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  • os famosos

    e os duendes

    da morte

    um filme de

    ESMIR FILHO

    Dossier de Imprensa

  • SinopseUm jovem de 16 anos, residente numa pequena cidade rural do sul do Brasil, relaciona-se com o resto do mundo atravs da Internet. F de Bob Dylan, refugia-se entre blogs e salas de chat. Mas a chegada cidade de um misterioso rapaz que se assemelha a Bob Dylan f-lo mergulhar em lem-branas e num mundo para alm da realidade.

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  • Sobre o realizadorNatural de So Paulo, Esmir Filho formou-se em Cinema pela FAAP em 2004. um bem sucedido realizador de curtas-metragens. A sua curta-me-tragem Alguma Coisa Assim conquistou o prmio para Melhor Argumento no Festival de Cannes em 2006, na Semana Internacional da Crtica, e ganhou o prmio para Melhor Filme no Festi-val de Biarritz. J mpar Par venceu na categoria de Melhor Filme no Molodist Film Festival, em Kiev, no ano de 2005. O seu vdeo Tapa na Pante-ra o mais visto no YouTube no Brasil, com mais de 10 milhes de acessos. A sua curta-metragem mais recente, Saliva, foi selecionada para a Sema-na Internacional da Crtica do Festival de Cannes em 2007, alm de ter conquistado o prmio para Melhor Filme no Festival de Sitges. Os Famosos e os Duendes da Morte a sua primeira longa--metragem.

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    Cahiers du Cinma

    por Nicolas Azalbert, Maio 2011

    Aqueles que descobriram Os Famosos e os duen-des da morte na edio de 2009 do Festival de Biarritz guardam dele uma recordao luminosa e sedutora. Nos antpodas de todo o folclo-re, o filme passa-se no sul do Brasil, durante o Inverno austral, numa pequena aldeia de forte presena alem. Acompanhamos o quotidiano do jovem Tambourine, um adolescente de 16 anos, previsivelmente f de Bob Dylan. Esta descentra-lizao geogrfica e musical convoca outras: fora do seu lugar, fora do seu tempo, Tambourine liga--se, atravs da internet, a outros horizontes, v repetidamente vdeos de uma jovem suicida que outrora conheceu, sonha com a viagem que far para assistir ao concerto do seu dolo. O mal es-tar adolescente tal como o filma Esmir Filho toca profundamente o cinfilo, incapaz de o dissociar do espao e do tempo. Quase sempre margem

    do enquadramento, Tambourine no reconhe-cido pelo centro, porque convocado pelas mar-gens do fora de campo. Figura central do filme, o ponto que faz a ligao entre a pequena aldeia e o exterior, assombrado pelo fantasma da jovem que se lanou da ponte, assinala o cruzamento dos caminhos onde a adolescncia se situa; a traves-sia s se faz superando o chamamento da gua. Liberta-se de Os Famosos e os duendes da morte uma claridade obscura, uma mistura de desejo e niilismo, paisagens belas e quotidiano taci-turno. A corrente alternada que alimenta Tam-bourine faz a luz tremer at provocar um apago mergulhando a aldeia na escurido. Mergulha-mos, ento, no filme como mergulhvamos nas crises de narcolepsia de A caminho de Idaho: de olhos fechados.

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    Caetano Veloso

    Os Famosos e os Livros

    O caminho entre o aeroporto Charles De Gaulle e o hotel estava cheio de anncios do iPad. Tive vontade de ter um: poder viajar com um nmero grande de livros sem carregar o peso. Trouxe a Economia fundamental, de MD Magno, a Gota de sangue, de Demtrio Magnoli, a Pri-mavera silenciosa, de Rachel Carson, e as tradu-es de Augusto de Campos para versos de Keats e Byron. Deixei na mesa de cabeceira o novo Deleuze de Roberto Machado (que j li da primei-ra ltima pgina, mas que precisaria de ter mo), uma traduo mexicana de O ser e o tempo (onde no apenas os substantivos do ttulo vm com os artigos definidos naturais em nossas lnguas, mas tambm onde toda a dificuldade de Heidegger aparece com dificuldade, no como opacidade, como acontece na traduo brasileira) e Spinoza e a poltica, de Marilena Chau. Alm da Ilada, de Haroldo de Campos (que imaginei poder usar a turn para ler na ntegra). No entanto, trouxe um livro que pesa bem menos que um iPad e sobre ele que quero falar: Os famosos e os duendes da morte, de Ismael Canepelle.O name dropping do pargrafo acima serve par pr minhas (no fundo modestas) consideraes sobre o livro de Canepelle numa perspectiva res-

    ponsa. que cheguei ao livro pelo filme e em ambos o mundo virtual tem larga presena e fun-da importncia. Na verdade, o livro foi lanado quando o filme j estava concludo, e so imagens do filme que ilustram sua capa. Mas foi o in-teresse especificamente literrio dessa pequena novela que me surpreendeu e para mim es-sencial que isso seja ressaltado.Sou de uma gerao que lia poesia. Ao redor de cervejas, declamvamos Drummond, Bandeira, Pessoa, Lorca. Em breve descobramos os auto-res de prosa lrica aqueles que o marxismo de Lukacs desprezava. Para mim, tudo comeou com Millr Fernandes sim, no Pif Paf de O Cru-zeiro, os textos dele foram as primeiras suges-tes de prosa modernista que li, menino, prefi-gurando a experincia de deslumbrar-me com os contos de William Saroyan em O jovem audaz no trapzio volante, que me fizeram sentir como se estivesse diante de algo que adivinhara e que, aos 15 anos, j chamei de moderno. Depois, num alumbramento, Clarice e Rosa. E seguindo su-gesto de Joo Augusto Azevedo Virgnia Woolf, Carson McCullers, Katherine Mansfield. Da que, quando encontrei os concretos de Sampa, no s me apaixonei pelo Miramar, de Oswald, como

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    encarei o Ulisses, de Joyce e me foi mais na-tural preferir o Finnegans Wake: quando escrevi Acrilrico, ainda no tinha lido seno as sugestes de palavras-valise em artigos dos irmos Campos.Era um culto literatura modernista que eu com-partilhava com meus companheiros de gerao. Quando se comeou a falar em ps-moderno, vi que os meninos olham para a tela do computador, e os letrados fingem que ultrapassado falar-se em McLuhan. Concordo com Augusto de Campos e Habermas: quase sempre que se fala em ps-mo-dernismo, o que se faz a defesa da produo pr--modernista. No tem graa.A prosa liricizada ensaiada por escritores sem ri-gor era rapidamente chamada de subliteratura por meus amigos. Sem dvida, a sobriedade ele-gante da escrita de Chico Buarque deve seu ima-culado gosto a essa instintiva defesa. Mas fugir da subtileza serviu tambm para cairmos em histrias policiais contadas com suposta objectividade mas-culina. Achei chato. Ismael Canepelle no precisa disso. Muitos traos do que em 1963 chamara-mos de subliteratura esto presentes em seu livro. Mas a fora de seu texto est em no ser vulne-rvel a essas indulgncias. A correnteza de meto-nmias, condensaes, sinestisias digna de um Oswald e no parecem as relaes de procedi-mentos oswaldianos to crispadas do Panteros, de Dcio Pignatari. Tudo sinceramente sentido e organicamente composto. E, mais importante, se impe por si mesmo tal como se apresenta. No

    se percebe uma querela critica atuando como pano de fundo. As sentenas interrompidas, com o pon-to caindo depois de uma preposio que indica o abismo ou de um artigo definido que aponta para a indefinio, so usos inventivos da pontuao, de gosto modernista e eficcia universal. No pice da crnica trgica, o narrador imagina que a menina gritaria para seu parceiro de pacto suicida, quando v que ele no morrer: colono filho da puta. E sabe-se logo tudo sobre os valores na cidade do in-terior gacho fundada por imigrantes. Palavras que no me saem da cabea: Geheimnis, ndreo. Talvez eu apenas deseje que um mundo de garotos leia este livro e converse sobre ele pela internet e ao vivo.Vendo o filme de Esmir Filho baseado nesse mi-nirromance, pensei que enfim materialize-se es-pontaneamente a ideia de uma esttica do frio, preconizada por Vitor Ramil. Lendo o livro, vi que, alm disso, insinua-se na literatura brasileira algo realmente ps-moderno que no renega os avanos modernistas: juntos, o filme e o livro retomam a narrativa da arte, sem que seja o viciado uso de pla-no-sequncia com cmera na mo nem a mistura de laconismo americano e realismo mgico. Prosa, me disse Augusto de Campos, meio brincando, poesia mal escrita. Exceto quando prosa que se faz como poesia. Incrivelmente, esse o caso de Os famosos e os duendes da morte. No o Retrato do artista quando jovem, mas, em seu tom elegaco, um retrato de jovem artista que no desmerece a arte da literatura.

  • Quando voc sentiu pela primeira vez o desejo pelo cinema?Eu costumava ir muito ao cinema para assistir a todo tipo de filmes. Mas um filme em especial, que vi aos 15 anos, mudou minha perspectiva. Foi Noites de Cabria, filme de Federico Fellini, de 1957. Aquela cena final em que Cabria sorri com lgrimas nos olhos e anjinhos brincam sua vol-ta me causou uma sensao indescritvel. Pensei: Isso piedade? dor? esperana? melanco-lia?. E por fim eu me dei conta de que era uma combinao de coisas. Era algo que no caberia em palavras, que nenhuma frase poderia definir. Foi ento que comecei a acreditar no poder das

    imagens para expressar sentimentos. Mesmo que a cena no seja realista, ela me mostrou algo real. Ali entrei em contato com smbolos e metforas poticas no mundo do cinema como arte pela pri-meira vez.

    Por que o tema da adolescncia to im-portante para voc?Adoro a forma como os adolescentes pensam so-bre o mundo. Suas emoes so mais intensas e eles so facilmente seduzidos pelas possibilida-des que a vida pode trazer.Comeam a descobrir muitas coisas sobre si pr-prios e tentam lutar contra seus sentimentos ocultos. O primeiro beijo pode ser assustador para uma menina que vai trocar fluidos pela pri-meira vez, como em meu filme anterior, o curta--metragem Saliva.Ou ento a primeira decepo amorosa, que pa-rece jamais ter fim para a menina que se apaixo-na pelo amigo gay, como acontece em meu outro curta, Alguma Coisa Assim.Todas as situaes que ocorreram durante nossa adolescncia parecem banais depois que cresce-mos. Mas houve um tempo em que eram aterro-rizantes para todos ns e bastante esclarecedoras tambm. por isso que gosto de falar da angstia da adolescncia e dos sentimentos de melancolia,

    Entrevista com Esmir FilhoPor Bernard Payen, em Junho de 2009

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  • rebeldia, insegurana e solido dessa fase. E tam-bm do medo do novo!

    Qual o ponto de partida de Os Famosos e os Duendes da Morte?Quando li Os Famosos e os Duendes da Morte, manuscrito de Ismael Caneppele, pela primeira vez, a poesia e a sensibilidade do texto me fas-cinaram. A histria era incrvel e me mostrou o verdadeiro sentimento de ser um adolescente nos dias de hoje, com o mundo virtual. O texto era repleto de fatos autobiogrficos, uma vez que o escritor nasceu numa cidade rural de coloniza-o alem e acabou se mudando para So Paulo ao completar 18 anos. Na obra ele descreve o rito de passagem de um menino que tem sentimen-tos mal- resolvidos em relao a si mesmo e sua cidade e que est em busca de respostas. Isto a adolescncia, pensei. Viver no lugar em que voc nasceu, porm sentindo que aqueleno o seu lugar. Eu o encorajei a publicar o li-vro e o convidei para escrever o roteiro comigo. E a tudo se tornou realidade. Fui cidade natal dele e morei l durante alguns meses, conhecen-do os lugares que ele tinha descrito no livro e os jovens que moravam l. Compreendi o forte sentimento de fazer parte de uma cultura alem, sendo ao mesmo tempo um adolescente brasilei-

    ro. Os mais idosos falam em alemo e seguem as tradies alems, ao passo que os adolescentes acreditam que a internet a nica vlvula de es-cape de uma cidade em que nada acontece. Eu queria fixar uma imagem de tudo aquilo. Esse foi o ponto de partida.

    O que o personagem Julian representa para voc?Julian um personagem bastante complexo. Por meio dos vdeos, acompanhamos seu relaciona-mento com a garota e o relacionamento deles com a cidade. A cmera de vdeo algo que os conecta, de uma piada boba a Silence Manifest. Ambos querem deixar a cidade e descobrem uma sada: a ponte. Ela morre, ele no. Todo o resto desiluso e sentimento de culpa para ele. Ele volta cidade e ento que vemos Julian pelos olhos do personagem principal. Algum a quem temer e tambm algum de quem sentir pena.Apesar de a cidade inteira culpar Julian pela mor-te da menina, o garoto decide segui-lo, na espe-rana de encontrar outra sada da cidade, como a menina fez um dia. Julian uma personalida-de magntica. Ele como um vampiro que se-duz adolescentes, porque precisa de companhia, precisa de algum que confie nele, caso contrrio lhe falta coragem para prosseguir sozinho. E essa

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  • falta de coragem o que o prende cidade, pois, ainda que ele se esforce para encontrar uma sada, a nica coisa que lhe resta a amargura. Ele faz parte daquele lugar.

    Por que escolheu Ismael Caneppele para interpretar Julian?No livro, o protagonista obcecado pela imagem de um rapaz que uma vez tentou deixar a cida-de, mas no foi bem-sucedido. Ele decide seguir esse homem para ver se, juntos, eles conseguem encontrar uma sada. Esse encontro muito mis-terioso no livro e o rapaz exerce bastante influn-cia sobre o garoto. Tive a ideia de escolher Ismael para o papel do rapaz porque ele o autor do livro. Em minha opinio, no livro, o escritor se encontra com ele mesmo quando era mais jovem. Quando vejo Ismael olhando para o menino no filme, eu o vejo olhando para o menino que foi um dia, para o menino a respeito do qual ele es-creveu no livro.

    Como foi a seleo dos jovens que atua-riam no filme?Eu queria muito trabalhar com adolescentes que vivessem na regio em que a histria se passa, porque era importante que eles tivessem a ex-perincia de morar em uma cidade pequena com

    tradies alems. Ento comecei a procurar em blogs, fotologs e Flickrs da regio, que so o lugar certo para conhecer adolescentes atualmente. Eu estava interessado em descobrir como eles que-rem aparecer na rede. Por meio da internet, eu poderia ver como eles retratavam o mundo com suas fotos e como seus sentimentos mais profun-dos eram descritos em seus blogs. Entrei em con-tato com eles e agendei entrevistas na regio.Falei com mais de 400 adolescentes e selecionei 40. Ns lhes oferecemos um workshop intensivo, com aulas de interpretao e de tcnicas de ci-nema. Dos ltimos 10 garotos, escolhi Henrique Larr para o personagem principal sem nome; Tuane Eggers para fazer a garota Jingle Jangle; e Samuel Reginatto para o papel de seu irmo, Diego. Foi a primeira vez deles no cinema. im-portante mencionar meu especial encontro com Tuane Eggers.Adorei o modo como ela retratou sua vida no fo-tolog e no Flickr, fugindo da realidade com suas fotos. Ela conseguia capturar o sentimento de ser um adolescente e transportar isso para uma foto-grafia. Todas as fotos que aparecem no filme so dela.

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  • Poderia falar sobre o estilo de filmagem?O cinemascope foi um timo conceito adotado pelo diretor de fotografia Mauro Pinheiro Jr. Sa-bamos que se tratava de um filme sobre solido. Ento ele disse que um garoto poderia se sentir muito s em uma imensa tela de cinema. Mas ele se sentiria ainda mais sozinho em cinemascope, devido aos espaos vazios do quadro. Ento fize-mos todas as sequncias com ateno aos ngulos, mantendo sempre um bom espao entre o perso-nagem e o ambiente. um filme muito sensorial, visto pelos olhos do personagem.Devemos sentir tudo o que ele sente. por isso que as sequncias longas nos fazem entrar no mundo dele e prestar ateno a cada detalhe sua volta. Queramos manter o clima real do lugar, mas tambm gostamos de compor com smbo-los que acrescentassem alguma coisa cena. Tudo bem sutil, sugestivo e muito delicado.

    Sua viso da adolescncia bastante isen-ta e universal. A relao do adolescente com as imagens, por exemplo, muito in-teressante. Ele tem uma relao solitria e bem pessoal com o computador e a in-ternet, com o MSN e os amigos com quem conversa. J a sua relao com a televiso est ligada ao relacionamento com a me.

    Atualmente, os adolescentes encontram uma ma-neira de expressar seus sentimentos mais profun-dos por meio da internet. No precisam informar o nome verdadeiro e possuem um espao prprio para contar seus segredos e compartilhar sua angs-tia. como um dirio aberto, onde podem escrever e postar fotos, vdeos e msicas. E trocam entre eles. Procurei trabalhar com esses elementos ao longo de todo o filme, porque eles ligam o menino ao mundo ao seu redor. A televiso passado e isso fica muito claro quando vemos a me dele hipnotizada pela te-leviso, enquanto ele prefere a internet. Ao mesmo tempo, a TV o nico elo para uma conversa entre me e filho na vida cotidiana. H sempre um trin-gulo: o garoto, a me, a televiso. Mesmo quando no esto vendo televiso, h um tringulo: o garo-to, a me, o cachorro. Qualquer coisa pode substi-tuir o pai nesse trio. por isso que sempre vemos um espao vazio na casa. Est faltando alguma coisa e eles esto lidando com a perda. So duas pessoas solitrias que no conseguem preencher o vazio um do outro. Perder um pai diferente de perder um marido. Eles precisam tomar conta um do outro, porm no sabem como fazer isso. O relacionamen-to de me e filho muito importante no filme. Mos-tra tudo que queremos dizer aos nossos pais e aos nossos filhos, mas no sabemos como. O livro tem passagens maravilhosas sobre isso.

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  • Como imaginou as imagens em vdeo digi-tal feitas pela personagem Jingle Jangle, a garota?Ela posta suas fotos e seus vdeos antes de se jogar da ponte, de modo que ela pudesse ser vista no mundo real como desejava ser vista. Ela transfor-mou sua vida em pixels e se imortalizou na inter-net. Seguimos caminhos paralelos no filme: o ponto de vista da garota atravs de seus vdeos e a vida real do garoto. Quando o garoto assiste aos vdeos, ele se identifica com ela. O filme realizado como se os sentimentos conectassem a vida real e os vde-os, o garoto e garota. como um site. Voc clica e sente. A voc clica de novo e h uma nova pgina a explorar. O garoto mergulha nas mem-rias e ouve msicas que o conectam garota, at uma das cenas mais importantes entre os dois: o Espelho. Ouvindo Bob Dylan, ele se v nela, eles refletem um ao outro no espelho. E ento que o garoto decide seguir Julian, o rapaz misterioso que ela tambm seguiu, em busca de uma resposta para sua vida.

    A trilha sonora do filme muito importan-te. Como a imaginou?O design do som acompanha a angstia do protago-nista. As msicas tm uma importante funo, mas os momentos de silncio so fundamentais. Trabalho

    em conjunto com Martin Grignaschi, o desenhis-ta de som, desde meu ltimo curta, Saliva. Havia vrias dicas sobre o som no roteiro. Conversamos bastante antes do incio das filmagens, porque eu precisava deixar algum espao para que o som fun-cionasse nas sequncias. Para mim, era importante mostrar a ele o primeiro copio, porque eu s faria a edio final aps me assegurar do papel que o som desempenhava em cada cena. Ento, com a edio final explorvamos a mente do garoto, criando uma percepo onrica do mundo volta dele. Tivemos liberdade para criar o clima de cada cena, usando o som para expressar um conceito ou um ideal.

    Como descobriu as msicas de Nelo Jo-hann? Voc usou as canes de maneira muito especial: como se elas constitussem uma espcie de voz interior.Ismael Caneppele me apresentou ao seu amigo Nelo, um msico de 25 anos que nasceu na cidade em que o filme ambientado. Ele no apenas a voz interior do menino, como tambm a voz de uma gerao inteira de adolescentes que navegam na web. Sua melodia sombria e doda, e as letras so irnicas e poticas. As canes me fazem lembrar um novo Bob Dylan, uma espcie de folk virtual obscuro. As letras so sempre em ingls, porque esse o idioma oficial de um adolescente cuja vida

    est sempre conectada internet.Ele grava as msicas no seu prprio PC, sem est-dio. Ele faz upload das msicas para a internet e pode-se baixar todos os seus 12 CDs com mais de 150 canes. Eu ouvi todas elas durante o desen-volvimento do roteiro. Elas me ajudaram bastante a conceber a atmosfera do filme, sombria e melan-clica.

    Os Famosos e os Duendes da Morte possui uma especificidade brasileira (por exem-plo, o lugar em que a histria acontece), contudo trata de temas universais. A ideia de ser um cineasta cidado do mundo importante para voc?A ideia de ser um cidado do mundo me faz lem-brar uma vez mais a internet. No h barreiras, fronteiras. Pode-se alcanar o mundo inteiro com um clique. As pessoas esto conectadas e compar-tilhando seus sentimentos. H uma compreenso mtua entre os adolescentes de todas as partes. E ainda me sinto um adolescente, tentando enten-der meu territrio, tentando trocar idias com o resto do mundo.

    Acha que o garoto acabar cruzando a ponte?The answer is blowing the wind (A resposta est solta ao vento).

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  • Petrobras, Dezenove Som & ImagensE Warner Bros. Pictures

    Apresentam

    Um filme de Esmir Filho

    Baseado no romance de Ismael Caneppele

    Elenco:: Mr. Tambourine Man ::

    Henrique Larr:: Julian (Bob Dylan) ::

    Ismael Caneppele:: Garota (Jingle Jangle) ::

    Tuane Eggers:: Diego ::

    Samuel Reginatto:: Me ::

    urea Baptista:: Me de Paulinho ::

    Adriana Seiffert

    Realizador Esmir Filho

    Produtores Sara Silveira e Maria Ionescu

    Argumentistas Esmir Filho e Ismael Caneppele

    Director de Fotografia Mauro Pinheiro Jr., ABC

    Direco de Arte Marcelo Escauela

    Montagem Caroline LeoneMsica Original Nelo JohannDireco de Som

    Martin GrignaschiCasting

    Patrcia FariaGuarda-roupa

    Andrea SimonettiMaquilhagem

    Danilo MazzucaProdutora de Set Lili Bandeira

    Ps-Produo Gustavo Ribeiro

    ProdutoraDezenove Som e Imagens

    Co-ProduoWarner Bros. Pictures

    Co-Produo e Vendas InternacionaisUmedia

    Produtores AssociadosIoi Filmes Etc.

    Casa de Cinema de Porto AlegrePatrick Siaretta

    Dueto Filmes

    Distribuio em PortugalAlambique

    Brasil/Frana :: 2009 35mm :: 95min

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