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A bicicleta é considera-da um meio de trans-porte ecológico, uma
vez que não emite poluen-tes ao ser utilizada. Mas o en-genheiro mecânico e artistaplástico Juan Muzzi conse-guiu fazer com que ela fosseainda mais amiga da nature-za. Em 1998, ele iniciou pes-quisas e testes de um mode-lo de bicicleta, a MuzziCy-cles, feita a partir de plásti-co reciclável, como garrafasPET, embalagens de xampue peças de geladeira. “Forammuitos anos de pesquisas einúmeros testes para se che-gar até o modelo atual. Po-rém, eu ainda quero deixá-lo ainda melhor”, garante.
Para um quadro de bicicle-ta são reaproveitadas 200 gar-rafas PET. As embalagens sãolevadas a uma empresa quegranula o material. Os grãossão enviados à outra empresa,em Indaiatuba, que derrete osgrânulos, formando os qua-dros. “No processo de produ-ção, o plástico granulado en-tra em uma máquina e é inje-tado no molde de aço. Cadaquadro demora em torno detrês minutos para ser fabrica-do. Já um quadro comum, demetal, demora em torno deduas horas”, explica o empre-sário. Em uma empresa deJundiaí a bicicleta ganha for-ma e é enviada aos clientes.
Além da vantagem do rea-proveitamento do plástico,Muzzi enfatiza outra vanta-gem da bicicleta. “Há uma eco-nomia de 96% de energia nafabricação deste modelo ecoló-gico. Além disso, evita-se a ex-tração de matéria-prima danatureza, como minério”.
ResistênciaOutra característica que
chama a atenção no modeloecológico é a resistência. Dife-rente do que muita gente ima-gina, o fato de ser uma bicicle-ta feita a partir de materiaisrecicláveis não a deixa maisfrágil, pelo contrário. “Sua re-sistência é enorme e compro-vamos isso com testes”, garan-te o engenheiro.
Em um dos testes, Muzziarremessou um quadro daMuzziCycles de uma altura de18 metros, a uma velocidadede 55 km/h, sendo “atropela-da” por um carro de 400 qui-los. Em outra prova de resis-tência, o quadro sofreu umapressão de 3,5 toneladas quan-do uma empilhadeira (2 tone-ladas) carregando um fardode papel (1,5 tonelada) passoupor cima dele. O resultado deambos os testes foi o mesmo:o quadro sofreu pequenos ediscretos arranhões.
Além de resistente, a bici-cleta ecológica também pos-sui outros diferenciais: possuimaior flexibilidade, absorveas imperfeições do solo e con-sequentemente não provoca
impacto na coluna vertebraldo ciclista e não prejudica apróstata. “O problema de fi-car muito tempo em cima deuma bicicleta é que a com-pressão na região diminui acirculação sanguínea, o quepode desencadear problemasde próstata”, frisa.
Primeiros passosPatenteado em 140 países,
o meio de transporte ecologi-camente correto é chamadopelo criador do projeto de “bi-cicleta do futuro”. “Até o mo-mento já comercializei 5 milunidades, mas ela ainda não éproduzida em larga escala”,enfatiza.
O projeto, consideradoúnico no mundo, encontrabarreiras burocráticas para seexpandir. “Estou buscandoparcerias com empresas parainiciar a produção em larga es-cala e, assim, baratear o preçopara que todos tenham acessoà bicicleta ecológica.”
Nascido no Uruguai, em1964, e naturalizado brasilei-ro, há alguns anos Muzzi con-seguiu apoio do Banco do Uru-guai para continuar com oprojeto. “Hoje, a MuzzyCyclesé vendida pelo valor de R$690. Se for produzida em lar-ga escala, acredito que esse va-lor vai ser reduzido drastica-mente.”
Mais informações sobre abicicleta ecológica e o projetode Muzzi podem obtidas no si-te www.muzzicycles.com.br.
TERESA ORRÚ
A paixão pelas artesplásticas foi um dos fa-tores para que o enge-nheiro Juan Muzzi de-senvolvesse o projetoda MuzziCycles. “Certavez fui a uma fábrica evi a quantidade de sol-da utilizada em umquadro de bicicleta.Foi a partir daí que ti-ve a ideia de criar ummodelo que não usassesolda e que reaprovei-tasse materiais que se-riam descartados.”
Mas, para que o pro-jeto fosse levado adian-te, Muzzi precisou ban-car do próprio bolsocerca de R$ 4 milhões.
“Eu era piloto de aviãoe naquela época desfizdele e da minha casapara conseguir dinhei-ro para o projeto”, re-corda.
A vontade de ver oprojeto ser reconheci-do o levou a ser rotula-do de “louco” por mui-ta gente. “Mas não li-go, pois sempre acre-ditei em meus sonhos.Certa vez me pergun-taram se eu me consi-derava inteligente.Disse que não, masque me consideravapersistente.”
Após diversos tes-tes, em 2010 a primei-
ra bicicleta foi conside-rada boa para ser utili-zada. “Mas quero queela fique cada vez me-lhor, por isso, conti-nuo observando o quepode ser feito para dei-xar o modelo ainda me-lhor.”
O próximo passo doengenheiro é desenvol-ver uma cadeira de ro-das sustentável. “Espe-ro que o projeto fiquepronto até o final doano”, planeja.
Professor pardalNão é de hoje que
Muzzi se aventura pelomundo da criativida-
de. Na década de 1970e 1980 ele foi o respon-sável pela criação debrinquedos que fize-ram parte da infânciade muitas crianças. En-tre os projetos desen-volvidos está a MolaMania e o patinete dealumínio, além do tê-nis infantil que acendeluz. “Naquela época eujá utilizava plástico re-ciclado nos brinque-dos, mas se eu falasseisso as pessoas nãoiriam comprar, pois setinha uma visão dife-rente da reciclagem demateriais do que setem hoje.”
➤ IDEIAS E IDEAIS
Um engenheiro mecânico com alma de artista
➤ RECICLAGEM
Após anos de estudo, engenheiro mecânico criou projetoinédito de bicicleta. E Jundiaí faz parte desta história
A arte de tranformar embalagensplásticas em bicicletas ecológicas
CAIO ESTEVESDIVULGAÇÃODIVULGAÇÃO
“Há uma economiade 96% de energia
na fabricação destemodelo ecológico.
Além disso, evita-sea extração de
matéria-prima danatureza, como
minério”
CAIO ESTEVES
CAIO ESTEVES
CAIO ESTEVES
RECICLAGEM Selo indica que o artigo é de material reciclável. Não utiliza solda na montagem
BELAS E PRÁTICAS Cada bicicleta pesa cerca de 14 quilos. Modelo é vendido pelo site da empresa, que já comercializou 5 mil unidades
TUDO SE TRANSFORMA Produtos plásticos, como garrafas PET e vidros de xampu, são triturados e transformados em quadros de bicicletas, muito mais resistentes que os convencionais. Meio ecológico de transporte é montado em uma empresa de Jundiaí
JUAN MUZZI “Não me considero inteligente, mas persistente com meus sonhos e ideiais”
TERÇA-FEIRA, 22 DE JANEIRO DE 2013