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Jornal de divulgação científica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
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Jornal do Inpa
Manaus, Abril/Maio 2011 - Ano III - Ed.13 - ISSN 2175-0866 Distribuição Gratuita
56 anos
www.inpa.gov.br
Os efeitos da Química
Bosque da Ciência e Ampa recebem Certificação de Mérito Ambiental
Inpa é destaque no prêmio de Jornalismo Científico da Fapeam
INCT Adapta realiza III Workshop
Mandíbula de formiga inspira criação de grampo sutura
Ações contra malária devem levar em conta características próprias de cada região
Pesquisa, feita em parceria com a
Universidade do Estado do Amazonas
(UEA), analisou os casos de malária
com fatores ambientais.
Inovações no manejo florestal para área de várzea no Estado
Por meio de análises no crescimento de espécies arbóreas da várzea, estudo prevê mudanças no ciclo de corte
Boa leitura
Pág. 02
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Pág. 03 Pág. 05
Pesquisa em mudanças climáticas poderá auxiliar na previsão fenômenos naturais extremos
Os resultados servirão de base para
gerenciar recursos e avaliar impactos
nas mudanças climáticas e na
sociedadePág. 08
Foto: Jochen Schöngart / Acervo Pesquisador
Foto: Reprodução
Manual expõe árvores de várzea da Amazônia Central
Por meio da observação dos sistemas da natureza, conhecido como técnica biônica, a pesquisa desenvolveu um grampo para utilização nos pontos cirúrgicos
Foto: IlustraçãoFoto: Acervo Pesquisador
Pág. 06
Página 02 - Abril/Maio 2011
Chefe da Divisão de Comunicação Social: Tatiana Lima (MTB 4214/MG) - Editor Chefe: Eduardo Gomes - Repórteres: Aline Cardoso, Clarissa Bacellar, Daniel Jordano, Josiane Santos e Fernanda Farias Editoração Eletrônica: Flávio Ribeiro - Revisão: Josiane Santos - Secretário de Redação: Everton Martins. Fotos: Anselmo D`Affônseca, Daniel Jordano, Eduardo Gomes e Flavio Ribeiro Tiragem: 1000 - Edição 13 - Abril/Maio 2011 - ISSN 2175-0866.Produção: Divisão de Comunicação Social do Inpa/MCT.
+55 92 3643-3100 / 3104 [email protected] www.twitter.com/ascom_inpa
www.facebook.com/inpamct
Expediente Fale com a redação
Ministério daCiência e Tecnologia
Tome Ciência
O INCT Centro e Estudo de Adapta-
ções da Biota Aquática da Amazônia
(Adapta) realizou entre os dias 18 e 20
de abril, no Auditório da Ciência do
Inpa, o III Workshop para a apresenta-
ção de resultados e discussão de
novos rumos.
O objetivo deste projeto é fazer uma
analise da expressão gênica compara-
tiva de organismos sob diferentes con-
dições ambientais. Na ocasião, foram
apresentados os trabalhos de base que
estão sendo realizados no âmbito do
Adapta para conduzir as definições
daquilo que será analisado nos novos
equipamentos adquiridos pelo projeto.
Um ponto importante é o pioneirismo
deste projeto para a Amazônia. A pro-
posta representa uma abordagem pio-
neira do ponto de vista científico.
O Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCT) foi destaque na
cerimônia de entrega do prêmio de
Jornalismo Científico da Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado do
Amazonas (Fapeam). Estudantes e
profissionais da assessoria de
comunicação do Instituto venceram
nas modalidades internet, jornal
impresso, revista e rádio.
A Assessoria de Comunicação do
Instituto teve cinco indicações ao
prêmio, mais dois colaboradores da
Revista “Ciência para Todos”, que
indicados totalizaram sete finalistas.
O evento ocorreu no Centro Cultural
Palácio Rio Negro, e elegeu as 16
melhores reportagens que estavam
dividas nas categorias comunicação de
massa e institucional.
Inpa é destaque no prêmio de Jornalismo Científico da Fapeam
O Bosque da Ciência e a Associação
Amigos do Peixe-boi (Ampa), que
trabalha em parceria com o Laboratório
de Mamíferos Aquáticos (LMA) do
Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCT), receberam o
Certificado de Mérito Ambiental
durante a 5ª Conferência Latino
Americana de Preservação ao Meio
Ambiente em Manaus.
A homenagem é uma iniciativa do
Instituto Brasileiro de Defesa da
Natureza (IBDN), uma Organização de
Sociedade Civil de Interesse Público
(Oscip) que desenvolve projetos
socioambientais.
Segundo o Coordenador do Bosque,
Jorge Lobato, receber a certificação é a
retribuição do trabalho de socialização
que o Bosque vem exercendo.
Bosque da Ciência e Ampa recebem Certificação de Mérito Ambiental
INCT Adapta realiza III
Workshop
Boa leitura| Manual de árvores de várzea da Amazönia Central
Foto: Eduardo Gomes Eduardo Gomes
Ao ler o “Manual de árvores de várzea da Amazônia Central” você irá conhecer
mais sobre a taxonomia, ecologia e uso das espécies. As florestas de várzea são áreas
alagáveis influenciadas por rios de águas brancas. É o que explica, um dos principais
pesquisadores que compõem o Manual, Florian Wittimann, em uma leitura interessante,
com gráficos, fotos e esquemas, como as florestas alagadas influenciam o clima local e
regional.
Por mais de uma década de trabalhos sobre ecologia e a ecofisiologia de árvores
de várzea, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) em cooperação
com o Grupo de Trabalho de Ecologia Tropical do Instituto Max – Planck, elaborou este
manual das florestas alagadas, para todas as pessoas interessadas na conservação e
ecologia do majestoso ecossistema Amazônico.
Os pesquisadores expõem no manual, a relevância de introduzir planos de manejo
florestal sustentáveis para manter a biodiversidade das áreas alagadas, pois essas áreas
de várzea são fontes de recursos para a grande maioria da população rural da Amazônia.
Foto: Flavio Ribeiro
importante, pois havia poucos estudos
que viabilizam essa relação”, disse.
Essa relação foi feita a partir do cru-
zamento de variáveis ambientais dos
municípios com os dados de casos de
malária. Wolfarth explica que cada
município apresentou característi- cas
próprias em relação aos casos. “Coa-
ri, por ser uma área onde predomina
a terra firme, teve relação maior
entre casos de malária e a precipi-
tação de chuvas. Já o município de
Manaca-puru, mostrou relação mais
próxima dos casos de malária com o
nível d'água já que é uma região com
mais características de várzea onde
predominam lagos em seu entorno”
declarou.
O repiquete
É um fenômeno hidrológico de osci-
lação do nível d'água, atípico em rela-
ção à sazonalidade dos rios da região
Abril/Maio - Página 03Saúde - Divulga Ciência
Ações contra malária devem levar em conta características próprias de cada região
Pesquisa, feita pelo Inpa em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), analisou os casos de malária com
fatores ambientais como a temperatura, chuva, nível d'água dos rios e repiquete em 4 cidades do Amazonas.
|Daniel JordanoDa Equipe do Divulga Ciência
As ações públicas contra o mosquito
da malária (Anopheles darlingi)
ganham mais um dado importante.
Uma pesquisa feita em parceira com o
Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCT) e a Universida-
de do Estado do Amazonas (UEA) fez
análises estatísticas de dados
que levam em conta fatores ambi-
entais de cada município estuda-
do.
Os municípios de Coari, Coda-
jás, Manacapuru e Manaus fize-
ram parte da dissertação de
Mestrado de Bruna Raquel Wol-
farth que teve como título “Análi-
se Epidemiológica Espacial,
Temporal e suas Relações com
as Variáveis Ambientais sobre a
Incidência da Malária no Período de
2003 a 2009 em 4 Municípios do Esta-
do do Amazonas, Brasil".
A pesquisa leva em consideração
itens como temperatura, chuva, nível
d'água dos rios e repiquete. De acordo
com Wolfarth, o estudo teve o intuito de
identificar relações significativas de
aumento ou diminuição dos casos de
malária em uma série de dados de 7
anos (2003 a 2009). “A finalidade de
relacionar os casos de malária com os
níveis de água dos rios, por exemplo, é
amazônica caracterizado pela descida
repentina do nível do rio em época de
cheia, ou a subida repentina do nível da
água em época de vazante. O tempo
de duração total do repiquete pode
variar de 9 a 56 dias.
No inverno, o repiquete pode causar
o aumento dos casos de Malária, pois-
quando o nível d'água baixa forma lago-
as provisórias e forma o ambiente per-
feito para a proliferação de mosqui-
tos. “Os picos dos casos de malária
ocorrem geralmente entre julho a
setembro, e quando ocorre o repi-
quete (mais freqüente em março na
região do estudo), há um pico anor-
mal de casos que ocorre em março
ou abri l” , declara Wolfarth.
Os municípios que apresentaram
o maior risco de aquisição da malá-
ria foram Manacapuru e Coari, res-
pectivamente. Os estudos podem auxi-
liar as autoridades no combate a doen-
ça à direcionar as ações de controle
ajustadas às características peculiares
de transmissão.
A pesquisa foi orientada pelo Dr.
Naziano Pantoja Filizola Júnior, da
Universidade Federal do Amazonas
(Ufam), professor colaborador no Pro-
grama de Clima e Ambiente do
Inpa/UEA
‘‘ ‘‘Quando ocorre o repiquete, há um pico anormal de casos que ocorre em março ou
abril
Foto: Acervo Pesquisador
Estudo objetiva identificar relações
de aumento ou diminuição dos casos
de malária
Página 04 - Abril/Março 2011
Tipos de solo influenciam diferenças genéticas em mandioca
No mês de abril, o III Workshop
Internacional História e Sociologia da
Química na América Latina: “autonomia
científica e saberes tradicionais na
Amazônia”, ofereceu um circuito de
mesas-redondas realizadas na Casa da
Ciência, localizada no Bosque da Ciência,
em busca de discutir o uso amplo da
química dos produtos naturais, a
fitoquímica, as cadeias produtivas e de
relacionar os saberes tradicionais (chás,
xaropes, entre outros) e científicos.
Segundo organizadores do evento,
pesquisadores do Inpa, Reinaldo Corrêa
Costa e Cecilia Veronica Nunez, está
sendo elaborado um documento com os
resultados alcançados pelo workshop,
que será encaminhado ao Conselho de
Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) e
a Academia Brasileira de Ciências (ABC).
Eles afirmam que a elaboração deste
documento servirá “para que a legislação
acompanhe a realidade da sociedade e
das pesqu isas e incent ive seu
desenvolvimento, para não torná-las
restritivas, o que favorece o atraso das
ciências e a dependência externa do
Brasil”, explicam os pesquisadores.
O pesquisador ressaltou ainda que da
forma atual tornamos o país dependente
do desenvolvimento de outros países.
“Assim impossibilita conhecermos nossa
própria natureza, biodiversidade e suas
potencialidades”, comentou Costa.
O workshop possibilitou também, o
lançamento do livro “Raimundo Lopes:
dois estudos resgatados”, organizado por
Alfredo Wagner Berno de Almeida, do
Projeto Nova Cartografia Social da
Amazônia (PNCSA –PPGSCA/UFAM) e
Heloisa Maria Bertol Domingues, do
Museu de Astronomia e Ciências Afins
(MAST).
Os efeitos da Química
Workshop procurou expor conheci-mentos químicos, discutir com os conhecimentos tradicionais amazôni-cos e sua autonomia científica
|Aline CardosoDa equipe do Divulga Ciência
|Clarissa BacellarDa equipe do Divulga Ciência
Foi constatado que o tipo de solo
em que a mandioca (Manihot escu-
lenta CRANTZ) é cultivada influen-
cia a variação genética encontrada
entre as variedades da planta. A
comprovação desse fato é resultado
da pesquisa, realizada ao longo de
dois anos, pelo pesquisador Ales-
sandro Alves Pereira, mestrando do
Curso de Genética e Conservação e
Biologia Evolutiva (PPG-GCBEv) do
Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa/MCT).
O estudo denominado “Dinâmica
evolutiva de mandioca (Manihot
esculenta CRANTZ) em três tipos
de solos manejados por caboclos na
região do médio Rio Madeira, Ama-
zonas” foi desenvolvido sob orienta-
ção do pesquisador, Charles Cle-
ment, da Coordenação de Pesqui-
sas em Ciências Agronômicas
(CPCA), em comunidades rurais de
Manicoré, no interior do Amazonas
De acordo com o pesquisador Ales-
sandro Pereira, os diferentes tipos de
solos amazônicos, onde a mandioca é
cultivada, constituem um fator impor-
tante na diferenciação genética entre
as variedades da espécie. Esses
resultados foram alcançados a partir
da análise, em laboratório, da varia-
ção em porções do DNA (denomina-
das microssatélites) das plantas cole-
tadas em diferentes roçados (áreas
de cultivo) e diferentes tipos de solo
nessas comunidades rurais.
“A mandioca é um cultivo amazônico
com uma grande quantidade de estu-
dos genéticos, entretanto o aspecto
do manejo em diferentes solos ainda
não havia sido considerado”, disse
Pereira.
As variedades de mandioca cultiva-
das na várzea são geneticamente
diferenciadas das variedades que são
cultivadas em solos de terra firme,
sejam elas manejadas em Latossolos
(solos inférteis) ou solos antropogêni-
cos (terras pretas ou mulatas, com
alta fertilidade).
“Além da diferenciação entre tipos
de solo, foi encontrada uma grande
variabilidade genética nas variedades
cultivadas na região. Na prática, estes
resultados são importantes porque
quanto mais variação genética existir
em uma espécie, maior será a proba-
bilidade de que ela possa resistir às
mudanças ambientais’’.
‘‘Com isso nós esperamos que este
estudo sirva também para a valoriza-
ção das práticas tradicionais de culti-
vo dos agricultores da região, uma
vez que eles manejam uma grande
diversidade genética e são colabora-
dores para a conservação dos recur-
sos genéticos da mandioca”, conclui o
pesquisador.
Estudo foi realizado com base na variação do DNA a partir das folhas
|Aline CardosoDa equipe do Divulga Ciência
Foto: André Monteiro
Pesquisa - Divulga Ciência
Diferentes tipos de solo, constituem
fator importante na diferenciação
genética da espécie.
Abril/Maio- Página 05Meio-Ambiente - Divulga Ciência
Estudos realizados por meio da cooperação bilateral entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e o Instituto Max Planck de Química da Alemanha, coordena-do no Inpa pela pesquisadora Maria Teresa Piedade, resultaram na implementação de uma Instru-ção Normativa (IN) pela Secre-taria de Estado do Meio Ambi-ente e Desenvolvimento Sus-tentável (SDS).
A IN nº 009 estabelecida pela SDS em 12 de novembro de 2010 define novas formas de manejo em florestas de várzea (alagáveis por água branca, rica em nutrientes). A explora-ção de madeiras na várzea, geralmente é realizada em manejos de pequena escala ou mane-jos comunitários, onde é adotado um único ciclo de corte de 25 anos e um diâmetro mínimo de corte de 50 cm para várias espécies madeireiras, independente de suas taxas de incre-mento em diâmetro e volume, estru-tura populacional e a regeneração das espécies utilizadas neste tipo de manejo.
Para o pesquisador do Instituto Max Planck, Jochen Schöngart os estudos explicitam a colaboração das pesquisas que podem auxiliar as políticas públicas em benefício da sociedade. “O estudo é um belo exem-plo da transformação de pesquisas básicas para pesquisas aplicadas
que foram visualizadas pelas políticas públicas para transformar os resulta-dos obtidos em legislação, desta mane-ira trazendo benefícios diretos e indire-tos para a sociedade brasileira”, disse. Para Piedade, a iniciativa que une políticas públicas, aliadas à pesquisa científica é de grande relevância. “Essa
importante iniciativa de moderni-dade em gestão pública deve ser louvada. Somente parcerias inte-ligentes, aglutinadas ao redor dos inte-resses da região, sua preservação e manutenção de seus ambientes únicos poderão assegurar a integridade e múltiplas funções de um de seus mais importantes patrimônios: suas áreas úmidas”, enfatizou.
Jochen explicou que juntamente com os pesquisadores Maria Teresa Piedade e Florian Wittmann partiram de pesquisas básicas para pesquisas aplicadas, modelando o crescimento da madeira de diferentes espécies arbóreas comerciais para definir espe-cificamente ciclos de corte e diâmetros
mínimos de corte, baseado em análi-ses dos anéis de crescimento (dendro-cronologia). “Mostramos por meio destas análises que tais critérios de manejo variam entre 3 e 32 anos para o ciclo de corte. Já os diâmetros mínimos de corte podem variar entre 47 e 125 cm, e que
existe a necessidade de diferenciar os manejos florestais considerando aspectos da estrutura populacional e regeneração da espécie”, explica.
O pesquisador ressaltou que o estudo na formulação do conceito GOL (Growth-Oriented Logging) publicado na revista Forest Ecology and Management, que prevê para os manejos florestais, critérios de mane-jo diferenciado entre espécies da várzea. Pesquisadores estão expan-dindo o conceito GOL para outras tipologias alagáveis capacitando jovens pesquisadores pelos Progra-
mas de Pós-Graduação do Inpa em Ecologia, Botânica, e Clima & Ambien-te no âmbito do Projeto Núcleo de Exce-lência (Pronex) coordenado pela pes-quisadora Maria Teresa Piedade.
O programa apoia grupos de alta competência que tenham liderança e papel nucleador no setor de ciência e tecnologia do Amazonas. O Pronex “Tipologias Alagáveis” conta com o apoio financeiro da Fundação de Ampa-ro à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnoló-gico (CNPq).
| Eduardo GomesDa equipe do Divulga Ciência
Inovações no manejo florestal para área de várzea no EstadoPor meio de análises no crescimento de espécies arbóreas da várzea, estudo prevê mudanças no ciclo de corte
Foto: Jochen Schöngart / Acervo Pesquisador
‘‘‘‘Existe a necessidade de diferenciar os manejos florestais considerando aspectos da estrutura
populacional e regeneração da espécie
A Instrução Normatia nº 009 define novas formas de manejo em florestas de várzea
Página 06 - Abril/Maio 2011 Pesquisa - Divulga Ciência
Mandíbula de formiga inspira criação de grampo sutura
Por meio da observação dos sistemas da natureza, conhecido como técnica biônica, a pesquisa desenvolveu um grampo para utilização nos pontos cirúrgicos
Difícil encontrar alguém que não
tenha uma cicatriz de pontos causada
por alguma cirurgia. Os pontos,
também chamados de sutura,
aproximam a pele facilitando a
cicatrização. Dentre os tipos de
sutura estão: sutura por fio
absorvível (como categute, vicryl
e dexon) e fio não absorvível
(como nylon, seda e algodão),
sutura por adesivo e sutura por
grampo metálico.
Utilizando como base os
sistemas vivos da natureza para
empregar em processos ,
técnicas ou princípios que
possam ajudar na criação de
projetos (técnica biônica), a
designer industr ia l Thays
Obando Brito da Universidade Federal
do Amazonas (Ufam) desenvolveu em
parceria com o Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) o
grampo de sutura baseado no formato
da mandíbula da formiga saúva
soldado do gêneroAtta, conhecida
como formiga cortadeira. O grampo de
sutura está entre os patenteados pelo
Inpa em 2010.
Os materiais utilizados a liga de aço
cromo e o silicone, já existem no
mercado e são de baixo custo, além do
mais, os grampos são também
coloridos, criados principalmente para
o público infanti l . “Eu me
preocupei com essa questão
psicológica para ter um diferencial
no mercado”, destaca Brito.
Ela conta que a ideia do projeto
surgiu inspirada na cena do filme
Apocalíptico, do diretor Mel Gibson,
que retrata a cultura e história das
civilizações pré-colombianas da
América Central. Em uma das cenas, a
mãe aplica a mandíbula da formiga
para su turar o fe r imento da
criança.“Observando a aplicação da
formiga na sutura que os índios ultili-
| Josiane SantosDa equipe do Divulga Ciência
zavam, comecei a imaginar e
consequentemente a criar. Foi quando
descobri nos livros de medicina sobre
sutura, que realmente eles utilizavam a
mandíbula da formiga para suturar as
feridas”, disse.
A manipulação do objeto acontece
por meio do porta agulha, instrumento
comum no centro cirúrgico, a fim
de introduzir o grampo na pele
aproximando as bordas da ferida.
“Também tive a preocupação com
a questão econômica, por isso
e s s e g r a m p o t e m o u t r o
diferencial, ou seja, o mesmo não
necessita de um instrumento
próprio, bem diferente do grampo
metálico já existente em que
necessita de grampeador próprio
para sua fixação na pele”, enfatiza
Brito. O grampo também tem um
dispositivo externo que serve como
tampa de proteção.
A pesquisa teve a orientação do
pesquisador da Coordenação de
Pesquisas em Entomologia (CPEN)
Jorge Luiz Pereira de Souza e da
professora da Ufam Magnól ia
Granjeiro Quirino.
Foto: Reprodução
‘‘ ‘‘Observando a aplicação da formiga na sutura
que os índios utilizavam,comecei a imaginar
e consequentemente a criar
Pesquisa inspirada na cena do
filme Apocalíptico, do diretor Mel
Gibson (Reprodução acima.
‘‘ ‘‘
A pesquisa tenta prever eventos extremos como chuvas mais intensas ou períodos de secas mais
severas
Abril/Maio 2011 - Página 07Ciência e Tecnologia - Divulga Ciência
Pesquisa em mudanças climáticas poderá auxiliar na previsão fenômenos naturais extremos
A precipitação (chuva) é um dos fenômenos climáticos mais importantes, sobretudo na região amazônica e, a alteração nos
padrões da precipitação causará grande impacto nas mudanças climáticas e na sociedade
As questões relacionadas à ocorrên-
cia de eventos climáticos extremos
relacionados à precipitação, tanto a
curto quanto a longo prazo, tem sido
discutidas com bastante frequência
nos últimos anos, principalmente
devido ao modo como esses
eventos vêm ocorrendo, causando
danos de ordem econômica e
social.
A proposta de pesquisa denomi-
nada: “Downscaling dinâmico de
cenários cl imáticos para a
Amazônia utilizando o modelo
WRF” é da pesquisadora Jeanne
Sousa, aluna do Programa de Pós-
Graduação em Clima e Ambiente
(CLIAMB), do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCT) e
da Universidade do Estado do
Amazonas (UEA) e com incentivos da
Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado do Amazonas (Fapeam). Os
resultados servirão de base para
gerenciar recursos e avaliar impactos.
Para regionalizar e prever com mais
mais precisão a ocorrência desses
eventos na nossa região, a técnica
de downscaling (redução da escala
para análise de dados) é uma forma de
levar em consideração a própria incer-
teza presente nos cenários de clima
futuros, que na região Amazônica, são
regidos de acordo com fenômenos
meteorológicos em diversas esca-
las de tempo e espaço.
“A pesquisa se propõe a fazer uma
análise dos dados obtidos com base
em observação de anos anteriores e
partir disso, tentar prever com mais
precisão eventos extremos como chu-
vas mais intensas ou períodos de
secas mais severas”, explica a pesqui-
sadora Jeanne Sousa. A pesquisadora
tem como orientadores os pesquisado-
res Luiz Candido e Julio Tota, do Pro-
grama da Grande Escala da Biosfera-
Atmosfera na Amazônia(LBA), e
desenvolve sua pesquisa nas depen-
dências do Inpa.
Uma das mais importantes questões
relacionadas a fenômenos climáticos
extremos – chuvas ou períodos de
seca intensos – é a capacidade de
prever quando, como e, em que pro-
porções eles acontecerão.
As previsões climáticas para o
fim do século, de acordo com o
Painel Intergovernamental
sobre Mudanças Climáticas
(IPCC), indicam que se as atuais
emissões de gases de efeito
estufa (GEE) foram mantidas,
ocorrerá um aumento de tempe-
ratura global de 1,4 a 5,0°C (gra-
us Celsius).
Nessa perspectiva que a proposta
de pesquisa se estabelece visando
avaliar uma estratégia de modelagem
regional para a Amazônia, consideran-
do uma diversidade de escalas, os
cenários climáticos existentes atual-
mente. “Com o aumento da resolução
horizontal nos modelos climáticos,
espera-se obter simulações mais rea-
listas”, diz Sousa.
| Aline CardosoDa Equipe do Divulga Ciência
Foto: Ilustração
Estudo objetiva identificar relações
de aumento ou diminuição dos casos
de malária
Página 08 - Abril/Maio 2011
A influência do Isopreno sobre o clima
Medido diretamente na folha, somente três trabalhos foram realizados: em Rondônia, por um grupo de pesquisa da Alemanha; outro em seis locais da Amazônia, por um grupo de pesquisa dos Estados Unidos; e este agora
traram que em temperaturas entre, apro-
ximadamente, 25°C e 45°C a emissão de
isopreno foi crescente, indicando que a
planta poderia emitir ainda mais do que
foi apresentado na temperatura máxima
em que foi possível expor a folha”, expli-
ca Eliane.
O aumento das emissões de isopreno
em função de mudanças de temperatu-
ra, poderá ocasionar padrões
diferenciados nas reações
químicas na atmosfera, pois o
isopreno reage com outro com-
posto chamado radical hidroxi-
la, o qual também reage com o
gás de efeito estufa metano.
No entanto, o radical hidroxila
reage de forma mais eficiente
com o isopreno, o que pode
aumentar o tempo de vida do
metano na atmosfera, intensificando o
efeito estufa.
Apesar dos resultados, Eliane lembra
que muitas pesquisas ainda devem ser
feitas, pois com os instrumentos por ela
utilizados não se pôde provocar
temperaturas maiores que 45°C na folha
e também outras espécies de plantas
devem ser consideradas.
da folhas e também de diferentes níve-
is de luz e temperatura.
Segundo Eliane, aqui na Amazônia
alguns trabalhos já foram feitos para se
saber a concentração de alguns gases
como o isopreno na atmosfera, mas
medido diretamente na folha somente
três trabalhos foram realiza-
dos: um em Rondônia, por um
grupo de pesquisa da Alemanha; outro
em seis locais da Amazônia, por um
grupo de pesquisa dos Estados Uni-
dos; e agora este realizado aqui.
Pesquisas têm apontado que o iso-
preno pode ser emitido em maior quan-
tidade em temperaturas mais eleva-
das. “No meu trabalho, eu condicionei
a planta a diferentes níveis de tempera-
tura tentando identificar e quantificar
sua emissão, os resultados demons-
Educação e Sociedade - Divulga Ciência
Pesquisa aponta que o isopreno pode ser
emitido em maior quantidade em tempera-
turas mais elevadas.
|Jessica VasconcelosDa Equipe do Divulga Ciência
Foto: Acervo Pesquisador
‘‘ ‘‘No meu trabalho, eu condicionei a planta a diferentes níveis de
temperatura tentando identificar e quantificar
sua emissão
O Isopreno é um composto químico emitido naturalmente por muitas plan-tas. Em sua composição, contém car-bono e hidrogênio, portanto este com-posto tem importância para estudos sobre o balanço de carbono e também sobre a química atmosférica, pois em decorrência de sua emissão muitas reações químicas acontecem o que tem influência direta e indireta sobre o clima.
A pesquisa realizada no Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia
(Inpa/MCT) pela aluna do Programa
de Pós-Graduação em Clima e Ambi-
ente (Cliamb) Eliane Gomes Alves,
orientada pelo pesquisador José
Francisco Carvalho Gonçalves do
Programa de Grande Escala da Bios-
fera-Atmosfera na Amazônia (LBA),
teve como objetivo saber como
alguns fatores ambientais como inci-
dência de radiação solar e temperatura
podem influenciar na emissão de iso-
preno pela planta, para isso foram sele-
cionados três tipos de folhas da espé-
cie Matamatá verdadeira (Eschweilera
coriacea), em estados de amadureci-
mento diferentes para verificar se exis-
tia a variação de emissão desse com-
posto em função de diferentes idades