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UFRJ
A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA
Rosângela Gomes Ferreira Rio de Janeiro Fevereiro de 2010
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UFRJ
A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA
Rosângela Gomes Ferreira Volume único
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras (Letras Vernáculas), Faculdade de Letras, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Letras Vernáculas, na Área de Concentração Língua Portuguesa. Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida Co-orientador: Carlos Alexandre Victorio Gonçalves
Rio de Janeiro Fevereiro de 2010
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Ferreira, Rosângela Gomes. A hipótese de corporificação da língua: o caso de cabeça/ Rosângela Gomes Ferreira. - Rio de Janeiro: UFRJ/ FL, 2010. xi,189f.: il.; 31cm. Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida Dissertação (mestrado) – UFRJ/ Faculdade de Letras/ Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, 2010. Referências Bibliográficas: f. 109-114. 1.Cabeça . 2. Linguística Cognitiva. 3. Hipótese de Corporificação. 4. Polissemia. 5. Esquema Imagético. 6. MCI. 7. Composicionalidade. I. Almeida, Maria Lucia Leitão de. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas. III. A hipótese de corporificação da língua: o caso de cabeça.
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A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA
Rosângela Gomes Ferreira
Orientador: Prof. Doutor Maria Lucia Leitão de Almeida Co-orientador: Prof. Doutor Carlos Alexandre Victorio Gonçalves Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas, da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Título de Mestre em Língua Portuguesa. Examinada por: _______________________________________________________________ Presidente, Professor Doutor Maria Lucia Leitão de Almeida – Orientador _______________________________________________________________ Professor Doutor Lilian Ferrari Vieira - UFRJ _______________________________________________________________ Professor Doutor Sandra Pereira Bernardo – UERJ _______________________________________________________________ Professor Doutor Regina Souza Gomes – UFRJ, Suplente _______________________________________________________________ Professor Doutor Mauro José Rocha do Nascimento – IFRJ, Suplente
* * * Presente à defesa o Co-Orientador: _______________________________________________________________ Professor Doutor Carlos Alexandre Victorio Gonçalves - UFRJ Rio de Janeiro 23 de fevereiro de 2010.
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SINOPSE
Estudo da polissemia e produtividade da
palavra “cabeça”. A comprovação da
hipótese de corporificação na mente.
Análise segundo os princípios da
Linguística Cognitiva.
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AGRADECIMENTOS
O início de meu trabalho como pesquisadora começou, efetivamente, no
primeiro semestre de 2005, no terceiro período da graduação, quando passei a
frequentar reuniões promovidas pela Prof. Maria Lucia Leitão de Almeida.
A partir de então, tive a honrosa oportunidade de participar de um universo
intelectual bastante incentivador, desenvolvido pelo contato com professores e
alunos de pós-graduação empenhados em entender e descrever a linguagem
e/ou os fenômenos cognitivos subjacentes a ela. A esse convívio e às
discussões presenciadas, eu devo boa parte dessa dissertação.
Agradeço primeiramente a DEUS, por ter me dado a permissão de chegar até
aqui, e por toda a força concedida na concretização desse sonho. Além disso,
agradeço a Ele por todas as pessoas que cruzaram meu caminho e que estão
aqui citadas, todas muitíssimo especiais.
Dentre todas essas pessoas, agradeço em primeiro lugar a quem me ajudou,
de alguma maneira, a integrar esse ambiente. Ao Professor Doutor Luiz
Cláudio Walker, substituto na época, ex-professor, muito obrigada, pelo
estímulo à pesquisa e pelo empurrãozinho dado para que eu conhecesse e
integrasse o grupo de pesquisa coordenado pela Professora Doutora Maria
Lucia Leitão de Almeida, que hoje, em parceria com o Professor Doutor Carlos
Alexandre V. Gonçalves, transformou-se no NEMP (Núcleo de Estudos
Morfossemânticos do Português), do qual eu me orgulho de fazer parte.
À Professora Doutora Maria Lúcia Leitão de Almeida, agradeço, primeiramente,
por ter me aceitado, sem, ao menos, me conhecer, e por ter acreditado em mim
7
desde sempre, pelas lições de Linguística Cognitiva e também de vida, pela
confiança, pelos conselhos, pela amizade, enfim, por sua existência e ainda por
me deixar fazer parte dela.
Ao Professor Doutor Carlos Alexandre V. Gonçalves, meu co-orientador,
agradeço por ter, inicialmente, me “renegado” e me encaminhado à Prof. Maria
Lucia, e, depois, por todos os ensinamentos e oportunidades oferecidos em
diversos momentos desde que nos conhecemos.
Aos dois, Malu e Carlos, ficam aqui, minha imensa gratidão, meu respeito,
minha admiração e minha devoção, intransponíveis em palavras.
Aos meus pais, Elisa e Luiz, minhas bases, simplesmente por terem me feito
existir, por tanto amor, por tudo o que sou, por cada oração, por terem me
proporcionado educação e amor pelos estudos, e, apesar das inúmeras
dificuldades, por sempre me estimularem a continuar.
Ao meu amor, Diego - meu equilíbrio - pela sua incansável boa vontade em me
ajudar, por perder noites de sono e fins-de-semana ao meu lado, só para me
fazer companhia, compartilhando meus ideais e incentivando-me a prosseguir,
insistindo para que eu avançasse cada vez mais um pouquinho. Enfim, por
estar incessantemente ao meu lado, sendo muito mais do que se pode esperar.
Amo você!
Ao meu avô Antônio (in memorian) por ser o meu exemplo de vida (ao lado da
minha mãe) e minha fortaleza nos momentos de angústia.
Este trabalho certamente não seria o mesmo sem a contribuição dos amigos do
NEMP – e também dos agregados ao grupo – por todas as discussões, os
8
encontros, os papos ao telefone, os almoços, as festas, os puxões de orelha,
as conquistas alcançadas juntos... a cada um de vocês, um grande obrigada!
À Patrícia Teles, amiga muito amada, a quem devo, além das caronas, minhas
primeiras lições de LC e também o fato de ter me encontrado espiritualmente -
fator crucial na concretização deste e de outras inúmeras realizações. Mauro
Nascimento, tão brilhante quanto e, não menos querido, aqui está meu
profundo agradecimento.
À Kátia Emmerick, por todo o carinho, pelo suporte, pelos conselhos, pelos e-
mails trocados às 4 horas da manhã, pela revisão deste trabalho e pelo
treinamento para a arguição do doutorado.
Além desses, Janderson Lemos, Hayla Thami, Ana Paula Belchor, Marisandra
Rodrigues, Roberto Rondinini, Juliana Marins e Diogo Pinheiro, obrigada pela
amizade, por não me deixarem desistir e pela enorme contribuição não só para
esta dissertação, como para o processo seletivo de doutorado.
Aos nempistas aqui não citados, muito obrigada também, por torcerem por mim
e por cada palavra de incentivo.
Às Professoras Doutoras Lilian Ferrari e Sandra Bernardo, agradeço a cortesia
em aceitarem integrar a banca de exame desta dissertação. Agradeço também,
pelos ensinamentos em Linguística Cognitiva, seja em aulas, seja em artigos
ou congressos, que com certeza ajudaram no desenvolvimento desse trabalho.
Ao meu amigo Zé, por toda paciência, amizade, motivação e por cada texto em
inglês que me ajudou a ler.
9
A todos os informantes que aceitaram responder o teste e contribuíram
fundamentalmente para esta pesquisa.
Aos meus alunos, especialmente Bete, Guilherme e Rafael, por entenderem
sem questionar todas as aulas desmarcadas e remarcadas, mesmo que em
cima da hora.
Um último agradecimento afetivo fica reservado aos amigos Silvia, Léo, Mona,
Alê, minha irmã, meu cunhado, meus sogros, minha prima Livia, tio Antônio,
Thiago. Simplesmente, por existirem na minha vida... Por me aceitarem como
eu sou, por compreenderem minhas ausências, por toda a ajuda,
companheirismo, compreensão, carinho e amizade. Valeu mesmo!
Por fim, agradeço à CAPES por um ano e meio de auxílio financeiro.
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‘Quando eu nasci
um anjo muito louco
veio em minha mão’, disse Torquato.
Esse anjo é o leitor, que se transporta para
fora de si, ocupa o lugar do outro, se torna,
um pouco, esse fascinante estranho – o
escritor.
Há uma dose inevitável de loucura (de delírio)
em qualquer leitura.
O leitor se apossa de palavra alheia. Acredita
que lê o outro, quando lê a si. O outro é só
um caminho. Palavras não são monumentos,
são estradas.
José Castello
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RESUMO
A HIPÓTESE DE CORPORIFICAÇÃO DA LÍNGUA: O CASO DE CABEÇA
Rosângela Gomes Ferreira
Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida
Coorientador: Carlos Alexandre Victorio Gonçalves
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro –
UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre
em Letras Vernáculas (LínguaPortuguesa).
Nesta Dissertação, analisamos as formações lexicais em que o item “cabeça”
se encontra. A análise é baseada na Linguística Cognitiva (LAKOFF, 1987;
LANGACKER, 1987, 1991; SOARES DA SILVA, 2006; SWEETSER, 1999 e
CROFT & CRUSE, 2004), mais especificamente, na Hipótese de
Corporificação da mente e nas noções de frame (FILLMORE, 1982) ou
domínio (LANGACKER, 1987) para o tratamento da polissemia e produtividade
da palavra “cabeça”.
O objetivo da pesquisa é descrever a polissemia e a produtividade do item em
questão, que está dividida em três abordagens: a primeira, as metáforas e
metonímias que permitem o processo de extensão do significado. A segunda, o
domínio ou frame da palavra “cabeça”, e, a terceira e última, a análise
composicional das formações de que o item “cabeça” faz parte, com enfoque
na modificação adjetival (SWEETSER, 1999).
A análise dispõe, além da descrição proposta acima e da revisão bibliográfica
sobre o estudo da polissemia, o resultado da aplicação de dois testes. O teste
1 teve como objetivo comprovar que o elemento favorecedor para a
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multiplicidade de sentidos de uma palavra é a sua complexidade dominial e a
presença de domínios básicos. O teste 2, por sua vez, propôs-se a atestar que
o falante é capaz de construir formações lexicais com “cabeça” que possam
estar relacionadas aos esquemas imagéticos e MCIs que envolvem essa
palavra.
Palavras-chave: Cognição, Hipótese de Corporificação, Polissemia, Domínios,
Esquema Imagético, MCI, Composicionalidade.
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ABSTRACT
THE HYPOTHESIS OF LANGUAGE EMBODIMENT: CABEÇA’S CASE
Rosângela Gomes Ferreira
Orientador: Maria Lucia Leitão de Almeida
Co-Orientador: Carlos Alexandre Victório Gonçalves
Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-
Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro –
UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre
em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa).
In this Master Thesis, we analyze the lexical formations in which the item
“cabeça” is found. The analysis is based on Cognitive Linguistics (LAKOFF,
1987; LANGACKER, 1987, 1991; SOARES DA SILVA, 2006; SWEETSER,
1999 e CROFT & CRUSE, 2004), more specifically, on Mind’s Embodiment
Hypothesis and on notions of frame (FILLMORE, 1982) or domain
(LANGACKER, 1987) for treatment of polysemy and the word’s “cabeça”
productivity.
The research’s aim is to describe the polysemy and the productivity of the
refereed item, which is divided in three approaches: at first, the metaphors and
metonymies that allow the meaning extension process. The second one, the
word’s “cabeça” domain or frame, and, the third and last one, the compositional
analysis of formations integrated by the item “cabeça”, laying emphasis on
adjectival modification (SWEETSER, 1999).
The analysis disposes, besides the description proposed above and the
bibliographic revision of polysemy’s study, results of two tests application. The
test one had the aim to prove that the favoring element for meanings multiplicity
of a word is its domain complexity and the attendance of basic domains. The
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test two, for its turn, has proposed to attest that the speaker is able to build
lexical formations that contain “cabeça” which might be related to image
schemas and ICMs that involve this word.
Key-words: Cognition, Mind’s Embodiment, Polysemy, Domains, Image
Schema, ICM, Compositional.
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SUMÁRIO
1. PALAVRAS INICIAIS ................................................................................ 18
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A LINGUÍSTICA COGNITIVA ............... 22
2.1. A hipótese de corporificação da mente .................................................... 25
2.2 A categorização e a teoria dos protótipos ................................................. 28
2.3 As bases cognitivas .................................................................................. 30
2.3.1 Esquemas Imagéticos ............................................................................ 31
2.3.2 Frames ................................................................................................... 33
2.3.3 MCIs ....................................................................................................... 39
2.4 Os processos conceptuais ........................................................................ 42
2.4.1 Metáfora ................................................................................................. 43
2.4.2 Metonímia ............................................................................................... 46
2.4.3 Ajuste Focal ............................................................................................ 48
3. POLISSEMIA: ANTIGAS VISÕES E NOVAS PERSPECTIVAS ............... 52
3.1 Polissemia ................................................................................................. 52
3.2 A polissemia em outras abordagens ......................................................... 55
3.2.1 Bréal ....................................................................................................... 56
3.2.2 Lyons ...................................................................................................... 57
3.2.3 Ullmann .................................................................................................. 58
3.2.4 Fiorin ...................................................................................................... 59
3.3 A polissemia nas abordagens atuais ........................................................ 61
16
3.4 A polissemia nos dicionários ................................................................... 62
3.5 A polissemia nos processos de formação de palavras............................ 70
3.6 A polissemia na sintaxe .......................................................................... 76
4. METODOLOGIA ....................................................................................... 78
4.1 Definição e levantamento de corpora ...................................................... 78
4.2 Depreensão de “pistas” de análise ......................................................... 79
4.3 Novo teste, novas “pistas” de análise ..................................................... 83
4.4 Procedimentos de análise ....................................................................... 90
5. ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................... 92
5.1 “Cabeça”: frames e extensões polissêmicas .......................................... 93
5.2 Domínio-matriz de cabeça e relação com outros domínios ................... 101
5.3 Ajuste focal: o processo de modificação adjetival e os compostos ....... 106
6. PALAVRAS FINAIS ................................................................................. 111
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................... 114
8. ANEXOS ....................................................................................................120
17
LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: Sobrinha ......................................................................................... 36
Quadro 1: Polissemia de bolsa ..................................................................... 67
Quadro 2: Polissemia do sufixo formativo –dor ............................................ 70
Quadro 3: Polissemia do prefixo re- ............................................................. 73
Quadro 4: Polissemia do sufixo formativo –eiro ............................................ 74
Quadro 5: Teste 2 .......................................................................................... 84
Figura 2: Rede polissêmica de cabeça ..........................................................100
Figura 3: Esquema do domínio de cabeça..................................................... 104
18
1. PALAVRAS INICIAIS
A presente dissertação visa a analisar as extensões polissêmicas de
construções lexicais formadas por uma palavra que denota uma parte central
no corpo humano: cabeça. Com o propósito de explicitar essa polissemia,
propomos uma rede semântica representativa para as formações já existentes,
buscando, ainda, elucidar, as motivações para o surgimento de novas
formações.
O estímulo para este trabalho é a verificação dos numerosos e
expressivos usos de formações lexicais constituídas a partir de nomeações da
parte do corpo supracitada, que vão desde sintagmas oracionais, como não
estou com cabeça para discutir; levante a cabeça; a expressões idiomáticas,
como com a cabeça nas nuvens, de cabeça quente; e palavras compostas,
como cabeça-dura, cabeça oca – com que o falante se depara na linguagem do
dia a dia. Porém, apesar de a palavra cabeça ser muito frequente na
linguagem cotidiana, o seu sentido básico é o menos usado, que corresponde à
parte superior do corpo humano, em que se encontram órgãos como o cérebro
e os sentidos paladar, visão, olfato e audição.
A pesquisa fundamenta-se nos pressupostos teóricos da Linguística
Cognitiva (doravante LC) (cf. LAKOFF (1987), LANGACKER (1987,1991)
SWEETSER (1999), CROFT & CRUSE (2004), SOARES DA SILVA (2006)
principalmente), modelo empenhado em descrever a linguagem como meio de
conceptualizar a realidade e refletir sobre essa conceptualização a partir de
construções básicas da língua e processos de referenciação, sendo, portanto,
19
capaz de esclarecer questões referentes a toda e qualquer formação motivada
e recorrente.
Sob a perspectiva de que as partes do corpo (a) são fontes primárias de
experiência e de percepção e (b) exercem um papel central no raciocínio e no
pensamento mais abstrato (EMBODIMENT HYPOTHESIS), o que se reflete na
linguagem de modo geral, explica-se a emergência dos incontáveis enunciados
a que chegamos após a coleta de dados.
Para a LC, a capacidade cognitiva da linguagem não é autônoma, isto é,
não é independente das outras capacidades cognitivas e da experiência
corpórea. Essa abordagem, então, implica a categorização das línguas naturais
pelos falantes, categorização essa que não se dá de modo aristotélico, mas
prototípico (cf. ROSCH, 1973), organizando-se de modo radial.
Dito de outra maneira, a categorização de elementos em uma
determinada classe pode incluir exemplares prototípicos - aqueles que melhor
representam a categoria, por possuírem maior número de propriedades
definitórias; e elementos que se encontram em posição radial, afastados do
protótipo, mas que pertencem à mesma categoria, embora não possuam todas
as propriedades da classe.
Em se tratando de palavras, o protótipo é o sentido literal, que
corresponde ao mais experiencial e concreto; já os sentidos mais abstratizados
correspondem aos elementos mais radiais. A ligação entre os sentidos da
palavra se dá em forma de rede e essa classificação não independe de
aspectos da capacidade cognitiva humana e sempre leva em conta
contribuições de ordem subjetiva.
20
A rede de significados que o item lexical cabeça apresenta na língua
portuguesa (sobretudo na variedade brasileira), bem como de qualquer outro
item, se configura, portanto, em projeções abstratizadas, resultantes de uma
série de processos cognitivos que atuam em conjunto.
A análise aqui proposta consiste em estudo lexical, que, envolve
questões de categorização e, em decorrência, de conceptualização. Os
problemas podem ser assim ser formulados:
1) Que entidades são passíveis de enquadramento como
membros da categoria cabeça?
2) Como explicar a polissemia extremada do item em questão?
3) Nos casos de palavras compostas, que processos atuam para
que se construa o significado da expressão?
4) Como explicar os usos diferentes de cabeça nas formações
oracionais?
Os dados analisados nesta dissertação encontram-se em anexo e foram
recolhidos ou por compulsão de dicionários consagrados ou por busca via
ferramenta eletrônica Google, conforme detalhado na Metodologia (Capítulo 4).
É importante destacar que neste trabalho não privilegiamos dados de
língua em uso, já que o foco não é o processo de construção do significado
online, mas sim o estudo dos meios pelos quais se dão as extensões dos
significados de um determinado item, baseado na hipótese central do papel do
corpo para tal. Mais detalhadamente, o que é relevante em nossa análise é
como a combinação dos elementos que integram a formação lexical junto ao
item cabeça contribui para a elaboração do sentido da expressão como um
21
todo, promovendo uma angulação que ativa um sentido determinado de
cabeça.
Esta dissertação estrutura-se do seguinte modo: o capítulo 2 destina-se
a apresentar as bases da Linguística Cognitiva, dando maior relevo aos
conceitos que embasarão a análise.
No capítulo 3, apresenta-se a revisão da literatura no que concerne à
polissemia, com ênfase nas diferenças encontradas entre os pontos de vista da
Linguística Cognitiva e os de estudiosos do significado consagrados na
tradição de estudos descritivos de base linguística, incluindo-se publicações
recentes brasileiras que abordam o tema. Ressalta-se que optamos por abrir
um capítulo específico para esse assunto, dada a centralidade que a
polissemia detém nesta dissertação ao invés de tratá-la somente sob a ótica da
LC, como no capítulo anterior.
No capítulo 4, apresenta-se a metodologia da pesquisa, que se
desdobra em especificação de critérios e meios para a formação dos corpora e
detalhamento dos procedimentos analíticos, o que inclui testes prévios.
O capítulo 5 traz a análise dos dados, que foi feita em três etapas. O
objetivo de tal procedimento foi buscar dar conta dos processos que atuam
para tão diferentes usos do item cabeça, diferenças essas que se manifestam
tanto no que diz respeito às formações sintagmáticas, quanto à semântica das
formações.
No sexto e último capítulo, apresentam-se as conclusões da dissertação,
com base nas análises de dados realizadas no capítulo anterior, bem como
sugestões para trabalhos futuros.
22
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: A LINGUÍSTICA
COGNITIVA
A LC, cujas bases foram lançadas em Women, Fire and Dangerous
Things (LAKOFF, 1987) e Foundations of Cognitive Grammar (LANGACKER,
1987), nasceu de ex-gerativistas em finais da década de 70 e início da década
de 80, sendo, portanto, relativamente recente.
Esse aporte teórico constitui-se de um conjunto mais ou menos
homogêneo de abordagens que têm em comum um conjunto de premissas
básicas, que se caracterizam pelo seguinte:
(a) não há independência entre os princípios cognitivos e os que atuam na
formação da linguagem, o chamado Princípio da Invariância;
(b) a linguagem reflete processos de categorização;
(c) o significado linguístico é baseado no uso e na experiência; e
(d) a gramática é motivada e não há limites estanques entre os seus níveis.
A primeira premissa refere-se à crença da não autonomia da linguagem.
Por tal hipótese argumenta-se que a linguagem é formatada pela cognição
humana, que, por sua vez, busca recursos nas percepções e características da
espécie, nas experiências físicas, corporais, sensório-motoras básicas de que
somos capazes – como deslocamento de espaço, transferência e aproximação
de objetos, superação de obstáculos etc –, vinculados à compreensão que o
falante tem de si mesmo e do ambiente e às experiências culturais. Nesse
sentido, a faculdade da linguagem não é autônoma em relação às outras
23
faculdades cognitivas. O uso linguístico, então, segundo essa abordagem, está
além da mera funcionalidade comunicativa, para revelar-se como uma forma de
conceber a realidade e refletir sobre essa concepção. Nesse sentido, a LC
alinha-se a outras teorias que adotam a perspectiva do Realismo Experiencial
(cf. LAKOFF, 1987: 266-267).
A premissa (b) envolve a questão da categorização, fundamental para a
LC, pois é a função primária da linguagem: para compreender o mundo e agir
nele, temos que categorizar os objetos e as coisas de forma que passem a
fazer sentido para nós (LAKOFF & JONHNSON, 2002: 265). Desse jeito, os
processos cognitivos estabelecem uma mediação entre as palavras e as
coisas, pois processos de nomeação são, sobretudo, processos de
categorização.
Nessa abordagem, a cognição não tem a ver apenas com o
conhecimento, mas principalmente com os processos que formam o
conhecimento, com a construção do significado. Sendo assim, as palavras não
etiquetam as coisas do mundo; tampouco servem de sucedâneos a imagens
mentais representadas para atenderem a qualquer tipo de cálculo. Não se
questiona a existência do real em termos ontológicos, apenas não se considera
a linguagem como instrumento de declaração sobre um real a priori, e sim
como reflexo de um real conceptualizado conforme a configuração física da
espécie. Portanto, para a teoria, a linguagem não espelha a realidade, e sim
evidencia como a cognição humana é concebida e categorizada na linguagem.
Dada a importância desse aspecto para o trabalho, haverá uma seção à
parte – seção 2.2. - destinada a essa premissa.
24
A terceira premissa aqui destacada envolve a noção de que domínios de
experiência precisam ser acessados pela linguagem. Assim, para que a
expressão “fim-de-semana” seja entendida, precisamos viver numa sociedade
onde faça sentido destacar esses dias (sábado e domingo) como fim-de-
semana, mesmo que, convencionalmente, sábado seja o último dia e domingo,
o primeiro. A falsa incoerência se faz possível, pois, em nossa cultura, esses
dias estão associados à noção de descanso, de festas, de pausa no trabalho
e/ou escola, que acontecem de segunda-feira a sexta-feira, em sua grande
maioria. Essa idéia está diretamente relacionada às noções de frames e MCIs,
que serão mais bem explicitadas na seção 2.3 de bases cognitivas.
Já que a língua reflete processos cognitivos, que, por sua vez, dizem
respeito ao modo como categorizamos as coisas e como elas se relacionam às
experiências concretas, temos, então a quarta premissa aqui levantada: a
motivação da gramática e a ideia de que a representação do “conhecimento
enciclopédico” está diretamente relacionada ao “conhecimento linguístico” e
ainda se sobrepõe a ele, já que os processos cognitivos gerais irão repercutir
no funcionamento da gramática. Assim, i) não há mais fronteiras nítidas entre
semântica e pragmática e nem entre os diversos níveis da gramática; ii) não há
também oposições entre conhecimento linguístico e conhecimento de mundo e,
ainda; iii) as palavras não possuem um significado estritamente linguístico, e
sim atuando antes como sinalizadores capazes de ativar ou iluminar algum
significado, que está armazenado em nosso arcabouço conceptual.
25
2.1 A hipótese de corporificação da mente (EMBODIMENT HYPOTHESIS)
A hipótese de corporificação concebe a linguagem como o reflexo da
experiência do corpo no mundo real. Dito de outra maneira, o que se passa em
nosso corpo físico está diretamente relacionado com o que se passa em nossa
mente. Corpo – aspectos motores e perceptuais - e mente – raciocínio abstrato
- não são vistos como instâncias separadas na constituição humana. Logo,
fazem parte de naturezas semelhantes e relacionadas.
A esse respeito, Lakoff e Johnson (2002 [1999]: 28), comentam:
A mente seria “corporificada”, isto é, estruturada através de nossas experiências corporais, e não uma entidade de natureza puramente metafísica e independente do corpo. Da mesma forma, a razão não seria algo que pudesse transcender o nosso corpo: ela é também “corporificada”, pois origina-se tanto da natureza de nosso cérebro, como das peculiaridades de nossos corpos e de suas experiências no mundo em que vivemos. Com isso, desconstrói-se o dualismo cartesiano entre corpo e mente.
A visão universalista, que apenas atribui à linguagem o papel de
espelhar a realidade e conferir significados a conceitos, inatos ou adquiridos,
estabelece relações entre eles e a realidade objetiva, externa, e acredita que o
pensamento é independente das línguas. A LC, no entanto, é contrária a essa
visão universalista: a hipótese da corporificação atribui às línguas uma visão
relativista ao defender que cada língua natural representa um diferente
conjunto de categorizações relativas à realidade objetiva.
26
A visão universalista postula que a linguagem seria exatamente a
estrutura do pensamento, e a possibilidade da tradução seria demonstração do
domínio do pensamento, capaz de ser expresso em qualquer língua. Já a tese
relativista da linguagem, ou seja, a crença de que as distinções de uma língua
são únicas desta língua, acredita na dificuldade – versão fraca – ou na
impossibilidade – versão forte – de tradução, dando mostras de que a lógica do
pensamento está vinculada à lógica da língua em que foi formulado.1
Um exemplo disso é o fato de, em língua espanhola, existir as palavras
esquina e rincon, que indicam, respectivamente, “canto interno” e “canto
externo”. Em língua portuguesa, somente com duas ou mais palavras
conseguimos representá-las; ou seja, não há um item lexical para expressar
cada uma dessas referências. Outro exemplo é o fato de nós, brasileiros,
entendermos que o arco-íris é composto por sete cores, enquanto falantes de
inglês o compreendem como sendo formado por seis, pois não fazem distinção
entre as cores que chamamos violeta e anil, chamando-as, ambas, de purple; e
ainda, para os falantes da língua bassa, na Libéria, o mesmo arco-íris se divide
em apenas duas faixas, uma que representa o que conhecemos como “cores
frias” e a outra, como “cores quentes”.
É claro que ninguém imagina tratar-se de diferenças nos fenômenos
naturais observados nem tampouco na capacidade biológica visual de cada um
desses povos. As maneiras de estruturar o mundo em classes e a capacidade
de distinção de uma língua variam.
1 Cabe ressaltar que o relativismo linguístico difere do determinismo linguístico, cuja crença é de que a linguagem que usamos determina a maneira como enxergamos e nos relacionamos com o mundo.
27
Tal variação é possível não a despeito de um corpo, como nas demais
correntes mentalistas da Linguística, e sim tendo em vista que o que pode
haver de universal nas línguas naturais se deve ao fato de a espécie ser
bípede, e não quadrúpede, ser ereta, e não esférica, e não somente ao fato de
ter uma programação genética para a aquisição da linguagem. Isso é o que se
entende em LC por mente corporificada ou por hipótese da corporificação
(embodiment hypothesis).
Um exemplo disso é o fenômeno que chamamos tradicionalmente de
catacrese, em que os órgãos do corpo humano oferecem subsídios para a
formação de conceitos:
A parte superior – cabeça – associa-se à parte superior de qualquer
objeto. Exemplos: cabeça do martelo, cabeça do prego, cabeça do pênis,
cabeça do alfinete.
A parte de baixo – pés e pernas – associa-se aos prolongamentos
inferiores sustentados por diversos objetos: Exemplos: pernas da mesa, pernas
da cadeira, pernas do compasso, pernas da calça, pé da página, pés do fogão,
pés da geladeira.
As laterais superiores – braços – fazem com que atribuamos a
prolongamentos superiores dos objetos o nome de braço. Exemplos: braços do
sofá, braços da cadeira, braços da âncora.
A catacrese é um fenômeno comum com os nossos demais órgãos:
Costas – costas do armário, costas do sofá, costas da cadeira.
Tronco – tronco da família, tronco da árvore.
Orelha – orelha dos livros, orelha de caderno.
28
Um exemplo interessante do relativismo linguístico relacionado à
hipótese da corporificação é o fato de, em polonês, as xícaras não “possuírem”
asas, como em língua portuguesa, mas sim orelhas.
A hipótese da corporificação atribui corpo ao sujeito cognitivo,
destacando a contribuição de suas experiências no mundo para a formação
das línguas humanas naturais.
2.2 A categorização e a teoria dos protótipos
A categorização, em LC, é radicalmente distinta da forma como é
concebida na visão clássica, objetivista, segundo a qual as entidades possuem
ou não possuem propriedades inerentes e, portanto, pertencem ou não
pertencem a uma determinada categoria. Na abordagem cognitivista, a
atividade de categorização resulta de experiências corpóreas, de percepções
sensório-motoras, que apontam para o talvez, para o intermédio, para o não
definido, para o gradativo no mais das vezes.
Pensando assim, em vez de assumirmos que um item está dentro ou
fora de uma dada classe por possuir ou não uma propriedade supostamente
comum a todos os itens que nela se encontram, assumimos que os itens se
distribuem em classes consideradas não como continentes estanques, com
fronteiras delimitadas, e sim como centros e margens de conjuntos de
elementos que partilham propriedades, relacionados entre si por escalas
radiais.
29
Para conceber o fenômeno linguístico dessa forma, a LC apropriou-se
dos estudos pionieros de Elenor Rosch (1973), na área de Psicologia
Cognitiva, que questionam principalmente dois pontos básicos na perspectiva
clássica de categorização: 1) não há um elemento que possa ser o mais
representativo de uma categoria, visto que todos partilham as mesmas
características que definem a classe; e 2) os membros da categoria possuem
propriedades intrínsecas, independentemente da percepção e capacidade de
organização humanas.
Rosch (loc. cit) postulou a Teoria dos Protótipos, demonstrando que há,
em cada categoria, elementos que representam e definem melhor a classe do
que outros. Na verdade, a categorização se realiza como uma representação
de modelos mentais, apreendidos através de nossas experiências motoras e
também da cultura na qual estamos inseridos. Para a LC, a categorização é
uma questão fundamental, pois é a função primária da linguagem; e, com base
na Teoria dos Protótipos, organiza-se em torno de elementos prototípicos (mais
representativos), que possuem o maior número de propriedades definitórias
para a classe, e elementos radiais (menos prototípicos, mas que pertencem à
categoria).
A categoria radial é um grande ganho para os estudos de categorização,
na medida em que permite a inserção de um item numa dada categoria sem
que isso lhe confira um problema, já que esse elemento não possui uma ou
outra propriedade.
Um exemplo clássico é o da categoria “ave”, que foi importado dos
estudos biológicos para os estudos linguísticos. Um elemento que poderia ser
considerado prototípico para representar tal categoria seria a “andorinha”, ou o
30
“canarinho”, que trazem a possibilidade de voar, bicos e penas. Já o “pinguim”,
a “avestruz” e a “galinha” não seriam tão bem representativos, pois são
espécies não voadoras, ou de voos limitados, diferenciando-se da maioria das
aves que se caracterizam pelo voo.
Um exemplo similar seria a classe dos mamíferos, que engloba tanto
“gato”, “cachorro” e “leão”, como o “homem”, o “ornitorrinco” e a “baleia”.
Embora todos esses animais sejam vertebrados e suas fêmeas produzam leite
para alimentar seus filhotes, características definitórias para a classe, os três
últimos se distanciam dos demais por outros aspectos. Por exemplo, no caso
do homem, a racionalidade; do ornitorrinco, por não possuir mamas e ainda ser
ovíparo (característica dos peixes, répteis e aves); e, da baleia, por possuir a
pele lisa (sem pelos ou cabelos), viver num ambiente aquático, se locomover
por nadadeiras, como os peixes.
2.3 As bases cognitivas
A LC se preocupa em descobrir as seguintes questões: 1) quais são os
princípios cognitivos derivados de experienciação no mundo; 2) como a mente
corporificada concebe o mundo e 3) como a mente corporificada categoriza a
realidade experienciada nas línguas naturais. Portanto, é uma ciência
interdisciplinar, já que traz aporte de várias outras áreas, como a Neurociência,
Filosofia, Inteligência Artificial e Antropologia, e pelo fato de entender a
31
linguagem em conexão com outros sistemas cognitivos, como a memória, a
percepção, o raciocínio e a atenção, entre outros.
Com maior ou menor sensibilidade a esses aportes, a LC constitui,
conforme feliz metáfora de Geeraerts (2006, Introdução) um arquipélago de
propostas para o tratamento da linguagem, que se apóiam em estruturas
capazes de capturar a organização do nosso conhecimento, que inclui também,
como dito anteriormente, os processos abstratos que contribuem para a
formação desse conhecimento. Essas estruturas seriam as nossas bases de
conhecimento, a saber: os esquemas imagéticos (EIs), os frames e modelos
cognitivos idealizados (MCIs), sendo os dois últimos mais integrados.
2.3.1 Esquemas Imagéticos
Um Esquema Imagético é uma representação conceptual relativamente
abstrata que surge diretamente da nossa observação diária do mundo ao
nosso redor. Eles derivam das experiências sensorial e perceptual. Por
conseguinte, emergem a partir da nossa experiência corporificada.
Evans (2007:106-107) nos fornece o seguinte exemplo: a gravidade
assegura que objetos não se sustentam, ou seja, caem no chão. Dada a não
simetria do eixo vertical humano, temos que nos inclinar para pegar um objeto
caído, olhar em uma direção – para baixo – para alcançá-los e, em
contrapartida, na outra direção – para cima – para objetos que estão no alto.
Em outras palavras, nossa fisiologia assegura que nosso eixo vertical está
32
imbricado com a gravidade e ocasiona o modo como interagimos com o
ambiente em que estamos inseridos.
Conforme Johnson (1987), esse aspecto de nossa experiência alimenta
o esquema imagético “CIMA-BAIXO”. No mais, esquemas de imagens são
emergentes, pois são funções dos nossos corpos e da interação com o mundo
e surgem em conjunto com o nosso desenvolvimento físico e psicológico
durante os primeiros anos da infância.
O termo “imagem” equivale, aqui, ao termo “imagem” da psicologia, em
que experiências imagéticas se relacionam e derivam de nossa experiência
com o mundo externo. Já o termo “esquema” significa que os esquemas de
imagem não são conceitos ricos ou detalhados, mas conceitos abstratos, sem
conteúdo proposicional.
Tomemos como exemplo o esquema imagético do CONTÊINER, que
leva em conta o elemento estrutural interior, o limite espacial e o exterior.
Esses são os requisitos mínimos para o contêiner. Uma parte do significado
dos conceitos lexicais associados a esse esquema é: cheio/vazio, dentro/fora,
superfície, conteúdo, recipiente, que tem a ver com o esquema do contêiner.
Considere o esquema básico do OBJETO FÍSICO. Esse esquema está
baseado na nossa interação diária com os objetos, como cadeira, carteira,
mesa, carro, entre outros. O esquema imagético é uma representação sem
conteúdo emergente da experiência corpórea, que generaliza sobre o
proposicional comum entre objetos, como, por exemplo, a noção de que eles
têm atributos físicos, tais como cor, peso, forma e assim por diante.
Eis alguns exemplos de EI relacionados a domínios básicos:
33
Espaço – cima/baixo, frente/trás, esquerda/direita, perto/distante,
centro/periferia, contato, verticalidade.
Contêiner - dentro/fora, superfície, cheio-vazio, conteúdo, recipiente
Locomoção – momento, trajetória.
Força – bloqueio, compulsão, resistência, atração.
Existência – objeto, processo, ciclo.
2.3.2 Frames
Frame é uma esquematização da experiência (um conhecimento
estruturado), representado num nível conceitual e sustentado por memória de
longo prazo, que relaciona elementos e entidades associados com uma cena
estabelecida culturalmente particular - situação ou evento da experiência
humana. Frames incluem diferentes tipos de conhecimento, inclusive atributos
e relações entre atributos.
Na definição de Fillmore (1982: 111), frame é um “sistema de conceitos
relacionados de uma maneira tal que, para entender qualquer um deles, é
preciso entender toda a estrutura em que ele se insere”. Assim, sempre
entendemos um conceito com base em outros a ele relacionado. Frame é uma
noção semelhante à noção de domínio, proposta por Langacker (1987).
O exemplo clássico da literatura é o conceito lexical BACHELOR
(solteirão), apresentado a primeira vez em Fillmore (1975). Tal conceito é
34
entendido relativamente a casamento (não-casamento), o que inclui
informações esquemáticas relacionadas à idade, aspectos sociais, dimensões
legais e religiosas e responsabilidades associadas ao casamento dos
participantes nele envolvidos e às condições que governam o status deles
antes e depois da cerimônia de casamento, diferentes eventos associados à
trajetória do casamento, incluindo a cerimônia propriamente dita, e assim por
diante. A visão, também clássica, de HOMEM DO SEXO MASCULINO
ADULTO NÃO-CASADO, mesmo dando conta de uma série de casos de
“solteirões”, não consegue explicar, por exemplo, por que a palavra não pode
ser usada, de modo bem-sucedido, para fazer referência ao papa, ou ao
Tarzan ou a um homem adulto viúvo ou homossexual.
O frame de solteirão pressupõe um determinado modelo de mundo,
segundo o qual, as expectativas culturais para seu uso “adequado” estão
relacionadas à ideia de que existe uma idade própria para casar e o casamento
deve ser heterossexual e monogâmico. Nesse modelo de mundo, ou frame,
simplesmente não há espaço para as variações da história de vida do papa ou
do Tarzan, ou do viúvo ou do homossexual, por exemplo, por mais que tais
noções nos sejam absolutamente familiares.
A ideia é que uma palavra se define relativamente a uma base. Estamos
falando da relação profile-base nos termos de Langacker (1987). Para usar um
exemplo do autor, o termo raio se define em relação à base círculo, ou seja, só
podemos entender o que é raio se retomarmos o conceito de círculo. Se raio
pode ser pensado como elemento unidimensional, círculo apresenta um caráter
bidimensional. Os conceitos de raio e círculo estão intimamente relacionados, e
essa relação se representa na nossa estrutura conceptual (CROFT & CRUSE,
35
2004: 14-15). Mas, por sua vez, círculo precisa ser entendido relativamente a
formas da geometria.
Langacker (1987, 1991) destaca que uma expressão, qualquer que seja
sua complexidade, adquire significado impondo um perfil a uma base. A base
pode ser entendida como a matriz subjacente de domínios cognitivos
relevantes que se evoca para compreender uma expressão determinada. Por
outro lado, o perfil é a subestrutura destacada da base que a expressão
designa conceptualmente.
Perfis e frames podem ter sucessivas cadeias de relações. O conceito
que funciona como frame para outros conceitos é um perfil para outro frame
conceptual. Se uma estrutura conceitual é um perfil ou um frame, é uma
questão de conceptualização.
Um exemplo canônico da relação profile-base é a relação parte-todo,
como se vê em braço em relação ao corpo (CROFT & CRUSE, 2004). Braço
não pode ser definido sem que se faça referência ao corpo, assim como dedo
não pode ser entendido sem que se faça referência à mão. E, mão, por sua
vez, deve ser entendida levando-se em conta sua relação com o braço. Por
essa razão, têm-se, como possíveis, as seguintes frases:
a. O corpo tem dois braços.
b. Uma mão tem cinco dedos.
c. Um braço tem uma mão.
A essa relação, Langacker (1987:119) chamou de escopo da
predicação. Cada um desses elementos possui um escopo da predicação
imediato, que é a parte relevante do sistema do corpo humano para se definir o
36
conceito desejado. Assim, estabelece-se uma espécie de “hierarquia” entre os
conceitos associados, que, nesse caso, seria: dedos < mão < braço < corpo.
Devido a essa relação “hierárquica”, em que se define o escopo da predicação,
as frases seguintes não são frases coerentes.
d. ? Um braço tem cinco dedos.
e. ?? Um corpo tem vinte dedos.
Uma classe que apresenta uma relação similar de parte pelo todo é a
classe de grau de parentesco/família. O conceito de filha pressupõe o conceito
de pais e uma relação particular que existe entre eles. O conceito de sobrinha
pressupõe o sistema de grau de parentesco. Contudo, não precisamos
entender todo o sistema de graus de parentesco para compreendermos o
conceito sobrinha. Somente uma pequena parte desse sistema é necessária,
ou seja, somente o escopo da predicação é necessário, e ele está
representado no esquema abaixo, proposto por Croft & Cruse (2004: 23):
∆ = Ο
= Ego
Ο Sobrinha
Figura 1: Sobrinha2
2 O símbolo quadrado é usado para marcar um gênero neutro. Já o triângulo marca o gênero masculino e o círculo, o feminino.
37
Para o entendimento do conceito de sobrinha dentro do sistema de
parentesco ressaltam-se i) o conceito de eu, ii) o conceito de irmão(ã), e, por
isso, iii) o conceito de pais e iv) filho(a) dos mesmos pais, para que possamos,
então, entender a noção de sobrinha – filha do(a) irmão(ã). As noções, por
exemplo, de avô, avó, neto e neta não precisam ser acessadas.
Em resumo, conclui-se que as palavras estão sob efeito de escopo e,
esse escopo é, na verdade, o frame (FILLMORE, 1982) ou, semelhantemente,
o domínio (LANGACKER, 1987) a que essa palavra se refere.
Um conceito pode pressupor muitos domínios diferentes. Por exemplo, o
ser humano deve ser definido relativamente aos domínios de objetos físicos,
coisas vivas e agentes volitivos (e diversos outros domínios, como, por
exemplo, emoção). A combinação de domínios simultaneamente pressupostos
por um conceito tal, como SER HUMANO, é denominado, um domínio-matriz.
Para exemplificar a noção de domínio-matriz, apresentaremos, a
seguir, o esquema do domínio-matriz da letra “T”, apresentado por Croft e
Cruse (2004: 25-26).
A letra T é definida como uma letra do alfabeto. Seu domínio básico é,
portanto, o alfabeto. O alfabeto em si é um domínio abstrato que pressupõe a
noção de sistema de escrita, e não somente uma instância do sistema de
escrita, já que o último envolve não só a colocação de símbolos como num
alfabeto, mas também o significado de colocá-las juntas, incluindo a direção
das letras numa página, espaços para palavras e por aí em diante.
O domínio de sistema de escrita, por seu turno, pressupõe a atividade
de escrita. A atividade de escrita deve ser definida em termos da comunicação
38
humana, que depende da noção de significado – talvez um domínio básico, já
que a relação simbólica parece não ser redutível a alguma outra relação – e
sensações visuais, visto que escrita é comunicação via inscrições percebidas
visualmente, em vez de auditivamente ou através de gestos.
Sendo a escrita uma atividade, os domínios de tempo e forma ou
causação (todos domínios básicos) são também envolvidos no domínio-matriz
de escrita, uma vez que a letra “T” é o produto de uma atividade. Como
escrever se trata de uma atividade humana, pressupõe o envolvimento de
seres humanos, coisas vivas com habilidade mental, tais como volição,
intenção, cognição. Coisas vivas, por sua vez, são objetos físicos dotados de
vida. Objetos físicos existem materialmente e são entidades de espaço
(embora objetos materiais sempre possuam alcance espacial, objetos
espaciais, como figuras geométricas, podem existir sem material corpóreo).
A partir disso, podemos perceber que é incorreto descrever o conceito
da letra T simplesmente como pertencente ao domínio de escrita, como uma
teoria de domínio informal teria feito. A vasta maioria dos conceitos pertence a
domínios abstratos, nos quais são eles mesmos perfilados em domínios-
matrizes complexos, oferecidos também de forma abstrata e, por isso, também
podem ser chamados de domínio de estrutura (CROFT 1993 [2002]: 169).
Isso corresponde ao que Langacker nomeou escopo máximo.
Fillmore (1982: 235) vê os frames não como um significado adicional
para organização de conceitos, mas como um repensar fundamental dos
objetivos da semântica linguística. Fillmore (loc. cit) descreve seu modelo de
semântica de frame como um modelo de “semântica de entendimento”, em
contraste à semântica de condições de verdade: Eu tenho em mente que para
39
entender qualquer sistema de conceitos relacionados dessa maneira, deve-se
entender a estrutura inteira na qual ele está inserido. (FILLMORE, 1982: 111)3.
2.3.3 MCIs
Um MCI (Modelo Cognitivo Idealizado) é uma representação mental
relativamente estável que reflete uma “teoria” sobre algum aspecto do mundo
para os quais palavras e outras unidades linguísticas podem ser relativizadas.
Nesse sentido, MCIs são similares à noção fillmoreana de frame, já que ambos
estão relacionados a uma estrutura de conhecimento. Na verdade, sua
elaboração decorre de uma percepção mais ou menos generalizada nos
estudos cognitivistas: a de que palavras não esgotam seu significado em si
mesmas, mas devem fazer referência a um algum modelo de mundo
estruturado – para Lakoff (1987), esse modelo é um MCI. Para Croft & Cruse
(2004: 31) o MCI é essencialmente um domínio matriz4.
É importante destacar que o conceito de MCI difere do de frame porque
o frame é um enquadre, um recorte dentro de um MCI. Por sua vez, o MCI é
um conjunto grande de frames.
O exemplo recorrente é o conceito lexical MOTHER (LAKOFF, 1987: 74-
6). De acordo com a teoria clásica, deve ser possível dar condições suficientes
e claras necessárias para mãe que vai encaixar-se em todos os casos e
3 I have in mind any system of concepts related in such a way that to understand any one of them you have to understand the whole structure in which it fits. (FILLMORE, 1982: 111). 4 The cluster ICM is essentially a domain matrix.
40
aplicar-se igualmente em todos eles. Tal conceito pode ser entendido
relativamente como mulher que gerou e de quem nasceu uma criança. Mas,
como nós veremos, essa definição não cobriria totalmente boa parte desses
casos. Mãe é um conceito que é baseado num modelo complexo, no qual um
número de modelos cognitivos individuais formam um grupo de modelos.
Alguns dos modelos desse grupo são:
1) O modelo provedora: a pessoa que dá a luz é a mãe.
O modelo de mãe provedora é comummente acompanhado por um modelo
genético. No entanto, desde o desenvolvimento do óvulo e implante
embrionário, eles nem sempre coincidem.
2) O modelo mãe de aluguel: a mulher que contribui com o material genético
é a mãe.
3) O modelo mãe de leite: a mulher que amamenta e cria uma criança é a mãe
da criança.
4) O modelo madrasta: a esposa do pai é a mãe.
5) O modelo ancestral: o antepassado feminino mais próximo é a mãe.
O conceito mãe normalmente envolve um modelo complexo no qual
todos esses modelos individuais combinam para formar um grupo de modelos:
esse grupo de modelos é o MCI. Sempre houve divergências nesse grupo.
Madrasta é um exemplo disso. Em função da complexidade da vida moderna,
os modelos têm divergido cada vez mais. Ainda assim, várias pessoas sentem
a pressão de escolher um único modelo como sendo o mais adequado, aquele
que “realmente” define o que é mãe. No entanto, talvez alguém tente
argumentar que somente um desses represente o verdadeiro conceito de mãe.
41
O linguista evidencia que não é bem assim. Como as sentenças seguintes
(LAKOFF, 1987:75) indicam, existe mais de um critério para a “real”
maternidade:
“Eu fui adotado e eu não sei quem é minha verdadeira mãe.”
“Minha verdadeira mãe morreu enquanto eu era ainda um embrião. Eu fui
congelado e implantado no útero de uma mulher que me deu a luz.”
“Eu tive uma mãe genética que contribui com o óvulo que foi implantado no
útero da minha verdadeira mãe, que me deu a luz e me criou.”
“Os esparmatozóides do meu pai foram fertilizados ao mesmo tempo nos
óvulos de 20 mulheres diferentes. Eu não procuraria nenhuma das minhas
verdadeiras mães. Minha mãe de fato é a mulher que me criou e sustentou.”
Em resumo, mais do que um desses modelos contribui para a
caracterização de mãe verdadeira e qualquer um deles pode estar ausente de
tal caracterização. Ainda assim, a idéia de que existe a verdadeira mãe parece
requerer uma escolha entre os modelos. Seria “bizarro”, nas palavras de Lakoff
(1987: 75), para alguém dizer: “Eu tenho quatro verdadeiras mães: a mulher
que contribuiu com os meus genes, a que me deu a luz, a que me criou e a
atual mulher do meu pai.”
Os modelos para mãe não identificam um único indivíduo. Utilizamos
expressões como madrasta, mãe adotiva, mãe biológica, mãe de aluguel, mãe
de criação, mãe doadora etc. Tais compostos, é claro, não representam
42
subcategorias, isto é, tipos de mães comuns. Em vez disso, descrevem casos
em que existe uma falta de convergência dos diversos modelos.
Em suma, o conceito mãe não é claramente definido. Isso acontece
porque, nessa perspectiva, a interpretação de um conceito qualquer demanda
a ativação do nosso conhecimento enciclopédico, ou seja, a partir da noção de
MCI (ou da noção fillmoreana de frame), pode-se relacionar esse conceito à
vaga noção de conhecimento de mundo, e torná-la um objeto legítimo de
estudo, devidamente incorporado à teoria – “e não uma espécie de massa
amorfa à qual se atribui tudo o que não seria especificamente linguístico”
(ALVARO, 2008:50).
2.4 Os processos conceptuais
O processo de construção de sentido envolve não apenas o
acionamento de bases de conhecimentos, mas também outros mecanismos
mentais. As estruturas de conhecimento podem ser mentalmente manipuladas
por meio de mecanismos cognitivos específicos, a que chamamos aqui de
processos de conceptualização. Não seria viável a apresentação de todos os
mecanismos já citados na literatura neste trabalho. Portanto, selecionamos um
recorte dos três processos que são fundamentais para esta dissertação:
metáfora, metoníma e ajustes focais (“focal adjustments”).
43
2.4.1 Metáfora
Tradicionalmente, a metáfora é vista como um recurso linguístico ou,
para usar seus próprios termos, uma figura de linguagem, um recurso
meramente estético e, por isso mesmo, dispensável. Já a hipótese cognitivista
sustenta que a metáfora é, antes de qualquer coisa, propriedade do
pensamento. Metáforas são formas de pensar e agir e não apenas de dizer.
Mais especificamente, trata-se de um processo cognitivo por meio do qual
compreendemos, experienciamos e conceptualizamos um domínio a partir de
outro. Um desses domínios, o domínio-fonte, serve de “ponto de partida” para
a metáfora, proporcionando um tipo de esquema conceptual básico a partir do
qual o outro domínio - domínio-alvo - poderá ser compreendido.
É condição sine qua non para a metáfora que o domínio-fonte seja, de
alguma maneira, mais básico ou familiar que o domínio-alvo, e essa
familiaridade do domínio-fonte está diretamente relacionada com a experiência
corpórea. Corpo e mente não são mais percebidos como independentes, pois
compreendemos o mundo através de metáforas construídas com base em
nossa experiência corporal, e, de acordo com Lakoff e Johnson (2002: 22)
nossa corporeidade e nossa mente interagem para dar sentido ao mundo.
Uma parte substancial das metáforas comumente utilizadas é concebida
tendo como base partes do corpo. Com frequência lidamos com expressões
tais como: “as pernas da cadeira”, “os dentes do pente”, “o braço do sofá”, “os
pés da cama”, “as orelhas nos livros”, “o olho d’água” e “a “cabeça do martelo”.
44
Depois do trabalho pioneiro de Michael Reddy (1979), George Lakoff e
Mark Johnson vêm desenvolvendo um vasto programa de pesquisa a respeito
das metáforas, a partir de Metaphors we live by (Lakoff & Johnson, 1980),
seguido de muitos outros, o que levou à consolidação da Teoria da Metáfora
Conceptual (doravante TMC).
Um exemplo de Lakoff e Johnson (2002), bastante recorrente para os
estudiosos na área, dentre tantos analisados pelos autores, é a expressão
TEMPO É DINHEIRO, que se manifesta em nossa cultura e pode ser
explicitada na linguagem cotidiana através das sentenças que seguem:
1) Você está desperdiçando/perdendo seu tempo.
2) Preciso ganhar tempo.
3) Você administra bem o seu tempo.
4) Reserve um tempo para o lazer.
5) Você tem tempo disponível?
6) Perdi muito tempo com você.
TEMPO É DINHEIRO é uma metáfora conceptual que possibilita
diversas metáforas linguísticas como as apresentadas acima. Com base
nesses exemplos, constatamos como o tempo em nossa cultura é tido como
um bem valioso, um recurso limitado de que nos servimos para alcançar o que
objetivamos. Verificamos que recorremos ao conceito de dinheiro (noção
concreta), sobre a qual temos domínio, para, a partir dela, compreendermos o
tempo, que, por sua vez, é uma noção mais abstrata, não palpável, isto é, o
“domínio mais básico” é entendido do ponto de vista experiencial: o domínio-
45
fonte envolve conceitos que podem ser apreendidos por meio da interação
sensório-motora do nosso corpo com a realidade em que estamos inseridos.
Trata-se de uma apreensão direta da realidade. Esses conceitos servirão para
formar um conjunto mínimo de noções concretas que poderão ser
metaforicamente estendidas na direção de noções mais abstratas.
Lakoff e Johnson (2002 [1999]: 51) mostram como, na cultura ocidental,
TEMPO É DINHEIRO de muitas formas:
... unidades de chamadas telefônicas, pagamento por hora, taxas diárias de hotel, orçamentos anuais, juros sobre empréstimos e pagamento de dívida para a sociedades através de “tempo de serviço”. Essas práticas são relativamente novas na história da humanidade e não existem em todas as culturas. Elas surgiram nas sociedades modernas industrializadas e estruturam profundamente nossas atividades cotidianas básicas, Pelo fato de que agimos como se o tempo fosse um bem valioso – um recurso limitado, como o dinheiro – nós o concebemos dessa forma. Logo, compreendemos e experienciamos o tempo como algo que pode ser gasto, desperdiçado, orçado, bem ou mal investido, poupado ou liquidado.
Assim, fica claro que a LC atribui à metáfora uma função cognitiva que
se baseia numa relação de similaridade. Ao seu lado, um outro processo
cognitivo é a metonímia, sobre a qual nos debruçaremos a seguir.
46
2.4.2 Metonímia
Grande parte do que dissemos sobre a metáfora pode ser estendido
para a metonímia: tratada, igualmente, como uma “figura de linguagem”, um
recurso poético ou retórico na perspectiva tradicional, também é entendida sob
a ótica cognitivista como uma maneira de pensar e agir que se reflete em
nossa linguagem, pois, segundo essa abordagem, conceitos metonímicos não
são somente uma questão de linguagem, mas “conceitos metonímicos fazem
parte da maneira como agimos, pensamos e falamos no dia-a-dia” (LAKOFF e
JOHNSON, 2002: 93).
Assim como a metáfora, a metonímia nos permite fazer referência a uma
dada entidade a partir de outra. Porém, metáfora e metonímia são processos
cognitivos diferentes. A metáfora é um modo de conceber um domínio-alvo em
termos de um domínio-fonte de natureza distinta e por isso envolve
similaridade. No processo metafórico, estabelece de uma relação de
compreensão extradominial.
Já a metonímia é um modo de representar um domínio-alvo em termos
de um domínio-fonte dentro de um mesmo modelo cognitivo. A relação é,
portanto, intradominial.
Alguns exemplos devem esclarecer essa definição.
7) Ele gosta de ler Clarice Lispector.
8) Eu odeio Paulo Coelho.
9) Ele comprou um Renault.
47
10) Ele tem um Cézanne em sua sala.
11) Eu fiz a Lilian como ouvinte.
12) O SKILL me contratou.
Os exemplos (7) e (8) ilustram a metonímia PRODUTOR PELO
PRODUTO. Quando dizemos “Clarice Lispector”, fazemos referência ao que
Clarice Lispector escreveu, bem como em “Paulo Coelho”.
No exemplo (9), a entidade vinculada por “Renault” é “um carro da
marca Renault”. Em (10), Quando usamos “Cézanne”, a referência é “uma
pintura de Paul Cézanne”. Em (11), “Lilian” é, na verdade, “a disciplina
ministrada pela Lílian” e “SKILL”, em (12), vincula “o diretor do SKILL”.
É interessante notar que, em (10), por exemplo, não estamos nos
referindo simplesmente ao quadro, mas sugerindo a importância do pintor que
fez tal obra. Assim, percebemos que a metonímia não é simplesmente uma
maneira de representar a entidade, mas sim uma maneira de como essa
representação seleciona um aspecto a que fazemos referência que deve ser
enfatizado.
Além disso, cabe destacar que se trata de uma representação dentro do
mesmo modelo cognitivo e, por isso, entendida em LC como uma relação de
contiguidade.
48
2.4.3 Ajuste Focal
O termo “ajuste focal” foi proposto no âmbito da Cognitive Grammar, de
Ronald W. Langacker e designa um conjunto de mecanismos responsável pela
nossa capacidade de compreender uma mesma situação de diferentes
maneiras.
Obviamente, não é uma habilidade especificamente da língua: podemos
conscientemente controlar nossos mecanismos de atenção a fim de focalizar,
numa cena comercial, o vendedor que, com sua proposta, tenta convencer o
cliente; o objeto que está sendo negociado; ou, ainda, o cliente que está em
dúvida quanto à aquisição do produto. Dependendo da forma como a cena
global é construída, o foco irá variar de modo significativo. Em cada um dos
casos acima, apenas uma das três entidades será focalizada – e as outras
ficarão “em segundo plano”.
Nesta dissertação, o que interessa é a proposta da LC de que a
habilidade de construir cenários alternativos para uma mesma situação objetiva
– possibilitada pelo conjunto de mecanismos de ajuste focal – também marca
presença quando se trata de fenômenos linguísticos5 (ALMEIDA et alii, 2009:
28). Muitas formações linguísticas possuem essa função: oferecer diferentes
possibilidades para o enquadramento de um mesmo cenário. Isso pode ser
exemplificado pela diferença entre uma sentença ativa e sua contraparte
passiva.
5 O que só vem reforçar o pressuposto da motivação conceptual da gramática, mencionado acima.
49
Exatamente como acontece com a nossa expectativa com relação à
cena comercial apresentada, a alternância entre as duas construções permite
até inverter a relevância relativa de cada uma das três entidades participantes,
como se verifica em: a) O cliente adquiriu a mercadoria, b) O vendedor fez um
bom negócio, e c) A mercadoria será de grande utilidade.
Enquanto o MCI é essencialmente um domínio-matriz, o ajuste focal é o
fenômeno que vai relevar um aspecto desse domínio-matriz, selecionando o
frame adequado para o entendimento, como mostra Sweetser (1999).
Sweetser (loc. cit) se apropria da noção de ajuste focal para tratar da
modificação adjetival, mostrando que o significado das formações nome-
adjetivo se dá composicionalmente, ou seja, a partir da possibilidade de
combinação entre o nome e o seu modificador. Contudo, a composicionalidade
não é a soma objetiva de traços de significados presentes nos elementos das
lexias e a contribuição semântica dos itens da formação também não é sempre
a mesma.
Para a LC, casos simples de modificação adjetival recrutam um largo
conjunto de mecanismos cognitivos, que somam os processos cognitivos às
bases estáveis, especialmente a noção de frame. O modificador elabora uma
zona ativa de área perfilada pelo nome, isto é, o modificador focaliza partes ou
aspectos da entidade (nome) em si, mas partes ou aspectos dos frames
associados ao contexto complexo da entidade.
Sweetser (1999) enumera uma série de exemplos que esclarecem esse
fenômeno. Um deles está no adjetivo “seguro(a)” dos sintagmas “praia segura”
e “bebê seguro”. O mesmo adjetivo, nos diferentes sintagmas, ativa frames
50
diferentes, pois “praia segura” indica que a praia não vai fazer mal a ninguém,
enquanto “bebê seguro” indica um bebê livre de qualquer dano, e não um bebê
que não fará nenhum mal.
Da mesma maneira, em “goiaba vermelha” e “maçã vermelha”
percebemos que o adjetivo “vermelha”, embora indique a cor em ambas as
frutas, ativa a parte interna do frame ao se referir à “goiaba”, ao passo que
ativa a parte externa do frame ou casca quando associado à “maçã”.
A autora destaca que até em casos de interpretação default, como “bola
vermelha”, em que todos os falantes tendem a interpretar a bola como sendo
vermelha externamente, poderemos estar fazendo referência a uma bola
colorida em que o vermelho predomine ou, ainda, a uma bola jogada por um
time cujo uniforme é vermelho.
Quando, por exemplo, dizemos “Coloquei o lápis na mesa”, estamos
dizendo que o lápis está inteiro sobre a mesa. Todavia, quando afirmamos
“Coloquei o lápis no apontador”, o lápis não é acessado por inteiro, pois, no
apontador, o que se coloca é apenas a ponta do lápis. É o adjunto que permite
tais interpretações.
Assim, verifica-se que cada nome envolve um espaço estruturado por
um frame apropriado e o significado do todo é uma mistura bem-sucedida de
dois espaços envolvidos – o nome e o modificador – daí o significado ser
tratado como composicional, embora não no sentido tradicional, como soma
das partes.
Neste ponto, concluímos nossa apresentação das linhas gerais do
aporte teórico adotado. Estamos, portanto, em condições de passar, no
51
próximo capítulo, para uma revisão no que diz respeito à polissemia,
focalizando as diferenças existentes entre a LC e outras abordagens.
Conforme explicitado no capítulo 1, o próximo capítulo é devido à
centralidade que esse fenômeno detém neste trabalho.
52
3. POLISSEMIA: ANTIGAS VISÕES E NOVAS
PERSPECTIVAS
Este capítulo se divide em seis partes. Inicialmente, definimos o conceito
de polissemia e tratamos da sua centralidade na LC. Em seguida,
estabelecemos uma distinção entre tal abordagem e estudos consagrados na
tradição acerca do significado, incluindo publicações recentes brasileiras que
mal abordam o tema.
Na terceira seção, verificamos, de forma breve, como a polissemia está
sendo tratada em abordagens atuais. Na parte seguinte, analisamos como a
polissemia é tratada no âmbito dos dicionários. Por fim, nas duas seções
subsequentes, abordamos como o assunto é estudado em pesquisas em
morfologia e sintaxe.
3.1 Polissemia
A polissemia, entendida como um processo de extensão de sentidos em
que uma forma linguística relaciona-se a dois ou mais significados, é um
fenômeno inerente às línguas naturais. Certamente, uma língua sem
polissemia seria um sistema muito menos acessível, pesado, com alto custo de
aquisição, pois não seria possível relacionar formas já existentes a renovadas
necessidades comunicativas. Por isso, Soares da Silva (2006: 1) ressalta que a
53
polissemia é uma realidade natural, conceptual e linguisticamente necessária
Taylor (2002: 471), de modo análogo, destaca que uma língua sem polissemia
seria útil apenas num mundo sem variação ou inovação, em que os falantes
não tivessem de responder a novas experiências nem encontrar símbolos para
novas conceptualizações.
A polissemia é uma questão fundamental para a Linguística Cognitiva
(LC), mas já foi tratada como obstáculo nas teorias linguísticas formalistas,
como o estruturalismo e o gerativismo. No caso do primeiro, a semântica era
pensada nos termos de fonologia (p.ex., como um conjunto de traços) e o
léxico era tratado como um sistema de relações. Já para o gerativismo, o léxico
é uma lista de entradas que se distinguem entre si por qualquer mudança de
traço e projetam a sintaxe. A semântica formal, baseada em Frege, expressa
bem o compromisso com a categorização aristotélica em relação ao léxico,
segundo a qual um item pertence ou não pertence a uma determinada classe,
formando ou agindo como camisa de força a que foram submetidos os estudos
sobre o significado. Além disso, preconiza o compromisso com condições de
verdade em relação à referencialidade, em que não há espaço para a
figuratividade, fazendo com que essa teoria resultasse numa descrição, aliás,
como as duas anteriores também, em que se minimiza a polissemia e se
maximiza a homonímia.
Como, para a LC, a capacidade cognitiva da linguagem não pode ser
jamais dissociada das outras capacidades cognitivas e a experiência corpórea
contribui com a categorização das línguas naturais pelos falantes numa escala
do centro (perceptual e aberto a hesitações que vão além do sim ou não
aristotélico) às margens (projeções figurativas que permitem entender o
54
abstrato), o significado deve ser tratado pelo linguista em cadeia, onde o mais
literal coincide com o mais experiencial e o menos literal, com o mais projetivo.
O esquema imagético de “cabeça” ilustra o que está sendo dito. O item
não só indica a parte mais alta do corpo, mas também designa funções
intelectuais, socioculturalmente valoradas como positivas, diferentes projeções
figurativas que podem perfilar a dimensão espacial ou a dimensão funcional,
assim como pode mesclá-las na conceptualização da realidade experienciada a
partir desse EI. A cadeia de sentidos que o item lexical “cabeça” apresenta em
português traz, então, tais projeções figurativas. Cabe ao linguista identificá-las,
tendo em vista o papel da metáfora e da metonímia, que podem atuar
isoladamente ou em conjunto. Além disso, verificam-se as interferências
culturais, históricas e sociais, dentre outras.
Entendida a questão, é revelada ao linguista a adequação de uma
descrição que minimize a homonímia e maximize a polissemia, caracterizada
como formação da cadeia de significados. Por essa razão, é que Soares da
Silva (2006: 3-4) declara:
Só com o advento da Lingüística Cognitiva nos inícios dos anos 80 e sua institucionalização na década seguinte, é que a importância da polissemia é restabelecida, e o que fora um obstáculo à teoria lingüística torna-se uma oportunidade para (re)ligar a linguagem à cognição e à cultura, para colocar a categorização lingüística no centro das atenções (e oferecer uma alternativa à abordagem “clássica”, isto é, em termos de “condições necessárias suficientes”), para centralizar o significado e a semântica nos estudos lingüísticos e na arquitetura da gramática, para recontextualizar o significado e a linguagem. ... As categorias conceptuais e lingüísticas (tanto lexicais quanto gramaticais) são entendidas e estudadas como típica e naturalmente polissêmicas (Langacker, 1987:50), redes (“networks”) de sentidos associados por parecença
55
de família” (Wittgestein, 1953), radialmente organizados à volta de um centro prototípico e inter-relacionados por meio de princípios cognitivos gerais, tais como a metáfora, a metonímia, a generalização, a especialização e transformações de esquemas imagéticos.
Se os significados são frutos de processos cognitivos, as palavras não
carregam significados, mas os ativam a partir de um frame decorrente das
diferentes experiências, e esses significados ativados remetem à cadeia que o
linguista terá descrito, pressupondo que as palavras são polissêmicas, e não
homônimas. A participação do conhecimento de mundo na formação de uma
cadeia de significados leva a LC a propor que, em vez de dicotomia entre
conhecimento linguístico e conhecimento enciclopédico, se entenda aquele
como parte deste e, portanto, este como preponderante.
3.2 A polissemia em outras abordagens
Para tratar da forma como a polissemia vem sendo abordada nos
estudos pré-cognitivistas, selecionamos alguns estudiosos do significado
consagrados na tradição de estudos descritivos de base linguística, e que, de
uma forma ou de outra, tratam do assunto. Além do mais, apresentaremos
rapidamente como publicações prestigiadas brasileiras abordam a questão.
56
3.2.1 Bréal
O termo polissemia foi criado por Michel Bréal, filósofo francês, nos
finais do século XIX em seu famoso Essai de Semantique de 1897. Assim,
inauguram-se as investigações sobre polissemia, que é estudada no âmbito da
mudança linguística gerada a partir do uso, da aquisição de língua e da sua
evolução, do pensamento e da sociedade.
Para Bréal, a polissemia atende às necessidades cognitivas e sociais
dos falantes e deve, portanto, ser estudada enquanto uso e segundo a
psicologia dos falantes no que diz respeito à cultura e à cognição.
Podemos afirmar que mais do que o reconhecimento e a criação do
termo, Bréal também lançou as bases para o estudo da polissemia,
reconhecendo que esta é resultado das inovações semânticas e que os
significados dados a partir das inovações coexistirão com os já consagrados. O
sentido novo, independentemente de qual seja ele, não põe em xeque o(s)
antigo(s):
... À medida que uma significação nova é dada à palavra, esta parece multiplicar-se e produzir exemplares novos, similares na forma, mas diferentes quanto ao valor. A este fenômeno de multiplicação damos o nome de polissemia. Todas as línguas das nações civilizadas participam neste processo: quanto mais um termo acumula significados, mais devemos supor que representa diversos aspectos da atividade intelectual e social. (BRÉAL, 1924 [1897]: 143-4).
57
O filósofo Bréal reconhece, então, que a polissemia é o resultado da
inovação semântica, e que um novo significado e o mais antigo existem
paralelamente. Porém, destaca que, no uso linguístico, a polissemia não existe,
pois, discursivamente, a palavra apresenta, na maioria das vezes, um
significado.
3.2.2 Lyons
Lyons, no capítulo sobre princípios gerais de Semântica de seu livro
Introdução à Linguística Teórica, discute a polissemia, elucidando que não é
difícil perceber que alguns significados estão relacionados entre si enquanto
outros não estão.
De acordo com a análise dos lexicógrafos, Lyons, levando em conta a
distinção entre polissemia e homonímia, afirma que a diferença entre os dois
fenômenos é indeterminada e arbitrária. Depende, em última análise, do juízo
do lexicógrafo sobre a plausibilidade da ‘extensão’ do significado, ou de alguma
prova histórica de ter ocorrido particular extensão. (LYONS, 1979: 431). Essa
afirmação é feita baseada em análise de diferentes dicionários de língua
inglesa que apresentam discrepâncias de classificações de um mesmo item
lexical.
Concluindo, o autor considera que toda e qualquer constatação histórica
que se faça sobre a evolução do significado das palavras não é saliente, de
início, sincronicamente, como se o falante não reconhecesse essas ligações
58
que se pode estabelecer entre o étimo e os diversos significados que uma
palavra pode abarcar.
3.2.3 Ullmann
O autor em questão apresenta, em seu livro Uma introdução à ciência do
significado, uma extensa análise sobre o fenômeno. Resumidamente,
verificamos que Ullmann definiu a polissemia como “um traço fundamental da
fala humana, que pode surgir de maneiras múltiplas” (ULLMANN, 1964: 318).
Essas maneiras seriam, na verdade, quatro: 1) mudanças de aplicação, 2)
especialização num meio social, 3) linguagem figurada, 4) influência
estrangeira.
Muito relevante na descrição de Ullmann é a reflexão de que a
polissemia é “uma condição essencial” da eficiência da língua, pois se não
pudéssemos atribuir diversos sentidos a uma só palavra, certamente
sobrecarregaríamos demais nossa memória. Por isso, o autor destaca:
A polissemia é um fator inapreciável da economia e flexibilidade da língua; o que é admirável não é que o maquinismo emperre de vez em quando, mas que emperre tão raramente. Como funciona na prática esse maquinismo? A principal garantia de seu funcionamento normal é a influência do contexto. Não interessa o número de significados que uma palavra possa ter no dicionário, não haverá confusão se apenas um deles fizer sentido numa dada situação. (ULLMANN, 1964: 334).
59
Diferentemente da descrição feita por Lyons, Ullmann revela a
importância da polissemia e não a define tendo como base a análise dos
lexicógrafos. Muito pelo contrário, despreza a classificação feita pelos
dicionários e considera que as relações entre os diversos significados de uma
mesma palavra podem ser reconhecidas pelos falantes a partir do contexto.
3.2.4 Fiorin
Este autor trata a polissemia também apenas dentro das relações entre
palavras, no âmbito da semântica lexical, e a define como sendo um único
significante que corresponde a vários significados, opondo-a à monossemia,
em que temos apenas um significado.
Assim, Fiorin (2008 [2003]) destaca que a polissemia difere da
homonínia (coincidência entre significantes de palavras com significados
distintos) e da paronomásia (significantes que tenham imagens acústicas
semelhantes podem ter seus significados aproximados, seja por um equívoco
ou por algum engenho poético), pois estes são fenômenos da ordem do
significante e não do significado.
Segundo o autor, a polissemia está na base de inúmeros jogos de
palavras (2008 [2003]: 131), e exemplifica com a seguinte anedota:
“- Qual a diferença entre o estudante e o rio?
60
– O estudante deve deixar seu leito para seguir seu curso, enquanto o rio
segue seu curso sem deixar seu leito.”.
Nessa pequena anedota, o jogo de palavras se dá não apenas pela
inversão da ordem sintática que os elementos “curso” e “leito” experimentam,
mas também - e principalmente - pela polissemia dos itens “leito” e “curso”, que
indicam, respectivamente, “cama” / “solo” e “programa de estudos” / “percurso,
caminho”.
A polissemia também pode ser explorada para usarmos a mesma
palavra com suas possibilidades de sentido distinto, como na célebre frase de
Pascal: “O coração tem razões que a própria razão desconhece”, em que
verificamos a palavra razão com duas acepções: motivos, motivações,
estímulos e capacidade de julgamento, de raciocínio, respectivamente.
Por fim, o autor enfatiza que a polissemia depende do fato de os signos
serem usados em diferentes contextos, como acontece nas frases abaixo,
selecionadas entre os exemplos do autor:
a) A babá tomou a mão da criança. (segurou)
b) Os EUA tomaram Granda. (invadiu)
c) Agora ele só toma água. (bebe)
Desse modo, verifica-se que a linguagem humana é, de fato,
polissêmica, pois, nas palavras do autor, os signos, tendo um caráter arbitrário
e ganhando seu valor nas relações com os outros signos, sofrem alterações de
significado em cada contexto (FIORIN, 2008 [2003]: 132), ou seja, segundo o
autor, a língua reflete a perspectiva estruturalista de ser o próprio sistema
linguístico.
61
3.3 A polissemia nas abordagens atuais
Observa-se na história recente do pensamento linguístico que a
polissemia tem sido abordada com ênfase na dificuldade de distinção em
relação à homonímia, sobretudo pelo fato de a distinção levar à quebra do
princípio da sincronia, estabelecido como cânone desde Saussure (1916).
Soares da Silva (2006: 49) reflete o ponto de vista que adotamos nesta
dissertação:
(...) a polissemia é um fenómeno de motivação, que introduz uma certa redundância no léxico mental, ao passo que a homonímia é um fenómeno acidental. O que daqui se pode concluir é que polissemia e homonímia não constituem uma dicotomia estrita, mas antes fazem parte de um continuum de relação de sentidos. E metodologicamente (...) uma análise polissémica será preferível a uma análise homonímica sempre que se encontrarem factores de coerência semântica num complexo de sentidos associados a uma mesma forma.
Essa perspectiva abre espaço para a descrição da cadeia de
significados do item “cabeça” a partir da identificação dos “factores de
coerência semântica” que passaremos a expor quando da análise dos dados e
não a partir de propriedades necessárias e contingentes, que, segundo a
categorização aristotélica, determinam se uma entidade ou uma palavra
pertence a uma classe ou a outra. Se, na categorização aristotélica, qualquer
mudança de propriedade implica mudança de categoria, é natural que haja um
item lexical homônimo para cada comportamento semântico.
62
Já na categorização com base em protótipos, identificam-se as
propriedades mais representativas da categoria e estabelece-se uma escala
entre elas e as menos representativas, o que permite a descrição da
distribuição das propriedades na categoria, dos elementos que se filiam à
categoria e, para os fins desta dissertação, dos significados prototípicos e
periféricos do item “cabeça”. Portanto, a categorização com base em protótipos
explica por que concebemos o item “cabeça” como polissêmico.
A questão da categorização que envolve a polissemia é pensada por Ilari
(2003) de modo convergente à LC por considerar a língua como atividade
constitutiva das categorias de pensamento de seus falantes.
A língua é uma atividade constitutiva na medida em que questiona ou
modifica um sistema de referências através do qual se olha para a realidade
(ILARI, 2003: 71). Nesse sentido, o relativismo linguístico, sobre o qual falamos
na seção 2.1.1, assume um papel importante no que se refere à construção da
linguagem. O desafio da LC é exatamente o de sustentar a coerência entre o
relativismo e o conceito de língua adotado.
3.4 A polissemia nos dicionários
Consideramos importante destacar como a polissemia é apresentada
nos dicionários, já que deles é retirada a maior parte dos dados levantados
para este trabalho. Isso se deve, pois, ao fato de que os dicionários são
instrumentos clássicos para registro e conhecimento do léxico de uma língua,
63
mesmo que, como dito na introdução, não inclua todo o léxico potencial/mental
do falante, mas somente o convencionalizado, incluindo regionalismos. Por
isso, nos valemos também de dados de introspecção e de dados colhidos via
busca eletrônica, tentando dar conta, na medida do possível, do nosso léxico
potencial, apesar de sabermos que é impossível acessá-lo em sua totalidade.
Destaca-se que, ao recorrermos aos dicionários, não pretendemos fazer
um levantamento exaustivo da polissemia da língua, mas verificar como os
lexicólogos a resolveram.
No âmbito dos dicionários, é a polissemia ou a homonímia (associação
de sentidos completamente distintos, não-relacionados a uma mesma forma
linguística) que irá determinar o número de entradas da palavra. Por isso que
“manga” e “banco”, sendo considerados homônimos, estão dispostos da
seguinte maneira no minidicionário Aurélio da língua portuguesa (2000):
Banco1 1. Assento com encosto ou sem ele, ger. estreito e longo. 2. Escabelo.
3. Mocho1 (2) 4. Mesa sobre a qual trabalham artífices. 5. Elevação do fundo do
mar; chega quase à superfície e pode constituir-se de areia, coral, lama, etc.
Banco de areia. Elevação formada de areia, em fundo de mar ou de rio.
Banco2 1. Estabelecimento que recebe depósitos de dinheiro, faz empréstimos
e pratica outras transações financeiras. 2. Med. Instalação tecnicamente
adequada para o armazenamento e fornecimento de órgãos (pele, córnea,
sangue) e leite humanos. Banco central. Econ. Instituição que regula a
quantidade de dinheiro em circulação num país e o funcionamento de seu
64
sistema bancário. Banco comercial. Econ. O tipo mais comum de banco2 (1),
que opera principalmente com depósitos à vista e empréstimos de curto prazo
(desconto de duplicatas, crédito ao consumidor, etc.). Banco de dados. Inform.
1. Conjunto de dados, organizado por categorias, de modo a facilitar a
pesquisa, comparação e atualização das informações; base de dados. 2.
Programa para uso e controle de um banco de dados (1). Banco de imagem.
Edit. Acervo organizado de fotografias e ilustrações disponíveis para utilização
mediante pagamentos de direitos de reprodução.
Manga1 sf. 1. Parte do vestuário onde se enfia o braço. 2. Qualquer peça em
forma de tubo que reveste ou protege outra peça.
Manga2 sf. O fruto da mangueira.
Essas palavras têm entradas diferentes nos dicionários de língua
portuguesa porque têm origens etimológicas diferentes e seus significados não
estão relacionados. “Manga” é o exemplo dado por diversos autores para
exemplificar a homonímia nos compêndios gramaticais e em estudos
linguísticos, como em Fiorin (2007: 129):
Entre manga fruta e manga da camisa há apenas uma coincidência entre imagens acústicas iguais. ... A manga da camisa tem sua origem no latim manica, que quer dizer “parte da vestimenta que recobre os braços”, já a manga fruta tem sua origem no tâmul mankay, que quer dizer “fruto da mangueira”. Ambas tem origens distintas, com significados e significantes diferentes. No entanto, a
65
partir de uma sonorização que transforma o fonema /k/ em /g/, em português elas passam a ter significantes idênticos.
“Banco” também é um exemplo bastante recorrente, como podemos ver
na descrição de Ilari (1985), um dos semanticistas mais consagrados em língua
portuguesa, em seu livro Semântica, no capítulo intitulado é “A significação das
palavras”. Observemos a frase:
“O cadáver foi encontrado perto do banco.”
Tal frase admite mais de uma interpretação, sendo, portanto, ambígua.
As alternativas seriam de que o cadáver foi encontrado 1) nas proximidades de
uma casa bancária ou 2) nas proximidades de um assento de jardim. Ilari
esclarece que banco “corresponde a dois sentidos completamente
independentes. Banco – estabelecimento bancário – e banco – assento para
mais de uma pessoa, com ou sem encosto, típico de jardins – são duas
palavras homônimas”. (ILARI, 2004: 57). Isso não acontece com os vários
sentidos da palavra “bolsa”. Vejamos:
Bolsa (ô) sf. 1. Sacola com alça, ou saco, ou carteira, para guardar dinheiro
e/ou documentos, lenço, objetos de toalete, etc. 2. Qualquer outro saco
pequeno. 3. Pensão gratuita a estudantes ou pesquisadores para estudos ou
viagem cultural. 4. Instituição onde se transacionam ações, títulos públicos e
outros valores, ou mercadorias. 5. Anat. e Méd. Cavidade em forma de saco.
66
‘Bolsa’ é uma única palavra, pois 1) há uma única origem etimológica e,
principalmente, 2) todas os seus sentidos estão relacionados, tendo sido
formados a partir das necessidades comunicativas, do uso, e foram se
estendendo, de maneira que essa relação de sentido pode ser percebida por
qualquer falante. Contudo, essa ligação entre as acepções do item não é
visível em dicionários, pois estes procuram dar conta da polissemia por meio
de conceitos que não se apresentam relacionados. Temos de ir de verbete em
verbete e imaginar como se deu a extensão de um sentido a outro para que a
relação semântica seja entendida.
Tomemos como exemplo o caso de bolsa, citado acima. Ferreira (2009)
discutiu as acepções de bolsa presentes nas diversas formações compostas
recentes, recorrentes na imprensa atual, e descreveu como essa palavra
apresenta inúmeros sentidos distintos em diferentes compostos da Língua
Portuguesa, sem causar dúvidas nos falantes de que se trata de um único item
lexical.
Ferreira (2009) analisa os usos de bolsa desde a sua origem: “a palavra
bolsa originou-se do latim “bursa”, 'bolsa, receptáculo, mercado de bens e
moedas', e do grego “Búrsa”, 'pele curtida, couro, odre para vinho'6. Constata, a
autora, que “o sentido de bolsa tal como conhecemos hoje e tal como se fixou
na língua é decorrente de uma extensão metonímica, pois a partir do material
de que era feito – “couro”, primeira acepção de bolsa – formou-se a acepção
“utensílio que carrega algo de valor” (FERREIRA, 2009: 5).
Com o uso, a palavra passou a indicar a ajuda de custo ou auxílio para
um determinado fim social e de cunho institucional, sendo um rendimento
6 Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0.
67
periódico, recorrente, frequentemente mensal. Isso justifica o aparecimento na
língua, num determinado momento social e histórico do nosso país, das
formações como “bolsa-família” e “bolsa-escola”.
Seguindo esse momento sócio-histórico-econômico, em que se vive uma
política de compensação em que o governo oferece algum auxílio aos cidadãos
na tentativa de suprir a falta de algum direito ou benefício, ... que são, muitas
vezes, máscaras para o fracasso ou a corrupção presentes no meio político
(FERREIRA, 2009: 6), surgem na imprensa, com base nessa acepção de
bolsa que foi tomada pela autora como prototípica, diversas palavras como:
bolsa-blindagem, bolsa-floresta, bolsa-boiola, bolsa-aluguel, bolsa-gargalhada,
entre outras.
O quadro a seguir, reproduzido de Ferreira (2009: 12-13), sintetiza sua
análise e descreve com clareza o significado de cada um desses compostos,
além de identificar, em cada formação, as propriedades de “bolsa” que foram
mantidas e as descartadas, justificando-se, então, a polissemia e a escolha do
item para cada nomeação:
Formação lexical
com a lexia “bolsa”
Referência atribuída
à “bolsa” no texto
analisado
Propriedades de
“bolsa” mantida no
texto
Propriedades que
fogem ao conceito
prototípico de
“bolsa”
Bolsa-Blindagem Sugestão do autor de
uma bolsa paga pelo
governo na tentativa
de proporcionar à
população o direito de
blindar casas, carros
e o que mais for
necessário
- Pago pelo governo
- Medida emergencial
- Destina-se à classe
alta
- Caráter supérfluo
- Não é periódico
- Não tem fins sociais
Bolsa-Aluguel Serviço de locação - Caráter - Ocupação de
68
social proporcionado
pelo pelo governo a
famílias de baixa
renda
governamental
- Fim social
- Destinado à
população de baixa
renda
lugares desativados –
não é um pagamento
- O benefício exige
pagamento por parte
do beneficiário
Bolsa-Floresta R$ 50,00 pagos a
cada família que
prestar serviços ao
governo
- Periodicidade
- Auxílio financeiro
-Não é governamental
-Não posssui um fim
social e sim político
-Não se trata de uma
ajuda e sim
pagamento em troca
de serviço
Bolsa-Floresta Criação de áreas
protegidas, com “a
presença de escola e
as políticas de
qualificação de
recursos humanos”
-Fundo
governamental
-Fim social
-Trata-se de um
serviço, mas sem
pagamento, sem
auxílio financeiro
-Não é periódico
Bolsa-Gargalhada Artistas do programa
da TV Globo “Toma
Lá, Dá Cá” que nos
fazem rir, que nos
divertem
Periodicidade -Trata-se de pessoas
e do que elas
proporcionam
-Não há fundo
governamental
-Não há investimento
financeiro
Bolsa-Boiola Camisinhas,
lubrificantes (KY) e
pênis de borracha e
uma cartilha
ensinando as
técnicas mais
prazerosas do sexo
anal destinadas à
comunidade gay do
país.
-A verba é decorrente
dos cofres públicos
-É destinado a um
público
marginalizado, que,
de alguma maneira,
encontra dificuldade
de inserção social
-Trata-se de objetos a
serem distribuídos
-Não é periódico
69
Bolsa-Estupro Salário mínimo pago
pelo governo por 18
anos a mulheres que
foram estupradas e
engravidaram e o
tratamento com
psicólogos pagos
pelo governo para
influenciar essas
mulherem a não
abortarem.
-Pagamento
governamental
-Periodicidade
-Finalidade social
-Tratamento médico
-Não é destinado à
classes desprivilegia-
das.
-Caráter religioso
Quadro 1: Polissemia de bolsa
Constata-se, portanto, que a distinção entre polissemia e homonímia não
fica clara na organização dos dicionários que costumamos usar já que o que o
lexicógrafo classifica como “homônimos” será listado como palavras diferentes,
ao passo que os significados múltiplos duma palavra terão uma única entrada
no dicionário (LYONS, 1979: 431). Porém, o que se observa é uma grande
incoerência, porque os compostos, que de certa maneira mantêm uma relação
com a palavra núcleo da formação, aparecem como verbetes diferentes, ou
seja, um caso de homonímia, e não de polissemia. Todavia, como verificamos
nos estudos de Ferreira (2009), isso não é verdade.
Parece que, pelo fato de os compostos não terem um significado
previsível na língua a partir da soma das suas partes independentes, tende-se
a classificá-los como homônimos. No entanto, os significados das expressões
idiomáticas e/ou lexicalizadas também não são previsíveis, mas tais formações
recebem entrada nos dicionários no verbete da sua palavra núcleo.
70
3.5 A polissemia nos processos de formação de palavras
Cabe frisar que a polissemia ocorre em todo e qualquer nível da
gramática, embora seja estudada quase sempre no domínio da palavra. E é
sobre essa questão que vamos nos debruçar agora.
A polissemia não é um fenômeno recorrente apenas nos itens lexicais,
estendendo-se a outros níveis de análise da língua, do morfológico ao sintático.
No âmbito da morfologia, destacaremos o caso do morfema derivacional
“-dor”, sufixo formador de agentivos deverbais.
Basílio (2005: 41) definiu os “nomes de agente” formados a partir desse
sufixo como substantivos derivados de verbos com o propósito de designar
seres pela prática ou exercício da ação representada pelo verbo. A autora
ainda afirma que o sufixo “-dor” poderia ser considerado o elemento
morfológico não-marcado na formação de nomes de agente, talvez por ser o
elemento mais geral e produtivo, e apresenta as seguintes acepções, dentre
outras:
Agentes genéricos predador, roedor
Agentes profissionais administrador, cobrador, vendedor
Agentes ocasionais, eventuais competidor, ganhador
Agentes habituais madrugador, trabalhador, cheirador
Agentes típicos sonhador
Quadro 2: Polissemia do sufixo formativo –dor
71
Assim, a RFP (regra de formação de palavras) [X]V →[[X]v dor]S7 cobre uma
Ag
quantidade muito grande de casos, em que é inegável a polissemia do sufixo
“-dor”. Além disso, tal sufixo também pode gerar formações agentivas
[−humano], referindo-se a instrumentos agentivos: elevador, moedor,
ventilador, refrigerador, liquidificador etc. Assim é que usamos, em Língua
Portuguesa, o mesmo elemento morfológico para indicar agentes humanos e
instrumentos, o que não é nenhum problema, pois, embora haja uma
polissemia virtual para essas formações (uma mesma formação que pode
designar várias entidades), após a palavra já formada, escolhas específicas
são feitas pela comunidade, no uso, de modo que as demais possibilidades de
significado de uma determinada formação são descartadas. Em outras
palavras, na medida em que temos um ato de nomeação, desfazemos a
polissemia do processo e temos uma monossemia.
O ato de nomeação escolhe uma das possibilidades, previstas no léxico
virtual8. O uso e a necessidade comunicativa vão possibilitar a extensão do
significado da palavra já existente e torná-la polissêmica “novamente”.
Para que essa questão seja melhor entendida, vejamos o caso de
elevador. Qualquer falante nativo do português reconhece que a palavra é
formada a partir da RFP exposta anteriormente e nenhum falante nativo
associa esse vocábulo a um agente humano, por exemplo, como alguém que
trabalhou na arquitetura das catedrais góticas, ou que eleva outrem ao andar
de cima, ou ainda, alguém que costuma fazer muitos elogios, que eleva a auto-
7 RFP indica Regra de Formação de Palavras, ou seja, uma regra que é capaz de formar palavras novas na língua. Para maiores esclarecimentos sobre uma RFP, ler Basílio (1980). 8 Léxico virtual é definido por Basilio (2004: 11) como “um conjunto de padrões que determina as construções lexicais possíveis e sua interpretação”.
72
estima alheia. Mas todas essas hipóteses de sentido estão previstas no léxico
virtual.
Com essa mesma lexia, é possível marcar a diferença entre
conhecimento de mundo e conhecimento linguístico. Ao proferir o enunciado “O
elevador está cheio”, o falante não precisa dizer que se trata de um transporte
elétrico, que funciona com luz, que tem uma determinada lotação, pois isso é
conhecimento enciclopédico. Todavia, a noção de que elevador é algo que
“eleva” é interpretada a partir de aspectos semânticos do verbo e não do
conhecimento de mundo. Nessa palavra temos, então, a combinação do
conhecimento linguístico com o enciclopédico.
Agora, vejamos o caso de roedor. Essa palavra formou-se certamente
para designar “aquele que rói”, cuja classe gramatical é um adjetivo. A
Zoologia, posteriormente, necessitou agrupar os elementos do reino animal em
subgrupos, e um dos subgrupos formados foi “roedor”, para designar, a partir
de uma propriedade em comum dos elementos da classe, ou seja, a partir de
uma extensão metonímica – sem transferência dominial - a espécime de
roedores, ordem de mamíferos terrestres, escavadores, ou arborícolas, ou
semi-aquáticos, cujos dentes incisivos têm crescimento contínuo (HOUAISS,
2001), como o rato, o ouriço e o furão. A ampliação do significado gera,
inclusive, uma mudança na classe gramatical, pois trata-se, nesse momento,
de um substantivo.
Também no âmbito da morfologia, o prefixo “re-” foi analisado por
Andrade (2006), que chegou à seguinte conclusão no que diz respeito às
acepções desse prefixo:
73
Realizar o ato X de modo diferente ou
com resultado diferente
repensar, reconsiderar
Realizar um ato X que corresponde à
volta a um estado anterior
redemocratizar, reestacionar
Repetir ato X reiniciar, reinaugurar
Realizar ato X com reforço ou
intensificação
reafirmar, ressecar
Realizar ato X causando movimento
contínuo ou iterativo
Rebrilhar, remexer
Realizar ato X causando movimento
reversivo ou contrário
rebater
Quadro 3: Polissemia do prefixo re-
Outro sufixo, o “-eiro”, segundo Marinho (2004), é um dos elementos
formadores em Português que apresentam o maior número de acepções,
dentre as quais umas seriam produtivas e outras não.
Marinho (2004) e Gonçalves & Almeida (2006a, 2006b), ao estudarem
esse sufixo, chegaram aos seguintes sentidos abarcados por este formativo,
dentre outros possíveis:
74
Agentes profissionais jornaleiro, açougueiro, carteiro,
doceiro
Agentes habituais fofoqueiro, caloteiro, festeiro, rueiro
Árvores frutíferas mamoeiro, cajueiro, coqueiro,
abacateiro
Modal grosseiro, ligeiro
Locativos cinzeiro, açucareiro, baleiro,
galinheiro
Acidente geográfico desfiladeiro, despenhadeiro
Gentílico brasileiro, mineiro
Excesso aguaceiro, barreiro, roupeiro, louceiro
Quadro 4: Polissemia do sufixo formativo -eiro
Observa-se que os sentidos exemplificados podem se dividir em
subgrupos que, por sua vez, podem ser representados como núcleos
prototípicos, em redor dos quais encontramos grupamentos de diferentes itens,
portadores de sentidos variados, representados por grupos radiais, mais
afastados do protótipo – maior representante da categoria.
Além disso, constata-se que nem todos os grupos são igualmente
produtivos. É bastante difícil encontrarmos novas formações nas acepções
modal, gentílico e acidente geográfico, por exemplo, o que já não ocorre em
excesso e agentes profissionais e habituais.
75
Por fim, destaca-se a observação de Batoréo (no prelo), de que algumas
formações são bastante complexas, sendo necessário redefini-las, como a
acepção “locativo” do sufixo “-eiro”: cinzeiro indica um lugar de depósito,
enquanto baleiro, faqueiro e paliteiro indicam lugar para colocação de objetos
individuais. Acrescentamos que o mesmo acontece com as especificações de
genéricos, profissionais, ocasionais, habituais e típicos atribuídas às formações
de agente a partir do sufixo “-dor” e mais interessante ainda é que, por mais
que haja especificações, essas palavras tornam-se, novamente, polissêmicas,
pois, além de lugar para colocação de objetos, baleiro pode indicar o vendedor
de balas, assim como faqueiro pode se referir ao conjunto de talheres e
paliteiro tem seu uso metafórico, fazendo referência a uma quantidade grande
de prédios altos numa cidade.
As análises apresentadas demonstram tratar-se de diferentes casos de
“-dor”, “re-” e “-eiro”. Comprova-se, assim, a polissemia sistemática nos
processos de formações de palavras em Língua Portuguesa. Basílio (2005: 39)
define polissemia sistemática como a multiplicidade de interpretações possíveis
de caráter pré-determinado numa forma linguística e a considera uma
estratégia valiosa para a utilização de uma determinada construção no
exercício de várias funções interligadas.
76
3.6 A polissemia na sintaxe
A polissemia também já se faz presente em recentes estudos no nível
sintático da língua. A importância da polissemia na sintaxe pode ser verificada
nos trabalhos de Goldberg (1995, 2006), acerca das Construções Gramaticais,
em que novas construções são instanciadas por links de polissemia.
Construções gramaticais são unidades básicas da língua que constituem
uma relação entre uma contraparte formal e outra de significado, estritamente
previsível e regular na língua, de maneira que não haja outra forma de se
expressar determinado conteúdo.
Goldberg verificou que as construções estabelecem relações umas com
as outras, formando uma rede construcional. Por isso, a autora propôs que as
construções gramaticais mantêm entre si relações de herança. Como herança,
entende-se qualquer característica, seja ela formal ou semântica, que esteja na
construção básica e se transfira para a construção decorrente. Em seus
estudos, identificou quatro tipos de ligação por relação de herança entre as
construções, dentre elas, a ligação por polissemia.
Nascimento (2006) define esse tipo de ligação da seguinte maneira:
estabelece-se uma relação entre um sentido específico de uma construção e
alguma extensão de sentido, que estará presente na construção decorrente.
(NASCIMENTO, 2006: 42). O autor exemplifica com a construção bitransitiva
em Português, cujo sentido básico é “X causa Y receber Z” e propõe a seguinte
sentença: Pedro deu um carro a Marcos. Esse sentido básico pode ser
desdobrado em diversos outros sentidos relacionados, instanciados nos
77
demais exemplos de Nascimento (2006: 42), conforme sugerido por Goldberg
(1995):
“X causa Y não receber Z”: Pedro recusou o carro a Marcos.
“X pretende causar Y receber Z”: Pedro assou um bolo para Marcos.
“X atua para causar Y receber Z em algum momento futuro”: Pedro legou seus
bens a Marcos.
Com base nos estudos apresentados, procuramos demonstrar o caráter
sine qua non da polissemia na língua e a importância de estudá-la,
principalmente, sob a ótica da categorização com base em protótipos. Nesse
tipo de categorização, são identificadas as propriedades de uma determinada
categoria e é estabelecida uma escala entre as mais e as menos
representativas, possibilitando a descrição das propriedades que envolvem a
categoria, dos elementos que se enquadram na categoria e, conforme já dito,
para os objetivos desta dissertação, dos significados básicos e radiais do item
“cabeça”, uma vez que entendemos essa palavra como polissêmica.
78
4. METODOLOGIA
Esta pesquisa lançou mão das seguintes etapas para a sua realização:
1) Definição e levantamento de corpora;
2) Depreensão de “pistas” de análise;
3) Aplicação de testes para comprovação de hipóteses formuladas a partir
da etapa anterior;
4) Definição de procedimentos de análise.
4.1 Definição e levantamento de corpora
Este trabalho, cujo objetivo principal é estudar a polissemia de
expressões em que ocorre o item cabeça, relacionando tal fato à hipótese de
corporificação da conceptualização e, por conseguinte, da língua, teve, como
ponto de partida, a recolha de formações compostas e expressões idiomáticas
das quais o item em questão participa.
Como ressaltamos no capítulo precedente, a preocupação precípua do
estudo é de natureza lexical e, por isso, não será abordado o caráter
processual e online de construção do significado. Interessa-nos determinar a
formação das diversas composições com o item em questão existentes na
língua. O corpus, então, reflete tal preocupação: é formado principalmente a
partir do que podemos chamar de léxico “estabilizado”, ou seja, expressões
79
dicionarizadas ou aquelas fruto da introspecção do analista. A esses itens se
somaram outros oriundos de pesquisa via ferramenta de busca eletrônica – o
rastreador “Google”.
A pesquisa no “Google” se fez importante, pois, além de atestar a
polissemia do item “cabeça”, permitiu que se verificassem novas acepções, não
dicionarizadas nem constantes do léxico internalizado da analista. Portanto, a
busca foi feita com a legenda “cabeça”’ ou “cabeça de”, para que se pudessem
observar as ocorrências apresentadas e descobrir novas expressões, além de
procurar definições para as formações já conhecidas.
Essa busca foi de grande proveito, pois, além de ter permitido a
constatação de um número astronômico do item pesquisado, descobrimos um
site de dicionário informal, www.dicionarioinformal.com.br, que contribuiu
bastante com expressões novas para completar os nossos dados.
4.2 Depreensão de “pistas” de análise
A pesquisa se valeu tanto de dedução quanto de indução. A observação
inicial dos dados revelou a alta produtividade do item em questão e sugeriu que
talvez essa produtividade devesse ser causada pelo caráter cotidiano da
palavra.
O léxico da linguagem cotidiana reflete os domínios de experiência em
que as pessoas transitam comumente, e essas experiências não são restritas
80
ao corpo; são também culturais: estudar, ler um livro, ver televisão, assistir a
uma peça teatral, sair para dançar, passear, trabalhar, viajar.
Como a recolha dos dados de “cabeça” trouxe números absolutos
surpreendentes, foram analisadas qualitativamente outras palavras existentes
no léxico diário, para dirimir a dúvida em relação ao fato de a produtividade da
palavra sob exame ser ligada à cotidianidade desse termo.
É lícito supor que os domínios i) da alimentação, ii) do transporte, iii) do
mobiliário doméstico e iv) do lazer controlado pela mídia eletrônica e de
alcance universal proporcionem palavras que a maioria das pessoas em
determinada comunidade usa.
Por isso, dos quatro domínios selecionados, isolamos palavras cujos
referentes são comuns aos brasileiros, principalmente, os de meios urbanos.
Então, para alimentação, selecionamos ‘arroz’ e ‘feijão’; para transporte, ‘carro’
e ‘ônibus’; para mobiliário, ‘cadeira’ e ‘mesa’ e, para lazer, ‘filme’ e ‘novela’.
A pesquisa foi realizada da seguinte forma: usando novamente a
ferramenta eletrônica “Google”, levantamos as 50 primeiras ocorrências
listadas. Analisamos o sentido de cada uma delas nas suas respectivas frases
e contabilizamos as sentenças cuja acepção era a mais básica e outras cujo
sentido era mais abstrato. O resultado dessa pequena amostra indicou que,
para todos os itens analisados, a extensão de sentido se dava em menos de
10% dos casos, já incluídas as expressões cristalizadas como “feijão com
arroz” (aspecto cotidiano, corriqueiro), “arroz de festa” (aquele em que está
presente em todas as situações), “cadeira cativa” (lugar, concreto ou abstrato,
de determinada pessoa), “chá de cadeira” (espera muito longa), “já vi este
81
filme” (alusão à situação em que se pode prever o final), “isso já virou novela”
(história cujo final já se sabe), “carro-chefe” (melhor produto, produto mais
vendido de uma empresa).
Em ‘carro’, ‘ônibus’ e ‘filme’, praticamente 100% dos casos
apresentaram a sua acepção primária, ou seja, mais básica, aquela encontrada
na maioria das vezes na definição “1” dos dicionários, como: “veículo que se
locomove sobre rodas, para transporte de passageiros ou de cargas”, “veículo
grande, automóvel, usado para o transporte coletivo (urbano, interurbano,
intermunicipal, interestadual etc.) de passageiros, com rota prefixada” e “obra
cinematográfica registrada em filme”, respectivamente.
Cabe ainda ressaltar que ‘filme’, na rubrica cinema, ou seja, no campo
de lazer, já é uma extensão de sentido, formada por metonímia, pois,
originariamente, filme é película de acetato de celulose (primitivamente de
nitrato de celulose) revestida por uma emulsão sensível à luz e destinada a
registrar imagens fotográficas (HOUAISS, 2001) e, em função do material que
se usa para gravação das imagens de um filme, nomeou-se o resultado da
filmagem.
Para ‘novela’, que pertence ao mesmo campo semântico, de lazer,
encontramos um exemplo de extensão de sentido, em que a semântica ativada
é “história”, “vida”, como se pode perceber na frase “Participe da NetNovela!
Envie o seu perfil, sua história e sua experiência. Quem sabe ela não pode
virar um grande personagem...” (www.netnovela.com.br).
Já para ‘arroz’, só encontramos o uso metafórico quando precedido de
determinante, como na frase “Chegou o arroz de festa!” (http://www.viver-na-
82
alemanha.de/forum/viewtopic.php?f=11&t=8616), em que arroz representa
“pessoa inconveniente, que fica em torno de alguém”.
Apesar de o determinante ser obrigatório nesse caso, não
necessariamente a sua presença indica metaforização, como se pode perceber
em: “Chegou o Arroz Tião João + Vita O lançamento do Tio João +Vita promete
revolucionar o setor de alimentação”
(www.cabecadecuia.com/drops/search/?q...) e “Quando chegou o arroz super
colorido com cenoura, milho e ervilha a Sofia falou: ‘Esse arroz não tem folha e
tem bola verde’” (http://www.kidsinrio.com.br/historia/a-fada-elvira-e-as-
bolinhas-verdes.html).
‘Feijão’ foi encontrado, em extensão metonímica, como comida caseira.
‘Mesa’, como espaço de negociação, que não necessariamente é “na mesa”,
ou denominação de conjunto de pessoas em função executiva, como em ‘mesa
diretora’. ‘Cadeira’, assim como ‘mesa’, expressa, metonimicamente, lugar mais
ou menos concreto, como ‘cadeira do Senado’, ‘cadeira da Academia’. Há
ainda outro uso metonímico de ‘cadeira’: quadril, preferencialmente feminino.
Com base nesses resultados, verificamos que, mesmo havendo
extensão de sentido nas palavras que envolvem o léxico cotidiano, o que se
tem, de fato, é a ocorrência mais ampla desses itens em seu sentido básico e
usos polissêmicos esporádicos.
A conclusão a que chegamos a partir daí foi a de que a presença
constante na realidade em torno do falante não é suficiente para justificar a
quantidade e a multiplicidade de usos, o que confirma a validade da hipótese
83
de que o elemento favorecedor é a complexidade do domínio do item em
questão e sua relação com os domínios mais básicos da experiência humana.
4.3 Novo teste, novas “pistas” para análise
A análise prévia dos dados, que indicou o caminho para a análise
desenvolvida no próximo capítulo, mostra que a polissemia dos itens deve-se
aos processos de metáfora, metonímia e analogia, autorizados pelas bases
cognitivas (frames e EIs) a que esses itens estão associados, aliados ao
destaque que é dado a esse ou aquele domínio básico.
Se a ativação dos esquemas imagéticos e de elementos dos domínios é
tão fundamental para a construção do sentido de lexias com base em partes do
corpo, então, hipotetizamos que o falante deve construir interpretações para
lexias que neles possam ser relacionadas.
Com esse objetivo, foram feitos testes com falantes nativos do
português. O critério de escolha dos falantes foi bem livre, pois, como estamos
trabalhando com a intuição do falante nativo, e, por se tratar de uma pesquisa
qualitativa, dados como idade, gênero, grau de escolaridade e região não
foram considerados.
A eles foi submetido um questionário com 15 compostos, sendo a
grande maioria inexistente, como cabeça de sorvete, cabeça de prédio, cabeça
de serra, com a cabeça no vento, e três formações existentes que serviram
como distratoras – cabeça-de-bagre, cabeça de relação e cabeça-de-chave -
84
para que os informantes não estranhassem os dados como um todo e não
desconfiassem do teste, o que poderia provocar uma alteração do resultado.
Foi pedido aos informantes que indicassem o significado das palavras e
ainda que elaborassem uma sentença com as expressões dadas, para que
confirmássemos a possibilidade de sentido atribuída por eles. Segue abaixo o
inquérito com as 15 expressões e, em anexo, as respostas dos 50 informantes.
Significado Frase Cabeça da serra
Cabeça de sorvete
Cabeça de prédio
Cabeça forte
Com a cabeça no vento
Cabeça-de-bagre
Cabeça de relação
Cabeça-de-pau
Partir da cabeça
Cabeça furada
Cabeça de forno
Cabeça-de-escola
Cabeça de porta
Cabeça de rio
Cabeça-de-chave
Quadro 5: Teste 2.
85
A análise desses dados apontou para alguns resultados interessantes.
Além de ratificar algumas intuições da pesquisadora, levanta-se uma nova
questão: para a formação ser interpretada, é possível que o esquema
imagético que cabeça aciona tenha de ser compatível com o frame que o
informante tem do modificador.
Cabeça-de-bagre não apresentou nenhum problema na sua
interpretação. A maioria mostrou conhecer a palavra e seu significado foi bem
definido: “pessoa burra”, “que não pensa”, “que tem besteiras na cabeça”.
Já cabeça-de-chave indicou que os falantes não conhecem bem a
expressão, ou ainda, como essa era a última expressão dada, talvez pelo
esforço que fizeram para atribuir significação às formações precedentes, não
se deram conta de que se tratava de uma expressão recorrente e cristalizada
na língua.
Muitos analisaram essa expressão tendo como ponto de partida o
modificador e seu frame de abrir e fechar, trancar, guardar, desvendar,
abstratizando para segredo, o que gerou os seguintes significados: “quem tem
coisas a contar, revelar, dividir”, “pesquisador, cientista”, “pessoa reservada,
tímida, que não fala muito sobre a sua vida pessoal”, “desvenda qualquer
coisa”, “com muito segredo”, “enigmático, cheio de segredos” e “resolver
problemas”.
Houve também quem interpretasse cabeça-de-chave como a parte da
chave que seguramos, considerando a chave como um corpo e a parte
superior desse corpo, também arredondada na maioria das vezes, a cabeça
desse corpo.
86
Houve ainda quem entendesse cabeça-de-chave como ferramenta, já
que chave é uma palavra polissêmica em língua portuguesa e pode ter mesmo
esse sentido; e líder, em que a pessoa associou a noção de liderança à
cabeça, mas não soube especificar que se trata de uma liderança determinada,
dentro de uma competição de lutas ou esportes em geral.
Claro que a nossa intenção não era saber se os falantes conheciam
essas palavras que serviram como distratoras, mas sim avaliar se e como o
falante atribui uma interpretação para essas formações, mesmo não as
conhecendo. Isso pôde ser atestado em cabeça-de-chave.
Em cabeça de serra, os resultados não variam muito. Foi quase unânime
a interpretação de cabeça como cume, ponto mais alto, topo, ou seja, posição
superior de uma serra, em que serra pode ser entendida como sinônimo de
montanha. A noção de extremidade da serra – o que mantém o frame de
posição – também foi citada, mas, nesse caso, serra foi entendida como a
ferramenta, e não mais como montanha.
Além disso, houve quem interpretasse serra como montanha, mas
extraiu dela a propriedade de ser fria, gelada. Assim, como modificador de
cabeça, atribuiu à cabeça tal propriedade, gerando a acepção de “frio,
calculista”. A análise mostra bem a composicionalidade do significado da
expressão, pois a noção de cabeça interage com o frio encontrado nas serras.
O item cabeça-de-escola ativou alguns sentidos, também bastante
recorrentes na língua, conforme verificaremos na rede proposta no capítulo
seguinte: o Sprep “de escola” focalizou dentro do frame de cabeça os sentidos
inteligência (“CDF”, “letrado, culto”, “inteligente”, “pessoa sábia”, “estudioso”)
87
“memória” (“guarda muita informação”, “pessoa que lembra com facilidade dos
assuntos escolares”), liderança (“mestre”, “o chefe da turma”, “o líder”, “diretor”,
“a pessoa que está à frente da instituição de ensino”, “chefia”) e prestígio
(“aluno de destaque”).
Um item que gerou interpretações bastante diferentes foi a expressão
cabeça forte, que ativou respostas como “seguro, auto-confiante, determinado”,
“ser firme, convicto, ou intransigente”, “inteligente”, “que possui idéias bem
definidas, personalidade”, “pessoa decidida”, “aquele que não se deixa
influenciar facilmente”, entre outras similares.
Como na língua existe a expressão cabeça fraca, que significa “pessoa
fraca” (não em seu sentido físico), mas “que segue qualquer um”, “que é
influenciável”, “que não pensa sozinho”, sugere-se que está em ação o
processo de analogia9. Por analogia, entende-se o recurso que permite colocar
dois conceitos em relação.
Outra interpretação que se deu por analogia foi o item cabeça de forno,
em que a grande maioria analisou como “cabeça quente”, colocando tal
expressão, inclusive, como o significado atribuído. Além desse, encontramos:
“pessoa estressada”, “que se irrita à toa”, “que se esquenta à toa”, “que vive
nervoso”, “pessoa que perde a paciência com facilidade”, “pessoa nervosa”,
“explosiva” e assim por diante.
Na verdade, o modificador “forno” é algo que tem mesmo a propriedade
de esquentar. E, culturalmente, em nossa sociedade, esquentada é uma
9 O conceito de analogia está sendo usado em sentido amplo, embora possa ser trabalhado no sentido técnico que este termo assume na Teoria da Mesclagem (FAUCONNIER E TURNER, 2002). Porém, esta não é a proposta adotada neste trabalho.
88
característica atribuída à pessoa que vive nervosa, irritada, que explode,
também comumente chamada de “cabeça quente”.
Como se verificou, a expressão cabeça de sorvete foi mais difícil de se
interpretar. Alguns informantes responderam que cabeça de sorvete era “bola
do sorvete”, o que mostra que o falante interpretou o sorvete como um todo
(casquinha + sorvete) como um corpo e, a parte superior, no caso, a bola do
sorvete, é a cabeça. Além disso, destaca-se o formato arredondado da bola de
sorvete.
Houve quem atribuísse a essa expressão o significado de “pessoa
calma, que dificilmente se irrita”, “alguém tranquilo”, “pessoa de cabeça fresca”,
“pessoa despreocupada” ou “uma pessoa que tem a cabeça fria, bem tranquilo
e calmo”. Similarmente ao que aconteceu com cabeça de serra, o falante
extraiu do sorvete a propriedade de ser gelado, frio, e, dessa maneira,
analogicamente, interpretou cabeça de sorvete como cabeça fria.
O item cabeça-de-porta foi um dos que gerou maior número de
acepções ou significados distintos. Isso ocorreu porque não há para nenhum
falante a imagem esquemática, por exemplo, que compatibilize ‘cabeça’ com o
frame de porta10.
Esse dado é interessante na medida em que aponta novo fato: na
impossibilidade de transferir propriedades de ‘cabeça’ para ‘porta’, o falante
centra-se no determinante e faz o movimento contrário – elabora um novo
10 Nos termos da Teoria da Mesclagem (FAUCONNIER & TURNER, 2002), isso equivale a dizer que a dificuldade de interpretação reflete, no plano dos mencanismos cognitivos, a dificuldade de encontrar um espaço genérico que viabilize o processo de integração conceptual.
89
aspecto a partir dele mesmo para ‘cabeça’. Assim, tivemos as seguintes
interpretações:
a) “pessoa bipolar, ora aberta, ora fechada”, “ às vezes a mente é aberta,
outras vezes fechada”, “aberta sempre a novas idéias” dando destaque à
propriedade de abrir e fechar;
b) “intransigente”, “arrogante”, “cabeça dura, alguém que não muda facilmente
suas opiniões”, “alguém teimoso”, “pessoa turrona”, “inflexível”, “bruto, tosco,
grosseiro”, em que o aspecto duro do material de que as portas normalmente
são feitas é ativado;
c) “pessoa tapada”, cujo enfoque é a propriedade da porta ser plana e oca por
dentro, o que proporciona uma analogia com a expressão cabeça oca, também
ativada em “aquele que não pensa muito e nem é inteligente”, “é o cara que é
desprovido de inteligência”, “pessoa que não pensa”, “pessoa burra”;
d) além de sentidos como “parte”, “superfície” ou “extremidade” superior da
porta, “a parte mais alta”, ativando o frame de parte superior que cabeça tem.
Enfim, o teste apresentado nos trouxe algumas conclusões importantes.
Dentre elas, a constatação de que fenômenos lexicais, sobretudo, envolvem
questões fundamentais de categorização e que, sob a ótica da LC, associa-se
a questões de conceptualização, isto é, de como nós concebemos o mundo e
como isso se reflete em nossa língua.
Os EIs e MCIs são fundamentais para a categorização da realidade e
para o processamento do significado de novos referentes, assim como o
processo de analogia, que busca aporte no conhecimento linguístico, também
considerado pela teoria aqui adotada uma base de conhecimento.
90
Além disso, por estarem associados a nossa experiência mais básica,
existe uma sobreposição dos EIs em relação aos MCIs ou processos de
analogia. Desse modo, o processo de conceptualização é autorizado pelos EIs
e se ajusta aos MCIs presentes na cultura.
Como era de se esperar, nota-se que o modificador contribui
crucialmente nas formações compostas para o frame de “cabeça” que será
ativado em cada construção.
Por fim, observou-se que os falantes não interpretam a formação lexical
globalmente, isto é, partem do núcleo da formação (cabeça) ou do modificador
(adjetivo ou núcleo do SPrep). Porém, optamos, nesse momento, por apenas
constatar e não aprofundar essa questão, deixando para trabalhos futuros a
verificação, se possível, dos motivos pelos quais isso ocorre.
4.4 Procedimentos de análise
Para proceder ao exame de lexias e expressões formadas com cabeça,
tal como nos propusemos, a análise se organiza sob três diferentes
perspectivas, que estão divididas em três seções, no capítulo a seguir,
organizadas da seguinte forma: a primeira visa a constatar a polissemia do item
cabeça, além dos processos metafóricos e metonímicos que regem as
extensões encontradas. Na seção subsequente, a análise proposta busca
definir o domínio-matriz de cabeça e esquadrinha as expressões idiomáticas e
91
enunciados em que cabeça não é núcleo das formações; e, por fim, a terceira
seção destina-se a analisar as palavras compostas e sintagmas paralelos11
para a verificação do ajuste focal provocado pelos modificadores.
Os dados foram separados conforme a proposta de análise devido à
constatação de que, em função da estrutura sintática da formação lexical,
estamos lidando com diferentes fenômenos semânticos, o que já era previsto,
pois, se o que se pretende analisar é a polissemia do item cabeça, espera-se
que essa palavra, enquanto núcleo, forneça maior contribuição para a
interpretabilidade do item lexical e menor proporção quando se encontra em
posição adjunta.
Contudo, também sabemos que, mesmo quando cabeça está em
posição adjunta numa expressão lexicalizada ou em enunciados da língua, não
podemos entender a expressão como um todo sem antes entender como
cabeça contribui para o seu sentido geral.
Passemos, então, à análise.
11 A diferença entre o que é um composto em oposição a formações sintagmáticas paralelas não está bem resolvida entre os morfólogos estudiosos do assunto. Além disso, trata-se de um aspecto de cunho formal, o que não é foco deste trabalho. Portanto, não faremos tal distinção aqui neste trabalho.
92
5. ANÁLISE DOS DADOS
O falante do Português se depara, na linguagem cotidiana, com
inúmeros e expressivos usos de formações lexicais constituídas a partir de
nomeações da parte superior do corpo, que vão desde enunciados, como “eu
não estou com cabeça para discutir”, a expressões idiomáticas, como “com a
cabeça nas nuvens”, e palavras compostas, como “cabeça-oca”.
O objetivo desta dissertação, como já foi mencionado, é compreender os
processos subjacentes que possibilitam essas formações, tentando reconhecer
como as palavras podem ter tantos usos variados e expressar sentidos tão
diferentes em cada um deles. Desse modo, este trabalho assume, por um lado,
como propõe Langacker (1987, 1991), Sweetser (1999) e Croft e Cruse (2004),
entre outros, a não negação da composicionalidade, e por outro lado, a
constatação de que tal composicionalidade ultrapassa a soma objetiva dos
significados das partes que compõem uma dada lexia.
São também fundamentais para o tratamento dos dados 1) a ideia de
que os sentidos de uma palavra decorrem dos frames a ela associados, já que,
como vimos, não é possível distinguir significado linguístico de significado
enciclopédico; 2) a noção de polissemia e de motivação para as extensões de
sentido, que se dão por meio de processos cognitivos, mantendo resquícios,
mais ou menos abstratos, das noções do item básico; 3) a noção de ajuste
focal, decorrente de um conjunto de mecanismos responsáveis pela nossa
capacidade de conceptualizar uma mesma situação de diferentes maneiras.
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Vimos que os estudos semânticos de palavras e lexias compostas se
inclinam, tradicionalmente, para as características e traços definitórios dos
significados associados a itens linguísticos e que esses aspectos são
relacionados às palavras invariavelmente, pois todo e qualquer falante os
reconhece da mesma maneira.
De modo bem diferente, para a LC, teoria adotada neste trabalho, o ato
de nomear associa-se à categorização, que, por seu turno, está baseada em
experiências sensório-motoras e culturais. Quando associada ao aspecto
sensório-motor, cabeça refere-se à parte superior do corpo, como se percebe
em “cabeça erguida”, “cabeça baixa”, “cabeça-de-nós-todos”; quando usada
para exprimir aspectos considerados relevantes pela comunidade de fala,
pode-se ter, então, referência à nobreza e à liderança, como nas formações
“ele é o cabeça do grupo”, “cabeça coroada”, “cabeça de cartaz”.
A seguir, verificaremos como se dão as extensões polissêmicas por
meio das operações de conceptualização: se por meio de processos
metafóricos ou metonímicos.
5.1. “Cabeça”: frames e extensões polissêmicas
A cabeça é um dos órgãos de maior importância para o ser humano,
cujo corpo é formado por três partes: cabeça, tronco e membros. Tamanha é a
sua relevância, que se pode até imaginar um ser humano sem os membros,
94
mas jamais sem a cabeça, pois, se isso acontece, o ser humano estaria,
certamente, morto.
Nesse sentido, percebe-se que a cabeça é um elemento vital para a
sobrevivência humana. Tal afirmação é verificada até mesmo na definição mais
básica do termo, encontrada em dicionários prestigiados: uma das grandes
divisões do corpo humano constituída pelo crânio e pela face e que contém o
cérebro e os órgãos da visão, audição, olfato e paladar (Dicionário Eletrônico
Houaiss da Língua Portuguesa) ou extremidade superior do corpo humano, que
contém órgãos como os que formam o encéfalo, os da visão, os da audição, os
do olfato, a boca etc (Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa).
Assim, percebe-se o quanto a cabeça está relacionada a um domínio
básico de experiência humana, pois remete à experiência fundamental, ou seja,
primária, mais concreta, e, por isso mesmo, serve para expressar vários
domínios, isto é, os domínios mais abstratos, aos que nela não se baseiam
diretamente.
Parte do corpo que contém o cérebro, sede do pensamento e espaço
onde ocorre o processamento perceptual e motor, a cabeça carrega o órgão
responsável por todas as funções psico-motoras e cognitivas do corpo humano.
E mais, a cabeça comporta os órgãos da visão, do olfato, da audição e do
paladar, órgãos que contribuem fundamentalmente para a maneira como
sentimos e percebemos o mundo e como compreendemos as noções, por
exemplo, de claro e escuro, colorido, feio, bonito, som alto, som baixo,
cheiroso, saboroso, amargo, doce, salgado, entre outras.
Como parte do corpo que contém o cérebro, a palavra cabeça pode ser
usada para designar o próprio cérebro, por uma relação de contiguidade, ou
95
seja, motivada por uma relação intra-dominial ou metonímica, como se vê em
dor de cabeça e operação de cabeça, por exemplo.
Um pouco diferente é a expressão quebrar a cabeça, no seu sentido
mais concreto, como na sentença “João caiu de bicicleta no chão e quebrou a
cabeça”. Aí, cabeça faz referência à caixa craniana, à parte externa da cabeça
que recobre o cérebro, mas que exclui, por exemplo, o cabelo.
O cérebro, por sua vez, designa o centro do intelecto, da memória, da
compreensão, do controle emocional, da concentração, da inteligência e do
juízo. Por isso, ainda por contiguidade – metonímia - cabeça estendeu-se a
todas essas acepções, podendo, em algumas delas, remeter tanto ao aspecto
apreciativo quanto ao aspecto depreciativo, como se observa nos itens
seguintes:
� memória: de cabeça, apagar da cabeça.
� inteligência: apreciativo: cabeção e cabeçudo
depreciativo: cabeça-de-camarão, cabeça-de-arroz, cabeça-de-bagre,
cabeça-de-boi
� controle emocional, razão: apreciativo: ter cabeça para, estar com
cabeça
depreciativo: sem cabeça, bater cabeça, dar cabeçada, cabeça-inchada
� juízo: depreciativo: perder a cabeça, ter a cabeça fora do lugar, cabeça-
tonta
� concentração: depreciativo: cabeça no ar, cabeça nas nuvens, cabeça-
de-vento, cabeça-leve, cabeça-de-coco
� comportamento: cabeça-dura, duro de cabeça, cabeça feita.
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Todas essas acepções nos remetem à racionalidade (ou falta dela).
Assim, constatamos que todas essas metáforas são compreensíveis a partir
da metáfora conceptual RACIONAL É PARA CIMA (LAKOFF, 2002 [1999]:
64).
Lakoff (2002 [1999]: 64-5) ainda explica como a experiência física, nesse
caso, se reflete na cultura:
Em nossa cultura, as pessoas se vêem como tendo o controle sobre os animais, as plantas e seu ambiente físico, e é a capacidade especificamente humana de atividade racional que coloca os seres humanos acima dos outros animais e lhes propicia esse controle. CONTROLE É PARA CIMA fornece uma base para SER HUMANO É PARA CIMA e, portanto, para RACIONAL É PARA CIMA.
Esse tipo de metáfora foi classificada por Lakoff (2002 [1999]) como
orientacional, pois tem a ver com orientações espaciais, como: para cima, para
baixo, dentro, fora, frente, trás, em cima, embaixo, central, periférico, etc. De
acordo com o autor, essas orientações espaciais surgem do fato de termos os
corpos que temos e do fato de eles funcionarem como funcionam no nosso
ambiente físico. As metáforas orientacionais dão a um conceito uma orientação
espacial (LAKOFF, 2002 [1999]: 59). Desse modo, fica fácil entender as
expressões lexicalizadas de cabeça erguida, de cabeça alta (alta, cheio de
orgulho, altivo) e de cabeça baixa (humilhado, envergonhado, submisso), cujas
acepções remetem à posição. Essas posições refletem exatamente a postura
do ser humano ao se sentir orgulhoso (ereto, para cima) ou envergonhado
(arriado, para baixo), e passam a ser a própria definição para o sentimento e/ou
97
atitude humanos. Nesse sentido, essas expressões também remetem à
acepção comportamento.
Ainda relacionadas a cérebro, encontram-se expressões como “pôr a
cabeça para funcionar” e “usar a cabeça”, em que a cabeça é concebida como
máquina ou instrumento, já que nela se encontra o cérebro, órgão que
controla todo o corpo humano. Aqui, evidencia-se a integração entre as
operações de conceptualização metonímia e metáfora12, pois, ao mesmo
tempo em que cabeça é usada para retomar cérebro, há a transferência do
domínio biológico (corpo humano) para o tecnológico (máquina).
A essa metáfora subjaz a metáfora conceptual proposta por Lakoff (2002
[1999]: 79): A MENTE É UMA MÁQUINA. Trata-se de uma metáfora ontológica,
ou seja, “formas de conceber eventos, atividades, emoções, idéias etc. como
entidades e substâncias”. Em outras palavras, é uma maneira de lidarmos
racionalmente com as nossas experiências.
Tendo em vista que a cabeça é parte do corpo humano e/ou animal,
frequentemente conceptualizamos, também por uma operação de
contiguidade, em inúmeras lexias compostas ou expressões idiomáticas, a
cabeça como sendo o próprio corpo, ou seja, o corpo como um todo, o ser –
homem, animal ou planta − em que se constata a metonímia conceptual
PARTE PELO TODO, como em: por cabeça, cabeça de gado, cabeça-rapada,
cabeça-chata, cabeça-de-sapo, cabeça-branca, cabeça-de-fogo, cabeça-de-
vidro, cabeça-de-tomate, cabeça-de-frade, cabeça-de-cuia, entre outros. 12 Tal integração costuma ser descrita na teoria adotada pelo conceito de metaftonímia, que diz respeito à compreensão de que a metáfora e a metonímia são mecanismos de conceptualização integrados e não independentes. Essa noção e também o termo foram pioneiramente introduzidos por Goossens (1990, 2000), que identificou muitas vezes haver a existência de metonímia dentro da metáfora e mais raramente metáfora dentro da metonímia. Tal conceito não foi adotado neste trabalho por considerarmos que quando tratamos o processo por metaftonímia, não damos conta das etapas envolvidas na conceptualização, havendo, portanto, uma simplificação da extensão existente.
98
Ainda, levando-se em conta que cabeça é parte do corpo, mais
especificamente, parte superior do corpo, é bastante comum o uso de cabeça
para expressar a propriedade de estar em lugar acima, em que, ao
conceptualizarmos qualquer corpo e/ou espaço como cabeça, a parte
acima/superior passa a ser a cabeça desse corpo, por uma extensão
metafórica, como se verifica em cabeça-de-área, cabeça-de-negro, cabeça-de-
ponte, cabeça de página, cabeça de um prego, de um martelo, do pênis, de um
furúnculo.
Essa noção de lugar ainda se estende à acepção liderança,
superioridade, mas, por uma extensão não só metonímica, já que mantém a
noção de “posição acima”, como também metafórica, pois passa do domínio
físico para o social, em que o que se leva em conta é a posição de comando,
como se percebe nas formações o cabeça, cabeça-de-casal, cabeça-de-
campo, cabeça-de-chave, cabeça de rede. Ainda mais abstratamente, a noção
de superioridade se estende à nobreza, prestígio, em que, embora se
mantenha o contexto social, não há uma hierarquia em jogo; portanto, não há
um comandante e o aspecto social está meramente relacionado ao prestígio, à
popularidade, a exemplo de cabeça coroada, cabeça de cartaz e cabeça de
lista.
Lakoff (2002 [1999]:63) também constatou a metáfora conceptual que
está por trás dessa extensão metafórica: STATUS SUPERIOR É PARA CIMA.
Para compreendermos essa metáfora, pensemos em nossa estrutura física:
quando nos movimentamos, nossos olhos normalmente seguem a direção para
a qual nos movemos – em geral, para frente. Quando um objeto se aproxima
de uma pessoa ou vice-versa, o objeto parece aumentar de tamanho. O chão,
99
por sua vez, é percebido como um elemento fixo. Então, o topo do objeto
parece se mover para cima no campo de visão da pessoa.
Identificamos o uso metafórico de cabeça como um recipiente, pois, se
a cabeça é o espaço do processamento perceptual e motor, ou ainda, se é o
lugar acima, perde-se a referência do processamento perceptual e motor e
mantém-se a noção de espaço, perdendo-se também a referência de acima,
mas mantendo-se a propriedade lugar, o que faz com que cabeça seja
entendida também como um lugar, um espaço, ou seja, um receptáculo, onde
podemos colocar algo dentro. Por isso, temos formações como botar, meter na
cabeça.
Por fim, por sua forma arredondada, que estabelece destaque em
relação ao resto do corpo, o termo cabeça é comumente usado na língua para
expressar o formato arredondado: cabeça-de-prego (acne), cabeça-de-bonzo,
cabeça de alho. Sendo o formato uma propriedade de cabeça e a nomeação,
referência a algo que não possui cabeça (prego, bonzo, alho) tem-se,
novamente, a integração entre a metonímia e a metáfora.
A partir das extensões de sentido arroladas, propomos a seguinte rede
polissêmica para o item cabeça:
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Parte superior do corpo humano/ animal
Cérebro Lugar Acima
Ser (pessoa/ animal/ planta)
Memória Inteligên-cia
Aprecia- tivo
Deprecia-tivo
Controle Emocio-
nal Razão
Apreciativo
Deprecia-tivo
Juízo
Deprecia-tivo
Concen-tração
Deprecia-tivo
Lideran-ça
Superioridade
Recipi-ente
Comporta-mento
Máquina
Prestígio Nobreza
Caixa Craniana
Formato Arredon-dado
Figura 2: Rede polissêmica de cabeça
101
A figura 2 retrata a polissemia a que chegamos do item “cabeça” após a
análise dos dados encontrados. A rede apresenta em destaque, de vermelho, o
sentido prototípico de cabeça. Em azul, encontram-se os sentidos que a ele se
ligam diretamente e, em amarelo, os sentidos mais radiais, que, embora não
estejam ligados ao protótipo de forma direta, mantêm alguma de suas
propriedades.
5.2. Domínio-matriz de cabeça e relação com outros domínios
O exame da polissemia de cabeça e a rede dele derivada não são
suficientes para explicar, do ponto de vista cognitivo, como tal proliferação
polissêmica se dá. Embora a rede explicite e constate, com exemplos, as
possibilidades de referência da palavra cabeça em Português, não é suficiente
para explicar os processos em que se baseiam tais extensões.
Por estarmos trabalhando com uma semântica baseada em frames
(FILLMORE, 1982) ou domínios (LANGACKER, 1987), passamos à análise de
cabeça sob esse aspecto.
Como visto no capítulo teórico, a estrutura do domínio pressuposta por
um conceito pode ser extremante complexa. A análise do domínio-matriz de
cabeça confirma tal complexidade.
Define-se a palavra cabeça como uma parte do corpo. Portanto, seu
domínio básico é o corpo. O corpo em si é um domínio que pressupõe o
domínio forma, o que constitui um domínio básico da experiência humana.
102
Além disso, corpo também é relacionado à noção de ser humano e suas
capacidades, e, a partir de ser humano, espraia-se a todo e qualquer ser e/ou
objeto que possa ser compreendido como tal.
O domínio ser humano, por seu turno, pressupõe as seguintes
atividades: social, física e mental. E, além disso, associa-se também ao
domínio básico sensação, já que o corpo humano (vivo) está submetido a
condições como as de temperatura (quente e frio), sensações ainda mais
internas, como tristeza, alegria, euforia, dor, saudade etc.
A atividade mental pressupõe a noção de pensamento – um domínio
básico da experiência humana, que rege a nossa cognição.
A atividade social relaciona-se ao domínio posse, já que o ser que vive
em determinada sociedade adquire bens, sejam estes materiais, como imóveis,
veículos, jóias, objetos de um modo geral, ou bens de direito, como educação,
saúde e lazer, entre outros.
Sendo a atividade física desenvolvida dentro de um determinado tempo,
exigindo uma determinada força e, ainda, certos movimentos, os domínios de
tempo e força ou movimento (todos domínios básicos) são também
envolvidos no domínio-matriz de cabeça, uma vez que cabeça envolve ser
humano e o ser humano pratica atividades físicas, que envolvem tais
instâncias.
Uma vez que ser humano é um domínio de cabeça, pressupõe-se
também o domínio de seres vivos que, por sua vez, são objetos físicos
dotados de vida. Objetos físicos possuem existência material e são entidades
de espaço. E, por experienciarmos os objetos físicos – assim como a nós
103
mesmos – como entidades separadas do resto do mundo, acessamos o
domínio contêiner, com um lado de dentro e um lado de fora.
A seguir, apresentaremos o esquema do domínio-matriz de cabeça,
seguindo rigorosamente o apresentado em Croft & Cruse (2004), a respeito da
letra “T”.
104
Cabeça
Corpo
FORMA
Ser humano
Atividade social SENSAÇÃO Atividade mental
Posse
Atividade física PENSAMENTO
TEMPO FORÇA MOVIMENTO
Seres vivos
VIDA ESPAÇO
Contêiner
Figura 3: Esquema do domínio-matriz de “cabeça”
105
A análise das expressões idiomáticas formadas com cabeça exprime
bem como esse item, pertencente a um domínio básico, trabalha com diversos
outros domínios básicos, ou seja, se manifesta em expressões que têm a ver
com os domínios básicos, que estão escritos, no esquema acima, em caixa
alta.
Expressões como andar a cabeça à roda, andar com a cabeça ao léu,
assentar a cabeça, entrar de cabeça, fazer a cabeça, levantar a cabeça, subir à
cabeça, virar a cabeça, virar a cabeça de e perder a cabeça estão diretamente
relacionadas ao domínio de movimento. Não se trata aqui de associar o
significado da expressão com o significado de movimento, mas sim de
entender porque o item cabeça pode se relacionar a itens que indicam
movimento para formar uma expressão – andar, virar, entrar, fazer, levantar,
assentar, subir, perder - já que movimento faz parte do seu domínio-matriz.
A mesma relação acontece entre o domínio força e expressões como:
atirar-se de cabeça, bater cabeça, cortar a cabeça de, dar com a cabeça nas
paredes, dar na cabeça, enterrar a cabeça do boi, meter de cabeça, meter na
cabeça, meter na cabeça de, pôr a cabeça em água, pôr a cabeça para
funcionar, pôr minhoca na cabeça, pôr na cabeça, quebrar a cabeça, tomar na
cabeça e usar a cabeça.
Outra presença constante verificada nas expressões avaliadas é a
existência dos domínios espaço/contêiner no domínio-matriz de cabeça: estar
com a cabeça fora do lugar, estar com cabeça, estar sem cabeça, abrir a
cabeça, botar chifre em cabeça de cavalo, botar na cabeça, levar na cabeça,
meter na cabeça, meter na cabeça de, pôr minhoca na cabeça, pôr na cabeça.
106
Verifica-se que algumas expressões ativam mais de um domínio básico,
como as citadas acima: meter na cabeça, meter na cabeça de, pôr minhoca na
cabeça, pôr na cabeça, que se associam ao domínio força e espaço/contêiner.
Com esses exemplos, verifica-se que a complexidade do domínio-matriz de
cabeça não somente poder relacionar-se a vários outros domínios, mas
também à possibilidade desses domínios serem acessados simultaneamente.
O domínio básico pensamento pode ser ativado nas expressões querer
a cabeça de e saber onde tem a cabeça; sensação, em esfriar a cabeça e
esquentar a cabeça; posse, em ter a cabeça no lugar, ter a cabeça a prêmio,
ter cabeça, tronco e membros, ter macaquinhos na cabeça, e tempo, em
passar pela cabeça.
5.3 Ajuste focal: o processo de modificação adjetival e os compostos
Com base nos estudos de Langacker (1987, 1991) sobre ajuste focal e
também de Sweetser (1999), sobre modificação adjetival, tentaremos mostrar
como o modificador ajusta um aspecto do nome ao qual se refere, ativando um
dos frames/domínios a ele relacionados. Assim, é possível justificar o sentido
ativado do nome em questão – no caso, cabeça – a partir da possibilidade de
combinação entre o nome e o seu modificador, que, conforme os dados
recolhidos, apresenta-se sob forma de adjetivo ou SPrep.
A observação dos SNs em que cabeça é núcleo mostra o processo de
ajuste focal para a construção do sentido. Entretanto, verifica-se diferença
quando o SN é composto por cabeça + adjetivo ou quando é composto por
107
cabeça+ SPrep. Isso justifica a separação dos compostos em dois grandes
grupos − os X adjs e os X SPrep.
No primeiro caso, tem-se o nome cabeça atualizado em termos do
domínio CABEÇA, ou seja, a construção cabeça + adjetivo implica,
necessariamente, que o significado ativado seja decorrente do frame de
cabeça e associe-se a propriedades de cabeça, embora seja o modificador que
vai indicar o MCI a ser acessado. Sendo assim, o significado da construção
lexical é dado, em sua maior parte, pelo item núcleo.
Para tratar dessa questão no âmbito da composição, Croft & Cruse
(2004) observam o ajuste de MCI na palavra stepmother (madrasta), em inglês.
Os autores destacam que em stepmother o domínio acessado é o de mãe;
todavia, o modificador step faz com que o domínio mãe não seja acessado na
sua totalidade, excluindo, por exemplo, a questão biológica, como “quem deu a
luz” e quem “amamentou”. Por outro lado, ativa o MCI de “esposa do pai”, de
“quem cuida” e de “quem orienta”, entre outros. Nesse caso o ajuste se dá
entre o aspecto do domínio adequado ao adjetivo que, por sua vez, empresta
ao significado do núcleo propriedades.
É o que se vê, por exemplo, em cabeça-dura, em que se reconhece o
aspecto físico e externo da cabeça – duro – como algo de difícil acesso,
resistente a choque, a pressões e, por extensão metafórica, algo difícil de
enfrentar, como se verifica em expressões como “trabalho duro”. Assim, ao
juntar-se com o núcleo cabeça, focaliza a dificuldade de aceitação, de
enfrentamento, de entendimento, fazendo com que cabeça-dura seja alguém
em cuja cabeça seja difícil de outras ideias entrarem, seja uma pessoa
teimosa, ligando-se ao frame de comportamento.
108
O adjetivo tonta, em cabeça-tonta, indica que o referente ao qual ele se
liga tem tonteira ou vertigem, ficando, desse modo, atordoado. Então, um
referente cabeça-tonta é aquele que está atordoado, fora do seu juízo normal,
sem juízo.
O mesmo ocorre em cabeça-oca, em que o adjetivo oca indica a
propriedade de cabeça a ser considerada, contribuindo para um refinamento da
interpretabilidade do item. Além disso, por ser usado para falar de uma pessoa,
tem-se também a metonímia.
Em cabeça-chata, apelido que os nordestinos recebem, especialmente
os cearenses, chato refere-se a uma face plana, uniforme ou sem relevo.
Nesse caso, trata-se de uma cabeça que foge ao formato comum,
arredondado. Assim, o modificador, ao se juntar ao núcleo cabeça, passa a
designar, por metonímia, o próprio ser, que possui a propriedade de ter a
cabeça chata.
Os modificadores, quando em forma de SPrep, também fazem o ajuste
da referência no conjunto de propriedades da categoria, mas há a ativação de
dois domínios diferentes: o de cabeça e o do substantivo regido pela
preposição. Desse modo, o nome, regido de preposição, indica um novo
domínio, que pode estar nomeado concreta ou figurativamente.
Em cabeça-de-vento, o modificador de vento é tomado como falta de
concentração, pois percebemos, metonimicamente, a ação do vento sobre as
coisas, que, ao passar, desarruma e põe tudo para voar. Assim, cabeça-de-
vento elabora uma zona ativa em cabeça, como se a cabeça ou as ideias na
cabeça estivessem voando, soltas, não concentradas.
109
Em cabeça-de-camarão também acontece uma metonímia, pois a
referência tomada em “camarão” é o fato de este animal ter fezes na cabeça.
Fezes são conceptualizadas em nossa cultura como algo negativo. O frame de
cabeça que está sendo focalizado nesta formação é a inteligência, ou melhor,
falta de inteligência, já que, cabeça-de-camarão designa alguém que tem fezes
na cabeça. Porém, mais uma vez, encontra-se a integração entre a metonímia
e a metáfora, já que essa formação também traz a analogia entre uma pessoa
e o camarão.
Em cabeça-de-área, o sintagma preposicional de área, sendo um
espaço horizontal, faz com que cabeça também tome essa dimensão horizontal
e, então, refere-se à posição à frente, pois se trata de uma posição pré-
determinada para o jogador que irá ocupá-la. Se tal posição fosse transformada
em vertical, corresponderia à posição superior. Essa noção se explica tendo
como base a metáfora conceptual STATUS SUPERIOR É PARA CIMA e a
explicação que segue de como a nossa base física interfere para isso foi
exposta na seção 5.1 deste capítulo.
Já em cabeça-de-campo, embora o modificador campo também seja
tomado como um espaço horizontal, campo associa-se ao local onde ocorre
uma vaquejada, ou seja, ao lugar onde se encontram os vaqueiros para uma
competição. Os vaqueiros não possuem uma posição fixa fisicamente, porém
possuem uma posição se levarmos em conta que se trata de uma competição
e que um dentre eles é o comandante da vaquejada. Sendo assim, nomeamos
o vaqueiro que está comandando a vaquejada de cabeça-de-campo.
O mesmo se dá com cabeça-de-chave, em que, se levarmos em conta
que se trata de uma competição, há uma posição para cada um dos
110
competidores. Sendo assim, o lutador que está numa posição acima no
ranking, liderando a competição e com mais chance de ganhá-la é o cabeça-
de-chave.
Um pouco diferente ocorre com a construção cabeça-de-lista pois o
modificador de lista faz referência a uma enumeração/relação de nomes de
pessoas candidatas em um processo eleitoral. Dessa forma, o frame de cabeça
ativado é, novamente, o de posição, só que não em seu aspecto físico nem de
comando, mas sim concernente ao prestígio social que possui em relação à
comunidade/população votante. Por essa razão, a zona ativa perfilada pelo
modificador “de lista”, dentro do frame de cabeça, é a nobreza, o prestígio.
Com as análises apresentadas neste capítulo, finalmente esperamos ter
comprovado: 1) a hipótese de corporificação da mente 2) o papel das
metáforas e metonímias que instanciam os diversos sentidos de cabeça em
língua portuguesa; 3) a necessidade de nos inclinarmos mais detidamente
sobre o frame das palavras e suas possibilidades de sentido, a fim de explicar
as condições necessárias de interação entre o significado do item lexical, neste
caso, cabeça e as formações em que se insere; e 4) o significado das palavras,
expressões e enunciados linguísticos é composicional, conforme perspectiva
adotada neste trabalho.
111
6. PALAVRAS FINAIS
Esta dissertação procurou investigar a polissemia e a produtividade da
palavra cabeça em língua portuguesa brasileira, à luz da Linguística Cognitiva.
Dessa maneira, esperamos, antes de mais nada, que este estudo tenha
ajudado a confirmar a Hipótese de Corporificação da Língua e a necessidade
de se estudarem os diversos sentidos de um único item lexical em suas
combinações e diferentes ocorrências levando em conta não só suas
extensões polissêmicas (metafóricas e metonímicas), mas também, deve-se
estudar o seu domínio ou frame, ou quando for o caso, seu domínio-matriz,
como na palavra cabeça. Extensões polissêmicas, por sua vez, devem ser
descritas sob a categorização com base em protótipos.
Concluímos que as bases de conhecimento – EIs, frames e MCIs –
contribuem de maneira crucial para a categorização da realidade e
conceptualização de novos referentes. Em especial, destacamos a atuação
maior dos EIs em relação aos MCIs, visto que os EIs são determinantes para a
conceptualização, por estarem relacionados às nossas experiências mais
básicas.
Observamos, ainda, que o fato de lidarmos constantemente com
entidades e de usarmos rotineiramente palavras que se ligam à experiência
cotidiana são insuficientes para explicar a polissemia, pois, embora esta seja,
em princípio, uma propriedade intrínseca de todos os elementos lexicais, vimos
que quanto mais um item relacionar-se a domínios básicos, mais estará apto a
extensões de sentido.
112
Ademais, acreditamos que uma contribuição importante deste trabalho
tenha sido a tentativa de seguir, para uma descrição do português, a sugestão
de Sweetser (1999), de que o significado das expressões se dá
composicionalmente, sendo essa composicionalidade resultado da interação
existente entre o núcleo e os seus modificadores, e não um processo de soma
dos traços de significados presentes nos elementos que formam tal
composição.
Na verdade, o modificador, que, neste trabalho, se manifestou em forma
de adjetivo ou SPrep, atua de maneira a focalizar determinado aspecto dentro
do frame do elemento determinado − cabeça, “trabalhando” esses aspectos.
Além disso, quando os modificadores ocorrem sob forma de SPrep, pode haver
a ativação também do domínio do substantivo regido pela preposição.
Ainda há muito que pesquisar sobre a análise das formações lexicais
que incluem a palavra cabeça. Claro que a proposta apresentada aqui não
pretende esgotar a questão, e, por isso mesmo, dá margem ao
desenvolvimento de trabalhos futuros.
Um tema que pode ser revisto e, por conseguinte, gerar novos estudos
é o tratamento da composição como um fenômeno produtivo que forma
padrões em língua portuguesa, sendo uma unidade básica na língua, que
poderá ser descrita em termos de Construções Gramaticais.
Outra proposta de trabalho em aberto é a possibilidade de verificação
(ou não) das motivações para que o falante interprete as formações lexicais
analisadas no teste 2, descrito na metodologia, partindo de cabeça ou do
113
elemento à direita, ou seja, qual desses itens servirá de base para as
extensões metafóricas ou metonímicas.
Além disso, pretendemos, mais adiante, prever se há regularidades em
termos de ocorrências com determinados verbos, ou seja, se as formações de
enunciados com cabeça podem ser agrupadas em termos de domínios
diferentes, se levarmos em conta os domínios semânticos ativados e as
estruturas sintáticas projetadas pelos verbos que compõem tais enunciados.
Ainda almejamos estudar as formações derivadas de cabeça, por
sufixação, como cabeceira, cabecel, cabeçote, cabeçal, e analisar tanto as
acepções quanto os domínios ativados de cabeça nessas palavras, e também
a noção de ajuste focal que pode ser propiciada pelo sufixo acrescido à base.
Por fim, ainda lançamos mão da possibilidade de desenvolvermos uma
rede semântica de cabeça a partir do tipo de formação morfossintática em que
o item lexical está inserido, sugerindo, mais uma vez, um estudo que leve em
conta os aspectos formais e semânticos inter-relacionados.
Resumindo, continuaremos quebrando a cabeça!
114
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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120
ANEXOS
Anexo 1: Glossário – Corpora em ordem alfabética .................................... 121
Anexo 2: Corpora por tipo de formação morfossintática .............................. 128
Anexo 3: Corpora por fonte .......................................................................... 135
Anexo 4: Teste 2 - Respostas dos informantes ........................................... 140
121
GLOSSÁRIO CORPORA
(em ordem alfabética) abrir a cabeça - tornar-se suscetível a idéias novas ou sensatas; alargar a
consciência
andar a cabeça à roda - estar tonto, sentir vertigem
andar com a cabeça ao léu - estar com a cabeça descoberta
assentar a cabeça - tornar-se sensato
atirar-se de cabeça – entregar-se totalmente a algo ou alguém
bater cabeça - dar cabeçada, agir impensadamente, desatinar
botar chifre em cabeça de cavalo - procurar significados ou imaginar problemas
que não existem
botar na cabeça - tomar uma decisão
cabeça ao mar - aproado em direção ao mar (diz-se de navio)
cabeça com cabeça - na mesma linha, emparelhado
cabeça coroada - membro da nobreza; pessoa com grande prestígio social,
político ou intelectual
cabeça cortadora - agulha de corte
cabeça d’água – fenômeno que se dá, quando, com as primeiras chuvas no alto
sertão, formam-se enxurradas que seguem pelos leitos dos rios até então secos;
aumento rápido e repentino do nível de um rio corrente ou cheio, devido a chuvas
nas cabeceiras ou em trechos mais altos de seu percurso.
cabeça da agulha – parte da agulha por onde passamos a linha.
cabeça da medida - canhoto (rubrica: artes gráficas)
cabeça de área – posição recuada no meio-campo, à frente dos zagueiros e da
grande área
cabeça de bater sola - cabeça-chata
cabeça de cartaz - o artista que graças à sua popularidade serve como chamariz
de público para um espetáculo
cabeça de clichê - título que se coloca acima de foto ou ilustração em uma
chamada ou matéria jornalística
cabeça de cobra - Careca, desprovido de cabelo, o popular kojac.
122
cabeça de comarca - cidade onde está situado o foro nas comarcas compostas
de várias cidades
cabeça de cor - dispositivo, instalado na extremidade de um ampliador, que
altera a cor de uma reprodução fotográfica por meio de filtros
cabeça de cotonete - Apelido referenciado a uma pessoa que tem cabelo branco
envelhecido com o tempo.
cabeça de distrito - sede de um distrito
cabeça de escrita – cabeça de leitura de um disco rígido
cabeça de gelo - expressão usada para acalmar pessoas que estão com a
cabeça quente por algum motivo
cabeça de giz - guarda de trânsito (por usar capacete branco)
cabeça de gravação - cabeça magnética usada para gravar sinais em uma fita
cabeça de guidão - chato, mala sem alça, mané
cabeça de impressão – cartucho para impressora
cabeça de leitura – cabeça de gravação
cabeça de lista - o candidato que está em primeiro lugar numa lista que vá a
eleições
cabeça de melão - cabeça nas nuvens, cabeça-no-ar, pessoa distraída
cabeça de minhoca - Não tem nada de relevante dentro da cabeça. Só fala
besteira e bobagens
cabeça de página - cabeçalho, o alto de uma página impressa
cabeça de proa - carranca ('cabeça') (Rubrica: etnografia)
cabeça de rede - emissora responsável pela transmissão de um programa ou
programação em rede, ou que controla uma rede
cabeça de teta - Pessoa que não pensa no que faz, inconseqüente, tresloucada.
cabeça de tripé - dispositivo basculante que se adapta à parte superior de um
tripé de modo a permitir movimentos variados da câmera sobre seu eixo
cabeça do arreio - parte superior e dianteira de uma sela, onde se segura para
montar
cabeça do leme - parte superior da madre do leme
cabeça do molde - parte superior do molde da linotipo, que se embute nas guias
da sapata, situando-se entre essas duas peças os alinhadores ou medidas que
determinam o comprimento da linha e o corpo a ser composto
123
cabeça do pênis – glande do pênis
cabeça do prego – parte superior, arredondada e mais achatada do prego
cabeça feita - pessoa decidida, com opinião própria
cabeça fraca – pessoa influenciável, que se deixa convencer
cabeça fria - tranquilidade espiritual, serenidade, equilíbrio
cabeça gravadora - agulha de corte
cabeça magnética - num gravador, dispositivo que lê ou apaga sinais
magnéticos na fita
cabeça nas nuvens - distarído, cabeça-no-ar, cabeça-leve
cabeça oca - pessoa sem ideia, bobão, com a cabeça vazia
cabeça quente - nervoso
cabeça tabulada - abertura de um conjunto de informações recebidas de várias
agências de notícias, na qual são mencionadas as diversas cidades de origem
Cabeça-amarga – peixe
cabeça-branca – ave
cabeça-chata – apelido que recebem os nordestinos, especialmente os
cearences
cabeça-de-alho-chocho - uma pessoa distraída, esquecida, ou que nesse
momento não foi particularmente inteligente no que disse ou fez
Cabeça-de-arroz – indivíduo vazio, frívolo
cabeça-de-bagre – jogador medíocre ou ruim; pessoa burra
cabeça-de-boi – pessoa estúpida, burra
Cabeça-de-bonzo – sopa em que se cozinha em banho-maria na casca de uma
abóbora-camalenga
cabeça-de-burro – peixe
cabeça-de-camarão – pessoa burra
cabeça-de-campo – vaqueiro que comanda a vaquejada
cabeça-de-carneiro – calcário de aspecto peculiar, encontrado em depósitos
submersos dos quais extraído para obtenção de cal.
cabeça-de-casal – o que tem posse e a administração dos bens do falecido até a
partilha
cabeça-de-chave – em cada uma das chaves de um torneio, o jogador ou a
equipe que tem mais chances de se classificar para a etapa seguinte
124
cabeça-de-coco – indivíduo desatento, avoado
Cabeça-de-cuia - ser imaginário com cabeça em forma de cuia que vive dentro
do rio Parnaíba, afoga pessoas que nele se banham na época das cheias e
devora as cada sete anos uma moça chamada Maria
cabeça-de-cutia – planta
cabeça-de-destrinça – cabecel
cabeça-de-ferro – peixe
Cabeça-de-fogo – ave
Cabeça-de-frade – planta
Cabeça-de-galo – pirão bem temperado no qual são geralmente diluídos ovos,
que ficam cozidos e integrados à papa
Cabeça-de-jacaré – arenito (pedra)
Cabeça-de-leão – peixe
Cabeça-de-martelo – ave
Cabeça-de-medusa – dilatação das veias da parede anterior do abdome,
formando uma rede na região periumbilical por obstrução ou hipertensão da veia
da porta (como na cirrose hepática); Algo ou alguém que impressiona, espanta
ou amedronta por sua feiúra.
Cabeça-de-monge – planta
Cabeça-de-negro – artefato explosivo em pequeno pacote, geralmente de papel
resistente, cheio de pólvora e amarrado dos dois lados, com uma cabeça de
fósforo em um dos lados para ser riscada e transmitir fogo à pólvora, que explode
com grande estrondo; bomba.
Cabeça-de-nós-todos – cabeça (humana) muito grande
Cabeça-de-onça – planta
Cabeça-de-ouro – ave
Cabeça-de-padre – planta
Cabeça-de-pedra – ave
Cabeça-de-ponte – posição fortificada mais ou menos provisória, que a
vanguarda de um exército invasor estabelece para além de um obstáculo natual,
geralmente em território inimigo, para garantir o acesso de tropas, armamentos e
provisões à frente de combate. Posição semelhante, mantida por um exército
para possibilitar eventuais travessias ou desembarques ulteriores, em caso de
125
ofensiva.
Cabeça-de-porco – cortiço. Prédio de muitos apartamentos pequenos.
Cabeça-de-prata - ave
Cabeça-de-prego – acne
Cabeça-de-preguiça – planta
Cabeça-de-sapo – animal
Cabeça-de-tomate – peixe
Cabeça-de-urubu – planta
Cabeça-de-velha – ave
Cabeça-de-velho – ave
Cabeça-de-vento – pessoa que não age com atenção, bom senso, prudência ou
responsabilidade
Cabeça-de-vidro – inseto
cabeça-do-martelo – parte superior do martelo, que usamos para martelar.
Cabeça-do-prazo – inseto
Cabeça-dura – indivíduo que não tem capacidade de entender ou de aprender;
pessoa estúpida, sem inteligência ou sem instrução. Indivíduo teimoso, insistente
ou obstinado; pessoa que não se deixa convencer ou que não aceita opiniões,
argumentos, conselhos ou advertências de outrem
Cabeça-dura-focinho-de-rato – peixe
Cabeça-dura-prego – peixe
Cabeça-dura-relógio – peixe
Cabeça-encarnada – ave
Cabeça-inchada – paixão ou amor por alguém. Atribulação na relação amorosa.
Dor-de-cotovelo. Decepção causada por derrota, especialmente relacionada com
esportes
Cabeça-leve – cabeça-de-vento
Cabeça-no-ar – cabeça-de-vento
Cabeça-preta – ave
Cabeça-rapada – padre católico
Cabeça-seca – ave
Cabeça-tonta – pessoa que não tem juízo ou bom senso, leviana, estouvada
Cabeça-vermelha – ave
126
cortar a cabeça de - matar, executar
dar cabo da cabeça – preocupar, afligir
dar com a cabeça nas paredes – cometer desatinos
dar de comer à cabeça- no candomblé e seitas afins, submeter-se ao bori
dar na cabeça - tomar uma decisão inesperada, surpreendente
de cabeça alta - cabeça erguida
de cabeça baixa - cheio de vergonha, submisso, humilhado
de cabeça erguida/levantada - cheio de orgulho, altivo, de cabeça alta
enterrar a cabeça do boi - prolongar as comemorações de Natal até o primeiro
domingo seguinte à festa
entrar de cabeça - dar-se inteiramente a, pôr-se a serviço de
esfriar a cabeça - relaxar
esquentar a cabeça - ficar preocupado, afligir-se
estar à cabeça de – participar, estar à frente de, liderar
estar com a cabeça fora do lugar – desajuizado
estar com cabeça - estar pronto, preparado, concentrado para realizar algo.
estar sem cabeça - estar sem condições de pensar, de raciocinar
fazer a cabeça - convencer, levar alguém a mudar um ponto de vista
levantar a cabeça - recuperar-se moral e/ou financeiramente
levar na cabeça - sair-se mal num empreendimento, ter prejuízo, tomar na
cabeça
meter de cabeça - dar corcovos, pinotes, corcovear
meter na cabeça - convencer-se teimosamente, resolver, cismar
meter na cabeça de - inculcar em alguém uma idéia, uma vontade etc.
passar pela cabeça - pensar
perder a cabeça – perder a calma, agir irrefletidamente, sair do auto controle
pôr a cabeça em água - cansar, extinguir a paciência
pôr a cabeça pra funcionar - pensar de forma inteligente, chegar a uma
conclusão esperada
pôr minhoca na cabeça - criar ou refletir sobre problemas inexistentes
pôr na cabeça - cismar
quebrar a cabeça - Aplicar-se com esmero e dedicação para dar solução a um
problema; pensar muito sobre um tema
127
querer a cabeça de - querer a captura e/ou morte de alguém; exigir a demissão
de alguém.
saber onde tem a cabeça - ter juízo e maturidade, ser equilibrado; ter a cabeça
no lugar
sem pés nem cabeça – confuso, sem sentido
subir à cabeça - sentir-se muito importante, poderoso, glorificado.
ter a cabeça a prêmio - ser objeto de recompensa em caso de captura ou de
indicação de pista que auxilie a captura
ter a cabeça no lugar - saber onde tem a cabeça
ter cabeça para - ser apto ou hábil para; ter disposição ou paciência para.
ter cabeça, tronco e membros - algo que tem uma ordem sequencial
ter macaquinhos na cabeça - significa estar com ideias inadequadas em
relação aos assuntos a ser tratados
tomar na cabeça - levar na cabeça
usar a cabeça - proceder com habilidade e inteligência
virar a cabeça - modificar para pior a forma de comportamento, perder o juízo
virar a cabeça de - influenciar alguém a virar a cabeça
128
CORPORA (por tipo de formação morfossintática)
Cabeça + Adjetivo
1. Cabeça-amarga – peixe
2. cabeça-branca – ave
3. cabeça-chata – apelido que recebem os nordestinos, especialmente os cearences
4. Cabeça-dura – indivíduo que não tem capacidade de entender ou de aprender; pessoa estúpida, sem inteligência ou sem instrução. Indivíduo teimoso, insistente ou obstinado; pessoa que não se deixa convencer ou que não aceita opiniões, argumentos, conselhos ou advertências de outrem
5. Cabeça-dura-focinho-de-rato – peixe
6. Cabeça-dura-prego – peixe
7. Cabeça-dura-relógio – peixe
8. Cabeça-encarnada – ave
9. Cabeça-inchada – paixão ou amor por alguém. Atribulação na relação amorosa. Dor-de-cotovelo. Decepção causada por derrota, especialmente relacionada com esportes
10. Cabeça-leve – cabeça-de-vento
11. Cabeça-preta – ave
12. Cabeça-rapada – padre católico
13. Cabeça-seca – ave
14. Cabeça-tonta – pessoa que não tem juízo ou bom senso, leviana, estouvada
15. Cabeça-vermelha – ave
16. cabeça coroada - membro da nobreza; pessoa com grande prestígio social, político ou intelectual
17. cabeça cortadora - agulha de corte
18. cabeça fraca – pessoa influenciável, que se deixa convencer
19. cabeça feita - pessoa decidida, com opinião própria
20. cabeça fria - tranquilidade espiritual, serenidade, equilíbrio
21. cabeça gravadora - agulha de corte
22. cabeça magnética - num gravador, dispositivo que lê ou apaga sinais magnéticos na fita
23. cabeça oca - pessoa sem ideia, bobão, com a cabeça vazia
129
24. cabeça quente - nervoso
25. cabeça tabulada - abertura de um conjunto de informações recebidas de várias agências de notícias, na qual são mencionadas as diversas cidades de origem
26. de cabeça alta - cabeça erguida
27. de cabeça baixa - cheio de vergonha, submisso, humilhado
28. de cabeça erguida/levantada - cheio de orgulho, altivo, de cabeça alta
Cabeça + SPrep
29. cabeça d’água – fenômeno que se dá, quando, com as primeiras chuvas no alto sertão, formam-se enxurradas que seguem pelos leitos dos rios até então secos; aumento rápido e repentino do nível de um rio corrente ou cheio, devido a chuvas nas cabeceiras ou em trechos mais altos de seu percurso.
30. cabeça da agulha – parte da agulha por onde passamos a linha.
31. cabeça da medida - canhoto (rubrica: artes gráficas)
32. cabeça de área – posição recuada no meio-campo, à frente dos zagueiros e da grande área
33. Cabeça-de-arroz – indivíduo vazio, frívolo
34. cabeça-de-bagre – jogador medíocre ou ruim; pessoa burra
35. cabeça-de-boi – pessoa estúpida, burra
36. Cabeça-de-bonzo – sopa em que se cozinha em banho-maria na casca de uma abóbora-camalenga
37. cabeça-de-burro – peixe
38. cabeça-de-camarão – pessoa burra
39. cabeça-de-campo – vaqueiro que comanda a vaquejada
40. cabeça-de-carneiro – calcário de aspecto peculiar, encontrado em depósitos submersos dos quais extraído para obtenção de cal.
41. cabeça-de-casal – o que tem posse e a administração dos bens do falecido até a partilha
42. cabeça-de-chave – em cada uma das chaves de um torneio, o jogador ou a equipe que tem mais chances de se classificar para a etapa seguinte
43. cabeça-de-coco – indivíduo desatento, avoado
44. Cabeça-de-cuia - ser imaginário com cabeça em forma de cuia que vive dentro do rio Parnaíba, afoga pessoas que nele se banham na época
130
das cheias e devora as cada sete anos uma moça chamada Maria
45. cabeça-de-cutia – planta
46. cabeça-de-destrinça – cabecel
47. cabeça-de-ferro – peixe
48. Cabeça-de-fogo – ave
49. Cabeça-de-frade – planta
50. Cabeça-de-galo – pirão bem temperado no qual são geralmente diluídos ovos, que ficam cozidos e integrados à papa
51. Cabeça-de-jacaré – arenito (pedra)
52. Cabeça-de-leão – peixe
53. Cabeça-de-martelo – ave
54. Cabeça-de-medusa – dilatação das veias da parede anterior do abdome, formando uma rede na região periumbilical por obstrução ou hipertensão da veia da porta (como na cirrose hepática); Algo ou alguém que impressiona, espanta ou amedronta por sua feiúra.
55. Cabeça-de-monge – planta
56. Cabeça-de-negro – artefato explosivo em pequeno pacote, geralmente de papel resistente, cheio de pólvora e amarrado dos dois lados, com uma cabeça de fósforo em um dos lados para ser riscada e transmitir fogo à pólvora, que explode com grande estrondo; bomba.
57. Cabeça-de-nós-todos – cabeça (humana) muito grande
58. Cabeça-de-onça – planta
59. Cabeça-de-ouro – ave
60. Cabeça-de-padre – planta
61. Cabeça-de-pedra – ave
62. Cabeça-de-ponte – posição fortificada mais ou menos provisória, que a vanguarda de um exército invasor estabelece para além de um obstáculo natual, geralmente em território inimigo, para garantir o acesso de tropas, armamentos e provisões à frente de combate. Posição semelhante, mantida por um exército para possibilitar eventuais travessias ou desembarques ulteriores, em caso de ofensiva.
63. Cabeça-de-porco – cortiço. Prédio de muitos apartamentos pequenos.
64. Cabeça-de-prata - ave
65. Cabeça-de-prego – acne
66. Cabeça-de-preguiça – planta
67. Cabeça-de-sapo – animal
68. Cabeça-de-tomate – peixe
131
69. Cabeça-de-urubu – planta
70. Cabeça-de-velha – ave
71. Cabeça-de-velho – ave
72. Cabeça-de-vento – pessoa que não age com atenção, bom senso, prudência ou responsabilidade
73. Cabeça-de-vidro – inseto
74. Cabeça-do-prazo – inseto
75. Cabeça-no-ar – cabeça-de-vento
76. cabeça ao mar - aproado em direção ao mar (diz-se de navio)
77. cabeça com cabeça - na mesma linha, emparelhado
78. cabeça de cartaz - o artista que graças à sua popularidade serve como chamariz de público para um espetáculo
79. cabeça-de-alho-chocho - uma pessoa distraída, esquecida, ou que nesse momento não foi particularmente inteligente no que disse ou fez
80. cabeça de bater sola - cabeça-chata
81. cabeça de clichê - título que se coloca acima de foto ou ilustração em uma chamada ou matéria jornalística
82. cabeça de cobra - Careca, desprovido de cabelo, o popular kojac.
83. cabeça de comarca - cidade onde está situado o foro nas comarcas compostas de várias cidades
84. cabeça de cor - dispositivo, instalado na extremidade de um ampliador, que altera a cor de uma reprodução fotográfica por meio de filtros
85. cabeça de cotonete - Apelido referenciado a uma pessoa que tem cabelo branco envelhecido com o tempo.
86. cabeça de distrito - sede de um distrito
87. cabeça de escrita – cabeça de leitura de um disco rígido
88. cabeça de gelo - expressão usada para acalmar pessoas que estão com a cabeça quente por algum motivo
89. cabeça de giz - guarda de trânsito (por usar capacete branco)
90. cabeça de gravação - cabeça magnética usada para gravar sinais em uma fita
91. cabeça de guidão - chato, mala sem alça, mané
92. cabeça de impressão – cartucho para impressora
93. cabeça de leitura – cabeça de gravação
94. cabeça de lista - o candidato que está em primeiro lugar numa lista que vá a eleições
95. cabeça de melão - cabeça nas nuvens, cabeça-no-ar, pessoa distraída
132
96. cabeça de minhoca - Não tem nada de relevante dentro da cabeça. Só fala besteira e bobagens
97. cabeça de página - cabeçalho, o alto de uma página impressa
98. cabeça de proa - carranca ('cabeça') (Rubrica: etnografia)
99. cabeça de rede - emissora responsável pela transmissão de um programa ou programação em rede, ou que controla uma rede
100. cabeça de teta - Pessoa que não pensa no que faz, inconseqüente, tresloucada.
101. cabeça de tripé - dispositivo basculante que se adapta à parte superior de um tripé de modo a permitir movimentos variados da câmera sobre seu eixo
102. cabeça do arreio - parte superior e dianteira de uma sela, onde se segura para montar
103. cabeça do leme - parte superior da madre do leme
104. cabeça do molde - parte superior do molde da linotipo, que se embute nas guias da sapata, situando-se entre essas duas peças os alinhadores ou medidas que determinam o comprimento da linha e o corpo a ser composto
105. cabeça-do-martelo – parte superior do martelo, que usamos para martelar.
106. cabeça do pênis – glande do pênis
107. cabeça do prego – parte superior, arredondada e mais achatada do prego
108. cabeça nas nuvens - distarído, cabeça-no-ar, cabeça-leve
EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS / LEXICALIZADAS
109. abrir a cabeça - tornar-se suscetível a idéias novas ou sensatas; alargar a consciência
110. andar a cabeça à roda - estar tonto, sentir vertigem
111. andar com a cabeça ao léu -estar com a cabeça descoberta
112. assentar a cabeça - tornar-se sensato
113. atirar-se de cabeça – entregar-se totalmente a algo ou alguém
114. botar chifre em cabeça de cavalo - procurar significados ou imaginar problemas que não existem
115. bater cabeça - dar cabeçada, agir impensadamente, desatinar
116. botar na cabeça - tomar uma decisão
133
117. cortar a cabeça de - matar, executar
118. dar cabo da cabeça – preocupar, afligir
119. dar com a cabeça nas paredes – cometer desatinos
120. dar de comer à cabeça- no candomblé e seitas afins, submeter-se ao bori
121. dar na cabeça - tomar uma decisão inesperada, surpreendente
122. enterrar a cabeça do boi - prolongar as comemorações de Natal até o primeiro domingo seguinte à festa
123. entrar de cabeça - dar-se inteiramente a, pôr-se a serviço de
124. esfriar a cabeça - relaxar
125. esquentar a cabeça - ficar preocupado, afligir-se
126. estar à cabeça de – participar, estar à frente de, liderar
127. estar com a cabeça fora do lugar – desajuizado
128. estar com cabeça - estar pronto, preparado, concentrado para realizar algo.
129. estar sem cabeça - estar sem condições de pensar, de raciocinar
130. fazer a cabeça - convencer, levar alguém a mudar um ponto de vista
131. levantar a cabeça - recuperar-se moral e/ou financeiramente
132. levar na cabeça - sair-se mal num empreendimento, ter prejuízo, tomar na cabeça
133. meter de cabeça - dar corcovos, pinotes, corcovear
134. meter na cabeça -convencer-se teimosamente, resolver, cismar
135. meter na cabeça de - inculcar em alguém uma idéia, uma vontade etc.
136. passar pela cabeça - pensar
137. perder a cabeça – perder a calma, agir irrefletidamente, sair do auto controle
138. pôr a cabeça em água - cansar, extinguir a paciência
139. pôr a cabeça pra funcionar - pensar de forma inteligente, chegar a uma conclusão esperada
140. pôr minhoca na cabeça - criar ou refletir sobre problemas inexistentes
141. pôr na cabeça - cismar
142. quebrar a cabeça - Aplicar-se com esmero e dedicação para dar solução a um problema; pensar muito sobre um tema
143. querer a cabeça de - querer a captura e/ou morte de alguém;
134
exigir a demissão de alguém.
144. saber onde tem a cabeça - ter juízo e maturidade, ser equilibrado; ter a cabeça no lugar
145. sem pés nem cabeça – confuso, sem sentido
146. subir à cabeça - sentir-se muito importante, poderoso, glorificado.
147. ter a cabeça no lugar - saber onde tem a cabeça
148. ter a cabeça a prêmio - ser objeto de recompensa em caso de captura ou de indicação de pista que auxilie a captura
149. ter cabeça para - ser apto ou hábil para; ter disposição ou paciência para.
150. ter cabeça, tronco e membros - algo que tem uma ordem sequencial
151. ter macaquinhos na cabeça - significa estar com ideias inadequadas em relação aos assuntos a ser tratados
152. tomar na cabeça - levar na cabeça
153. usar a cabeça - proceder com habilidade e inteligência
154. virar a cabeça - modificar para pior a forma de comportamento, perder o juízo
155. virar a cabeça de - influenciar alguém a virar a cabeça
135
CORPORA (por fonte)
HOUASSIS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa 1.0. Instituto Antonio Houaiss. Dezembro de 2001. CD-ROM. Produzido por Editora Objetiva.
1. Cabeça ao mar 2. Cabeça cortadora 3. cabeça d’água 4. cabeça de área 5. Cabeça-amarga 6. cabeça-branca 7. cabeça-chata 8. Cabeça-de-arroz 9. cabeça-de-bagre 10. cabeça-de-boi 11. Cabeça-de-bonzo 12. cabeça-de-burro 13. cabeça-de-camarão 14. cabeça-de-campo 15. cabeça-de-carneiro 16. cabeça-de-casal 17. cabeça-de-chave 18. cabeça-de-coco 19. Cabeça de comarca 20. Cabeça-de-cuia 21. cabeça-de-cutia 22. cabeça-de-destrinça 23. cabeça-de-ferro 24. Cabeça-de-fogo 25. Cabeça-de-frade 26. Cabeça-de-galo 27. Cabeça-de-jacaré 28. Cabeça-de-leão 29. Cabeça-de-martelo 30. Cabeça-de-medusa 31. Cabeça-de-monge 32. Cabeça-de-negro 33. Cabeça-de-nós-todos 34. Cabeça-de-onça 35. Cabeça-de-ouro 36. Cabeça-de-padre
136
37. Cabeça-de-pedra 38. Cabeça-de-ponte 39. Cabeça-de-porco 40. Cabeça-de-prata 41. Cabeça-de-prego 42. Cabeça-de-preguiça 43. Cabeça-de-sapo 44. Cabeça-desmiolada 45. Cabeça-de-tomate 46. Cabeça-de-urubu 47. Cabeça-de-velha 48. Cabeça-de-velho 49. Cabeça-de-vento 50. Cabeça-de-vidro 51. Cabeça-do-prazo 52. Cabeça-dura 53. Cabeça-dura-focinho-de-rato 54. Cabeça-dura-prego 55. Cabeça-dura-relógio 56. Cabeça-encarnada 57. Cabeça-inchada 58. Cabeça-leve 59. Cabeça-no-ar 60. Cabeça-pitanga 61. Cabeça-preta 62. Cabeça-rapada 63. Cabeça-seca 64. Cabeça-tonta 65. Cabeça-vermelha 66. Cabeça de distrito 67. Cabeça de giz 68. Cabeça de gravação 69. Cabeça de página 70. Cabeça de proa 71. Cabeça de rede 72. Cabeça do arreio 73. Cabeça do leme 74. Cabeça do molde 75. Cabeça gravadora 76. Cabeça magnética 77. Cabeça tabulada
137
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1. andar com a cabeça à roda 2. cabeça com cabeça 3. cabeça de bater sola 4. cabeça de cartaz 5. Cabeça de clichê 6. cabeça de cobra 7. Cabeça de cor 8. Cabeça de cotonete 9. cabeça de escrita 10. Cabeça de gelo 11. Cabeça de guidão 12. cabeça de impressão 13. cabeça de leitura 14. cabeça de lista 15. cabeça de medida 16. Cabeça de melão 17. Cabeça de minhoca 18. cabeça do prego 19. Cabeça de teta 20. Cabeça de tripé 21. cabeça-de-alho-chocho 22. cada cabeça sua sentença 23. dar cabo da cabeça 24. dar com a cabeça nas paredes 25. Dar de comer à cabeça 26. de cabeça levantada 27. Enterrar a cabeça do boi 28. estar à cabeça de 29. meter na cabeça 30. passar pela cabeça 31. perder a cabeça 32. pôr a cabeça em água 33. Ter a cabeça a prêmio 34. Ter cabeça, tronco e membros 35. Ter macaquinhos na cabeça
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Introspecção:
1. abrir a cabeça 2. andar com a cabeça ao léu 3. assentar a cabeça 4. atirar-se de cabeça 5. Bater cabeça 6. botar chifre em cabeça de cavalo 7. botar na cabeça 8. cabeça baixa 9. cabeça da agulha 10. Cabeça do pênis 11. cabeça erguida 12. cabeça feita 13. Cabeça fraca 14. cabeça nas nuvens 15. cabeça oca 16. cabeça quente 17. cortar a cabeça 18. dar na cabeça 19. Entrar de cabeça 20. esfriar a cabeça 21. esquentar a cabeça 22. estar com a cabeça fora do lugar 23. estar com cabeça 24. estar sem cabeça 25. fazer a cabeça 26. Levantar a cabeça 27. levar na cabeça 28. meter de cabeça 29. Meter na cabeça de 30. pôr a cabeça pra funcionar 31. pôr minhoca na cabeça 32. pôr na cabeça 33. quebrar a cabeça 34. querer a cabeça de 35. saber onde tem a cabeça 36. Sem pés nem cabeça 37. subir à cabeça 38. Ter a cabeça no lugar 39. ter cabeça para
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40. tomar na cabeça 41. usar a cabeça 42. virar a cabeça 43. virar a cabeça de
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Ensino Superior Idade: 35 anos Sexo: feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Ponto mais alto da serra. Eu cheguei na cabeça da serra escalando.
Cabeça de sorvete
Última bola do sorvete. A cabeça do meu sorvete sempre cai.
Cabeça de prédio
Cobertura A cabeça do prédio é sempre mais cara.
Cabeça forte
Pessoa que tem suas própias concepções de proceder.
Pôxa você tem uma cabeça forte!
Com a cabeça no vento
Cabeça fora do automóvel. Adoro ficar com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa sem juízo. Você tem uma cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
A pessoa forte emocionalmente em uma relação.
Ele é o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Cabo de vassoura. Você tem uma cabeça-de-pau para segurar a porta?
Partir da cabeça
Começar pela cabeça. A brincadeira vai começar a partir da cabeça.
Cabeça furada
Pessoa que esquece alguma coisa.
Minha cabeça está furada.
Cabeça de forno
Pessoa que se irrita facilmente. O cabeça de forno do meu vizinho mandou baixar o som.
Cabeça-de-escola
Líder Ele é o cabeça da escola.
Cabeça de porta
Umbral A cabeça da porta está solta.
Cabeça de rio
Nascente do rio. A cabeça do Rio Tietê é limpíssima.
Cabeça-de-chave
Favoritos de um campeonato. A Fifa anunciou quais serão os oito cabeças de chave.
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PESQUISA
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1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior completo Idade: 21 Sexo: Masculino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Alto de uma montanha Meu primo escalou até a cabeça da serra semana passada.
Cabeça de sorvete
Pessoa burra Mariquinha é uma cabeça de sorvete. Está sempre perdoando as traições do marido.
Cabeça de prédio
Síndico Seu Osmar foi eleito para cabeça de prédio.
Cabeça forte
Inteligência, talento Joãozinho tem cabeça-forte para música.
Com a cabeça no vento
Andar desligado Jacobino anda com a cabela no vento depois que conheceu aquela mulher.
Cabeça-de-bagre
Lugar ruim O restaurante da esquina é uma cabeça-de-bagre! A comida é horrível!
Cabeça de relação
? ?
Cabeça-de-pau
Pessoa burra Maria é uma cabeça-de-pau! Só tira nota baixa.
Partir da cabeça
Ter idéia A idéia partiu da cabeça do Joãozinho.
Cabeça furada
Pessoa esquecida Joana é uma cabeça furada que só vendo! Pedi para comprar banana e me trouxe peixe.
Cabeça de forno
Câmara de vedação O técnico trabalhou para solucionar o problema na cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Mestre Fulano foi meu cabeça-de-escola no ensino médio.
Cabeça de porta
Pessoa turrona, teimosa Hélter é um cabeça de porta! Ninguém consegue convencê-lo de que está errado.
Cabeça de rio
Nascente de rio A cabeça de rio está poluída.
Cabeça-de-chave
Principal time dentro de um grupo no futebol
A seleção brasileira é cabeça-de-chave do grupo G.
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1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Mestrado Idade: 31 anos Sexo: feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
O ponto mais alto da serra Ele escalou até a cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Pessoa que tem ‘cabeça fraca’, mole
Francisco é um cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
A parte alta do prédio Ele subiu até a cabeça do prédio para se jogar
Cabeça forte
Pessoa que não titubeia ou que lembra bem das coisas
Mariana tem a cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Delirando, pensando bobagem Ela se deixou ficar com a cabeça no vento após a conversa.
Cabeça-de-bagre
Cabeça fraca Mateus é um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Quem manda na relação O marido gosta de ocupar a cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Cabeça dura Beatriz é uma cabeça-de-pau
Partir da cabeça
Partir do próprio pensamento A ideia do evento partiu da cabeça de João.
Cabeça furada
Cabeça oca, vazia Hoje o Sandro está com a cabeça furada
Cabeça de forno
A parte mais funda do forno. O pudim deve ser colocado bem na cabeça do forno, para assar bem.
Cabeça-de-escola
O chefe da turma, o líder Paulo é um cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
A parte de cima da porta Rafael pintou a cabeça da porta.
Cabeça de rio
Onde nasce o rio, fonte Na cabeça do rio a água é ferruginosa.
Cabeça-de-chave
Pode estar relacionado a futebol, ao time que é lider da chave no campeonato
Esperamos que a seleção brasileira seja a cabeça-de-chave na Copa do Mundo.
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1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: pós-graduada (especialista) Idade: 39 Sexo: fem.
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase
Cabeça da serra
topo Estávamos na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Bola (no sorvete de casquinha) Tomei 1 cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Topo, alto Os operários estão na cabeça do prédio
Cabeça forte
Sensato, equilibrado Ele tem a cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Aéreo, distante Está com a cabeça no vento?
Cabeça-de-bagre
Sem inteligência, ignorante Esse menino é um cabeça de bagre.
Cabeça de relação
Chefe, dominador Ela é a cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Intransigente (cabeça-dura), teimoso
Ela é muito cabeça-de-pau, muito teimosa.
Partir da cabeça
Pensado, raciocinado, elaborado.
Isso partiu da minha cabeça.
Cabeça furada
Cabeça-oca, sem inteligência Ela só faz besteira. É uma cabeça furada.
Cabeça de forno
Cabeça quente, explosivo, nervoso
Acalme-se. Você está com cabeça de forno: quente!
Cabeça-de-escola
Letrado, culto Esse menino é cabeça-de-escola, sabe tudo.
Cabeça de porta
Cabeça dura, inflexível, intransigente
Ela é muito cabeça de porta. Não volta atrás de jeito nenhum.
Cabeça de rio
nascente Nadaram desde a cabeça do rio.
Cabeça-de-chave
principal O Brasil é cabeça-de-chave do grupo F.
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Formação escolar: Ensino superior Idade: 24 Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Não sei
Cabeça de sorvete
Uma pessoa que tem a cabeça fria, bem tranquilo e calmo
Nada atrapalha Fernanda, ela tem cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Um cara que pensa alto Ele tem cabeça de prédio, tem ambição
Cabeça forte
Não sei
Com a cabeça no vento
Uma pessoa desligada Sou uma cabeça de vento.
Cabeça-de-bagre
Uma pessoa burra Ele é um cabeça de bagre
Cabeça de relação
Não sei
Cabeça-de-pau
Não sei
Partir da cabeça
Não sei
Cabeça furada
Uma pessoa que não tem nada de bom na cabeça.
Carla tem a cabeça furada, nada ela tem na cabeça.
Cabeça de forno
O cara que se aborrece com qualquer coisa.
Cara! Vivi tem a cabeça de forno, se aborrece com tudo e todos!
Cabeça-de-escola
Não sei
Cabeça de porta
É o cara que é desprovido de inteligência
João é um cabeça de porta, muito burro!
Cabeça de rio
Onde nasce o rio. Aqui é a cabeça do rio, onde ele nasce.
Cabeça-de-chave
Uma ferramenta. Pegue a cabeça-de-chave para mim, Carla.
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Formação escolar: Cursando o 3° grau Idade: 21 anos Sexo: feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Cume, ápice da serra Não acreditei quando vi aquela casinha na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Bola de sorvete Nina derrubou a cabeça do sorvete no chão.
Cabeça de prédio
Cobertura do prédio Meu rimão mora na cabeça do prédio.
Cabeça forte
Aquele que não se deixa influenciar facilmente
Renata é uma menina que tem a cebeça forte.
Com a cabeça no vento
distraído Paula só anda com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Estúpido, idiota Sérgio é o maior cabeça d ebagre que já conheci.
Cabeça de relação
Aquele que manda na relação Beto é o cabeça da relação; Carol faz tudo o que ele manda.
Cabeça-de-pau
“cabeça dura”, inflexível Zeca disse que não vai voltar atrás em sua decisão. Ele é um cabeça-de-pau mesmo.
Partir da cabeça
Partir de cima Para eliminarmos nossos concorrentes, temos que partir da cabeça.
Cabeça furada
Aquele que esquece as coisas facilmente
Gustavo não me ligou no dia do meu aniversário. Ele sempre foi teve a cabeça furada mesmo...
Cabeça de forno
Aquele que se estressa com facilidade.
Marcos é um cabeça de forno; vive arranjando confusão.
Cabeça-de-escola
“CDF”, pessoa muito dedicada aos estudos
Ricardo é um cabeça-de-escola; ele tira 10 em tudo!
Cabeça de porta
Burro, cabeça vazia Pedrinho não cosegue aprender matemática; ele tem a cebeça de porta.
Cabeça de rio
Nascente do rio A cabeça desse rio fica lá em Minas Gerais.
Cabeça-de-chave
Pessoa reservada, tímida, que não fala muito sobre sua vida pessoal
Maria é uma cabeça-de-chave, ninguém consegue advinhar seus pensamentos.
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Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior incompleto Idade: 20 Sexo: Masculino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Cabeça de sorvete
Tonto Ele é um cabeça de sorvete mesmo, um bobão.
Cabeça de prédio
Cabeça enorme João tem uma cabeça de prédio, uma cabeça enorme.
Cabeça forte
Que tem juízo Ele tem uma cabeça forte, com bons pensamentos.
Com a cabeça no vento
Desligado do mundo Ele nao presta atenção em nada; vive com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Bobo Aquele menino é um cabeça-de-bagre mesmo.
Cabeça de relação
Quem manda na relação. Entre ele e ela, ele é o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Teimoso Aquele rapaz é teimoso demais, tem uma cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Cabeça furada
Cabeça de forno
Vive nervoso, de cabeça quente.
João sempre irritado, parece cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Cabeça de porta
Cabeça de rio
Cabeça-de-chave
Principais times ou jogadores. Rafael Nadal será cabeçade-chave no Aberto dos EUA.
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Formação escolar: Superior incompleto Idade: 19 anos Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Cabeça de sorvete
Pessoa calma; que dificilmente se irrita
Ainda que a contrarie, ela não se irritará pois tem a cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Cabeça forte
Personalidade forte; não é facilmente influenciável
Não adianta tentar convencê-lo a mentir pois ele tem a cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Pessoa despreocupada A juventudade vive com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa desprovida de inteligência; boba; tola
Com essa atitude, Marcela comprovou ser uma cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Aquele que comanda a relação Carlos é o cabeça da sua relação com Ana.
Cabeça-de-pau
Pessoa teimosa; certa de si Mostrar-lhe que está enganado não adiantará pois ele é um cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Pensar/agir racional e não emocionalmente
Abandonar a família e mudar de país a trabalho foi uma atitude que partiu da cabeça dele.
Cabeça furada
Aquele que esquece fácil e constantemente das coisas
É inútil perguntar como foi a discurssão ao João porque ele tem a cabeça furada.
Cabeça de forno
Pessoa nervosa ou que se irrita facilmente
Ela é cabeça de forno: ao discordar da filha, logo começou a gritar.
Cabeça-de-escola
Cabeça de porta
Aquele que não pensa muito nem é inteligente
Ao romper o noivado daquela maneira, Lucas agiu como um cabeça de porta.
Cabeça de rio
Cabeça-de-chave
Principal time ou jogador dentro de um grupo
A Seleção Brasileira é a cabeça-de-chave do grupo 6.
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Formação escolar: Mestre em LP Idade: 29 anos Sexo: feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase
Cabeça da serra
Topo, parte mais alta da serra. A cidade fica na cabeça da serra da Mantiqueira.
Cabeça de sorvete ?
Cabeça de prédio
Síndico O Seu João é o cabeça do meu prédio.
Cabeça forte
Pessoa decidida, que sabe o que quer.
João é cabeça forte, não se deixa levar pela opinião dos outros.
Com a cabeça no vento
Denota esquecimento. Eu ando com a cabeça no vento, perdi vários compromissos essa semana.
Cabeça-de-bagre
Idiota João é um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Pessoa que tem o controle intelectual em uma dada relação.
Maria é o cabeça da relação, João faz tudo o que ela quer.
Cabeça-de-pau
Pessoa teimosa João precisa aprender a dialogar, não pode ser um cabeça-de-pau pra sempre.
Partir da cabeça
Advir Essa confusão partiu da cabeça da Maria.
Cabeça furada
Pessoa com problema de memória. João é uma cabeça furada.
Cabeça de forno
?
Cabeça-de-escola
?
Cabeça de porta
?
Cabeça de rio
Nascente de rio. A cabeça do Rio Tietê fica em Salesópolis.
Cabeça-de-chave
Numa competição esportiva, a equipe mais forte de um dado grupo.
O Brasil é o cabeça-de-chave do grupo D na Copa do Mundo da África do Sul.
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1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Idade: 34 Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Parte mais alta da serra Maria mora na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Xingamento infantil espontâneo Joãozinho é um cabeça de sorvete!
Cabeça de prédio
Cobertura de um prédio Fulano mora na cabeça do prédio.
Cabeça forte
Pessoa resistente emocionalmente, segundo linguagem popular
Fulano sofreu muito, mas por ter uma cabeça forte, resistiu a tudo.
Com a cabeça no vento
Pessoa avoada Ela vive com a cabeça no vento!
Cabeça-de-bagre
Pessoa boba, idiota Ele é um cabeça-de-bagre, nunca entende as piadas!
Cabeça de relação
Pessoa principal ou que se destaca em algum tipo de relação, seja pessoal ou profissional.
Ele é o cabeça da relação entre as empresas.
Cabeça-de-pau
Pessoa teimosa Ele é um cabeça-de-pau, não adianta insistir!
Partir da cabeça
Ato primordial para qualquer atitude diante de alguma situação de mudança ou dificuldade a ser superada
Ela tenta emagrecer, mas sem partir da cabeça não vai conseguir.
Cabeça furada
Que não compreende facilmente Ele é uma cabeça furada, não entende nada!
Cabeça de forno
Pessoa impaciente, dita de “cabeça quente”
Ela é mesmo uma cabeça de forno, sempre sem paciência
Cabeça-de-escola
Indivíduo estudioso Ela tem uma cabeça-de-escola, está sempre querendo aprender.
Cabeça de porta
Pessoa “tapada” João é um cabeça de porta, explico e ele não entende!
Cabeça de rio
Nascente de um rio A casa fica próxima à cabeça do rio.
Cabeça-de-chave
Jogador ou time principal em um grupo de competição esportiva
Federer é o cabeça-de-chave do grupo A em Wimbledon.
150
PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Pós-graduanda. Idade: 29 anos. Sexo: Feminino.
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
A extremidade superior da serra. Os alpinistas chegaram à cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Aquele que tem miolos moles, ideias inusitadas.
Seu primo é bem cabeça se sorvete, hein?
Cabeça de prédio
Pessoa inteligente, talentosa, que pensa alto.
O cabeça do nosso prédio será o novo síndico.
Cabeça forte
Personalidade forte, que não se deixa influenciar.
A cabeça de minha irmã é forte!
Com a cabeça no vento
Distraído, desatento. Depois que se apaixonou, anda com a cabeça no vento...
Cabeça-de-bagre
Alguém que costuma tirar certas conclusões descabidas.
O cabeça-de-bagre do meu primo só fala besteira!
Cabeça de relação
É a pessoa que pensa com mais discernimento na relação.
Naquele casamento, João é certamente o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Pessoa que não tem vergonha de nada ou de ninguém.
Ô carinha cabeça-de-pau esse, hein?
Partir da cabeça
Praticar a ação de refletir bastante. Esse problema é mesmo de partir a cabeça.
Cabeça furada
Alguém esquecido. Ô, cabecinha furada!
Cabeça de forno
Pessoa com cabeça quente, explosiva, esquentada.
Qualquer coisa deixa minha mãe nervosa com essa cabeça de forno
que ela tem... Cabeça-de-escola
Líder, chefe de um grupo. Pedrinho é o cabeça-de-escola mais conhecido da região.
Cabeça de porta
Cabeça dura, alguém que não muda facilmente suas opiniões.
Aquele cara é um cabeça de porta, mesmo!
Cabeça de rio
Local onde nasce um rio. Eles namoravam próximo à cabeça daquele rio.
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Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: universitária Idade: 52 anos Sexo: feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
o ponto mais alto da serra Espero, um dia, ter forças para escalar até a “cabeça da serra”.
Cabeça de sorvete
uma expressão inédita para quem é esquecido?
Depois de uma certa idade, passamos a ter “cabeça de sorvete”.
Cabeça de prédio
cobertura de um prédio Ela mora pertinho do céu, lá na “cabeça do prédio”.
Cabeça forte
pessoa que demonstra segurança
Ela não se influencia por ninguém, tem “cabeça forte”.
Com a cabeça no vento
distraído momentaneamente Não prestei atenção no que ela disse, estava “com a cabeça no vento”.
Cabeça-de-bagre
jogador ruim Nesse time, só tem “cabeças-de-bagre”.
Cabeça de relação
o item que tem prioridade em uma relação (lista) qualquer
Comida está sempre na “cabeça de relação” de compras dos menos favorecidos.
Cabeça-de-pau
cabeça dura Fulano é um “cabeça-de-pau”, não aceita opinião de ninguém
Partir da cabeça
partir do início do corpo A partir da cabeça, é preciso mantermos o corpo saudável.
Cabeça furada
pirado De tanto se drogar, ele ficou com a “cabeça furada”.
Cabeça de forno
esquentado Maria não leva desaforo pra casa... Êta “cabeça de forno”!
Cabeça-de-escola
não sei. Talvez se fosse “cabeça da escola”, diria que é um líder.
Cabeça de porta
superfície superior da porta Olha! Há uma rachadura enorme na “cabeça da porta”.
Cabeça de rio
nascente do rio A poluição do Tietê só não chegou à “cabeça do rio”.
Cabeça-de-chave
o melhor de uma chave, em geral, nos torneios esportivos
O Brasil é “cabeça-de-chave” do grupo A e a Argentina, do B.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Mestre Idade: 37 anos Sexo: Masculino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Ponto proeminente da serra. A cabeça da serra desabou, causando mortes.
Cabeça de sorvete
Bola de sorvete. A cabeça do sorvete era de limão.
Cabeça de prédio
A parte do prédio que está acima do gabarito médio do quarteirão.
Eu moro na cabeça do prédio.
Cabeça forte
Pessoa que funcionaria bem como aríete.
Arromba essa porta, você que tem cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Nefelibata. Fulano está com a cabeça no vento, é um cabeça-de-vento!
Cabeça-de-bagre
Incompetente no futebol Esse cabeça de bagre errou um lance inacreditável!
Cabeça de relação
Chefe de família Afinal, quem é o cabeça dessa relação?
Cabeça-de-pau
Cara de pau Mas que cabeça de pau ele teve pra me dizer aquilo!
Partir da cabeça
Ser invenção própria Aquela música partiu da cabeça mesmo.
Cabeça furada
Pessoa que perde o chapéu em qualquer lugar
Devo ter a cabeça furada, não sei onde coloquei meu quepe.
Cabeça de forno
Suicida em potencial. Zé Gil é um cabeça de forno, não deixe ele triste.
Cabeça-de-escola
Diretor. Afinal, quem é o cabeça dessa escola?
Cabeça de porta
Pessoa surda. Você é mais surdo que uma cabeça de porta!
Cabeça de rio
A foz do rio? Epaminondas naufragou na cabeça do rio.
Cabeça-de-chave
A parte da chave que se segura Essa chave perdeu a cabeça!
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Graduação em Administração de Empresas Idade: 33 Anos
Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
No topo da serra. Estamos à 1km da cabeça da serra da Mantiqueira.
Cabeça de sorvete Cabeça de prédio
Acredito ser a pessoa que esta a frente num prédio, como síndico, a pessoa responsável.
O cabeça de prédio reuniu todos os moradores deste condomínio.
Cabeça forte
Acredito ser a pessoa de alta hierarquia / tem poder de decisão.
Paulo, cabeça forte do setor financeiro, investiu em ações de alto risco este mês.
Com a cabeça no vento
Acho que é a pessoa que é voada e distraída.
A menina perdeu a data de inscrição para o concurso da prefeitura, ela estava com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Acho que é a pessoa que não pensa, não mede as coisas que faz.
Aquele rapaz jogou pedra por cima do muro e quebrou a vidraça. Que cabeça-de-bagre!
Cabeça de relação Cabeça-de-pau
Acho que é a pessoa que tem a cabeça dura .
José parace que tem a cabeça-de-pau, bateu a cabeça na parede e nem sentiu dor.
Partir da cabeça
Algo a iniciar do topo (de cima para baixo).
Esta estátua foi esculpida a partir da cabeça.
Cabeça furada
Algo, objeto e/ou material com furo no meio.
O parafuro cabeça furada esta em falta no estoque.
Cabeça de forno Cabeça-de-escola
A pessoa que esta a frente na instituição de ensino.
O cabeça- de- escola sugeriu que estudássemos muito para esta avaliação.
Cabeça de porta Cabeça de rio Cabeça-de-chave
Acho que é a parte superior do objeto “chave”.
A cabeça-de-chave quebrou quando foi forçada ao abrir a porta.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Nível superior Idade: 35 Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Cabeça de sorvete
Que só faz besteiras. Sujou tudo, seu cabeça de sorvete!
Cabeça de prédio
Cabeça forte
Que é difícil intransigente. É difícil conversar com você. Você é cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Que vive no mundo da lua. Em que está pensando? Está com a cabeça no vento...
Cabeça-de-bagre
Pessoa que não tem noção das coisas. Faz tudo sem pensar nas conseqüências.
Olha o que ela fez! É uma cabeça-de-bagre!
Cabeça de relação
É a pessoa que comanda uma relação.
Ele é o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Partir da cabeça
Cabeça furada
Que não tem idéias ou preguiça para pensar.
Você é um cabeça furada, não consegue pensar em nada.
Cabeça de forno
Cabeça-de-escola
Cabeça de porta
Cabeça de rio
Cabeça-de-chave
Líder de um grupo. Você foi o escolhido como o nosso cabeça-de-chave.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Letras – Doutorado Idade: 45 Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Topo da serra Cheguei à cabeça da serra antes de escurecer.
Cabeça de sorvete
Bola de sorvete Gostaria de duas cabeças de sorvete de creme.
Cabeça de prédio
Síndico Qq reclamação deve ser dirigida ao cabeça de prédio.
Cabeça forte
Personalidade forte Vc precisa de falar com jeito, já que ele tem cabeça forte!
Com a cabeça no vento
Distraído Preste atenção ao trânsito! Está com a cabeça no vento?
Cabeça-de-bagre
Cabeça vazia Pensando desse jeito vc parece um cabeça-de-bagre: oco!
Cabeça de relação
Dominante José sempre foi o cabeça de relação enquanto estava casado com Júlia.
Cabeça-de-pau
Cabeça dura Ele é mesmo um cabeça-de-pau, não? Não concorda com nada...
Partir da cabeça
Do alto para baixo Vc deve partir da cabeça ao preencher o formulário e não ao contrário!
Cabeça furada
Esquecido Acho que o Gui tem cabeça furada! Não se lembra de coisa alguma nunca!
Cabeça de forno
Esquentado Cabeça de forno tem a Fátima! Com tudo ela se aborrece!
Cabeça-de-escola
Mandona Ela é a própria cabeça-de-escola: gosta de dar ordem para todos!
Cabeça de porta
Cabeça de rio
Nascente Cuidado com a cabeça de rio, pq quando chove por lá é enxurrada na certa!
Cabeça-de-chave
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Terceiro grau completo. Idade: 24 anos. Sexo: Feminino.
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Pico mais alto de um conjunto de montanhas.
Existe uma nascente na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Pessoa idiota. Aquele cara é um cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Síndico. Todo síndico é cabeça de prédio.
Cabeça forte
Pessoa que não se deixa levar. Ele tem a cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Distraído. Eu estou com a cabeça no vento hoje.
Cabeça-de-bagre
Pessoa estúpida. Ele é um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Pessoa que domina a relação. Ela é a cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Ponta de um pedaço de madeira.
Aquele galho está com a cabeça-de-pau quebrada.
Partir da cabeça
O que se origina da mente. Aquela idéia partiu da minha cabeça.
Cabeça furada
Crânio com buracos. Aquela cabeça está furada.
Cabeça de forno
Local onde sai a chama do forno.
O fogão está com a cabeça do forno entupida.
Cabeça-de-escola
Diretor. Maurício é um cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Pessoa burra. Ele é um cabeça de porta.
Cabeça de rio
Nascente. Ali fica a cabeça de rio que eu lhe falei.
Cabeça-de-chave
Equipe ou pessoa que lidera um grupo em determinada competição.
O Brasil é cabeça-de-chave do grupo G na Copa de 2010.
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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Mestrado Idade: 24 anos Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Início de uma montanha Cheguei com o carro na cabeça da serra
Cabeça de sorvete
Bola de sorvete que compõe a casquinha
Que pena, minha cabeça de sorvete caiu no chão!
Cabeça de prédio
Topo do prédio Tem um para-raio na cabeça do prédio.
Cabeça forte
Pessoa decidida Fulano não se deixa influenciar, tem uma cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Pessoa desligada Fulano está com a cabeça no vento hoje.
Cabeça-de-bagre
Pessoa tola Você é mesmo um cabeça-de-bagre, hein!
Cabeça de relação
Pessoa mais sensata da relação
O rapaz é o cabeça da relação
Cabeça-de-pau
Pessoa cabeça-dura, teimosa Você é um cabeça-de-pau para não enxergar o que está na sua frente.
Partir da cabeça
Mesmo que quebrar a cabeça para resolver algo.
Esse questionário impossível partiu minha cabeça!
Cabeça furada
Pessoa distraída Você está com a cabeça furada?
Cabeça de forno
Igual a boca do forno O bolo está na cabeça do forno
Cabeça-de-escola
Pessoa que lembra com facilidade os assuntos escolares
Fulano ainda tem cabeça-de-escola
Cabeça de porta
Parte final da porta Vou colocar um peso na cabeça da porta para ela não bater
Cabeça de rio
Início do rio Quando chove na cabeça do rio, há maior chance de tromba d’água lá embaixo.
Cabeça-de-chave
Pessoa importante dentro de um grupo
Sua presença é fundamental, você é o cabeça-de-chave do grupo!
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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Completo Idade: 24 Sexo: Masculino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Extremidade da lâmina de uma serra.
Me cortei na cabela da serra.
Cabeça de sorvete
A extremidade que fica acima do sorvete.
A cabeça do meu sorvete foi feita com cereja e calda de morango.
Cabeça de prédio
Topo do prédio. O heliporto fica na cabeça do prédio.
Cabeça forte
Pessoa bem orientada, que não se deixa levar pelo pensamento dos outros
A cabeça forte dele não permitiu que ele experimentasse drogas.
Com a cabeça no vento
Pessoa dispersa, distraída, com o pensamento distante.
Carlos não sabe de nada, pois vive com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa com pensamentos idiotas, ideias malucas; pessoa inconsequente.
Paulo é um cabeça-de-bagre! Atirou uma flecha em uma maçã acima da cabeça da irmã.
Cabeça de relação
Aquele que sabe administrar uma relação; aquele que sabe lidar com os outros
José é o cabeça das relações da empresa, pois sabe lidar com todos.
Cabeça-de-pau
Pessoa egocêntrica, com dificuldades de ver o ponto de vista de outra pessoa.
Ela é uma cabeça-de-pau que não consegue ver que está errada.
Partir da cabeça
Ter uma ideia. A ideia para escrever o livro partiu da cabeça do autor.
Cabeça furada
Pessoa que aceita qualquer ideia, sem ter opinião própria.
Pedro tem a cabeça furada. Nem sabe o que é ser de esquerda e se diz esquerdista.
Cabeça de forno
Pessoa que perde a paciência facilmente; intolerante
A cabeça de forno dele fez com que ele se irritasse.
Cabeça-de-escola
Pessoa inteligente, bem informada, culta.
O cabeça-de-escola soube tomar a decisão correta.
Cabeça de porta
Extremidade superior da porta. Pendurei o enfeite na cabeça da porta.
Cabeça de rio
Local onde nasce o Rio. A cabeça do rio fica no alto daquela montanha.
Cabeça-de-chave
Pessoa com ideias libertárias, esclarecedoras.
Minha cabeça-de-chave me fez perceber melhor a situação.
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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Pós-graduação Idade: 26 Sexo: Masculino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Frio, calculista O cabeça da serra parece nunca gostar de ninguém.
Cabeça de sorvete
Sentimentalista Apaixonada de novo, a cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Líder Ele é o cabeça de prédio do time, todos o respeitam.
Cabeça forte
Ser firme, convicto ou intransigente
Ele é um cabeça forte, não aceita nada do que lhe dizem
Com a cabeça no vento
Desligado, desatento Com a cabeça no vento, esqueceu da data da prova
Cabeça-de-bagre
Inconseqüente, irresponsável O cabeça-de-bagre fez besteira de novo
Cabeça de relação
Ser líder, ter a palavra final em algum relacionamento
Ele é o cabeça de relação do casal
Cabeça-de-pau
Desinibido, descarado Com toda a cabeça de pau dele, conseguiu entrar na festa
Partir da cabeça
Burro, imaturo È de partir da cabeça como ele não consegue fazer nada
Cabeça furada
Bobo, trouxa, ingênuo O cabeça furada se deixou enganar outra vez
Cabeça de forno
Irritadiço, pavio curto O cabeça de forno brigou de novo na rua
Cabeça-de-escola
Inteligente, esperto O cabeça-de-escola tirou as melhores notas da turma
Cabeça de porta
Intransigente, arrogante Com aquela cabeça de porta, ele não ouve ninguém
Cabeça de rio
Calmo, relaxado Com sua cabeça de rio, conseguiu se manter calmo toda a sessão.
Cabeça-de-chave
Líder de algum grupo esportivo O Brasil é o cabeça-de-chave de seu grupo na Copa 2010
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Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: 2º Grau Técnico (Eletrônica) Idade: 33 anos Sexo: Masc.
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Local muito alto Subi nesse prédio até a cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Alguém tranquilo Mesmo endividado ele sempre mantém sua cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Alguém que pensa alto Você deveria ter seus pés no chão, seu cabeça de prédio.
Cabeça forte
Alguém centrado e racional Nesse momento de desespero ele manteve a cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Alguém distraído Oh rapaz, parece estar com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Alguém de opinião não tão importante
Sai daqui seu cabeça-de-bagre, ninguém te perguntou nada.
Cabeça de relação
Alguém que se dá bem com todos
Todos gostam muito desse cabeça de relação
Cabeça-de-pau
Alguém desinibido Deixa de ser cabeça-de-pau, eu nem te convidei.
Partir da cabeça
Começar pelas extremidades A corrida vai partir da cabeça dessa avenida.
Cabeça furada
Alguém com dificuldade de aprender
Esse cabeça furada ficou em Química outra vez.
Cabeça de forno
Alguém muito preocupado Não esquenta, deixa de ser cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Alguém muito estudioso Esse cabeça-de-escola não para de estudar.
Cabeça de porta
Alguém teimoso Deixa de ser cabeça de porta, você está totalmente errado.
Cabeça de rio
Alguém despreocupado Aquele cabeça de rio, mesmo perdendo aquela grana tá feliz.
Cabeça-de-chave
Alguém representa um grupo Nossa equipe é a cabeça-de-chave do grupo B.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Licenciatura em Letras Idade: 31 Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
O ponto mais alto na serra. Ele perdeu a direção do automóvel na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Cabeça de prédio
Lugar mais alto do prédio. Sergio mora na cabeça do prédio Florescer.
Cabeça forte
Resistente. A malabarista possui uma cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Desligado, desatento. Felipe só anda com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa boba, sem conteúdo. Beto só fala besteiras, é um cabeça-de-bagre mesmo!
Cabeça de relação
Pessoa que manda na relação, que toma as decisões.
No casamento de Sonia, ela é a cabeça de relação.
Cabeça-de-pau
Cabeça oca, vazia Luiz é um cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Ter origem na cabeça. A dor partiu da cabeça do rapaz e se espalhou pelo corpo.
Cabeça furada
Pessoa que não guarda informações.
José esqueceu o dia da prova, que cabeça furada ele tem!
Cabeça de forno
Pessoa nervosa, “esquentada” Bia brigou novamente com Ricardo, por isso sua mãe diz que ela é uma cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Pessoa que exerce liderança. Marcela é a cabeça-de-escola em sua turma.
Cabeça de porta
Pessoa que não pensa. Sem dúvida, ele é um cabeça de porta!
Cabeça de rio
Nascente do rio. Rui foi pescar perto da cabeça de rio.
Cabeça-de-chave
Time mais forte de um grupo em competições esportivas.
O Brasil será cabeça-de-chave do seu grupo na Copa de 2010.
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior cursando Idade: 18 anos Sexo: Feminino
Muito obrigada pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Que corta palavras, frases, momentos.
Eu estava conversando com ela, até voê chegar e atrapalhar.
Cabeça de sorvete
Que se encanta por algo facilmente, rapidamente.
Mas ontem você nao gostava dela? É um cabeça de sorvete!
Cabeça de prédio
Que tem a cabeça interligada com a dos outros.
Só vou se ela for.
Cabeça forte
Que possui idéias bem definidas, personalidade.
Ele vai conseguir tudo que deseja, tem a cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Pessoa esquecida, desatenta. Tá prestando atenção? Parece que está com a cabeça no vento
Cabeça-de-bagre
Que não tem opnião, que não pensa.
A gente tinha combinado uma coisa, mas ele desmarcou. É um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Que responde pelos outros, líder.
No nosso relacionamento, eu que sou a cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Pessoa oca, com poucos sentimentos.
Ele não se emociona. Parece que tem a cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Que segue sua intuição. Essa idéia partiu da minha cabeça.
Cabeça furada
Que não têm idéias muito definidas.
Ele não tem responsabilidades, tem a cabeça furada.
Cabeça de forno
Que não tem paciência, pessoas estressada, pavio curto.
Com essa cabeça de forno você não vai resolver nada.
Cabeça-de-escola
Aquele que sabe de tudo, que parece aprender tudo.
Pare de estudar um pouco seu cabeça-de-escola!
Cabeça de porta
Pessoa bipolar, ora aberta, ora fechada.
Ela não quer papo hoje, é uma cabeça-de-porta.
Cabeça de rio
Que se pode lidar facilmente, com quem as coisas fluem.
Ele é muito tranquilo. Felizmente é um cabeça de rio.
Cabeça-de-chave
Que tem coisas a contar, revelar, dividir.
Eu sei que ele têm coisas a dizer, é um cabeça-de-chave.
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você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior incompleto Idade: 21 anos Sexo: Masculino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Extremidade de uma serra A cabeça da serra está cega.
Cabeça de sorvete
Sinônimo de cabeça fresca Crianças tem facilidade de aprendizagem pois tem cabeça de sorvete, fresca.
Cabeça de prédio
Cabeça grande Jairo tem cabeça de prédio, nunca vi uma cabeça tão grande.
Cabeça forte
Pessoa de personalidade Rafael tem cabeça forte, não vai escutar.
Com a cabeça no vento
Para fora da janela do carro Luiz, por que você está com a cabeça no vento?
Cabeça-de-bagre
Pessoa burra, memória fraca Você é um cabeça-de- bagre
Cabeça de relação
Uma peça da moto A cabeça da relação da minha moto quebrou.
Cabeça-de-pau
Cabeça resistente Pablo bateu com a cabeça e não aconteceu nada, ele tem cabeça-de-pau mesmo.
Partir da cabeça
Desde o início Você tem que partir da cabeça da avenida.
Cabeça furada
Não escuta as orientações Preste atenção, seu cabeça furada
Cabeça de forno
Pessoa que esquenta muito a cabeça
Relaxa, você é muito cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Pessoa culta Seu cabeça-de-escola, sabe tudo.
Cabeça de porta
Pessoa que seleciona o que escuta
Você só aprende o que quer, cabeça de porta.
Cabeça de rio
Início do rio A cabeça do rio é onde nasce o mesmo.
Cabeça-de-chave
Desvenda qualquer coisa Chama o cabeça-de-chave para nos ajudar.
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Idade: 34 anos Sexo: Masculino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Ponto mais alto de uma montanha
Na cabeça da Serra da Mantiqueira está o Dedo de Deus.
Cabeça de sorvete
Pessoa boba Maria Tereza é muito boba, uma cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Administrador do condomínio O cabeça de prédio administra muito bem o condomínio.
Cabeça forte
Aquele que transmite autoconfiança
Vania é cabeça forte mesmo, doente, não se deixou abater.
Com a cabeça no vento
Pessoa desligada Amanda só vive com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Ignorante Ela é uma cabeça-de-bagre, só faz besteira.
Cabeça de relação
Tomar iniciativa, as decisões Hoje em dia o homem é o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Chato, desagradável Meu chefe às vezes é um cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Ser o dono da ideia Aquela foi uma ideia genial, partir da cabeça de João.
Cabeça furada
Esquecimento Leonardo é um cabeça furada, esquece tudo.
Cabeça de forno
Pavio curto, sem paciência Monica é uma cabeça de forno, não tem paciência com nada.
Cabeça-de-escola
Pessoa sábia, inteligente Henrique é o maior cabeça-de-escola da clínica.
Cabeça de porta
Pessoa teimosa Paulo é um cabeça de porta, nunca está errado.
Cabeça de rio
Cabeça-de-chave
Com muito segredo Ainda vou descobrir o que essa cabeça-de-chave faz à noite.
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PESQUISA
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Idade: 29 anos Sexo: Masculino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Ponto mais alto da serra Chegamos na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Memória fraca, esquecida José é um cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Consciência pesada Faça bobagem e fique com cabeça de prédio.
Cabeça forte
Que não segue o pensamento dos outros
Seja cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Pensando em algo Ele está com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa desligada, distraída João, seu cabeça de bagre!
Cabeça de relação
Só pensa em namorar Maria é uma cabeça de relação.
Cabeça-de-pau
Não pensa antes de fazer algo Não seja cabeça-de-pau!
Partir da cabeça
Sair do ponto mais alto Vamos partir da cabeça.
Cabeça furada
Que esquece muito rápido Henrique é um cabeça furada.
Cabeça de forno
Estourado Vai ficar com cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Inteligente Você é cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Ignorante Ele é um cliente cabeça de porta.
Cabeça de rio
Esquece tudo Maria é um cabeça de rio.
Cabeça-de-chave
Resolver problemas João é um cabeça-de-chave.
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Idade: 31 anos Sexo: feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Vive nas nuvens Ana tem uma cabeça de serra.
Cabeça de sorvete
Pessoa de cabeça fresca Ele esquece tudo! É realmente um cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Cobertura Lucas mora na cabeça daquele prédio.
Cabeça forte
Alguém com autoridade Naquela família, ele é o cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Pessoa distraída Depois que começou a namorar, ele vive com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Alguém com pouquíssima inteligência
Você é um cabeça de bagre!
Cabeça de relação
Quem manda na relação João é o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Cabeça dura Ele é um cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Pensando com razão A partir de agora minhas decisões vão partir da cabeça.
Cabeça furada
Alguém que não retém informação
É tão esquecido que só pode estar com a cabeça furada!
Cabeça de forno
Cabeça quente Maria vive de cabeça quente. Ela é uma cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Direção de escola Esta é uma decisão para a cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Cabeça dura Pedro é um cabeça de porta.
Cabeça de rio
Nascente do Rio Caminhamos até a cabeça do Rio.
Cabeça-de-chave
Principal do grupo Nesse jogo, Paulo é o cabeça-de-chave.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Incompleto Idade: 54 anos Sexo: feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Humor inconstante
Cabeça de sorvete
Não se esquenta com nada
Cabeça de prédio
Só pensa alto
Cabeça forte
Forte personalidade
Com a cabeça no vento
Não presta atenção em nada
Cabeça-de-bagre
Não diz nada que sirva
Cabeça de relação
Vem à frente, está no comando
Cabeça-de-pau
Não tem vergonha, sem vergonha
Partir da cabeça
Não age pelo coração
Cabeça furada
Não se pode contar
Cabeça de forno
Se preocupa com tudo
Cabeça-de-escola
Guarda muita informação
Cabeça de porta
Às vezes a mente é aberta outras vezes fechada
Cabeça de rio
É levado pelos outros
Cabeça-de-chave
Mente aberta
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Ensino Médio Idade: 25 anos Sexo: feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Pensar alto
Cabeça de sorvete
Cabeça fresca
Cabeça de prédio
Pensar organizado
Cabeça forte
Lula
Com a cabeça no vento
Despreocupado
Cabeça-de-bagre
Ignorante
Cabeça de relação
Chefe
Cabeça-de-pau
Fósforo
Partir da cabeça
Pensamento
Cabeça furada
Esquecida
Cabeça de forno
Esquenta à toa
Cabeça-de-escola
Estudiosa
Cabeça de porta
Aberta sempre a novas ideias
Cabeça de rio
Não guarda rancor
Cabeça-de-chave
Solução dos problemas
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Ensino Médio Técnico Idade: 55 anos Sexo: Masculino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Topo da serra O rio começa lá na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Cabeça de prédio
Último andar ou cobertura Eu moro na cabeça do prédio, lá na cobertura.
Cabeça forte
Inteligente Pedro é inteligente, é um cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Distraído O Zé é distraído, anda com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Burro, idiota João não sabe nada, é um cabeça de bagre.
Cabeça de relação
Pessoa que comanda Ele é o cabeça de relação, ele é quem comanda.
Cabeça-de-pau
Partir da cabeça
Cabeça furada
Cabeça oca Ele parece que tem a cabeça furada, tem a cabeça oca.
Cabeça de forno
Pessoa estourada, cabeça quente
Ele parece que tem a cabeça de forno, se esquenta a toa.
Cabeça-de-escola
Diretora Ela é a cabeça da escola, é a diretora.
Cabeça de porta
A parte mais alta Pode colocar o enfeite na cabeça da porta.
Cabeça de rio
Nascente A cabeça do rio está poluída.
Cabeça-de-chave
O primeiro de um grupo Ele é o cabeça de chave do nosso grupo.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Incompleto Idade: 25 anos Sexo: F
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Encrenqueiro, valentia
Cabeça de sorvete
Ingênuo, inocência, candura
Cabeça de prédio
Administrador do prédio
Cabeça forte
Determinado
Com a cabeça no vento
Distraído
Cabeça-de-bagre
Idiota, tolo, ignorante
Cabeça de relação
Líder
Cabeça-de-pau
Inconveniente, indiscreto
Partir da cabeça
Criativo
Cabeça furada
Cômico, burlesco
Cabeça de forno
Irritadiço, impaciente
Cabeça-de-escola
Inteligente, esforçado
Cabeça de porta
Bruto, tosco, grosseiro
Cabeça de rio
Frio, amargo, intransigente
Cabeça-de-chave
Pesquisador, cientista
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Completo Idade: 23 anos Sexo: Masculino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Parte mais alta da serra A bandeira do Brasil está na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Gíria inventada para zombar de uma pessoa
Cara, o Sandro é um cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Pessoa encarregada de resolver os problemas do prédio
Chamem o cabeça do prédio para resolver isso.
Cabeça forte
Pessoa centrada, racional João é muito centrado, possui uma cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Pensamento distante Tatiana vive com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Jogador ruim de bola Amaral é um tremendo cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Pessoa que possui o controle da relação
Podemos notar que ela é a cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Pessoa teimosa, inflexível Incrível como a Natália é cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Zona inicial de algum movimento ou lugar
Vamos partir da cabeça para fazer o exame.
Cabeça furada
Pessoa avoada, desligada Pedro é muito desligado, ele é um cabeça furada!
Cabeça de forno
Pessoa que possui uma cabeça semelhante a um forno
Você já viu o Bruno? Sua cabeça parece um forno.
Cabeça-de-escola
Aluno de destaque Fernanda é um cabeça-de-escola, destaca-se em tudo o que faz.
Cabeça de porta
Pessoa que possui uma cabeça de formato retangular
O Carlos é cabeça de porta: retangular e dura!
Cabeça de rio
Pessoa que vive com a cabeça molhada
Helena vive com a cabeça molhada, por isso chamam-na de cabeça de rio.
Cabeça-de-chave
Ranqueamento feito para ordenar tanto times quanto jogadores
Barcelona é o cabeça de chave número 1.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
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Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Completo Idade: 23 anos Sexo: Masculino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
O topo de uma serra Ao final da trilha chegaremos à cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Uma pessoa que não se preocupa com nada.
João não está preocupado pois é um cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Cabeça forte
Pessoa que tem personalidade. João não escuta os outros, tem cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Pessoa que não presta atenção João não consegue se concentrar está sempre com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa que se esquece das coisas
João não se lembra de nada, é um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Cabeça-de-pau
Partir da cabeça
Cabeça furada
Cabeça de forno
Pessoa que se irrita com facilidade
João é um cabeça de forno está sempre irritado.
Cabeça-de-escola
Cabeça de porta
Cabeça de rio
Cabeça-de-chave
Colocação do time de futebol em um campeonato
Vasco é cabeça-de-chave do grupo A.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: 7 série Idade: 52 anos Sexo: Feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Cabeça que vive perto da nuvem
Cabeça de sorvete
Cabeça fria
Cabeça de prédio
Cabeça que sobe alto
Cabeça forte
Cabeça muito positiva
Com a cabeça no vento
Só fala besteira
Cabeça-de-bagre
Cabeça podre
Cabeça de relação
Cabeça
Cabeça-de-pau
Cabeça dura
Partir da cabeça
Ideia
Cabeça furada
Cabeça vazia
Cabeça de forno
Cabeça quente
Cabeça-de-escola
Cabeça inteligente
Cabeça de porta
Cabeça fechada
Cabeça de rio
Cabeça viajando
Cabeça-de-chave
Cabeça fechada
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Pós-graduação Idade: 27 anos Sexo: Masculiino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Extremidade de um pico Havia muita neblina na região da cabeça da serra
Cabeça de sorvete
Pessoa de pouco juízo Tenha mais atenção ao trabalho, seu cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Cobertuta, terraço A umidade tinha origem na cabeça do prédio.
Cabeça forte
Um líder Fulano é o cabeça forte do grupo.
Com a cabeça no vento
Sem atenção Vc vai fazer a atividade ou vai ficar com a cabeça no vento?
Cabeça-de-bagre
Teimoso Você não me entende, é um cabeça de bagre.
Cabeça de relação
Pessoa centro da relação A mulher era a cabeça de relação daquele casal
Cabeça-de-pau
Pessoa de pouco juízo O rapaz não tinha jeito, era mesmo um cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Busca de ideias Tivemos que partir da cabeça para achar uma solução.
Cabeça furada
Sem juízo Fulano é um cabeça furada
Cabeça de forno
Uma pessoa que se irrita facilmente
A confusão começou por causa de um cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Diretor / administrador A professora assumiu a função de cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Parte superior da porta
Cabeça de rio
Nascente de um curso d’água No momento da tragédia chovia muito na cabeça do rio.
Cabeça-de-chave
Time que lidera um grupo no campeonato
O Flamengo é o cabeça de chave do grupo A.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Ensino Médio Técnico Idade: 55 anos Sexo: Feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Alto da serra Ele saltou da cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Ponta do sorvete Chupe a cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Telhado A cabeça de prédio quebrou.
Cabeça forte
Com a cabeça no vento
Estar no mundo da lua Lia está com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Não pensa Maria tem cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Lider João é o cabeça de relação.
Cabeça-de-pau
Pidão Você é cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Ter ideia Vai partir da cabeça dela.
Cabeça furada
Cabeça oca Estou com a cabeça furada.
Cabeça de forno
Parte que acende A cabeça de forno está com defeito.
Cabeça-de-escola
Chefia a escola Norma é a cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Cabeça de rio
Nascente do rio Caí na cabeça do rio.
Cabeça-de-chave
Parte da chave a qual seguramos
Segure a cabeça-de-chave.
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Formação escolar: Superior Idade: 46 anos Sexo: Feminino
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Significado Frase Cabeça da serra
Ponto mais alto Tenho uma casa na cabeça da serra de Petrópolis.
Cabeça de sorvete
Tranquila Sueli parece ter cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Pensar alto Rafael tem cabeça de prédio.
Cabeça forte
Equilibrada A cabeça forte de Márcia me tranquiliza.
Com a cabeça no vento
Desligada Às vezes, fico com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pouca inteligência Os cabeças de bagre não vão longe.
Cabeça de relação
Comunicativa Aparecida é cabeça de relação, se dá bem com todos.
Cabeça-de-pau
Teimosa Para vivermos bem, não podemos ter cabeça de pau.
Partir da cabeça
Pensar com a razão As decisões precisam partir da cabeça.
Cabeça furada
Esquecida Minha cabeça furada traz problemas.
Cabeça de forno
Estressada Vania tem cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Estudiosa Paloma é cabeça de escola, estuda muito.
Cabeça de porta
Burra Todos os homens tem cabeça de porta.
Cabeça de rio
Não guarda mágoas
Cabeça-de-chave
Tem solução para tudo A OP tem cabeça de chave.
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Formação escolar: Superior Idade: 28 anos Sexo: Masculino
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Significado Frase Cabeça da serra
Pico da serra A antena está na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Pessoa tranquila Telma é cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Topo do prédio O gato está na cabeça do prédio.
Cabeça forte
Pessoa de ideia forte João é cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Pessoa esquecida Joelma está com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa burra Raul é um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Pessoa lider Jorge é cabeça de relação.
Cabeça-de-pau
Pessoa teimosa Edu é um cabeça-de-pau
Partir da cabeça
Algo pensado com a razão Essa ideia partiu da cabeça.
Cabeça furada
Pessoa esquecida Juan é um cabeça furada.
Cabeça de forno
Pessoa estressada Cida tem cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Direção da escola Sandra é um cabeça de porta.
Cabeça de porta
Pessoa esquecida Sandro é cabeça de porta.
Cabeça de rio
Nascente do rio A planta está situada na cabeça do rio.
Cabeça-de-chave
O principal elemento de um determinado grupo
O Brasil é a cabeça-de-chave na copa.
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1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
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Formação escolar: Superior Idade: 35 anos Sexo: Feminino
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Significado Frase Cabeça da serra
Pico da serra (topo) Estou subindo até a cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Cabeça fresca Hoje estão tão cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Cobertura Vou subir até a cabeça de prédio.
Cabeça forte
Líder João é o cabeça forte da empresa.
Com a cabeça no vento
Distraído Estou com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pouco inteligente Tenho alguns colegas um pouco cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Cabeça mais centrada Sou a cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Teimoso Meu avô é muito cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Saiu da cabeça O planejamento da empresa partiu da cabeça de Jonas.
Cabeça furada
Esquecido Estou muito cabeça furada ultimamente.
Cabeça de forno
Cabeça quente Maria é muito cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Direção Suely é nossa cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Cabeça dura Sou tão cabeça de porta.
Cabeça de rio
Pouco juízo Joyce é uma cabeça de rio.
Cabeça-de-chave
Principal da competição O Brasil é o cabeça-de-chave do seu grupo.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Incompleto Idade: 24 anos Sexo: Feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Cume da montanha Em Ilha Grande a cabeça de serra tem a forma de bico de papagaio.
Cabeça de sorvete
Bobo, desajeitado Presta atenção, seu cabeça de sorvete!
Cabeça de prédio
Administrador, aquele que comanda, coordena
O cabeça de prédio convoca condôminos para assunto oficial.
Cabeça forte
Seguro, auto-confiante, determinado
Só um cabeça forte consegue se livrar das drogas.
Com a cabeça no vento
Desligado Ultimamente estou com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Burro, ignorante, idiota Homens quando criança costumam ser cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Tomador de decisão, líder Hoje em dia, nos casamentos, quem é cabeça de relação são as mulheres.
Cabeça-de-pau
Inconveniente, sem noção, fala demais
Lá vem aquele cabeça de pau outra vez encher o saco.
Partir da cabeça
Início Vou partir da cabeça, o estudo do corpo humano
Cabeça furada
Esquecido Aquele cabeça furada só não esquece a cabeça pq está presa no corpo.
Cabeça de forno
Esquentado, estourado Deixa de ser cabeça de forno, relaxa um pouco.
Cabeça-de-escola
Inteligente Quando a cabeça de escola chegar resolveremos todos os problemas de matemática.
Cabeça de porta
Turrão, cismado Este cara é um cabeça de porta, nunca muda de opinião.
Cabeça de rio
Agitado, eufórico Pare de se mexer, cabeça de rio!
Cabeça-de-chave
Enigmático, cheio de segredos Nunca descubro o que este cabeça-de-chave está escondendo.
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Formação escolar: Superior Completo Idade: 46 anos Sexo: Feminino
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Significado Frase Cabeça da serra
Cabeça nas nuvens Ele tem cabeça de serra.
Cabeça de sorvete
Cabeça fresca Você é um cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Que pensa alto Ele tem cabeça de prédio.
Cabeça forte
Que tem opinião rápida Ele é cabeça forte.
Com a cabeça no vento Cabeça vazia Você tem cabeça de vento. Cabeça-de-bagre
Burro Você parece um cabeça de bagre.
Cabeça de relação Aquele que segura a relação Ele é o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Cabeça dura Ele é um cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Quebrar a cabeça Ele partiu a cabeça pensando naquilo.
Cabeça furada
Cabeça oca Sua cabeça é furada?
Cabeça de forno
Cabeça quente Ele parece que tem cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Cabeça que estuda Você tem cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Cabeça dura Ele é um cabeça de porta.
Cabeça de rio
Cabeça que se deixa levar Ele é um cabeça de rio.
Cabeça-de-chave
Aquele que está à frente Ele é o cabeça-de-chave daquele grupo.
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Formação escolar: Superior Completo Idade: 28 anos Sexo: Feminino
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Significado Frase Cabeça da serra
Ponta da serra Se feriu com a cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Polpa de sorvete Se sujou com a cabeça do sorvete.
Cabeça de prédio
Síndico O cabeça de prédio expediu multas aos condôminos.
Cabeça forte
Centrado, responsável Você tem cabeça forte.
Com a cabeça no vento Sonhador Você está com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Bobo Você é um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação Líder Discutimos com a cabeça de relação.
Cabeça-de-pau
Sem vergonha Ele é muito cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Partir do alto de algo Ele começo a andar a partir da cabeça.
Cabeça furada
Aquele que não tem boas ideias Ele é um cabeça furada.
Cabeça de forno
Pessoa nervosa Você é muito cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Líder de grupo Júlia é a cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Alto da porta A cabeça de porta está suja.
Cabeça de rio
Nascente do Rio A cabeça do Rio é despoluída.
Cabeça-de-chave
Líder do grupo O Brasil é o cabeça de chave da Copa.
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“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Superior Completo Idade: 27 anos Sexo: Feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Que pensa alto, que sonha, que vive nas nuvens
Às vezes é bom ter cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Que não esquenta para nada, que não se preocupa.
Quem tem cabeça de sorvete vive mais.
Cabeça de prédio
Que pensa alto, que vive nas nuvens.
Às vezes é bom ter cabeça de prédio.
Cabeça forte
O que lidera Ter cabeça forte é uma dádiva.
Com a cabeça no vento Que nada pensa, mente vazia A grande maioria dos adolescentes é cabeça de vento.
Cabeça-de-bagre
Que não consegue entender nada, burro
O cabeça-de-bagre não existe, ninguém é tão burro assim.
Cabeça de relação Que tem bom dissernimento e integração
No departamento pessoal só tem cabeça de relação
Cabeça-de-pau
Que tem cabeça dura, irredutível, teimoso
Muitos idosos ficam com cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
O que pensa sempre com razão Como eu queria tomar todas as minhas decisões a partir da cabeça.
Cabeça furada
que se acaba de falar com ele, e ele já se esquece
Tem dias que eu estou com a cabeça furada.
Cabeça de forno
Que se esquenta à toa, estressado demais
Determinadas turmas me deixam com a cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
O diretor O cabeça-de-escola trabalha muito.
Cabeça de porta
Teimoso, difícil de convencer Muitos idosos ficam com cabeça de porta.
Cabeça de rio
Nascente do rio A árvore está na cabeça do rio.
Cabeça-de-chave
O principal, o essencial O respeito é um sentimento cabeça-de-chave para uma boa relação.
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Ensino Médio Técnico Idade: 20 anos Sexo: masculino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Com seu “eu” acima dos outros Reflita! Não seja o cabeça da serra no curso.
Cabeça de sorvete
Pessoa que é frágil ao calor Cuidado! Nesse calor sua cabeça de sorvete pode derreter.
Cabeça de prédio
Pessoa com uma bela visão Uma casa, um carro e uma empresa. No futuro você vai conseguir, cabeça de prédio.
Cabeça forte
Pessoa teimosa e determinada Eu irei conseguir, eu sou cabeça forte.
Com a cabeça no vento Pessoa que se orienta com o acaso
Acorda! Você parece que está com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Só pensa besteira Não é assim que se pensa, seu cabeça-de-bagre!
Cabeça de relação Pessoa controladora Pare com esses ciúmes, você acha que é o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Pessoa que bate a cabeça Estou com traumatismo craniano, estou quebrado como uma cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Uma ideia Ia ser o método x, mas a partir da cabeça, a ideia será o método y.
Cabeça furada
Pessoa sem palavra ou responsabilidade
Não deixe ele resolver isso, ele é um cabeça furada.
Cabeça de forno
Pessoa que esquenta a cabeça a médio prazo
Não abuse da paciência dele pois quando esquenta a cabeça de forno, sai correndo.
Cabeça-de-escola
Diretora do colégio Eu sou a cabeça da esola, ensino os que ensinam.
Cabeça de porta
Pessoa com a face aberta ou fechada
Tomara que você esteja com a chave certa para conquistar a cabeça da porta.
Cabeça de rio
Pessoa que pode ser poluída ou não
Para de influenciar aquela criança, ela está na idade cabeça de rio.
Cabeça-de-chave
Pessoa que é muito boa no que faz
Ele é o cabeça de chave que vai abrir a porta do sucesso.
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Ensino Médio Idade: 22 anos Sexo: feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
É o ponto alto da serra Aquela menina irá na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
É uma bola de sorvete que está por cima.
Olha como está gostosa aquela cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Pessoa que tem várias personalidades
Aquela cabeça de prédio é linda.
Cabeça forte
Pessoa que é decidida Mas como aquela menina tem cabeça forte.
Com a cabeça no vento Pessoa que está distraída quando você fala com ela
O João tem uma cabeça de vento.
Cabeça-de-bagre
É uma pessoa burra, que só tem merda na cabeça
Quem falou que a Sandra tem cabeça-de-bagre?
Cabeça de relação Pessoa que adora se relacionar com outras
Um homem adora mulheres que tem cabeça de relação
Cabeça-de-pau
Pessoa que tem cabeça oca A professora fala que todos os alunos tem cabeça de pau.
Partir da cabeça
É onde comanda as funções todas do corpo
A melhor parte do corpo é a partir da cabeça
Cabeça furada
Pessoa que deixa escapar coisas, fofocas
A família toda tem cabeça furada.
Cabeça de forno
É cabeça que se esquenta à toa
Márcio tem uma cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Pessoa inteligente Maria tem uma excelente cabeça de escola.
Cabeça de porta
Pessoa teimosa A Valéria tem uma grande cabeça de porta.
Cabeça de rio
É o começo de um rio Olha como é linda aquela cabeça de rio.
Cabeça-de-chave
Pessoas que passam direto de fase para outra
Todos nós temos um pouco de cabeça de chave.
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Ensino Superior Idade: 39 anos Sexo: masculino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Pessoa que deseja criar alguma coisa
João ficou com a cabeça de serra até inventar sua máquina.
Cabeça de sorvete
Pessoa despreocupada Sou um cabeça de sorvete, não ligo para nada.
Cabeça de prédio
Ponto mais alto dom prédio A mulher pulou da cabeça do prédio
Cabeça forte
Cabeça resistente Pedro tem a cabeça forte. Bateu com a testa na parede e não se machucou.
Com a cabeça no vento Cabeça ventilada Fiquei com a cabeça na janela aberta, com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa idiota Zefinha é uma cabeça-de-bagre, não adianta falar, ela nada entende.
Cabeça de relação Pessoa que toma todas as decisões de uma relação
João é cabeça de relação, está sempre à frente de tudo.
Cabeça-de-pau
Indivíduo cabeça dura João é um cabeça de pau, não adianta falar que ele não entende.
Partir da cabeça
Medida A altura de Zefa é 1,70m a partir da cabeça aos pés.
Cabeça furada
Agulha Passe a linha pela cabeça furada da agulha.
Cabeça de forno
Entrada do forno Botei o bolo na cabeça de forno e esperei até ficar pronto
Cabeça-de-escola
Administrador de uma escola Dora, a diretora, é uma cabeça-de-escola.
Cabeça de porta
Porta prncipal Falei para a empregada para quando chegar as compras não entrar pela cabeça de porta.
Cabeça de rio
Nascente O melhor lugar para nadar é na cabeça do rio, pois não há correnteza.
Cabeça-de-chave
Chave mestra Sua cabeça de chave abre todas as portas.
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
você vai encontrar expressões que incluem partes do corpo, mais especificamente o item
“cabeça”, e pedimos que:
1. você diga o que você acha que significa;
2. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Ensino Médio Idade: 17 anos Sexo: feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
Ponto mais alto de determinada serra
O carro ficou estacionado na cabeça da serra.
Cabeça de sorvete
Bola de sorvete A cabeça de sorvete está derretendo
Cabeça de prédio
Ponto mais elevado de um prédio
João se encontrava na cabeça do prédio.
Cabeça forte
Indivíduo que dificilmente é manipulado.
Pedro é uma cabeça forte.
Com a cabeça no vento Indivíduo desligado, distraído Pedro vice com a cabeça no vento.
Cabeça-de-bagre
Pessoa boba, idiota Pedro é de fato um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação Pessoa que controla determinada relação
Maria é a cabeça de relação entre ela e Pedro.
Cabeça-de-pau
Indivíduo intransigente Maria é cabeça-de-pau, não aceita outras opiniões.
Partir da cabeça
Ponto de referência Aquilo foi medido a partir da cabeça dela.
Cabeça furada
Pessoa distraída, boba, esquecida
Pedro é um cabeça furada, não grava o nome de ninguém.
Cabeça de forno
Pessoa estressada, que se irrita facilmente
Pedro é muito cabeça de forno, se irrita facilmente.
Cabeça-de-escola
Diretora de uma escola Maria é cabeça-de-escola
Cabeça de porta
Ponto mais alto de uma porta Não consigo alcançar a cabeça da porta.
Cabeça de rio
Nascente de um rio Não se deve poluir as cabeças de rios.
Cabeça-de-chave
Principais numa competição O Brasil é o cabeça-de-chave do seu grupo na Copa do Mundo.
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PESQUISA
Esta pesquisa destina-se a um estudo linguístico sobre a corporificação da mente. A seguir,
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“cabeça”, e pedimos que:
3. você diga o que você acha que significa;
4. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: superior Idade: 55 anos Sexo: feminino
Muito obrigado pela disponibilidade e colaboração!
Significado Frase Cabeça da serra
início da serra O acidente ocorreu na cabeça da serra
Cabeça de sorvete
A parte do sorvete acima do biscoito.
Ah! A cabeça do meu sorvete caiu no chão!
Cabeça de prédio
A parte considerada mais importante do prédio.
Aqui a cabeça de prédio é a sala de controle da luz, água e gás .
Cabeça forte
Aquele que possui personalidade forte , preparado para enfrentar problemas.
Ele receberá bem a notícia, tem uma cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Distraído, desatento Que droga! Você vive com a cabeça no vento!
Cabeça-de-bagre
Pouco inteligente Você fez tudo errado. É um cabeça-de-bagre!
Cabeça de relação
Pessoa que comanda ou lidera, que tem posição de destaque
Ele é o cabeça daquela empresa.
Cabeça-de-pau
Teimoso, intransigente É difícil dialogar com você, pois é um cabeça- de- pau!
Partir da cabeça
Partir do início da questão, da sua causa.
Eles brigaram. Que pena! Vou averiguar a partir cabeça da briga.
Cabeça furada
Que possui um curto raciocínio. Ele não percebeu que, colocando o copo ali, ele cairia e se quebraria? É um cabeça furada.
Cabeça de forno
Que se irrita com facilidade Ele se aborrece por qualquer coisa, pois é um cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Aquele, geralmente professor, que tem a atenção e admiração dos alunos centradas nele.
A turma já escolheu o seu cabeça-de-escola. Será o Jorge, pois todos se identificaram muito com ele.
Cabeça de porta
Sem capacidade de raciocínio Você foi incapaz de perceber que precisava fechar as janelas, devido à chuva intensa, seu cabeça de porta?
Cabeça de rio
Nascente de um rio. A cabeça do Amazonas fica nos Andes, no sul do Peru.
Cabeça-de-chave
Expressão usada em meios esportivos. É o primeiro de cada grupo dentre os que disputarão um torneio.
O Brasil é o cabeça-de-chave do grupo C.
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“cabeça”, e pedimos que:
5. você diga o que você acha que significa;
6. você construa uma frase com tal expressão.
Antes de responder à pesquisa, pedimos-lhe os seguintes dados pessoais:
Formação escolar: Nível Técnico Idade: 32 anos Sexo: Feminino
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Significado Frase Cabeça da serra
Ponto alto de uma serra Na cabeça da serra faz muito frio.
Cabeça de sorvete
A ponta do sorvete Na cabeça do sorvete tem muita calda.
Cabeça de prédio
A parte mais alta do prédio. Na cabeça do prédio fica o play.
Cabeça forte
Mentalidade forte. O rapaz tem a cabeça forte.
Com a cabeça no vento
Quem não se liga em nada. O menino tem uma cabeça de vento.
Cabeça-de-bagre
Cabeça de um peixe. A Cabeça do bagre é feia.
Cabeça de relação
Quem comanda uma relação. A mulher é a cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Cabeça da madeira A cabeça-de-pau é melhor de se trabalhar.
Partir da cabeça
Cabeça aberta O menino caiu e partiu a cabeça.
Cabeça furada
Cabeça com machcado O rapaz sofreu um acidente e ficou com a cabeça furada.
Cabeça de forno
Cabeça quente. A moça tem uma cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Cabeça inteligente para os estudos.
Aquele grupo forma uma cabeça –de- escola.
Cabeça de porta
Cabeça teimosa. Minha amiga tem uma cabeça de porta, pois é muito teimosa.
Cabeça de rio
Ponto de inicio do rio. Está tendo uma tromba d’água na cabeça do rio.
Cabeça-de-chave
Onde segura a chave Segure a cabeça-da-chave pois não conseguirá coloca-la no lugar.
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PESQUISA
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“cabeça”, e pedimos que:
7. você diga o que você acha que significa;
8. você construa uma frase com tal expressão.
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Formação escolar: Terceiro grau Idade: 56 anos Sexo: Feminino
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Significado Frase Cabeça da serra
Ponto alto de uma serra Na cabeça da serra o gado pasta tranquilo.
Cabeça de sorvete
Cabeça “fria” Calma! Mantenha sua cabeça de sorvete.
Cabeça de prédio
Síndico O cabeça de prédio tomou a atitude.
Cabeça forte
Pessoa corajosa Só os corajosos têm caeça forte.
Com a cabeça no vento
Distraído Atenção ao atravessar! Está com a cabeça no vento?
Cabeça-de-bagre
Cabeça-oca André é um cabeça-de-bagre.
Cabeça de relação
Aquele que manda O marido dela é o cabeça da relação.
Cabeça-de-pau
Cabeça dura Não dá para aprender com sua cabeça-de-pau.
Partir da cabeça
Uma idéia Boas idéias são a partir da cabeça.
Cabeça furada
Cabeça oca Ele não consegue aprender com essa cabeça oca.
Cabeça de forno
Cabeça quente. Trabalhou tanto que ficou um cabeça de forno.
Cabeça-de-escola
Inteligente Os cabeça-de-escola tiraram dez.
Cabeça de porta
Burro
Cabeça de rio
Nascente A cabeça do rio é logo acima.
Cabeça-de-chave
O principal O técnico é o cabeça-de-chave.