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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA EFEITOS DE DISPOSITIVOS DE REEXPANSÃO PULMONAR NA ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DE MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS EM SUJEITOS PÓS AVC Karina Fonseca Silva NATAL RN 2019

EFEITOS DE DISPOSITIVOS DE REEXPANSÃO PULMONAR NA ... · preferida: Marina Lyra e Andrezza Viana, por tornarem tudo o mais leve possível, sem vocês nossas coletas não teriam sido

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

EFEITOS DE DISPOSITIVOS DE REEXPANSÃO PULMONAR NA

ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DE MÚSCULOS

RESPIRATÓRIOS EM SUJEITOS PÓS AVC

Karina Fonseca Silva

NATAL – RN

2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA

EFEITOS DE DISPOSITIVOS DE REEXPANSÃO PULMONAR NA

ATIVIDADE ELETROMIOGRÁFICA DE MÚSCULOS

RESPIRATÓRIOS EM SUJEITOS PÓS AVC

Karina Fonseca Silva

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Curso de Fisioterapia da

UFRN, como pré-requisito para obtenção

de grau de FISIOTERAPEUTA.

Orientador: Guilherme Augusto Freitas Fregonezi

Co-orientadora: Marina Lyra Lima Cabral Fagundes

NATAL – RN

2019

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AVALIAÇÃO DA BANCA EXAMINADORA

TRABALHO APRESENTADO POR KARINA FONSECA SILVA, EM 09 DE

DEZEMBRO DE 2019

1º Examinador ORIENTADOR: Prof. Dr. Guilherme Augusto de Freitas Fregonezi

Nota atribuída: ________

2º Examinadora: Marina Lyra Lima Cabral Fagundes

Nota atribuída: ________

3º Examinadora: Ms. Jéssica Diniz Cavalcanti

Nota atribuída: ________

APROVADO COM MÉDIA: ________

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus e a Nossa Senhora por todas as coisas que aconteceram da minha

vida e pelas oportunidades que surgiram, sem esse alicerce com certeza nada teria sido

possível.

Aos meus pais que apesar de não terem tido a oportunidade de cursar o ensino

superior, sempre nos mostrou a importância da educação e fizeram de tudo para que isso

fosse possível. Em especial a minha mãe que tanto me apoia e acredita em tudo que me

proponho a fazer.

Agradeço aos meus amigos e família, por me apoiarem tanto e por me suportarem

nos momentos estresse. Ao meu namorado, Pablo por estar sempre ao meu lado e mostrar

que tudo iria dar certo, teria sido muito mais difícil sem o seu apoio.

Ao Prof. Guilherme Fregonezi, meu orientador e a Profa. Vanessa Resqueti, por

proporcionarem essa experiência, que é fazer ciência com o comprometimento e

responsabilidade que vocês tentam a todo momento nos passar, foi uma experiência única e

um privilégio fazer parte do laboratório ainda na graduação.

Aos queridos amigos feitos no Lab. 6, Lhara, Rayane, Ana Aline, Ilsa Priscila, Pricila

Mayara, Natália e a todos os outros colegas de laboratório. Agradeço à Layana Marques por

ser sempre tão solícita e dedicada em ajudar e tirar minhas dúvidas, você foi muito

importante para conclusão desse trabalho. Agradecimento a especial a minha dupla

preferida: Marina Lyra e Andrezza Viana, por tornarem tudo o mais leve possível, sem vocês

nossas coletas não teriam sido tão divertidas.

Agradeço a todos os pacientes que participaram da nossa pesquisa, mesmo com tantas

dificuldades sabem da importância de contribuírem para o avanço da ciência.

Obrigada a todos!

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SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................................. 6

ABSTRACT ......................................................................................................................... 7

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8

2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 9

3. METODOLOGIA ............................................................................................................ 9

3.1 Desenho do estudo .................................................................................................. 11

3.2 Ficha de avaliação ................................................................................................. 12

3.3 Avaliação Antropométrica ..................................................................................... 12

3.4 Avaliação da Função Pulmonar .............................................................................. 12

3.4.1 Espirometria .................................................................................................... 12

3.4.2 Avaliação dos músculos respiratórios ............................................................ 12

3.5 Eletromiografia de superfície (EMGs) ................................................................. 13

3.6 Mini Exame de Estado Menntal (MEEM) ............................................................. 14

3.7 National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS) ................................................ 14

3.8 Análise Estatística ................................................................................................. 15

4. RESULTADOS .............................................................................................................. 15

5. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 19

6. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 21

APÊNDICES ...................................................................................................................... 24

Apêndice 1. ................................................................................................................... 24

Apêndice 2 ................................................................................................................... 28

ANEXOS ............................................................................................................................. 30

Anexo 1 ....................................................................................................................... 30

Anexo 2 ....................................................................................................................... 32

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RESUMO

Introdução: O Acidente Vascular Cerebral apresenta como principal manifestação clínica

a hemiplegia ou hemiparesia. Sabe-se que há uma diminuição da força dos músculos

respiratórios (expressos através das medidas de pressão inspiratória e expiratória máxima –

PImáx e PEmáx), atenuação da atividade eletromiográfica, elevação da cúpula diafragmática

e redução da expansão torácica do lado parético, culminando em padrão respiratório

restritivo. Desta forma, dispositivos que auxiliem na manutenção dos volumes pulmonares

podem facilitar a preservação da permeabilidade das vias aéreas e da atividade muscular

respiratória. Objetivos: Comparar a ativação dos diferentes músculos respiratórios durante

o uso de dispositivos de reexpansão pulmonar em sujeitos com AVC, analisando nível de

ativação entre os dispositivos utilizados nos 4 músculos respiratórios avaliados: paraesternal

(PARA), escaleno (ESC), esternocleidomastoídeo (ECM) e reto abdominal (RA).

Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, que avaliou 12 sujeitos com AVC quanto

a medidas antropométricas, história clínica, função pulmonar e força muscular respiratória.

Foi analisada atividade eletromiográfica de 4 músculos respiratórios (ECM, ESC, PARA e

RA) através da eletromiografia de superfície durante o uso de Espirometria de incentivo

orientada a volume (EIv), pressão expiratória positiva (PEP) e a associação dos dois

dispositivos (EIv+PEP). Resutlados: Foram incluídos 12 sujeitos (5M), após AVC

hemorrágico ou isquêmico, com tempo médio após lesão de 4,25±2,64 (anos), média de

idade de 52,1±11,59 (anos), IMC de 26±3,25 (kg/m²), apresentaram força muscular

respiratória abaixo do predito para cada sujeito, PImáx de 64,13±20,09 (%pred), PEmáx de

74,02±20,04 (%pred), valores espirométricos normais de acordo com o predito, com valores

médios de VEF1 81,92±15,83 (%pred), relação VEF1/CVF com média de 90,78±15,28.

Durante o uso da EIv e da associação da EIv+PEP os músculos ECM e ESC apresentaram

maior ativação em comparação com a PEP. Já na EIv em comparação com a EIv+PEP não

houve diferença significativa na ativação desses músculos. Para os músculos PARA e RA

não houve diferença significativa na ativação em nenhum dos dispositivos avaliados. Para

todos os músculos analisados foi utilizado p < 0,05. Conclusão: Não houve diferença no

nível da atividade elétrica dos músculos ECM e ESC com EIv isoladamente ou em

associação com PEP.

Palavras-Chave: AVC, Eletromiografia, Músculos Respiratórios, Exercícios Respiratórios

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ABSTRACT

Background: Stroke presents as the primary clinical manifestation the hemiplegia or

hemiparesis. In addition, there is respiratory muscle strength decreasing (expressed as

maximal inspiratory and expiratory pressure - MIP and MEP), attenuation of

electromyographic activity, elevation of the diaphragmatic dome, and reduction of thoracic

expansion on the paretic side. These disorders culminate in a restrictive breathing pattern.

Therefore, devices that help maintain lung volumes can facilitate the preservation of airway

permeability and respiratory muscle activity. Objective: To compare the activation of

different respiratory muscles during the use of breathing devices in stroke patients through

the analysis of electromyographic activity level of 4 respiratory muscles: parasternal

(PARA), scalene (SCL), sternocleidomastoid (SCM) and rectus abdominis (RA).

Methodology: This is a crossover study, which evaluates 12 stroke cases according to

anthropometric measurements, clinical history, pulmonary function, and respiratory muscle

strength. The electromyographic activity of SCM, SCL, PARA and RA muscles was

analyzed by surface electromyography during volume-oriented incentive spirometry (VIS),

positive expiratory pressure (PEP), and association of both devices (VIS + PEP). Results:

We included 12 individuals (5W) after hemorrhagic or ischemic stroke, with mean time after

injury of 4.25 ± 2.64 (years), mean age of 52.1 ± 11.59 (years), and BMI of 26 ± 3. 25

(kg/m²). We found respiratory muscle strength lower than predicted for each individual, MIP

64.13 ± 20.09 (% pred), and MEP 74.02 ± 20.04 (% pred). However, they presented normal

spirometric values according to prediction (FEV1 = 81.92 ± 15.83 (% pred) and FEV1/FVC

ratio = 90.78 ± 15.28). During the use of VIS and VIS + PEP, the SCM and SCL muscles

showed higher activity when compared with PEP. Already in the comparison between VIS

and VIS + PEP, there was no significant difference in the activation of these muscles. For

PARA and RA muscles, there was no significant difference in the activation in any of the

recommended devices. For all muscles analyzed, p <0.05 was adopted. Conclusion: There

was no difference in the electrical activity level of the SCM and SCL muscles with VIS alone

or in association with PEP

Keywords: Stroke, Electromyography, Respiratory Muscles, Breathing Exercises.

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1. Introdução

O acidente vascular cerebral (AVC) é uma doença caracterizada pelo aparecimento

súbito de sinais e sintomas devido a perda de função cerebral focal ou global com duração

superior a 24 horas. A doença pode apresentar-se da forma hemorrágica, quando há ruptura

e sangramento de uma artéria, ou da forma isquêmica, quando ocorre obstrução de artérias

que irrigam o cérebro (OMS, 2006). Juntamente com a cardiopatia isquêmica, o AVC é uma

das doenças que mais causam morte no mundo, apresentando em 2016 15,2 milhões de

mortes (WHO, 2018). Na realidade brasileira, o país apresenta a maior incidência da doença

dentre os países da américa latina e o risco de morte prematura em decorrência do AVC é

um dos mais altos do mundo (LOTUFO, 2015).

Dentre as manifestações clínicas causadas em decorrência do AVC, a hemiplegia e ou

hemiparesia podem acarretar uma série de limitações funcionais, sensitivas e motoras, em

todo o hemicorpo afetado pela doença (POMPEU et al., 2011). Essas mudanças na

motricidade do hemicorpo acometido, geram alterações musculares no tronco como um todo,

podendo influenciar na mecânica respiratória normal, implicando em um comprometimento

da função pulmonar (CURY; PINHEIRO; BRUNETTO, 2009). Sabe-se que há uma

diminuição da força dos músculos respiratórios (expressos através das medidas de pressões

respiratórias máximas: pressão inspiratória máxima e pressão expiratória máxima),

atenuação da atividade eletromiográfica, elevação da cúpula diafragmática e redução da

expansibilidade torácica do lado parético, culminando em um padrão respiratório restritivo

(LANINI et al., 2003; SALMELA et al., 2005). A fraqueza muscular respiratória é

responsável por reduzir a capacidade vital (CV) e a capacidade pulmonar total (CPT)

(LAGHI; TOBIN, 2003)

Devido a essa série de alterações na mecânica respiratória, esses indivíduos estão mais

susceptíveis a complicações, como infecções no trato respiratório, podendo levar à

internações hospitalares frequentes (POMPEU et al., 2011). Desta forma, dispositivos que

auxiliem na manutenção desses volumes pulmonares podem facilitar a preservação da

permeabilidade das via aéreas e da atividade muscular respiratória (LIMA et al., 2011).

Destes, incluem a espirometria de incentivo orientado a volume (EIv) e a pressão

expiratória positiva (PEP), que são dispositivos de expansão pulmonar. Na EIv, o paciente é

encorajado a fazer inspirações máximas sustentadas, promovendo assim, aumento da pressão

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transpulmonar e recrutamento alveolar (LIMA et al., 2014). A PEP permite a manutenção

das vias aéreas, dos volumes pulmonares, auxilia na expectoração e melhora a troca gasosa.

O seu uso em uma intensidade de 10 cmH2O leva a um aumento dos volumes pulmonares

em indivíduos com AVC (CABRAL et al., 2017).

Além da diminuição dos volumes pulmonares e força dos músculos respiratórios,

sabe-se que há também uma diminuição da atividade eletromiográfica dos músculos

intercostais paraesternais e diafragma - principais músculos inspiratórios - em paciente com

AVC (TROYER; BEYL; THIRION, 1981), sendo o diafragma um dos principais músculos

envolvidos na inspiração, juntamente com outros músculos respiratórios. Os paraesternais

(PARA), são responsáveis por elevar as costelas e expandir o tórax, o escaleno (ESC), atua

elevando e fixando a primeira e segunda costelas e o músculo esternocleidomatoídeo (ECM),

atua como musculatura acessória da inspiração. A função desses músculos pode variar de

acordo com o volume pulmonar e profundidade da respiração (KENDALL et al., 2007).

Considerando as alterações que o AVC acarreta nos músculos ventilatórios, este

projeto hipotetizou avaliar atividade elétrica de músculos respiratórios durante o uso de

diferentes dispositivos de expansão pulmonar, comparando o nível de ativação dessa

musculatura entre os diferentes dispositivos e sua associação.

2. Objetivos

2.1 Objetivo geral

Avaliar a atividade elétrica dos diferentes músculos respiratórios durante o uso de

dispositivos de reexpansão pulmonar em sujeitos com AVC.

2.2 Objetivos específicos

Comparar o nível de ativação entre os dispositivos utilizados (EIv, PEP e EIv+PEP) nos

4 músculos respiratórios avaliados: paraesternal (PARA), escaleno (ESC),

esternocleidomastoídeo (SCM) e reto abdominal (RA)

3. Metodologia

Trata-se de um estudo transversal, realizado no laboratório Pneumocardiovascular,

localizado no Hospital Universitário Onofre Lopes – HUOL (UFRN/EBSERH). A amostra

foi recrutada por conveniência e composta por sujeitos que tiveram AVC, de ambos os sexos,

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obedecendo os critérios de inclusão da pesquisa, a avaliação foi dividida em dois dias com

intervalo mínimo de uma semana entre eles.

Os critérios de inclusão para o estudo foram: diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral

(AVC) isquêmico ou hemorrágico há mais de 3 meses, idade acima de 18 anos, conseguir

manter os braços em abdução por no mínimo 6 minutos, capacidade de manutenção do bucal

acoplado de forma adequada. Foram excluídos do estudo sujeitos que não completaram ou

não compreenderam corretamente a avaliação.

No primeiro dia, todos os sujeitos leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) (Apêndice 1), foi aplicada uma ficha de avaliação (Apêndice 2),

realizada a avaliação da capacidade cognitiva por meio do Mini Exame de Estado Mental

(MEEM) (BRUCKI et al., 2003) (Anexo 1), nível de comprometimento pós AVC, através

da National Institutes of Health Stroke Scale (NIHSS) (CANEDA et al., 2006), presente no

Anexo 2 e avaliação da função pulmonar a partir da espirometria, força muscular respiratória

através da manovacuometria (PImáx e PEmáx).

No segundo dia, foi realizada a randomização da ordem dos dispositivos: espirometria

de incentivo orientada a volume (EIv) onde o indivíduo foi encorajado a fazer inspirações

máximas com volume pré-estabelecido de 80% ca capacidade inspiratória (CI), pressão

expiratória positiva (PEP) com carga de 10 cmH2O, durante a expiração o sujeito era

encorajado a expirar afim de vencer a resistência oferecida e a junção dos dois dispositivos.

A randomização da ordem dos dispositivos foi realizada através do site randomizer.org. A

avaliação da atividade eletromiográfica dos músculos respiratórios, através da

eletromiografia de superfície (EMGs), ocorrereu da seguinte forma: 2 minutos de respiração

tranquila (quiet breathing- QB), 2 minutos de protocolo do dispositivo randomizado (EIv,

PEP e EIv+PEP), 2 minutos de recuperação (recovery). Após a realização dos 3 protocolos,

foram realizadas medidas para normalização do sinal eletromiográfico, obtida pela

Contração Isometrica Voluntária Máxima (CIVM) para os músculos reto abdominal (RA),

escaleno (ESC) e esternocleidomastoideo (ECM) e a Ventilação Voluntária Máxima (VVM)

para o músculo paraesternal (PARA).

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3.1 Desenho do estudo

Figura 1. Desenho com as etapas do estudo. EIv: Espirometria de incentivo orientada a

volume; PEP: Pressão expiratória positiva; MEEM: mini exame de estado mental; NIHSS:

National Institutes of Health Stroke Scale; EMGs: Eletromiografia de superfície; ECM:

Esternocleidomastoideo; ESC: Escaleno; PARA: Paraesternal; RA: Reto abdominal

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3.2 Ficha de avaliação

Foi aplicada uma ficha de avaliação (Apêndice B) para coleta de dados pessoais

(nome completo, endereço, data de nascimento, profissão), características antropométricas

(altura e peso), hábitos de vida (tabagismo, etilismo), doenças prévias (diabetes, hipertensão

arterial, doenças respiratórias), características do AVC (tipo, cronicidade, hemicorpo

acometido).

3.3 Avaliação antropométrica

Os dados antropométricos, peso e altura, foram mensurados, respectivamente, através da

balança Glass 200 control (G Tech, Zhongshan, China) e pelo estadiômetro Personal Caprice

(Sanny, São Bernardo do Campo, Brasil). Em seguida foi calculado o índice de massa

corporal (IMC) de cada sujeito.

3.4 Avaliação da função pulmonar

3.4.1 Espirometria

Foi realizada através do espirômetro KoKo DigiDoser (Longmont, USA), a

realização do teste seguiu as recomendações da Sociedade Brasileira de Pneumologia e

Tisiologia (SBPT). Os testes foram realizados na posição sentada, utilizando clipe nasal, o

exame foi explicado previamente pelo examinador, consistindo, em acoplar um bucal de

plástico entre os lábios de forma que não haja escape de ar, em seguida realizar uma

inspiração máxima até capacidade pulmonar total (CPT) seguida de uma expiração rápida e

sustentada até que o examinador dê o comando para finalização do teste. A avaliação foi

finalizada quando houver 3 curvas aceitáveis, sendo 2 reprodutíveis (os dois maiores valores

de VEF1 e CVF devem ter diferença menor que 0,15L) (PEREIRA, 2002). As variáveis

analisadas foram: Capacidade Vital Forçada (CVF), Fluxo Expiratório Forçado entre 25 e

75% da manobra de CVF (FEF25-75%) Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo

(VEF1) e relação VEF1/CVF. Os resultados dos teste serão comparados a valores de

referência propostos para a população brasileira (PEREIRA, 2008).

3.4.2 Avaliação dos músculos respiratórios

A manovacuometria foi realizada para mensurar a força muscular respiratória através

das pressões respiratórias máxima: pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão

expiratória máxima (PEmáx). Foram medidas através do manovacuômetro digital NEPEB –

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LabCare (UFMG/Brasil). Os sujeitos foram orientados quanto a realização do teste pelo

examinador de acordo com as recomendações da SBPT, o exame foi realizado na posição

sentada, ultilizando um bocal descartável, com escape de ar de 2 mm, que serve para dissipar

pressão gerada pelos músculos da face e orofaringe, afim de não modificar valores do teste

(SOUZA, 2002)

A medida da PImáx foi realizada a partir de um esforço inspiratório máximo, partindo

de volume residual (VR) e a PEmáx partindo da capacidade pulmonar total (CPT), com

duração de pelo menos 2 segundos cada. Devem ser realizadas no máximo 5, sendo 3 delas

aceitáveis (sem escape de ar e com duração de no mínimo 2 segundos) e reprodutíveis (com

diferença menor que 10% entre elas), com descanço de 30-40 segundos entre elas (SOUZA,

2002). Os valores previstos serão obtidos por meio de equações de regressão para cálculo

das pressões máximas em função da idade e gênero propostas por Neder et al. Para a

população brasileira

3.5 Avaliação da atividade eletromiográfica de superfície (EMGs)

Eletrodos bipolares autoadesivos descartáveis foram fixados na pele após a mesma

ser preparada com abrasão, seguida de tricotomia e limpeza com álcool a 70 %, seguindo

recomendações da SENIAM (HERMENS et al., 2000). Esse procedimento de preparação da

pele foi repetido nos seguintes músculos: Esternocleidomastoídeo (SCM) com

posicionamento do eletrodo no terço inferior, entre o processo mastóide e a articulação

esternoclavicular (FALLA et al., 2002) , escaleno (ESC) com eletrodo posicionado a cinco

centímetros a partir da articulação esternoclavicular e dois centímetros acima deste ponto,

paraesternal (PARA) eletrodo colocado no segundo espaço intercostal, 3 cm apartir do meio

do esterno (REILLY et al., 2013) e reto abdominal (RA), posicionamento 4 cm a partir da

cicatriz umbilical (EVANGELISTA et al., 2017). Todos os eletrodos foram posicionados no

hemicorpo parético e dispostos de acordo com o sentido das fibras musculares.

Para aquisição e processamento do sinal eletromiógrafo TeleMyo DTS Desk

Receiver® (NoraxonU.S.A. Inc., Scottsdale, USA) de 4 sensores wireless Clinical DTS

(NoraxonU.S.A. Inc., Scottsdale, USA). Os sinais foram captados em uma frequência de

amostragem configurada em 1500 Hz, com um filtro passa-baixa de 500 Hz, ganho de 1000

vezes, e um índice de rejeição de modo comum maior que 120 dB, armazenados pelo

software MR versão 3,8 (Noraxon U.S.A. Inc., Scottsdale, USA).

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O sinal foi estabelecido em porcentagem do Root Means Square (RMS). Para a

obtenção do RMS, primeiramente, o sinal foi processado a partir da seguintes etapas:

aplicação do filtro passa-alta de 50 Hz, para remover o offset; aplicação do filtro ECG

reduction para remover o sinal cardíaco; retificação do tipo fullware, para converter os

valores do sinal de negativos para positivos; smoothing, com algoritmo RMS e janela de 50

ms, para eliminação dos sinais não reprodutíveis. O Fold Change dos músculos avaliados,

durante o uso dos dispositivos, foi obtido por meio da subtração entre o valor normalizado

da ativação do músculo durante o uso dos dispositivos (EIv, PEP ou EIv+PEP), pelo valor

normalizado da ativação do músculo na respiração em repouso, dividido pelo mesmo valor.

A seleção dos intervalos de tempo para análise no software MR versão 3,8 foi feita

da seguinte forma: foram analisados os últimos 30 segundos da QB, todo o período do

protocolo com duração de 2 minutos (EIv, PEP e EIv+PEP) e os últimos 30 segundos da

recuperação.

Para normalização do sinal eletromiográfico foram realizadas medidas de contração

isométrica voluntária máxima (CIVM), para os músculos esternocleidomastoídeo, escaleno

e reto abdominal (LEHMAN; MCGILL, 1999; KENDALL et al., 2007) e manobra de

ventilação voluntária máxima (VVM) para o paraesternal (REILLY et al., 2013). O valor de

RMS obtido nestas manobras foi estabelecido como sendo 100% do valor de ativação. Estes

valores serviram de referência para comparar com a atividade mioelétrica dos músculos

durante o uso dos dispositivos e determinar a porcentagem de ativação.

3.6 Mini exame de estado mental

A avaliação cognitiva foi realizada a partir do mini exame de estado mental (MEEM).

Abrange domínios de orientação, memória, atenção e habilidade de nomear e compreender.

O score obtido através desta avaliação varia de 0 a 30 pontos. A partir do score total foram

divididos de acordo com o tempo de escolaridade, 20 pontos para analfabetos; 25 pontos

para pessoas com escolaridade de 1 a 4 anos; 26,5 para 5 a 8 anos; 28 para aqueles com 9 a

11 anos e 29 para mais de 11 anos (BRUCKI et al., 2003)

3.7 National Institutes of Health Stroke Scale (NIHSS)

A NIHSS trata-se de um instrumento que avalia grau de comprometimento

neurológico, já traduzida e adaptadas em português. Os testes descritos na escala avaliam:

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nível de consciência, sensibilidade, comprometimento motor (facial e de membros),

coordenação e linguagem. Os scores variam de 0 a 42 pontos (CANEDA et al., 2006)

3.8 Análise Estatística

A análise dos dados foi realizada por meio do software estatístico GraphPad prism

6.0 (GraphPad Software Inc., San Diego Califórnia, EUA), adotado p<0,05 e intervalo de

confiança de 95%. Foi ultilizado o teste de normalidade Shapiro-Wilk para distribuição da

amostra, os dados foram expressos em média e desvio padrão ou mediana e intervalo

interquartil 25-75%. Para análises intragrupo foi ultilizado o teste de Friedman e Dunn’s.

4. Resultados

Foram recrutados 15 sujeitos pós AVC. Desses, 3 foram excluídos, 1 por não

compreender os testes propostos e 2 por não comparecerem ao segundo dia de avaliação. Ao

final 12 sujeitos, sendo 5 mulheres, foram incluídos no estudo. Na tabela 1 encontram-se as

características do sujeitos quanto a sexo, idade, características do AVC, scores obtidos no

MEEM e NIHSS, valores espirométricos e força muscular respiratória.

Os sujeitos avaliados apresentaram valores espirométricos de volume expiratório

forçado no primeiro segundo (VEF1) de 81,9±15,8 (%pred), capacidade vital forçada (CVF)

com média de 90,6±8,9 e relação CVF/VEF1 com média de 90,7±15,2, dentro dos valores

normais preditos para cada sujeito. Obtiveram força muscular inspiratória e expiratória

expressa pelas medidas de pressão inspiratória máxima (PImáx) com valor médio de 64,1±20

(%pred) e pressão expiratória máxima (PEmáx) com média de 74±20 (%pred), os valores

encontram-se diminuídos em relação ao predito para cada sujeito.

Em relação aos dados obtidos através da EMGs na ativação dos 4 músculos avaliados

(ECM, ESC, PARA e RA) ao longo do uso dos dispositivos de expansão pulmonar: pressão

expiratória positiva (PEP); espirometria de incentivo orientada à volume (EIv) e a

associanção dos dois dispositivos (EIv+PEP). Foi observado que durante o uso dos dois

dispositivos associados EIv+PEP, os músculos ECM e ESC obtiveram maior ativação em

comparação com a PEP (p<0,05). Já na EIv em comparação com a EIv+PEP não houve

diferença significativa na ativação desses músculos. Para os músculos PARA e RA não

houve diferença significativa na ativação em nenhum dos dispositivos avaliados. Dados

expressos em porcentagem de RMS e fold change nas figuras 1 e 2 respectivamente.

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Tabela 1. Características dos sujeitos de acordo com dados antropométricos, sexo, idade, características do AVC, função pulmonar e força muscular respiratória.

Na primeira coluna são representados os números dos sujeitos. AVC: Acidente Vascular Cerebral; M: Masculino; F: Feminino; D: Direito; E: Esquerdo; H: Hemorrágico; I: Isquêmico IMC:

Índice de Massa Corporal; VEF1: Volume Expiratório Forçado no primeiro segundo; L: Litros; %pred: Porcentagem do Predito; PImáx: Pressão Inspiratória Máxima; PEmáx: Pressão Expiratória

Máxima; cmH2O: Centímetros de Água; DP: Desvio Padrão

Sujeitos Sexo Hemicorpo

Acometido

Tipo

AVC

NIHS

S

MEEM Cronicidade

anos

Idade

anos

IMC

kg/m²

CV

F L

CVF

%pred

VEF1

L

VEF1

%pred

VEF1/CVF

% pred

PImáx

cmH2O

PImáx

%pred

PEmáx

cmH2O

PEmáx

%pred

1 M D H 10 27 2,5 57 33 4,07 98,9 3,24 98 99,6 113,6 103,6 121,1 101,7

2 F D I 0 23 1,3 48 28 3,06 95,2 2,62 99,4 104,9 53,2 61,3 83,9 97,2

3 M D H 8 24 9 69 25,8 3,09 90,6 2,52 92,7 102,8 33,9 33,9 59,6 54,4

4 F E H/I 5 21 1 35 24,3 4,44 101,2 2,81 79 77,6 36,2 38,8 55 58,4

5 M E I 2 24 4,7 49 22,5 3,66 85,3 2,33 65,9 77,6 61 52,5 108,6 86,4

6 M D I 3 26 4,8 57 22,5 3,44 83,5 2,78 83,55 100,2 68,1 62,1 62,5 52,4

7 F D H 0 29 4,5 32 24,6 3,44 99,1 1,72 58,7 59,2 62,2 65,7 64,1 66,7

8 F E I 3 28 5 56 23,6 2,92 90,1 2,3 88,5 98,4 62,2 75 78,8 96,8

9 M D I 0 30 2 59 31,1 3,78 81,9 2,67 74 90,7 85,1 78,7 101,8 86,6

10 M E I 0 23 2,5 54 26,7 3,48 80,6 2,02 57,9 71,8 49,0 43,7 49 40,3

11 F D I 0 23 9 42 24,4 3,45 103,7 2,92 105,9 102,5 62,9 70 65,6 73

12 M D I 0 24 4 68 26 3,22 76,8 2,56 79 103,5 84,7 84 81,6 74

Média 2,58 25,17 4,25 52,1 26 3,50 90,62 2,54 81,92 90,78 64,38 64,13 77,66 74,02

DP 3,45 2.79 2,64 11,5 3,25 0,44 8,99 0,41 15,83 15,28 22,14 20,09 22,77 20,04

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Figura 1. EMGs dos músculos respiratórios durante o uso dos dispositivos: espirometria de

incentivo orientada à volume (EIv); pressão expiratória positiva e associação dos dois

dispositivos (EIv+PEP). Expressos em % de RMS . Foram considerados significativos

quando p < 0,05.

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Figura 2. EMGs dos músculos respiratórios durante o uso dos dispositivos: espirometria de

incentivo orientada à volume (EIv); pressão expiratória positiva e associação dos dois

dispositivos (EIv+PEP). Expressos em Fold Change . Foram considerados significativos

quando p < 0,05.

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5. Discussão

O presente estudo teve como objetivo avaliar comportamento da atividade

eletromiográfica dos músculos esternocleidomastoideo, escaleno, paraesternal e reto

abdominal durante o uso de dispositivos de reexpansão pulmonar em sujeitos pós AVC. Os

principais resultados encontrados foram que durante o uso da EIv e da associação da EIv

com a PEP os músculos ECM e ESC apresentaram maior ativação em comparação com a

PEP e os músculos PARA e RA não apresentaram diferença signicativa em sua ativação em

nenhum dos dispositivos avaliados.

Tomich et al. avaliou a atividade do esternocleidomastoídeo durante a espirometria

de incentivo orientada a volume, respiração diafragmática e espirometria de incentivo

orientada a fluxo em 17 sujeitos saudáveis, onde foi observado maior atividade

eletromiográfica na espirometria de incentivo orientada a fluxo e a atividade da EIv não

obteve diferença significativa de ativação quando comparada com a respiração

diafragmática.

O músculo ECM tem maior atuação durante inspirações abruptas e rápidas, atingindo

maiores volumes pulmonares (COSTA et al., 1994), explicando assim sua maior ativação

durante o uso da espirometria de incentivo orientada à volume que requer inspirações em

um volume alvo predeterminado, acima do necessário durante a respiração em repouso.

Estudos anteriores mostram alterações na latência, amplitude de potenciais de ação e

limiar de excitabilidade dos músculos respiratórios, bem como diminuição da excursão

diafragmática e excursão dos músculos intercostais do lado parético durante a respiração,

como também diminuição da atividade eletromiográfica dos músculos intercostais

paraesternais em sujeitos pós AVC (SIMILOWSKI et al., 1996; TROYER; BEYL;

THIRION, 1981; INÁCIO et al.,2004). Diante disso, os resultados encontrados no presente

estudo mostram que não houve diferença significativa na ativação do músculo paraesternal

em nenhum dos dispositivos ultilizados, apesar do mesmo funcionar como músculo principal

da respiração.

As limitações encontradas no estudo foram encontrar estudos anteriores que avaliassem

a atividade eletromiográfica dos músculos respiratórios durante o uso desses dispositivos de

reexpansão em sujeitos pós AVC, dificultando a comparação de resultados encontrados.

Como também a grande variação de achados clínicos causados pela doença, com diferentes

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níveis de comprometimento, o que dificulta o traçado de um perfil clínico e a divisão em

subgrupos.

Em termos de aplicabilidade clínica, eletromiografia de superfície é um método não

invasivo de avaliar a atividade eletromiográfica desses músculos e pode compôr uma

avaliação complementar do comportamento da atividade dos músculos respiratórios

detectando possíveis alterações nessa população, não só durante o uso desses dispositivos.

6. Conclusão

Diante dos resultados e discussão do presente estudo pode-se concluir que quando

comparamos os dispositivos associados EIv+PEP com a EIv, observamos que não há

diferença no nível de ativação dos músculos ECM e ESC, entretanto os resultados indicam

uma tendência de que no uso do dispositivo EIv tem potencial para ativar de forma mais

intensa os músculos respiratórios.

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APÊNDICES

Apêndice 1. Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)

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Apêndice 2. Ficha de avaliação individual

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Anexo 1. Mini exame de estado mental (MEEM)

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Anexo 2. National Institute of Health Stroke Scale (NIHSS)

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