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LÍNGUA PORTUGUESA – DPE/RJ Prof. Odiombar Rodrigues Sumário Apresentação....................................................................................................... 51 Aspectos teóricos . ............................................................................................... 52 Emprego do acento grave ............................................................................... 52 Figuras de linguagem . .................................................................................... 53 Denotação e conotação . ................................................................................. 54 Significação . ................................................................................................... 55 Provas comentadas. ............................................................................................. 57 FUNRIO - IDENE - Analista / Direito . ......................................................... 57 CESGRANRIO – BNDES – Técnico de arquivo - 2009 . ............................. 65 CONSULPLAN – Assistente administrativo - 2007 . .................................... 72 FGV – PM de Angra dos Reis/RJ – Auditor fiscal . ........................................ 88 Gabarito ...................................................................................................... 93 Conclusão . ......................................................................................................... 93 Índice Remissivo . ............................................................................................... 94 Apresentação O nosso curso compreende quatro módulos, este é o segundo, portanto estamos na metade: “curto que nem coice de porco”, como se diz aqui pelo Sul. (gostaram do regionalismo?) É, este nosso Brasil é muito rico em falares e o mais importante: mantemos uma unidade linguística que nenhum outro país no mundo possui. O que isto tem a ver com o concurso? Muito, vocês devem estar bem atentos aos textos, pois, às vezes, eles podem trazer algum embaraço linguístico, dada a linguagem ter traço maior de regionalismo. Em geral, as bancas estão atentas a estas

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LÍNGUA PORTUGUESA – DPE/RJ

Prof. Odiombar Rodrigues

SumárioApresentação ....................................................................................................... 51

Aspectos teóricos . ............................................................................................... 52Emprego do acento grave ............................................................................... 52

Figuras de linguagem . .................................................................................... 53

Denotação e conotação . ................................................................................. 54

Significação . ................................................................................................... 55Provas comentadas . ............................................................................................. 57

FUNRIO - IDENE - Analista / Direito . ......................................................... 57

CESGRANRIO – BNDES – Técnico de arquivo - 2009 . ............................. 65

CONSULPLAN – Assistente administrativo - 2007 . .................................... 72

FGV – PM de Angra dos Reis/RJ – Auditor fiscal . ........................................ 88Gabarito ...................................................................................................... 93

Conclusão . ......................................................................................................... 93

Índice Remissivo . ............................................................................................... 94

Apresentação

O nosso curso compreende quatro módulos, este é o segundo, portanto estamos

na metade: “curto que nem coice de porco”, como se diz aqui pelo Sul. (gostaram do

regionalismo?) É, este nosso Brasil é muito rico em falares e o mais importante:

mantemos uma unidade linguística que nenhum outro país no mundo possui.

O que isto tem a ver com o concurso? Muito, vocês devem estar bem atentos aos

textos, pois, às vezes, eles podem trazer algum embaraço linguístico, dada a linguagem

ter traço maior de regionalismo. Em geral, as bancas estão atentas a estas

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peculiaridades, mas quando o autor do texto é muito influenciado pela linguagem

regional, a situação fica complicada, principalmente na área lexical. Tranquilizem-se

com este assunto, pois a banca CEPUERJ é carioca e está produzindo uma prova para o

próprio Rio de Janeiro, portanto não deverá ultrapassar o alto da Serra.

Para hoje, escolhemos provas de quatro bancas: FUNRIO, CESGRANRIO,

CONSULPLAN E FGV. São estilos diferentes o que muito nos auxilia, pois podemos

abranger um conjunto maior de conteúdos.

Vamos passar ao nosso módulo de hoje.

Aspectos teóricosEste é um curso de resolução de questões o que significa que não são incluídos

conteúdos teóricos, mas diversos alunos solicitaram aprofundamento das questões

gramaticais. Vou incluir este capítulo com uma pequena digressão teórica. Os que não

gostam podem passar a diante. Os demais aproveitem.

Neste módulo, vamos focar nossos comentários sobre os assuntos selecionados

em nosso programa:

Emprego do acento grave

Vamos examinar este assunto, resumindo-o em três blocos: casos obrigatórios, casos facultativos e uso proibido.

As regras sobre crase são muito simples e, dificilmente, um aluno erra questão sobre este assunto. Sabedoras disso, as bancas não pedem casos de crase diretamente nas alternativas, mas estabelecem relações com outros assuntos como locuções adverbiais (à vista, a prazo) e distinção entre uso da crase, do verbo haver e do artigo (à, há, a). Assim, torna-se sem sentido o estudo detalhado de todas as ocorrências sobre crase, pois o que interessa às bancas são algumas particularidades que podemos esclarecer durante os exercícios. Por outro lado, não podemos deixar de revisar alguns casos que são frequentes em provas.

Casos obrigatórios:

1) A crase ocorrerá sempre que o termo anterior exigir a preposição a e o termo posterior admitir o artigo “a” ou “as”. Ex: No verão passado fui à praia. .

Para se certificar, substitua o termo feminino por um masculino, se a contração “ao” for necessária, a crase será necessária. Ex.: à praia./ ao campo.

2) Locuções formadas por palavras femininas.

• À medida que passa tempo a violência aumenta. • O povo brasileiro vive à mercê de políticos muitas das vezes corrup-tos. • Gosto muito de sair à noite. • Pagou as compras à vista.

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3) Na indicação do número de horas. , quando ao trocar o número de horas pela palavra meio-dia, obtivermos a expressão ao meio-dia. Ex: Retornou às oito horas em ponto..

Um modo de reconhecer este uso é verificar se ao trocar “horas” pela expressão “meio-dia”, surge a combinação “ao meio-dia”. Retornou às oito horas em ponto / Retornou ao meio-dia em ponto.

4) Com as expressões: “à moda de”, “à maneira de” mesmo quando essas estiverem implícitas. Ex: Farei para o jantar uma feijoada à maneira mineira. - Comemos um vatapá à baiana.

Emprego facultativo

1) Diante de pronomes possessivos femininos. Ex: Vou a tua casa./ Vou à tua casa.

2) Diante de nomes próprios femininos. Ex: Não me referia a Maria./ Não me referia à Maria.

3) Depois da preposição até. Ex: Foi até a janela./ Foi até à janela.

Casos em que não ocorre crase.

1) Diante de palavras masculinas. Ex: Saiu a cavalo e sofreu uma queda.

2) Diante de verbos. Ex: Ele está apto a dirigir carros de passeio.

3) Diante de nome de cidade (topônimo) que não admitem artigo. Ex: Turistas vão frequentemente a Tiradentes.

Descubra se o nome da cidade aceita artigo, usando o verbo “voltar”. Se houver contração de preposição e artigo, existirá crase. Fui à Espanha / Voltei da Espanha. Fui a Tiradentes / Voltei de Tiradentes.

Se o nome da cidade estiver determinado, a crase será obrigatória. Fui à histórica Tiradentes.

4) Não se usa crase com expressões formadas por palavras repetidas ( uma a uma, frente a frente, etc.) Ex: Olhamo-nos cara a cara.

5) Diante da palavra terra, quando esta significar terra firme, tomada em oposição a mar ou ar. Ex: Os pilotos já voltaram a terra.

6) Diante da palavra casa (no sentido de lar, moradia) quando esta não estiver determinada por adjunto adnominal. Ex: Voltarei a casa esta semana. - Voltarei à casa paterna esta semana. (paterna = adjunto adnominal)

Estes são os casos mais comuns. Não decore. Pratique o uso.

Figuras de linguagem

As relações conotativas é que nos permitem a construção de figuras de linguagem. Através das diversas formas como o sentido denotativo se transforma em conotativo podemos classificar as figuras de linguagem em: metáfora, metonímia, prosopopéia, catacrese e hipérbole. Rapidamente, vamos examinar cada uma destas figuras:

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a. Metáfora – A metáfora é uma forma de comparação da qual foram suprimidos os termos comparativos. Ex: “A menina é tão bonita quanto uma rosa”. (comparação) Se suprimirmos os termos “tão ... quanto” a frase se transforma em metáfora: “A menina é uma rosa”. “A vida é passageira como chuva de verão”. (comparação) – “a vida é chuva de verão”. Nos dois exemplos podemos perceber que há um termo de comparação entre os elementos da frase: Entre menina e rosa há beleza; entre vida e chuva de verão há a ideia de fugacidade, passagem rápida. É importante ressaltar que a compreensão da metáfora depende, em parte, da subjetividade do sujeito receptor, por isso é mais fácil identificá-la pela sua construção linguística.

b. Metonímia – Aqui a substituição ocorre por um processo de contigüidade, isto é, um termo tem relação de “continuação” com o outro, não é semelhança, mas proxim-idade. Quando digo: “tomei dois copos de cerveja”, eu não bebo o copo mas o conteúdo que é cerveja. Como se percebe, copo e cerveja mantêm uma relação de proximidade: continente (copo) e conteúdo (cerveja). O mesmo ocorre quando alguém diz: “Li Erico Verissimo”. Ninguém lê o autor, mas a obra literária que lhe pertence.

c. Prosopopéia – As palavras podem manter relações entre si através de seus atributos, características etc. O homem ri, chora, dança e outras ações que lhe são pecu-liares. Podemos transferir estes atributos a seres não humanos como animais ou, mesmo, seres inanimados. Desta forma quando dizemos: “As correntezas do rio cantam ...” produzimos uma prosopopéia.

d. Catacrese – Na catacrese não há, a rigor, uma figura de linguagem, pois tomamos um termo “emprestado” por não haver outro para ser usado no contexto. Por isso a catacrese se notabiliza pelo fato de ser usual na linguagem coloquial. Podemos usar ex-pressões como: “pé da cadeira, pé da mesa, braço do rio” e outros casos. Tente substituir os termos “pé” e “braço” nestes exemplos por um sinônimo. Difícil! Você deverá lançar mão de uma frase inteira para substituir estes termos. Também, as construções impró-prias, devido a falta de termo adequado, são considerada catacrese. Vejamos: Azulejo é azul, embarcamos no barco, mas são usuais construções como: “Comprei um azulejo amarelo para a cozinha...” ou “Embarcamos no avião já com atraso...”

e. Hipérbole – Esta é mais uma figura de linguagem. Com ela o falante intensifica o que está dizendo, tornando a frase enfática, atingindo um grau de exagero. No fundo, a hipérbole é, também, uma forma de comparação, pois estabelece certo vínculo entre o que se diz e uma medida desproporcional. Quando alguém diz que chorou muito, pode estar expressando uma verdade, mas quando compara as suas lágrimas a um rio, produz uma hipérbole: “Chorei um rio de lágrimas....”.

Estas figuras de linguagem não são objeto de estudo detalhado, mas é importante que o candidato saiba os conceitos e seja capaz de reconhecê-las, pois a presença de uma ou outra numa frase é capaz de produzir um enunciado novo e, portanto, “não cor-responder ao sentido original da frase” como solicitam as questões de concursos.

Este assunto é muito mais amplo. Aqui, estamos fazendo um resumo.

Denotação e conotação

Na área da semântica, um assunto muito solicitado é a distinção entre denotação e conotação. São muitas as questões que solicitam ao candidato que avalie ou classifique algum termo como estando no seu sentido denotativo ou conotativo. Vamos, então a estes conceitos:

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a. Denotação – É a palavra usada no seu sentido original, aquele que o dicionário traz como primeiro. Vamos examinar uma palavra como exposição. O verbete no dicionário traz: “Exposição – s.f. 1- ato ou efeito de expor(-se). 2 – evento que expõe obras de arte à visitação pública. 3 – evento que expõe e/ou vende produtos ou serviços; feira, salão. 4 – Explanação, oral ou escrita; palestra, explanação”. (Academia Brasileira de Letras. Dicionário escolar da Língua Portuguesa, p. 564). O sentido 1 é o denotativo.

b. Conotação – Isto ocorre quando a palavra está sendo usada num sentido correlato ao original. No exemplo acima, a palavra “exposição” tem o sentido original de “expor ou expor-se”, mas pode ser empregada de forma conotativa com o sentido de fazer uma explanação oral, ou seja “expor” alguma ideia.

Alguns exemplos tirados da linguagem coloquial podem ilustrar de forma mais veemente o assunto. Vejamos algumas frases:

O meu gato pulou o muro. – (animal) O gato pulou o muro com o roubo. – (ladrão). A máquina patrolou a rua – (aplainou com a patrola) O Grêmio patrolou o adversário. (não preciso explicar! `Por enquanto é sonho!!!!!).

Este assunto de conotação e denotação é muito importante para o estudo das figuras de linguagem.

Significação

Já sabemos de outros estudos que as palavras podem ser usadas no seu sentido denotativo (sentido literal, do próprio dicionário) ou conotativo (sentido figurado), agora vamos ampliar este estudo, observando as diferentes possibilidades que as palavras têm de relacionarem-se na frase. Normalmente, os estudos da linguagem classificam estas relações como:

a. Sinônimos – Ocorre quando duas ou mais palavras têm significado muito semelhante. Observe que não estamos falando em “igual”, “idêntico”, pois não há sinônimos perfeitos. Quando algumas palavras mantêm relação de semelhança elas assumem posições diferentes dentro do contexto. Por esta razão, podemos dizer que sinônimos existem, mesmo, só no dicionário. Vejamos um caso: Buraco sm – 1- abertura pequena, furo, orifício, cavidade, cova ou toca. (Academia Brasileira de Letras. Dicionário escolar da Língua Portuguesa, p. 237). Na música - Funeral de um lavrador, do Chico Buarque - observe os dois primeiros versos: Esta cova em que estás com palmos medida / É a conta menor que tiraste em vida. Embora as palavras “cova”, “toca” e “orifício” estejam incluídas como sinônimos no nosso exemplo do dicionário, você não conseguirá substituí-las uma pela outra na frase... Ou seja, estas palavras são sinônimas, conforme o dicionário, mas no contexto não funcionam como tal. Em concursos públicos, são abundantes os exemplos de questões em que há solicitação para a troca de uma palavra e verificação se o sentido permanece inalterado ou não.

b. Antônimos – Com os antônimos ocorre o contrário dos sinônimos, ou seja, as palavras formam pares opositivos em termos de significação. O uso dos antônimos é muito frequente na linguagem coloquial, especialmente na formação de algumas locuções como: “João anda escada acima e escada abaixo, procurando sua carteira...”

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c. Homônimos (perfeitos, homógrafos ou homófonos) – Os homônimos são os pares de palavras que têm sentido diferente, mas mantêm semelhança na grafia ou na pronúncia. Se eu tomar a palavra “caminho”, isoladamente, pode significar “eu caminho” (verbo) ou “o caminho” (substantivo), o contexto é que definirá. Este é considerado um par de homônimos perfeitos. Há, porém os casos em que o par não é bem igual, como em “almoço” (substantivo, com “o” fechado) e “almoço” (verbo, com o “o” aberto). Neste caso são chamadas de homônimas homógrafas. Em outras circunstâncias pode ocorrer que a semelhança seja na pronúncia, mas não na grafia. É o caso de “serra” (acidente geográfico) e “cerra” (verbo cerrar). Neste caso, a grafia difere, mas a pronúncia se mantém igual e as palavras são conhecidas como homônimas homófonas. (homógrafa = mesma grafia / homófona = mesmo som). Nos estudos de linguagem é comum elaborar-se listas de palavras a fim de que o aluno faça distinções entre os pares, porém aqui dispensamos este procedimento.

d. Parônimos – Os parônimos são termos muito parecidos quanto à grafia, mas com significados bem distintos. Muitas vezes os parônimos são formados pela oposição de apenas uma letra. Vejamos alguns casos: discriminar / descriminar = no primeiro caso o sentido é de “separar”, “apartar”, “estabelecer diferenças”; no segundo caso é “isentar de crime”. Outro exemplo: ratificar / retificar; o primeiro significa “confirmar”, enquanto que o segundo tem o significado de “alterar, mudar”. Os parônimos constituem, em geral, armadilhas para os desatentos, pois a simples troca de uma letra provoca uma alteração profunda de sentido.

e. Hiperônimos – Os hiperônimos são importantes porque surgem, com frequência, em questões que solicitam substituição de termos. Para saber o conceito de hiperônimo, basta saber o conceito de “contém” e “está contido”, lá da matemática, ou da lógica. O hiperônimo é o termo que contém uma série de outros termos dentro de sua significação. Quando digo “calçado” posso estar referindo-me a “sapato”, “chinelo”, “sandália” e outros. Todos estão contidos no termo “calçado”. Quando substituímos um termo por outro, devemos ter o cuidado para não substituir um termo mais específico por um mais genérico, pois estaremos perdendo sentido. Dizer que alguém está de “sapato” ou “chinelo” tem muito mais carga significativa do que dizer que está com “calçado”.

f. Hipônimos – Agora é o contrário do hiperônimo, pois os hipônimos são os termos que estão contidos. No exemplo anterior o conjunto de “sapato”, “chinelo” e “sandália” são hipônimos, pois estão contidos no termo “calçado”. Para guardar estes dois termos basta lembrar que “hiper” (hiperônimo) significa maior, acima, enquanto que “hipo” (hipônimo) significa abaixo, dentro etc..

g. Polissemia – Há casos em que um mesmo termo (idêntico na pronúncia e na grafia) tem significados diferentes. O Dicionário escolar da Língua Portuguesa (Academia Brasileira de Letras, p. 1002) traz como exemplo de polissemia o caso de “manga” que tanto pode significar a fruta como a parte do vestuário. Esta opinião não é partilhada por outros teóricos que entendem que, no caso em que as palavras têm origem distinta, não ocorre polissemia, mas homônimos perfeitos. Deixemos de lado a discussão e fiquemos com o básico do conceito, ou seja, a polissemia é o caso de uma palavra, igual na grafia e na pronúncia, que apresenta significados distintos.

Para concluirmos este assunto, vamos construir um quadro que possa mostrar os conceitos:

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Calçados

Sapatos

Chinelos

Sandálias

Sentido Som Escrita Exemplo 1 - Sinônimo Semelhante Diferente Diferente Belo, bonito, lindo 2 - Antônimo Contrário Diferente Diferente Alto / baixo 3 - Homônimos

Homógrafos Diferente Diferente Igual Almoço (subst) / Almoço (ver.) Homófonos Diferente Igual Diferente Paço / passo Perfeitos Diferente Igual Igual Cravo (verbo) / cravo (tempero) Parônimos Diferente Semelhante Semelhante Ratificar / retificar

Para visualizarmos os hiperônimos e os hipônimos, utilizaremos o mesmo exemplo acima, dentro de uma representação gráfica.

Este estudo das palavras é bastante conhecido dos alunos, mas na hora da aplicação dos termos, com frequência ocorrem confusões. Lembre-se de que o importante não é saber de cor os termos e seus conceitos, mas reconhecê-los nas frases.

Agora vamos deixar esta parte teórica e vamos passar à prática. Os exercícios objetivam oportunizar, a você, uma familiarização com as exigências da banca e uma oportunidade de praticar, pois a teoria

distanciada da prática não obtém resultados satisfatórios.

Esta é uma pequena revisão dos assuntos teóricos deste módulo. Espero que tenham gostado. Caso algum assunto tenha ficado muito resumido, podem solicitar aprofundamento. Terei prazer em atendê-los.

Agora vamos passar para a resolução de questões.

Provas comentadas

FUNRIO ­ IDENE ­ Analista / Direito

Um sonho de simplicidade

Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá na gente um sonho de simplicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um instante, entre duas providências a tomar, para me fazer essa pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São uma necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou os amigos no bar para dizer coisas vãs, brilhar um pouco, saber intrigas?

Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor me surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoço.

A vida bem poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida, uma simples mulher, que mais? Que se possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes eu tomava a água fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de um pouco de evasão, meu trago de cachaça.

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Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele velho caboclo do Acre? A gente tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a rede afundando os pés na lama, na noite escura, e isso era bom. Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barranca, no meio do mato, e chegamos à choça de um velho seringueiro. Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto do fogo, depois me deitei numa grande rede branca — foi um carinho ao longo de todos os músculos cansados. E então ele me deu um pedaço de peixe moqueado1 e meia caneca de cachaça. Que prazer em comer aquele peixe, que calor bom em tomar aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos e vozes distantes de animais noturnos.

Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas, inaugurar de repente uma vida de acordar bem cedo? Outro dia vi uma linda mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade de conhecer mais aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa em que a gente vai jogando um baralho meio marcado, e anda devagar, como a patrulha que faz um reconhecimento. Mas por que, para que, essa eterna curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas?

Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse oficio absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas... Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo: tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo. mas deixasse a alma sossegada e limpa.

Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. E apenas um instante. O telefone toca. Um momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, um número... Para que tomar nota? Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver — sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.

(BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. RJ: Record, 1983. p. 262-3)

Questão nº 38. Interpretação de texto

Segundo o texto, o ponto de vista do narrador para que se tenha uma vida mais simples e sábia se baseia

a) na manutenção dos hábitos adquiridos durante uma vida toda de trabalho. b) na depuração dos gostos que, reconhecidamente, sejam demasiadamente

refinados. c) no aprimoramento do espírito por meio de reflexões sistemáticas e

ordenadas. d) no cumprimento das necessidades rotineiras criadas ainda que

inconscientemente. e) numa relação direta e vital do homem com os demais elementos

da natureza.

Comentário da questão nº 38

1 Moquear – Secar a carne ao fogo para conservar. Peixe moqueado – peixe seco, conservado. Não é

charque nem carne seca. Já conheciam este termo? É bem usado no norte do Brasil.

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O texto apresenta situações em que o contato com a natureza é o sentido melhor que o autor encontra para a existência, ele dispensa os valores da civilização (o uísque, o bar, a água gelada) e acata os elementos da natureza (cachaça (?), choça, água fresca da talha). As narrativas também valorizam o contato com a natureza, como a pescaria e o balanço da rede entre som de grilos e outros sons de animais da floresta

Alternativa A - O texto privilegia uma mudança de hábitos, portanto não pode ser aceita a alternativa “a” que prioriza a continuidade das ações “da vida toda”.

Alternativa B - O texto não preconiza o abandono de gostos refinados, apenas a personagem descobre a vida com mais contato com a natureza e isto contraria a alternativa “b”.

Alternativa C - A alternativa “c” aposta no senso comum que liga natureza a questões de “espírito”, “alma” e outros elementos sobrenaturais, porém o texto privilegia o prazer do corpo (da sensação), como podemos ver na cena da rede.

Alternativa D - Os prazeres da personagem surgem da simplicidade, da espontaneidade de seus atos e não da criação de rotinas, isto invalida a alternativa “d”

Alternativa E - Portanto, a natureza é o foco do texto, como aparece na alternativa “e”,

Questão nº 39. Interpretação de texto

Leiam-se as seguintes afirmativas:

I. O cronista condiciona a realidade de uma vida mais simples ao fato de se viver sem precisar produzir nada, realizar nada, somente devanear.

II. O cronista afirma que o sonho de simplicidade por ele proposto é próprio apenas dos literatos que se distanciam das práticas do mundo.

III. O cronista utiliza elementos como cigarros, gravatas e telefones para mel-hor exemplificar a oposição entre mundo real e sonho de simplicidade.

Está coerente com a mensagem do texto SOMENTE o que se afirma em

a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III.

Comentário da questão nº 39

I Em duas passagens, o cronista mostra o esforço da personagem: quando cansam de pescar; e no final acrescenta: Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo: tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo. mas deixasse a alma sossegada e limpa. A afirmativa I é errada.

II A afirmativa II, também é inadequada ao texto, pois não é a vivência literária que dá sentido à vida simples, mas a integração com a natureza.

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III A afirmativa III é correta, pois, como vimos numa outra questão acima, ele utiliza estes elementos para mostrar a sua opção pelo mundo simples em oposição ao mundo mais sofisticado.

Obs: Como observamos, somente a afirmativa III é correta em relação ao texto, portanto a alternativa “c” é a que aponta para esta situação.

Questão nº 40. Ortografia

A grafia de TODAS as palavras está correta na frase apresentada na alternativa

a) A proposta do texto soa estravagante para quem não apreçiar uma vida simples e natural.

b) A sugeição a velhas manias impede que se possa adotar comportamentos inovadores.

c) A vida displiscente do homem moderno impõe um rítimo insano à rotina urbana.

d) A vida mais próxima da Natureza resgata a simplicidade, que empecil-hos de toda ordem nos impedem de desfrutar.

e) A vida natural exclue, é obvio, os desvalores que encluimos no nosso dia-a-dia.

Comentário da questão nº 40

Obs Assim como a questão 8, esta também é um caso intrigante, pois os erros não são “dignos” de uma pessoa de nível superior.

Alternativa A - Alternativa “a”, estravagante > extravagante, apreçiar > apre-ciar (“ç” diante de “i”?);

Alternativa B - sugeição > sujeição (sujeito); Alternativa C - displiscente > displicente, rítimo > ritmo; Alternativa D - realmente a alternativa “d” é a única que não apresenta nenhum

erro. Alternativa E - exclue > exclui (excluir), encluimos > incluímos.

Questão nº 41. Concordância verbal e nominal

Assinale a alternativa em que se observa a norma-padrão de concordância quer nominal quer verbal:

a. A ambições por que se sonha nasce de necessidades comprovadamente real.

b. Ao se perseguirem os objetivos essenciais, as mentes se fortalecem e aprimoram.

c. Em verdade, cultua-se muito pouco os ideais de uma vida simples e naturais.

d. Os desejos e os compromissos vãos é de grande importâncias para o indivíduo.

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e. Quando houverem coisas importantes, saberemos reconhecê-las adequadamente.

Comentário da questão nº 41

Esta é uma questão típica de concordância, com a mistura de concordân-cia verbal e nominal.

Alternativa A - Na alternativa “a” temos um erro de concordância nominal e um de concordância verbal: “A ambições (artigo com o nome) por que se sonha nasce (as ambições nascem). O termo “real” deve concordar com “necessidades”, port-anto “reais”.

Alternativa B - A alternativa “b” é apontada como a correta quanto à concordância verbal ou nominal, mas..... seria interessante que a frase fosse: “(...) as mentes se fortalecem e se aprimoram”, por uma questão de paralelismo.

Alternativa C - Na alternativa “c” surgem mais casos: Em verdade, cultua-se muito pouco os ideais de uma vida simples e naturais. (cultuam-se os ideais / os ideais são cultuados); (vida simples e vida natural), um erro de concordância verbal e um de concordância nominal, respectivamente.

Alternativa D - Na alternativa "d" a concordância entre o sujeito e o predicado está incorreta, bem como a flexão do termo "importância": "Os desejos e os compromissos vãos são (e não "é") de grande importância (e não importâncias) para o indivíduo. Não pode ser a correta

Alternativa E - A letra "e" traz um "erro clássico", ou seja, a concordância do verbo haver. O verbo haver no sentido de existir é invariável, portanto: Quando houver coisas importantes, saberemos reconhecê-las adequadamente

Questão nº 42. Regência verbal

Está correto o emprego da expressão destacada entre parênteses, ao final da frase

a) Tirar areia do rio e cortar lenha são atividades a que o cronista se entregaria com amor. (a que)

b) Ele julga ridícula a tira de pano colorido do qual se pretende ficar elegante. (do qual)

c) A pessoa cujo o nome anotamos, significará de fato algo para nós? (cujo o)

d) Com que providências haveremos de tomar, para mudar nossa vida? (Com que)

e) O ribeirão e o boi, aos quais o cronista deseja pactuar, são exemplos de simplicidade (aos quais)

Comentário da questão nº 42

Esta questão envolve conhecimentos de regência verbal

Alternativa A - A alternativa “a” explora a regência verbal. O verbo “entregar-se” exige preposição no sentido de “dedicar-se” - “entregar-se

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a”. Por isso o relativo “que” vem antecedido da preposição “a”. Está plenamente correta esta alternativa.

Alternativa B - A alternativa “b” está com problema de coesão, também, pois a frase, assim como está, não consegue coerência no campo do sentido. Acredito que o correto seria: “Ele julga ridícula a tira de pano colorido com a qual pretende ficar elegante”

Alternativa C - Na alternativa “c” há um erro grave. Após “cujo” não se usa o artigo, portanto: A pessoa cujo nome anotamos, significará de fato algo para nós?

Alternativa D - Na alternativa “d” a preposição antes do “que” é totalmente dispensável: Que providências haveremos de tomar, para mudar nossa vida?

Alternativa E - A alternativa “e” apresenta outra forma de erro de coesão, pois o verbo “pactuar” exige a preposição “com” e não “a”, portanto a frase correta é: O ribeirão e o boi, com os quais o cronista deseja pactuar, são exemplos de simplicidade.

Questão nº 43. Pontuação: travessão

No fragmento “Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto do fogo, depois me deitei numa grande rede branca — foi um carinho ao longo de todos os músculos cansados.”, o travessão está empregado para

a) atribuir novo sentido à palavra já mencionada no texto. b) realçar uma conclusão que sintetiza o que se vinha dizendo. c) indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor. d) ligar termos encadeados em sintagmas nominais. e) neutralizar o sentido expresso na parte final de um enunciado.

Comentário da questão nº 43

A função principal do travessão é destacar uma frase que enfatiza ou explica algo enunciando anteriormente.

Alternativa A - Atribuir um novo sentido, como expressa a alternativa “a” seria mais próprio para algumas partícula retificadora como “aliás”, porém e outras, mas não seria empregado o travessão

Alternativa B - O ato de deitar na “rede branca” é realçado pelo sentimento de carinho que lhe percorreu o corpo. A alternativa “b” é a correta.

Alternativa C - O que deita na rede e o que sente o prazer são a mesma personagem, portanto não há mudança de interlocutor, o que invalida a alternativa “c”.

Alternativa D - . A alternativa “d” é totalmente contraditória, pois como poderia “ligar termos” separando por travessão?

Alternativa E - O sentido do que está expresso antes e depois do travessão são sentidos complementares, portanto, não podemos falar em “neutralizar sentido, como expressa a alternativa “e”.

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Questão nº 44. Pontuação: vírgula

No fragmento retirado do texto de Rubem Braga “sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão.”, o emprego da vírgula se justifica por

a) isolar adjunto adverbial quando antecipado na frase. b) destacar termos com função sintática diversa. c) enfatizar palavras repetidas ainda que necessárias . d) destacar as funções de vocativo e de aposto. e) separar termos que exercem a mesma função sintática.

Comentário da questão nº 44 Alternativa A - A vírgula tem a função de isolar adjunto adverbial antecipado na

frase, mas, no caso, os advérbios estão em posição central da frase, portanto, não se justifica esta alternativa “a”.

Alternativa B - A alternativa “b” não tem razão, pois não é função da vírgula separar termos de função sintática diferente. Esta separação proposta é improcedente e invalida a alternativa.

Alternativa C - Não há repetições na frase, as palavras são diversas, o que não justifica a alternativa “c”.

Alternativa D - Nenhuma das palavras é aposto ou vocativo, portanto, esta também não tem razão

Alternativa E - Temos uma frase com duas sequências: Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver — sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons (1), como os bois, as mangueiras e o ribeirão(2). A primeira sequência apresenta uma série de advérbios de modo, isolados por vírgula e a segunda sequência ocorre a enumeração de elementos de comparação, todos separados por vírgula. Esta é a correta.

Questão nº 45. Formação de palavras

A alternativa que contém uma palavra formada exatamente pelo mesmo processo pelo qual se obteve “seringueiro” é

a) cigarros. b) desarrumação. c) penumbra. d) reconhecimento. e) simplicidade.

Comentário da questão nº 45

A palavra “seringueiro” é formada por “seringu+eiro”, portanto uma derivação sufixal. Dentre as palavras propostas, apenas “simplicidade” é formada pelo mesmo processo (simples+idade).

Alternativa A - Na alternativa “a” a palavra é primitiva, portanto, não serve como resposta.

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Alternativa B - Na alternativa “b” apresenta um processo diferente (des+arrum+ação), prefixação e sufixação, também não serve como resposta.

Alternativa C - Na alternativa “c” a palavra “penumbra” é um caso de composição por aglutinação (pene+umbra). “Pene” é um radical latino con-stante na palavra latina (penuria, ae) que significa “falta”, diminuição. Em Português esta palavra aparece em “penúria” (falta de recursos) e em “penumbra” (pouca sombra). Não serve, também, como resposta.

Alternativa D - Na alternativa “d”, novamente o processo é de derivação por prefixação e sufixação (re+conheci+mento). Reafirma-se a alternativa “e” como a correta.

Alternativa E - Como explicamos na observação, somente esta é a alternativa correta

Questão nº 46. Uso de palavras: meio

Em “ficamos meio molhados” e em “subimos a barranca no “meio do mato”, o termo “meio”, em cada um dos fragmentos, expressa, respectivamente,

a) causa e lugar. b) lugar e modo. c) modo e causa. d) modo e lugar. e) modo e conseqüência.

Comentário da questão nº 46

Esta questão não aborda um assunto corriqueiro que é o uso de “meio” como advérbio (invariável) e “meio” como adjetivo (variável). O que está em avaliação é apenas o sentido que a palavra adquire na frase.

O primeiro “meio” é o modo como estão, ou seja “um pouco molhados”, isto elege as alternativas “c”, “d” e “e” como possíveis;

Alternativa A - Na alternativa “a” a idéia de causa para a primeira ocorrência é impossível, embora a de lugar para a segunda seja correta. A primeira classificação invalida a alternativa

Alternativa B - . Na “b” é feita a inversão sobre a resposta correta, portanto, as duas classificações são incorretas

Alternativa C - Na “c” a idéia de modo é verdadeira para a primeira ocorrên-cia, mas causa para a segunda é falsa.

Alternativa D - Ao analisarmos a segunda ocorrência, percebemos que significa o lugar onde armaram a barraca. Agora somente a alternativa “d” é possível (modo e lugar).

Alternativa E - Na “e” o modo na primeira é correto, mas consequência para a segunda não tem sentido.

Vou fazer uma análise desta questão que aponta para a lógica na solução do problema. Bancas atentas não caem nesta armadilha, mas a Funrio falhou! Acompanhe o meu raciocínio. Ao construir a questão, uma alternativa é a correta, no caso a “d” (modo e lugar), quem elabora a prova tem a tendência de repetir estas possibilidades ao

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longo das alternativas, mas com o cuidado de não repetir tanto que firme alguma como a verdadeira. Temos cinco alternativas, portanto dez posições. A banca repetiu “modo” quatro vezes e “lugar” três vezes. Das dez ocorrências, sete contém a classificação verdadeira. (causa aparece duas vezes e consequência aparece uma vez). Saber se o correto é “modo/lugar” (“d”) ou “lugar/modo” (“b”), basca conferir que “modo” ocorre mais vezes no início, portanto é o primeiro e indica que a correta é a “d” (modo/lugar).

Este tipo de observação auxilia, em alguns momentos, quando as bancas não são muito rigorosas na revisão das provas, porém bancas bem atentas podem até usar este mecanismo para enganar o candidato! Cuidado! Deixo esta “dica” apenas como colaboração, pois ela é fruto da minha experiência em revisão de provas em bancas de concursos. Macaco velho vai pegando os macetes.

Questão nº 47. Fonética e fonologia

Em “Antes eu tomava a água fresca da talha, e a água era boa”, os termos “antes” e “talha” apresentam, respectivamente, um

a) dígrafo consonantal e um dígrafo vocálico. b) dígrafo vocálico e um encontro vocálico. c) encontro consonantal e um encontro consonantal. d) encontro consonantal e um encontro vocálico e) encontro vocálico e um dígrafo consonantal.

Comentário da questão nº 47

A banca anulou esta questão, acredito eu, por total incoerência com o conhecimento gramatical. Produzir uma alternativa errada é selecionar, entre as possibilidades, alguma que não corresponda ao caso em estudo, mas nunca “criar” classificações ou definições falsas.

Observe as alternativas para constatar que na “a” aparece uma inovação “dígrafo consonantal” (dígrafo propriamente?) e “dígrafo vocálico” ( seria ditongo ditongo?), por outro lado o “encontro vocálico” seria o “hiato”? Não faz sentido a classificação apresentada na questão. Se alguém produziu a questão com “imperícia”, com certeza a revisão foi “omissa”. Só restaria anular a questão, o que foi feito.

Agora vamos ver que as duas palavras (“antes” e “talha”) apresentam: /ã-t-I-s/ e /t-a-L-a/. No primeiro caso não há dígrafo, nem encontro consonantal e muitos menos ditongo ou hiato. No segundo caso há o dígrafo “lh” que representamos por /L/. Não há nenhuma alternativa que contemple esta resposta!

Por esta e outras ocorrências, podemos “inferir” que a FUNRIO é pouco criteriosa com a elaboração de suas provas e isto é mau para o candidato sério que estuda com dedicação.

CESGRANRIO – BNDES – Técnico de arquivo ­ 2009

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A era do tô me achando

“Bacanas teus óculos”, falei. Leves, classudos, num tom esportivamente escuro, 1 2 cada lente com uma sombra que subia de baixo para cima, tornavam misterioso o olhar 3 do amigo, um jovem editor. Comentei que nunca o tinha visto de óculos. Ele devolveu: 4 “Pois é, mas eu estava com a vista cada vez mais cansada, até que fui ao oculista e ele 5 me disse que precisava usar. Dois graus de miopia. Excesso de leitura. Fazer o quê...”, 6 compungiu-se, o olhar vago, empurrando o par de lentes nariz acima com um charme 7 intelectualmente sofrido. Mês depois, encontrei uma amiga cujo pai é oftalmologista. 8 Entre anedota e outra, ela me contou que um curioso cliente do pai havia pedido um 9 modelo de óculos sem grau. É, era ele mesmo – o editor.

Vivemos tempos curiosos. A cada segundo, e através de todos os meios 10 11 possíveis, somos expostos aos corpos mais perfeitos, às biografias mais irretocáveis, à 12 pose generalizada de famosos e anônimos. Vaidade pura. Mas um momento: você já 13 experimentou sair por aí todo mulambento, comparecer despenteado a uma entrevista de 14 emprego, esconder de parentes e amigos aquele êxito nos estudos? Impossível, não? 15 Porque, hoje, não ter vaidade – não ter o hábito de apregoar aos quatro cantos, reais e 16 virtuais, o quanto você pode ser atraente, sensacional e único – parece ser um dos 17 maiores pecados da nossa era, esse tempo em que todo mundo parece estar “se 18 achando”.

Por isso, os óculos de araque do meu amigo. No meio altamente intelectualizado 19 20 em que ele vive, circulando entre Festas Literárias de Paraty e debates seguidos de 21 sessões de autógrafo nas livrarias mais chiques do eixo Rio-São Paulo, ostentar uma 22 armação bacanuda é o equivalente, em termos culturais, às pernas muito bem torneadas 23 – horas de academia – da mocinha da novela das 8. Ou seja: tudo é vaidade.

BRESSANE, Ronaldo. Revista vida simples. out. 2009.

Questão nº 48. Interpretação de texto

Em qual sequência é caracterizada uma descrição?

a) “Leves, classudos, num tom esportivamente escuro, cada lente com uma sombra que subia de baixo para cima,” (linhas 1 e 2)

b) “ ‘Pois é, mas eu estava com a vista cada vez mais cansada, até que fui ao oculista...’ ” (linha 4)

c) “Mês depois, encontrei uma amiga cujo pai é oftalmologista.” (linha 7) d) “ela me contou que um curioso cliente do pai havia pedido um modelo

de óculos sem grau.” (linhas 8 e 9) e) “É, era ele mesmo – o editor.” (linha 9)

Comentário da questão nº 48

A interpretação, aqui, recai sobre um assunto teórico: tipologia de texto. A banca opta por uma classificação tradicional: descrição, narração e dissertação.

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Alternativa A - O trecho destacado descreve os óculos como “leves, classudos, escuros etc. Esta é a alternativa correta, pois transmite ao leitor a imagem do objeto (óculos).

Alternativa B - Este é um trecho que apresenta um narrador (“eu”) e uma ação “ir ao oculista”, portanto é narrativo e não descritivo.

Alternativa C - Agora a narração se caracteriza pelo fator tempo (“um mês depois) e pela presença de ação (“encontrei uma amiga...”)

Alternativa D - Esta frase é plenamente narrativa tanto pela presença do verbo “contar”, como pela ação narrada (o pedido do cliente do pai da amiga).

Alternativa E - É um fecho de uma narrativa que identifica a personagem. Não serve como resposta.

Esta questão lida com dois conceitos: descrição e narração, deixando de fora a dissertação.

Questão nº 49. Tipos de discurso

Qual a sequência que configura a fala do personagem (editor)?

a) “...nunca o tinha visto de óculos.” (linha 3) b) “ ‘Pois é, mas eu estava com a vista cada vez mais cansada,’ ” (linha 3) c) “compungiu-se, o olhar vago, empurrando o par de lentes nariz

acima...” (linha 6) d) “Vivemos tempos curiosos.” (linha 10) e) “somos expostos aos corpos mais perfeitos,” (linha 11)

Comentário da questão nº 49

Muito simples responder esta questão, pois o discurso direto deve estar marcado por aspas ou travessões.

Alternativa A - Quem produz esta fala é o próprio narrador, referindo-se à personagem do editor. Não serve como resposta.

Alternativa B - Além de estar marcada por aspas, esta alternativa reproduz a fala da personagem (editor) ao justificar o uso dos óculos. Esta é a correta.

Alternativa C - Esta frase narra a atitude do personagem, sem reproduzir suas palavras.

Alternativa D - É uma frase declarativa, construída pelo próprio narrador. Não é uma fala do editor.

Alternativa E - Também é uma observação do narrador, comentando o momento atual, não é uma fala da personagem.

Só para recordar: temos três tipos de discursos – direto, indireto e livre.

Questão nº 50. Interpretação de texto

O período “Dois graus de miopia.” (linha 5), em relação ao anterior, caracteriza-se, semanticamente, como uma

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a) restrição. b) finalidade. c) condição. d) justificativa. e) comparação.

Comentário da questão nº 50

É importante verificar o antecedente da frase: “...fui ao oculista e ele me disse que precisava usar. Dois graus de miopia”.

Alternativa A - Não há ideia de restrição, pois usar dois graus não significa nenhuma limitação.

Alternativa B - Usar dois graus não é uma finalidade, mas uma justificativa para o seu uso dos óculos.

Alternativa C - Não há nenhuma ideia de condição. Alternativa D - Os dois graus de miopia justificam o uso dos óculos. Esta é a

correta. (observe que na verdade a personagem não necessita de óculos, portanto “os dois graus de miopia justificariam o uso dos óculos”.

Alternativa E - Nada há de comparação entre o uso dos óculo e os dois graus de miopia.

Questão nº 51. Níveis de linguagem

A passagem que se caracteriza como uma expressão reflexiva, típica da oralidade, é

a) “...nunca o tinha visto de óculos.” (linha 3) b) “...eu estava com a vista cada vez mais cansada,” (linha 4) c) “ ‘Fazer o quê...’ ” (linha 7 d) “Mês depois, encontrei uma amiga...” (linha 15) e) “...um curioso cliente do pai havia pedido um modelo de óculos

sem grau.” (linhas 8 e 9)

Comentário da questão nº 51

A linguagem registra os padrões sociais que estão envolvidos na conversação. Cada nível tem seus elementos característicos.

Alternativa A - Esta frase não poderia ser da oralidade e do nível coloquial, pois usa pronome oblíquo (“o”), o que não é comum neste nível.

Alternativa B - Esta é uma frase dentro de um nível coloquial, mas de difícil uso na linguagem oral.

Alternativa C - A frase com reticências e com falta de elementos sintáticos revela a oralidade. (“o que poderia eu fazer...”) Esta é correta.

Alternativa D - Esta é uma frase padrão que não corresponde a um emprego da linguagem oral.

Alternativa E - Frase sem elementos indicativos de oralidade.

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Esta é uma questão para responder por exclusão, pois todas as frases poderiam pertencer à linguagem oral, dependendo do nível do falante. Ao escolhermos a alternativa “c”, apenas indicamos a que mais se aproxima do padrão oral e usado pela maioria dos falantes.

Questão nº 52. Significação

O significado do vocábulo destacado em “compungiu-se, o olhar vago,” (linha 6) é:

a) afligiu. b) criticou. c) desculpou. d) distraiu. e) empertigou.

Comentário da questão nº 52

Esta questão requer conhecimento de sinonímia. Necessitamos identificar um sinônimo para a palavra “compungir” dentro do contexto.

Alternativa A - Afligir-se é uma possibilidade bem viável para este contexto. A personagem afligiu-se (ficou confuso, embaraçado) por ter sido necessário justificar o uso dos óculos. Esta é a correta.

Alternativa B - Não há sentido de crítica no gesto da personagem, pelo contrário, ela ficou embaraçada.

Alternativa C - A personagem criou uma desculpa, mas o gesto é de embaraço diante do questionamento do uso dos óculos, não há sentido de arrependimento (pedir desculpa) no gesto dela.

Alternativa D - Não há distração, mas tensão na conversa. O gesto de compor os óculos revela o embaraço dele e não uma distração.

Alternativa E - O termo “empertigar” é o oposto (antônimo), significa tomar pose de superioridade, arrogância. No texto a personagem fica, pelo contrário, um tanto constrangida.

Questão nº 53. Interpretação de texto

A expressão “...charme intelectualmente sofrido.” (linhas 6 e 7), utilizada para caracterizar a ação do editor, faz referência semântica ao(à)

a) pesar sentido pelo narrador. b) desdém com que encara a situação. c) júbilo frente à indiscrição do narrador. d) sua atitude dissimulada e vaidosa. e) sua contrariedade pela exigência do oftalmologista.

Comentário da questão nº 53

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A personagem age com certo constrangimento e esta ação é decorrente da sua atitude de usar óculos sem necessidade.

Alternativa A - O narrador não demonstra pesar pela atitude da personagem. Não há relação entre estes elementos.

Alternativa B - A personagem não demonstra desdém, pelo contrário, há embaraço em sua atitude.

Alternativa C - Nada de júbilo (alegria), pelo contrário, a personagem ficou bastante constrangida.

Alternativa D - A sua atitude dissimulada e vaidosa é classificada pelo narrador como um “charme intelectualmente sofrido”. Esta é correta.

Alternativa E - Não há nenhuma contrariedade com relação à prescrição do oftalmologista, pelo contrário, a personagem é que solicitou os óculos.

Questão nº 54. Relação de sentido

Considerando a relação de sentido que os períodos “ ‘Dois graus de miopia.’ ” (linha 10 e 11) e “ ‘Excesso de leitura.’ ” (linha 11) estabelecem entre si, é correto afirmar que o

a) 1º é a causa do 2º. b) 1º é a condição do 2º. c) 2º é a finalidade do 1º. d) 2º é a consequência do 1º. e) 2º é a causa do 1º.

Comentário da questão nº 54

Este tipo de questão é muito simples, mas costuma atrapalhar alguns candidatos mais afoitos. Há que se perceber, com clareza, a relação entre “dois graus de miopia” e “excesso de leitura.

Alternativa A - Os dois graus de miopia não são causa para o sujeito ler. A leitura não decorre dos dois graus de miopia.

Alternativa B - Ter dois graus de miopia não é uma condição para o excesso de leitura. A miopia não é uma condição para ler!

Alternativa C - O excesso de leitura não poderia ter como finalidade os dois graus de miopia. Ninguém iria ler para ter miopia!

Alternativa D - O excesso de leitura não é uma consequência dos dois graus de miopia. Se assim fosse, todo míope seria um grande leitor!

Alternativa E - O segundo é causa do primeiro: o excesso de leitura é causa para os dois graus de miopia. Agora sim a relação estabelecida é correta. Esta é a alternativa exigida pela ordem da questão.

Questão nº 55. Plural com metafonia

Qual o substantivo em que a vogal tônica NÃO é pronunciada, no plural, com o som aberto como no substantivo corpos?

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a) Poço. b) Bolso. c) Socorro. d) Imposto. e) Esforço.

Comentário da questão nº 55

Há palavras que trocam o timbre (aberto/fechado) no momento de formar o plural. A palavra “corpo” (“o” fechado) forma o plural em “corpos” (“o” aberto). Agora devemos localizar a palavra que não se comporta da mesma maneira.

Alternativa A - “poço” (fechado” faz plural em “poços” (aberto) Alternativa B - A palavra “bolso” (fechado) forma o plural “bolsos” (fechado,

também), portanto não segue o padrão da palavra “corpos”. Esta é a correta para a questão.

Alternativa C - O plural de “socorro” (fechado) é “socorros” (aberto). Alternativa D - O plural de “imposto” é “impostos” que troca o fechado pelo

aberto. Alternativa E - O mesmo caso de metafonia acontece com a palavra “esforço”

que faz o plural a vogal “o” aberta “esforços”.

Esta questão de metafonia é bastante discutível, pois “abertura” e “fechamento” das vogais têm uso variável conforme a região do Brasil. As nasais são sempre “fechadas” no Sul, mas abertas no Norte do Brasil, além de outras variações regionais.

Questão nº 56. Concordância

Ela ____________ me contou que havia comprado uns óculos mais modernos.

É ______________ a entrada nas Festas Literárias de Paraty, sem a apresentação do convite.

Ela andava ____________ mulambenta pelas ruas da cidade.

Tendo em vista a concordância nominal, as frases acima devem ser completa-das, segundo o registro culto e formal da língua, com as palavras

a) mesma – proibido – meio. b) mesma – proibido – meia. c) mesma – proibida – meio. d) mesmo – proibida – meia. e) mesmo – proibido – meio.

Comentário da questão nº 56

Há nesta questão alguns casos especiais de concordância. Vamos examinar a questão, tendo por referência as lacunas e não as alternativas.

Primeira lacuna – (mesmo/mesma) – esta palavra concorda com o termo a que se refere, portanto “Ela mesma me contou...” Com este resultado podemos eliminar as alternativas “d” e “e”.

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Segunda lacuna – (proibido/proibida) – o termo está funcionando como predicativo do sujeito (A entrada é proibida..), portanto deve concordar com o sujeito (entrada). Não precisaríamos examinar a terceira coluna, pois a única alternativa que tem a sequência “mesma” / “proibida” é a letra “c”

Terceira lacuna – (meio/meia) – o termo “meio” só flexiona quando for adjetivo, permanecendo invariável no caso de ser advérbio. Neste caso a palavra “meio” tem como referente “mulambenta” (meio mulambenta) que é um adjetivo, portanto este termo deve funcionar como advérbio (invariável): meio.

Esta escolha confirma a letra “c” como resposta correta.

Questão nº 57. Ordem do tempo

Em “mas eu estava com a vista cada vez mais cansada, até que fui ao oculista...” (linha 4), a segunda oração encerra uma ideia de tempo que, em relação à precedente, caracteriza-se como um tempo

a) anterior. b) posterior. c) frequentativo. d) concomitante. e) indeterminado.

Comentário da questão nº 57

Nesta questão temos a linearidade do tempo. Primeiro o sujeito tem a vista cansada para depois ir ao oculista.

Alternativa A - O sujeito não vai ao oculista para depois ficar com a vista cansada!

Alternativa B - Como vimos acima, primeiro há a vista cansada e depois (num tempo posterior) há a visita ao oculista, portanto a segunda oração expressa um tempo posterior. Esta é a alternativa correta.

Alternativa C - O tempo marcado como freqüentativo é o tempo da repetição, do retorno (frequência). Não há este sentido na frase.

Alternativa D - Não há concomitância. Primeiro a vista cansa, depois vai ao oculista. Não há como a vista cansar e ir ao oculista ao mesmo tempo.

Alternativa E - Os tempos são bem definidos em termos de ordem, nada está indeterminado.

CONSULPLAN – Assistente administrativo ­ 2007

Lugares comuns que incomodam

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Há duas expressões no futebol que me incomodam. Uma foi criada pelo extraordinário Nelson Rodrigues e se refere à "pátria de chuteiras", hoje utilizada quando o assunto é seleção. Outra o define como "esporte de macho", sempre que se fala de violência em campo. Não gosto da primeira por ter sido desvirtuada e agora dar caráter exagerado de patriotismo a um jogo de bola, que deveria funcionar como divertimento e não como defesa da soberania nacional. A segunda desagrada por tratar-se de maneira tosca de justificar as botinadas de quem não tem recursos técnicos.

Li anteontem uma nota de agência internacional em que Otto Schily, ministro do interior da Alemanha, sugeria que os jogadores da seleção cantassem o hino nacional com "mais empenho". Em sua avaliação, isso lhes daria mais ânimo antes de confrontos importantes. O diligente político recordou que, na Euro-2000, sentiu que os alemães iriam perder de Portugal pelas reações das duas equipes na execução dos hinos. Os portugueses cantaram forte e se deram as mãos, enquanto os germânicos apenas balbuciavam. Resultado: 3 a 0 para os lusos. Hino, de qualquer país, é símbolo sagrado, que merece respeito total e que deve ser utilizado em ocasiões muito, muito especiais. Mas não precisa, necessariamente, entrar em eventos esportivos. Porque, no fundo, pode funcionar como advertência subliminar de que é a pátria - e não um troféu, uma medalha - que está em disputa. Como vejo no esporte função lúdica, imagino como seria lindo e emocionante, por exemplo, ver uma "Aquarela do Brasil" ou um "Funiculi, funiculá", quando se enfrentassem Brasil e Itália. Jogadores e público entrariam em êxtase. A alegria dominaria as arquibancadas. Por isso, também, não considero desertor um jogador que, por qualquer motivo, não queira defender a seleção do sei país. Sem ditar regras, e muito menos sem a pretensão de dar aula de educação cívica, prefiro que a cidadania, muitas vezes com o hino nacional de fundo, seja exercida em outras atividades do dia-a-dia. Por exemplo? Na cobrança de transparência das ações de políticos, no controle do dinheiro arrecadado pelos impostos, no banimento da vida pública daqueles que nos roubam recursos, mas, sobretudo sonhos. Cidadania também é não referendar dirigente esportivo "malandro", é não achar que os fins justificam os meios, é não passar os outros para trás. E por aí vai. Antonio Grecco. O Estado de São Paulo, 26 de agosto de 2005.

Questão nº 58. Interpretação de texto

Ao intitular seu texto com a expressão “lugares comuns”, o autor quis dizer o mesmo que “argumentos ou idéias já muito conhecidas, chavões, clichês”. Foge da concepção de “lugar-comum” a expressão

a) “pátria de chuteiras”. b) “esporte de macho”. c) “ditar regras”. d) “maneira tosca”. e) “dirigente malandro”.

Comentário da questão nº 58

A linguagem possui níveis de uso que podem ser: culto, coloquial, técnico ou outras denominações que possam ser empregadas. Esta questão pretende avaliar o conhecimento do candidato quanto a estes níveis. Ela solicita que se reconheça a expressão que não é “lugar-comum”, portanto a que não está na nossa conversação diária (não coloquial), embora possa fazer parte de nosso vocabulário passivo.

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Consideramos vocabulário passivo, o conjunto de palavras que temos conhecimento e domínio sobre seu uso, mas não as usamos constantemente.

Alternativa A - A alternativa “a” (pátria de chuteiras) caiu na linguagem popular, embora tenha origem literária, através das crônicas de Nelson Rodrigues. A expressão se tornou tão corriqueira que hoje é empregada como designativa da própria seleção brasileira.

Alternativa B - “Esporte de machos”, a alternativa “b” é parte de uma linguagem comum nas rodas esportivas e designa o futebol através da agressividade demonstrada pelos jogadores.

Alternativa C - Na alternativa “c” a expressão “ditar regras” é muito popular no sentido de estabelecer condições, já é um chavão nas conversas informais.

Alternativa D - Vamos examinar a palavra “tosca”. Temos três vocábulos que podem ser considerados sinônimos: “tosca”, “rude” e “grossa”. A última é a mais usual na conversação, ficando “rude” mais para descrever caráter de pessoas e “tosca” para identificar o grau de sociabilidade. Portanto, a letra “d” é a que foge do lugar-comum.

Alternativa E - Por fim, na alternativa “e”, “malandro” é termo usual para referir-se ao sujeito que vive de expedientes. Para certas regiões do Brasil, esta palavra é referencial para indicar um tipo popular, presente nas rodas boêmias. Este termo tem uso intensivo no Rio de Janeiro; em outras regiões, ele toma sentido, às vezes, pejorativo.

Questão nº 59. Interpretação de texto

Dentre as passagens do texto, abaixo transcritas, a que indica uma opinião do autor, e não fato ocorrido, é

a) “Li anteontem uma nota na agência internacional...” b) “Resultado: 3 a 0 para os lusos”. c) “A alegria dominaria as arquibancadas”. d) “Uma foi criada pelo extraordinário Nelson Rodrigues...” e) “Os portugueses se deram as mãos”.

Comentário da questão nº 59

A linguagem pode expressar ações, atos ou pensamentos, subjetividades. O que a banca deseja é avaliar a capacidade do concurseiro para distinguir, na narrativa, o que pertence ao mundo real do que pertence ao mundo imaginário.

Sem nos preocuparmos com a área semântica (sentidos), podemos resolver questões deste tipo, verificando os elementos gramaticais que são bem mais seguros. No emprego dos tempos e modos verbais sabemos que o tempo mais-que-perfeito refere-se a opiniões, desejos que estão sujeitos a alguma condição.

Alternativa A - A alternativa “a” traz o verbo no pretérito perfeito “li”, portanto, um ato realizado, acabado.

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Alternativa B - A letra “b” não traz forma verbal, apenas apresenta um resultado de jogo, o que significa, também, uma informação do mundo real.

Alternativa C - A única forma verbal deste tempo é “dominaria”, portanto ela é a única que está fora do âmbito dos fatos ocorridos (acontecidos), ela “poderia” acontecer, é um desejo do autor que aconteça. É a correta.

Alternativa D - A letra “d” é factual e designativa de autoria. Ela traz a informação sobre a origem da expressão “pátria de chuteiras” que é atribuída a Nelson Rodrigues.

Alternativa E - A alternativa “e” expressa a ação dos jogadores portugueses que se deram as mãos durante o hino nacional.

Questão nº 60. Coesão textual: anáfora

A coesão textual é obtida pelo uso de vários recursos, dentre eles o apelo aos chamados recursos anafóricos, que retomam termos ou expressões anteriormente mencionados. Das alternativas abaixo, todas presentes no texto de Grecco, assinale a opção em que se ausenta termo anafórico.

a) “(...) daqueles que nos roubam recursos (...)” b) “Em sua avaliação, isso lhes daria mais ânimo”. c) “Outra o define como ‘esporte de macho’ ”. d) “no controle do dinheiro arrecadado pelos impostos”. e) “Uma foi criada pelo extraordinário Nelson Rodrigues.”

Comentário da questão nº 60

A observação desta questão nos permite uma informação muito importante sobre a banca CONSULPLAN. É comum, nas provas elaboradas por ela, a inclusão de informações teóricas para situar o candidato. Além de facilitar a resposta, este procedimento evidencia o quanto a banca está preocupada com o uso da linguagem e não com os aspectos teóricos. Neste caso, ela usa os termos “coesão textual” e “recursos anafóricos”, mas explica o conceito: “(...) retomam termos ou expressões anteriormente mencionados”. Pronomes e artigos são as classes gramaticais que, com mais frequência, produzem anáforas.

Numa questão como esta é importante avaliar cada elemento coesivo, para verificar se algum antecedente foi retomado, por ele, na frase. Também é importante assinalar que a questão solicita a alternativa que não apresenta anáfora.

Alternativa A - Na alternativa “a” o pronome “daqueles” (combinação da preposição “d” + o pronome “aqueles”), remete a algum antecedente que o texto enumera no último parágrafo (políticos).

Alternativa B - A alternativa “b” apresenta o possessivo “sua” que remete ao antecedente Otto Schily, ministro do interior da Alemanha.

Alternativa C - O termo “expressões” na primeira linha é retomado em duas alternativas, pois serve para “outra” na “c” e também para “uma” na alternativa “e”.

Alternativa D - Na letra “d” não há nenhum elemento que “represente” outro termo não presente no enunciado. Assim, ela é considerada como a resposta correta.

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Alternativa E - Como vimos na alternativa “c” o mesmo termo “expressões” é retomado aqui.

Ou seja, as “duas expressões”: uma (pátria de chuteiras), na alternativa “e” e outra (esporte de macho) na letra “c” são casos de anáfora.

Questão nº 61. Sintaxe da frase

Os pronomes pessoais são muito versáteis quanto aos valores sintáticos que expressam, em função dos contextos frasais em que se encontrem. Considerando essa reflexão, compare, nos dois fragmentos retirados do texto de Grecco, o emprego dos pronomes pessoais nele presentes e indique a alternativa que contém a indicação correta das funções que eles desempenham nas orações.

I. “que nos roubam recursos”

II. “que me incomodam”

Ambos os termos desempenham a função de

a) objeto direto tanto de roubar quanto de incomodar. b) objeto indireto tanto de roubar quanto de incomodar. c) objeto direto e indireto, respectivamente. d) objeto indireto e direto, respectivamente. e) adjunto adnominal e complemento nominal.

Comentário da questão nº 61 Sintaxe do período

Esta é uma questão de análise sintática da oração, visando à classificação de dois pronomes: “nos” e “me”. São duas orações subordinadas (que nos roubam recursos / que me incomodam) e a função dos pronomes depende da regência verbal. O verbo “roubar” tem dois complementos: roubar alguma coisa (OD) de alguém (OI). Na frase: “ que roubam recursos (OD) de nós (OI). O “de nos”, neste caso é objeto indireto. O verbo incomodar exige objeto direto: “incomodar alguém”. Na frase “que incomodam” a minha pessoa” - “me” (OD).

Alternativa A - Vamos verificar as outras alternativas para apontar as impropriedades. Na alternativa “a” atribui a função de objeto direto para os dois casos. O segundo, realmente é objeto direto, mas o primeiro (de nos) é objeto indireto, como já confirmamos.

Alternativa B - Na alternativa “b” aparece o mesmo problema, mas, agora, atribuindo a função de objeto indireto para os dois casos. Já vimos que o segundo caso é um objeto direto, portanto, também não pode ser aceita como correta esta alternativa.

Alternativa C - A alternativa que traz a classificação de “objeto indireto” para “nos” e direto para “me” é a letra “c”, portanto é a correta.

Alternativa D - A alternativa “d” inverte as classificações, errando as duas.

Alternativa E - Por fim, a letra “e” atribui aos dois pronomes (nos e me) a função relativa a elementos nominais e não verbais.

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Na verdade é uma questão simples e dependeu, basicamente, do conhecimento da regência do verbo “incomodar” que é transitivo direto e não indireto (incomoda alguém e não a alguém).

Questão nº 62. Relações sintáticas

O texto de Grecco apresenta uma série de marcas linguísticas que estabelecem determinados tipos de relações entre as partes que o constituem. A alternativa que apresenta uma correta relação entre uma dessas marcas e o tipo de relação aí estabelecida é

a) “cantassem o hino nacional com ‘mais empenho’ ”. (causa) b) “define como ‘esporte de macho’ ”. (condição) c) “enquanto os germânicos apenas balbuciavam”.(tempo) d) “entrar em eventos esportivos”. (tempo) e) “mais ânimo antes de confrontos importantes”. (lugar)

Comentário da questão nº 62

Esta questão lida com os marcadores linguísticos que determinam relações de sentido entre as partes do texto.

Alternativa A - Na alternativa “a” a frase “cantassem o hino nacional com mais empenho tem circunstância de “modo” ou “intensidade”, mas não de “causa”.

Alternativa B - Na letra “b”, “define como esporte de macho, não há “condição”, mas atribui a ideia de modo, tipo do esporte. Nos dois casos (“a” e “b”), não há relação entre a frase e a classificação entre parênteses, portanto, não podem ser considerados corretos.

Alternativa C - Vejamos a alternativa “c” que é a correta. O termo “enquanto” atribui ao texto uma circunstância de simultaneidade temporal. Segundo o texto, enquanto os alemães apenas balbuciavam o hino nacional, os portugueses cantavam forte e de mãos dadas (segundo parágrafo). Assim a relação entre o marcador “enquanto” e a circunstância temporal é verdadeira, o que confere à letra “c” o valor de resposta correta para a questão.

Alternativa D - Nas alternativas “d” e “e” há troca de classificação. A letra “d” agrega o sentido de lugar (entrar nos eventos esportivos)

Alternativa E - enquanto a “e” sugere tempo, principalmente através do advérbio “antes” e intensidade, também, através do “mais”.

Questão nº 63. Nível de linguagem

A utilização de expressões coloquiais no texto, tais como “(...) justificar as botinadas” (parágrafo 1) e “passar os outros para trás” (último parágrafo), cumprem o propósito de

a) aproximar mais o leitor da realidade que está sendo objeto da crônica ora reproduzida.

b) criticar, por assim se expressar, a triste realidade dos aficionados por jogos violentos.

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c) identificar uma variante lingüística específica praticada pelas classes menos favorecidas.

d) ironizar a fala dos moradores das periferias urbanas, demonstrando forte preconceito lingüístico.

e) condenar as diferentes linguagens passíveis de serem articuladas em situações formais.

Comentário da questão nº 63

Esta é uma questão de interpretação de texto. Um fato característico da banca da CONSULPLAN é a pouca quantidade de questões deste tipo. Enquanto outras bancas elaboram provas com mais de 20% de questões de interpretação, esta banca não ultrapassa os 10%. Os conteúdos gramaticais dominam as provas.

Alternativa A - O nível de linguagem é um fator de aproximação entre escritor, texto e leitor. No caso desta questão que aborda um assunto popular como futebol é previsível que a linguagem acompanhe o público leitor. Através da adequação entre linguagem e tema abordados, o leitor pode sentir-se mais próximo da realidade. Esta constatação torna esta alternativa (“a”) apta a ser considerada correta, de acordo com a solicitação do enunciado da questão.

Alternativa B - No texto não há crítica aos apreciadores de futebol. A crítica é dirigida ao modo de realização da solenidade de abertura dos jogos, principalmente quanto ao momento do Hino Nacional. Assim, a alternativa “b” não pode ser selecionada.

Alternativa C - Os apreciadores de futebol não estão classificados como pertencentes às “classes menos favorecidas”. Não há, no texto, relação entre a linguagem e a classe social, como sendo os mais pobres. Portanto, a “c” não pode ser considerada a exigida pela questão.

Alternativa D - O texto não traz ironia, portanto a alternativa “d” torna-se inválida.

Alternativa E - Também a alternativa “e” não pode ser aceita pelo fato do texto referir-se à condenação de algum nível de linguagem. Por estas razões, as alternativas “d” e “e” não podem ser aceitas como respostas adequadas à questão.

Questão nº 64. Sintaxe da frase

No fragmento a seguir “(...) não considero desertor um jogador que, por qualquer motivo, não queira defender a seleção de seu país” – parágrafo 4), o termo “desertor” desempenha a função de

a) predicativo do sujeito. b) predicativo do objeto direto. c) predicativo do objeto indireto. d) adjunto adverbial de modo. e) adjunto adverbial de causa.

Comentário da questão nº 64

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Nas questões que envolvem análise sintática não há como fugir do exame da ordem da frase, pois a colocação dos termos na sequência padrão leva, de imediato, à compreensão de seus componentes. A frase tem dois períodos: (...) (eu) não considero um jogador desertor / que (...). O foco de nossa atenção está voltado para a primeira oração, pois necessitamos identificar a função sintática da palavra “desertor.”

Alternativa A - A alternativa “a” sugere “predicativo do sujeito”, ora identificamos o sujeito (“eu”) na frase, e o termo “desertor” não se refere ao “eu”, mas ao “jogador”.

Alternativa B - A frase na ordem direta (SVC) evidencia: (eu - sujeito), (não considero - predicado verbal), (um jogador - objeto direto), (desertor - predicativo do objeto - qualidade do jogador). Respondida a questão: a alternativa solicitada é a “b”.

Alternativa C - Na alternativa “c” a sugestão é “predicativo do objeto indireto” o que é impossível, dado o fato que não há objeto indireto na frase. Por esta razão, esta alternativa não pode ser aceita como correta para a questão.

Alternativa D - As alternativas “d” e “e” apontam para “adjunto adverbial”. Pelo conceito de advérbio, sabemos que ele mantém relação com o verbo, com o adjetivo ou com outro advérbio. No nosso caso a palavra “desertor” está ligada a jogador que é um substantivo. O que se liga a substantivo é adjetivo, portanto, predicado (qualidade) e não adjunto adverbial. Por esta razão, as alternativas “d” e “e” também não servem como resposta.

Alternativa E - Já comentada acima.

Questão nº 65. Interpretação de texto

Em “Aqueles que atravancam meu caminho, eles passarão... e eu passarinho” (Mário Quintana), o autor opõe, para efeitos de sentido, -ão e –inho, parecendo desprezar o fato de serem próprios de

a) classes gramaticais diferentes. b) universos impossíveis de articular. c) sentidos opostos um ao outro. d) sentidos semelhantes um ao outro. e) classes gramaticais semelhantes.

Comentário da questão nº 65

Esta questão, aparentemente simples é complexa, pois não traz fundamentação teórica para a solução.

Alternativa A - A ordem da questão fala em sentido de “-ão” e “-inho”. Sabemos que estes dois sufixos são aplicados a nomes, mas o autor utiliza a terminação verbal “ão” (passarão), como elemento de oposição entre “eles” (os grandes = ão) e o autor (pequeno = inho). Assim, o autor constrói o texto sobre duas palavras: um verbo e um substantivo (classes gramaticais diferentes). Esta interpretação aponta a letra “a” como a solicitada pela questão.

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Alternativa B - A alternativa “b” fala em “universos impossíveis de articular” o que não corresponde à verdade, pois o poema e o próprio exemplo de articulação entre os dois elementos ilustra isso.

Alternativa C - A questão não solicita a interpretação dos sentidos do texto, apenas confere a construção que opõe os dois elementos: a desinência verbal (-ão) e o sufixo (-inho). Assim não podemos considerar as alternativas “c” e “d” como corretas.

Alternativa D - Comentada acima. Alternativa E - Não há como considerar “passarão” (verbo) e “passarinho”

(substantivo) como elementos de classes gramaticais semelhantes como fala a alternativa “e”.

Questão nº 66. Pontuação: reticência

O emprego de reticências presentes na frase poética de Quintana somente não serve para indicar a

a) ocorrência de certas inflexões de caráter emocional (de alegria, de tristeza, de cólera, de sarcasmo).

b) expressão detalhada de uma enumeração explicativa do ânimo do personagem-narrador.

c) hesitação, surpresa, dúvida ou timidez de quem está se manifestando no espaço textual.

d) interrupção de uma idéia que se começou a exprimir, passando a considerações acessórias.

e) falta de completude da idéia expressa que não se finaliza com o término gramatical da frase.

Comentário da questão nº 66

Esta é uma questão negativa, ou seja, a alternativa correta é a que “não serve”. O assunto abordado é o uso de reticências por parte de Mário Quintana. A reticência marca uma interrupção no fluxo da comunicação para expressar algum sentimento.

Alternativa A - Na alternativa “a” a razão é plausível, ou seja, uma inflexão (uma interrupção) por estado emocional. A alternativa “c” também é possível, pois registra sentimento de dúvida, hesitação do autor diante do distanciamento entre ele (passarinho) e os outros (passarão).

Alternativa B - Na alternativa “b” a razão apresentada é “enumeração explicativa”, não há elementos enumerados, a reticência está após uma forma verbal. Por esta razão esta alternativa é incoerente como razão para o uso da reticência e torna-se a eleita para a resposta à questão.

Alternativa C - Todos os sentimentos indicados são presentes no texto e justificam o uso da reticência, portanto não serve como resposta.

Alternativa D - A reticência, realmente, interrompe uma idéia, portanto a alternativa “d”, também é correta e não serve como resposta.

Alternativa E - A alternativa “e”, na verdade, é uma paráfrase da “d” (falta de completude = interrupção; ideia que se começou a exprimir = ideia expressa). Neste caso, ambas são corretas e não servem como resposta, pois a questão exige a que não está de acordo com o texto.

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Após a invasão de camelôs “Após a invasão de camelôs nas ruas brasileiras vendendo produtos falsos, agora

esse tipo de mercado migra para a Internet, com potencial ofensivo muito maior. Verdadeiras redes estão se estruturando e há vinculação de várias delas com o crime organizado, como o tráfico de drogas e de armamentos”. A declaração é do presidente do Conselho Nacional de Combate à Pirataria, Luiz Paulo Barreto, também secretário-executivo do Ministério da Justiça.

Segundo o secretário, o trabalho da Polícia Federal na Operação I-Commerce 2, que teve início nesta terça-feira (1º) é de fundamental importância, para acabar com o problema na raiz, antes que comece a se alastrar. Barreto informou que se trata de uma segunda fase da operação, que começou em 2006, em que a PF deu início à repressão da pirataria na Internet em 13 estados e no Distrito federal.

“As pessoas, por Download, estão comprando gato por lebre. Nossa ação é positiva, não apenas pelas prisões, mas principalmente pela desarticulação das quadrilhas, numa forte demonstração de que o Governo está atento, para não permitir que a Internet se torne um campo livre de práticas ilícitas”, disse o secretário. “Não há como punir o consumidor, mas devemos educar e alertar para os fins que o dinheiro da pirataria é utilizado, como o narcotráfico”.

Luiz Paulo Barreto informou, ainda, que o a pirataria provoca uma redução de dois milhões de postos de trabalho no mercado formal. O Brasil, de acordo com o secretário, perde, por ano, R$ 30 bilhões em arrecadação de impostos. No mundo, a Interpol (Polícia Internacional) já considera a pirataria o crime do século, movimentando U$ 522 bilhões/ano, bem mais do que o tráfico de entorpecentes, de U$ 360 bilhões/ano. (Disponível em: http://www.mj.gov.br, acesso: 16/08/2008)

Questão nº 67. Tipos de texto

Pode-se afirmar que o texto I é:

a) lírico. b) narrativo. c) figurado. d) antitético. e) informativo.

Comentário da questão nº 67

Esta questão aborda tipologia textual. Sabemos que tradicionalmente os textos podem ser classificados em: descritivos, narrativos e dissertativos (que podem ser argumentativos ou expositivos).

Alternativa A - A alternativa “a” classifica o texto como “lírico”. O texto não é literário, mas informativo. O texto literário é que pode ser classificado em: lírico, épico ou dramático. Por esta razão, não é possível considerar como correta esta opção.

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Alternativa B - A letra “b” aponta para “narrativo” o que não corresponde à realidade do texto, pois não há ação, nem personagem para desenvolver narrativa.

Alternativa C - Ser “figurado” é um modo de construção do texto e não uma classificação. O uso de figuras pode ocorrer em qualquer tipo de texto, o que não configura classificação.

Alternativa D - A alternativa “d” parece ser apenas para confundir, pois não há razão para classificar um texto como “antitético”. Um texto ter qualidades estéticas ou não é irrelevante para a sua classificação. Portanto, a letra “d” também não serve como classificação.

Alternativa E - A alternativa “e” classifica o texto como “informativo”, ou seja, um texto dissertativo com exposição de um assunto, isto é, informa sobre as operações da polícia no caso dos camelôs. Assim, a alternativa “e” pode ser apontada como a que classifica corretamente o texto.

Questão nº 68. Interpretação de texto

De acordo com o texto II, a Operação I-Commerce 2 objetiva:

a) coibir a ação de camelôs nas ruas brasileiras. b) corrigir os rumos de uma operação anterior. c) identificar e punir os consumidores de pirataria. d) acabar com a pirataria na Internet. e) dar início à repressão da pirataria em 13 estados e no Distrito federal.

Comentário da questão nº 68

Esta, também, é uma questão de interpretação de texto, ela solicita o objetivo da operação, portanto é uma questão que aborda um ponto específico dentro do texto e não o aspecto global da significação.

Alternativa A - A alternativa “a” fala em proibir a ação de camelos nas ruas. O texto afirma que a pirataria migrou das ruas para a internet, portanto, a repressão é contra a internet e não contra os camelôs de rua. Isto invalida a alternativa “a”.

Alternativa B - O texto fala em uma segunda fase à operação anterior e não se refere à correção das ações repressivas. Os consumidores não sofrem repressão, pois, segundo o texto Não há como punir o consumidor. Este argumento invalida a alternativa “b”.

Alternativa C - O texto é claro quanto ao objetivo: (...) é de fundamental importância acabar com o problema na raiz, antes que comece a se alastrar.

Alternativa D - Isto justifica a alternativa “d” que diz: “acabar com a pirataria na Internet”. A letra “d” é, portanto, a escolhida.

Alternativa E - A alternativa “e” fala em dar início à repressão, porém o texto é taxativo no sentido de dizer que esta operação é continuidade de outra iniciada anteriormente. Como ela é continuidade, não se pode apontá-la como “início da repressão”, como propõe a alternativa “e”.

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Questão nº 69. Formação de palavras

No título, o vocábulo “pirataria” é formado por meio de derivação sufixal. A palavra do texto, que também se formou por derivação sufixal, é

a) secretário. b) combate. c) desarticulação. d) devemos. e) narcotráfico.

Comentário da questão nº 69

Esta questão aborda o processo de formação de palavras. Indica a palavra “pirataria” como uma derivação sufixal e solicita que o candidato escolha na lista outra palavra que seja formada pelo mesmo processo.

Alternativa A - A palavra “secretário” é formada pelo radical “secret” mais o sufixo “ario”. Assim ela é uma derivação sufixal, conforme pede a ordem da questão. Portanto a letra “a” é a correta.

Alternativa B - Na alternativa “b” a palavra “combater” é formada por prefixo “com” mais o radical “bat” e a desinência verbal “er”. Neste caso não é derivação sufixal, como solicita a ordem da questão.

Alternativa C - Na letra “c” temos uma palavra formada por prefixação e sufixação (des+articul+ação). O que significa que, também, não serve como resposta.

Alternativa D - O caso da letra “d” é que a palavra é um verbo e, portanto, a sua formação não é por prefixo, mas por desinências verbais (dev+emos). Não podemos considerar as desinência verbais (modotemporais e número-pessoais) como sufixos. Sendo assim, esta alternativa não serve como resposta.

Alternativa E - Por fim, a palavra “narcotráfico” é formada por dois radicais (narco+tráfico), portanto, é uma composição por justaposição, e não derivação. Isto significa que a alternativa “e”, também, não serve como resposta.

Questão nº 70. Funções do “quê”

Em “...o trabalho da Polícia Federal na Operação I-Commerce 2, que teve início nesta terça-feira...”, o vocábulo “que” é um pronome relativo. Outro exemplo no qual o vocábulo “que” possui a mesma classificação gramatical é

a) “Barreto informou que se trata de uma segunda fase da operação..." b) “...numa forte demonstração de que o governo está atento...” c) “...para não permitir que a Internet...” d) “...informou, ainda, que a pirataria provoca uma redução de dois mil-

hões de postos de trabalho...” e) “...uma segunda fase da operação, que começou em 2006...”

Comentário da questão nº 70

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As funções da palavra “que” são muitas, mas as principais classificação morfológicas são conjunção integrante e pronome relativo. Esta questão solicita que o candidato identifique entre as frases a que apresenta a palavra “que” como pronome relativo. Identificar o pronome relativo é fácil, pois ele sempre remete a um antecedente.

Em todos os outros casos o “que” é conjunção integrante, pois liga duas orações: a principal e a subordinada (integra o sentido da subordinada ao sentido da principal).

Alternativa A - Barreto informou / que se trata.. . “Barreto” é o sujeito e “informou” o predicado verbal, portanto a frase necessita de complemento (OD), “a coisa informada” (que se trata de uma segunda fase da operação...). Isto significa que o “que” liga (integra) o objeto direto à oração principal. Como este objeto direto é uma oração, ela classifica-se como oração subordinada substantiva objetiva direta.

Alternativa B - Na alternativa “b” o “que” tem a mesma função de conjunção integrante, mas o elemento integrado é de outra natureza: forte demonstração de que o governo... O elemento que exige complemento é o substantivo “demonstração”, portanto, o que segue é um complemento nominal. Como o complemento está transformado numa oração, esta passa a ser classificada como oração subordinada substantiva completiva nominal. Assim, somente a alternativa “e” possui o “que” como pronome relativo.

Alternativa C - As alternativas “c” e “d” são semelhantes à alternativa “a”. Alternativa D - Ver acima. Alternativa E - A alternativa “e” é que tem um pronome relativo.

Vejamos: “...uma segunda fase da operação, que (a operação) começou em 2006...”. Como se observa, o “que” representa a palavra “operação”, portanto, é um pronome relativo. Esta é a alternativa solicitada.

Questão nº 71. Acentuação gráfica

O vocábulo do texto II, cuja acentuação gráfica se justifica pela mesma regra de “ilícitas”, é

a) século. b) após. c) camelôs. d) também. e) já.

Comentário da questão nº 71

Outras questões sobre acentuação foram retiradas do texto, por envolverem palavras que sofreram mudanças com o novo acordo ortográfico. Esta questão solicita a palavra acentuada pela mesma razão de “ilícitas” que é uma proparoxítona.

Alternativa A - Dentre as alternativas, somente a palavra “século” é proparoxítona, portanto, a alternativa “a” é a solicitada pela questão.

Alternativa B - As demais palavras são acentuadas, mas por razões diversas: “após” e “camelôs” são oxítonas terminadas em “o”. Não importa se aberto ou fechado.

Alternativa C - Respondida acima.

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Alternativa D - A palavra “também” é acentuada por ser oxítona terminada em “em”.

Alternativa E - Por último a palavra “já” é acentuada porque é um monossílabo tônico.

Questão nº 72. Coesão: Conjunções

“Luiz Paulo Barreto informou, ainda, que a pirataria provoca uma redução de dois milhões de postos de trabalho no mercado formal.”

No trecho destacado, “ainda” pode ser substituído, mantendo o mesmo significado do texto original, por

a) porém. b) também. c) apenas. d) aliás. e) conquanto.

Comentário da questão nº 72

Esta questão solicita substituição de termos, entre advérbios. Há necessidade de reconhecer o sentido deles para poder substituir corretamente. Há que ter cuidado porque nem todas as alternativas são constituídas por advérbios.

Alternativa A - As alternativas “a” e “e” não são advérbios, mas conjunções: “porém” (conjunção coordenativa adversativa) e “conquanto” (conjunção subordinativa concessiva). Isto significa que estas duas alternativas não são aceitas como resposta.

Alternativa B - O sentido do advérbio “ainda” é de inclusão, assim como “também” que está na alternativa “b”, portanto, a escolhida para responder à questão.

Alternativa C - Na alternativa “c” o advérbio “apenas” acrescenta a ideia de “no mínimo”, “tão só” ao contrário de “ainda” que traduz o sentido de acréscimo.

Alternativa D - Por fim a alternativa “d” inclui uma palavra retificativa: “aliás”, portanto, não confere o mesmo sentido de “ainda” e não pode ser usada como resposta para a questão.

Alternativa E - Confira a resposta da alternativa “a”

Trabalho de camelô Trabalho de camelô é fuga da marginalidade, conclui pesquisa Raquel

Souza Equipe GD

A venda ambulante não é trabalho. Essa é a opinião de 38 camelôs de São Paulo. Expulsos ou sequer convidados para o mercado formal, essas pessoas se viram obrigadas a montar uma barraquinha e vender bugigangas nas ruas da cidade. No

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entanto, creditam à prática apenas um "jeito de ganhar a vida" sem cometer crimes. "Eles não criam uma identidade de trabalhador como outro profissional qualquer. O trabalho de camelô é encarado como ganha pão e o jeito de distinguir-se daqueles que cometem atos ilícitos para ter dinheiro, apesar da perseguição policial", comenta Francisco José Ramires, que pesquisou o tema entre 1999 e 2001. Os resultados estão em seu trabalho de mestrado, apresentado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Intitulado "Severinos na metrópole: a negação do trabalho na cidade de São Paulo", a pesquisa conta com depoimentos de camelôs de diversos cantos da cidade – do D. Pedro II, Praça da Sé, Hospital das Clínicas e da rua Teodoro Sampaio.

As histórias de vida variam bastante. Possuem em comum o fato de serem quase na totalidade, nordestinos ou filhos de migrantes. Os mais velhos (compreenda como aqueles que passaram dos 38 anos) possuem baixa escolarização, em média 4ª série do Ensino Fundamental. Já os jovens concluíram o Ensino Médio e, em alguns casos, fizeram até cursos profissionalizantes e o primeiro ano de faculdade (que foi abandonada por falta de recurso financeiro). Todos gostariam de trabalhar tendo um patrão – contrariando o mito de que a venda ambulante é uma maneira de ganhar autonomia e maiores dividendos. "Muitos daqueles que sobrevivem graças ao trabalho informal gostariam de voltar ou integrar-se à formalidade. Isso é quase um sonho para muitos". Ramires explica que a maioria dos ambulantes veio de trabalhos com registro em carteira e, por isso, sabe das "tranqüilidades" que o mercado formal possibilita: previdência social, fundo de garantia, décimo terceiro salário, entre outros. São pouquíssimos os que ganham mais de R$300 por mês. O pesquisador encontrou alguns que guardam o colchão sob a barraca e que, quando anoitece, dormem embaixo dela. Em alguns casos, os camelôs pagam a comerciantes e clínicas médicas para guardar seus produtos em seus estabelecimentos. Assim, parte da renda obtida por essas instituições é proveniente do comércio informal. "Essa idéia de que há uma linha divisória entre o trabalho formal e informal não existe. Ambos fazem parte de um único sistema econômico", finaliza Ramires.

(Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/, acesso: 16/08/2008, texto adaptado)

Questão nº 73. Significação

A palavra do texto, que apresenta valor pejorativo é

a) ambulante. b) nordestinos. c) patrão. d) bugiganga. e) mito.

Comentário da questão nº 73

Esta é uma questão que aborda o léxico, solicitando uma avaliação das palavras para descobrir a que possui valor pejorativo. Como vimos, o importante é o exame da palavra em seu contexto, pois, quando isoladas, as palavras podem indicar significados diversos.

Alternativa A - As letras “a” (ambulante) e “b” (nordestinos) têm o mesmo referente que é o trabalhador, vindo do Nordeste que chega a São Paulo e, não conseguindo emprego, cai na informalidade. Um pouco

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mais acima, no mesmo parágrafo, o autor já havia denominado estes trabalhadores como “severinos”, numa nítida intertextualidade com o texto de João Cabral de Melo Neto – Morte e vida Severina.

Alternativa B - O ambulante é considerado um trabalhador que foi marginalizado no mercado de trabalho (“Expulsos ou sequer convidados para o mercado formal..”), mas que luta pelo pão de cada dia e não se deixa envolver pelo crime, enquanto que “nordestino” é a designação da origem. Nada de pejorativo há nisso.

Alternativa C - As alternativas “c” e “e” estão fora do contexto, ou seja da área semântica abrangida pelos conceitos de camelô e trabalho informal.

Alternativa D - Já sabemos que a letra “d” é a correta. O próprio dicionário aponta a palavra com valor denotativo de “coisa de pouco valor”, isto, porém não seria suficiente para considerarmos pejorativo. No texto aparece “vender bugigangas”, em que o sentido pejorativo é decorrente do fato do sujeito ver-se obrigado a vender coisas que não têm valor. O camelô é reduzido a um trabalhador que, não estando no mercado formal, ainda desempenha uma função pouco nobre, ao oferecer em seu comércio, objetos destituídos de valor comercial.

Alternativa E - Já comentada junto com a alternativa “c”.

Questão nº 74. Campo semântico

De acordo com o texto, a única palavra que NÃO pertence ao campo semântico de “camelô” é

a) Severinos. b) identidade. c) migrantes. d) nordestinos. e) informal.

Comentário da questão nº 74

Esta questão vem calhar muito bem em nosso estudo, pois aborda campo semântico. Como vimos, o campo semântico caracteriza-se pela abrangência que os termos adquirem dentro de uma rede de relações de sentido. Dentro do campo semântico - “trabalho informal” - podemos incluir todas as alternativas, menos a “b” por contrariar a ideia de informalidade que o texto apresenta.

Expulso do mercado de trabalho e vivendo na informalidade, o camelô se perde no mundo dos “severinos”, ou seja, perde a identidade, passa a ser apenas mais um nesta luta pela sobrevivência. Os demais termos pertencem ao mesmo campo semântico de “camelô”.

Vamos aproveitar para estabelecer outro conceito: campo lexical . Este é o conjunto de termos que participam da mesma origem da palavra (palavras cognatas): Pedra (pedreiro, pedreira, pedregulho, pedrada....). Também consideramos campo semântico o conjunto de palavras que pertencem ao mesmo ambiente de significação. Quando falo em “casa” tenho palavras do mesmo campo lexical (garagem, jardim, varanda, cozinha....).

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O campo lexical pertence ao ambiente da palavra, enquanto o campo semântico pertence ao ambiente da significação, como (agora – neste momento, já, por ora.....).

FGV – PM de Angra dos Reis/RJ – Auditor fiscal

Obs: A prova a seguir não traz novidades, vou deixar com vocês para que respondam as questões, confiram as respostas no gabarito e tragam as dúvidas para o fórum.

Tempestades, calor e epidemias Fico desnorteado quando escuto falar de aquecimento global. 1

Ouço as justificativas dos que o consideram uma ameaça à vida na Terra e fico 2 3 com a impressão de que estão certos. Depois ouço opiniões contrárias, opostas até, e 4 não encontro argumentos para contradizê-las.

O aforismo de que, numa discussão em que os contendores defendem hipóteses 5 6 antagônicas, a verdade estará no meio termo, não deve ser aplicado em ciência pela 7 simples razão de que uma das partes pode estar completamente equivocada. É o caso da 8 evolução das espécies por seleção natural versus criacionismo, por exemplo.

A ignorância crassa em climatologia não é a única culpada de minha 9 10 incapacidade de interpretar os estudos que servem de base para conclusões tão díspares. 11 Os interesses econômicos, a politização e as paixões envolvidas nesse debate 12 confundem e dificultam o entendimento.

Sem me envolver nessas controvérsias, no entanto, tomo a liberdade de resumir 13 14 um artigo que acaba de ser publicado na revista "The New England Journal of 15 Medicine" pela infectologista Emily Shuman, da Universidade de Michigan, sob o título 16 "Mudanças Climáticas Globais e Doenças Infecciosas".

De forma bem simplificada, leitor, podemos dizer que as mudanças do clima 17 18 acontecem como resultado do desequilíbrio entre as radiações que penetram e as que 19 deixam a atmosfera. Ao entrar na atmosfera, parte das radiações solares é absorvida pela 20 superfície da Terra e reemitida como radiação infravermelha.

Esses raios infravermelhos acabam absorvidos pelos gases liberados 21 22 principalmente pelos combustíveis fósseis (metano, gás carbônico, óxido nitroso e 23 outros), que deixaram de ser removidos da atmosfera por causa do desmatamento e da 24 produção excessiva. Como esse processo de absorção gera calor, recebe o nome de 25 efeito estufa.

Porque a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento atingiram níveis 26 27 altos, as temperaturas globais têm subido num ritmo mais rápido do que em qualquer 28 época, desde que começaram a ser medidas nos anos 1850. E as estimativas são de que

ainda aumentem de 1,8 °C a 5,8 °C, até o fim deste século. 29

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O aquecimento modificará o ciclo da água. Uma vez que o ar mais quente retém 30 31 mais água do que o frio, em algumas regiões haverá muita chuva; em outras, as secas se 32 repetirão. Tempestades e ondas de calor insuportável serão cada vez mais frequentes.

Tais variações climáticas terão forte impacto na incidência das doenças 33 34 transmitidas por insetos e naquelas disseminadas através da água contaminada.

Os insetos se tornam mais ativos no calor. O mosquito da malária, por exemplo, 35 36 requer temperaturas acima de 16 °C para completar seu ciclo de vida e necessita de água 37 para botar os ovos. Temporadas de calor e chuvas torrenciais poderão causar milhões de 38 novos casos da doença.

Ao contrário, epidemias como as do vírus do Nilo Ocidental, doença transmitida 39 40 ao homem por mosquitos que picaram pássaros infectados, costumam disseminar-se nas 41 secas, quando aves e insetos ficam mais próximos dos poucos reservatórios de água 42 remanescentes.

Já há evidências de que mudanças climáticas introduziram epidemias em regiões 43 44 anteriormente livres delas. É o caso da malária que hoje se espalha pelas terras altas do 45 leste africano em razão de um clima muito mais quente e úmido do que o habitual na 46 área.

Da mesma forma, diarreias epidêmicas, parasitoses intestinais e outras 47 48 enfermidades transmissíveis por meio da água contaminada têm sua incidência 49 aumentada, tanto por causa das dificuldades de saneamento nas secas, quanto por 50 contaminação com esgotos, lixo e dejetos de animais durante as enchentes.

No ano 2000, a Organização Mundial da Saúde calculou que doenças atribuíveis 51 52 a mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela perda de 188 milhões de anos de 53 vida por morte prematura ou incapacidade física, apenas na América Latina e Caribe; na 54 África, foram 307 milhões de anos; no sudeste asiático, 1,7 bilhão. Esses números 55 contrastam com os dos países industrializados: 8,9 milhões.

Independentemente das especulações sobre o futuro do clima, fica claro que os 56 57 mais pobres já estão pagando a conta do desmatamento e das emissões de gases dos 58 países desenvolvidos e das economias que crescem em ritmo acelerado como a chinesa 59 e a indiana.

Drauzio Varella. Folha de S.Paulo, 10 de abril de 2010.

Questão nº 75. Interpretação de texto

Pelo terceiro parágrafo do texto, pode-se inferir que

a) não há explicação possível para a evolução das espécies, uma vez que o meio termo é impossível, segundo o aforismo.

b) caso o aforismo estivesse correto no contexto das ciências, a explicação correta para a existência da espécie humana seria um meio termo entre o criacionismo e o evolucionismo.

c) é óbvio que o texto informa que o criacionismo está completamente equivocado.

d) a busca da verdade nas ciências se configura um processo que só é possível com o embate com a via religiosa.

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e) o uso de aforismos para tentar entender o mundo e as relações humanas em sua totalidade é completamente equivocado.

Questão nº 76. Sintaxe da frase

Já há evidências de que mudanças climáticas introduziram epidemias em regiões anteriormente livres delas. (linhas 43-44). Em relação à estrutura sintática do período acima, analise as afirmativas a seguir:

I. Há, em todo o período, dois casos de complemento nominal.

II. Há, em todo o período, dois casos de objeto direto.

III. Há, em todo o período, dois casos de adjunto adnominal.

Assinale

a) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. b) se todas as afirmativas estiverem corretas. c) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. d) se nenhuma afirmativa estiver correta. e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

Questão nº 77. Significação

Por aforismo (linha 5) só NÃO se pode entender, no texto,

a) ditado. b) máxima. c) provérbio. d) axioma. e) vaticínio.

Questão nº 78. Classes de palavras

Ouço as justificativas dos que o consideram uma ameaça à vida na Terra e fico com a impressão de que estão certos. (linhas 2 e 3). É correto afirmar que, no trecho acima, há

a) quatro artigos. b) seis artigos. c) cinco artigos. d) sete artigos. e) três artigos.

Questão nº 79. Uso do “porquê”

Porque a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento atingiram níveis altos, as temperaturas globais têm subido num ritmo mais rápido do que em qualquer época, desde que começaram a ser medidas nos anos 1850. (linhas 26 a 28)

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No trecho acima, empregou-se corretamente a forma PORQUE. Assinale a alternativa em que NÃO se tenha obedecido às regras de seu emprego.

a) Por que os desmatamentos são comuns vamos aceitá-los? b) Temos de verificar por que ocorrem os desmatamentos. c) É desejável sabermos por que, ainda no século XXI, não há tanta

preocupação com os desmatamentos. d) Em relação aos desmatamentos, é necessário saber por quê, mas sempre

com intenção de agir. e) Sabemos por que os desmatamentos ocorrem.

Questão nº 80. Reescritura

No ano 2000, a Organização Mundial da Saúde calculou que doenças atribuíveis a mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela perda de 188 milhões de anos de vida por morte prematura ou incapacidade física, apenas na América Latina e Caribe; na África, foram 307 milhões de anos; no sudeste asiático, 1,7 bilhão. (linhas 51 a 54)

Assinale a alternativa em que a reestruturação do período acima tenha sido feita de acordo com as normas gramaticais, respeitando-se a integridade das informações originais.

a) No ano 2000, a Organização Mundial da Saúde calculou que doenças atribuíveis a mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela perda de 188 milhões de anos de vida por morte prematura ou incapacidade física, apenas na América Latina e Caribe; no sudeste asiático, foram 1,7 bilhão; 307 milhões de anos, na África.

b) A Organização Mundial da Saúde calculou que doenças atribuíveis a mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela perda de 307 milhões de anos de vida por morte prematura ou incapacidade física, apenas na África; foram 188 milhões de anos na América Latina e Caribe; no sudeste asiático, 1,7 bilhão no ano 2000.

c) A Organização Mundial da Saúde calculou, no ano 2000, que doenças atribuíveis a mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela perda de 188 milhões de anos de vida por morte prematura ou incapacidade física, apenas na América Latina e Caribe; na África, foram 307 milhões de anos; no sudeste asiático, foram 1,7 bilhão.

d) A Organização Mundial da Saúde calculou que doenças atribuíveis a mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela perda de 188 milhões de anos de vida por morte prematura ou incapacidade física no ano 2000, apenas na América Latina e Caribe; no sudeste asiático, 1,7 bilhão ; na África, foram 307 milhões de anos.

e) A Organização Mundial da Saúde, no ano 2000, calculou que doenças atribuíveis a mudanças climáticas haviam sido responsáveis pela perda de 307 milhões de anos de vida por morte prematura ou incapacidade física na África; foi 1,7 bilhão de anos no sudeste asiático; 188 milhões, apenas na América Latina e Caribe.

Questão nº 81. Pontuação: vírgula; ponto e vírgula

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Uma vez que o ar mais quente retém mais água do que o frio, em algumas regiões haverá muita chuva; em outras, as secas se repetirão. (linhas 30 a 32).

A respeito da pontuação do período acima, analise as afirmativas a seguir:

I. A última vírgula do período se justifica por se tratar de zeugma.

II. A primeira vírgula do período se justifica por separar orações sintaticamente equivalentes.

III. O ponto e vírgula pode ser substituído por ponto, colocando-se a palav-ra seguinte com a primeira letra em maiúscula.

Assinale

a) se apenas as afirmativas I e III estiverem corretas. b) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas. c) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas. d) se nenhuma afirmativa estiver correta. e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Questão nº 82. Sintaxe do período

Da mesma forma, diarreias epidêmicas, parasitoses intestinais e outras enfermidades transmissíveis por meio da água contaminada têm sua incidência aumentada, tanto por causa das dificuldades de saneamento nas secas, quanto por contaminação com esgotos, lixo e dejetos de animais durante as enchentes. (linhas 47 a 50)

O período acima

a) é composto por coordenação. b) é composto por subordinação. c) é composto por coordenação e subordin-ação. d) é simples. e) apresenta orações reduzidas.

Questão nº 83. Concordância

Esses raios infravermelhos acabam absorvidos pelos gases liberados principalmente pelos combustíveis fósseis (metano, gás carbônico, óxido nitroso e outros), que deixaram de ser removidos da atmosfera por causa do desmatamento e da produção excessiva. (linhas 21 a 24)

No período acima, foi feita a concordância nominal correta com a palavra infravermelho. Assinale a alternativa em que NÃO se tenha obedecido às regras de concordância nominal.

a) Buscou proteção contra raios ultravioleta. b) Compraremos camisas cinza. c) Usaremos nossos uniformes azul-claros.

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d) Gostamos de carros vermelhos-sangue. e) Não sabemos onde foram parar as folhas rosa.

Questão nº 84. Coesão: catáfora

Esses números contrastam com os dos países industrializados: 8,9 milhões. (linhas 54 e 55). O pronome destacado acima tem valor

a) catafórico. b) dêitico. c) anafórico. d) expletivo. e) fático.

Gabarito

38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 E C D B A B E E D *

48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 A B D C A D E B C B

58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 D C D C C A B A B E

68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 D A E A B D B B B E

78 79 80 81 82 83 84 C A E A D D C

* - Questão anulada.

ConclusãoEncerramos o nosso segundo módulo, talvez tenham julgado muito extenso, mas

o nosso drama é a exiguidade de espaço, são quatro módulos para toda a gramática. Fiz

uma seleção bastante criteriosa, mas pode ocorrer que algum conteúdo não tenha sido

abordado. Para que nosso curso não apresente falhas lamentáveis, reforço o pedido para

que vocês entrem no fórum e indiquem conteúdos que queiram ver comentados.

O nosso curso é bem interativo, mesmo sendo (ou por ser) on-line. Peçam,

perguntem, solicitem informações. É um prazer atender cada pedido.

Encerro por aqui, deixando um abraço a todos.

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Odiombar – [email protected]

Índice Remissivo

Acentuação gráfica ............................. 84 Campo lexical . ................................... 87 Campo semântico . ............................. 87 Classes de palavras . ........................... 90 Coesão textual

Anáfora ........................................... 75 Catáfora . ........................................ 93 Conjunções . ................................... 85

Concordância Nominal .......................................... 92 Nominal .......................................... 71 Verbal e nominal . .......................... 60

Formação de palavras ................... 63, 83 Funções do “quê” . ............................. 83 Grupos consonantais . ......................... 65 Interpretação de texto58, 59, 66, 67, 69,

73, 74, 77, 79, 82, 89 Níveis de linguagem ..................... 68, 77 Ordem do tempo ................................. 72 Ortografia . ......................................... 60 Plural com metafonia .......................... 70 Pontuação

Vírgula ............................................ 92

Reticência ...................................... 80 Travessão ....................................... 62 Vírgula ........................................... 63

Reescritura . ....................................... 91 Regência verbal . ............................... 61 Relações de sentido............................ 70 Relações sintáticas . ........................... 77 Significação ........................... 69, 86, 90 Sintaxe da frase . .................... 76, 78, 90 Sintaxe do período . ..................... 76, 92 Textos

A era do tô me achando ................. 66 Após a invasão de camelôs . .......... 81 Lugares comuns que incomodam .. 72 Tempestade, calor e epidemias ...... 88 Trabalho de camelô . ...................... 85 Um sonho de simplicidade. ........... 57

Tipos de discurso ............................... 67 Tipos de texto .................................... 81 Usos

"Meio" ............................................ 64 "Porquê" ......................................... 90