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DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E PREVALÊNCIA Aline MEURER 1 , Deisy K. ARENHART¹, Fernanda T. de ZORZI 1 , Franceline I. da SILVA¹ & Caroline LERMEN 2 , Letícia C. T. THIESEN 2 , Romélia G. M. GHEDIN 2 1 Acadêmicas do Curso de Farmácia de União de Ensino do Sudoeste do Paraná – UNISEP – Endereço: Av. Presidente Kennedy, 2601 – CEP: 85660-000 – Dois Vizinhos - PR E-mail: [email protected] 2 Professora Titular da União de Ensino do Sudoeste do Paraná – UNISEP – Endereço: Av. Presidente Kennedy, 2601 – CEP: 85660- 000 – Dois Vizinhos – PR E-mail: [email protected] RESUMO: As dislipidemias são alterações no metabolismo, caracterizadas por concentrações anormais de lipídios e lipoproteínas no sangue, sendo determinadas por fatores genéticos e ambientais. O diagnóstico das dislipidemias é realizado associando-se os exames clínicos e dados laboratoriais obtidos no perfil lipídico. No tratamento das dislipidemias, são inseridas mudanças no estilo de vida e realizado o emprego de hipolipemiantes como as estatinas e fibratos. As dislipidemias estão indiscutivelmente vinculadas à fatores de risco das doenças ateroscleróticas. Este estudo objetiva realizar pesquisa bibliográfica sobre as dislipidemias abordando sua classificação, diagnóstico, tratamento e complicações, realizar um levantamento sobre estudos existentes, verificando a prevalência de dislipidemias em diferentes populações. Este estudo foi construído através do levantamento de dados encontrados na literatura já existente, onde realizou-se pesquisa bibliográfica em revistas

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DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E PREVALÊNCIAAline MEURER1, Deisy K. ARENHART¹, Fernanda T. de ZORZI1, Franceline I. da SILVA¹ & Caroline LERMEN2, Letícia C. T. THIESEN2, Romélia G. M. GHEDIN21Acadêmicas do Curso de Farmácia de União de Ensino do Sudoeste do 000 – Dois Vizinhos - PR E-mail: [email protected]á – UNISEP – Endereço: Av. Presidente Kennedy, 2601 – CEP: 856602Professora Titular da União de Ensino do Sudoeste do Par

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DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE

DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E

PREVALÊNCIA

Aline MEURER1, Deisy K. ARENHART¹, Fernanda T. de ZORZI1,

Franceline I. da SILVA¹ & Caroline LERMEN2, Letícia C. T. THIESEN2,

Romélia G. M. GHEDIN2

1Acadêmicas do Curso de Farmácia de União de Ensino do Sudoeste do

Paraná – UNISEP – Endereço: Av. Presidente Kennedy, 2601 – CEP:

85660-000 – Dois Vizinhos - PR E-mail: [email protected] Titular da União de Ensino do Sudoeste do Paraná – UNISEP

– Endereço: Av. Presidente Kennedy, 2601 – CEP: 85660-000 – Dois

Vizinhos – PR E-mail: [email protected]

RESUMO: As dislipidemias são alterações no metabolismo, caracterizadas por concentrações anormais de lipídios e lipoproteínas no sangue, sendo determinadas por fatores genéticos e ambientais. O diagnóstico das dislipidemias é realizado associando-se os exames clínicos e dados laboratoriais obtidos no perfil lipídico. No tratamento das dislipidemias, são inseridas mudanças no estilo de vida e realizado o emprego de hipolipemiantes como as estatinas e fibratos. As dislipidemias estão indiscutivelmente vinculadas à fatores de risco das doenças ateroscleróticas. Este estudo objetiva realizar pesquisa bibliográfica sobre as dislipidemias abordando sua classificação, diagnóstico, tratamento e complicações, realizar um levantamento sobre estudos existentes, verificando a prevalência de dislipidemias em diferentes populações. Este estudo foi construído através do levantamento de dados encontrados na literatura já existente, onde realizou-se pesquisa bibliográfica em revistas científicas, livros técnicos, sobre o tema “Dislipidemias”. Inserido neste contexto, verificam-se diversos estudos sobre prevalências de dislipidemias em diversas populações como em crianças, jovens, adultos e mulheres na menopausa, bem como fatores de risco e hábitos de vida relacionados a estes. Através dos dados analisados salienta-se a necessidade da realização de estudos de prevalências de dislipidemias, que auxiliam em ações públicas na prevenção e controle destas doenças.

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Palavras-chave: Dislipidemias, aterosclerose, doenças cardiovasculares,

prevalências, terapêutica

ABSTRACT: “Dyslipidemia: a bibliographic study about diagnosis, treatment, complications and prevalence”. The dyslipidemias are changes in metabolism, characterized by abnormal concentrations of lipids and lipoproteins in the blood, being determined by genetic and environmental factors. The diagnosis of dyslipidemia is accomplished by joining the clinical and laboratory data obtained in the lipid profile. In the treatment of dyslipidemia are inserted changes in lifestyle and performed the job of statins as statins and fibrates. The dyslipidemias are undeniably linked to risk factors of atherosclerotic diseases. This study aims to conduct a literature research on dyslipidemias addressing their classification, diagnosis, treatment and complications, to survey existing studies, identifying the prevalence of dyslipidemia in different populations. This study was constructed through the analysis of data found in existing literature, which took place in scientific literature, technical books on the theme "Dyslipidemia". Within this context, there are several studies on the prevalence of dyslipidemia in populations such as children, young adults and women in menopause and risk factors and lifestyle habits related to these. Through data analysis highlights the need for studies of the prevalence of dyslipidemia, which assist in public actions in preventing and controlling these diseases.

Keywords: Dyslipidemia, atherosclerosis, cardiovascular disease,

prevalence, treatment

1.0 - INTRODUÇÃO

As dislipidemias são alterações no metabolismo, caracterizadas por

concentrações anormais de lipídios e lipoproteínas no sangue. Podem

estar associadas à manifestações clínicas diversas e são determinadas por

fatores genéticos e ambientais. Do ponto de vista clínico, a

hipercolesterolemia é mais importante, devido a sua estreita relação com

a obstrução das artérias; em seguida estão os triglicerídeos elevados, que

têm maior importância como causadores de pancreatite e, em menor

escala, dos processos degenerativos dos vasos (Fiorenzano et al., 2006;

Franca et al., 2006; Kolankiewicz et al., 2008).

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As lipoproteínas transportam os lipídeos na circulação sanguínea,

sendo que as principais lipoproteínas são classificadas segundo sua

densidade em: quilomícrons e seus remanescentes (grandes partículas

ricas em triglicérides e muito pouco densas), VLDL (também rica em

triglicérides e de densidade muito baixa), IDL (densidade intermediária),

LDL (densidade baixa) e HDL (alta densidade) (Chagas et al., 2005).

As dislipidemias podem ser classificadas etiologicamente como

primárias ou secundárias. As primárias são originadas por alterações

genéticas que interferem com os mecanismos de síntese ou remoção das

lipoproteínas circulantes, enquanto as secundárias são decorrentes de

doenças como hipotireoidismo, hipopituarismo, diabetes mellitus,

síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica, icterícia obstrutiva,

obesidade, deficiência no hormônio de crescimento ou ainda pelo uso

indiscriminado de certos fármacos, como diuréticos (altas doses),

anticoncepcionais, betabloqueadores, isotretinoína, inibidores de

protease, corticosteróides e anabolizantes. Além disto, o desequilíbrio

entre a ingestão alimentar e o gasto calórico, o sedentarismo e o consumo

de álcool e cigarro em excesso, são fatores que contribuem para o

desenvolvimento das dislipidemias (Cambri et al., 2006; Chacra et al.,

2005; Daronco, 2010; Izar, 2010).

Na classificação laboratorial das dislipidemias, são considerados os

valores de colesterol total (CT), LDL-colesterol (LDL-c), triglicérides (TG)

e HDL-colesterol (HDL-c), sendo que na Tabela 1 (Anexo 1) encontram-se

os valores de referência dos lipídeos plasmáticos adotados no Brasil.

Assim, de acordo com o distúrbio lipídico presente, as dislipidemias são

classificadas em quatro tipos bem definidos:

Hipercolesterolemia isolada: aumento do colesterol total > 240

mg/dL com acúmulo de LDL-c > 160 mg/dL;

Hipertrigliceridemia isolada: elevação isolada de TG > 150 mg/dL,

que reflete com acúmulo de VLDL e quilomícrons;

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Hiperlipidemia mista: valores aumentados de colesterol total > 200

mg/mL com acúmulo de LDL-c > 160 mg/dL e níveis altos de TG >

400 mg/dL com acúmulo de VLDL;

HDL-c baixo: redução do HDL-c, em homens <40 mg/dL e

mulheres <50 mg/dL, isolada ou em associação com aumento de

LDL-c ou de TG (Chacra et al., 2005; Chagas et al., 2005; Santos,

2001; Sposito et al., 2007).

As prevalências de dislipidemias são geograficamente variáveis,

dependendo dos hábitos dietéticos, culturais ou adquiridos e do estilo de

vida das diferentes populações. Existem prevalências muito baixas ou

muito elevadas, e até mesmo em crianças a prevalência tem aumentado

progressivamente ao longo dos anos, principalmente nos países que

sofreram “ocidentalização” dos hábitos de vida (Lessa et al., 1997;

Giuliano et al., 2005).

Diagnóstico das dislipidemias

Para o diagnóstico laboratorial das dislipidemias é necessária a

determinação do perfil lipídico após jejum de 12 a 14 horas, sendo que

para efeitos de triagem o colesterol total pode ser analisado fora do

jejum. Ainda, é necessário que o indivíduo esteja com dieta habitual e

peso estáveis por pelo menos duas semanas antes da realização do exame

e evitar ingestão de álcool e atividade física vigorosa nas 72 e 24 horas

que antecedem a coleta, respectivamente. O perfil lipídico é definido

pelas dosagens bioquímicas do CT, HDL-c, TG e do LDL-c. O LDL-c pode

ser calculado pela equação de Friedewald (LDL-c = CT - HDL-c + TG/5),

onde TG/5 representa o colesterol ligado à VLDL (VLDL-c), ou

diretamente mensurado no plasma. Em pacientes com

hipertrigliceridemia (TG > 400 mg/dL) a equação é imprecisa, portanto o

valor do LDL-c pode ser obtido por dosagem direta (Sposito et al., 2007).

Quando o jejum preconizado de 12 a 14 horas não for observado, o

resultado na dosagem de TG tenderá a ser superior, acarretando em uma

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subestimação da fração LDL-c obtido pela fórmula de Friedewald.

Também deve ser levado em consideração que após processos

infecciosos, inflamatórios, após 24 horas do infarto do miocárdio, ou

cirurgia geral, o perfil lipídico do paciente poderá estar temporariamente

comprometido (colesterol diminuído e triglicérides elevados), e nesse

caso recomenda-se aguardar pelo menos oito semanas para a

determinação dos lípides sanguíneos. Ainda, em situações em que o

glicerol livre está em maior concentração, haverá superestimação dos

níveis de TG séricos, como no estresse emocional, doença hepática,

diabetes mellitus, medicação intravenosa contendo glicerol, nutrição

parenteral, hemodiálise, além do exercício físico recente já citado

anteriormente (Chagas et al., 2005; Santos, 2001; Santos, 1999).

Desta forma, pacientes que apresentam resultados anormais do

perfil lipídico ou em desacordo com a clínica devem ter seus ensaios

confirmados com repetição da determinação com intervalo mínimo de

uma semana e no máximo dois meses da coleta da primeira amostra, o

que visa reduzir a variabilidade entre os ensaios e aumentar a precisão

diagnóstica. Deve-se realizar dosagens seriadas, sempre que possível no

mesmo laboratório, para tentar minimizar o efeito da variabilidade

analítica (Chagas et al., 2005; Sposito et al., 2007).

Tratamento das dislipidemias

Uma vez diagnosticados níveis elevados de colesterol total ou LDL-

colesterol, deve-se considerar as possíveis causas tratáveis de

hipercolesterolemia secundária, sendo que nestes casos o tratamento das

causas base ou a retirada dos medicamentos podem auxiliar na

normalização do perfil lipídico (Duncan et al., 2004; Fiorenzano et al.,

2006)

A finalidade do tratamento das dislipidemias visa não só controlar

os distúrbios lipídicos, mas também reduzir o risco de aterosclerose e

pancreatite aguda (complicações causadas pela doença). É dividido em:

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mudança de estilo de vida inadequado (MEV) e tratamento farmacológico

(Chagas et al., 2005). As MEV são compostas por hábitos alimentares

saudáveis, como disposto na Tabela 2 (Anexo 2), perda de peso quando

necessário e manutenção do peso ideal, estímulo ao exercício físico

aeróbico regular, combate ao tabagismo e promoção do equilíbrio

emocional, medidas pelas quais pode-se estabilizar o processo de

aterosclerose ou mesmo reverter as placas já existentes (Daronco, 2010;

Fiorenzano et al., 2006; Souza L. V.; 2004; Sposito et al., 2007).

Os hipolipemiantes devem ser empregados quando não houver

efeito satisfatório das modificações do estilo de vida (MEV) ou

impossibilidade de aguardar os mesmos por prioridade clínica. Neste

caso, as principais classes de substâncias utilizadas no tratamento das

dislipidemias são as estatinas (inibidores da HMG-CoA redutase),

derivados do ácido fíbrico (fibratos) e resinas de ligação de ácidos

biliares. Outras substâncias incluem o ácido nicotínico e ômega 3 (Rang

et al., 2004; Santos, 2001).

As estatinas são os fármacos de primeira escolha para o tratamento

da hipercolesterolemia, usadas com o propósito de diminuir os níveis de

lipoproteínas plasmáticas ricas em colesterol. O mecanismo desta classe

de substâncias consiste na inbição da enzima 3-hidroxi-3-metilglutaril

CoA redutase (HMG-CoA), o que bloqueia a conversão do substrato HMG-

CoA em ácido mevalônico, impedindo assim a biossíntese hepática de

colesterol. Isto resulta em aumento do número de receptores para LDL

nos hepatócitos e, portanto, aumento da depuração das LDL, levando à

diminuição dos níveis séricos de LDL-c. A opção pelas estatinas deve-se a

inúmeras razões, dentre elas a maior experiência com seu uso, a baixa

incidência de efeitos adversos, a demonstração de que seu uso

proporciona redução de mortalidade total e seu efeito benéfico em

indivíduos de alto risco, mesmo com níveis normais de colesterol (Campo

et al., 2007; Duncan et al., 2004).

Os representantes deste grupo farmacológico, em ordem

decrescente de potência em reduzir o LDL-c, são a rosuvastatina,

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atorvastatina, sinvastatina, pravastatina, lovastatina e fluvastatina

(Wannmacher et al., 2004; Campo et al., 2004). Além do efeito

hipolipemiante predominante, esses medicamentos apresentam redução

de TG plasmáticas, aumento de HDL-c e outros possíveis efeitos

antiaterogênicos, como diminuição da oxidação da LDL, efeitos

antiinflamatórios e impedimento de formação de trombos plaquetários. As

doses recomendadas e a redução do LDL-c esperada encontram-se na

Tabela 3 (Anexo 3) (Chagas et al., 2005; Schulz, 2006; Rang et al., 2004).

As estatinas devem ser administradas por via oral, em dose única

diária, preferencialmente à noite. Esta recomendação se deve pela

síntese hepática de colesterol ser máxima entre meia-noite e 2 horas da

manhã. Por conseguinte, as estatinas com meias-vidas de 4 horas ou

menos (todas, exceto atorvastatina e rosuvastatina) devem ser tomadas à

noite (Brunton et al., 2006; Santos, 2001).

As estatinas podem ser associadas com ezetimibe, que inibe a

absorção do colesterol por efeito direto no intestino, sendo que sua

grande vantagem está em potencializar os efeitos das estatinas de forma

importante (os efeitos da dose de 10 mg de ezetimibe associada a 10 mg

de atorvastatina ou sinvastatina são equivalentes à doses de 80 mg

desses fármacos) (Chagas et al., 2005). Também pode-se citar a utilização

de resinas seqüestradoras de ácidos biliares (resinas de troca), sendo os

mais conhecidos representantes a colestiramina e o colestipol,

substâncias que se ligam a ácidos biliares formando complexos, sendo

eliminados pelas fezes e impedindo a recirculação destas substâncias.

Para compensar essas perdas, o fígado aumenta a conversão de colesterol

a ácidos biliares, reduzindo a colesterolemia (Schulz, 2006).

Os fibratos, medicamentos de escolha no tratamento da

hipertrigliceridemia isolada, reduzem muito as VLDL circulantes e

consequentemente dos triglicerídeos, com redução moderada das LDL e

aumento nas HDL. Atuam ativando o receptor que estimula a degradação

beta-oxidativa dos ácidos graxos e estimulam a lipase lipoprotéica (LPL),

com conseqüente aumento da hidrólise dos triglicerídeos em

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quilomícrons e partículas de VLDL. Além disso, diminuem a produção

hepática de VLDL e aumentam a captação hepática do LDL. Esses efeitos

dos fibratos podem ser associados aos do ácido nicotínico, que aumenta a

degradação intracelular hepática das lipoproteínas VLDL e LDL,

reduzindo, assim, a concentração plasmática do LDL-c e VLDL-c.

Naturalmente, este mesmo efeito contribui para a redução dos níveis

plasmáticos de TG. As doses recomendadas de fibratos encontram-se na

Tabela 4 (Anexo 4) (Chagas et al., Consulta Pública, 2002; 2005; Rang et

al., 2004).

Tanto as estatinas como os fibratos são bem tolerados, porém os

efeitos colaterais mais preocupantes no uso de ambos são elevações das

transaminases (TGP, TGO), e da creatinoquinase (CPK). Por isso, tanto no

tratamento com estatinas como com fibratos, deve-se checar TGO, TGP e

CPK a cada 30 dias no início do tratamento ou se a dose for modificada.

Posteriormente, avaliar a cada três meses no primeiro ano e depois a

cada seis meses (Chagas et al., 2005 Santos, 1999).

Sabe-se que a incidência de miopatia com o uso isolado de estatinas

é muito baixa (0,01%), porém aumenta proporcionalmente às suas

concentrações plasmáticas. Desta forma, fatores que inibem o

catabolismo das estatinas, como fibratos (particularmente Genfibrozil),

estão associados a aumento do risco de miopatia. Da mesma forma, os

fibratos também apresentam como efeito adverso miosite grave

(rabdomiólise), porém em seu uso isolado ocorre raramente. Nas

situações clínicas onde o tratamento hipolipemiante com estatinas em

monoterapia é insuficiente para o alcance das metas, a associação mais

frequente ocorre entre estatinas e fibratos e tendo em vista as

características apresentadas, deve-se alertar que esta associação é

contra-indicada, pois ocorre potencialização da ocorrência de

rabdomiólise, doença muscular grave, onde há lise do tecido muscular,

resultando em mioglobinúria e insuficiência renal aguda. Apesar disto,

muitas vezes médicos indicam esta associação, sendo importante neste

caso verificar a ocorrência de dores musculares, elevação de

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creatinoquinase (CPK) superior a dez vezes o valor normal, e

comprometimento da função hepática com aumento excessivo de

tansaminases, situação em que deve-se suspender a associação ou o uso

destes medicamentos (Bunton et al., 2006; Duncan et al., 2004; Rosa et

al., 2005; Xavier, 2005).

Complicações

A literatura existente afirma ocorrer associação entre altos níveis

de colesterol sérico (dislipidemias) e incidência de doenças

ateroscleróticas (DAs), que se encontram entre as principais causas de

morbimortalidade em adultos. Os dados que permitiram estabelecer com

segurança esse vínculo foram obtidos de estudos anatomopatológicos,

experimentais, epidemiológicos e clínicos, a maioria deles utilizando, para

análise, valores bioquímicos das dosagens de CT, TG e HDL-C ou da

determinação indireta de LDL-C (Biase et al., 2007; Romaldini et al.,

2004; Seki et al., 2001; Santos et al., 1999).

Já é bem estabelecido que quanto mais elevada a fração

lipoprotéica de baixa densidade (LDL-c), torna-se mais freqüente o

desenvolvimento da aterosclerose, que ocasiona a Doença Arterial

Coronariana (DAC), cuja principal complicação é o infarto agudo do

miocárdio (IAM) e acidente vascular cerebral (AVC) e quanto mais

elevada a lipoproteína de alta densidade (HDL), menor torna-se o risco

para essas doenças. Dados de estudos clínicos de intervenção terapêutica

com o objetivo de prevenção primária ou secundária de DAC,

demonstraram que reduções do LDL-C podem retardar ou inibir o

desenvolvimento da aterosclerose ou propiciar sua regressão. Além disso,

recomenda-se redução de colesterol total quando há fatores de risco para

doenças cardíacas coronarianas, como diabetes mellitus (DM),

hipertensão arterial, obesidade e história familiar de aterosclerose.

(Kreisberg et al., 2002; Lessa 1997; Santos et al., 1999; Silva et al.,

2004).

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Primeiramente, é importante esclarecer os termos “arteriosclerose”

e “aterosclerose”, que muitas vezes são empregados como sinônimos até

mesmo no meio acadêmico. A “arteriosclerose” compreende um grupo de

doenças que têm como característica comum o endurecimento da parede

arterial, e inclui: arteriolosclerose (afecção caracterizada pelo

endurecimento das arteríolas), esclerose calcificante da camada média ou

doença de Monckberg (não apresenta repercussão clínica por não

interferir no fluxo sanguíneo) e a aterosclerose (Navaro et al., 2002).

A aterosclerose é uma afecção das artérias de grande calibre,

responsável pela principal “causa mortis”, que é a doença coronariana,

podendo gerar um quadro de angina do peito, infarto agudo do miocárdio

e morte súbita, e além disso, pode comprometer artérias de todos os

órgãos, porém os mais afetados são o coração, o cérebro e os rins. Inicia-

se com a agressão do endotélio vascular, como mostra a Figura 1 (Anexo

5), por diversos fatores de risco, como hipercoleterolemia,

hipertrigliceridemia, tabagismo, hipertensão arterial, obesidade, diabetes

e história familiar de cardiopatia isquêmica (Boni et al., 2010; Navaro et

al., 2002; Godoy, 2009; Stabelini Neto, 2007).

A partir do dano vascular, ocorre a expressão de moléculas de

adesão que mediarão a entrada de monócitos em direção ao espaço

intimal, que por sua vez englobarão lipoproteínas modificadas

(predominantemente LDL oxidadas), originando as células espumosas.

Diferentes mediadores inflamatórios são liberados no espaço intimal,

perpetuando e ampliando o processo, levando finalmente à formação da

placa aterosclerótica, onde há acúmulo de lipídios, carboidratos

complexos, componentes do sangue, células e material intercelular. As

artérias afetadas perdem elasticidade e se estreitam gradativamente,

podendo se romper (Santos, 2001; Souza et al., 2005).

A aterogênese constitui a formação da placa de ateroma,

caracterizada pelo desenvolvimento de placas gordurosas, denominadas

placas ateromatosas, na superfície interna das paredes arteriais,

conforme ilustrado na Figura 2 (Anexo 6). Os cristais de colesterol,

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juntamente com a proliferação celular, podem ocasionar a projeção da

placa para o lúmen arterial, causando redução acentuada do fluxo

sanguíneo podendo gerar oclusão completa do vaso (Carvalho et al.,

2010).

Estudos sugerem que há duas fases na evolução da doença

aterosclerótica. Em uma primeira fase, predomina a formação da lesão

aterosclerótica, que ocorre sob a influência dos fatores de risco clássicos

(dislipidemia, tabagismo, diabetes, herança genética etc.) e que leva

décadas para evoluir. Sua evolução lenta e gradual geralmente não traz

consigo manifestações clínicas drásticas. Na segunda fase, chamada fase

trombótica, à influência dos fatores de risco trombogênicos (congênita,

neoplasias, gestação, puerpério, uso de anticoncepcionais, traumas e

cirurgias) determina a formação aguda de trombo sobre a placa

aterosclerótica, fenômeno que está diretamente ligado aos eventos

agudos coronarianos, como infarto agudo do miocárdio (IAM), angina

instável e morte súbita, geralmente desencadeados por desestabilização

da placa aterosclerótica, com redução significativa e abrupta da luz do

vaso devida à formação local do trombo (Godoy, 2009; Gottlieb et al.,

2005; Navaro et al., 2002).

Para que a prevenção da aterosclerose seja feita de forma

adequada, é necessária uma abordagem geral dos fatores de risco, não se

aceitando mais a abordagem isolada dos mesmos. Dessa forma, além dos

lipídeos, as diretrizes nacionais e internacionais de prevenção da

aterosclerose enfatizam também o alcance de algumas metas

terapêuticas, como controle da pressão arterial, atividade física aeróbica

moderada, IMC (índice de massa corpórea) menor que 25 kg/m2, cintura

menor que 94 cm nos homens e menor que 80 cm nas mulheres,

abstenção do tabagismo e controle da glicemia (Chagas et al., 2005).

O objetivo deste estudo foi realizar pesquisa bibliográfica sobre as

dislipidemias abordando sua classificação, diagnóstico, tratamento e

complicações, enfocando na principal patologia que é a aterosclerose. E

também realizar um levantamento sobre estudos já realizados com o

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intuito de verificar a prevalência de dislipidemias nas diferentes

populações.

2.0 - METODOLOGIA

Este estudo foi construído através do levantamento de dados

encontrados na literatura já existente, durante o período de março a

junho de 2011. Foi realizada pesquisa bibliográfica em revistas

científicas, livros técnicos dispostos no acervo da Unisep em Dois

Vizinhos, e publicações de órgãos oficiais dos últimos 10 anos. Utilizaram-

se as bases de dados Lilacs e SciELo, em português, inglês e espanhol,

onde foram consultados artigos originais e de revisão, sobre o tema

“Dislipidemias”, com as palavras-chave: “dislipidemias”, “perfil lipídico”,

“aterosclerose”, “doenças ateroscleróticas”, “doenças cardiovasculares”.

A presente pesquisa, do ponto de vista de sua natureza, classifica-se

como básica, sendo que objetiva gerar novos conhecimentos, porém não

apresenta aplicação prática. Ainda, com relação à forma de abordagem

do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, pois não requer o uso

de métodos e técnicas estatísticas. Com base em seus objetivos é

classificada como descritiva, tendo como objetivo a descrição das

características de determinado fenômeno, e o estabelecimento de

relações entre as variáveis.

3.0 – RESULTADOS E DISCUSSÃO

As dislipidemias fazem parte de uma realidade preocupante e

necessitam de maior investigação entre as diferentes populações. Em

vista disto, verifica-se que o cuidado com as crianças e jovens em relação

a seus hábitos de vida e situação de seu perfil lipídico deve ser

ressaltado. Os hábitos alimentares possuem grande influência sobre o

crescimento, desenvolvimento e saúde dos seres humanos,

principalmente na infância e adolescência, onde as necessidades

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energéticas se elevam com o rápido crescimento. Portanto, uma

alimentação inadequada influencia negativamente o crescimento e se

torna uma das principais causas de desordens como a hipertensão,

diabetes, dislipidemias e obesidade (Daronco, 2010).

Este fato é confirmado por Boni et al. (2010), que aborda a

existência de uma tendência mundial no aumento da prevalência das

dislipidemias na infância, devido à fatores ambientais, familiares e

relacionados ao fato de que o processo arteriosclerótico está sendo

detectado cada vez mais precocemente na vida das crianças. Este

aumento estaria ligado às mudanças na alimentação, sendo que há um

predomínio no consumo de alimentos industrializados, que colaboram

para a alteração do perfil lipídico e menor consumo de alimentos

naturais.

Comprovando estes dados, Carvalho et al. (2007) em estudo de

perfil lipídico e estado nutricional realizado com adolescentes estudantes

de uma escola pública, registrou alterações de HDL-c e triglicerídeos em

66,7% dos indivíduos analisados, o que constitui um valor preocupante.

Ainda neste sentido, Franca et al. (2006), avaliou a dislipidemia entre

crianças e adolescentes, onde constatou que de 414 amostras analisadas,

aproximadamente 30% apresentaram um perfil lipídico aterogênico,

caracterizado por altos níveis de triglicerídeos, colesterol total e LDL

colesterol.

Ressaltando ainda mais este evento, Scherr et al. (2007) encontrou

níveis alterados de CT e LDL-c em 23% do total de estudantes

pesquisados, com idade entre 5 e 16 anos da rede privada, resultados que

se aproximam aos do estudo de Moura et al. (2000), realizado apenas em

escolas públicas, com 1600 alunos de idade entre 7 e 14 anos, onde os

dados obtidos condizem com a existência do problema, visto que a

hipercolesterolemia atingiu 35% dos escolares.

Ainda, Pereira et al. (2010) realizou um estudo semelhante aos

anteriores em 31 escolas públicas com 470 alunos na faixa etária de 10 a

14 anos, de ambos os sexos e após a dosagem do perfil lipídico, verificou-

13

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se que a maior parte dos participantes (63,8%) apresentaram alteração

em pelo menos uma fração do perfil lipídico, resultado semelhante ao

encontrado por Gama et al. (2007), que avaliou o perfil lipídico de 231

crianças na região de favelas no entorno da FIOCRUZ e 68,4%

apresentaram alguma dislipidemia. Também Ribas et al. (2009) realizou

pesquisa com crianças e adolescentes de Salvador, e observou que 49%

apresentaram alguma alteração no perfil lipídico, onde as crianças foram

mais predispostas a desenvolver dislipidemia do que os adolescentes.

Ressaltando-se o fato de que a população em questão deve ser

considerada saudável, Seki et al. (2001) avaliou o perfil lipídico de 624

crianças e adolescentes de ambos os sexos, com idades de 3 a 19 anos, e

demonstrou que 38,8% do total dos casos apresentaram resultados

alterados. Estudo no mesmo contexto realizado por Ghedin (2008),

avaliou o perfil lipídico de 232 estudantes de ambos os sexos com idade

entre 14 à 19 anos, onde verificou-se que 46,6% dos estudantes

apresentaram valor alterado para triglicerídeos, constituindo um valor

preocupante devido à elevação destes lípides estarem diretamente

relacionados com a ausência de uma alimentação controlada.

Por fim, ainda Silva et al. (2007) avaliou o perfil lipídico de 787

pacientes também crianças e jovens de ambos os sexos, de 2 a 19 anos de

idade, e constatou que apenas 59% dos pacientes apresentaram níveis de

CT dentro da faixa desejável, dado que, somado aos demais estudos com

resultados semelhantes torna-se alarmante, diante das evidências de

vinculações das dislipidemias com as doenças ateroscleróticas.

Diante dos resultados desses estudos, observa-se que o percentual

de dislipidemia em adolescentes é alto, o que, segundo Pereira et al.

(2010), faz alertar para a necessidade de dosagem do perfil lipídico já

nessa faixa etária, visando o diagnóstico precoce de dislipidemias. Ainda,

segundo Moura et al. (2000), deve-se reforçar a necessidade incentivo a

medidas de estilo de vida saudáveis nessa faixa etária, no que diz respeito

à prática de atividade física e hábitos alimentares saudáveis, uma vez que

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a obesidade e a dieta desbalanceada têm sido apontadas como fatores de

risco para a hipercolesterolemia.

Diante disto, Daronco (2010) afirma que devido ao aumento de

sobrepeso em crianças, alimentação hipercalórica e prática de atividade

física reduzida, as dislipidemias estão atingindo um alto índice em

crianças e adolescentes, o que constitui um fato alarmante, pois se estas

não forem contornadas na infância, poderão permanecer na vida adulta e

contribuir para a ocorrência de doenças coronarianas e patologias

relacionadas.

A íntima relação entre a adoção de hábitos de vida saudáveis e a

redução de alterações do perfil lipídico com conseqüente redução de

riscos para dislipidemias e doenças cardiovasculares é existente.

Confirmando este fato, Ribeiro (2004) observou que reduções de taxas de

mortalidade por cardiopatia isquêmica e por acidentes vasculares

cerebrais estiveram relacionadas à mudanças no estilo de vida, como a

melhora dos hábitos alimentares e a redução do fumo, medidas que

constituem atitudes de prevenção à aterosclerose.

Verificando-se a presença de fatores de riscos relacionados à

doenças cardiovasculares entre a população, Guedes e Gonçalves (2007)

em estudo realizado no Paraná com 361 adultos de idade entre 20 à 60

anos, demonstra que a proporção de indivíduos classificados como

sedentários e irregularmente ativos foi de 73,5% nas mulheres e 64,4%

nos homens, e através de determinação do perfil lipídico, concluiu que

quanto mais elevada a prática habitual de atividade física, maior o

impacto positivo nos resultados deste.

Inserido neste contexto relacionado aos hábitos de vida

populacionais, Coelho et al. (2005) avaliou o perfil lipídico e fatores de

risco para doenças cardiovasculares em estudantes de medicina, na faixa

etária de 18 a 31 anos, e verificou que entre os fatores de risco

analisados, o sedentarismo apresentou-se com valor elevado entre os

indivíduos, enquanto a percentagem em relação ao tabagismo, a ingestão

de bebida alcoólica, obesidade e sobrepeso apresentaram-se baixas,

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Page 16: DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E PREVALÊNCIA

levando a um valor acima de 80% de níveis desejáveis para perfil lipídico,

o que constitui um valor favorável e comprova a relação entre os hábitos

de vida e alterações lipidicas.

A prevalência de dislipidemias na população é evidenciada ainda

em estudo realizado no Rio Grande do Sul por Kolankiewicz et al. (2008),

onde foi avaliado o perfil lipídico de 668 indivíduos adultos maiores de 20

anos, constatando-se níveis alterados de TG e HDL-c maiores nos homens

e CT e LDL-c maior nas mulheres. Da mesma forma, Pozzan et al. (2005),

que pesquisou 2057 indivíduos entre 4-93 anos, encontrou níveis

alterados de LDL-c e CT também maiores nas mulheres em todas as

faixas etárias e níveis de TG maior nos homens de 20 a 59 anos, sendo

essas diferenças mais significativas somente entre 40-59 anos em ambos

os estudos.

Segundo Lessa et al. (1997), em qualquer idade, quando mais

elevada a fração da lipoproteína de baixa densidade (LDL), mais

freqüentes são as doenças ateroscleróticas, e como verificado nesses

estudos, as mulheres na faixa etária maior que 20 anos (mais

significativamente entre 40-59 anos) apresentaram maior prevalência de

alterações de LDL-c. Tal fato, segundo Pozzan et al. (2005) poderia ser

explicado pelo aumento dos níveis de LDL-colesterol que ocorre nas

mulheres no período da menopausa e/ou por um viés de sobrevida, onde

os homens com maiores valores de LDL-colesterol teriam evoluído para o

óbito em faixas etárias mais jovens.

A influência dos hábitos de vida para a ocorrência de dislipidemias

e sua complicações são muito importantes, pois estudos atuais, como o de

Daniels et al. (2008) enfatizam os efeitos negativos do excesso de

ingestão de gorduras saturadas e trans e de colesterol, bem como o efeito

da ingestão de carboidratos, obesidade, diabetes mellitus, diminuição do

nível de atividade física e outros fatores ambientais sobre o risco de

doenças cardiovasculares.

Em relação à adoção de hábitos alimentares saudáveis, Ribeiro

(2004) afirma que os lipídios da dieta estão ligados com o

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Page 17: DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E PREVALÊNCIA

desenvolvimento e a regressão da aterosclerose, portanto, estabelecer

mudanças nos hábitos alimentares é atitude necessária para garantir

saúde, longevidade e qualidade de vida.

Ainda neste sentido, Castro et al. (2004) afirma que avaliar o estado

nutricional é muito útil para estabelecer estratégias objetivando a

prevenção de doenças cardiovasculares, pois os marcadores de risco

relacionados à nutrição (antropométricos, dietéticos e bioquímicos)

podem ser modificados adotando um estilo de vida saudável e

controlando o peso corporal.

Verificar a situação do perfil lipídico entre os idosos também se

torna crucial neste estudo, pois de acordo com Montenegro et al. (2008),

a população idosa está crescendo mais rapidamente do que qualquer

outra faixa etária e à medida que a população envelhece, aumenta o risco

de desenvolver Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Esta por sua vez,

induz a maiores prevalências de obesidade e diabetes, que relacionados

ao estilo de vida e ao envelhecimento, são importantes fatores que

contribuem com o aumento da incidência de inúmeras doenças

cardiovasculares.

Contribuindo com este evento, Marques et al. (2008) realizou uma

pesquisa com idosos no ano de 2007, e alterações no perfil lipídico foram

observadas em 73,3%, sendo que destes, 41,17% apresentam-se com

sobrepeso. Ainda, em um estudo do perfil lipídico de um grupo de 55

idosos acima de 60 anos e de ambos os sexos, realizado por Silva (2005),

verificou-se que 58% dos homens obtiveram índices desejáveis (menores

200 mg/dL) para colesterol total, enquanto que somente 19% das

mulheres obtiveram este valor, representando um dado alarmante entre a

população idosa feminina.

Porem é importante ressaltar que nestes estudos citados, o uso

crônico de medicamentos não é informado, o que pode levar a uma

interpretação errônea dos resultados, já que segundo Marques (2006) a

maioria dos idosos faz uso crônico de medicamentos e alguns deles

podem interferir nas dosagens bioquímicas do perfil lipídico.

17

Page 18: DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E PREVALÊNCIA

Avaliar o perfil lipídico em mulheres na menopausa e pós

menopausa também é evidenciado no presente estudo, pois a perda da

função ovariana e assim redução da produção de estrógeno nas mulheres

na menopausa podem constituir fatores que determinam a elevação dos

lipídios sanguíneos (Oliveira, 2008).

Verificando a prevalência de dislipidemias nesta população, Santos

et al. (2008) avaliou o consumo alimentar e o perfil lipídico de mulheres

na menopausa, na faixa etária de 45 a 60 anos, onde 31% apresentaram

níveis baixos de HDL-c, 22,2% e 25% apresentaram níveis elevados de CT

e LDL-c respectivamente, e 84,7% apresentaram níveis séricos desejáveis

de triglicerídeos. Também Oliveira et al. (2005), avaliou o perfil

nutricional e lipídico de mulheres na pós menopausa com doença arterial

coronariana, com idade de 45 a 86 anos, e constatou prevalência de

obesidade em 56%. Em relação ao perfil lipídico, a maioria apresentou

níveis plasmáticos adequados de HDL-c, porém o estado nutricional

apresentou-se inadequado e níveis elevados de colesterol total e LDL-c

foram encontrados, relacionando-se portanto com a ocorrência de

doenças cardiovasculares nestas condições.

Inserido neste contexto, Oliveira et al. (2008) em um estudo caso-

controle, coletou dados de mulheres no climatério nas faixas etárias entre

42 e 59 anos, onde analisou diversos fatores de risco para doenças

ateroscleróticas como tabagismo, ingestão de bebida alcoólica,

sedentarismo, perfil socioeconômico, entre outros, verificando que a

maioria das mulheres apresentou excesso de peso e medidas

antropométricas elevadas, variável que neste estudo foi considerado o

fator de risco associados à dislipidemia durante a pós-menopausa.

De acordo com os diferentes dados relacionados às dislipidemias

nas diferentes populações estudadas, Eizerik et al. (2008) enfatiza a

necessidade de que estes conheçam sobre a sua real condição de saúde,

se proponham e sejam estimulados a adotar hábitos de vida saudáveis,

onde a existência de uma educação continuada de pacientes portadores

de dislipidemias proporciona um aumento de adesão ao tratamento, dieta

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Page 19: DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E PREVALÊNCIA

e exercícios físicos, melhorando assim seu perfil lipídico e sua qualidade

de vida.

4.0 - CONCLUSÃO

Após o estudo realizado, pode-se concluir que as dislipidemias estão

extremamente relacionadas à fatores de risco das doenças

cardiovasculares, levando à formação da aterosclerose e envolvendo

conseqüências como o infarto agudo do miocárdio e acidente vascular

cerebral, constituindo assim grande causa de mortalidade e morbidade.

Através dos dados analisados, conclui-se que esta alteração metabólica

encontra-se presente em grande escala nas diferentes populações

abordadas, constituindo um fator alarmante para que mais estudos de

prevalências sejam desenvolvidos como auxílio e estímulo à ações

públicas de prevenção e controle destas doenças. Ainda, levando-se em

consideração a indiscutível participação das dislipidemias na aterogênese

e diante do já exposto, é válido concluir que há necessidade de identificar

e tratar as hiperlipidemias o mais precocemente possível para prevenir

e/ou retardar o aparecimento doenças cardiovasculares e aterogênese

desde a infância.

5.0 - REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS

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Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da

Aterosclerose do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira

de Cardiologia, 2007. Arq Bras Card, v.88, Sup.1, 2007.

Stabelini Neto, A. Fatores de risco para aterosclerose relacionado ao

nível de aptidão cardiorespiratória em adolescentes. Dissertação de

24

Page 25: DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E PREVALÊNCIA

mestrado apresentada na Universidade Federal do Paraná. Curitiba,

Paraná, 2007.

Wannmacher, L. ; Costa, A. F. Estatinas: Uso Racional na Cardiopatia

Isquêmica. Oganização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da

Saúde, v.1, n.10, 2004.

Xavier, H. T. Associação de medicamentos: fibratos e estatinas.

Arq. Bras.Cardiol. [online]. 2005, v.85, supl.5, p 34-35.

25

Page 26: DISLIPIDEMIAS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO SOBRE DIAGNÓSTICO, TERAPÊUTICA, COMPLICAÇÕES E PREVALÊNCIA

ANEXO 1

Tabela 1 – Valores de referência dos lípides para indivíduos > 20 anos de

idade (III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretrizes de

Prevenção da Aterosclerose – SBC, 2001)

LÍPIDES VALORES (mg/dL) CATEGORIA

Colesterol total (CT)

<200

200-239

> 240

Ótimo

Limítrofe

Alto

LDL-colesterol (LDL-c)

<100

100-129

130-159

160-189

> 190

Ótimo

Desejável

Limítrofe

Alto

Muito alto

HDL-colesterol (HDL-c)

<40

>60

Baixo

Alto

Triglicérides (TG)

< 150

150 - 200

201 - 499

> 500

Ótimo

Limítrofe

Alto

Muito alto

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ANEXO 2

Tabela 2 – Recomendações dietéticas para o tratamento da

hipercolesterolemia e a prevenção da aterosclerose segundo a associação

Americana do Coração (Chagas, 2005)

NUTRIENTES INGESTÃO RECOMENDADA

Gordura total 25 a 35% das calorias totais

Ácidos graxos saturados < 7% das calorias

Ácidos graxos poliinsaturados Até 10 % das calorias totais

Ácidos graxos monoinsaturados Até 20% das calorias totais

Carboidratos 50 a 60% das calorias totais

Proteínas Aproximadamente 15% das calorias

totais

Colesterol < 200 mg/dia

Fibras 20 a 30 g/dia

Calorias Para atingir e manter o peso

desejável

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ANEXO 3

Tabela 3 – Capacidade de redução do colesterol LDL dos principais fármacos

hipocolesterolemiantes em ensaios clínicos (Duncan, 2004)

FÁRMACO

DOSE

(mg)

REDUÇÃO NO LDL

(mg/dL) (%)

Atorvastatina 10 70 37

Atorvastatina 80 100 55

Fluvastatina 40 50 27

Lovastatina 40 70 37

Pravastatina 40 55 29

Rosuvastatina 5 70 38

Rosuvastatina 40 100 55

Sinvastatina 40 70 37

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ANEXO 4

Tabela 4 – Doses dos fibratos disponíveis e efeitos sobre o HDL-colesterol

e Triglicerídeos (IV Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias e Diretrizes

de Prevenção da Aterosclerose – SBC, 2007)

FÁRMACO DOSE

(mg/dia)

AUMENTO HDL-

colesterol

REDUÇÃO

TRIGLICERÍDEO

S

Bezafibrato 400 a 600 + 5 a 30% - 15 a 55%

Ciprofibrato 100 + 5 a 30% - 15 a 45%

Etofibrato 500 + 5 a 20% - 10 a 30%

Fenofibrato 250 + 5 a 30% - 10 a 30%

Genfibrozil 600 a 1200 + 5 a 30% - 20 a 60%

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ANEXO 5

Figura 1 - Eventos iniciais na formação da lesão aterosclerótica (Gottlieb,

2005)

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ANEXO 6

Figura 2 – Formação da placa de ateroma (Google imagens)

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