-tos dos artistas amazonenses que fizeram parte da história da “guitarrada”. “Vamos fazer esse resgate agregando no-

vos elementos da cultura ama-zonense, utilizando, claro, tudo que há de mais inovador na tecnologia, porque dos anos 80 pra cá muita coisa mudou”, enfatiza Manoel Cordeiro.

Ele revela que, além de produzir o CD de Rosivaldo Cordeiro, o intuito do proje-to “Guitarreiro”, realizado em

parceria com o músico, é ir além, talvez até relançando alguns dos artistas do auge da guitarrada, e iniciar no Amazonas um movimento de valorização da arte e do artista da terra, o que, no Pará, já vem dando muito certo, inclusive com a descoberta de novos ta-lentos como Gaby Amarantos, Lia Sophia e Felipe Cordeiro, fi-lho do maestro. Esses artistas vêm se destacando no cenário nacional cantando a cultura nortista, mas numa linguagem globalizada e sintonizada com as mudanças na forma de se pensar e fazer música.

“Com o advento da inclusão digital, se formou uma nova platéia, que geralmente ouve música em um arquivo de MP3. Isso demanda que se mexa na linguagem, na estrutura da música. Então, nesse CD, va-mos manter os fundamentos do ritmo da guitarrada, mas contemplar tudo que possa nos ajudar estabelecer, com essas novas platéias, uma comunicação mais próxima. Isso vai dos timbres e psi-codelias às batidas eletrô-nicas, que antes eram uma tendência e hoje são uma realidade”, argumenta.

Reafirmando tudo que dis-se o maestro Manoel, Rosi-valdo Cordeiro enfatiza seu desejo de iniciar, a partir desse novo CD, um movi-mento cultural que valorize a música da região e do Ama-zonas, mas num contexto de inovação e reinvenção.

“Para isso, conto com a experiência do Manoel, meu mestre, e com a dis-posição de outros artistas do estado que queiram se

aliar a nós”. Com relação ao repertó-

rio do CD, o artista adianta que já selecionou algumas musicas inéditas(próprias e de parceiros), e que está estudando outras para re-gravação, sendo que uma delas será Onde andará você, gravada original-mente por Alípio Martins e que foi sucesso absoluto nas festas e bailes mais populares da região e de

outras partes do País.Também, claro, serão in-

cluídos no trabalho, ele-mentos das toadas de boi-bumbá, devido à ligação do músico com o ritmo. “A força da música paraense no Brasil hoje é devido aos artistas da terra te-rem aprendido a trabalhar juntos, valorizando o que é de lá. Isso também precisa acontecer no Amazonas”, enfatiza Manoel Cordeiro.

Valorização da música regional

À esquerda, Rosivaldo Cordeiro ao lado do Manoel Cordeiro, considerado mestre da “guitarrada”

DIVULGAÇÃO

TÉCNICAManoel Cordeiro quer fazer um resgate his-tórico da “guitarrada” surgida nos anos 60, no Pará, e que, nos anos 80 e 90, teve muitos ecos em todo o Norte, inclusive no Amazonas

YNDIRA ASSAYAGEquipe EM TEMPO

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Transformar desventu-ras em patrimônio de uma vida significativa é a lição que Licco

Hazan, personagem da trama “Onde estão as flores?” trans-mite aos acompanhantes de sua trajetoria. Nascido em Sofia, Hazan vive sua adoles-cência numtrágico período da historia mundial marcado por assassinatos em massa pelos regimes nazista e soviético.

Imigrante judeu búlgaro, Licco conta como sobreviveu-aos seus poderosos carrascos para se tornar décadas de-pois, o pioneiro capaz de erigir um legado que transcende sua existência. Órfão de mãe aos dois anos e de pai aos nove anos idade, ele é conduzi-do, ainda jovem, aos campos de trabalhos forçados, onde aprende a lidar com os infor-túnios para sobreviver.

De Sofia a Istambul, obtém um visto de entrada para o Brasil e segue pelo estreito de Gibraltar para o Porto de Santos. Ali não chegam, nem ele, nem sua amada Berta.Transportados por um navio à deriva, são forçados a desem-

barcar em Belém do Pará. Ele mecânico, ela conta-

dora, estabelecem-separa conquistar novos horizontes, amparados por seus valores e pela disposição de trabalhar. Valores forjados no convívio com os descendentes da co-munidade de judeus marro-quinos que emigraram para Amazônia.

Esperançosos, apesar da fragilidade de seus destinos, tornaram-se perseverantes e realizaram seus sonhos. Em poucos anos estudaram e conheceram as possibili-dades do novo mundo que passaram a habitar. Fize-ram-se importantes expor-tadoresdo óleo de pau-rosa, fixador utilizado na indústria de cosméticos, e do bálsamo de copaíba com suas proprie-dades anti-inflamatórias e das sementes de cumaru apreciadas pelo seu aroma.

Enfrentam, na Amazônia, a barreira de outros hábitos e idioma, costumes e regras so-ciais. Com isso, desenvolvem o respeito pelo outro, alcan-çam resultados inconcebíveis nas suas caminhadas e desen-

volvem u m a capaci-dade in-comum de resiliência.

Sua experi-ência leva-os a formular a síntese da boa gestão com pa-lavras singelas e exatas: “Uma boa administração tem muito a ver com bom senso, honestidade e simplicidade”. Para o Brasil, o remédio para os males nacionais estão em três prioridades: simpli-ficação tributária, reforma política para melhorar a go-vernança pública e desbu-rocratização da legislação ambiental.

Em vez de se conformar às aparentes impossibilida-des, aprenderam a localizar a saída no labirinto da vida. Confirmaram, com seus movi-mentos, que apesar de todos os infortúniosé possível cons-truir uma vida significativa e contribuir para um mundo melhor.

O romance “Onde estão as flo-

res”, de Ilko Minev, é obra de consulta indispensável para estudiosos dos fluxos migratórios que chegaram ao Brasil e contribuíram para o desenvolvimento de uma nova pátria. Leitura recomendável para educadores e jovens em-penhados na construção de seus projetos de vida.

RESENHA

PERFIL

Jacques Marcovitch*, professor da Universidade de

São Paulo

O romance ‘Onde estão as flores’, de Ilko Mi-nev, é obra de consulta indispen-sável para estudiosos dos fluxos migratórios que che-garam ao Brasil”

Domingo ao ritmo de sambaHoje é dia do “Escritório

do Samba”, realizado no Lappa Bar, rua Rio Mar, Vieiralves, o Escritório do Samba, desta vez, irá enal-tecer as bandas que esta-rão no “Retrospectiva do Samba”, evento que será realizado no próximo dia 6 de dezembro no sam-bódromo e que terá como atrações as bandas Sorriso Maroto, Pixote, Nosso Sen-timento e ImaginaSamba. O ingresso para custa R$ 25, com direito a chope liberado das 15h às 18h.

Sob a chancela da Fábrica de Eventos, organizadora do show, o “Retrospectiva do Samba” será a última chance do ano para os amantes do samba revive-rem grandes sucessos das atrações nacionalmente destacadas. No entanto, antes que o grande dia che-gue, os adeptos do gênero

musical poderão participar dos Esquentas no Escritório do Samba, no Lappa Bar.

Neste domingo, 24, as atrações são a cantora Tay-na Pimentel e o grupo Nos-

so Caso, que começam a se apresentar a partir de 18h. “Fizemos essa parceria com a Fábrica de Eventos duran-te o Samba Manaus, agora estamos repetindo com a Retrospectiva do Samba e

pelo que pudemos observar vai ser sucesso de novo. O local é bacana, o chope é sempre gelado, o atendi-mento não deixa a desejar, a música é de qualidade, sem falar no pessoal ani-mado e descontraído. Para não deixar que o público encontre monotonia reve-zamos nossas atrações, mas sempre ressaltando o repertório das bandas que estarão na Retrospectiva do Samba”, afirma o pro-dutor Rodrigo Azevedo.

Para quem chegar cedo, por volta das 15h, haverá até as 18h, durante a exi-bição dos jogos de futebol, chopp é liberado. “Daí para completar a festa e conti-nuar com a animação a dica é ficar para ver os shows”. Durante o “Esquenta” serão sorteados brindes e ingres-sos para o “Retrospectiva do Samba”.

LAPPA WELLINGTONUCHOA/DIVULGAÇÃOEmissoras apostam no stand-up

A comédia brasileira se prepara para entrar em um novo ciclo. Depois da onda do stand-up, que usa de temas atuais, de um tom cínico e do politicamente incorreto, é a vez do humor de auditório, de tipos, corporal e ingênuo, ditar as regras.

A tendência foi determina-da pelo sucesso do “Vai que Cola”, teleteatro do Multishow, que mostra a interação de personagens caricatos numa pensão de subúrbio carioca, e pelo revival do “Sai de Baixo”, que dobrou a audiência da Globo no domingo.

Seguindo uma linha seme-

lhante, em dezembro, dois no-vos programas serão exibidos pela TV aberta: “Divertics”, na Globo, e a “Nova Família Tra-po”, na Record.

Em 2014, o Multishow lança uma atração com os humo-ristas Fábio Porchat e Tatá Werneck e a segunda tem-porada do “Vai que Cola”. Em comum, todas essas atrações têm auditório e gargalhadas após as piadas.

ReferênciasO programa global unirá

esquetes ao humor de trupe (como em “Os Trapalhões” e “TV Pirata”) de forma teatral.

O novo do Multishow, ain-da sem nome, vai ao ar em julho. Escrito pela roteirista e colunista do site da Folha Tati Bernardi, deve fazer piada com os programas que fazem tudo por audiência.

Na opinião do diretor do canal, Guilherme Zattar, o humor de auditório pegou porque é coloquial. “As pesso-as se identificam. Funciona como terapia”, afirma. Para ele, o resgate do auditório era óbvio. “Era um formato que estava abandonado ha-via sete anos, e resolvi usar meu elenco”, diz, em referên-cia ao “Vai que Cola”.

TV

FUTEBOL Para quem chegar cedo, por volta das 15h, haverá até as 18h, durante a exibição dos jogos de futebol, chope é liberado. Depois a pedida e ficar e cur-tir os shows

ONDE ESTÃO AS FLORES?

SERVIÇO

Autor:

Editora:

Ilko Minev, 248 paginas Virgilae, 2014

Uma lição de esperança

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoValendo taçaNo contrato celebrado

entre as partes, Ronaldo Fenômeno está desobriga-do de participar das trans-missões dos amistosos da seleção brasileira.

Só em competições ofi -ciais.

Puxando um poucoA Rede TV! deve provocar

uma pequena alteração na sua grade, fazendo o pro-grama da Igreja da Graça ser exibido das 21h20 às 22h20.

Todos os que entram a seguir, a partir da faixa destinada à linha de shows, serão exibidos 10 minutos mais cedo.

Assunto da semanaO desempenho de Ma-

teus Solano é reconhecido internamente, até mesmo pelos seus companheiros de “Amor à Vida”.

No dia seguinte à exi-bição do capítulo, todos fi zeram questão de cum-primentá-lo.

RepercussãoManifestações também

colocadas nas redes so-ciais. Emílio Orciollo Neto, outro bom ator do elenco de “Amor à Vida” postou o seguinte:

“Sabe aqueles atores

que te impressionam a cada cena, cada gesto, cada pala-vra. Pois bem, Mateus Solano é um deles. Mateus é dos GRANDES!!!! Ótimo colega, talentoso, bom caráter, disci-plinado, criativo, ousado...... enfi m, o cara é um P... ATOR!!!! Parabéns pelo sucesso vc merece!!!”.

PainelA diretora Bia Rosenberg,

ex-Cultura, vai participar de dois painéisno Doha Film Festival, no Qatar, dias 27 e 28, para discussões sobre mídia ecriança.

No evento, Bia vai apresen-tar o projeto de nova série de TV “IgarapéMágico”, que se

passa na região amazônica, e tem estreia marcada pa-rajaneiro na TV Brasil.

Combinado assimMais tardar até o fi m des-

te mês, Tatá Werneck deve assinar novo contrato com a TV Globo.

O atual vale apenas pela du-ração de “Amor à Vida”, mas o próximo permitirá que ela pos-sa atuar em outros diferentes setores da programação.

Ao trabalhoUma das propostas de

trabalho da nova direção da Globo é otimizar o apro-veitamento dos seus con-tratados.

MomentoO diretor Jorge

Fernando e sua mãe, Hilda Re-bello, em interva-lo de gravação do “Divertics”, como acontece em todos os seus trabalhos da Globo.

Este novo humo-rístico estreia dia 8 de dezembro.

Bate-rebate• Gugu Liberato continua em

entendimentos com a TV Sic, de Portugal. Há o interesse de ele fazer um programa por lá.Mas o problema esbarra na distância que nos separa. Gugu pretende retomar o seu trabalho na televisão também por aqui. E ainda tenta encon-trar um meio de acomodar os pés nas duas canoas.

• Marcelo Tas, hoje, em Inter-lagos, será comentarista da Fórmula 1 em Interlagos...

• ... É a penúltima coisa que faltava ele fazer. A última ele não revela.

• Tiago Leifert e Caio Ri-beiro estão gravando mais um game do Fifa Copa do Mundo 2014.

• O lançamento do livro “Achados e Perdidos”, escrito por Faa Morena, será hoje, a partir das 14 horas, na 8ª edição da Balada Literária, em São Paulo.

Globo defi ne o ‘Show da Virada’

A Globo marcou para os dias 26 e 27 deste mês, no Credicard Hall, em São Paulo, as gravações do especial “Show da Virada”, que irá ao ar dia 31 de dezembro. Já estão confi rmadas as participações de Anitta, Leonardo, Luan Santana, Paula Fernandes, Thia-guinho, Péricles, Sambô, Grupo Reve-lação, Zezé di Camargo & Luciano, Cláudia Leite, Zeca Pagodinho, Jota Quest e Latino, entre outros.

A Globo encerrou em Viena as gravações de “Em Famí-lia”, novela de Manoel Carlos, substituta de “Amor à Vida” na faixa das 9, que estreia em fevereiro

Foi a segunda e última etapa de externas da fase inicial da novela. A primeira bateria aconteceu em Goiás. Passo seguinte, só estúdios.

Ficamos assim. Mas ama-

nhã tem mais. Tchau

C’est fi ni

GLOBO/RAPHAEL DIAS

Na descrição do enredo, portan-to, fi ca evidente o duplo suicídio: o de Mário Edmundo e o do próprio irmão, Carlos Edmundo, que, ao por um término em sua própria carreira e renome como escritor, comete uma espécie de suicídio ao vingar-se da mulher que o traiu. Outro aspecto interessante diz respeito ao nome da mulher de Carlos, Maria. Trata-se de uma dicotomia interessante a nos lembrar duas mulheres: a mãe de Jesus Cristo e a prostituta apedrejada, Maria Madalena. No caso específi co des-ta peça, Benjamin Lima pode ter pensado nisto quando da escolha do nome de sua personagem e, por meio deste, ter nos deixado claro este envolvimento por meio das várias referências que faz à igreja católica e seus dogmas. Portanto, Maria é lembrada ora como a mulher “boa”, companheira do marido, defendendo-o, adoran-do-o; ora a “outra”, a concubina, a traidora, a “cocotte”. E o fato de Carlos pretender ridicularizá-la ante a sociedade não deixa de ser insinuada uma forma de “apedre-jamento social”.

Em “O homem que marcha”, o casal Ramiro e Henriqueta, destituídos de capital financeiro, ficam à espera do “hábito” como forma de acostumar-se aos no-vos padrões impostos pela atual situação. Surge então a figura de Conrado, amigo de Ramiro e que acabara de receber uma herança de família. Em certo dia, ao chegar em casa, surpreende Henriqueta e Conrado relacio-nando-se intimamente e, ao invés de matá-los, como se sugere ao puxar a arma da gaveta, Ramiro trama uma vingança mais contun-dente: utiliza-se da extorsão ao amigo e amante de sua mulher por meio de vultosos emprésti-mos, culminando numa melhora

significativa em sua qualidade de vida e, simultaneamente, fazen-do Conrado crer que Maria era cúmplice da extorsão.

O que nos chama atenção é a clareza com que se desenha o mo-tivo da traição, e a própria relação de gênero nesta sociedade, por sua vez, consuma-se como fator fulcral para este entendimento. Em “O homem que marcha” é o dinheiro quem provoca o aviltamento de Henriqueta tendo em vista os pa-péis bem defi nidos do homem e da mulher, do marido e da esposa na classe média daquele período. No casamento, cabe à mulher todas as atividades internas da casa e ao homem as atividades externas, só para citar Simmel em “Filosofi a do Amor”.

Embora na sociedade apresen-tada por Benjamin Lima – que é a sua própria sociedade, a “classe média” – não sejam explícitas as relações de compra da esposa, para retirá-la dos cuidados de sua família é preciso que se dê alguma segurança a ela, mesmo que do ponto de vista fi nanceiro. Na ausência destes trunfos, ocorre o exemplo de Henriqueta, cujo aviltamento se deu pela impossi-bilidade de não mais usufruir do cabedal fi nanceiro proveniente do marido.

Neste caso, não é exatamente no dinheiro de Conrado que Henri-queta, aparentemente, esteja inte-ressada: no dia de seu aniversário acaba por receber um “mimo”, um presente, que se constitui em outro valor de troca, mas de igual função social. Pelo fato de todas as mulheres com quem Conrado se relacionara, diz Henriqueta, terem o explorado justamente por este motivo, ela não quis que seu re-baixamento fosse ainda maior ao receber tais presentes e causar má impressão ao amante.

Márcio Braz*E-mail: [email protected]

Márcio Braz*ator, diretor,

cientista social, membro do Núcleo de Antropologia Vi-

sual da Ufam (Navi) e do Conselho Mu-nicipal de Política

Cultural

O que nos chama atenção é a clareza com que se desenha o motivo da traição, e a própria rela-ção de gê-nero nesta sociedade, por sua vez, consuma-se como fator fulcral para este enten-dimento”

A dramaturgia de Benjamin Lima 2

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D6 Plateia MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Programação de TV

3h15h Jornal da Semana SBT 4h Igreja Universal 5h Pesca Alternativa6h Brasil Caminhoneiro6h30 Aventura Selvagem7h30 Vrum8h Sorteio Amazonas Da Sorte 9h Domingo Legal 13h Eliana17h Roda A Roda Jequiti17h45 Sorteio Da Telesena18h Programa Silvio Santos22h De Frente Com Gabi23h True Blood0h Divisão Criminal1h Cidade Do Crime2h20 Big Bang3h Igreja Universal

SBT

GLOBO3h55 Santa Missa em Seu Lar4h55 Amazônia Rural5h25 Pequenas Empresas, Grandes Negócios6h Globo Rural6h55 Auto Esporte7h30 Esporte Espetacular 10h30 Esquenta12h Fórmula 1: Grande Prêmio do Brasil.14h Domingão do Faustão15h Futebol 2013: Campeonato Brasileiro17h Domingão do Faustão18h55 Fantástico21h07 Sai de Baixo22h Domingo Maior 23h50 Sessão de Gala1h35 Corujão3h15 Festival de Desenhos

3h45 Bíblia Em Foco4h Santo Culto Em Seu Lar4h30 Desenhos Bíblicos7h Desenhos Bíblicos8h Amazonas Da Sorte 9h Record Kids

RECORD

BAND

04:00 Popeye05:30 Santa Missa No Seu Lar06:30 Sabadão Do Baiano07:00 Conexão Cargas08:30 Oscar - Desenho08:30 Mackenzie Em Movimento08:45 Infomercial Polishop09:45 Verdade E Vida10:00 Irmão Caminhoneiro - Boletim10:05 Pé Na Estrada10:30 Minuto Do Futebol - Boletim 10:35 Porsche Cup11:30 De Olho No Futebol Boletim11:35 Band Esporte Clube 14:00 Gol, O Grande Momento14:30 Futebol 2013 Campeonato Brasileiro16:50 Terceiro Tempo19:00 Oscar - Desenho19:10 As Caçadoras De Relíquias 20:00 Só Risos 21:00 Pânico Na Band00:00 Canal Livre01:00 Minuto Do Futebol Boletim01:05 Alex Deneriaz01:40 Show Business-reapresentação02:30 Igreja Universal

HoróscopoGREGÓRIO QUEIROZ

ÁRIES - 21/3 a 19/4 É seu casamento e as demais associações que estão, a partir de agora, passando por profunda refl exão. Os passos seguintes entre vocês exigirão rigor e responsabilidade.

TOURO - 20/4 a 20/5 O modo como aplica seu esforço no traba-lho, como leva seu cotidiano e como cuida da saúde e do conforto pessoal começam a ser reorganizados. É tempo de purifi cação física.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 O amor, as relações amorosas e afetivas, como com os fi lhos, as atividades de cunho criativo, estão de agora em diante necessi-tadas de maior rigor e disciplina.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 É nas relações familiares que começa para você o período de reorganização. Consolide as relações e bens que estão sob sua guarda, antes de seguir adiante.

LEÃO - 23/7 a 22/8 É tempo de assimilar melhor suas ideias. Os aprendizados, estudos e atividades que envol-vam o desenvolvimento intelectual precisam agora ser melhor organizados.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 A situação fi nanceira que você está come-çando a estruturar precisa, a partir de agora, ser trabalhada com o sentido de consolidação do que tenha já conquistado.

LIBRA - 23/9 a 22/10 É com relação à sua própria renovação e afi r-mação de nova identidade que você começa a ter que ser mais rigoroso. Pague o preço necessário para ser do jeito que quer ser.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 A consolidação e o grau efetivo de realidade começam a ser testados para ver até que ponto realmente superou obstáculos, impe-dimentos e tendências do passado.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Seu projeto de vida, um novo projeto que aos poucos está sendo construído por você, precisa agora ser consolidado. É preciso aumentar o grau de responsa-bilidade.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 A nova direção profi ssional que está se dese-nhando precisa agora ser bem consolidada, antes de prosseguir em seu crescimento. É preciso refl etir antes de seguir adiante.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 A filosofia e o padrão de valores que nor-teiam sua vida estão se aprofundando e ganhando em consistência. Mas é preciso agora refletir melhor sobre eles.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Momento de começar a refl etir e rever o resultado das associações e das uniões que tem estabelecidas em sua vida. Os com-promissos materiais devem ter uma base mais sólida.

CruzadinhasCinemaESTREIA

Sobrenatural – Capítulo 2: EUA. 14 anos. A aterrorizante sequência conta a história da família Lambert que busca desvendar o misterioso segredo de infância que os deixou perigosamente ligados ao mundo dos espíritos. Cinemark 1 – 13h40, 16h10, 18h40, 21h10 (dub/diariamente), 23h50 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinépolis 9 – 16h40 (dub/diariamente), 19h25, 22h (leg/diariamente); Playarte 7 – 12h50, 15h, 17h10, 19h20, 21h30 (dub/diariamente), 23h40 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 15h, 17h10, 19h15, 21h30 (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 15h20, 17h30, 19h40, 21h50 (dub/diariamente).

REPRODUÇÃO

Doctor Who – The Day Of The Doctor – 3D: ING. 10 anos. Cinemark 4 – 15h50 (dub/somente sábado).

Blue Jasmine: EUA. 12 anos. Ci-népolis 2 – 18h15, 21h35 (leg/diaria-mente), Cinépolis 4 – 18h40 (dub/dia-riamente).

Jogos Vorazes – Em Chamas: EUA. 14 anos. Cinemark 2 – 22h10 (dub/diariamente), Cinemark 5 – 11h30 (dub/somente sábado e domingo), 14h40, 17h50, 21h (dub/diariamen-te), Cinemark 6 – 14h, 17h10, 20h30 (dub/diariamente), 23h40 (dub/somen-te sexta-feira e sábado), Cinemark 7 – 12h, 15h10, 18h20, 21h30 (dub/dia-riamente); Cinépolis 3 – 14h10, 17h30, 20h55 (dub/diariamente), Cinépolis 5 – 12h (dub/exceto domingo), 18h20 (dub/diariamente), 15h10, 21h30 (leg/diariamente), Cinépolis 6 – 14h15, 17h25, 20h40 (dub/diariamente). Ciné-polis 7 – 12h45, 15h45, 18h55, 22h10 (dub/diariamente), Cinépolis 8 – 13h15, 16h15, 19h15, 22h30 (leg/diariamen-te); Playarte 1 – 15h15, 18h10 (dub/dia-riamente), 21h05 (leg/ diariamente), 23h59 (leg/somente sexta e sábado), Playarte 3 – 13h20, 16h30, 19h40 (dub/diariamente), 22h40 (dub/so-mente sexta-feira e sábado), Playarte 4 – 19h41 (dub/diariamente), 22h40 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 5 – 11h50, 14h45, 17h40, 20h35 (dub/diariamente), 23h30 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playar-

te 10 – 14h, 17h, 20 (leg/diariamente), 23h (leg/somente sexta-feira e sába-do); Cinemais Millennium – 14h10, 17h30, 20h30 (leg/diariamente), 15h30, 19h, 21h50 (leg/diariamente), 14h50, 18h20, 21h10 (dub/diariamen-te); Cinemais Plaza – 15h30, 18h40, 21h30 (dub/diariamente), 14h30, 18h, 20h50 (dub/diariamente), 13h50, 17h, 20h (dub/diariamente).

Capitão Phillips: EUA. 14 anos. Ci-népolis 1 – 13h35, 16h50, 20h (leg/dia-riamente); Cinemais Millennium – 14h, 16h30, 19h10, 22h (leg/diariamente).

Bons de Bico: EUA. Livre. Ci-nemark 2 – 12h40, 15h, 17h30, 19h50 (dub/diariamente); Cinépolis 2 – 12h30 (dub/diariamente); Cinépolis 9 – 14h30 (dub/diariamente); Playarte 4 – 13h40, 15h40, 17h40 (dub/diaria-mente), Playarte 8 – 12h40, 14h40, 16h40, 18h40, 20h40 (dub/diariamen-te), 22h35 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Thor 2 – O Mundo Sombrio: EUA. 10 anos. Cinemark 4 – 13h10 (3D/dub/diariamente), 15h50 (3D/dub/ex-ceto sábado), 18h10, 20h50 (3D/dub/diariamente), 23h30 (3D/dub/somen-te sexta-feira e sábado), Cinemark 8 – 11h10 (dub/somente sábado e do-mingo), 13h50, 16h30, 19h10, 21h50 (dub/diariamente); Cinépolis 2 – 15h15 (leg/diariamente), Cinépolis 4 – 13h30, 16h (3D/dub/diariamente); Playarte 1

CONTINUAÇÕES

– 13h (D/dub/diariamente), Playarte 2 – 13h50, 16h20,18h50, 21h20 (leg/diariamente), 23h40 (leg/somente sexta-feira e sábado); Playar-te 6 – 13h, 15h30, 18h, 20h30 (dub/diariamente), 23h (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 14h40, 17h, 19h20, 21h40 (3D/dub/diariamente), 14h, 16h20, 18h40 (dub/diariamente), 21h (leg/diariamente); Cinemais Plaza – 14h10, 16h40, 19h, 21h20 (3D/dub/diariamente), 15h10, 17h20, 19h45, 22h (dub/diariamente), 14h40, 18h30, 20h40 (dub/diariamente).

Meu Passado Me Condena: BRA. 12 anos. Cinemark 3 – 11h50 (somente sábado e domingo), 14h20, 16h50, 19h30, 22h (dia-riamente); Cinépolis 10 – 14h, 16h30, 19h, 21h45 (diariamente); Playarte 9 – 12h50, 14h55, 17h, 19h05, 21h10 (diariamente), 23h15 (dub/somente sexta-feira e sábado); Cinemais Millennium – 15h10, 17h20, 19h30, 21h35 (diariamente); Cinemais Plaza – 14h50, 16h50, 19h10, 21h15 (diariamente).

10h Domingo Da Gente 13h15 O Melhor Do Brasil 17h30 Domingo Espetacular 21h Tela Máxima - “American Pie 2 - A Segunda Vez É Ainda Melhor”23h10 Programação Iurd

DIVULGAÇÃO

Devido a transmissão da Fórmula 1, o programa “Esquenta” será mais cedo, às 10h30

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D7PlateiaMANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Jander [email protected] - www.jandervieira.com.br

Rafael Assayag, Alzira Verdade e Hellen Alencar estão aniversariando hoje. Os cumprimentos.

O internacional James Basílio aterrissa na cidade, na próxima terça-feira, para cumprir uma agenda social concorrida seguida de business. O seu retorno para Miami? Dia 5 de dezembro.

Sem muitas comemorações, a linda e jovem advogada Caroline Sebben estreou nova idade, anteontem.

O Grupo Dulcila já escolheu o tema para a Expo Eventos Manaus 2014. Será sobre a Copa do Mundo e oferecerá muito mais novidades do setor de eventos. Ao todo, a feira terá 60 estandes disponíveis para expositores. Reservas pelos 3658-6334 e 3658-6312.

O vice-governador José Melo abriu ofi cialmente a 13ª edição do Seminá-rio Amazônico de Geriatria e Geron-tologia, realizado pela UnAT/UEA. O evento ocorreu no auditório da Ale-am e reuniu especialistas do Brasil, Portugal e Espanha em pesquisas sobre a terceira idade para discutir

os segredos do envelhecimento saudável na região amazônica.

No fi nal deste mês acontece em Fortaleza no Ceará, o Festival Inter-

nacional de Dança daquele Estado. O grupo coreográfi co do prestigiado

pesquisador nordestino Marcos Campos irá se apresentar ao som de toadas dos bois de Parintins. Bacana.

Os queridos Mônica Galate e Paulo Ferreira vão ofi cializar sua união no próximo dia 20, no sa-lão de festas do Alphaville 2, às 20h30, seguido de recepção no lindo lugar. Visto que o convite dourado é uma chiqueria só, o casório será deslumbrante.

::::: Sala de Espera

O projeto “Eu visitei a Arena da Amazônia” terá a 11ª e última edição do ano no próximo domingo, das 8h às 11h. O evento é uma realização da administração Aziz, por meio da Sejel, tem como objetivo de prestar contas à população sobre o andamento das obras no estádio que receberá quatro jogos durante a pri-meira fase da Copa do Mundo Fifa Brasil 2014. Os interessados em participar devem se inscrever pelo www.amazonasesporte.am.gov.br. As inscrições são gratuitas.

::::: Tour

Com delícias da Déa Cupcakes, a loja Flavvi convida para conferir o Chic Bazar de Natal, que acontecerá nos próximos dias 6 e 7, no Blue Tree Hotel, com entrada gratuita. A última edi-ção do evento vem recheada de novida-des para o público que não dispensa um bom desconto, entre elas, a presença da badaladíssi-ma blogueira Flavia Pipolo.

::::: Bazar Chic de Natal

Com a chegada do inverno o calor deu trégua, mas o senso crítico deste colunista não. Continuo criticando a insistência de muitos arquitetos em projetar e construir prédios adornados de palmeirinhas. Gente, estamos em uma região que precisa de sombras e palmeiras não dão sombras! Se é que vocês me entendem...

::::: Insistência

Depois que ribeirinhos derrubaram uma torre e cortaram cabos de telefonia celular que deixou boa parte do baixo Amazonas sem comunicação, o temor é que a moda pegue em Manaus e o povo passe a querer derrubar tudo o que não funciona em matéria de serviços. Já pensaram? Pouca coisa iria fi car em pé. Oremos!

::::: Se a moda pega?

O vice-governador José Melo abriu ofi cialmente a 13ª edição do Seminá-rio Amazônico de Geriatria e Geron-tologia, realizado pela UnAT/UEA. O evento ocorreu no auditório da Ale-am e reuniu especialistas do Brasil, Portugal e Espanha em pesquisas sobre a terceira idade para discutir

os segredos do envelhecimento saudável na região amazônica.

No fi nal deste mês acontece em Fortaleza no Ceará, o Festival Inter-

nacional de Dança daquele Estado. O grupo coreográfi co do prestigiado

pesquisador nordestino Marcos Campos irá se apresentar ao som de toadas dos bois de Parintins. Bacana.

Os queridos Mônica Galate e Paulo Ferreira vão ofi cializar sua união no próximo dia 20, no sa-lão de festas do Alphaville 2, às 20h30, seguido de recepção no lindo lugar. Visto que o convite dourado é uma chiqueria só, o casório será deslumbrante.

Com delícias da Déa Cupcakes, a loja Flavvi convida para conferir o Chic Bazar de Natal, que acontecerá nos próximos dias 6 e 7, no Blue Tree Hotel, com entrada gratuita. A última edi-ção do evento vem recheada de novida-des para o público que não dispensa

conto, entre elas, a

MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Nívia Barroso e François Harb Filho, no fantástico e cinemato-gráfi co safári do fi lho Bernardo, no Morada Buff et

Dona Graça e o desembargador Alcemir Figliuolo, o retrato da felicidade, durante a concorrida e prestigiada sessão autógrafo do livro “Uma breve história de amor e de lutas”, que congestionou o TJAM

Janete Fernandes no evento de aber-tura do Festival Bar em Bar 2013, no Café Teatro. Na foto ela expõe o prato do Palazzolo que concorre no festival “Dadinho de Tapioca”

O presidente do TCE, Érico

Desterro, e sua Milena

em comemo-ração pela 1ª

Comunhão da herdeira

Clarissa

FOTO

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D8 Plateia MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

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MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013 [email protected] (92) 3090-1010

3 Tenho minha casa pra olhar Haddad e Alckmin cantam Adoniran em Paris. Págs. 4 e 5

2 A outra face de Jesus As sutis subversões do Nazareno. Pág. 3

1

4

O Robespierre de Guilherme Peters E mais oito indicações culturais. Pág. 2

5 Do arquivo de Maria Rita Kehl

Diário de Nova YorkEm toda carrocinha de hot-dog se ‘habla español’. Pág. 6

Aldeia guarani-kaiowá, MS, 2013. Pág. 7

Capailustração deRafael Coutinho

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G2 MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

Ilustríssima Semana O MELHOR DA CULTURA EM 9 INDICAÇÕES

Ilustríssimos desta edição

Folha.com

EXPOSIÇÃOConfi ra trabalhos de Henrique César e Guilherme Peters na mostra ‘U=RI’

A BIBLIOTECADE RAQUELA colunista do Painel das Letras e repórter da “Ilustríssima” co-menta o mercado editorial

FOLHA.COM/ILUSTRISSIMAAtualização diária da página da “Ilustríssima” no site da Folha

>>folha.com/ilustrissima

FERNANDO MELLO, 31, jornalista, é mestrando em ciências políticas na Universidade de Georgetown, em Wa-shington.

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES, 57, é jornalista da Folha em Nova York.

MARIA RITA KEHL, 61, psicanalista, é integrante da Comissão Nacional da Verdade.

MARCIUS GALAN, 41, é artista plástico.

MIGUEL CONDE, 32, doutorando em Letras na PUC-Rio, é jornalista, crítico literário e editor da Rocco.

BRASILEIRO

ESTRANGEIRO

ERU

DIT

O POP

ARQUIVO PESSOAL

EXPOSIÇÃO | U=RI A mostra de Henrique César e Guilherme

Peters, cujo título faz referência à fórmula da física para medição de voltagem, propõe uma tensão quase elétrica ao investigar as raízes do modernismo. César, em sua série de autor-retratos, funde máquina e homem. Já Peters, na instalação “Retrato de Robespierre”, recria a imagem do revolucionário francês por meio de um processo de oxidação.

Galeria Vermelho | abertura na terça (dia 26), às 20h | de ter. a sex., das 10h às 19h; sáb., das 11h às 17h | até 20/12 | grátis

RAFAEL CAMPOS ROCHA, 43, é ilustrador, autor

de “Deus, Essa Gostosa” (Quadrinhos na Cia.).

RAFAEL COUTINHO, 33, é quadrinista e artista

plástico.

REINALDO JOSÉ LOPES, 34, é jornalista, assina

o blog “Darwin e Deus” no site da Folha.

1

PERIÓDICO | KLAXON EM REVISTA Todos os nove números da revis-

ta “Klaxon”, publicação porta-voz do movimento modernista que circulou entre 1922 e 1923, são relançados em versão fac-similar. A caixa com o material reúne ainda um número extra da revista, con-cebido agora pelos artistas Marilá Dardot e Fabio Morais, e um en-carte com textos sobre o legado da publicação criada por Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Guilherme de Almeida, entre outros artistas e intelectuais.

Cosac Naify e Instituto de Cultura Contemporânea | R$ 90 | lançamento na quarta (27), às 19h30, na Casa Guilherme de Almeida

Capa do primeironúmero darevista ‘Klaxon’

DVD | AS PRAIAS DE AGNÈS Neste documentário autobiográfi co de 2008, a cineasta belga radi-

cada na França Agnès Varda (“Cléo das 5 às 7”), na época às vésperas de completar 80 anos, revê momentos marcantes de sua trajetória (a adolescência, o casamento com Jacques Demy, os fi lhos, os amigos, a contracultura). O DVD é acompanhado por um encarte com o ensaio “Autofi cções e Cinema: Varda e a Tecnologia Transformadora do Eu”, da pesquisadora Claire Boyle.

Instituto Moreira Salles | R$ 39,90

LIVRO | UMBERTO ECO NO escritor e semiólogo italiano comenta no livro “História das Terras

e Lugares Lendários” locais, reais ou não, que alimentaram a imaginação dos homens e diversas obras de arte ao longo dos séculos. Eco esbanja sua deliciosa erudição ao discorrer, nesta enciclopédia vastamente ilustrada, sobre lugares como a ilha de Salomão, o continente perdido de Atlântida, o castelo do rei Arthur e as terras visitadas por Ulisses na “Odisseia”.

trad. Eliana Aguiar | Record | R$ 165 (480 págs.)

A instalação ‘Retrato deRobespierre’, de Guilherme Peters

Pintura ‘Ninfas e Sáti-ros’ (1873), de William-Adolphe Bouguereau, reproduzida no livro de Umberto Eco

LIVRO | MANOEL DE BARROS “A gente foi criado no ermo igual ser pedra./

Nossa voz tinha nível de fonte.” Esses são os dois primeiros versos de “A Turma”, único texto inédito da “Poesia Completa” de Manoel de Barros (leia o poema na folha.com/ilustrissima). Do primeiro – “Poemas Concebidos Sem Pecado” (1937) – ao mais recente livro que publicou – “Escritos em Verbal de Ave” (2011) –, o poeta erigiu uma obra que busca no prosaico e nas insignificâncias da vida interiorana formas de desvendar o mundo.

Leya | R$ 54,90 (480 págs.)

LSEMINÁRIO | CIGANOS: HISTÓRIA, IDENTIDADE E MEMÓRIA O evento debate alguns dos principais te-

mas da realidade dos povos ciganos e propõe linhas de pesquisa e de ações públicas para fortalecer sua identidade étnico-cultural. Além de palestras com pesquisadores brasileiros e estrangeiros especialistas no tema, haverá exposição com fotografias que Rogério Ferrari fez de ciganos de 45 cidades da Bahia.

Auditório da Faculdade de História da USP | de terça (26) a quinta (28) | programação e inscrição pelo site www.usp.br/leer

REVISTA | CESÁREA O jornalista Schneider Carpeggiani

e a designer Jaine Cintra lançam na quarta (27) uma revista trimestral para iPad, com textos sobre literatura, perfis e ficções. Neste primeiro núme-ro, Silviano Santiago escreve sobre a saudade, e José Castello analisa vida e obra do escritor português José Cardoso Pires.

US$ 1,99 (cerca de R$ 4,50; 127 págs.)

LIVRO | ROBERTO ARLT Primeiro romance do autor argen-

tino (1900-42), “O Brinquedo Raivo-so” publicado em 1926, finalmente ganha tradução no Brasil. Na trama, o narrador de imaginação delirante rememora sua adolescência, dividida entre duas fortes tentações (a do crime e a da literatura), e apresenta uma Buenos Aires feérica.

trad. Maria Paula Gurgel Ribeiro Iluminuras | R$ 38 (160 págs.)

LIVRO | JOHN CHEEVER “Bullet Park” é um dos cinco romances do escri-

tor americano (1912-82), um dos mais notáveis contistas do século 20. Na cidade que dá nome ao livro, dois homens se encontram: Eliot Nailles, um bom sujeito e pai de família, e Paul Hammer, que vai morar no lugar para assassinar o filho de Nailles. Com esse entrecho algo insólito, Cheever descortina as rachaduras da aparente normalidade do subúrbio americano.

trad. Pedro Sette-Câmara Companhia das Letras | R$ 41 (224 págs.)

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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G3MANAUS, DOMINGO, 24 DE NOVEMBRO DE 2013

2Não vim trazer a paz, mas a espada

História

“Não penseis que vim trazer paz à Terra; não vim trazer paz, mas espada. Vim trazer divisão entre o homem e seu pai, entre a fi lha e sua mãe”, declara Jesus no capítulo dez do Evangelho de Mateus.

Durante séculos, a maioria dos cristãos interpretou a frase belicosa do Nazareno de modo espiritual. Afi nal, se levadas ao pé da letra, as exigências de Cristo para abandonar riquezas, casa, pais e fi lhos para segui-lo não estão entre os assuntos mais agradáveis para um almo-ço familiar de domingo.

Para o escritor norte-ameri-cano de origem iraniana Reza Aslan, no entanto, está na hora de voltar a ler os versículos em seu contexto original – no qual a ideia era desembainhar uma espada literal, e não me-tafórica. Eis, em essência, a premissa de “Zelota: a Vida e a Época de Jesus de Nazaré” [trad. Marlene Suano, Zahar, R$ 36,90, 308 págs.], novo livro de Aslan, 41, que acaba de ser lançado no Brasil: Jesus não era um mestre pacifi sta, que só pensava em exaltar as virtudes dos lírios do campo e oferecer a outra face.

O principal objetivo do profeta de Nazaré, fomentar a vinda do “Reino de Deus”, equivalia a um programa político (e revolucio-nário), que envolvia a expulsão dos romanos da Palestina e a recriação da antiga e glorio-sa monarquia israelita, com o próprio Jesus no trono, sob as bênçãos de Deus.

Daí o nome do livro: zelota (do grego “zelotes”) é como os au-tores bíblicos denominavam os judeus especialmente zelosos das prerrogativas religiosas do Deus de Israel – uma divindade que, ao menos no Antigo Testa-mento, era capaz de uma ater-rorizante fúria militar contra os inimigos dos israelitas. Mais tarde, o termo seria usado para designar uma seita revolucio-nária judaica. “Vamos colocar a coisa da seguinte forma: há aqueles que acham que Jesus era total e absolutamente único, diferente de todos os judeus do seu tempo. E há os que acham que, embora ele fosse extraor-

REINALDO JOSÉ LOPES

Os ideais revolucionários de Jesus

RESUMOLivro de autor norte-americano de origem iraniana defende que as pregações de Jesus convocando o “Reino de Deus” sejam lidas de forma mais literal e revolucionária que espiritual. Embora a tese não seja total-mente inovadora, “Zelota” popularizou-se após seu autor, muçulmano, ser ata-cado em entrevista à TV nos EUA.

RAFAEL CAMPOS ROCHA/cartum Deus, Essa Gostosa

dinário e inovador, ainda assim seu pensamento tinha muito em comum com o de outros judeus. Eu faço parte desse segundo grupo”, explicou Aslan, à Folha, em entrevista por telefone.

“Os demais judeus do século 1º d.C. acreditavam que o Messias era um descendente do rei Davi cujo trabalho seria derrotar os inimigos de Israel e implantar o Reino de Deus na Terra. Acredito que essa era a visão que Jesus tinha sobre si mesmo”.

Aslan é um acadêmico, com mestrado em teologia na Uni-versidade Harvard e doutorado em história das religiões na Universidade da Califórnia, em Santa Barbara, mas seu livro conquistou o grande público. Razões alheias ao seu conteúdo contribuíram para que a obra tivesse virado best-seller nos nos EUA. No dia 26 de julho, dez dias após o lançamento norte-americano do livro, Aslan foi hostilizado por uma entrevis-tadora do canal conservador Fox News, que exigiu que ele expli-casse por que um muçulmano iria querer escrever um livro so-bre Jesus. “Ser atacado de falta de ‘jesusidade’ por uma âncora da Fox Nex é aparentemente um bom caminho para condu-zir seu livro ao número 1 das listas”, comentou Adam Gopnik, na revista “New Yorker”.

O que a âncora de TV pro-vavelmente não sabia era que o histórico religioso de Aslan é mais complexo do que ela deu a entender. Nascido numa família iraniana secular, ele tornou-se evangélico na adolescência e, mais tarde, retornou à fé de seus ancestrais.

“O ponto mais importante, que muito gente não conseguiu entender, é que o livro não é sobre o cristianismo – Jesus, afi nal, não era cristão, mas ju-deu. Meu tema é o judaísmo de veia revolucionária que existia no século 1º d.C., do qual Jesus era um representante”, susten-ta Aslan, que hoje é professor da Universidade da Califórnia em Riverside.

O básicoA abordagem do escritor é, em

grande medida, uma espécie de “retorno ao básico” na pesqui-sa histórica sobre a fi gura de Jesus Cristo. De fato, um dos primeiros intelectuais a tentar uma interpretação secular para entender quem foi o Nazareno, o alemão Hermann Samuel Rei-marus (1694-1768), já defendia que os objetivos de Jesus eram basicamente políticos.

Especialistas contam ao me-nos três grandes fases de “busca pelo Jesus histórico”, a mais recente delas nos anos 1980. Um consenso entre os estudio-sos parece quase tão distante quanto era no século 19.

Aslan diz que não há muito mistério sobre o porquê desse aparente fracasso acadêmico. “Fora do Novo Testamento, simplesmente não há nenhum traço de evidências a respeito de Jesus que seja do século 1º d.C.”, afi rma.

“Creio que até existe algum consenso, mas ele é muito limi-tado. Podemos dizer que Jesus era um judeu, que iniciou um

movimento para os judeus da Palestina, e que Roma o exe-cutou como inimigo do Estado. E é só”, diz Aslan. “O que con-seguimos fazer é pegar esse pouquinho e colocá-lo no con-texto do mundo no qual Jesus viveu, sobre o qual sabemos muita coisa. Sempre há a pos-sibilidade de que alguma nova descoberta arqueológica mude esse cenário. Mas por enquanto isso não aconteceu”.

Diante de tal pobreza de da-dos, talvez não seja surpreen-dente que haja hoje no mercado uma variedade enorme de inter-pretações sobre Jesus.

Excetuando a ideia de que o personagem nunca tenha exis-tido, sendo apenas uma fi gura mitológica inventada pelo após-tolo Paulo ou outro membro da primeira geração de cristãos – o que raríssimos historiadores sérios consideram como uma possibilidade –, uma das visões mais infl uentes é a esposada pelo ex-padre irlandês John Do-minic Crossan.

Autor de “Quem Matou Je-sus?” [trad. André Cardoso, Ima-go, R$ 60, 268 págs.], Crossan afi rma que Jesus teria sido uma versão judaica dos fi lósofos cíni-cos gregos. Em outras palavras, um pensador itinerante que ata-cava as convenções sociais e convidava seus ouvintes a levar uma vida de solidariedade radi-cal (“comensalidade” é um dos termos técnicos), defendendo que o “Reino de Deus” já esta-va presente entre os membros dessa confraria.

Outro termo técnico para des-crever a posição de Crossan e de outros especialistas é “esca-tologia realizada”, no sentido de que o Jesus histórico pintado por eles não esperava o Juízo Final e a ressurreição dos mortos (e talvez nem a sua própria): a “escatologia”, ou seja, a consu-mação do plano de Deus para o mundo, aconteceria natural-mente entre os que abraçassem a mensagem do Nazareno.

Opõe-se a essa visão um grande campo de pesquisa-dores, bastante heterogêneo, para quem Jesus era acima de tudo um profeta apocalíptico, ou seja, alguém que previa – provavelmente “para ontem”, ainda durante seu tempo de vida – a intervenção decisiva de Deus na história, libertando o “povo escolhido” de Israel e instaurando uma nova era de justiça e de paz.

Uma das abordagens mais infl uentes sob essa perspectiva está em um dos quatro volumes da série, ainda não concluída, “Um Judeu Marginal: Repensan-do o Jesus Histórico” [trad. Laura Rumchinsky, Imago, 468 págs., esgotado], do padre norte-ame-ricano John P. Meier.

Ao analisar algo que pare-ce ser tão banalmente cristão quanto a oração do Pai Nosso, por exemplo, Meier argumenta que a expressão “Venha a nós o vosso reino” deve ser lida, nos lábios de Jesus, como nada menos que um pedido para que a intervenção apocalíptica de Deus no Cosmos acontecesse o mais breve possível – o “reino” nada mais seria que esse domí-nio restaurado do Senhor.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 G5

Reportagem

RESUMOEnquanto os protestos que varreriam o país tinham início em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Al-ckmin, e o prefeito da cidade, Fernando Ha-ddad, foram à França promover a capital paulista como sede da Expo 2020. Vídeo inédito, obtido pela Folha, mostra a dupla em ação, cantando Adoniran Barbosa em Paris.

3Quando os políticos sambam miudinho O ‘Trem das Onze’ uniu Haddad e Alckmin num palco em Paris

“Todo homem cria sem saber/Como respira”, diz o primeiro verso de um dos poe-mas que o francês Paul Valéry (1871-1945) escreveu espe-cialmente para a fachada do Palácio de Chaillot, em Paris. Foi ali que, em 10 de junho de 2013, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o go-vernador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), lançaram a candidatura paulistana para sediar a Expo 2020.

A presença da dupla na Fran-ça procurava transmitir a ima-gem de um esforço conjunto e apartidário pela disputa ao di-reito de sediar a principal feira de eventos do mundo, inferior em tamanho apenas à Olimpí-ada e à Copa do Mundo.

O coquetel começou com garrafas de champanhe, en-quanto garçons passeavam pelo salão com quitutes de salmão, carne e vegetais. Alckmin e Haddad estavam acompanhados de suas mu-lheres, Lu e Ana Estela.

O evento transcorria de ma-neira protocolar, quando, às 19h, os dois políticos foram convidados a subir ao palco onde se apresentava a can-tora Daniela Mercury.

Microfones em punho, o tucano, à direita da artista baiana, e o petista, à esquer-da dela, entoaram “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa (1910-82), uma espécie de hino dos paulistas.

Pode-se dizer que o estilo de cada político em cena mime-tizou o que se sabe, ou o que transparece, de suas perso-nalidades, como mostra vídeo inédito da apresentação ao qual a Folha teve acesso.

FERNANDO MELLO ILUSTRAÇÃO RAFAEL COUTINHO

Geraldo Alckmin vestia um terno escuro e gravata ala-ranjada. Ora cruzava os braços sobre o corpo, como se esti-vesse em posição de respeito ao hino nacional, ora arriscava passos de samba marcados por meneios de cabeça. Sorri-so contido, manteve o padrão “competente” e “correto”, bem de acordo com a forma como foi apresentado no jingle de sua campanha vitoriosa em 2010.

Fernando Haddad usava um terno cinza e algo amassa-do com gravata vermelha e roxa, balançando o corpo a todo momento. Empolgado, arriscou voo solo no verso “só amanhã de manhã”, pro-vocando reação da cantora: “O prefeito está sozinho, tá vendo?”. Confi ante, o político tentou comandar a banda, pu-xando o “eu não posso fi car” que reconhecidamente chama a recomeçar a música.

O grito, no entanto, entrou na hora errada, merecendo pronta reprimenda da cantora, que se-guiu trinando o refrão, acompa-nhada por piano, contrabaixo, bateria e percussão. Sorriso largo, Haddad resguardava a postura jovial de “homem novo”, mote da campanha que o elegeu em 2012.

Enquanto a luz arroxeada dos refl etores iluminava o trio canoro, convidados ves-tindo trajes “passeio completo” sambavam em frente ao palco, celulares em riste, registrando a performance.

Mesmo diante do questio-nável brilhantismo musical de seus parceiros, Daniela Mer-cury intercalou os versos do compositor paulista com co-mentários como “a dupla é boa” e, ao fi nal da apresentação, sentenciou: “O PSDB e o PT estão bem, né, gente?”.

Falta de ritmoPor trás do “pascalingundum”

daquela noite havia mais do que falta de ritmo e de ento-nação dos governantes.

Nos dias anteriores à viagem, em 6 e 7 de junho, protestos em São Paulo, convocados pela organização Movimento Passe Livre, cobrando a redução de tarifas de transporte público, tinham evoluído para confron-tos com a Polícia Militar e quebra-quebra.

Numa foto na capa da Folha, no dia 8 de junho, integrantes da manifestação ocupavam as pistas da via que margeia o rio Pinheiros e voltavam-se para aqueles que tomavam o trem na estação ao lado. En-tre os muitos motes levados às ruas em cartazes e faixas naqueles dias, um avisava: “Se a tarifa não baixar, São Paulo vai parar”.

A Folha apurou que a conveni-ência de ir a Paris naquele mo-mento de tensão foi sopesada por Alckmin, Haddad e asses-sores. As equipes preferiram manter a agenda, em vista dos potenciais benefícios da Expo 2020 para São Paulo. Antes de embarcar para a Europa, afi nados, os dois defenderam a ação da Polícia Militar.

Procurada pela reportagem,a Prefeitura de São Paulo infor-mou, por meio de sua asses-soria, que a decisão da viagem foi tomada pela importância da Expo 2020 e porque, até então, os protestos tinham magnitude considerada normal e compatí-vel com outros atos que ocor-rem pela cidade. Segundo a assessoria, o convite para can-tar foi feito espontaneamente por Daniela Mercury. O governo do Estado não respondeu à reportagem até a conclusão desta edição.

Em 11 de junho, no entanto, os protestos pela diminuição das tarifas explodiriam. A ave-nida Paulista, onde o ato daque-le dia tinha tido início, parou: dois ônibus foram parcialmen-te incendiados, e cinco agên-cias bancárias, quebradas.

A manifestação durou até quase as onze da noite – a hora cantada por Adoniran Barbosa, que fi zera não muito longe dali, no começo de 1964, numa boate da rua Augusta, a “première” da canção, com os Demônios da Garoa.

DiscursosNa véspera, no Palácio de

Chaillot, sob o lema “poder da diversidade e harmonia do cres-cimento”, prefeito e governador de São Paulo faziam seus dis-cursos em defesa da candida-tura da capital paulista. Foram acompanhados, na fala a empre-sários e convidados franceses e brasileiros, pelo vice-presiden-te da República, Michel Temer (PMDB), que não participou do número musical.

O evento teve por cenário a torre Eiff el, vista através das grandes vidraças do palácio, considerado um dos melhores pontos da cidade para a obser-vação da atração.

Construído para a Exposição Universal de 1937 no mesmo local onde se erguera, para a Expo de 1878, o antigo Palá-cio de Trocadéro, o Chaillot abrigou a Assembleia Geral das Nações Unidas que sa-grou a Declaração Universal dos Direitos Humanos no dia 10 de dezembro de 1948. O documento foi recordado du-rante a onda de protestos que varreu o Brasil, marcada pela atuação violenta da polícia, muitas vezes arbitrária, contra manifestantes.

DistanciamentoUma das explicações mais adota-

das para a onda de protestos irradia-da de São Paulo para todo o país a partir de junho é a de que ela seria fruto do distanciamento entre os políticos, principais alvos das ruas, e a população que representam. De acordo com o mais recente “Latino-barómetro” – pesquisa de opinião pública realizada anualmente desde 1995 em 18 países latino-america-nos, pelo instituto chileno de mesmo nome –, divulgado no começo deste mês, a confi ança dos brasileiros na democracia representativa e nos políticos é uma das menores do continente.

Segundo os dados (referentes a 2011), 26% dos brasileiros se dizem “muito” ou “algo” satisfeitos com o funcionamento da democracia no país – índice próximo à menor média de satisfação com o regime jamais registrada no continente (25%, em 2001). Além disso, a democracia está longe de ser consenso no país. Enquanto a preferência por ela é ex-pressiva em países como Venezuela (87%), Argentina (73%) e Bolívia (61%), no Brasil ela é considerada a melhor opção por 49% dos entrevis-tados para o estudo.

Para a diretora do instituto Latino-barómetro, Marta Lagos, a popula-ção de diferentes países da América Latina está enviando um recado aos políticos: “Não importa como, mas alguém vai ter que me ouvir”. “Os brasileiros aprenderam que mobili-dade social é possível. Agora muitos a almejam”, diz Lagos à Folha.

LentesNa opinião de Charles King, pro-

fessor de relações internacionais da Universidade de Georgetown, é im-portante que os analistas políticos não se valham de lentes ultrapas-sadas para observar os protestos atuais. Falando no âmbito de um debate, em Washington, no qual as revoltas brasileiras foram compa-radas por professores de diversas áreas às ocorridas na Turquia e no Egito, King afi rmou que as catego-rias já conhecidas “não se encaixam perfeitamente ao que está aconte-cendo nas ruas”.

Segundo o professor, conceitos

como transição entre regimes ou consolidação da democracia estão ligados mais à década de 1990 e não explicam os acontecimentos mundiais nos últimos anos. “Não temos um jeito muito bom para falar sobre como as democracias se comportam”, resume King.

Para Diana Kapiszewski, espe-cialista em política brasileira, os protestos no Brasil ganharam força por terem mobilizado grupos ansio-sos por governos melhores e com menos corrupção.

Na sua opinião, o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo e outras capitais foi apenas uma faísca, mas a causa principal dos protestos pode ser achada na “desigualdade fi nanceira brasileira e no desgosto dos cidadãos com os políticos”. Entre os alvos populares, estavam o gover-nador e o prefeito de São Paulo.

No Palácio de Chaillot, Alckmin e Haddad se mantiveram conectados aos celulares, segundo assessores ouvidos pela Folha, e trocavam in-formações sobre o que acontecia em São Paulo. Para aliviar a tensão, entre um e outro canapé, chegaram a contar piadas, de acordo com relatos de convidados do evento.

A resposta inicial aos protestos foi articulada entre petista e tuca-no. Ainda em Paris, o governador chamou os manifestantes de “ba-derneiros” e “vândalos”, acionou a Tropa de Choque da Polícia Militar e disse que iria cobrar o ressarcimento dos prejuízos aos cofres públicos. Fernando Haddad fez coro, dizendo que os manifestantes não usavam de forma adequada a liberdade de expressão e que seus métodos não eram “aprovados pela sociedade”. No dia 19 de junho, Alckmin e Haddad anunciaram em conjunto que as ta-rifas de transporte cairiam, voltando aos valores anteriores ao reajuste.

CoquetelO coquetel no palácio foi um evento

privado. Na ocasião, o governo paulis-ta tornou pública uma foto de Geraldo Alckmin e sua mulher sorridentes em frente à Torre Eiff el.

O vídeo do show daquela noite não foi divulgado. Não é difícil imaginar que o “Trem das Onze” dos governan-tes poderia ter jogado gasolina

nos protestos. Uma mostra em cartaz até janei-

ro no Newseum, em Washington, compila bons exemplos de como as imagens são poderosas na consti-tuição de ideias políticas. “Creating Camelot” destrincha a longa história do fotógrafo Jacques Lowe ao lado da família Kennedy. Iniciada quando John Fitzgerald Kennedy era candi-dato à reeleição no Senado (1958), a parceria perdurou até os primeiros anos de presidência do democrata.

A família harmônica e o líder vigoro-so registrados naquelas fotografi as ajudaram a criar o que se conheceu como mito de Camelot, que aproxima a fi gura de JFK e seus anos à frente dos EUA à corte do lendário rei Arthur, com um soberano sábio, sua bela rainha e seus valentes cavaleiros.

Porém, como nos recorda o poe-ma de Valéry inscrito nas paredes do Chaillot, muitas vezes a criação nos escapa ao controle racional, e seus produtos, palavras ou imagens, ganham força espontânea.

Três dias após a gravação da can-toria de Alckmin e Haddad, a Folha publicou em sua primeira página a foto do policial militar Wanderlei Vig-noli, ferido e apontando a arma para um manifestante. A imagem, feita pelo fotógrafo Drago, do coletivo SelvaSP, ganhou neste mês o Prêmio Esso de Jornalismo de 2013.

O contraste entre a violência das imagens publicadas e a des-pretensiosa apresentação musical causa, agora, um imponderável estranhamento.

Vistos lado a lado, o policial san-grando e o trio sobre o palco pare-cem tão distantes quanto os versos do simbolista Vale�ry, sempre em busca de um “eu puro” por meio do “culto ao intelecto”, imortalizado nas paredes do palácio, e os do popular Adoniran, com sua prosódia peculiar, entoados naquela noite no interior do edifício.

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G4 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 MANAUS, DOMINGO, 3 DE NOVEMBRO DE 2013 G5

Reportagem

RESUMOEnquanto os protestos que varreriam o país tinham início em São Paulo, o governador do Estado, Geraldo Al-ckmin, e o prefeito da cidade, Fernando Ha-ddad, foram à França promover a capital paulista como sede da Expo 2020. Vídeo inédito, obtido pela Folha, mostra a dupla em ação, cantando Adoniran Barbosa em Paris.

3Quando os políticos sambam miudinho O ‘Trem das Onze’ uniu Haddad e Alckmin num palco em Paris

“Todo homem cria sem saber/Como respira”, diz o primeiro verso de um dos poe-mas que o francês Paul Valéry (1871-1945) escreveu espe-cialmente para a fachada do Palácio de Chaillot, em Paris. Foi ali que, em 10 de junho de 2013, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o go-vernador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB), lançaram a candidatura paulistana para sediar a Expo 2020.

A presença da dupla na Fran-ça procurava transmitir a ima-gem de um esforço conjunto e apartidário pela disputa ao di-reito de sediar a principal feira de eventos do mundo, inferior em tamanho apenas à Olimpí-ada e à Copa do Mundo.

O coquetel começou com garrafas de champanhe, en-quanto garçons passeavam pelo salão com quitutes de salmão, carne e vegetais. Alckmin e Haddad estavam acompanhados de suas mu-lheres, Lu e Ana Estela.

O evento transcorria de ma-neira protocolar, quando, às 19h, os dois políticos foram convidados a subir ao palco onde se apresentava a can-tora Daniela Mercury.

Microfones em punho, o tucano, à direita da artista baiana, e o petista, à esquer-da dela, entoaram “Trem das Onze”, de Adoniran Barbosa (1910-82), uma espécie de hino dos paulistas.

Pode-se dizer que o estilo de cada político em cena mime-tizou o que se sabe, ou o que transparece, de suas perso-nalidades, como mostra vídeo inédito da apresentação ao qual a Folha teve acesso.

FERNANDO MELLO ILUSTRAÇÃO RAFAEL COUTINHO

Geraldo Alckmin vestia um terno escuro e gravata ala-ranjada. Ora cruzava os braços sobre o corpo, como se esti-vesse em posição de respeito ao hino nacional, ora arriscava passos de samba marcados por meneios de cabeça. Sorri-so contido, manteve o padrão “competente” e “correto”, bem de acordo com a forma como foi apresentado no jingle de sua campanha vitoriosa em 2010.

Fernando Haddad usava um terno cinza e algo amassa-do com gravata vermelha e roxa, balançando o corpo a todo momento. Empolgado, arriscou voo solo no verso “só amanhã de manhã”, pro-vocando reação da cantora: “O prefeito está sozinho, tá vendo?”. Confi ante, o político tentou comandar a banda, pu-xando o “eu não posso fi car” que reconhecidamente chama a recomeçar a música.

O grito, no entanto, entrou na hora errada, merecendo pronta reprimenda da cantora, que se-guiu trinando o refrão, acompa-nhada por piano, contrabaixo, bateria e percussão. Sorriso largo, Haddad resguardava a postura jovial de “homem novo”, mote da campanha que o elegeu em 2012.

Enquanto a luz arroxeada dos refl etores iluminava o trio canoro, convidados ves-tindo trajes “passeio completo” sambavam em frente ao palco, celulares em riste, registrando a performance.

Mesmo diante do questio-nável brilhantismo musical de seus parceiros, Daniela Mer-cury intercalou os versos do compositor paulista com co-mentários como “a dupla é boa” e, ao fi nal da apresentação, sentenciou: “O PSDB e o PT estão bem, né, gente?”.

Falta de ritmoPor trás do “pascalingundum”

daquela noite havia mais do que falta de ritmo e de ento-nação dos governantes.

Nos dias anteriores à viagem, em 6 e 7 de junho, protestos em São Paulo, convocados pela organização Movimento Passe Livre, cobrando a redução de tarifas de transporte público, tinham evoluído para confron-tos com a Polícia Militar e quebra-quebra.

Numa foto na capa da Folha, no dia 8 de junho, integrantes da manifestação ocupavam as pistas da via que margeia o rio Pinheiros e voltavam-se para aqueles que tomavam o trem na estação ao lado. En-tre os muitos motes levados às ruas em cartazes e faixas naqueles dias, um avisava: “Se a tarifa não baixar, São Paulo vai parar”.

A Folha apurou que a conveni-ência de ir a Paris naquele mo-mento de tensão foi sopesada por Alckmin, Haddad e asses-sores. As equipes preferiram manter a agenda, em vista dos potenciais benefícios da Expo 2020 para São Paulo. Antes de embarcar para a Europa, afi nados, os dois defenderam a ação da Polícia Militar.

Procurada pela reportagem,a Prefeitura de São Paulo infor-mou, por meio de sua asses-soria, que a decisão da viagem foi tomada pela importância da Expo 2020 e porque, até então, os protestos tinham magnitude considerada normal e compatí-vel com outros atos que ocor-rem pela cidade. Segundo a assessoria, o convite para can-tar foi feito espontaneamente por Daniela Mercury. O governo do Estado não respondeu à reportagem até a conclusão desta edição.

Em 11 de junho, no entanto, os protestos pela diminuição das tarifas explodiriam. A ave-nida Paulista, onde o ato daque-le dia tinha tido início, parou: dois ônibus foram parcialmen-te incendiados, e cinco agên-cias bancárias, quebradas.

A manifestação durou até quase as onze da noite – a hora cantada por Adoniran Barbosa, que fi zera não muito longe dali, no começo de 1964, numa boate da rua Augusta, a “première” da canção, com os Demônios da Garoa.

DiscursosNa véspera, no Palácio de

Chaillot, sob o lema “poder da diversidade e harmonia do cres-cimento”, prefeito e governador de São Paulo faziam seus dis-cursos em defesa da candida-tura da capital paulista. Foram acompanhados, na fala a empre-sários e convidados franceses e brasileiros, pelo vice-presiden-te da República, Michel Temer (PMDB), que não participou do número musical.

O evento teve por cenário a torre Eiff el, vista através das grandes vidraças do palácio, considerado um dos melhores pontos da cidade para a obser-vação da atração.

Construído para a Exposição Universal de 1937 no mesmo local onde se erguera, para a Expo de 1878, o antigo Palá-cio de Trocadéro, o Chaillot abrigou a Assembleia Geral das Nações Unidas que sa-grou a Declaração Universal dos Direitos Humanos no dia 10 de dezembro de 1948. O documento foi recordado du-rante a onda de protestos que varreu o Brasil, marcada pela atuação violenta da polícia, muitas vezes arbitrária, contra manifestantes.

DistanciamentoUma das explicações mais adota-

das para a onda de protestos irradia-da de São Paulo para todo o país a partir de junho é a de que ela seria fruto do distanciamento entre os políticos, principais alvos das ruas, e a população que representam. De acordo com o mais recente “Latino-barómetro” – pesquisa de opinião pública realizada anualmente desde 1995 em 18 países latino-america-nos, pelo instituto chileno de mesmo nome –, divulgado no começo deste mês, a confi ança dos brasileiros na democracia representativa e nos políticos é uma das menores do continente.

Segundo os dados (referentes a 2011), 26% dos brasileiros se dizem “muito” ou “algo” satisfeitos com o funcionamento da democracia no país – índice próximo à menor média de satisfação com o regime jamais registrada no continente (25%, em 2001). Além disso, a democracia está longe de ser consenso no país. Enquanto a preferência por ela é ex-pressiva em países como Venezuela (87%), Argentina (73%) e Bolívia (61%), no Brasil ela é considerada a melhor opção por 49% dos entrevis-tados para o estudo.

Para a diretora do instituto Latino-barómetro, Marta Lagos, a popula-ção de diferentes países da América Latina está enviando um recado aos políticos: “Não importa como, mas alguém vai ter que me ouvir”. “Os brasileiros aprenderam que mobili-dade social é possível. Agora muitos a almejam”, diz Lagos à Folha.

LentesNa opinião de Charles King, pro-

fessor de relações internacionais da Universidade de Georgetown, é im-portante que os analistas políticos não se valham de lentes ultrapas-sadas para observar os protestos atuais. Falando no âmbito de um debate, em Washington, no qual as revoltas brasileiras foram compa-radas por professores de diversas áreas às ocorridas na Turquia e no Egito, King afi rmou que as catego-rias já conhecidas “não se encaixam perfeitamente ao que está aconte-cendo nas ruas”.

Segundo o professor, conceitos

como transição entre regimes ou consolidação da democracia estão ligados mais à década de 1990 e não explicam os acontecimentos mundiais nos últimos anos. “Não temos um jeito muito bom para falar sobre como as democracias se comportam”, resume King.

Para Diana Kapiszewski, espe-cialista em política brasileira, os protestos no Brasil ganharam força por terem mobilizado grupos ansio-sos por governos melhores e com menos corrupção.

Na sua opinião, o aumento das tarifas de ônibus em São Paulo e outras capitais foi apenas uma faísca, mas a causa principal dos protestos pode ser achada na “desigualdade fi nanceira brasileira e no desgosto dos cidadãos com os políticos”. Entre os alvos populares, estavam o gover-nador e o prefeito de São Paulo.

No Palácio de Chaillot, Alckmin e Haddad se mantiveram conectados aos celulares, segundo assessores ouvidos pela Folha, e trocavam in-formações sobre o que acontecia em São Paulo. Para aliviar a tensão, entre um e outro canapé, chegaram a contar piadas, de acordo com relatos de convidados do evento.

A resposta inicial aos protestos foi articulada entre petista e tuca-no. Ainda em Paris, o governador chamou os manifestantes de “ba-derneiros” e “vândalos”, acionou a Tropa de Choque da Polícia Militar e disse que iria cobrar o ressarcimento dos prejuízos aos cofres públicos. Fernando Haddad fez coro, dizendo que os manifestantes não usavam de forma adequada a liberdade de expressão e que seus métodos não eram “aprovados pela sociedade”. No dia 19 de junho, Alckmin e Haddad anunciaram em conjunto que as ta-rifas de transporte cairiam, voltando aos valores anteriores ao reajuste.

CoquetelO coquetel no palácio foi um evento

privado. Na ocasião, o governo paulis-ta tornou pública uma foto de Geraldo Alckmin e sua mulher sorridentes em frente à Torre Eiff el.

O vídeo do show daquela noite não foi divulgado. Não é difícil imaginar que o “Trem das Onze” dos governan-tes poderia ter jogado gasolina

nos protestos. Uma mostra em cartaz até janei-

ro no Newseum, em Washington, compila bons exemplos de como as imagens são poderosas na consti-tuição de ideias políticas. “Creating Camelot” destrincha a longa história do fotógrafo Jacques Lowe ao lado da família Kennedy. Iniciada quando John Fitzgerald Kennedy era candi-dato à reeleição no Senado (1958), a parceria perdurou até os primeiros anos de presidência do democrata.

A família harmônica e o líder vigoro-so registrados naquelas fotografi as ajudaram a criar o que se conheceu como mito de Camelot, que aproxima a fi gura de JFK e seus anos à frente dos EUA à corte do lendário rei Arthur, com um soberano sábio, sua bela rainha e seus valentes cavaleiros.

Porém, como nos recorda o poe-ma de Valéry inscrito nas paredes do Chaillot, muitas vezes a criação nos escapa ao controle racional, e seus produtos, palavras ou imagens, ganham força espontânea.

Três dias após a gravação da can-toria de Alckmin e Haddad, a Folha publicou em sua primeira página a foto do policial militar Wanderlei Vig-noli, ferido e apontando a arma para um manifestante. A imagem, feita pelo fotógrafo Drago, do coletivo SelvaSP, ganhou neste mês o Prêmio Esso de Jornalismo de 2013.

O contraste entre a violência das imagens publicadas e a des-pretensiosa apresentação musical causa, agora, um imponderável estranhamento.

Vistos lado a lado, o policial san-grando e o trio sobre o palco pare-cem tão distantes quanto os versos do simbolista Vale�ry, sempre em busca de um “eu puro” por meio do “culto ao intelecto”, imortalizado nas paredes do palácio, e os do popular Adoniran, com sua prosódia peculiar, entoados naquela noite no interior do edifício.

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Passado hispânico sai de baixo do tapete

De Big Apple a Gran Manzana

Diário de Nova York O MAPA DA CULTURA

Quando publicou um edito-rial em apoio a Bill de Blasio, o então candidato demo-

crata à Prefeitura de Nova York, o jornal “The New York Times” argumentou que a cidade havia obtido “muitos sucessos” ao longo dos três mandatos consecutivos de

Michael Bloomberg (2001-13), mas seu “renascimento” ainda realmente precisava

se completar. A metrópole que enfrentou

a criminalidade, reorganizou as finanças, revitalizou bair-ros e redesenhou espaços públicos continua a conviver com padrões incômodos de desigualdade social.

De Blasio, segundo o “Ti-

MARCOS AUGUSTO GONÇALVES

mes”, é o homem indicado para “dar voz aos nova-ior-quinos esquecidos”, os 46% que vivem próximos à linha de pobreza, os milhares que dormem em abrigos públi-cos, as famílias de baixa renda que não conseguem pagar aluguel e são empur-radas para longe na luta pela sobrevivência.

Grande parte da retum-bante vitória que De Blasio afinal conquistou (ele é um típico progressista que quer taxar ricos para financiar o ensino público infantil) se deve à comunidade de ori-gem hispânica.

Os considerados brancos, que eram 42% da população nova-iorquina em 1990, são hoje 33% – enquanto os his-pânicos já chegam a 29%.

Ouve-se gente falando es-panhol em cada esquina, em cada balcão, em cada carro-cinha de cachorro-quente.

Pinta A presença hispânica tam-

bém é marcante no mundo das artes e da cultura. No fim de semana passado aconte-ceu a Pinta, a feira de arte latino-americana, que reúne galerias de países do conti-nente, além de americanas, espanholas e portuguesas. O evento, que andou caído nas últimas edições, reapareceu com vigor, num endereço ba-cana (na r. Mercer, 82), no bairro do Soho.

Em atmosfera intimis-ta, a feira designou alguns curadores que selecionaram artistas e galerias para par-ticipar das diversas seções – como arte moderna, arte contemporânea, vídeos e emergentes.

As galerias brasileiras Casa Triângulo e Baró foram convidadas para o “Emer-ge”, setor coordenado pelo colombiano José Roca, cura-

dor- assistente de arte la-tino-americana da Tate, de Londres. A feira também teve uma programação de debates, dois deles dedica-dos a nomes brasileiros – os incontornáveis Hélio Oitici-ca e Oscar Niemeyer.

Não pude comparecer à mesa que discutiu a obra do artista carioca, mas as-sisti ao painel sobre nosso arquiteto mais famoso, com a presença de Carlos Bril-lembourg, da Brillembourg Architects, e de Patricio del Real, curador-assistente do departamento de arquitetu-ra e design do MoMA. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

Casa espanhola Enquanto isso, o Museu

do Brooklyn apresenta até janeiro uma exposição in-titulada “Atrás das Portas: Arte na Casa Hispano-Ame-ricana (1492”’1898)”, a pri-

meira grande mostra rea-lizada nos Estados Unidos sobre a vida privada e os interiores das residências da elite espanhola que viveu na América, da descoberta até o fim do século 19.

São cerca de 160 pinturas, esculturas, gravuras, tecidos e objetos de arte decorativa, que remetem o visitante a temas como a representa-ção pictórica dos indígenas,

os sinais distintivos da no-breza, o esquadrinhamento da casa e os rituais da vida doméstica.

A convite de Gabriel Pérez-Barreiro, diretor da pres-tigiada Coleção Patricia Phelps de Cisneros (que ce-deu peças para a exposição), tive a oportunidade de par-ticipar de uma visita guiada, com o curador Richard Aste. Uma aula.

O império espanhol chegou a ocupar mais da metade do território hoje pertencente aos Estados Unidos – uma longa e tumultuada histó-ria, muitas vezes empurrada para debaixo do tapete, que continua a bater à porta do “sonho americano”.

Serra na Gagosian Poucas coisas exibidas no

circuito de arte em Nova York causam tanta impres-são quanto a nova escultura que Richard Serra instalou na galeria Gagosian, na r. 21, no bairro de Chelsea (www.gagosian.com).

São duas peças de aço justapostas, que formam uma estrutura sinuosa de grande escala, com espaços e caminhos internos pelos quais – como em outras obras do artista – as pessoas podem transitar. As dimen-sões impressionam: as duas “metades” têm 4 metros de altura, e o conjunto alcança 25 metros de extensão por 12,2 metros de largura.

Nascido em San Francisco em 1938, Serra é um dos maiores escultores de nosso tempo, justamente celebra-do em todos os quadrantes do planeta.

E, sim, também ele é par-te da herança hispânica na América: seu pai, Tony, era um imigrante de Mallorca que foi morar na Califórnia. Hasta la vista, baby.

LÍNGUAOs considerados bran-cos, que eram 42% da população de NY em 1990, são hoje 33% – enquanto os hispâni-cos já chegam a 29%. Ouve-se gente falando espanhol em cada es-quina da Big Apple.

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5 O fi o que dá sentido à vida

Arquivo Aberto MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS

Aldeia guarani-kaiowá, Mato Grosso do Sul, 2013

Damiana agradeceu o mo-desto socorro que lhe ofere-cemos e se afastou com a família. É uma mulher miúda, como seus parentes guara-nis-kaiowás. No momento, lidera o que restou de sua aldeia: a filha dela, dois ado-lescentes de idade indefini-da e três crianças, além do cachorrinho que só percebi porque ganiu quando alguém pisou nele, no escuro.

O menino de oito anos se-gurava uma lança um pouco mais alta que ele; o adoles-cente maior, uma borduna. Será este talvez todo o arse-nal de guerra que ainda pos-suem. Devem saber que as armas não teriam serventia para enfrentar um pistolei-ro. Muito menos um bando. Vulneráveis desse jeito – e ainda resistentes. Até o fim. Que convicção sustenta a valentia deles?

Ficamos ainda do lado de fora vendo o grupo sumir na escuridão. Percebi que ti-nham arrastado uma árvore seca, que até eu sou capaz de remover, para simular um blo-queio à porteira de entrada.

Nosso reforço consistiu em levar lanternas e alguns celulares carregados para que pudessem chamar por socorro – vindo da parte de quem? De nós quatro? Da po-lícia? – caso os capangas do fazendeiro decidissem cum-prir as ameaças que fizeram por três vezes, durante o domingo [10/11].

Do outro lado da estrada, os faróis dos caminhões ilu-minavam de passagem os fantasmas dos casebres em que eles viviam antes de entrar na fazenda. Se não era para entrarem de volta na terra que o fazendeiro

MARIA RITA KEHL

VINCENT CARELLI/DIVULGAÇÃO

Os indígenas guarani-kaiowá vigiam pequena aldeia próxima a Dourados, no Mato Grosso do Sul

tomara, por que tocaram fogo nas casas dos índios no acostamento?

Essa pergunta é a mais fácil de responder: maldade. Para mostrar quem manda. Além de manchar a per-feição monótona da soja, a simples presença de um acampamento indígena na beira da estrada arranha o sentimento de soberania do fazendeiro. Não se trata de estética: o esqueleto dos casebres calcinados é muito mais feio do que a presen-ça de gente inofensiva, mas persistente. Vai ver, o que incomoda é justo essa per-sistência a desafiar a lei do mais forte. A única lei que todos reconhecem na região. Menos os índios.

A razão dos guarani para permanecer na terra é um pouco mais sofisticada. Eles não admitem abandonar seus mortos. Que por sua vez foram assassinados porque se recusavam a abandonar a terra de seus mortos mais antigos – e assim por diante. O fio que dá sentido à vida deles não se rompe com a morte dos antepassados.

Ao contrário: os vivos con-tinuam a se relacionar com os que se foram. Continuam ligados não apenas à memó-ria dos mortos, como nós, mas ao terreno onde mor-reram e foram enterrados, pois ali eles ainda estão. Não se abandona a terra que abriga os corpos dos ante-

passados, dos companheiros e filhos, dos que morreram de velhice, de doença ou de tiro, ao proteger o mesmo cemitério indígena onde re-pousam antepassados ainda mais remotos.

Por isso mesmo a maior maldade que os pistoleiros poderiam ter feito foi sumir com o corpo do cacique Ní-sio Gomes, no acampamen-to Guaviry (MS) em 2011, depois de atirarem nele de frente, à queima-roupa. Eles chegaram e chamaram o ca-cique, que se apresentou de pronto, sabendo que, se fu-gisse, a família inteira seria atacada.

O corpo foi jogado na ca-çamba da caminhonete e nun-ca se soube para onde foi levado. Mais um motivo para o povo do Guaviry não se mover do lugar onde o sangue fi cou misturado com a terra.

Não entendi ainda a cora-gem resignada dos guara-nis-kayowás de Mato Grosso do Sul. Será que eles não sabem que suas chances são mínimas?

O que eles reivindicam não é a propriedade, é o pertenci-mento. Não é a terra “deles”, embora saibam que a lei do branco exige papel passado. Não é a propriedade, é a terra à qual eles pertencem.

Essa língua é mais estran-geira ao capitalista do que a própria língua indígena. A terra não é posse, não se troca por dinheiro, não serve para especular. Serve para você saber quem você é.

Vincent Carelli, o criador do projeto Vídeo nas Aldeias, chama de martírio a dispo-sição de resistência pacífica dos guaranis-kayowás. Pelo jeito, pretendem levar a bri-ga até o fim.

A família de Damiana se afasta em direção aos barra-cos. Um de nós diz “boa-noi-te”, sem pensar. Isso é coisa que se diga a quem não sabe se vai ter dia seguinte?

PRINCÍPIOSOs guarani permane-cem na terra porque eles não admitem abandonar seus mortos; que por sua vez foram assassinados porque se recusavam a abandonar a terra de seus mortos mais antigos.

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