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UNIVERSIDADE SO JUDAS TADEU
JOS BENEDITO TESSARINE
O MOBILIRIO URBANO E A CALADA
So Paulo
2008
JOS BENEDITO TESSARINE
O MOBILIRIO URBANO E A CALADA
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade So
Judas Tadeu, como requisito para obteno do
grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo
Orientadora: Prof. Dr. KTIA AZEVEDO TEIXEIRA
Co-orientadora: Prof. Dr. MARTA VIEIRA BOGA
So Paulo
2008
Tessarine, Jos Benedito
O Mobilirio urbano e a calada / Jos Benedito Tessarine. - So Paulo, 2008. 116 f. ; 30 cm
Dissertao (mestrado) Universidade So Judas Tadeu, So Paulo, 2008. Orientador: Prof Dr Ktia Azevedo Teixeira.
1. Mobilirio urbano. 2. Bancas de jornais e revistas. 3. Txis. I. Ttulo
CDD- 711.4
Ficha catalogrfica: Elizangela L. de Almeida Ribeiro - CRB 8/6878
JOS BENEDITO TESSARINE
O MOBILIRIO URBANO E A CALADA
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade So
Judas Tadeu, como requisito para obteno do
grau de Mestre em Arquitetura e Urbanismo
Aprovado em ____________ de 200__
Orientadora: Prof. Dr. KTIA AZEVEDO TEIXEIRA
Co-orientadora: Prof. Dr. MARTA VIEIRA BOGA
DEDICATRIA
Ao meu filho Rafael.
A minha companheira Rosane que partilhou e
incentivou este trabalho durante sua realizao,
sempre com muito otimismo, apoio e f.
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente a Universidade So Judas Tadeu por
conceder a oportunidade de complementar meu aprendizado acadmico.
A Prof. Dr. Ktia Azevedo Teixeira pela orientao durante toda a pesquisa e
concepo desta dissertao.
A Prof. Dr. Marta Vieira Boga pela co-orientao sempre presente.
Aos professores Prof. Dr. Alexandre Emlio Lipai, Prof. Dr.Adilson Costa
Macedo, Prof. Dr.Yopanan Conrado Pereira Rebello e Prof. Dr. Jos Ronald Moura de
Santa Inez pela qualidade das matrias ministradas que foram fundamentais para a
construo da pesquisa e anlise efetuadas no decorrer deste trabalho.
Ao Prof. Arnaldo de Souza Cardoso, Diretor do LACCE, grande incentivador
para o aperfeioamento acadmico.
RESUMO A presente dissertao tem como foco estudar o mobilirio urbano e as eventuais interferncias que ele provoca na caladas, bem como, de que forma as legislaes podem interferir favoravelmente no aproveitamento desse espao pblico, quando na implantao destes objetos. Para estudo foi escolhido especificamente um trecho importante do bairro de Higienpolis. Para fins ilustrativos a dissertao mostra alguns modelos, dentro da mesma tipologia, usados em outras cidades de outros pases, mostrando comparativamente o resultado de uma padronizao e a forma de comercializao deste mobilirio. O paralelo traado neste trabalho entre a aplicao do mobilirio urbano nestas diferentes cidades tende a acrescer as possibilidades de uso logstico e paisagstico, propondo o beneficio no uso e ocupao do espao para a populao. As anlises efetuadas ilustraro a ocupao da calada e utilidade do mobilirio nela incluso, bem como a problemtica que envolve esta instalao e conseqncias na circulao de pedestres pela ausncia de um estudo minucioso do ambiente a ser ocupado. Aspectos de relevncia urbana do trecho sero detalhados tambm para ilustrar o espao, onde sero apresentados, por exemplo, dados sobre a quantidade de bancas de jornal e pontos de txi ali localizados. Tambm sero abordadas as medidas elaboradas pelo poder pblico (cartilhas e leis) com o propsito de adequar a utilizao do espao, tornando-o apropriado ao ambiente urbano. Desta forma, a pesquisa e anlise permitiro apontar algumas das causas, bem como solues para os problemas identificados no trecho do bairro de Higienpolis, devido ao mau uso do espao e do mobilirio urbano. PALAVRAS-CHAVE: 1.Mobilirio Urbano - Ponto de Txi - So Paulo (SP) 2.Mobilirio Urbano - Banca de Jornal - So Paulo (SP) 3. Mobilirio Urbano - Caladas - Legislao - So Paulo (SP) I.Ttulo
ABSTRACT This dissertation focuses on studying the street furniture and any interference it causes to sidewalks, and how the laws can interfere favorably in the exploitation of public space, where the deployment of these objects. To study was specifically chosen an important stretch of the Higienpolis neighborhood. To support the search and illustrates it the dissertation shows some models within the same type, used in other countries, showing compared the result of a form of standardization and commercialization of this furniture. The parallel track in this work between the applications of street furniture in these different cities tends to increase the possibilities of use and logistics landscape, offering the benefit in the use and occupancy of space for the population. The analyses performed by graphics illustrate the occupation of the sidewalk and utility of the furniture even it, and the problems involving the installation and transit consequences of the absence of thorough analysis of the environment occupation. Aspects of relevance of the urban stretch also will be detailed to illustrate the space, which will be presented, for example, data on the amount of newspaper houses and taxi points located there. It also will show the measures drawn up by public authorities (books and laws) with the aim of adapting the use of space, making it appropriate to the urban environment. Thus, the research and analysis will point out some of the causes and solutions to problems identified in the Higienpolis neighborhood sentence due to the misuse of space and street furniture. KEY WORDS: 1. Urban Furniture Taxi Points - Sao Paulo (SP) 2. Urban Furniture -Newspaper Houses - Sao Paulo (SP) 3. Urban Furniture Sidewalk, Legislation I. Heading
Sumrio INTRODUO ...............................................................................................................12
CAPITULO 1 - MOBILIRIO URBANO: DEFINIES ..................................................15
1.1 Definies .........................................................................................................16
1.1.1 Definio do Termo .................................................................................19
1.2 Tipos Existentes................................................................................................20
CAPTULO 2 - O MOBILIRIO URBANO E O ESPAO URBANO ...............................29
2.1. Objeto de Estudo .................................................................................................29
2.1.1 Ponto de Txi Definio...............................................................................30
2.1.2 Bancas de Jornal ............................................................................................32
2.2 Local de Estudo ....................................................................................................40
2.3 Aspectos da Regio ..............................................................................................41
CAPTULO 3 - LEVANTAMENTO E CARACTERIZAO DO MOBILIRIO NA REA
SELECIONADA..............................................................................................................46
3.1 Abrigo para Txi ou Ponto de Txi........................................................................51
3.1.1 Localizao dos Abrigos e Identificao dos Tipos ........................................54
3.1.2 Modelos Semelhantes Dentro da Mesma Tipologia.......................................56
3.1.3 Modelos Semelhantes com Materiais Diferentes............................................57
3.1.4 Modelos Diferentes Dentro da Mesma Tipologia ............................................59
3.1.5 Aspectos Fsicos e a Relao com Entorno ...................................................61
3.2 Bancas de Jornal ..................................................................................................67
3.2.1 Localizao das Bancas de Jornal e Identificao dos Tipos .........................70
3.2.2 Modelos Diferentes Dentro da Mesma Tipologia ........................................73
3.2.3 Aspectos Fsicos e a Relao com o Entorno ................................................80
CAPTULO 4 - ANLISE E DISCUSSO.......................................................................86
CONSIDERAES FINAIS ...........................................................................................91
REFERNCIA BIBLIOGRFICA....................................................................................93
ANEXO I.........................................................................................................................95
Sumrio de Figuras Figura 1 - Floreira localizada na Rua Baro de Tatu, So Paulo. Autor, 2007. .............21 Figura 2 - Nascer", Daisy Nasser, alumnio laqueado, Parque Buenos Aires, So Paulo.
Autor, 2007. .............................................................................................................21 Figura 3 Floreira localizada na Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.....................21 Figura 4 - Chafariz localizado na Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007. ...........21 Figura 5 - "Homenagem ao Tango", Roberto Vivas, bronze, Parque Buenos Aires, So
Paulo. Autor, 2007. ..................................................................................................22 Figura 6 - Relgio pblico, Praa Esther Mesquita, So Paulo. Autor, 2007. ................22 Figura 7 Totens, Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007...................................22 Figura 8 - Bancos, Praa Vila Boin, So Paulo. Autor, 2007.........................................23 Figura 9 - Brinquedos infantis, Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007. ...............23 Figura 10 - Bancas de Flores, Curitiba. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br -
Consultado em 01/05/2006......................................................................................24 Figura 11- Bancas de Jornal, Curitiba. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br - Consultado
em 01/05/2006.........................................................................................................24 Figura 12 - Ponto de nibus, Av. 9 de julho, So Paulo. Fonte:
www.cidadesdobrasil.com.br - Consultado em 01/05/2006 .....................................25 Figura 13 - Ponto de txi e telefone pblico, Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor,
2007.........................................................................................................................25 Figura 14 - Lixeira, Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. .........................................25 Figura 15 - Placa de sinalizao de transito, So Paulo. Autor, 2007............................32 Figura 16 - Ponto de nibus, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado em
01/09/07...................................................................................................................35 Figura 17 - Projeto para Ponto de nibus, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado
em 01/09/07.............................................................................................................35 Figura 18 - Equipamento instalado na Austrlia, registra a organizao dos planos: um
plano de fundo paralelo guia da calada e um perpendicular, os quais so utilizados para fins publicitrios. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07..................................................................................................................................36
Figura 19 - Na Nova Zelndia alteram os desenhos das estruturas e as cores, mas mantm a mesma ordem entre eles e dada a mesma funo aos planos. Fonte: www.adshel.com......................................................................................................37
Figura 20 - No Rio de Janeiro, os desenhos dos perfis so tambm alterados, mas, assim como nos anteriores, os planos tm as mesmas relaes entre eles. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.............................................................37
Figura 21 - Em Curitiba, as relaes entre os planos tambm no alteram, somente os desenhos dos perfis estruturais. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07..................................................................................................................................37
Figura 22 - Banca de Jornal, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07...................................................................................................................38
Figura 23 - Ponto de Txi, Curitiba. Fonte: www.adshel.com.........................................38 Figura 24 - Banca de Jornal situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
.................................................................................................................................40
Figura 25 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas, Editora Abril, 2000. ..................................................................................................41
Figura 26 Ponto de txi 1, situado no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007..................................................................................................................................43
Figura 27 Ponto de txi 2, situado no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007..................................................................................................................................44
Figura 28 Banca de Jornal 1, situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.........................................................................................................................44
Figura 29 Banca de Jornal 2, situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.........................................................................................................................45
Figura 30 - Imagem demonstrativa: faixa de servio, faixa livre e faixa de acesso. Autor, 2007.........................................................................................................................50
Figura 31 - O Ponto de Txi aqui apresentado est sendo colocado como referncia de uma soluo possvel e adequada s normas de ocupao do passeio pblico.Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007 ..........................................................52
Figura 32 - Ponto de Txi. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007...................................53 Figura 33 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas,
Editora Abril, 2000. ..................................................................................................54 Figura 34 Ponto de Txi. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007..................................55 Figura 35 - Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor, 2007. ..............................................56 Figura 36 - Rua Veiga Filho prximo ao Hospital Samaritano, So Paulo. Autor, 2007.56 Figura 37 - Rua Veiga Filho, So Paulo. Autor, 2007.....................................................57 Figura 38 - Rua Jaguaribe, So Paulo. Autor, 2007.......................................................57 Figura 39 - Av. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007. ...................................................58 Figura 40 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. .....................................................58 Figura 41 - Rua Martinico Prado, So Paulo. Autor, 2007. ............................................59 Figura 42 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. .....................................................59 Figura 43 - Rua General Jardim, So Paulo. Autor, 2007. .............................................60 Figura 44 - Rua Maranho esquina com a Rua Sabar, So Paulo. Autor, 2007. .........63 Figura 45 - Foto demonstrativa. Autor, 2007. .................................................................64 Figura 46 Modelo. Autor, 2007. ...................................................................................65 Figura 47 Banca de Jornal situada Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. ..........66 Figura 48 - Avenida Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.............................................68 Figura 49 Banca da Rua Maranho esquina com a Rua Itamb, So Paulo. Autor,
2007.........................................................................................................................69 Figura 50 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas,
Editora Abril, 2000. ..................................................................................................70 Figura 51 Modelo mais comum de Banca de Jornal. Higienpolis, So Paulo. Autor,
2007.........................................................................................................................73 Figura 52 Modelo de estrutura para Banca de Jornal. Autor, 2007. ............................74 Figura 53 - Rua Albuquerque Lins, So Paulo. Autor, 2007...........................................74 Figura 54 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. ....................................................75 Figura 55 Rua Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007. .................................................75 Figura 56 Rua Martinico Prado, So Paulo. Autor, 2007............................................75 Figura 57 - Rua Maranho com Itamb, So Paulo. Autor, 2007...................................76 Figura 58 - Rua Maranho com Rua Bahia, So Paulo. Autor, 2007. ...........................77 Figura 59 - Rua Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007. ..................................................77
Figura 60 - Rua Maranho com Avenida Anglica, So Paulo. Autor, 2007. .................77 Figura 61 - Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor, 2007. ..............................................78 Figura 62 - Esquina da Rua Higienpolis com Rua Sabar, So Paulo. Autor, 2007. ...79 Figura 63 - Rua Sabar, So Paulo. Autor, 2007. ..........................................................82 Figura 64 Perspectiva 1, Rua Martins Francisco, So Paulo. Autor, 2007..................83 Figura 65 Perspectiva 2, Rua Martins Francisco, So Paulo. Autor, 2007..................83 Figura 66 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007. .....................................................84 Figura 67 - Rua Albuquerque Lins, So Paulo. Autor, 2007...........................................85 Figura 68 - Praa Esther Mesquita, So Paulo. Autor, 2007. .........................................87 Figura 69 Perspectiva de passagem, anterior ao Ponto de Txi e a Banca de Jornal
situados Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.................................................88 Figura 70 - Perspectiva de passagem, posterior ao Ponto de Txi e a Banca de Jornal
situados Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.................................................89
INTRODUO
difcil precisar, quando apareceu sobre a face da terra, o que entendemos
hoje como mobilirio urbano. O primeiro mvel pode ter sido uma esttua, um poste, um
palanque improvisado que se tornou definitivo, um banco, uma praa, um chafariz,
enfim, qualquer objeto que tenha ocupado um determinado espao, num determinado
lugar pblico, com uma determinada funo para atender a necessidade de uma
determinada comunidade, dando incio ento, histria do mobilirio urbano.
Da mesma forma que no possvel datar corretamente quando surgiu a
primeira pea do Mobilirio urbano, difcil tambm determinar onde ela estava
assentada, poderia estar em uma praa, numa calada ou no meio da rua, sendo
assim, impossvel saber qual era o seu grau de interferncia no local.
Porm, o mundo evoluiu e toda a sua organizao foi transformada, a
tecnologia se modernizou, as cidades cresceram, as distncias aumentaram, as
possibilidades de comunicao se ampliaram e as exigncias quanto aos servios
comearam a ser buscadas pelos cidados na mesma proporo. Com todas as
transformaes ocorridas, surgiram novas necessidades, entre tantas, e de maneira
generalizada, os servios rpidos, especialmente os que dependem da administrao
pblica, que levou a busca de solues eficientes como as cabines telefnicas, caixas
de correio, lixeiras, transporte urbano e outros. Paralelamente, o setor privado se coloca
visvel prestando servio a comunidade, com as bancas de jornal, totens publicitrios e
de informaes, pontos de txi, floriculturas, bancos personalizados, quiosques, caixas
eletrnicos. Gradativamente, esses objetos e mobilirios so agregados s
preocupaes dos setores pblicos, que passam a organizar e legislar sobre o seu uso
e localizao.
O tema proposto para o desenvolvimento desta pesquisa, focalizando o
Mobilirio urbano, surgiu primeiramente pela interface que estabelece entre a
Arquitetura e o Design. Com a arquitetura, a relao fundamental que o resultado de
ambos o edifcio ou o mobilirio so objetos que interagem diretamente com o homem
13
e com o espao urbano. A relao com o design est marcada pela idia de objeto e de
produto, que permitem os mais variados modelos os quais precisam e devem ser
estudados e entendidos atravs de suas formas, funes e materiais.
Uma vez definida a temtica geral e iniciados os estudos, o mundo do mobilirio
urbano se apresentou to diversificado e to imenso, que foi necessrio estabelecer
diversos contornos para a atuao, selecionando se como objetos de estudo, entre o
vasto elenco de equipamentos, dois mobilirios de porte mais expressivo, o ponto de
txi e bancas de jornal, que entre o vasto elenco de produtos so os que tm
integralmente a interface entre o Design e Arquitetura.
Mesmo definido os objetos de anlise, foi necessrio determinar com mais
preciso a linha de estudo, devido grande diversidade de enfoques que se
apresentaram. O estudo passou a ser dirigido para o mobilirio urbano em uma
localizao especfica, as caladas, reunindo nesta escolha duas importantes
condies: a localizao usual da maior quantidade dos equipamentos e a variedade de
relaes - legais, de uso, de interferncia - que estabelecem com os pedestres e com o
entorno, com o espao pblico. Quando se fala em caladas deslumbra-se um
espao sem fim de discusso, pois este um elemento que existe em grande
quantidade, necessrio e constante, acompanhando suas ruas. Para que os
levantamentos e observaes fossem melhor viabilizados, o estudo foi direcionado para
a cidade de So Paulo, mais precisamente a regio de Higienpolis, onde delimitou-se
uma rea que envolve as ruas que contornam a Avenida Higienpolis, densamente
habitada e que apresenta grande variedade e quantidade de mobilirio urbano.
O trabalho foi desenvolvido em quatro captulos, onde so abordadas as
principais questes para a compreenso das relaes dos mobilirios urbanos com o
espao pblico.
O primeiro captulo decorre na sua essncia do entendimento dos termos
mobilirio urbano e equipamento urbano, os seus significados e suas aplicabilidades
pelos mais variados segmentos pblicos e autores. Tem como intuito interar o leitor do
14
quanto grande o nmero de moblias existentes e sua importncia para a
comunidade.
O segundo captulo apresenta os equipamentos urbanos em questo; primeiramente uma amostragem para reconhecimento das suas formas e como esto
sendo difundidos no mundo, passando para suas relaes com cidades brasileiras e
rgos controladores existentes na cidade de So Paulo. Neste captulo defini-se o
objeto de estudo apresentando de forma detalhada e justificada o local escolhido para
anlise. Alm de expor os tipos analisados, avaliando o lado construtivo e esttico com
suas variaes.
Dando continuidade aos estudos, o capitulo trs apresenta o levantamento e
caracterizao dos objetos existentes na regio selecionada. Sendo um estudo de caso,
este levanta as legislaes vigentes na cidade de So Paulo e aponta as divergncias
entre os objetos identificados na regio e as regras de implantao, fazendo tambm
uma anlise mais especfica destes elementos quanto s interferncias no local e seu
entorno.
Fechando o trabalho, o quarto captulo, ilustrado com alguns exemplos
concretos, apresenta uma anlise do quanto o Mobilirio urbano, escolhido para estudo,
foi capaz de transformar um determinado espao em lugar. Com o auxlio de alguns
textos de autores que trataram deste assunto, foi possvel fundamentar a leitura destes
locais e focar a importncia destes elementos no espao pblico.
Para completar o trabalho, apresentamos um texto que resume pontos
importantes, levantados durante os estudos, os quais nos permitem ter uma noo geral
da pesquisa, e tambm nos permitem apontar as possveis causas e solues para os
problemas identificados, no Bairro de Higienpolis, com as implantaes do Mobilirio
urbano.
15
CAPITULO 1 - MOBILIRIO URBANO: DEFINIES
Como citado na introduo, difcil precisar qual foi e quando surgiu a primeira
pea do mobilirio urbano na face da terra, o que sabemos, que ela surgiu por
necessidade, e depois, outras tantas foram brotando pela terra, e sempre pelo mesmo
motivo, por necessidade. Analisando separadamente podemos entender as
necessidades especficas de cada uma. o que vamos fazer no decorrer do
desenvolvimento deste trabalho.
O termo Mobilirio urbano usado para identificar todos os objetos e pequenas
construes que ocupam um espao sobre as caladas, atendendo um objetivo
esttico, funcional ou a ambos. comum para alguns destes elementos, a presena de
mais um objetivo, como ocorre com os monumentos, que representam uma
homenagem a alguma personalidade ou memria de acontecimentos importantes na
histria de uma cidade e que tambm passam a ser referncia para identificao do
lugar.
Alguns objetos surgem no meio pblico com a inteno de embelezar o local,
como por exemplo s floreiras, as esculturas e os painis artsticos. Outros mobilirios
esto vinculados prestao de servios, com caractersticas especficas que atendem
as necessidades comuns de todo cidado urbano, como os quiosques para venda de
flores, pontos de nibus, totens de informao, telefones pblicos, pontos de txi,
lixeiras e bancas de jornal.
Quando entendemos o significado das palavras Mobilirio urbano e
identificamos a diversidade de objetos que elas representam, estendemos nossa
imaginao para saber o quanto estes objetos participam de maneira silenciosa na
16
nossa vida e quantos so no mundo, considerando que toda e qualquer cidade ou
comunidade existente na face da terra, possui um elemento atendendo as
necessidades dos cidados.
Devido importncia destes objetos e a presena constante dos mesmos em
toda cidade, a partir de um determinado tempo da histria estes elementos comearam
a ganhar a ateno das entidades pblicas, que so responsveis pelo espao pblico,
no sentido de se criarem regras para decidir a localizao e a implantao dos mesmos.
Estes objetos chamaram tambm a ateno de profissionais como os arquitetos,
engenheiros e designers, que comearam a rever os desenhos, as funes e
procuraram adequ-los melhor ao ambiente onde estavam instalados, surgindo com
isso, nomenclaturas diferentes para fazer referncia ao mesmo objeto.
1.1 Definies
H mais de uma nomenclatura, tanto na linguagem coloquial quanto
naquela mais acadmica para designar estes objetos. Encontramos definies
nas legislaes, em manuais de implantao e em registros de normas
tcnicas. Dependendo da fonte, tais objetos so tratados ora como Mobilirio
Urbano ora como Equipamento Urbano e tambm como Elemento Urbano.
A palavra moblia, no dicionrio1, aparece como sendo um conjunto de
peas com funes especficas, que ocupa um determinado espao, com
objetivo de atender determinadas necessidades dos usurios, podendo servir
tambm como adorno, e o termo urbano, se refere ao que pertencente cidade. Como na rea de design freqente o uso da denominao de
habitculo para equipamentos como, por exemplo, um ponto de nibus, a consulta foi estendida a este termo: Que define um tipo de mobilirio.
Habitao pequena e singela. 1 Dicionrio Eletrnico Houaiss da Lngua Portuguesa . www.dicionariohouaiss.com.br, 05/5/2006.
17
No livro publicado em 1966, com o ttulo, Elementos urbanos, mobilirio y
microarquitectura, de autoria de Joseph Maria Serra, arquiteto envolvido desde
1988 em projetos de urbanizao para Barcelona Espanha, na introduo,
Mrius Quintana Creus considera mais compreensvel a denominao
elementos urbanos pois, apesar do termo mobilirio ser amplamente utilizado, sempre lhe pareceu inadequado porque em muitos casos, aparece com sentido
de decorao, sendo que tais objetos so muito mais funcionais que
simplesmente objeto de adorno. Estabelece-se, ento, neste ponto de vista,
uma distino de importncia, que remete percepo e entendimento do
contedo dos termos.
Em outra fonte de consulta utilizada, o livro Mobilirio Urbano, de Claudia Mouth2 (1998), sntese do seu trabalho de dissertao de mestrado
embora a autora no se detenha na definio dos termos, faz uma anlise
isolada das peas do mobilirio urbano. Neste sentido, a partir do aspecto
funcional, estabelece algumas categorias, identificando os objetos ora como
elemento e ora como mobilirio, como podemos verificar na relao abaixo:
Elementos decorativos esculturas e painis de prdios. Mobilirio de Servio Telefones pblicos, caixa de correios, latas de lixo,
abrigos de nibus, banheiros pblicos e protetores de rvores.
Mobilirio de Lazer Bancos de praa, mesas de jogos. Mobilirio de Comercializao Bancas de jornal, quiosques, barracas de
vendedor ambulante e de flores, cadeiras de engraxate.
Mobilirio de Sinalizao Placas de logradouros, placas informativas, placas de trnsito.
2 MOURTH, Claudia Rocha - Mobilirio Urbano em Diferentes Cidades Brasileiras: Um estudo comparativo. So Paulo, FAU/USP, 1998 - Dissertao (Mestrado) Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Estruturas ambientais Urbanas) -Universidade de So Paulo - FAPESP Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado de So Paulo.
18
A ABNT, Associao Brasileira de Normas Tcnicas3, utiliza
nomenclaturas diferentes para identificar os mesmos objetos, ou seja, na norma
NBR 9283 de maro de 1986, utiliza o termo mobilirio urbano para definir que so: todos os objetos, elementos e pequenas construes integrantes da
paisagem urbana, de natureza utilitria ou no, implantados mediante
autorizao do poder pblico, em espaos pblicos e privados. Na NBR 9284
de maro de 1986, ela faz referencia a mesma definio utilizando o termo
equipamento urbano.
Outras fontes utilizadas para a definio e conceituao destes termos
foram pesquisadas nos rgos oficiais, em leis vigentes no municpio de So
Paulo.
Na Lei n 9.413 de Dez./1981, que dispe sobre o parcelamento do solo no Municpio, em seu primeiro captulo define equipamentos urbanos como sendo as instalaes de infra-estrutura urbana, tais como: equipamentos de
abastecimento de gua, servios de esgoto, energia eltrica, coleta de guas
fluviais, rede telefnica, gs canalizado, transporte de outros interesses pblico.
Na Lei n 10.315 de Abr./1987 que dispe sobre a limpeza pblica do Municpio, no art.34 determina que proibido riscar, borrar, escrever e colar
cartazes nos seguintes locais: rvores de logradouros pblicos; gradis
parapeitos, viadutos, pontes, canais e tneis; postes de iluminao, placas
indicativas do trnsito, hidrantes, caixas de correio, de telefone, de alarma de
incndio e de coleta de lixo; guias de calamento, passeios e revestimentos de
logradouros pblicos, e, bem assim, escadarias de edifcios pblicos ou
particulares; outros equipamentos urbanos (grifo do autor).
3 ABNT uma entidade de estudo e pesquisa que estabelece normas onde fixa as condies mnimas para produo e utilizao de equipamentos, execuo de obras relacionadas construo civil.
19
Segundo normas complementares Lei N 13.430 de 19 de setembro de 2002 do municpio de So Paulo, estabelece que: mobilirio urbano (grifo do autor) o conjunto de elementos, que podem ocupar o espao pblico,
destinados a funes urbansticas de: circulao e transportes; ornamentao
da paisagem e ambientao urbana; descanso e lazer; servios de utilidade
pblica, comunicao e publicidade; atividade comercial; acessrios infra-
estrutura, sendo implantados por agentes pblicos ou por ente privado
autorizado pela municipalidade.
Em setembro de 2006 foi assinada a Lei N 14.223 em que no artigo 6 define mobilirio urbano como um conjunto de elementos que podem ocupar o
espao pblico, implantados direta e indiretamente, pela Administrao
Municipal, com as seguintes funes urbansticas: (a) circulao de transportes;
(b) ornamentao de paisagem e ambientao urbana; (c) descanso e lazer; (d)
servios de utilidade pblica; (e) comunicao e publicidade; (f) atividade
comercial; (g) acessrios infra-estrutura e mais recentemente, em 01/03/2007
foi aprovada a Lei N 95/2007, que consolida a legislao sobre limpeza de imveis, onde na seo II, que trata da instalao do mobilirio urbano nos
passeios, diz no artigo 11: So condies para instalao de mobilirio urbano
nos passeios, conceituado como objetos que integram a paisagem urbana e
tm natureza utilitria ou decorativa, tais como telefones pblicos, caixas de
correio cestos de lixo, bancas de jornal, lixeiras, abrigos de nibus, placas de
sinalizao e outros.
1.1.1 Definio do Termo
Com base nos levantamentos registrados acima, principalmente
nas definies utilizadas pela ABNT Associao Brasileira de Normas
Tcnicas, que uma entidade de referncia para os rgos pblicos,
neste trabalho ser adotado o seguinte entendimento: todos os elementos,
20
objetos e pequenas construes autorizadas e colocadas disposio
pblica, so considerados mobilirio e / ou equipamento urbano.
1.2 Tipos Existentes
Quando nos referimos a mobilirio urbano, estamos falando de um
conjunto de mveis que fazem parte do meio urbano, porm, no estamos
fazendo nenhuma meno sua forma ou a sua funo; Quando especificamos
qualquer destas moblias, estamos associando a forma sua funo e nos
referindo a um objeto conhecido do nosso repertrio, possvel de ser identificado
e distinguido dentre os outros tantos espalhados pela cidade que cumprem
funes diferentes. Estamos nos referindo aos tipos de moblias existentes no
meio urbano. Os tipos esto diretamente associados funo, pois atendem a
uma necessidade especfica e como existe a diversidade de moblias, podemos
agrup-los para melhor entendimento.
A ABNT classifica tanto o mobilirio urbano (NBR 9283) como os
equipamentos urbanos (NBR 9284) por categorias e subcategorias, segundo
funo predominante. Este procedimento, que tambm foi adotado por Mourth
(1998) e por Serra (1996), seguido neste trabalho, permitindo a seguinte
identificao:
Tipo decorativo: so as floreiras, chafarizes e esculturas.
21
Figura 1 - Floreira localizada na Rua
Baro de Tatu, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 2 - Nascer", Daisy Nasser, alumnio laqueado, Parque Buenos
Aires, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 3 Floreira localizada na Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 4 - Chafariz localizado na Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007.
22
Figura 5 - "Homenagem ao Tango", Roberto Vivas, bronze, Parque Buenos Aires, So Paulo.
Autor, 2007.
Tipo informativo: so os elementos de sinalizao, totens, relgios pblicos.
Figura 6 - Relgio pblico, Praa
Esther Mesquita, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 7 Totens, Praa Buenos Aires, So
Paulo. Autor, 2007.
23
Tipo para lazer: so os bancos e brinquedos infantis localizados em parques e praas.
Figura 8 - Bancos, Praa Vila Boin, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 9 - Brinquedos infantis, Praa Buenos Aires, So Paulo. Autor, 2007.
Tipo comercial: so as bancas de jornal e bancas de flores.
24
Figura 10 - Bancas de Flores, Curitiba. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br - Consultado em
01/05/2006.
Figura 11- Bancas de Jornal, Curitiba. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br - Consultado em
01/05/2006.
Tipo pblico: so as lixeiras, telefones, postos policiais, pontos de nibus e pontos de txi:
25
Figura 12 - Ponto de nibus, Av. 9 de julho, So Paulo. Fonte: www.cidadesdobrasil.com.br
- Consultado em 01/05/2006
Figura 13 - Ponto de txi e telefone pblico, Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 14 - Lixeira, Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.
26
As fotos apresentadas neste captulo ilustram, para maior entendimento, a
classificao dos tipos de Mobilirio urbano, porm, naturalmente, o nmero de
elementos que podem ser classificados muito superior aos apresentados aqui.
A ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas, na norma NBR
92834 de maro de 1986, em sua classificao, relaciona as moblias em
categorias e subcategorias da seguinte forma:
1.1 - Circulao e Transporte.
1.2 - Cultura e Religio.
1.3 - Esporte e Lazer.
1.4 -Infra-estrutura (Sistema de comunicaes; Sistema de energia;
Sistema de iluminao pblica; Sistema de saneamento.).
1.5 - Segurana pblica e Proteo.
1.6 - Abrigo.
1.7 -Comrcio.
1.8 - Informao e comunicao visual.
1.9 - Ornamentao da paisagem e ambientao urbana.
1.1 Circulao e transporte: Abrigo para ponto de nibus, acesso ao metr, acostamento para paradas em geral, bicicletrio, calada,
elemento condicionador de trfego (quebra mola, canteiro central,
outros), espelho parablico, parqumetro, passagem subterrnea,
passarela, pavimentao, pequeno ancoradouro (trapiche, cais, per),
rampa, escadaria, semforo, sinalizao horizontal.
1.2 Cultura e religio: Arquibancada e palanque, coreto, cruzeiro, escultura, estaturia, estao de via sacra, marco, mastro, monumento,
mural, obelisco, oratrio, painel, pira, plataforma, palco, placa
comemorativa.
4 NBR 9283 - Trata do conceito e definio sobre Mobilirio Urbano
27
1.3 Esporte e lazer: Aparelho de televiso coletivo, brinquedo, churrasqueira, mesa, assentos, parque de diverso, playground,
quadras de esporte.
1.4 Infra-estrutura: Sistema de comunicaes: Caixa de correio, cabine telefnica, orelho, entrada de galeria telefnica, tampo, posteao,
fiao, torre, antena.
o Sistema de energia: Entrada de galeria de gs, tampo, entrada de galeria de luz e fora, tampo, posteao, fiao, torre, respiradouro.
o Sistema de Iluminao pblica: Luminria, poste de luz, fiao. o Sistema de saneamento: Bebedouro, bica, chafariz, fonte, tanque,
entrada de galeria de guas, tampo, grade, tampa, outras
vedaes, lixeira, respiradouro, sanitrio pblico.
1.5 Segurana Pblica e Proteo: Balaustrada, cabine (policial e vigia), defensa, frade, grade, gradil, guarita, hidrante, muro, mureta, cerca,
posto salva-vidas.
1.6 Abrigo: Abrigo, refgio, caramancho, pavilho, prgula, quiosque. 1.7 Comrcio: Banca, barraca, carrocinha, trailer. 1.8 Informao e comunicao visual: Posto, cabine, anncios (cartaz,
letreiro, painel, placa, faixa), relgio, relgio-termmetro eletrnico,
sinalizao (placa de logradouro e de informao).
1.9 Ornamentao da paisagem e Ambientao urbana: Arborizao, bancos, assentos, calado, canteiro, chafariz, fonte, escultura, esttua,
espelho dgua, jardineira, vaso, mirante, obelisco, queda d gua.
Uma outra caracterstica que diferencia os tipos e que pode ser aqui
acrescentada foi identificada a partir da nossa observao: existem, entre as
moblias urbanas, aquelas em que os usurios tm uma permanncia temporria,
quando do equipamento fazem uso, e outras, em que os usurios tm uma
permanncia constante quando dele tambm fazem uso.
28
Foram considerados equipamentos com permanncia temporria os
pontos de nibus e as cabines telefnicas, uma vez que, no caso dos pontos de
nibus, os usurios so passageiros que tem o seu tempo de permanncia
determinado pela passagem do nibus e, no caso das cabines telefnicas, o
tempo do usurio determinado pela durao da conversa, e esta - quando no
interrompida pela vontade prpria - determinada pela durao do carto que
habilita o uso do aparelho.
Por outro lado, podem ser entendidos como equipamentos com
permanncia constante as bancas de jornal e os pontos de txi. No primeiro
caso, a prpria forma de comercializao, onde h troca de mercadoria por
dinheiro, a configurao do equipamento e a forma como ficam expostos os
produtos comercializveis (jornal, revistas), so condies que tornam
indispensvel a presena de uma pessoa para controle das operaes,
caracterizando assim a banca de jornal como um local de permanncia
constante, enquanto, temporariamente, ficam os consumidores. Em relao ao
ponto de txi, como um equipamento pertencente a um grupo de pessoas,
comum a presena de um ou mais proprietrios no seu habitculo, espera de
passageiros, observando assim, a permanncia constante de pelo menos um
elemento no local de trabalho.
29
CAPTULO 2 - O MOBILIRIO URBANO E O ESPAO URBANO
Como j sabemos, o mobilirio ou equipamento urbano implantado numa
cidade pode ser visto como um elemento de decorao, e traz consigo a funo que o
identifica e o qualifica como um prestador de servio comunidade, tornando-se assim
imprescindvel no meio urbano. Decorativo ou no, est sempre vinculado a uma
necessidade do cidado. Alm disso, todo equipamento urbano, para justificar sua
existncia, necessita da ao do homem e assim como um simples banco de praa, as
bancas de jornal, os pontos de nibus e os pontos de txi, so elementos de interao
plena entre o usurio e o objeto, exigindo tambm que seu desenvolvimento seja pleno,
levando em considerao aspectos antopomtricos, ergonmicos, funcionais e
construtivos.
2.1. Objeto de Estudo
Independente da localizao geogrfica dos mobilirios urbanos - praas,
parques e caladas - eles demandam as mesmas atenes em relao ao
contexto em que se inserem. So encontradas em praas, parques e caladas
da maioria das cidades existentes no mundo. Entretanto, para esta pesquisa, os
equipamentos de maior porte passam a ser mais interessante porque as relaes
que estabelecem com o espao urbano podem ser melhores e mais facilmente
percebidas. Considerando isto, foram selecionados como objeto de estudo dois
elementos - o abrigo para txi, mais conhecido como ponto de txi e a banca de
jornal.
O trabalho prope estudar seus aspectos formais, construtivos, funcionais
e suas relaes com a ocupao do espao, mais especificamente os
localizados nas caladas, levando em considerao as legislaes vigentes que
30
controlam sua implantao. Segundo Gordon Cullen, Quando olhamos uma
coisa vemos por acrscimo uma quantidade de outras coisas.5 Esta afirmao
refora a necessidade de que os elementos devam ser implantados no espao
pblico considerandose as possveis interferncias do mobilirio na circulao
de pedestres, na identidade do local e na paisagem.
2.1.1 Ponto de Txi Definio
Todos ns encontramos com facilidade este mobilirio mesmo
porque a maioria deles identificada por uma placa escrita Ponto de
Txi ou ento o reconhecimento ocorre pela quantidade de carros
brancos, que cor oficial dos txis na cidade de So Paulo, parados a
beira da calada e em frente ao chamado ponto de txi.
A prefeitura de So Paulo, para fins de aplicao da Lei N 14.2236,
no captulo 03, artigo 22, inciso 21, define abrigo para txi como
instalaes de proteo contra as intempries, destinados a proteo dos
usurios do sistema regular de txis, devendo, em sua concepo, definir
os locais para veiculao de publicidade e painis informativos referentes
ao sistema de transporte e sua integrao com o metropolitano.
Segundo a ADETAX7, as empresas operadoras de frota de txi em
So Paulo tiveram sua regulamentao em 1969, atravs da Lei N 7.329.
Esta lei, chamada pelos taxistas de Lei dos Txis, foi criada para
regulamentar esta atividade, caracterizada como transporte de interesse
5 CULLEN, Gordon. Paisagem Urbana - Editora: Edies 70: Portugal, 1961.(p.10). 6 Lei N 14.223, de 26/09/06, dispe sobre a ordenao dos elementos que compem a paisagem urbana do Municpio de So Paulo. 7 ADETAX Associao da Empresas de Txi de Frota do Municpio de So Paulo. Fonte: www. adetax. com.br. Consulta: 23/09/2007.
31
pblico. Tambm segundo a Adetax a profisso de taxista existe em So
Paulo desde 1902. No final da dcada de 1950 e incio da dcada de 1960
muitos motoristas tinham mais de um txi, alguns com 10 ou 15 carros, j
constituindo uma pequena frota. Na poca poucas pessoas possuam
automveis, tornando o txi um meio de transporte muito requisitado, tanto
que os motoristas trabalhavam em dois turnos, dividindo o mesmo veculo,
um trabalhava durante o dia e o outro durante a noite. No prazo de cinco
anos de vigncia da lei, surgiram 237 empresas de Txi, majoritariamente
micro empresas familiares. Cinco anos depois restavam 130 e atualmente
so 58 empresas.
Atualmente, a quantidade de txis em So Paulo uma das maiores
do mundo. Esto inscritos na cidade 32766 txis, nmero inferior apenas
ao da frota da cidade do Mxico que possui 36000 unidades, superando
portanto outras grandes metrpoles como Londres, Paris, Nova York,
Buenos Aires. A explicao do porque desta quantidade pode ser
deduzida, por exemplo, a partir das informaes da Prefeitura do
Municpio de So Paulo8 sobre o movimento que ocorre nos dois
aeroportos da cidade, Congonhas e Cumbica: so 8,7 milhes de
desembarques por ano, sem contar os nmeros de pessoas que circulam
pelos terminais rodovirios. Esta circunstncia, somada s necessidades
de transporte rpido, deficincia dos transportes coletivos (nibus e
metr) e distncia entre os vrios centros comerciais existentes, explica
o nmero de profissionais envolvidos com esta atividade, e que
justamente para melhor atenderem a demanda, posicionam-se prximos a
locais de grande concentrao de pessoas como shoppings, escolas,
cinemas, hotis e hospitais.
Os pontos de txi atualmente so distribudos atravs de sorteio
realizados pela Secretaria Municipal de Transporte da prefeitura de So
8 Informao obtida atravs do site Portal da Cidade, www.prefeitura.sp.gov.br, acessado 15/8/2007.
32
Paulo. Segundo reportagem publicada pela ADETAX9, a prefeitura de So
Paulo, no ano de 2005, ofereceu 4195 vagas em pontos de txi. Como
procedimento bsico, a prefeitura localiza as reas com demanda,
procede a um levantamento para identificar a capacidade fsica em cada
local (nmero de vagas) e realiza o sorteio. O ponto, uma vez definido,
recebe uma placa de identificao, que o situa como rea exclusiva para
estacionamento de txi, um nmero de registro e a especificao da
quantidade de vagas. A placa fixada em um poste alocado beira da
calada, como mostra a Figura 15:
Figura 15 - Placa de sinalizao de transito, So Paulo. Autor, 2007.
2.1.2 Bancas de Jornal
Ao contrrio do mobilirio urbano, a denominao banca de jornal
parece no oferecer qualquer controvrsia.
9 ADETAX. SORTEIO DE PONTOS. Inscries abertas! Frotas de Taxis auxiliam Taxistas. Notcias. 2005. http://www.adetax.com.br/not_frm.asp?not_id=98. acessado em 12/04/2007
33
A Lei N 14.223 de 26/09/2006 apresenta uma relao de elementos
considerados mobilirio urbano, e se refere Banca de Jornal, sem se
ater a uma definio especfica. O mesmo ocorre em relao a uma outra
fonte oficial, a Lei N 10.072 de 09/06/86,10 no artigo 1: A instalao de
bancas destinadas venda de livros culturais, jornais e revistas novas,
bem como destes mesmos peridicos usados, em logradouros pblicos,
somente se dar perante permisso de uso, em locais designados
previamente pelo Executivo, na forma da Lei.
As referncias idia de Banca de Jornal - elemento indispensvel
hoje no cotidiano das cidades - existem h muito tempo; Uma delas11
relata que a profisso de jornaleiro surgiu no fim do sculo XIX e incio do
sculo XX, quando ento os jornaleiros, a cavalo ou a p, levavam as
notcias do dia ao pblico. Todas as manhs, com sol ou chuva, garotos e
adultos iam para as ruas centrais das principais cidades e ofereciam
jornais aos leitores, de mo em mo. No decorrer do tempo, foram
surgindo as bancas especializadas na venda de jornais e revistas.
Neste sentido, a denominao que usualmente utilizada parece
bastante adequada: no dicionrio Houaiss, o termo banca definido como
sendo mesa rstica ou improvisada, geralmente, um estrado sobre
cavaletes, em que feirantes, mercadistas, camels etc. expem suas
mercadorias. Como se pode constatar, este conceito aplicado nos
mercados e nas feiras livres existentes nas cidades. O outro termo, jornal,
segundo a etimologia, significa livro de registros de atos, livro de preces
para uso cotidiano dos clritos. Assim, entende-se que as bancas
surgiram a partir de um tablado que era usado para expor diversas
mercadorias, passando a ser utilizada tambm para expor jornais e,
10 Esta Lei dispe sobre a instalao de bancas de jornal e revistas em logradouros pblicos, e d outras posies. 11 Jornaleironline do jornal O Estado, http://www.jornaleironline.com.br/oesp/va/jol/Index0.htm, acessado em : 20/07/2007.
34
posteriormente, pela necessidade de proteger os produtos contra as
intempries, agregou-se banca alguma forma de cobertura.
Justamente por ser um mobilirio bastante necessrio comunidade,
as bancas de jornal so um produto de grande procura pelas entidades
pblicas e privadas, provocando uma demanda significativa, o que fez
com que surgissem no mundo, principalmente na Europa, empresas que
se tornaram especializadas no desenvolvimento, comercializao e
implantao desses produtos, como a Clear Channel Adshel12 na
Inglaterra, a Cemusa na Espanha e a JCDecaux Design na Frana.
O desenvolvimento de novos modelos no mercado de Equipamentos
Urbano acompanhou o surgimento de novos materiais e de novas
tecnologias desenvolvidas pelas indstrias no mundo inteiro, permitindo
assim, que o desenho concebido na Inglaterra pudesse ser reproduzido
fielmente em qualquer pas de interesse. Os produtos desenhados por
estas empresas, seguem uma linguagem padronizada, porm, para que
sejam adequados aos diferentes espaos onde sero implantados,
permitem alteraes, efetuadas dentro de determinados limites, de
maneira que no haja descaracterizao da sua configurao inicial.
Assim, por exemplo, com o intuito de adequar o design e a
funcionalidade das peas s caractersticas da cidade, a empresa Clear
Channel Adshel, contratou um arquiteto brasileiro13 para desenvolver
equipamentos exclusivos para o mobilirio local (Figura 16). Porm,
quando observamos o resultado e o comparamos com outro produto da
mesma tipologia, desenhado pela Adshel para outro pas, encontramos 12 A Clear Channel Adshel uma das maiores empresas do mundo no desenvolvimento de mobilirio urbano para mdia exterior. Atua em 50 pases dos cinco continentes, entre eles o Brasil. Alm de Curitiba e Rio de Janeiro, tem seus produtos em outras 11 cidades, como Niteri, Americana, ABC, Campinas, Jundia, Piracicaba, Ribeiro Preto, So Carlos, So Jos do Rio Preto, So Paulo e Sorocaba, conforme o prprio site divulga. 13 O arquiteto contratado foi Manoel Coelho de Curitiba.Fonte: www.adshel.com.Consultado em 01/09/07.
35
apenas diferenas pouco significativas, relacionadas s posies dos
painis, s cores e aos detalhes decorativos das estruturas, mantendo a
mesma configurao proposta no desenho original (Figura 17) 14.
Figura 16 - Ponto de Txi, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.
Figura 17 - Projeto para Ponto de nibus, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado
em 01/09/07.
14 O modelo original foi desenhado para Clear Channel / Adsel, pelo arquiteto norte americano Richard Mier. Fonte: www.adshel.com, consultado em 01/09/07.
36
O modelo desenvolvido originalmente prope a confeco de
estruturas leves construdas em alumnio extrudado, e a cobertura em
policarbonato, com opo ainda de chapas lisas galvanizadas, como
mostram as figuras acima. O desenho estabelece um painel plano no
fundo, paralelo guia da calada e um outro painel em uma das laterais,
fixado perpendicularmente ao plano do fundo. Todos os painis so
utilizados para divulgao publicitria. Em alguns casos, no interior do
mobilirio colocado um apoio ou um assento para descanso do usurio.
Com o intuito de demonstrar o que foi apontado anteriormente as
fotos a seguir documentam a difuso globalizada de um modelo padro
para estes equipamentos: o abrigo para nibus, implantado na Austrlia
(Figura18) apresenta a mesma configurao do abrigo implantado na
Novazelndia apresenta a mesma configurao do abrigo implantado na
Nova Zelndia (Figura 19) que semelhante ao abrigo implantado no Rio
de Janeiro (Figura 20), que tambm semelhante ao abrigo de Curitiba
(Figura 21).
Figura 18 - Equipamento instalado na Austrlia, registra a organizao dos planos: um plano de fundo paralelo guia da calada e um perpendicular, os quais so utilizados
para fins publicitrios. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.
37
Figura 19 - Na Nova Zelndia alteram os desenhos das estruturas e as cores, mas mantm a mesma ordem entre eles e dada a mesma funo aos planos. Fonte:
www.adshel.com.
Figura 20 - No Rio de Janeiro, os desenhos dos perfis so tambm alterados, mas, assim como nos anteriores, os planos tm as mesmas relaes entre eles. Fonte:
www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.
Figura 21 - Em Curitiba, as relaes entre os planos tambm no alteram, somente os
desenhos dos perfis estruturais. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.
38
Com a inteno de dar mais aplicabilidade estrutura desenvolvida,
o desenho permite que ela seja adaptada para outros fins, como exemplo
para uma banca de jornal ou ainda para um ponto de txi, como
demonstram as fotos do mobilirio implantado em Curitiba.
Figura 22 - Banca de Jornal, Curitiba. Fonte: www.adshel.com. Consultado em 01/09/07.
Figura 23 - Ponto de Txi, Curitiba. Fonte: www.adshel.com.
As empresas envolvidas com a produo destes mobilirios (citadas
anteriormente), por serem voltadas venda de espaos publicitrios,
desenvolveram os mesmos com o intuito de obter, como resultados,
planos visveis tanto para os usurios destes objetos como para os
transeuntes. Estes planos so utilizados para divulgao dos produtos dos
39
seus clientes e, por isso mesmo, os modelos desenvolvidos se
apresentam necessariamente com a mesma configurao, que baseada
na organizao destes planos, ficando estabelecida uma linguagem
comum a qualquer lugar onde so implantados. Muitas vezes, pela prpria
rigidez do desenho e pelas prprias necessidades, este mobilirio
instalado desconsiderando as condies urbansticas e culturais do local.
Em So Paulo encontramos uma situao semelhante quando
observamos alguns desses equipamentos implantados nas caladas: facilmente constatado que no houve nenhuma preocupao com o
entorno do objeto. Por outro lado, quando comparamos a forma de
comercializao destes objetos aqui, esta diverge de forma substancial
daquela realizada em outros pases e at mesmo em outras cidades
brasileiras. Apesar de ser a maior e mais rica cidade do pas, em So
Paulo muitos destes produtos so encomendados a empresas no
especializadas na fabricao destes elementos; so muitas vezes
serralherias que, com base em um modelo existente, se limitam a
reproduzir a forma, sem conhecimento das necessidades do produto ou
das necessidades dos usurios.
Os consumidores destes produtos, por sua vez, so diferentes
grupos formados por particulares, desvinculados de qualquer entidade
administrativa. Eles se organizam e decidem, com critrios prprios o que
desejam obter como cobertura, sem ter qualquer orientao de um rgo
superior ou de um profissional, como um arquiteto ou designer,
obedecendo apenas a algumas regras dimensionais para a implantao
sobre a calada. Neste sentido as bancas de jornal e os pontos de txi so
exemplos conhecidos encontrados na cidade de So Paulo, que so
idealizados, construdos e instalados pelos seus donos sem que um
estudo do objeto e cuidados com o local fossem exigidos, inexistindo
tambm qualquer relao formal entre eles, como demonstra a foto
40
abaixo, onde aparece em primeiro plano uma banca de jornal e em
segundo plano um ponto de txi15.
Figura 24 - Banca de Jornal situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
2.2 Local de Estudo
Como o objeto de estudo trata da ocupao e das interferncias destes
elementos no espao urbano, mais especificamente sobre os passeios, foi
escolhida uma regio localizada dentro da cidade de So Paulo que, com a
maior concentrao de populao do pas e a grande extenso da rea
urbanizada, apresenta conseqentemente um nmero alto de mobilirio em geral
e, em particular, daqueles que so objeto deste estudo. A rea selecionada
compreende a Avenida Higienpolis e as ruas que esto imediatamente ao seu
entorno; composto por doze quadras e o permetro constitudo por oito ruas,
que so as ruas Maranho, Rio de Janeiro, Veiga Filho, incio da Rua Jaguaribe,
trecho da Rua Martim Francisco, trecho da Rua Marques de Itu, parte da Rua
15 Equipamentos localizados na Rua Martinico Prado, prximos a Avenida Anglica.
41
Veridiana e parte da Rua Itamb, conforme demonstra mapa abaixo16 mostrando
tambm a localizao dos pontos de txi e das bancas de jornal:
Figura 25 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas, Editora
Abril, 2000.
2.3 Aspectos da Regio
A escolha da regio est pautada no significado do bairro, dentro da
capital paulista: , historicamente, um dos bairros mais tradicionais de So Paulo,
com grande densidade populacional e alta concentrao de edifcios de alto
padro, condies que favorecem a demanda para os mobilirios escolhidos.
16 Mapa retirado do Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo - Quatro Rodas, Editora Abril.2000.
42
No interior do bairro, ainda encontramos antigos casares que registram
seu nascimento, misturados com edifcios de habitao mais modernos que
ilustram o seu desenvolvimento. Muitos dos prdios significativos esto
vinculados, hoje, rea de educao e de servios especializados, atraindo
diariamente populao de outras regies. Nesse sentido, entre as mais antigas
construes, encontramos a Vila Penteado, erguida em 1903, doada
posteriormente ao governo do estado, e onde hoje funcionam os cursos de ps-
graduao da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, pertencente
Universidade de So Paulo, FAUUSP. Ainda no mbito da educao, esto
presentes no bairro algumas das escolas mais tradicionais da cidade, como a
Universidade Mackenzie, o Colgio Rio Branco e o Colgio Sion. Ainda nas
proximidades, localiza-se o Museu de Arte Brasileira, que pertencente FAAP -
Fundao Armando lvares Penteado, onde funcionam tambm vrias cursos de
nvel superior. Alm disso, uma regio que concentra uma grande diversidade
de casas comerciais especializadas, trs supermercados e um shopping center,
denominado Espao Higienpolis.
No campo da sade, o bairro dispe de dois hospitais, o Hospital
Samaritano e a Santa Casa de Misericrdia, contando ainda, nessa rea, com
variadas especialidades laboratoriais e clnicas mdicas, concentradas
principalmente nos edifcios localizados na Avenida Anglica e Rua Itacolomi.
Com uma infra-estrutura completa e populao de alto poder aquisitivo,
tambm se verifica no bairro, relativamente ao conjunto da cidade, um melhor
padro de urbanizao e de servios pblicos, em correspondncia maior
qualidade dos edifcios: caladas mais amplas, arborizao pblica farta,
servios de limpeza de ruas mais constantes, reas ajardinadas e uma grande
diversidade de equipamentos urbanos instalados na regio: lixeiras, canteiros,
caixas de correio, floreiras, pontos telefnicos, bancos, bancas de jornal, pontos
de nibus, abrigos para txi e outros.
43
Embora o bairro como um todo e, portanto, a rea interna selecionada
para estudo, apresente um padro de urbanizao e de cuidado superior
maioria da cidade, foram encontrados a partir do levantamento realizado, uma
grande quantidade de mobilirio com solues construtivas diversificadas,
improvisaes, variaes na utilizao dos materiais, nas cores e nas estruturas
e, pelo resultado se constata grande flexibilidade - ou ausncia - de critrio das
implantaes em relao ao espao pblico. Essas alteraes aconteceram por
que o desenvolvimento e as implantaes destes equipamentos foram feitos
pelos prprios proprietrios que, alm de no terem uma formao profissional
que os capacite para considerar as relaes desses objetos entre si e com o
entorno, tambm no recebem qualquer orientao das entidades pblicas neste
sentido.
Nas fotos abaixo temos a comparao entre dois produtos pertencentes
ao mesmo grupo tipolgico, os quais, embora estejam localizados na mesma
regio apresentam-se com linguagem completamente distinta, confirmando a
inexistncia de preocupao pblica, neste sentido:
Pontos de Txi
Figura 26 Ponto de txi 1, situado no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
44
Figura 27 Ponto de txi 2, situado no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
Bancas de Jornal
Figura 28 Banca de Jornal 1, situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
45
Figura 29 Banca de Jornal 2, situada no Bairro de Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
notvel a diferena, dentro do espao da cidade, quando encontramos
equipamentos que contemplam a idia de conjunto e que, pelo melhor resultado
de sua implantao relativamente cidade, deixam transparecer a presena de
ordenamentos e critrios oriundos do poder pblico. Este o caso, no Brasil, dos
mobilirios implantados no Rio de Janeiro e em Curitiba, por exemplo, que foram
concebidos no s para atender as necessidades do usurio, mas tambm com
a clara inteno de se obter uma linguagem padronizada e coerente, e cuja
localizao e implantao esto subordinadas s regras vigentes para ocupao
do espao. H nestas situaes - ainda raras no pas a preocupao do poder
pblico em criar regulamentos e exigncias que visam diminuir os conflitos
habituais entre o mobilirio e o trnsito de pedestres, o mobilirio e o local, o
mobilirio e a paisagem da regio.
Considerando o aspecto funcional dos dois tipos escolhidos para estudo -
ponto de txi e banca de jornal - e caracterizando-os como mobilirios habitveis,
algumas variveis sero analisadas detalhadamente no prximo capitulo:
acessibilidade, visualizao, localizao, ocupao no espao, iluminao e
conforto.
46
CAPTULO 3 - LEVANTAMENTO E CARACTERIZAO DO MOBILIRIO NA REA SELECIONADA
Esta dissertao tem como um dos objetivos avaliar as possveis interferncias,
de determinadas moblias instaladas numa determinada regio escolhida na cidade de
So Paulo. As moblias selecionadas para estudo so as bancas de jornal e os pontos
de txi, que esto localizados e implantados nas caladas das ruas que circundam a
Avenida Higienpolis.
Este estudo poderia se estender aos mais variados tipos do mobilirio
encontrado na regio e tambm contemplar estes mesmos objetos em outras
localizaes, como por exemplo, os implantados nas praas.
Com o recurso do pavimento que identifica e demarca, as caladas j era um
elemento conhecido de diversos povos tribais, e superfcie que definiam
correspondiam atividades de importncia a execuo dos rituais religiosos e dos rituais
de poder. Desde h muito seu significado est ligado idia de percurso pavimentado,
destinado aos pedestres e , sem dvida, nos dias atuais, um elemento que pode
informar sobre as relaes de cuidado dos governantes com os espaos destinados
circulao da populao, expondo o nvel de civilidade de uma cidade, de um pas.
Segundo Yzigi,17 O espao de circulao legitimamente pblico (YZIGI,
2000:341), vem, portanto, do reconhecimento da importncia do papel da calada como
elemento urbano, da forte relao que existe entre o pedestre e ela, e tambm da forte
relao de uso entre o pedestre e os servios oferecidos por pontos de txi e bancas
17 YZIGI, Eduardo. O Mundo das Caladas.So Paulo:Humanitas / FFLCH / USP, Imprensa Oficial do Estado, 2000.
47
de jornal, a escolha da mesma como o espao preferencial, onde sero estudadas e
analisadas as relaes dos mobilirios em questo, nesta pesquisa.
Como de se presumir, porm, um mobilirio mal posicionado ou super
dimensionado em relao calada, acaba limitando o curso e criando um fator de
impedncia18. Neste sentido, estes mesmos objetos, observados pelo aspecto formal e
por suas relaes com o entorno, podem criar interferncias desde o grande
estreitamento da circulao prioritria do pedestre, ao prejuzo em relao a vistas mais
agradveis, com a ocultao parcial do jardim de um prdio, que originalmente foi
pensado, enquanto projeto, para ser visto por todos os lados, como uma rea de
embelezamento, receptiva aos moradores, visitantes e agradvel ao transeunte.
Nessa mesma linha de raciocnio, Gordon Cullen, nos alerta para uma evidente
realidade: Quando olhamos uma coisa vemos por acrscimo uma quantidade de outras
coisas (CULLEN, 1961:10), e de fato assim que acontece, muitas vezes, no
cotidiano, quando nos deparamos com um desses objetos em nosso caminho.
Refletindo sobre esta afirmao e aplicando o conceito a uma determinada banca de
jornal, por exemplo, podermos imaginar que aquele habitculo contm a histria do
universo, a vida de pessoas contadas em pginas, festas e tragdias dividindo o
mesmo espao, enfim, podemos imaginar que ali uma fonte inesgotvel de
informaes. E quando olhamos novamente a mesma banca de jornal, vamos ver
outras coisas como um elemento slido que tem uma configurao, que composto por
inmeros materiais, que tem volume, que ocupa um lugar sobre a calada, que obstrui a
paisagem e que tambm um obstculo que nos obriga a mudar a trajetria para
continuarmos o nosso caminho. De maneira diferente acontece com o abrigo para txi
que, por ter uma estrutura menor e ser um elemento vazado, no obstrui tanto a viso,
porm, quando olhamos este mesmo objeto que ocupa um espao sobre a calada e
participa de uma rea que contem outras inmeras informaes, ele pode estar se
18 Fator de impedncia: elementos ou condies que pode interferir no fluxo de pedestres, tais como mobilirio urbano, entrada de edificaes junto ao alinhamento, vitrines junto ao alinhamento, vegetaes, postes de sinalizao.(Decreto N 45.904 de 19 de maio de 2005).
48
contrapondo a estas informaes, causando um desconforto visual e descaracterizando
o lugar onde est situado.
Segundo Arnheim19, Para fins da vida cotidiana, o ver essencialmente um
meio de orientao prtica de determinar com os prprios olhos que uma certa coisa
est presente em um certo lugar e que est fazendo uma certa coisa. (ARNHEIM,
2002: 35). Ressalta, portanto, a importncia da percepo e referncia visual, para o
habitante, no cotidiano de uma cidade.
Quando andamos pelas ruas e caladas, passamos constantemente por certas
coisas - como o autor se refere - que so estes objetos e que esto fazendo alguma
coisa, mas muitas vezes no os percebemos como objetos teis, vitais ao nosso cotidiano, pois nos acostumamos a v-los como mais um obstculo do qual temos que
nos desviar e fazemos isso automaticamente. Porm, quando precisamos us-los,
imediatamente procuramos identificar aqueles mais prximos, que buscado na
expectativa de que eles cumpram a funo a que se destinam, como os telefones
pblicos - conhecidos por orelhes - as caixas de correio, as lixeiras, os pontos de
nibus, os pontos de txi e outros. De um modo geral, raramente nos detemos para
observar estes elementos e avali-los quanto a sua acessibilidade, o seu manuseio, a
forma, os materiais utilizados, o estado de conservao, a localizao, a relao que
estabelecem com o contexto imediato, e muito menos pensamos se ele est
devidamente legalizado, atendendo as exigncias formais das legislaes que ordenam
a ocupao do passeio pblico.
nessa tica que vamos desenvolver este capitulo, e para melhor
entendimento do prosseguimento do trabalho, se faz necessrio apontar previamente
algumas definies relativas padronizao dos passeios pblicos do Municpio de So
Paulo, e que constam no Decreto N 45.904, de 19 de maio de 2005.
19 Rudolf Arnheim pertenceu ao Departamento de Estudos Visuais e Ambientais da Universidade de Harvard Cambridge.
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Faixa Livre: rea do passeio, via ou rota destinada exclusivamente circulao de pedestres, desobstruda de mobilirio urbano ou outras
interferncias.
A faixa livre a rea destinada exclusivamente livre circulao de
pedestres, desprovida de obstculos, equipamentos urbanos ou de infra-
estrutura, mobilirio, vegetao, floreiras, rebaixamento de guias para
acesso de veculos ou qualquer outro tipo de interferncia permanente ou
temporria.
Faixa de servio: rea do passeio destinada colocao de objetos e elementos de mobilirio urbano, alm de pequenas construes de
natureza utilitria ou no, cuja implantao ocorre mediante a autorizao
do Poder Pblico.
A faixa de servio, localizada em posio adjacente guia, dever ter, no
mnimo, 75cm (setenta e cinco centmetros) e ser destinada instalao
de equipamentos e mobilirio urbano, vegetao e a outras
interferncias existentes nos passeios, tais como tampas de inspeo,
grelhas de exausto e de drenagem das concessionrias de infra-
estrutura, lixeiras, postes de sinalizao, iluminao pblica e eletricidade.
Faixa de acesso: a rea destinada acomodao das interferncias resultantes da implantao, do uso e da ocupao das edificaes
existentes na via pblica, autorizados pelo rgo competente, de forma a
no interferir na faixa livre, sendo recomendvel para passeios com mais
de 2m (dois metros).
50
Figura 30 - Imagem demonstrativa: faixa de servio, faixa livre e faixa de acesso. Autor,
2007.
Fatores de impedncia: elementos ou condies que podem interferir no fluxo de pedestres, tais como mobilirio urbano, entrada de edificaes
junto ao alinhamento, vitrines junto ao alinhamento, vegetao, postes de
sinalizao.
Paisagem urbana: caracterstica visual determinada por elementos como estruturas, edificaes, vegetao, vias de trfego, espaos livres
pblicos, mobilirio urbano, dentre outros componentes naturais ou
construdos pelo homem.
Passeio Pblico: parte da via pblica, normalmente segregada e em nvel diferente, destinada circulao de qualquer pessoa, independente
de idade, estatura, limitao de mobilidade ou percepo, com autonomia
e segurana, bem como implantao de mobilirio urbano,
51
equipamentos de infra-estrutura, vegetao, sinalizao e outros fins
previstos em leis especficas.
Passeio: (definio adotada pelo Cdigo de Trnsito Brasileiro - CTB): parte da calada ou da pista de rolamento, separada no ltimo caso, por
pintura ou elemento fsico separador, livre de interferncias, destinada
circulao exclusiva de pedestres e, excepcionalmente, de ciclistas.
Pedestre: pessoa que anda ou est a p, em cadeira de rodas ou conduzindo bicicleta na qual no esteja montada.
Face ao estado geral de descuido das caladas da cidade e desordem em
termos de implantao que os mobilirios geralmente significam, bastante necessria
a regulamentao que o recente decreto traz. Esse conjunto de definies,
particularmente aquelas vinculadas ao conceito de prejuzo ao fluxo de pedestres e ao
ordenamento da ocupao nas caladas sero utilizadas como critrio de anlise.
3.1 Abrigo para Txi ou Ponto de Txi
So Paulo a cidade que tem a segunda maior frota de txi do mundo,
sendo superada apenas pela cidade do Mxico. Neste contexto, o bairro de
Higienpolis, uma regio de grande densidade habitacional e com alto poder
aquisitivo, somado a infra-estrutura existente, com setor de comercio e de
servios bastante ativo, torna-se uma regio atraente para o profissional do txi,
que busca trabalhar em locais prximos as escolas, hospitais, supermercados,
prdios comerciais e outros.
Dentro do levantamento feito sobre estes equipamentos, encontramos
dois modelos de ponto de txi, os quais, esto fora da rea demarcada para
estudo, porm, ilustram de uma forma bem clara o que podemos entender como
52
obedincia e desobedincia s legislaes vigentes na cidade de So Paulo, que
um dos pontos de anlise que ser observado durante o desenvolvimento
deste captulo. A Figura 31, a seguir, demonstra um caso de obedincia:
Figura 31 - O Ponto de Txi aqui apresentado est sendo colocado como referncia de uma soluo possvel e adequada s normas de ocupao do passeio pblico.Higienpolis, So
Paulo. Autor, 2007
Segundo a Lei N 14.223, de setembro de 200620, no artigo 21, inciso V, do captulo III, pargrafo nico. A instalao do mobilirio urbano nos passeios
pblicos dever necessariamente observar uma faixa de circulao de, no
mnimo, metade de sua largura, nunca inferior a 1,50m (um metro e cinqenta
centmetros)... Com base nesta lei e observando a fotografia, deparamos com
uma calada, que tem a largura de 1,60m (um metro e sessenta centmetros) na
qual no caberia qualquer construo nos moldes de outros pontos que
encontramos instalados na cidade. A soluo de identificar o ponto, apenas com
um poste e uma caixa para telefone, satisfaz as regras e as necessidades dos
motoristas, os quais usam seus prprios veculos como abrigo.
20 Esta Lei dispe sobre a ordenao dos elementos que compe a paisagem urbana nos Municpio de So Paulo.
53
Tambm em relao ao Decreto21 N 45.904, de 19 de maio de 2005, a
localizao do ponto, atende as normas vigentes, pois est posicionado dentro
da faixa de servio, que define, conforme artigo 48, da seo IV, que Os
equipamentos aflorados, quiosques e lixeiras, papeleiras, caixas de correio,
bancos, dispositivos de ventilao, cmaras aterradas, sinalizao de trnsito e
dispositivos controladores de trnsito, postes de rede de energia eltrica e
abrigos de nibus devero ser instalados exclusivamente na faixa de servio.
Contrariamente ao exemplo apresentado, temos um caso de
desobedincia, como mostra a figura abaixo. Neste exemplo, mesmo deixando
a faixa livre desobstruda, sua estrutura esta ocupando a faixa de acesso e o
conjunto como um todo est ocupando quase 100% do passeio, caracterizando
um fator de impedncia, principalmente quando o mobilirio est ocupado pelos
seus proprietrios.
Figura 32 - Ponto de Txi. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
21 Este Decreto trata da padronizao dos passeios pblicos do Municpio de So Paulo.
54
3.1.1 Localizao dos Abrigos e Identificao dos Tipos
A regio de Higienpolis est incrustada entre os bairros de Santa
Ceclia, Pacaembu e Consolao. Para melhor visualizao da localizao
da rea de estudo e dos pontos de txi, adotamos um mapa e indicamos
nele, por meio de cores, as quadras e as ruas que compem esta rea.
No levantamento realizado dentro do permetro de estudo, foram
identificados treze abrigos para txi, que esto localizados no mapa
(Figura 33). Este total um nmero expressivo, considerando a pequena
dimenso da rea e revela, sem dvida, a forte demanda que o bairro gera
para este meio de transporte.
Figura 33 - Higienpolis, detalhe, Guia Eletrnico de Ruas de So Paulo, Quatro Rodas,
Editora Abril, 2000.
55
Dentro da tipologia identificada como abrigo para txi, encontramos
alguns modelos de abrigo que nos permite agrup-los conforme sua
composio. Um modelo adotado para a maioria dos pontos de txi tem
uma estrutura composta de duas colunas confeccionadas com perfil de
seo retangular em chapa de ao, sendo que cada coluna possui no
extremo superior um reforo metlico para fixao de um tubo cilndrico
que fica perpendicular coluna. Unindo estas estruturas pelos extremos
dos tubos cilndricos, so usados dois perfis de seo retangular, nos
quais so fixados os arcos metlicos que vo compor o teto do habitculo.
A forrao de lona vinlica, translcida e reforada com trama de fibra de
vidro, moldada por tenso sobre os arcos. Sobre o teto e paralelo s
colunas, so fixadas placas de ferro com informaes sobre o ponto de
txi, como o nmero do telefone existente no local e a categoria de txi
que atende o ponto, como mostra a figura abaixo:
Faixa livre175cm
Faixa de acesso45cm
Faixa de servio180cm
Tubo metlico deseo retangular
Tubo metlicocilndrico
Reforo defixao
Figura 34 Ponto de Txi. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
56
3.1.2 Modelos Semelhantes Dentro da Mesma Tipologia
Encontramos na regio de Higienpolis outros pontos de txi com uma
composio semelhante mostrada na fotografia anterior, porm, com
algumas alteraes, como a posio das colunas em relao ao teto,
forma e localizao dos armrios para telefone e pertences, a quantidade
de assentos e aplicao de cores.
Figura 35 - Rua Rio de Janeiro, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 36 - Rua Veiga Filho prximo ao Hospital Samaritano, So Paulo. Autor, 2007.
57
Figura 37 - Rua Veiga Filho, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 38 - Rua Jaguaribe, So Paulo. Autor, 2007.
3.1.3 Modelos Semelhantes com Materiais Diferentes
Tratando ainda de modelos existentes na regio de Higienpolis que
fazem parte da mesma famlia tipolgica, encontramos alguns abrigos
semelhantes aos apresentados anteriormente, porm distintos na
aplicabilidade do material usado. Os anteriores apresentam uma estrutura
metlica, enquanto estes modelos utilizam madeira, como mostram os
exemplos abaixo. Os trs exemplos apresentam a mesma soluo: duas
58
colunas esto centralizadas em relao ao teto. No topo de cada uma,
est afixada uma travessa, posicionada perpendicularmente coluna; as
travessas sustentam duas teras, formando a estrutura de sustentao da
cobertura, composta por duas telhas onduladas de cimento amianto.
Estes modelos divergem tambm nos tipos de assentos existentes.
Nos modelos anteriores os assentos so articulveis, estampados em de
chapa metlica, unidas uma a outra, por dois perfis de ao de seo
retangular, enquanto neste modelo o assento feito de viga de madeira,
fixada entre as duas colunas.
Figura 39 - Av. Higienpolis, So Paulo. Autor, 2007.
Figura 40 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.
59
Figura 41 - Rua Martinico Prado, So Paulo. Autor, 2007.
3.1.4 Modelos Diferentes Dentro da Mesma Tipologia
Como j mencionado em pargrafos anteriores, a falta de orientao
dos governantes municipais em relao implantao destes
equipamentos instalados nos passeios pblicos, deu margem ao
surgimento dos mais variados modelos de abrigo para txi, provocando
uma divergncia na relao visual entre os elementos que pertencem
mesma tipologia, como tambm, na relao do modelo com seu entorno,
como mostram as figuras abaixo.
Figura 42 - Rua Maranho, So Paulo. Autor, 2007.
60
Este abrigo construdo em chapa metlica possui uma estrutura igual
a outros modelos, porm, foram colocados em suas laterais, painis em
policarbonato alveolado, translcidos, com encabeamentos laterais que
funcionam como molduras. Este fechamento criou um volume nas
propores de uma banca de jornal, que, comparado com outros
equipamentos da mesma tipologia, localizados na mesma regio, fica
desvinculado dos padres de linguagem aqui apresentados.
Outro exemplo de diferena de modelo entre a mesma tipologia
vemos na figura abaixo:
Figura 43 - Rua General Jardim, So Paulo. Autor, 2007.
A principal diferena deste abrigo est na estrutura que composta
por quatro colunas, sendo que cada coluna confeccionada com duas
vigas de madeira. O fato de ter quatro colunas faz com que duas delas
fiquem posicionadas no centro da calada, criando um obstculo para o
pedestre.
A cobertura deste abrigo tambm apresenta uma soluo divergente,
quando comparada com os outros abrigos. Ela feita em telha de cimento
amianto do modelo conhecido por 'canaleto', que, pela sua configurao
61
usada para vencer vos livres bem maiores do que o proposto nesta
estrutura, enquanto, nos outros modelos, os materiais e a forma so mais
compatveis com as dimenses apresentadas.
3.1.5 Aspectos Fsicos e a Relao com Entorno
Atravs dos registros apresentados, os abrigos para txi apresentam
vrios pontos comuns entre eles. A estrutura formada por colunas nas
laterais, que sustentam suas coberturas, que ora so em arcos metlicos
com lona vinlica e ora aparecem planas com telhas de amianto.
Todos os abrigos possuem assentos, mas a soluo alterada
conforme o material utilizado, ou seja, se o modelo utiliza a madeira, o
assento resolvido com uma viga nica apoiada nas colunas; se a opo
chapa metlica, os assentos so individuais, tambm em chapa de ao,
moldados por estampagem e fixos em perfis de ferro, articulados em eixos
apoiados nas colunas. Todos os abrigos possuem uma caixa metlica,
que abriga e protege o telefone do posto, assim como outros produtos de
uso dos taxistas.
Esto implantados sobre as caladas e, mais especificamente,
ocupam a rea externa das mesmas; o decreto22 n 45.904, define esta
rea como faixa de servio, e nela permitida a instalao de
equipamentos urbanos, como floreiras, pontos telefnicos, lixeiras, caixas
de correio, bancas de jornal e abrigos para txi.
22 Este decreto n 45.904 de 19 de maio de 2005 regulamenta o artigo 6 da Lei n 13.885, de 25 de agosto de 2004, no que se refere padronizao dos passeios pblicos do Municpio de So Paulo.
62
Apesar da existncia de regras claras para a implantao desses
equipamentos, nem todos foram ou so instalados conforme as
legislaes vigentes.
Encontramos, na lei n 13.885 de 25 de agosto de 2004, na seo II do captulo VIII, um conjunto de itens que demonstram os cuidados que os
rgos pblicos tem com os pedestres e com a implantao do mobilirio
urbano na cidade de So Paulo. Relacionamos alguns para ajudar na
avaliao destes elementos quanto a sua ocupao nos passeios da
cidade de So Paulo.
O artigo 52 diz que Os mobilirios urbanos dentro da via pblica,
sero instalados respeitando as seguintes condies, de acordo com o
Anexo III integrante deste decreto:
I - preservao da visibilidade entre motoristas e pedestres.
II - nenhum mobilirio dever ser instalado nas esquinas, exceto
sinalizao viria, placas com nomes de logradouros, postes de fiao e
hidrantes.
III - devero ser instalados em locais em que no intervenham na
travessia de pedestres.
IV - os equipamentos de pequeno porte, como telefones pblicos, caixas
de correio e lixeiras devero ser instalados distncia mnima de 5m
(cinco metros) do bordo do alinhamento da via transversal.
V - os equipamentos de grande porte, tais como abrigos de nibus,
bancas de jornal e quiosques devero ser implantados , no mnimo, 15m
(quinze metros) de distncia do bordo do alinhamento da via transversal.
Um outro artigo, o de n 14, considera que:
Para garantir a segurana do pedestre nas travessias e do condutor do
automvel nas converses, as esquinas devero estar livres de
63
interferncias visuais ou fsicas at a distncia de 5m (cinco metros) a
partir da borda do alinhamento da via transversal.
Apesar da existncia de legislao reguladora, co