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Econ
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osAno XIII - Número 138 - 29 de março de 2016
Ariana Stephanie Zerbinatti
1 Consideramos aqui a medida de produtividade mais simples, sem levar em consideração as horas trabalhadas.2 Na Espanha e em Portugal, por exemplo, que apresentaram fraco desempenho econômico após esse período, a produtividade retornou ao nível verificado antes de 2008, de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Apenas a título de ilustração, em Portugal, o declínio de 0,2% em 2009 do indicador de produtividade foi mais que revertido em 2010, quando a expansão foi de 3,4%.
Fonte: IBGE Elaboração: BRADESCO
Setorialmente, o recuo da produtividade se deu de forma desigual, com retração mais acentuada na indústria e na construção civil, que apresentaram declínios de 4,6% e 7,9%, respectivamente, na passagem de 2014 para 2015. Na indústria, os ajustes de emprego, principalmente na cadeia
automotiva, foram menores do que recuo de 6,2% da atividade industrial no ano passado. Ainda assim, no último trimestre, houve uma ligeira recuperação na margem, decorrente da menor queda do nível de atividade. O mesmo ocorreu na construção civil: a redução de mão-de-obra do setor (de cerca de
A produtividade agregada do País, medida de forma simplificada pela relação entre produção e emprego1, registrou queda em 2015, de 4,2%, bastante superior ao recuo de 1,4% observado no ano anterior. Essa piora ocorre diante da queda acentuada do PIB (de quase 4%) e, menos intensa, da redução da população ocupada, principalmente ao longo do segundo trimestre (a ocupação apresentou modesta alta de 0,2% na média anual). Esperamos, olhando à frente, que a recuperação da economia em 2017 reverta a atual trajetória de recuo da produtividade, mas será insuficiente para atingir o mesmo patamar de 2013.
De forma geral, a produtividade tende a avançar, devido à incorporação dos avanços tecnológicos e de capital ao longo do tempo, que possibilitam maior produção com a mesma
quantidade de insumo trabalho. Entretanto, em períodos de crise, é comum termos queda de produtividade, ocasionada pela redução do PIB ser proporcionalmente maior que a retração do emprego. Na crise de 2008-2009, por exemplo, a produtividade caiu, com diferentes intensidades, em todo o mundo, recuperando-se rapidamente em 20102.
Para o cálculo da produtividade nacional, utilizamos as séries de PIB e de ocupação da Pnad Contínua. Essa última foi retropolada com os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), visto que a Pnad teve início apenas em março de 2012. Além disso, vale destacar que a PME, que contemplava somente seis regiões metropolitanas e possuía série histórica mais longa, teve sua divulgação encerrada neste mês.
Economia brasileira registrou forte queda de produtividade em 2015
Nível da produtividade brasileira (base 100: março/2002) – dados dessazonalizados
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Fonte: IBGE Elaboração: BRADESCO
Nível da produtividade: construção civil (Base
100: março/2002) – Dados dessazonalizados
Nível da produtividade: setor de serviços (base 100: março/2002) – dados dessazonalizados
4,0% do estoque de emprego) apenas amenizou a retração de 7,7% da produção, fortemente impactada pela redução da formação bruta de capital fixo em 2015. É importante salientar que, apesar de não terem evitado
a queda da produtividade, a redução do emprego impediu que os indicadores de produtividade desses setores atingissem patamares iguais ou inferiores aos observados na crise de 2008-2009.
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Ind total
Nível da produtividade: indústria (base 100: março/2002) – dados dessazonalizados
Fonte: IBGE Elaboração: BRADESCO
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Construção
Já no setor de serviços, a contração da produtividade no ano passado foi próxima à da média da economia (-4,2%). Contudo, o índice alcançou nível quase 3,0% abaixo do registrado na última crise internacional. Aqui, a explicação se deve ao menor ajuste do emprego. O setor, por exemplo, foi um dos que apresentou saldo negativo de postos formais de menor magnitude, de acordo com os dados do Caged. Além disso, os serviços
possuem um grau mais elevado de informalidade e de trabalhadores por conta própria, facilitando, em certa medida, a incorporação de trabalho proveniente de outras categoriais. Isso fica evidente quando olhamos a forte queda anual da produtividade do comércio, de 9,7%, refletindo, além do baixo desempenho do setor no período, uma alta de 1,0% da população ocupada em 2015.
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Fonte: IBGE Elaboração: BRADESCO
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Fonte: IBGEElaboração: BRADESCO
Nível da produtividade: comércio (base 100: março/2002) – dados
dessazonalizados
Fonte: IBGE Elaboração e Projeção: BRADESCO
Nível da produtividade: 2002-2017 (base 100: março/2002) – dados dessazonalizados
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O ajuste do mercado de trabalho, por sua vez, não tem se dado apenas através da queda da população ocupada, mas também, ainda que em menor intensidade, por meio da desaceleração do rendimento nominal. Embora esse movimento seja evidenciado pela PME, os dados da Pnad Contínua e do Caged mostraram números mais elevados em 2015: o aumento do rendimento médio chegou a 8,9% no ano passado, de acordo com a Pnad mensal, valor bastante próximo do apresentado pelos dados do Caged. Já os dados da PME mostraram elevação de 5,5%, inferior às outras duas pesquisas. Assim, como a maior parcela do ajuste foi realizada via corte de emprego, quando a atividade econômica do País voltar a crescer, será necessário recontratar, pelo menos parcialmente, a mão-de-obra dispensada nessa crise. Entretanto, a recuperação do emprego pode se dar de forma mais
lenta, com a interrupção das demissões líquidas em um primerio momento. Para que a produtividade se eleve, todavia, o PIB deverá apresentar um aumento superior ao da ocupação (já que é uma razão entre produto e emprego).
Apesar da contração em 2015, não acreditamos que a trajetória de queda da produtividade se manterá até 2017. Esperamos queda menos intensa do PIB neste ano (-3,5%) e alta de 1,5% em 2017, com retração de 2,2% e avanço de 1,2% da ocupação, respectivamente. Isso é compatível com um declínio da produtividade de 1,4% em 2016, mas com melhora de 1,6% em 2017. Comparando o fim de 2017 com o piso (atingindo em dezembro de 2015), deveremos observar um avanço de 2,7% da produtividade no período, mas ainda aproximadamente 3,0% abaixo dos níveis de 2013.
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Octavio de Barros - Diretor de Pesquisas e Estudos EconômicosMarcelo Cirne de Toledo - Superintendente executivoEconomia Internacional: Fabiana D’Atri / Felipe Wajskop França / Thomas Henrique Schreurs Pires / Ellen Regina SteterEconomia Doméstica: Igor Velecico / Estevão Augusto Oller Scripilliti/ Andréa Bastos Damico / Myriã Tatiany Neves Bast / Daniela Cunha de Lima / Ariana Stephanie ZerbinattiAnálise Setorial: Regina Helena Couto Silva / Priscila Pacheco TrigoPesquisa Proprietária: Leandro Câmara Negrão / Ana Maria Bonomi BarufiEstagiários: Gabriel Marcondes dos Santos / Wesley Paixão Bachiega / Carlos Henrique Gomes de Brito
Equipe Técnica
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