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ii UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura ProPPEC Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar CTTMar Programa de Pós-graduação Acadêmico em Ciência e Tecnologia Ambiental PPCTA EFEITO DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS, HIDROLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS NAS CAPTURAS DO CAMARÃO SETE-BARBAS (Xiphopenaeus kroyeri), NA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY, PENHA, SC. Mestrando: Fabricio Estevo da Silva Trabalho de Conclusão apresentado ao Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental. Orientador: Dr. 2 Joaquim Olinto Branco

EFEITO DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS, HIDROLÓGICAS E FÍSICO …siaibib01.univali.br/pdf/Fabricio Estevo da Silva.pdf · 2013. 11. 13. · Mestrando: Fabricio Estevo da Silva Trabalho

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação, Extensão e Cultura –ProPPEC

Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar – CTTMar

Programa de Pós-graduação Acadêmico em Ciência e Tecnologia Ambiental –

PPCTA

EFEITO DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS, HIDROLÓGICAS E FÍSICO-QUÍMICAS NAS CAPTURAS DO CAMARÃO SETE-BARBAS (Xiphopenaeus kroyeri), NA ARMAÇÃO DO ITAPOCOROY, PENHA,

SC.

Mestrando: Fabricio Estevo da Silva Trabalho de Conclusão apresentado ao

Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental, como parte dos requisitos para obtenção do grau de Mestre

em Ciência e Tecnologia Ambiental. Orientador: Dr.

2 Joaquim Olinto Branco

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Itajaí, SC 01 de julho de 2012

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Dedicatória

Dedicado a Angélica Amável esposa e companheira, até embaixo d’água...

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vi

Agradecimentos Agradeço ao Professor Joaquim Olinto Branco, pela oportunidade, pela sua

paciência, sua amizade e dedicação ao trabalho! Agradeço ao Professor Sergey Alex de Araújo pelos muitos anos de

convivência, parceria e amizade! Ao Professor o Leo Lynce Valle de Lacerda pela dedicação, gentileza e

colaboração nas discussões estatísticas! Ao Geógrafo Fabricio Helton Reis, pela presteza, amizade e cooperação! À coordenação do Programa de Pós-graduação Acadêmico em Ciência e

Tecnologia Ambiental – PPCTA, pela estrutura ofertada ao desenvolvimento dos pós-graduandos!

À UNIVALI, minha segunda casa por quase 20 anos! Agradeço a meus pais Anézio da Silva e Peggy Estevo da Silva por todo

esforço e carinho que sempre dedicaram a seus filhos! Agradeço aos amigos em vida e aos que já partiram pela amizade e

cumplicidade! A minha esposa Angélica Vasselai e seus (meus) queridíssimos familiares!

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Sumário Lista de figuras...................................................................................... viii

Lista de tabelas....................................................................................... x

Resumo.................................................................................................. xi

1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 1

2 HIPÓTESE ......................................................................................... 3

3 OBJETIVO GERAL ............................................................................ 4

3.1 Objetivos Específicos .................................................................. 4

4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................. 5

4.1 Área de estudo ............................................................................ 5

4.2 Coleta dos dados ........................................................................ 7

4.2.1 Biomassa removida ................................................................ 7

4.2.2 Precipitação pluviométrica ..................................................... 7

4.2.3 Vazão do rio Itajaí-Açu ........................................................... 8

4.2.4 Salinidade .............................................................................. 8

4.2.5 Ventos locais .......................................................................... 8

4.3 Análise dos dados ....................................................................... 8

4.3.1 Análise da série temporal para dados mensais ...................... 8

4.3.2 Regressão linear simples para dados mensais .................... 11

4.3.3 Análise de variância (ANOVA) ............................................. 12

5 RESULTADOS ................................................................................. 13

5.1 Modelo clássico multiplicativo de séries temporais para dados

mensais.................... .................................................................................... 13

5.1.1 Biomassa ............................................................................. 13

5.1.2 Precipitação pluviométrica ................................................... 16

5.1.3 Vazão do rio Itajaí-Açu ......................................................... 18

5.1.4 Salinidade ............................................................................ 20

5.1.5 Ventos locais ........................................................................ 22

5.2 Regressão linear simples entre variáveis ambientais e o camarão

sete-barbas.. ................................................................................................. 24

5.2.1 Precipitação pluviométrica e a biomassa removida ............. 24

5.2.2 Vazão do Rio Itajaí-Açu e a biomassa removida .................. 26

5.2.3 Salinidade e captura do camarão sete-barbas ..................... 27

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viii

5.2.4 Relação entre vento e captura do camarão sete-barbas ...... 29

5.3 Análise de variância (ANOVA) .................................................. 30

6 DISCUSSÃO .................................................................................... 32

6.1 As séries temporais ................................................................... 32

6.2 As relações lineares entre variáveis ambientais e o camarão sete-

barbas..................... ...................................................................................... 35

6.3 Efeitos de El Niño Oscilação Sul - ENOS .................................. 40

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................. 41

8 CONCLUSÕES ................................................................................ 43

9 BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 45

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ix

Lista de figuras

FIGURA 1. Localização da área de estudo. A região costeira de Penha, SC demarcadas

como Área I, Área II e Área III representam os locais onde ocorreram os arrastos de

camarão sete-barbas. As profundidades variam de seis metros na Área II até dez e 13

metros nas Áreas I e III, respectivamente. Modificado a partir de Araujo et al. (2006)..

.............................................................................................................................. 6

FIGURA 2. Localização das áreas de pesca do camarão-sete-barbas e a foz do rio Itajaí-açu

indicada pela posição da pluma de sedimentos (distância aproximada de 20 km).

Imagem do satélite Landsat-5 T.M. de 29/05/2005 composição RGB 3, 2,1 para

mapeamento de água costeira em ambiente SPRING/INPE v. 5.2 (Camara, et al.,

1996), convertida em níveis de cinza. Fonte: INPE (Divisão de Geração de Imagens em

Cachoeira Paulista, SP). ....................................................................................... 6

FIGURA 3. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais

da biomassa removida pela amostragem (kg). (a) componente de tendência; (b)

componente cíclica (24 meses); (c) componente sazonal (12 meses), na região de

Penha, SC, Brasil. ............................................................................................... 14

Figura 4. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais de

precipitação (mm) (a) componente de tendência; (b) componente cíclica (24 meses); (c)

componente sazonal (12 meses), na região de Penha, SC, Brasil. ..................... 17

FIGURA 5. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais

de vazão (m3.s-1). (a) componente de tendência; (b) componente cíclica (24 meses); (c)

componente sazonal (12 meses), na região de Blumenau, SC, Brasil. ............... 19

FIGURA 6. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais

de salinidade, (A) componente de tendência; (B) componente cíclica (24 meses); (C)

componente sazonal (12 Meses), na região de Penha, SC, Brasil. ..................... 21

FIGURA 7. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais

de velocidade média dos ventos (km.h-1). (a) componente de tendência; (b)

componente cíclica (24 meses); (c) componente sazonal (12 meses), na região de

Penha, SC, Brasil. ............................................................................................... 23

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x

FIGURA 8. Comportamento médio anual das variáveis: chuva em milímetros (linha

tracejada) e biomassa de camarão sete-barbas removida pela amostragem, em

quilogramas (linha contínua) entre julho de 1996 e julho de 2008, na região de Penha,

SC, Brasil.. .......................................................................................................... 24

FIGURA 9. Comportamento médio anual das variáveis vazão em m3.s-1 (linha tracejada) e

biomassa de camarão sete-barbas removida pela amostragem, em quilogramas (linha

contínua) entre julho de 1996 e julho de 2008, na região de Penha, SC, Brasil. . 26

FIGURA 10. Comportamento médio anual das variáveis salinidade (linha tracejada) e

biomassa de camarão sete-barbas removida pela amostragem, em quilogramas (linha

contínua) entre julho de 1996 e julho de 2008, na região de Penha, SC, Brasil. . 28

FIGURA 11. Comportamento médio anual da velocidade do vento em km/h-1 (linha

tracejada) e biomassa de camarão sete-barbas removida pela amostragem, em

quilogramas (linha contínua) entre julho de 1996 e julho de 2008 na região de Penha,

SC, Brasil. ........................................................................................................... 29

FIGURA12. Desempenho da biomassa (kg) capturada em Penha, SC, no último trimestre de

anos sobre a influência dos eventos de El Niño Oscilação Sul - ENOS. A linha

pontilhada indica o perfil da média da biomassa removida entre os meses de outubro,

novembro e dezembro conforme a influência dos enos. Os pontos indicam os valores

absolutos da biomassa removida no último trimestre dos anos testados, e a linha

contínua representa a média geral de todo o conjunto, no período testado......... 31

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xi

Lista de tabelas

TABELA I. Resumo dos resultados da regressão linear simples entre precipitação (mm) e

biomassa média (kg-1) capturada na Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Dados

mensais no período de agosto de 1996 a julho de 2008. .................................... 25

TABELA II. Resumo da regressão linear simples entre vazão média mensal do rio itajaí-açu

(m3/s) e a biomassa média (kg) capturada na Armação do Itapocoroy, Penha, SC.

Dados mensais no período de agosto de 1996 a julho de 2008. ......................... 27

TABELA III. Resumo da regressão linear simples entre salinidade média do fundo (ppm) e

biomassa média (kg-1) capturada na Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Dados

mensais no período de agosto de 1996 a julho de 2008. .................................... 28

TABELA IV. Resumo da regressão linear simples entre velocidade média do vento (km/h) e

biomassa média (kg) capturada na Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Dados mensais

no período de janeiro de 1997 a julho de 2008. .................................................. 30

TABELA V. Resumo dos resultados da ANOVA aplicada à análise da influência dos eventos

de El Niño Oscilação Sul (ENOS). ...................................................................... 32

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xii

Resumo Neste trabalho foram analisados os efeitos das interações entre variáveis ambientais (chuvas, vazão do rio Itajaí-Açu, salinidade e velocidade média do vento) e a biomassa removida de camarão sete-barbas (Xiphopenaeus kroyeri), capturada mensalmente entre julho de 1996 e julho de 2008, por procedimento amostral padronizado, no entorno da Enseada da Armação do Itapocoroy, Penha, litoral centro-norte de Santa Catarina, Brasil. Os dados mensais de todas as variáveis propostas nesse estudo foram inicialmente analisados através do modelo clássico multiplicativo aplicado à análise de séries temporais no domínio do tempo. Esta técnica estabeleceu qual o cenário geral quanto a tendência, ciclo e sazonalidade de cada uma das variáveis. Posteriormente foi empregado o método dos mínimos quadrados da regressão linear simples para testar a hipótese de relação entre variáveis climáticas (chuvas e ventos), vazão do Rio Itajaí-Açu e salinidade costeira com o rendimento das capturas do camarão sete-barbas. Finalmente, a análise da variância (ANOVA) de fator único foi empregada para detectar a influência do El Niño Oscilação Sul - ENOS, sobre os rendimentos da biomassa removida ao longo destes 11 anos de amostragem. Os resultados do modelo clássico multiplicativo não exibiram, ao longo do tempo, movimento geral distinto do perfil estacionário para as componentes de tendência da precipitação pluviométrica e biomassa amostrada, muito provavelmente devido a processos estocásticos presentes nestas duas séries. Entretanto, sazonalmente, o camarão sete-barbas apresentou os maiores rendimentos no final do primeiro semestre de cada ano e menores rendimentos no final do segundo. As regressões lineares não apresentaram resultados satisfatórios para explicar as flutuações no rendimento das capturas em função de variáveis ambientais. Porém, os resultados indicaram que precipitação e vazão do rio Itajaí-Açu foram positivamente correlacionados com a biomassa removida. Além disso, a relação linear entre precipitação e biomassa de X. kroyeri na Armação do Itapocoroy apresentou os melhores resultados preditivos (em torno de 1,5 kg por hora de arrasto) quando as variáveis (chuva e biomassa capturada) foram analisadas com intervalo de três meses entre si. Os resultados da ANOVA mostraram que o efeito de El Niño sobre o rendimento médio da biomassa capturada por hora de arrasto foi maior (em torno de 2 kg) do que o efeito da La Niña e períodos de neutralidade climática (rendimento em média foi de apenas 0,55 kg/h). Estes resultados apontam para os efeitos benéficos que a intensificação e a regularidade das chuvas e vazão do Rio Itajaí-Açu, provocadas pela influência de El Niño na região sul do Brasil, tiveram para o rendimento do camarão sete-barbas capturado em Penha, SC.

Palavras chave: camarão sete-barbas; variáveis ambientais; capacidade preditiva.

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Abstract This study analyzes the possible effects of the interactions between environmental variables (rainfall, flow of the Itajaí-Açu river, salinity and average wind speed) and biomass of sea-bob shrimp (Xiphopenaeus kroyeri) captured on a monthly basis between July 1996 and July 2008, by a standardized sampling procedure, around the Armação do Itapocoroy bay at Penha, on Central-Northern Coast of Santa Catarina, Brazil. Monthly data for all the variables proposed in this study were initially analyzed using the classic multiplicative model applied to the time series analysis in the time domain. This technique enabled the overall scenario to be established in terms of trend, cycle and seasonality of each of the variables. Next, the least squares linear regression method was used to test the hypothesized relationship between the climatic variables (rainfall and winds), flow of the Itajaí-Açu river and coastal salinity, and the sea-bob-shrimp catch yield. Finally, single-factor analysis of variance (ANOVA) was used to detect the influence of the El Niño Southern Oscillation-ENSO on the biomass yields obtained over the eleven-year sampling period. The results of the classic multiplicative model did not show, over the period as a whole, any general movement distinct from the stationary profile for the components rainfall trend and biomass sampled, probably due to stochastic processes present in these two series. However, seasonally, sea-bob-shrimps presented the greatest highest yields at the end of the first six months of each year, and lower yields at the end of the second six months. The linear regressions did not show satisfactory results that would explain fluctuations in income from the catches in relation to the environmental variables. However, the results indicated that rainfall and flow of the Itajaí-Açu river were positively correlated with the biomass removed. Furthermore, the linear relationship between rainfall and biomass of X. kroyeri in the Armação do Itapocoroy bay showed the best predictive results (around 1.5 kg per hour of trawl time) when the variables (rain and biomass captured) were analyzed at three-month intervals. The results of the ANOVA showed that the effect of El Niño on the average yield of biomass captured per hour of trawl time was higher (by around 2 kg) than the effect of La Niña and climate neutrality time (average yield of only 0.55 kg/h). These results indicate the beneficial effects of the intensification and regularity of rainfall and flow of the Itajaí-Açu river, caused by the influence of El Niño in southern Brazil, on the sea-bob shrimp yield captured in Penha, SC.

Keywords: sea-bob shrimps; Environmental variables; predictive capacity

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1

1 INTRODUÇÃO

Os camarões Penaeidae têm sido intensamente estudados em nível mundial,

principalmente abordando aspectos da biologia e dinâmica populacional devido ao

interesse comercial relativo à demanda global de proteínas. As populações desses

camarões podem ser analisadas a partir de modelos formulados para propósitos de

avaliação e administração de estoques de peixes (Longhurst & Pauly, 2007).

Entretanto, espécies de ciclo de vida curto como nos camarões, a estrutura etária da

população está sujeita a variações sazonais relacionadas ao mecanismo de

recrutamento, clima, alimentação e outros fatores ambientais (García, 1988).

No Brasil são escassos os trabalhos que relacionam o efeito de variáveis

ambientais sobre espécies de Penaeidae de hábitos não estuarinos, entretanto, as

relações entre capturas destes camarões e precipitação ou taxa de descarga de rios

têm sido relatadas na Costa do Marfim (oeste africano) por Garcia & LeReste (1981)

e Garcia (1985 e 1988); em Moçambique (leste africano) por Silva (1986 e 1989) e

Gammelsrød (1992a e 1992b); na costa norte/nordeste australiana por Staples

(1983 e 1985); Staples & Vance, 1985; Vance et al., 1985; Loneragan & Bunn,

1999; Ives et al., 2009), assim como em Papua Nova Guiné (Evans & Opnai, 1995);

Luisiana, EUA (Haas et al., 2001) e Paquistão (Ayub, 2010).

Em alguns casos, essas relações, testadas por métodos de regressão linear

simples indicam que precipitação ou a descarga moderada de rios aumentam o

recrutamento, enquanto que precipitação muito forte diminui (Longhurst & Pauly,

2007). O aporte de água doce em magnitude correta num dado sistema próximo à

costa, pode manter salinidade apropriada em lagunas, estuários e outros sistemas

costeiros em que habitam os camarões juvenis, enquanto a entrada excessiva ou

reduzida de água doce leva os sistemas costeiros a se tornarem límnicos ou

totalmente marinhos (Browder & Moore, 1981). A produção anual de camarões

oscila em função dos fatores climáticos em escala de longo prazo, fazendo supor

que exista uma relação de causa-efeito (Garcia & LeReste, 1986). Entretanto, estes

autores acreditam que seja difícil provar que a modificação de vários parâmetros

(fertilidade, estágio pós-larval, recrutamento por idade, migração crescimento,

sobrevivência capturabilidade) das populações de camarões sejam controlados por

condições meteorológicas.

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2

Por outro lado, a relação simples entre precipitação e capturas de camarões

pode ter alguma capacidade preditiva, permitindo formular um modelo matemático

que incorpore estoques desovantes, juvenis e precipitação, possibilitando assim

estimar os emigrantes e as capturas dos adultos com uma precisão suficiente para

ser usado no planejamento e administração pesqueira (Staples, 1985).

Vance et al. (1985) analisaram em seis regiões do Golfo da Carpentária, na

costa norte-nordeste australiana, as relações entre captura de camarão e chuvas

sazonais, descarga de rio, temperatura do ar, velocidade e direção do vento usando

análises de correlação univariada e técnicas de regressão múltipla. Foram

desenvolvidos modelos de regressão descritivos para todas as áreas usando

variáveis de precipitação. De acordo com estes autores, os modelos explicaram

entre 35% e 67% das flutuações das capturas regionais e demonstraram que

modelos de previsão com base em dados de precipitação poderiam fornecer

estimativas das capturas na porção sul do Golfo de Carpentária até 42 dias antes da

temporada de pesca de camarão a cada ano.

Estes antecedentes demonstram que também possa ser viável verificar as

influências das condições climáticas (chuvas e ventos), hidrológicas (vazão do rio

Itajaí-Açu) e físico-químicas (salinidade) sobre as capturas do camarão sete-barbas

Xiphopenaeus kroyeri (Heller 1862). Esta espécie ocorre na costa oeste do Atlântico,

desde a Carolina do Norte (USA) até Santa Catarina (BR) (Holthuis, 1980), embora

haja registros da Virginia (USA) até o Rio Grande do Sul (BR) (D´Incao et al., 2002).

Xiphopenaeus kroyeri atinge até 15,0 cm de comprimento total nas fêmeas, mas em

média, alcançam em torno 10 a 12 cm na população; sendo objeto de uma

importante pescaria global (Gillett, 2008).

A captura média global da espécie cresceu consideravelmente de 6.000

toneladas em 1960 até alcançar 42.787t em 2000, onde a costa brasileira contribuiu

com aproximadamente 51,0% (FAO, 2011). A partir de 1980, as taxas de captura no

país começaram a reduzir gradativamente até os dias atuais (Valentini et al., 1991;

D´Inco et al., 2002; Vasconcellos et al., 2007). Em função dessa elevada pressão

pesqueira sobre os estoques de X. kroyeri, e de sua importância econômica, várias

pesquisas vêm sendo conduzidas procurando caracterizar a biologia e pesca desse

recurso (Nakagaki & Negreiros-Fransozo 1998; Branco et al., 1999; Branco 2005;

Castro et al., 2005; Costa et al., 2007; e Fransozo et al., 2011).

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3

Atualmente X. kroyeri é o principal recurso explorado pelas comunidades

tradicionais de pescadores artesanais no litoral catarinense (UNIVALI/CTTMar,

2007). As maiores capturas deste recurso na Armação do Itapocoroy, Penha, SC,

ocorrem durante verão e outono (Branco et al., 1994; Branco, 1999 e 2005).

Segundo Araújo et al. (2006), o mês de janeiro (verão) apresenta os valores mais

intensos de precipitação pluviométrica da região de Penha, SC. Considerando que

possa haver sobreposição entre as épocas de maior captura com os períodos

precipitação e vazão do rio Itajaí-Açu mais elevados nesta região do litoral centro-

norte catarinense, seria possível crer que esses eventos não sejam aleatórios. A

sobreposição destes eventos sugere a ocorrência de um provável ajuste do ciclo de

vida do camarão sete-barbas com os períodos de precipitação e descarga do rio

mais intensos recorrentes na região da Armação do Itapocoroy.

Considerando que, o ciclo de vida de X. kroyeri não esteja ajustado para

confinamento no interior de estuários, lagunas, esta espécie deverá apresentar

níveis de sensibilidade em sua ecologia e recrutar em função de oscilações

ambientais nas regiões costeiras adjacentes a estuários. Neste sentido, analisar a

intensidade das flutuações interanual da hidrologia, fatores climáticos e físico-

químicos das regiões costeiras poderiam fornecer um cenário preditivo, sobre a

capacidade de geração de biomassa dos estoques de camarão de hábitos não

estuarinos em função de variáveis ambientais.

2 HIPÓTESE

A análise das flutuações interanuais da vazão do Rio Itajaí-Açu, dos fatores

climáticos como chuvas e ventos, além da salinidade desta região costeira do litoral

centro-norte de Santa Catarina, podem fornecer um cenário preditivo, sobre a

capacidade de geração de biomassa dos estoques de camarão sete-barbas da

Armação do Itapocoroy, Penha, SC.

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4

3 OBJETIVO GERAL

Verificar a influência das condições hidrológicas, climáticas e físico-químicas

sobre as capturas de Xiphopenaeus kroyeri na Armação do Itapocoroy, Penha, SC.

3.1 Objetivos Específicos

- Analisar o comportamento individual das variáveis (chuva, vazão, salinidade,

velocidade dos ventos e biomassa do camarão sete-barbas) ao longo do tempo;

- Testar a correlação entre precipitação e a captura de X. kroyeri e o

sincronismo dos eventos;

- Verificar a relação entre a descarga do rio Itajaí-Açu, salinidade e a

velocidade dos ventos com as taxas de captura do camarão sete-barbas na

Armação do Itapocoroy, Penha.

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5

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Área de estudo

A área de estudo está localizada na plataforma continental interna adjacente a

Enseada da Armação do Itapocoroy, no município de Penha, SC (entre as

coordenadas 26°40’ - 26°47’ S e 48°36’ - 48°38’ W) (Fig. 1), distante

aproximadamente 20 km a norte de Itajaí, SC.

Uma característica oceanográfica importante dessa região é a penetração da

massa de Água Central do Atlântico Sul (ACAS) na camada inferior da plataforma

continental durante o verão, formando uma termoclina numa profundidade de

aproximadamente 10 a 15 m. de modo geral, com o retrocesso da ACAS durante o

inverno, a distribuição da temperatura na zona costeira torna-se homogênea com

águas entre 20 e 23°C e salinidade de 35 ppm (Matsuura, 1986). A salinidade da

plataforma continental da Armação do Itapocoroy apresenta flutuação sazonal com

valores médios mais elevados no outono (35,0) e primavera (33,5), e os menores no

verão (32,2) e inverno (32,3) (Branco, 1999).

A temperatura da água de superfície possui uma flutuação sazonal, com

elevação a partir da primavera até o verão, com posterior queda no outono, até

atingir as menores temperaturas no inverno. A variação total da temperatura da água

de superfície foi observada por Branco et al. (1999), nas proximidades da área de

estudo e pode atingir até 11,0 °C de diferença devido a sazonalidade.

O rio Itajaí-Açu é considerado o maior contribuinte de descarga fluvial para o

litoral de Santa Catarina com média entre 228 e 282 m3/s e compreende a maior

bacia da Vertente Atlântica Catarinense com aproximadamente 15.500 km²

(Schettini, 2002). Isto implica num contínuo transporte de materiais dissolvidos e

particulados (Fig. 2) que irão ter seu destino influenciado pelas condições

hidrodinâmicas do estuário e posteriormente pela pluma de sedimentos do rio

(Schettini, et al., 1998, 2002 e 2005; Trochimczuk & Schettini, 2003).

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Figura 1. Localização da área de estudo. A região costeira de Penha, SC demarcadas como Área I, Área II e Área III representam os locais onde ocorreram os arrastos de camarão sete-barbas. As profundidades variam de seis metros na Área II até dez e 13 metros nas Áreas I e III, respectivamente. Modificado a partir de Araujo et al. (2006).

Figura 2. Localização das áreas de pesca do camarão-sete-barbas e a foz do rio Itajaí-açu indicada pela posição da pluma de sedimentos (distância aproximada de 20 km). Imagem do satélite Landsat-5 T.M. de 29/05/2005 composição RGB 3, 2,1 para mapeamento de água costeira em ambiente SPRING/INPE v. 5.2 (Camara, et al., 1996), convertida em níveis de cinza. Fonte: INPE (Divisão de Geração de Imagens em Cachoeira Paulista, SP).

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4.2 Coleta dos dados

4.2.1 Biomassa removida

Os dados das capturas mensais em quilogramas de Xiphopenaeus kroyeri no

período de julho de 1996 a julho de 2008, foram obtidos utilizando uma baleeira da

pesca artesanal, equipada com duas redes de arrasto do tipo “double-rig”, com 4,5

m de abertura e 11 m de comprimento, malha de 3,0 cm na manga e corpo e 2,0 cm

no ensacador, nas áreas tradicionais de pesca da Armação do Itapocoroy, entre as

profundidades de 5,0 a 25,0 metros (Branco, 2005).

Ao longo de 11 anos foram efetuadas 132 amostragens em triplicata, sendo

que cada réplica representou um arrasto de 1,0 hora, nas áreas I, II e III (Fig. 1). Nos

anos de 2003 e 2004, apenas um semestre de cada ano (primeiro e segundo,

respectivamente) foram amostrados, nos demais anos são séries ininterruptas de

janeiro a dezembro, totalizando 36 arrastos por ano.

4.2.2 Precipitação pluviométrica

Os dados mensais de precipitação (correspondentes ao período de julho de

1996 até julho de 2008) foram obtidos da estação agrometeorológica convencional

(Estação nº 183) da EPAGRI/CIRAM, Itajaí, SC (26º57'01'' S e 48º45'41'' W; altitude:

5 metros), em função da existência de uma longa série ininterrupta de registro das

chuvas em milímetros (mm) da região e proximidade da estação em relação às

áreas de pesca (aproximadamente 20 km).

As estações convencionais possuem um critério de aquisição de dados

estabelecidos pela Organização Mundial Meteorológica (OMM) que determina o

registro das informações diariamente em três horários (09h00min, 15h00min e

21h00min).

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4.2.3 Vazão do rio Itajaí-Açu

As condições de vazão do baixo Itajaí-Açu foram analisadas a partir de dados

da estação fluviométrica (m3.s-1), localizada na cidade de Blumenau implantada em

1939 e em atividade até os dias atuais.

4.2.4 Salinidade

Simultaneamente aos arrastos foram lançadas garrafas coletoras de amostra

de água do fundo (em triplicata) para registrar, in situ, os valores médios de

salinidade, por meio de refratômetro óptico.

4.2.5 Ventos locais

Os dados mensais de velocidade e direção do vento, do período de 1997 a

2008 foram obtidos da estação meteorológica automática pertencente à

Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), localizada na cidade de Itajaí, bairro

Centro, na coordenada 26°54’50’’ de latitude sul e 48°39’41’’ de longitude oeste, a

uma altitude de 5 metros. Esta estação automática armazena o registro sinóptico a

cada 60 segundos e possibilita detectar todas as flutuações da direção e velocidade

dos ventos incidentes.

4.3 Análise dos dados

4.3.1 Análise da série temporal para dados mensais

Uso do modelo clássico multiplicativo para análise da série temporal, aplicado

aos dados mensais de biomassa do camarão sete-barbas (kg), precipitação (mm),

vazão (m3/s), salinidade (ppm) e velocidade média dos ventos (km/h).

Esta técnica é aplicada à análise de séries temporais no domínio do tempo e

consiste em decompor a série em quatro componentes: tendência, ciclo,

sazonalidade e aleatoriedade. Para estabelecer o cenário geral das variáveis ao

longo do tempo serão desenvolvidas apenas as três primeira componentes

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(tendência, ciclo e sazonalidade). A determinação da componente aleatória é

relevante quando o objetivo for o emprego da técnica para cenários de previsão

através da recomposição de todas as componentes.

4.3.1.1 Método analítico de decomposição de tendência no modelo

multiplicativo

O método analítico utilizado para ajustar uma série temporal e fornecer uma

impressão mais clara sobre o padrão de movimento geral de longo prazo nos dados

foi o ajuste exponencial.

A equação desenvolvida para ajustar exponencialmente uma série, em

qualquer período de tempo “i”, é baseada somente em três termos: o valor

atualmente observado na série temporal Yi; o valor exponencialmente ajustado

calculado anteriormente (Ei - 1); e um peso designado, ou coeficiente de ajuste “W”.

Para calcular um valor exponencialmente ajustado no período de tempo i

temos que: E1 = Y1; onde Ei = Wyi + (1-W) Ei-1; e (i = 2, 3, 4), onde:

Ei = valor da série exponencialmente ajustada, sendo calculada no

período de tempo i;

Ei-1 = valor da série exponencialmente ajustada, já calculado no

período de tempo i-1;

Yi = valor observado da série temporal no período i;

W = peso designado subjetivamente ou coeficiente de ajuste (onde 0 <

W < 1).

A escolha do peso ou coeficiente de ajuste é fator determinante, pois afeta

diretamente os resultados: valores baixos de W (próximos de zero) são utilizados

quando se quer eliminar as variações cíclicas e/ou irregulares, enquanto que valores

elevados de W (próximos de 1) são utilizados com o objetivo de previsão (Levine et

al., 2005 e 2008). O coeficiente adotado W = 0,5, representa um caráter mais

conservador e equidistante entre os limites de aceitação e não elimina variações

cíclicas que pretendemos determinar.

Após essa etapa de ajuste dos dados, os meses foram codificados em

números inteiros crescentes (1 a 132), e empregado o método de regressão linear

para estimar os coeficientes (b0 e b1) que comporão a tendência. A partir dos valores

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da tendência, as demais componentes foram determinadas pela expressão

generalizada do modelo multiplicativo (Y/T= C*S*A), onde:

Y= biomassa removida;

T= componente de tendência;

C= componente cíclica;

S= componente sazonal; e

A= componente aleatória .

De modo geral a tendência apresenta duração de vários anos e é

influenciada, segundo Milone (2009), por modificações nas tecnologias, na renda da

população, no acesso ao crédito, na legislação, entre outros.

4.3.1.2 Método analítico de decomposição do ciclo no modelo multiplicativo

A literatura referencia o efeito cíclico como o intervalo compreendido entre 2 e

10 anos, com diferentes intensidades para um ciclo completo (Levine et al., 2005,

2008; Milone, 2009; Morrettin & Toloi, 2006). Estes autores recomenda que os ciclos

sejam interpretados como repetidas oscilações ascendentes e descendentes

descritas em quatros fases: desde o pico (fase de prosperidade), para a contração

(queda ou recessão), até o fundo (fase de depressão) e novamente para a expansão

(fase de recuperação ou crescimento).

No modelo multiplicativo foi aplicado à biomassa, chuvas, vazão, salinidade e

velocidade dos ventos, onde a componente cíclica foi estimada pela função

trigonométrica do cosseno: y = a cos α. Assim, o ciclo foi calculado por: Y = 100 +

50*cos α*x, em que x é função do tempo em meses: f(t) = t (mês); e alfa (α) =

período

amplitude )( (Levine et al., 2005 e 2008). O período da série foi definido a partir de

julho 1996 até julho de 2008, totalizando 132 meses. A amplitude foi estabelecida

com base na duração do ciclo de vida dos camarões de 24 meses. Logo α = 132

2,11 ,

α = 0,57. Portanto a cossenoide da componente cíclica Y = 100 + 50*cos α*x foi

estimada a partir de: Y = 100 + 50*cos 0,57x, de modo que a distância entre cristas

(ou cavas) da cossenoide cíclica seja equivalente há 24 meses.

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4.3.1.3 Método analítico de decomposição da sazonalidade no modelo

multiplicativo

O efeito sazonal é incorporado no modelo clássico multiplicativo sempre as

séries temporais forem compostas por dados mensais e/ou trimestrais (Levine et al.,

2005, 2008). O tempo de duração normalmente não supera 12 meses e representa

flutuações relativamente periódicas que ocorrem neste período, ano após ano

(Milone, 2009; Morrettin & Toloi, 2006).

A componente sazonal foi representada pela cossenóide Y = 100 + 50*cos α*x,

é função do tempo em meses: f(t) = t (mês); e alfa (α) = período

amplitude )( . O período

da sazonalidade foi definido pela duração do ano totalizando 12 meses (Fig. 4). A

amplitude foi estabelecida em função da ocorrência de duas (2) coortes anuais do

camarão-sete-barbas. Logo α = 12

2, α = 0,52. Portanto, a cossenoide da

componente sazonal Y = 100 + 50*cos α*x foi estimada a partir de Y = 100+50*cos

(0,5236x), de modo que a distância entre cristas (ou cavas) da cossenoide sazonal

seja equivalente a 12 meses.

4.3.2 Regressão linear simples para dados mensais

As relações entre as variáveis ambientais e biomassa de camarão foram

testadas pelo método dos mínimos quadrados da regressão e analisadas através

das medidas de variação.

A regressão linear foi empregada relacionando cada variável ambiental (chuva,

vazão, salinidade e velocidade dos ventos) com a biomassa em três arranjos

distintos: arranjo simultâneo (considera que a oscilação das variáveis ambientais em

um determinado mês manifesta o efeito na biomassa capturada neste mesmo mês);

arranjo com intervalo de três meses (considera que a oscilação das variáveis

ambientais em determinada estação do ano resulta em efeitos sobre a biomassa na

estação seguinte), e arranjo de seis meses (as oscilações das variáveis ambientais

podem manifestar efeitos sobre as coortes semestrais).

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4.3.3 Análise de variância (ANOVA)

A análise de variância (ANOVA) de fator único foi empregada para detectar a

influência de eventos de El Niño Oscilação Sul - ENOS, sobre as variáveis propostas

presente na série compreendida entre julho de 1996 e julho de 2008, conforme INPE

(2010). Foram considerados como tratamentos de ENOS os eventos enquadrados

como neutralidade climática, El Niño e La Niña ocorridos no período.

De acordo com INPE (2010), a região central do Oceano Pacífico (Niño 3.4),

onde o efeito das anomalias de Temperatura da Superfície do Mar (TSM) influencia

o padrão climatológico na América do Sul, apresentou alternância entre anomalias

positivas e negativas (além de 1ºC) ao longo de toda a série (entre 1996 e 2008).

A partir do registro dessas anomalias os meses de outubro, novembro e

dezembro dos anos de 1997, 2002 e 2006 foram enquadrados como anos de El

Niño (anomalia térmica positiva acima de 1ºC); o último trimestre dos anos de 1998,

1999 e 2007 foi classificado como La Niña (anomalia térmica negativa abaixo de -

1ºC); e outubro, novembro, dezembro dos anos 2000, 2001 e 2004 como

neutralidade climática (-1ºC < 1ºC).

O conjunto de dados apresenta eventos de ENOS com períodos de

ocorrência distintos (desde poucos meses até anos) foi selecionado aleatoriamente

o último trimestre (outubro, novembro e dezembro) de três anos de ocorrência de

neutralidade climática, El Niño e La Niña. Esta redução foi necessária para fosse

possível testar a ocorrência dos distintos eventos (tratamentos) por igual período de

tempo, época do ano e em triplicata.

Foram utilizados dados totais mensais de biomassa (kg-1), chuvas (mm), vazão

do rio Itajaí-Açu (m3/s), e velocidade dos ventos (km/h). Para prospectar as

diferenças entre os efeitos de ENOS foi aplicado o teste da diferença mínima

significante (dms).

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5 RESULTADOS

5.1 Modelo clássico multiplicativo de séries temporais para dados mensais.

5.1.1 Biomassa

A componente de tendência do modelo clássico multiplicativo aplicado à

análise da série temporal a partir de dados mensais de biomassa média, não

apresentou movimento geral ascendente ou descendente de longo prazo para a

componente de tendência entre julho de 1996 e julho de 2008 (Fig. 3a). Embora

seja possível verificar que a partir de 2004 (80º mês) a biomassa apresenta valores

médios mensais menores que no inicio da série, sem movimento descendente

persistente para a componente de tendência.

O ajuste exponencial nos dados não melhorou a capacidade preditiva dos

mínimos quadrados da regressão (b0 = 1,32; b1 = - 0,001), além da ausência de

declividade indicado pelo valor de b1, os coeficientes r e R2 foram próximos de 0

(zero) (p = 0,52).

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Figura 3. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais da biomassa removida pela amostragem (kg

-1). (a) componente de tendência; (b) componente cíclica (24

meses); (c) componente sazonal (12 meses), na região de Penha, SC, Brasil.

A componente cíclica da variação real de biomassa média mensal removida

(linha tracejada), descontado dos valores de tendência e a cossenoide (linha

contínua) do modelo cujas cristas encontram-se espaçadas por intervalos iguais de

(

c)

(

b)

(

a)

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24 meses, a partir de julho de 1996 (início da série) (Fig. 3b) mostra que as fases de

prosperidade da cossenoide estão posicionadas sobre a componente cíclica relativa

ao inverno dos anos pares, e a fase de depressão aos invernos dos anos ímpares.

Os maiores picos de prosperidade da componente cíclica que representa a

biomassa média mensal foram encontrados no ano de 2002, 1998 e 1999 (72, 24 e

36 meses na série) (Fig. 3b).

A componente sazonal da biomassa média mensal (linha tracejada),

descontado dos valores de ciclo e tendência bem como a cossenoide (linha continua

da fig. 3 c) indica que as cristas encontram-se espaçadas por intervalos iguais de 12

meses, a partir do início da série (Fig. 3c).

Na figura 3c, os picos da cossenoide estão posicionados sobre a componente

sazonal relativa ao período de inverno, enquanto as depressões correspondem ao

período de verão. O modelo sugere que a biomassa média possui sazonalidade

bem definida com rendimentos maiores entre os meses de outono e inverno e

menores valores para a primavera e verão. O maior rendimento sazonal (4 kg) foi

obtido entre outono e inverno do ano de 1999 (36 meses). Os anos de 2002, 2003,

2004 e 2007 (60, 70, 80 e 110 meses respectivamente) também apresentaram os

maiores valores de biomassa para o mesmo período (Fig. 3c).

A componente sazonal apresenta os menores valores de biomassa média

entre primavera e verão, entretanto a depressão de verão entre os anos de 2003 e

2004 (70 e 80 meses) exibe o maior valor de biomassa para este período.

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5.1.2 Precipitação pluviométrica

O resultado do modelo clássico multiplicativo aplicado à análise da série

temporal de dados mensais de chuva (mm) apresentou na componente de tendência

(Fig. 4a), movimento geral descendente de longo prazo pouco evidente ou

inexistente para o intervalo de julho de 1996 a julho de 2008.

A regressão linear utilizada para estimar a tendência demonstrou baixa

declividade (b0 = 151,75; b1 = - 0,111), coeficientes r e R2 próximos de zero, (p =

0,22).

A partir do ano 2000 (48º mês) até 2004, os volumes totais mensais de chuva

apresentam os menores valores (± 150 mm), quando comparados com o início e o

fim da série (Fig. 4a). Contudo o modelo não indica nenhum movimento

descendente persistente para a componente de tendência das chuvas.

A componente cíclica da precipitação total mensal (linha tracejada) e a

cossenoide (linha continua) do modelo cujas cristas encontram-se espaçadas por

intervalos iguais de 24 meses, a partir do início da série, indicam que as fases de

prosperidade da cossenoide estão posicionadas sobre a componente cíclica no

inverno dos anos pares; assim como a fase de depressão os invernos dos anos

ímpares (Fig. 4b).

As chuvas não apresentam picos regulares no intervalo de tempo cíclico, com

os maiores em torno de 180 mm ocorrendo em 1998 e 1999 (18 e 36 meses

respectivamente), além disso, a depressão do período entre 1998 e 1999 foi a mais

elevada da série (100 mm), enquanto os demais picos correspondem a valores

inferiores a 130 mm (Fig. 4b).

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Figura 4. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais de

precipitação (mm) (a) componente de tendência; (b) componente cíclica (24 meses); (c) componente sazonal (12 meses), na região de Penha, SC, Brasil.

Na figura 4c os picos da cossenoide (linha sólida) estão posicionados sobre a

componente sazonal relativa ao período de inverno, enquanto as depressões

(

a)

(

b)

(

c)

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correspondem ao período de verão. O modelo sugere que os maiores volumes

sazonais de chuvas (acima de 200 mm) ocorreram a partir da primavera dos anos de

1999 (28 meses), 2001 (60 meses), 2003 (80 meses) e 2007 (124 meses). O

inverno dos anos 1988, 2000, 2002, 2004 e 2006 (24, 48, 72, 96 e 120 meses) exibe

sazonalidade frequentemente associada a baixos volumes de chuvas para esta

época do ano (Fig. 4c).

5.1.3 Vazão do rio Itajaí-Açu

O modelo aplicado à análise da série temporal a partir de dados de vazão

média mensal (m3.s-1) apresentou movimento geral descendente de longo prazo

para a componente de tendência (Fig. 5a), entre julho de 1996 e julho de 2008.

A regressão (b0 = 450,41; b1 = - 2,61) evidencia a existência da declividade da

vazão média mensal, para o nível de significância de 0,05: coeficientes: r = 0,77; R2

= 0,60 (p = 0,0001).

O movimento descendente persistente para a componente de tendência da

vazão apresenta defasagem superior a 19,6% entre os valores de vazão (m3.s-1) de

1998 e 2008 (Fig. 5a).

A partir de 1999 (30º mês) até o fim da série, os volumes médios mensais de

vazão apresentam valores significativamente menores se comparados com o inicio

da série. A vazão média mensal do rio Itajaí-Açu entre 1997 e 1998 (18 e 24 meses

respectivamente) ultrapassou os 500 m3.s-1, valor jamais atingido durante todo o

restante da série. Em outro extremo, no período de novembro de 2005 a setembro

de 2006 (entre 90 e 105 meses respectivamente) os volumes médios mensais de

vazão não ultrapassaram 100 m3.s-1 (Fig. 5a).

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Figura 5. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais de vazão (m

3.s

-1). (a) componente de tendência; (b) componente cíclica (24 meses); (c) componente

sazonal (12 meses), na região de Blumenau, SC, Brasil.

Os dados apresentados na figura 5b indicam que as fases de prosperidade da

cossenoide sobre a componente cíclica encontram-se sobre os invernos dos anos

(

b)

(

a)

(

c)

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pares, enquanto que a fase de depressão ao inverno dos anos ímpares. A

componente cíclica da vazão média mensal (m3.s-1) do rio Itajaí-Açu (linha tracejada)

apresenta picos de prosperidade com diferentes intensidades e época dos anos,

onde os maiores valores foram encontrados no ano de 1998 (24 meses), em torno

de 170 m3/s.

O efeito cíclico de maior regularidade do período é observado na depressão.

Durante aproximadamente sete dos 11 anos os menores valores de vazão foram

registrados nos períodos de inverno. O menor valor da componente cíclica

registrado na série foi para o ano de 2006 (105 meses) (Fig. 5b).

A componente sazonal da vazão média mensal do rio Itajaí-Açu e a respectiva

cossenoide, a partir de julho de 1996 encontra-se representadas na figura 5c. Os

picos da cossenoide estão posicionados sobre a componente sazonal no período de

inverno, enquanto as depressões correspondem no verão. Os maiores volumes da

vazão média mensal (acima de 200 m3/s) ocorreram nos anos de 2001 (60 meses),

2003 (80 meses) e 2007 (124 meses).

De maneira geral, as depressões sazonais da vazão média mensal

apresentaram maior periodicidade ao longo da série para o mesmo período de

tempo, quando o inverno dos 1998, 2000, 2002, 2004 e 2006 foi menos chuvoso,

com volumes de vazão média mensal do rio Itajaí-Açu baixos nesse período (Fig.

5c).

5.1.4 Salinidade

A componente de tendência a partir de dados mensais de salinidade média do

fundo apresentou movimento geral ascendente de longo prazo (Fig. 6a) entre julho

de 1996 e julho de 2008.

A regressão indica a existência de movimento geral ascendente suave para a

componente de tendência da salinidade média de fundo (b0 = 33,1; b1 = 0,007;

coeficientes: r = 0,22 e R2 = 0,05 (p = 0,01).

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Figura 6. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais de salinidade, (a) componente de tendência; (b) componente cíclica (24 meses); (c) componente sazonal (12 meses), na região de Penha, SC, Brasil.

A componente cíclica da salinidade não apresentou oscilação periódica

marcante ao longo do período, onde as fases de perturbação da cossenoide foram à

recessão e retomada, em níveis constantes (Fig. 6b).

(

c)

(

a)

(

b)

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22

A componente sazonal é a variação da salinidade média do fundo mensal

(linha tracejada), descontado dos valores de ciclo e tendência; bem como a

cossenoide (Fig. 6c), ressaltam o movimento oscilatório regular da salinidade,

indicando que o modelo clássico multiplicativo apresentou-se fortemente viesado

(por processos estocásticos) na estimação da sazonalidade dessa variável (Fig. 6c).

5.1.5 Ventos locais

A componente de tendência da velocidade média do vento mensal (km.h-1)

apresentou movimento geral descendente de longo prazo para (Fig. 7a), entre julho

de 1996 e julho de 2008.

A regressão (b0 = 6,15; b1 = - 0,019) para a determinação da componente de

tendência, evidenciam a existência da declividade da velocidade média do vento

mensal (r = 0,60; R2 = 0,37; e valor p = 0,0001).

O movimento da tendência da velocidade média do vento (km.h-1) exibe

defasagem superior a 66,65% entre os anos de 1998 e 2008.

A partir de 1999 até 2005 (entre 30 e 90 meses), os valores da velocidade

média dos ventos são significativamente menores em relação a todo período da

série. A velocidade média dos ventos no ano de 2001 (50 meses) foi

aproximadamente 40% menor do que os valores registrados em 1996 (Fig. 7a).

A componente cíclica da velocidade média dos ventos e a cossenoide cujas

cristas espaçadas por intervalos iguais de 24 meses, mostram fases de

prosperidade relativa ao inverno dos anos pares e de depressão no inverno dos

anos ímpares, a partir de julho de 1996. Os maiores picos de prosperidade da

componente cíclica da velocidade média dos ventos mensal são encontrados

apenas nos extremos da série meses.

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23

Figura 7. Componentes do modelo clássico multiplicativo para séries temporais mensais de velocidade média dos ventos (km/h). (a) componente de tendência; (b) componente cíclica (24 meses); (c) componente sazonal (12 meses), na região de Penha, SC, Brasil.

A componente sazonal da velocidade média dos ventos (linha tracejada), e a

cossenoide do modelo (linha continua) apresenta picos espaçados por intervalos

iguais de 12 meses (período de inverno), a partir de julho de 1996 (início da série).

(

c)

(

b)

(

a)

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24

As depressões correspondem ao período de verão (Fig. 7c). A componente sazonal

apresenta os maiores picos no período de inverno dos anos. Exceção para o ano de

2006 (100º mês) cujo pico da componente sazonal dos ventos esteve relacionado

como o verão.

5.2 Regressão linear simples entre variáveis ambientais e o camarão sete-

barbas

5.2.1 Precipitação pluviométrica e a biomassa removida

A análise dos dados (fig. 8) indica que conforme os volumes médios anuais

de chuvas aumentavam em direção ao ano de 1998, os volumes das capturas do

sete-barbas, também incrementavam na Armação do Itapocoroy; assim como, entre

1998 e 2001 quando reduziram os volumes de chuva as capturas acompanharam.

Comportamento semelhante pode ser verificado para o fim da série (a partir de 2004

em direção a 2008), e, posteriormente, se elevam novamente.

Figura 8. Comportamento médio anual das variáveis: chuva em milímetros (linha tracejada) e

biomassa de camarão sete-barbas removida pela amostragem, em quilogramas (linha contínua) entre julho de 1996 e julho de 2008, na região de Penha, SC, Brasil..

Estas constatações podem ser um indicativo de que possa haver uma relação

linear entre chuvas e capturas. Entretanto, em 2002, as capturas foram muito

distintas dos demais anos, além de apresentar comportamento diferenciado em

relação às chuvas.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0

50

100

150

200

250

1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

kg(mm)

Anos

media anual das chuvas (mm) captura média anual (kg)

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25

Quando o incremento ou redução das capturas acompanha as chuvas, em

2002 foi registrada uma variação diferenciada com o maior rendimento (kg) de

camarão capturado em toda a série, enquanto que as chuvas permaneceram em

níveis bem abaixo dos encontrados nos extremos da série (Fig. 8).

A tabela I apresenta o resumo da regressão linear simples entre chuvas e a

biomassa média dos dados mensais. O maior valor estimado de R2 = 0,071,

demonstram que a relação é positiva para o intervalo de 3,0 meses entre os

eventos, porém de fraca intensidade.

O teste t = 3,126, p = 0,05, confirmou a existência de relação linear

significativa entre a precipitação mensal e a biomassa média mensal no intervalo de

3,0 meses. Assim, mesmo que pequena, em torno de 7% ocorre uma relação

positiva e entre o volume mensal de chuva e a biomassa média mensal de camarões

(Tab. I).

Tabela I. Resumo dos resultados da regressão linear simples entre precipitação (mm) e biomassa média (kg

-1) capturada na Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Dados mensais no período de agosto

de 1996 a julho de 2008.

Estatística da

Regressão

Chuva vs. biomassa simultânea

Chuva vs. biomassa com intervalo de 3

meses

Chuva vs. biomassa com intervalo de 6

meses

r 0,029 0,267 0,122 R

2 0,001 0,071 0,015

Erro padrão

1,394 1,354 1,675

F 0,112 9,773 1,148 t 0,334 3,126 1,072

Valor-p 0,7739 0,002 0,287 SQT 252,915 250,799 216,372

SQReg 0,217 17,921 3,220 SQR 252,698 232,878 213,152

XbbY o 1ˆˆˆ XY 000,0185,1ˆ XY 004,0634,0ˆ XY 002,0110,1ˆ

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26

5.2.2 Vazão do Rio Itajaí-Açu e a biomassa removida

O comportamento médio anual entre vazão do rio Itajaí-Açu e captura do

sete-barbas (Fig. 9), apresenta-se semelhante à precipitação de julho de 1996 até

1998, na medida em que os volumes de descarga do rio Itajaí-Açu aumentam as

capturas de X. kroyeri na Armação do Itapocoroy acompanham. A partir do ano de

2000, os volumes médios de vazão apresentam forte tendência de queda e a

biomassa, parece acompanhar essa tendência.

Figura 10. Comportamento médio anual das variáveis vazão em m

3.s

-1 (linha tracejada) e

biomassa de camarão sete-barbas removida pela amostragem, em quilogramas (linha contínua) entre julho de 1996 e julho de 2008, na região de Penha, SC, Brasil.

A regressão linear entre a vazão do Rio Itajaí-Açu e a média mensal da

biomassa removida com intervalo de 6,0 meses entre as variáveis, apresentou

baixos valores para o coeficiente de determinação R2 (0,043). A correlação (r =

0,216) indica que a relação entre os eventos é de fraca intensidade, porém é positiva

(Tab. II).

O teste t = 2,398 para o intervalo de 6,0 meses indicou relação significativa (p

= 0,018) entre a vazão e biomassa. Embora fraca essa relação, os resultados

sugerem que o efeito das descargas do rio sobre a biomassa de camarão sete-

barbas na Armação do Itapocoroy não se manifestam de imediato

(simultaneamente), mas com intervalo de 6 meses (Tab. II).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0

100

200

300

400

500

600

1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

kgm3/s

Anos

vazão média anual biomassa média anual

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27

Tabela II. Resumo da regressão linear simples entre vazão média mensal do rio Itajaí-Açu (m3/s) e a

biomassa média (kg) capturada na Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Dados mensais no período de agosto de 1996 a julho de 2008.

Estatística da

Regressão

Vazão vs. biomassa simultâneo

Vazão vs. biomassa com intervalo de 3 meses

Vazão vs. biomassa com intervalo de 6 meses

r 0,062 0,086 0,216 R

2 0,004 0,007 0,043

Erro padrão

1,392 1,414 1,398

F 4,497 0,917 5,753 t -0,705 0,957 2,398

Valor-p 0,48 0,34 0,018 SQT 252,915 245,72 241,99

SQReg 0,964 1,83 11,25 SQR 251,951 243,88 230,74

XbbY o 1ˆˆˆ XY 000,0370,1ˆ XY 001,0103,1ˆ XY 002,0869,0ˆ

5.2.3 Salinidade e captura do camarão sete-barbas

Comportamento médio anual entre salinidade e captura do sete-barbas

apresenta oscilações irregulares entre as variáveis (Fig. 10). Estas oscilações

sugerem que a salinidade apresenta-se como um estimador viesado, pois em 1998

(El niño – forte) apresenta variação negativa da salinidade relativamente bem

ajustada às condições de elevada chuva e vazão deste período (200 mm e 500 m3.s-

1, respectivamente). Entretanto, em 2005, em situação de neutralidade climática e

início de severa estiagem que se instalaram nos anos seguintes, os valores de

salinidade obtidos foram os menores em toda a série, para valores de chuva e vazão

igual a 168 mm e 170 m3/s respectivamente (Fig. 10).

Os principais resultados obtidos para regressão linear entre salinidade média

do fundo e captura média mensal, sugerem que a melhor relação (R2 = 0,034) ocorra

para o intervalo de 3,0 meses entre as variáveis, porém de fraca intensidade (Tab.

III). A qual foi confirmada pelo teste t = 2,09, p= 0,05, indicando uma relação positiva

e significativa entre a salinidade média do fundo e a biomassa média mensal.

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28

Figura 10. Comportamento médio anual das variáveis salinidade (linha tracejada) e biomassa

de camarão sete-barbas removida pela amostragem, em quilogramas (linha contínua) entre julho de 1996 e julho de 2008, na região de Penha, SC, Brasil.

Como demonstrado pela componente de tendência (p < 0,011) a salinidade

responde de maneira satisfatória a oscilação negativa da vazão e válida para o

emprego do método dos mínimos quadrados em contraste à biomassa (Tab. III).

Tabela III. Resumo da regressão linear simples entre salinidade média do fundo (ppm) e biomassa média (kg

-1) capturada na Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Dados mensais no período de agosto

de 1996 a julho de 2008.

Estatística da

Regressão

Salinidade vs. biomassa

simultâneo

Salinidade vs. biomassa com intervalo de 3

meses

Salinidade vs. biomassa com intervalo de 6

meses

r 0,15 0,19 0,022 R

2 0,02 0,034 0,00005

Erro padrão

1,39 1,39 1,44

F 2,90 4,37 0,056 t 1,70 2,09 -0,237

Valor-p 0,09 0,039 0,81 SQT 252,88 250,772 241,902

SQReg 5,60 8,40 0,117 SQR 247,28 242,302 241,785

XbbY o 1ˆˆˆ XY 11,030,2ˆ XY 132,0159,3ˆ XY 016,081,1ˆ

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

32

32

33

33

34

34

35

35

1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

kgppm

Anos

salinidade média anual biomassa média anual

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29

5.2.4 Relação entre vento e captura do camarão sete-barbas

O comportamento médio anual da velocidade dos ventos (fig. 11) em

contraste com a biomassa demonstra que a partir de 1996 ocorre uma diminuição

sistemática na velocidade média dos ventos ao longo dos anos, com os meses de

fevereiro apresentando a maior média e abril as menores velocidades médias das

rajadas.

Figura 11. Comportamento médio anual da velocidade do vento em km/h

-1 (linha Tracejada) e

biomassa de camarão sete-barbas removida pela amostragem, em quilogramas (linha contínua) entre julho de 1996 e julho de 2008 na região de Penha, SC, Brasil.

Entretanto, o principal pico de biomassa (2002) ao longo do período de estudo

em que são registrados os mais baixos valores de velocidade média dos ventos. A

diminuição da velocidade dos ventos não está diretamente relacionada com o

aumento das capturas de camarão sete-barbas, visto que nenhum resultado foi

significativamente diferente para os intervalos de 3,0 e 6,0 meses na regressão

linear entre a velocidade média dos ventos e a biomassa (Tab. IV).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0

1

2

3

4

5

6

7

8

1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

kgkm/h

Anos

média anual da velocidade dos ventos biomassa média

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30

Tabela IV. Resumo da regressão linear simples entre velocidade média do vento (km/h) e biomassa média (kg) capturada na Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Dados mensais no período de janeiro de 1997 a julho de 2008.

Estatística da

Regressão

Velocidade do vento vs. biomassa

simultâneo

Velocidade do vento vs. biomassa com intervalo de

3 meses

Velocidade do vento vs. biomassa com intervalo de

6 meses

r 0,12 0,093 0,13 R

2 0,01 0,009 0,02

Erro padrão 1,43 1,422 1,43 F 1,667 1,05 1,93 t -1,291 1,025 1,39

Valor-p 0,19 0,30 0,17 SQT 247,227 246,781 231,05

SQReg 3,279 2,125 3,95 SQR 243,948 244,656 227,09

XbbY o 1ˆˆˆ XY 135,0945,1ˆ XY 109,0715,0ˆ XY 17,046,0ˆ

5.3 Análise de variância (ANOVA)

O desempenho em termos de rendimento (kg) da biomassa removida no último

trimestre dos anos diante da influência dos fenômenos de ENOS (fig. 12). Na

representação esquemática as chaves indicam a zona de influência dos ENOS: no

eixo horizontal, o último trimestre dos anos sobre a influência da neutralidade

climática, El Niño e em situação de La Niña.

Os pontos são formados pelo somatório da biomassa mensal dos meses de

outubro, novembro e dezembro (em triplicata), e representam variação amostral, ou

o comportamento interno (dentro) dos grupos, em cada um dos três “tratamentos”

(neutralidade climática, El Niño, e La Niña). Ou seja, como a biomassa observada

variou nos meses de outubro, novembro e dezembro quando este trimestre esteve

sobre influência de ENOS.

A linha pontilhada indica que o rendimento médio (kg) da biomassa removida

no último trimestre dos anos sobre influência de El Niño é maior do que o

rendimento médio obtido no mesmo período de tempo, porém sobre influência de

outros eventos ENOS (neutralidade climática e La Niña).

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31

Figura12. Desempenho da biomassa (kg) capturada em Penha, SC, no último trimestre de anos sobre a influência dos eventos de EL Niño Oscilação Sul - ENOS. A linha pontilhada indica o perfil da média da biomassa removida entre os meses de outubro, novembro e dezembro conforme a influência dos ENOS. Os pontos indicam os valores absolutos da biomassa removida no último trimestre dos anos testados, e a linha contínua representa a média geral de todo o conjunto, no período testado.

A linha contínua (média geral da biomassa removida) indica que a média total

no último trimestre do período analisado foi em torno de 1 kg. Foram observadas

diferenças significativas (F= 3,96, p < 0,03) entre as médias da biomassa para os

diferentes tratamentos. O teste da diferença mínima significante (dms) indicou que a

menor diferença da biomassa tomada como significativa foi de 1,32 kg. A diferença

entre a biomassa capturada em períodos de El niño e La niña foi de 1,45 kg,

consequentemente maior que o valor de dms.

Quando o último trimestre dos anos testados esteve sob o efeito de El niño o

rendimento médio da biomassa capturada foi maior (em torno de 2 kg), enquanto

que durante a influência de La niña o rendimento em média do último trimestre foi de

apenas 0,55 kg.

A diferença entre a biomassa capturada em período de El niño e a biomassa

capturada em situação de neutralidade climática não foram significativas para o

último trimestre dos anos, também não foram observadas diferenças entre as

médias de chuva, vazão e velocidade média dos ventos para os diferentes

tratamentos de ENOS no último trimestre dos anos testados (Tab. V).

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32

Tabela V. Resumo dos resultados da ANOVA aplicada à análise da influência dos eventos de El niño Oscilação Sul (ENOS).

6 DISCUSSÃO

6.1 As séries temporais

O modelo multiplicativo é mais adequado quando as oscilações da série

apresentam flutuações ao longo do tempo, portanto apropriado ao conjunto de

dados testados nesse trabalho. A tendência é a componente macro da série

temporal (Levine et al., 2005, 2008; Morettin & Toloi, 2006; Milone, 2009),

indicadora do movimento geral da variável, definidora de sua inercia, percurso

traçado e de sua extensão em um determinado intervalo de tempo. Entretanto, a

determinação da tendência é particularmente complexa em séries climatológicas,

porque estas variáveis apresentam flutuações aleatórias significativas ao longo do

tempo (Shukla, 1981; Cavalcanti et al., 2002).

Não foram observadas tendências nítidas para as séries temporais de

biomassa do camarão sete-barbas e de precipitação. Mesmo que tenham ocorrido

flutuações nessas variáveis, o modelo não apresentou movimento geral persistente

além da estacionariedade, provavelmente devido a ocorrência de processos

estocásticos que, segundo Cavalcanti et al. (2002), tipicamente estão presentes em

séries contínuas ao longo do tempo, como no caso da precipitação. Uma das formas

de tentar identificar a eventual presença de tendência é utilizar filtros capazes de

reduzir a variabilidade mostrada na série, como o ajuste exponencial, porém sem

efeito significativo para essas duas variáveis.

Caso a série de precipitação mensal (sem tendência evidente neste trabalho)

fosse analisada apenas dentro do intervalo de 1998 e 2004, provavelmente a série

Estatística F

Chuva (mm)

Vazão (m

3. s

-1)

Velocidade dos ventos (km.h

-1)

F 2,53 0,83 1,71 Fcrítico 3,40 3,40 3,40

Valor-p 0,10 0,40 0,20

Dms 60 mm 8.331 m3.s

-1 36 km.h

-1

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33

apresentaria tendência de redução com o tempo e concluiríamos que os volumes de

chuvas precipitados na região de Penha, SC diminuíram ao longo deste período e

consequentemente redução do aporte continental. Por outro lado, a conclusão seria

oposta caso se aplicasse o mesmo teste à série apenas entre 1996 e 1999

(tendência de elevação dos volumes de chuvas); entretanto, séries temporais longas

possuem melhor capacidade para a determinação da tendência do que fragmentos

ou séries de curta duração.

Além disso, considerando que o comportamento oscilatório presente nas séries

de precipitação e biomassa removida tenham sido manifestações da ocorrência de

processos estocásticos caracteristicamente associados a estas variáveis ao longo

do tempo, significaria assumir que mesmo com séries de dados mais longas

(superiores a 30 anos de dados) dificilmente seria evidenciado movimento geral

persistente distinto da do perfil estacionário para a componente de tendência destas

duas variáveis, através do modelo clássico multiplicativo.

Por outro lado, a série de vazão esteve associada a um comportamento

sistemático relacionado com o tempo. A componente de tendência da vazão do rio

Itajaí-Açu apresentou movimento descendente persistente na série. A situação de

normalidade climática e alternâncias com La Niña a partir de 2005 até o inicio de

2007 resultou em períodos de estiagem severa e prolongada ao longo da série. As

consequências desta estiagem prolongada podem ter afetado o balanço hídrico na

região, manifestada pela queda continua da componente de tendência de vazão,

durante toda a série.

A tendência da salinidade parece ter respondido de forma satisfatória a

componente da vazão, na medida em que os volumes de vazão do rio Itajaí-Açu

diminuem ao longo do tempo (série), a componente de tendência da salinidade da

região costeira adjacente ao estuário, apresenta um movimento geral ascendente. A

taxa de incremento da salinidade média de fundo na Armação do Itapocoroy é baixa,

porém constante, correlacionada com a componente de tendência (descendente) da

vazão do rio Itajaí-Açu.

Considerando que no modelo clássico multiplicativo as componentes cíclica e

sazonal são estimadas a partir da componente de tendência, qualquer que seja o

comportamento geral da tendência terá implicações que incidirão diretamente sobre

as demais componentes.

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34

A componente cíclica apresenta anualmente um pico de biomassa, cujo inicio

do incremento da captura de X. kroyeri, na maioria dos casos, ocorre a partir do fim

do verão, até a fase de prosperidade no outono e inverno, com recessão a partir do

inverno até a depressão na primavera. Embora a tendência da biomassa tenha

apresentado comportamento estacionário, a componente cíclica dessa variável

exibiu periodicidade anual bem definida.

Para Morettin & Toloi (2006) os comportamentos sazonais são flutuações

ocasionadas na série temporal devido à influência de algum fator externo de

sazonalidade. O conhecimento do valor da componente sazonal permite a

decomposição da série cronológica, eliminando estas influências (Pierce, 1979;

Milone, 2009).

No caso da sazonalidade são exemplos de os fatores que podem influenciar

essa componente na base de dados de biomassa média removida: as condições

climáticas relativas às estações do ano, a influência de eventos El Niño Oscilação

Sul - ENOS, a demanda do recurso provocada pelo turismo sazonal de veraneio, a

existência de legislação/regulação das capturas (portarias ou instruções normativas

referentes ao defeso de espécies comerciais), entre outros.

A biomassa removida do camarão sete-barbas apresentou sazonalidade bem

definida ao longo da série. Dividindo-se o ano em duas partes iguais (conforme

estabelecido pela a cossenóide da componente sazonal) observa-se que os maiores

rendimentos de biomassa (kg) foram obtidos no final do primeiro semestre de cada

ano testado e os menores rendimentos ocorreram no final do segundo. Da mesma

maneira, precipitação e vazão apresentam comportamento semelhante ao X. kroyeri,

o que indica uma provável relação entre as variáveis físicas e as capturas de

camarão.

Embora a vazão apresente sazonalidade relativamente definida e ajustada ao

regime hidrológico do rio, a salinidade deveria responder as oscilações sazonais da

vazão. Entretanto, o comportamento aparentemente regular da salinidade pode

refletir tanto a propriedade conservativa dessa variável, quanto processos

estocásticos associados a esta variável ao longo do tempo, ou ainda devido a falhas

no procedimento amostral da salinidade de fundo ocasionado por má vedação do

recipiente coletor (contaminação com água de salinidades diferentes em diferentes

estratos de profundidade).

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35

6.2 As relações lineares entre variáveis ambientais e o camarão sete-barbas

Áreas costeiras, estuários, desembocadura de rios e manguezais, são

ecossistemas que apresentam elevados níveis de produção biológica em função dos

aportes continentais de nutrientes. Importantes recursos pesqueiros, como

camarões marinhos adaptaram seus ciclos de vida obtendo o máximo dessa

produção. Macnae (1974) foi um dos primeiros pesquisadores a sugerir que existe

uma relação causal entre a presença de manguezais e o rendimento da pesca de

camarões em áreas adjacentes.

Esta ideia foi expandida nos estudos de correlações, onde as relações

empíricas têm sido amplamente utilizadas (Martsubroto & Naamin, 1977; Turner,

1977), seja na avaliação de impactos ambientais, nas relações gerais entre

organismos costeiros e áreas úmidas de maré (Longhurst & Pauly, 2007).

Em muitas espécies de camarões peneídeos, as larvas concentram-se

desembocadura dos estuários e lagunas, entrando nas marés enchentes (Barcelos,

1968; Calazans, 1978; Castello e Möller, 1978; D’Incao, 1984 e 1991; Fausto et al.,

2007), em alguns casos, utilizam a migração vertical entre o fluxo de superfície e

fundo para ingressarem no estuário (Longhurst, 1971a; Mistakidis, 1973; Rothisberg,

1982; Orsi, 1986; Longhurst & Pauly, 2007). O retorno ao mar dos pré-adultos,

geralmente ocorre 3 a 6 meses após o ingresso em períodos de grandes descargas

de água dos estuários (Barcelos, 1968; D’Incao, 1984).

Em relação ao processo reprodutivo de peneídeos de hábitos não estuarinos,

Longhurst & Pauly (2007) concordam que o padrão anual de desova bimodal seja

uma característica muito básica de suas populações. De forma semelhante a X.

kroyeri, estudado na Armação do Itapocoroy, SC (Branco, 1999 e 2005),

Metapenaeus affinis e Parapenaeus stylifera ao largo do noroeste da Índia,

(Longhurst & Pauly, 2007), Penaeus merguiensis no Golfo de Carpentária, Austrália

(Rothlisberg et al., 1985b), Penaeus semisulcatus no Golfo Pérsico e Penaeus

esculentos o largo da costa da oeste da Austrália (Garcia & LeReste, 1981) o ciclo

de vida destas espécies apresenta-se com crescimento oscilando sazonalmente: a

desova ocorre em dois pulsos por ano denominado de entrelaçamento de coortes,

segundo Rothlisberg et al. (1985b), sem usar regiões estuarinas para o seu

desenvolvimento juvenil, assim como dois eventos anuais de recrutamento.

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Embora o entrelaçamento de coortes seja comum, também X. kroyeri possui

dois picos reprodutivos em intervalo de aproximadamente meio ano entre eles

(Neiva, 1967; Santos et al., 1969), ainda persistem dúvidas acerca da capacidade

reprodutiva desta espécie no fim dos primeiros seis meses de vida dentro do

intervalo normal de geração.

Nas espécies de camarão que não utilizam as regiões estuarinas para o

desenvolvimento dos juvenis, como Xiphopenaeus kroyeri, a presença nestes

ambientes deve modificar qualquer relação simples entre produção de camarão e

áreas úmidas adjacentes (Longhurst & Pauly, 2007). Os autores advertem que não

há certeza de que tal relação seja causal, provavelmente a produtividade da

plataforma continental seja sustentada pelo aporte de material orgânico terrestre.

As relações de causa e efeito entre as variáveis ambientais propostas nesse

estudo e a biomassa de camarão sete-barbas não apresentaram relação satisfatória

para explicar as flutuações das capturas na Armação do Itapocoroy ao longo de 11

anos de amostragens. Entretanto, as captura de camarão com hábitos estuarinos

tem sido relacionadas com ventos, marés, precipitação e taxa de descarga de rios

(Calazans, 1978; Garcia & LeReste, 1981; Silva, 1989; Gammelsrød, 1992a e

1992b; Fausto e Fontoura, 1999). Modelos de previsão da biomassa a partir de

variáveis ambientais, em geral são bem sucedidos, mas alguns têm capacidade

preditiva um tanto baixa, especialmente onde pressões econômicas de uma pescaria

intervêm na gestão dos recursos (Grant et al., 1981).

A maioria dos trabalhos que abordam este tema demostram essas relações

através da correlação de Pearson ou Spearman, modelos regressivos de mínimos

quadrados, além dos formulados para propósitos de avaliação e administração de

estoques de peixe (Longhurst & Pauly, 2007). Para Levine et al. (2005 e 2008) a

correlação por si só, não consegue provar a existência de uma relação de causa e

efeito, pois a simples alteração no valor de uma variável causa uma alteração na

outra. Uma forte correlação pode ser produzida simplesmente pelo acaso, ou pelo

efeito de uma terceira variável não considerada no calculo da correlação (Levine et

al., 2005 e 2008).

Para Gammelsrød (1992b) a variação sazonal da abundância Penaeus indicus

sobre o banco de Sofala (Moçambique) acompanha a tendência dos níveis de

precipitação, embora o pico de captura em abril ocorra com defasagem de dois

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meses após o pico de precipitação (Silva, 1989). Este fato sugere que a migração

offshore de juvenis possa estar relacionada à alteração da salinidade nas áreas de

berçário.

Segundo Vance, et al. (1985), os juvenis de Penaeus merguiensis do golfo da

Carpentária (Austrália) durante o período de crescimento são menos hábeis para

tolerar a elevação dos níveis de água doce devido a chuvas fortes e/ou elevada

vazão dos rios. Nessas situações uma grande fração da população é recrutada para

as áreas de pesca adjacentes, fornecendo uma explicação de correlação positiva,

muitas vezes encontrada entre precipitação e abundância (Gammelsrød, 1992a). A

relação entre precipitação e recrutamento não depende diretamente do tamanho

absoluto do estoque juvenil, mas da proporção dele que emigra (Staples, 1985). Em

alguns casos, o excesso de chuvas tende a reduzir as áreas de berçário disponíveis

com salinidade apropriada, causando uma relação negativa entre precipitação e

captura (Garcia & LeReste, 1981).

A relação linear entre precipitação e biomassa de X. kroyeri na Armação do

Itapocoroy apresentou os melhores resultados preditivos quando as variáveis são

defasadas entre si em três meses. Assim, o efeito das chuvas sobre as capturas de

camarão não são evidenciados de imediato, demonstrando a importância da

sazonalidade.

O intervalo preditivo de 3 meses pode ter sido construído com base apenas

nas características dos dados e não pela existência de relações, de fato, entre as

variáveis. Os dados de precipitação nas estações meteorológicas são compostos

pelo somatório dos volumes (mm) registrados ao longo do mês, enquanto que a

biomassa de camarão sete-barbas utilizada nesse trabalho é composta pela média

mensal obtida em um único evento amostral (em triplicata), realizado na primeira ou

na segunda quinzena dos meses. Dessa forma, o intervalo de 3 meses eliminou a

possível ocorrência de processo estocástico entre as variáveis. Dessa forma, todo o

volume precipitado em determinado mês ou estação pode ser corretamente

correlacionado, dentro do intervalo preditivo, com a biomassa.

Em geral, o modelo de melhor ajuste, na base dados testada ao longo dos 11

anos de amostragem, projetou rendimento médio mensal de X. kroyeri em torno de

1,5 kg por hora de arrasto para volumes de chuva entre 90 e 700mm registrados no

período de julho de 1996 e julho de 2008, corroborando com o exposto por Grant et

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al. (1981) acerca da baixa capacidade preditiva do modelo. Entretanto, não existe

um parâmetro de quantificação disponível para determinar a abrangência do modelo,

pois o valor da inclinação pelo método dos mínimos quadrados da regressão foi

muito baixo (b1’ = 0,004), além disso, a proporção da variação nas capturas de

camarão sete-barbas que é explicada através chuvas também é baixa (até 7%).

Para Gammelsrød (1992), as taxas de captura de camarões no banco de

Sofala, estiveram positivamente correlacionadas com o escoamento do Rio Zambezi

e negativamente associadas ao esforço de pesca local. Segundo o mesmo, a

correlação foi maior quando a captura de janeiro foi defasada em comparação com o

período de escoamento no mês de dezembro do ano anterior, indicando a natureza

preditiva da relação. A correlação entre as variáveis caiu drasticamente em

fevereiro, período em que o escoamento do rio Zambezi é anualmente interrompido

pelo fechamento da barragem Cahora Bassa para a geração de energia. Estes

resultados apoiaram a ideia de que um alto escoamento do Rio Zambezi durante a

estação chuvosa estimula o recrutamento de Penaeus indicus sobre o banco de

Sofala (Silva, 1986; Gammelsrød, 1992a).

A relação semestral entre vazão e biomassa de camarão sete-barbas pode ser

interpretada conforme Schettini et al. (1998), onde a periodicidade de vazão do rio

Itajaí-Açu, apresenta os valores máximos entre julho e agosto. Por outro lado, Araújo

et al., (2006) demonstram que independente do ano, os meses mais chuvosos em

Itajaí e região são observados em janeiro e fevereiro. Desta forma, o ciclo de vida do

X. kroyeri, capturado em Penha, SC, adaptado a pelo menos dois pulsos principais

de reprodução anual (Branco, 2005) pode estar relacionado com os pulsos de vazão

do Rio Itajaí-Açu. Assim, a melhor capacidade preditiva do modelo foi o com

defasagem de 6,0 meses a relação entre vazão e a biomassa média (kg) removida

de camarão sete-barbas.

A regressão linear entre salinidade média do fundo e captura média mensal

sugere que a melhor relação, estimada pelo coeficiente de determinação (R2), deva

ocorrer dentro do intervalo preditivo de 3,0 meses entre as variáveis. A salinidade é

considerada como um dos mais importantes fatores abióticos que afetam o

crescimento e a sobrevivência de organismos aquáticos (Barcelos, 1968; Calazans,

1978; Castello e Möller, 1978; D’Incao, 1984 e 1991; Rothisberg, 1982; Orsi, 1986;

Gammelsrød 1992a e 1992b; Fausto et al., 2007; Longhurst & Pauly, 2007). Outra

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característica importante da salinidade é a sua propriedade conservativa, entretanto,

em regiões costeiras a sua variabilidade é controlada principalmente em função da

diluição causada pelo aporte continental.

Nos trabalhos que se referem à captura de camarão com precipitação e/ou

descarga fluvial, o sucesso do resultado preditivo esta baseado, principalmente, na

influência conhecida da salinidade da água sobre as áreas costeiras consideradas

berçários. Os estágios larvais da maioria dos camarões peneídeos ocorrem em água

salgada. Para Pinto-Marques (2009) as flutuações da salinidade podem explicar as

variações na abundância das larvas de X. kroyeri no estuário de Marapanim, PA.

Entretanto, a autora destaca que além das larvas serem consideradas de ocorrência

esporádica no interior de estuários, a espécie não apresentou correlação

significativa com nenhum dos fatores abióticos analisados.

A área adjacente ao estuário do rio Itajaí-açu, com profundidade variando entre

5 e 25 metros, apresentam os maiores gradientes de salinidade, temperatura e

concentração de material particulado em suspensão, em função da interação de

trocas de água entre a plataforma e o estuário (Schettini et al., 1998; Schettini et al.,

2005).

Além da forte influência da descarga do rio Itajaí-Açu sobre a plataforma

interna com deslocamento de sua pluma para o norte (Schettini, 2002), a região é

influenciada pela presença da corrente do Brasil (Água Tropical) nos meses de

primavera-verão e pelo do ramo costeiro da corrente das Malvinas nos meses de

inverno, ambas com teores de salinidade distintos da região costeira local (Carvalho

et al., 1998).

Em relação a velocidade dos ventos e biomassa, a análise de regressão não

apresentou diferenças significativas para nenhum dos intervalos preditivos testados,

apesar de em 2004 a região sul do Brasil tenha sido atingida por um evento climático

extremo (furacão Catarina) com significativa intensificação no regime de ventos.

Caso os ventos tenham alguma importância na relação de causa e efeito, na medida

em que a velocidade média desse vem perdendo a intensidade, conforme

evidenciado no modelo clássico multiplicativo, menos importante será a influência

dessa variável na predição das capturas.

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6.3 Efeitos de El Niño Oscilação Sul - ENOS

Para Longhurst & Pauly (2007), a variabilidade interanual no ecossistema

marinho pode ser expressa de dois modos. Primeiro, os eventos do El niño

acarretam mudanças ambientais em escala global, induzidas de forma direta por ele.

Segundo, existem mudanças locais no ambiente biológico de ano para ano,

principalmente na zona costeira, que podem ser induzidas pelos padrões de chuvas

regionais ou eventos estocásticos na circulação oceânica, especialmente em

mesoescala.

O clima da região de Itajaí também está sujeito a variações em função de

fenômenos de El Niño Oscilação Sul (ENSO) (Debortoli et al., 2003). Estes autores

consideram que os efeitos de El Niño sobre a região configuram-se como verões

quentes e chuvosos, e em geral, chuvas bem distribuídas ao longo do ano. A La

Niña se manifesta através de invernos frios e secos e irregularidades na distribuição

das chuvas (Debortoli et al., 2003). Entretanto, para Araújo et al. (2006) os

fenômenos de ENSO resultam em alterações nos regimes de chuvas, mas não

alteram a climatologia local e regional.

Independente da situação de El Niño, La Niña ou neutralidade climática, os

períodos anuais de maior precipitação pluviométrica permanecem inalterados em

relação aos volumes esperados. Porém, em situação de La niña, os índices

pluviométricos esperados para determinado período, ao invés de serem bem

distribuídos ao longo do ano como em situação de El Niño, podem estar

concentrados em poucos eventos intensos e de curta duração. Essa característica

irregular na distribuição das chuvas resultante da situação de La Niña, é um evento

típico da incidência desse fenômeno na região (Araújo, et al., 2006), interferindo no

balanço hídrico do rio Itajaí-Açu.

Considerando que os efeitos de El Niño se caracterizam por verões quentes e

chuvosos e pela distribuição uniforme das chuvas durante o ano todo na região sul

do Brasil (Debortoli, et al., 2003), a explicação para que a biomassa de camarão

sete-barbas fosse significativamente maior em período de El Niño do que La Niña,

pode estar relacionado com a distribuição regular das chuvas e consequente

regularidade na vazão do rio Itajaí-Açu.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os esforços analíticos empregados não evidenciaram de forma confirmatória

a hipótese levantada de que a análise das flutuações interanuais da vazão do Rio

Itajaí-Açu, e de outros fatores climáticos da região costeira, poderiam fornecer um

cenário preditivo para o rendimento de biomassa dos estoques de camarão sete-

barbas da Armação do Itapocoroy, Penha, SC. Pelo menos não sem uma base de

dados mais robusta. É possível apenas aceita-la como hipótese plausível.

Afinal, por que deveria haver uma relação entre a abundância de camarão

sete-barbas e a precipitação pluviométrica da região de Penha, SC ou o escoamento

do Rio Itajaí-Açu? A resposta parece simples e direta. Mesmo empiricamente seria

possível considerar que a sincronia entre a reprodução e os ciclos sazonais

ambientais deveria representar alguma vantagem para um animal de curta duração:

fonte de nutrientes, matéria orgânica, gases dissolvidos como oxigênio, salinidade

adequada para fases iniciais do ciclo de vida, entre outros benefícios. Entretanto, a

determinação ou a quantificação destes possíveis efeitos não parece ser tarefa

simples ou direta.

Considerando que o ciclo de vida do camarão sete-barbas não esteja

necessariamente ajustado ao confinamento no interior de estuários, onde a

salinidade é frequentemente variável, os resultados das análises de regressão entre

variáveis ambientais e biomassa removida na Armação do Itapocoroy indicaram que

as relações apresentaram efeitos muito ténues em comparação com outros

trabalhos.

A maioria dos estudos citados demostraram como as relações entre variáveis

ambientais e peneídeos se processa, através de analises de correlação (Pearson (r)

ou Spearman), modelos regressivos de mínimos quadrados, além dos modelos

formulados para propósitos de avaliação e administração de estoques de peixe. Os

problemas da correlação encontram-se na incapacidade que o teste possui em

provar a existência de uma relação de causa e efeito, mesmo quando a causa (ou o

efeito) esteja presente. Por outro lado, os melhores resultados para o coeficiente de

determinação (R2) descritos na literatura pelo emprego da regressão linear foram

obtidos a partir de séries históricas originárias da estatística pesqueira com ampla

base de dados. Além disso, o emprego de modelos populacionais para peixes não

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incorporam acontecimentos interanuais considerados como vitais na formulação de

modelos populacionais de camarões.

Outra dificuldade encontrada para a confirmação da hipótese foi que a série

temporal de X. kroyeri capturada pela amostragem na Enseada de Itapocoroy,

Penha, SC entre 1996 e 2008 não possui dados relativos a estrutura da população.

A ausência desta informação não permitiu acomodar a flutuação sazonal das taxas

de crescimento nos modelos analíticos testados, e inferências errôneas podem ter

sido extraídas sobre o ciclo de vida e a força relativa das coortes em contraste com

as variáveis ambientais.

Embora X. kroyeri apresenta-se com crescimento oscilando sazonalmente,

desova bimodal (dois pulsos por ano com maturação gonadal mais intensa entre a

primavera e o outono) aparentemente ajustada entre os períodos de maior

intensidade de precipitação e vazão na região de Penha e baixo estuário do Rio

Itajaí-Açu do rio (verão e inverno), os resultados não evidenciaram de forma clara a

importância das relações entre os ciclos ambientais e os ciclos biológicos do

camarão sete-barbas. Provavelmente devido a ausência de mais dados referentes a

produção comercial de camarão sete-barbas, pois, o trabalho demostra

replicabilidade metodológica.

Ao longo do período estudado a série temporal com melhor resultado,

estimado pelo modelo multiplicativo, foi a vazão do Rio Itajaí-Açu que apresentou

forte tendência para a redução dos volumes de água drenados pelo rio a partir de

julho 1996 até julho 2008.

Ponderando que as chuvas incidentes neste período tenham se mantido dentro

dos níveis esperados anualmente, independentemente da regularidade e da

distribuição temporal da precipitação (conforme apontado pelo modelo multiplicativo

aplicado à analise de precipitação), a detecção do comportamento individual da

vazão, apresentando-se com movimento geral persistente descendente, indica a

importância dos usos múltiplos da água na Bacia hidrográfica Rio Itajaí como fator

limitante para o aporte de nutrientes, matéria orgânica, gases dissolvidos e outros,

via drenagem continental, para as regiões costeiras adjacentes.

Ainda que seja assumido o conceito de que o ciclo de vida de X. kroyeri

ocorra integralmente no mesmo tipo de ambiente, sem distinção entre as áreas de

ocorrência de juvenis e adultos (Branco, 2005), esta perspectiva encontra problemas

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para ser evidenciada neste trabalho, porque as regiões estuarinas do Rio Itajaí-Açu

não foram amostradas.

Finalmente, é possível considerar, a partir dos resultados da ANOVA, que os

efeitos provocados pela influência dos efeitos de El Niño na região sul do Brasil, tais

como: a distribuição uniforme e regular das chuvas ao longo dos meses e

consequentemente regularidade na vazão do rio Itajaí-Açu, possam ser a explicação

para que a biomassa de camarão sete-barbas fosse significativamente maior em

períodos de El Niño do que em períodos sobre a influência de La Niña.

8 CONCLUSÕES

O fato do modelo clássico multiplicativo não exibir movimento geral

distinto do perfil estacionário para precipitação pluviométrica e

biomassa capturada na Armação do Itapocoroy, apontam para

existência de processos estocásticos presentes nestas séries, e não

para uma situação de equilíbrio.

A relação causal testada entre as variáveis ambientais e a biomassa

capturada de Xiphopenaeus kroyeri foi significativa para precipitação

pluviométrica (regulação biológica do ciclo de vida dos camarões),

vazão do rio Itajaí-Açu (aporte de alimentos, e nutrientes) e salinidade

da água de fundo na Armação do Itapocoroy (suporte fisiológico da

espécie), mas não para a relação entre velocidade média dos ventos e

biomassa capturada.

Considerando que a relação entre as variáveis seja positiva, o aumento

dos volumes de chuvas também pode significar aumento no

rendimento médio mensal das capturas de camarão sete-barbas.

O efeito das chuvas sobre a biomassa capturada não é simultâneo. O

modelo de melhor resultado foi gerado a partir do intervalo preditivo de

três meses entre chuva e biomassa, entretanto com baixa capacidade

preditiva. Este intervalo trimestral projeta rendimentos médios mensais

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de captura superiores a 1,5 kg por hora de arrasto para o processo

amostral utilizado.

Em geral, quanto maior o volume de descarga do rio Itajaí-Açu, maior

será o rendimento esperado nas capturadas de camarão sete-barbas

da Armação do Itapocoroy, mas com uma diferença aparente de seis

meses (correlacionados com as coortes semestrais).

Os efeitos da salinidade sobre a captura de camarão sete-barbas não

são evidenciados simultaneamente, mas apresenta defasagem

comparável à interação entre chuva e biomassa. Com intervalo de três

meses entre as variáveis, que demonstra os efeitos da sazonalidade.

A biomassa removida apresentou os maiores rendimentos (2,0 kg) por

hora de arrasto quando os resultados da amostragem foram

associados com períodos sobre influência de El Niño, e demonstraram

como a intensificação e a regularidade das chuvas incidentes deste

período foram importantes para a produção do camarão sete-barbas.

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