DUEÑAS PEÑA (2003)

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MONSERRAT DUEAS PEA

MTODO PARA A ELABORAO DE PROJETOS PARA PRODUO DE VEDAES VERTICAIS EM ALVENARIA

Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia.

So Paulo 2003

MONSERRAT DUEAS PEA

MTODO PARA A ELABORAO DE PROJETOS PARA PRODUO DE VEDAES VERTICAIS EM ALVENARIA

Dissertao apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para obteno do ttulo de Mestre em Engenharia. rea de Concentrao: Construo Civil e Urbana Orientador: Prof. Dr. Luiz Srgio Franco

So Paulo 2003

AGRADECIMENTOS

Ao professor Luiz Srgio Franco pelo apoio e dedicao para o desenvolvimento deste trabalho e pelo constante exemplo de profissionalismo. Aos professores Francisco Cardoso, Mrcia, Sabbatini e Ubiraci pelas experincias e aprendizado durante as aulas do mestrado e particularmente ao professor Silvio Melhado pela sua atenciosidade e disponibilidade durante a finalizao do trabalho. Aos professores Jonas Medeiros e Celso Novaes pelas discusses e colaboraes durante o exame de qualificao. As empresas que participaram dos estudos de casos e viabilizaram a estruturao deste trabalho: Arco Assessoria em Racionalizao Construtiva Dwg Arquitetura e Sistemas S/C Ltda. EWF Engenharia e Servios Ltda. Gafisa S/A Paula Viana Consultoria em Projetos Tarum Engenharia FAPESP - Fundao de Amparo Pesquisa de So Paulo, pelo financiamento para a realizao da pesquisa e tambm pelas anlises crticas dos relatrios de acompanhamento. As grandes amigas da secretaria: Ftima, Alcione e Cris pelo constante apoio e pelos milagres que vocs conseguem fazer! Lo e Ftima (da biblioteca) e Reginaldo (do laboratrio) pela atenciosidade e profissionalismo. Ao sotaque todo especial da sala asteride: Allan, Alexandre (Gigante), Aluzio Caldas (GG), Alberto Casado, Ana Lcia, Artemria, Daniel e Maria Cristiana (Feliz Casamento!!), Evandro, rika Paiva (Kinha), Fabrcio, Fanny, Gerusa, GianCarlo, Guilherme, Jane, Jlio (lindo!), Leonardo Grilo, Leonardo Miranda, Luciano, Luciana, Ohashi, Paliari, Patrcia, Rita, Srgio Angulo, Srgio Rodovalho, Tonho, Vanessa, Yeda (e Camilinha!!), Yoakim, entre outros, que transformaram o mestrado em uma grande experincia de vida.

Aos meus scios na Matriz Arquitetura e Racionalizao, Fbio e Gabriela, pelas discusses sobre os projetos de vedaes e pelo test-drive do mtodo essencial para a finalizao deste trabalho. Minha me, Dona Blanca, pelo constante apoio, dedicao e incentivo ao estudo...principalmente pelos convites indecorosos para cruzeiros pelas ilhas Gregas entre outros durante a qualificao :o))) Minha nova famlia que me adotou com muito carinho: Mrio, Eloiza, Vanessa, Jer, Filipe, Daniela e Melissa (fora os outros n mil Valentes e Calados...ta famlia grande!!) E finalmente voc, Eduardo Valente, que me amou corajosamente nestes ltimos meses... um tanto quanto tumultuados com casa nova, casamento, abertura de empresa, entregas de mestrados, etc, etc.... Obrigada pelo seu amor e dedicao.

SUMRIO

Lista de Figuras Lista de Tabelas Lista de Abreviaturas e Siglas RESUMO ABSTRACT 1. INTRODUO 1.1. 1.2. Justificativa Objetivos

iii vi vii viii ix 1 1 44 4

1.2.1. Objetivos principais 1.2.2. Objetivos especficos

1.3.

Metodologia

5 7 77 8 9

2. ASPECTOS CONCEITUAIS 2.1. Vedaes Verticais2.1.1. Definio 2.1.2. Funes e propriedades 2.1.3. Classificao

2.2.

Vedaes Verticais em alvenaria

1111 11 1213 14 15 16

2.2.1. Definio 2.2.2. Classificao 2.2.3. Sistemas de componentes empregados na alvenaria de vedao2.2.3.1. 2.2.3.2. 2.2.3.3. 2.2.3.4. Blocos cermicos Blocos de concreto Blocos de slico-calcrio Blocos de concreto celular

2.3.

Projeto

1818 20 26

2.3.1. Conceitos de projeto e sua evoluo no setor da construo civil 2.3.2. Projetos para produo: origem e insero na construo civil

2.3.3. Processo de projeto

i

3. PROJETO PARA PRODUO DE VEDAES VERTICAIS (PPVV) 3.1. 3.2. Caracterizao Estudos de casos

32 32 3737 42 45 47

3.2.1. Empresas de projeto 3.2.2. Empresas construtoras 3.2.3. Equipes de produo 3.2.4. Consideraes gerais dos estudos de casos

4. MTODO PARA ELABORAO DO PPVV 4.1. Definio do produto4.1.1. Planta de conferncia 4.1.2. Planta de eixos de locao da alvenaria 4.1.3. Plantas de marcao de 1 . e 2 . fiadas 4.1.4. Plantas de passagens de eltrica e hidrulica 4.1.5. Caderno de detalhes 4.1.6. Caderno de elevaes das paredes 4.1.7. Recomendaes tcnicas 4.1.8. Planta de distribuio de materiaisa a

50 5152 53 54 56 59 71 73 73

4.2. 4.3. 4.4.

Documentos: de registro, controle e desenvolvimento Definio do fluxograma de desenvolvimento do PPVV Caracterizao das etapas de desenvolvimento do PPVV

74 76 8383 88 102 108 113 122

4.4.1. Etapa 1 Dados iniciais 4.4.2. Etapa 2 Estudo Preliminar 4.4.3. Etapa 3 Anteprojeto 4.4.4. Etapa 4 Projeto Executivo 4.4.5. Etapa 5 Detalhamento 4.4.6. Etapa 6 Implantao, acompanhamento e retroalimentao

5. CONCLUSES ANEXO 1 ANEXO 2 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

126 128 140 153 158

ii

LISTA DE FIGURASFigura 1.1 Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento ao longo de suas fases. CII (1987) Figura 2.1 Proposta para o processo de desenvolvimento do projeto com a ao dos quatro participantes do empreendimento. MELHADO (1994) Tipos de ligao com a estrutura. FRANCO (2002) Exemplo genrico Planta de conferncia. Exemplo genrico Planta de eixos de locao da alvenaria. Exemplo genrico marcao. Legenda da planta de 28 1

Figura 3.1 Figura 4.1 Figura 4.2

34 52 53

Figura 4.3

55

Figura 4.4

Exemplo genrico Planta de marcao de 1a. fiada. Exemplo genrico Planta de marcao de 2a. fiada. Exemplo genrico Planta de passagens de hidrulica. Exemplo genrico Legenda da passagens de hidrulica. Exemplo genrico passagens de eltrica. Legenda da planta de

55

Figura 4.5

56

Figura 4.6

56

Figura 4.7

57

Figura 4.8

planta

de

58

iii

Figura 4.9

Exemplo genrico Planta de passagens de eltrica. Exemplo genrico Modulao vertical em relao a estrutura. Exemplo genrico Modulao vertical em relao aos peitoris. Exemplo genrico Vo de porta com batente de madeira - planta. Exemplo genrico Vo de porta com batente de metlico - planta. Exemplo genrico Vo de porta com batente de metlico corte/elevao. Exemplo genrico concreto. Verga pr-moldada de

58

Figura 4.10

59

Figura 4.11

60

Figura 4.12

61

Figura 4.13

62

Figura 4.14

62

Figura 4.15

63

Figura 4.16

Exemplo genrico Encontro de verga pr-moldada com a estrutura. Exemplo genrico Encontro de vergas prmoldadas. Exemplo genrico Encontro de vergas prmoldadas. Exemplo genrico Contra-verga pr-moldada. Exemplo genrico Amarrao da alvenaria com a estrutura com tela metlica. Exemplo genrico Amarrao entre paredes com tela metlica.

64

Figura 4.17

64

Figura 4.18

64

Figura 4.19 Figura 4.20

65 66

Figura 4.21

66

iv

Figura 4.22

Exemplo genrico Detalhe das alturas das caixas eltricas. Exemplo genrico Detalhe das alturas dos pontos de hidrulica. Exemplo genrico Enchimento total de hidrulica. Exemplo genrico acabamento do piso. Detalhe de cotas de

67

Figura 4.23

68

Figura 4.24 Figura 4.25

69 70

Figura 4.26 Figura 4.27 Figura 4.28 Figura 4.29

Exemplo genrico Elevao de parede. Introduo do PPVV no processo de projeto. Seqncia de etapas de desenvolvimento do PPVV. Fluxograma de desenvolvimento do PPVV proposto para elaborao do mtodo. Dados de entrada necessrios para a elaborao da etapa de estudo preliminar. Dados de entrada necessrios para a elaborao da etapa de anteprojeto. Dados de entrada necessrios para a elaborao da etapa de executivo. Exemplo genrico Quadro de controle de projetos.

72 77 78 79

Figura 4.30

80

Figura 4.31

81

Figura 4.32

82

Figura 4.33

103

v

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1

Requisitos de desempenho e funcionais das vedaes verticais. FRANCO (1998)

caractersticas

8

Tabela 2.2 Tabela 2.3 Tabela 2.4 Tabela 2.5 Tabela 2.6 Tabela 4.1

Principais caractersticas da alvenaria determinadas pelos blocos. SABBATINI (2002) Principais famlias de blocos cermicos utilizadas nos PPVV. Principais famlias de blocos de concreto utilizadas nos PPVV. Principais famlias de blocos de slico-calcrio utilizadas nos PPVV. Principais famlias de blocos de concreto utilizadas nos PPVV. Relao de documentos a serem elaborados para balizar o desenvolvimento do PPVV dentro do mtodo proposto. Resumo da ETAPA 1. Resumo da ETAPA 2. Resumo da ETAPA 3. Resumo da ETAPA 4. Resumo da ETAPA 5.

12 14 15 16 17 74

Tabela 4.2 Tabela 4.3 Tabela 4.4 Tabela 4.5 Tabela 4.6

86 90 104 109 113

vi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT AsBEA CAD CEF CII CTE PBQP-H QUALIHAB

Associao Brasileira de Normas Tcnicas Associao Brasileira dos Escritrios de Arquitetura Computed Aided Design Caixa Econmica Federal Construction Industry Institute Centro de Tecnologias de edificaes Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat Programa da Qualidade da Construo Habitacional do Estado de So Paulo International Organization for Starndardization Norma Brasileira Registrada Projeto para produo de vedaes verticais

ISO NBR PPVV

vii

RESUMO

Na busca da racionalizao construtiva e da melhoria da qualidade de seus produtos, muitas empresas vm se utilizando de projetos para produo, entre eles, os projetos para produo de vedaes verticais. O projeto para produo de vedaes verticais foi introduzido no mercado da construo civil h aproximadamente 12 anos, a partir de um trabalho de pesquisa da EPUSP em convnio com a ENCOL (relatrio EP-EN7 - 1991). Atualmente este projeto elaborado por um nmero reduzido de escritrios especializados, tendo como base experincia profissional de seus diretores tcnicos. Apesar de seu destaque no mercado em funo de seu potencial de compatibilizao e racionalizao da produo, este projeto no conta com um mtodo balizador para sua elaborao, sendo a definio deste mtodo o objetivo deste trabalho. O mtodo para a elaborao do projeto de produo de vedaes verticais proposto tem como inteno servir como base para os projetistas e como uma ferramenta de controle de qualidade tcnica para as empresas contratantes, contribuindo para uma melhoria do processo de gesto da produo do subsistema de vedaes verticais.

viii

ABSTRACT

Many contractors have been using the design for production thus detailing many construction elements such as the masonry partitions and facades in order to improve production efficiency indexes and also to implement quality assurance. Despite this kind of design was introduced approximately 12 years ago by a research project involving EPUSP and the biggest Brazilian construction firm at that time (ENCOL), it is nowadays only elaborated by a few specialized design firms and based mainly on the professional experience of their technical directors. Although its prominence in the building construction market, which considers coordination possibilities and buildability, the currently adopted design for production practices do not contain a well-planned method for its development. This work aims to define a method for this purpose. The proposed method is intended to be a support of design practices, and be used as a quality control tool that can improve the production management of masonry partitions and facades.

ix

1INTRODUO1.1. JUSTIFICATIVA

A introduo de sistemas de gesto da qualidade nas empresas construtoras tem se intensificado nos ltimos anos. Esta preocupao das empresas est fortemente vinculada s mudanas tecnolgicas, de mercado e do perfil do consumidor, que est mais exigente. Esta situao criou a necessidade das empresas buscarem uma maior eficincia nos seus processos de produo, os quais acabaram sofrendo alteraes em todas as suas fases e departamentos (planejamento, projeto, execuo, controle, suprimentos, servios, recursos humanos e assistncia ao consumidor). Muitas empresas construtoras j perceberam a importncia da fase de projeto, uma vez que esta interage diretamente com todas as demais fases, bem como sua potencialidade para reduzir custos e racionalizar a produo, tornando a empresa mais competitiva no mercado. O projeto deve conter as especificaes do produto a ser construdo, os meios estratgicos, fsicos e tecnolgicos necessrios para executar a obra de forma racionalizada.

Figura 1.1. Capacidade de influenciar o custo final de um empreendimento de edifcio ao longo de suas fases (CII,1987)

1

Segundo o grupo do Construction Industry Institute (CII), as decises tomadas nas fases iniciais do empreendimento, principalmente na fase de concepo e projeto, so as que tm maior capacidade de influenciar o custo final. Figura 1.1. Melhado & Violani (1992) apontam que para se obter sucesso em um empreendimento, o projeto no pode ser resumido caracterizao geomtrica no papel da obra a ser construda. O projeto deve conceber, alm do produto, o seu processo de produo; (...) deve assumir o encargo fundamental de agregar eficincia e qualidade ao produto. Sabbatini (1989), em seu trabalho de tese, ressalta a importncia da elaborao do projeto para produo do edifcio (ou de suas partes), no qual (...) so definidas as tcnicas construtivas (e tambm os mtodos, no caso do objeto do desenvolvimento ser um processo ou um sistema construtivo) e projetados os detalhes de execuo (...) que iro permitir a construo do edifcio ou de suas partes em acordo com o prescrito na concepo geral. Segundo esse mesmo autor o projeto de produo do edifcio evolui em ciclos iterativos, iniciando-se por um projeto preliminar e avanando progressivamente at a soluo consolidada. O projeto para produo para as vedaes verticais, especificamente, interfere na racionalizao do edifcio como um todo. Segundo Barros (1998), o subsistema de vedao vertical corresponde, em custo, de 3% a 6% de todo do edifcio. Considerando a sua interface com os demais subsistemas (estrutura, instalaes, revestimentos, entre outros) este custo passa para mais de 20% do custo total do edifcio. No subsistema de vedao vertical se observam os maiores ndices de desperdcio de materiais e mo-de-obra, e tambm, os maiores ndices de patologias. Em funo de suas interfaces com os demais subsistemas do edifcio, a vedao vertical de grande importncia na racionalizao da obra como um todo. O projeto de vedao deve ser elaborado de forma sistmica, simultaneamente aos demais projetos (arquitetura, estrutura, instalaes, etc), permitindo assim uma coordenao das informaes e das solues tcnicas a serem adotadas. Segundo Sabbatini (1989), racionalizao construtiva um processo composto pelo conjunto de todas as aes que tenham por objetivo otimizar o uso de recursos materiais, humanos, organizacionais, energticos, tecnolgicos, temporais e financeiros disponveis na construo, em todas as suas etapas.

2

A racionalizao da vedao vertical, atravs dos projetos para produo, necessria para se obter o planejamento e a organizao da produo da obra, aumentando a produtividade, diminuindo os custos, evitando problemas decorrentes da interferncia de servios entre os demais subsistemas, de retrabalho, de desperdcios e de futuros problemas patolgicos. Para Melhado (1994): O conceito de racionalizao construtiva apresenta-se como um instrumento de reduo de custos e aumento de produtividade, bastante poderoso para permitir a transio do estgio atual para uma nova configurao mais eficiente da atividade de construir, dentro de ambientes empresariais modernos e competitivos; sendo uma de suas caractersticas importantes o estudo e a adoo de solues racionalizadas ainda na etapa de projeto. Na busca da racionalizao construtiva, a etapa de projeto tem um papel fundamental, pois nesta etapa so definidos procedimentos, especificaes, detalhes, materiais, tcnicas construtivas, etc. Os projetos para produo tm uma dimenso estratgica para a racionalizao construtiva. O projeto da vedao vertical possui objetivos que justificam a sua importncia, segundo Franco (1998): servir como ferramenta de coordenao do projeto; servir como base para o planejamento da produo subsistemas com os quais tem interferncia; detalhar tecnicamente a produo deste subsistema, estudando e definindo as tecnologias de produo, tanto no que se refere s alternativas de materiais como de tcnicas construtivas empregadas em cada caso; servir como canal de comunicao eficiente entre projeto e planejamento e a produo e ainda, entre todos os setores envolvidos na produo; servir como base para o controle da produo da execuo da vedao vertical. do subsistema e dos

De acordo com a experincia profissional da autora1 deste trabalho, apenas nos ltimos cinco anos um nmero significativo de empresas tem elaborado e utilizado o projeto para produo das vedaes verticais. Apesar da sua importncia, no existem1

A autora atua h 6 anos como coordenadora de projetos, na elaborao de projetos para produo de vedaes verticais e projetos de arquitetura, e scia-diretora da empresa Matriz Arquitetura e Racionalizao S/C Ltda, especializada em projetos para produo de vedaes verticais e arquitetura racionalizada.

3

metodologias consolidadas para o desenvolvimento do projeto de vedaes verticais, tendo cada escritrio desenvolvido uma particular metodologia a partir de sua experincia em particular. Este projeto, por possuir um papel integrador das informaes dos demais projetistas, deve ser elaborado a partir de um mtodo de desenvolvimento como o que ser discutido ao longo do desenvolvimento deste trabalho.

1.2.

OBJETIVOS

1.2.1. OBJETIVOS PRINCIPAIS O principal objetivo deste trabalho apresentar um mtodo para a elaborao de projetos para produo de vedaes verticais (PPVV). O trabalho baseia-se em princpios de qualidade e racionalizao construtiva, buscando contribuir para o aumento da produtividade e para o conseqente aumento da competitividade das empresas de construo civil e dos escritrios de projeto. Tm-se como objetivo tambm apresentar um panorama geral da relao entre a obra, as empresas construtoras, os projetistas e os projetos de produo de vedaes verticais, isto , caracterizar as atuais interfaces entre os agentes de projeto e de produo mediante a introduo do projeto para produo de vedaes verticais.

1.2.2. OBJETIVOS ESPECFICOS So objetivos especficos deste trabalho: identificar as necessidades de mercado para auxiliar os escritrios de projeto a desenvolverem produtos mais abrangentes, detalhados e integrados a estas necessidades; realizar uma reviso bibliogrfica sobre projeto para produo; estudar as metodologias de projeto utilizadas por projetistas de vedao vertical; fazer um levantamento da aplicao dos projetos de vedao vertical nas obras, analisando falhas e dificuldades encontradas; estudar a metodologia de projetos para produo na Construo Civil; estudar as ferramentas de gesto do processo de projeto.

4

1.3.

METODOLOGIA

Este trabalho est estruturado em cinco captulos, incluindo este o primeiro captulo de introduo. No segundo captulo, sero revisados e adotados conceitos relacionados elaborao dos projetos para produo de vedaes verticais. A objetivo deste captulo de caracterizar e adotar definies sobre projetos e vedaes verticais especificamente, balizar conceitualmente o desenvolvimento deste trabalho. A partir da reviso e da adoo dos conceitos mencionados no segundo captulo, sero discutidas no terceiro captulo as vantagens da insero do projeto para produo de vedaes verticais no mercado da construo civil e suas potencialidades para o aumento da competitividade nas empresas construtoras. Para tanto, ser feito um levantamento de dados que permitir visualizar o atual panorama mercadolgico da elaborao do projeto para produo das vedaes verticais. O levantamento de dados ser baseado, alm do levantamento bibliogrfico, em entrevistas com empresas construtoras, equipes de produo e empresas projetistas, visando identificar: o que se entende por projetos para produo; qual o impacto dos projetos para produo no desenvolvimento dos projetos do empreendimento; quais motivos levaram as empresas a buscar este tipo de projeto; quais as dificuldades encontradas no seu desenvolvimento e na sua utilizao; quais as interfaces estabelecidas com a gesto da produo e quais os seus impactos; quais os impactos esperados e quais foram os impactos observados; em que estgio se encontra o desenvolvimento e utilizao do projeto para produo e o que ainda pode ser desenvolvido e aprimorado. Nestes estudos de casos sero entrevistadas trs empresas projetistas pela sua atuao e destaque no mercado e trs empresas construtoras que utilizam o projeto para produo de vedaes verticais desenvolvidos pelas empresas de projeto entrevistadas. Alm destas entrevistas, sero realizadas visitas a obras das empresas

5

construtoras entrevistadas para observar o impacto do projeto para produo de vedaes verticais nas equipes de produo especificamente. Para estes estudos de casos sero utilizados questionrios especficos que sero aplicados aos diretores tcnicos das empresas de projeto e aos responsveis pelo departamento de projeto nas empresas construtoras. A partir dos dados obtidos nos estudos de casos e da experincia profissional da autora deste trabalho, no captulo quatro, ser definido e adotado um padro do processo de desenvolvimento de projetos e do escopo do projeto para produo de vedaes verticais, que serviro de base para a elaborao do mtodo a ser desenvolvido neste mesmo captulo. Este mtodo ter um papel estratgico para o desenvolvimento dos projetos, servindo como base referencial para projetistas e como ferramenta de controle para as empresas contratantes. No quinto captulo, sero apresentadas as consideraes finais e as sugestes para futuros trabalhos de pesquisa.

6

2ASPECTOS CONCEITUAISNeste captulo sero apresentados conceitos relacionados elaborao do projeto de vedaes verticais, para tanto sero apresentadas definies sobre vedaes verticais e projeto utilizadas no meio de pesquisa e encontrados em trabalhos como Sabbatini (2002), Barros; Franco (2002), Melhado (1994), Gus (1997), Carter; Baker (1992), Tzortzopoulos (1999) e Picoral (2002).

2.1.

VEDAES VERTICAIS

2.1.1. DEFINIO Para se definir conceitualmente as vedaes verticais necessrio inicialmente identificar a sua insero no edifcio, dentro de um carter sistmico. Ao se analisar o edifcio como um sistema, percebe-se que este composto por vrios subsistemas. Dentre estes pode-se citar: Fundaes; Estrutura; Vedaes verticais; Esquadrias; Instalaes; Revestimento das vedaes verticais; Vedaes horizontais; Revestimento das vedaes horizontais; Cobertura; Impermeabilizao.

Apesar de serem apresentados e muitas vezes estudados em separado, eles so partes do edifcio e apresentam relaes intrnsecas, que devem ser consideradas nos seus estudos e principalmente durante as etapas de desenvolvimento dos projetos.

7

O subsistema das vedaes verticais, de acordo com Sabbatini; Franco (1997), pode ser definido como: subsistema do edifcio constitudo por elementos que compartimentam, definem os ambientes internos e fornecem proteo lateral e controle contra a ao de agentes indesejveis.

2.1.2. FUNES E PROPRIEDADES Segundo Barros; Franco (2002), a principal funo da vedao vertical criar (junto com as esquadrias e os revestimentos) condies de habitabilidade para o edifcio, protegendo os ambientes internos contra a ao indesejvel dos diversos agentes atuantes, controlando-os. Para atender tais solicitaes, o subsistema de vedaes verticais deve apresentar e atender a um conjunto de requisitos de desempenho e caractersticas funcionais relacionados na Tabela 2.1.

Tabela 2.1. Requisitos de desempenho e caractersticas funcionais das vedaes verticais. FRANCO (1998) REQUISITOS DE DESEMPENHO CARACTERSTICAS FUNCIONAIS

segurana estrutural; isolao trmica; isolao acstica; estanqueidade; segurana ao fogo; estabilidade; durabilidade; esttica; economia.

resistncia mecnica; deformabilidade; estabilidade dimensional; propriedades trmicas; resistncia transmisso sonora; resistncia ao fogo; resistncia penetrao de gua; resistncia a agentes abrasivos; custos adequados de produo e manuteno.

Em decorrncia da relao intrnseca dos subsistemas do edifcio, para atender aos requisitos acima mencionados, devem ser consideradas e ponderadas todas as interfaces das vedaes verticais estabelecidas com os demais subsistemas.

8

2.1.3. CLASSIFICAO As vedaes verticais so passveis de vrios tipos de classificao, de acordo com Barros; Franco (2002), os quais sero mencionados a seguir: Quanto posio no edifcio externas - so as vedaes envoltrias do edifcio. Neste caso uma das faces se encontra em contato com o meio ambiente externo ao edifcio; internas so as vedaes internas (parties e compartimentaes) do edifcio.

Quanto tcnica de execuo por conformao so vedaes obtidas por moldagem a mido no local emprega materiais com plasticidade obtida pela adio de gua; por exemplo o caso das paredes de concreto moldadas no local; por acoplamento a seco so vedaes obtidas por montagem atravs de dispositivos. Compe a tcnica construtiva conhecida no exterior como construo seca ("dry construction"), por no empregar materiais obtidos com adio de gua; por acoplamento mido so vedaes obtidas por montagem a seco de componentes com solidarizao posterior com argamassa ou concreto. Quanto densidade superficial leve vedao de baixa densidade superficial. Estas vedaes geralmente no possuem funo estrutural; pesada vedao com densidade superior ao limite convencionado. Podem ou no ter funo estrutural. Quanto estruturao estruturada possui uma estrutura reticular para suporte dos componentes de vedao; como por exemplo: divisria leve de gesso acartonado; auto-suporte (tambm denominadas autoportantes) no possui uma estrutura complementar, pois a vedao se auto suporta; como por exemplo: alvenaria; outras como por exemplo: pneumtica (vedao na qual o suporte oferecido por presso de ar interna superior presso atmosfrica).

9

Quanto continuidade do pano (em relao distribuio dos esforos) contnua a absoro dos esforos se d no pano como um todo; como por exemplo: alvenaria, paredes macias; descontnua a absoro dos esforos feita pelos componentes (placas ou painis) e distribudos por estes estrutura da prpria vedao; como por exemplo: divisria leve modulada (com juntas aparentes) e divisria leve de gesso acartonado. Quanto continuidade superficial (em relao visibilidade das juntas) monoltica sem juntas aparentes; como por exemplo: Alvenaria e divisrias leves de gesso acartonado. modular com juntas aparentes; como por exemplo: divisria leve modulada, painis pr-fabricados de fachada. Quanto removabilidade fixa - irremovvel sem destruio. No caso de ser removida seus componentes dificilmente so recuperveis, gerando muito entulho; como por exemplo: alvenaria; desmontvel desmontvel com alguma degradao, gerando pouco volume de entulho. Para a sua remontagem requer a reposio de algumas peas; como por exemplo: divisria leve modular de gesso acartonado; removvel montada e desmontada com facilidade, sem degradao; como por exemplo: divisria leve modulada; mvel - normalmente s de compartimentao tipo sanfona, de correr.

Os projetos para produo de vedaes verticais difundidos no mercado tm como escopo a utilizao de alvenarias ou divisrias leves de gesso acartonado, para o desenvolvimento deste trabalho optou-se pela utilizao de vedaes verticais em alvenaria cujos conceitos sero tratados a seguir.

10

2.2.

VEDAES VERTICAIS EM ALVENARIA

2.2.1. DEFINIO As vedaes verticais podem ser compostas por vrios elementos tais como painis pr-moldados, divisrias de gesso acartonado e entre outros, as paredes de alvenaria. De acordo com Sabbatini (2002), a parede de alvenaria "uma vedao vertical fixa, monoltica auto suportada, conformada em obra com alvenaria". Para Franco (1994), a alvenaria pode ser definida, de maneira restrita, como sendo um componente construtivo complexo conformado em obra, constitudo por tijolos ou blocos (tambm denominados componentes de alvenaria) unidos entre si por juntas de argamassa, formando um conjunto rgido e coeso. Dada a sua importncia, a seguir, ser apresentada, de forma sucinta, a classificao das vedaes verticais de alvenaria.

2.2.2. CLASSIFICAO Segundo Barros; Franco (2002) e Sabbatini (2002), as paredes de alvenaria podem ser classificadas: Quanto ao desempenho funcional com a estrutura estrutural: parte do subsistema estrutural ou o prprio elemento estrutural.

Quando no dimensionada atravs de clculo racional denominada parede resistente; de contraventamento: tem funo estrutural (sendo ou no dimensionada para isto)

de contraventamento de uma estrutura reticulada; de vedao: no tem qualquer funo estrutural no edifcio, sendo dimensionada

(por clculo racional ou no) apenas para suportar o seu prprio peso e para resistir s aes atuantes sobre ela. Quanto a proteo aparentes: a proteo pode se dar atravs da aplicao de hidrofugantes,

vernizes, resinas protetoras, etc, ou ainda com a utilizao de componentes com caractersticas especiais que dispensem tratamento posterior, como por exemplo blocos de elevada resistncia, baixa porosidade;

11

revestidas: so alvenarias destinadas aplicao de revestimentos, os quais

recebero acabamentos diversos tais como: pintura, revestimentos cermicos, revestimentos em pedra. Quanto aos componentes alvenaria de blocos de concreto; alvenaria de tijolos cermicos macios; alvenaria de blocos cermicos; alvenaria de blocos slico-calcrios; alvenaria de blocos de concreto celular; alvenaria de tijolos de solo estabilizado; outros.

2.2.3. SISTEMAS DE COMPONENTES EMPREGADOS NA ALVENARIA DE VEDAO As propriedades das vedaes de alvenaria so dependentes das caractersticas dos seus componentes, blocos ou tijolos e argamassa, e da interao, principalmente a aderncia, entre eles. No que diz respeito aos blocos especificamente, de acordo com Sabbatini (2002) estes componentes correspondem a cerca de 85% a 95% do volume da alvenaria e determinam as principais caractersticas de desempenho, projeto e produo, detalhadas na Tabela 2.2.Tabela 2.2. Principais caractersticas da alvenaria determinadas pelos blocos. SABBATINI (2002)

DESEMPENHO isolamento trmico; isolamento acstico; resistncias mecnicas; vida til, durabilidade, etc.

PROJETO modulao; coordenao dimensional; embutimento de tubulaes.

PRODUO grau de racionalizao na produo; produtividade - peso e dimenses; tcnica de execuo - formato; preciso dimensional revestimentos e demais componentes.

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Os blocos atualmente so elaborados para integrar sistemas construtivos que proporcionam o uso mais adequado de materiais, equipamentos e mo-de-obra. Os fabricantes vm investindo cada vez mais na qualidade de seus produtos e na versatilidade dos blocos, criando famlias de blocos secionveis e blocos especiais, que com base em um projeto dimensional ou modular, diminuem significativamente os desperdcios e melhoram o desempenho da alvenaria. Para se obter uma alvenaria racionalizada, no basta investir em projetos, sistemas produtivos e, na escolha tcnica do bloco. As empresas devem exigir a qualidade do bloco avaliando sua preciso e estabilidade dimensional, sua durabilidade, resistncia ao de agentes agressivos de acordo com as normas tcnicas especficas para cada bloco. A maioria dos blocos produzidos, dentro do cenrio nacional geral onde aproximadamente 70% das construes so informais, no est em conformidade com as normas tcnicas. No entanto, no mercado formal, a situao no a mesma, e caminha rapidamente para a normalizao devido s leis de proteo ao consumidor. TECHN (2002) Este quadro vem sendo alterado em decorrncia de aes como o programa de qualidade do PBQP-H que teve como meta "elevar para 90%, at o ano 2002, o percentual mdio de conformidade com as normas tcnicas dos produtos que compem a cesta bsica de materiais de construo". TECHN (2002) Os resultados destes investimentos ainda no foram divulgados. No entanto, algumas empresas, que j fazem parte deste programa, melhoraram significativamente a sua produo garantindo a qualidade dos componentes fabricados. Dada a sua importncia, a seguir encontra-se uma breve anlise dos componentes de alvenaria mais usualmente empregados no mercado de So Paulo. Esta anlise no tem a inteno de tratar da tecnologia de utilizao e das caractersticas tcnicas dos componentes.

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2.2.3.1.

BLOCOS CERMICOS

A definio de bloco, de acordo com a NBR-7171 (ABNT,1992) Bloco cermico para alvenaria, um componente de alvenaria que possui furos prismticos e/ou cilndricos perpendiculares s faces que os contm. Os blocos cermicos detm 90% do mercado de vedao no Brasil. TCHNE (2002) Ainda de acordo com dados da revista, estima-se a existncia de 400 a 600 indstrias cermicas s no estado de So Paulo. Apesar da produo ser significativa, muitas fbricas so incipientes, apresentando processos de produo precrios conseqentemente blocos fora dos padres de conformidade. O bloco cermico, quando produzido sob condies adequadas, tem boa preciso dimensional e comportamento frente variao higroscpica, apresentando estabilidade dimensional.Tabela 2.3. Principais famlias de blocos cermicos utilizadas nos PPVV.

e

COMPONENTE PRINCIPAL

DIMENSES MODULARES

(comprimento xaltura)

ESPESSURAS DISPONVEIS (cm)

COMPONENTES DE AJUSTES

OBSERVAES

7,0 39 x 19 cm 9,0 11,5 14,0 19,0 9,0 39 x 19 cm 11,5 14,0 19,0

Componente de ajuste fracionvel em at 8 partes.

Componentes de ajuste especficos (no so fracionveis).

9,0 25 x 25 cm 11,5 14,0 19,0

Fracionvel em at 4 partes. Seu uso vem diminuindo em funo da fragilidade quando assentado na horizontal.

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2.2.3.2.

BLOCOS DE CONCRETO

A NBR-7173 (ABNT,1982) "Blocos vazados de concreto simples para alvenaria sem funo estrutural" define o bloco vazado como sendo um "elemento de alvenaria cuja seo transversal mdia til for inferior a 75% da seo transversal bruta". De acordo com Franco (1994) o bloco de concreto "utiliza materiais industrializados e equipamentos de boa preciso, que permitem a fabricao de um produto de boa qualidade, desde que os procedimentos de dosagem e cura sejam controlados." No entanto, possvel constatar no mercado que boa parte dos blocos de concreto produzidos ainda so no-conformes com a NBR-7173 (ABNT,1992).TECHN (2002) As no-conformidades so decorrentes principalmente da cura do bloco. As patologias mais freqentes so relacionadas a cura do bloco e ao alto ndice de absoro de gua, sendo elas as fissuras e a variao dimensional. Devido a estes fatos, a utilizao destes blocos implica em cuidados especiais em termos de tcnica de execuo, de detalhes construtivos nas fachadas, argamassas de revestimentos adequadas, etc. FRANCO (1997) No caso dos blocos de concreto, existe no mercado o sistema de vedao modular, na qual a empresa se encarrega de gerenciar e executar a alvenaria, incluindo a compatibilizao dos projetos, o projeto de modulao, transporte dos blocos para a obra e na obra e tambm garantia da alvenaria pronta.Tabela 2.4. Principais famlias de blocos de concreto utilizadas nos PPVV.

COMPONENTE PRINCIPAL

DIMENSES MODULARES

(comprimento xaltura)

ESPESSURAS DISPONVEIS (cm)

COMPONENTES DE AJUSTES

OBSERVAES

6,7 939 x 19 cm

11,5 14 19

O bloco de concreto foi introduzido para a alvenaria estrutural, seu uso enquanto bloco de vedao vem se intensificando.

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2.2.3.3.

BLOCOS DE SLICO-CALCRIO

Os blocos slico-calcrios so fabricados com cal e agregados finos de areia, de natureza predominantemente quartzosa. Os blocos so moldados em peas, por presso e compactao em autoclaves, de acordo com a norma alem DIN-106. No Brasil, eles so produzidos por uma nica empresa com tecnologia alem. O seu rigoroso processo de fabricao implica em um bloco de excelente preciso dimensional. No entanto a utilizao deste bloco requer cuidados especiais decorrentes da sua variao dimensional decorrente da movimentao higroscpica.Tabela 2.5. Principais famlias de blocos slico-calcrio utilizadas nos PPVV.

COMPONENTE PRINCIPAL

(comprimento x altura)

DIMENSES MODULARES

ESPESSURAS DISPONVEIS (cm) 9

OBSERVAES

39 x 19 cm

14 19 Possui 1/2 bloco para ajuste de modulao.

2.2.3.4.

BLOCOS DE CONCRETO CELULAR

Este bloco apresenta algumas caractersticas semelhantes ao blocos de slicocalcrio. A sua composio a base de cimento, cal, areia silicosa e um agente aerante e sua cura feita em autoclave com vapor de alta presso. No Brasil so elaborados de acordo com as normas NBR 13438 (ABNT,1995), NBR 13439 (ABNT,1995) e NBR 13440 (ABNT,1995). Pela sua facilidade de ser serrado, este componente produzido com uma dimenso bsica de espessuras variadas exemplificadas na Tabela 2.6. O bloco apresenta boa preciso dimensional e assim como os blocos de slico-calcrio esto sujeitos a uma movimentao higroscpica, o que exige cuidados especiais na sua utilizao. Alm destas caractersticas, o bloco de concreto celular possui bom isolamento trmico e acstico.

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Uma das caractersticas marcantes deste bloco sua leveza. Esta caracterstica tem seu lado positivo, pois alivia as cargas de fundao da obra, mas obriga a cuidados especiais no transporte, armazenamento e manuseio para evitar quebras.Tabela 2.6. Principais famlias de concreto celular utilizadas nos PPVV.

COMPONENTE PRINCIPAL

DIMENSES MODULARES

(comprimento xaltura)

ESPESSURAS DISPONVEIS (cm)

OBSERVAES

5,5 7,5 9 30 x 60 cm 40 x 60 cm 40 x 40 cm 10 11 12,5 14 15 19 20 Ajustes feitos de acordo com a necessidade. (facilidade de corte do bloco) Tubulaes embutidas atravs de sulcos executados com equipamento especfico (rasgador) de acordo com detalhes especficos. Vergas e contra vergas em peas nicas para vos de 50 'a 320cm com transpasse mnimo (de 30 a 60 cm) Bloco muito leve em comparao aos demais.

A escolha do sistema de componentes empregados na alvenaria decorrente da uma anlise tcnica e conceitual de projeto, avaliando: custos e condicionantes de produo; desempenho funcional; condicionantes de projeto; imposies legais e normativas; custos de manuteno e disponibilidade de fornecedores.

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2.3.

PROJETO

2.3.1. CONCEITOS DE PROJETO E SUA EVOLUO NO SETOR DA CONSTRUO CIVIL Segundo Slack (1997), no existe nenhuma definio de projeto reconhecida universalmente; diferentes especialistas nas mais diversas reas usam definies bastante diferentes. O conceito de projeto, dentro do segmento da construo civil, vem sendo aprimorado ao longo dos anos principalmente devido constatao do seu papel estratgico no processo de produo. Muitos autores, entre eles, Melhado (1994) e Souza (1997), fizeram um amplo levantamento dos conceitos atribudos a projeto. Baseados em conceitos como o de Stemmer (1988), Marques (1992) e McGinty (1984), chegaram a concluses semelhantes nas quais a maioria das definies estudadas consideravam o projeto um processo de criao de um produto e suas funes. Melhado (1994), baseado em seus levantamentos, afirma ainda que existem muitas definies atribudas a projeto que apresentam um ponto de vista voltado aos resultados do mesmo, delineando o seu propsito individual, social, poltico ou cultural. Todas as definies levantadas, no entanto, acabam se restringindo a definies do produto e nem sequer mencionam definies do processo construtivo vinculado ao produto. Melhado & Violani (1992a) indicam uma freqente dissociao entre a atividade de projeto e a da construo, sendo que o projeto entendido como instrumento, comprimindo-se o seu prazo e o seu custo, merecendo um mnimo de aprofundamento e assumindo um contedo quase meramente legal, ao ponto de torn-lo simplesmente indicativo e postergando-se grande parte das decises para a etapa de obra. Ainda dentro deste contexto, Farah (1992) afirma que como tendncia geral, os projetos, na construo tradicional, indicam apenas a forma final do edifcio (projeto arquitetnico) ou as caractersticas tcnicas de elementos da edificao (projeto estrutural, de fundaes, de instalaes, etc.), no descendo a detalhes da execuo, nem estabelecendo prescries relativas ao modo de executar e sucesso de etapas de trabalho. O projeto antes de mais nada, um projeto de produto, que no se traduz em especificaes relativas ao como produzir. O prprio projeto do produto , por

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outro lado, pouco preciso, deixando etapa da execuo a definio final das caractersticas que o produto deve ter, inclusive quanto ao tipo de material ou componente a ser utilizado em cada etapa". Em decorrncia das alteraes de mercado e da introduo de novos conceitos como os de racionalizao construtiva, desempenho, produtividade, construtibilidade e qualidade, novos requisitos foram atribudos ao projeto. De acordo com estes novos conceitos, os projetos de edifcios devem conter alm das definies do produto, as definies de seu processo construtivo, ou seja, o projeto passa a ser encarado sob a tica do processo de produo. Dentro deste novo enfoque, Gus (1997) afirma que projeto a etapa do processo de construo durante a qual deve ser buscada uma soluo criativa e eficiente, que traduza e documente todos os requisitos do cliente e do usurio atravs da concepo, desenvolvimento e detalhamento das caractersticas fsicas e tecnolgicas do empreendimento, para fins de sua execuo. Melhado (1994) prope uma definio para projeto que o caracteriza como: uma atividade ou servio integrante do processo de construo, responsvel pelo desenvolvimento, organizao registro e transmisso das caractersticas fsicas e tecnolgicas especificadas para uma obra, a serem consideradas na fase de execuo. Conceitos como o de Melhado (1994) e Gus (1997) so tambm decorrentes da constatao, de acordo com Souza et al. (1995), de que as solues adotadas na etapa de projeto tm amplas repercusses em todo o processo da construo e na qualidade do produto final a ser entregue ao cliente. De acordo com tais conceitos, o projeto passou a ser considerado como parte integrante do processo de produo dentro de uma viso sistmica do empreendimento. O projeto no deve ser visto como um processo em si, ele deve abranger e dar suporte ao empreendimento como um todo, deve ser considerado como uma atividade multidisciplinar que envolve no s a elaborao de desenhos ou memoriais do produto, mas tambm anlises administrativas de custos, marketing, atendimento ao cliente, etc. Apesar da introduo destes novos conceitos e da nfase dada a eles pelas solicitaes de mercado, verifica-se que a grande maioria dos projetos ainda est se limitando definio do produto e negligenciando o processo.

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Segundo Novaes (1996) a ausncia de dados ou mesmo a omisso, no conjunto dos projetos, de especificaes e informaes quanto tecnologia inerente execuo das solues propostas, assim como, a ausncia de informaes que permitam a integrao geomtrica, tecnolgica e produtiva entre componentes e subsistemas, tm conduzido necessidade de elaborao de projetos da produo, relacionados com a caracterizao do sistema construtivo e dos processos de trabalho empregados na produo. Sabbatini (1998), considera que "os projetos com os quais a construo de edifcios normalmente trabalha: o projeto arquitetnico; o de estruturas e os de instalaes prediais, so basicamente projetos conceituais. Isto significa que eles se propem em estabelecer os conceitos essenciais que definem o produto e no como constru-lo. Ainda de acordo com este autor os projetos conceituais estabelecem o que fazer e no o como fazer e que neste caso o como fazer objeto dos projetos para produo. O projeto para produo vem ganhando grande destaque no mercado da construo civil pelo seu carter integrador do produto e processo construtivo, sendo objeto de estudos por vrios pesquisadores. Alguns dos conceitos relacionados ao projeto para produo sero destacados a seguir.

2.3.2. PROJETOS PARA PRODUO: ORIGEM E INSERO NA CONSTRUO CIVIL O projeto para produo teve a sua origem na indstria de produtos seriados, na qual a forte concorrncia e competitividade de mercado obrigou estas empresas a investir em melhorias do seu processo produtivo visando a reduo dos prazos de desenvolvimento e a melhoria da qualidade de seus produtos. Stoll (1991) ao analisar o conceito de projeto para produo na indstria seriada afirma que as decises relativas definio do produto e da produo devem ser tomadas em paralelo, de maneira que se obtenha um sistema de produo com uma configurao otimizada que satisfaa tanto as necessidades do produto como as do processo. Ainda segundo o autor o projeto para produo est baseado na constatao de que: o projeto o primeiro passo no processo de produo;

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qualquer deciso de projeto, se no for cuidadosamente considerada, pode

acarretar esforo extra de produo e perda da produtividade; o projeto do produto deve ser cuidadosamente compatibilizado com a produo

flexvel, montagem, controle de qualidade e tecnologia de manuseio dos materiais de maneira que se possa conseguir ganhos de produtividade possveis por meio destas tecnologias. Vrias sistemticas e metodologias influenciaram a elaborao do projeto para produo, entre elas a mais significativa foi a engenharia simultnea. A engenharia simultnea, para Carter; Baker (1992), " um enfoque sistemtico para integrar projeto simultneo do produto e seus processos relacionados, incluindo produo e projetos complementares. Com a introduo da engenharia simultnea, substituiu-se a tradicional engenharia seqencial, na qual o desenvolvimento dos projetos apresentava uma trajetria seqencial atravs das diferentes reas funcionais da empresa. A partir da introduo da engenharia simultnea o projeto do produto foi vinculado ao projeto do processo que passaram a ser elaborados simultaneamente. Apesar da construo civil apresentar uma grande semelhana na forma seqencial de desenvolvimento dos projetos, ao transpor sistemticas, metodologias e conceitos da indstria seriada para a indstria civil, devemos levar em considerao as suas diferenas, principalmente o fato de que na construo civil cada empreendimento um novo produto e representa um novo projeto, e que este nem sempre est sujeito a repetitividade. Apesar de ser uma prtica recente, a insero do projeto para produo na indstria construo civil, assim como na indstria seriada, representou uma melhoria significativa na racionalizao da produo, e aos poucos, de acordo com o patamar tecnolgico de cada empresa, est servindo como ferramenta de melhoria contnua do processo de gesto da produo como um todo. Conceitualmente, para Barros (1996), o projeto para produo se constitui de um conjunto de elementos de projeto elaborado segundo caractersticas e recursos prprios da empresa construtora, para utilizao no mbito das atividades de produo em obra, contendo as definies dos itens essenciais realizao de uma atividade ou servio e, em particular: especificao dos detalhes e tcnicas construtivas a serem

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empregados, disposio e seqncia de atividades de obra e frentes de servio e uso e caractersticas de equipamentos. Melhado (1994) define o projeto para produo como conjunto de elementos de projeto elaborados de forma simultnea ao detalhamento do projeto executivo, para a utilizao no mbito das atividades de produo em obra, contendo as definies de: disposio e seqncia de atividades de obra e frente de servio; uso de equipamentos; arranjo e evoluo do canteiro; dentre outros itens vinculados s caractersticas e recursos prprios da empresa construtora. Os projetos para produo, alm de detalhar tecnicamente o produto de forma sistemtica, tm a responsabilidade de detalhar todo o processo produtivo e definir indicadores de tolerncia e de controle, subsidiando todas as informaes de suporte tcnico e organizacional da obra, tornando-se assim uma ferramenta de gesto da produo e da qualidade. Souza (1996) enfatiza que o papel essencial do projeto para produo o de solucionar as questes que envolvem a adoo de uma dada tecnologia construtiva, inclusive em termos de alternativas de especificaes e detalhes do prprio produto, ao longo da elaborao do projeto, de modo a inserir as condicionantes de racionalizao construtiva e construtibilidade, para ao final apresentar um processo de produo definido, permitindo o seu controle e garantindo a qualidade desejada para o produto. Aquino, Melhado (2001) consideram que o projeto para produo deve constituir-se numa ferramenta de integrao entre o produto especificado e o processo de produo, servindo tambm de base para um bom planejamento. Alm disso, deve servir como subsdio para a tomada de decises antes mesmo que o processo de produo ocorra, atuando como elemento estratgico para a promoo da racionalizao construtiva e at mesmo da introduo de novas tecnologias nas empresas construtoras. Os autores consideram como pontos fundamentais do projeto para produo a integrao do projeto do produto ao processo de produo com base na racionalizao construtiva. Para tanto, segundo os mesmos autores, os projetos para produo devem seguir algumas premissas bsicas: o projeto para produo deve ter seu desenvolvimento iniciado juntamente com as demais disciplinas de projeto, com o apoio de uma coordenao eficiente, no

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devendo constituir-se em mais uma disciplina isolada do contexto da produo. Sendo assim, a empresa construtora deve atuar para que o processo de projeto seja desenvolvido pensando-se na sua adequada coordenao, sendo desenvolvido paralelamente aos demais projetos, para que a introduo do projeto para produo atenda aos requisitos pretendidos; o projeto para produo deve conter elementos suficientes para orientar a execuo, definido materiais, seqncia de execuo, equipes de servio, etc, no se constituindo em mais uma disciplina do projeto com o enfoque no produto; o projeto para produo deve permitir uma adequada comunicao entre o projeto e a obra, com linguagem adequada e objetiva e, portanto, deve ser desenvolvido com o envolvimento dos agentes ligados fase de execuo, adicionando ao projeto consideraes relativas construtibilidade e eficincia na produo; as definies mais conceituais dos projetos para produo devem ocorrer em integrao com as definies do produto, ou seja, na sua interface com os demais projetistas, e as solues para a execuo devem ser detalhadas em integrao com as decises tomadas pela equipe de obras quanto a equipamentos, frentes de servio, gesto de estoques, etc., sendo mais ou menos postergveis, segundo a etapa de obra a que se referem e permitindo os ajustes necessrios para a devida integrao s demais aes voltadas produo; o sistema de comunicao empresa-obra e vice-versa deve permitir que projetistas e construtores interajam, impedindo que decises extra-projetos sejam tomadas de forma isolada pela equipe de execuo, nos canteiros de obras. Isto implica na participao dos projetistas na obra e de construtores nas definies de projeto; a empresa construtora deve ser capaz de aplicar indicadores de qualidade de projeto e ao processo e retroalimentar o sistema de gesto. O objetivo a verificao da validade das solues de projeto adotadas (para o produto e para sua execuo) e permitir a implementao de melhorias. O projeto para produo tem como finalidade racionalizar a produo, para tanto, uma das caractersticas que deve ser levada em considerao como dado inicial para a sua elaborao o patamar tecnolgico da empresa e sua gesto da produo. Para um melhor aproveitamento do projeto de produo ele dever ser elaborado e voltado capacidade tcnica da empresa e eventualmente ser um canal para a introduo de

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inovaes tecnolgicas. O projeto, uma vez adequado cultura da empresa, propicia informaes balizadoras do processo de produo, passveis de serem implantadas. Segundo Melhado (1997) importante ressaltar que, para a elaborao do Projeto para Produo, deve-se conhecer e considerar a tecnologia de produo empregada pela empresa construtora, tendo conhecimento dos procedimentos de execuo. Dessa maneira, adequa-se o projeto cultura da empresa e permite-se que o mesmo apresente informaes que resultam em um processo de produo corretamente definido e passvel de ser implantado em obra, obtendo-se ganhos quanto racionalizao das atividades. O projeto para produo no deve ser demasiadamente detalhado, pois de acordo Souza et al. (1995) pode inviabilizar a sua compreenso por parte da mo-de-obra muitas vezes dotada de vcios de produo e pouca cultura. Para estes autores a maneira especfica de se realizar determinados servios dever estar inserida em manuais destinados ao treinamento e aperfeioamento da mo-de-obra Para tanto, o projeto para produo deve estar relacionado com os procedimentos e caractersticas de produo da empresa, levando em considerao exigncias de desempenho, qualidade, interface com demais subsistemas e produto final. Para Melhado (1997) a metodologia para o desenvolvimento do projeto para produo deve considerar duas interfaces: interface com as demais disciplinas de projeto - iniciada durante o anteprojeto, com a compatibilizao das definies relativas produo quanto s caractersticas do produto, geradas pelos projetistas de arquitetura, estruturas, sistemas prediais e outros, desenvolvendo-se at o detalhamento do projeto executivo; interface com a produo - constitui-se na elaborao dos elementos de projeto para produo a serem utilizados em obra, dentro de processo de elaborao simultnea com o detalhamento do projeto executivo. Este mesmo autor afirma que a metodologia para o desenvolvimento de projeto tem uma estreita relao com a estratgia competitiva da empresa, por isso a metodologia dever estar adequada s necessidades da empresa ou de um empreendimento em particular, sendo que tal metodologia ser materializada atravs dos procedimentos de coordenao e controle de projetos adotados. Para Melhado (1997) para desenvolver o projeto para produo, essa atividade deve comear na etapa de anteprojeto, em que as definies de como construir faro

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interface com as caractersticas de produto trazidas por vrios especialistas de projeto, arquitetos e engenheiros. Barros (1996) destaca a importncia da fase elaborao do projeto para produo, e ainda descreve duas situaes distintas onde o projeto pode ser desenvolvido: paralelamente aos demais projetos ou em uma fase posterior elaborao dos demais projetos envolvidos. O desenvolvimento do projeto para produo deve ocorrer concomitantemente ao desenvolvimento dos demais projetos, sendo introduzido na fase inicial do desenvolvimento dos demais projetos, desta forma possvel otimizar os projetos atravs da coordenao e compatibilizao dos mesmos. No entanto, na maioria das vezes o projeto para produo solicitado quando os demais projetos j se encontram em uma fase mais adiantada ou concluda e desta forma o seu potencial de racionalizao sensivelmente diminudo. Neste caso possvel atravs do projeto para produo, apenas identificar as incompatibilidades entre os demais projetos e propor solues executivas apropriadas ou at mesmo pequenas revises quando possvel. O projeto para produo, de acordo com Melhado (1997), pode ser elaborado por uma equipe ou por um nico profissional, que pode ser da prpria construtora ou no. Porm, o autor enfatiza duas condies fundamentais para o xito no projeto para produo: a pessoa responsvel para a elaborao do projeto para produo deve ter conhecimento acerca de execuo de obras, e sua participao deve ocorrer desde o incio do processo de projeto, estendendo-se ao longo das vrias etapas. A elaborao do projeto para produo de edifcios uma prtica adotada recentemente pelas empresas construtoras, sendo assim ainda existem muitos aspectos a serem analisados e discutidos, no entanto as vantagens de sua insero no mercado j so evidentes. Atravs da utilizao dos projetos para produo j possvel observar a racionalizao das etapas de execuo com aumento de produtividade, diminuio dos custos de produo, introduo de novas tecnologias, reduo do nmero de incertezas no decorrer da produo, reduo dos problemas decorrentes da interferncia de servios entre os demais subsistemas, reduo do retrabalho e de desperdcios e conseqentemente a diminuio de problemas patolgicos. Os conceitos relacionados ao projeto para produo apresentados neste item, de forma resumida enfatizam:

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a insero do projeto para produo nas fase iniciais do processo de projeto; o desenvolvimento simultneo dos projetos por uma equipe multidisciplinar; a capacitao tcnica do profissional responsvel pela elaborao do projeto para

produo; a participao da equipe de produo no desenvolvimento dos projetos; a utilizao do projeto para produo como ferramenta de introduo de novas

tecnologias; as vantagens do incio do mesmo junto com as primeiras etapas do

empreendimento. Os dados enfatizados, associados aos dados obtidos nos estudos de casos, serviro como base para a estruturao do mtodo proposto no captulo 4. 2.3.3. PROCESSO DE PROJETO O setor da construo civil vem se modernizando em determinados ambientes produtivos, e dentre as iniciativas tomadas neste sentido, as aes relacionadas ao processo de projeto esto em grande destaque, objetivando melhorias tanto em relao aos resultados dos projetos como em relao ao gerenciamento do prprio processo. NOVAES (2001) O processo de projeto deve ser desenvolvido de forma sistemtica visando o gerenciamento e a coordenao dos projetos, associados a um controle rigoroso do cronograma e de toda documentao envolvida no processo. Para Assumpo; Fugazza (2001) o estudo do processo de projeto decorrente da necessidade de compatibilizao das informaes geradas pelos diversos parceiros durante a etapa de desenvolvimento e coordenao dos projetos, e tambm do interrelacionamento dos produtos e prazos necessrios para o desenvolvimento do empreendimento. Ainda de acordo com este autor, ao estruturar um modelo para planejamento do processo de projeto " necessrio o entendimento do fluxo de desenvolvimento das aes e produtos decorrentes, para estabelecer as relaes, critrios e parmetros que delimitem os prazos mnimos necessrios na execuo dos produtos de cada parceiro, considerando-os parte de uma seqncia. Para tanto, uma das primeiras aes para estruturar o processo de projeto a definio e caracterizao de suas etapas.

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Para Souza et al. (1995) a diviso do processo de desenvolvimento de projeto em etapas tem como objetivos: definir o escopo e contedo de cada projeto, com os elementos tcnicos a ele relacionados, etapas do trabalho, informaes necessrias ao seu desenvolvimento, produtos e servios a serem obtidos; normalizar os procedimentos para a elaborao coordenada dos projetos; proporcionar o controle da qualidade do projeto de arquitetura e dos projetos como um todo; visualizar a complexidade e a necessidade de interao entre o projeto de arquitetura e todos os projetos complementares; otimizar a definio de um cronograma e o detalhamento da estimativa de custos das obras atravs de projetos bem concebidos e detalhados; uniformizar e padronizar os procedimentos e critrios de contratao e remunerao dos servios. A diviso do processo de projeto em etapas no conta com um padro consolidado no mercado. Tzortzopoulos (1999) afirma que a falta de padronizao tende a ser incrementada pelo fato dos intervenientes do processo serem especializados no desenvolvimento de projetos especficos, e terem uma compreenso diferenciada do contedo tcnico de cada uma das etapas. Existem vrias propostas para a definio das etapas do processo de projeto exemplificadas em Souza et al. (1995), NBR 13531 (ABNT, 1995), Assumpo; Fugazza (2001), Tzortzopoulos (1999), Jobim et al. (1999), Picchi (1993) e Melhado (1994). Na Figura 2.1. encontra-se a relao das etapas, propostas por Melhado (1994), a serem adotadas para o desenvolvimento deste trabalho. Alm de apresentar a estrutura de etapas do processo de projeto, a Figura 2.1. estabelece uma relao das etapas com os agentes participantes do processo. Na sua grande maioria, participam do desenvolvimento de projetos o arquiteto (muitas vezes responsvel pela coordenao), projetistas de estrutura e instalaes, coordenador, projetista de projetos para produo e, raramente, a equipe de produo.

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IDEALIZAO DO PRODUTO

EMPREENDEDORCONCEPO INICIAL E VIABILIDADE ESTUDO PRELIMINAR - EP ANLISE DOS PROCESSOS FORMALIZAO DOS PRODUTOS ANTEPROJETO APPL-PROJETO LEGAL PB-PROJETO BSICO

EQUIPE DE PROJETODETALHAMENTO DE PRODUTO EPROJETO PARA PRODUO PP PROCESSO

PROJETO EXECUTIVO PE

PLANEJAMENTO

CONSTRUTOR

PRODUO

ENTREGA DO PRODUTO

USURIO

OPERAO E MANUTENO

Figura 2.1. Proposta para o processo de desenvolvimento do projeto com a ao dos quatro participantes do empreendimento. MELHADO (1994)

Mais tradicionalmente, o processo de projeto apresenta uma caracterstica seqencial de elaborao, a qual recentemente vem sido substituda por uma elaborao simultnea decorrente da constatao de melhorias significativas na qualidade dos produtos finais. Esta forma de desenvolvimento vem sofrendo alteraes nos ltimos anos, atravs de aes propostas para a melhoria do processo de projeto. Entre estas aes, Melhado (1994) e Novaes (2001) destacam que o desenvolvimento dos projetos deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar, e de acordo com Melhado (1994) supervisionada por um coordenador de projetos. A importncia da coordenao de projetos tem sido destacada no mercado pelo seu carter de suporte gerencial e tcnico para o desenvolvimento dos projetos. Picoral (2002) entende a coordenao de projetos como a atividade capaz de subsidiar todos os projetistas intervenientes no processo com diretrizes bem definidas e documentos de referncias atualizados; detectar e compatibilizar os problemas de interface entre os diversos projetos e entre estes e o processo construtivo antes do incio da obra, tendo como resultado um conjunto de documentos (projetos) que

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atendam plenamente a concepo proposta pelo projeto arquitetnico e os meios previstos para a produo do empreendimento. Ainda de acordo com a autora, para conseguir uma coordenao de projetos eficiente deve-se pressupor a atividade de uma equipe multidisciplinar trabalhando com as mesmas diretrizes e com um fluxo de informaes adequado entre os diversos intervenientes da etapa de elaborao de projetos, sendo de grande importncia que todos os agentes envolvidos tenham cincia das regras propostas. Verifica-se no mercado muitas dificuldades encontradas no desenvolvimento da coordenao dos projetos, de acordo com Franco (2000): falta de um maior investimento na atividade de projeto; equipes de projeto realmente participativas; melhor remunerao por um trabalho melhor e mais completo; prazos realsticos para o desenvolvimento do projeto; criao de um cronograma nico que seja aceito e respeitado por todos os projetistas; definio clara das etapas de projeto; falta da definio de critrios de qualidade de projeto; limitaes no poder de deciso do coordenador; quantidade de informaes insuficientes, com relao a: Prefeitura, Bombeiros, rgo financiador, levantamentos planialtimtricos, sondagens, etc; indefinio do processo construtivo a ser empregado; falta de regras de apresentao dos projetos ; entre outros.

As dificuldades do processo de projeto so apontadas tambm por outros autores, entre eles: Baa (1998), Grilo et al. (2001), Tzortzopoulos (1999), Novaes (1998) e Nascimento & Formoso (1998), de acordo com estes autores verificam-se as seguintes dificuldades do processo de projeto:

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Planejamento e desenvolvimento m qualidade de comunicao; falta de planejamento das etapas; desenvolvimento fragmentado e seqencial dos projetos; a contratao isolada dos profissionais com base em critrios econmicos estimulando uma atuao independente; a incipincia na gesto de interfaces limitando a integrao entre os agentes; a carncia de mecanismos formais para a deteco das necessidades dos clientes e sua converso em produtos e processos compatveis com suas expectativas, com conseqente m interpretao das necessidades do cliente (usurio final) para o produto; postergao da contratao do projeto de estruturas e sistemas prediais; falta de procedimentos e indicadores de controle da qualidade; ausncia de um representante da produo durante o desenvolvimento dos projetos; ausncia de formulao de exigncias dos clientes (cliente internos), quanto ao processo de projeto e seus resultados, detalhamento e formas de representao; decises tomadas durante o desenvolvimento de projetos que no consideram as particularidades da produo das edificaes. Erros de projeto erros de medida de projeto; incompatibilidade entre os projetos; excesso de retrabalho resultante de alteraes no projeto por parte do contratante; ausncia de coordenao entre os projetistas; uso incorreto das informaes disponveis ou emprego de informaes desatualizadas; m interpretao de normas de projeto.

Muitas destas dificuldades poderiam ser evitadas atravs de uma coordenao eficiente responsvel pelo planejamento, controle, anlise crtica e compatibilizao dos projetos.

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Infelizmente, de acordo com a autora deste trabalho, verifica-se no mercado uma grande dificuldade na contratao de um coordenador eficaz e tecnicamente preparado para desempenhar plenamente sua funo tcnica-gerencial. Alm de um coordenador eficaz, para auxiliar a coordenao so necessrias ferramentas planejamento e de comunicao que garantam a gesto do fluxo de informaes e o planejamento da atividade de projeto. A gesto do fluxo de informaes se faz necessria para garantir o resultado do processo de projeto. Novas tecnologias de informao surgem como propostas para tornar o gerenciamento e compartilhamento das informaes de um empreendimento mais gil, preciso e dinmico, com a participao de todos os agentes envolvidos. OHASHI (2001) A coordenao dos projetos e o suporte gerencial obtido com as tecnologias de informao so essenciais para o processo de projeto e para a coordenao, porm de nada adiantam se os agentes envolvidos no tiverem uma postura participativa e integradora. Os agentes envolvidos no processo de projeto devem ser conscientizados da importncia do desenvolvimento simultneo dos projetos e da necessidade do cumprimento de suas atribuies com um fornecimento preciso de informaes. De acordo com Melhado (2001) observa-se no mercado uma tentativa de se alcanar uma maior integrao entre empresa, seus projetistas, fornecedores e subempreiteiros. Estes agentes tm procurado unir esforos, anteriormente isolados, formando parcerias e estratgias de ao conjunta, visando o desenvolvimento integrado, a reduo de custos e a conquista de novos mercados. Muitas iniciativas tm sido tomadas para a melhoria do processo de projeto, e segundo Melhado (2001), est sendo estabelecida no mercado uma nova concepo do processo de projeto processo multidisciplinar, com inmeros plos de deciso, realidade dos fatos e que s refora a necessidade de mtodos claros e objetivos de gesto. Particularmente, entre outras iniciativas, o estabelecimento da coordenao de projetos e de equipes multidisciplinares so necessrias e importantes para o desenvolvimento do PPVV em funo de seu carter compatibilizador e da sua responsabilidade enquanto ferramenta de racionalizao construtiva.

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3PROJETO PARA PRODUO DE VEDAES VERTICAIS - PPVVEste captulo ir tratar especificamente dos projetos para produo de vedaes verticais (PPVV). O material bibliogrfico levantado a respeito deste tema caracteriza a sua importncia estratgica na gesto da produo e no processo de projeto. No entanto, poucos trabalhos apresentam informaes em relao ao seu processo de elaborao e contedo. Para caracterizar o contedo e processo de elaborao do PPVV, neste captulo, alm do levantamento bibliogrfico sero apresentados estudos de casos envolvendo empresas projetistas, empresas construtoras e equipes de produo. As informaes obtidas nestes estudos de casos, alm de serem esclarecedoras para este captulo serviro como base de dados para a elaborao do mtodo que ser desenvolvido no captulo 4.

3.1.

CARACTERIZAO

Dentre os projetos desenvolvidos de um empreendimento, o PPVV ganhou um papel de destaque no que diz respeito a gesto da produo. Este projeto traz incorporada uma sntese dos demais projetos do empreendimento, j compatibilizados, numa linguagem tcnica voltada para a gesto racionalizada da produo, estabelecendo uma interface nica entre todos os agentes envolvidos. Para Franco (1998) o projeto de vedao vertical uma pea de extrema importncia para a implantao de tecnologias construtivas racionalizadas e este projeto deve ser concebido dentro uma viso sistmica, no se restringindo unicamente melhoria do comportamento dos componentes da vedao vertical, mas inserindo o funcionamento da vedao vertical no edifcio e a sua produo na organizao e racionalizao dos demais subsistemas que compe a edificao. Alm de apresentar uma integrao significativa entre projeto e produo, o PPVV apresenta um papel estratgico decorrente das vrias interfaces estabelecidas do

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subsistema de vedaes verticais com os demais subsistemas. Atravs da compatibilizao e anlise crtica das interfaces envolvidas possvel racionalizar a produo e melhorar o desempenho do edifcio como um todo. Franco (2002) acredita que projeto de vedaes deve baseado em uma anlise conceitual caracterizada a seguir: CONCEITUAO DO RELACIONAMENTO COM A ESTRUTURA A interface entre a estrutura e as vedaes verticais, particularmente, tem sido muito discutida nos ltimos anos. Este fato se deve evoluo dos sistemas estruturais que contam com novos materiais e novas situaes de desempenho repercutindo diretamente sobre as vedaes verticais. Para Franco (1998) as mudanas ocorridas na forma de conceber as estruturas e a aplicao dos novos materiais tm aumentado a importncia da deformabilidade, elasticidade ou capacidade de acomodar deformaes, por um lado e da resistncia mecnica por outro, mesmo para os elementos construtivos empregados apenas como de vedao, para fazer frente s novas condies de deformao impostas pelas estruturas de concreto armado. Ainda segundo o mesmo autor, a anlise do projeto estrutural no qual ir se inserir a vedao vertical de fundamental importncia para determinar tanto as caractersticas inerentes do vedos que a compe, como dos detalhes construtivos necessrios ao bom desempenho desta, frente ao nvel de solicitaes esperadas. O relacionamento da estrutura com as vedaes verticais tem uma repercusso significativa na obra como um todo. Devido a este fato, no PPVV este relacionamento deve ser analisado minuciosamente e a partir da anlise desta interface sero estudados e detalhados os pontos crticos entre estes subsistemas, tais como: tipos de ligao com a estrutura (ver Figura 3.1): alvenaria participa da estrutura; alvenaria lidada a estrutura; alvenaria desvinculada da estrutura.

necessidade de absorver deformaes; situaes de paredes com solicitaes especificas como: paredes sobre lajes; paredes sobre balanos.

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juntas de trabalho e separao; reforos de revestimentos.

F IX A O D A AL V E N AR IA C O M A E S T R U T U R A D E C ON C R E T O L IG A O R G ID A (tran s m itir es for os e d eform a es ) E V IT AR A L IG A O R G ID A (evitar a tras m is s o d e d eform a es e es for os ) E vitar o s u rg im en to d e es for os n a alven aria c om u m S ITU A E S C R TIC A S

A L V E N A R IA c om o C O N TR A V E N TA M E N TO a alven aria d eve s er D IM E N S IO N A D A p ara es ta s itu a o (A L V E N A R IA E S TR U TU R A L ) C O N TR O L E R G ID O : arg am as s as res is t n c ia d os b loc os p rod u o

"IN F IL L E D F R A M E "

E s tru tu ras c on ven c ion ais m ais d eform veis : p eq u en as es p es s u ras m d ias / g ran d es v os / p ared es s ob re lajes

E s tru tu ras "es p ec iais " laje c og u m elo p re-vig a + p re-laje es tru tu ras p re-m old ad as

Figura 3.1. Tipos de ligao com a estrutura . FRANCO (2002)

1

Alm dos pontos levantados, a anlise do relacionamento da estrutura com as vedaes verticais tm um papel decisivo no planejamento da seqncia de atividades da obra, o qual dever atender as necessidades ideais de desempenho das vedaes que impe um tempo mnimo para o incio de sua execuo e conseqente execuo dos demais subsistemas a ela relacionados, minimizando a transmisso de esforos para estes subsistemas durante a execuo da obra. A anlise dos conceitos relacionados estrutura apresentados essencial para a elaborao do PPVV e deve ser relacionada a conceituao dimensional e de produo apresentados a seguir. CONCEITUAO DIMENSIONAL Estes conceitos so decorrentes da anlise da coordenao dimensional entre os vrios elementos que compe a vedao vertical e entre estes e os elementos dos outros subsistemas do edifcio. Para Franco (1998) a coordenao dimensional e modular levaria a padronizao dos detalhes construtivos, que alm de facilitar a execuo e controle dos mesmos,

1

INFILLED FRAME uma concepo de estrutura reticulada que leva em considerao a resistncia e rigidez da alvenaria para sua estabilidade. 34

permitiria a padronizao das solues e o desenvolvimento de alternativas cada vez melhores para as diversas situaes padro. Durante a elaborao do PPVV so analisadas e compatibilizadas as medidas de blocos, juntas de argamassa, vos de esquadrias, revestimentos, impermeabilizaes, vergas e contra-vergas, etc. A adoo da coordenao dimensional na etapa de projeto permite ajustar as medidas de todos os componentes da alvenaria e dos subsistemas a ela relacionados intensificando a racionalizao da produo e diminuindo as incompatibilidades e improvisaes na fase de execuo. Poucos sistemas e projetos encontram-se desenvolvidos dentro do conceito de coordenao modular, que tornaria a coordenao dimensional mais simples e fcil de ser obtida efetivamente nas obras. CONCEITUAO DA PRODUO Um dos principais objetivos da elaborao de um projeto de vedaes verticais estudar e definir as tecnologias de produo. FRANCO (1998) Os conceitos de produo analisados no PPVV devem prever o desempenho da vedao vertical e dos subsistemas a ela relacionados dentro de uma viso tcnica. Para tanto no PPVV, devem ser definidas e detalhadas, aps uma anlise tcnica e sistmica, todas as tecnologias a serem utilizadas. Sabbatini (1998), afirma que "para fazer uma escolha tcnica necessrio dominar o conhecimento relacionado com a tecnologia de produo daquelas alternativas que esto sendo objeto de anlise". Deve-se, portanto, de acordo com o autor, compreender as caractersticas principais, as exigncias de cada tecnologia inovadora, as suas deficincias e limitaes, as solues alternativas para evitar problemas. Para a elaborao do PPVV devem ser definidas as solues tcnicas, os materiais a serem empregados, sua seqncia de elaborao e procedimentos executivos. Estas definies partem da anlise estrutural e dimensional, da anlise crtica dos projetos e da anlise das interfaces dos demais subsistemas com a alvenaria. A partir destas anlises so definidos e detalhados conceitos de produo tais como: famlia de blocos a ser utilizada, tipo de argamassa, tipos de amarrao entre alvenarias, fixao da alvenaria a estrutura, juntas de trabalho, instalao das

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esquadrias, relao da alvenaria com instalaes: embutimento ou criao de shafts, vergas e contravergas, utilizao de componentes pr-moldados, etc. Estas definies so essenciais para o incio do desenvolvimento do PPVV e para a elaborao dos procedimentos tcnicos e definio da seqncia executiva. Isto essencial para que o PPVV tenha coerncia com a forma de executar. Complementando o projeto para produo necessrio que sejam definidos conceitos ligados ao planejamento e controle da obra, tais como: tcnicas de execuo, seqncias de execuo, arranjo de canteiro, sistemtica de transporte, entre outros. Alguns destes itens so desenvolvidos geralmente pela equipe de produo da obra, as vezes de forma no muito metdica, ou supridos parcialmente pelos procedimentos da empresa. Estes, porm, no costumam ser escopo do servio dos escritrios que se dedicam a desenvolver o PPVV. O contedo especfico do PPVV e sua forma de elaborao foram pouco discutidos dentro do meio acadmico. Dentro deste enfoque, destacam-se os trabalhos desenvolvidos atravs dos convnios EPUSP/SCHAIN CURY (1995) e EPUSP/ENCOL (1991). Atravs dos convnios com estas empresas foram desenvolvidas pesquisas que resultaram em diretrizes e recomendaes para a elaborao do PPVV decorrentes dos estudos desenvolvidos. Estes documentos apresentam um excelente contedo tcnico e sero auxiliares no desenvolvimento do mtodo proposto no captulo 4. No entanto, estes documentos no apresentam uma sistemtica de desenvolvimento de projeto detalhada. Pela sua importncia, a relao destes documentos se encontra na bibliografia. O projeto para produo de vedaes verticais vem sendo desenvolvido por um nmero reduzido de empresas de projetos dentro do estado de So Paulo, que possuem padres de desenvolvimento e de contedo variados baseados na experincia profissional particular de cada escritrio. Desta forma, encontra-se no mercado projetos para produo de vedaes verticais distintos que nem sempre atendem s necessidades tcnicas e organizacionais do empreendimento. Em decorrncia da falta de definio de um escopo padronizado do PPVV no mercado, muitas empresas construtoras no tm conscincia da potencialidade e abrangncia deste projeto contratando muitas vezes projetos que no apresentam um contedo condizente com o conceito de projeto para produo. Para caracterizar o contedo do PPVV e seu processo de elaborao foram realizados estudos de casos caracterizados a seguir.36

3.2.

ESTUDOS DE CASOS

Com o intuito caracterizar o contedo e o processo de desenvolvimento dos projetos de vedaes verticais, foram realizados estudos de casos. Estes estudos envolveram visitas s empresas que desenvolvem projetos para produo e s construtoras que os empregam. Alm disso, foram realizadas tambm visitas s obras das construtoras envolvidas nos estudos de casos, para analisar a postura de cada um dos integrantes envolvidos no processo de produo de edifcios. Para cada membro integrante dos estudos de casos, procurou-se verificar: Empresa de projeto: o seu ponto de vista no que se refere importncia do projeto para produo, ao grau de detalhamento do projeto desenvolvido pela empresa, a relao cliente-projetista forma como o projetista visualiza o cliente. Empresa construtora: o ponto de vista no que se refere importncia estratgica e ao papel do projeto para a empresa, qual o agente motivador da procura de projetos para a produo, qual o impacto deste tipo de projeto na gesto de produo da empresa e no seu desempenho e qual a relao estabelecida com o projetista. Equipe de produo: o ponto de vista no que se refere ao impacto e dificuldades encontradas na implantao do projeto para produo, qual a relao estabelecida com o projetista e a retroalimentao do projeto. Ressalta-se que, para as visitas realizadas, foram elaborados e aplicados questionrios especficos, que se encontram no anexo 1. Os dados obtidos nas entrevistas esto relacionados em uma tabela comparativa que se encontra no anexo 2. A anlise comparativa desses dados se encontra a seguir.

3.2.1. EMPRESAS DE PROJETO As empresas de projeto para produo de alvenaria de vedao surgiram em So Paulo h 10 anos, aproximadamente. O nmero destes escritrios no mercado da construo civil muito pequeno, de acordo com dados obtidos nos estudos de casos, em So Paulo, existem aproximadamente cinco escritrios consolidados no mercado que prestam servio para a grande maioria das empresas que contratam este tipo de projeto especificamente.

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Estas empresas, tem um perfil muito semelhante, sendo caracterizadas por uma infraestrutura pequena com de cerca de 5 a 30 funcionrios. A formao destes profissionais inclui engenheiros, tecnlogos e na sua maioria arquitetos. Os escritrios tm como base a experincia profissional de seus diretores tcnicos que coordenam os trabalhos em desenvolvimento. De acordo com as empresas entrevistadas o nmero de projetos desenvolvidos em 2002 variou entre 50 a 100 projetos. O contato com os escritrios feito na maioria dos casos atravs da indicao de outros projetistas ou de empresas construtoras que j utilizaram o projeto de vedaes. No caso de construtoras de pequeno a mdio porte, acaba se estabelecendo um vnculo de parceria com um projetista especificamente. No entanto, as empresas de grande porte tm um vnculo de parceria estabelecido com a maioria dos escritrios para atender a sua demanda. De acordo com as empresas entrevistadas mais de 80% dos atuais clientes j utilizaram o PPVV e esto familiarizados com o projeto. Estes clientes variam de construtoras de grande porte a pequeno porte, apresentando uma predominncia das construtoras de mdio e grande porte. O valor do PPVV, de acordo com os dados obtidos, varia de 7 a 10 mil reais. Os parmetros para a definio do valor do projeto so variveis de acordo com cada escritrio sendo eles: grau de complexidade do projeto; contedo do projeto; referncias de mercado; equipes de projetistas envolvidas; estimativa de horas a serem gastas no projeto.

O contedo do PPVV, de acordo com os dados levantados, apresenta pequenas variaes de contedo e de representao grfica, mas os escritrios analisados apresentam um escopo bsico que compreende: compatibilizao dos projetos; planta de conferncia; plantas de marcao de 1 e 2 fiadas; planta de locao dos eixos de alvenaria; plantas de passagens de eltrica e hidrulica; caderno de elevaes;38

caderno de detalhes; quantitativo de materiais; procedimentos executivos e especificaes tcnicas.

Empresas de grande porte e principalmente as certificadas, normalmente no fazem questo do caderno de detalhes e nem dos procedimentos e especificaes tcnicas por utilizarem um padro especfico desenvolvido pela prpria empresa. Independente da utilizao por parte da construtora, a empresa "A" inclui no seu projeto estes itens devido a sua importncia. Ainda sobre os procedimentos e detalhamento, a empresa "B" acredita que estes itens devem ser especficos da prpria empresa construtora. A ausncia deles, de acordo com o entrevistado, uma deficincia que no deve ser suprida no projeto de alvenaria. O PPVV, na sua grande maioria, desenvolvido apenas para o pavimento tipo do edifcio. Tal fato se deve, de acordo com os escritrios e empresas entrevistadas, ao custo do projeto em relao sua repetitividade. Normalmente o escopo do projeto definido pelo cliente, mas tendo como base uma sugesto inicial do projetista. O escopo do PPVV detalhado no contrato assim como as suas datas de entrega. As datas de entrega do PPVV so vinculadas ao recebimento do material para sua elaborao, ou seja, esto atreladas s datas de entrega dos demais projetistas. Para a elaborao do PPVV normalmente so solicitados os projetos de arquitetura, estrutura e instalaes e tambm, no caso de existirem, os detalhes e procedimentos especficos da empresa. De acordo com cada escritrio de projeto e com o grau de detalhamento do projeto, podem ser solicitados desde o projeto completo ou apenas folhas especficas dos projetos mencionados. O tempo til estimado para o desenvolvimento do PPVV de um ms2 considerando o recebimento das informaes necessrias. As empresas acompanham a definio das etapas de projeto da empresa contratante e normalmente so contratadas no incio do desenvolvimento da etapa de anteprojeto ou na etapa de executivo. A contratao na etapa de anteprojeto uma prtica recente. De 4 anos para c, aproximadamente, as empresas construtoras contratavam

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o PPVV apenas na etapa de executivo. Esta mudana foi decorrente da constatao de ganhos de solues tcnicas e de racionalizao da alvenaria na contratao na fase de anteprojeto e vem se consolidando com a prtica. As empresas entrevistadas contam com sistema padronizado para o desenvolvimento do PPVV. Esta padronizao foi desenvolvida pelos diretores tcnicos e pelas equipe de trabalho e permitem agilizar e controlar a qualidade do projeto ao longo de seu desenvolvimento. A sistemtica de desenvolvimento particular de cada escritrio e est baseada na experincia profissional de seus diretores. A comunicao interna do escritrio flui sem burocracia durante o desenvolvimento do PPVV, mas diferente em cada escritrio. De acordo com os entrevistados, participam das reunies de projeto: o arquiteto, o projetista de estrutura, os projetistas de instalaes, coordenador (quando existe), um representante da construtora e, raramente, a equipe de produo. No caso de construtoras menores muito comum a participao do diretor tcnico. Todos os escritrios entrevistados criticam a ausncia do coordenador ou a falta de capacitao e desempenho deste profissional. A sua participao muito rara e quando existe a coordenao dos projetos feita pelo arquiteto ou contratado da construtora. Muitas vezes, na ausncia do coordenador, pelo seu carter compatibilizador, o projetista de vedaes acaba desempenhado funes de coordenao, no entanto, estas situaes so evitadas ao mximo por no constarem no escopo do PPVV. Durante o desenvolvimento do PPVV, os problemas mais freqentes so relacionados aos arquitetos, basicamente falta de conhecimento tcnico e falhas na coordenao de projetos, e aos projetistas de instalaes que apresentam dificuldade com o desenvolvimento simultneo dos projetos e resistncia a eventuais ajustes e revises de projeto decorrentes da compatibilizao. De acordo com a empresa "A", existe uma cultura de mercado na qual os projetos so elaborados seqencialmente, estes projetistas, na maioria os projetistas de instalaes, apresentam resistncia elaborao conjunta dos projetos. Alm disto alguns projetistas de instalaes apresentam uma baixa qualidade tcnica.

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Este prazo se refere ao desenvolvimento, por exemplo, de um pavimento tipo residencial com dois apartamentos por andar de 90m2 cada. 40

No que diz respeito aos arquitetos, de acordo com a empresa "B", sua atuao problemtica em funo de falhas de formao profissional. No caso, o arquiteto desconhece termos e prticas tcnicas que dificultam a troca de informaes, e ainda, apresentam resistncia a pequenos ajustes e alteraes do projeto em funo da alvenaria. O sistema de informaes normalmente definido pela construtora, so variveis no mercado, mas no apresentam problemas na sua utilizao. Os problemas de comunicao mais freqentes no esto relacionados ao sistema escolhido e sim ao no cumprimento de prazos, falta de controle das revises, utilizao de verses desatualizadas e ao no entendimento das informaes solicitadas. O impacto do PPVV considerado positivo pelos entrevistados. De acordo com os projetistas so observados os seguintes reflexos: os projetistas de estrutura e instalaes gostam do PPVV porque ele assume a responsabilidade de compatibilizar os projetos; a equipe de produo tem uma boa aceitao do PPVV apesar de ficar mais exposta mediante a avaliao do PPVV; fora a organizao tcnica, muitas vezes a empresa construtora acaba adotando os procedimentos do PPVV ou melhorando os seus procedimentos; o setor de suprimentos beneficiado com uma melhor quantificao e especificao de materiais; o projeto utilizado como ferramenta auxiliar no controle da produo.

A entrega do PPVV normalmente feita ao departamento de projeto da construtora ou ao responsvel tcnico. O acompanhamento a obra previsto no contrato e varia de 2 a 3 visitas. Este acompanhamento alm de ser explicativo para a equipe de produo contribui para a retroalimentao do processo. Atravs destas visitas, o projetista colhe informaes que iro ser analisadas pela equipe de projeto e posteriormente acrescentadas no PPVV. Normalmente a retroalimentao feita por iniciativa do projetista, no entanto, em empresas maiores ou certificadas, existem procedimentos de avaliao que so encaminhados aos projetistas permitindo a retroalimentao do projeto por parte do cliente.

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3.2.2. EMPRESAS CONSTRUTORAS Para estas entrevistas foram selecionadas 3 empresas construtoras com perfis diferenciados: 1 de grande porte e 2 de mdio a pequeno porte. A empresa de grande porte, empresa "D", possui um departamento de projeto responsvel pelo gerenciamento do desenvolvimento de todos os projetos que so terceirizados. J as empresas "E" e "F" tm uma infra-estrutura menor e no contam com um departamento de projetos. Os projetos nas empresas "D" e "F" tambm so terceirizados, mas so controlados e coordenados pelo seu diretor tcnico e engenheiro da obra. No que diz respeito certificao, a empresa "D" certificada pela NBR ISO 9001 (ABNT, 1994), Qualihab e PBQP-H e a empresa "F" certificada pelo Qualihab e PBQP-H. A empresa "E" no tem nenhuma certificao e no momento no tem interesse na certificao. As empresas tm o desenvolvimento dos projetos dividido em etapas sendo elas: estudo preliminar, anteprojeto, executivo e detalhamento. A experincia destas empresas com projetos para produo inclui os projetos de alvenaria, impermeabilizao, frmas e revestimentos cermicos. Estas empresas buscaram