Ego - a personalidade humana do espírito

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ESPIRITUALISMO ECUMNICO UNIVERSALUma doutrina de vida

EgoA personalidade humana do esprito

Este livro contm textos de palestras espirituais realizadas por incorporao pelo amigo espiritual JOAQUIM DE ARUANDA e organizados por FIRMINO JOS LEITE.e MRCIA LIZ CONTIERI LEITE

Os ensinamentos deste livro seguem as bases da Doutrina Espiritualista Ecumnica Universal.

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EgosmoBaseado em estudo de O Livro dos Espritos

913. Dentre os vcios, qual o que se pode considerar radical? Temo-lo dito muitas vezes: o egosmo. Da deriva todo mal. Estudai todos os vcios e vereis que no fundo de todos h egosmo. Por mais que lhes deis combate, no chegareis a extirp-los, enquanto no atacardes o mal pela raiz, enquanto no lhe houverdes destrudo a causa. Tendam, pois, todos os esforos para esse efeito, porquanto a que est a verdadeira chaga da sociedade. Quem quiser, desde esta vida, ir aproximando-se da perfeio moral, deve expurgar o seu corao de todo sentimento de egosmo, visto ser o egosmo incompatvel com a justia, o amor e a caridade. Ele neutraliza todas as outras qualidades. O que um vcio? O que estar viciado em alguma coisa? Antes de entramos no aspecto do maior precisamos entender o que vcio. Vcio uma dependncia. Uma pessoa viciada algum dependente de alguma coisa. Este o primeiro aspecto que devemos ter em mente para o que estudaremos hoje. Buscaremos compreender a ao do egosmo como o elemento universal ao qual o ser humanizado se torna dependente, do qual depende para viver. O egosmo o vcio me do ser individualizado. a sua dependncia maior, aquilo que sem ele o esprito encarnado no vive e que, por isso, est sempre buscando realizar. Definindo egosmo, podemos afirmar que ele o querer para si em primeiro lugar. Ocorre quando o ser humanizado vive a partir do eu, quando pensa sempre em si, nas suas verdades, antes de qualquer coisa. Esta a dependncia maior de um esprito humanizado: pensar sempre em si antes do prximo. por isso que o Esprito da Verdade diz que o egosmo, ou individualismo, acaba com o amor e com a caridade. Isto ocorre porque a necessidade de levar vantagem, de ser premiado sempre, elimina quaisquer resqucios de espiritualidade no esprito encarnado. Ainda falaremos muito mais sobre este aspecto durante o dia de hoje, mas por agora preciso de que se compreenda que necessrio buscar-se o fim do vcio no eu para poder se elevar espiritualmente (viver a espiritualidade do ser). preciso que o ser humanizado perca o vcio do egosmo, da necessidade do atendimento s suas vontades, ao seu desejo, s suas paixes. Precisa se libertar do condicionamento da necessidade de ser atendido sempre, para poder aproximar-se de Deus. isso que o Esprito da Verdade est ensinando. Se o ser humanizado permanecer preso no que querer, gosta, acha certo, no que acha que deveria estar acontecendo, no que imagina que deveria ser justo acontecer, no alcanar nada com relao reforma ntima.

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Ele no consegue viver o espiritualismo e o universalismo, elementos resultantes da reforma ntima, porque est preso apenas no individualismo. Se o ser humanizado opta por sempre viver situaes que atendam nos mnimos detalhes os seus requisitos para ser feliz, comprova a sua dependncia do egosmo, do seu eu material, do seu querer e estes elementos no so universais. Portanto, nada foi conseguido no sentido de integrar-se ao Todo Universal. Este o primeiro aspecto de hoje: entender que o vcio capital esta dependncia e que todas as outras atitudes dos seres humanizados se originam no querer para si sempre.

914. Fundando-se o egosmo no sentimento do interesse pessoal, bem difcil parece extirp-lo inteiramente do corao humano. Chegar-se- a consegui-lo? A medida que os homens se instruem acerca das coisas espirituais, menos valor do s coisas materiais. Depois, necessrio que se reformem as instituies humanas que o entretm e excitam. Isso depende da educao. Isso que o Esprito da Verdade falou neste trecho deveria ser realidade, mas no . A regra deveria ser que quanto mais o ser humanizado se instrusse a respeito das coisas espirituais, mais deveria se afastar do materialismo, mas infelizmente no isso que vemos. O que se constata que aqueles que aprendem sobre espiritualidade se prendem cada vez mais ao materialismo. Poderia dizer que a busca de viver a espiritualidade na Terra ainda fundamentada num espiritualismo materialista. Isso porque os ensinamentos no reforam a espiritualidade do ser, mas so utilizados no sentido de proporcionar melhores condies para a vida humana. O espiritualismo ou qualquer outro ensinamento dos mestres usado pelos seres humanizados no sentido de criar uma vida humana mais agradvel, mais aprazvel, de acordo com o individualismo (desejos individuais) de cada um ao invs de lev-lo a viver os acontecimentos deste mundo dentro da essncia espiritual que eles possuem. Ou seja, o espiritualismo praticado no planeta est viciado pelo individualismo. Para se vivenciar o espiritualismo na sua essncia necessrio que o individualismo seja extirpado, ou seja, que os seus parmetros de certo ou errado no prevaleam para criar obrigaes ao prximo. Sem que o ser humanizado se vena (suas paixes e desejos) no h espiritualismo. No mximo haveria um espiritualismo materialista. Desta forma, saiba que sempre que voc entrar em contato com qualquer coisa espiritual, a primeira ao deste ensinamento deve ser atacar aquilo que voc acha que certo, bonito, limpo, porque estes so os frutos do seu individualismo, instrumentos do seu egosmo. Se o ensinamento no fizer isso o vcio do individualismo neutralizar a sua ao espiritual. por isso que muitas pessoas acham que no trago nenhuma notcia boa para as suas vidas. Se trouxesse apenas aquilo que voc quer ouvir, estaria nutrindo o seu materialismo e no ensinando o espiritualismo. Eu sempre digo aos outros: compreenda que a sua vida uma droga. No uso este adjetivo no sentido de ruim, mas afirmo que viver a vida ser viciado. Viver a vida material por ela mesmo usar material que vicia, porque ela fundamentada no egosmo, no individualismo, no eu. Quer um exemplo? Os que vivem a vida material, ou seja, baseiam-se nos conceitos materialista, criticam o viciado em cocana, cigarro, bebida, carne ou qualquer elemento material considerado no-certo.

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No entanto, no compreendem que agindo desta forma esto mostrando que so viciados em egosmo, ou seja, em quererem dizer o que deve ser feito pelo outro. Quem quer viver a vida, ou seja, reformar atitudes humanas, no compreende que a vivncia da vida , por essncia, um ato individualista, por que sempre comea pela constatao da existncia do eu, da minha vida.

915. Por ser inerente espcie humana, o egosmo no constituir sempre um obstculo ao reinado do bem absoluto na Terra? exato que no egosmo tendes o vosso maior mal, porm ele se prende inferioridade dos Espritos encarnados na Terra e no Humanidade mesma. Ora, depurando-se por encarnaes sucessivas, os Espritos se despojam do egosmo, como de suas outras impurezas. No existir na Terra nenhum homem isento de egosmo e praticante da caridade? H muito mais homens assim do que supondes. Apenas, no os conheceis, porque a virtude foge viva claridade do dia. Desde que haja um, por que no haver dez? Havendo dez, por que no haver mil e assim por diante? O que ser que quer dizer o Esprito da Verdade quando afirma que o egosmo se prende inferioridade dos espritos encarnados na Terra? Que o egosmo se prende ao seu nvel de elevao destes espritos. Portanto, o egosmo que hoje voc vivencia resultante do seu nvel de elevao e no uma maldade enraizada em seu corao. Ou seja, o egosmo que fundamenta as compreenses que voc tem durante a encarnao o objeto de sua provao, um dos seus carmas que precisa ser vencido. A partir da a compreenso do nosso ensinamento se altera fundamentalmente. Muitos acreditam que quando falamos que o ser humanizado egosta estamos afirmando que ele mal, errado, mas isso no verdade. Temos a plena conscincia que natural que voc vivencie hoje o egosmo quando interpreta os acontecimentos da vida carnal, porque ele faz parte do seu atual nvel de elevao. No estamos aqui para criticar ningum, mas para alertar sobre a ao contrria do individualismo nas suas pretenses de elevao espiritual e, por conseguinte, da necessidade de libertar-se deste padro vibratrio para que voc mude de patamar de elevao. Constatamos o seu egosmo apenas para poder afirmar que necessrio que se liberte do vcio de ser sempre atendido e no para acusar. Este um padro de todos aqueles que realmente se interessam em aproxim-los de Deus: constatar, propor alternativas, mas nunca acusar nem cobrar aceitao ou cumprimento das diretrizes propostas. Isto muito diferente dos espiritualistas materialistas, ou seja, daqueles que utilizam o ensinamento para atender a pr-requisitos seus. Eles compreendem o ensinamento dos mestres e descobrem um erro seu, lhe acusam de ser errado, pecador, de no prestar. No isso que estamos querendo dizer quando apontamos o egosmo com o qual vive hoje. Sempre que constatamos uma caracterstica do ser humanizado, como hoje estamos fazendo com o egosmo, compreendemos que ela um fundamento do ser humanizado porque faz parte do nvel de elevao do esprito. Jamais afirmamos que um ser universal, um filho de Deus ruim, mal ou errado.

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Alis, como j afirmamos anteriormente em diversas oportunidades, sabemos que o esprito sempre luz, puro por natureza e jamais perder na sua essncia esta pureza. Ele est viciado em egosmo, est egosta, como resultante do seu nvel de elevao espiritual, mas no nada disso. Todo seu individualismo uma poluio que surgiu com o advento, ou seja, com a ligao personalidade humana (ego) que est vivenciando para provar a si mesmo que capaz de superar o vcio do egosmo. Ento, no acusamos ningum: mostramos o caminho onde o egosmo pode ser superado para que o ser humanizado tenha conscincia da sua ao e possa mudar a sua forma de vivenciar a vida carnal. S isso. Declaramos expressamente que para ns no h mal, no h nada errado, mas que existem apenas espritos vivenciando a sua existncia, seja na matria ou fora dela, dentro do seu nvel de elevao espiritual. Esta tambm dever ser a sua atitude se quiser libertar-se nesta vida do egosmo que est vivenciando. Constatar que no existem seres humanizados maus, ruins ou errados, mas que cada esprito possui valores dentro do seu grau de elevao espiritual. Se ao contrrio, continuar se prendendo aos seus padres como o certo, saiba que, mesmo que busque o caminho da espiritualidade, estar praticando o espiritualismo materialista, aquele que acusa os outros de pecador.

916. Longe de diminuir, o egosmo cresce com a civilizao, que, at, parece, o excita e mantm. Como poder a causa destruir o efeito? Quanto maior o mal, mais hediondo se torna. Era preciso que o egosmo produzisse muito mal, para que compreensvel se fizesse a necessidade de extirp-lo. Os homens, quando se houverem despojado do egosmo que os domina, vivero como irmos, sem se fazerem mal algum, auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento mtuo da solidariedade. Ento, o forte ser o amparo e no o opressor do fraco e no mais sero vistos homens a quem falte o indispensvel, porque todos praticaro a lei da justia. Esse o reinado do bem que os Espritos esto incumbidos de preparar. Repare bem no incio deste ensinamento do Esprito da Verdade para que possamos ter conscincia da hipocrisia (dizer que est pensando no outro, mas est sempre pensando em si) com que o ser humanizado vive: era preciso que o egosmo produzisse muito mal para que compreensvel se fizesse a necessidade de extirp-lo. Para falar dessa hipocrisia lhes pergunto: o que motivou as cruzadas, as chamadas guerras santas? Egosmo. O que motivou os senhores de terra em criar e sustentar a escravido? Egosmo. Os acontecimentos hediondos da histria da humanidade sempre foram causados para atenderem a interesses individuais de determinados seres humanizados, ou seja, viciados no egosmo destes. Mas por que Deus permitiu que isso acontecesse? Segundo o Esprito da Verdade para que voc e todos os outros espritos encarnados compreendessem o que o egosmo de cada um produz. Mas, no foram apenas esses os acontecimentos hediondos que ocorreram na histria da humanidade. Na verdade eu utilizei exemplos muito distantes no tempo da realidade. Por que fiz isso? Porque este livro do final do sculo XIX, ou seja, os acontecimentos hediondos a que se referiu o Esprito da Verdade eram esses.

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Depois da publicao deste livro, ou seja, depois da divulgao deste ensinamento, j tivemos outros acontecimentos hediondos. Aconteceu a primeira e a segunda guerra mundial, a bomba atmica e mais recentemente os atos terroristas que podem ser considerados como acontecimentos hediondos fundamentados no egosmo de seres humanizados. Estes acontecimentos recentes certamente no estavam na cabea de Kardec quando ele fez a pergunta ao Esprito da Verdade. No entanto, se estivessem, o ensinamento seria o mesmo: ocorreram para que os seres humanizados compreendessem a que ponto pode levar a ao egosta baseada nas suas vontades individuais. Eu pergunto ento: o que voc, que j conhece este ensinamento, fez com relao a estes crimes hediondos? Agiu egoisticamente criticando aquele que foi egosta. Mas voc no acha que ao agir assim foi egosta. Pelo contrrio, imagina que estava certo. A humanidade precisa compreender que a crtica, mesmo que dirigida ao egosta, ao do egosmo de quem critica. Nenhuma crtica pode ser considerada sadia porque ela fundamente numa verdade individualista, num padro individual de verdade. Portanto, ao egosta. Como j estudamos fartamente, Deus cria os acontecimentos da Terra para que voc compreenda a essncia que causou tal ato e possa, assim, abrir mo da utilizao de tal essncia. Nenhuma guerra surge no planeta se no houver uma inteno egosta, se no houver um desejo individual. Portanto, as guerras existem para que voc aprenda onde o egosmo pode levar e abra mo de seus desejos prprios, mesmo que eles sejam considerados certos. Mesmo que voc deseje a paz, abra mo desse desejo para no criticar o prximo, pois se o fizer, estar agindo igualzinho a ele: fazendo guerra a quem quer guerrear. O primeiro passo para poder abrir mo do egosmo abrir mo da crtica a quem age fora dos seus padres individuais de certo. Ame a todos e a tudo acima de qualquer padro que voc tenha de certo ou errado. Alis Cristo ensinou: se voc s cumprimenta quem lhe ama que vantagem tem? At os pagos fazem isso... Faa a paz com quem quer a guerra, pois s assim expressar o verdadeiro amor. A crtica, por mais que embasada em boas intenes, jamais ser um ato de amor, pois ela se fundamenta no eu, no que cada um sabe, o que cerceia o direito do outro achar diferente. Mas, para que voc possa fazer a paz com quem quer a guerra preciso antes libertar-se do seu eu e da vontade de que este eu se sobreponha ao do prximo. E no me venham dizer que impossvel deixar de criticar Hitler porque ele fez a guerra ou o presidente dos Estados Unidos poca porque ele autorizou o uso da bomba atmica, porque no so deles estas aes. Como o Esprito da Verdade acabou de nos dizer, o egosmo precisa gerar um crime hediondo para ver se a humanidade cai na real e deixa de ser egosta, de querer s para si, de querer levar vantagem em tudo na vida. Por isso, se no fossem estes seres humanos que voc acusa teriam que ser outros, pois a guerra existiu e continuar existindo porque os seres humanizados ainda agem egoisticamente no seu dia a dia. Ns estudamos anteriormente em O Livro dos Espritos que a justia consiste em respeitar o direito do outro (pergunta 875). Portanto, se voc no quer que haja guerra, para ser realmente justo, precisa respeitar o direito do outro que quer fazer a guerra e no critic-lo ou acus-lo por isso. Mas no, voc acredita que precisa atacar quem quer guerrear para poder defender a paz para que a justia prevalea. Na verdade voc no est defendendo a paz nem a justia, mas aquilo que voc

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considera como paz e justo, ou seja, os seus padres individuais de paz e justia. Por isso falei inicialmente em descobrir a nossa hipocrisia. Estou usando a guerra como um exemplo apenas para entendermos, mas leve isso para todas as coisas da vida. Voc diz que quer viver bem com todos, mas para que isso acontea realmente tem que aprender a viver bem com todos e no exigir que os outros se fundamentem em voc para que possa existir a boa convivncia. Ou seja, voc acredita que os outros precisem agir como voc agiria em determinada situao para que esteja em paz com ele. Para mim isto tem outro nome: opresso, totalitarismo. Veja como hipcrita a sua posio. Voc diz que critica o prximo por amor, por querer o melhor para ele ou at para que a justia acontea, mas na verdade a sua real inteno a total submisso do prximo ao seu padro de certo para satisfazer o seu egosmo. No, a crtica jamais ser fundamentada no amor ou na justia. Cada um tem o direito e a liberdade de agir e para que eu p ame verdadeiramente preciso respeitar este direito. Mas poder conceder esta liberdade ao prximo, preciso que cada um se liberte do seu egosmo, do vcio de olhar primeiramente para si: o que acha certo, bonito ou o que quer. Aprenda: para o mundo espiritual no o ato em si que vale, mas a inteno com que cada um participa dos atos da existncia carnal. E a inteno com a qual os espritos participam dos atos humanizados hoje devido ao seu patamar de elevao espiritual fundamenta-se no eu, pois busca atender quilo que cada um acha que deveria acontecer.

917. Qual o meio de destruir-se o egosmo? Antes da resposta do Esprito da Verdade deixe-me fazer um pequeno comentrio. Preste bem ateno ao que vamos falar agora porque se o egosmo a determinante do seu nvel de elevao espiritual, a ascenso s acontecer com a destruio dele. Portanto, o que falaremos agora fundamental para aquele que pretende aproveitar esta encarnao. S quando compreendemos profundamente a questo do egosmo e da retirada da hipocrisia que comentei anteriormente (dizer que faz por amor e justia quando apenas quer a submisso) poderemos realmente realizar o trabalho da reforma ntima. Sem esta ao moralizadora verdadeira o esprito se ilude durante a sua existncia carnal achando que est fazendo o certo. S depois do desencarne percebe a inteno egosta com a qual vivenciou os atos de sua vida, mas a j tarde para alcanar a reforma ntima. Costumo dizer que na luta contra o ego preciso mirar no general e no nos soldados. O supremo comandante do ego o egosmo que cria vrios soldados (vaidade, ganncia, soberba) para combaterem o esprito. Este general, no entanto, est camuflado pelas prprias iluses de certo e errado que o ego criou e por isso no localizado. O esprito, ento, luta contra os soldados, mas no ataca o comandante. O egosmo permite que o esprito faa isso e at que vena alguns de seus subordinados, para poder proteger-se no anonimato e continuar agindo nos subterrneos da inteno dos seres sem ser percebido. Portanto neste trecho iremos mirar no general do seu ego (nos seus padres de certo e errado) e no ficar atirando em soldadinhos que so pees nesta batalha. Iremos tratar o cancro que causa a ferida e no tratar dos efeitos que ele provoca. Como a resposta de Fnelon grande e aborda diversos aspectos, a estudaremos em parte.

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De todas as imperfeies humanas, o egosmo a mais difcil de desenraizar-se porque deriva da influncia da matria, influncia de que o homem, ainda muito prximo de sua origem, no pode libertar-se e para cujo entretenimento tudo concorre: suas leis, sua organizao social, sua educao. O egosmo decorre da materialidade, nos ensina o amigo espiritual. J estudamos anteriormente o tema materialidade e definimos que ela no se consiste em estar ligado a uma massa carnal, mas acontece quando o ser universal encontra-se ligado a um ego humano. Portanto, o egosmo surge e natural no esprito quando ele est ligado a um ego humano. Sendo assim, enquanto houver a ligao com o ego, a inteno que o ser humanizado ter ser sempre fundamentada no egosmo. No importa a que ato estejamos nos referindo, vivenci-lo subordinado aos padres ditados pelo ego ter a inteno baseada no egosmo. Seja na aplicao das leis humanas, seja nos padres organizacionais de uma sociedade, seja na orientao do prximo sobre o que certo (educar), enquanto o ser universal estiver humanizado (submisso aos padres ditados pelo ego) o egosmo ocorrer. No importa que voc ache que esteja certo ou at que a grande maioria concorde com voc, se aplicar o que voc acha que deveria estar acontecendo para julgar a atitude do prximo ocorreu um egosmo e no uma justia ou um amor. Mas voc no v assim. Acredita que o acatamento s leis humanas deve ocorrer, que os padres organizacionais de uma sociedade precisam ser respeitados, que voc deve educar os outros para eles ajam de forma certa. Mas quem disse isso? As leis humanas so temporrias e individualizadas; as organizaes sociais so extremamente diferenciadas de acordo com cada povo; o que voc acha certo j se modificou milhares de vezes durante essa existncia. Ou seja, nada disso universal; e tudo no universal ilusrio, individual. As leis que voc acha certa so ilusrias, as organizaes sociais que voc imagina que todos tem que se submeter so iluses, tudo que voc acredita como certo mudar quando libertar-se dos padres impostos pelo ego. Portanto, exigir agora o cumprimento destes padres ao prximo submeter-se ao ego o que, naturalmente, nos leva ao egosmo. Enfim, ter um padro, seja sobre que assunto for, de certo ou errado, bonito ou feio, gera automaticamente o egosmo. Porque o egosmo consiste na cobrana de que o prximo atenda o seu padro. por isso que Buda chama os padres de paixes. Voc verdadeiramente apaixonado pelos seus padres de certo e errado e desta paixo surge, ento, o desejo do cumprimento daquilo que voc acha certo e o desejo da no existncia daquilo que voc acha errado. Ou seja, o egosmo em ao.

O egosmo se enfraquecer proporo que a vida moral for predominando sobre a vida material e, sobretudo, com a compreenso, que o Espiritismo vos faculta, do vosso estado futuro, real e no desfigurado por fices alegricas. Dois aspectos a analisarmos neste trecho. Primeiro: o egosmo acaba com a elevao moral.

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Se o egosmo contrrio elevao espiritual e se ele fundamentado no eu a elevao moral, ento, o processo de reforma ntima se consiste em buscar o ns. A partir da pergunto: o que elevar-se moralmente? Certamente no tem nada a ver com no fazer aborto, com no matar, ou seja, no est vinculada padres humanos. A elevao moral ocorre apenas quando o ser humanizado abandona o eu e vive o ns, no tendo importncia que atos ele pratique. O ns a que estamos nos referindo aquele que alcanado pela fuso perfeita de todos, ou seja, quando todos tiverem direitos iguais. Sendo assim, a elevao moral alcanada quando cada um tiver o direito de ser, estar e fazer o que quiser e voc no o julgue por isso. Segundo aspecto destacado por Fnelon: o espiritismo lhe ensina a Realidade. Para podermos entender isso vamos ver que Realidade o Espiritismo nos ensina. Em primeiro lugar o Espiritismo diz que voc um esprito. Encarnado, ligado a um ego, mas que no deixa de ser um esprito. Isso fica bem claro numa srie de perguntas que j estudamos. O que era a alma antes de encarnar? Esprito. O que voltar a ser a alma depois de desencarna? Esprito. Estar alma, ou seja, encarnado, portanto, no acaba com nossa essncia Real (esprito), mas apenas destaca uma condio especial temporria de vivncia (estar ligado a um ego).

Segunda Realidade que o Espiritismo ensina: h uma interao entre mundo espiritual e material a tal ponto que nada acontece neste mundo sem a interseo dos espritos. Como esta Realidade criada pelo Espiritismo nem sempre aceita pelo ego humanizado, vou citar textualmente o comentrio de Kardec aos ensinamentos do Esprito da Verdade. Imaginamos erradamente que aos Espritos s caiba manifestar sua ao por fenmenos extraordinrios. Quisramos que nos viessem auxiliar por meio de milagres e os figuramos sempre armados de uma varinha mgica. Por no ser assim que oculta nos parece a interveno que tm nas coisas deste mundo e muito natural o que se escuta com o concurso deles. Assim que, provocando, por exemplo, o encontro de duas pessoas, que suporo encontrar-se por acaso; inspirando a algum a idia de passar por determinado lugar; chamando-lhe a ateno para certo ponto, se disso resulta o que tenham em vista, eles obram de tal maneira que o homem, crente de que obedece a um impulso prprio, conserva sempre o seu livre arbtrio (pergunta 525 a). Nas perguntas seguintes (526 528) esta Realidade fica muito mais clara quando o Esprito da Verdade mostra que os espritos conduziro o homem que deve sucumbir de tal forma para uma escada quebrada ou para debaixo da rvore onde o raio cair, j que eles no podem alterar o curso dos elementos da natureza, mas dirigem o homem para que lhe acontea o que est previsto. Cita ainda que aquele que no deve morrer de uma bala perdida ser inspirado para se desviar e no que desviem a bala para salvar o homem. Esta a Realidade que o Espiritismo ensina: os espritos comandam as aes do ser humano ao invs de, como mgicos, agirem sobre os elementos da natureza. Este conhecimento deveria lhe levar, nas palavras de Fnelon a acabar com a fico alegrica que voc vive e que chama de realidade, verdade. A sua realidade no tem nada de Real, pois no percebe toda movimentao dos amigos espirituais guiando seus passos, mas imagina que age por moto prprio.

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Krishna tambm ao comentar a realidade que o ser humanizado vive a define a como fantasias fantasmagricas. Ou seja, os dois mestres tm a mesma compreenso sobre aquilo que voc vive como real: uma fico, uma fantasia. Olhe agora para o computador sua frente. Voc est vendo um monitor que est projetando uma imagem? Esta percepo uma fico alegrica, uma fantasia fantasmagrica. O que est sua frente na realidade fludo csmico universal. Voc est vendo um inimigo, aquele que voc no gosta. Isto uma iluso, uma fico alegrica, porque no h um ser humano sua frente, mas um esprito encarnado. A sua compreenso de que ele est agindo contra voc tambm uma fico porque ningum pratica atos, mas cumpre a ao guiado pelos amigos espirituais a partir do mundo dos espritos. Ento veja. No s hinduismo que fala, mas tambm o Espiritismo diz que voc vive uma pea de teatro chamada Divina Comdia Humana, como realidade, mas que ela no passa de uma fico alegrica, de fantasias fantasmagricas.

Quando, bem compreendido, se houver identificado com os costumes e as crenas, o Espiritismo transformar os hbitos, os usos, as relaes sociais. Quando bem entendido e identificado o Espiritismo poder surtir algum resultado na sua elevao espiritual. Antes, no. Que ainda voc dizer que compreende os ensinamentos de O Livro dos Espritos; que adianta voc dizer que se identifica com os ensinamentos trazidos pelo Esprito da Verdade, se ainda chora em um enterro acreditando que seu ente querido acabou? Que adianta dizer que se identifica com estes ensinamentos se eles afirmam que os espritos nos guiam e que ningum morre antes da hora e que Deus sabe a forma como cada um vai desencarnar (pergunta 853 a) se voc ainda acredita num assassinato? No adianta estudar: preciso compreender e se identificar com a Realidade criada pelo ensinamento. Mas, para criar esta Realidade preciso se libertar do individualismo, porque seno ser ele que criar uma interpretao individual de O Livro dos Espritos. Neste caso voc no mudou nada, no reformou nada, porque a base, a essncia da intencionalidade continua o que voc acha est certo e o que os outros acham que se dane. Esta palavra parece forte, mas preciso compreender que quando nos apegamos somente aquilo que acreditamos como certo e no damos aos outros o direito de pensar diferente em qualquer aspecto da vida, estamos demonstrando o nosso menosprezo pelo irmo. Repare que, como Fnelon, falei em todos os aspectos da vida e no s naqueles que voc quer alterar. Este o aspecto que precisa ser atentado por quem quer atacar diretamente o general. Se o ser humanizado separar verdades que podem ser abandonadas e deixar outras que imagina que so sem importncia para o mundo espiritual, nada estar realizando. A vitria precisa ser total. No existem atos da vida que no tenham relevncia na elevao espiritual. Tudo fundamental no trabalho da reforma ntima porque s existe um nico mundo que composto por tudo.

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O egosmo assenta na importncia da personalidade. Ora, o Espiritismo, bem compreendido, repito, mostra as coisas de to alto que o sentimento da personalidade desaparece, de certo modo, diante da imensidade. Exato: o seu sentimento egosta precisa acabar quando surge a compreenso da existncia nica do esprito. O desejo da sua me permanecer viva, por exemplo, precisa acabar quando se compreende a real existncia de um ser humano: a encarnao de um esprito. Quando voc entende que ela um esprito e que tem toda uma vida espiritual a ser vivida, precisa abandonar toda a sua vontade de que permanea viva para satisfazer os seus caprichos. Sem isso no adianta se dizer esprita, no adianta orgulhar-se de seu conhecimento, no adianta ir ao centro toda semana. Sem esse despossuir o eu nada se faz., por mais que se desvende o invisvel.

Destruindo essa importncia, ou, pelo menos, reduzindo-a s suas legtimas propores, ele necessariamente combate o egosmo. O que reduzir s suas devidas propores? reduzir os fatos da vida carne, matria, apenas. No exemplo que dei anteriormente (a morte da me) reduzir este acontecimento sua legtima proporo seria acreditar que um papel at ento desempenhado por um esprito encerrou-se e no acreditar que a me morreu. isso que reduzir a importncia: dar ao acontecimento o valor temporrio que ele tem. No entanto, mesmo para aqueles que conhecem os ensinamentos do Esprito da Verdade, a morte tratada como se fosse o fim. Choram afirmando que nunca mais vero seus parentes e amigos, enquanto aprenderam que a existncia do esprito eterna. Quem age desta forma pode se dizer esprita? preciso reduzir os acontecimentos do mundo sua real importncia. E o que vale um acontecimento do mundo? Nada. Cristo j nos ensinou: Deus julga a inteno de cada um. isso que tem valor para o mundo espiritual: a inteno com que se participa dos acontecimentos. Se voc participa com a inteno de ganhar individualmente, no importa o que esteja fazendo, mesmo que seja um ato considerado pela humanidade como caridoso, voc nada fez a respeito do mundo espiritual, ou a respeito da sua reforma: deixar de ser egosta. Participante: E como ns passamos isso para nossos filhos? Para sabermos como passar para nossos filhos, precisamos saber antes como passamos agora.Ou seja, como voc educa seu filho hoje. Olha como voc est bonita com esta roupa nova... Como voc est lida penteada e de banho tomado... Como seu quarto est lindo arrumado. Posso, sem medo de errar, dizer que toda a educao que voc d a seu filho forjada em cima daquilo que voc acha certo, no? So os seus padres de certo e errado que criam o elogio (aquilo que deve ser aprendido) e a crtica (aquilo que no deve mais continuar sendo feito). Isto egosmo e no amor. Muitos pais dizem que agem assim para ensinar os filhos porque os amam, mas na verdade esto agindo egoisticamente, ou seja, esto pensando em satisfazer a si mesmo, aos seus padres, e no nos filhos.

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Alm de se prenderem unicamente em posturas materiais, os pais no respeitam o direito do filho, o livre arbtrio deles, pois cobem o querer do prximo. assim que educam seus filhos: pensando em ter o prazer de ter um filho que seja cpia de vocs, mesmo que para isso eles percam a sua individualidade. Como passar este ensinamento que estamos conversando hoje para seu filho? Abrindo mo do seu egosmo, ou seja, abrindo mo do seu desejo de transformar o seu filho na cpia daquilo que voc quer. Ensina-se o filho a acabar com o egosmo no sendo egosta. Achando-o lindo de qualquer jeito, no o incentivando a estudar apenas para ser algum na vida e ganhar um salrio maior e ter mais posses... Os seres humanizados, mesmo os que se dizem espritas, incentivam seus filhos a valorizar aqueles que tm posses materiais e a possuir s prprias posses. Na verdade, transformam aqueles que possuem um bom nvel de vida num espelho a ser seguido e no aqueles que, mesmo no tendo, amam a todos e a tudo. Mude tudo isso. Ensine seu filho a valorizar o ns e no valorizar o que os outros tm. A viver feliz no importando se o quarto esteja arrumado ou no. No o incite a valorizar o ato elogiando a organizao dele, o no fazer barulho quando voc quer silncio, o agir de determinada forma porque voc e a sociedade esperam isso dele, mas sim a perseguir uma inteno amorosa em todas as situaes. Criar o esprito e no o filho: este o segredo. Ensine-o a amar incondicionalmente: a tudo e a todos. Amar sem regras, sem excees. No o ensine a ganhar, a ser bem comportado, organizado, culto ou a valorizar o que material, mas sim a ter paz de esprito e estar em harmonia com o mundo. Mas, para poder ensinar tudo isso ao seu filho voc precisa tambm estar buscando isso e, para tanto, preciso estar livre do seu egosmo, do seu desejo de que seus padres sejam atendidos. Portanto, para educar seu filho, comece mudando voc mesmo. Liberte-se voc do seu egosmo para poder educar o seu filho dentro desta forma de viver. Libertese dos seus padres de arrumado, de bonito, de certo e errado, do que seu filho tem que fazer agora, seno no saber ensinar nada. Alis, o fundador material do espiritismo, Allan Kardec, compreendeu bem isto. Veja o seu comentrio ao estudo deste item: Louvveis esforos indubitavelmente se empregam para fazer que a Humanidade progrida. Os bons sentimentos so animados, estimulados e honrados mais do que em qualquer outra poca. Entretanto, o egosmo, verme roedor, continua a ser chaga social. um mal real, que se alastra por todo o mundo e do qual cada homem mais ou menos vtima. Cumpre, pois, combat-lo, como se combate uma enfermidade epidmica. Para isso, deve-se proceder como procedem os mdicos: ir origem do mal. Procurem-se em todas as partes do organismo social, da famlia aos povos, da choupana ao palcio, todas as causas, todas as influncias que, ostensiva ou ocultamente, excitam, alimentam e desenvolvem o sentimento do egosmo. Conhecidas as causas, o remdio se apresentar

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por si mesmo. S restar ento destru-las seno totalmente, de uma s vez, ao menos parcialmente, e o veneno pouco a pouco ser eliminado. Poder ser longa a cura, porque numerosas so as causas, mas no impossvel. Contudo, ela s se obter se o mal for atacado em sua raiz, isto , pela educao, no por essa que tende a fazer os homens instrudos, mas pela que tende a fazer homens de bem. A educao, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar inteligncias, conseguir-se- corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porm, exige muito tato, muita experincia e profunda observao. grave erro pensar-se que, para exerc-la com proveito, baste o conhecimento da Cincia. Quem acompanhar, assim o filho do rico, como o do pobre, desde o instante do nascimento e observar todas as influncias perniciosas que sobre eles atuam, em conseqncia da fraqueza, da incria e da ignorncia dos que os dirigem, observando igualmente com freqncia falham os meios empregados para moraliz-los, no poder espantar-se de encontrar pelo mundo tantas esquisitices. Faa-se com o moral o que se faz com a inteligncia e ver-se- que, se h naturezas refratrias, muito maior do que se julga o nmero das que apenas reclama boa cultura, para produzir bons frutos. O homem deseja ser feliz e natural o sentimento que d origem a esse desejo. Por isso que trabalha incessantemente para melhorar a sua posio na Terra, que pesquisa as causas de seus males, para remedi-los. Quando compreender bem que no egosmo reside uma dessas causas, a que gera o orgulho, a ambio, a cupidez, a inveja, o dio, o cime, que a cada momento o magoam, a que perturba as relaes sociais, provoca dissenses, aniquila a confiana, a que o obriga a se manter constantemente na defensiva contra o seu vizinho, enfim, a que do amigo faz inimigo, ele compreender tambm que esse vcio incompatvel com a sua felicidade e, podemos mesmo acrescentar, com a sua prpria segurana. E quanto mais haja sofrido por efeito desse vcio, mais sentir a necessidade de combat-lo, como se combatem a peste, os animais nocivos e todos os outros flagelos. O seu prprio interesse a isso o induzir. O egosmo a fonte de todos os vcios, como a caridade o de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra, tal deve ser o alvo de todos os esforos do homem, se quiser assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.

Participante: Mas, o senhor ensina que os atos desta existncia esto pr-escritos como vivencia de carmas. Sendo assim, se ela precisar carmaticamente de algum que lhe cobre organizao eu terei que ser o instrumento deste carma, certo? Se ela precisa do carma de ser chamada organizao voc, com certeza, praticar atos que espelhem uma cobrana organizao. No entanto, tal entendimento no fere o ensinamento que lhe passei agora. Isto porque eu no falo em atos, mas no interior de cada um.

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O que estou ensinando aqui ao comentar o egosmo que move cada ser humanizado que voc pode, se isso o carma dela, cobrar organizao, mas, por dentro (sentimentalmente) no pode se sentir responsvel e nem esperar ou exigir que ela se organiza. Por dentro, no ntimo, e no nos atos. A est a diferena. A deciso dela se organizar ou de continuar sendo desorganizada no est ao seu alcance nem ao dela. Ela ser da forma que ter que ser carmaticamente falando, independente de qualquer outra atitude sua ou de qualquer um, pois este o papel dela nesta vida. Como ensina Krishna, cada um age dentro da sua personalidade Da mesma forma, voc falar, brigar, gritar, pedindo que ela se organize tambm ter que acontecer, pois este o seu papel. Agora, quando voc sofre porque ela no faz o que voc quer utilizou o seu individualismo, o seu egosmo para gerar o sofrimento. O ensinamento que estamos debatendo hoje interno, um estado de esprito. Na hora que voc, por atos, cobrar organizao mas, ao mesmo tempo, no cobrar de voc sofrer porque ela no se organizou, libertar-se- do individualismo, deixar de ser egosta.

O choque, que o homem experimenta, do egosmo dos outros o que muitas vezes o faz egosta, por sentir a necessidade de colocar-se na defensiva. Que ensinamento maravilhoso. Vamos l-lo juntos para tentar captar em toda profundidade o que Fnelon ensina. O choque do egosmo do outro lhe faz egosta. Ou seja, quando o outro faz o que quer baseado nos seus padres de certo e errado, voc se torna egosta, ou seja, utiliza os seus padres para julgar o outro e, assim, acaba achando que ele no deveria fazer o que est fazendo. Voc se transforma em egosta quando algum lhe contraria porque premia os seus valores como certos e quer imp-los ao outro. Julga e critica porque quer defender o seu eu (conjunto de valores de um ego conscincia) do outro. Para acabar com este egosmo existe um provrbio de Salomo que diz: se Deus por mim, quem poder ser contra. isso que o ser humanizado se esquece e, por isso, tenta se defender do outro. A humanidade no v Deus a seu favor. Vive com a realidade de que o outro est lhe massacrando, ferindo, atacando, mas isso iluso. Na verdade o outro est apenas exercendo o direito dele achar que est certo. Mas, para que ele age assim na sua frente? Para que voc se liberte do seu individualismo. Veja, se voc no se conscientizar que no existe o certo, mas sim o que voc quer que seja feito, ou seja, o seu certo, no evoluir nunca. para que voc se conscientize de que tem um certo que precisa ser eliminado para acabar com o egosmo que Deus faz os outros fazerem diferente do que voc espera e quer Podemos, ento, compreender que Deus faz o outro usar do individualismo dele na sua frente para que voc tenha uma oportunidade de dizer: meu Deus, eu sou egosta porque quero que o outro utilize o meu certo e no o dele. Este o motor da vida, ou o carma em ao. Conscientize-se de que voc quer cobrar mudanas no outro, exigir padres de ao neles, mas no quer que ningum lhe cobre, que ningum lhe contrarie. Egosmo, puro egosmo.

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Se Deus por mim e est ao meu lado, o outro pode fazer o que quiser que eu no vou precisar exigir a justia para mim, mas vou entender o recado do Pai e louv-Lo amando a todos que so diferentes de mim, sem cobrar mudanas neles. Foi isto que Fnelon ensinou e, por isso eu disse: que lindo ensinamento.

Notando que os outros pensam em si prprios e no nele, ei-lo levado a ocupar-se consigo, mais do que com os outros. Sirva de base s instituies sociais, s relaes legais de povo a povo e de homem a homem, o princpio da caridade e da fraternidade e cada um pensar menos na sua pessoa, assim veja que outros nela pensaram. Portanto, aplique este ensinamento para qualquer situao que voc viva, independente da suposta importncia que conceda a eles. Assim, com certeza, ele servir como base para a prtica da caridade necessria ensinada pelos mestres. Ou seja, que ele sirva como guia voc quando criticado, acusado, perseguido, xingado, ofendido, atacado, para poder praticar a caridade: dar ao outro o direito de, aparentemente, agir contra voc sem que para isso voc precise critic-lo. Alis no foi assim que Cristo reagiu durante a sua crucificao: Pai, perdoa, eles no sabem o que fazem... Deixe os outros falarem e acharem o que quiserem: esta a verdadeira caridade. D ao outro o direito de ser individualista, de viver a sua individualidade e voc, abrindo mo de vivera sua, vivencia a universalidade. Ns ainda estamos na mesma pergunta: como vencer o egosmo. Repare, ainda, que os ensinamentos extrados desse texto no precisam de conhecimentos anteriores para ser compreendido. Portanto, se voc quer se libertar do mal maior da humanidade (o egosmo) no precisa perder tempo em estudos profundos, mas apenas ler este trecho de Fnelon e compreend-lo em toda a sua profundidade.

Todos experimentaro a influncia moralizadora do exemplo e do contacto. Em face do atual extravasamento de egosmo, grande virtude verdadeiramente necessria, para que algum renuncie sua personalidade em proveito dos outros. o que eu acabei de falar: abrir mo da sua personalidade em favor do outro. Vamos criar um exemplo poder explicar melhor. Algum lhe diz que voc est fazendo a coisa errada, que voc no sabe fazer aquilo. A sua personalidade, o seu eu material (ego) dir que ele que no sabe o que faz. O acusar , xingar e criticar. Esta a reao de um ser humanizado. Mas voc, que quer se espiritualizar, que quer se elevar, que quer chegar mais perto de Deus precisa abrir mo de tudo isso e deixar outro achar o que quiser, sem acusaes ou crticas. Isto porque no fundo de tudo, no resumo de tudo da vida, no de nada ter influncia o que o outro acha de voc ou vice-versa, pois tudo sempre entre voc e Deus. Ento o que importa o que os outros acham?

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O que importa para a sua existncia espiritual o que o outro, exercendo o seu individualismo, os seus padres de certo e errado, acha de voc, se na hora do seu julgamento (avaliao do resultado de sua encarnao) o que importar o que Deus souber... E Ele sabe o que ningum sabe. Ele sabe que no h nada errado ou certo acontecendo, mas que um carma foi proposto e o esprito humanizado agiu com individualismo e com egosmo. Lembre-se do que Cristo ensinou: com o mesmo argumento que voc usar para julgar ser julgado. Ou seja, se voc coloca o seu individualismo para julgar os outros ao invs de deixar tudo nas mos de Deus, o seu individualismo ser julgado

Principalmente para os que possuem essa virtude, que o reino dos cus se acha aberto. A esses, sobretudo, que est reservada a felicidade dos eleitos, pois em verdade vos digo que, no dia da justia, ser posto de lado e sofrer pelo abandono, em que se h de ver, todo aquele que em si somente houver pensado.. Foi exatamente o que estudamos nesta resposta.

918. Por que indcios se pode reconhecer em um homem o progresso real que lhe elevar o Esprito na hierarquia esprita? O esprito prova a sua elevao, quando todos os atos de sua vida corporal representam a prtica da lei de Deus e quando antecipadamente compreende a vida espiritual. Como se reconhece o homem de bem? Quando ele coloca o amor ao prximo em prtica. E como se amar ao prximo? Libertando-se do seu individualismo. No h como mamar ao prximo e a si mesmo ao mesmo tempo.. No estou falando em amar como vocs conhecem, no sentido material que se d a este sentimento, mas sim no amor universal, fraternal. Este estado de esprito acontece quando o ser humanizado ama ao prximo antes de si, ou seja, quando ele respeita o direito do outro ser diferente dele. Por isto afirmei que a crtica, por mais bem intencionada que seja, no e jamais poder ser um ato de amor. Veja a concluso que chegou Allan Kardec e repare se no isto que falei agora: Verdadeiramente, homem de bem o que pratica a lei de justia, amor e caridade, na sua maior pureza. Se interrogar a prpria conscincia sobre os atos que praticou, perguntar se no transgrediu essa lei, se no fez o mal, se fez todo bem que podia, se ningum tem motivos para dele se queixar, enfim, se fez aos outros o que desejara que lhe fizessem. Possudo do sentimento de caridade e de amor ao prximo, faz o bem pelo bem, sem contar com qualquer retribuio, e sacrifica seus interesses justia. bondoso, humanitrio e benevolente para com todos, porque v irmos em todos os homens, sem distino de raas, nem de crenas.

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Se Deus lhe outorgou o poder e a riqueza, considera essas coisas como um depsito, de que lhe cumpre usar para o bem. Delas no se envaidece, por saber que Deus, que lhas deu, tambm lhas pode retirar. Se sob a sua dependncia a ordem social colocou outros homens, trata-os com bondade e complacncia, porque so seus iguais perante Deus. Usa da sua autoridade para lhes levantar o moral e no para os esmagar com o seu orgulho. indulgente para com as fraquezas alheias, porque sabe que tambm precisa a indulgncia dos outros e se lembra destas palavras do Cristo: atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado. No vingativo. A exemplo de Jesus, perdoa as ofensas, para s se lembrar dos benefcios, pois no ignora que, como houver perdoado, assim perdoado lhe ser. Respeita, enfim, em seus semelhantes todos os direitos que as leis da Natureza lhes concedem, como que que os mesmos direitos lhe sejam respeitados.

isto que caracteriza um homem de bem: aquele que participa das aes com a intencionalidade de servir ao prximo, buscando sempre servi-los e no corrigi-los. E esta caracterstica deve surgir principalmente naquele que aprende a ver as coisas do alto, ou seja, aquele que conhece e reconhece a existncia espiritual. A prtica do ensinamento o espiritualismo e no apenas o conhecimento dele. Encerrando, posso dizer que o dia de hoje foi totalmente destinado libertao do eu, das nossas verdades e dos nossos padres. O Esprito da Verdade nos ensinou hoje o que elevar-se espiritualmente: dar ao prximo o direito dele ser, estar e fazer o que quiser sem que com isso possamos julg-lo ou critic-lo. A est o segredo do Universo. A est o segredo da elevao espiritual. Ningum falou em meditao, em viagem astral, em orao ou tcnicas espirituais. Falou-se em coisas reais, no em iluses. Isto porque tudo que o ser humanizado vive racionalmente vivenciado na iluso, mesmo que to tema seja espiritualidade. A viagem astral uma iluso porque a compreenso do que se v quando se sai da carne passa pelo ego. A orao tambm uma iluso porque ela passa pelo ego. Desta forma afirmo que o nico trabalho, a nica coisa que voc pode fazer no sentido de espiritualizar-se vencer a si mesmo. Vencer o seu apego ao ego que lhe transforma em egosta. Vencer o seu apego aos seus padres de certo e errado, de bonito e feio, de limpo e sujo, que diz o que tinha que fazer ou no. s nisso que se consiste a vida. Voc est vivo para isso. Voc nasceu para fazer isso, acordou hoje de manh para isso, est respirando agora para isso e mais nada.

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Voc no tem um trabalho material nem espiritual a realizar nem famlia para cuidar. O que voc tem para fazer na vivncia em cada um desses elementos, no importa o que estiver acontecendo, vencer voc. Voc tem que vencer suas verdades, seus apegos, suas paixes, suas convices que levam ao exerccio do egosmo. nisso que se resume a sua vida.

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Conhece a ti mesmo

Conceituao

O estudo destes trs dias ser sobre o ego. Iremos conversar sobre este elemento da vida material, mas no chamaremos este conjunto de palestras de estudo do ego. Isto porque quando falamos em conhecer o ego, temos que ter em mente que estudar o ego falar sobre si mesmo, que conhecer o ego se auto conhecer. Como ns iremos definir depois, o ego o que voc hoje. O ego aquilo que voc se considera hoje. Portanto, este estudo, apesar de falar do ego, se chamar Conhece a ti mesmo, porque, como disse anteriormente, se voc o ego, conhecer o ego trabalhar o auto conhecimento, trabalhar o conhecer-se. Sendo assim, as palavras que sero ditas durantes estes trs dias tm o objetivo de lev-lo a conhecer voc mesmo. Este o primeiro aspecto da introduo a este estudo, mas existe um segundo que o objetivo pelo qual se vai estudar o ego. Existem muitos estudos sobre o ego, muitas abordagens no estudo sobre o ego, mas aqueles que o fazem como cincia ou cultura no compreendem que esto vivendo apenas iluses e no saber, porque toda cincia e cultura esto contidas no ego. Eu diria que no pode existir um doutor em ego que tenha ego, pois seno ele estaria iludido pelo ego e no estaria vivendo realidades. Para poder se compreender perfeitamente o ego e sua atuao seria necessrio que o ser estivesse desligado deste elemento, mas isto no possvel no mundo carnal. Ento, o objetivo para o qual vamos abordar o tema ego no ser composto por um estudo cientfico e nem objetivar, apesar de passar por isto, definir-se cientificamente o ego. Objetivaremos sim, com este estudo, entender aquilo que comumente se chama reforma ntima ou reforma do seu relacionamento com o ego. Desta forma, quando estivermos analisando algum aspecto do ego, sempre usaremos aquilo que compreendermos no apenas como cultura, mas como ferramenta para a reforma ntima atravs da luta contra o ego. Sero, portanto, estes dois aspectos que nortearo nossas conversas neste trabalho. Primeiro elas devero trazer como resultado o conhecimento sobre si mesmo e em segundo lugar buscaro trazer, atravs deste auto conhecimento, instrumentos para a elevao espiritual, para a reforma ntima. Comecemos definindo o ego. Ego uma personalidade transitria qual o esprito se liga durante um determinado espao de tempo na sua existncia espiritual.

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Esta uma definio padro de ego que estamos usando apenas para podermos direcionar nosso trabalho. Muitos elementos da definio podem sugerir a vocs a iluso de saber o que quer dizer, mas na realidade estamos apenas tentando dar uma idia do que seja o ego, j que a descrio perfeita deste elemento universal incompreensvel aos seres humanizados por falta de conhecimentos prvios. Antes de avanarmos no estudo do ego propriamente precisamos, ainda, definir o termo personalidade para no confundi-lo com as demais definies existentes. Personalidade um conjunto de crenas que formam a conscincia de um esprito. Como conscincia, entendemos o conjunto de informaes ou memria que o esprito vivencia. O ego, portanto, como conjunto de personalidades pode ser entendido como um conjunto de crenas qual o esprito se liga durante determinado espao de tempo de sua existncia eterna. Dizemos que o esprito se liga porque ele possui uma outra personalidade ou conjunto de crenas que chamaremos de personalidade espiritual. Ou seja, o esprito possui um conjunto de crenas prprias, que prprio seu, que existe no esprito independente da ao do ego. Este conjunto de crenas ou personalidade espiritual que determina a Realidade do esprito e no o temporrio. Usamos o termo realidade no sentido da elevao espiritual, ou seja, o que determina o que conhecido como grau de evoluo do esprito. O esprito por si possui as suas crenas e elas no so as mesmas do ego. Quando o esprito est ligado ao ego esta personalidade espiritual desligada e o esprito vive pelas crenas do ego e no pelas suas prprias. Podemos ento afirmar a partir disso que o esprito encarnado o ser universal que possui crenas espirituais, mas crenas estas que no esto acessveis por causa da ligao com o ego. J aqui desfazemos um mito ou uma compreenso ilusria que a humanidade possui. Esprito encarnado no aquele que est ligado a uma carne, mas sim aquele que vivencia a realidade ditada pelo ego, personalidade transitria. Esprito encarnado o ser universal que vive a partir de crenas temporrias ao invs de utilizar as suas prprias e no aquele que est vivo. No sei se me fiz compreender. Esta parte complicada porque um incio e alguns elementos ainda so desconhecidos de vocs, mas preciso que algumas idias fiquem claras. Primeira: assim como o ego uma personalidade temporria, o esprito possui a sua personalidade fixa ou eterna. Segunda: esta personalidade fixa ou eterna a mesma coisa de um ego, s que ela formada por crenas diferenciadas. Este o incio do estudo ego: saber que ele um conjunto de crenas, mas que ao mesmo tempo o esprito possui outro conjunto diferente daquele existente no ego. Participante: Eu gostaria de entender melhor estas outras crenas que o esprito possui. Como ele as adquiriu? Vou lhe explicar, mas antes me deixe alertar algo: a formao das crenas do ego diferente das do esprito. Depois vamos falar como as crenas do ego passam a existir, mas, por hora, saiba que as da personalidade espiritual so formadas ao longo da existncia espiritual. Participante: De encarnao em encarnao?

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Eu no vou falar em encarnao porque vocs ligariam esta informao carne. Estou falando de aprendizado espiritual. Como j estudamos, o esprito possui dois campos de evoluo: o tcnico e o moral. No primeiro estgio ele viver, por exemplo, ao lado do tomo de uma pedra. Quando estiver fazendo isso aprender algo. Este conhecimento adquirido uma crena que ficar guardada na memria ou na personalidade do esprito. Quando ele sai do mundo mineral e comea a vivenciar o aqutico, adquire novos conhecimentos, formando, assim, novas crenas. Ao longo de todo o perodo de evoluo que chamamos de tcnico o esprito ir adquirindo conhecimentos e eles se transformaro em crenas que comporo a personalidade espiritual. Depois disso ele entra no estgio de evoluo moral e novos aprendizados vo surgir e novas crenas sero formadas. Neste estgio, por exemplo vocs que esto saindo do mundo de provas e expiaes esto adquirindo novas crenas que passaro a compor as suas personalidades espirituais. Quando completarem o prximo ciclo idem. Assim caminha a formao da conscincia espiritual durante toda a eternidade. Participante: Quando o senhor diz crenas, fala em materiais e espirituais ou s uma ou outra? S espirituais. Na conscincia do esprito no existem crenas materiais, porque, como veremos, a matria s pertence ao ser humanizado e no pertence ao esprito. Participante: Acima do ego, entre ele e a conscincia do esprito, existe outra personalidade? No. Para poder lhe responder melhor, vamos adiantar um pouco o assunto, mas depois voltamos. Voc est vivendo um ego humanizado, um ego programado para viver no planeta Terra, no mundo de provas e expiaes. No prximo ciclo ou sentido de encarnao voc se unir a outro ego. Este novo ego ser diferente do atual, pois ser programado para se viver o mundo de regenerao. Quando isto acontecer o ego atual, de provas e expiaes no mais existir. Ou seja, sempre haver uma conscincia espiritual e um s ego. Todos os egos so inferiores personalidade espiritual e ela a realidade, aquilo que o esprito , por isso no h outra acima dele. Poderamos considerar que houvesse uma personalidade universal que Deus, entendido como conjunto do todo, formado pelo todo, mas isso outra histria. Alm do que, ela no chega a ser propriamente uma personalidade. Voltando nossa conversa, at aqui definimos o ego, falamos das personalidades que existem e tambm da sua temporalidade. Dentro da definio que demos anteriormente para ego podemos, agora, falar da ligao do esprito s suas personalidades. A ligao do esprito com uma personalidade cria uma identidade. Cada vez que o esprito se liga a uma personalidade, seja ela um ego (personalidade temporria) ou sua personalidade espiritual, o esprito adquire uma identidade. Vamos entender isso. Identidade aquilo que voc acha que , o que o identifica. Hoje voc est ligado a um ego que est rotulado com determinado nome. Por exemplo uma pessoa que se chama Mrcia.

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Mrcia no existe. Na realidade um esprito que est ligado a um ego rotulado como Mrcia. Devido a esta ligao o esprito se auto identifica como Mrcia. A identidade Mrcia foi criada na ligao do esprito com este ego e o esprito passou, ento a identificar-se como Mrcia. Assumir esta identidade , ento, o que caracteriza a ligao de um esprito com um ego ou com uma personalidade. Fica difcil explicar de outra forma para vocs o que esta ligao. Muitos se arriscariam em falar em fios energticos, em energia, fludo csmico universal, que ligaria o ego ao esprito, mas tudo isto seria simblico. Como disse anteriormente, apesar de termos que nos aproximar da cincia, no nos fixaremos no conhecimento cientfico. O que preciso realmente compreender para o objetivo de criar instrumentos de elevao espiritual que a fuso do esprito com uma personalidade cria uma identidade. E que quando esta identidade temporria ela falsa e quando surge da personalidade espiritual real. Participante: A personalidade a qual eu me liguei para vivenciar uma encarnao j existia antes de eu me ligar a ela? No, ns chegaremos l, mas por enquanto lhe respondo que essa personalidade s existe a partir do momento que voc a constri. Portanto, posterior a voc. Participante: O ego humano independente do esprito? Ele possui uma conscincia prpria? Ns vamos chegar a isso tambm, mas para no lhe deixar sem resposta agora afirmo que, se definimos conscincia como um conjunto de crenas, o ego tem uma conscincia prpria, ou seja, crenas prprias. Mas, no tocante a ter vida prpria j chegaremos neste aspecto. Quero falar agora um pouco sobre as crenas que citamos. O que so as crenas que esto embutidas no ego e na personalidade espiritual do esprito? Para tornar compreensvel vocs vou falar por meio de figuras. No exatamente isso, mas utilizando alguns exemplos conhecidos no planeta podemos nos aproximar um pouco da Realidade. No sei vocs conhecem programao de computador, sabem como feito um programa de computador. Mas, mesmo quem no conhece a fundo o assunto, sabe que um programa de um computador uma srie de comandos que reagem a uma ordem. Exemplificando. Se voc apertar a tecla a no teclado do seu computador, essa letra aparecer no visor. Mas para que ela aparea l necessrio que um programa a crie. Para isso ele ter que conter o seguinte comando: se a tecla a for apertada, desenhe no visor a letra a. Sem isso, voc pode apertar quantas vezes quiser a tecla que nada surgir. O conjunto de crenas do qual o ego composto idntico. Ele diz: se houver um determinado impulso, utilize a crena x; se o impulso for outro, utilize a crena y, se o impulso for outro ainda, utilize a crena z. Este o funcionamento do ego. Na realidade ele um programa que transforma um impulso, uma ordem, numa determinada verdade ou realidade de acordo com crenas pr-estabelecidas. O ego no um ser, um esprito, no tem vida prpria. Ele uma srie de informaes que sero ativadas a partir de determinados comandos.

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Isto o conjunto de crenas ao qual eu me referi que compe o ego ou a personalidade que o esprito se liga temporariamente. No entanto, este mesmo critrio pode ser aplicado personalidade do esprito. Digo isto porque este procedimento (reagir a comandos criando realidades pr-fabricadas) o fundamento daquilo que vocs chamam de raciocnio. O raciocnio, em qualquer nvel, exatamente isso: um impulso que ativa uma determinada compreenso para o esprito. Portanto, no importa se estamos falando de ego ou de personalidade espiritual do esprito, a funo da personalidade exatamente esta: a criao de compreenses que se transformem numa realidade para o esprito. Creio que agora ficou claro o que que o ego. Podemos, ento, comear a falar um pouco mais da personalidade transitria qual o esprito se liga para configurar o que chamado de encarnao. O ego, ou personalidade transitria, criada pelo esprito antes da encarnao. Ou seja, o conjunto de comandos que criaro realidades durante a encarnao para o esprito vivenciar obra e fruto deste mesmo esprito quando de posse da sua conscincia espiritual. Podemos afirmar, ento, que o esprito, de posse da sua conscincia, ou seja, dentro do seu saber espiritual, escolhe cdigos que sero acionados para criar determinadas realidades que ele vivenciar durante a encarnao. Vamos dar um exemplo. A realidade de ser agredido, voc ou qualquer outro, uma informao que o ego d. O fato de voc ou algum ter sido agredido nada mais do que uma viso que voc programou para o seu ego criar em determinadas circunstncias. Perguntaram-me agora pouco se o ego existia antes da encarnao: a resposta est a. No, o ego s passa a existir do momento que o esprito o cria, assim como o programa do computador s passa a existir depois que algum o escreve. Desta forma, o conhecimento do ego quanto sua temporalidade que o conjunto de comandos que criaro realidades foi escrito por voc esprito antes da encarnao. Alm disso, preciso compreender que quando voc o escreveu estava de posse da sua conscincia espiritual. H excees neste aspecto. o caso onde o esprito no consegue reassumir a sua identidade espiritual e j tem que, por determinao de Deus, iniciar uma nova encarnao. Se ele estiver nesta condio ter que reencarnar, mas no poder programar o seu prximo ego. Neste caso, o ego ou o criador de realidades escrito por um mentor deste esprito. Por algum a quem o esprito, ainda de posse da sua conscincia espiritual, nomeou como seu tutor enquanto ele no recobrasse a sua conscincia real. Esta uma exceo regra. No momento em que falamos que o esprito escreve o seu ego, para no fugirmos Realidade, preciso tambm citar que h excees nesta regra. Fazemos isso como fidelidade Verdade, mas vocs no devem se prender a isso. Como disse uma exceo e casos semelhantes a este, pouco representam em quantidade de espritos hoje encarnados. Portanto, trabalhemos apenas com a regra e no nos prendamos a excees. Participante: Significa que eu escrevi ser teimosa? Significa que voc escreveu comandos no seu ego para criar realidades que contrarie seu desejo. Quanto ao ser teimosa, j chegaremos l.

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Respondo-lhe, por agora, que voc criou desejos, um comando para interpretar que foi atacada nos seus desejos e um outro para vivenciar a reao. Por que no abordei na resposta o tema teimosia? Porque falei at agora de compreenses racionais. O que chamo de compreenso que o ego cria aquilo que vocs conhecem como razo, racional. Tudo aquilo que para vocs racional, ou seja, compreensvel por uma razo, fruto de um raciocnio, criado pelo ego. uma realidade temporria e ilusria. Uma realidade que surge apenas por causa do seu comando para criar para si aquela realidade e no que seja verdade ou esteja realmente existindo. Isto precisa ficar bem claro quando se fala de auto conhecimento. Tudo aquilo que voc compreende no mundo, no real, lgico, racional, mas uma realidade que voc comandou para que fosse criada enquanto estivesse ligado quele ego. Mas, dentro do conjunto de crenas do ego no existe s a parte racional, ou seja, a parte das idias, do conhecimento atravs de imagens e formas, mas tambm existem as crenas emocionais. Vamos falar disso. A personalidade, ou ego, formada pelas idias e pelas emoes ou sensaes. No ego existe um conjunto de realidades lgicas, racionais, mas tambm existe um conjunto de emoes ou sensaes prdeterminadas pelo esprito. Da mesma forma que a razo, que j falamos, este conjunto de emoes est subordinado programao do ego e cada uma delas ser usada quando determinado comando for ativado. Vou dar um exemplo. Voc v uma barata e sente medo, nojo ou horror. Mas este nojo, horror e medo no so reais: so reaes pr-programadas do ego para lhe criar um estado emocional que voc viver como realidade. Sendo assim, podemos afirmar que o ego lhe cria uma realidade racional, idia, pensamento, mas tambm lhe cria realidades emocionais. Um outro aspecto importante que precisamos compreender que a realidade emocional que o ego cria est sempre ligada razo ou a compreenso racional. No caso da barata, a compreenso racional, ou seja, o pensamento, ser de que a barata suja, nojenta. Ao mesmo tempo em que o ego lhe joga essa racionalidade, ele tambm lhe d a sensao do nojo, do medo e do horror. O ego jamais lhe dar uma razo com emoo diferenciada. Ou seja, ele jamais lhe far crer racionalmente que a barata nojenta e lhe dar uma sensao de calma e paz. E voc, esprito, que s vive aquilo que o ego prope como realidade, acha que voc acredita e est sentindo o que o ego est propondo, ou seja, se deixar ser comandado pelo ego e no consegue sentir-se de forma diferente, mesmo que racionalmente quisesse. isso que estamos falando que se ligar temporariamente a uma personalidade ou conjunto de crenas: vivenciar obrigatoriamente as proposies racionais e emotivas que o ego d como verdade, realidade, sem condies de fugir delas. Agora fica muito mais fcil e muito mais claro compreender o que ego. E, como eu disse no incio, de se entender que o ego voc,. Isto porque voc s conhece, compreende e sente o que o ego quer que voc compreenda, entenda e sinta.

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Mas, tudo que voc conhece compreende e sente isso no existe: tudo foi gerado a partir de um programa que foi escrito para reagir desta forma, pelo prprio esprito antes da encarnao. Podemos ento avanar no nosso estudo. Por que o esprito cria tudo isso? Por que o esprito cria uma iluso, uma no verdade, algo transitrio para vivenciar quando ele j possui na sua personalidade espiritual o Real e o Verdadeiro e pode viv-lo? Para comprovar a si mesmo aquilo que aprendeu quando na erraticidade, ou seja, quando ligado sua conscincia espiritual. Vamos entender isso melhor. Segundo O Livro dos Espritos quando na erraticidade o esprito de posse da sua conscincia espiritual se prepara estudando para sua futura ligao com o ego ou encarnao. Este preparo, ainda segundo O Livro dos Espritos, se consiste em observar como lida o esprito humanizado (ligado ao ego) no seu relacionamento com as realidades criadas pelo ego. Ou seja, os espritos na erraticidade esto observando neste momento como vocs esto se relacionando com o ego ao qual esto agora ligados. Durante esta observao o esprito sabe a diferena entre o que est sendo criado e a Realidade por que est de posse da sua conscincia espiritual que no cria as mesmas iluses do ego. Como eu disse anteriormente, hoje, voc vendo uma barata, vivenciar o raciocnio, a parte racional que lhe diz que a barata nojenta e o nojo e o asco pela barata como real. Quando na erraticidade o esprito no vivenciar isso. Ele no ver a barata e nem ser bombardeado por esta compreenso racional e emocional. Por isso eu disse que o esprito na erraticidade v o que Real e no o que ilusrio. No quero neste momento entrar no assunto da Realidade. Posteriormente falaremos no que Real, no que est acontecendo verdadeiramente. Mas, por enquanto, voc precisa compreender que vive uma realidade ilusria, no Real, e quando na erraticidade os espritos tm conscincia de que aqueles que esto encarnados, ou ligados ao ego, so como crianas iludidas por aquilo que lhe dizem. Depois de determinado tempo de observao o esprito programa, ento, o seu ego para provar a si mesmo que ser mais forte do que esta iluso, ou seja, no acreditar nela, no a vivenciar como Realidade. Participante: Quando voc fala que o esprito na erraticidade no est vendo as coisas como quando ligado ao ego se refere ao esprito livre do processo reencarnatrio? No, falo de espritos ainda presos ao processo reencarnatrio. Participante: Mas como, ento ele v sem o ego se ainda est com o ego? Voc est fazendo confuso entre processo reencarnatrio e encarnao. A encarnao a ligao com um ego; o processo reencarnatrio a obrigao de ter que criar ainda novas personalidades para vivenciar um dia. Desta forma um esprito pode ainda estar preso a um processo reencarnatrio, mas no espao de tempo entre um ego e outro, uma personalidade e outra, consegue acessar sua conscincia espiritual. Participante: Ento, o esprito quando no est encarnado no est ligado ao ego? J definimos anteriormente encarnao como ligao ao ego e no como ligao a um corpo fsico.

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Todo esprito encarnado est aprisionado personalidade com que viveu ou vive a vida carnal. Mas isto no quer dizer que ele esteja liberto da carne, do corpo. Ele pode permanecer ligado ao ego, ou seja, vivenciando as realidades a partir do comando do ego, e no estar mais ligado ao corpo fsico. Voc est partindo do pressuposto que encarnao ligar-se a um corpo, a uma massa carnal, mas isso no real. Na Realidade a encarnao ditada pela ligao a uma personalidade temporria que caracterizada pelo ego. Enquanto o esprito viver guiado pelo ego estar ainda na mesma encarnao, no importando se est preso ou no ao corpo. Participante: E quando voc fala em esprito na erraticidade, a que quer se referir? No entendi a relao do esprito na erraticidade estar observando ele mesmo com o ego. No falei em ele observar a si mesmo com o ego, mas a observar outros espritos que estejam vivendo aprisionados identidades geradas pelo ego. Quanto a definir esprito na erraticidade vou conceitu-lo agora, mas s posteriormente falaremos mais sobre o assunto. Existem espritos em dois nveis no Universo: aqueles que esto na materialidade, seja de que planeta for, e os que esto na erraticidade. O esprito que est na materialidade aquele que vive a iluso que o ego prope como realidade. Esprito na erraticidade aquele que est desligado da materialidade, ou seja, aquele que est desligado das realidades que o ego cria. Este conhecimento nos leva a compreender que erraticidade no um lugar, um espao do Universo, mas um estado no qual o esprito est vivendo com a sua personalidade espiritual. Da mesma forma, a materialidade ou encarnao de um esprito tambm no gera um lugar especfico, mas se trata do estado do esprito que est vivendo um mundo, realidades, criadas por egos, no importando a que matria se refira. Vamos continuar. Pergunto: a partir do que o esprito cria o seu programa (ego) que ir faz-lo vivenciar iluses como realidade? A partir do seu estgio de evoluo espiritual. Vamos compreender isso. Anteriormente disse que a personalidade espiritual fixa, mas no declarei que ela imutvel. A personalidade ou conjunto de crenas do esprito que no iludida pelo ego se forma atravs da eternidade. Vou dar um exemplo. Existem espritos na erraticidade, libertos da ao de egos, que na sua conscincia espiritual acreditam no bem e no mal, no certo e no errado, no bonito e feio. Eles crem nestes dualismos, que so caractersticas ilusrias ditadas pelo ego, mesmo ligados sua conscincia espiritual. Quando na etapa de estudos que j citei, estes espritos compreendem que estes conceitos so ilusrios ao observar a Realidade do Universo. Verificam, ainda, que eles ainda possuem tais iluses na sua conscincia espiritual e compreendem que precisam se libertar delas para poder avanar em direo a Deus. Ou seja, compreendem que acreditar em parmetros que dividam o que uno no comunga com a Realidade. Compreendem que esta forma de ver o mundo no espiritual e a sentiro a necessidade de trabalhar para se libertar do dualismo. Como? Criando esta mesma verdade no ego.

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Colocam as mesmas verdades gnero de suas provas no futuro ego para que ele crie realidades para que agora, cnscio de que estas compreenses no so dignas daquele que vive com Deus, libertarem-se da ao do ego. Portanto, o que motiva o esprito a criar um conjunto de informaes, programa que ir gerenciar realidades durante a encarnao, a sua conscincia sobre a sua personalidade espiritual. Vou dar um exemplo mais prtico para facilitar a compreenso. Um ego que seja vivenciado por um esprito e que contenha comandos para criao de racionalidades e emoes de cime, um ego que foi projetado por um esprito que ainda possui na sua conscincia espiritual posse, j que o cime nasce do desejo de possuir. Desta forma, apesar de ser transitrio, o ego um reflexo do atual estgio da conscincia espiritual do esprito. No um reflexo perfeito porque o esprito no alimenta o seu ego com todas as suas imperfeies, mas parte delas. Conhecendo esta Realidade do Universo podemos afirmar que uma pessoa (esprito ligado a um ego) que tenha desejos de posse simboliza que o esprito ainda possui este desejo. Simboliza, ainda, que com a vitria sobre o ego (no acreditar no desejo de posse que ele incitar) o esprito conseguir retirar de sua personalidade espiritual este mesmo desejo. Volto a repetir. Est sendo muito difcil falar tudo isso porque muitas vezes faltam palavras para explicar, mas o sentido esse. Se voc est ligado ao ego e ele possui uma determinada caracterstica, esta tambm existe na sua personalidade espiritual e voc precisa venc-la durante a carne para elimin-la por completo de l. Um detalhe. Como tambm j afirmei antes, existem excees em algumas regras no mundo espiritual. Aqui est um exemplo. Existem egos que no refletem os valores da conscincia espiritual do esprito. Trata-se dos chamados egos missionrios, ou seja daqueles egos que so projetados por espritos para vivenciarem determinadas misses ou papis na iluso da vida carnal. Neste caso, o esprito no possui aquelas caractersticas, mas como o papel a desempenhar pede que elas existam, o esprito as inclui no ego e as vivencia. Agora, isso so excees e no regra. Vamos ficar com a regra que mais vinculada s encarnaes da grande maioria dos espritos. Ela diz: aquilo que voc vivencia hoje est presente na sua conscincia espiritual. Vamos, ento continuar definindo o ego e o entendendo, j que este o assunto deste primeiro dia de palestras. Vamos agora para uma parte muito delicada e gostaria que vocs prestassem muita ateno. Ao conjunto de realidades formadas pela compreenso racional e pela emocional chamo de mundo interior. o seu mundo interno, o seu eu interior, a sua vida interior. No entanto, este mundo no surge do nada. Precisa haver algo que faa surgir estas realidades ilusrias dentro de voc. Ao elemento que cria a oportunidade para o ego fazer voc vivenciar o seu mundo interior chamo de mundo exterior. Vamos compreender estes dois conceitos com um exemplo prtico como sempre fazemos. A criao de uma ilusria verdade racional de que voc foi agredido fisicamente e a tambm ilusria sensao de se sentir humilhado faz parte do seu mundo interior. No entanto, esta falsa realidade s surge quando no mundo exterior detectada a movimentao de uma mo encontrando com o rosto.

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Existe, portanto, um mundo exterior onde uma mo se movimenta e se encontra com uma face e existe o mundo interior onde esta movimentao ganha na razo e na emoo o valor de agresso, humilhao e sofrimento. No mundo exterior no h agresso; h a movimentao de uma mo encontrando-se com o rosto. S o mundo interior vivenciou racional e emocionalmente a agresso. Participante: Foi o ego que nomeou como agresso? Foi o ego que nomeou pela razo e pela emoo aquele ato externo como agresso e lhe deu a sensao de sentir-se agredida. A agresso, portanto, no est na inteno do outro, mas uma criao do seu ego, um mundo interno. Ela no existe fora de voc, mas acontece apenas dentro do seu interior. Agora, esta compreenso no vlida em apenas alguns casos, em algumas movimentaes, mas vale para qualquer coisa. vlida para qualquer compreenso que voc tenha sobre as movimentaes do mundo externo das quais participa, sejam elas racionais ou emotivas. Todas as movimentaes, ou atos, em si no possuem o valor que voc d, pois ele foi criado pelo ego. No h compreenso humana que seja real, que esteja realmente acontecendo. Toda compreenso uma interpretao que o ego faz seguindo o comando que voc mesmo fez. Neste caso (agresso), voc programou o seu ego para que se uma mo se encontrasse com o seu rosto sob determinadas circunstncias aquilo deveria ser considerado como uma agresso. Por que fez isso? Porque voc, esprito, ainda tem vaidade, soberba ou outros sentimentos que envolvam o individualismo dentro da sua conscincia espiritual e compreendeu a que a existncia deles incompatvel com a espiritualidade que precisa vivenciar. Acho que agora comea a ficar claro a funcionalidade do ego e sua operao. Mas, vamos complicar um pouco mais para poder compreender perfeitamente. Ora, se a sua razo espiritual de existir na carne, ou seja, ligado quele ego passar por determinadas circunstncias para que sejam criadas determinadas realidades ilusrias pelo ego, no seria justo que voc ficasse dependente do mundo. Ou seja, que voc ficasse dependente dos acontecimentos para que houvesse a criao da realidade ilusria que voc precisa para sua elevao espiritual. Portanto, alm de voc ter elaborado no ego o conjunto de comandos que cria a realidade ilusria no mundo interno, voc programa as movimentaes (atos) que perceber. Dentro do exemplo que dei (agresso) afirmo que voc, para se submeter a esta interpretao, tambm criou a necessidade da movimentao externa (mundo externo) com o ato do tapa. Ou dizendo mais claramente, voc pediu para ser esbofeteado, antes da encarnao. Por que fez isso? Porque se voc no pedisse para vivenciar este determinado mundo externo de que adiantaria programar o seu ego com um comando para interpretar um tapa como agresso? O ego, portanto, alm de ser um conjunto de verdades, tambm programado para vivenciar um conjunto de movimentaes, ou atos, pr-determinados. Para isto necessrio que o seu ego criasse determinadas movimentaes. No sei se estou conseguindo me fazer entender, mas o que quero dizer que o seu ego criou a movimentao da mo do outro em direo sua carne.

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Participante: Como assim? Vou explicar. O ato, ou a atitude, para os seres humanizados gerado por moto prprio, ou seja, por motivao prpria, mas isso uma iluso. Quem lhe d o tapa no est agindo desta forma porque ele quer dar, mas age dessa forma porque o ego dele foi programado para dar tapa. O ego de quem precisa receber sabe que para a prova daquele esprito ele precisa receber o tapa. Juntando-se uma coisa outra, o ego de quem tem que receber pede ao universo a presena no mundo externo em determinado momento da pessoa que tem que dar tapas. Quando afirmo que o ego cria a movimentao no estou dizendo que ele criou o levantar do brao do outro, mas que criou a oportunidade de haver o tapa conclamando algum que tenha o ego que lhe faz dar tapa a se relacionar com voc no momento pr-determinado para que o tapa acontea. Esta a lei da interdependncia das coisas que Buda ensina. Ela ativada atravs de um pedido do seu ego, da sua programao anterior encarnao. Portanto, dizer que o ego criou o tapa no afirmar que ele esbofeteou voc, mas que conclamou o tapeador e criou a situao (realidades ilusrias) para que o tapa acontecesse. Participante: Esta conclamao feita na programao de vida antes de encarnar? Sim. Voc programa o ego antes da encarnao para que em tal momento ele conclame um tapeador, para que em determinado momento haja a percepo da movimentao da mo e tambm para que ele crie determinada interpretao para aquele ato. Mas, preste ateno em um detalhe. Ainda no estou dizendo como o ego funciona. Afirmo isso porque se o ego s um programa, um conjunto de comandos, precisa que algum (um ser inteligente, que haja) ligue esses comandos, ative o funcionamento deste ou daquela ordenao. Vamos falar disso amanh. Por enquanto s estamos falando de funcionamento e no explicando como ele funciona. Participante: Existe a possibilidade de por um deslize fugir da programao ou mud-la? Jamais. Isto porque toda programao operada por um operador e eu garanto que quem opera os comandos dos egos no comete deslizes. Vamos falar disso amanh. Participante: Mesmo porque se houver uma mudana isso mexer com diversos outros egos programados na nossa interdependncia de carmas, no? Isto. Na verdade mexeria com o Universo inteiro porque todo ele interdependente. Participante: Como se fosse um quebra cabeas? Exatamente. Alm do mais, se houvesse um deslize, se no acontecesse algo que deveria acontecer, no valeria a pena ter encarnado, pois voc no teria feito a prova qual se disps a fazer. Participante: Quando se diz que uma pessoa deveria perder um brao e por merecimento ela perdeu s uma mo, isso tambm j estava pr-programado?

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Sim. Este merecimento est no aprimoramento da conscincia espiritual e no da vivncia com o ego nesta vida. um merecimento anterior vida e no durante a vida.

Ainda falando de mundo externo, vamos nos aprofundar mais no invisvel, naquilo que no percebido pelos instrumentos de percepo (olhos, nariz, ouvido, lngua e sensibilidades do corpo fsico) do ser humanizado para poder compreender mais uma funo do ego. O que uma mo? Uma formao de diversos elementos. O que so estes elementos (ossos, carne, gordura, sangue, msculos, nervos) que compem a mo? Fludo csmico universal. Se voc decompor uma mo achar diversos elementos. Decompondo-os mais ainda encontrar as clulas que formam estes elementos. Mas se as decompor achar o fludo csmico universal. Isto no verdade para voc porque os olhos humanos no conseguem ver este elemento universal, mas esta informao est disponvel na pergunta 30 de O Livro dos Espritos: A matria formada de um s ou de muitos elementos? De um s elemento primitivo. Os corpos que considerais simples no verdadeiros elementos, so transformaes da matria primitiva. Ento, o que uma mo? Fludo csmico universal. O que um rosto? Fludo csmico universal. O que existe no espao entre uma mo e um rosto? Fludo csmico universal. Como ento, no mundo externo acontece a formao da mo e do rosto independente um do outro alm da iluso da movimentao da mo atravs do ar at chegar ao rosto? Obra do ego. Vamos entender este ltimo aspecto da criao do ego. J estudamos a criao do mundo interno feita pelo ego e agora precisamos estudar como o ego cria o mundo externo. Para isto eu vou precisar entrar um pouco no conhecimento cientfico da Terra. A cincia humana diz que a imagem se forma no fundo da retina quando a luminosidade refletida por um corpo captada pela viso. O princpio da criao pelo ego do mundo externo semelhante. Quando determinada transformao de fludo csmico universal detectada pelo ego, em outra programao diferente da usada para a criao do mundo interno, existe uma codificao desta transformao que gera imagem, som, sabor, cheiro ou sensibilidade ilusria. Exemplifiquemos. O que voc v como mo uma transformao de fludo csmico universal de determinada forma. Quando estes fludos sensibilizam o ego (so vistos), e no posso explicar como porque vocs no tm condio de entender, atravs da programao deste ego ele cria a imagem de uma mo. Voc, que nem sabe da existncia do ego acredita que est vendo a mo, mas isto uma iluso, pois a figura de uma mo est sendo formada dentro da sua mente. Ela no pode ser vista porque no mundo externo no existe mo, mas transformao de fludo csmico universal. Sendo assim, tudo que existe e percebido por voc, seja atravs da viso, da audio, do paladar, olfato ou sensibilidades do corpo, no existe de verdade. No existe como realidade: so figuras, imagens, criadas pelo ego quando sensibilizado por tais ou tais combinaes do fludo csmico universal. Ou seja, o mundo que voc vive no existe externamente a voc, mas so criaes do seu ego, sejam os elementos ou a movimentao destes. No sei se ficou claro, mas isso que a Realidade.

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Olhe para sua frente, oua o som que estou falando, respire e perceba os cheiros ao seu redor. Nada disso real, nada disso existe no mundo exterior, mas foram criados no eu ego, formatado pelo seu ego como resultado da ao de uma programao. Ou seja, realidade virtual. Aquilo que voc vivencia externamente uma realidade virtual, aquilo que voc compreende e vivencia internamente, racional e emotivamente, tambm ilusrio porque surge da do ego, no est acontecendo. Sendo assim, voc e toda a sua vida so iluses.. Por isto, no incio do trabalho de hoje disse: falar do ego conhecer a si mesmo. E tudo o que voc pode saber hoje, ou seja, afastado da sua personalidade espiritual, que voc e o mundo criado por voc so ilusrios. Este o maior conhecimento que algum pode ter sobre si: que tudo que ele o que vivencia irreal, ilusrio, porque foi criado pelo ego atravs de uma pr-programao do esprito. A vocs poderiam me perguntar: ento existe um ego coletivo, um formador de imagens coletivas? Eu diria que um formador de imagens coletivas no, mas existem programaes comuns a todos os espritos que vivem na Terra. Ou seja, existe uma programao coletiva para a criao do mundo exterior. Todos que olharem para uma parede vero uma parede. Isto porque todos os egos com os quais os espritos vivenciam a vida no orbe terrestre possuem para formao da imagem a mesma codificao. Esta codificao no vlida para quem mora em Marte, Pluto, Netuno, na Lua ou em qualquer outro planeta, mas vlida para todos que vivem no orbe terrestres. Os egos aos quais os espritos se ligam para viverem em qualquer outro planeta possuem outra programao que codificam e criam imagens que voc, ser humanizado, no capaz de criar porque seu ego um ego terrestre. por isso que o homem vai a lua e no v nada a no ser aquilo que v daqui: aquilo que possui decodificao atravs do seu ego. Encerrando a conversa de hoje, ento, afirmo que o ego o formador da realidade com a qual o esprito vive, quer seja essa realidade formada por objetos ou por compreenses racionais e emocionais. Tudo criado pelo prprio esprito antes da encarnao para que ele comprove a si mesmo a vitria sobre determinados aspectos da sua conscincia espiritual. Este o resumo do dia de hoje.

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Formao

Vamos continuar nosso estudo sobre o ego, mas se algum quiser fazer alguma pergunta antes, fique vontade. Participante: Os animais ou plantas tm egos? Se houver, como funciona? Nem animal, nem planta e nem ser humano tem ego. Quem tem ego esprito e no os elementos materiais. Alis, estes elementos so o resultante da ligao do esprito com o ego. O ser humano o resultante da ligao do esprito com um ego, mas a planta e os animais tambm. A partir da podemos entender que todos os seres tm um ego. Mesmo aqueles que esto na erraticidade possuem uma espcie de ego, pois, como dissemos ontem, a personalidade espiritual funciona de forma idntica ao ego. No entanto, os egos, ou conscincias diferenciadas das espirituais, so diferenciados de acordo com a misso que o esprito ter que realizar durante a sua encarnao. O esprito que habita e constri a planta no tem o mesmo ego dos humanos, porque a conscincia temporria deste esprito no cria realidades. Para o ser humanizado o ego o criador de realidades. Se o esprito que est ligado planta no constri realidades, ele no tem o ego como voc entende e como estudamos ontem. J o esprito que est encarnado como animal vivencia realidades, ou seja, o seu ego possui esta propriedade. No entanto, no podemos dizer que o mesmo ego do ser humano. Participante: Mesmo o animal mais simples na sua estrutura? Mesmo o animal mais simples na sua estrutura possui ego, pois o que determina a presena de um ego a existncia do esprito e no a constituio material do animal. Agora, para que o ego tenha a funo de formao de realidades preciso que o animal vivencie ato