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phamdieu
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Em 1857, em Edinburgh, Escócia, vivia um velho homem chamado Jock.
Durante toda a vida tinha sido um fiel pastor de ovelhas, enfrentando
bravamente perigos e intempéries para defender o seu rebanho. Com quase
setenta anos, ainda conservava o coração e a habilidade de um pastor, mas
não a saúde necessária. Suas pernas já não podiam escalar as pedras para
resgatar uma ovelha ou para espantar um predador.
E, embora a família para quem trabalhava gostasse muito dele, as finanças
iam mal e não podiam mantê-lo mais como pastor. Assim, mancando por
fora e magoado por dentro, lá se foi ele de trem, deixando sua terra natal
rumo a um novo lar na cidade.
Jock fazia um pouco de tudo e ganhou muitos amigos naquela cidade de
mercadores. Eles gostavam do velho Jock pelo seu sorriso simpático, e por
suas habilidades nos mais variados trabalhos. Mas, apesar de tantos
amigos, sua família se constituía apenas dele e de um cachorrinho Fox
Terrier que ele adotou com o nome de Bobby.
Jock e Bobby eram inseparáveis e estavam sempre juntos
na rotina de passar pelas lojas em busca de serviços...
Folha 1 de 4.
Todos os dias eles começavam pelo restaurante local, onde recebiam
o que comer em troca dos serviços de Jock. Depois continuavam de porta
em porta até que finalmente, à noite, os dois voltavam para um porão que
lhes servia de morada.
Dizem que muitas pessoas pressentem quando a hora de morrer está
próxima. E foi assim com Jock. Já havia passado quase um ano desde que
chegara à cidade. Agora era plena primavera e as colinas estavam em flor.
Um dia, ao amanhecer, ao invés de levantar, o velho Jock puxou sua cama
até perto da janelinha do porão. E lá ficou, olhando as montanhas distantes
de sua amada Escócia...
Bobby - disse ele afagando o pelo escuro e denso do cachorro, com a mão
que agora só tinha a força do amor-, é tempo de eu ir para casa. Eles não
conseguirão me afastar de minha terra novamente. Sinto muito camarada,
mas você vai ter de se cuidar sozinho daqui por diante.
Jock então foi enterrado no dia seguinte em um lugar pouco comum para
pobres. Por causa do lugar onde morreu e da necessidade de ser enterrado
rapidamente, seus restos mortais foram colocados num dos cemitérios
mais nobres de Edinburgh, o cemitério Greyfriar. Entre os grandes e mais
nobres homens da Escócia, foi enterrado um homem comum e simples.
Mas é aqui que a história realmente começa.
Na manhã seguinte, o pequeno Bobby apareceu no restaurante que ele e
Jock visitavam cada manhã. A seguir ele fez a ronda das lojas, como ele e
Jock haviam sempre feito. Isto aconteceu dia após dia. Mas à noite o
cachorrinho desaparecia e somente reaparecia no restaurante no dia
seguinte. Amigos do velho Jock se perguntavam onde o cachorro ia dormir,
até que o mistério foi resolvido...
Folha 2 de 4.
Cada noite, Bobby não ia à procura de um lugar quente para dormir,
nem mesmo de um abrigo para protege-lo do frio
e chuva constantes da Escócia. Ele ia ao cemitério
Greyfriar e tomava posição ao lado de seu dono.
O vigia do cemitério tocava o cachorro cada vez que o via. Afinal, existia
uma ordem expressa, proibindo cachorros de entrarem em cemitérios. O
homem tentou consertar a cerca e até pôs armadilhas para caçar o
cachorro. Com a ajuda do chefe de polícia, o pequeno Bobby foi capturado
e preso pela carrocinha por não ter uma licença. E uma vez que ninguém
podia apresentar-se como legítimo dono daquele cachorro, parecia que
Bobby seria sacrificado...
Amigos do velho Jock que souberam do caso foram até a corte a favor de
Bobby. Finalmente, chegou o dia quando o caso deles iria ser apresentado à
alta corte de Edinburgh. Seria quase impossível salvar a vida de Bobby,
sem mencionar o tornar possível, para aquele cão fiel, poder
ficar perto do túmulo de seu amigo. Mas foi exatamente o que
aconteceu, como um ato sem precedentes na história da Escócia.
Antes que o juiz pudesse dar a sentença, uma horda de crianças entrou na
sala de audiência. Moeda por moeda, aquelas crianças conseguiram a
quantia necessária para pagar a licença de Bobby. O oficial da corte ficou
tão impressionado pela afeição das crianças por Bobby que concedeu a ele
um título especial, tornando-o propriedade da cidade, com uma coleira
declarando este fato.
Bobby pode então correr livremente, brincando com as crianças durante o
dia. Mas a cada noite, durante 14 anos até que morreu em 1872, aquele
amigo leal manteve guarda silenciosa no cemitério de Greyfriar, bem ao
lado de seu dono...
Folha 3 de 4.
Se algum dia você for para Edinburgh,
poderá ver a estátua do cãozinho Bobby
como ponto turístico da cidade, mesmo
140 anos após a sua morte.
Aquele cachorrinho de Edinburgh
demonstra uma característica que
gostaríamos de encontrar em todos
os seres humanos: LEALDADE.
A lealdade que nos faz permanecer ao lado da cama de alguém doente,
ouvir o problema dos outros por horas a fio, dar uma ajuda extra até
mesmo num sábado, domingo ou feriado...
Esta incrível espécie de amor suave se chama LEALDADE!!... Felizmente
ainda encontrada em algumas pessoas que podemos chamar de... AMIGAS.
A estas pessoas, carinhosamente dedico este texto.
Folha 4 de 4.