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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PRÓ – REITORIA DE PESQUISA, PÓS – GRADUAÇÃO E EXTENSÃO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO
DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE
EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: ferramenta didática para os Programas de Hipertensão Arterial
Sistêmica e Diabetes Mellitus
Érik Imil Viana Farani
Orientadora Dra. Márcia Ribeiro Braz
Volta Redonda 2009
FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA
PRÓ – REITORIA DE PESQUISA E PÓS – GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO
DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE
EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: ferramenta didática para os Programas de Hipertensão Arterial
Sistêmica e Diabetes Mellitus
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação (UniFOA) – Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente como requisito para obtenção do Grau de Mestre.
Érik Imil Viana Farani
Orientadora: Dra. Márcia Ribeiro Braz.
VOLTA REDONDA
2009
FICHA CATALOGRÁFICA
Bibliotecária: Gabriela Leite Ferreira -- CRB 7/RJ - 5521
FICHA CATALOGRÁFICA
F219 Farani, Érik Imil Viana. Educação física na estratégia saúde da família / Érik Imil Viana Farani – Volta Redonda: UniFOA, 2009. 89 f. Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA. Mestrado acadêmico em Ensino de Ciências da Saúde e Meio Ambiente, 2009. Orientadora : Profa. Doutora Márcia Ribeiro Braz
1. Educação física-- Estudo e ensino. 2. Qualidade de vida. I. Título.
CDD – 796.1
FOLHA DE APROVAÇÃO
Érik Imil Viana Farani
EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA: ferramenta didática para os Programas de Hipertensão Arterial Sistêmica e
Diabetes Mellitus
Banca examinadora:
________________________________________
Dra Márcia Ribeiro Braz
Presidente
________________________________________
Dra Maria de Fátima Alves de Oliveira
10 Avaliador
_____________________________________________________________
Dr. Adilson da Costa Filho
20 Avaliador
DEDICATÓRIA
A Deus por permitir minha estada nesse mundo e por estar sempre ao meu lado.
A meus pais Imil Oliveira Farani e Marli Viana Farani por nunca terem desistido de mim.
À minha esposa Sylvana Cajazeira de Rezende Farani por todo o carinho e paciência dispensado nesses últimos anos.
À minha filha Isadora Rezende Farani perdão por minha ausência e falta de paciência neste período da minha vida.
Ao meu filhinho Enzo Rezende Farani que graças as benção de Deus, está por chegar, coroando esta nova etapa de minha vida. Seja muito bem vindo!
Ao meu irmão Henri Max Viana Farani pela força e torcida em todos estes anos de convivência.
Ao meu sogro Bento de Rezende e à minha sogra Bárbara Suzete Cajazeira de Rezende por terem me acolhido como mais um filho.
Às minhas cunhadas Suzana Cajazeira de Rezende e Thamara Cristhina Dornelas R. Farani e ao meu cunhado Fernando Cajazeira de Rezende, por serem essas pessoas maravilhosas.
Ao professor e amigo Luiz Carlos Lopes da Silva e sua família, por não terem só me incentivado, mas acreditarem que esse sonho era possível.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus familiares por estarem sempre ao meu lado mesmo quando inconscientemente eu tento me afastar.
Ao professor Marcelo da Silveira Chaves por sempre ter acreditado em mim e ter me dado a chance de mostrar meu valor.
Aos professores Daniel Alves Ferreira Junior e Reginaldo da Silva Roque por toda cumplicidade e amizade dispensada nestes anos de docência.
À professora Beatriz Leonora da Silveira Chaves pelos ¨puxões de orelha¨ mais dóceis de minha vida e nem por isso menos significativos.
Aos professores Cláudio Delunardo Severino, José Cristiano Paes Leme da Silva, Lucrécia Helena Loureiro Novaes, Marcelo Paraíso Alves, Maria de Fátima da Rocha Pinto, Paulo Celso Magalhães, Sérgio Eduardo Santos Moura e Silvio Henrique Vilela pela capacidade de estender as mãos a um companheiro quando este precisa.
A Dra. Ilda Cecília Moreira da Silva, Dr. Adilson da Costa Filho e ao Dr. Marcelo Genestra (in memorian) pela disponibilidade e simplicidade dispensadas à minha pessoa em todos os momentos que precisei.
A todos meus professores, principalmente aqueles que foram muito mais que professores, foram verdadeiros educadores e que me ajudaram a vivenciar este momento.
Aos meus alunos por me fortalecerem na busca do conhecimento.
Enfim, à minha orientadora Dra. Márcia Ribeiro Braz por ter compartilhado estes dois últimos anos ao meu lado,. Trabalhando e me guiando por este caminho tão fascinante mas, ao mesmo tempo, tão
difícil. E por ter me dado a honra de conhecê-la e de poder usufruir de sua simplicidade e competência. Sem dúvida, é muito bom poder dizer para o resto de minha vida que a senhora foi minha orientadora e que continuará sendo uma grande amiga.
... Lembre de Deus quando cedo você acordar, pois, a esperança na terra não
pode acabar, o sol não arde nos olhos de quem sabe olhar, um sonho bem mais
bonito pra você sonhar. Criança, obrigado por nascer, a paz do mundo, só depende
de você.
RESUMO
Este estudo consiste na elaboração de uma ferramenta computacional voltada
ao docente e discente da área de Educação Física, com foco na atuação deste
profissional na Estratégia Saúde da Família. A informática vem sendo introduzida na
educação em ritmo acelerado, obrigando educadores e educandos a familiarizarem-
se com essa tecnologia. A pesquisa teve como objetivo o desenvolvimento do
software educacional “Atividade Física nos Programas de Hipertensão Arterial
Sistêmica e Diabetes Mellitus na Estratégia Saúde da Família”. Para tanto, utilizou-
se uma fundamentação a partir de material bibliográfico existente, bem como o
conhecimento teórico prévio do pesquisador. O programa utiliza recursos
multimídias, sendo composto por quatro tópicos: Hipertensão Arterial Sistêmica,
Diabetes Mellitus e Obesidade; protocolo de intervenção e um teste avaliativo. Para
a confecção do software educacional foram utilizados o ambiente Microsoft Windows
e as ferramentas Power Point e Corel Draw, criando-se um ambiente englobando os
tópicos apresentados acima, em formato didático-pedagógico de fácil utilização
pelos professores. Conclui-se que a multimídia interativa com interface gráfica é um
instrumental didático-pedagógico que permite o acesso a um grande número de
informações por meio de textos, gráficos e imagens, favorecendo o processo de
ensino-aprendizagem, ressaltando a importância do desenvolvimento de estratégias
de ensino utilizando recursos computacionais para o ensino de Educação Física.
Palavras-chave: Ensino de Educação Física, Estratégia Saúde da Família, Software
Educacional.
ABSTRACT
This study consists in the formulation of a computational tool directed to the
student and to the teacher in the Physical Education area, focusing in the
performance of this professional in the “Family Health Strategy”. The computer
technology has been quickly introduced in the education, forcing people involved in
this process to be able to use this technology. The aim of this research is the
development of the educational software “Physical activity in the Systemic arterial
hypertension and Mellitus diabetes program in the Family Health Strategy”. In order
to do that, a previous bibliographic material was used as theoric base, as well as
previous knowledge of the researcher. The software uses multimedia resources and
it’s compound by four topics: Systemic arterial hypertension, Mellitus diabetes,
obesity, protocol of intervention and an evaluation test. To make this educational
software, the Microsoft Windows environment and the Power Point and Coral Draw
tools were used, covering the presented topics in a didactic-pedagogic way and
making it easily usable by the teachers. It’s concluded that the interactive multimedia
with graphic interface is a didactic-pedagogic instrument that allows an access to a
great amount of information through texts, graphics and images, benefitting the
learning-teaching process and emphasizing the importance of the development of
teaching strategies using computer resources for the Physical Education teaching.
Key Wordos: Physical Education Teaching, Family Health Strategy, Educational
Software
SUMÁRIO
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS.................................................................................18
2. OBJETIVOS DO ESTUDO.....................................................................................22
2.1 Objetivo geral.......................................................................................................22
2.2 Objetivo específico...............................................................................................22
3. REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................23
3.1 Educação e Tecnologia........................................................................................23
3.2 A Educação Física e sua relação histórica com a saúde e a qualidade de vida..24
3.3 A inserção da Educação Física na área de saúde..............................................30
3.4 Organização e função da Estratégia Saúde da Família.......................................32
3.5 Núcleo de Atenção Integral a Saúde da Família (NAISF) X Núcleo de Apoio a
Saúde da Família (NASF).........................................................................................36
3.6 Apontamentos conceituais e classificatórios da Hipertensão Arterial Sistêmica ,
Diabetes Mellitus e Obesidade...................................................................................39
3.6.1 Hipertensão Arterial Sistêmica..........................................................................40
3.6.2 Diabetes Mellitus...............................................................................................41
3.6.3 Obesidade.........................................................................................................42
3.7 Treinamento Aeróbio (contínuo) e Alongamento (estático)..................................44
3.7.1 Treinamento Aeróbio (contínuo)....................................................................... 45
3.7.2 Alongamento (estático)......................................................................................49
4. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA..........................................................................51
4.1 Construindo o instrumento...................................................................................51
4.2 Resultados e Discussão.......................................................................................52
4.3 Construção do protocolo de intervenção..............................................................57
4.4 Estrutura do Software Educacional......................................................................59
4.4.1 Fase 1 - Planejamento inicial............................................................................60
4.4.2 Fase 2 - Planejamento e desenvolvimento do conteúdo instrucional...............60
4.4.3 Fase 3 - Avaliação e revisão.............................................................................60
5. DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE...............................................................60
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................64
7. REFERÊNCIAS......................................................................................................67
8. ANEXO...................................................................................................................75
Anexo 1 - Portaria n0 1.065, de 4 de julho de 2005, do MS (2005)............................75
Anexo 2 - Portaria n 154, de 24 de janeiro de 2008, o Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (NASF)...........................................................................................................81
9. APÊNDICE.............................................................................................................85
Apêndice 1 - Termo de consentimento livre e esclarecido.........................................85
Apêndice 2 - Roteiro da entrevista.............................................................................87
Apêndice 3 - Apresentação para pesquisa de campo................................................88
Apêndice 4 - Comitê de Ética.....................................................................................89
LISTA DE QUADRO
Quadro 1 - Exemplos de atividades, freqüência e duração do treinamento para
alongamento...............................................................................................................50
LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Classificação da pressão arterial para adultos acima de 18 anos.............40
Tabela 2 - Classificação de obesidade.......................................................................43
Tabela 3 - Quantidades recomendadas de exercícios requeridos para melhorar a
aptidão física relacionada a saúde.............................................................................47
Tabela 4 - Intensidades relativas para prescrição do exercício aeróbio....................48
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Em sua opinião, além dos profissionais que compõem a equipe mínima
da ESF, que outros profissionais deveriam participar deste programa?....................53
Gráfico 2 - Você sabia que pelo MS o profissional de EF está inserido na ESF
através do Núcleo de Apoio a Saúde da Família?.....................................................54
Gráfico 3 - Em quais Áreas da ESF o profissional de EF poderia colaborar?...........56
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estrutura do software educacional Atividade Física nos Programas de
Hipertensão Arterial sistêmica e Diabetes Mellitus na Estratégia Saúde da
Família........................................................................................................................62
Figura 2 - Tela de Abertura software educacional......................................................63
Figura 3 - Tela do Menu.............................................................................................63
Figura 4 - Tela de resposta errada.............................................................................64
Figura 5 - Tela de resposta certa...............................................................................64
LISTA DE SIGLAS
ACSM – American College of Sports Medicine
AF – Atividade Física
CES – Câmara de Educação Superior
CNE – Conselho Nacional de Educação
CNS – Conselho Nacional de Saúde
DCNT – Doenças Crônico Não Transmissíveis
DM – Diabetes Melittus
EF – Educação Física
ESF – Estratégia Saúde da Família
FCmáx – Freqüência Cardíaca Máxima
FCres – Freqüência Cardíaca de Reserva
HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica
IMC – Índice de Massa Corporal
KG – Kilograma
M - Metros
METs – Equivalente Metabólico de Repouso
MS – Ministério da Saúde
NAISF – Núcleo de Atenção Integral a saúde da Família
NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da Família
OMS – Organização mundial de Saúde
PA – Pressão Arterial
PPP – Projeto Político Pedagógico
PSF – Programa Saúde da Família
SUS – Sistema Único de Saúde
UBS – Unidade Básica de Saúde
UniFOA – Centro Universitário de Volta Redonda
LISTA DE ANEXOS
Anexo 1 - Portaria n0 1.065, de 4 de julho de 2005, do MS (2005)............................75
Anexo 2 - Portaria n 154, de 24 de janeiro de 2008, o Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (NASF)...........................................................................................................81
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice 1 - Termo de consentimento livre e esclarecido.........................................85
Apêndice 2 - Roteiro da entrevista.............................................................................87
Apêndice 3 - Apresentação para pesquisa de campo................................................88
Apêndice 4 - Comitê de Ética.....................................................................................89
18
I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Atualmente, as reflexões elaboradas em nível acadêmico sobre saúde
preconizam um olhar inter e multidisciplinar em termos das ações que devem ser
elaboradas e levadas a efeito, para atendimento da população, nesta que é uma
prioridade governamental.
O conhecimento produzido acerca da atividade física (AF) e saúde, poucas
vezes é colocado e aplicado a serviço da sociedade. Acreditamos que talvez esse
fato perpasse por vários motivos, dentre eles: o desconhecimento da comunidade
sobre a importância do profissional de educação física (EF), o que acaba
influenciando na falta de interesse da população em cobrar das autoridades públicas
a sua atuação no sistema de saúde.
Na concepção de Bagrichevsky (2007), um outro motivo para este
desconhecimento do profissional de EF, seria a necessidade de discutir
possibilidades para viabilizar um nível de criticidade adequado na formação de
professores de EF, a fim de que os mesmos possam compreender e intervir no
campo da saúde coletiva, sobretudo dentro da Estratégia Saúde da Família (ESF),
como educadores e agentes promotores de conhecimentos e práticas corporais
éticas em saúde, que respeitam e consideram a diversidade socioeconômica e
cultural em suas intervenções populacionais.
A partir da experiência do pesquisador de sete anos como docente do curso
de Educação Física do Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA, percebeu-
se a existência de uma lacuna na grade curricular do graduado em EF,no que tange
a inserção do profissional de EF na ESF, assim como suas ações neste programa
de governo. Apesar do curso citado acima, ter incluído em sua grade curricular a
disciplina Introdução à Saúde Coletiva, não há um enfoque específico desta temática
em seu conteúdo. Sendo assim, os estudantes, ao término do curso de graduação
em EF, evidenciam um déficit de conhecimento sobre suas ações na área da saúde,
especificamente dentro da ESF.
Entendemos que este curso deva favorecer as habilitações de graduado em
EF, oportunizando a formação inicial, no nível de graduação do Ensino Superior, de
19
um profissional crítico e reflexivo, que possua um conhecimento amplo da área da
Saúde/EF, associada ao contexto sócio-histórico-cultural e educacional do país. Um
profissional que se caracteriza pela promoção e desenvolvimento de atitudes éticas,
bem como da autonomia intelectual, criatividade e criticidade referentes ao
conhecimento e atuação profissional, podendo intervir e transformar hábitos sociais
que levem à prática da atividade física regular da população, com vistas à melhoria
da qualidade de vida e obtenção de um estilo saudável de viver e bem estar. Uma
formação que possa ensejar a realização de momentos de aproximação,
constatação, co-atuação, atuação, reflexão e busca de transformação da realidade
profissional, incentivando um exercício de formação para os mais diversificados
campos de atuação da área.
Neste contexto, reforçamos como local para intervenção do profissional de EF
a ESF, que surge como uma das alternativas de (re) orientação do modelo de
atenção à saúde, e é entendido como resultante do estabelecimento de vínculos e a
criação de laços de compromisso e co-responsabilidade entre os poderes políticos,
os profissionais de saúde e a comunidade.
A ESF é um caso exemplar na estruturação da atenção básica, por duas
razões: primeiro por destacar-se na Agenda Nacional de Saúde como instrumento
de reforma da política de saúde brasileira que envolve mudanças no modelo de
atenção, na organização do sistema de saúde e nas modalidades de alocação de
recursos e de remuneração das ações básicas de saúde, e segundo por
acompanhar o recente foco das políticas sociais na família, que passa a ser sujeito
de atenção, sobre o qual deve se ter pleno conhecimento de seus problemas
(MENDONÇA e HEIMANN, 2006). A partir deste programa de governo, surge então,
a oportunidade da EF explorar um espaço relativamente novo de atuação, e reforçar
seu entendimento junto à sociedade e sua importância na defesa a saúde da
população.
De acordo com as características organizacionais descritas pelo Ministério da
Saúde (BRASIL, 2006), nota-se a proximidade da ESF, com a comunidade, esta
particularidade demonstra um enorme potencial para estimular o aumento de
pessoas fisicamente ativas em uma dada comunidade principalmente, no que
aponta para um fácil acesso do indivíduo ao programa. Pontuamos ainda, que uma
20
possível inserção do profissional de EF na ESF vem sendo um assunto muito
discutido nos últimos anos, principalmente com o advento das criações do Núcleo
de Atenção Integral na Saúde da Família (NAISF) e posteriormente do Núcleo de
Apoio a Saúde da Família (NASF).
Embora nesta área já existam alguns estudos sobre a inserção do profissional
de EF na ESF, este assunto ainda tem muito a ser explorado pelas Secretarias de
Saúde, vislumbrando uma futura efetivação deste profissional neste Programa.
Atualmente observa-se poucos profissionais de EF atuando na ESF. Não
conseguimos entender como o Brasil com tantos problemas de saúde, pode abrir
mão de profissionais de áreas da saúde como: Educação Física, Fisioterapia,
Nutrição, Fonoaudiologia, dentre outras, que estão efetivamente inseridas na ESF.
Estes profissionais, possivelmente acrescentariam em muito na qualidade dos
serviços prestados a essas comunidades (VIEIRA et al., 2004; BRASIL, 2005;
QUINT, 2005; BUCHABQUI, CAPP e PETUCO, 2005; FRAGA e WACHS, 2007;
BRASIL, 2008).
De acordo com Coutinho (2005) ainda precisamos investir em discussões que
ampliem nossa visão com relação a complexidade dos problemas de saúde, que
sugerem uma abordagem interdisciplinar e uma equipe multiprofissional, quando da
implementação das ações de promoção de saúde e prevenção de doenças, na
tentativa de fomentar políticas públicas dirigidas à melhoria das condições de vida
da população.
A disciplina Introdução a Saúde Coletiva, ministrada no curso de EF
poderá ser um link para a criação de um campo de saberes e práticas do profissional
de EF dentro da ESF. Neste contexto, entendemos que o profissional de EF poderá
se constituir ainda no espaço acadêmico, como um ator importante na intervenção
do processo saúde-doença, principalmente se este não se fundamentar em um
único saber, mas sim incorporar a dimensão do cultural, do social como
determinantes do processo saúde-doença, para operar o cotidiano dos serviços de
saúde.
A partir do entendimento da EF como profissão, vale pontuar que, desde o
início da década de 1990 são identificadas vertentes quanto ao encaminhamento
21
através do qual a EF deve ser reconhecida tal como a técnico-desportiva, a
pedagógico-humanista e a biomédica (FARINATTI, 1995; BRASIL, 2004; Projeto
Político Pedagógico dos Cursos de Graduação e Licenciatura em Educação Física,
2008). Não obstante a tais argumentos, outras vertentes foram sendo identificadas
ao longo dos anos, sempre se tendo no espaço acadêmico seu momento de
aprofundamento para então surgirem propostas realmente adequadas com as reais
prioridades da população.
Finalmente vale destacar que cabe ao poder público o reconhecimento de
quais aspectos constituem prioridades para atender a população e daí estruturar
políticas públicas que assegurem tal atendimento, o que em nossa visão se
concretiza nas ações do NASF. Esta afirmativa encontra eco em outros estudos que
revelam estar em curso atualmente um enfrentamento entre concepções modernas
e outras mais tradicionais que tratem questões da relação entre saúde e cultura,
corpo e mente entre qualidade de vida e poder econômico. O entendimento destas
questões pode auxiliar muito na compreensão da necessidade de aprofundamento
sobre o que se vai divulgar, pois, em sua grande maioria a população toma alguns
dados como verdades absolutas e daí podem ser construídas crenças que explicam
muito de hábitos e atitudes nela observada (BUENO, 2001 in BAGRICHEVISKY,
PALMA e ESTEVÃO, 2007).
Quando os informantes (enfermeiros e médicos) foram questionados quanto
às possíveis intervenções do profissional de EF na ESF, estes responderam que
seria de extremo valor o profissional de EF atuar no programa de hipertensão e
diabetes, na prevenção e promoção da saúde. Os dados obtidos na pesquisa
apontam para intervenções já reconhecidas e, portanto destacadas no item de
competências gerais do profissional de EF no Parecer n0 CNE/CES 0058/2004 do
Ministério da Educação, estas são: promoção, grupos de educação para a saúde,
prevenção e orientações. Todos esses aspectos estão de acordo com a visão dos
entrevistados e também no referido documento que, por sinal é oficial.
Pensando na organização do processo de trabalho em unidades de saúde, na
perspectiva de uma atenção mais direcionada para a integração das práticas
profissionais e integralidade da assistência destacamos a recomendação de Buss
(2000 apud CZERESNIA, 2003; FRAGA e WACHS, 2007). Com relação aos
22
aspectos da prática de Atividade Física (AF) para a promoção da saúde, o autor op
cit., enfatiza que está não pode ser vista como uma ação de saúde independente,
pois a maioria das doenças não transmissíveis têm fatores de riscos comuns que
devem ser combatidos em blocos, numa estratégia conjunta que incluem ações
simultâneas de promoção e prevenção.
Os resultados do estudo acima citado serviram para reforçar a necessidade
de uma disciplina na graduação que aborde com profundidade as ações do
profissional de EF na ESF, assim contribuindo mais na formação deste profissional.
Apoiados nas informações descritas acreditamos que este estudo possa estar
colaborando para dar um maior significado a inserção do profissional de EF junto a
equipe da ESF, entendendo que o conhecimento específico deste profissional
acerca da sua atuação na ESF, possa acrescentar um ganho na qualidade da
assistência disponibilizada a uma determinada comunidade.
II. OBJETIVOS DO ESTUDO
2.1. Objetivo geral
Desenvolver um software de intervenção do profissional de Educação Física
nos programas de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus na Estratégia
Saúde da Família.
2.2. Objetivos específicos
Elaborar ferramenta didático-pedagógica (mídia digital) com enfoque na
atuação do profissional de Educação Física na Estratégia Saúde da Família;
Propor como conteúdo da disciplina Introdução à Saúde Coletiva, o protocolo
de intervenção do profissional de Educação Física nos programas de Hipertensão
Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus na Estratégia Saúde da Família.
23
III. REVISÃO DA LITERATURA
3.1- Educação e Tecnologia
Atualmente observamos através de estudos como Vieira (2001), Ferreira
(2003), Da Costa e Cruz (2004) e Pedrosa e Nascimento (2009), uma incessante
procura por parte de educadores em geral na busca de novas possibilidades que
melhorem a qualidade do ensino e otimizem o tempo do processo ensino – estudo –
aprendizagem dos educandos em geral. Neste cenário, apontamos como uma
realidade de nossa sociedade, os meios tecnológicos como vídeo, DVD, fitas,
cinema, TV, CD – ROM, internet, fotos e outros que já há algum tempo são
utilizados na contribuição de forma muito positiva aos resultados alcançados com
alunos, independente de sexo, faixa etária e segmento.
Embora as dúvidas para utilização destes recursos no meio educacional
surjam proporcionalmente ao crescimento destas ferramentas, observamos que por
características próprias de nossa atual sociedade vale a pena nos esforçarmos
quanto à busca de mais estudos que identifiquem tais problemas (dúvidas), como
por exemplo, as diferentes formas de utilização da tecnologia no mundo escolar
(FERREIRA, 2003). Ao ensinar através da tecnologia na educação, não podemos
negar o poder que esta exerce nas pessoas; este fato é sem dúvida algo muito
intrigante.
O uso do computador é um fenômeno mundial sendo utilizado
frequentemente de várias formas para satisfazer os diversos objetivos, inclusive para
fins pedagógicos. De acordo com Vieira (2001) e Ferreira (2003), esta ferramenta
não se caracteriza como um fato novo; o uso deste recurso para educação ao longo
das duas últimas décadas, já vem sendo muito explorado por parte dos professores
como um meio para atingir seus fins influenciando a aprendizagem e o ensino. Ainda
segundo Vieira (2001, p. 59) ¨a tecnologia e os recursos audiovisuais, promovem a
aprendizagem, e estes recursos estão a serviço do professor em sala de aula¨. Ao
mesmo tempo ressalta que para um melhor aproveitamento destes recursos
precisamos qualificar melhor nossos docentes (VIEIRA, 2001).
24
Na fala do autor op. cit., nota-se uma preocupação com os cuidados na
preparação do profissional que irá utilizar estes recursos no meio educacional, este
então prossegue em seu texto com a seguinte idéia: falta um treinamento e
aperfeiçoamento para estes professores, aproximando-os ainda mais destas
ferramentas e utilizando todas as suas possibilidades colaborando para estes em
sua reflexão e na ação didática (VIEIRA, 2001).
Perrenoud (2000 in DA COSTA E CRUZ, 2004, p. 2), aborda esta questão de
uma forma ainda mais preocupante:
Os professores que não souberem lidar com o avanço tecnológico serão vítimas de uma seleção natural, onde somente progredirão aqueles que construírem estas novas competências. Os professores que não quiserem envolver-se nisso (formação tecnológica) disporão de informações científicas e de fontes documentais cada vez mais pobres, em relação àquelas às quais terão acesso seus colegas mais avançados.
Portanto, os educadores de uma forma geral deverão estar mais ¨conectados¨
à possibilidade de agregar valores educacionais para nossos alunos. Portanto
segundo os estudos de Pedroso e Nascimento (2009), torna-se muito importante a
utilização dos meios de comunicação e da tecnologia da informação voltados para o
processo ensino-estudo-aprendizagem na EF. Em síntese, Vieira (2001, p. 59-60),
destaca que:
a experiência visual do sujeito que aprende a partir de telas cintilantes, detectando, esquadrinhando e interpretando um ou mais estímulo presentes nas telas, retirando delas algum tipo de ensinamento, pode permitir uma mudança cognitiva mais ou menos duradoura. E por isso ele passa a ¨saber¨, ¨conhecer¨, ¨entender¨ e ¨lembrar¨.
Portanto, ao término deste estudo acreditamos estar colaborando para que o
método de ensino utilizado possa levar educadores e educandos a trilhar na busca
do conhecimento referente à EF na ESF.
3.2- A Educação Física e sua relação histórica com a saúde e a qualidade de
vida
Para um melhor entendimento do surgimento da EF enquanto uma das áreas
da saúde é preciso compreender o contexto histórico, a razão pela qual ela se
instituiu bem como seu significado.
25
Ao longo destas últimas décadas, a EF sofreu inúmeras alterações que
naturalmente interferiram no contexto histórico desta área, as mudanças de objetivos
e as propostas educacionais são claros exemplos deste fato, inclusive citados por
(DARIDO, 2003). Neste contexto, a formação profissional e as práticas pedagógicas
vêm sofrendo diversas modificações, o que pretendemos abordar neste capítulo.
A respeito da pergunta “O que é a EF?”, pode-se dizer que, ¨ao articular
saberes desse campo os projetos políticos pedagógicos (PPP) e seus respectivos
currículos projetam os referenciais de formação profissional no âmbito da EF¨
(LOVISOLO, 1995 apud Projeto Político Pedagógico dos Cursos de Graduação e
Licenciatura em Educação Física, 2008, p. 12). Portanto, segundo id:
A EF constituí-se de múltiplos conhecimentos e se configura a partir de um diálogo permanente que se estabelece, predominantemente, entre a área de ciências humanas e a área de ciências da saúde.
Ainda sobre essa pergunta, vamos nos reportar a uma obra que se consagrou
entre uma das mais importantes na área no final do século passado que é o livro
intitulado Coletivo de Autores.
EF é uma prática pedagógica que, no âmbito escolar, tematiza formas de atividades expressivas como jogo, esporte, dança, ginástica, formas estas que se configuram uma área de conhecimento que podemos chamar de cultura corporal. Todavia responder esta pergunta exige uma análise criteriosa e rigorosa do que a EF vem sendo. Uma teoria da prática pedagógica denominada EF vai, necessariamente, ocupar-se da tensão existente entre o que ela vem sendo e o que deveria ser, ou seja, da dialética entre o velho e o novo (SOARES et al, 1992, p. 50).
Historicamente, existe uma dificuldade em separar a EF escolar da
intervenção do profissional fora deste ambiente. Por ser a EF uma prática
pedagógica, o autor afirmar que ¨ela surge de necessidades sociais concretas que,
identificadas em diferentes momentos históricos, dão origem a diferentes
entendimentos do que dela conhecemos¨ (SOARES et al., 1992, p. 50). A partir
desta citação, nos esforçaremos para uma identificação histórica da EF brasileira
sem perder o foco do contexto da saúde que este trabalho propõe, mesmo sabendo
que para a EF torna-se difícil em alguns momentos estabelecer diálogos diferentes
entre prática pedagógica e saúde ou ainda espaço formal e espaço não formal.
26
No fim do século XVIII e início do Século XIX, os exercícios físicos foram
entendidos, como “receitas“ e “remédios“. Julgava-se que, através deles, e sem
mudar as condições materiais de vida a que estava sujeito ao trabalhador, seria
possível adquirir um corpo saudável, ágil e disciplinado exigido pela sociedade. É
preciso ressaltar que, em relação às condições de vida e de trabalho, passado mais
de um século, esse quadro pouco se alterou em países como o Brasil (SOARES et
al., 1992). Infelizmente ainda se acredita que a AF dará conta de todo o mal do
mundo. Ledo engano.
O trabalho físico do séc. XIX mereceu atenção das autoridades estatais, e ligou-se ao tema dos cuidados físicos com o corpo - os quais incluíam a formação de hábitos como: tomar banho, escovar os dentes, lavar as mãos – que se faziam presentes, também, os exercícios físicos, vistos exclusivamente como fator higiênico (SOARES et al., 1992, p. 51).
Com esse papel, nasce na Europa no final do século XVIII e início do século
XIX, em âmbito escolar, a EF. Ela surgiu através da sistematização de jogos,
ginástica, dança e equitação em exercícios físicos, sendo que as primeiras formas
estruturais partiram da ginástica e foram denominados métodos ginásticos.
No desenvolvimento do conteúdo da EF escolar, o médico tinha papel
destacado, orientando a função dessa disciplina na escola. As aulas eram
ministradas por instrutores físicos do Exército, que aplicavam nestas instituições os
rígidos métodos militares de disciplina e hierarquização, e cujo projeto visava à
construção do homem disciplinado, obediente, submisso e respeitador da ordem
social (SOARES et al., 1992).
Neste contexto, funda-se no Brasil em 1891, mais especificamente no Rio de
Janeiro, a Associação Cristã de Moços (ACM). Uma entidade esportiva, com
orientação norte-americana e com sede também em outros países. Tinha como
objetivo difundir o esporte, e influenciou diretamente na criação e desenvolvimento
de vários desportos, com especial atenção para o voleibol e basquetebol. Em todo o
mundo, esta entidade mostra preocupação com a difusão da prática esportiva até os
dias atuais (VILELA, 2004).
O ano 1907 é marcado pela contribuição da Missão Militar Francesa fundando
a escola de EF da Força Policial do Estado de São Paulo (o mais antigo
27
estabelecimento especializado do país) apresentando assim o método francês de
EF. Esse método foi demasiadamente difundido em nosso país, aparecendo na
Escola de Joinville-le-pont e foi montado por uma comissão de vários
militares (VILELA, 2004).
Em 1927, o deputado Jorge Moraes ao discursar na Câmara tratou da
valorização da AF por parte dos jovens brasileiros. Neste momento, percebemos a
tarefa da EF na contribuição para a eugenia da raça com duas finalidades definidas:
a defesa da pátria e a mão de obra para indústria. Essa idéia irá perdurar ainda por
varias décadas (VILELA, 2004).
No Brasil, a EF higienista predominou até 1930. Segundo Guiraldelli Junior
(1992), esta concepção acreditava ser capaz de redimir o povo de seu pecado
mortal, que é a ignorância, e que o leva as condições de deteriorização da saúde.
Na verdade, o que existe na EF higienista é uma pseudo-preocupação com a saúde
da população, já que a lógica é tornar o homem "saudável" através do exercício,
para depois sugar toda a sua energia na produção.
Junior e Lovisolo (2003) nos chamam atenção para a continuidade do
higienismo até o fim do século XX e quem sabe até os dias atuais, contrariando
assim a tese habitual do seu encerramento na década de 30 ou 40 como apontado
por vários autores tendo como exemplo Ghiraldelli Junior (1992). Este estudo aponta
que o movimento higienista do final do século XIX e início do século XX no Brasil é o
mesmo ¨movimento da saúde¨ da atualidade, levando em consideração algumas
adaptações fruto das características de nossa época. Procurando enfatizar esta
afirmação estes autores comentam:
Talvez o movimento higienista tenha passado por apropriações e resignificações, mas não se esgotou nos anos de 1930 a 1940, particularmente no caso da realidade brasileira, porque as condições econômicas e sociais e os hábitos da população ainda incidem fortemente sobre sua saúde (JUNIOR e LOVISOLO, 2003, p. 42).
Ghiraldelli Junior (1992) aponta o término da tendência higienista por volta de
1930, iniciando-se nesta década a tendência militarista. Este autor cita o quanto esta
tendência também estava seriamente preocupada com a saúde individual e com a
saúde coletiva dos brasileiros, sendo esta, vista como a formação do ¨cidadão
28
soldado¨, capaz de obedecer cegamente e de servir de exemplo para o restante da
juventude pela sua bravura e coragem, deixando bem claro que, fundamentalmente
buscava-se capacitar a juventude para suportar o combate, a luta, a guerra.
Portanto, a EF seria suficientemente rígida para dar condições dos indivíduos
servirem e defenderem a pátria, pois era visível a busca, no sentido da depuração
da raça ¨eugenia¨.
Em 1932, é adotado o regulamento de EF do Exercito Francês por todas as
unidades do Exercito brasileiro, originando o nome Método Francês. Sua utilização
serviria como um guia de orientação para prática de exercícios físicos nos
estabelecimentos militares, dando origem a um método nacional que pudesse ser
utilizado pelos civis (VILELA, 2004).
Assim, a década de 30 foi importante para o desenvolvimento da EF no Brasil,
inclusive com o surgimento de duas revistas especializadas na área: a ¨Educação
Física¨ e a ¨Revista de Educação Física¨, sendo esta conhecida como órgão
divulgador oficial da doutrina escolar e dos princípios da educação do corpo sob os
seus múltiplos aspectos (REVISTA DA EDUCAÇÃO FÍSICA, 1936 in NETO, 1999,
apud VILELA, 2004). Outro marco para EF nesta mesma década surgiu com o
governo Vargas que em outubro de 1933, através do decreto 23.252, cria a Escola
de Educação Física do Exercito, considerada a ¨célula mater¨ da formação deste
profissional no Brasil (NETO, 1999 apud VILELA, 2004).
Portanto, nas quatro primeiras décadas do século XX, foi marcante no Brasil a
influência dos métodos ginásticos e da instituição militar, principalmente no período
de 1930 a 1945 (BARBOSA, 2001).
No final da década de 40, com o término da II Guerra Mundial e inspirada no
ideal liberal da Escola Nova, surgiu na EF a tendência definida por Guiraldelli Jr.
(1992) como Pedagogicista, ¨esta defendia um caráter educacional mais efetivo,
com ênfase na pedagogia¨. Sua preocupação era de sistematizar seus conteúdos
para justificá-la como disciplina nos currículos escolares, priorizando assim seu
caráter educativo. Não era vista só como uma possibilidade prática de promover
saúde ou de disciplinar os indivíduos, mas de encará-la como uma prática
29
eminentemente educativa, promovendo a educação integral. Portanto esta se
preocupava com a juventude que freqüentava as escolas.
Guiraldelli Jr. (1992), destaca que a partir dos anos 70, influenciada pelo
sucesso de algumas equipes nacionais no exterior, a EF volta-se quase que
exclusivamente para o interesse esportivo, cujo pressuposto básico era formar
equipes desportivas competitivas. Volta-se, então, para o culto do atleta-herói; não
existiam barreiras para se chegar ao podium. Portanto, a EF era voltada para a
busca de resultados nos atletas de alto nível. Nesse período surgiu uma grande
contribuição para a EF que veio através do desenvolvimento do treinamento
desportivo baseado nos avanços da fisiologia do esforço e da biomecânica, capazes
de melhorar a técnica desportiva.
Conforme exposto por Darido (2003), ao término da década de 70, tomados
por um sentimento de renovação próprio da época devido ao momento histórico
social, movimentos liderados por estudiosos da EF escolar iniciam uma oposição ao
tecnicismo, esportivismo e a visão biologicista impregnada na área. Culminando com
as inúmeras concepções (Desenvolvimentista, Construtivista-Interacionista, Crítico-
Superadora, Sistêmica, Psico-motricista, Crítico-Emancipatória, Cultural, as
apoiadas nos Jogos Cooperativos, no modelo de Saúde Renovada e a relacionada
aos Parâmetros Curriculares Nacionais) que se apresentam na atualidade, o que se
explica através dos esforços de se afastar a EF do modelo tecnicista da EF.
Dessa forma, o que podemos perceber nesse breve passeio histórico, é que a
AF relacionada à saúde, com o interesse de contribuir para uma melhor qualidade
de vida dos indivíduos, nem sempre foi um objeto de estudo privilegiado pela EF,
mas foi muito usado como um apelo à prática da AF.
A partir de 1945, houve uma retomada na atenção à saúde, quando ocorreu um aumento significativo de doenças como úlceras pépticas, câncer de pulmão e doença arterial coronariana, ou seja, quando se iniciou a era das doenças crônico-degenerativas (PITANGA, 2002, p. 2).
Os estudos de caso-controle conseguiram demonstrar que a gênese destas
doenças está ligada à uma rede multicausal, da qual faz parte o estilo de vida, o
meio ambiente e os aspectos sociais, onde o sedentarismo aparece como um dos
fatores determinantes de agravos à saúde (PITANGA, 2002). É bom lembrar que em
30
1940 através do decreto lei n0 2.072 aponta, a juventude brasileira no seu artigo 40
definindo que:
¨A EF a ser ministrada de acordo com as condições de cada sexo, por meio da ginástica e dos desportos, terá por objetivo não somente fortalecer a saúde das crianças e dos jovens, tornando-os resistentes a qualquer espécie de invasão mórbida e aptos para os esforços continuados, mas também dar-lhes ao corpo, solidez, agilidade e harmonia¨.
PARÁGRAFO ÚNICO – ¨Buscará a EF, dar ás crianças e aos jovens, os hábitos e as práticas higienistas que tenham por finalidade, a prevenção de toda sorte de doenças, a conservação do bem estar e o prolongamento da vida¨ (CASTELLANI FILHO, apud VILELA, 2004, p. 31).
Já mostrando a preocupação dos governantes com a manutenção da saúde
de crianças e jovens através da prática da AF.
Vários estudos analíticos como Ciolac e Guimarães, (2004); Pitanga, (2002) e
American College of Sports Medicine (ACSM), (2003), com base em trabalhos
epidemiológicos prospectivos e pesquisas de base laboratorial, quantificaram os
muitos benefícios de um estilo de vida fisicamente ativo, são eles: diminuição nos
fatores de riscos para doença arterial coronariana, diabetes e hipertensão; menor
incidência de osteoporose e alguns tipos de câncer; gordura corporal total reduzida;
pressão arterial reduzida em repouso; mortalidade e morbidez reduzidas; menor
ansiedade e depressão; sensações de bem-estar aprimoradas; e melhor
desempenho nas atividades laborativas, recreativas e desportivas. Um estudo de
caso-controle, realizado no Brasil, demonstrou que a prevalência de infarto agudo do
miocárdio foi significativamente maior nos indivíduos que não cultivavam o hábito de
realizar AF no passado (SILVA et al., 1998).
Após a leitura deste breve histórico da EF, acreditamos ser possível observar
sua estreita relação com a saúde e mais que isso o seu potencial de atuação nesta
área, demonstrando coerência em sua inserção e quem sabe ampliando a busca
para futuros trabalhos.
3.3 – A inserção da Educação Física na área de saúde
Para que a EF conseguisse contribuir efetivamente com nossa sociedade e
ser aceita pelo meio científico da área de saúde uma resolução foi especialmente
significativa.
31
A democrática discussão no Conselho Nacional de Saúde (CNS), iniciado em
1997, sob a resolução n0 218 que apontou a EF como profissão de nível superior da
área da saúde. Concebendo a saúde como “Direito de todos e dever do Estado”;
reafirmando a necessidade de consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS) com
todos os seus princípios e objetivos; reconhecendo a importância da ação
interdisciplinar no âmbito da saúde; e não abrindo mão das ações vinculadas aos
diferentes profissionais de nível superior que constitui um avanço no que se refere à
concepção de saúde e a integralidade da atenção (BRASIL, 1997). Entretanto,
mesmo após esta significativa evolução, ainda observamos uma incoerência quanto
à relação EF e saúde. Essa incoerência é discutida entre os diversos meios da
sociedade que ainda demonstram não entender amplamente este papel por não ter
muitas informações. Falta ao cidadão a consciência de que AF é de suma
importância para sua saúde. Portanto, este estudo busca abordar a relação entre EF
e saúde, contribuindo para o entendimento da sociedade em geral e colaborando
para a inserção do profissional de EF junto a ESF.
Buscando identificar e compreender a EF enquanto uma das áreas da ciência
da saúde a Organização Mundial da Saúde (OMS) (1945 apud FARINATTI e
FERREIRA, 2006 p. 47; BAGRICHEVISKY, PALMA e ESTEVÃO, 2007, p. 193)
define saúde como sendo: “Um estado de completo bem estar físico, mental e social
e não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade¨. Entretanto
de acordo com Schneider (2002, p. 38) vale ressaltar uma definição mais atualizada:
Saúde é considerada como a habilidade que o ser humano possui para buscar alternativas com o objetivo de satisfazer suas necessidades e alcançar o bem-estar. Quando em má-saúde, o ser humano não dispõe de habilidades para buscar alternativas com o objetivo de satisfazer suas necessidades e alcançar o bem-estar.
Para Brasil (2006 apud BUSS, 2007 p. 6) devemos compreender saúde como:
expressão das condições objetivas de vida, isto é, como resultante das condições de habitação, alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso a posse da terra e acesso a serviços de saúde¨.
Analisando alguns planos de ação da ESF como, por exemplo, atenção à
hipertensão, a diabetes, à gestante, ao obeso e aos idosos e tendo como base o
parecer n0 CNE/CES 0058/2004 (2004) do Ministério da Educação e Conselho
32
Nacional de Educação, observamos o profissional de EF, tendo como uma de suas
competências a atenção à saúde, citada e evidenciada nas descrições deste
documento, buscando sentido no aumento das possibilidades de adoção de um
estilo de vida fisicamente ativo e saudável.
O mesmo documento diagnostica interesses e necessidades das pessoas, de
modo a planejar, prescrever, ensinar, orientar, assessorar, supervisionar, controlar, e
avaliar a eficiência, a eficácia e os efeitos de programas de exercícios e de
atividades físicas, recreativas e esportivas, assim como participar, assessorar,
coordenar, liderar e gerenciar equipes multiprofissionais de discussão, definição,
operacionalização de políticas públicas e institucionais nos campos da saúde, lazer,
esporte, educação, segurança, cultura, trabalho, direcionados direta e indiretamente.
Portanto o profissional de EF deve estar apto a desenvolver ações de
prevenção, reabilitação, promoção e proteção da saúde, tanto em nível individual
quanto coletivo (BRASIL, 2004).
O parecer em questão sugere que a identidade acadêmico-profissional em EF
deve, ¨necessariamente, partir da compreensão de competências e de habilidades
que abranjam as dimensões político-social, ético-moral, técnico- profissional e
científica¨ (BRASIL, 2004, p. 8).
Assim sendo, podemos observar que estes dados fortalecem e justificam
ainda mais a atuação do profissional de EF junto às diversas comunidades
assistidas pela ESF, tendo como link principal as Unidades Básicas de Saúde (UBS)
e o fundamental apoio da atual Equipe de Saúde da Família, podendo assim
desenvolver seus conhecimentos em prol dos indivíduos de uma determinada
comunidade.
3.4- Organização e função da Estratégia Saúde da Família
Para a apresentação do que acreditamos ser as principais especificidades da
ESF, torna-se necessário confrontar as denominações existentes e que vem
causando uma grande curiosidade e um certo desconforto na escrita deste trabalho:
Programa Saúde da Família (PSF) X Estratégia Saúde da Família (ESF).
33
Ribeiro (2004, p. 2) trata deste assunto com extrema felicidade, relatando que
“o Programa inicial, passa a ser definido e defendido como Estratégia,
especialmente a partir de 1997, data da segunda publicação do Ministério da Saúde
(MS) sobre conceitos, objetivos, diretrizes e implementação do antigo PSF”.
Portanto, a nomenclatura que utilizaremos neste trabalho será a atualizada pelo
próprio MS, ou seja, ESF, ressaltando que de forma alguma queremos aqui retirar o
mérito de nenhuma obra e nem tão pouco menosprezar os autores que por motivos
que possam decorrer da existência de questionamentos e argumentos a favor de
ambas as identificações, não utilizam esta nomenclatura.
Segundo Franco e Merhy (2000, p. 2) a concepção da ESF pelo MS datada
de 1994, com o objetivo de proceder:
A reorganização da prática assistencial em novas bases e critérios, em substituição ao modelo tradicional de assistência, orientado para a cura de doenças e no hospital. A atenção está centrada na família, entendida e percebida a partir do seu ambiente físico e social o que vem possibilitando as equipes de saúde da família uma compreensão ampliada do processo saúde/doença e da necessidade de intervenções que vão além de práticas curativas.
Observamos assim que a ESF se dispõe a trabalhar com o princípio da
vigilância à saúde, apresentando uma característica de intervenção inter e
multidisciplinar. Também se mostra como uma estratégia que busca tornar possível
a integração e promover a organização de atividades em certa área de abrangência,
visando oportunizar o enfrentamento e conseqüentemente a resolução dos
problemas identificados, isso fica mais claro com a descrição dos Princípios Gerais
da Atenção Básica:
A Atenção Básica caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde. É desenvolvida por meio de exercício de práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios bem delimitados, pelas quais assume a responsabilidade sanitária, considerando a dinamicidade existente no território em que vivem essas populações. Utiliza tecnologias de elevada complexibilidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior freqüência e relevância em seu território. E o contato preferencial dos usuários com o sistema de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade, e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (BRASIL, 2006, p. 10).
34
Estando então a ESF funcionando, teoricamente, como porta de entrada para
o sistema de saúde, visando à reversão do modelo assistencial vigente e
reorganizando a prática assistencial em novas bases e critérios. O MS, apresenta
essa nova perspectiva:
Seguindo e considerando o sujeito em sua singularidade, complexidade, integralidade e na inserção sócio-cultural, na busca da promoção de sua saúde, da prevenção e tratamento de doenças e da redução de danos ou de sofrimento que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL, 2006, p. 10).
Portanto, fica claro que para o MS, baseando-se em "seus princípios, a ESF
é, nos últimos anos, a mais importante mudança estrutural já realizada na Saúde
Pública no Brasil" Brasil (2000, p. 317).
O documento op cit., ainda nos alerta, que o modelo de atenção preconizado
pela ESF, já foi implantado em outros países como o Canadá, Reino Unido e Cuba,
resolvendo mais de 85% dos agravos encontrados. Além disso, a estratégia
possibilita uma forte interação entre o MS, estados, municípios e
comunidades.
A partir dos princípios apresentadas pelo MS, observamos e entendemos o
quanto este ambiente é rico e propício para práticas relacionadas a atividades
corporais reiterando aqui a nossa pretensão de firmar efetivamente a EF neste
espaço.
Entretanto, autores como Franco e Merhy, (2000) acreditam que a ESF tem
sua essência circunscrita, prioritariamente, ao campo da vigilância à saúde. Seu
trabalho é centrado no território de acordo com as concepções desenvolvidas pela
Organização Pan-Americana de Saúde, ou seja, nos cuidados a serem oferecidos
para ações no ambiente, não dando o merecido valor ao conjunto de práticas
clínicas individuais para os casos em que os processos mórbidos já se instalaram.
Estes autores ressaltam que, dessa forma, a ESF desarticula sua capacidade
substitutiva (transformadora), reduzindo o trabalho vivo em ato, saúde, normas e
regulamentos definidos conforme o ideal de vigilância à saúde. Assim, por não atuar
também na direção da clínica, dando-lhe real valor com propostas ousadas a
exemplo da "clínica ampliada", termina agindo na linha auxiliar do modelo médico
35
hegemônico. É como se a ESF estivesse delimitando os terrenos de competência
entre a Equipe de Saúde da Família e a corporação médica, com a ESF cuidando da
saúde.
As críticas dos autores supracitados indicam que o programa exagera onde
está o problema do atual modelo tradicional de assistência, contudo não o decifra e
acaba sendo abafado pelo modelo médico-centrado, operando centralmente na
produção de procedimentos e não na produção do cuidado e da cura.
Com relação à implementação do modelo, as diretrizes a serem seguidas
devem ser operacionalizadas de acordo com as características regionais, municipais
e locais.
No entanto, toda UBS deve trabalhar com uma área de sua responsabilidade.
Pode ser composta por uma ou mais equipes, a depender do número de famílias a
ela vinculada. O MS recomenda que uma equipe seja responsável por um território
onde residam de 600 a 1000 famílias, com os limites entre 2.500 e 4.500 habitantes
de uma determinada área. Cada equipe mínima deve ser composta por um médico
generalista (com conhecimento de clínica geral), um enfermeiro, um auxiliar de
enfermagem e de 4 a 6 agentes comunitários de saúde acompanhando uma micro-
área onde residem de 400 a 750 pessoas. Outros profissionais, a exemplo do
professor de EF, podem ser inseridos de acordo com as demandas e características
locais (BRASIL, 2001).
A principal atribuição dos profissionais da ESF é facilitar e estimular a população a exercer o seu direito de participação em todos os encaminhamentos e fiscalização das políticas públicas de saúde, para que através da participação popular haja adequação das ações de saúde às necessidades da população (BRASIL, 1997 apud COQUEIRO, NERY e CRUZ, 2008, P.5).
Em Brasil (2006) Esta atribuição específica evolui para “normatização” do
município e Distrito Federal de acordo com as prioridades definidas pela respectiva
gestão e as prioridades nacionais e estaduais pactuadas.
Na intenção de enfatizar a importância de cada profissional na estratégia,
Melo (1992 apud VIEIRA et al., 2004, p. 122), aponta que a ESF:
36
Não é uma proposta paralela na organização dos serviços da saúde e, sim, uma estratégia de substituição e reestruturação do modelo. “Desta forma, a implantação da ESF traz um novo desafio para os trabalhadores de saúde, o de rever sua prática diante do novo paradigma. Esta transformação é preciso para enfrentar os agravos e problemas de saúde.
3.5- Núcleo de Atenção Integral a Saúde da Família (NAISF) X Núcleo de Apoio
a Saúde da Família (NASF)
Buscando diferenciar e apontar a evolução do NAISF para o NASF,
pontuamos a mudança da nomenclatura, o aumento do número de profissionais e a
preocupação em buscar ações mais específicas de acordo com cada profissão
implementada.
Em seu estudo Da Silva (2008, p. 37) revela que:
[...] o ministro da Saúde, José Gomes Temporão autorizou a implementação do NASF com intuito de reunir profissionais de diversas áreas no atendimento à população. A proposta é a mesma do NAISF. A única diferença visível (além da nomenclatura) é que a nova proposta (NASF) define o ¨apoio¨ a atenção básica dentro de um mecanismo de referencia e contra-referencia e que eles (os núcleos) não constituem a porta de entrada do sistema.
Para um melhor entendimento propomos uma visualização das diferenças dos
documentos supracitados, portanto, vamos nos basear na publicação da portaria n0
1.065, de 4 de julho de 2005, do MS (ANEXO I), no Anexo I deste documento,
destaca-se a criação do NAISF. Em seu art. 3, esta portaria prevê que a AF é uma
das quatro modalidades de ação em saúde, destacada em dois itens do artigo: o
item I - alimentação/nutrição e AF e o item II - AF. (BRASIL, 2005)
Ainda assim, necessitamos do surgimento de mais estudos para que
apareçam sugestões e interesses das áreas de saúde com o objetivo de apresentar
propostas de inclusão, mostrar qual a importância de cada área para este programa
e, acima de tudo contarmos com boa vontade política. Como o apontado na portaria
n0 684/2006, que estabelece ações para as práticas corporais/AF, fortalecendo ainda
mais a criação no NAISF e pontuando espaços de intervenção para o profissional de
EF, esta portaria também é enfatizada por Machado (2006 apud FRAGA e WACHS,
2007, p. 108):
¨O mapeamento e apoio das práticas corporais/AF existentes nos serviços de Atenção Básica e ESF, e inserir naqueles onde não há ações; ofertar práticas
37
corporais/AF como caminhadas, prescrição de exercícios, práticas lúdicas, esportivas e de lazer, na rede básica de saúde, voltadas tanto para a comunidade como um todo quanto para grupos vulneráveis; capacitar os trabalhadores de saúde em conteúdos de promoção à saúde e práticas corporais/AF na lógica da educação permanente, incluindo a avaliação como parte do processo; estimular a inclusão de pessoas com deficiências em projetos de práticas corporais/AF; pactuar com os gestores do SUS e outros setores nos três níveis de gestão a importância de ações voltadas para melhorias ambientais com o objetivo de aumentar os níveis populacionais de AF; constituir mecanismo de sustentabilidade e continuidade das ações do Pratique Saúde no SUS (área física adequada e equipamentos, equipe capacitada, articulação com a rede de atenção); incentivar articulações intersetoriais para melhoria das condições dos espaços públicos para realização de práticas corporais/AF (urbanização dos espaços públicos; criação de ciclovias e pistas de caminhadas; segurança, outros)¨.
Surge então uma nova esperança através da portaria n0 154, de 24 de janeiro
de 2008: o NASF (ANEXO II), criado por equipes de diferentes áreas de
conhecimentos, atuando em parceria com as Equipes de Saúde da Família, e
compartilhando as práticas em saúde nos territórios definidos ajudando-se
mutuamente e, pelo qual o MS espera alcançar resultados positivos no setor da
saúde e de incrementar a ESF na rede de serviços oferecidos pelo governo.
De acordo com Brasil (2008) este núcleo é regulamentado pelas diretrizes
operacionais dos pactos pela vida e de gestão, com objetivo de ampliar a
abrangência e o escopo das ações da atenção básica, bem como sua resolubilidade,
apoiando a inserção da ESF na rede de serviços e o processo de territorialização e
regionalização a partir da atenção básica, sendo então classificados em duas
modalidades: NASF 1, composto por, no mínimo cinco profissionais de nível superior
de diferentes ocupações (Médico, Acupunturista; Assistente Social; Profissional da
Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico
Ginecologista; Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo;
Médico Psiquiatra e Terapeuta Ocupacional) e NASF 2, que deverá ser composto
por no mínimo 3 profissionais de nível superior de ocupações diferenciadas entre as
listadas (Assistente Social; Profissional de Educação Física; Farmacêutico;
Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Nutricionista; Psicólogo e Terapeuta
Ocupacional).
38
O funcionamento do NASF deverá obedecer ao horário de trabalho
coincidente com o das Equipes de Saúde da Família e com carga horária de no
mínimo, 40 horas semanais (BRASIL, 2008).
¨A composição de cada NASF será definida pelos gestores municipais
seguindo os critérios de prioridade identificados a partir das necessidades locais e
da disponibilidade de profissionais de cada uma das diferentes áreas¨ (BRASIL,
2008, P.1).
Cada NASF 1 deverá realizar suas atividades vinculado a no mínimo 8 (oito)
Equipes de Saúde da Família, e a no máximo, a 20 (vinte) Equipes de Saúde da
Família, sendo que nos estados da região Norte, em municípios com menos de
100.000 habitantes cada NASF 1 poderá realizar suas atividades com no mínimo 5
(cinco) e no máximo 20 (vinte) Equipes de Saúde da Família (BRASIL, 2008).
Cada ¨NASF 2 realizará suas atividades vinculado a, no mínimo, 3 (três)
Equipes de Saúde da Família, sendo que o número máximo de NASF 2 aos quais o
Município poderá ter será de 1 (um) NASF 2¨ (BRASIL, 2008, P. 1).
É importante ressaltar que:
¨somente os municípios que tenham densidade populacional abaixo de 10 habitantes por quilômetro quadrado, de acordo com os dados da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ano base 2007, poderão implantar o NASF 2 (BRASIL, 2008, P. 2).
Sendo assim, os NASF estarão baseados nas ações de promoção da saúde
destinadas a garantir condições de bem-estar físico, mental e social. Então estes
Núcleos serão constituídos por equipes multidisciplinares onde encontraremos os
profissionais de EF. A presença do profissional de EF ratifica a importância do
mesmo no trabalho de prevenção, promoção, proteção e manutenção da saúde da
população.
39
3.6 – Apontamentos conceituais e classificatórios da Hipertensão Arterial
Sistêmica , Diabetes Mellitus e Obesidade
Apontada pelo MS (BRASIL, 2001) as Doenças Crônico Não Transmissíveis
(DCNT), vem demonstrando um rápido e assustador crescimento nos países em
desenvolvimento. Portanto, em países como o Brasil, estas doenças encontram
enorme facilidade de aumento quando associadas à inatividade física, dietas e fumo,
causando a toda sociedade elevados custos financeiros e inúmeras seqüelas
físicas.
Assim sendo,
a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) constituem os principais fatores de risco populacional para as doenças cardiovasculares, representando agravos de saúde pública. Acredita-se que um valor estimado entre 60% a 80% dos casos poderiam ser tratados na rede básica (BRASIL, 2001, p. 9).
O MS ainda aponta que ¨a possibilidade de associação das duas doenças
é de 50%. Cita-se ainda alguns aspectos comuns, dentre eles um fator de risco
merece atenção especial: a obesidade¨ (BRASIL, 2001, p. 11). Considerada por
Bouchard (2003, p. 3) ¨como um dos fatores de risco mais prevalentes das doenças
crônicas como a HAS e o DM¨ e citada pela ACMS (2003, p. 140) como um
¨problema de saúde pública sério e comum¨.
As informações que chegam ao conhecimento público sobre agravos da
saúde podem representar, em boa parte dos casos, uma grande relação com o estilo
de vida adotado, que também está bem próximo a fatores como: status sócio-
econômico, condições de saneamento básico, alimentação, escolaridade,
sedentarismo dentre outros (Brasil, 2001).
A análise conceitual de saúde, bem como dos respectivos aspectos que
influenciam sua qualidade, já é algo comum na comunidade acadêmico-científica.
Dentre as concepções sobre saúde, vale pontuar que esta seja a ¨resultante das
condições de renda, habitação, alimentação, transporte, trabalho, meio ambiente,
liberdade, lazer, emprego, acesso a serviços de saúde e a posse de terra¨ (MINAYO,
1992 apud BAGRICHEVSKY , PALMA e ESTEVÃO, 2003, p. 19).
40
Especificamente no caso do presente estudo, o foco de análise recai sobre
três patologias que acometem uma expressiva parcela da população: obesidade,
HAS e DM. Como visto anteriormente a proposta de reunir HAS / DM e a sua relação
de presença num mesmo indivíduo é citada em números ¨como um fator de
reconhecida projeção de associação entre tais doenças para algo em torno de 50%
dos casos¨ (BRASIL, 2001, p. 11). Portanto, a tomada de decisões para seu
respectivo tratamento e prevenção já encontra respaldo em diversas propostas de
estudos. Em termos de sua etiopatogenia podem-se perceber similaridades bastante
evidentes tais como disfunção endotelial, as resistências vascular periférica e
insulínica. Além disso, também são reconhecidos como fatores de risco para ambas
a obesidade e o sedentarismo (BRASIL, 2001), o que justifica nossa opção em
propor exercício físico com supervisão profissional.
3.6.1 – Hipertensão Arterial Sistêmica
TABELA 1 – Classificação da pressão arterial para adultos acima de 18 anos
Categoria Sistólica
(mmHg)
Diastólica
(mmHg)
Normal < 130 < 85
Normal limítrofe 130 – 139 85 – 89
Hipertensão leve (estágio 1) 140 – 159 90 – 99
Hipertensão moderada (estágio
2)
160 – 179 100 – 109
Hipertensão grave (estágio 3) >180 – 209 >110
Hipertensão sistólica (isolada) > 140 < 90
Fonte: Adaptado de BRASIL (2001, p. 13)
De acordo com Gandarillas, Camara e Scarparo (2005 apud DA SILVEIRA,
NAGEM e MENDES, 2007, p. 1)
A HAS, também conhecida como crônica, se caracteriza por altos valores da Pressão Arterial (PA). Este tipo de manifestação orgânica mostra uma incidência crescente, em âmbito mundial nas últimas décadas, apresentando um aumento acentuado em relação a outras enfermidades, de tal forma que
41
já representa um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade.
As diretrizes brasileiras de hipertensão arterial (2002 apud DA SILVEIRA,
NAGEM e MENDES, 2007) nos chamam atenção para falta de relação existente
entre o aumento da PA com a idade, deixando claro que esta relação não representa
um comportamento biológico normal. Coloca-se ainda a favor da prevenção,
pontuando esta como a maneira mais eficiente de combater a HAS, evitando as
dificuldades e o elevado custo social do tratamento e de suas complicações.
3.6.2 – Diabete Mellitus
O MS conceitua o ¨DM como sendo uma síndrome de etiologia múltipla,
decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina exercer
adequadamente seus efeitos¨ Brasil (2001, P. 14). Ainda segundo o mesmo
documento,
este se caracteriza pela hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas. Suas conseqüências podem chegar à disfunção e falências de vários órgãos, como rins, olhos, nervos coração e vasos sangüíneos Brasil (2001, P. 14).
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2004), classifica o
DM em quatro tipos, sendo eles tipo1, tipo 2, outros tipos específicos de diabetes e
diabetes gestacional. Para efeito específico deste trabalho vamos nos ater aos dois
primeiros tipos.
O DM tipo 1 é reconhecido pela destruição das células Beta, usualmente
levando à deficiência absoluta na secreção de insulina. Os marcadores da
destruição imune incluem os anticorpos contra as células das ilhotas, contra a
insulina e contra a descarboxilase do ácido glutâmico. Esta é apontada pelo MS
como sendo responsável pela ocorrência de 5 a 10% dos diabéticos. Este mesmo
documento reconhece que o programa de AF para estes pacientes pode não levar a
grandes resultados no controle metabólico, mas cita a AF como uma grande aliada
no que se refere ao benefício cardiovascular, bem-estar-psicológico, interação social
e lazer. (BRASIL, 2001)
Segundo o MS o programa de AF com estes pacientes deverá levar em conta
às ocorrências de ¨hipoglicemia, hiperglicemia, cetose, isquemia coronariana,
42
arritmias, piora de uma retinopatia proliferativa ou nefropatia¨ (BRASIL, 2001, p. 50).
Portanto, além do profissional de EF, nesses casos torna-se indispensável o
acompanhamento direto nas sessões de treinamento pelo médico endocrinologista e
o nutricionista.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2004, p.5), cita o
DM tipo 2 como sendo ¨provocado por um efeito na secreção de insulina que se
agrava devido ao fator concomitante de resistência à insulina. Pelo menos no inicio,
é normal que estes indivíduos não necessitem de insulina¨.
ACSM (2003, p. 139) define a causa deste tipo de DM como sendo ¨uma
combinação de resistência à ação da insulina e de resposta compensatória
inadequada à secreção de insulina¨. Vale ressaltar que o DM tipo 2, é apontado pelo
MS como responsável por ¨90% dos casos de pacientes diabéticos¨ (BRASIL 2001,
p. 14). Sendo assim, estudos como Katzer, (2007, p. 1) e De Souza et al. (2008, p.
114) ¨relatam a importância e os benefícios da AF para estes pacientes¨.
3.6.3 – Obesidade
Estudos como os de Bouchard (2003) e Santos et al. (2005), demonstram a
preocupação de uma eminente propagação deste fator de risco nas próximas
décadas, principalmente quando associada ao estilo de vida sedentário. Isso explica
a afirmativa de Rössner (2002 apud SANTOS et al., 2005, p. 317) que considerada
¨a obesidade como a epidemia do século XXI¨.
Podemos observar em nosso cotidiano as facilidades tecnológicas que vêm
surgindo e que, por conseqüência nos aproxima cada vez mais da inatividade
física.
Vários autores vêm apresentando diferentes definições de obesidade em seus
estudos. Em nosso trabalho apresentaremos três destas definições:
Para Porto et al. (2002, p. 668) ¨a obesidade é definida como excesso de
tecido gorduroso no organismo¨. Oliveira (2005 apud REIS, 2009, p. 1) define como
¨acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo, em partes do corpo ou no corpo
todo, com grande aumento de massa corporal¨.
43
Buscamos ainda uma definição, mais aceita para fins de estudos
epidemilogicos. Para Broca (apud WEINECK, 2003), a obesidade deve ser vista a
partir do peso normal adicionando mais de 20% de excesso de peso.
Erikson, Taimela & Koivisto (1997 apud SANTOS et al., 2005, p. 317)
sugerem que ¨a obesidade é causada sobre tudo pela relação do baixo dispêndio
energético em vez de um consumo exagerado de alimentos¨.
Estudos do MS demonstram que ¨a obesidade está presente em cerca de
80% dos pacientes, acometidos por DM tipo 2¨ (BRASIL, 2001 p. 21). ¨O excesso de
peso tem forte relação causal com o aumento da PA e da resistência insulínica¨
(BRASIL, 2001, p. 22).
A ¨classificação da obesidade é geralmente diagnosticada através do índice
de massa corpórea (IMC) retratada na seguinte formula: IMC = peso/Kilograma (KG)
dividido pela altura/Metros (m2) ao quadrado¨ (BRASIL, 2001, p. 22; WEINECK,
2003, P. 178).
TABELA 2 – Classificação de obesidade
CLASSIFICAÇÃO IMC (Kg/m2) Risco de co-morbidade
Normal 18,5 – 24,9 Baixo
Sobrepeso 25,0 – 29,9 Pouco aumentado
Obeso classe I 30,0 – 34,9 Moderado
Obeso classe II 35,0 – 39,9 Grave
Obeso classe III > 40,0 Muito Grave
Fonte: OMS (1998, apud. BRASIL, 2001, p. 22)
Portanto, acredita-se nos benefícios para a saúde de indivíduos sedentários e
grupos especiais através de um programa de treinamento físico. Estudos como Kiss,
(2003); Powers e Howley, (2000) e Santos et al. (2005) comprovam estes dados
mostrando as relações do treinamento com a diminuição dos riscos de doenças
como HAS, DM, obesidade, doenças cardio-vasculares, osteoporose e outras.
44
3.7 Treinamento Aeróbio (contínuo) e Alongamento (estático)
A relação entre aptidão física e melhor estado de saúde é bem documentada
na literatura da área de EF, especialmente pela também reconhecida contribuição
que o estilo de vida fisicamente ativa promove em termos de benefícios na dimensão
morfológica e funcional de pessoas ativas em sua rotina semanal (POWERS e
HOWLEY, 2000; HOEGER e HOEGER, 2002; ACSM, 2003).
Outro argumento importante é o reconhecido valor da prática de exercício
físico visto como terapia preventiva e promotora de saúde para pessoas em suas
diversas faixas etárias (PINTO e DEMARZO, 2005).
Entretanto, o simples fato de ser ativo por si só, não garante melhor estado de
saúde, em função de aspectos técnicos que devem ser observados na prescrição de
exercício físico com autêntica supervisão profissional.
Por sua vez, nossa proposta optou por prescrição e acompanhamento de dois
modos de exercício físico; a caminhada e o alongamento, ambos já reconhecidos
em sua contribuição e aplicabilidade em pessoas com reduzida aptidão física. Isto é
particularmente verdadeiro quando a realização de procedimentos de avaliação
antropométrico-funcional em populações independente de seu grau de saúde
(FERNANDES FILHO, 2003).
A indicação dessas duas modalidades está baseada em sua facilidade de
execução, em seu baixo custo e por permitir que o participante execute a tarefa
prescrita pelo profissional de EF mesmo na eventual ausência deste.
Os ¨elementos da aptidão física relacionada à saúde são a capacidade
aeróbia, a flexibilidade/alongamento e a força/resistência muscular¨ (ACSM, 2003, p.
39; KISS, 2003, p. 7). As duas primeiras são de extrema simplicidade em sua
execução e são indicadas como proposta de exercício físico para pessoas que
apresentem alguma limitação orgânico-funcional.
No caso da força/resistência muscular, sua execução requer a disponibilidade
de recursos materiais de elevado custo e necessidade de maior complexidade de
coordenação motora para que os participantes executem a rotina de exercícios
45
físicos com bom nível de proficiência. Segundo ACSM (2003, p. 137), verificam-se
recomendações muito específicas para força/resistência muscular:
pois esta não é recomendada como forma primária de treinamento como exercícios para indivíduos hipertensos, não reconhecendo esta como fonte de extrema efetividade para baixar PA, principalmente quando se caracteriza por programas independentes.
Outro ponto merecedor de nota é a necessidade de acompanhamento de um
profissional para iniciantes para garantia de segurança na tarefa a ser
desempenhada nas máquinas para realização dos exercícios de força.
3.7.1. Treinamento Aeróbio (contínuo)
Segundo Monteiro (2004, p. 169) o treinamento contínuo caracteriza-se da
seguinte forma:
O treinamento contínuo é executado em ritmo cadenciado e geralmente envolve intensidades de esforço, variando entre 50% e 85% do Volume Máximo de Oxigênio (VO2 máx.). Em alguns casos, praticantes bem condicionados realizam seus trabalhos numa faixa que vai de 70% a 90% do VO2 máx.
Durante uma sessão de treinamento aeróbio, é comum observar variações de
intensidade, onde diferentes níveis de steady-state (estado de equilíbrio) são
requeridos. Em função disso, este tipo de treinamento pode ser de alta, média ou
baixa intensidade. Portanto, para indivíduos iniciantes, este treinamento é
recomendável nas intensidades baixa e média. Essas taxas de esforço permitem a
instalação de steady-state, e também são facilmente suportadas, reduzindo as
possibilidades de desistência. (MONTEIRO, 2004)
Segundo Warburton e colaboradores (apud PINTO e DEMARZO, 2005, p.
23),
no geral, quanto mais elevada a intensidade da atividade, menor o tempo requerido para se ter benefícios para a saúde. Cada sessão aeróbia de exercício deve começar com um aquecimento (exercício leve, para se elevar gradualmente a frequência cardíaca e a temperatura corporal) e terminar com um período de recuperação (exercício leve, para se diminuir lentamente a freqüência cardíaca e a temperatura corporal após programa específico de exercícios).
A recomendação para realização do exercício físico com vistas a melhorar a
aptidão cardio-respiratória preconiza que este ¨deva ser elaborado de forma a
46
proporcionar uma melhora na capacidade da circulação central, bem como aprimorar
a capacidade dos músculos em utilizar o oxigênio¨ (MONTEIRO, 2004, p.
155).
Desse modo, a forma de realização dos exercícios deve ser de acordo com o
nível de aptidão apresentado pelo executante, além da exigência para que a
intensidade da caminhada seja dentro de parâmetros funcionais como o percentual
do consumo máximo de oxigênio para que se garanta, por exemplo, a realização da
atividade dentro de condições de aerobiose suportáveis, condição conhecida como
steady-state o que é imprescindível para pessoa acometidas por HAS, DM e
obesidade.
Optamos por adotar o seguinte nível de intensidade quando da prescrição de
exercícios aeróbios (WARBURTON e colaboradores, apud PINTO e DEMARZO,
2005) que deve ser adequado ao nível de aptidão de pessoas iniciantes na prática
de qualquer programa de exercício físico com regularidade semanal.
47
TABELA 3 - Quantidades recomendadas de exercícios requeridos para
melhorar a aptidão física relacionada à saúde
Exercício aeróbio de baixa
intensidade (esforço leve)
• 30-39% da Freqüência Cardíaca de Reserva
(FCres*), ou aproximadamente 2-4 METs*.
• Aproximadamente 60 minutos por dia.
• Na maioria dos dias da semana (preferivelmente
todos).
Exemplos: jardinagem leve, caminhada leve.
Exercício aeróbio de moderada
intensidade (esforço moderado)
• 40-59% da FCres, ou aproximadamente 2-6 METs.
• 20-60 minutos por dia.
• 3-5 dias por semana.
Exemplos: caminhada vigorosa (09-12 minutos por
kilometros), dançar ativamente.
Exercício aeróbio de alta
intensidade (esforço intenso)
• 60-84% da FCres, ou aproximadamente 6-8 METs.
• 20-60 minutos por dia.
• 3-5 dias por semana.
Exemplos: corrida e natação.
Fonte: Adaptado de Warburton e colaboradores (apud PINTO E DEMARZO, 2005, p. 22)
Nota-se na tabela 3 que há uma recomendação de intensidade mais
adequada para pessoas iniciantes ou que apresentam alguma limitação orgânico-
funcional. Nossa opção, a prescrição apontaria para o primeiro nível de intensidade
recomendado, considerado esforço leve ou 30 a 39% da FCres (WARBURTON e
colaboradores, apud PINTO E DEMARZO, 2005).
Os mesmos autores ainda apresentam outra opção de prescrição para
exercícios aeróbios (vide tabela 4) inclusive com indicação da escala de Borg a qual
se refere à percepção subjetiva de esforço admitida pelo participante de esforço
físico.
48
TABELA 4 - Intensidades relativas para prescrição do exercício aeróbio (para
atividade que dura até 60 minutos)
intensidade %
FCres
%
FCmax
Escala
de Borg
respiração Temperatura
corporal
Exemplo
Esforço muito
leve
< 20 < 30 < 10 Normal Normal Caminhada leve
Esforço leve* 20-39 35-54 10-11 Levemente aumentada Levemente
aumentada
Jardinagem leve
Esforço
moderado*
40-59 55-69 12-13 aumentada aumentada Caminhada
vigorosa
Esforço
vigoroso*
60-84 70-89 14-16 Muito aumentada
(dificultando a fala)
Muito aumentada Corrida
meoderada
Esforço
intenso
> 84 > 89 17-19 Grandemente
aumentada (sem
conseguir falar)
Quente Corrida rapída
Esforço
máximo
100 100 20 Ofegante Muito quente
(transpiração
intensa)
Corrida de
intensidade
máxima
* intensidades requeridas para melhora do estado de saúde.
Fonte: Warburton e colaboradores (apud PINTO e DEMARZO, 2005, p. 28)
Pelo exposto, pode se visualizar um conjunto de dados que podem ser
manipulados pelo profissional de EF na supervisão de exercícios aeróbios para
populações especiais como no caso de nosso estudo.
Uma questão que surge a partir daí seria relacionada à diversidade biológica
apresentada em termos de respostas orgânicas que cada participante pode
apresentar durante as sessões de treino. Isso define a necessidade da qualidade da
orientação, que deve ser realizada pelo profissional de EF junto aos participantes do
estudo, o que pode ser corrigido durante a respectiva supervisão das sessões.
Nossa opção, em termos da recomendação de alongamentos, deu-se ao fato
desse exercício favorecer níveis adequados de mobilidade/flexibilidade articular, que
constitui qualidade motora da aptidão física para a saúde como já descrito, e
49
também por facilitar a ênfase de aspectos como coordenação e equilíbrio os quais,
uma vez treinados contribuem para redução da proficiência motora e prevenção de
quedas nos respectivos executantes (WEINECK, 2003).
3.7.2. Alongamento (estático)
Para Dantas (2005), alongamento é a forma de trabalho que visa à
manutenção dos níveis de flexibilidade obtidos e a realização dos movimentos em
amplitude normal com o mínimo de restrição física possível.
Moore & Hutton (1980 apud MONTEIRO, 2004, p. 201), destaca que:
o alongamento estático, envolve um relaxamento completo e voluntário da musculatura durante o seu alongamento. É de fácil aprendizagem, eficaz e apresenta relação mínima com dor tardia e lesões. É também considerado uma das mais eficazes e propícias técnicas a serem utilizadas quando conforto e tempo limitado de treinamento são os principais fatores a serem considerados num programa de flexibilidade.
Ainda segundo Monteiro (2004, p. 201):
na forma estática, movemos lenta e progressivamente o segmento à posição de sobrecarga, mantendo-a durante algum tempo. Isto permite que se atinjam maiores amplitudes de movimento que no treinamento balísticio, por descarregar menos impulsos a partir dos fusos musculares.
Como refere De Vries (1986 apud MONTEIRO,2004, p. 201)
o alongamento estático envolve o reflexo miotático, o que resulta numa inibição dos músculos antagonistas, permitindo que eles relaxem e aumentem a amplitude de movimento. A ampla maioria dos autores indica este tipo de treinamento para iniciantes e não atletas, considerando-o mais seguro para o praticante. Sua principal desvantagem reside na aplicação em algumas práticas desportivas, já que perde em especificidade do movimento.
50
QUADRO 1 – Exemplos de atividades, freqüência e duração do treinamento
para alongamento
Exercícios de ¨alcançar, flexionar e estender¨ que trabalhem os principais grupos
musculares, para melhora da flexibilidade articular (cada um mantido por um tempo
de 10 a 30 segundos), utilizando de 3 repetições por grupamento e pelo menos de 2
a 3 dias por semana (preferivelmente de 4 a 7 dias).
Fonte: Adaptado de Warburton e colaboradores (apud PINTO E DEMARZO, 2005, p. 23)
O quadro 1 sugere uma metodologia para execução de exercícios de
alongamento. A execução recomendada está bem relacionada com nosso produto,
pois, a frequência semanal de execução dos exercícios de alongamento é decisiva
na promoção de maiores índices de flexibilidade articular.
De acordo com ACSM (2006, p. 46), ¨existem grandes diferenças de opiniões
a cerca da freqüência e da duração neste tipo de trabalho, sendo assim, serão
apresentadas algumas sugestões¨:
Beaulieu (1980 apud ACSM, 2006, p. 46) ¨O alongamento deverá ser mantido
por 10 a 15 segundos nos primeiros dias aumentando gradativamente para 45 a 60
segundos durante um período de 4 a 5 semanas¨.
Anderson (2000 apud ACSM, 2006, p. 46) ¨sugere começar com alongamento
simples de 10 a 30 segundos seguido por um alongamento “desenvolvimental” por
um tempo adicional de 10 a 30 segundos¨.
Monffatt (1988 apud ACSM, 2006, p. 46-47) ¨recomenda manter a postura
alongada por cerca de 8 a 12 segundos¨, mas segundo Feldenkrais (1988 apud
ACSM, 2006,, p. 47) ¨seria mais interessante executar de 3 a 4 exercícios e repeti-
los lentamente de 3 a 4 vezes até um total de 30 minutos de exercício¨.
Segundo a ACSM (2006, p. 47), a utilização destas freqüências e durações
neste tipo de trabalho ¨acarretam uma deformação do tecido conjuntivo e efeitos
neuroinibitórios mas para que isso ocorra exige-se um tempo de 30 a 90 segundos
pois isso levará a uma mudança tecidual e uma resposta de relaxamento¨.
51
Tais fatos estão bem documentados nas literaturas especializadas na área de EF
sempre que a prescrição de exercício físico é efetivada com vistas à obtenção de
melhor grau de aptidão psico-física. Esta condição, derivada da prática de exercício
físico com supervisão profissional, permite melhor estado de prontidão para
participação em atividades da vida diária (POWERS e HOWLEY, 2000;
GONÇALVES,2004).
IV. TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
4.1 Construindo o Instrumento
A possibilidade de chegar à elaboração deste produto só se tornou possível
através de uma pesquisa descritiva exploratória junto a enfermeiros e médicos que
atuam na ESF no município de Volta Redonda. Conseguimos assim, pontuar como o
profissional de EF pode contribuir neste cenário da saúde coletiva, descrevendo a
ação desse sob a fala dos entrevistados, resoluções vigentes vinculadas à ESF e a
EF.
O cenário de pesquisa foi o Distrito Norte do município de Volta Redonda, no
Estado do Rio de Janeiro. Escolhemos esse distrito por abranger grande parte da
região e, ser composto por doze unidades de ESF. São elas: ESF Verde Vale; ESF
Vila Brasília; ESF Vila Mury; ESF Mariana Torres; ESF Açude I; ESF Açude II; ESF
Siderlandia; ESF Belo Horizonte; ESF Padre Jósimo; ESF Belmonte; ESF Jardim
Belmonte e ESF Coqueiros.
Os sujeitos da pesquisa foram enfermeiros (22) e médicos (16), a escolha por
estes profissionais se deve ao fato, desses atuarem em todas as ações de
promoção e prevenção do programa de ESF.
O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
UniFOA, sob processo no 35/08, conforme Resolução 196/96,do Conselho Nacional
de Saúde.
52
Para a coleta de dados, utilizamos como instrumentos um questionário para
identificação do perfil demográfico dos informantes e a entrevista composta por três
questões abertas:
1 - Em sua opinião, além dos profissionais que compõem a equipe mínima da ESF,
que outros profissionais deveriam participar deste programa?
2 - Você sabia que pelo MS o profissional de EF está inserido na ESF através do
Núcleo de Apoio a Saúde da Família?
3 - Em quais áreas da ESF o profissional de EF poderia colaborar?
4.2 - Resultados e Discussão
Para a análise dos dados coletados, utilizamos os passos propostos por
Minayo (1999): ordenação e classificação dos dados, agrupamento das idéias em
categorias e análise final dos resultados obtidos.
Como citado anteriormente foram submetidos às entrevistas enfermeiros (22)
e médicos (16) todos vinculados ao programa de ESF do município de Volta
Redonda.
Ao responderem a questão sobre quais os profissionais que poderiam compor
a equipe Saúde da Família, além deles, o Gráfico 1 aponta as seguintes respostas:
Assistente social (10), Nutricionista (17), Psiquiatra (1), Ginecologista (2), Pediatra
(2), Fonoaudiólogo (3), todos profissionais da área de saúde (4), Cirurgião dentista
(5) classificados como Outros (17), Psicólogo (18), Fisioterapeuta (20) e um número
significante (33) apontam o profissional de Educação Física como elemento
importante na ESF.
53
Gráfico 1 - Em sua opinião, além dos profissionais que compõem a equipe mínima da ESF, que outros
profissionais deveriam participar deste programa?
10
17
17
1820
33
Assistente Social
Nutricionista
Outros
Psicólogo
Fisioterapeuta
Educação Física
A composição da equipe de profissionais envolvidos num programa que tenha
como alvo a saúde da população é sempre objeto que se reveste de relevância em
função da complexidade que a questão impõe.
Quando se questionou aos participantes (médicos e enfermeiros) sobre a
necessidade da inclusão de outros profissionais na equipe Saúde da Família,
fisioterapeutas (20) e professores de EF (33) foram os mais citados.
O papel do movimento no contexto da intervenção destas duas profissões
talvez explique essa escolha. No caso da Fisioterapia, a aplicação do movimento
atua na reabilitação funcional. O professor de EF trata o movimento em praticamente
todos os segmentos e espaços de sua ação, seja em escolas, academias,
treinamento personalizado dente outras possibilidades. O fato do movimento ser um
fator de redução do sedentarismo quando realizado com supervisão de professores
de EF pode ter sido uma das razões para tal escolha por parte dos entrevistados
(WEINECK, 2003).
Por outro lado, também é verdadeira a inferência de que, médicos e
enfermeiros possam desconhecer em alguma medida, as possibilidades do
movimento / exercício físico em relação à sua aplicabilidade na promoção da Saúde
54
da população. Além disso, temos que reconhecer que o fato do entrevistador ser
professor de EF, não descarta a probabilidade de influência nas respostas obtidas.
Com relação ao conhecimento da inserção do profissional de EF no NASF, no
Gráfico 2, verificou-se que apenas nove entrevistados disseram saber que este
profissional já está inserido e a maioria (vinte e nove) desconheciam esta
informação.
Gráfico 2 - Você sabia que pelo MS o profissional de EF está inserido na ESF através do Núcleo de Apoio
a Saúde da Família?
9
29
Sim
Não
Ressaltamos que dos 9 entrevistados conhecedores da inserção deste
profissional no NASF, 6 fizeram questão de salientar que nunca viram este
profissional atuando nas Unidades Básicas de Saúde, o que se traduz em realidade
para nosso município.
Nos números encontrados no Gráfico 2, parece clara a relação com a
necessidade de conhecimento da legislação que estabelece o NASF, pois em sua
estrutura há referência sobre a pertinência do professor de EF nessa equipe de
intervenção (BRASIL, 2008).
As discussões acerca da pertinência de uma profissão passam pelo
entendimento de sua relação com as necessidades da população e da sua
reconhecida importância para a Saúde e a Educação, apenas para propor alguns
exemplos.
55
A partir do entendimento da EF como profissão, vale pontuar que, desde o
início da década de 1990, são identificadas vertentes quanto ao encaminhamento
através do qual a EF deve ser reconhecida quais sejam a técnico-desportiva, a
pedagógico-humanista e a biomédica (FARINATTI, 1995; BRASIL, 2004; Projeto
Político Pedagógico dos Cursos de Graduação e Licenciatura em Educação Física,
2008).
Não obstante a tais argumentos, outras vertentes foram sendo identificadas
ao longo dos anos, sempre tendo no espaço acadêmico seu momento de
aprofundamento para então, surgirem propostas realmente adequadas às reais
prioridades da população.
Finalmente, vale destacar que cabe ao poder público o reconhecimento de
quais aspectos constituem prioridades de atendimento para a população e daí,
estruturar políticas públicas que assegurem tal atendimento, o que em nossa visão
se concretiza nas ações do NASF.
Esta afirmativa encontra eco em outros estudos (CZERESNIA, 2003; SOUZA
e PITANGUY, 2006; FRAGA e WACHS, 2007; BAGRICHEVSKY , PALMA e
ESTEVÃO, 2007) que revelam estar em curso atualmente, um enfrentamento entre
concepções modernas e outras mais tradicionais que tratem questões da relação
entre saúde e cultura, corpo e mente, entre qualidade de vida e poder econômico. O
entendimento destas questões pode auxiliar muito na compreensão da necessidade
de aprofundamento sobre o que se vai divulgar, pois, em sua maioria, a população
toma alguns dados como verdades absolutas e daí podem ser construídas crenças
que explicam muito de hábitos e atitudes nela observados (BUENO, in
BAGRICHEVISKY, PALMA e ESTEVÃO, 2007).
Ao serem questionados sobre em quais áreas de atuação da ESF os
profissionais de EF poderiam contribuir, Enfermeiros e Médicos deram as seguintes
respostas traduzidas em números absolutos, apresentadas no Gráfico 2: Controle de
glicemia (um), Dependentes de psicotrópicos (um), Doenças crônicas (um), Grupo
prioritário (um), Diminuição do colesterol (dois), Dislipidemia (dois), Doenças
degenerativas (dois), Doenças psicossociais (dois), Sedentarismo (três), Adulto
(quatro), Adolescentes (dez), Obeso (sete), Mulher (oito),Todas as áreas (treze),
56
Gestante (quinze), Crianças (dezessete), Idoso (dezenove), Diabetes Mellitus (vinte
e seis), Hipertensão Arterial Sistêmica (vinte e oito).
Gráfico 3 - Em quais Áreas da ESF o profissional de EF poderia colaborar?
61
54
28
23
HIPERTENSÃOARTERIALSISTÊMICA, DIABETEMELLITUS EOBESIDADECRIANÇAS,ADOLESCENTES EADULTOS
OUTROS
MULHERES EGESTANTES
A análise deste gráfico permite comprovação da relação já bem
documentada na literatura mundial sobre complicações cardiovasculares, obesidade,
HAS e DM.
Em estudos epidemiológicos alguns dados demonstram que os fatores de
risco cardiovascular associados à obesidade apresentam melhora com a redução da
adiposidade corporal e respectivamente se agravam com o oposto desta condição
(CARPENTER, 2002; ACSM, 2003; BOUCHARD 2003).
Outros estudos reportam que uma das consequências da obesidade é a
dislipidemia notadamente a elevação das VLDL-triglicérides e da LDL-colesterol
(CARPENTER, 2002; ACSM, 2003; BOUCHARD, 2003).
Além disso, autores como Brasil, (2001); Bouchard, (2003) e Sartorelli e
Franco, (2003) apontam a obesidade como um fator que aumenta a predisposição
para o surgimento de diabetes mellitus não insulino-dependente, em Brasil (2001, p.
33) revela-se uma projeção, que ¨50% dos casos novos poderiam ser prevenidos,
57
evitando-se o excesso de peso, e outros 30%, com o controle do sedentarismo¨.
Projeções em Brasil (2001, p. 21) apontam ¨a obesidade presente em cerca de 80%
dos pacientes não insulino-dependente, no momento do diagnóstico¨. Por outro lado
em um estudo sueco de obesidade, Sjostrom e colaboradores (1997 in BOUCHARD,
2003, p. 49). ¨Observaram que o diabete estava presente entre 13% e 16% dos
indivíduos obesos¨.
Diante desta situação, fica, portanto, pertinente a sugestão de inclusão dos
profissionais de EF na ESF através no NASF, devido a sua intervenção ser
diretamente relacionada com operacionalização do movimento / exercício físico para
superar a condição de sedentarismo tão presente em nossa sociedade.
A propriedade da prática do exercício físico reduz o sedentarismo e suas
conseqüências tais como HAS, DM e obesidade, já é em si uma razão para se
reconhecer a necessidade da presença deste profissional na equipe.
Minimamente, pode-se considerar que a constante associação entre ser
fisicamente ativo e melhor estado de prontidão psicofísica deveria ser suficiente para
tal inserção (WEINECK, 2003; CARPENTER, 2002). Por outro lado, deve-se ter o
cuidado em não se compreender a prática de exercício físico como milagrosa e
dissociada de outros procedimentos que dependem da intervenção dos outros
profissionais inseridos neste contexto.
4.3. Construção do Protocolo de Intervenção
Com base na literatura pertinente, construímos o seguinte protocolo de
intervenção para atuação do profissional de EF no programa de HA e DM:
• Após ser reconhecido como um usuário da unidade básica de saúde na ESF o
indivíduo deverá ser submetido a uma avaliação clínica feita pelo médico desta
unidade para garantir sua segurança e bem estar durante a realização das
respectivas atividades propostas no protocolo;
• O protocolo preconizará a realização de 3 sessões semanais com duração
prevista de até 60 minutos cada para a prática de exercício físico com supervisão
do professor EF;
58
• Esta supervisão será efetivada especificamente uma vez por semana;
• Todo indivíduo especificamente acometido por Hipertensão Arterial Sistêmica,
Diabetes Mellitus e/ou obesidade que se interessar em participar do programa
deverá ser submetido a uma entrevista (anamnese) realizada pelo professor de
Educação Física para possibilitar obtenção e dados específicos quanto à sua
condição morfológico-funcional
• A primeira sessão será necessariamente realizada através de uma reunião entre
professor e todos os indivíduos de ambos os gêneros atendidos pela ESF, e
acometidos por Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus e/ou obesidade;
• Considerando a técnica correta da prescrição de exercício físico com supervisão
profissional e as informações contidas no anexo II deste trabalho fica
estabelecido que as sessões de atividades aqui propostas são orientadas por
duração, freqüência semanal e intensidade adequadas ao grau de limitação
orgânico funcional apresentado por cada um dos participantes atendidos;
• Ainda tendo como referência as informações do anexo II estabelecemos que o
número de sessões semanais serão três. A duração das sessões poderá variar
entre 15 a 60 minutos e a intensidade dos exercícios aeróbios será em torno de
30% a 39% da Freqüência Cardíaca de Reserva (FCreserva = FCmáxima – FC
repouso) durante os dois primeiros meses de aplicação do protocolo. No terceiro
e quarto mês a única alteração seria a elevação da intensidade para 40% a 59%
da FCreserva. (PINTO e DEMARZO, 2005)
• Durante a realização do protocolo em cada sessão com a presença do professor
será feita aferição da FC e da pressão arterial sistêmica antecedendo o inicio da
atividade e imediatamente após o término da mesma. Outra aferição a ser
realizada será durante o período de recuperação, quando o professor após o
término da atividade realizada aferir a resposta de FC dos participantes durante o
repouso especificamente a cada dois minutos podendo totalizar até 10 minutos
de aferição pós esforço.
• Esse procedimento se refere exclusivamente quando da realização dos
exercícios aeróbios que serão realizados através de caminhada. A orientação
quanto ao traje e calçados a serem usados, bem como período pós prandial, uso
de fármacos e ou outras serão devidamente apresentadas aos participantes já na
primeira reunião como descrito acima;
59
• Já na primeira reunião, além das orientações necessárias, será feita uma
orientação quanto a ação de aferir a própria FC aplicando-se a técnica de
palpação da artéria radial para capacitar os participantes no domínio e
aprendizado deste procedimento.
• A presença do professor será somente em uma sessão semanal. Nas outras
duas sessões o participante deverá executar a rotina de caminhada e
alongamento baseando-se nas orientações pré-estabelecidas pelo professor;
• Ao final das sessões de caminhada, o participante cumpre uma seqüência de
exercícios de alongamento. Tal seqüência compreende a realização de uma
série de movimentos com sustentação entre 10 a 30 segundos (PINTO e
DEMARZO, 2005) envolvendo as principais articulações e grandes grupos
musculares adjacentes.
Acreditamos que estas ações isoladas não correspondam à realidade para
uma futura descrição mais ampla das funções gerais e específicas deste
profissional, portanto, ressaltamos aqui, a importância de acrescentar a este
protocolo funções já descritas nos seguintes documentos (guia prático do programa
saúde da família, 2001; plano de reorganização da atenção à Hipertensão Arterial e
ao Diabetes Mellitus, 2001; política nacional de atenção básica, 2006; portaria n0
687, de 30 de março de 2006 e NASF, 2008).
4.4. Estrutura do Software Educacional
Diante das respostas obtidas nas entrevistas, demos início ao
desenvolvimento do produto desta dissertação.
A concepção de aprendizagem utilizada baseou-se em estudos que
proporcionam diretrizes para as áreas de desenho e eventos instrucionais (GAGNÉ,
1980). Considerando o tema abordado no software de importância não só para
acadêmicos ou professores de EF, como também para os profissionais de EF que
atuam na ESF, procuramos desenvolver o conteúdo de forma clara e simples. O
software educacional traduzido em uma mídia foi construído utilizando-se uma
adaptação do Modelo de três estágios para desenvolvimento de programas
Computer-aid Instruction (PRICE, 1991) assim descritos: a). Planejamento inicial; b).
Planejamento e desenvolvimento do conteúdo instrucional; c) Avaliação e revisão.
60
4.4.1 - Fase 1 - Planejamento inicial
Esta fase consiste na base do projeto de desenvolvimento do software
educacional, onde é caracterizado o público alvo, escolhido o tema a ser abordado,
bem como são definidos os objetivos educacionais, os recursos disponíveis, o
design instrucional e as técnicas de modelagem. Os objetivos educacionais foram
definidos em termos de conteúdo, conhecimento e habilidades a serem adquiridos e
organizados em tópicos e atividades para cada módulo. Para o desenvolvimento do
software foram consideradas as etapas de preparação dos conteúdos, elaboração
do projeto gráfico, desenvolvimento da estrutura de navegação, implementação por
meio do software de autoria, testes/manutenção, implantação e projeto gráfico
impresso para embalagem.
4.4.2 - Fase 2 - Planejamento e desenvolvimento do conteúdo instrucional
Nessa fase foi realizada a reunião de todo o material bibliográfico, no sentido
de organizá-lo em uma sequência lógica para a apresentação do conteúdo de forma
clara e abrangente. Fizeram parte desse material, publicações de pesquisas,
materiais diversos preparados como conteúdo de aulas, materiais apresentados em
eventos científicos, livros, artigos científicos e vídeos. Para compor o software foi
planejado o desenvolvimento de quatro módulos, a saber: I - Aspectos gerais para
prescrição de treinamento aeróbio e alongamento; II - Aspectos específicos para
prescrição de treinamento aeróbio; III - Alongamento e IV - Sugestão da rotina para
o desenvolvimento específico do treinamento nas UBS.
4.4.3 - Fase 3 - Avaliação e revisão
Para elaboração deste produto, não foi utilizada a terceira fase deste Modelo
(avaliação e revisão) proposta por Gagné (1980).
V. DESENVOLVIMENTO DO SOFTWARE
O software educacional foi desenvolvido em ambiente Windows com duas
ferramentas: Power Point e Corel Draw. O Power Point é um programa utilizado para
61
edição e exibição de apresentações gráficas e foi desenvolvido pela Microsoft , já o
Corel Draw é um programa de desenho vetorial bidimensional para design gráfico
desenvolvido pela Corel Corporation, Canadá.
Na edição dos textos externos ao software e composição dos esquemas
iniciais do projeto foram utilizadas as ferramentas presentes na suíte Microsoft Office
versão 2003 Profissional.
Para conversão dos arquivos no formato PDF utilizou-se software Adobe
Acrobat Professional versão 7.0 com utilização de recursos de proteção de
conteúdo.
A distribuição do sistema foi feita por meio de mídia no formato CD-R que se
mostrou mais adequada ao volume de dados e também ao desempenho exigido
para execução do software. O mecanismo de funcionamento do sistema
desenvolvido dispensa rotina de instalação. Todos os módulos necessários para seu
pleno funcionamento são executados direta e automaticamente do CD não sendo
necessária a cópia de arquivos para o disco rígido.
Como requisitos mínimos para execução do Sistema Multimídia recomenda-
se um microcomputador com processador compatível com Pentium III, 800MHz ou
AMD Athlon XP ou superior, 512 MB de memória RAM, mínimo de 430 MB de
espaço livre no disco rígido, dispositivo leitor de CD-R, Sistema operacional
Windows XP ou superior e software para leitura de arquivos em formato PDF.
Como mostra a Figura 1, o software educacional é composto por uma tela
inicial, uma tela com o menu principal que leva às telas de cada um dos oito
módulos (abertura, apresentação, utilização do produto, conceitos e classificações,
protocolo, referências, teste seu conhecimento e exercícios). Para sair do programa,
basta acessar a tela de saída.
62
.
Fig 1. Estrutura do software educacional Atividade Física nos Programas de Hipertensão Arterial
sistêmica e Diabetes Mellitus na Estratégia Saúde da Família
Foram utilizadas para a construção das interfaces, características como:
disposição, tamanho e representatividade dos ícones, cores, equilíbrio de objetos
dispostos na tela e demais pontos importantes para a obtenção de aplicações com
recursos visuais em nível aceitável de interatividade (PRICE, 1991; PRESSMAN,
1995). A tela inicial do software (Figura 2) surge de forma automática em tempo
sincronizado, clicando nesta tela surge a tela do menu principal ( Figura 3). Nessa
tela, o usuário poderá acessar todo o conteúdo que compõe o CD-ROM como
abertura, apresentação, utilização do produto, conceitos e classificações, protocolo,
teste seu conhecimento, exercícios e referências clicando sobre os botões
correspondentes.
TELA INICIAL
MENU PRINCIPAL
ABERTURA
APRESENTAÇÃO
TESTE SEU CONHECIMENTO
EXERCÍCIOS
SAÍDA
REFERÊNCIAS
UTILIZAÇÃO DO PRODUTO
CONCEITOS E CLASSIFICAÇÕES
PROTOCOLO
63
.
ATIVIDADE FÍSICA NOS PROGRAMAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA E DIABETES MELLITUS NA
ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA
Mestrado Profissional em Ensino de Ciências da Saúde e do Meio Ambiente - MECSMA
Autor: Érik Imil Viana FaraniOrientadora: Dra. Márcia Ribeiro Braz
Volta Redonda2009
Fig. 2 - Tela de Abertura software educacional
ABERTURAABERTURA
APRESENTAÇÃOAPRESENTAÇÃO
UTILIZAÇÃO DOPRODUTOUTILIZAÇÃO DOPRODUTO
REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
TESTE DECONHECIMENTO
TESTE DECONHECIMENTO
EXERCÍCIOSEXERCÍCIOS
CONCEITOS ECLASSIFICAÇÕESCONCEITOS ECLASSIFICAÇÕES
PROTOCOLOPROTOCOLO
Fig. 3 - Tela do Menu
No que se refere às questões escolhidas com enfoque no protocolo proposto
neste estudo, o usuário poderá avaliar seus conhecimentos adquiridos e suas
respostas recebem feedback, oferecendo oportunidade de saber se estavam
corretas ou não, conforme podemos verificar nas figuras abaixo.
64
Fig. 4 - Tela de resposta errada
Fig. 5 - Tela de resposta certa
VI. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que o produto Atividade Física nos Programas de
Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus na Estratégia Saúde da
Família, desenvolvido nesse estudo, venha a ajudar docentes a ensinar utilizando
as novas mídias. Será uma revolução se mudarmos simultaneamente os
paradigmas convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos.
65
Caso contrário, conseguiremos dar um verniz de modernidade, sem mexer no
essencial. A mídia digital é um novo meio de comunicação, ainda incipiente, mas
que pode ajudar-nos a rever, a ampliar e a modificar muitas das formas atuais de
ensinar e de aprender.
Este produto será disseminado através de distribuição para os docentes do
Curso de EF do UniFOA e também no Colóquio Científico realizado anualmente pela
mesma instituição. Este produto apresenta como um de seus objetivos auxiliar
docentes e discentes da área de EF, dentro da disciplina de Introdução à Saúde
Coletiva a desvendar o caminho a ser percorrido pelo profissional de EF na ESF,
para acompanhamento de usuários hipertensos, diabéticos e obesos. Tem por
finalidade ratificar a necessidade deste profissional na ESF. Trata-se de uma
ferramenta pedagógica de fixação que busca aproximar o acadêmico de EF ao
cenário da Saúde Coletiva, através de informações fundamentais sobre as
intervenções deste profissional na ESF.
Uma vez inserido na ESF, o profissional de EF será capaz de desenvolver
ações que sejam compatíveis com as metas desta estratégia. Poderá atuar
avaliando o estado funcional e morfológico dos sujeitos acompanhados,
estratificando e diagnosticando fatores de risco à saúde (por exemplo: obesidade);
prescrevendo, orientando e acompanhando AF, nos programas de HAS e DM,
objetivando a prevenção e a promoção da saúde. Podendo assim, socializando junto
à comunidade a importância da AF com base em conhecimentos científicos e
desmistificando as concepções equivocadas acerca de sua prática.
Acreditamos que a utilização de mídia digital para a aprendizagem no ensino
das ações desenvolvidas pelo profissional de EF na saúde coletiva, seja uma
estratégia, que por ser inovadora, necessita ser mais desenvolvida, além de
demandar maiores esforços nessa direção. Portanto, o produto desenvolvido será
distribuído não só ao professor da disciplina Introdução à Saúde Coletiva, assim
como a todos os docentes do Curso de EF e os discentes que se interessarem por
esta temática.
Futuramente, temos a intenção de utilizar a fase de avaliação e revisão do
produto, proposta por Gagné (1980), com isso pretende-se otimizar a eficácia do
66
software Atividade Física nos Programas de Hipertensão Arterial Sistêmica e
Diabetes Mellitus na Estratégia Saúde da Família. Esta futura fase será realizada
junto aos alunos do curso de graduação em EF.
67
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de 1964 a 1985. 192 f. 2004. Dissertação (Mestrado). Universidade Severino
Sombra, Vassouras: Rio de Janeiro, 2004.
74
WEINECK, Jurgen. Atividade Física e Esporte Para Quê? Tradução: Daniela
Coelho Zazá, Fabiano Amorim e Mauro Heleno Chagas. Barueri/SP: Manole, 2003.
75
ANEXO I
PORTARIA Nº 1065/GM DE 4 DE JULHO DE 2005.
Cria os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família, com a finalidade de
ampliar a integralidade e a resolubilidade da Atenção à Saúde.
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso de suas atribuições, e
Considerando o inciso II do art.198 da Constituição Federal de 1988, que dispõe
sobre a integralidade da atenção como diretriz do Sistema Único da Saúde - SUS;
Considerando o parágrafo único do art 3º da Lei nº 8080/90, que dispõe sobre as
ações de saúde destinadas a garantir às pessoas e à coletividade condições de
bem-estar físico, mental e social;
Considerando a Saúde da Família como a estratégia adotada pelo Ministério da
Saúde para a organização do SUS, a partir da Atenção Básica em Saúde;
Considerando que as ações de Atenção Básica em Saúde devem ser desenvolvidas
por todos os municípios como um componente essencial para a garantia de acesso
a serviços de saúde de qualidade;
Considerando a necessidade das Integralidade e da resolubilidade da atenção em
saúde, nas ações de promoção, prevenção, assistência e reabilitação;
Considerando as ações intersetoriais como fundamentais à garantia da atenção
integral em saúde, com vistas à produção do autocuidado;
Considerando como áreas imprescindíveis para a efetivação do cuidado integral em
saúde: Alimentação e Nutrição, Atividade Física e Práticas Corporais, Saúde Mental,
Serviço Social e Reabilitação;
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Considerando a importância do estímulo a modos de viver não-sedentários, tendo
em vista que o risco de doenças cardiovasculares e os agravos em decorrência de
hipertensão arterial e diabetes mellitus estão relacionados, dentre outros fatores,
com o não envolvimento em quaisquer práticas corporais;
Considerando a necessidade do desenvolvimento de ações que reduzam o consumo
excessivo de medicamentos, estimular a grupalidade e a formação de redes de
suporte social, possibilitando a participação ativa dos usuários na construção de
projetos terapêuticos individuais e na identificação das práticas a serem
desenvolvidas em determinada área;
Considerando que as equipes de Saúde da Família são um recurso estratégico para
o enfrentamento de agravos vinculados ao uso abusivo de álcool e drogas, às
diversas formas de sofrimento mental, situações de violência e de discriminação
social;
Considerando a importância de desenvolver ações que favoreçam o rompimento
com uma percepção preconceituosa e discriminatória das pessoas com deficiência,
de maneira que ocorra sua inclusão social;
Considerando a reabilitação como um processo de desenvolvimento de
capacidades, habilidades, recursos pessoais e comunitários que facilitem a
independência e a participação social das pessoas com deficiência frente à
diversidade de condições e às necessidades presentes no cotidiano;
Considerando que o processo de reabilitação, tendo em vista seu compromisso com
a inclusão social, deve ocorrer o mais próximo possível da moradia, de modo a
facilitar o acesso, a valorizar o saber popular e a integrar-se a outros equipamentos
presentes no território;
Considerando a importância da implementação de ações de Segurança Alimentar e
Nutricional com vistas à promoção da saúde e a qualidade de vida da população;
Considerando a homologação da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) em reunião
realizada no dia 17 de fevereiro de 2005; e
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Considerando a aprovação do Conselho Nacional de Saúde, em reunião realizada
no dia 8 de junho de 2005,
R E S O L V E:
Art. 1º Criar os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família com a finalidade
de ampliar a integralidade e a resolubilidade da atenção à saúde.
Art. 2º Determinar que os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família sejam
constituídos por profissionais de diferentes áreas de conhecimento, compondo com
os profissionais da Saúde da Família uma equipe que atue em um território definido,
compartilhando a construção de práticas em saúde frente aos problemas
identificados.
Parágrafo único. Esse compartilhamento produz-se na forma de co-
responsabilização e ampliação da resolubilidade da atenção, efetivada por meio de
ações conjuntas como: troca de experiência e saberes, discussão de casos,
intervenção junto à comunidade, às famílias e aos indivíduos, realização de
atividades intersetoriais, entre outros.
Art. 3º Definir que os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família sejam
constituídos por quatro modalidades de ação em saúde:
I - alimentação/nutrição e atividade física;
II - atividade física;
III - Saúde Mental; e
IV - Reabilitação.
Art. 4º Estabelecer que o município pode implantar o Núcleo de Atenção Integral na
Saúde da Família com todas as quatro modalidades ou optar pela implantação de
cada modalidade separadamente, a partir das necessidades locais de saúde e da
disponibilidade de recursos.
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Art. 5º Determinar que para a implantação do Núcleo com todas as modalidades o
município deva assegurar, para fins de financiamento, a presença de psicólogo,
assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, profissional de educação física e
instrutor de práticas corporais.
Art. 6º Definir que a implantação de modalidades em separado deve assegurar,
para fins de financiamento, a presença mínima de dois profissionais por modalidade,
exceto na modalidade Alimentação/Nutrição e Atividade Física, que deve ter, no
mínimo, três profissionais.
Art. 7º Definir que a composição das diversas modalidades deve respeitar as
definições a seguir:
I. Alimentação/Nutrição e Atividade Física – nutricionista, profissional de educação
física e instrutor de práticas corporais;
II - Atividade Física - profissional de educação física e instrutor de práticas corporais;
III - Saúde Mental - psicólogo, psiquiatra, terapeuta ocupacional e assistente social,
sendo obrigatória a presença do psicólogo ou de psiquiatra e de pelo menos mais
um profissional entre os mencionados;
IV - Reabilitação - fisioterapeuta, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e assistente
social, sendo obrigatória a presença do fisioterapeuta e de pelo menos mais um
profissional entre os mencionados.
Parágrafo único. Os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família devem estar
articulados com os serviços de referência existentes, como, por exemplo, Centros de
Atenção Psicossocial, Centros de Reabilitação, Centros de Lazer e Esportes e com
profissionais dos serviços especializados.
Art. 8º Determinar que o Ministério da Saúde financie a implantação dos Núcleos de
Atenção Integral na Saúde da Família nos municípios com população igual ou
superior a 40 mil habitantes.
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Parágrafo único. Nos municípios situados nos estados da Amazônia Legal, o
financiamento de que trata este artigo, será destinado àqueles com população igual
ou superior a 30 mil habitantes.
Art. 9º Determinar que os municípios de que trata o artigo 8º desta Portaria possam
implantar, para fins de financiamento, um Núcleo de Atenção Integral na Saúde da
Família para cada 9 a 11 equipes da Saúde da Família, optando por implantar uma,
duas, três ou as quatro modalidades, de acordo com suas possibilidades e
necessidades.
Parágrafo único. Para os municípios da Amazônia Legal, a proporção é de um
Núcleo de Atenção Integral na Saúde da Família para cada 7 a 9 equipes da Saúde
da Família.
Art. 10. Estabelecer que os municípios que ainda não têm a Atenção Básica em
Saúde organizada por meio da estratégia Saúde da Família ou que possuem menos
que 9 equipes da Saúde da Família implantadas, poderão implantar as modalidades
Alimentação/Nutrição e Atividade Física e/ou Atividade Física garantindo-se a
proporção de um Núcleo para cada 40 mil habitantes.
Parágrafo único. Para os municípios da Amazônia Legal a proporção é de um
Núcleo para cada 30 mil habitantes.
Art. 11. Estabelecer que caiba aos municípios elaborar a proposta de implantação,
acompanhamento e avaliação dos Núcleos, garantindo recursos, como contrapartida
financeira, para a adequação física e compra de material necessário à realização e
ao desenvolvimento das atividades.
Art. 12. Estabelecer que caiba ao Ministério da Saúde, e aos Estados, por meio de
suas Secretarias de Saúde, assessorar, acompanhar e avaliar o desenvolvimento
das ações dos Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família nos municípios e
contribuir para a sua implementação.
Art. 13. Definir que a operacionalização e o financiamento do Ministério da Saúde
para os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família, bem como as ações e
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atividades dos profissionais, serão tratados em portaria específica, a ser publicada
no prazo máximo de 60 (sessenta) dias a contar da publicação desta Portaria.
Art. 14. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
HUMBERTO COSTA
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APÊNDICE I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)
Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos – CoEPS/UniFOA
(Observação: O TCLE deve ser impresso em duas cópias, ficando uma delas sob
responsabilidade do Pesquisador Coordenador e a outra sob a guarda do
participante)
1- Identificação do responsável pela execução da pesquisa: Érik Imil Viana Farani
Título do Projeto: EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA:
ferramenta didática para os Programas de Hipertensão Arterial Sistêmica e
Diabetes Mellitus.
Coordenador do Projeto: Dra. Márcia Ribeiro Braz
Telefones de contato do Coordenador do Projeto:(21) 24176304 / (24) 98249292
Endereço do Comitê de Ética em Pesquisa: Av. Paulo E. A. Abrantes, 1325 – Cep:
27251970 Cidade: Volta Redonda – UF: RJ
2- Informações ao participante ou responsável:
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa que tem como objetivo (
Desenvolver um software de intervenção do profissional de Educação Física
nos programas de Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus na
Estratégia Saúde da Família ).
a. Antes de aceitar participar da pesquisa, leia atentamente as explicações
abaixo que informam sobre o procedimento. O senhor (a) será submetido a
uma entrevista com 4 perguntas semi-estruturadas, colaborando assim, para
o estudo desta dissertação de mestrado, com tema e objetivo já descrito
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acima e tendo seu nome totalmente preservado. (especificar em linguagem
acessível).
b. Você poderá recusar a participar da pesquisa e poderá abandonar o
procedimento em qualquer momento, sem nenhuma penalização ou prejuízo.
c. Durante a entrevista, você poderá recusar a responder qualquer pergunta que
por ventura lhe causar algum constrangimento.
d. A sua participação como voluntário, ou a do menor pelo qual você é
responsável, não auferirá nenhum privilégio, seja ele de caráter financeiro ou
de qualquer natureza, podendo se retirar do projeto em qualquer momento
sem prejuízo a V.Sa. ou menor.
e. A sua participação ou a do menor sob sua responsabilidade poderá envolver
os seguintes riscos: especificar os tipos de risco que poderão ocorrer.
f. Serão garantidos o sigilo e privacidade, sendo reservado ao participante ou
seu responsável o direito de omissão de sua identificação ou de dados que
possam comprometê-lo.
g. Na apresentação dos resultados não serão citados os nomes dos
participantes.
h. Confirmo ter conhecimento do conteúdo deste termo. A minha assinatura
abaixo indica que concordo em participar desta pesquisa e por isso dou meu
consentimento.
Volta Redonda, _____de ___________________ de 20_____.
Participante:_________________________________________________________
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APÊNDICE II
ROTEIRO DA ENTREVISTA
1 - Em sua opinião, além dos profissionais que compõem a equipe mínima da ESF,
que outros profissionais deveriam participar deste programa?
2 - Você sabia que pelo MS o profissional de EF está inserido na ESF através do
Núcleo de Apoio a Saúde da Família?
3 - Em quais áreas da ESF o profissional de EF poderia colaborar?
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APÊNDICE III
APRESENTAÇÃO PARA PESQUISA DE CAMPO
A Secretaria Municipal de Saúde (unidade ESF XXXXXXXXXX)
Apresento o aluno Érik Imil Viana Farani, matriculado no Programa de Mestrado em
Ciências da Saúde e Meio Ambiente do Centro Universitário de Volta Redonda -
UniFOA, solicitando permissão para que o mesmo, possa coletar dados para
pesquisa de campo nesta Instituição, que fará parte no desenvolvimento de sua
dissertação de Mestrado, que se intitula: EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESTRATÉGIA
SAÚDE DA FAMÍLIA: ferramenta didática para os Programas de Hipertensão
Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus
Vale ressaltar que o aluno já foi autorizado pela Secretária de Saúde, através da
Sra. Gisele Confort e seu projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
UniFOA, em 23,/ 05/ 2008, sob o processo de Nº 35/08
Desde já, agradeço a contribuição.
Dra Márcia Ribeiro Braz
Profa. Orientadora