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1 Disciplina: A Construção Coletiva dos Jogos: Ampliando e Explorando Saberes Autores: Esp. Elizabeth Nater Revisão Conteúdos: M.e Romário Keiti Pizzatto Fugita Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2016 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.

Disciplina: A Construção Coletiva dos Jogos Ampliando e

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Disciplina: A Construção Coletiva dos Jogos: Ampliando e Explorando Saberes

Autores: Esp. Elizabeth Nater

Revisão Conteúdos: M.e Romário Keiti Pizzatto Fugita

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso

Ano: 2016

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais.

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Elizabeth Nater

A Construção Coletiva dos Jogos: Ampliando e Explorando Saberes

1ª Edição

2016

Curitiba, PR

Editora São Braz

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FICHA CATALOGRÁFICA

NATER, Elizabeth.

A Construção Coletiva dos Jogos: Ampliando e Explorando Saberes /

Elizabeth Nater. – Curitiba, 2016.

36 p.

Revisão de Conteúdos: Romário Keiti Pizzatto Fugita.

Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso.

Material didático da disciplina de A Construção Coletiva dos Jogos:

Ampliando e Explorando Saberes – Faculdade São Braz (FSB), 2016

ISBN: 978-85-94439-01-7

4

PALAVRA DA INSTITUIÇÃO

Caro(a) aluno(a),

Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz!

Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier,

nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de

dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão

Universitária.

A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e

comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do

desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas

também brasileiros conscientes de sua cidadania.

Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar

comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as

ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão

de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais, e

grupos de estudos com alunos e tutores, o que proporciona excelente integração

entre professores e estudantes.

Bons estudos e conte sempre conosco!

Faculdade São Braz

5

Apresentação da disciplina

Nesta disciplina será apresentado o conceito de construção coletiva dos

jogos, com destaque para a mediação do professor em sala de aula ou dos pais

em casa, que permite orientar a brincadeira para o desenvolvimento das

capacidades das crianças.

Muitas das capacidades humanas são desenvolvidas na infância e elas

têm um desenvolvimento mais proveitoso quando exercitadas através dos jogos,

sejam eles de leitura, ou de faz de conta. O jogo tem uma contribuição muito

grande durante os primeiros anos porque a criança consegue prestar muito mais

atenção durante a atividade lúdica, o que é uma grande oportunidade para o

profissional da educação.

Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas

páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de

Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar

em cobrança de direitos autorais.

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Aula 1 – A Concepção Histórica do Jogo

Apresentação da Aula 1

Nesta aula será abordada a concepção histórica do jogo/ brinquedo e será

estudado a respeito de Walter Benjamin para entender o que o desenvolvimento

do lúdico pela história pode mostrar. Depois será tratado a respeito das

ferramentas que o lúdico dispõe para o aprendizado infantil, e a definição sobre

o que é o lúdico para a criança segundo autores como: Piaget, Vygotsky, Wallon

e Huizinga.

1. Lúdico

A ludicidade apresenta as seguintes funções: divertir, relaxar e contagiar

os participantes, o que torna o recurso lúdico um excelente aliado no trabalho

pedagógico. A história aponta o século XXI, como sendo o século da ludicidade.

O referido período indica uma sociedade preocupada com o entretenimento do

indivíduo.

Vocabula rio

Significado de Entretenimento= Divertimento; o que diverte e distrai; o que é feito como diversão ou para se entreter: canal de entretenimento; local de entretenimento. Ação ou efeito de entreter; ato de se divertir, de se distrair. Disponível em: http://www.dicio.com.br/entretenimento/

1.1 História do Brinquedo

O estudioso Walter Benjamin no ano de 1928 aponta que o brinquedo teve

referência com os entalhadores de madeira, que em suas oficinas criavam

inúmeras peças em tamanho indicado ao adulto (ou seja, grande). Esses

desenhos eram produzidos com muitos detalhes e beleza.

Nesse período em que os entalhadores desenvolviam o seu material, os

mesmos só podiam produzir suas especialidades, não era permitida a criação

7

com variações de tamanho para a sociedade da época. Porém, com a Reforma,

houve o objetivo de mudança na fabricação de brinquedos, com a possibilidade

de criar produtos menores, surgindo os brinquedos.

Benjamin também destaca que os brinquedos foram desenvolvidos pelos

adultos e, portanto, carregavam muitos detalhes a ponto de ficar como decorativo

nos quartos das crianças por muito tempo.

1.2 Experiências com a Ludicidade

As experiências com a ludicidade mostram:

a) Que é possível agir no mundo.

As interferências do ser humano no mundo com ideias, sugestões, ações

contribuem para as transformações. Com o entendimento de que há mudanças

muitos são motivados e agem.

b) As misturas das raças trouxeram o folclore e ele foi sendo acrescido

de transformações no estilo de brincar.

O folclore é uma junção de culturas, onde costumes, crenças alimentos

são variados e expressam o modo de ser de um povo.

c) A presença de várias culturas influencia novos estilos de brincar.

Com base na explicação sobre o folclore, é possível entender que as

variadas culturas apresentam suas características e quando expressas podem

interferir na maneira de brincar.

1.3 Lúdico e as Ferramentas

O lúdico utiliza-se de ferramentas como: Conhecimento, Prática;

Reflexão. Essas ferramentas auxiliam na condução ao sentimento de liberdade,

conforme mencionado por Caillois (1986).

A) Conhecimento

Trata-se de contar com o que o aluno já apresenta em seu período de vivência.

Ele não é um indivíduo vazio, ele apresenta conhecimentos que serão colocados

nos momentos das atividades lúdicas, da mesma forma, que receberá novos

conhecimentos.

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B) Prática

Trata-se de vivenciar inúmeras situações no concreto, possibilitando a interação

da criança com o jogo, com o brinquedo. A prática dará condições de o aluno

experimentar o seu momento de construção, reconstrução, formulação,

liberdade, seguimentos de regras.

C) Reflexão

Trata-se de aproveitar o momento lúdico e se permitir pensar, refletir sobre a

atividade. Jogando e brincando o universo da criança vai sendo visitado e nele

questões imaginárias e reais se comunicam e muitas vezes geram conflitos, mas

também geram entendimentos. Ao refletir a criança formula aprendizados,

compreende a si mesmo e sua relação com os outros.

É preciso que a Escola compreenda a importância de tais ferramentas e

a atividade a partir da qual elas podem surgir, ou seja, inserir a ludicidade no

âmbito escolar será promissor no aprendizado de conteúdos, de valores e nas

relações.

A Escola precisa ser multiplicadora da cultura do brincar, ela já conta com

os elaboradores de materiais didáticos, pois esses têm apresentado já em seus

livros impressos o material complementar com o Kit de Jogos para que o aluno

seja convidado a brincar e a jogar. As atividades das disciplinas são

desenvolvidas e contam com o Kit de Jogos para possibilitar a assimilação de

aprendizagem.

Os autores da proposta do material didático a ser apresentado já com

esse novo formato, entendem que isso conduzirá não somente o aluno a ter o

contato mais próximo com os jogos e brincadeiras, mas também almeja fazer

com que o professor insira em sua prática docente o ensino além do conteúdo.

O lúdico refere-se a uma dimensão humana que evoca os sentimentos de

liberdade e espontaneidade de ação. Abrange atividades despretensiosas,

descontraídas e desobrigada de toda e qualquer espécie de intencionalidade ou

vontade alheia, de modo que isso tem sido resgatado, para um melhor

aprendizado, mesmo sendo uma atividade livre de pressões e avaliações.

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Saiba Mais

Conhecimento? Uma definição, aceita ainda hoje, foi desenvolvida por Sócrates, e aparece em diferentes diálogos de Platão, como o Teeteto, o Mênon, a República e o Timeu. Segundo esta análise, chamada de definição tradicional ou “tripartida” do conhecimento, o conhecimento seria uma opinião verdadeira justificada. Nas palavras de Teeteto, “a opinião verdadeira acompanhada de razão é conhecimento, e, desprovida de razão, a opinião está fora do conhecimento”. Na obra Mênon, Sócrates menciona que “o conhecimento se distingue da opinião certa por seu encadeamento racional”.

1.3.1. Lúdico e as Ferramentas na Escola

Muitos profissionais buscam diversas maneiras para realizarem com êxito

e empenho suas funções pedagógicas e aprimorar a arte de ensinar. Não são

poucos que usam atalhos para diminuir o sofrimento da criança que não aprende,

tem dificuldade de atenção ou relacionamento, e outras questões, porém,

aqueles que descobrem o lúdico e o usam como ferramenta para sanar as

dificuldades mencionadas têm encontrado sucesso.

A Escola tem oportunidade de inserir jogos e brincadeiras em seu

programa de ensino, ela é responsável por fazê-lo adequadamente, para tal deve

contar com um sistema de planejamento aliado ao fator idade e com um

acompanhamento investigativo de resultados, cujo objetivo busca a manutenção

das ações assertivas e a eliminação de ações sem êxito.

1.4. O Lúdico e o Caráter Gratuito

Caillois (1986) afirma que o caráter gratuito presente na atividade lúdica é

a característica que mais a deixa desacreditada em relação à sociedade

moderna, tirando o participante de seus problemas fora da atividade. Entretanto,

enfatiza que é graças a essa característica que permite que o sujeito se entregue

à atividade despreocupadamente.

10

1.5. O Lúdico e a Contribuição de Estudiosos

Os jogos tradicionais infantis têm qualidade que pode satisfazer de bom

grado às necessidades de desenvolvimento das crianças contemporâneas. Seu

grande valor está em apresentarem ricas possibilidades para o estímulo de

várias atividades nas crianças: físicas, motoras, sensoriais, sociais, afetivas,

intelectuais, tratando de deficiências motoras; ou de excessiva cognição da

maior parte das atividades típicas da escola, jogos que envolvem o corpo e os

sentidos; ou ajudando a superar o isolamento das crianças de hoje.

Os jogos têm sido aplicados em disciplinas não apenas esportivas, por

serem considerados necessários no desenvolvimento motor, ou seja, podem ser

utilizados em qualquer disciplina. Os valores humanos e éticos os acompanham

e produzem maiores aprendizagens para o indivíduo como “um todo”.

Importante Você já parou para pensar no que o seu filho faz quando está fora da escola? Assiste TV, pratica esportes, brinca com amiguinhos? Nas férias, nos fins de semana ou no contra turno, é natural que as crianças (e os pré-adolescentes, claro) queiram se divertir, mas os pais devem estar atentos às brincadeiras dos pequenos (e mesmo daqueles que não são mais tão pequenos), pois há atividades adequadas e inadequadas para cada faixa etária. Disponível em: http://educarparacrescer.abril.com.br/comportamento/brincadeiras-todas-idades-502871.shtml

É também importante trazer para sua compreensão o quanto a televisão

inviabiliza a criança para os movimentos. Diante dela muitas crianças passam

horas inertes, com olhos vidrados na tela. Elas recebem inúmeras informações,

mas não a processam com clareza e são alvos de informações favoráveis, com

valores auxiliadores na construção da sua própria identidade, como também na

boa relação para com o outro. Entretanto, são acometidas de informações

inadequadas, repletas de falsas verdades, induzidas ao consumo e a reprodução

de conceitos seletivos. É comum, também, que as crianças aleguem que estejam

cansadas, pois, diante da TV elas cansam a mente e não desenvolvem o corpo.

A Folha de São Paulo apresentou quais são os males influenciados pelo

excesso da TV (FOLHA DE SÃO PAULO, 2003), nessa reportagem verificou-se

11

diversas consequências do uso exagerado da TV, tanto para crianças quanto

para os adultos, por isso se reitera a importância do trabalho lúdico com crianças

para o desenvolvimento das habilidades delas em cada etapa do seu

crescimento. É possível dizer que muitos pais são contrários aos professores

deixarem os filhos brincar na escola, em que expressões como: “Eu não pago a

escola para meu filho ficar jogando”; “Vou conversar com a direção da sua

escola, você está brincando muito e ainda tem o dia do brinquedo! ”; são muito

comuns para o professor que trabalha com a ludicidade em suas aulas.

Ví deo

No vídeo CRIANÇA, A ALMA DO NEGÓCIO é possível verificar vários estudos e depoimentos a respeito de como funcionam as propagandas e o marketing através dos canais de TV no Brasil, com o foco voltado totalmente ao público infantil com o intuito de influenciar que os pais dessas crianças

https://youtu.be/dX-ND0G8PRU?list=PLE2ABADAEF30E4007

Através desse vídeo, o espectador é convidado a refletir sobre como está

sendo o desenvolvimento da nova geração, não há, entretanto, a intenção de

causar influências, mas agregar mais informações para entender o quanto se

necessita de uma geração de profissionais nas suas diversas áreas e em

particular destaque ao educador, que percebam o quanto as crianças são alvos

de informações tanto positivas quanto negativas para o desenvolvimento.

1.6. Concepções de Jogos e Brincadeiras

A seguir há um diagrama que mostra a interpretação do jogo pela

criança segundo alguns autores:

De acordo com O jogo para a criança constitui-se de

Piaget

Quando a assimilação é produzida antes da

acomodação. O jogo é considerado um

complemento da imitação.

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Wallon O jogo para criança tem papel funcional; O jogo

para o adulto tem papel de regressão.

Vygotsky

O vínculo do jogo com o desenvolvimento é tudo

aquilo que interessa à criança é a realidade do

jogo. Para o adulto a ação domina o significado.

Fonte: Adaptado de Dantas, Oliveira e Taille (1992);

Também a respeito do lúdico para a criança, Huizinga comenta que:

O jogo constitui uma das principais bases da civilização. Na sociedade primitiva, verifica-se a presença do jogo, tal como nas crianças e nos animais, e desde a origem, nele se verificam todas as características lúdicas: ordem, tensão, movimento, mudança, solenidade, ritmo e entusiasmo. (HUIZINGA, 1971, p. 21)

Resumo da Aula

Nesta aula foi discutido a história do brinquedo, e as ferramentas que a

brincadeira apresenta para a utilização no processo de ensino-aprendizagem.

Depois discutiu-se sobre o que é para a criança a atividade lúdica, em que se

verificou o posicionamento de diversos autores a respeito do assunto.

Atividade de Aprendizagem

Com base nos autores citados anteriormente, com qual dos posicionamentos a respeito do lúdico no aprendizado infantil você mais concorda? E por quê?

13

AULA 2 - Jogos em Relação ao Seu Simbolismo

Apresentação da Aula 2

Na aula será discutido a fase do simbolismo no desenvolvimento da

criança, segundo apontamentos de Piaget (DANTAS, OLIVEIRA e TAILLE,

1992), e se verifica como linguagem se desenvolve de forma expressiva.

Também se mostrará como acompanhar o desenvolvimento da linguagem da

criança de acordo com quadros comparativos.

2. JOGOS SIMBÓLICOS

Através dos jogos simbólicos a criança vai perceber-se como alguém que

vive uma realidade, muitas vezes diferente, em seu mundo imaginário. O jogo

simbólico irá possibilitar a transposição decorrente dessa constatação, assim

haverá recompensa no ato de fantasiar.

LINGUAGEM

01 ANO DE IDADE 02 ANOS DE IDADE

A linguagem está se aperfeiçoando. Em geral, com 1 ano completo a criança fala em média 6 palavras e consegue imitar alguns sons que os pais ensinam, como o “au-au” do cachorro. Com o tempo, aprende a apontar as partes do corpo quando os pais falam o nome e identificam objetos em livros infantis.

Perto dos dois aninhos, o bebê poderá emitir fonemas/sílabas, combinar imagens com vocalizações ou palavras (animais, por exemplo), fazer perguntas, e dizer o seu nome, o nome de papai e de mamãe, e inclusive frases repetidas.

Fonte: Adaptado de Guia do Bebê (s/d.) e Guia Infantil (s/d.)

Importante

A relação da criança com a fantasia ocorre bastante no período de desenvolvimento da criança e no espaço de ensino. A fantasia é criada com qualquer objeto que sofre transformações do seu estado pela fantasia da criança, em seu estado fantasioso. O mundo é visto de outra maneira, ela o observa como se usasse uma luneta mágica, capaz de dar o colorido especial que a realidade nem sempre apresenta.

14

Na primeira aula, foi possível entender a Ludicidade como fonte de

compreensão do mundo como prática social, em que se percebe essa prática na

fantasia quando a criança traz suas experiências para seus colegas. A presença

dos Jogos Simbólicos é a confirmação disso. Partindo do conceito de que a

criança precisa estar em movimento para seu desenvolvimento motor e

concepção de mundo, que a inércia ou introversão em demasia são limitadoras

para a relação social, é apresentada uma visão de que a aprendizagem não

conta apenas com uma mente, mas também com um corpo em movimento.

Amplie Seus Estudos

SUGESTÃO DE FILME Ainda relacionado ao universo de fantasia da criança, o filme indicado, Imagine Só, a

presenta uma caminhada nesse universo imaginário. Com muita sabedoria o filme faz abordagens significativas quanto à fantasia para superação de medos, angústias, dúvidas e sua incrível capacidade de recreação.

Através do pensar e agir a criança poderá ter contato consigo mesma, e

com os outros. Por meio da psicomotricidade relacional, a criança tem a

capacidade se relacionar com o mundo interno e externo, bem como suas

possibilidades de:

Perceber;

Atuar;

Agir consigo mesma;

Agir com os objetos;

Agir com o outro;

Afirmando a sua própria identidade e superando conflitos normais do

desenvolvimento que barram o processo de aprendizagem.

Segundo Piaget, (apud INFOPÉDIA, s/d.) a partir do segundo ano de

idade, a criança não se limita à simples percepção, que requer contatos e

relacionamentos com a realidade, para acender a um nível de representação

pela interiorização da imitação, favorecida pela função simbólica. O Jogo

Simbólico tem acesso a representar o mundo na sua cabeça. O seu pensamento

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é dominado pelo simbolismo e pelo valor que a criança dá aos objetos em seus

jogos simbólicos.

A perspectiva do Construtivismo sócio-histórico, estudada pelas obras de

Lev Vygostky (1988) define que no brincar a criança cria e expressa uma

situação imaginária, projeta-se nas atividades adultas de sua cultura e ensaia

seus futuros papéis e valores.

Brincando ocorrem as oportunidades para o desenvolvimento intelectual.

A interação com o outro é fundamental para que a criança construa seu

raciocínio.

Nessa perspectiva, se tem que a criança é sujeito histórico e de direito

que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua

identidade, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa experimenta,

narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo

cultura.

Wallon (1973) entre outros pesquisadores traz a perspectiva de que a

possibilidade de simbolizar na infância permite à criança estabelecer relações

com significado e desenvolver um pensamento investigativo correto no futuro.

Ví deo

No vídeo, Mercado, é possível acompanhar uma atividade lúdica que envolve a ludicidade e a coletividade, além de um trabalho envolvendo a relação com o ambiente, existe também o desenvolvimento da noção de dinheiro e um preparo para uma situação que a criança já vivenciou.

Disponível em: https://youtu.be/45fpPsHx5kY

2.1. Explorando a Capacidade de Raciocínio

Segundo Ursula Simons (2003), a criança a quem for dada oportunidade

de desenvolver a sua estrutura lógica, da forma mais ampla possível, terá muito

mais facilidade de articular os conteúdos pedagógicos que lhe forem

apresentados, passando a ser agente do seu próprio aprender.

O recurso de jogos e brincadeiras como recursos da prática pedagógica

conseguem reter melhor a atenção do docente, de forma que o currículo escolar

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deve estar preparado para abranger esses recursos com bastante evidência,

embora muitos educadores desconheçam as etapas dos alunos. Faltando-lhes

conhecimentos aprofundados acabam por criar um currículo que não atende às

fases do desenvolvimento da criança, com isso prejudicando o seu aprendizado.

2.2. Exemplos de Jogos de Raciocínio

Jogos matemáticos são benéficos na aprendizagem, pois desenvolvem o

raciocínio matemático. Os jogos são compostos de regras e normas, elas irão

contribuir para que o aluno:

Faça deduções

Realize operações;

Interprete indicações;

Fique mais alerta;

Sinta-se seguro com as experiências vividas;

Saiba Mais

O quebra-cabeça é um jogo que desperta o interesse da criança por trazer um desafio instigante. A criança observa o jogo desmembrado e deseja construí-lo para identificar qual figura formou, ela realiza-se na construção, entendendo-se capaz.

Através dos jogos o docente consegue perceber facilidades e dificuldades

dos alunos, administrar o senso competitivo que os alunos possuem e

desempenhar o ensino na linguagem do aluno.

Entre os recursos didáticos citados nos Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN) destacam-se os ''jogos''. Segundo os PCN, volume 3, não

existe um caminho único e melhor para o ensino da Matemática, no entanto,

conhecer diversas possibilidades de trabalho em sala de aula é fundamental para

que o professor construa sua prática.

17

2.3. Desenvolvimento da Autonomia e da Socialização

É preciso entender a autonomia e a socialização como um objetivo

educativo. Para Piaget o que se precisa é ensinar os alunos a pensar, sendo

impossível aprender a pensar num regime autoritário. Pensar é procurar por si

próprio, é criticar livremente e é demonstrar de forma autônoma. O pensamento

supõe então o jogo livre das funções intelectuais e não o trabalho sob pressão e

a repetição verbal (PIAGET, 1998).

Saiba Mais

Brincar com fantoche permite expressar a afetividade, pois os bonecos representam os papéis dos indivíduos do convívio da criança. A Afetividade é um elemento condutor para as relações entre crianças e crianças, assim como crianças e adultos.

Dentro dos conceitos do desenvolvimento infantil, o francês Célestin

Freinet (1998), foi um dos principais responsáveis pela organização da

Federação Internacional dos Movimentos de Escola Moderna, cujo objetivo era

contribuir com demais educadores para que a escola mantivesse a modernidade

que lhe permitia crescer no aprimoramento e repasse de ensino.

O estudioso Célestin Freinet (1998) mencionou que jogo simbólico é uma

maneira pela qual a criança pode resolver suas dificuldades, obtendo um

equilíbrio psíquico e moral, fatores primordiais para que se desenvolva

harmonicamente enquanto indivíduo.

2.4. A Criança e sua Expressão

A expressão artística no processo de desenvolvimento da criança é muito

importante. E expressão artística permite exprimir e criar seus próprios

pensamentos. Utilizando-se do: Desenho, Teatro e Literatura.

18

2.5. Brinquedoteca

De acordo com a ABBri (Associação Brasileira de Brinquedotecas): O jogo

de faz de conta desenvolve-se a partir das atitudes e desejos dos “jogadores”

que usam certos objetos na definição de uma situação em que há determinadas

regras.

A ABBri apresenta uma preocupação recorrente com o trato com as

crianças através de brinquedos e brincadeiras, e isso é percebido pela maneira

como se relaciona com o profissional que tem grande proximidade com as

crianças, o professor.

Resumo da Aula

Nesta aula foi estudada como grandes autores conceituam o trabalho

lúdico no aprendizado da criança, assim como uma breve interpretação desses

autores sobre o significado do jogo simbólico. Além do jogo simbólico, foram

apresentados os jogos de socialização e os de raciocínio que tem seu papel no

desenvolvimento e como eles podem ser estruturados através de uma

brinquedoteca.

Atividade de Aprendizagem

Como a criança pode ser estimulada para brincar de faz de conta e quais os benefícios dessa brincadeira para sua formação?

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AULA 3 - BRINQUEDO E BRINCADEIRA

Apresentação da Aula 3

Nesta aula será discutido a respeito da brincadeira do faz de conta, de

como ela contribui na formação da criança e qual a postura que o professor e os

pais devem apresentar durante a atividade, tanto na escola quanto em casa.

Com a apresentação da teoria da brincadeira de faz de conta também serão

expostos alguns exemplos de atividades. Por fim será tratado sobre a origem

das brinquedotecas, no contexto mundial e nacional, destacando os objetivos

dessas entidades.

3. BRINQUEDO E BRINCADEIRA

Segundo o Referencial Curricular Nacional do Ensino Infantil (RCNEI):

[...] a educação assume as funções: social, cultural e política, garantindo dessa forma, além das necessidades básicas (afetivas, físicas e cognitivas) essenciais ao processo de desenvolvimento e aprendizagem, a construção do conhecimento de forma significativa, através das interações que estabelece com o meio. (1998, p.14)

Essa escola promove a oportunidade de convívio com a diversidade e

singularidade, a participação de alunos e pais na comunidade de forma aberta,

flexível e acolhedora.

Os RCNEI defendem o brincar como uma atividade necessária no

cotidiano escolar, por possibilitar às crianças momentos de experiências e

ampliação de novas descobertas. Através desse ato as crianças se desenvolvem

em diferentes aspectos, como em relação à autonomia, à cognição, à linguagem,

à motricidade, entre outros, visto que nas brincadeiras as crianças têm a

oportunidade de participarem, criarem, interagirem umas com as outras. Assim

a relação social com o outro influencia na autonomia da criança, permitindo

assim que elas resolvam situações que venham surgir durante as atividades

favorecendo uma melhor compreensão e capacidade de resolução. Brincar é

realmente uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da

identidade e autonomia. O fato de a criança, desde muito cedo, se comunicar

20

por meio de gestos, sons, e mais tarde representar determinado papel na

brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. (RCNEI, 1998, v. 2, p.

22).

3.1. Exemplos de Atividades

Com o intuito de explorar a brincadeira de faz de conta, são apresentados

alguns exemplos a seguir, com situações diferentes, mas correlatas com o

cotidiano infantil, o que permite que ela participe ativamente com base em

experiências próprias de cada situação.

3.1.1. “Quem sou eu?” “Eu sou a mamãe” e “eu sou o papai”.

Desempenhar papel de mãe ou pai é uma brincadeira muito comum entre

as crianças, mesmo brincando sozinhas elas gostam de fazer de conta que são

mães ou pais, e apresentam o comando da situação. Estruturam o dia, realizam

atividades, estabelecem comando, tomam posição e expressam como seus

verdadeiros pais são ou gostariam que eles fossem.

Os bebês mesmo pequenos já imitam seus pais, por volta de 1 ano e 2

meses eles ao observarem os adultos fazendo movimentos, acabam por repeti-

los, segundo os cientistas da Washington University e da Temple University, nos

Estados Unidos, descobriram que esse comportamento tem uma explicação

neurológica, pois a área que comanda o movimento é ativada após a criança

ficar observando o movimento.

No decorrer do seu crescimento e desenvolvimento a criança tende a

imitar outros movimentos e comportamentos que lhe são apresentados, para

tanto, se reitera a importância da frase “É preciso ser um bom exemplo”.

Entende-se que diante da condição da criança para a imitação ser favorável, os

que a rodeiam precisam ter atitudes e condutas adequadas, pois se forem

copiadas afetarão positivamente o comportamento dela, ao invés de agregar

hábitos inadequados ao comportamento infantil.

21

Novamente a escola marca presença obrigatória em propiciar o “brincar

de faz de conta”, porque irá contribuir na expressão da criança e na possibilidade

de investigação dos conceitos que a criança tem. A investigação trará um

feedback (Retorno de informações do processo, nesse caso, de ensino) para os

educadores, de como estão alguns atos e conceitos do seu aluno e

pedagogicamente eles poderão em parceria com as famílias manter o

socialmente aceito e intervir para alteração ou eliminação de atos e conceitos

repudiados pela sociedade.

3.1.2. O QUE QUER COMPRAR?

O vendedor rapidamente entra em cena e organiza seu ambiente de

venda. Outro conceito de relações presente no cotidiano da criança é o que

envolve os atos de comprar e vender, uma vez que o cenário de comércio rodeia

o universo infantil com campanhas de marketing voltadas a esse público. Como

visto anteriormente com o vídeo Criança, a alma do negócio, a comercialização

dos produtos, atualmente, tem grande participação da criança, pois ela influencia

os pais no poder de decisão de compra de casa. A criança acompanha seus pais

nas compras simples do cotidiano, mas também em compras voltadas para elas

mesmas e hoje em dia o posicionamento da criança tem força decisiva. É

possível ver em tempos atuais pais que apontam que não compraram uma

roupa, um brinquedo ou mesmo um alimento devido ao posicionamento do filho,

isso somado à falta de posicionamento familiar leva as crianças a ganhar espaço

em decisões precocemente, influenciando posteriormente na definição de

papéis. Enquanto a criança brinca de deter o poder ela vai formando sua

autonomia, como também, vai compreendendo a vida em sociedade.

Trabalhar a Educação Financeira já desde pequeno é uma maneira de

brincar e instruir, os brinquedos como notinhas de dinheiro, caixa eletrônico,

máquinas de calcular, registradoras entre outros, oferecem um ambiente

convidativo da criança brincar de comprar ou vender, negociar dentro da sua

faixa etária, estabelecer combinados e apresentar a troca. Essa experiência é

muito válida e já existem materiais didáticos que apresentam esta proposta de

“brincar” no mundo pedagógico.

22

Há um documento Plano Diretor da Estratégia Nacional de Educação

Financeira (ENEF) de 2010 que aponta a Educação Financeira na Escola como

importante.

A Educação Financeira dialoga com as disciplinas e, portanto, trata-se de Tema Transversal

O professor deve desenvolver um projeto que permita a criança a

aprender com diversão, ela pode confeccionar um porquinho com sucata, e

entender que o dinheiro precisa ser guardado para poder formar um valor e

comprar o que se deseja, mas que ganhar dinheiro não é simples, é preciso

saber de onde vem, como vem e o que acontece quando ele acaba. Na

linguagem da criança ela recebe orientações para a economia e a compra com

propósito (isso auxiliará a lidar com a compulsão em comprar posteriormente).

A atividade é divertida e levará a criança para a criação, construção e o

brincar.

Saiba Mais

A confecção do cofre reciclável utiliza poucos materiais e os mesmos podem ser substituídos facilmente por outros similares para ser construído. São eles, garrafa PET; EVA, tesoura, cola, olhos de brinquedo, tecido, fita crepe. Com a garrafa cortada conforme o modelo, diminuir a mesma, fazer uma junção com a crepe e uma abertura para colocar a moeda. Depois revesti-la, também conforme o modelo e ser criativo.

Fonte: http://www.reciclagemnomeioambiente.com.br/wp-content/uploads/2014/09/p2.jpg

Outra opção é o professor aplicar as brincadeiras envolvendo comércio,

criando uma cidade mirim para ter locais de compra e venda. Durante o momento

lúdico o docente permite que a imaginação corra solta e quando achar

necessário faz interferências com o objetivo de contribuir, mas não há

23

necessidade de as colocações serem feitas na hora do brincar, o professor com

sua experiência mediará quando considerar necessário, antes, durante ou

depois.

Conhecendo as cédulas, moedas e o dinheiro as crianças vão assimilando

o conhecimento a sua utilidade.

Pesquise

O trabalho pedagógico voltado para educação financeira é um tema muito importante a ser desenvolvido nas escolas hoje, e muitos projetos já foram aplicados nesse sentido. Como mostrado no artigo de Reinaldo Domingos (2015). Disponível em: http://direcionalescolas.com.br/2015/06/18/educacao-financeira-em-escolas-publicas-um-projeto-mundial/

3.1.3. Vamos viajar?

As crianças da educação infantil adoram sair da sala para visitarem outros

espaços da escola, portanto propor atividade lúdica de brincar de viajar é

excelente exercício. Na atividade podem ser explorados conceitos de preparar-

se para viajar, montar uma “mala” com as coisas que levarão.

Outra opção, é em conjunto com o professor de educação física, propor

atividades mais elaboradas, em que os jogos apresentem desafios de localidade,

maneiras de chegar, meios de transporte, regras de trânsito entre outras

possibilidades.

3.1.4. Bom dia, alunos!

Na brincadeira de escolinha as crianças encontram oportunidades de lidar

com o ambiente escolar de maneira mais descontraída, mesmo que com regras,

pois a criança gosta de aplicar as regras quando pode, ela detém o poder, o

comando e direciona o momento. Assim como o material didático apresenta o

livro de “Lição de casa” o aluno que brinca passa tarefas e responsabilidades

24

aos outros que estão na sua brincadeira, através do brincar reforçam

aprendizados.

Segundo a Patrícia Auerbach alguns livros são perfeitos para estimular a

brincadeira de imaginação. O livro O Lenço auxilia às crianças na viagem

imaginária.

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SUGESTÃO DE LEITURA Esta história permite trabalhar temas como imaginação e brincadeiras. No livro O Lenço (AUERBACH, 2013) a menina usa o lenço para dar vazão à sua criatividade. Dessa maneira, esse objeto comum e corriqueiro tem seu significado ampliado e modificado a cada nova transformação

3.2 Brinquedo/ Brincadeira / Brinquedoteca

Ao discutir sobre brinquedoteca, é importante observar a História da

Brinquedoteca. Na época, ano de 1934, em Los Angeles, foi necessário

emprestar brinquedos para as crianças, pois estas roubavam brinquedos de uma

loja, em Los Angeles, onde o dono fez uma queixa ao diretor de uma escola. O

diretor entendeu que o roubo era devido às crianças não terem com o que

brincar. (SÓ PEDAGOGIA, s/d.)

Essa informação histórica revela que há muito tempo a criança sente

necessidade de brincar, o período da infância conduz ao brincar.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, mencionam

nas Práticas Pedagógicas da Educação Infantil que elas devem ter como eixos

norteadores as interações e as brincadeiras e garantir experiências que

promovam:

O conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências

sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla,

expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança;

25

O relacionamento e a interação das crianças com diversificadas

manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia,

dança, teatro, poesia e literatura;

3.2. Brinquedoteca e empréstimo

Conforme visto, as crianças apresentam a necessidade de brincar, que

gerou uma nova medida das lojas de brinquedos, o empréstimo:

Então, com recursos da comunidade local iniciou um serviço de empréstimo de brinquedos. O serviço deu certo, existe até hoje e é chamado de Los Angeles Toy Loan. (CUNHA, 1997)

Importante

Os empréstimos para dos brinquedos para serem levados às casas aconteceu por volta 1967, na Inglaterra. As intituladas TOY LIBRARIES, com o significado de “Bibliotecas de Brinquedos”, tinham esta função mais ampla e significativa. Fonte: http://www.pedagogia.com.br/artigos/importanciadabrinquedoteca1/?pagina=1

Na década de 80, as brinquedotecas surgiram no Brasil. No âmbito

nacional, a brinquedoteca chegou com motivos muito definidos:

Indivíduos preocupados com o desenvolvimento infantil;

Busca para melhor relacionamento com crianças;

Em conjunto com essas diretrizes, é fundada também a Associação

Brasileira de Brinquedotecas (ABBri) para coordenar as brinquedotecas,

fornecendo cursos, assessorias e estruturando escolas para que as mesmas

apresentem brinquedotecas operacionais e de qualidade no território nacional.

“Brinquedoteca é o espaço para brincar. Não é preciso acrescentar mais

objetivos, é preciso valorizar a ação da criança que brinca”. (CUNHA, 1997).

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SUGESTÃO DE LEITURA Neste livro, Jogos, Brinquedos, Brincadeiras e Brinquedoteca (TEIXEIRA, 2010), pode-se acompanhar as classificações das brinquedotecas no Brasil, com detalhes sobre condições geográficas e estruturais, e mostrando a diferença entre a finalidade das brinquedotecas, que variam desde suporte de tratamento médico até recurso lúdico para o processo de aprendizado infantil.

Resumo da Aula

Nesta aula, foi estudada a importância da brincadeira de faz de conta, nas

muitas possibilidades de explorar a capacidade da criança de criar a sua própria

brincadeira e ao fazer isso com suas colegas desenvolve sua sociabilidade. Foi

destacado a necessidade do professor dar liberdade nesses momentos de

criação para elas aproveitem ao máximo de seu potencial criativo, e também o

incentivo que a participação dos pais na brincadeira de faz de conta em casa

pode oferecer à imaginação da criança.

Na sequência, apresentou-se exemplos de atividades que podem ser

aplicadas com crianças envolvendo a brincadeira do faz de conta, encerraram-

se as discussões da aula tratando da brinquedoteca, destacando a origem dela

e seus principais objetivos no âmbito nacional.

Atividade de Aprendizagem

A partir nas sugestões apresentadas nesta aula, proponha uma atividade diferente envolvendo outro aspecto do cotidiano da criança que ela tenha condições de participar com base nas experiências dela.

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AULA 4 – TEMPOS E ESPAÇOS DIALÓGICOS NA LUDICIDADE

Apresentação da Aula 4

Nesta aula serão apresentadas atividades lúdicas para se levar às

crianças, dando ao professor liberdade para alterar regras com intuito de as

crianças exercitarem conceitos importantes relacionados ao currículo escolar, e

também permitir as crianças a manipularem a atividade para exercitarem a

criatividade e a socialização.

Na sequência a discussão se volta ao olhar pedagógico das novas

tendências, que dão destaque a uma abordagem mais individual, verificando as

diferenças de cada aluno, que contribui para melhores repostas ao processo de

aprendizagem.

4. Tempos e Espaços e Dialógicos na Ludicidade

A aprendizagem precisa contar com docentes dispostos à utilização de

tempo de seus alunos para que adquiram cada vez mais experiências

significativas. É preciso abandonar a monotonia em busca de um ensino mais

desafiador, assim como, uma metodologia que permita o aluno:

Criar - A criação dará ao aluno a vantagem de pensar sobre o que

existe e o que pode existir. A criação aponta para o novo.

Recriar - Ao recriar a base está relacionada ao já existente, mas

não totalmente descartado, ele dialoga entre o presente e o futuro.

Vivenciar – Refere-se às experiências com aquilo que está sendo

presenciado pelo aluno. Trata-se de intimidade com a aprendizagem, trazendo

a Ludicidade para a prática.

Imaginar - Conduz a imaginação sem fronteiras, o que lhe for

permitido desenvolver, variar e compor com base nas próprias vivências exercita

a criatividade.

Comparar - Apresenta um momento investigativo, comparativo e

reflexivo, com associações de aprendizado com elementos que a criança já

conhece.

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Comprovar - Momento de experiência, que acontece em seguida

da comparação, em que a dialógica investiga o que se discute e chega-se a um

resultado.

Para Freire (1987) o diálogo torna-se a essência de uma educação

humanizadora e se constitui como um fenômeno essencialmente humano,

realizado pelas pessoas por meio da palavra, a partir de duas dimensões: a ação,

para a transformação e não alienação e a reflexão, atrelada à conscientização

crítica e não alienante. Assim, a palavra não deve ser um privilégio de poucas

pessoas, mas direito de todos os homens e mulheres, já que, como diz o autor,

“Os homens se fazem pela palavra, no trabalho, na ação-reflexão” (FREIRE,

1987, p.78).

4.1. Os Professores Ouvintes

“Professores precisam falar, mas também precisam ouvir”, entendendo-

se com isso que há uma escuta ao outro, ou seja, a presença do diálogo que

permite a construção de conhecimento mais estruturada.

Assim, a dialógica da Ludicidade, que é significativa na construção do

docente frente ao seu entendimento, está presente nos diversos momentos dos

Jogos e Brincadeiras, de maneira que a dialógica se faz necessária para a

aprendizagem completa. A utilização dos recursos lúdicos deve fazer parte da

prática pedagógica, evitando que a aprendizagem seja mecânica, com base na

memorização dos conceitos sem associações significativas.

A frase abaixo do Paulo Freire é bem apropriada para compreender o que

está sendo abordado, ao docente não se atribui um fazer mecânico, porém um

fazer construtivo, uma vez que ensinar exige disponibilidade para o diálogo.

[...] como posso dialogar, se alieno a ignorância, isto é, se a vejo sempre no outro, nunca em mim? [...] como posso dialogar, se me fecho à contribuição dos outros, que jamais reconheço, e até me sinto ofendido com ela? Como posso dialogar se temo a superação e se, só em pensar nela, sofro e definho? [...] a fé nos homens é um dado a priori do diálogo. Por isto, existe antes mesmo de que ele se instale. O homem dialógico tem fé nos homens antes de encontrar-se frente a frente com eles. Esta, contudo, não é uma ingênua fé. (FREIRE, 1987, p.46)

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SUGESTÃO DE LEITURA O livro Formação de professores, Histórias infantis e o lúdico encantam as crianças apresenta exemplos de atividades lúdicas com o uso e histórias para permitir às crianças que “saiam” do ambiente escolar com criatividade inerente às mesmas.

4.3 O Homem Dialógico

O homem dialógico, que é crítico, sabe que se o poder de fazer, de criar,

de transformar, é um poder dos homens, sabe também que podem eles, em

situação concreta, alienados, ter esse poder prejudicado. O que provoca no ser

humano a criatividade e a constante renovação é o diálogo é a abertura ao ponto

de vista alheio, sem se impor sobre outros, inclusive no ambiente educacional.

4.4 O Prazer de Brincar

Muito relacionado ao item anterior, levanta-se o questionamento aos

professores sobre a prática pedagógica que adotam no cotidiano: “Será que o

tempo reservado para a atividade lúdica é suficiente? Esse momento é bem

aproveitado, com associações familiares às crianças? As crianças têm espaço

para poder dialogar, com o professor inclusive, para serem ouvidas e construir o

próprio conhecimento social?”

Por mais que as atividades lúdicas tenham sofrido alterações com o

passar do tempo elas não perderam o seu efeito naquele que joga e brinca, de

modo que o prazer em jogar continua sendo a prioridade das crianças nas

atividades. Abordar os contrastes entre o real e o imaginário, entre a liberdade e

o respeito às regras dos jogos e das brincadeiras são fontes de aprendizados

concretos.

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Moyles (2002, p. 24) também apresenta o mesmo questionamento: “se

achamos tão valioso a atividade lúdica como orientação da prática pedagógica,

por que os jogos e brincadeiras ainda não constituem parte da atividade

pedagógica? ”

Amplie Seus Estudos

SUGESTÃO DE LEITURA O livro, A excelência do brincar, apresenta a leitura como atividade lúdica convidando o professor em seu trabalho pedagógico a abordar a ludicidade nos momentos de leitura. As variações da atividade de leitura exemplificadas no livro o tornam uma excelente recomendação para trabalhar a leitura em conjunto com o lúdico.

A inserção no currículo do Jogo e da Brincadeira é indispensável ao

docente, uma vez que o jogo e a brincadeira permitem uma Prática Pedagógica

envolvente que consegue reter a atenção dos alunos. A reflexão fará parte da

atividade e o desenvolvimento do indivíduo encontra espaço para ser

demonstrado e ser também aprimorado.

4.5. Jogos Para Educação Infantil

Na sequência são dispostos exemplos de atividades lúdicas voltadas à

educação infantil, e a capacidade da criança que é exercitada com a atividade.

ATIVIDADE CAPACIDADE

JOGO DA MEMÓRIA Permite que a criança exercite sua capacidade de lembrar as figuras e

posições.

JOGO DO ALINHAVO Permite que a criança aprenda o conceito de nó e exercite o conceito de estética no

entrelace de fios.

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JOGO DE MONTAR Permite que a criança tenha noções de

encaixes e consiga visualizar a composição de problemas maiores.

JOGO DE ESCONDER Permite que a capacidade de procurar

seja exercitada e estimula o desenvolvimento social.

JOGO DE PERSEGUIR A BOLA Permite o momento lúdico que surge com o brinquedo bola conforme explicação a

seguir.

Fonte: Elaborado pelo Autor (2016)

Na tabela anterior, perseguir a bola é um jogo para muitas idades e os

alunos já são atraídos por esta atividade bem na tenra idade.

O objetivo do jogo é desenvolver a rapidez e agilidade.

Local para ser jogado deve ser preferencialmente ao ar livre.

Jogar em formação de duas colunas:

O primeiro de cada coluna lança a bola o mais próximo do alvo. Em

seguida todos deverão correr para pegar a bola e depois voltar com ela até o

próximo amigo da fila. Vencerá a coluna a fila que concluir primeiro.

Uma outra atividade que pode ser desenvolvida é a do tesouro perdido,

em que uma das crianças é escolhida para ser o pirata e esconde o tesouro

escondido, que é uma bolsa ou saco de balas e doces, e depois de uma palavra

de comando, ela instiga os colegas a encontrarem o tesouro, num período de

tempo determinado pelo professor. O pirata pode dar dicas para encontrarem o

tesouro e assim que o mesmo é encontrado, uma bala ou doce adicional é

inserido na bolsa. Ao término do jogo, a recompensa é dividida entre os

jogadores, exercitando a capacidade de dividir com os amigos.

Há outros jogos que também podem ser explorados no momento lúdico

da educação infantil:

Pega-vareta

Dominó

Cara a cara

Bingo de nomes

Quebra-cabeça

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Quando é feita a referência de jogos de maior preferência se destacam os

jogos mais tradicionais que os pais conseguem com mais facilidade participar

com os filhos ou que o professor mais tem facilidade em aplicar em sala de aula.

Isso demonstra que mesmo crescidos as pessoas gostam de jogar e trazem

consigo experiências de sua infância. Outro jogo de destaque entre os adultos é

o Improviso, jogo que desenvolve a imaginação e criatividade, conta também

com a rapidez de tempo e sequência lógica de ideias.

Saiba Mais

Atualmente, uma atividade recreativa dos adultos também pode ser incluída no universo lúdico e ser realizada acompanhando a criança. É a atividade de colorir que teve uma grande aceitação do público adulto com objetivo de aliviar o estresse diário, tarefa que pode ser facilmente acompanhada pela criança, para melhorar o desenvolvimento motor fino e senso estético dela.

A brincadeira e o jogo são as melhores maneiras de a criança comunicar-

se, sendo instrumentos que ela possui para relacionar-se com outras crianças.

É através das atividades lúdicas que a criança pode conviver com os diferentes

sentimentos que fazem parte da sua realidade interior. Ela irá aos poucos se

conhecendo melhor e aceitando a existência dos outros, estabelecendo suas

relações sociais. (PINTO; LIMA, 2003, p. 5).

Resumo da Aula

Nesta aula verificou-se a importância de compreender a urgência do

diálogo sobre a Ludicidade nos espaços escolares e familiares. Foi visto que

parte da sociedade está atenta sobre os benefícios dos Jogos e das Brincadeiras

no desenvolvimento infantil, mas como novidade do tema, foi possível ver que

essas atividades favorecem o adulto no seu profissional e mesmo pessoal. Além

disso, o prazer em brincar foi outro tópico abordado na aula com muitos

exemplos de atividades que incluem o faz de conta e brincadeiras mais

populares.

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Atividade de Aprendizagem

Durante as atividades lúdicas é importante observar a liberdade dos alunos se desenvolver, assim como a associação das atividades lúdicas com objetivos claros, relacionados com capacidades a serem desenvolvidas. Considerando as duas pontuações apresentadas, como deve ser a postura do professor durante a atividade lúdica, a partir de que momento o professor deve intervir na atividade e como?

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Resumo da Disciplina

Nesta disciplina foi verificado a construção dos jogos em conjunto com as

crianças na educação infantil, com apontamentos a respeito dos processos

realizados pelo professor na preparação da atividade, com a associação ao que

é estudado em sala de aula.

Mostrou-se também as diversas capacidades humanas que, quando

desenvolvidas em conjunto com atividades lúdicas, são desenvolvidas com um

aproveitamento maior das crianças, um dos motivos para isso é a atenção delas

que é consideravelmente maior nas brincadeiras.

Muitos exemplos de atividades foram apresentados, que envolvem desde

a leitura com uma abordagem mais interativa, até as brincadeiras de faz de

conta, que ajudam a preparar a criança situações futuras além de socializar com

os colegas.

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INFOPÉDIA. Jogo Simbólico. S/d. Disponível em: http://www.infopedia.pt/$jogo-simbolico MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2002. PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. PINTO, Gerusa Rodrigues; LIMA, Regina Célia Villaça. O desenvolvimento da criança. 6. ed. Belo Horizonte: FAPI, 2003. SIMONS, Ursula Marianne. Blocos Lógicos, 150 exercícios – Curitiba: Humbertus 2003. s 186p. SÓ PEDAGOGIA. Revisitando a Construção Histórica da Brinquedoteca. S/d. Disponível em: http://www.pedagogia.com.br/artigos/importanciadabrinquedoteca1/?pagina=1 VYGOTSKY, Lev Semenovich. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Alexis N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Tradução de Maria da Penha Villalobos. 2. ed. São Paulo: Ícone, 1988. WALLON, Henri. Psicologia e educação da infância. Enface: Paris, 1973.