92
EFEITOS TÓXICOS DE ALGUNS CONTAMINANTES INORGÂNICOS À SAÚDE DE PACIENTES SUBMETIDOS À HEMODIÁLISE Toxic effects of inorganic contaminants on the health of patients treated with hemodialysis André Luiz Oliveira da Silva 1 , Josino Costa Moreira 2 RESUMO A doença renal crônica é o resultado de lesões progressivas irreversíveis. As principais causas desse quadro são a hipertensão e a diabetes. O tratamento de hemodiálise aumentou significantemente a expectativa de vida desses pacientes, que consomem individualmente um volume de água que varia entre 15.000 a 30.000 litros por ano. Até o inicio da década de 1970, a água indicada para a hemodiálise era aquela que atendia aos critérios de potabilidade. Isso levou a uma série de incidentes devido à presença de alguns elementos inorgânicos tóxicos. A presente revisão discute os efeitos deletérios em pacientes renais dos elementos tóxicos inorgânicos, em especial: o alumínio, arsênio, bismuto, cádmio, cálcio, o chumbo, cloro, cobre, flúor, magnésio, mercúrio, prata, sódio, potássio, e o zinco. Esses elementos inorgânicos foram escolhidos por serem comumente encontrados na água e serem relevantes do ponto de vista da saúde humana. Os pacientes com doença renal em estágios avançados tem maior risco de contrair doenças como câncer, doenças cardiovasculares, anemia, incremento da falência renal, doenças ósseas, alterações no metabolismo da glicose e aumento da resistência dos tecidos à insulina, distúrbios de memória, confusão mental, depressão do sistema imunológico, disfunções enzimáticas, entre outras. A literatura demonstra ainda uma grande carência de estudos relativos à exposição a estes elementos por populações em tratamento de diálise. PALAVRAS-CHAVE Insuficiência renal crônica, diálise renal, complicações, poluição da água, elementos químicos tóxicos, toxicidade ABSTRACT The chronic renal disease is the result of irreversible gradual injuries. The main causes of this illness are the hypertension and diabetes. The use of hemodialysis significantly increased the life expectancy of these patients, who individually consume a volume of water that varies between 15,000 and 30,000 liters per year. Until the beginnin- gof 1970’s, the water indicated for hemodialysis was the same considered safe for drinking, which caused a series of incidents involving water contamination with toxic inorganic elements. This revision covers the deleterious effects of toxic inorganic ele- ments, especially the following ones: aluminum, arsenic, bismuth, cadmium, calcium, 1 Mestre em Administração de Empresas. Professor da Faculdade de Educação Física de Santo André. End: Travessa Cisplatina, 20 - Vl Pires - Santo André, SP CEP. 09121-435 2 Doutor em Química. Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz. C AD . S AÚDE C OLET ., R I O D E J ANEIRO , 17 (3): 691 - 730, 2009 – 691

efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

  • Upload
    hahuong

  • View
    220

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à Saúde de

paCienteS SuBmetidoS à hemodiáliSe

Toxic effects of inorganic contaminants on the health of patients treated with hemodialysis

André Luiz Oliveira da Silva1, Josino Costa Moreira 2

rESUmo

A doença renal crônica é o resultado de lesões progressivas irreversíveis. As principais causas desse quadro são a hipertensão e a diabetes. O tratamento de hemodiálise aumentou significantemente a expectativa de vida desses pacientes, que consomem individualmente um volume de água que varia entre 15.000 a 30.000 litros por ano. Até o inicio da década de 1970, a água indicada para a hemodiálise era aquela que atendia aos critérios de potabilidade. Isso levou a uma série de incidentes devido à presença de alguns elementos inorgânicos tóxicos. A presente revisão discute os efeitos deletérios em pacientes renais dos elementos tóxicos inorgânicos, em especial: o alumínio, arsênio, bismuto, cádmio, cálcio, o chumbo, cloro, cobre, flúor, magnésio, mercúrio, prata, sódio, potássio, e o zinco. Esses elementos inorgânicos foram escolhidos por serem comumente encontrados na água e serem relevantes do ponto de vista da saúde humana. Os pacientes com doença renal em estágios avançados tem maior risco de contrair doenças como câncer, doenças cardiovasculares, anemia, incremento da falência renal, doenças ósseas, alterações no metabolismo da glicose e aumento da resistência dos tecidos à insulina, distúrbios de memória, confusão mental, depressão do sistema imunológico, disfunções enzimáticas, entre outras. A literatura demonstra ainda uma grande carência de estudos relativos à exposição a estes elementos por populações em tratamento de diálise.

palavraS-ChavE

Insuficiência renal crônica, diálise renal, complicações, poluição da água,

elementos químicos tóxicos, toxicidade

abStraCt

The chronic renal disease is the result of irreversible gradual injuries. The main causes of this illness are the hypertension and diabetes. The use of hemodialysis significantly increased the life expectancy of these patients, who individually consume a volume of water that varies between 15,000 and 30,000 liters per year. Until the beginnin­gof 1970’s, the water indicated for hemodialysis was the same considered safe for drinking, which caused a series of incidents involving water contamination with toxic inorganic elements. This revision covers the deleterious effects of toxic inorganic ele­ments, especially the following ones: aluminum, arsenic, bismuth, cadmium, calcium,

1 Mestre em Administração de Empresas. Professor da Faculdade de Educação Física de Santo André. End: Travessa Cisplatina, 20 - Vl Pires - Santo André, SP CEP. 09121-435

2 Doutor em Química. Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 691

Page 2: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

chlorine, copper, fluorine, magnesium, mercury, silver, sodium, potassium, lead, and zinc. These eleents have been chosen because they are usually found in water and are relevant from the human health point of view. The patients with renal illness at advanced stage have greater risk to contract illnesses such as cancer, cardiovascular diseases, anemia, increase in renal damage, bone diseases, alterations in the metabolism of glucose and increase of tissue resistance to insulin, memory disturbances, mental confusion, impairment of immune system, enzymatic dysfunction, and others. The literature shows very few studies about the effects of these compounds in populations in hemodialys treatment.

KEy wordS

Renal insufficiency chronic, renal dialysis, complications, water pollution, toxic chemical elements, toxicity

1. introdUção

A doença renal crônica é o resultado de lesões progressivas irreversíveis, e seu indicador mais confiável é a aferição da taxa de filtração glomerular (menor que 60 ml/min por pelo menos três meses). Essa perda é invariavelmente progressiva e resulta na insuficiência renal terminal. As principais causas desse quadro são a hipertensão e a diabetes (Parmar, 2002).

Em 1943, o médico alemão W. J. Kolff usou com sucesso a primeira maquina de hemodiálise. Desde o início da utilização desse equipamento a sobrevivência dos pacientes tem aumentado significativamente (Vorbeck-Meister et al., 1999). Alguns estudos brasileiros corroboram o significante aumento nas taxas de sobrevida de pacientes com insuficiência renal crônica, principalmente quando encaminhados ao serviço de diálise precocemente ((Draibe & Cendroroglo, 2003; Sesso et al., 1995). O fluido utilizado na hemodiálise é o dialisato (solução concentrada que contém os solutos Na, K, bicarbonato, Ca, Mg, Cl, acetato, glicose e pCO2, utilizada para manter o equilíbrio osmótico do sangue durante o processo dialítico, mantendo assim a concentração sérica desses solutos dentro dos limites normais), que consiste nesse último concentrado, diluído em aproximadamente 34 partes de água (Draibe & Cendroroglo, 2003).

Atualmente, a terapia de hemodiálise consome no Brasil em torno de 1,4 bilhão de reais/ano do orçamento para saúde e atende cerca de 63.000 pacientes. A incidência de novos casos vem crescendo a uma taxa de aproximadamente 8% ao ano (Brasil, 2009).

Além das complicações pertinentes ao quadro patológico da insuficiência renal crônica, os pacientes submetidos à hemodiálise sofrem conseqüências danosas decorrentes da qualidade da água utilizada no processo. Para vislumbrar o risco a que esses indivíduos estão submetidos, estima-se que um paciente esteja

692 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 3: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

exposto a um volume de água que varia entre 15.000 a 30.000 litros por ano (Vorbeck-Meister et al., 1999; Misael da Silva et al., 1996).

Até o inicio da década de 1970, acreditava-se que a água indicada para a hemodiálise era aquela que atendia aos critérios de potabilidade. Entretanto, inúmeros casos de agravamento da situação de saúde de pacientes submetidos à diálise, em decorrência a exposição a compostos inorgânicos mostraram que esta qualidade não atendia plenamente aos requisitos para uso clínico. Entre esses incidentes, pode-se citar os problemas causados pelo excesso de flúor na água de hemodiálise que provocou sérios agravos à saúde em pacientes de um centro de diálise, e a encefalopatia da diálise associada ao alumínio presente na água (Vanholdeer et al., 2002; Alfrey, 1985; Eaton et al., 1973).

No Brasil somente em 1977, o Ministério da Saúde passa ter competência legal para estabelecer os padrões de qualidade da água (Decreto Federal nº 79.367/1977), imediatamente depois o Ministério da Saúde publica a Portaria nº 56/1977, onde constam as normas e o padrão nacional de potabilidade da água para consumo humano. Em 1990 a Portaria MS nº 36/1990, modifica vários pontos da Portaria anterior. Em 2000 é publicada a Portaria MS 1469/2000, sendo substituída em 2004 e pela Portaria MS 518/2004, em vigência até o momento.

Especificamente em relação à água de hemodiálise, em 1990 temos a Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio nos centros de hemodiálise devem ser trimestrais. Em 2004 temos a publicação da RDC 154/2004 da ANVISA (republicada em 31/05/2006), que estabelece regulamento técnico para o funcionamento dos serviços de diálise, onde o controle da água utilizada para hemodiálise passa a ter limites mais rigorosos. Em 2008 é publicada a RDC 33/2008 que regulamenta o planejamento, programação, elaboração, avaliação e aprovação dos Sistemas de Tratamento e Distribuição de Água para Hemodiálise.

Casos de intoxicação aguda são rapidamente detectados e, normalmente, o nexo causal é facilmente definido. Contudo, os casos de exposição crônica de pacientes submetidos à hemodiálise a esses elementos ainda são alvo de grande discussão e muitas vezes é extremamente difícil estabelecer a ligação com o quadro patológico. Além disso, em muitos casos, dados relativos aos efeitos crônicos desses contaminantes em pacientes renais submetidos à hemodiálise são inexistentes ou muito escassos.

Os pacientes com doença renal em estágios avançados têm um maior risco de desenvolverem doenças como câncer, doenças cardiovasculares, anemia, incremento da falência renal, doenças ósseas, alterações no metabolismo da glicose e aumento da resistência dos tecidos a insulina, distúrbios de memória,

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 693

Page 4: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

confusão mental, depressão do sistema imunológico, disfunções enzimáticas, entre outras. Esses quadros não estariam diretamente envolvidos com a disfunção renal, mas sim com o aumento da concentração de alguns elementos inorgânicos na circulação sanguínea e nos tecidos dos pacientes (Vanholder et al., 2002).

O objetivo deste artigo é discutir alguns contaminantes inorgânicos comumente presentes na água utilizada em hemodiálise e seus impactos na saúde decorrentes principalmente da exposição continuada dos pacientes renais crônicos submetidos à hemodiálise.

2. mEtodologia

Foi realizada uma revisão bibliográfica realizada por meio de levantamento retrospectivo de artigos científicos publicados entre 1966 e 2009. A busca foi realizada em estudos indexados nas bases de dados internacionais Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Library of Medicine (MEDLINE), na coleção Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e na rede mundial de computadores (internet), após consulta às terminologias em saúde a serem utilizadas na base de descritores da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) da Bireme (Decs) e Pubmed (Mesh).

Os descritores utilizados foram: Hemodialysis, Hemodialysis Solutions, Water Pollutants, adverse effects, Water Purification, Inorganic Chemicals, aluminum, arsenic, bismuth, cadmium, calcium, chlorine, copper, fluorine, magnesium, mercury, silver, sodium, potassium, e and zinc.

As publicações selecionadas foram nacionais e internacionais publicados nos idiomas português, espanhol e inglês, no período anteriormente mencionado, disponíveis no Brasil ou na Internet. Os Critérios de exclusão foram: resumos de artigos; publicações não disponíveis no Brasil; publicações em outros idiomas que não os mencionados anteriormente.

As publicações foram analisados e categorizadas com vista à classificação e ao delineamento do estudo, observando-se: ano de publicação, fonte, formação e origem do autor/ pesquisador, objeto de estudo, população estudada, tempo de exposição, instrumento de avaliação ou de coleta de dados, sinais e sintomas referidos e lesões e doenças diagnosticadas. Como se trata de um artigo de revisão, não houve necessidade de submissão do presente estudo ao Comitê de Ética em Pesquisa.

alUmínio

O alumínio é um metal bastante comum na crosta terrestre, sendo utilizado em diversas atividades humanas, como, por exemplo, no tratamento de água, na indústria farmacêutica, na fabricação de utensílios domésticos e nas indústrias

694 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 5: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

aeronáutica e automobilística (National Toxicological Program, 2009). O alumínio não possui nenhuma função fisiológica conhecida. Sua concentração na água é aumentada por ação da chuva ácida sobre o solo. O uso de sulfato de alumínio na etapa de decantação nos tratamentos da água para consumo humano também contribui significativamente para a elevação da concentração desse metal na água tratada (Miller et al., 1984).

A intoxicação por alumínio em pacientes renais crônicos é relativamente comum, apesar dos surtos terem diminuído significativamente em períodos mais recentes (Alfrey, 1985; Berend et al., 2001; Lugon et al., 2001; Hutter et al., 2000; Burwen et al., 1995; Hocken, 1984; Parkinson et al., 1981).

O alumínio está relacionado à demência em pacientes renais crônicos submetidos ao tratamento de hemodiálise (Hsieh et al., 2006; McDermott et al.,1978). Nesse caso, a demência está associada à degeneração dos astrócitos (Suarez-Fernandez et al.,1999) e à interferência na manutenção do citoesqueleto em neurônios. Este elemento também estaria associado à encefalopatia nesses pacientes (Van der Voet et al., 1999; Andrade et al., 2005; Pierides et al., 1980; Buge et al., 1979).

O alumínio pode estar envolvido em uma série de desordens mentais, como esclerose lateral amiotrófica, demência associada à doença de Parkinson (Van der Voet at al.,1999) e Alzheimer (Miu & Benga, 2006), o que é corroborado por estudos em animais que demonstram ainda alterações neurocomportamentais em animais expostos no período embrionário/fetal (Exley, 2005; Donald et al., 1989). Desordens imunológicas, como a imunossupressão, também foram encontradas (Garruto et al., 1989).

A osteomalacia também está relacionada com a exposição ao alumínio, já que ele interfere no metabolismo das células ósseas (Golub et al., 1993; Coen et al., 2006; Cetinkaya et al., 2003; Sebert et al., 1985; Lorenzo, 2008).

A excreção de alumínio em pacientes renais é bastante reduzida, o que potencializa seus efeitos deletérios por conta de seu acúmulo nos tecidos. Os tecidos que prioritariamente acumulam esse metal são: ossos, rins, cérebro e músculos (Visser & Van de Vyver, 1985; Wilhelm et al., 1988; Altmann et al., 1987). Sua nefrotoxidade ainda não é bem conhecida em humanos (Mayor & Burnatowska-Hledin, 1983; Jeffery et al., 1996), apesar de ter sido demonstrada em ratos (Sargazi et al., 2006).

Evidências apontam que o alumínio estaria envolvido na anemia, por redução da síntese dos grupamentos heme, das globulinas e pelo aumento da hemólise (Parkinson et al., 1981; Mahieu et al., 2003; Kuo et al., 2005; Dar Santos et al., 2003; Kaiser et al., 1985; Touam et al., 1983).

Somando-se a isso, a literatura relata que os complexos alumínio-flúor

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 695

Page 6: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

aumentam a capacidade de danos neurotóxicos do alumínio (Rifat, 1992). Isso é muito preocupante, uma vez que toda a população encontra-se exposta a esses complexos que são formados durante os processos de tratamento e fluoretação da água (Brudevold et al., 1972).

arSênio

Tanto o arsênio quanto suas propriedades tóxicas são conhecidos desde a antiguidade. Esse metalóide é aplicado na preservação de madeiras, na produção de pesticidas, na balística, como componente de semicondutores etc. O arsênio, a despeito de sua reputação tóxica, pode ser um elemento essencial em concentrações ultra-traço para alguns organismos, como algas vermelhas, ratos e galinhas. A sua deficiência inibiria o crescimento desses organismos (Winter, 2009).

Os dados relativos à intoxicação por arsênio de pacientes renais submetidos à hemodiálise são escassos. Entretanto, a exposição a esse metalóide tem conseqüências bastante conhecidas – algumas delas com significativo impacto na saúde desses pacientes. Sem dúvida, as principais fontes de contaminação da água são os solos naturalmente ricos nesse elemento e os ambientes impactados por rejeitos industriais que o contenham (Dopp et al., 2004; Garelick et al., 2008).

A exposição a este elemento tem sido associado com a hipertensão (Yoshida et al., 2004; Lee et al., 2003) e alguns estudos tem encontrado correlação positiva entre a exposição ao arsênio e efeitos no sistema cardiovascular.

Em sua forma inorgânica, o arsênio pode causar danos severos nos sistemas renal, hematopoiético (Tay & Seah, 1975) e hepático (Lee et al., 1995; Shum et al., 1995). Alguns compostos do arsênio inibem a espermatogênese e a liberação de hormônios sexuais em ratos (Chiou et al., 2008). Estudos indicam impactos no sistema imunológico e na tireóide (Llen & Rana, 2003), além da correlação com a diabetes mellitus tipo II (Walton et al., 2004).

Os compostos orgânicos do arsênio possuem neurotoxidade somente em concentrações bem mais elevadas que aquelas observadas para os sais inorgânicos. A ação carcinogênica do arsênio é reconhecida pela International Agency for Research on Cancer (IARC) que o considera um carcinógeno tipo I (IARC, 2009), e seus principais sítios de ação são fígado, rins, cólon, próstata e pele (Tchounwou et al., 2003; Rossman et al., 2004). Surpreendentemente, alguns compostos do arsênio têm atividade anticarcinogênica em determinadas situações (Jakupec & Keppler, 2004).

biSmUto

O bismuto é um elemento relativamente raro na crosta terrestre. Entretanto,

696 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 7: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

tem amplo uso nas atividades humanas, principalmente como substituto do chumbo em algumas aplicações – entre elas, a siderurgia, a petroquímica e a indústria de cosméticos e farmacêuticos (Bentley & Chasteen, 2002). As emissões antropogênicas são as principais fontes de contaminação da água. Esse elemento não tem função biológica conhecida. Ele tem sido também um importante aliado no tratamento de úlceras (combate a Helicobacter pylori) e outras complicações estomacais (Mesquita et al., 2005).

A exposição a altas concentrações de bismuto, decorrente de tratamentos clínicos, causam falha renal aguda associada à degeneração e à necrose do epitélio do túbulo proximal. Esse elemento também causa esteatose e necrose em células hepáticas, danos reversíveis no sistema nervoso e pigmentações cutâneas. No caso de exposições crônicas, foram observados danos no sistema renal, desmineralização do tecido ósseo, neurotoxidade, hepatoxidade, danos cardiovasculares e hemotoxidade. Todavia, existem poucos dados relativos a pacientes em tratamento de hemodiálise, assim como alguns outros importantes dados (como absorção cutânea, intestinal e pulmonar) são pouco conhecidos (Sano et al., 2005; Cengiz et al., 2005; Akpolat et al., 1996; Weil et al., 2001).

Cádmio

Cádmio é um elemento não essencial e todas as suas formas são altamente tóxicas para os seres humanos. O uso desse metal é significativamente importante na fabricação de baterias, nas indústrias eletrônica e nuclear (Wu et al., 2001).

A literatura relacionando os efeitos danosos desse elemento em pacientes renais submetidos à diálise é escassa. Baseado nos efeitos do cádmio estudados em outros grupos, esse metal é particularmente danoso aos pacientes renais, já que seu principal local de deposição são os rins. O tecido ósseo e o reprodutivo também são importantes sítios de deposição. Estudos indicam que o cádmio afeta o sistema cardiovascular e apontam que aumentaria a pressão sanguínea por interferir no sistema renina, angiotensina e aldosterona (Wu et al., 2001; Satarug & Moore, 2004; Pizent et al., 2001).

A osteomalacia também pode ser causada pelo cádmio, sendo que as mulheres são mais susceptíveis à intoxicação por esse elemento (Takebayashi et al., 2003). O cádmio não é considerado um agente neurotóxico, já que ele é incapaz de cruzar a barreira hematoencefálica (Bellinger et al., 2004).

O cádmio é classificado pela IARC como um carcinógeno do grupo I, relacionado principalmente a neoplasias renais e prostáticas. Em animais, o cádmio induz neoplasias múltiplas (IARC, 2009; Waalkes, 2003).

Um outro efeito do cádmio seria a desregulação endócrina, já que evidências laboratoriais indicam que ele pode estimular ou inibir, dependendo da situação,

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 697

Page 8: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

a síntese da progesterona, além de afetar outros componentes do sistema endócrino (Zhang et al., 2008).

CálCio

O cálcio é um elemento essencial para os organismos vivos de uma maneira geral, inclusive para o homem, participando direta ou indiretamente de uma série de processos bioquímicos, além de ser importante componente da matriz óssea (Winter , 2009).

Os casos de hipercalcemia aguda em pacientes em tratamento de hemodiálise são muito raros, porém, a literatura descreve que a utilização de água com concentrações de cálcio acima de 80 mg/l provoca cefaléia, náuseas, vômitos, hiperemia das conjuntivas e convulsões (Tzamaloukas, 1993; Mulloy et al., 1992; Freeman et al., 1967).

A alta mortalidade causada por doenças cardíacas em doentes renais que passam por hemodiálise estaria relacionada com elevadas concentrações séricas de fosfato de cálcio, calcificação e com o hiperparatireoidismo, que causariam, entre outros fatores de risco, a calcificação vascular (Pecovnik-Balon, 2005; Trespalacios et al., 2002, Lima et al., 1995; Barreto et al., 2008).

Diversos estudos correlacionam a elevação da concentração de cálcio no sangue com um aumento significativo da pressão arterial (Tkaczyk et al., 2006; Katzir et al., 2005; Iseki et al., 2007; Savazzi et al., 1999; Sherman et al., 1986, Maynard et al., 1986; Sica et al., 1984) e outros apontam as doenças cardíacas como a principal causa de morte em pacientes que sofrem hemodiálise (Manni et al., 2006).

A osteopatia severa, encontrada em pacientes com insuficiência renal em estágios mais avançados, é resultante da inabilidade do tecido ósseo em lidar com o excesso de cálcio. Esse quadro pode levar à calcificação metastática (Raggi, 2002; Hermann et al., 1989; Krempien et al., 1972).

Curiosamente, um estudo aponta que a hemodiálise em crianças poderia estar envolvida com um aumento na taxa de crescimento desses pacientes Fischbach et al., 2006).

ChUmbo

O chumbo é utilizado em materiais para proteção contra raios-X, em tintas, nas indústrias de vidros e cristais, em soldas, na produção de pesticidas etc. É um metal não essencial e sua toxidade é bastante variável, dependendo da rota de exposição e de sua especiação físico-química (Winter, 2009).

Os relatos de casos de intoxicação aguda por chumbo em pacientes em tratamento de hemodiálise são raros e os principais sintomas envolvidos são

698 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 9: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

anemia hipocrônica (Alabdullah et al., 2005; Clark et al., 1988), a chamada cólica do chumbo (dor abdominal e anorexia) (Jongnarangsin et al., 1999; Purser et al., 1983; Shaltout et al., 1981), desordens neuromusculares (síndrome neuromuscular) e encefalopatia induzida por chumbo (Philip & Gerson, 1994), podendo evoluir até o coma e a morte (Misael da Silva et al., 1996; Becker, 1982).

Em relação aos efeitos crônicos do chumbo e seus compostos (orgânicos e inorgânicos), os estudos em populações que passam por tratamento de diálise são raros, mas a intoxicação por este elemento causa severos danos à biossíntese do grupamento heme e à eritropoese, levando à anemia (Gawarammana et al., 2006). Danos neurocomportamentais também poderiam estar relacionados à exposição ao chumbo – já que alguns estudos apontam uma redução do QI de indivíduos cronicamente expostos (Rossi, 2008) – e ao autismo em indivíduos intra­uterinamente expostos, apesar dos dados ainda serem inconclusivos (Eppright et al., 1996; Accardo et al., 1988). O chumbo também estaria relacionado com danos cardiovasculares e com o aumento da pressão arterial (Den Hond et al., 2003).

As evidências de carcinogenicidade do chumbo ainda são imprecisas, apesar de haver correlação da sua exposição com alguns tipos de neoplasias (Siddiqui et al., 2002). Estudos demonstraram que concentrações de chumbo no sangue entre 70 e 180 mg.l-1 levariam à redução de 2 dB da capacidade auditiva de indivíduos expostos (Schwartz & Otto, 1991; 1987).

O chumbo ainda teria envolvimento, com danos reprodutivos (Lindbohm et al., 1991) e nos rins, sendo este último principalmente em pacientes renais (Wright et al., 1984).

Cloro

A presença de cloro e seus derivados (dióxido, cloramina e hipoclorito) na água potável é decorrente de seu tratamento para consumo humano. O uso do componente e derivados no tratamento da água constitui um marco na saúde pública devido a sua grande capacidade germicida, seu baixo custo e a relativa facilidade técnica para a sua produção (Rutala & Weber, 1997). O uso do cloro e seus derivados nas instalações hospitalares é amplo e envolve, entre outras atividades; limpeza; tratamento de resíduos; lavanderia; descontaminação de superfícies; tratamento de material cirúrgico semicrítico; e equipamento dental (Rutala & Weber, 1997).

A presença de cloro e derivados na água de hemodiálise é decorrente principalmente do tratasmento das águas de abastecimento (Villforth, 1988) e, em menor grau, da contaminação de material utilizado na hemodiálise (James 2006; Calderaro & Heller, 2001). Diversos episódios de intoxicação aguda foram

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 699

Page 10: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

reportados no Brasil (Kjellstrand et al., 1974) e no exterior (Eaton et al., 1973; Tipple et al., 1998; Klein, 1986). A grande maioria desses casos foi decorrente do tratamento incorreto da água utilizada na hemodiálise, ocasionando hemólise induzida pela cloramina devido ao estresse oxidativo causado pelos radicais originados no cloro (Weinstein et al., 2000).

Alguns estudos epidemiológicos demonstram uma correlação de fraca a moderada entre a exposição ao cloro e seus derivados e o aumento do risco de câncer renal, de cólon, de reto, pancreático, de mama, cérebro e pulmão (Inchem, 2002; Remy-Heintz et al., 1993; Jappinen & Pukkala, 1991).

Alguns estudos em animais indicam alterações no sistema imunológico em ratos expostos ao hipoclorito de sódio, como redução do número de células inflamatórias em exsudato peritoneal, perda de efetividade de macrófagos, redução da atividade citotóxica de linfócitos T e até mesmo autoimunidade (Westman & Harris, 2004; Fidler, 1977). Dados da literatura sugerem uma possível correlação entre o consumo de água clorada e o aumento dos níveis séricos de colesterol (Wones et al., 1993).

Os estudos relativos à toxidade crônica desse elemento na população também são reduzidos e, em alguns casos, controversos. No caso de estudos envolvendo pacientes renais, os números são praticamente inexistentes. Por isso é vital que mais estudos sejam realizados e que a vigilância sanitária monitore rigorosamente esse contaminante na água de hemodiálise.

CobrE

O cobre, um metal traço essencial, é amplamente distribuído nos tecidos vegetais e animais. Ele é componente de uma série de enzimas importantes no metabolismo dos seres vivos. Entretanto, a exposição a esse elemento em quantidades não fisiológicas pode trazer danos à saúde. O contato da população em geral com o cobre, incluindo pacientes que sofrem diálise, normalmente ocorre devido à corrosão dos dutos de água. Entretanto, a contaminação da água por fungicidas, algicidas, resíduos provenientes de depósitos de lixo, a atividade vulcânica e algumas atividades industriais, agrícolas e de mineração também podem ocorrer, aumentando significantemente a concentração desse metal (Winter, 2009; ATSDR, 2004).

No caso de pacientes que sofrem diálise, o cobre já esteve relacionado, em quadros agudos de intoxicação, com casos de hemólise e lesões severas no fígado (Misael, 1996; Blomfield et al., 1971; Barbour et al., 1971).

A exposição crônica ao cobre contribui para o agravamento do quadro de insuficiência renal, gerando defeitos no transporte tubular porque compromete sua habilidade de excretar esse elemento (Vanholder et al., 2002). Além disso,

700 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 11: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

suspeita-se que o cobre afete mecanismos oxidativos, podendo inclusive aumentar o risco de doenças cardíacas elemento (Vanholder et al., 2002; Blomfield et al., 1975). Mesmo afetando mecanismos oxidativos, o cobre não parece ter ação neoplásica (Uriu-Adams & Keen, 2005).

O excesso de cobre também estaria envolvido na anemia, na redução das células precursoras na medula óssea, nos danos hepáticos, em algumas desordens no sistema imunológico, no atraso do crescimento e do desenvolvimento. Contudo, esses dados seriam controversos, e alguns deles foram baseados em experimentação animal (Uriu-Adams & Keen). Por outro lado, a carência de cobre, situação muito comum nesses pacientes, também levaria a um quadro de anemia (Kaya et al., 2006; Van Nhien et al., 2006) e de mielopatia (Yaldizli et al., 2006).

flúor

O flúor é usado em diversas atividades humanas. Entre elas, pode-se citar a indústria química (ácido fluorídrico), a confecção de alguns tipos de plásticos, o processamento de urânio, a refrigeração, entre outras (Winter, 2009). Contudo, a atividade que oferece maior risco para o paciente dialítico é a fluoretação da água potável a fim de reduzir a cárie dentária.

Surpreendentemente, muitos autores questionam o uso desse elemento com fins odontológicos, apontando evidencias que mostram a toxidade do flúor presente na água potável e a sua ineficiência na redução de cáries (Diesendorf, 2003). Não foram encontrados estudos que apontassem os efeitos na saúde do flúor em pacientes renais submetidos a hemodiálise.

A literatura científica aponta a possível relação de complexos flúor-alumínio com a doença de Alzheimer. O alumínio, na forma disponível na água tratada, não pode atravessar a barreira hematoencefálica. Entretanto, ao reagir com o flúor, sua passagem torna-se possível. Esse elemento também é dificilmente excretado pela urina. Em pacientes com insuficiência renal crônica, essa excreção é praticamente ausente. O fluoreto de alumínio é tóxico para o sistema renal (Levesque et al., 2000).

O flúor é rapidamente absorvido pelo organismo, porém, mais de 50% é armazenado nos ossos e o restante é excretado pelo sistema renal – quando este se encontra funcionando apropriadamente – o que, no caso dos pacientes renais, pode tornar o quadro de intoxicação crônica mais complicado. O consumo de 20-40 mg/dia pode inibir a fosfatase, uma enzima crucial para a utilização do cálcio (Diesendorf , 2003).

Alguns dados apontam o aumento no número de fraturas ligado à presença de flúor na água: calcula-se um risco 86% maior de fraturas em indivíduos com

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 701

Page 12: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

mais de 65 anos que consomem água fluoretada (Chin, 1993). A carcinogenicidade do flúor ainda não é bem estabelecida, mas alguns

estudos sugerem um efeito neoplásico (Grandjean & Olsen, 2004). O flúor também estaria envolvido no envelhecimento celular, nos danos ao sistema imunológico e afetaria a proteína G, que estaria ligada a diversas doenças como, por exemplo, a asma e os distúrbios mentais e de memória (Diesendorf, 2003).

magnÉSio

O magnésio é um elemento essencial para animais e plantas. Ele está presente em moléculas como a clorofila e as porfirinas. Algumas enzimas requerem o magnésio para seu correto funcionamento (Agraharkar & Fahlen, 2006).

Estudos avaliando especificamente a exposição (crônica ou aguda) de pacientes dialíticos ao magnésio são inexistentes. Entretanto, baseando-se na literatura disponível para outros grupos populacionais, pacientes renais em estágios avançados da doença poderiam apresentar hipermagnesemia, caso a água utilizada no dialisato tenha elevada concentração de magnésio. Os principais sintomas seriam náusea, vômito e manchas vermelhas na pele (Agraharkar & Fahlen, 2006).

As consequências do aumento da concentração de magnésio são: hipotensão; bloqueio da transmissão neuromuscular, por inibir a liberação pré-sináptica da acetilcolina e inibir o influxo de cálcio (competitivamente); redução dos reflexos; parestesia facial; fraqueza muscular (normalmente ocorrendo somente frente a grandes exposições), podendo resultar inclusive em apnéia e coma (Misael da Silva et al., 1996; Agraharkar & Fahlen, 2006; Knochel, 1988; Rizzo et al., 1993).

A hipermagnesemia afeta também o coração, por depressão do sistema de condução e por ser cardiotóxico – já foram descritas paradas cardíacas em indivíduos expostos a concentrações maiores que 7 mmol/l (Veiga et al., 2006; Nakatani et al., 2006; Ueshima, 2005; Mordes et al., 1975; Altura et al., 1981; Ferdinandus, 1981; Cocks et al., 1993). Esse quadro também estaria envolvido na hipocalcemia e ainda interferiria na correta coagulação sanguínea (Agraharkar & Fahlen, 2006; Oliveira-Silva et al., 2005).

mErCúrio

A presença do mercúrio e seus compostos na água é proveniente da contaminação ambiental. Esse elemento tem diversas aplicações: na fabricação de termômetros, na indústria petroquímica e na mineração, entre outras (Dopp et al., 2009).

Casos de intoxicação aguda e crônica por mercúrio em pacientes em tratamento de hemodiálise não têm sido descritos. Entretanto, a toxidade desse

702 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 13: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

elemento é bastante alta devido a sua capacidade de bioacumulação e a sua neurotoxidade – especialmente a do metil mercúrio, comumente presente em águas próximas de minas de ouro onde se usa esse elemento para auxílio na extração de ouro do sedimento (Oliveira-Silva et al., 2005).

O mercúrio e seus derivados estão relacionados com danos cardiovasculares e aumento da pressão arterial (Al-Saleem & Clinical Committee on Mercury Poisoning, 1976; Verschuuren et al., 1976; Lundgren & Swensson, 1949). Danos renais como glomerulonefrite com proteinuria (glomerular e tubular) e síndrome nefrótica foram observados em humanos e animais, principalmente decorrentes de exposições crônicas a esse grupo de agentes tóxicos (Bridges & Zalups, 2004; Rumbeiha et al., 2000; Pathak & Bhowmik, 1998; Ye et al., 2008).

Os efeitos adversos mais estudados do mercúrio (principalmente de suas formas orgânicas) são os neurotóxicos, tendo como principais implicações os distúrbios motores, a disfunção sensorial e a perda de visão, ocasionados provavelmente por indução de apoptose neuronal (Ye et al., 2008; Costa et al., 2004; Rana, 2008; Shanker & Swersen, 2003).

O metil mercúrio também é um agente genotóxico (Belletti et al., 2002; De Flora et al., 1994; Betti et al., 1993) e, além disso, está classificado pela IARC no grupo 2B – possível carcinógeno para humanos. Está relacionado com neoplasias renais, pulmonares, no sistema nervoso central, hepáticas e de esôfago (IARC, 2009; Kazantzis, 2002; Dare et al., 2001; Mitsumoni et al., 1990).

Evidências apontam a ligação do mercúrio e de seus compostos com danos hepáticos, incluindo a cirrose (Ye et al., 2008; Brandão et al., 2006; Perottoni et al., 2004). O mercúrio causa danos ao sistema imunológico, principalmente na resposta imune celular (Soleo, 2001) e poderia estar associado a doenças auto­imunes (Abedi-Valugerdi, 2009). Indícios apontam ainda a ligação do mercúrio com o autismo, em decorrência da exposição perinatal (Geier et al., 2008).

prata

A prata é um metal que não está presente naturalmente no organismo e não tem nenhuma função biológica conhecida. Esse metal tem aplicações quase incontáveis na sociedade moderna. Seus usos vão desde a indústria joalheira até a aeroespacial (Winter, 2009).

É pouco conhecida a toxidade da prata decorrente da exposição a concentrações elevadas na água de hemodiálise para pacientes com insuficiência renal crônica (IPCS, 2009).

Entretanto, alguns estudos apontam que a exposição crônica esteja envolvida com lesões renais e cardiovasculares (arterioesclerose), além de outros danos no sistema oxidativo, que poderiam afetar outros sistemas ainda não

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 703

Page 14: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

descritos na literatura (Drake & Hazelwood, 2005; Klassen, 2001). Estudos animais indicam que a exposição à prata tem forte associação com sarcomas, fibrossarcomas, fibroadenomas e outras alterações celulares (IPCS, 2009; Drake & Hazelwood, 2005; Rosenman et al.,1979). Curiosamente alguns complexos da prata apresentam atividade anti neoplásica (Thati et al., 2008).

Nos casos de exposição prolongada à prata, decorrente de tratamentos médicos, o achado mais comum tem sido a argirose (acúmulo de complexos protéicos ligados à prata nos tecidos), principalmente renal (glomérulos), endotelial, conjuntivo, cutâneo, tireóide, em glândulas sudoríparas e sebáceas. Essa pigmentação pode interferir na visão devido à formação de zonas de pigmentação nas estruturas oculares. A prata poderia também aumentar a deposição de melanina através da estimulação dos melanócitos (Drake & Hazelwood, 2005; Klassen, 2001).

Sódio E potáSSio

O sódio e o potássio presentes na água estão sob a forma iônica. Suas origem pode ser tanto natural como antropogênica.

Ambos são elementos essenciais para o correto funcionamento das funções metabólicas de grande parte dos seres vivos (Winter, 2009; IPCS, 2009). Contudo, são inexistentes, dados relativos à toxidade crônica, tanto do sódio quanto do potássio, em pacientes renais crônicos.

Conquanto a toxicidade destes dói elementos seja baixa, é sabido que alguns compostos de sódio e de potássio podem ser efeitos indesejáveis sobre a saúde humana (IPCS, 2009, Lenntech Periodic Table, 2009). Alguns estudos apontam o envolvimento do sódio no aumento da pressão arterial – seja em populações que realizam tratamento de diálise (Ang et al., 1999) ou em grupos saudáveis (IPCS, 2009) – e em danos cardiovasculares não relacionados com a pressão arterial, como a hipertrofia ventricular esquerda (TSO , 2003).

O aumento do risco da osteoporose também está relacionado com a exposição crônica a concentrações elevadas de sódio (Nordin, 1993). Curiosamente, a literatura menciona um artigo em que a redução drástica das concentrações de potássio no sangue causada pela hemodiálise está associada a danos no tecido cardíaco (Hochrein et al., 1963). Um antigo estudo em gatos submetidos à hemodiálise correlaciona esses elementos com danos e alterações cerebrais (Bradbury & Kleeman, 1969).

zinCo

O zinco é um dos elementos mais abundantes da crosta terrestre. Ele pode ser encontrado no ar, no solo e na água. Esse metal é usado como componente

704 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 15: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

de produtos antiferrugem, pilhas e baterias, tintas, preservativo de madeira e na cunhagem de moedas, entre outras aplicações. No organismo humano, o zinco participa de várias reações bioquímicas como componente de diversas enzimas, além de atuar também como co-fator de algumas outras. Por isso é um metal essencial (Winter, 2009; ATSDR, 2005). Entretanto, em excesso, o zinco é um elemento tóxico principalmente para o sistema nervoso e para a embriogênese (ATSDR, 2005).

Em pacientes em hemodiálise, estudos indicam uma relação bem estabelecida entre altos níveis de zinco no sangue e imunossupressão, provavelmente por redução da estimulação de linfócitos e redução da atividade de quimiotaxia e fagocítica de neutrófilos (Holtkamp et al., 1993). Apesar de presentes, outros efeitos ainda não estão bem correlacionados à exposição a esse metal (ATSDR, 2005). Casos de anemia hemolítica foram descritos em pacientes que sofreram diálise, assim como encefalopatia em pacientes expostos cronicamente ao zinco durante o tratamento (Misael da Silva, 1996; Gallery et al., 1972).

A exposição crônica ao zinco em pacientes não renais tem sido correlacionada com alterações no perfil lipídico do sangue, apesar dos mesmos estudos não indicarem um aumento na mortalidade por doenças cardíacas (Hughes & Samman, 2006). Em contraste, os estudos apontam que o zinco tem correlação com a diminuição da pressão arterial (Tubek, 2007).

Dados da literatura apontam, que na população em geral, que a exposição crônica ao zinco estaria envolvida em quadros de anemia e na redução de superóxido dismutase em eritrócitos (Nishiyama et al., 1999; Tovalin Ahumada, 1998; Rosner & Gorfien, 1968). Estudos em animais demonstram que a prole exposta durante a gestação a compostos de zinco possui maior risco de apresentar danos hematológicos (Shrader, 1982). Alterações na função hepática, danos renais e câncer de próstata têm sido associados à exposição ao zinco (Uzzo et al., 2006; Leone et al., 2006; Wagner et al., 2009). Entretanto, evidencias apontam um efeito protetivo do zinco em relação a algumas neoplasias (Mahabir et al., 2007).

Por outro lado, a carência de zinco em pacientes renais, assim como em qualquer pessoa, é danosa à saúde – e é relevante o monitoramento do status nutricional do indivíduo submetido à hemodiálise (Vanholder et al., 2002; Yaldizli et al., 2006; Bozalioglu et al., 2005; Kreft et al., 2000; Zima et al., 1999; Erten et al., 1998; Szpanowska-Wohn et al., 2008; Piechota et al., 1983).

3. rESUltadoS E diSCUSSão

Dentre as patologias ou danos aos sistemas fisiológicos relacionados à exposição aos elementos listados, os mais freqüentemente encontradas foram: danos no sistema cardíaco e vascular, neoplasias malignas, danos ao sistema

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 705

Page 16: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

renal e patologias do sistema nervoso (incluindo ai distúrbios de comportamento, doenças neurodegenerativas, sistemas nervoso central e periférico), conforme demonstrado na Tabela 1. Cabe ressaltar que a literatura disponível específica para o tema é limitada, e se tratando de Brasil é praticamente inexistente.

Apesar dos diversos efeitos nefrotóxicos de alguns contaminantes inorgânicos serem bem descritos (Tabela 2), assim como os efeitos da disfunção renal na alteração plasmática de alguns contaminantes inorgânicos tóxicos, que contribuem para o agravo da doença renal, não foi encontrado nenhum estudo correlacionando diretamente a hemodiálise, concentração plasmática de alguns elementos inorgânicos de interesse toxicológico e função renal.

4. ConClUSõES

Existem poucos estudos relativos à exposição crônica a agentes tóxicos inorgânicos em pacientes submetidos a hemodiálise encontrados na literatura, sendo assim, avaliações desta natureza se fazem prementes para melhor conhecermos a real situação destes pacientes. O monitoramento precário, muitas vezes em decorrência da falta de infra­estrutura e de recursos financeiros para realização das mesmas, apesar dos ditames e parâmetros estabelecidos por lei, certamente impossibilita uma regulação efetiva da qualidade da água utilizada no tratamento de hemodiálise, que é um ponto fundamental para o aumento da expectativa e da qualidade de vida dos pacientes renais crônicos. Estudos ainda precisam ser realizados, já que são poucas as informações a respeito do perfil físico-químico dos mananciais e da rede de abastecimento de água no Brasil.

O uso do flúor e de outros elementos na água de abastecimento deveria ser discutido, tendo em vista o número crescente de evidências que estão opondo-se à utilização desse elemento devido a sua toxidade. Não somente por se tratar de um agente impactante à saúde de pacientes renais submetidos à hemodiálise, mas possivelmente à de todas as pessoas que consomem água fluoretada. O alumínio deveria ter suas concentrações monitoradas de maneira mais rigorosa, considerando seus possíveis efeitos deletérios – principalmente na presença do flúor.

Tambémdeveriam ser realizados estudos referentes aos efeitos tóxicos decorrentes da exposição crônica a contaminantes inorgânicos de uma maneira geral – principalmente nos casos do sódio, do potássio, do bismuto, da prata, e do cálcio –, em virtude da escassez de dados pertinentes aos danos causados pela exposição crônica de pacientes renais submetidos à hemodiálise.

Os dados acima relatados justificam a necessidade de que a água a ser utilizada para hemodiálise tenha características próprias definidas em portaria específica, uma vez que atende a grupos de risco mais elevados que os indivíduos sãos e não apenas aquelas estabelecidas para a potabilidade, e que mesmo assim necessita de atualização periódica.

706 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 17: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

Tab

ela

1Pr

incipa

is sist

emas

fisi

ológ

icos

atin

gido

s e

proc

esso

s pa

toló

gico

s as

sociad

os à

exp

osição

de

algu

ns e

lem

ento

s in

orgâ

nico

s se

lecion

adas

Elem

ento

Sist

emas

dio

e Al

umín

io

Arsê

nio

Bism

uto

Cádm

io

Cálc

io

Chum

bo

Clor

o Co

bre

Flúo

r M

agné

sio

Mer

cúrio

Pr

ata

Zinc

o at

ingi

dos/

Po

táss

io

pato

logi

as

asso

ciad

as

Card

íaco

e/o

u +

++

+

+

++

++

+

+

++

+

++

+

+

++

+

vasc

ular

Endó

crin

o +

+

+

++

+

Hem

atop

oiét

ico

++

+

+

++

++

+

+

++

+

++

++

Hepá

tico

++

+

++

+

++

+

++

+

+

Imun

ológ

ico

+

+

+

+

++

+

++

+

Neop

lasi

as

++

+

++

+

++

++

+

+

++

+

+

++

m

alig

nas

Nerv

oso

++

++

+

+

++

+

+

++

+

++

+

++

Ósse

o +

++

+

+

++

+

++

+

++

+

++

Pigm

enta

ções

+

+

++

+

Rena

l +

+

++

+

++

+

+

++

++

+

++

+

+

++

Repr

odut

or

+

++

++

Lege

nda:

++

++

- D

anos

des

crito

s em

pop

ulaç

ões

hum

anas

sub

met

idas

à h

emod

iális

e+

++

- D

anos

des

crito

s em

pop

ulaç

ões

hum

anas

não

sub

met

idas

à h

emod

iális

e+

+ -

Dan

os d

escr

itos

em c

asos

hum

anos

isol

ados

+ -

Dan

os d

escr

itos

som

ente

em

est

udos

em

ani

mai

s

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 707

Page 18: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

Tab

ela

2Ele

men

tos

inor

gâni

cos

e se

us p

ossíve

is e

feito

s de

leté

rios

ao

sistem

a re

nal (d

iret

os o

u in

dire

tos).

Elem

ento

inor

gâni

co tó

xico

Sódi

oe

Tipo

de

lesã

o ca

usad

a Ar

sêni

o3 Cá

dmio3

Cobr

e4 Ch

umbo

3 M

ercú

rio3

Bism

uto3

Prat

a3 po

táss

io3 Al

umín

io3 Cá

lcio4

Redu

ção

da fu

nção

rena

l X

Defe

itos

no tr

ansp

orte

tubu

lar

X X

X X

Nefri

te/G

lom

erul

onef

rite

X X

Necr

ose/

Dege

nera

ção

epite

lial1

X2

Nefro

toxid

ade

não

espe

cifica

da

X X

X

Aum

ento

da

pres

são

arte

rial

X X

X X

X X

Font

e: m

odifi

cado

de

Vanh

olde

r et a

l., 2

002.

Nota

s:3

– Ef

eito

s de

scrit

os e

m i

ndiv

íduo

s ex

post

os q

ue n

ão p

ossu

íam

doe

nça

rena

l

1 –

Epité

lio d

o tú

bulo

pro

xim

al.

crôn

ica

e nã

o su

bmet

idos

à h

emod

iális

e.

2 –

Efei

to s

omen

te e

ncon

trado

em

exp

osiç

ões

a al

tas

dose

s de

bis

mut

o.

4 -

Efe

itos

desc

ritos

em

pac

ient

es re

nais

crô

nico

s su

bmet

idos

à h

emod

iális

e.

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

708 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 19: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

Tab

ela

2Ele

men

tos

inor

gâni

cos

e se

us p

ossíve

is e

feito

s de

leté

rios

ao

sistem

a re

nal (d

iret

os o

u in

dire

tos).

Elem

ento

inor

gâni

co tó

xico

Tipo

de

lesã

o ca

usad

aAr

sêni

o3Cá

dmio3

Cobr

e4Ch

umbo

3M

ercú

rio3

Bism

uto3

Prat

a3Só

dio

e po

táss

io3Al

umín

io3Cá

lcio4

Redu

ção

da fu

nção

rena

lX

Defe

itos

notra

nspo

rtetu

bula

rX

XX

X

Nefri

te/G

lom

erul

onef

rite

XX

Necr

ose/

Dege

nera

ção

epite

lial1

X2

Nefro

toxid

ade

não

espe

cifica

daX

XX

Aum

ento

da

pres

são

arte

rial

XX

XX

XX

Font

e:m

odifi

cado

de

Vanh

olde

r et a

l., 2

002.

Nota

s:

1 –

Epité

lio d

o tú

bulo

pro

xim

al.

2 –

Efei

to s

omen

te e

ncon

trado

em

exp

osiç

ões

a al

tas

dose

s de

bis

mut

o.

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

RefeRênCiaS

abEdi-valUgErdi, m. Mercury and silver induce B cell activation and anti-nucleolar autoantibody production in outbred mouse stocks: are environmental factors more important than the susceptibility genes in connection with autoimmunity? Clinical and Experimental Immunology. v. 155, n. 1, p. 117 – 124, 2009.

aCCardo, p.; whitman, b.; CaUl, J.; rolfE, U. Autism and plumbism: a possible association. Clinical Pediatrics. v. 27, n. 1, p. 41 – 44, 1988.

agraharKar, m.; fahlEn, m. hypErmagnESEmia. eMedicine. 2006. Disponível em: <http://www.emedicine.com/med/topic3383.htm>. Acesso em: 7 jan. 2009.

alabdUllah, h.; barEford, d.; braithwaitE, r.; Chipman, K. Blood lead levels in iron-deficient and noniron-deficient adults. Clinical and Laboratory Haematology. v. 27, n. 2, p. 105 – 109, 2005

alfrEy, a. C. Dialysis encephalopathy. Clinical Nephrology. v. 24, Suppl. 1., S15 - S19, 1985.

al-SalEEm, t.; Clinical Committee on Mercury Poisoning. Levels of mercury and pathologic changes in patients with organomercury poisoning. Bulletin of the World Health Organization. v. 53, Suppl, p. 99 – 104, 1976.

altmann, p.; bUttEr, K. C.; plowman, d.; Chaput de Saintonge, D. M.; Cunningham, J.; Marsh, F. P. Residual renal function in hemodialysis patients may protect against hyperaluminemia. Kidney International. v. 32, n. 5, p. 710 – 713, 1987.

altUra, b. m.; altUra, b. t.; CarElla, a.; tUrlapaty, p. d. Hypomagnesemia and vasoconstriction: possible relationship to etiology of sudden death ischemic heart disease and hypertensive vascular diseases. Artery. v. 9, n. 3, p. 212 – 231, 1981.

aKpolat, i.; Kahraman, h.; ariK, n.; aKpolat, t.; KandEmir, b.; CEngiz, K. Acute renal failure due to overdose of colloidal bismuth. Nephrology, Dialysis, Transplantation. v. 11, n. 9, p. 1890 - 1981, 1996.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 709

Page 20: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

andradE, l. g.; garCia, f. d.; Silva, v. S.; gabriEl, d. p.; rodrigUES Jr, a. g.; naSCimEnto, g. v.; Caramori, J. t.; martin, l. C.; barrEtti, p.; balbi, a. l. Dialysis encephalopathy secondary to aluminum toxicity, diagnosed by bone biopsy. Nephrology, Dialysis, Transplantation. v. 20, n. 11, p. 2581 – 2582, 2005.

ang, K. S.; bEnarbia, S.; boUlahroUz, r.; StanESCU, C.; CharaSSE, C.; lE

CaChEUx, p.; Simon, p. Arterial hypertension in the hemodialysis patient: a model of salt-sensitive hypertension in man. Archives des Maladies du Coeur et des Vaisseaux. v. 92, n. 8, p. 1023 – 1026, 1999.

ATSDR. Agency for Toxic Substances and Disease Registry. Toxicological profile for zinc. Atlanta: United States Department of Health and Human Services. Public Health Services. 2005. Disponível em: <http://www.atsdr.cdc.gov/ toxprofiles/tp60.html>. Acesso em: 25 set. 2008.

______. Agency for Toxic Substances and Disease Registry. Toxicological profile for Copper. Atlanta: United States Department of Health and Human Services, Public Health Services, 2004. 314. Disponível em: <http://www.atsdr.cdc.gov/ toxprofiles/tp132.pdf>. Acesso em: 9 jan. 2009.

barboUr, b. h.; biSChEl, m.; abramS, d. E. Copper accumulation in patients undergoing chronic hemodialysis: the role of cuprophan. Nephron. v. 8, n. 5, p. 455 – 462, 1971.

barrEto, d. v.; barrEto, f. C.; Carvalho, a. b.; CUppari, l.; draibE, S. a.; dalboni, m. a.; moySES, r. m.; nEvES, K. r.; JorgEtti, v.; minamE, m.; SantoS, r. d.; Canziani, m. E. Association of changes in bone remodeling and coronary calcification in hemodialysis patients: a prospective study. American Journal of Kidney Diseases. v. 52, n. 6, p. 1139 – 1150, 2008.

bECKEr, a.; bECKEr, a.; gUElfi, m. C.; pEtiot, J.; farinoti, r.; lEbaS, m.; pradEan, d. L´eu pour hemodyalise. Paris: A.P.H.I., 1982.

bEllEtti, S.; orlandini, g.; vEttori, m. v.; mUtti, a.; UggEri, J.; SCandroglio, r,; alinovi, r.; gatti, r. Time course assessment of methylmercury effects on C6 glioma cells: submicromolar concentrations induce oxidative DNA damage and apoptosis. Journal of Neuroscience Research. v.

710 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 21: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

70, n. 5, p. 703 – 711, 2002.

bEllingEr, d.; bolgEr, m.; goyEr, r.; barraJ, l.; bainES, J. WHO food additives series 46: cadmium. IPCS, INCHEM, 2004. Disponível em: <http:// www.inchem.org/documents/jecfa/jecmono/v46je11.htm#_46111000>. Acesso em: 29 Jan. 2009.

bEntlEy, r.; ChaStEEn, t. g. Microbial methylation of metalloids: arsenic, antimony, and bismuth. Microbiology and Molecular Biology Reviews. v. 66, n. 2, p. 250 – 271, 2002.

bErEnd, K.; van dEr voEt, g.; boEr, w. h. Acute aluminum encephalopathy in a dialysis center caused by a cement mortar water distribution pipe. Kidney International. v. 59, n. 2, p. 746 – 753, 2001.

bEtti, C.; davini, t.; hE, J.; baralE, r. Liquid holding effects on methylmercury genotoxicity in human lymphocytes. Mutation Research. v. 301, n. 4, p. 267 – 273, 1993.

blomfiEldm, J.; dixon, S. r.; mCCrEdiE, d. a. Potential hepatotoxicity of copper in recurrent hemodialysis. Archives of Internal Medicine. v. 128, n. 4, p. 555 – 560, 1971.

bozalioglU, S.; ozKan, y.; tUran, m.; SimSEK, b. Prevalence of zinc deficiency and immune response in short-term hemodialysis. Journal of Trace Elements in Medicine and Biology. v. 18, n. 3, p. 243 – 249, 2005.

bradbUry, m. w.; KlEEman, C. r. The effect of chronic osmotic disturbance on the concentrations of cations in cerebrospinal fluid. The Journal of Physiology. v. 204, n. 1, p. 181 – 193, 1969.

brandão, r.; SantoS, f. w.; zEni, g.; roCha, J. b.; nogUEira, C. w. DMPS and N-acetylcysteine induced renal toxicity in mice exposed to mercury. Biometals. v. 19, n. 4, p. 389 – 398, 2006.

braSil. Ministério da Saúde. DATASUS. 2009. Disponível em: <http://www. datasus.gov.br>. Acesso em: 16 jan. 2009.

bridgES, C. C.; zalUpS, r. K. Homocysteine, system b0,+ and the renal

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 711

Page 22: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

epithelial transport and toxicity of inorganic mercury. The American Journal of Pathology. v. 165, n. 4, p. 1385 – 1394, 2004.

brUdEvold, f.; morEno, E.; baKhoS, y. Fluoride complexes in drinking water. Archives of Oral Biology. v. 17, n. 8, p. 1155 – 1163, 1972.

bUgE, a.; poiSSon, m.; maSSon, S.; blEibEl, J. m.; maShaly, r.; JaUdon, m. C.; Reversible dialytic encephalopathy after interruption of aluminum intake: 6 cases (author’s transl). Na Nouvelle Presse Médicale. v. 8, n. 34, p. 2729 – 2733, 1979.

bUrwEn, d. r.; olSEn, S. m.; bland, l. a.; ardUino, m. J.; rEid, m. h.; JarviS, w. r. Epidemic aluminum intoxication in hemodialysis patients traced to use of an aluminum pump. Kidney International. v. 48, n. 2, p. 469 – 474, 1995.

CaldEraro, r. v. v.; hEllEr, l. Outbreak of hemolytic reactions associated with chlorine and chloramine residuals in hemodialysis water. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 35, n. 5, p. 481 – 486, 2001.

CEngiz n, USlU y, goK f, anarat a. Acute renal failure after overdose of colloidal bismuth subcitrate. Pediatric Nephrology. v. 20, n. 9, p. 1355 – 1358, 2005.

CEtinKaya, r.; odabaS, a. r.; SElCUK, y.; Erman, z.; Kaya, h. Bone marrow amyloidosis with erythropoietin-resistant anemia in a patient undergoing chronic hemodialysis treatment. Southern Medical Journal. v. 96, n. 5, p. 491 – 493, 2003.

Chin, d. l. Hip fractures and fluoridation. JAMA. v. 269, p. 2087, 1993.

ChioU, t. J.; ChU, S. t.; tzEng, w. f.; hUang, y. C.; liao, C. J. Arsenic trioxide impairs spermatogenesis via reducing gene expression levels in testosterone synthesis pathway. Chemical Research in Toxicology. v. 21, n. 8, p. 1562 – 1569, 2008.

ClarK, m.; royal, J.; SEElEr, r. Interaction of iron deficiency and lead and the hematologic findings in children with severe lead poisoning. Pediatrics. v. 81, n. 2, p. 247 – 254, 1988.

712 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 23: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

CoCKS, t. m.; KEmp, b. K.; prUnEaU, d.; angUS, J. a. Comparison of contractile responses to 5-hydroxytryptamine and sumatriptan in human isolated coronary artery: synergy with the thromboxane A2-receptor agonist, U46619. British Journal of Pharmacology. v. 110, n. 1, p. 360 – 368, 1993. CoEn, g.; ballanti, p.; baldUCCi, a.; grandi, f.; manni, m.; mantElla, d. Renal osteodystrophy: alpha-Heremans Schmid glycoprotein/fetuin-A, matrix GLA protein serum levels, and bone histomorphometry. American Journal of Kidney Diseases. v. 48, n. 1, p. 106 – 113, 2006.

CoSta, l. g.; aSChnEr, m.; vitalonE, a.; SyvErSEn, t.; Soldin, o. p. Developmental neuropathology of environmental agents. Annual Review of Pharmacology and Toxicology. v. 44, p. 87 – 110, 2004.

dar SantoS, a. E.; ShalanSKy, K. f.; JaStrzEbSKi, J. p. Management of anemia in erythropoietin-resistant hemodialysis patients. The Annals of Pharmacotherapy. v. 37, n. 12, p. 1768 – 1773, 2003.

darE, E.; li, w.; zhivotovSKy, b.; yUan, x.; CECCatElli, S. Methylmercury and H(2)O(2) provoke lysosomal damage in human astrocytoma D384 cells followed by apoptosis. Free Radical Biology & Medicine. v. 30, n. 12, p. 1347 – 1356, 2001.

dE flora, S.; bEnniCElli, C.; bagnaSCo, m. Genotoxicity of mercury compounds. A review. Mutation Research. v. 317, n. 1, p. 57 – 79, 1994.

dEn hond, E.; nawrot, t.; StaESSEn, J. a. Hypertension caused by low level lead exposure: myth or fact? Journal Cardiovascular Risk. v. 1, n. 1, p. 87 – 97, 2003.

diESEndorf, m. Are proponents of water fluoridation suppressing scientific evidence and debate? Fluoride. v. 36, p. 271 – 279, 2003.

donald, J. m.; golUb, m. S.; gErShwin, m. E.; KEEn, C. l. Neurobehavioral effects in offspring of mice given excess aluminum in diet during gestation and lactation. Neurotoxicology and Teratology. v. 11, n. 4, p. 345 – 351, 1989.

dopp, E.; hartmann, l. m.; florEa, a. m.; rEttEnmEiEr, a. w.; hirnEr, a. v. Environmental distribution, analysis, and toxicity of organometal(loid)

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 713

Page 24: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

compounds. Critical Reviews in Toxicology. v. 34, n. 3, p. 301 – 333, 2004.

draibE, S.; CEndroroglo, m. Epidemiologia da insuficiência renal crônica (IRC) no Brasil. International Brazilian Journal Urology. v. 29, Suppl. 2, p. 3 – 6, 2003.draKE, p. l.; hazElwood, K. J. Exposure-related health effects of silver and silver compounds: a review. Annals of Occupational Hygiene. v. 49, n. 7, p. 575 – 585, 2005.

Eaton, J. w.; Kolpin, C. f.; Swofford, h. S.; KJEllStrand, C. m.; JaCob, h. S. Chlorinated urban water: a cause of dialysis-induced hemolytic anemia. Science. v. 181, n. 4098, p. 463 – 464, 1973.

Eppright, t. d.; SanfaCon, J. a.; horwitz, E. a. Attention deficit hyperactivity disorder, infantile autism, and elevated blood-lead: a possible relationship. Missouri Medicine. v. 93, n. 3, p. 136 – 138, 1996.

ErtEn, y.; KayataS, m.; SEzEr, S.; ozdEmir, f. n.; ozyigit, p. f.; tUran, m. habEral, a.; güz, g.; Kaya, S.; bilgin, n. Zinc deficiency: prevalence and causes in hemodialysis patients and effect on cellular immune response. Transplantation Proceedings. v. 30, n. 3, p. 850 – 851, 1998.

ExlEy C. The aluminium-amyloid cascade hypothesis and Alzheimer’s disease. Subcellular Biochemistry. v. 38, p. 225 – 234, 2005.

fErdinandUS, J.; pEdErSon, J. a.; whang, r. Hypermagnesemia as a cause of refractory hypotension, respiratory depression, and coma. Archives of Internal Medicine. v. 141, n. 5, p. 669 – 670, 1981.

fidlEr, i. J. Depression of macrophages in mice drinking hyperchlorinated water. Nature. v. 270, n. 5639, p. 735 – 736, 1977.

fiSChbaCh, m.; tErziC, J.; mEnoUEr, S.; dhEU, C.; SoSKin, S.; hElmStEttEr, a.; bUrgEr, m. C. Intensified and daily hemodialysis in children might improve statural growth. Pediatric Nephrology. v. 21, n. 11, p. 1746 – 1752, 2006.

frEEman, r. m.; lawton, r. l.; ChambErlain, m. a. Hard-water syndrome. The New Engand Journal of Medicine. v. 276, n. 20, p. 1113 – 1118, 1967.

714 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 25: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

gallEry, E. d.; blomfiEld, J.; dixon, S. r. Acute zinc toxicity in haemodialysis. British Medical Journal. v. 4, n. 5836, p. 331 – 333, 1972.

garEliCK, h.; JonES, h.; dybowSKa, a.; valSami-JonES, E. Arsenic pollution sources. Review Environmental Contamination and Toxicology. v. 197, p. 17 – 60, 2008.

garrUto, r. m.; ShanKar, S. K.; yanagihara, r.; Salazar, a. m.; amyx, h. l.; gaJdUSEK, d. C. Low-calcium, high-aluminum diet-induced motor neuron pathology in cynomolgus monkeys. Acta Neuropathologica. v. 78, n. 2, p. 210 – 219, 1989.

gawarammana, i. b.; dargan, p. i.; woodCoCK, S.; SCUllEy, m.; hoUSE, i. m.; wood, d. m.; JonES, a. l. Should all patients with unexplained anaemia be screened for chronic lead poisoning? Human and Experimental Toxicology. v. 25, p. 11, p. 645 – 649, 2006.

gEiEr, d. a.; King, p. g.; SyKES, l. K.; gEiEr, m. r. A comprehensive review of mercury provoked autism. The Indian Journal of Medical Research. v. 128, n. 4, p. 383 – 411, 2008.

golUb mS, taKEUChi pt, gErShwin mE, yoShida Sh. Influence of dietary aluminum on cytokine production by mitogenstimulated spleen cells from Swiss Webster mice. Immunopharmacology and Immunotoxicology. v. 15, n. 5, p. 605 – 619, 1993.

grandJEan, p.; olSEn, J. h. Extended follow-up of cancer incidence in fluoride-exposed workers. Journal of the National Cancer Institute. v. 96, n. 10, p. 802 – 803, 2004.

hErmann, E.; wandEl, E.; mayEt, w. J.; poralla, t.; KohlEr, h.; mEyEr

zUm bUSChEnfEldE, K. h. Multiple osteoarticular complications (dialysis­associated spondyloarthropathy) and carpal tunnel syndrome in chronic hemodialysis. Deutsche medizinische Wochenschrift. v. 114, n. 38, p. 1436 – 1440, 1989.

hoChrEin, h.; KlUEtSCh, K.; hEidland, a.; hElwing, h. p. Effect of acute

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 715

Page 26: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

potassium deprivation caused by hemodialysis on the potassium content of the myocardium and other tissues. Zeitschrift für Kreislaufforschung. v. 52, p. 814 – 823, 1963.

hoCKEn, a. g. Dialysis encephalopathy associated with polyvalent ion contamination. The New Zeland Medical Journal. v. 97, n. 752, p. 190 – 192, 1984.

holtKamp, w.; brodErSEn, h. p.; StollbErg, t.; thiEry, J.; falKnEr, C. Zinc supplementation stimulates tetanus antibody formation and soluble interleukin-2 receptor levels in chronic hemodialysis patients. Journal of Molecular Medicine. v. 71, n. 7, p. 537 – 541, 1993.

hSiEh, y. y.; ShEn, w. S.; lEE, l. y.; wU, t. l.; ning, h. C.; SUn, C. f. Long-term changes in trace elements in patients undergoing chronic hemodialysis. Biological Trace Element Research. v. 109, n. 2, p. 115 – 121, 2006.

hUghES, S.; Samman, S. The effect of zinc supplementation in humans on plasma lipids, antioxidant status and thrombogenesis. Journal of the American College of Nutrition. v. 25, n. 4, p. 285 – 291, 2006.

hUttEr, J. C.; KUEhnErt, m. J.; walliS, r. r.; lUCaS, a. d.; SEn, S.; JarviS, w. r. Acute onset of decreased vision and hearing traced to hemodialysis treatment with aged dialyzers. JAMA. v. 283, n. 16, p. 2128 – 2134, 2000.

IARC. The International Agency for Research on Cancer. Monographs database on carcinogenic risks to humans. Disponível em: <http://monographs.iarc.fr/ENG/ Monographs/PDFs/index.php>. Acesso em: 23 jan. 2009.

INCHEM. International Programme on Chemical Safety. Environmental Health Criteria 216. Disinfectants and disinfectant by-products. Genebra, 2002. 529p. Disponível em: <http://www.inchem.org/documents/ehc/ehc/ehc216. htm#SubSectionNumber:1.4.2>. Acesso em: 8 jan. 2009.

IPCS. International Programme on Chemical Safety. WHO. World Health Organization. IPCS INTOX data base. Disponível em: <http://www.intox.org/ databank/index.htm>. Acesso em: 5 jan. 2009.

iSEKi, K.; naKai, S.; Shinzato, t.; morita, o.; Shinoda, t.; KiKUChi, K.; wada, a.; Kimata, n.; aKiba, t. Prevalence and determinants of hypertension

716 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 27: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

in chronic hemodialysis patients in Japan. Therapeutic Apheresis and Dialysis. v. 11, n. 3, p. 183 – 188, 2007.

JamES, r. Monitoring of dialysis water systems: is there a need for increased sampling? EDTNA/ERCA Journal. v. 32, n. 2, p. 74 – 77, 2006.

JaKUpEC, m. a.; KEpplEr, b. K. Gallium and other main group metal compounds as antitumor agents. Metal, Ions in Biological Systems. v. 42, p. 425 – 462, 2004.

JappinEn, p.; pUKKala, E. Cancer incidence among pulp and paper workers exposed to organic chlorinated compounds formed during chlorine pulp bleaching. Scandinavian Journal of Work, Environment and Health. v. 17, n. 5, p. 356 – 359, 1991.

JEffEry, E. h.; abrEo, K.; bUrgESS, E.; Cannata, J.; grEgEr, J. l. Systemic aluminum toxicity: effects on bone, hematopoietic tissue, and kidney. Journal Toxicology and Environmental Health. v. 48, n. 6, p. 649 – 665, 1996.

JongnarangSin, K.; mUKhErJEE, S.; baUEr, m. a. An unusual cause of recurrent abdominal pain. American Journal of Gastroenterology. v. 94, n. 12, p. 3620 – 3622, 1999.

KaiSEr, l.; SChwartz, K. a. Aluminum-induced anemia. American Journal of Kidney Diseases. v. 6, n. 5, p. 348 – 352, 1985.

Katzir, z.; miChlin, a.; boaz, m.; biro, a.; SmEtana, S. Antihypertensive effect of low calcium dialysis. IMAJ. v. 7, n. 11, p. 704 – 707, 2005.

Kaya, a.; altinEr, a.; ozpinar, a. Effect of copper deficiency on blood lipid profile and haematological parameters in broilers. Journal of Veterinary Medicine. v. 53, n. 8, p. 399 – 404, 2006.

KazantziS, g. Mercury exposure and early effects: an overview. La Medicina del Lavoro. v. 93, n. 3, p. 139 – 147, 2002.

KJEllStrand, C. m.; Eaton, J. w.; yawata, y.; Swofford, h.; Kolpin, C. f.; bUSElmEiEr, t. J.; von hartizSCh, b.; JaCob, h. S. Hemolysis in dialized patients caused by chloramines. Nephron. v. 13, n. 6, p. 427 – 433, 1974.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 717

Page 28: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

KlaSSEn, C. d. Casarett e Doull’s Toxicology: The basic science of poisons. 6th ed. New York: McGraw-Hill, 2001. 1275p.

KlEin, E. Effects of disinfectants in renal dialysis patients. Environmental Health Perspectives, v. 69, p. 45 – 47, 1986.

KlEvay, l. m. Coronary heart disease: the zinc/copper hypothesis. The American Journal of Clinical Nutrition. v. 28, n. 7, p. 764 – 774, 1975.

KnoChEl, J. p. Disorders of magnesium metabolism. In: Fauci, A. S. (Ed.). Harrison’s principles of internal medicine. 14th ed. New York: McGraw-Hill, 1988. p. 2263 - 2266.

KrEft, b.; fiSChEr, a.; KrUgEr, S.; SaCK, K.; KirChnEr, h.; rinK, l. The impaired immune response to diphtheria vaccination in elderly chronic hemodialysis patients is related to zinc deficiency. Biogerontology. v. 1, n. 1, p. 61 – 66, 2000.

KrEmpiEn, b.; ritz, E.; bECK, U.; KEilbaCh, h. Osteopathy in maintenance hemodialysis. Virchows Archives. v. 357, n. 4, p. 257 – 274, 1972.

KUo, C. C.; lEE, C. t.; ChUang, C. h.; SU, y.; ChEn, J. b. Recombinant human erythropoietin independence in chronic hemodialysis patients: clinical features, iron homeostasis and erythropoiesis. Clinical Nephrology. v. 63, n. 2, p. 92 – 97, 2005.

lEE, d. C.; robErtS, J. r.; KElly, J. J, fiShman, S. m. Whole-bowel irrigation as an adjunct in the treatment of radiopaque arsenic [letter]. The American Journal of Emergency Medicine. v. 13, n. 2, p. 244 – 245, 1995.

lEE, m. y.; JUng, b. i.; ChUng, S. m.; baE, o. n.; lEE, J. y.; parK, J. d.; yang, J. S.; lEE, h.; ChUng, J. h. Arsenic-induced dysfunction in relaxation of blood vessels. Environmental Health Perspectives. v. 111, n. 4, p. 513 – 517, 2003.

lEnntECh pEriodiC tablE. Periodic chart of elements. Rotterdam, 1998-2008. Dispoível em: <http://www.lenntech.com/periodic-chart.htm>. Acesso em: 30 jan. 2009.

718 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 29: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

lEonE, n.; CoUrbon, d.; dUCimEtiErE, p.; zUrEiK, m. Zinc, copper, and magnesium and risks for all-cause, cancer, and cardiovascular mortality. Epidemiology. v. 17, n. 3, p. 308 – 314, 2006.

LEvESqUE, l.; mizzEn, C. a.; mClaChlan, d. r.; fraSEr, p. E. Ligand specific effects on aluminum incorporation and toxicity in neurons and astrocytes. Brain Research. v. 877, n. 2, p. 191 – 202, 2000.

lima, J. J.; lopES, h. f.; grUpi, C. J.; abEnSUr, h.; giorgi, m. C.; KriEgEr, E. m.; llEn, t.; rana, S. v. Oxidative stress by inorganic arsenic: modulation by thyroid hormones in rat. Comparative Biochemistry and Physiology. C Toxicology & Pharmacology. v. 135, n. 2, p. 157 – 162, 2003.

lindbohm, m. l.; SallmEn, m.; anttila, a.; taSKinEn, h.; hEmminKi, K.; Paternal occupational lead exposure and spontaneous abortion. Scandinavian Journal, Work and Environment Health. v. 17, n. 2, p. 95 – 103, 1991.

lorEnzo SEllarES, v.; torrEgroSa, v. Alteraciones del metabolismo mineral en la enfermedad renal crónica estadios III, IV y V (no en diálisis). En Guía SEN de Enfermedad Renal Crónica Avanzada y Pre-diálisis. Nefrología. v. 28, Supl. 3., p. 67 – 78, 2008.

lUgon, J. r.; andrE, m. b.; dUartE, m. E.; rEmbold, S. m.; CrUz, E. Effects of in-center daily hemodialysis upon mineral metabolism and bone disease in end-stage renal disease patients. São Paulo Medical Journal. v. 119, n. 3, p. 105 – 109, 2001.

lUndgrEn, K. d.; SwEnSSon, a. Occupational poisoning by alkyl mercury compounds. The Journal of Industrial Hygiene and Toxicology. v. 31, n. 4, p. 190 – 200, 1949.

mahabir, S.; Spitz, m. r.; barrEra, S. l.; bEavEr, S. h.; EtzEl, C.; forman, m. r. Dietary zinc, copper and selenium, and risk of lung cancer. International Journal of Cancer. v. 120 n. 5, p. 1108 – 1115, 2007.

mahiEU, S. t.; gionotti, m.; millEn, n.; EliaS, m. m. Effect of chronic accumulation of aluminum on renal function, cortical renal oxidative stress and cortical renal organic anion transport in rats. Archives of Toxicology. v. 77, p. 605 – 612, 2003.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 719

Page 30: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

manni, m.; CoEn, g.; baldUCCi, a.; moroSEtti, m.; JanKoviC, l.; mantElla, d.; vEga, a.; natiCChia, a.; Sorbo, g.; taCConE gallUCCi, m.; piErantozzi, a.; SimonEtti, g.; SplEndiani, g. Cardiac calcifications in hemodialysis patients assessed with spiral computed tomography. Minerva Urológica e Nefrológica. v. 58, n. 2, p. 181 – 188, 2006.

maynard, J. C.; CrUz, C.; KlEErEKopEr, m.; lEvin, n. w. Blood pressure response to changes in serum ionized calcium during hemodialysis. Annals of Internal Medicine. v. 104, n. 3, p. 358 – 361, 1986.

mayor, g. h.; bUrnatowSKa-hlEdin, m. a. Impaired renal function and aluminum metabolism. Federation Proceedings. v. 42, n. 13, p. 2979 – 2983, 1983.

mCdErmott, J. r.; Smith, a. i.; ward, m. K.; parKinSon, i. S.; KErr, d. n. Brain-aluminium concentration in dialysis encephalopathy. Lancet. v. 1, n. 8070, p. 901 – 904, 1978.

mESqUita, m. a.; lorEna, S. l.; almEida, J. r.; montES, C. g.; gUErrazzi, f.; CampoS, l. t.; zEitUnE, J. m. One-week dual therapy with ranitidine bismuth citrate and clarithromycin for the treatment of Helicobacter pylori infection in Brazilian patients with peptic ulcer. World Journal of Gastroenterology. v. 11, n. 23, p. 3566 – 3599, 2005.

millEr, r. J.; KopflEr, f. C.; KElty, K. C.; StobEr, J. a.; UlmEr, n. S. The occurrence of aluminum in drinking water. Journal of the Americam Water Works Associations. v. 76, n. 1, p. 84 – 91, 1984.

miSaEl da Silva, a. m.; martinS, C. t. b.; fErraboli, r.; JorgEtti, v.; romão Jr, J. E. Diálise: água para hemodiálise. Jornal Brasilieiro de Nefrologia. v. 18, n. 2, p. 180 – 188, 1996.

mitSUmori, K.; hirano, m.; UEda, h.; maita, K.; ShiraSU, y. Chronic toxicity and carcinogenicity of methylmercury chloride in B6C3F1 mice. Fundamental and Applied Toxicology. v. 14, n. 1, p. 179 – 190, 1990.

miU, a. C.; bEnga, o. Aluminum and Alzheimer’s disease: a new look. Journal Alzheimer’s Diseases. v. 10, n. 2-3, p. 179 – 201, 2006.

mordES, J. p.; Swartz, r.; arKy, r. a. Extreme hypermagnesemia as a cause

720 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 31: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

of refractory hypotension. Annals Internal of Medicine. v. 83, n. 5, p. 657 – 658, 1975.

mUlloy, a. l.; mUlloy, l. l.; wEinStEin, r. S. Hypercalcemia due to hard water used for home hemodialysis. Southern Medical Journal. v. 85, n. 11, p. 1131 – 1133, 1992.

naKatani, S.; mano, h.; ryanghyoK, i. m.; ShimizU, J.; wada, m. Excess magnesium inhibits excess calcium-induced matrix-mineralization and production of matrix gla protein (MGP) by ATDC5 cells. Biochemical and Biophysical Research Communications. v. 348, n. 3, p. 1157 – 1162, 2006.

national toxiCologiCal program. Departament of Health and Human Services. Aluminun. Atlanta: United States Department of Health and Human Services, Public Health Services. Disponível em: <http://ntp.niehs.nih.gov/ index.cfm>. Acesso em: 23 jan. 2009.

niShiyama, S.; KiwaKi, K.; miyazaKi, y.; haSUda, t. Zinc and IGF-I concentrations in pregnant women with anemia before and after supplementation with iron and/or zinc. Journal of the American College of Nutrition. v. 18, n. 3, p. 261 – 267, 1999.

nordin, b. E. C.; nEEd, a. g.; morriS, h. a.; horowitz, m. The nature and significance of the relationship between urinary sodium and urinary calcium in women. The Journal of Nutrition. v. 123, supl. p. 1615 – 1622, 1993.

olivEira-Silva, a. l.; barroCaS, p. r. g.; CoUto, S.; morEira, J. C. Dietary intake and health effects of selected toxic elements. Brazilian Journal of Plant Physiology. v. 17, n. 1, p. 79 – 93, 2005.

parKinSon, i. S.; ward, m. K.; KErr, d. n. Dialysis encephalopathy, bone disease and anaemia: the aluminum intoxication syndrome during regular haemodialysis. Journal of Clinical Pathology. v. 34, n. 11, p. 1285 – 1294, 1981.

parmar, m. S. Chronic renal disease. BMJ. v. 325, n. 7355, p. 85 – 90, 2002.

pathaK, S. K.; bhowmiK, m. K. The chronic toxicity of inorganic mercury in goats: clinical signs, toxicopathological changes and residual concentrations. Veterinary Research Communications. v. 22, n. 2, p. 131 – 138, 1998.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 721

Page 32: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

pECovniK-balon, b. Cardiovascular calcification in patients with end-stage renal disease. Therapeutic Apheresis and Dialysis. v. 9, n. 3, p. 208 – 210, 2005.

pErottoni, J.; rodrigUES, o. E.; paixão, m. w.; zEni, g.; lobato, l. p.; braga, a. l.; roCha, J. b.; EmanUElli, t. Renal and hepatic ALA-D activity and selected oxidative stress parameters of rats exposed to inorganic mercury and organoselenium compounds. Food and Chemical Toxicology. v. 42, n. 1, p. 17 – 28, 2004.

philip, a. t.; gErSon, b. Lead poisoning. Part II. Effects and assay. Clinics in Laboratory Medicine. v. 14, n. 3, p. 651 – 670, 1994.

piEChota, w.; dobrUCKi, t.; SymonowiCz, n.; wadowSKa, E.; mUrKowSKa, E. Zinc in patients with chronic renal failure. International Urology and Nephrology. v. 15, n. 4, p. 377 – 382, 1983.

piEridES, a. m.; EdwardS Jr, w. g.; CUllUm Jr, U. x.; mCCall, J. t.; ElliS, h. A. Hemodialysis encephalopathy with osteomalacic fractures and muscle weakness. Kidney International. v. 18, n. 1, p. 115 - 124, 1980.

pilEggi, f. Blood pressure influences the occurrence of complex ventricular arrhythmia in hemodialysis patients. Hypertension. v. 26, p. 1200 – 1203, 1995.

pizEnt a, JUraSoviE J, tEliSman S. Blood pressure in relation to dietary calcium intake, alcohol consumption, blood lead, and blood cadmium in female nonsmokers. Journal of Trace Elements in Medicine and Biology. v. 15, n. 2-3, p. 123 – 130, 2001.

pUrSEr, d. a.; bErrill, K. r.; maJEEd, S. K. Effects of lead exposure on peripheral nerve in the cynomolgus monkey. British Journal of Industrial Medicine. v. 40, n. 4, p. 402 – 412, 1983.

raggi, p. Effects of excess calcium load on the cardiovascular system measured with electron beam tomography in end-stage renal disease. Nephrology Dialysis Transplantation. v. 17, n. 2, p. 332 – 335, 2002.

rana, S. v. Metals and apoptosis: recent developments. Jorunal of Trace

722 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 33: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

Elements in Medicine and Biology. v. 22, n. 4, p. 262 – 284, 2008.

rEmy-hEintz, n.; bali, J. p.; SEnElar, r.; gaStaUd, J. m. Effect of chlorine-methylated quaternary ammonium on human gastric cancer cell proliferation. Comptes Rendus de L’Académies Sciences. Séries III. v. 316, n. 11, p. 1363 – 1367, 1993.

rifat, S. Fluoridation: a prophylaxis program for dental caries and dementia? Canadian Journal of Public Health. v. 83, n. 2, p. 93 – 96, 1992.

rizzo, m. a.; fiShEr, m.; loCK, J. p. Hypermagnesemic pseudocoma. Archives Internal of Medicine. v. 153, n. 9, p. 1130 – 1132, 1993.

roSEnman, K. d.; moSS, a.; Kon, S. Argyria: clinical implications of exposure to silver nitrate and silver oxide. Journal of Occupupational Medicin. v. 21, n. 6, p. 430 – 435, 1979.

roSnEr, f.; gorfiEn, p. C. Erythrocyte and plasma zinc and magnesium levels in health and disease. The Journal of Laboratory and Clinical Medine. v. 72, n. 2, p. 213 – 219, 1968.

roSSi, E. Low level environmental lead exposure - a continuing challenge. The Clinical Biochemist Reviews. v. 29, n. 2, p. 63 – 70, 2008.

roSSman, t. g.; Uddin, a. n.; bUrnS, f. J. Evidence that arsenite acts as a cocarcinogen in skin cancer. Toxicology and Appled Pharmacology. v. 198, n. 3, p. 394 – 404, 2004.

rUmbEiha, w. K.; fitzgErald, S. d.; braSElton, w. E.; roth, r. a.; KanEEnE, J. b. Potentiation of mercury-induced nephrotoxicity by endotoxin in the Sprague-Dawley rat. Toxicology. v. 149, n. 2-3, p. 75 – 87, 2000.

rUtala, w. a.; wEbEr, d. J. Uses of inorganic hypochlorite (bleach) in health-care facilities. Clinical Microbiology Reviews. v. 10, n. 4, p. 597 – 610, 1997.

Sano, y.; Satoh, h.; Chiba, m.; Shinohara, a.; oKamoto, m.; SErizawa, K.; naKaShima, h.; omaE, K. A 13-week toxicity study of bismuth in rats by intratracheal intermittent administration. Journal of Occupational Health. v. 47, n. 3, p. 242 – 248, 2005.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 723

Page 34: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

Sargazi, m.; ShEnKin, a.; robErtS, n. b. Aluminium-induced injury to kidney proximal tubular cells: effects on markers of oxidative damage. Journal of Trace Elements in Medicine and Biology. v. 19, p. 267 – 273, 2006.

SatarUg, S.; moorE, m. r. Adverse health effects of chronic exposure to low-level cadmium in foodstuffs and cigarette smoke. Environmental Health Perspectives. v. 112, n. 10, p. 1099 – 1103, 2004.

Savazzi, g. m.; CUSmano, f.; bErgamaSChi, E.; vinCi, S.; allEgri, l.; garini, g. Hypertension as an etiopathological factor in the development of cerebral atrophy in hemodialyzed patients. Nephron. v. 81, p. 17 – 24, 1999.

SChwartz, J.; otto, d. a. Lead and minor hearing impairment. Archives of Environmeltal Health. v. 46, n. 5, p. 300 – 305, 1991.

_______. Blood lead, hearing thresholds and neurobehavioral development in children and youth. Archives of Environmental Health. v. 42, n. 3, p. 153 – 160, 1987.

SEbErt, J. l.; mariE, a.; gUEriS, J.; hErvE, m. a.; lEflon, p.; garabEdian, m.; SmadJa, a.; foUrniEr, a. Assessment of the aluminum overload and of its possible toxicity in asymptomatic uremic patients: evidence for a depressive effect on bone formation. Bone. v. 6, n. 5, p. 373 – 375, 1985.

SESSo, r.; bElaSCo, a.; aJzEn, h. Diagnóstico e tratamento tardios da insuficiência renal crônica terminal. Jornal Brasileiro de Nefrologia. v. 17, n. 4, p. 219 – 223, 1995.

SiCa, d. a.; harford, a. m.; zawada, E. t. Hypercalcemic hypertension in hemodialysis. Clinical Nephrology. v. 22, n. 2, p 102 – 104, 1984.

SiddiqUi, m. K.; SrivaStava, S.; mEhrotra, p. K. Environmental exposure to lead as a risk for prostate cancer. Biomedical and Environmental Sciences. v. 15, n. 4, p. 298 – 305, 2002.

ShaltoUt, a.; yaiSh, S. a.; fErnando, n. Lead encephalopathy in infants in Kuwait. A study of 20 infants with particular reference to clinical presentation and source of lead poisoning. Annals of Tropical Paediatrics. v. 1, n. 4, p. 209 – 215, 1981.

724 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 35: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

ShanKEr, g.; SyvErSEn, t.; aSChnEr, m. Astrocyte-mediated methylmercury neurotoxicity. Biological Trace Element Research. v. 95, n. 1, p. 1 – 10, 2003.

ShErman, r. a.; bialy, g. b.; gazinSKi, b.; bErnholC, a. S.; EiSingEr, r. p. The effect of dialysate calcium levels on blood pressure during hemodialysis. American Journal of Kidney Diseases. v. 8, n. 4, p. 244 – 247, 1986.

ShradEr, r. E.; KEEn, C. l.; hUrlEy, l. S.; zEman, f. J. Hematologic and trace element alterations following chronic maternal ingestion of propylthiourea. Experimental Hematology. v. 10, n. 1, p. 44 – 55, 1982.

ShUm, S.; whitEhEad, J.; vaUghn, l.; ShUm, S.; halE, t. Chelation of organoarsenate with dimercaptosuccinic acid. Veterinary and Human Toxicology. v. 37, n. 3, p. 239 – 242, 1995.

SolEo, l. Monocyte-macrophage system and polymorphonuclear leukocytes in workers exposed to low levels of metallic mercury. The Science and Total Environment. v. 270, n. 1-3 p. 157 – 163, 2001.

SUarEz-fErnandEz, m. b.; Soldado, a. b.; Sanz-mEdEl, a.; vaga, J. a.; novElli, a.; fErnandEz-SanChEz, m. t. Aluminum-induced degeneration of astrocytes occurs via apoptosis and results in neuronal death. Brain Research. v. 835, n. 2, p. 125 – 136, 1999.

Swaminathan, r.; daviSon, a. m.; CamEron, J. S. hypo-hypErmagnESEmia. in: CamEron, S.; davidSon, a. m.; grünfEld, J. p.; KErr, d.; ritz, E. (Eds.). Oxford textbook of clinical nephrology. 2nd ed. New York: Oxford University Press, 1998. p. 271 - 309.

SzpanowSKa-wohn, a.; KolarzyK, E.; ChowaniEC, E. Estimation of intake of zinc, copper and iron in the diet of patients with chronic renal failure treated by haemodialysis. Biological Trace Element Research. v. 124, n. 2, p. 97 – 102, 2008.

taKEbayaShi, S.; Jimi, S.; Segawa, M.; Takaki, A. Mitochondrial DNA deletion of proximal tubules is the result of itai-itai disease. Clinical and Experimental Nephrology. v. 7, n. 1, p. 18 – 26, 2003.

tay, C. h.; SEah, C. S. Arsenic poisoning from anti-asthmatic herbal

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 725

Page 36: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

preparations. The Medical Journal of Australia. v. 2, n. 11, p. 424 – 428, 1975.

tChoUnwoU, p. b.; patlolla, a. K.; CEntEno, J. a. Carcinogenic and systemic health effects associated with arsenic exposure: a critical review. Toxicologic Pathology. v. 31, n. 6, p. 575 – 588, 2003.

thati, b.; noblE, a.; CrEavEn, b. S.; walSh, m.; mCCann, m.; dEvErEUx, m.; Kavanagh, K.; Egan, d. a. Role of cell cycle events and apoptosis in mediating the anti-cancer activity of a silver(I) complex of 4-hydroxy-3-nitro­coumarin-bis(phenanthroline) in human malignant cancer cells. European Journal of Pharmacology. v. 602, n. 2-3, p. 203 – 214, 2008.

tipplE, m. a.; bland, l. a.; favEro, m. S.; JarviS, w. r. Investigation of hemolytic anemia after chloramine exposure in a dialysis center. ASAIO Transactions. v. 34, n. 4, p. 1060 –1060, 1998.

tKaCzyK, m.; nowiCKi, m.; balaSz-ChmiElEwSKa, i.; bogUSzEwSKa­baCzKowSKa, h.; drozdz, d.; KollataJ, b.; Jarmoli SKi, t.; JobS, K.; Kili -pStrUSi SKa, K.; lESzCzy SKa, b.; maKUlSKa, i.; rUnowSKi, d.; StanKiEwiCz, r.; SzCzEpa SKa, m.; wiErCi SKi, r.; grEnda, r.; KaniK, a.; piEtrzyK, J. a.; roSzKowSKa-blaim, m.; SzpryngEr, K.; zaChwiEJa, J.; zaJaCzKowSKa, m. m.; zoCh-zwiErz, w.; zwoli SKa, d.; UrowSKa, a. Hypertension in dialysed children: the prevalence and therapeutic approach in Poland: a nationwide survey. Nephrology Dialysis Transplantation. v. 21, n. 3, p. 736 – 742, 2006.

toUam, m.; martinEz, f.; laCoUr, b.; boUrdon, r.; zingraff, J.; di giUlio, S.; drüEKE, t. Aluminium-induced, reversible microcytic anemia in chronic renal failure: clinical and experimental studies. Clinical of Nephrology. v. 19, n. 6, p. 295 – 298, 1983.

tovalin ahUmada, h. Health status of the population in the vicinity of a waste recycling plant in Mexico. Revista Panamericana de Salud Publica. v. 3, n. 1, p. 15 – 20, 1998.

trESpalaCioS, f. C.; taylor, a. J.; agodoa, l. y.; abbott, K. C. Incident acute coronary syndromes in chronic dialysis patients in the United States. Kidney International. v. 62, n. 5, p. 1799 – 1805, 2002.

726 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 37: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

TSO. The Stationery Office. Salt and Health. Scientific Advisory Committee on Nutrition. Food Standards Agency and the Department of Health – UK, 2003. 134p. Disponível em: <http://www.food.gov.uk/multimedia/pdfs/saltandhealth0503. pdf>. Acesso em: 9 jan. 2009.

tUbEK, S. Role of zinc in regulation of arterial blood pressure and in the etiopathogenesis of arterial hypertension. Biological Trace Element Research. v. 117, n. 1-3, p. 39 – 51, 2007.

tzamaloUKaS, a. h. Hypercalcemia due to hard well water in a home hemodialysis patient. Southern Medical Journal. v. 86, n. 7, p. 844 - 844, 1993.

UEShima, K. Magnesium and ischemic heart disease: a review of epidemiological, experimental, and clinical evidences. Magnesium Research. v. 18, n. 4, p. 275 – 284, 2005.

UriU-adamS, J. y.; KEEn, C. l. Copper, oxidative stress, and human health. Molecular Aspects of Medicine. v. 26, n. 4-5, p. 268 – 298, 2005.

Uzzo, r. g.; CriSpEn, p. l.; golovinE, K.; maKhov, p.; horwitz, E. m.; KolEnKo, v. m. Diverse effects of zinc on NF-kappaB and AP-1 transcription factors: implications for prostate cancer progression. Carcinogenesis. v. 27, n. 10, p. 1980 – 1990, 2006.

yaldizli, o.; JohanSSon, U.; gizEwSKi, E. r.; maSChKE, m. Copper deficiency myelopathy induced by repetitive parenteral zinc supplementation during chronic hemodialysis. Journal of Neurology. v. 253, n. 11, p. 1507 – 1509, 2006.

yE, x.; qian, h.; xU, p.; zhU, l.; longnECKEr, m. p.; fU, h. Nephrotoxicity, neurotoxicity, and mercury exposure among children with and without dental amalgam fillings. International Journal of Hygiene and Environmental Health. v. 212, n. 4, p. 378 – 386, 2008.

yoShida, t.; yamaUChi, h.; fan SUn, g. Chronic health effects in people exposed to arsenic via the drinking water: dose-response relationships in review. Toxicology and Appled Pharmacology. v. 198, n. 3, p. 243 – 252, 2004.

van dEr voEt, g. b.; SChiJnS, o.; wolff, f. a. Fluoride enhances the effect

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 727

Page 38: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n d R é l u i z o l i v e i R a d a S i l v a , J o S i n o C o S t a m o R e i R a

of aluminum chloride on interconnections between aggregates of hippocampal neurons. Archives of Physiology and Biochemistry. v. 101, n. 1, p. 15 – 21, 1999.

van nhiEn, n.; Khan, n. C.; yabUtani, t.; ninh, n. x.; KaSSU, a.; hUong, b. t.; do, t. t.; motonaKa, J.; ota, f. Erum levels of trace elements and iron-deficiency anemia in adult Vietnamese. Biological Trace Element Research. v. 111, n. 1-3, p. 1 – 9, 2006.

vanholdEr, r.; CornEliS, r.; dhondt, a.; lamEirE, n. The role of trace elements in uraemic toxicity. Nephrology, Dialysis, Transplantation. v. 17, Suppl. 2., p. 2 – 8, 2002.

vEiga, n.; torrES, J.; domingUEz, S.; mEdEroS, a.; irvinE, r. f.; diaz, a.; KrEmEr, C. The behaviour of myo-inositol hexakisphosphate in the presence of magnesium(II) and calcium(II): potein-free soluble InsP(6) is limited to 49muM under cytosolic/nuclear conditions. Journal of Inorganic Biochemistryl. v. 100, n. 11, p.1800 – 1810, 2006.

villforth, J. C. FDA safetym lert: chloramine contamination of hemodialysis water supplies. American Journal of Kidney Diseases. v. 11, n. 5, p. 447 - 447, 1988.

vErSChUUrEn, h. g.; KroES, r.; dEn tonKElaar, E. m.; bErKvEnS, J. m.; hEllEman, p. w.; raUwS, a. g.; SChUllEr, p. l.; van ESCh, g, J. Toxicity of methylmercury chloride in rats. III. Long-term toxicity study. Toxicology. v. 6, n. 1, p. 107 – 123, 1976.

viSSEr, w. J.; van dE vyvEr, f. l. Aluminium-induced osteomalacia in severe chronic renal failure (SCRF). Clinical Nephrology. v. 24, Suppl 1., p. S30 – S36, 1985.

vorbECK-mEiStEr, i.; SommEr, r.; vorbECK, f.; horl, w. h. Quality of water used for haemodialysis: bacteriological and chemical parameters. Nephrology, Dialysis, Transpantation. v. 14, n. 3, p. 666 – 675, 1999.

waalKES, m. p. Cadmium carcinogenesis. Mutation Research. v. 533, n. 1-2, p. 107 – 120, 2003.

wagnEr, S. E.; bUrCh, J. b.; hUSSEy, J.; tEmplES, t.; boliCK-aldriCh, S.; moSlEy­broUghton, C.; liU, y.; hEbErt, J. r. Soil zinc content, groundwater usage, and prostate cancer incidence in South Carolina. Cancer Causes and Control. v. 20, n. 3, p. 345 – 353, 2009.

728 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 39: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

e f e i t o S t ó x i C o S d e a l g u n S C o n t a m i n a n t e S i n o R g â n i C o S à S a ú d e d e p a C i e n t e S S u B m e t i d o S à h e m o d i á l i S e

walton, f. S.; harmon, a. w.; paUl, d. S.; drobna, z.; patEl, y. m.; Styblo, m. Inhibition of insulin-dependent glucose uptake by trivalent arsenicals: possible mechanism of arsenic-induced diabetes. Toxicology and Appled Pharmacology. v. 198, n. 3, p. 424 – 433, 2004.

wEil, J.; bEll, g. d.; powEll, K. Disposition of bismuth and renal function. Alimentary Pharmacology & Therapeutics. v. 6, n. 3, p. 395 – 397, 1992.

wEinStEin, t.; ChagnaC, a.; KorzEtS, a.; boaz, m.; ori, y.; hErman, m.; malaChi, t.; gaftEr, U. Haemolysis in haemodialysis patients: evidence for impaired defense mechanisms against oxidative stress. Nephrology Dialysis Transplantation. v. 15, p. 883 – 887, 2000.

wEStman, E.; harriS, h. E. Alteration of an autoantigen by chlorination, a process occurring during inflammation, can overcome adaptive immune tolerance. Scandinavian Journal of Immunology. v. 59, n. 5, p. 458 – 463, 2004.

wilhElm, m.; paSSliCK, J.; bUSCh, t.; ohnESorgE, f. K. Elimination of absorbed aluminum in patients undergoing continuous ambulatory peritoneal dialysis. Journal of Toxicology. Clinical Toxicology. v. 26, n. 3-4, p. 209 – 221, 1988.

wintEr, m. WebElements, the periodic table on the WWW [Internet]. The University of Sheffield, UK. 2009. Disponível em: <http://www.webelements.com>. Acesso em: 20 jan. 2009.

wonES, r. g.; dECK, C. C.; StadlEr, b.; roarK, S.; hogg, E.; frohman, l. a. Lack of effect of drinking water chlorine on lipid and thyroid metabolism in healthy humans. Environmental Health Perspectives. v. 99, p. 375 – 381, 1993.

wright, l. f.; Saylor, r. p.; CECErE, f. a. Occult lead intoxication in patients with gout and kidney disease. The Journal of Rheumatology. v. 11, n. 4, p. 517 – 520, 1984.

wU, x.; Jin, t.; wang, z.; yE, t.; Kong, q.; nordbErg, g. Urinary calcium as a biomarker of renal dysfunction in a general population exposed to cadmium. Journal of Occupational and Environmental Medicine. v. 43, n. 10, p. 898 – 904, 2001.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009 – 729

Page 40: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

zhang, w.; pang, f.; hUang, y.; yan, p.; lin, w. Cadmium exerts toxic effects on ovarian steroid hormone release in rats. Toxicology Letters. v. 182, n. 1-3, p. 18 – 23, 2008.

zima, t.; tESar, v.; mEStEK, o.; nEmECEK, K. Trace elements in end-stage renal disease. 2. Clinical implication of trace elements. Blood Purification. v. 17, n. 4, p. 187 – 198, 1999.

Recebido em: 14/04/2009 Aprovado em: 30/06/2009

730 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 691 - 730 , 2009

Page 41: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

análiSe eSpaCial e tempoRal da inCidênCia da maláRia em tRêS Comuni­dadeS no paRá, no peRíodo de 2001 a 2006 Spatial and temporal analysis of malaria incidence in three communities in Pará, Brazil, between 2001 and 2006

Nelson Veiga1, Douglas Gasparetto2, Moacir Alves Barreiros3

rESUmo

Considerando a necessidade de gerar análises da relação entre os dados ambientais e epidemiológicos que caracterizaram a incidência da malária nos municípios de Bragança, nas comunidades do Acarajó e Fazendinha e Augusto Corrêa, na comu­nidade do Treme, todas no estado do Pará, no período de 2001 a 2006, foi desen­volvido um modelo que integrou diversas geotecnologias emergentes. Para tal, foi utilizada a geoindexação de informações temáticas geradas em trabalhos de campo e laboratoriais, além de tecnologias de geoprocessamento, estatística e banco de dados epidemiológicos. Os resultados das análises foram expressos em bases cartográficas digitais. Para a realização da predição de risco de transmissão foi desenvolvido um módulo Fuzzy, com as características ambientais e socioeconômicas das áreas de es­tudo, em função das quais foi identificado um alto risco de transmissão pela doença, devido a práticas de desflorestamento e ocupação humana, nestes locais. Levando em consideração os resultados obtidos com a implementação do modelo, o mesmo foi considerado de grande potencial para análises ecoepidemiológicas de malária, em face dos objetivos preconizados.

palavraS-ChavE

Epidemiologia, geoprocessamento, banco de dados, computação gráfica, modelos

fuzzy, malária

abStraCt

Considering the need to analyze the relation between environmental and epidemiological data to characterize malaria incidence in Acarajó and Fazendinha communities, located in Bragança district, and also in Treme community, in Augusto Correa district, in the state of Pará, Brazil, between 2001 and 2006, an analysis model that integrated several emerging geotechnologies was developed. The proposed analysis used thematic information generated on laboratory and field works, and also geoprocessing, epidemiological databases and statistical technologies. The results of the analysis were expressed on digital maps. In order to predict the transmissionrisk it was developed a fuzzy model with social, economic and environmental characteristics o f the study areas, that enabled the identification of high risk of disease transmission,

1 Doutor em Ciência da Computação. Pesquisador do LabGeo/IEC/SVS/MS. End: Rodovia BR-316 km 7 s/n - Levi­lândia – Ananindeua / Pará. CEP: 67030-000 E-mail: [email protected]

2 Bacharel em Ciência da Computação. Assistente de Pesquisa do LabGeo/IEC/SVS/MS

3 Bacharel em Ciência da Computação. Assisntente de Pesquisa do LabGeo/IEC/SVS/MS

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009 – 731

Page 42: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

n e l S o n v e i g a , d o u g l a S g a S p a R e t t o , m o a C i R a l v e S B a R R e i R o S

due to deforestation and human occupation, in those areas. Considering the results obtained, the model was considered with great potential for eco-epidemiological analysis of malaria.

KEy wordS

Epidemiology, geoprocessing, data base, computer graphics, fuzzy model, malaria

1. introdUção

As últimas décadas testemunharam a evolução de diversas áreas do conhecimento, dentre estas as ciências da saúde, devido à incorporação, em seus procedimentos, de recursos tecnológicos automatizados. Neste contexto, a dimensão interdisciplinar que a informação em saúde passou a ter contribuiu de forma significativa para o aumento da produção do conhecimento nesta área. Como exemplo deste processo interdisciplinar de produção de conhecimento, temos as análises ecoepidemiológicas, que consideram a dimensão espaço-temporal que a informação em saúde intrinsecamente possui como elemento importante de análise.

Segundo Veiga (2005), a ecoepidemiologia tem, ao longo das três últimas décadas, avançado significativamente no sentido de incorporar mecanismos capazes de favorecer a compreensão dos fenômenos relacionados aos agravos e às condições de saúde das populações humanas. Esse avanço da ecoepidemiologia foi possível a partir do momento em que dados sobre questões ambientais como desmatamento e expansão desordenada da malha urbana, em áreas ambientalmente frágeis, puderam ser incorporados às análises dos fenômenos ecoepidemiológicos, tais como os estudos da incidência da malária, que é diretamente influenciada por estas questões. Outro fator importante para o avanço deste tipo de análise foi a incorporação dos recursos de tecnologias de informação, dentre as quais podemos considerar a utilização de Geoprocessamento, Estatística, Computação Gráfica e Inteligência Artificial como sendo os mais expressivos.

Conforme foi preconizado por Câmara (2001) e Dias et al. (2004), o geoprocessamento, por manipular conteúdos informacionais relacionados á dimensão espaço-temporal que a informação em saúde possui, tem sido cada vez mais utilizado em estudos de análise ambiental, permitindo detectar alterações decorrentes da intervenção humana em ecossistemas naturais ou previamente modificados, ou realizar o diagnóstico das condições ambientais de um local em prol da saúde humana, através do Sistema de Informação Geográfica (SIG).

Segundo Landim (1998), a estatística tem sido incorporada na ecoepidemiologia e nos SIGs por permitir a manipulação de dados discretos e contínuos, que

732 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009

Page 43: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n á l i S e e S p a C i a l e t e m p o R a l d a i n C i d ê n C i a d a m a l á R i a

e m t R ê S C o m u n i d a d e S n o p a R á , n o p e R í o d o d e 2001 a 2006

guardam entre si uma relação de dependência espacial. Couclelis (1992) e Druck

et al. (2004) consideram que compreender a relação entre dados espaciais e

históricos, oriundos de fenômenos ocorridos no espaço geográfico, é um grande

desafio da estatística, no sentido de equacionar e solucionar problemas comuns

às diversas áreas do conhecimento, seja no âmbito da saúde, meio ambiente ou

entre outras. Esta afirmação foi reforçada por Ortiz (2003), ao considerar que as

técnicas de estatística, associadas ao geoprocessamento, possibilitam o tratamento,

cruzamento, sobreposição, análise e visualização das informações espaciais, sob

a forma de mapas digitais. Isto permite a viabilização de processos de tomada

de decisão de forma rápida e ágil, minimizando custos e otimizando recursos e

atividades, acarretando ganhos de produtividade.

Outra forma, que tem sido utilizada, nos últimos anos, para realizar análises

em ecoepidemiologia, esta baseada em técnicas de Inteligência Artificial (IA), que,

conforme Arariboia (1988), Rich e Knight (1994), Gomes et al. (2000) e Russel e

Norvig (2004) é a área da Ciência da Computação (CC), que procura desenvolver

modelos formais capazes de simular o processo cognitivo, utilizando técnicas de

representação do conhecimento. A IA tem sido utilizada para resolver problemas

lógicos, dentre os quais o reconhecimento e classificação de padrões informacionais,

contidos em imagens digitais de satélite, do mesmo modo que um ser humano

o resolveria, sendo que, conforme observado por Veiga (2001), o processo de

classificação das imagens digitais é influenciado diretamente pela execução prévia de

técnicas de Computação Gráfica (CG), dentre as quais o processamento de imagens

digitais, com o objetivo de aumentar as diferenças espectrais das classes de informação

temáticas nelas contidas. Neste contexto, a informação temática é definida como

sendo um conjunto de dados que estão relacionados a um domínio específico de

informação, dentre os quais os tipos de vegetação, solos, drenagem, povoamento e

outros, que ao ocorrerem em determinado local do espaço geográfico podem ser

interrelacionados.

Para a realização deste trabalho, foram desenvolvidas análises baseadas em

Lógica Fuzzy ou lógica nebulosa, que é definida como uma técnica de IA, capaz de

representar valores quantitativos aproximados, com graus de pertinência (também

chamada de verdade ou crença) intermediários entre valores binários, como por

exemplo, verdadeiro ou falso, da lógica clássica, bivalente e booleana, preconizada por

Aristóteles, na antiguidade.

Levando em consideração que a malária é uma doença infectocontagiosa

de etiologia parasitária, com grande expressividade epidemiológica no mundo e

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009 – 733

Page 44: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

n e l S o n v e i g a , d o u g l a S g a S p a R e t t o , m o a C i R a l v e S B a R R e i R o S

que a sua incidência está relacionada às características ambientais e as relações socioeconômicas presentes no espaço geográfico onde ela ocorre, o presente trabalho teve como objetivo implementar um modelo de análise espacial e temporal da incidência da malária, nos municípios de Bragança (comunidades do Acarajó e Fazendinha) e Augusto Corrêa (comunidade do Treme), localizados na Região Nordeste do estados do Pará, no período de 2001 a 2006, utilizando geotecnologias emergentes, que segundo Veiga (2001) e Medronho et al. (2002) são modelos que constituem sistemas de geoinformação automatizados, tendo como elemento indexador de seus dados, coordenadas geográficas, ou seja, informações georreferenciadas, gerando desta forma geoinformações, a partir de análises interdisciplinares expressas através de mapas digitais.

2. mEtodologia

A investigação realizada foi dividida nas seguintes etapas: levantamento do material bibliográfico, obtenção das bases de dados dos Sistemas de Informação em Saúde (SIS), como o Sistema de Informação de Localidades (SISLOC), Sistema de Informação em Malária (SISMAL) e o Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Malária (SIVEP-Malária), todos de domínio público e disponíveis no sítio eletrônico do Ministério da Saúde - MS. Através destes sistemas foram obtidos dados referentes aos casos notificados por local de infecção, no período de 2001 a 2006. Também foram levantadas informações de bases entomológicas, ambientais, cartográficas e de imagens de satélites, todas referentes à área de estudo. Foi realizado georreferenciamento em campo, utilizando o receptor do Sistema de Posicionamento Global (GPS), dos criadouros naturais e artificiais de formas imaturas de vetores em toda área investigada, resultados de exames de pacientes laboratorialmente confirmados pela Secretaria de Saúde Pública do Estado do Pará – SESPA, nas comunidades e localidades estudadas, bem como a caracterização ambiental do peridomicílio das residências dos pacientes. Na sequência, foi realizado o pré-processamento das imagens de satélite, utilizando o software Spring 4.0, para composição colorida de bandas espectrais e ampliação linear de contraste; Terra View 3.1, para desenvolvimento da álgebra de mapas, que se constitui do inter­relacionamento das diferentes bases de dados georreferenciadas, dentre as quais as imagens dos satélites Landsat TM 5 e do sensor R99 SAR, de dados ambientais, entomológicos, epidemiológicos e cartográficos, para a construção das expressões visuais das análises ecoepidemiológicas. Foi realizada também a identificação das áreas de risco de transmissão pela doença, utilizando um raio de 7,2 Km (em torno dos criadouros),

734 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009

Page 45: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

a n á l i S e e S p a C i a l e t e m p o R a l d a i n C i d ê n C i a d a m a l á R i a

e m t R ê S C o m u n i d a d e S n o p a R á , n o p e R í o d o d e 2001 a 2006

conforme estudos de Forattini (2002), através da aplicação da técnica de buffer. Utilizou-se o aplicativo TabWin para depuração das redundâncias, incompletudes e atributos desnecessários oriundos dos bancos de dados dos SIS, que incorporado ao Sistema R gerou as análises estatísticas dos dados, utilizando técnicas de histogramação, boxplot e qq-plot normal (teste de shapiro) e um módulo do MatLab, que utilizou lógica Fuzzy, que é um modelo de processamento inferencial de dados imprecisos, utilizado para o cálculo da predição probabilística dos riscos de transmissão de malária. Foi modelado a partir dos dados gerados pela análise temática da informação, cuja utilização é orientada à identificação de variáveis de entrada e saída, que podem interferir na ocorrência de um determinado fenômeno epidemiológico. As variáveis de entrada do sistema, com as características da área de estudo que influenciam na ocorrência da malária, com suas funções de pertinência e seus respectivos valores para serem inferenciados, são: Característica da moradia (alvenaria fechada, alvenaria aberta, madeira fechada, madeira aberta e barro), Relação-Produtiva (trabalhador urbano, agricultor, extrativista e pescador), Peridomicílio (zona urbana e zona rural), Prevenção (Repelente, inseticida, mosquiteiro e sem prevenção), Distância-Criadouro (próximo, médio e longe) e Vegetação (Sem vegetação-área urbana, floresta, mangue e área antropizada). A variável de saída, que é a resposta probabilística que o sistema gerou, foi o risco de transmissão de malária (muito baixo, baixo, médio e alto). Foram construídas também as regras de inferência, que fazem as ligações entre as variáveis de entrada com a variável de saída. Posteriormente, o sistema processou as inferências das regras construídas e retornou o resultado gráfico probabilístico do risco de transmissão de malária.

Para a avaliação dos resultados obtidos pelo modelo, foram feitas sequências de análises probabilísticas de transmissão da doença, nas áreas de estudo, levando em consideração as relações totais ou parciais, entre as variáveis envolvidas.

3. rESUltadoS E diSCUSSão

A partir dos dados do SIVEP-Malária e SISMAL, observou-se que, dentre as comunidades analisadas, o maior número de casos (623) de malária confirmados laboratorialmente e notificados ocorreu na comunidade do Treme, no ano de 2005.

A partir das séries históricas, pode-se observar que no período de 2001 a 2002 o número de casos de malária, nas três comunidades estudadas pode ser considerado baixo. Este fato pode estar relacionado a possíveis

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009 – 735

Page 46: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

7 36 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 1 7 ( 3 ) : 7 3 1 - 7 4 2 , 2 0 0 9

n e l S o n v e i g a , d o u g l a S g a S p a R e t t o , m o a C i R a l v e S B a R R e i R o S

problemas, na migração do conjunto de dados do SISMAL, que funcionou de 2001 a 2002, para o SIVEP-Malária. Observou-se também que no ano de 2005 houve um surto na comunidade do Treme. Nos demais anos, nesta comunidade, a incidência da doença manteve-se com pouca variação no número de casos positivos. Com relação à análise feita com os dados da comunidade do Acarajó, pôde-se observar que a incidência da doença manteve-se constante, com pouca variação, no período de 2001 a 2002, e aumentou a partir de então até 2004, quando começou a diminuir até 2006. Com relação à incidência da doença na comunidade da Fazendinha, observou-se que ocorreu uma pequena variação no período de 2003 a 2006, não influenciando de forma significativa na análise histórica (Figura 1).

A Figura 2 mostra a identificação das áreas de risco de transmissão por malária a partir da utilização da técnica de buffer. As comunidades do Treme, Juvêncio, Caratateua, Bacuriteua, Acarajó e Fazendinha, bem como as sedes municipais de Bragança e Augusto Corrêa, estavam dentro da área de risco de transmissão identificada.

Figura 1 Série histórica no período de 2001 a 2006 das comunidades estudadas.

1 .100 1 .050 1 .100

950 900

750

850 800

700 650 600 550 500 450 400 350 300 250 200 150 100 50

Nú m

e ro

d e

ca s o

s

Anos 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Total

Treme

Acarajó

Fazendinha

Definições para tabular o arquivo Geral 2001 a 2006.dbf

Fonte: Laboratório de Geoprocessamento IEC/SVS/MS

Page 47: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

Fonte: Laboratório de Geoprocessamento IEC/SVS/MS

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 1 7 ( 3 ) : 7 31 - 7 42 , 2 0 0 9 – 7 37

a n á l i S e e S p a C i a l e t e m p o R a l d a i n C i d ê n C i a d a m a l á R i a

e m t R ê S C o m u n i d a d e S n o p a R á , n o p e R í o d o d e 2 00 1 a 2006

Figura 2 Identificação de comunidades em área de risco de transmissão por malária.

Figura 3 Mapa de vegetação e hidrografia nas comunidades estudadas.

4 7 0 0

-47 4 8 5 0 4 8 4 0 4 8 3 0

0 ’50 ’ ’

1 ’00 ’ ’

1 ’10 ’ ’

4 6 3 0 4 6 4 0 4 6 5 0 4 7 0 0

-47

0 ’ 5 0 ’ ’

1 ’ 0 0 ’ ’

1 ’ 1 0 ’ ’

Fo n t e : L a bGeo I E C / S V S / M S E s c a l a : 1 :3 0 00

Fon t e : L ab G e o I EC /S VS / M S

Esc a l a : 1 : 30 00

4 7 0 0

-47 4 8 50 4 8 40 4 8 3 0

0 ’ 5 0 ’ ’

1 ’ 0 0 ’ ’

1 ’ 1 0 ’ ’

4 6 3 0 4 6 4 0 4 6 5 0 47 0 0

-47

0 ’50 ’ ’

1 ’00 ’ ’

1 ’ 1 0 ’ ’

1 ’ 2 0 ’ ’ 1 ’ 2 0 ’ ’

S e d e S M u n i c i p a i S

c r i a d o u r o S d e M a l á r i a

l o c a l i d a d e S e S t u d a d a S

d i v i S ã o d o S M u n i c í p i o S

r i o S

Page 48: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

n e l S o n v e i g a , d o u g l a S g a S p a R e t t o , m o a C i R a l v e S B a R R e i R o S

Fazendinha, por sofrer influências de relações antrópicas com extração de argila, apresentou criadouros naturais e artificiais. A comunidade do Acarajó e Treme, por estarem a norte do município, sofrem influência da vegetação fluviomarinha, apresentando, desta forma, criadouros naturais. Porém, na comunidade do Treme, por existir extração de areia, são formadas crateras no solo, que, ao armazenar água da chuva, viabilizam a proliferação de criadouros artificiais, conforme mostra a Figura 3.

O sistema “Fuzzy” permitiu realizar, a partir das variáveis linguísticas de entrada (característica da moradia, relação produtiva, peridomicílio, prevenção, distância do criadouro e vegetação), inferências sobre o risco de malária. Por exemplo, considerando as características da área investigada, o risco de malária foi considerado alto se a moradia era de barro, localizada na área rural, sem prevenção, próxima de criadouros, com vegetação antropizada e a relação produtiva era de pescador (regra 1).

Esta regra, após processada pelo modulo “Fuzzy”, gerou uma probabilidade de transmissão de malária de 84% para o indivíduo que tiver as condições enunciadas na regra 1.

Já se a moradia era fechada e de madeira, localizada na zona rural, utilizando inseticida como prevenção, a uma distância média dos criadouros, com vegetação antropizada e a relação produtiva era extrativista, o risco de malária foi considerado médio (regra 2).

A regra 2 gerou uma probabilidade de 52,3% (por cento) de risco de transmissão de malária para pessoas que tiverem as características estipuladas por esta regra.

Após a implementação do sistema, foram feitas sequências de análises probabilísticas da incidência da doença em todos os trimestres do período, para cada uma das comunidades estudadas. Levando em consideração os resultados obtidos, pôde-se observar a correlação expressa na alta probabilidade de incidência de casos novos produzidos pela lógica Fuzzy com a ocorrência dos surtos observados nas séries históricas.

4. ConSidEraçõES finaiS

Levando em consideração os resultados das comparações entre as análises estatísticas e Fuzzy, pôde-se observar que estes resultados, ao serem inter-relacionados com o acervo de imagens de satélites e bases cartográficas, mostraram que o número de casos novos que incidiu nas comunidades estudadas, nos municípios de Bragança e Augusto Corrêa, estado do Pará, no período 2001 a 2006, não se deu de forma homogênea, pois com relação à incidência do número de casos confirmados esta evolução foi mais elevada na comunidade do Treme, com criadouros naturais e

738 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009

Page 49: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

Tab

ela

1R

egra

s ge

rada

s no

siste

ma

Fuzz

y pa

ra a

nális

e do

risco

de

tran

smissã

o de

mal

ária

.

Cara

cter

ístic

a da

Rela

ção

Dist

ânci

a do

Ri

sco

de c

onta

min

ação

Nº R

egra

Pe

ridom

icíli

o Pr

even

ção

Vege

taçã

oM

orad

ia

Prod

utiv

a Cr

iado

uro

de M

alár

ia

1 Ba

rro

Pesc

ador

Zo

na R

ural

Se

m P

reve

nção

Pr

óxim

o Ár

ea A

ntro

piza

da

Alto

2 M

adei

ra F

echa

da

Extra

tivis

ta

Zona

Rur

al

Inse

ticid

a M

édia

Ár

ea A

ntro

piza

da

Méd

io

3 M

adei

ra A

berta

Tr

abal

ho U

rban

o Zo

na U

rban

a Re

pele

nte

Long

e Se

m V

eget

ação

M

uito

Bai

xo

4 Ba

rro

Pesc

ador

Zo

na R

ural

Se

m P

reve

nção

Pr

óxim

o M

angu

e Al

to

5 M

adei

ra F

echa

da

Pesc

ador

Zo

na U

rban

a In

setic

ida

Long

e Se

m V

eget

ação

M

édio

6 Ba

rro

Trab

alho

Urb

ano

Zona

Urb

ana

Sem

Pre

venç

ão

Long

e Se

m V

eget

ação

Ba

ixo

7 Al

vena

ria F

echa

da

Trab

alho

Urb

ano

Zona

Urb

ana

Repe

lent

e Lo

nge

Sem

Veg

etaç

ão

Mui

to B

aixo

8 Ba

rro

Trab

alho

Urb

ano

Zona

Urb

ana

Repe

lent

e Lo

nge

Sem

Veg

etaç

ão

Mui

to B

aixo

9 Al

vena

ria A

berta

Pe

scad

or

Zona

Rur

al

Sem

Pre

venç

ão

Próx

imo

Área

Ant

ropi

zada

Al

to

10

Mad

eira

Abe

rta

Agric

ulto

r Zo

na R

ural

M

osqu

iteiro

M

édia

M

angu

e M

édio

11

Alve

naria

Fec

hada

Ag

ricul

tor

Zona

Rur

al

Mos

quite

iro

Próx

imo

Man

gue

Alto

12

Barr

o Ag

ricul

tor

Zona

Rur

al

Repe

lent

e M

édia

Fl

ores

ta

Baix

o

a n á l i S e e S p a C i a l e t e m p o R a l d a i n C i d ê n C i a d a m a l á R i a

e m t R ê S C o m u n i d a d e S n o p a R á , n o p e R í o d o d e 2001 a 2006

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009 – 739

Page 50: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

Tab

ela

1(C

ontin

uaçã

o...)

Cara

cter

ístic

a da

Rela

ção

Dist

ânci

a do

Ri

sco

de c

onta

min

ação

Nº R

egra

Pe

ridom

icíli

o Pr

even

ção

Vege

taçã

oM

orad

ia

Prod

utiv

a Cr

iado

uro

de M

alár

ia

n e l S o n v e i g a , d o u g l a S g a S p a R e t t o , m o a C i R a l v e S B a R R e i R o S

740 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009

13

Mad

eira

Abe

rta

Pesc

ador

Zo

na R

ural

M

osqu

iteiro

M

édia

Ár

ea A

ntro

piza

da

Alto

14

Alve

naria

Abe

rta

Pesc

ador

Zo

na R

ural

M

osqu

iteiro

M

édia

Ár

ea A

ntro

piza

da

Alto

Mui

to15

Al

vena

ria A

berta

Tr

abal

ho U

rban

o Zo

na U

rban

a Re

pele

nte

Long

e Se

m v

eget

ação

Ba

ixo

16

Mad

eira

Fec

hada

Pe

scad

or

Zona

Urb

ana

Mos

quite

iro

Long

e Se

m V

eget

ação

M

édio

17

Alve

naria

Abe

rta

Agric

ulto

r Zo

na U

rban

a M

osqu

iteiro

Lo

nge

Sem

Veg

etaç

ão

Méd

io

18

Mad

eira

Abe

rta

Extra

tivis

ta

Zona

Urb

ana

Mos

quite

iro

Long

e Se

m V

eget

ação

M

édio

19

Alve

naria

Fec

hada

Pe

scad

or

Zona

Rur

al

Sem

Pre

venç

ão

Próx

imo

Man

gue

Alto

20

Barr

o Ex

trativ

ista

Zo

na U

rban

a M

osqu

iteiro

Lo

nge

Man

gue

Méd

io

21

Alve

naria

Fec

hada

Ex

trativ

ista

Zo

na U

rban

a M

osqu

iteiro

Lo

nge

Man

gue

Méd

io

22

Mad

eira

Abe

rta

Trab

alho

Urb

ano

Zona

Urb

ana

Repe

lent

e Lo

nge

Sem

Veg

etaç

ão

Mui

to B

aixo

23

Mad

eira

Fec

hada

Ex

trativ

ista

Zo

na R

ural

In

setic

ida

Long

e M

angu

e M

édio

24

Alve

naria

Abe

rta

Extra

tivis

ta

Zona

Rur

al

Mos

quite

iro

Méd

ia

Man

gue

Méd

io

Font

e: L

abor

atór

io d

e Ge

opro

cess

amen

to/IE

C/SV

S/M

S

Page 51: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

Font

e: L

abor

atór

io d

e Ge

opro

cess

amen

to/IE

C/SV

S/M

S

a n á l i S e e S p a C i a l e t e m p o R a l d a i n C i d ê n C i a d a m a l á R i a

e m t R ê S C o m u n i d a d e S n o p a R á , n o p e R í o d o d e 2001 a 2006

artificiais, comparando-se com as comunidades do Acarajó com criadouros naturais e a comunidade da Fazendinha com criadouros naturais e artificiais. Foi observado através das séries históricas e análise espacial que, no período de 2001 a 2006, a malária naqueles municípios ocorreu de forma focal, nas três comunidades estudadas até 2002, sendo que a partir de então e até 2005 houve um aumento no número de casos, no sentido das áreas costeiras para as interiores, com maior número de casos na comunidade do Treme e menor número na comunidade da Fazendinha. A análise temporal mostrou que a incidência da malária sofreu influência pluviométrica, onde, nos meses chuvosos que correspondem ao período de janeiro a março e de outubro a dezembro, o número de casos maláricos foi baixo, comparando-se com o período de estiagem que corresponde de março a setembro. Devido à grande quantidade de informações temáticas que podem ser obtidas com processamento das imagens de satélites, existe a necessidade de inclusão de novas tecnologias de geoinformação, como por exemplo sistemas inteligentes baseados em Redes Neurais Artificiais, para fazer a classificação de informações temáticas expressas em alvos espectrais contidos em imagens de satélite e Datamining, para processar novos modelos de análise da malária, baseado no inter-relacionamento de dados produzidos por áreas diferenciadas do conhecimento.

Em última análise, o presente trabalho se constituiu de uma tentativa de geração de resultados práticos, mas ainda em fase de desenvolvimento, no âmbito da Epidemiologia Sistemática. Estes modelos podem vir a ser úteis para a construção de cenários epidemiológicos de transmissão de diversas doenças na Amazônia, em particular aquelas transmitidas por vetores.

RefeRênCiaS

arariboia, g. Inteligência artificial: um curso prático. Rio de Janeiro: Ed. LTC, 1988. 286p.

Câmara, g. Desenvolvimento de Sistemas de Informação Geográfica no Brasil: desafios e oportunidades. 2001. Disponível em: <http://www.dpi.inpe.br/gilberto/present/segeo. html>. Acesso em: 1 jun. 2007.

CoUClEliS, h. People manipulate objects (but cultivate fields): beyond the raster-vector debate in GIS. In: franK, a. U.; Campari, i.; formEntini, U. (Eds.). Theories and methods of spatial-temporal reasoning in geographic space. Lecture Notes in Computer Science 639. Berlin: Springer-Verlag, 1992. p. 65 - 77.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009 – 741

Page 52: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

n e l S o n v e i g a , d o u g l a S g a S p a R e t t o , m o a C i R a l v e S B a R R e i R o S

diaS, J. E.; goES, m. h. b.; xaviEr da Silva.; gomES, o. v. o. Geoprocessamento aplicado à análise ambiental: o caso do município de Volta Redonda – RJ. In: xaviEr da Silva, J.; zaidan, r. t. (Org.). Análise ambiental e geoprocessamento: aplicações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. p. 142 – 177.

drUCK, S.; Carvalho, m. S.; Câmara, g.; montEiro, a. v. m. (Eds.). Análise Espacial de Dados Geográficos. Brasília, EMBRAPA, 2004. 209p.

forattini, o. p. Culicidologia médica, identificação, biologia, epidemiologia. v. 2. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002. 864p.

gomES, J.; vElho, l. Image processing for computer graphics. 1997.

landim, p. m. b. Análise estatística de dados geológicos. 1. ed. São Paulo: Ed. UNESP, 1998. 226p.

mEdronho, r. a.; bloCh, K. v.; lUiS, r. r.; wErnECK, g. l. Epidemiologia. 1. ed. São Paulo: Atheneu 2002. 493p.

ortiz, J. l. Emprego do geoprocessamento no estudo da relação entre potencial produtivo de um povoamento de eucalipto e atributos do solo e do relevo. 2003. 205p. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) – Departamento de Ciências Florestais. USP, Piracicaba.

riCh, E.; Knight, K. Inteligência artificial. 2. ed. São Paulo Makron Books, 1994. 722p.

rUSSEl, S.; norvig, p. Inteligência artificial. São Paulo: Editora Campus, 2004. 1040p.

vEiga, n. g. Modelo de estruturação de banco georreferenciado de dados ambientais, epidemiológicos e socioeconômico de Bragança-PA. Relatório técnico, IEC/SVS/MS. Belém, 2005. 11p.

______. Modelo de recuperação de informações temáticas inter-relacionadas, contidas em imagens de satélites, baseado em descritores contextuais. 2001. 225p. Tese (Doutorado em Ciências da Informação) – Departamento de Ciências da Informação e Documentação. UnB, Brasília.

Recebido em: 26/03/2009 Aprovado em: 26/08/2009

742 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 731 - 742 , 2009

Page 53: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

moRte poR CauSaS exteRnaS duRante o peRíodo gRavídiCo-pueRpeRal: Como ClaSSifiCá-laS? Death due to external causes during the pregnant-puerperal period: how to classify them? Sandra Valongueiro Alves1, Maria Bernadete de Cerqueira Antunes2

rESUmo

A violência na gravidez (psicológica, física, sexual e institucional) representa uma violação dos direitos humanos das mulheres e aumenta o risco de morbimortali­dade materna e perinatal, inclusive de homicídios e suicídios. Este artigo discute a relação entre mortes maternas e mortes por causas externas e propõe uma forma de classificação a ser acrescida ao Capítulo XV, “Complicações da gravidez, parto e puerpério”, da Classificação Internacional de Doenças - 10ª Revisão (1993), que permita, após cuidadosa investigação, considerar algumas mortes por causas exter­nas como mortes maternas associadas à gravidez. Para isto, foi criado um código específico preenchendo uma categoria vazia, a O93, contendo dígitos de O93.0 a O93.9, tendo como referência o Capítulo XX da 10ª Revisão da CID. O código O93 não poderá ser incluído no SIM, mas permitirá que se calculem indicadores de mortalidade materna com e sem as causas externas. Com a implantação deste código espera-se oferecer uma alternativa padronizada de classificação das mortes maternas por causas externas antes da 11ª Revisão da CID e, paralelamente, contribuir com a argumentação internacional de que essas mortes não ocorrem por acaso, que elas podem ser consideradas mortes maternas obstétricas indiretas e que sua exclusão do

cálculo dos indicadores apenas aumenta os níveis de subinformação.

palavraS-ChavE

Mortes maternas, mortes violentas na gravidez, 10ª Revisão da CID

abStraCt

Violence during pregnancy (psychological, physical, sexual and institutional) represents a violation of women’s human rights and increases the risk of maternal and perinatal morbimortality, including homicides and suicides. This article discusses the relation between maternal deaths and deaths due to external causes and proposes a classification type to be added to Chapter XV, “Complications during pregnancy, delivery and puerperium”, of the International Classification of Diseases – 10th Edition (1993), which will allow to consider some deaths due to external causes as maternal deaths associated to pregnancy, after careful investigation. In order to do so, a specific code was created to fulfill an empty category, i.e. O93, with the digit

1 Doutora em Demografia. Pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco e membro do Comitê Estadual de Estudos da Mortalidade Materna de Pernambuco. End: Rua do Marquês, 177/401, Parnamirim, Recife – PE Cep: 52 060-280 Email: [email protected]; [email protected].

2 Mestre em Saúde Coletiva. Professora do Departamento de Medicina Social da Universidade de Pernambuco.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 743

Page 54: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

numbers from O93.0 to O93.9, having as a reference the Chapter XX of the ICD 10th Edition. The code O93 could not be typed in the Information on Mortality System (IMS), but it might allow calculating the indicators of maternal mortality with and without the external causes. We hope that with the implementation of this code it will be possible to offer a standardized alternative to classify maternal deaths due to external causes before the 11th Edition of the ICD and, concomitantly, to contribute with the international argumentation that these deaths do not occur by chance, that they can be considered indirect obstetric maternal deaths, and that their exclusion from the indicator calculations only increases the levels of underreporting.

KEy wordS

Maternal deaths, violent deaths during pregnancy, ICD 10th Edition

1. introdUção

No Brasil, em 2005, as causa externas representaram o segundo grupo de causas de morte nas regiões Norte e Nordeste e Centro-Oeste. Nos últimos anos, estes óbitos tem crescido entre as mulheres em idade reprodutiva (10-49 anos), representando a terceira causa de morte no Brasil e no Nordeste, atingindo 19,2% e 15%, respectivamente (Ministério da Saúde, 2006). Os homicídios foram as causas mais freqüentes (39,2%), seguidos pelos acidentes (37%) e pelos suicídios, com 17,5%. Ao se excluírem os acidentes, mais de metade desses óbitos foram decorrentes das chamadas causas violentas. Entre estas, uma proporção ainda desconhecida resulta de homicídios na gravidez conseqüentes à violência gênero e suicídios decorrentes de gravidezes indesejadas (Pernambuco, 2006).

A violência na gravidez (psicológica, física, sexual e institucional) representa uma violação dos direitos humanos das mulheres e em particular, do direito de viver uma maternidade segura. Embora o conhecimento da magnitude da violência na gravidez dependa, em geral, da definição utilizada e dos métodos de investigação empregados, estudos tem demonstrado que sua prevalência varia de 0,9% a 32% e que a violência na gravidez está associada à ocorrência de violência antes da gravidez (Heise et al., 1994; Gazmararian et al., 2000; Pallitto, 2004; Castro & Ruiz, 2004). No Brasil, a prevalência de violência física na gravidez foi estimada em 8% na cidade de São Paulo e 11% na Zona da Mata de Pernambuco (Schraiber et al., 2007). Um estudo conduzido na cidade do Recife mostrou uma prevalência de violência (física, psicológica e sexual) por parceiro íntimo na gravidez de 29% (Paz, 2006).

A agressão ou trauma durante a gestação pode provocar abortos e partos prematuros, ruptura prematura de membranas, recém nascidos prematuros e de baixo peso, hemorragias, ruptura de útero e histerectomias (Cokkinides et al., 1999; Nuñez-Rivas et al., 2003)1. Particularmente, a violência de gênero pode 1As regiões mais atingidas pela violência de gênero são: rosto, pescoço, dorso, mamas e abdome (Helton et al., 1987).

744 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 55: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

interferir nas relações subjetivas das mulheres com a maternidade, influenciar na busca por cuidado pré-natal e/ou desencadear doenças mentais leves, como a ansiedade, ou mais severas, como depressão na gravidez e no pós-parto (Leung et al., 2002; Moraes et al., 2006). Agressões físicas e /ou sexuais, isoladas ou associadas com violência psicológica aumentam o risco de suicídios entre gestantes e puérperas, de homicídios por parceiro íntimo durante a gravidez e o risco de mortalidade perinatal (Campbell & Soeken, 1999; Granja et al., 2002)2.

A relação entre acidentes e mortalidade materna que vem sendo identificada por meio de investigações de óbitos de mulheres em idade fértil também não é valorizada e acaba sendo diluída nas estatísticas de mortalidade por causas externas.

O Sistema de Informação sobre Mortalidade constitui a principal fonte de informa­ção para o estudo da causa externa do óbito no que se refere à cobertura desses even­tos, no entanto, se mantém falho em relação a sua qualidade. Pois, ao preencher uma Declaração Óbito - DO (atestado médico), o legista menciona a natureza da lesão que provoca a morte, sem, muitas vezes, referir as circunstâncias que determinam essa lesão. No Brasil, no final da década de 2000, estimava-se que o percentual de causas externas mal definidas era em torno de 10% (Mello Jorge et al., 2002). Em um estudo conduzido em quinze municípios dos estados de Sergipe, São Paulo e Mato Grosso, este percentual chegou a 22,9% (Mello Jorge et al., 2002). Embora elevados, estes percentuais possuem grande possibilidade de reversão, desde que na DO sejam registradas as variáveis relativas à causa externa (natureza da lesão) e ao tipo de causa externa (circunstância da lesão). As informações referentes às circunstâncias da lesãopodemnãoestardisponíveis no sistemade saúde, mas em delegacias de polícia, departamentos de trânsito, na mídia, em cemitérios, em cartórios, com os familiares, entre outras, representando importantes fontes de resgate e de aprimoramento do SIM (Antunes, 2001, OPAS, 2002).

Em relação às mortes maternas, portanto, convive-se com desconhecimento quase completo da proporção dessas causas associadas às causas externas. Este artigo discute a relação entre mortes maternas e mortes por causas externas e propõe uma forma de classificação a ser acrescida ao Capítulo XV, “Complicações da gravidez, parto e puerpério”, da Classificação Internacional de Doenças - 10ª Revisão (OMS, 1993), que permita, após cuidadosa investigação, considerar algumas mortes por causas externas como mortes associadas à gravidez.

2. mortES matErnaS E CaUSaS ExtErnaS

Em regiões em desenvolvimento, elevados níveis de mortalidade materna co-existem com elevadas taxas de mortalidade feminina por causas externas e

2Mortalidade perinatal: número de óbitos fetais (a partir de 22 semanas) acrescido dos óbitos neonatais precoces (de zero a seis dias) por mil nascimentos (vivos e óbitos fetais) em determinado espaço geográfico, no ano considerado (OPAS/ OMS/RIPSA, 2008).

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 745

Page 56: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

ambas tem em comum o fato de serem subinformadas pelas estatísticas oficiais. As causas externas (acidentes e violências) constituem um conjunto de causas de morte definidas como causas não-naturais. Estas causas estão agrupadas no Capítulo XX da Classificação Internacional de Doenças da 10ª Revisão, 1993 – CID 10 (Anexo 1).

As mortes maternas são definidas como “a morte de uma mulher durante a gestação ou, ainda, dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez, devido a qualquer causa relacionada e ou agravada por medidas tomadas em relação a ela, excetuando-se, porém, as causas acidentais ou incidentais”, compondo o Capítulo XV da 10ª Revisão da CID, 1993 (Anexo 2).

Dessa forma, todas as mortes por causas externas ocorridas no período gravídico-puerperal são automaticamente excluídas da construção dos indicadores de mortalidade materna, gerando sobreposição dos já elevados níveis de subinformação. As outras definições, morte associada à gravidez e morte relacionada à gravidez, são pouco específicas e também são excluídas dos cálculos dos indicadores (OMS, 1993; Laurenti et al., 2004).

Além dessa incompatibilidade de definições, outros fatores relacionados à natureza das mortes violentas (suicídios e homicídios) também contribuem para esta subinformação. Em princípio, a violência de gênero ocorre na esfera do privado e em geral por parceiro íntimo, sendo muitas vezes desconhecida de outros membros da família e de amigos. “Viver em situação de violência” interfere na autonomia e mobilidade das mulheres e inviabiliza possíveis redes de apóio, sejam estas familiares ou institucionais. Por fim, a gravidez pode também aumentar a dependência financeira e afetiva das mulheres em relação aos seus parceiros, expondo-as a situações extremas como homicídios e suicídios. Nestes casos, as mortes por causas violentas desvelam um cotidiano de discriminação e de desigualdades nas relações.

A contribuição das causas violentas para a mortalidade materna já vem sendo discutida em muitos países (Rizzi et al., 1998; Krulewitch et al., 2001; McFarlane et al., 2002; Campero, et al., 2006; Espinoza & Camacho, 2005). Estes estudos, conduzidos a partir da década de 1990, discutem como mortes violentas estão intrinsecamente relacionadas à condição da gravidez e questionam o caráter acidental de sua ocorrência. Dentre estas, a relação entre acidentes (de transporte, quedas, afogamentos, etc) e mortes maternas talvez seja a mais desconhecida, no entanto, dados da Vigilância do Óbito Materno tem revelado mortes por acidentes entre mulheres grávidas e/ou puérperas (Pernambuco, 2006), mas sua relação com a condição gravídica

746 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 57: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

não chega a ser sequer investigada.

3. homiCídio E gravidEz

Os homicídios representaram a principal causa de morte por causa externa entre mulheres grávidas em Moçambique - África (Granja et al., 2002), na Carolina do Norte - EUA (Parsons & Harper, 1999) e no Distrito de Columbia - EUA (Krulewitch et al., 2001), gerando um adicional nível de subinformação, principalmente em países aonde a proporção de mortes maternas obstétricas diretas vem sendo gradativamente substituída por outras causas, entre estas, as causas não-obstétricas. Investigações conduzidas nas cidades de Nova York e Chicago e nos estados da Virgínia e Maryland (EUA) os homicídios também foram a principal causa de morte materna (Dannenberg et al., 1995; Fildes et al., 1992). Um estudo de caso controle, abrangendo dez cidades americanas, comparou tentativas de homicídios e homicídios consumados por parceiros íntimos com mulheres que sofreram violência na gravidez e mostrou que o risco de morrer por homicídio foi três vezes maior (Odds Ratio de 3,08) entre as mulheres que sofriam violência na gravidez (McFarlane et al., 2002).

No México, Campero et al. (2006), demonstrou que entre as vinte e sete mortes maternas precoces identificadas no período analisado, vinte e três foram por causas obstétricas e quatro por causas violentas, sendo três suicídios e um homicídio. Na Argentina, Rizzi et al. (1998) ao estudar as mortes de mulheres em idade fértil, identificou e classificou vinte e oito mortes maternas por causa violenta. Dentre estas, duas mortes foram por suicídios, uma por homicídio, três por acidentes e vinte duas por aborto induzido3. Os autores argumentam que a classificação do aborto como causa externa se deve ao fato de que este representa uma violência contra a mulher, dado a sua condição de ilegalidade no país.

A pesquisa sobre mortalidade de mulheres em idade reprodutiva, conduzida por Laurenti e colaboradores (Ministério da Saúde, 2006) nas capitais brasileiras em 2002, revelou que dentre as 224 mortes ocorridas durante o ciclo gravídico-puerperal, 19,2% foram homicídios e 7,1% suicídios.

4. SUiCídio E gravidEz

A relação suicídio e gravidez é um tema controverso na literatura. Alguns autores demonstram a existência de associação entre suicídio e gravidez e ao mesmo tempo questionam a sua exclusão na construção dos indicadores de 3 Complicação de aborto induzido é a primeira causa de morte materna na Argentina em 2005 (http://www.cedes.org.).

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 747

Page 58: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

mortalidade materna (Rizzi et al., 1998, Walker et al., 2004). Embora o suicídio na gravidez seja um evento relativamente raro, quando ocorre, geralmente está associado com gravidez não pretendida4 e falta de acesso ao aborto ou com situações de violência física ou sexual e de extrema pobreza (WHO/ UNFPA, 2009; Frautsch et al., 1994). Ambos, gravidez não pretendida e tentativa de suicídio acontecem entre adolescentes e mulheres jovens sem antecedentes psiquiátricos e com história de violência física e ou sexual em suas “relações afetivo-sexuais” (WHO/UNFPA, 2009). E se em alguns casos de suicídios, a gravidez simplesmente não aparece, em outros, representam tentativas mal sucedidas de interrupção de gravidezes onde o aborto é legalmente restrito (Valongueiro, 2006).

Um estudo conduzido em Morelos - México (Campero et al., 2006), revelou que entre as mortes maternas por causas externas identificadas, metade era por suicídio entre adolescentes com gravidez não pretendida, mesmo que não tenha sido possível determinar se a intenção era o suicídio ou a interrupção da gravidez. Por outro lado, investigações de suicídios em mulheres, em geral, não revelam ou não buscam a existência de gravidez, principalmente quando esta é precoce (WHO/ UNFPA, 2009).

Em Pernambuco, casos de suicídios para esconder uma gravidez não pretendida, suicídios resultantes de tentativas de interrupção de gravidez precoce e homicídios cometidos por parceiros que negavam a paternidade foram registrados por Valongueiro (1996; 2006). Nestes estudos, foram necessárias cuidadosas investigações em prontuários médicos, serviços de necropsia e entrevista com familiares e amigos próximos (método RAMOS).

Embora gravidez indesejada e suicídio sejam frequentes entre adolescentes sem história de desordens psiquiátricas (Walker et al., 2004; Campero et al. 2006; Valongueiro, 2006), pouca atenção tem sido dada às desordens mentais como fator mediador das mortes por suicídio no período puerperal e à associação entre suicídio na gravidez e história de violência física e sexual na infância. Alguns autores afirmam que a gravidez na adolescência está associada com violência na infância e que mulheres que tentam suicídio na gravidez estão mais propensas a terem sofrido violência doméstica (Stark & Flitcraft, 1995; Adams & East, 1999). E mesmo que se reconheça a presença de gravidez em mulheres e adolescentes suicidas, esta não é comumente vista como um fator predictor deste tipo 4 Gravidez pretendida: clara intenção de ficar grávida associada a uma decisão deliberada de não usar contraceptivos, inclusão do parceiro no projeto de concepção e investimentos em estilos de vida que favoreçam a concepção, como por exemplo, participação em planejamento pré-concepcional nos serviços de saúde, busca por reorganizações econômico­sociais prevendo a chegada de um filho, dentre outros (Mbizvo et al., 1997; Barret et al., 2004; Azevedo, 2008) .

748 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 59: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

de violência (WHO/UNFPA, 2009). Para alguns autores (Krulewitch et al., 2001; Walker et al., 2004;

Campero et al., 2006; Granja et al., 2002, Espinoza & Camacho, 2005) desconhecer a contribuição das mortes violentas para a mortalidade materna deve-se à concepção equivocada de que estas mortes ocorrem por acaso e desconsideram que história de violência na vida e na gravidez, doenças mentais e gravidez não pretendida, se comportam como co-morbidades, à semelhança de uma hipertensão, cardiopatia ou soropositividade para HIV. Nesta linha de argumentação, eles defendem que se a violência de gênero for responsável pela morte de mulheres grávidas ou puérperas, tais mortes devem ser investigadas e classificadas como mortes maternas por causas obstétricas indiretas.

E por último pontuam que a atual classificação de mortes por causas externas no período gravídico-puerperal limita a identificação de suicídios consequentes à depressão ou psicose puerperal que ocorrem além dos 42 dias de puerpério clássico, pois a literatura aponta que grande parte desses eventos ocorre no período puerperal tardio (Yip et al., 1997; WHO/UNFPA, 2009).

As autoras deste artigo propõem um modelo, adaptado de Bruyn (2003), para classificação das mortes maternas associadas às causas externas, ilustrada na Figura 1. Este modelo descreve algumas das relações discutidas entre violência de gênero na vida e na gravidez e suas possíveis repercussões para a saúde das mulheres (geral, mental e reprodutiva), possíveis consequências fatais durante a gravidez e puerpério e como uma definição de morte materna mais abrangente poderia absorvê-las.

No Brasil, a relação entre causa externa e mortalidade materna também é desconhecida e pouco investigada pelos sistemas de vigilância de óbito materno, o que tem aumentando o nível de subinformação, estimado em 28%5 para as capitais brasileiras em 2002 (Laurenti, 2004; Ministério da Saúde, 2006). E embora seja consenso que todos os óbitos de mulheres em idade fértil devam ser investigados pelos municípios, o que se observa é uma relação de custo-benefício, que acaba por privilegiar a investigação dos óbitos por causas obstétricas que são usados na construção dos indicadores de mortalidade materna, deixando de fora os óbitos por causas externas. O sistema de vigilância de óbitos maternos do município do Recife, por exemplo, até 2002, não investigava óbitos por causas externas, independentes dos mesmos terem ocorrido na gravidez ou no puerpério precoce. 5 Corresponde a fator de correção de 1,4.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 749

Page 60: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

7 50 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 1 7 ( 3 ) : 7 4 3 - 7 6 4 , 2 0 0 9

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

Figu

ra 1

Mod

elo

expl

icat

ivo

para

cla

ssifi

caçã

o da

s m

orte

s m

ater

nas

asso

ciad

as à

s ca

usas

ext

erna

s e

mor

tes

mat

erna

s ob

stét

rica

s in

dire

tas

- 09

3

Font

e: A

dapt

ado

de B

ruyn

, Mar

ia. 2

003.

Vio

lenc

e, p

regn

ancy

and

abo

rtion

. Iss

ues

of w

omen

’s ri

ghts

and

pub

lic h

ealth

, 2nd

edi

tion.

Cha

pel H

ill, N

C, Ip

as.

Acid

ente

s, q

ueda

s, q

ueim

adur

a, a

foga

men

toe

enve

nena

men

to n

a gr

avid

ez.

Viol

ênci

a co

ntra

a m

ulhe

r (fís

ica,

psic

ológ

ica,

sex

ual e

inst

ituci

onal

) na

vid

a.

Viol

ênci

a (fí

sica

, psi

coló

gica

,se

xual

) na

grav

idez

. Ho

mic

ídio

sna

gra

vide

z e

puer

pério

pre

coce

Mor

tes

mat

erna

sas

soci

adas

às c

ausa

sex

tern

as

Mor

tes

mat

erna

s ob

stét

ricas

indi

reta

s

Mor

bida

de fe

min

ina

Grav

idez

não

pr

eten

dida

Su

icíd

ios

nagr

avid

ez e

pu

erpé

rio p

reco

cee

tard

ioSa

úde

emge

ral:

lesõ

es,

inca

paci

dade

s e

outro

s si

ntom

as

Saúd

e se

xual

e

repr

odut

iva:

IST,

quei

xas

gine

coló

gica

s,gr

avid

ez n

ão

pret

endi

da,

com

plic

açõe

s da

gr

avid

ez, a

borto

s (e

spon

tâne

os e

in

segu

ros)

e d

isfun

ções

se

xuai

s.

Saúd

e M

enta

l:ba

ixa

auto

-es

tima,

vuln

erab

ilida

deda

saú

de s

exua

le

repr

odut

iva,

abus

o de

álc

ool e

drog

as, a

nsie

dade

e

depr

essã

o

Page 61: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

Nessa linha de argumentação, o Seminário sobre Vigilância da Mortalidade Materna na América Latina e Caribe6, promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), Agência Internacional dos Estados Unidos para o Desenvolvimento (USAID) e Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), sediado no Centro Brasileiro de Classificação de Doenças da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo (CBCD/FSP/SP) discutiu a necessidade de se rediscutir a forma como a 10ª Revisão da CID classifica as mortes por suicídios e homicídios ocorridos durante a gravidez. Os representantes de diversos países sugeriram incluir esta discussão na pauta da reunião 11ª Revisão da CID.

No Brasil esta discussão vem sendo pautada pelo Ministério da Saúde, via Coordenação Geral de Informações e Análise Epidemiológica, do Departamento de Análise de Situação de Saúde, da Secretaria de Vigilância em Saúde que promoveu em fevereiro de 2009 uma reunião em Brasília, com o objetivo de obter subsídios para padronizar nacionalmente critérios para uso dos códigos da CID 10ª Revisão, com vistas ao cálculo dos indicadores relativos à mortalidade materna, entre eles, o Capítulo XX, referente às causas externas. Tal discussão teve como referência a Portaria Nacional 1.119 de 05 de junho de 2008, que regulamenta a Vigilância de Óbitos Maternos no Brasil (Ministério da Saúde, 2008).

Nesse encontro, do qual participaram representantes de diversas instituições envolvidas com a classificação, vigilância, análise e intervenção sobre a mortalidade materna no país7, foi apresentada parte da argumentação da literatura atual sobre a necessidade de rediscutir a relação entre as mortes por causas externas e as mortes maternas e alguns resultados de sistematização dos dados obtidos pelos Sistemas de Vigilância do Óbito Materno no Brasil, sendo afirmada a urgência dessa discussão como etapa preparatória para a próxima 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças.

Nesse mesmo encontro foi discutida a necessidade de se utilizar uma definição temporária de mortalidade materna que incluísse as causas externas e foi apresentada uma proposta de criação de um código específico para classificar as mortes maternas por causas externas a ser testado e utilizado até a próxima revisão da Classificação Internacional de Doenças. Este código representa o primeiro resultado da pesquisa “ Mortes violentas da gravidez: um problema

6 Entre 29 a 31 de agosto de 2006.

7 Epidemiologistas, obstetras, codificadores, gestores e representantes do Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas e do Departamento de Atenção Básica e Programa Nacional de DST/AIDS do Ministério da Saúde; Comitês Estaduais de Mortalidade Materna de Minas, Paraná e Pernambuco; FEBRASGO; Centro Brasileiro de Classificação de Doenças – USP, entre outros.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 751

Page 62: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

ainda invisível no Brasil”, cujo objetivo geral foi “estudar a mortalidade por causas externas ocorridas durante a gravidez e puerpério precoce de mulheres residentes no Recife, no período 2004 a 2006, na perspectiva de melhorar a qualidade da informação sobre mortalidade materna no Brasil, considerando a revisão 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças”. A pesquisa foi conduzida por Valongueiro (2006) na cidade do Recife e financiada pelo Ministério da Saúde via Secretaria de Vigilância e Saúde, com recursos do Fundo Nacional de Saúde (Portaria 638/2006).

5.aCriação do Código o93para ClaSSifiCar aS mortES matErnaS por CaUSaS ExtErnaS

Em meados dos anos 90, uma parceria entre o antigo Departamento de Mortalidade e Natalidade e a Divisão de Saúde da Mulher e Adolescente da Secretaria Estadual de Saúde Pernambuco, subsidiou a publicação da Portaria Estadual 087 de setembro de 1995 (Pernambuco, 1995) que regulamenta o Sistema de Vigilância do Óbito Materno e a implantação dos Comitês de Mortalidade materna no estado. Esta Portaria define como atribuição dos municípios a investigação de todos os óbitos de mulheres em idade fértil (10­49 anos) e não apenas daqueles cujas causas de óbito (básica ou associada) compõem a lista de causas maternas presumíveis, divulgadas pelo Manual de Comitês de Mortalidade Materna do Ministério da Saúde.

Neste contexto e diante do inesperado volume de mortes por causas externas na gravidez e puerpério que começou a ser identificado no estado (Pernambuco, 1999) surgiu a proposta de criar um código específico para classificar essas mortes. Este novo código deverá ser incluído no Capítulo XV da 10ª Revisão da CID (OMS, 1993), preenchendo uma categoria vazia, a O93, e será utilizado para classificar as mortes maternas associadas a uma causa externa. Nesta proposta, todo óbito de mulher em idade fértil por causas externas que, após investigação (no Instituto de Medicina Legal, hospital e domicílios, ou qualquer outro que permita associar a causa da morte com a condição da gravidez), seja considerado associado à condição gravídica ou puerpério precoce deverá assumir também código O93 com o terceiro dígito correspondente, de O93.0 a O93.9 (Quadro 1). A cada dígito corresponderá uma classificação da morte materna por causa externa, tendo como referência a 10ª Revisão da CID. Cada óbito, investigado e discutido, deverá receber três códigos: um referente à natureza da lesão, um outro código referente à causa externa (circunstância que determinou da lesão) e um novo código específico do Capítulo XV, O93, correspondente à morte materna por causa externa (Quadro 1). Algumas circunstâncias, correspondentes aos códigos Y35-Y36 – Intervenções legais e operações de guerra; Y85-Y89 – Sequelas de causas externas de morbidade e

752 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 63: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

Quad

ro 1

Mod

elo

de c

lassifi

caçã

o pa

ra a

s m

orte

s po

r ca

usas

ext

erna

s no

per

íodo

gra

vídi

co-p

uerp

eral

, util

izan

do-se

cat

egor

ias va

zias

do

Cap

ítulo

XV

da

10ª R

evisã

o da

CID

.

Caus

a Ex

tern

a da

Les

ão

Códi

go O

93 d

o Ca

pítu

lo X

V Co

men

tário

s

Acid

ente

de

Tran

spor

te

(V01

- V9

9)

O93.

0 Po

de s

er a

cide

ntal

ou

inte

ncio

nalm

ente

infli

gido

por

alg

uém

ou

por s

i pró

prio

. Nes

te c

aso*

cor

resp

onde

nte

aM

orte

mat

erna

por

aci

dent

e de

tran

spor

te.

Qued

a (W

00-W

19)

O93.

1 Po

de s

er a

cide

ntal

ou

inte

ncio

nalm

ente

aut

o-in

fligi

do. N

este

cas

o*, d

eve

assu

mir

o có

digo

cor

resp

onde

nte

à M

orte

mat

erna

por

que

da a

cide

ntal

.

Afog

amen

to (W

66-W

74)

O93.

2 Po

de s

er a

cide

ntal

ou

inte

ncio

nalm

ente

infli

gido

por

si p

rópr

io o

u po

r alg

uém

. Nes

te c

aso*

, dev

e as

sum

ir o

códi

go c

orre

spon

dent

e a

Mor

te m

ater

na p

or a

foga

men

to a

cide

ntal

.

Quei

mad

ura

(X00

-X19

) O9

3.3

Pode

ser

aci

dent

al o

u in

tenc

iona

lmen

te in

fligi

do p

or s

i pró

prio

ou

por a

lgué

m. N

este

cas

o* d

eve

ass

umir

o có

digo

cor

resp

onde

nte

a M

orte

mat

erna

por

que

imad

ura

acid

enta

l.

Enve

nena

men

to A

cide

ntal

(X

20-X

29 e

X40

-X49

) O9

3.4

para

efe

ito d

e an

ális

e us

ar s

empr

e os

doi

s có

digo

s. M

orte

mat

erna

por

env

enen

amen

to a

cide

ntal

.A

situ

ação

do

enve

nena

men

to d

eve

ser e

scla

reci

da d

e ac

ordo

com

o c

ódig

o da

cau

sa e

xter

na d

a le

são.

Ass

im,

Com

plic

açõe

s de

As

sist

ênci

a M

édic

a e

Cirú

rgic

a (Y

40-Y

84)

O93.

5 Es

clar

ecer

a s

ituaç

ão d

as c

ompl

icaç

ões.

Nes

te c

aso,

pro

põe-

se m

ante

r Mor

te m

ater

na p

or c

ompl

icaç

ões

da

assi

stên

cia

méd

ica,

poi

s de

sta

form

a co

nsta

na

10ª R

evis

ão d

a CI

D.

Suic

ídio

(X60

-X84

) O9

3.6

Lesõ

es a

uto-

infli

gida

s. M

orte

mat

erna

por

Sui

cídi

o.

Hom

icíd

io (X

85-Y

09)

O93.

7 Ag

ress

ões.

Mor

te m

ater

na p

or H

omic

ídio

.

Outro

s Ac

iden

tes

(W20

-W64

; W75

-W99

;X3

0-X3

9 e

X50-

X75)

O93.

8 Os

dem

ais

acid

ente

s qu

e co

nsta

m n

a CI

D-10

e n

ão e

stão

incl

uído

s no

s có

digo

s ac

ima,

inte

rval

o de

O93

.0 –

O9

3.5.

Mor

te m

ater

na p

or o

utro

s ac

iden

tes.

Even

tos (

fato

s) cu

ja in

tenç

ão

é in

dete

rmin

ada

(Y10

-Y34

) O9

3.9

Circ

unst

ânci

a da

cau

sa e

xter

na n

ão d

eter

min

ada.

Mor

te m

ater

na d

e in

tenç

ão in

dete

rmin

ada.

*Cód

igos

(int

erva

los

refe

ridos

na

prim

eira

col

una)

da

caus

a ex

tern

a co

rres

pond

ente

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 753

Page 64: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

A decisão de avaliar a existência ou não de associação entre uma morte na gravidez ou puerpério precoce e uma causa externa e, consequentemente, qual dígito deve ser acrescido, deve ser dos Grupos Técnicos dos Comitês de Mortalidade Materna ou de um painel de especialistas no tema, já que até o momento, não existe protocolo que possa servir como modelo para este tipo de classificação.

A criação do código e sua implantação no nível local, não permitem, no entanto, que os mesmos sejam incorporados ao cálculo dos indicadores de mortalidade materna, sob pena de perder sua comparabilidade. Uma estratégia, portanto, enquanto se espera a Revisão da Classificação Internacional de Doenças – 11ª Revisão, é proceder ao cálculo com dos indicadores com e sem as mortes maternas associadas às causas externas, sejam estas, homicídios, suicídios ou acidentes.

6. USo do Código o93 na ClaSSifiCação dE óbitoS matErnoS

A seguir, são mostrados alguns exemplos de óbitos por causas externas identificados nas investigações de óbito de mulheres em idade fértil e discutidas pelo GT do Comitê Estadual de Mortalidade Materna do Estado de Pernambuco, nos quais o código O93 pode ser aplicado:

ExEmplo 1

a) idEntifiCação: 21 anos, com antecedentes psiquiátricos.

b) dadoS do óbito:

Declaração de Óbito (DO) preenchida pelo Instituto de Medicina Legal (IML);Variável 43 (morte ocorreu na gravidez): SIM;

CaUSa báSiCa original:

I - Homicídio (traumatismo cranioencefálico por instrumento perfuro-contundente).

c) invEStigação:

No IML: Confirmado homicídio e presença de gestação em torno de 20ª semana; No domicílio: Segundo a família, ela estava grávida de um “rapaz que era noivo” e quando soube da gravidez pressionou-a para fazer um aborto. A família não sabe se ela se recusou ou se ela não conseguiu fazer porque “era caro e ela era muito nervosa”. Diante

754 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 65: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

da manutenção da gravidez, o rapaz foi até a casa da moça grávida e, diante da família, assassinou-a com dois tiros.

d) propoSta dE CaUSa báSiCa final:

I - Homicídio (por instrumento perfuro-contundente): X 95.0 II - Morte Materna por homicídio: O93.7

e) ComEntárioS: Neste caso, houve relato de que os antecedentes psiquiátricos e a criminalização do aborto foram elementos que dificultaram a decisão de interromper a gravidez. E embora não tenha sido possível saber se a gravidez era desejada por ela, segundo as informações colhidas, não era desejada pelo parceiro. No entanto, fica evidente a associação entre a violência cometida pelo parceiro e o fato de estar grávida e, portanto, justifica sua classificação como morte materna por homicídio, conforme descrita na Figura 1.

ExEmplo 2a)idEntifiCação: 29 anoS, SEm antECEdEntES pSiqUiátriCoS.

b) dadoS do óbito

Declaração de Óbito (DO) preenchida pelo Instituto de Medicina Legal (IML);Variável 43 (morte ocorreu na gravidez): SIM;

CaUSa báSiCa original:

I - Indeterminada – Colhida vísceras para Exame Toxicológico: R99

C) invEStigação:

No IML (após resultado do exame toxicológico): Suicídio por intoxicação exógena por ingestão de carbamato (chumbinho). Gravidez no curso da 20ª semana;No domicílio: Segundo a irmã, o suicídio se deu por desespero: o parceiro não queria a gravidez e ela se sentiu abandonada e se “matou tomando chumbinho”.

d) propoSta dE CaUSa báSiCa final:

I - Suicídio por ingestão de carbamato: X 68. II - Morte Materna por suicídio: O93.6

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 755

Page 66: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

e) ComEntárioS:

Este caso mostra uma mulher sem antecedentes psiquiátricos, que diante de uma gravidez não desejada pelo parceiro, se mata no início da gravidez. O sentimento de abandono descrito pela família que a levou ao suicídio caracteriza esta morte violenta como associada à condição gravídica e justifica sua classificação como morte materna por suicídio, conforme descrita a Figura 1.

ExEmplo 3a) idEntifiCação: nomE, 22 anoS, SEgUnda gravidEz.

b) dadoS do óbito:

Declaração de Óbito preenchida pelo médico assistente;

Variável 44 (morte ocorreu no puerpério precoce): SIM;

CaUSa báSiCa original:

I - Choque hemorrágico Hemorragia produzida por descolamento prematuro da placenta e lesão de vasos esplênicos consequente à queda da própria altura – W01 II - Gravidez no curso da 36ª semana.

c) invEStigação:

No domicílio: Segundo a mãe, a gestante estava numa festa de aniversário do filho pequeno e enquanto carregava uma badeja, tropeçou e caiu sobre a barriga. Passou mal logo em seguida, sendo encaminhada para um hospital local. Do hospital local foi encaminhada para um hospital de referência. Ao chegar lá, foi operada, recebeu sangue, mas faleceu ainda na sala de cirurgia. O bebê nasceu morto. Prontuário médico do hospital de referência: Paciente chegou grave, chocada, com gravidez avançada. Diagnóstico: descolamento da placenta pós-trauma. Realizada cesariana, bebê nascido morto e presença de coágulo retroplacentário. Segundo a descrição cirúrgica, o sangramento uterino fora resolvido. No entanto, foi identificada na cavidade abdominal lesão de vasos esplênicos. Embora tenham sido realizadas transfusões sanguíneas, não foi possível refazer as lesões a tempo e a mulher foi a óbito durante a cirurgia.

d) propoSta dE CaUSa báSiCa final:

I - Hemorragia por ruptura de vasos esplênicos.

756 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 67: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

II - Morte materna por queda (da própria altura): O93. 1

e) ComEntárioS:

Embora os acidentes sejam as causas externas mais difíceis de serem classificadas como mortes maternas, este caso revela como uma queda sofrida por uma mulher com uma gravidez avançada pode provocar morte por hemorragia em poucas horas. A presença da gravidez avançada provocou o descolamento da placenta, que segundo a descrição cirúrgica, fora resolvido. No entanto, a lesão dos vasos esplênicos, provocou sangramento abundante, que mesmo que tivesse sido identificado no hospital local, provavelmente seria necessária intervenção mais complexa para corrigi-lo. Portanto, justifica a classificação como morte materna por acidente – queda, conforme Quadro 1.

7. ConClUSão

Este artigo traz como proposta considerar como mortes maternas associadas a causas externas aquelas ocorridos na gravidez e no puerpério precoce, após investigação e discussão nos GT dos Comitês de Mortalidade Materna, e classificá-las usando o Código O93, criado a partir de uma casela vazia do Capítulo XV – Complicações da gravidez, parto e puerpério - da 10ª Revisão da CID, tendo como referência o Capítulo XX - Causas Externas - da 10ª Revisão da CID.

Com a implantação deste código espera-se oferecer uma alternativa padronizada de classificação das mortes maternas por causas externas, antes da 11ª Revisão da CID e paralelamente incorporar a argumentação internacional de que essas mortes não ocorrem por acaso e que sua exclusão do cálculo dos indicadores mortalidade materna apenas aumenta os seus níveis de subinformação.

Espera-se ainda, provocar nacionalmente o debate sobre como a violência contra mulher, em especial, a violência pelo parceiro, muitas vezes agravada durante a gravidez, podendo, portanto, ser reclassificada como morte materna obstétrica indireta. E que os suicídios, ao expressarem o desespero diante de uma gravidez indesejada ou de tentativas frustras de interrupção de uma gravidez em condições de restrição ao aborto, também possam ser considerados mortes maternas obstétricas indiretas.

E por fim, dar visibilidade ao papel da violência de gênero, da gravidez indesejada e da criminalização do aborto como elementos que violam os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, entre eles, o direito a uma maternidade segura, prazerosa e consciente.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 757

Page 68: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

RefeRênCiaS

adamS, J. a.; EaSt, p. l. Past physical abuse is significantly correlated with pregnancy as an adolescent. Journal of Pediatrics and Adolescent Gynaecology. v. 12, n. 3, p. 133 - 138, 1999.

antUnES, m. b. C. Municipalização e qualidade da informação de mortalidade: o processo de descentralização do Sistema de Informação de Mortalidade e a qualidade do preenchimento da declaração de óbito e Pernambuco. 2001. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Programa Integrado de Pós-graduação em Saúde Coletiva. UFPE, Recife.

azEvEdo, a. C. C. A violência cometida pelo parceiro íntimo e outros fatores associados à gravidez não-pretendida. 2008. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) -Programa Integrado de Pós-graduação em Saúde Coletiva. UFPE, Recife.

barrEt, g.; Smith, S. C.; wEllingS, K. Conceptualisation, development, and evaluation of a measure of unplanned pregnancy. Journal of Epidemiology and Community Health. v. 58, n. 5, p. 426 - 433, 2004.

bryUn, m. Violence, pregnancy and abortion. Issues of women’s rights and public health. 2nd

edition. Chapel Hill, NC, Ipas, 2003. 79p.

CampbEll, J. C., SoEKEn, K. Forced sex and intimate partner violence: effects on women´s health. Violence Against Women. v. 5, n. 9, p. 1017 - 1035, 1999.

CampEro, l.; dilyS, w.; hErnadEz, b.; ESpinoza, h.; rEynoSo, S. l. a. La contribuición de la violência a la mortalidad materna em Morelos, Mexico. Salud Publica de Mexico. v. 48, suppl. 2, p. 297 – 306, 2006.

CaStro, r.; rUíz, a. Prevalence and severity of domestic violence among pregnant women, Mexico. Prevalencia y severidad de la violencia contra mujeres embarazadas, México. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 38, n. 1, p. 62 - 70, 2004.

CoKKinidES, v. E.; CoKEr, a. l.; SandErSon, m.; addy, C.; bEthEa, l. Physical violence during pregnancy: maternal complications and birth outcomes. Obstetrics and Gynecology. v. 93, n. 5, p. 661 - 666, 1999.

758 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 69: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

dannEnbErg, a. l.; CartEr, d. m.; lawSon, h. w.; aShton, d. m.; dorfman, S. f.; graham, E. w. Homicide and other injuries as causes of maternal death in New York City, 1987 through 1991. American Journal of Obstetrics and Gynecology. v. 172, n. 5, p. 1557 - 1564, 1995.

ESpinoza, h.; CamaCho, a. v. Maternal death due to domestic violence: an unrecognized critical component of maternal mortality. Revista Pan-americana de Salud. Washington, v. 17, n. 2, p. 123 – 129, 2005.

fildES, J.; rEEd, l.; JonES, n.; martin, m.; barrEtt, J. Trauma: leading cause of maternal death. Journal of Trauma, Injury, Infection, and Critical Care. v. 32, n. 5, p. 643 - 645, 1992.

fraUtSChi, S.; CErUlli, a.; mainE, d. Suicide during pregnancy and its neglect as a component of maternal mortality. International Journal of Gynecology and Obstetrics. v. 47, n. 3, p. 275 - 284, 1994.

gazmararian, J. a.; pEtErSEn, r.; Spitz, a. m.; goodwin, m. m.; Saltzman, l. E.; marKS J. S. Violence and reproductive health: current knowledge and future research directions. Maternal and Child Health Journal. v. 4, n. 2, p. 79 -84, 2000.

granJa, a. C.; zaCariaS, E.; bErgStrom, S. Violent deaths: the hidden face of maternal mortality. International Journal of Obstetrics and Gynecology. v. 109, n. 1, p. 5 - 8, 2002.

hEiSE, l.; pitangUy, J.; gErmain, a. Violence against women: the hidden health burden. World Bank Discussion Papers. Washington, n. 255, 1994. 72p.

hElton, a. S.; mCfalanE, J.; gottEmoEllEr, m. Battered and pregnant: a prevalence study. American Journal of Public Health. v. 77, n. 10, p. 1337 - 1339, 1987.

KrUlEwitCh, C. J.; piErrE-loUiS, m. l.; lEon-gomEz, r.; gUy, r.; grEEn, r. Hidden from view: violent deaths among pregnant women in the district of Columbia, 1988-1966. Journal of Midwifery & Women’s Health. v. 6, n. 1, p. 4 -10, 2001.

laUrEnti, r.; mEllo JorgE, m. h. p.; gotliEb, S. l. d. A mortalidade nas

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 759

Page 70: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

capitais brasileiras: algumas características e estimativas de um fator de ajuste. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 7, n. 4, p. 449 - 460, 2004.

lEUng, w. C.; wong, y. y.; lEUng, t. w.; ho, p. C. Domestic violence postnatal depression in a Chinese Community. International Journal of Gynecology and Obstetrics. v. 79, n. 2, p. 159 – 166, 2002.

mbizvo, m. t.; bondUEllE, m. m. J.; ChadzUKa, S.; lindmarK, g.; nyStrom, l. Unplanned pregnancies in Harare: what are the social and sexual determinants? Social Science & Medicine. v. 45, n. 6, p. 937 - 942, 1997.

mCfarlanE J.; CampbEll, J. C.; SharpS p.; watSon, K. Abuse during pregnancy and femicide: urgent implications for women’s health. Obstetrics and Gynecology. v. 100, n. 1, p. 27 - 36, 2002.

mEllo JorgE, m. h. p.; gotliEb, S. l. d.; laUrEnti, r. O sistema de informações sobre mortalidade: problemas e propostas para o seu enfrentamento. II - Mortes por causas externas. Revista Brasileira de Epidemiologia. v. 5, n. 2, p. 212 - 223, 2002.

Ministério da Saúde. DATASUS. Sistemas de Informações em Saúde. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/>. Acesso em: 15 jan. 2008.

______. Estudo da mortalidade de mulheres de 10 a 49 anos com ênfase na mortalidade materna. Relatório Final. Brasília – DF, 2006. 124p.

______. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análises em Saúde. Saúde Brasil 2008. Brasília, 2008. Disponível em: <http://www.saude. mt.gov.br>. Acesso em: 25 mar. 2008.

morarES, i.; pinhEiro, g. S.; Silva, r. a.; horta, b. l.; SoUSa, p. l. r.; dUartE, a. f. Prevalência da depressão pós-parto e fatores associados. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 40, n. 1, p. 65 - 70, 2006.

nUnEz-rivaS, h.; mongE-roJaS, r.; grioS-davila, C.; Elizondo-UrEña, a. m.; roJaS-Chavaria, A. La violencia física, psicológica, emocional y sexual durante el embarazo: riesgo reproductivo predictor de bajo peso al nacer en Costa Rica. Pan American Journal of Public Health. v . 4, n. 2, p. 75 - 83, 2003.

760 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 71: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

OMS. Organização Mundial de Saúde. Centro Colaborador da OMS para a Classificação de Doenças em Português - Universidade de São Paulo. Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Décima Revisão. Editora da Universidade de São Paulo, 1993.

OPAS. Organização Pan-Americana da Saúde. Rede Intergeracional de Informações para a Saúde (RIPSA). Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. 2ª ed. Brasília, DF, 2008.

pallito, C. Domestic violence and maternal, infant and reproductive health: a critical review of the literature. Artigo submetido à Organização Pan-americana de Saúde, Washington – DC, 2004. Disponível em: < http://www.paho.org/english/ad/ fch/wm/homepage.htm>. Acesso em: 12 mai. 2008.

parSonS, l. h.; harpEr, m. a. Violent maternal deaths in North Caroline. Gynecology & Obstetrics. v. 4, n. 6, p. 990 - 993, 1999.

paz, a. m. Violência por parceiro íntimo contra mulheres grávidas do Programa de Saúde da Família do Distrito sanitário II, Recife. 2006. 100p. Dissertação (Mestrado EM Saúde Coletiva) - Programa Integrado de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. UFPE, Recife.

Pernambuco. Secretaria Estadual de Saúde. Portaria 087 de 26 de setembro de 1995. Redução da Mortalidade Materna. Diário Oficial do Estado. Pernambuco, 1995.

______. Secretaria Estadual de Saúde. Unidade de Informações Epidemiológicas. UNIEP, 2006.

rizzi, r. g.; Cordoba, r. r.; magUna, J. J. Maternal mortality due to violence. International Federation of Gynecology & Obstetrics. v .63, supl., p. S19 - S24, 1998.

SChraibEr, l. b.; d’olivEira, a. f. p. l.; frança-JUnior, i.; diniz, S.; portElla, a. p.; lUdErmir, a. b.; valEnça, o.; CoUto, m. t. Prevalência da violência contra a mulher por parceiro íntimo em regiões do Brasil. Revista de Saúde Pública. São Paulo, v. 41, n. 5, p. 797 - 807, 2007.

StarK, E.; fliCtCraft, a. Killing the beast within: woman battering and female suicidality. International Journal of Health Services, v. 25, n. 1, p. 43 - 64, 1995.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 761

Page 72: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

S a n d R a v a l o n g u e i R o a l v e S , m a R i a B e R n a d e t e d e C e R q u e i R a a n t u n e S

valongUEiro, S. a. Mortalidade materna em Pernambuco: um estudo quantitativo e qualitativo. 1996. Dissertação (Mestrado em Demografia) - CEDEPLAR. UFMG, Minas Gerais.

valongUEiro, S. a. Maternal mortality: a new estimate for Pernambuco, Brazil. 2006. Tese (Doutorado em Sociologia) - Population Research Center. Universidade do Texas. Texas, Estados Unidos.

walKEr, d.; CampEro, l.; ESpinoza, h.; hErnadEz, b.; anaya, l. rEynoSo, S.; langEr, a. Deaths from complications of unsafe abortion: misclassification second trimester deaths. Reproductive Health Matters. v. 12, n. 24, Supl., p. 27 - 38, 2004.

WHO. World Health Organization. Women’s mental health: an evidence based review. Geneva: WHO, 2000.

WHO/UNFPA.World Health Organization/United Nations of Population Fund. Mental health aspects of women’s reproductive health. A Global review of the literature. Genebra: WHO, 2009.

v Yip, S-K.; Chung, TK-H.; Lee, T-S. Suicide and maternal mortality in

Hong Kong. Lancet, v. 350, n. 9084, p.1103 - 1103, 1997.

anexo 1 CódigoS/agrUpamEntoS contidos no Capítulo XX - Causas Externas (CID 10a Revisão, 1993). V01-X59: Acidentes X60-X84: Lesões provocadas voluntariamente (suicídios) X85-Y09: Agressões (homicídios) Y10-Y34: Eventos (fatos) cuja intenção é indeterminada Y35-Y84: Intervenções legais e operações de guerra Y40-Y48: Complicações de assistência médica e cirúrgica Y85-Y89: Sequelas de causas externas de morbidade e mortalidade Y90-Y98: Fatores suplementares relacionados com as causas de morbidade e mortalidade classificadas em outra parte.

anexo 2 CódigoS/agrUpamEntoS ContidoS no CapítUlo xv – CompliCaçõES da gra­

762 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009

Page 73: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

m o R t e p o R C a u S a S e x t e R n a S d u R a n t e o p e R í o d o g R a v í d i C o - p u e R p e R a l : C o m o C l a S S i f i C á - l a S ?

vidEz, parto E pUErpÉrio (Cid 10a rEviSão, 1993).

O00-O08 – Gravidez terminada em aborto O10-O16 – Edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na gravidez, no parto e no puerpério. O20O29 – Outros transtornos maternos relacionados predominantemente com a gravidez O30-O48 – Assistência prestada à mãe por motivos ligados ao feto e à cavidade amniótica e por possíveis problemas relativos ao parto O60-O75 – Complicações do trabalho de parto e do parto O80-O84 – Parto O85-O92 – Complicações relacionadas predominantemente com o puerpério O95-O99 – Outras afecções obstétricas, não classificadas em outra parte.

Recebido em: 29/04/2009 Aprovado em: 29/10/2009

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 743 - 764 , 2009 – 763

Page 74: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,
Page 75: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

teSe

SOUSA, NAyArA AlveS de. Desafios à inclusão de pessoas com deficiência: aspectos da trajetória escolar de crianças com lesão medular por mielomeningocele. 2009. 86f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia. Orientadora: Alessandra Santana Soares e Barros.

rESUmo

O objetivo geral desse trabalho é descrever os aspectos da trajetória de escolarização de crianças com lesão medular por mielomeningocele segundo a percepção de seus pais e professoras. Esse objetivo desdobrou-se nos seguintes objetivos específicos: destacar as peculiaridades da deficiência física no que diz respeito ao encaminhamento para inclusão escolar /social, descrever suas tentativas de retorno/ingresso a escola e analisar as variáveis da ordem dos comportamentos das professoras e dos pais dos alunos. Para tanto, resgatou-se a história de vida de duas crianças a partir dos relatos orais de suas mães e professoras. Esta abordagem metodológica foi triangulada com observação participante e com aplicação de entrevistas semi-estruturadas. Desta forma, este estudo evidenciou o caráter problemático da inclusão escolar de crianças com deficiência física assim como possibilitou, do ponto de vista dos resultados, a identificação de alguns obstáculos que precisam ser transpostos para garantir a qualidade da inclusão, tais como: compreensão da mielomeningocele conceitualmente equivocada por parte das professoras e ausência da comunicação entre pais, professoras e profissionais da saúde, de modo que o turno da fisioterapia seja oposto ao da aula. Finalmente, essa pesquisa pretende colaborar com o desenvolvimento da Educação Inclusiva/ Educação Especial, o que representa uma iniciativa no sentido de mobilizar mais estudos que preencham a lacuna existente no tocante à investigação de um tipo específico de deficiência física.

Palavras-chave Trajetória escolar, lesão medular, mielomeningocele, inclusão escolar, deficiência física.

Challenges for inclusion of people with disabilities: aspects of school trajectory of children with spinal cord injury in meningomyelocele

abStraCt

The general objective of this study is to describe aspects of the history of education of children with spinal cord injury by meningomyelocele according to the perception of their parents and teachers. This objective was deployed in the following specific objectives: to highlight the peculiarities of disability with regard to referral to school/ social inclusion, describing their attempts to return/enter the school and analyse the variables of the order of the behaviors of teachers and parents of students. Thus, it rescued the life story of two children from oral reports of their mothers

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 765 - 766 , 2009 – 765

Page 76: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

n a y a R a a l v e S d e S o u z a

and teachers. This methodological approach was triangulated with participant observation and application of semi-structured interviews. Thus, this study highlighted the problematic nature of school inclusion of children with physical disabilities as well as made possible, in terms of results, the identification of some obstacles that need to be overcome to ensure the quality of inclusion, such as: understanding of meningomyelocele conceptually mistaken by the teachers and lack of communication among parents, teachers and health professionals, so the physical therapy shift is opposite to the classroom. Finally, this research aims to collaborate with the development of Inclusive/Special Education, which represents an initiative to mobilize more studies that meet the gap concerning the investigation of a specific type of disability.

KEy wordS

School trajectory, spinal cord injury, meningomyelocele. school inclusion, physical disability.

766 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 765 - 766 , 2009

Page 77: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

ofiCina de tRaBalho

BioétiCa e Saúde amBiental: aRtiCulaçõeS poSSíveiS Relatório final 2008

Coordenadora Marisa Palácios

Participantes

Alexandre Pessoa, Ambios

Aloysio Ribeiro, Coordenação Ambiental SES-RJ

Ana Paula Pinho, CGVAM-AR

Anamaria Tambellini, CGVAM

Carlos Dimas Ribeiro, UFF

de Saúde

Carlos Pontes, Universidade Federal Rural de Pernambuco

Carmem Fróes Asmus, IESC-UFRJ

Claudia Medina Coeli, IESC-UFRJ

Claudia Almeida de Oliveira, IESC-UFRJ

Daniel de Oliveira Costa, IESC-UFRJ

Fermin Roland Schramm, FIOCRUZ

Fernando Ferreira Carneiro, Gerência Geral de Toxicologia - ANVISA

Gilson Spanemberg CGVAM-VIGIQUIM

Ivens Drumond CGVAM – Direito em saúde ambiental

Janaína Carneiro Silva, CGVAM

1. aprESEntação

Luciene da Silva Lacerda, IESC-UFRJ

Maria Imaculada Lima, IESC-UFRJ

Mariely Daniel, CGVAM- VIGIAGUA

Marisa Palacios, IESC-UFRJ

Missifany Silveira, CGVAM – área de articulação institucional

Nádima Nascimento, CGVAM

Nelson Gouveia, GT Saúde Ambiental -ABRASCO

Olinto Pegoraro, UERJ

Regina Maria Melo, CGVAM

Rodrigo Batista Siqueira, HU –UFRJ

Sérgio Barreto, CGVAM

Sergio Rego, FIOCRUZ

Tarcísio Cunha, CGVAM - área de fatores físicos

Volney de Magalhães Câmara IESC-UFRJ

Este é o relatório de uma oficina de trabalho realizada nos dias 18 e 19 de julho de 2006 no Hotel Merlin Copacabana no Rio de Janeiro. O então Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva promoveu o evento como parte do convênio para constituição do NESC como Centro Colaborador

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009 – 767

Page 78: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

o f i C i n a d e t R a B a l h o

do Ministério da Saúde para a área de Saúde Ambiental. O projeto foi fruto dos interesses da CGVAM e do grupo de Bioética em aproximar as áreas da Vigilância em Saúde Ambiental e da Bioética. Assim, no bojo do Convênio com o MS, foi proposta a atividade “Oficina de trabalho sobre Aspectos Bioéticos da prática da Vigilância Ambiental em Saúde” sob coordenação de Marisa Palácios em associação com o NUBEA Núcleo de Bioética e Ética Aplicada, que, na pessoa do Prof. Sergio Rego, integrou a comissão de coordenação dos trabalhos. Participaram da organização do evento os mestrandos Cláudia Almeida e Daniel Costa.

A justificativa para apresentação da proposta de atividade se assentava na compreensão de que a prática da Vigilância Ambiental em Saúde (VAS), seja quando avalia e gerencia o risco de acidentes contaminando grandes áreas colocando em perigo populações atuais e as gerações futuras, seja quando cria, escolhe ou monitora indicadores ambientais ou de saúde, implica em tomar decisões a todo momento que envolvem o bem-estar de populações. Quem se beneficia e que benefícios são auferidos quando se toma a decisão de transferir uma população de um lugar contaminado para outro? O respeito à autonomia dos membros da população afetada é um princípio que deve ser considerado nas tomadas de decisões? E no que diz respeito aos marcadores biológicos? A aplicação do princípio da responsabilidade ou da precaução ou a aplicação do raciocínio utilitarista podem ajudar a tomada de decisões? São alguns exemplos das inúmeras questões que surgem da interface da bioética com a prática da VAS. Uma publicação que aborde alguns elementos conceituais e reflexões acerca dos dilemas morais que a prática da VAS envolve, muito poderá contribuir para que as decisões nessa área sejam embasadas em argumentos éticos consistentes.

A distância entre a formulação do projeto (2004) e sua realização (2006) nos obrigou a reorganizar o projeto. Realizamos, então, uma oficina de trabalho, descrita na próxima seção, reunindo especialistas na área de vigilância em saúde ambiental e bioeticistas. Foram constituídos grupos de discussão em dois temas: a ação do Estado e a pesquisa em Saúde Ambiental. A produção dos grupos constituiu o relatório da oficina (descrita a seguir).

2. EStrUtUra da ofiCina dE trabalho

A oficina foi realizada nos dias 18 e 19 de julho de 2006, no auditório do Hotel Merlin, em Copacabana no Rio de Janeiro, R.J.

768 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009

Page 79: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

B i o é t i C a e S a ú d e a m B i e n t a l : a R t i C u l a ç õ e S p o S S í v e i S

A oficina teve início às 9 horas do dia 18 de Julho. Participaram da mesa de abertura do evento a Profª Letícia Legay, diretora do NESC da UFRJ, Profª Anamaria Tambellini, Coordenadora da Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde, Prof.Fermin Roland Schramm da ENSP da Fiocruz e os Coordenadores da Oficina Profª Marisa Palácios do NESC da UFRJ e Prof. Sergio Rego da ENSP – Fiocruz. Após as boas vindas a todos os presentes, o Prof. Fermin Roland Schramm proferiu sua conferência de introdução ao tema intitulada “Ética Aplicada, Bioética e Ética Ambiental, relações possíveis: o caso da Bioética Global”.

Em seguida os participantes foram divididos em quatro grupos para discussão dos dois temas propostos para a Oficina: Bioética na Prática da Vigilância em Saúde Ambiental e Ética em Pesquisa em Saúde Ambiental. A constituição dos grupos obedeceu aos critérios de diversidade de origem, entendida como a posição que ocupam na academia ou no serviço (área de atuação bioética ou saúde ambiental; dentro da saúde ambiental água, ar, solo, substâncias químicas, etc) e diversidade de formação profissional (médicos, engenheiros, veterinários, biólogos etc). A idéia era que os grupos fossem os mais heterogêneos possíveis para possibilitar a troca de experiências e visões diferentes para identificação do maior número de questões éticas tanto da prática em saúde ambiental quanto da pesquisa na área e uma reflexão sobre esses temas mais abrangente.

Os grupos trabalharam segundo um roteiro previamente proposto, como segue.

2.1. rotEiro dE trabalho noS grUpoS

1 - Rodada de apresentação - o que cada um faz? Prática da Vigilância: 2 – Reconhecimento - No campo da prática da Vigilância em Saúde

Ambiental que questões morais vocês acham que estão relacionadas com essa prática, que demandem reflexão ética para tomada de decisões?

Espera-se um levantamento, de acordo com a experiência dos participantes, dos aspectos éticos da prática da Vigilância em Saúde Ambiental.

Exemplos. Onde existe dúvida sobre o que é justo/certo/bom fazer? Remover

famílias de sítios contaminados? Em algum tipo de ação? Como surge isso na prática? Quais são as situações? Quais os conflitos e dilemas mais encontrados nas ações do Estado – com comunidades afetadas, com

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009 – 769

Page 80: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

o f i C i n a d e t R a B a l h o

os grupos de pesquisas, com as organizações da sociedade civil, com as empresas, com as municipalidades?

3 – Análise - Quais os atores e quais os interesses envolvidos? Há conflito? Como, em geral, é solucionado? Que tipo de ação? Quais os argumentos? Baseados em que princípios/teorias?

4 - De que forma se consegue promover o diálogo entre as partes interessadas participantes? Quais são as responsabilidades das partes envolvidas e como se articulam? Deveria haver alguma estrutura (conselho de ética) que ajude a nortear as ações?

pESqUiSa

2 – Reconhecimento – No campo da pesquisa em Saúde Ambiental que questões morais vocês acham que estão relacionadas com essa prática, que demandem reflexão ética para tomada de decisões?

Espera-se um levantamento, de acordo com a experiência dos participantes, dos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos em saúde ambiental.

Exemplos. Uso de banco de dados e relacionamento de bancos de dados. De

quem é o banco de dados da pesquisa? Propriedade e direito de uso dos bancos de dados.

Quais as responsabilidades dos pesquisadores, das instituições e dos sujeitos das pesquisas? O sujeito tem o direito de se negar a participar da pesquisa? E se for de um local contaminado em sua propriedade?

Como levar a sério a beneficência para o sujeito da pesquisa/ coletividades?

Colaboração da pesquisa ambiental em saúde com a prática de vigilância em saúde ambiental. O pesquisador tem compromisso com o sigilo das informações? Até que limite?

3 – A resolução 196/96, que trata das diretrizes éticas para pesquisa envolvendo humanos, dá conta? É necessário ou desejável resolução específica?

4 – Que diretrizes éticas poderíamos esboçar? 5. Comum aos dois temas: desdobramentos. As discussões em grupo ocorreram até a tarde do dia 19 de julho

quando foram apresentados e discutidos os relatórios dos grupos com o conjunto dos participantes.

3- Principais resultados da discussão nos grupos 3.1- Pesquisa em Saúde Ambiental: Foram inicialmente apresentadas algumas características da pesquisa

na área, foi tematizada a questão dos bancos de dados gerados pelas

770 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009

Page 81: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

B i o é t i C a e S a ú d e a m B i e n t a l : a R t i C u l a ç õ e S p o S S í v e i S

pesquisas e, por fim , foram formulados alguns questionamentos relacionados com a regulamentação existente.

ConSidEraçõES iniCiaiS: 1. A pesquisa em saúde ambiental está em grande parte associada ao

serviço, uma vez que há necessidade do serviço, especialmente no nível central, estimular a produção de conhecimento e induzir pesquisa de seu interesse. Em alguns casos, as pesquisas são demandadas judicialmente; exemplo: a Cidade dos Meninos, onde o réu é a União.

2. A ética permeia a relação entre os pesquisadores, suas instituições de pesquisa, o serviço (que, na maioria das vezes, é forçado a responder um termo de ajuste de conduta judicial) e os usuários.

3. No que diz respeito à pesquisa, em relação à posição do Estado e ao sucateamento do aparelho de Estado, algumas questões são levantadas. Qual é o papel do Estado? Ele tem competência? Há capacidade de o Estado regular e realizar estudos técnicos?

4. A impossibilidade de empresas privadas terem critérios éticos para fazer trabalhos de saúde ambiental (pela possibilidade de estratégias para esconder os problemas, visto que estas empresas estão inseridas em um sistema competitivo capitalista, conflito de interesses) gera a seguinte questão: Há possibilidade de estipular limites éticos nas empresas privadas?

5. E os consumidores, usuários? Nas pesquisas feitas com populações expostas, muito pouco se sabe sobre efeitos da exposição de populações a contaminantes químicos por longo prazo. Já há deficiência de informações sobre substâncias isoladas, e sobre sinergia das exposições as deficiências são ainda maiores.

6. O Estado deve orientar a pesquisa sobre aspectos bioéticos, dar diretrizes. O pesquisador assume o risco quando delimita populações expostas.

7. Quem está ditando a orientação da pesquisa em saúde ambiental no aparelho de Estado são os técnicos da ciência e tecnologia ou da saúde ambiental. A discussão, portanto, está quase que exclusivamente a esses técnicos que não possuem necessariamente a competência para estabelecer as diretrizes do Estado. Existe, portanto, a necessidade de uma política democrática, que reúna os técnicos, os pesquisadores da área e também a sociedade civil para estabelecer essas diretrizes.

8. Reflexão fundamental: “Respeito ao próprio homem e ao meio ambiente para que se estabeleça uma convivência sustentável, harmônica e não predatória”

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009 – 771

Page 82: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

o f i C i n a d e t R a B a l h o

9. Há necessidade de criação de mecanismos de integração entre pesquisa e vigilância ambiental no sentido que a pesquisa, quando pertinente e possível, venha atrelada a resolutividade do problema investigado – articulação serviços públicos – saúde, ambiente, entre outros.

Ex: pesquisa na área de intoxicação por agrotóxicos x criação de serviços de assistência x recuperação da área

10. Situações que representem risco coletivo em áreas e propriedades individuais privadas a franquia a pesquisa deve existir ou ser obrigatória no caso do estudo no ambiente e ser “participativa ou não em relação ao individuo proprietário ou morador no ambiente investigado”;

qUEStõES rElaCionadaS a banCo dE dadoS dE pESqUiSaS: 11. Como resolver o direito ao uso de banco de dados? A propriedade/

responsabilidade sobre os dados pertence ao pesquisador, a instituição contratante (o Estado) ou aos sujeitos da pesquisa? Os bancos de dados não deveriam ser públicos (sem os identificadores das pessoas)?

12. Há necessidade da regulamentação da produção e da utilização de banco de dados gerados pela pesquisa e pelo poder público; um contrato entre as partes ajudaria a nortear estas relações.

13. A pesquisa deve contemplar um consentimento livre, esclarecido e não induzido em relação à geração e uso dos dados. Neste consentimento livre e esclarecido, seria interessante inserir que o banco de dados deve ser utilizado não somente na pesquisa mas também para a vigilância em saúde ambiental. Deve-se inibir a visão mercantilista relativa à propriedade dos dados. Os dados da pesquisa são principalmente de propriedade da população estudada. O cidadão tem o direito de acesso aos dados. A questão principal não é a propriedade dos dados mas sim o uso que se faz deles. A quem e para que uso se dará os dados? É importante que o interesse dos atores sejam explicitados.

14. Há que detalhar normas de utilização de banco de dados: qual a responsabilidade da instituição de serviço, da instituição de pesquisa publica e privada e do pesquisador (dados secundários identificados)?. Alguns critérios para uso de banco de dados devem ser levados em conta: relevância, risco mínimo para individuo e coletividade, relacionamento estatístico e não sobre o individuo, segurança dos dados e idoneidade do pesquisador e instituição de pesquisa.

15. Na pesquisa de interesse coletivo, financiado pelo poder público, a divulgação dos resultados e o domínio do banco de dados devem

772 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009

Page 83: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

B i o é t i C a e S a ú d e a m B i e n t a l : a R t i C u l a ç õ e S p o S S í v e i S

seguir recomendações especificas que explicitem os direitos e deveres dos pesquisadores e que esses não firam os princípios do direito coletivo. Há necessidade por parte do poder público de conhecer o resultado das pesquisas realizadas no campo da saúde ambiental - regulamentação da divulgação por parte das instituições de pesquisa e de serviço.

16. Torna-se também relevante avaliar as implicações éticas na regulamentação sobre o uso bancos de dados coletados para outras pesquisas fora de seu escopo original (ex. banco de dados primários usados tempos depois para relacionamento com bancos secundários).

A Resolução 196 é suficiente em termos de recomendações para o objeto da saúde ambiental?

17. Esta resolução inclui o respeito à autonomia: o sujeito está sendo convidado a participar da pesquisa e não está somente autorizando o uso de seus dados; A beneficência; A não maleficência: não produzir mal, onde o bem produzido deve ser maior que os malefícios (exemplo: efeitos colaterais de medicamentos); e a justiça. Há necessidade de incorporação do princípio da proteção nos debates sobre ética em pesquisa na área de saúde e ambiente.

18. Existem pesquisas qualitativas que podem ser tão invasivas quanto as pesquisas biológicas, pois podem lidar com valores fundamentais para os grupos.

19. Se o sujeito é vulnerável, não é verdadeiro que ele não tenha autonomia.

20. Sobre a questão do convite à pesquisa e retorno dos dados à população, a resolução 196 tem sido aplicada de forma correta? No momento do retorno dos dados para a população existe uma preocupação com a tradução destes dados?

21. Algumas das limitações da resolução 196 podem ser destacadas, como: a resolução não inclui outros seres vivos que não o homem; insuficiência quando sai das relações interpessoais; como identificar responsabilidades e definir os afetados nos temas de saúde ambiental.

22. Os comitês de ética em pesquisa estão preparados para avaliar a questão ética? O que seria relevante analisar do ponto de vista metodológico que teria impacto ético? Deve-se considerar a metodologia como questão central para análise pelos comitês de ética em pesquisa. Informar a população para que servem os dados gerados; a necessidade de contemplar um grupo de pessoas que possa auxiliar na avaliação de metodologias e o retorno dos resultados gerados na pesquisa à população alvo de intervenção são questões éticas diretamente relacionadas com o

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009 – 773

Page 84: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

o f i C i n a d e t R a B a l h o

método. A subjetividade deve se compor com a objetividade de forma complexa nas análises dos comitês de ética.

23. O que o campo da saúde ambiental pode reivindicar de questões além do abordado no objeto da resolução 196? Para a resolução, as unidades de análise são indivíduos. Deveríamos pensar em como incorporar os coletivos, o ecossistema. A vida humana teria mais valor que a vida dos outros seres? Por que o ser humano tem que necessariamente se colocar no centro? Há necessidade de recuperar o ideal grego de Physis, conceito global de natureza.

24. O pesquisador tem que ter um compromisso ético com a vigilância em saúde ambiental (a questão do encaminhamento dos problemas encontrados durante a realização de uma pesquisa).

3.2- prátiCa da vigilânCia ambiEntal Em SaúdE

25. Os códigos de ética já existentes não têm sido suficientes para responder as questões de exposição humana estabelecidas, muito menos as questões de saúde ambiental em sentido amplo.

Reconhecendo alguns desafios éticos 26. A teoria e prática da VSA demandam o envolvimento de

diversos atores (Estado, empresas, populações organizadas, organismos internacionais, ‘bóias frias’ – populações não organizadas), cujas relações têm numerosas implicações éticas: como deve o Estado se estruturar para a regulação dessas relações? como se organizam e se constroem bancos de dados? Quem pode usar e como? De quem são os bancos de dados de VSA? Como viabilizar os sistemas de informações e intervenções em saúde ambiental? Quais os critérios de priorização (onde atuar primeiro)? Por que priorizar? Populações expostas (características, mais vulneráveis devem ser priorizadas? Aquelas cujo efeito pode ser mais grave? Idade é um critério justo?) Deve-se incorporar principalmente critérios técnicos para priorizar-vulnerabilidade, vulneração? Ampliar o esforço de identificação das populações envolvidas e afetadas;

27. Quais as repercussões e conseqüências dos estudos de saúde ambiental especialmente sobre a população? Como comunicar os riscos? Preocupação deve ser devida tanto à não comunicação dos riscos quanto à má comunicação do risco. Necessidade de desenvolver metodologia e estruturar grupo de comunicação de risco. Envolvimento do pesquisador ou do realizador do estudo na comunicação? Como se estabelece a Comunicação de riscos – responsabilidade do pesquisador ou do Estado demandante?

774 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009

Page 85: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

B i o é t i C a e S a ú d e a m B i e n t a l : a R t i C u l a ç õ e S p o S S í v e i S

28. A vigilância em saúde ambiental tem poder de polícia. Na questão da dengue e da necessidade de medições de radiação dentro de residência, “Até que ponto é legítimo? O estado pode ter o poder de intervir no universo privado do indivíduo visando o bem comum? Qual seria o fundamentação para tal ato?”

29. Como atribuir responsabilidades nas questões de saúde ambiental? Como se estabelece a relação meio ambiente, sociedade e desenvolvimento econômico? O interesse econômico tem sido mais determinante nos processos decisórios de saúde ambiental do que os interesses dos grupos afetados.

30. As decisões em saúde ambiental têm passado pelos princípios da beneficência, autonomia, justiça e não maleficência? Para analisar estas situações é importante identificar: O agente moral, quem são os afetados, o ato (que tipo?), o papel do Estado (como sua ação pode ser mais justa na defesa da saúde das pessoas? Em que tipo de problema isto se torna aparente?);

31. Em que medida podemos ser mais justos sem interferir na autonomia das pessoas? Qual a tolerância com os prejuízos à devastação do meio ambiente? Quais as medidas de intervenção? Como agir e com que fundamentos morais? A justiça é preponderante sobre a autonomia?

32. É importante pensar nos processos para se chegar na decisão de proibir ou não. As decisões devem ser baseadas em valores, construindo uma legitimação conseqüente. Há alguns avanços neste sentido, como, por exemplo, o decreto que obriga as companhias de abastecimento a informar na conta de água sua qualidade.

33. Como construir uma vigilância em saúde ambiental ética? Como garantir/assegurar a utilização de preceitos éticos na ação em saúde ambiental? Como pensar um “código de ética” para a vigilância em saúde ambiental?

algUmaS rElaçõES Com o dirEito

34. Algumas dificuldades da lida do Direito com a Saúde Ambiental: –Princípio da precaução - O princípio da precaução não tem sido

suficiente, pois este é utilizado no Estado como um todo. De fato, o princípio de precaução representa o referencial valorativo que legitima (ou pretende legitimar) a adoção de medidas efetivas e proporcionais consideradas necessárias para prevenir riscos de danos graves e irreversíveis ao ambiente a um custo aceitável, mesmo na ausência de certezas científicas. Trata­se de um enorme problema para as autoridades públicas e para a ética

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009 – 775

Page 86: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

o f i C i n a d e t R a B a l h o

aplicada: entretanto a utilização deste princípio é criticável pela sua pouca capacidade de convencimento na argumentação, embora ele se refira a algo certamente relevante eticamente;

–Prazos, falta de métodos para atender as determinações, direito da população em se negar a atender as determinações;

– Ônus da prova no sistema judiciário tradicional cabe ao acusador, inversão do ônus da prova no direito ambiental (o poluidor é pagador)

– Necessidade do executivo aliar-se (mecanismos de comunicação) com o judiciário esclarecido.

35. Há o aspecto da territorialidade. O território como uma arena de conflitos, um espaço de discussão de interesses específicos.

36. Exposição versus contaminação – A questão do nexo causal – mudar a visão judiciária pela lógica da exposição (risco adicional a saúde humana)/ dificuldade quando a exposição se dá por poluição difusa (mais de uma fonte) - Necessidade e limitações da unicausalidade;

37. O estabelecimento de Nexo Causal é um novo paradigma do Direito! Com o Direito Ambiental surgiu a função social da propriedade. A responsabilidade é objetiva. Portanto, há necessidade de capacitação do Judiciário para tratar as questões de Direito Ambiental.

38. Pelo princípio da equidade, quando uma pessoa doente não tem cobertura de tratamento no SUS, o Judiciário garante o tratamento. O Município pode se confrontar com uma situação conflitiva de tomada de decisão (direito do indivíduo x direito da coletividade). Ninguém deve ter o direito de acesso à saúde negado (equidade x universalidade).

39. Quanto a responsabilidade civil, penal e administrativa, o Ministério da Saúde é responsável em garantir a saúde da população. A quem se atribui a responsabilidade pelo dano à saúde / dano ambiental?

4- algUnS CaSoS ilUStrativoS E oS qUEStionamEntoS ÉtiCoS qUE SUSCitam

40. No exemplo da construção de gasodutos e linhas de transmissão de eletricidade temos o mapeamento dos atores envolvidos: Empresa (interesses econômicos), população afetada e população a ser beneficiada. De que forma se protege as comunidades envolvidas contra a ação do poder econômico? A audiência pública é suficiente para se buscar justiça? Esta não tem sido um bom instrumento para proteger a saúde das comunidades. Os benefícios devem ser somente para a população fim? Na medida em que existem segmentos “vulnerados” (pessoas que não tem acesso às condições de defesa) o estado não deveria oferecer outros mecanismos de participação que ampliem os já oferecidos, as audiências públicas? Que mecanismos propor para ampliar a proteção da população frente

776 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009

Page 87: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

B i o é t i C a e S a ú d e a m B i e n t a l : a R t i C u l a ç õ e S p o S S í v e i S

ao desenvolvimento econômico? 41. Podemos citar os sistemas de tratamento de água em áreas indígenas não

adaptados a cultura local e a proibição do uso de água de poço em residências pobres. Pode o Estado em nome da justiça realizar tais ações? Em nome da saúde, da diminuição de gastos em assistência em saúde isto pode ser feito? É moralmente legítimo proibir? É moralmente legítimo o Estado obrigar o morador a usar hipoclorito ou faze-lo por meio dos agentes de saúde?

42. No caso do desastre do Césio 137, em Goiânia, a ação do estado consistiu em: segregação e intervenção para controle da contaminação, confisco de bens, monitoramento clínico e ambiental. Porque o Estado intervém desta forma? É justo faze-lo visando a proteção da saúde das pessoas? O indivíduo pode se negar a adotar as medidas? Direitos individuais podem ser preservados?

43. Em situação de desastres deve existir uma fundamentação ética e moral da ação do Estado em nome do bem comum. Como o estado deve agir? Existe uma justificativa moral para o cerceamento da liberdade individual para garantir o bem comum? Os indivíduos possuem liberdade e autonomia para decidirem? A mentira moralmente se justifica para evitar o pânico em casos de desastres?

Existe uma tendência de culpabilização da vítima. 44. Como atuar no caso da radiação eletromagnética? Se não há evidências

científicas, por que proibir? Princípio da precaução? 45. A Convenção de Aarhus inclui três pilares que contemplam os aspectos da

Ética Ambiental – 1) direito de acesso público à informação ambiental; 2) direito de participação em processo de tomada de decisão; 3) acesso à justiça ambiental.

No exemplo da CONASQ – Comissão Nacional de Segurança Química -existe uma linha de ação relacionada à criação de uma Rede Integrada de Difusão de informação em Segurança Química. Nessa rede há possibilidade de consulta ampla e participativa a todas as partes interessadas .

Em relação ao caso de Porto Seguro (contaminação por algas e saneamento básico), onde várias ações de vigilância foram adotadas como criação de instrumentos para obtenção de dados, criação de um Comitê com participação da população, etc. de que forma garantir que esse tipo de iniciativa tenha continuidade, independente de prioridades e interesses políticos, de governo?

5- algUmaS rEComEndaçõES SUrgidaS da diSCUSSão noS grUpoS1

46. Em relação ao licenciamento ambiental sugere-se a incorporação dos aspectos de saúde ambiental nos Termos de Referência, a relação saúde x ambiente nos estudos de impacto ambiental. Considerar os aspectos de saúde.

47. Existe a necessidade de regulamentar na perspectiva da ética o apoio a

1Embora não tenha havido a intenção de discutir recomendações na oficina, optamos por apresentar as que surgiram deixando claro que não são recomendações da oficina porque não foram aprovadas como tal.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009 – 777

Page 88: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

o f i C i n a d e t R a B a l h o

eventos técnico científicos por parte de patrocinadores que coloquem em risco a saúde das pessoas (Congresso de toxicologia patrocinado por agrotóxicos).

48. É preciso enfrentar a questão da especialização excessiva (visão limitada do especialista em relação ao todo e suas interrelações, visão limitada do generalista em relaçäo a especificidade dos casos) versus multidisciplinaridade (visão de teia ambiental mais holística) na interpretação e avaliação da saúde ambiental; essa é uma questão que se reflete na formação dos profissionais envolvidos;

49. Deve-se levar a discussão das questões de ética ambiental para os Estados, municípios, tornando-se premente a capacitação junto a técnicos e gestores das diferentes instituições.

50. Como a sociedade é chamada para o debate das questões que envolvem saúde e ambiente? A agenda deve conter uma pauta transparente, colocando na mesa todos os interesses/intenções dos diversos atores.

51. Sugere-se que a sociedade seja dotada de saberes/capacidades para que possa exercer mecanismos de pressão junto às partes interessadas.

52. Como lidar com os diversos interesses? É necessária a participação de todos os atores e criação de condições igualitárias de participação na discussão. Deve-se viabilizar o acesso (material) e acesso técnico (de conhecimento) aos fóruns de discussão, de maneira ampla e irrestrita!

6- algUmaS ConSidEraçõES finaiS

A avaliação feita pelo grupo ao final do evento foi positiva, a experiência de discutir os aspectos morais da prática foi avaliada como necessária e houve a sugestão de repetir experiências como essa nos estados e municípios. Também foi sugerido que não se percam os caminhos aqui esboçados como pontos de reflexão.

Na avaliação do grupo coordenador como aspectos positivos podem ser citados: a interação entre bioeticistas e as pessoas que atuam em vigilância em saúde ambiental mostrou que há um campo profícuo de produção de conhecimentos situado nessa interface; a experiência de reflexão ética pouco usual na esfera do serviço e a experiência de lida com situações dilemáticas da prática da vigilância foram os principais objetivos atingidos no seminário. Como ponto negativo pode ser citada a representatividade nacional do grupo, no qual a maioria foi de membros da CGVAM, e poucos convidados de outros estados puderam comparecer.

Como desdobramento do evento, foi proposta a confecção de artigos para compor um número especial do Cadernos de Saúde Coletiva.

Rio de Janeiro, 18 e 19 de julho de 2006.

778 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009

Page 89: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

B i o é t i C a e S a ú d e a m B i e n t a l : a R t i C u l a ç õ e S p o S S í v e i S

i n S t R u ç õ e S p a R a o S C o l a B o R a d o R e S

Os Cadernos Saúde Coletiva publicam trabalhos inéditos considerados relevantes para a área de Saúde Coletiva.

SErão aCEitoS trabalhoS para aS SEgUintES SEçõES: Artigos (resultantes de pesquisa de natureza empírica, experimental ou conceitual, ou

ensaios teóricos e/ou de revisão bibliográfica crítica sobre um tema específico; máximo de 25 páginas); Debate (a partir de apresentações orais em eventos científicos, transcritos e sintetizados; máximo de 20 páginas); Notas (relatando resultados preliminares ou parciais de pesquisas em andamento; máximo de 5 páginas); Opiniões (opiniões sobre temas ligados à área da Saúde Coletiva, de responsabilidade dos autores, não necessariamente refletindo a opinião dos editores; máximo 5 páginas); Cartas (curtas, com críticas a artigos publicados em números anteriores; máximo de 2 páginas); Resenhas (resenhas críticas de livros ligados à Saúde Coletiva; máximo de 5 páginas); Teses (resumo de trabalho final de Mestrado, Doutorado ou Livre-Docência, defendidos nos últimos dois anos; com nome do orientador, instituição, ano de conclusão, palavras-chave, título em inglês, abstract e key words; máximo 2 páginas).

aprESEntação doS manUSCritoS: Serão aceitos trabalhos em português, espanhol, inglês ou francês. Os originais devem

ser submetidos em três vias em papel, juntamente com o respectivo disquete (formato .doc ou .rtf), com as páginas numeradas. Em uma folha de rosto deve constar: Título em portu­guês e em inglês, nome(s) do(s) autor(es) e respectiva qualificação (vinculação institucional e título mais recente), endereço completo do primeiro autor (com CEP, telefone e e-mail) e data do encaminhamento. O artigo deve conter título do trabalho em português, título em inglês, resumo e abstract, com palavras-chave e key words. As informações constantes na folha de rosto não devem aparecer no artigo. Sugere-se que o artigo seja dividido em sub-itens. Os artigos serão submetidos a no mínimo dois pareceristas, membros do Conselho Científico dos Cadernos ou eventualmente ad hoc. O Conselho Editorial dos Cadernos Saúde Coletiva enviará carta resposta informando da aceitação ou não do trabalho.

A aprovação dos textos implica a cessão imediata e sem ônus dos direitos autorais de publicação nesta revista, a qual terá exclusividade de publicá-los em primeira mão. O autor continuará a deter os direitos autorais para publicações posteriores.

Caso a pesquisa que der origem ao artigo encaminhado aos Cadernos tenha sido realizada em seres humanos, será exigido que esta tenha obtido parecer favorável de um Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos, devendo o artigo conter a referência a este consentimento, estando citado qual CEP o concedeu, e cabendo a responsabilidade pela veracidade desta informação exclusivamente ao autor do artigo.

• Formatação: Os trabalhos devem estar formatados em folha A4, espaço duplo, fonte Arial 12, com margens: esq. 3,0 cm, dir. 2,0 cm, sup. e inf. 2,5 cm. Apenas a pri­meira página interna deverá conter o título do trabalho; o título deve vir em negrito e os subtítulos em versalete (pEqUEnaS CapitaiS) e numerados; palavras estrangeiras e o que se quiser destacar devem vir em itálico; notas explicativas, caso existam, deverão vir no pé de página; as citações literais com menos de 3 linhas deverão vir entre aspas dentro do corpo do texto; as citações literais mais longas deverão vir em outro parágrafo, com recuo de margem de 3 cm à esquerda e espaço simples. Todas as citações deverão vir seguidas das respectivas referências.

C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009 – 779

Page 90: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

• Ilustrações: o número de quadros e/ou figuras (gráficos, mapas etc.) deverá ser mínimo (máximo de 5 por artigo, salvo exceções, que deverão ser justificadas por escrito em anexo à folha de rosto). As figuras poderão ser apresentadas em nanquim ou produ­zidas em impressão de alta qualidade, e devem ser enviadas em folhas separadas e em formato .tif. As legendas deverão vir em separado, obedecendo à numeração das ilustra­ções. Os gráficos devem ser acompanhados dos parâmetros quantitativos utilizados em sua elaboração, na forma de tabela. As equações deverão vir centralizadas e numeradas seqüencialmente, com os números entre parênteses, alinhados à direita.

• Resumo: todos os artigos submetidos em português ou espanhol deverão ter resumo na língua principal (Resumo ou Resumen, de 100 a 200 palavras) e sua tradução em inglês (Abstract); os artigos em francês deverão ter resumo na língua principal (Résumé) e em português e inglês. Deverão também trazer um mínimo de 3 e um máximo de 5 palavras-chave, traduzidas em cada língua (key words, palabras clave, mots clés), dando-se preferência aos Descritores para as Ciências da Saúde, DeCS (a serem obtidos na página http://decs.bvs.br/).

• Referências: deverão seguir a Norma NBR 6023 ago 2000 da ABNT. No corpo do texto, citar apenas o sobrenome do autor e o ano de publicação, seguido da página no caso de citações (Sobrenome, ano: página). No caso de mais de dois autores, somente o sobrenome do primeiro deverá aparecer, seguido da expressão latina ‘et al.’. Todas as referências citadas no texto deverão constar nas rEfErênCiaS bibliográfiCaS ao final do artigo, em ordem alfabética, alinhadas somente à esquerda, pulando-se uma linha de uma referência para outra, constando-se o nome de todos os autores. No caso de mais de uma obra do mesmo autor, este deve ser substituído nas referências seguintes à primeira por um traço e ponto. Não devem ser abreviados títulos de periódicos, livros, locais, editoras e instituições.

Seguem exemplos de, respectivamente, artigo de revista científica impressa e veiculado via internet, livro, tese, capítulo de livro e trabalho publicado em anais de congresso (em casos omissos ou dúvidas, referir-se ao documento original da Norma adotada):

ESCoStEgUy, C. C.; MEdronho, R. A.; PortEla, M. C. Avaliação da letalidade hospitalar do infarto agudo de miocárdio do Estado do Rio de Janeiro através do uso do Sistema de Informações Hospitalares/SUS. Cadernos Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v.7, n.1, p. 39-59, jan./jul. 1999.

pinhEiro, r.; travaSSoS, C. Estudo da desigualdade na utilização de serviços de saúde por idosos em três regiões da cidade do Rio de Janeiro. Cadernos de Saúde Pública. Rio de Janeiro, v.15, n.3, set. 1999. Disponível em: <http://www.scielosp.org/cgi-bin/wxis.exe/iah/>. Acesso em: 2 jan. 2005.

RoSEn, G. Uma história da Saúde Pública. Rio de Janeiro: Abrasco. 1994. 400p.

TUra, L. F. R. Os jovens e a prevenção da AIDS no Rio de Janeiro. 1997. 183p. Tese (Doutorado em Medicina) - Faculdade de Medicina. UFRJ, Rio de Janeiro.

BaStoS, F. I. P.; CaStiEl, L. D. Epidemiologia e saúde mental no campo científico con­temporâneo: labirintos que se entrecruzam? In: amarantE, P. (Org.) Psiquiatria social e reforma psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1994. p. 97-112.

Garrafa, V.; OSElKa, G.; Diniz, D. Saúde Pública, bioética e eqüidade. In: CongrES-So braSilEiro dE SaúdE ColEtiva, 5., 1997, Águas de Lindóia. Anais. Rio de Janeiro: Abrasco, 1997. p. 59-67.

780 – C a d . S a ú d e C o l e t . , R i o d e J a n e i R o , 17 (3 ) : 767 - 780 , 2009

Page 91: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,

cadernos Saúde Coletiva I E S C • U F R J

a S S i n a t u R a

Anual individual: R$ 40,00 Anual institucional: R$ 90,00 Número avulso: R$ 20,00

Preencha este formulário de forma legível e envie-o anexando cheque nominal ou comprovante de depósito em favor da Fundação Universitária José Bonifácio (Banco do Brasil, ag.0287-9, c/c 7333-4, especificando na guia de depósito: depósito identificado - Apostila 9201-0), no valor correspondente, para a SECrEtaria doS CadErnoS SaúdE ColEtiva.

Este formulário também pode ser preenchido via internet na página: http://www.iesc.ufrj.br, ou enviado por e-mail para [email protected]

Individual Institucional Número avulso: v.___, n.____

Nome:__________________________________________________

Instituição: ______________________________________________

Profissão: _______________________________________________

Endereço: _______________________________________________

Bairro: __________________ CEP:__________________________

Cidade:__________________ UF: ___________________________

Tel.: (0xx__)______________ Fax:___________________________

E-mail: _________________________________________________

Local e data: ____________________________________________

Assinatura: ______________________________________________

Page 92: efeitoS tóxiCoS de algunS ContaminanteS inoRgâniCoS à ... · Portaria MS nº 38/1990 que determina que a quantificação de alumínio ... de água, na indústria farmacêutica,