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DIFERENTES PRÓ-NUTRIENTES NA ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES
JULIEN CHIQUIERI
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
SETEMBRO - 2007
DIFERENTES PRÓ-NUTRIENTES NA ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES
JULIEN CHIQUIERI
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal.
Orientadora: Profa Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ SETEMBRO DE 2007
DIFERENTES PRÓ-NUTRIENTES NA ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES
JULIEN CHIQUIERI
Tese apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, como parte das exigências para obtenção do título de Doutor em Produção Animal.
Aprovada em 28 de setembro de 2007 Comissão Examinadora:
Prof. Antônio Assis Vieira (DSc. Nutrição Animal) – UFRRJ
Antônio Gesualdi Junior (DSc. Produção Animal) - TECNORTE
Prof. Milton Masahiko Kanashiro (DSc. Biociências e Biotecnologia) - UENF
Prof. José Brandão Fonseca (PhD, Nutrição de Monogástricos) - UENF Profa. Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares (DSc. Nutrição Animal) – UENF
(Orientadora)
A Deus e meus anjos de guarda, por mais essa oportunidade; A Minha companheira sempre presente, Michelle, por todo amor, carinho e compreensão, e A Meus pais, por todo o apoio e ensinamentos
DEDICO.
ii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro e ao Centro
de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA), pelo oferecimento deste
curso e concessão da bolsa de estudo;
À professora Rita, pela orientação e amizade durante o convívio na pós-
graduação;
Aos professores Rony Antonio Ferreira, José Brandão Fonseca e
Humberto Pena Couto, pela amizade e ensinamentos passados.
Aos zootecnistas Rafael Neme e Henrique Pena Couto, pelo apoio e
incentivo.
Às empresas Alltech, Ouro fino e Fatec, pelo apoio orçamentário e
doação de produtos utilizados nos experimentos, sem os quais não seria
possível a realização deste trabalho.
A todos os professores do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal
que, de alguma maneira, colaboraram para minha formação.
Aos técnicos Cláudio Lombardi, Maria Beatriz Mercadante e Ana Paula
Delgado da Costa, pelo auxílio prestado durante o desenvolvimento do
experimento.
Aos funcionários do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Zootecnia, Sr. José
e Jonas, pela grande ajuda e amizade formada durante os períodos de
experimentos e convívio.
iii
Aos bolsistas e estagiários, Michelle Sant’Anna Lyra e Leonardo Freitas,
que estiveram sempre presentes no período experimental.
À Mariana Duran Cordeiro, Patrícia Castelo Branco, Vaneila, Victor
Libardo, Lio Moreira, pela ajuda essencial no abate e coleta de segmentos do
intestino dos leitões.
Ao Professor Eulógio Carlos e a todos os técnicos e estagiários do setor
de Morfologia e Patologia Animal do LSA/UENF, pelo auxílio na confecção das
lâminas para medição das alturas das vilosidades intestinais.
Ao Professor Flávio Migens (CBB/UENF), pela cooperação na leitura da
altura das vilosidades intestinais.
À Michelle, minha namorada e companheira inseparável, sempre
presente nas horas em que mais precisei, pela paciência e tolerância nos
momentos conturbados, todo o meu amor.
Ao amigo de sempre Fábio Nunes Lista, pelo constante incentivo,
cooperação e companheirismo.
À amiga e avó de consideração, Ivete, pelo incentivo e conselhos
passados durante nosso convívio.
A meus pais, Ana e Abner, e a meu irmão Daniel, pelo constante
incentivo e cooperação.
A todos os amigos do LZNA, pela amizade e convivência diária.
iv
BIOGRAFIA
JULIEN CHIQUIERI, filho de Abner Chiquieri e Ana Maria Crepaldi Chiquieri,
nasceu em 17 de dezembro de 1976, na cidade de Bauru, SP.
No ano de 2000, graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal Rural do
Rio de Janeiro, em Seropédica, RJ.
Em 2001, ingressou no Curso de Pós-graduação, Mestrado, e em 2003, iniciou
seu Doutorado em Produção Animal, na Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro (UENF), em Campos dos Goytacazes, RJ, submetendo-se à defesa de
tese para conclusão do curso, em setembro de 2007.
v
CONTEÚDO RESUMO................................................................................................................................ ABSTRACT............................................................................................................................
1. INTRODUÇÃO....................................................................................................
2. REVISÃO............................................................................................................
2.1. Microrganismos no trato gastrintestinal.................................................
2.2. Antibióticos na alimentação de suínos...................................................
2.3. Ácidos orgânicos na alimentação de suínos..........................................
2.4. Probióticos na alimentação de suínos...................................................
2.5. Prebióticos na alimentação de suínos...................................................
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
4. TRABALHOS......................................................................................................
ÁCIDOS ORGÂNICOS NA ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES DESMAMADOS.......................................................................................................
RESUMO...........................................................................................................
ABSTRACT.......................................................................................................
INTRODUÇÃO...................................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS...................................................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................
CONCLUSÕES...................................................................................................
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................
PROBIÓTICO E PREBIÓTICO NA ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES DESMAMADOS..........................................................................................................
RESUMO.....................................................................................................................
ABSTRACT........................................................................................................
INTRODUÇÃO....................................................................................................
MATERIAL E MÉTODOS.............................................................
RESULTADOS E DISCUSSÃO.........................................................................
CONCLUSÕES...................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
5. CONCLUSÕES GERAIS......................................................................................
APÊNDICES................................................................................................................
APÊNDICE A.........................................................................................................
APÊNDICE B.........................................................................................................
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vii
RESUMO CHIQUIERI, JULIEN, DSc., Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro; setembro de 2007; Diferentes pró-nutrientes na alimentação de leitões; Professora Orientadora: Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares. Professores conselheiros: José Brandão Fonseca e Rony Antonio Ferreira.
Foram realizados dois experimentos na Unidade de Apoio à Pesquisa
em Zootecnia do Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, situado na Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo, no município de Campos dos Goytacazes, RJ. O primeiro experimento teve como objetivo avaliar os níveis de ácidos orgânicos e antibiótico sobre o desempenho e altura das vilosidades intestinais de leitões desmamados aos 21 dias de idade. Foram utilizados 60 leitões, com peso inicial médio de 5,65 + 0,79 kg, distribuídos em um delineamento de blocos casualizados de cinco tratamentos com quatro repetições de três leitões cada. Os tratamentos foram os seguintes: T1-ração referência (sem pró-nutriente); T2-ração referência + 56 ppm de antibiótico (Neomicina); T3- ração referência + 0,2% de ácidos orgânicos (300 g de ácido benzóico, 100 g de ácido fumárico, 100 g de ácido cítrico e 85 g de ácido fosfórico);T4- ração referência + 0,4% de ácidos orgânicos e T5- ração referência + 0,6% de ácidos orgânicos. O experimento teve duração de 42 dias. O segundo experimento teve como objetivo estudar os efeitos de probiótico, prebiótico e antibiótico sobre o desempenho e a altura das vilosidades intestinais de leitões desmamados aos 21 dias de idade. Foi realizado um experimento em delineamento de blocos casualizados, nos quais foram testados, durante 42 dias, quatro tratamentos, com quatro repetições: T1-ração referência (sem pró-nutriente);T2-ração referência + 0,01% de antibiótico (Tilosina); T3-ração referência + probiótico (Bacillus subtillis) e T4-ração referência + prebiótico (Mananoligossacarídeo).
viii
Foram utilizados 64 leitões, desmamados aos 21 dias de idade, com peso inicial médio de 7,85 + 1,10 kg, alocados em 16 baias, cada uma com quatro leitões no período inicial (21 a 42 dias) e três no período final (42 a 63 dias de idade). Nos dois experimentos, foram avaliados o consumo de ração diário, o ganho de peso diário e a conversão alimentar no período inicial (21 a 42 dias de idade), final (42 a 63 dias de idade) e total (21 a 63 dias de idade). No final de cada experimento foi abatido um animal por baia para coleta de segmentos do intestino delgado, para avaliação da altura das vilosidades intestinais. No primeiro experimento, os animais alimentados com a ração contendo antibiótico apresentaram melhor ganho de peso diário durante o período total de experimento, em relação aos animais alimentados com ração sem pró-nutrientes. Os demais itens de desempenho e altura das vilosidades intestinais avaliados não sofreram alterações estatísticas (P>0,05) durante os períodos experimentais avaliados. No segundo experimento, os animais alimentados com as rações contendo antibiótico, probiótico e prebiótico não tiveram seu desempenho melhorado (P>0,05) em relação aos animais do grupo-controle. Os animais alimentados com ração contendo probiótico tiveram maiores valores de altura das vilosidades duodenais (P<0,05) em relação aos animais alimentados com rações contendo prebiótico. Palavras-chave: desempenho, mananoligossacarídeos, nutrição de suínos, vilosidades intestinais.
ix
ABSTRACT CHIQUIERI, JULIEN, Dsc., Darcy Ribeiro Norte Fluminense State University; september 2007; Different pro-nutrients in the feed of piglets; Major professor: Rita da Trindade Ribeiro Nobre Soares. Advisers: José Brandão Fonseca and Rony Antonio Ferreira. Two experiments were accomplished in the Research Nucleous of the Nutrition and Animal Science Department of the North Fluminense State University, localized in the Agricultural Technical State School Antônio Sarlo in Campos dos Goytacazes, RJ. The first experiment had as objective to evaluate the effects of organic acids level and antibiotic on the performance and height of intestinal vilosity of weaned pigs 21 days old. One completely randomized block experiment design was carried out during 42 days to compare five treatments: T1–reference ration (without pro-nutrient); T2–reference ration + 56 ppm of antibiotic (Neomicyn); T3-reference ration + 0,2% of organic acids (300 g of benzoic acid, 100 g of fumaric acid, 100 g of citric acid and 85 g of phosphoric acid); T4-reference ration + 0,4% of organic acids and T5-reference ration + 0,6% of organic acids. In this experiment sixty 21 days of age pigs weaned with initial weight of 5,65 + 0,79 Kg were allotted in 20 pens, each one with tree pigs and four replications per treatment. In the second experiment, the objective was to evaluate the effects of probiotic, prebiotic and antibiotic on the performance and height of intestinal vilosity of weaned pigs at the age of 21 days. One completely randomized block experiment design was carried out during 42 days to compare four treatments: T1-reference ration (without pro-nutrient); T2-reference ration + 0,01% of antibiotic (Tylosin); T3-reference ration + probiotic (Bacillus subtillis) and T4-reference ration + prebiotic (mananoligosaccharides).
x
In the experiment were allotted sixty four pigs weaned at 21 days of age with the initial weight of 7,85 + 1,10 Kg in 16 pens, each one with four pigs at the initial period (21-42 days of age) and three at the final period (42-63 days of age) and four replications per treatment. In the two experiments mean feed intake, daily weight gain and feed conversion data at initial period (21-42 days of age), final period (42-63 days of age) and total period (21-63 days of age) were collected. On 42th day of experimental period (63 days of age), one animal of each pen was slaughtered to collect the content of the small intestine for evaluation of the intestinal vilosity height. In the first experiment the animals fed ration containing antibiotic presented higher daily mean weight during the total period of the experiment. The other performance data and intestinal vilosity high evaluated did not suffer any significant statistic change (P>0,05) during the experimental periods evaluated. In the second experiment the animals fed ration with probiotic had higher intestinal vilosity (P<0,05) than the others. The animals fed with ration with antibiotic, probiotic and prebiotic did not had better performance (P>0,05) than the control group. Key words: intestinal vilosity, mananoligosaccharides, performance, pig nutrition
xi
1. INTRODUÇÃO
Com o contínuo crescimento da população mundial, a suinocultura tem
acompanhado a atual necessidade de aumentar a oferta de alimentos, sendo
um dos setores da produção animal que mais se desenvolveram ao longo dos
últimos anos.
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de suínos, ficando atrás
apenas da China, EUA e União Européia. O Brasil e os EUA têm a vantagem
de ainda possuírem grande extensão territorial para expansão da suinocultura
e produção de grãos, o que não acontece com a União Européia, que já se
encontra num estado de saturação ambiental e territorial, onde alguns países
foram obrigados, por lei, a diminuir o número de suínos por metro quadrado, já
que o meio ambiente não vem mais suportando a quantidade de dejetos
produzidos.
Outra vantagem desses países é que a China adota uma tecnologia
diferenciada em suas criações, não acompanhando a dos outros países no que
diz respeito à genética, nutrição, instalações e manejo sanitário das criações de
suínos.
A carne suína se mantém no topo do consumo per capita em relação à
média mundial de consumo de carnes, seguida pelas carnes de frango e
bovina. No Brasil, por mitos criados desde a introdução do óleo vegetal para
alimentação, o consumo de carne suína fica aquém do consumo per capita das
carnes bovina e de frango.
Nas últimas décadas, muito se tem estudado e pesquisado em relação à
genética, manejo, ambiência, instalações e nutrição, o que vem contribuindo
para excelentes resultados em termos de eficiência produtiva dos suínos.
As diarréias nos suínos representam um problema sanitário e
econômico, tanto pela mortalidade como pelas conseqüências que acarretam
perda de peso, atraso no desenvolvimento, aumento na susceptibilidade a
outras doenças e custo da medicação (BARCELLOS et al., 1980). A redução
da absorção intestinal e o menor desenvolvimento enzimático têm como
conseqüência uma diminuição na digestão de nutrientes (RIOPÉRS et al.,
1986).
Desde a década de 50 do século XX, vários aditivos alimentares têm
sido utilizados nas rações de suínos, com o objetivo de melhorar o
desempenho, através da diminuição da população de microrganismos
patogênicos do trato gastrintestinal. Os antibióticos foram os primeiros aditivos
a serem utilizados e proporcionaram ótimos resultados, tendo o seu uso
crescido de maneira rápida e descontrolada.
Existem várias definições e interpretações do que são aditivos. A partir
de ROSEN (1996), BUTOLO (1998) e do Feed Additive Compendium (1998),
pode-se definir aditivo como uma substância adicionada à ração, em pequenas
quantidades, que possui função pró-nutricional, condicionadora ou profilática,
não sendo prejudicial ao animal e não deixando resíduos no produto de
consumo, desde que usado sob determinadas normas (LIMA, 1999).
A comissão de Tecnologia do Sindirações/Anfar/CBNA/Ministério da
Agricultura, em seu compêndio (1998), adotou uma nova terminologia,
abandonando o termo aditivo, por considerar que ele tem conotação de “não
saudável” para o consumidor de hoje e por ser pouco esclarecedora. Assim, foi
sugerida a adoção do termo microingrediente de alimentação, que se define
como toda substância ou mistura de substâncias intencionalmente adicionada
aos alimentos para animais, com a finalidade de conservar, intensificar ou
modificar suas propriedades desejáveis e suprimir as propriedades
indesejáveis, e que seja utilizado sob determinadas normas. São classificados
em 13 grupos quanto à natureza e função, e são divididos em três classes, de
acordo com o modo de ação específico ou característica funcional, quais
sejam: pró-nutrientes, coadjuvantes de elaboração e profiláticos.
Uma série de trabalhos foi realizada para elucidar o mecanismo de ação
dos pró-nutrientes e, embora até hoje uma conclusão definitiva não tenha sido
alcançada, desde o início de seu uso na produção animal, concordou-se que o
efeito dos antibióticos era resultado de sua ação sobre os microrganismos da
microbiota dos animais (MENTEN, 2001).
Depois de muitos anos de uso dos aditivos antimicrobianos na
alimentação animal, esses produtos passaram a ser vistos como fatores de
risco para a saúde humana, e a continuidade de seu uso sofreu contestações
em duas frentes: presença de resíduos na carne, podendo provocar
hipersensibilidades, e indução de resistência cruzada com bactérias
patogênicas de humanos.
Muitas pesquisas têm sido feitas para se avaliar o risco da utilização dos
antibióticos na alimentação animal, para os seres humanos. Mesmo sem
conclusões definitivas, o mercado consumidor exige cada vez mais uma carne
sem resíduos de aditivos. Por isso, a União Européia proibiu a utilização de
antibióticos na alimentação animal, a partir de janeiro de 2007.
Atualmente, probióticos, prebióticos, ácidos orgânicos e outros
compostos vêm sendo estudados como alternativa ao uso dos antibióticos na
alimentação de suínos, como pró-nutrientes.
O probiótico constitui-se de microrganismos vivos que atuam
beneficamente no animal hospedeiro, melhorando o equilíbrio microbiano
intestinal. Esse não deve ser destruído no trato gastrintestinal; deve ser eficaz
nos diferentes segmentos do trato, e é composto por grupos de bactérias que
devem propiciar efeitos benéficos na absorção de nutrientes (FULLER e COLE,
1998).
O prebiótico é constituído por substâncias não digeríveis, que vão servir
de alimento para os microrganismos benéficos da microbiota intestinal. A
principal ação dos prebióticos é estimular o crescimento e/ou ativar o
metabolismo de bactérias benéficas (GIBSON e ROBERFROID, 1995).
Os ácidos orgânicos são adicionados à dieta, para reduzir o pH do trato
digestório, com o objetivo de facilitar a digestão e controlar a flora microbiana
(LIMA, 1999).
Objetivou-se nesta pesquisa estudar os efeitos de diferentes pró-
nutrientes (probiótico, prebiótico e ácidos orgânicos) e antibiótico na
alimentação de leitões, na fase de creche, sobre o desempenho e a altura das
vilosidades intestinais.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Microrganismos no trato gastrintestinal
Logo após o nascimento, as superfícies e mucosas dos animais que, em
condições fetais, são estéreis, rapidamente sofrem colonização por diversos
microrganismos. Destes, alguns são úteis, e outros, nocivos. A microbiota útil
que se instala no trato digestório auxilia na digestão e absorção de nutrientes,
produz vitaminas que serão utilizadas pelo hospedeiro e diminui, por exclusão
competitiva, a proliferação de agentes patogênicos (ROY e GIBSON, 1999).
A microbiota nociva pode causar processos inflamatórios na mucosa
intestinal, gerar metabólitos tóxicos e, com isso, propiciar o aparecimento de
enfermidades. Em condições normais, estas populações encontram-se em
equilíbrio. No entanto, em condições de estresse (mudança de dieta, alterações
climáticas, densidade elevada, ventilação deficiente ou qualquer outra situação
desfavorável) as populações úteis diminuem, e as nocivas se proliferam, o que
se reflete negativamente sobre a saúde e o desempenho animal (MATHEW et
al., 1993).
A colonização e a diversidade das populações de microrganismos
presentes no trato digestório são influenciadas por inúmeros fatores, dentre os
quais, pela disponibilidade de nutrientes, pelo pH luminal, pela presença de
substâncias antibacterianas e pelo estímulo do sistema imune (RADECKI e
YOKOYAMA, 1991; SILVA, 2000).
Estudos têm mostrado que a atividade microbiana no intestino delgado
tende a ser competitiva com o hospedeiro, por energia e nutrientes (HEDDE e
LINDSEY, 1986). Um exemplo deste fato é a utilização de glicose para a
produção do ácido lático, que reduz a energia disponível para o hospedeiro. O
ácido lático também aumenta o peristaltismo, provocando um aumento na taxa
de passagem dos alimentos no intestino (SAUNDERS e SILLERY, 1982).
Até 6% da energia líquida das dietas de suínos pode ser perdida pela
utilização de glicose por bactérias no intestino delgado (VERVAEKE et al.,
1979). Aminoácidos, que também são degradados por bactérias do intestino
delgado, se tornam indisponíveis para os suínos e ainda dão origem a
metabólitos tóxicos, como a amônia, a cadaverina e ρ-cresol. Todavia, a
atividade dos microrganismos tende a ser de cooperação com o hospedeiro, no
ceco e no cólon (HEDDE e LINDSEY, 1986), onde se estima que em torno de
25% de toda a energia de mantença provêm da fermentação de substratos
pelas bactérias do intestino grosso (FRIEND et al., 1963).
As bactérias intestinais têm importantes funções no desenvolvimento do
sistema imunológico (GASKINS, 1996). Este papel da microbiota intestinal é
claramente observado na imaturidade do sistema imune intestinal, em animais
criados em ambiente livre de patógenos (“germ-free”), que apresentam um
subdesenvolvimento de tecidos linfóides no intestino, um decréscimo
substancial do número de células T e B e pequenas concentrações de
anticorpos (WOSTMANN, 1996).
Avaliações microscópicas do intestino de animais “germ-free” revelaram
uma estrutura de vilosidades mais regular e fina e uma lâmina própria mais
fina. Além disso, a taxa de renovação de células epiteliais é menor, nesses
animais, o que pode resultar em efeito benéfico no gasto de energia basal e na
eficiência energética da utilização de nutrientes (REEDS et al., 1993).
2.2. Antibióticos na alimentação de suínos
Os agentes antimicrobianos ou antibióticos são definidos como
compostos sintéticos orgânicos, compostos químicos ou elementos inorgânicos
simples que podem ser administrados em pequenas quantidades na
alimentação animal, com a finalidade de melhorar a taxa de crescimento e/ou a
conversão alimentar, ou, em doses mais elevadas, com o objetivo terapêutico
(LIMA, 1999).
Os antibióticos são compostos produzidos por bactérias e fungos que
inibem o crescimento de outros microrganismos. Estes passaram a ser
utilizados na alimentação de suínos a partir de 1949, como promotores de
crescimento, proporcionando melhoras no desempenho (KISER, 1976).
O efeito metabólico dos antibióticos se refere ao agente antibacteriano,
que melhora o desempenho dos animais através de efeito direto sobre o seu
metabolismo. Esse modo de ação parece não ser apropriado para aqueles
agentes antibacterianos que não são absorvidos e permanecem na luz do trato
intestinal, a não ser que a ação ocorra sobre as células do epitélio intestinal,
afetando a absorção de nutrientes (LIMA, 1999).
Em relação ao efeito nutricional, sabe-se que certas bactérias que
habitam o intestino sintetizam vitaminas e aminoácidos essenciais para o
hospedeiro, enquanto outras competem com os animais por nutrientes.
Alterações na população microbiana intestinal podem promover maior ou
menor disponibilidade de nutrientes para o hospedeiro. Por outro lado, tem-se
observado que agentes antimicrobianos podem reduzir a espessura do epitélio
intestinal, favorecendo a absorção de nutrientes. Além disso, a massa epitelial
do trato digestório de animais alimentados com rações que contêm agentes
antimicrobianos pode ser reduzida, o que implica necessidade de menor
quantidade de nutrientes e energia para manutenção desses tecidos corporais
(LIMA, 1999).
Além desses modos de ação, os antibióticos inibem o crescimento de
bactérias intestinais que causam doenças subclínicas. A estimulação crônica
do sistema imunológico para responder a essas doenças pode promover
redução no consumo de ração e demandar nutrientes que poderiam ser
direcionados para síntese de proteína. O controle dessas doenças subclínicas
permite que os animais passem a expressar ao máximo o seu potencial
genético para crescimento e deposição de carne (LIMA, 1999).
Além do aumento da taxa de crescimento e da melhoria no
desempenho, o uso de antibióticos na alimentação de suínos tem permitido a
redução da mortalidade, particularmente de leitões jovens; além disso, o
estresse causado por ocasião do desmame pode favorecer o desenvolvimento
de microrganismos patogênicos no trato gastrintestinal (CROMWELL, 1991).
PATTERSON (1985) observou que leitões desmamados aos 21 dias de
idade, alimentados com dietas contendo Olaquindox, tiveram maior ganho de
peso e melhor conversão alimentar que leitões alimentados com dieta sem
Olaquindox.
ISAR et al. (1987), citados por VIEIRA (1993), verificaram que suínos
desmamados aos 30 dias de idade e criados até os três meses, submetidos a
dietas que continham diversos antibióticos isolados ou em combinação, tiveram
maior ganho de peso e melhor conversão alimentar que aqueles alimentados
com a dieta-controle.
A eficiência, não somente do antibiótico, mas também dos pró-
nutrientes, está diretamente relacionada com a concentração do pró-nutriente
ou do antibiótico, com a idade dos animais e com situações de estresse que os
animais possam sofrer, como alta densidade populacional, contaminação
bacteriana, desmame, entre outras.
CHIQUIERI (2006) não observou alteração no desempenho, na altura de
vilosidades intestinais, nas leucometrias global e específica, bioquímica do
sangue e características de carcaça de suínos alimentados nas fases de
crescimento e terminação com dietas contendo ou não pró-nutrientes.
Sabe-se que uma maior eficiência dos pró-nutrientes na alimentação de
suínos ocorre em animais sob ação de algum tipo de estresse ou conjunto de
fatores que predispõem os animais a uma maior infecção por bactérias
patogênicas. Portanto, leitões na fase de desmama e creche são propícios a ter
problemas, tanto de diarréias como nutricionais (menor aproveitamento de
nutrientes e energia); por conseguinte, é nesses animais que os pró-nutrientes
proporcionarão uma melhor eficiência zootécnica que em animais mais velhos.
Apesar dos resultados positivos demonstrados em várias pesquisas, a
utilização dos antibióticos na alimentação de suínos tem sido cada vez mais
restrita. Pressões por parte do mercado consumidor, de profissionais da
produção animal e de profissionais da saúde humana têm feito com que países
da União Européia, EUA e Japão proíbam cada vez mais a adição deste
microingrediente na alimentação animal.
2.3. Ácidos orgânicos na alimentação de suínos
A ação antibacteriana dos ácidos orgânicos deve-se ao decréscimo dos
valores de pH do trato gastrintestinal. Os ácidos orgânicos são lipídios
indissociáveis, o que lhes permite penetrar nas células microbianas. Uma vez
no interior das células, o ácido libera o próton em ambiente mais alcalino,
diminuindo o pH intracelular. Isso influencia no metabolismo do microrganismo,
diminuindo a ação de certas enzimas, forçando a célula microbiana a usar
energia para liberar prótons, direcionando para um acúmulo de ânions ácidos.
Esse acúmulo depende do gradiente de pH na membrana.
Um dos maiores problemas enfrentados pelos leitões é uma produção
insuficiente de ácido clorídrico e enzimas digestivas. Este problema se agrava
quando do fornecimento da ração pré-inicial com alto teor de proteína bruta
(EIDELSBURGER, 1997). A acidificação da dieta aumenta a proteólise gástrica
e melhora a digestibilidade de proteínas e aminoácidos (KIRCHGESSNER e
ROTH, 1988).
Os ácidos orgânicos começaram a ser utilizados há algum tempo, na
preservação de alimentos, atuando no combate a microrganismos e fungos.
Experimentos com suínos mostraram os efeitos positivos dos ácidos
orgânicos utilizados em sua alimentação, no que diz respeito ao desempenho
desses animais (PARTANEN e MROZ, 1999). Alguns experimentos têm
demonstrado um melhor efeito dos ácidos orgânicos em leitões, por estes
estarem mais propensos a distúrbios intestinais, resultando em diarréias,
principalmente por ação de E. coli (GABERT e SAUER, 1994, ROTH e
KIRCHGESSNER, 1998).
Em um experimento, utilizando-se 2% de ácido benzóico na ração para
leitões lactentes, seguido da adição de 1% de ácido benzóico em ração para
leitões desmamados, pôde-se perceber que o ácido benzóico foi detectado em
quantidades consideráveis no estômago, e em menores quantidades no
intestino delgado. O número de bactérias patogênicas foi menor do que nos
animais que receberam ração-controle, o mesmo acontecendo em relação à
freqüência de diarréia, também em relação aos tratamentos com 0,7% de ácido
lático e 0,7% de ácido fórmico. Resultados de desempenho, como ganho de
peso diário e conversão alimentar foram sempre superiores nos animais que
receberam ração com ácido benzóico, em relação aos outros tratamentos
(MARIBO et al., 2000).
2.4. Probióticos na alimentação de suínos
Com a atual situação de proibição do uso da maioria dos antibióticos na
alimentação animal, cresce a procura de alternativas que possam substituir os
antibióticos. Uma das alternativas que vêm sendo mais estudadas é o
probiótico, que tem como vantagens principais não ser residual e ser natural,
por ser composto de microrganismos vivos pertencentes à microbiota intestinal
do hospedeiro.
O termo probiótico foi usado pela primeira vez em 1965, para descrever
“fatores promotores de crescimento produzidos por microrganismos”;
entretanto, isto não reflete o conceito atual. Posteriormente, PARKER (1974)
definiu probióticos como microrganismos ou substâncias por estes produzidas
que contribuem para o balanço da microbiota intestinal. Como essas
substâncias incluem antibióticos, FULLER (1989) estreitou a definição de
probióticos para suplementos alimentares à base de microrganismos vivos que
afetam beneficamente o animal hospedeiro, melhorando o balanço microbiano
intestinal.
O epitélio do intestino é eficientemente protegido contra a invasão de
bactérias por mecanismos como: peristaltismo, secreção de muco, produção de
substâncias antibacterianas, secreção de Imunoglobulina A, etc. Apesar destes
mecanismos, às vezes, acontece a invasão por bactérias patogênicas.
A colibacilose é causada pela invasão da porção anterior do intestino
delgado por cepas patogênicas de E.coli. Uma vez colonizado o trato intestinal,
estas bactérias produzem enterotoxinas que inibem o processo de absorção,
aumentando a quantidade de líquidos no lúmen. Em razão disso, as vilosidades
vão-se encurtando, promovendo redução da área de absorção. O volume de
líquidos no lúmen, sendo muito grande para ser absorvido pelo intestino
grosso, causa um desbalanço iônico e o desenvolvimento de diarréia. Este
quadro é seguido por perda de eletrólitos, desidratação, acidose, podendo
evoluir para a morte do animal. Os suínos, seguidos pelos animais pré-
ruminantes, são os mais susceptíveis a este tipo de infecção (BIOTECNAL,
1996).
Alguns probióticos apresentam atividade antagônica à dos patógenos.
CHATEAU et al. (1993) isolaram 103 Lactobacillus de dois probióticos
comerciais e testaram sua capacidade de inibir o crescimento de patógenos;
cerca de metade dos isolados inibiram as duas espécies de Salmonella e os
seis sorotipos de E.coli utilizados.
A atividade antagônica, especialmente das bactérias láticas, contra
patógenos pode ser atribuída a substâncias bactericidas, tais como
bacteriocinas, ácidos orgânicos e peróxidos de hidrogênio, apesar de as
bacteriocinas intestinais serem pouco conhecidas. JIN et al. (1997) relataram
evidências de que sua produção por bactérias láticas inibe diversos gêneros de
bactérias prejudiciais (Proteus, Salmonella, Staphilococcus), além de E. coli.
Ácidos (acético, propiônico, butírico, lático) produzidos por bactérias láticas
podem inibir o crescimento de patógenos através da redução do pH em si
(LEEDLE, 2000) ou pelo efeito direto dos ácidos sobre bactérias (JIN et al.,
1997).
O processo de exclusão competitiva consiste na capacidade dos
microrganismos benéficos de competirem por nutrientes e locais de ligação no
epitélio do trato intestinal, produzindo metabólitos, capazes de reduzir
seletivamente o número de bactérias patogênicas.
Para que o probiótico seja efetivo, os seus microrganismos devem
sobreviver às condições naturais do trato gastrintestinal e estar presentes em
número suficiente (VASSALO et al., 1997).
Vários são os requisitos para que um microrganismo seja considerado
probiótico; entre eles, destacam-se a capacidade de se adaptar ao intestino do
hospedeiro, sobreviver à passagem pelo trato gastrintestinal, ter capacidade de
se estabelecer no intestino delgado, não deteriorar os alimentos que lhe
servirão de veículo, não apresentar patogenicidade, ser gram-positivo, ser
produtor de ácido e ser ácido resistente, apresentar especificidade ao
hospedeiro, apresentar excreção de fator anti E. coli, ser resistente à bile e ser
viável/estável (POZZA, 1998).
Em estudo com leitões de 10 a 30 kg recebendo rações com dois
diferentes probióticos, sendo um à base de Lactobacillus acidophilus,
Streptococcus faecium e Saccharomyces cerevisiae, e outro, à base de
Bacillus toyoi, VASSALO et al., (1997) verificaram melhora significativa no
ganho de peso com a inclusão de ambos, em relação ao tratamento-controle e
ao tratamento com antibiótico.
TOURNUT (1998), em sua revisão, verificou melhora no ganho de peso
diário de leitões alimentados com probiótico (levedura), em experimentos
realizados na França, Itália e Holanda.
SANTOS et al. (1998), utilizando probiótico na alimentação de leitões na
fase de aleitamento e creche, não observaram diferença no desempenho e
incidência de diarréias, quando alimentados com dietas com ou sem probiótico,
mas verificaram maior altura das vilosidades intestinais nos animais
alimentados com probióticos.
O número de organismos fornecidos aos animais varia de 109 a 1012
unidades formadoras de colônia (UFC) por animal/dia, ou 106 a 107g-1 na dieta.
Poucos estudos sobre dosagem têm sido feitos. O número de microrganismos
fornecidos deve ser suficiente para que haja uma resposta eficiente do
hospedeiro. Sabe-se que dosagens elevadas podem trazer problemas
digestivos para humanos, o que não foi verificado em suínos (JONSSON e
CONWAY, 1992).
Quando se fala em dosagem suficiente de bactérias para colonização do
intestino delgado, deve-se considerar certa perda, que ocorre quando da
passagem destas no estômago, e diluição, onde ocorrem secreções digestivas
(3 a 6 vezes o volume). Estudos feitos por JONSSON et al. (1985) em suínos,
utilizando cânulas nas partes anterior e posterior do intestino delgado,
mostraram que o número de Lactobacillus por grama de digesta é entre 4 a 15
vezes maior no íleo, comparado ao número encontrado na parte anterior do
intestino delgado.
De acordo com JONSSON e CONWAY (1992), para se cobrir a parede
do intestino delgado de um leitão recém-nascido, haveria necessidade de 1011
bactérias láticas.
2.5. Prebióticos na alimentação de suínos
O termo prebiótico foi empregado por GIBSON e ROBERFROID, em
1995, para designar "ingredientes nutricionais não digeríveis que afetam
beneficamente o hospedeiro, estimulando seletivamente o crescimento e
atividade de uma ou mais bactérias benéficas do cólon, melhorando a saúde do
seu hospedeiro".
Para que um composto seja considerado prebiótico não deve ser
metabolizado ou absorvido durante a sua passagem pelo trato digestório; deve
servir como substrato a uma ou mais bactérias intestinais benéficas (estas
serão estimuladas a crescer e/ou a se tornarem metabolicamente ativas); deve
possuir a capacidade de alterar a microbiota intestinal de maneira favorável à
saúde do hospedeiro e deve induzir efeitos benéficos sistêmicos na luz
intestinal do mesmo (MENTEN, 2001).
As substâncias prebióticas agem, alimentando e estimulando o
crescimento de diversas espécies de bactérias intestinais benéficas, cujos
metabólitos atuam, também reduzindo o pH através do aumento da quantidade
de ácidos orgânicos presentes nos cecos. Por outro lado, atuam bloqueando os
sítios de aderência (principalmente a D-manose), imobilizando e reduzindo a
capacidade de fixação de algumas bactérias patogênicas na mucosa intestinal.
Especula-se, também, haver estímulo do sistema imune, através da redução
indireta da translocação intestinal por patógenos, que determinariam infecções
após atingir a corrente sangüínea (SAVAGE et al. 1996).
Os prebióticos são naturalmente encontrados nos alimentos e são aptos
a atender os critérios para serem considerados como tais. Alguns peptídeos e
proteínas presentes no leite e em vegetais são reconhecidamente
(parcialmente) indigeríveis e apresentam alguns efeitos benéficos, facilitando a
absorção intestinal de cátions (Ca e Fe) e estimulando o sistema imune
(MACFARLANE e CUMMINGS, 1991).
Carboidratos indigeríveis incluem componentes mistos como amidos
resistentes, polissacarídeos não amiláceos (polissacarídeos da parede celular
de plantas, hemicelulose, pectina) e oligossacarídeos indigeríveis (DELZENNE
e ROBERFROID, 1994). Entretanto, apesar de poderem ser chamados de
alimentos funcionais, alguns não podem ser classificados como prebióticos
(amidos resistentes, polissacarídeos não amiláceos, polissacarídeos da parede
celular de plantas, hemicelulose, pectina e glucoligossacarídeos) (GIBSON e
ROBERFROID,1995).
Os animais necessitam de um período de adaptação, quando da
ingestão de prebióticos, até que os resultados possam ser observados.
HOUDIJK et al. (1998) observaram que leitões alimentados com rações
contendo prebióticos tiveram menor ingestão diária de matéria seca nas
primeiras três semanas do experimento, mas não observaram diferença
estatística no período total de seis semanas do experimento em relação aos
animais alimentados com e sem prebióticos, sendo o consumo de matéria seca
dos animais alimentados com prebióticos maior na quarta e na sexta semana
em relação ao grupo controle.
Apesar de existirem poucas informações sobre os efeitos dos prebióticos
no organismo animal, pode-se dizer que dietas contendo oligossacarídeos
indigeríveis afetam de forma intensa as características físico-químicas do
conteúdo gastrintestinal. Em oposição a isto, a inclusão de Frutoligossacarídeo
(FOS) numa concentração de 15g/kg de ração não afetou as concentrações de
ácidos graxos voláteis no conteúdo do intestino grosso (cólon) de suínos em
crescimento (FARNWORTH et al., 1992). Da mesma forma, a inclusão de
oligossacarídeos não digeríveis na concentração de 2g/kg na ração não afetou
as concentrações de ácidos graxos, pH e ácido lático do conteúdo estomacal,
íleo e cólon de leitões em aleitamento (BOLDUAN et al., 1993; GABERT et al.,
1995). Entretanto, a dieta controle utilizada nesses experimentos foi à base de
trigo, cevada e soja. Estes ingredientes contêm níveis consideráveis de
oligossacarídeos não digeríveis, mascarando seus efeitos.
Os resultados experimentais obtidos por MATHEW et al., (1993), que
adicionaram 1% de galactanas, e por GEBBINK et al., (2000), que adicionaram
5% de FOS em dietas para leitões recém-desmamados, demonstraram a ação
efetiva destes compostos no aumento da população de bactérias lácticas,
redução do pH e diminuição na contagem de E. coli.
Apesar dos efeitos benéficos observados quando da adição de
prebióticos na alimentação animal, ainda existem muitos resultados
conflitantes, exigindo um maior número de pesquisas nessa área, a fim de se
obter resultados mais consistentes. DOS SANTOS et al. (2003), utilizando
leitões desmamados aos 21 dias de idade, recebendo rações contendo níveis
crescentes de manose (0,0%, 0,02%, 0,10% e 0,20%), não observaram
diferença estatística com o grupo-controle (antibiótico) em relação ao ganho de
peso, consumo de ração, conversão alimentar, pH do conteúdo estomacal e
cecal, o mesmo acontecendo com o peso absoluto e relativo do fígado,
pâncreas e baço.
Os resultados obtidos por FARNWORTH et al. (1992), GABERT et al.
(1994) e ORBAN et al. (1997), em experimentos com leitões, demonstraram
que nem sempre a ingestão de compostos com potencial ação prebiótica causa
mudanças na microbiota e no pH do trato digestório. Este fato pode estar
relacionado às diferenças de composição da microbiota entre as espécies
animais, às diferenças na estrutura química e propriedades físico-químicas ou
à variação na percentagem de compostos prebióticos presentes ou adicionados
à dieta.
SILVA e NÖRNBERG (2003), realizando uma compilação de dados,
observaram que a adição de prebióticos às dietas varia de 0,1 a 5%, o que,
provavelmente, também influencia no tipo de resposta obtida. Eventuais
subdoses podem causar efeito limitado ou nulo sobre a microbiota. Já uma
superdosagem pode provocar um desequilíbrio sobre as populações
microbianas.
As condições do lúmen e das paredes intestinais do hospedeiro também
podem culminar em respostas distintas na utilização de prebióticos, bem como
a presença de bactérias degradadoras dos compostos testados como
prebióticos nos diferentes compartimentos do trato digestório (MOSENTHIN e
BAUER, 2000; VAN LAERE, 2000).
Fornecendo 40g/dia de diferentes prebióticos para leitões, HOUDIJK
(1998) constatou que mais de 90% do FOS foram degradados pré-cecalmente,
enquanto para TOS (Transgalactoligossacarídeo) este valor foi de 30%, o
restante ficou disponível para as populações bacterianas do intestino grosso.
Estes resultados demonstram que, dependendo do tipo de composto e da
variação na população microbiana presente no trato digestório, a fermentação
poderá ocorrer em locais específicos do trato, o que levanta a hipótese de que
o uso combinado de compostos pode potencializar e prolongar o efeito
prebiótico no organismo animal.
Os prebióticos também podem causar modificações benéficas nas
características morfológicas do trato digestório, promovendo o aumento na
área de absorção da mucosa intestinal. HOWARD et al. (1993) observaram
aumento na densidade celular (número de células/cripta) e no número de
células marcadas com 5-bromo-2-deoxipiridina (número/cripta) da mucosa
cecal de leitões que tiveram adição de FOS em suas dietas. Neste tratamento,
também foram observados maior comprimento das criptas, maior zona de
proliferação (células marcadas/densidade celular), maior número e
comprimento de células marcadas das partes proximal e distal do cólon,
quando comparado ao controle.
A combinação probiótico e prebiótico, também chamada de simbiótico é
um potencial pró-nutriente que pode ser definido como a mistura de probióticos
e prebióticos que afetam beneficamente o hospedeiro, aumentando a
sobrevivência e implantação de microrganismos vivos, através da dieta, no
trato gastrintestinal, estimulando seletivamente o crescimento e/ou ativando o
metabolismo de um ou um número limitado de bactérias benéficas, melhorando
o desempenho do hospedeiro (GIBSON e ROBERFROID,1995).
A execução do presente trabalho se justifica por ainda existirem muitos
resultados contraditórios em relação à utilização de diferentes pró-nutrientes na
alimentação de leitões.
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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4. TRABALHOS
Os trabalhos descritos a seguir foram elaborados de acordo com as
normas da Revista Brasileira de Zootecnia.
ÁCIDOS ORGÂNICOS NA ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES DESMAMADOS
Resumo – Objetivou-se com este trabalho estudar os efeitos de níveis de ácidos
orgânicos e antibiótico sobre o desempenho e a altura das vilosidades intestinais de
leitões. Foram utilizados 60 leitões desmamados aos 21 dias de idade, com peso médio
de 5,65 + 0,79 kg, distribuídos em um delineamento experimental de blocos
casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições com três animais cada. Os
tratamentos testados foram: T1 – ração-referência (sem pró-nutriente); T2 – ração-
referência + 56 ppm de antibiótico (Neomicina); T3 – ração- referência + 0,2% de
ácidos orgânicos (300 g de ácido benzóico, 100 g de ácido fumárico, 100 g de ácido
cítrico e 85 g de ácido fosfórico); T4 – ração-referência + 0,4% de ácidos orgânicos e
T5 - ração referência + 0,6% de ácidos orgânicos. Foram avaliados o consumo de ração
diário, o ganho de peso diário e a conversão alimentar no período inicial (21 a 42 dias
de idade), final (42 a 63 dias de idade) e total (21 a 63 dias de idade). No final do
experimento, foi abatido um animal por baia para coleta de segmentos do intestino
delgado, para avaliação da altura das vilosidades intestinais. Os animais alimentados
com as rações contendo antibiótico apresentaram melhor ganho médio de peso diário
durante o período total de experimento. Os demais itens de desempenho e altura das
vilosidades intestinais avaliados não sofreram alterações estatísticas durante os períodos
experimentais avaliados.
Palavras-chave: desempenho, nutrição de suínos, pró-nutrientes, vilosidades intestinais
Organic acids in the feed of weaned pigs
Abstract – The purpose of this work was to study the effects of organic acids
level and antibiotic on the performance and height of intestinal vilosity of pigs weaned
at the age of 21 days. One completely randomized block design experiment was carried
out during 42 days to compare five treatments: T1- reference ration (without pro-
nutrient); T2- reference ration + 56 ppm of antibiotic (Neomicyn); T3- reference ration
+ 0,2% of organic acids (300 g of benzoic acid, 100 g of fumaric acid, 100 g of citric
acid and 85 g of phosphoric acid); T4- reference ration + 0,4% of organic acids and T5-
reference ration + 0,6% of organic acids. In the experiment sixty 21-d-weaned pigs with
initial weight of 5,65 + 0,79 Kg were allotted in 20 pens, each one with three pigs and
four replications per treatment. Data on mean daily feed intake, mean daily weight gain
and feed conversion on the initial period (21-42 days of age), final period (42-63 days
of age) and total period (21-63 days of age), were collected. On 42th day of experimental
period (63 days of age), one animal of each pen was slaughtered to collect the content of
the small intestine for evaluation of the intestinal vilosity height. The animals fed ration
containing antibiotic presented better daily mean weight during the total period of the
experiment. The other performance data and intestinal vilosity height evaluated did not
suffer any statistical change during the experimental periods evaluated.
Key-words: performance, pro-nutrients, intestinal vilosity, swine nutrition
INTRODUÇÃO
A produção de suínos, atualmente, é uma das atividades mais dinâmicas do setor
pecuário mundial, o que faz com que a atividade cresça e se desenvolva de forma
acelerada, pois aspectos como o melhoramento genético, nutrição, condições ambientais
e etológicas, manejo, programas de limpeza e desinfecção não param de se desenvolver,
contribuindo para o elevado desempenho dos animais e ótima qualidade de carcaça.
Os gastos com a alimentação representam cerca de 70% do custo total na
produção de suínos; por isso, a intensa preocupação de se elaborar rações cada vez mais
digestíveis para cada fase da criação. Com o intuito de melhorar o aproveitamento dos
nutrientes pelo trato digestório, através da diminuição da população de microrganismos
patogênicos, já há algumas décadas, vêm sendo utilizadas nas rações algumas
substâncias hoje chamadas de pró-nutrientes.
Os antibióticos foram os primeiros aditivos a serem utilizados e proporcionaram
ótimos resultados, tendo o seu uso crescido de maneira rápida e descontrolada.
Depois de muitos anos de uso dos aditivos antimicrobianos na alimentação
animal, esses produtos passaram a ser vistos como fatores de risco para a saúde humana,
e a continuidade de seu uso sofreu contestações em duas frentes: presença de resíduos
na carne, podendo provocar hipersensibilidades, por um lado, e indução de resistência
cruzada entre bactérias patogênicas de humanos, por outro.
Mesmo sem conclusões definitivas, o mercado consumidor exige cada vez mais
uma carne produzida sem a utilização de antibióticos. Por isso, muitos países da União
Européia, os EUA e o Japão, já proibiram a utilização de todos os antibióticos na
alimentação animal. O Brasil, sendo um dos quatro maiores produtores de carne suína
do mundo e um dos principais exportadores desse produto para países da Europa e
Rússia, deve adaptar-se imediatamente a esta condição, buscando alternativas ao
antibiótico utilizado nas rações.
Os ácidos orgânicos têm sido uma das alternativas mais promissoras, em
substituição aos antibióticos, principalmente em rações para leitões. Esses produtos têm
sido utilizados há décadas na preservação de alimentos, contra deterioração microbiana
e fúngica.
No início, era tido como certo que os ácidos orgânicos agiam diminuindo o pH
do trato digestório dos suínos, derivando daí todos os efeitos: redução da diarréia, maior
consumo de alimento, maior ganho de peso e conversão alimentar.
Alguns autores ainda continuam explicando os efeitos dos ácidos orgânicos com
base em sua atividade fisiológica em suínos (Gauthier, 2006).
Sabe-se que os ácidos orgânicos, procedentes da fermentação bacteriana
intestinal ou que se suplementam diretamente à ração, têm efeitos antibacterianos
importantes. O efeito antibacteriano dos ácidos orgânicos é extremamente complexo,
mas, apesar de sua variada estrutura química, parece que estes possuem um modo de
ação comum. Os ácidos orgânicos não dissociados podem difundir-se passivamente
através da parede celular das bactérias, dissociar-se, quando o pH interno é superior à
constante de dissociação (pKa), e promover a diminuição do pH interno. Os íons H+
fazem com que se reduza o pH interno, e isto é incompatível com certas classes de
bactérias que não toleram um gradiente significativo de pH em ambos os lados da
membrana. Neste caso, coloca-se em uso um mecanismo de resistência que tem reação
frente a esse tipo de estresse celular, onde os prótons são “bombeados” para fora da
bactéria, por ação da bomba ATPase. Este fenômeno consome energia e esgota
completamente a bactéria. Para que os ácidos orgânicos possam difundir-se para fora da
célula bacteriana, é necessário que estejam em sua forma não dissociada. Dependendo
do pH interno, acumulam-se internamente os ânions, modificam a pressão osmótica
interna e são tóxicos para a bactéria, interrompendo a síntese de ácido nucléico,
bloqueando as reações enzimáticas e alterando o transporte através da membrana
(Gauthier, 2006).
Experimentos com suínos mostraram os efeitos positivos dos ácidos orgânicos
utilizados em sua alimentação, no que diz respeito ao desempenho desses animais
(Partanen & Mroz, 1999). Alguns experimentos têm mostrado um melhor efeito dos
ácidos orgânicos em leitões, em relação ao desempenho destes, por estarem mais
propensos a distúrbios intestinais, resultando em diarréias, principalmente por ação de
E. coli (Gabert & Sauer, 1994, Roth & Kirchgessner, 1998).
Um dos maiores problemas enfrentados pelos leitões é uma produção
insuficiente de ácido clorídrico e enzimas digestivas. Este problema se agrava quando
do fornecimento da ração pré-inicial com alto teor de proteína bruta (Eidelsburger,
1997). A acidificação da dieta aumenta a proteólise gástrica e melhora a digestibilidade
de proteínas e aminoácidos (Roth & Kirchgessner, 1998).
A crescente preocupação do mercado consumidor em adquirir produtos de
melhor qualidade tem feito com que muitas pesquisas à procura de pró-nutrientes
alternativos ao antibiótico se intensifiquem. Os ácidos orgânicos surgem, então, como
excelente alternativa, visando à melhoria do desempenho de leitões na fase de creche.
Este estudo foi elaborado com o objetivo de avaliar o desempenho e a altura das
vilosidades intestinais de leitões desmamados alimentados com rações contendo
diferentes níveis de ácidos orgânicos.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Suinocultura do Núcleo de Apoio à
Pesquisa do LZNA/CCTA/UENF, situado na E.E.T.A. Antônio Sarlo, em Campos dos
Goytacazes, RJ.
Foram utilizados 60 leitões mestiços (Pietrain X fêmeas híbridas), machos
castrados e fêmeas, desmamados aos 21 dias de idade, com peso inicial médio de 5,65 +
0,79 kg, distribuídos em delineamento de blocos casualizados com cinco tratamentos,
quatro repetições e três animais por repetição. O experimento teve duração de 42 dias,
subdivididos em dois períodos de 21 dias, dos 21 aos 63 dias de idade em duas subfases:
dos 21 aos 42 dias e dos 42 aos 63 dias de idade.
Os animais foram alojados em baias de 1,80m X 2,00m, com piso de concreto,
dotadas de comedouro semi-automático e bebedouro tipo chupeta, localizadas em
galpão de alvenaria, coberto com telhas de cimento amianto.
A temperatura foi verificada diariamente, com uso de termômetro de máxima e
mínima, localizado em uma baia vazia, a meia altura dos animais. As temperaturas
mínimas e máximas, durante o período experimental, variaram de 23,79 0C + 1,60 a
32,89 0C + 3,80, respectivamente.
Os tratamentos foram:
T1- ração-referência (sem aditivo),
T2- ração-referência + antibiótico (Neomicina a 56 ppm),
T3- ração-referência + 0,2% de ácidos orgânicos,
T4- ração-referência + 0,4% de ácidos orgânicos e
T5- ração-referência + 0,6% de ácidos orgânicos.
Foi utilizado um composto de ácidos orgânicos, constituído de ácido benzóico
(51%), ácido fumárico (17%), ácido cítrico (17%) e ácido fosfórico (14,5%).
Os animais receberam duas dietas basais: pré-inicial (21 a 42 dias de idade) e
inicial (42 a 63 dias de idade). As rações experimentais (Tabela 1) foram formuladas
utilizando-se milho, farelo de soja, leite em pó e açúcar, suplementadas com minerais,
vitaminas e aminoácidos sintéticos, para atender às exigências nutricionais propostas
por Rostagno et al. (2005). Os ácidos orgânicos e o antibiótico foram adicionados às
rações em substituição ao inerte.
O fornecimento das rações experimentais deu-se da seguinte forma: nos
primeiros 21 dias do período experimental, os animais receberam as rações
experimentais. Nos 21 dias seguintes, os animais que receberam as rações contendo os
diferentes níveis de ácidos orgânicos passaram a receber a mesma ração com adição de
0,2% de ácidos orgânicos, sendo que foram mantidos os mesmos animais nas mesmas
unidades experimentais e os tratamentos-controle (ração-referência e ração-referência +
antibiótico).
Foram avaliadas as seguintes características: consumo de ração, ganho de peso e
conversão alimentar, em cada período de 21 dias e no período total. No final do
experimento, foi abatido um animal por unidade experimental (baia), para coleta dos
segmentos do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), para avaliação da altura das
vilosidades intestinais.
As vilosidades do intestino foram avaliadas microscopicamente, fixando-se o
material em formol de acordo com a técnica descrita pela AFIP (1994), no Setor de
Morfologia e Anatomia Patológica do LSA/CCTA/UENF.
Foram confeccionadas 15 lâminas por tratamento, e, em cada uma, foram
realizadas medições (comprimento em linha reta, de acordo com unidade adotada - µm)
de cinco vilosidades bem orientadas do duodeno, jejuno e íleo, utilizando-se o programa
computacional Analisys.
Os dados de desempenho e altura das vilosidades intestinais obtidos no
experimento foram submetidos à análise de variância, sendo as variáveis analisadas
estatisticamente, com uso do pacote computacional SAEG (Sistema para Análises
Estatísticas e Genéticas), desenvolvido pela UFV (2000).
Tabela 1. Composição percentual e valores calculados de nutrientes das rações pré-iniciais (21 a 42 dias) e iniciais (42 a 63 dias de idade)
Table 1. Percentage composition and calculated values of nutrients of pre-starter (21-42 days) and starter (42-63 days of age)
Ingredientes, % Ingredients
Pré-inicial Pre-starter
Inicial Starter
Milho moído (Corn) 50,13 67,95
Farelo de soja (Soybean meal) 33,39 26,50
Leite em pó (Dried milk) 5,00 -
Açúcar (Sugar) 5,00 -
Fosfato bicálcico (Dicalcium phosphate) 1,40 1,55
Calcário calcítico (Limestone) 0,70 0,65
Óleo de soja (Soybean oil) 2,24 2,00
Sal comum (Salt) 0,35 0,43
Suplemento vitamínico1 (Vitamin premix) 0,40 0,40
Suplemento mineral2 (Mineral premix) 0,24 0,24
Inerte (Inert) 0,60 0,20
L-lisina HCL 78% (L-lysine) 0,30 0,075
DL-metionina 99% (DL-methionine) 0,15 -
L-treonina 98,5% (L-threonine) 0,10 -
Total (Total) 100,00 100,00
Composição calculada Calculated value
Proteína bruta (CP), % 20,60 18,10
EM (ME), Kcal/Kg 3.282,00 3.242,00
Ca, % 0,80 0,73
P disponível, % (Available P) 0,41 0,40
Lisina digestível, % (Digestible lysine) 1,28 0,85
Metionina digestível (Digestible methionine) 0,46 0,27
Met + Cis digestível (Digestible Met +Cis) 0,75 0,53 1Quantidades por Kg do produto (Supplemented amounts per Kg of the product): vit. A, 4000 UI; vit. D3, 700
UI; vit. E 10000 UI; vit. K3 1,5 mg; B1, 500 mg; B2, 2000 mg, B6; 700 mg; B12, 9000 mg; ácido fólico (folic
acid), 500 mg; niacina (niacin), 11500 mg, ácido pantotênico (pantothenic acid), 6000 mg; Biotina (biotin), 60
mg; colina (colin), 105000 mg; antioxidante (antioxidant), 5000 mg. 2Quantidades supridas por Kg do produto
(Supplemented amounts per Kg of the product): Fe, 45000 mg; Cu, 37000 mg; Co, 300 mg; I, 800 mg; Mn,
25000 mg; Zn, 35000 mg; Se, 120 mg.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de desempenho nas fases inicial (21 a 42 dias), final (42 a 63 dias)
e total (21 a 63 dias de idade) são apresentados nas Tabelas 2, 3 e 4, respectivamente.
Os resultados obtidos de altura das vilosidades intestinais são apresentados na
Tabela 5.
Tabela 2. Dados de consumo de ração diário (CRI), ganho de peso diário (GPI) e
conversão alimentar (CAI) dos leitões, no período inicial (21 a 42 dias de
idade) Table 2. Values of daily feed intake, daily weight gain and feed conversion on the initial period (21-42 days of
age)
Tratamentos (Treatments)1 CRI
(Kg)
GPI
(Kg)
CAI
(Kg/Kg)
T1-Ração-referência (Reference ration), R 0,313 0,198 1,65
T2-R + Antibiótico (R + antibiotic) 0,352 0,247 1,43
T3-R + 0,2% Ácidos orgânicos (R + 0,2% organic
acids)
0,297 0,187 1,58
T4-R + 0,4% Ácidos orgânicos (R + 0,4% organic
acids)
0,342 0,242 1,42
T5-R + 0,6% Ácidos orgânicos (R + 0,6% organic
acids)
0,338 0,230 1,48
CV (Coefficient of variation), % 9,99 14,10 9,24 1Não houve diferença (P>0,05) pelo teste F. 1No difference was detected (P>0,05) by test F.
Tabela 3. Dados de consumo de ração diário (CRF), ganho de peso diário (GPF) e
conversão alimentar (CAF) dos leitões no período final (42 a 63 dias de
idade) Table 3. Values of daily feed intake, daily weight gain and feed conversion on the final period (42-63 days of age)
Tratamentos (Treatments)1 CRF (Kg) GPF (Kg) CAF (Kg)
T1-Ração-referência (Reference ration), R 0,900 0,527 1,71
T2-R + Antibiótico (R + antibiotic) 1,060 0,616 1,73
T3-R + 0,2% Ácidos orgânicos (R + 0,2% organic acids) 0,970 0,557 1,74
T4-R + 0,2% Ácidos orgânicos (R + 0,2% organic acids) 0,994 0,557 1,79
T5-R + 0,2% Ácidos orgânicos (R + 0,2% organic acids) 0,994 0,573 1,74
CV (Coefficient of variation), % 8,45 8,43 7,23 1Não houve diferença (P>0,05) pelo teste F. 1No difference was detected (P>0,05) by test F.
Tabela 4. Dados de consumo de ração diário (CRT), ganho de peso diário (GPT) e
conversão alimentar (CAT) dos leitões no período total (21 a 63 dias de idade) Table 4. Values of daily feed intake, daily weight gain and feed conversion on the total period (21-63 days of age)
Tratamentos (Treatments) CRT (Kg) GPT (Kg)1 CAT
T1-Ração-referência (Reference ration), R 0,608 0,342ª 1,67
T2-R + Antibiótico (R + antibiotic) 0,707 0,432b 1,64
T3-R + 0,2% Ácidos orgânicos (R + 0,2% organic acids) 0,634 0,372ab 1,70
T4-R + 0,4% Ácidos orgânicos (R + 0,4% organic acids) 0,670 0,401ab 1,67
T5-R + 0,6% Ácidos orgânicos (R + 0,6% organic acids) 0,668 0,398ab 1,67
CV (Coefficient of variation), % 7,48 8,91 6,02 1 Letras diferentes na coluna diferem (P<0,05) significativamente pelo teste de Tukey. 1 Values with different subscript in each column differ (P,0,05) by Tukey test.
Tabela 5. Dados de altura das vilosidades e coeficiente de variação (CV) do duodeno,
jejuno e íleo de leitões alimentados com os diferentes tipos de rações. Table 5. Values of vilosity height of duodenum, jejunum and ileum of weanling pigs fed different
rations.
Tratamentos (Treatments)1 Duodeno Jejuno Íleo
T1-Ração-referência (Reference ration), R 256,25 280,00 256,50
T2-R + Antibiótico (R + antibiotic) 232,25 267,25 288,25
T3-R + 0,2% Ácidos orgânicos (R + 0,2% organic acids) 323,25 285,50 318,75
T4-R + 0,4% Ácidos orgânicos (R + 0,4% organic acids) 294,75 302,00 251,00
T5-R + 0,6% Ácidos orgânicos (R + 0,6% organic acids) 257,00 273,00 286,00
CV (Coefficient of variation), % 15,63 16,12 16,91 1Não houve diferença (P>0,05) pelo teste F. 1No difference was detected (P>0,05) by test F.
No período inicial (21 a 42 dias) e final (42 a 63 dias de idade), não foram
observadas diferenças estatísticas (P>0,05) entre os tratamentos, para consumo médio
de ração diário, ganho médio diário de peso e conversão alimentar. Estes resultados
estão de acordo com aqueles obtidos por Araújo et al. (2001), quando utilizaram
acidificantes para leitões desmamados. Por outro lado, estes resultados diferem dos
obtidos por Kluge et al. (2006), Boling et al. (2000), Maribo et al. (2000), Partanen &
Mroz (1999), Roth e Kirchgessner (1998) e Gabert & Sauer (1994), que verificaram
melhores taxas de consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar em leitões
desmamados, quando utilizaram ácido orgânico na alimentação.
O consumo diário de ração não foi influenciado pelos tratamentos em qualquer
dos períodos avaliados (P>0,05). Entretanto, os resultados mostraram evidência de
efeito benéfico da utilização de ácidos orgânicos ou antibiótico. Os animais alimentados
com as rações contendo ácidos orgânicos e antibiótico apresentaram aumento não
significativo de 15,63%, 15,1% e 14%, nos períodos de 21 a 42, 42 a 63 e 21 a 63 dias
de idade, respectivamente, em relação ao controle. O ganho diário de peso no período
inicial (21 a 42 dias de idade) não foi afetado (P>0,05) pelos tratamentos. Entretanto,
pôde-se observar relativa melhora de ganho de peso nos animais alimentados com ração
contendo antibiótico (19,84%) e 0,4% de ácidos orgânicos (18,18%) em relação aos
animais do grupo-controle (sem pró-nutriente).
Também não foram observadas diferenças estatísticas (P>0,05) entre os
tratamentos no período final (42 a 63 dias de idade) em relação ao ganho médio diário
de peso. Apesar da semelhança estatística, observaram-se melhoras de 14,45% e 8,03%
no ganho médio diário de peso, nos animais alimentados com ração contendo
antibiótico e 0,6% de ácidos orgânicos em relação ao grupo-controle.
Houve diferença estatística (P<0,05) entre tratamentos em relação ao ganho
médio diário de peso no período total de experimento (21 a 63 dias de idade). Os
animais alimentados com ração contendo antibiótico apresentaram maior ganho de peso
em relação aos animais que receberam a ração-referência sem adição de pró-nutrientes.
Entretanto, não se observou diferença estatística (P>0,05) entre os tratamentos onde os
animais receberam ração contendo ácidos orgânicos e aqueles que receberam ração
contendo antibiótico e ração-referência.
Em relação à conversão alimentar, não foram observadas diferenças estatísticas
(P>0,05) entre os tratamentos utilizados em todos os períodos experimentais. Apesar
desta situação, pode-se observar melhorias de até 13,94% na conversão alimentar de
animais alimentados com 0,4% de ácidos orgânicos em relação aos animais do grupo-
controle (sem pró-nutrientes) no período inicial (21 a 42 dias de idade).
A altura das vilosidades do duodeno, jejuno e íleo dos animais alimentados com
os diferentes tipos de rações não diferiu estatisticamente (P>0,05). Os animais
alimentados com rações contendo ácidos orgânicos apresentaram os maiores valores de
alturas de vilosidades no duodeno, jejuno e íleo, apesar de não diferirem
estatisticamente.
Estes resultados podem estar associados principalmente ao fato de os leitões
terem sido criados num ambiente de baixo desafio sanitário e por serem pertencentes à
Universidade, onde os cuidados com limpeza e desinfecção são melhores. Além disso, o
número total de animais alocados nesse setor era muito inferior ao encontrado em
granjas comerciais de suínos.
CONCLUSÕES
A utilização de antibiótico melhorou o ganho de peso no período total (21 a 42
dias de idade). Os outros dados de desempenho e altura das vilosidades intestinais não
sofreram influência da utilização de pró-nutrientes na ração de leitões desmamados.
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PROBIÓTICO E PREBIÓTICO NA ALIMENTAÇÃO DE LEITÕES
DESMAMADOS
Resumo – Objetivou-se com este trabalho estudar os efeitos de probiótico,
prebiótico e antibiótico sobre o desempenho e a altura das vilosidades intestinais de
leitões desmamados aos 21 dias de idade. Foi realizado um experimento em
delineamento de blocos casualizados, nos quais foram testados, durante 42 dias, quatro
tratamentos: T1-ração-referência (sem pró-nutriente); T2-ração-referência + 0,01% de
antibiótico (Tilosina); T3-Ração-referência + probiótico (Bacillus subtillis) e T4-Ração-
referência + prebiótico (Mananoligossacarídeo). Foram utilizados 64 leitões,
desmamados aos 21 dias de idade, com peso inicial médio de 7,85 + 1,10 kg, alocados
em 16 baias, cada uma com quatro leitões, no período inicial (21 a 42 dias de idade) e
três no período final (42 a 63 dias de idade), sendo quatro repetições por tratamento.
Foram avaliados o consumo de ração diário, o ganho de peso diário e a conversão
alimentar no período inicial (21 a 42 dias de idade), final (42 a 63 dias de idade) e total
(21 a 63 dias de idade). No final do experimento, foi abatido um animal por baia, para
coleta de segmentos do intestino delgado, para avaliação da altura das vilosidades
intestinais. Os animais alimentados com as rações contendo antibiótico, probiótico e
prebiótico não tiveram seu desempenho melhorado (P>0,05) em relação aos animais do
grupo-controle. Os animais alimentados com ração contendo probiótico tiveram maiores
valores de altura das vilosidades duodenais em relação aos animais alimentados com
rações contendo prebiótico.
Palavras-chave: Bacillus subtillis, desempenho, mananoligossacarídeos, nutrição de
suínos, vilosidades intestinais.
Probiotic and prebiotic in the feed of weaned pigs
Abstract – The purpose of this work was to study the effects of probiotic,
prebiotic and antibiotic on the performance and height of intestinal vilosity of pigs
weaned at the age of 21 days. One completely randomized block design experiment was
carried out during 42 days to compare four treatments: T1–reference ration (without
pro-nutrient); T2–reference ration + 0,01% of antibiotic (Tylosin); T3-reference ration +
probiotic (Bacillus subtillis) and T4-reference ration + prebiotic
(mananoligosaccharides). In the experiment sixty four 21-d-weaned pigs with the initial
weight of 7,85 + 1,10 Kg were allotted in 16 pens, each one with four pigs on the initial
period (21-42 days of age) and three on the final period (42-63 days of age) and four
replications per treatment. Data on daily feed intake, daily weight gain and feed
conversion were evaluated on the initial period (21-42 days of age), final period (42-63
days of age) and total period (21-63 days of age). At 42th day of experimental period (63
days of age), one animal of each pen was slaughtered to collect the content of the small
intestine for evaluation of the intestinal vilosity height. The animals fed ration with
probiotic had higher intestinal vilosity than the others. The animals fed ration content
antibiotic, probiotic and prebiotic did not have better performance than the control
group.
Key-words: Bacillus subtillis, intestinal vilosity, mananoligosaccharides, performance,
swine nutrition.
INTRODUÇÃO
Em leitões, o período de desmame é caracterizado por altas incidências de
diarréias, e conseqüentemente, perda de peso e mortalidade alta, que são causados
principalmente por E. coli (Zeyner & Boldt, 2006). Este processo ainda se agrava com o
desmame precoce, que constitui uma prática muito importante na produção de suínos,
principalmente levando-se em consideração o fato de que a empresa suinícola visa ao
maior número de leitões desmamados/porca/ano, o que significa máxima produtividade
(Sanches et al., 2006).
Durante décadas os antibióticos vêm sendo utilizados na alimentação de leitões,
com o objetivo de se diminuírem os efeitos negativos do desmame precoce e melhorar o
desempenho. Os antibióticos utilizados em doses subterapêuticas atuam no trato
digestório dos leitões, no combate às bactérias patogênicas, responsáveis pelos
distúrbios gastrintestinais. Além disso, as bactérias patogênicas competem com o
hospedeiro, por nutrientes, que seriam utilizados para o seu melhor desempenho.
Recentemente, por pressão do mercado consumidor, que exige cada vez mais
produtos de melhor qualidade, a União Européia proibiu a utilização de antibióticos na
alimentação animal. Esta proibição está relacionada com a preocupação dos
consumidores, pelo fato de que os antibióticos poderiam promover o aparecimento de
bactérias patogênicas multirresistentes e, também, pela possibilidade de apresentarem
resíduos na carne e demais subprodutos animais.
Para poder continuar a participar do mercado de forma competitiva, o Brasil
deve adequar-se a essas exigências. Com este intuito, alguns pró-nutrientes alternativos
ao antibiótico, como os probióticos e prebióticos, vêm sendo testados na alimentação,
principalmente de leitões desmamados.
Os probióticos são organismos vivos que, adicionados às rações, atuam no trato
digestório dos animais de diversas maneiras: efeitos nutricionais (Leedle, 2000),
supressão da produção de amônia e neutralização de enterotoxinas (Jin et al., 1997),
estímulo ao sistema imune (Leedle, 2000) e exclusão competitiva (Menten, 2001). Os
prebióticos são constituintes nutricionais não digeríveis que, quando presentes no trato
digestório, afetam beneficamente o hospedeiro, estimulando seletivamente o
crescimento e a atividade de uma ou mais espécies de bactérias benéficas, melhorando a
saúde de seu hospedeiro (Gibson & Roberfroid, 1995). Segundo Fernandes et al. (2003),
os mananoligossacarídeos (MOS) são carboidratos complexos contendo D-manose.
Fazem com que bactérias patogênicas se adiram a este complexo, evitando a
colonização do epitélio intestinal. Além disso, os MOS podem contribuir para a
proliferação de bactérias benéficas e estimular a resposta imune (Ferket, 2002).
Embora alguns efeitos tenham sido demonstrados, há ainda grande
desconhecimento dos mecanismos envolvidos nos processos (Utiyama et al., 2006).
Este trabalho foi elaborado com o objetivo de demonstrar os efeitos da
utilização de probiótico e prebiótico na alimentação de leitões desmamados.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Suinocultura do Núcleo de Apoio à
Pesquisa do LZNA/CCTA/UENF, situado na E.E.T.A. Antônio Sarlo em Campos dos
Goytacazes, RJ.
Foram utilizados 64 leitões mestiços (Pietrain X fêmeas híbridas), machos
castrados e fêmeas, desmamados aos 21 dias de idade, com peso inicial médio de 7,85 +
1,10 kg, distribuídos em delineamento de blocos casualizados com quatro tratamentos,
quatro repetições e quatro animais por repetição (baia), até completarem 21 dias de
experimento (42 dias de idade), quando foi retirado um animal de cada baia, para se
respeitar a densidade ideal desta faixa de idade. O experimento teve duração de 42 dias
(21 aos 63 dias de idade), subdivididos em dois períodos de 21 dias cada. Os animais
foram alojados em baias de 1,80m X 2,00m, com piso de concreto, dotadas de
comedouro semi-automático e bebedouro tipo chupeta, localizadas em galpão de
alvenaria, coberto com telhas de cimento amianto.
A temperatura foi verificada diariamente, com uso de termômetro de máxima e
mínima, localizado em uma baia vazia, a meia altura dos animais. As temperaturas
mínimas e máximas, durante o período experimental, variaram de 18,7 0C + 2,60 a 32,1
0C + 4,5, respectivamente.
Os tratamentos foram:
T1- ração-referência (sem aditivo),
T2- ração-referência + antibiótico (Tilosina), 0,01%,
T3- ração- referência + Probiótico (Bacillus subtilis), 0,1% e
T4- ração-referência + Prebiótico (Mananoligossacarídeo), 0,2%.
Os animais receberam duas dietas basais: pré-inicial (21 a 42 dias de idade) e
inicial (42 a 63 dias de creche). As rações experimentais (Tabela 1) foram formuladas
utilizando-se milho, farelo de soja, leite em pó e açúcar, suplementadas com minerais,
vitaminas e aminoácidos sintéticos, atendendo às exigências nutricionais propostas por
Rostagno et al. (2005). O probiótico, prebiótico e o antibiótico foram adicionados às
rações em substituição ao inerte. Foram avaliadas as seguintes características: consumo
de ração, ganho de peso e conversão alimentar, em cada período de 21 dias e no período
total. No final do experimento, foi abatido um animal por baia, para coleta dos
segmentos do intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), para avaliação da altura das
vilosidades intestinais.
As vilosidades do intestino foram avaliadas microscopicamente, fixando-se o
material em formol, de acordo com a técnica descrita pela AFIP (1994), no Setor de
Morfologia e Anatomia Patológica do LSA/CCTA/UENF.
Foram confeccionadas 12 lâminas por tratamento e, em cada uma foram
realizadas medições (comprimento em linha reta, de acordo com unidade adotada - µm)
de cinco vilosidades bem orientadas do duodeno, do jejuno e do íleo, utilizando-se o
programa computacional Analisys. Os dados de desempenho e altura das vilosidades
intestinais obtidos no experimento foram submetidos à análise de variância, sendo as
variáveis analisadas estatisticamente, com uso do pacote computacional SAEG (Sistema
para Análises Estatísticas e Genéticas), desenvolvido pela UFV (2000).
Tabela 1. Composição percentual e valores calculados de nutrientes das rações pré-iniciais (21 a 42 dias) e iniciais (42 a 63 dias de idade)
Table 1. Percentage composition and calculated values of nutrients of pre-starter (21-42 days) and starter (42-63 days of age)
Ingredientes, % Ingredients
Pré-inicial Pre-starter
Inicial Starter
Milho moído (Corn) 50,13 67,95
Farelo de soja (Soybean meal) 33,39 26,50
Leite em pó (Dried milk) 5,00 -
Açúcar (Sugar) 5,00 -
Fosfato bicálcico (Dicalcium phosphate) 1,40 1,55
Calcário calcítico (Limestone) 0,70 0,65
Óleo de soja (Soybean oil) 2,24 2,00
Sal comum (Salt) 0,35 0,43
Suplemento vitamínico1 (Vitamin premix) 0,40 0,40
Suplemento mineral2 (Mineral premix) 0,24 0,24
Inerte (Inert) 0,60 0,20
L-lisina HCL 78% (L-lysine) 0,30 0,075
DL-metionina 99% (DL-methionine) 0,15 -
L-treonina 98,5% (L-threonine) 0,10 -
Total (Total) 100,00 100,00
Composição calculada Calculated value
Proteína bruta (CP), % 20,60 18,10
EM (ME), Kcal/Kg 3.282,00 3.242,00
Ca, % 0,80 0,73
P disponível, % (Available P) 0,41 0,40
Lisina digestível, % (Digestible lysine) 1,28 0,85
Metionina digestível (Digestible methionine) 0,46 0,27
Met + Cis digestível (Digestible Met +Cis) 0,75 0,53 1Quantidades supridas por Kg do produto (Supplemented amounts per Kg of the product): vit. A, 4000 UI; vit.
D3, 700 UI; vit. E 10000 UI; vit. K3 1,5 mg; B1, 500 mg; B2, 2000 mg, B6; 700 mg; B12, 9000 mg; ácido
fólico (folic acid), 500 mg; niacina (niacin), 11500 mg, ácido pantotênico (pantothenic acid), 6000 mg; Biotina
(biotin), 60 mg; colina (colin), 105000 mg; antioxidante (antioxidant), 5000 mg. 2Quantidades supridas por Kg
do produto (Supplemented amounts per Kg of the product): Fe, 45000 mg; Cu, 37000 mg; Co, 300 mg; I, 800
mg; Mn, 25000 mg; Zn, 35000 mg; Se, 120 mg.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de desempenho nas fases inicial (21 a 42 dias), final (42 a 63 dias)
e total (21 a 63 dias de idade), são apresentados nas Tabelas 2, 3 e 4, respectivamente.
Os resultados obtidos de altura das vilosidades intestinais são apresentados na
Tabela 5.
Tabela 2. Dados de consumo de ração diário (CRI), ganho de peso diário (GPI) e
conversão alimentar (CAI) do período inicial (21 a 42 dias de idade)1
Table 2. Values of daily feed intake, daily weight gain and feed conversion on the initial period(21-42 days of
age)1
Tratamentos (Treatments) CRI (Kg) GPI (Kg) CAI
T1-Ração-referência (Reference ration), R 0,388 0,221 1,74
T2-R + Antibiótico (R + antibiotic) 0,443 0,233 1,89
T3-R + Probiótico (R + probiotic) 0,450 0,252 1,81
T4-R + Prebiótico (R + prebiotic) 0,472 0,234 2,04
CV (Coefficient of variation), % 16,08 14,12 10,58 1Não houve diferença (P>0,05) pelo teste F. 1No difference was detected (P>0,05) by test F.
Tabela 3. Dados de consumo de ração diário (CRF), ganho de peso diário (GPF) e
conversão alimentar (CAF) do período final (42 a 63 dias de idade)1
Table 3. Values of daily feed intake, daily weight gain and feed conversion on the final period ( 42-63 days of
age)1
Tratamentos (Treatments) CRF (Kg) GPF (Kg) CAF
T1-Ração-referência (Reference ration), R 0,956 0,452 2,14
T2-R + Antibiótico (R + antibiotic) 0,936 0,408 2,28
T3-R + Probiótico (R + probiotic) 1,010 0,447 2,27
T4-R + Prebiótico (R + prebiotic) 0,904 0,404 2,23
CV (Coefficient of variation), % 10,23 11,08 5,82 1Não houve diferença (P>0,05) pelo teste F. 1No difference was detected (P>0,05) by test F.
Tabela 4. Dados de consumo de ração diário (CRT), ganho de peso diário (GPT) e
conversão alimentar (CAT) do período total (21 a 63 dias de idade)1
Table 4. Values of daily feed intake, daily weight gain and feed conversion on the total period (21-63 days of
age)1
Tratamentos (Treatments) CRT (Kg) GPT (Kg) CAT
T1-Ração-referência (Reference ration), R 0,647 0,352 1,85
T2-R + Antibiótico (R + antibiotic) 0,689 0,326 2,11
T3-R + Probiótico (R + probiotic) 0,728 0,356 2,05
T4-R + Prebiótico (R + prebiotic) 0,688 0,324 2,12
CV (Coefficient of variation), % 7,68 6,18 7,33 1Não houve diferença (P>0,05) pelo teste F. 1No difference was detected (P>0,05) by test F.
Tabela 5. Dados de altura das vilosidades e coeficiente de variação (CV) do duodeno,
jejuno e íleo de leitões alimentados com os diferentes tipos de ração. Table 5. Values of vilosity height of duodenum, jejunum and ileum of weanling pigs fed different rations.
Tratamentos (Treatments) Duodeno1 Jejuno Íleo
T1-Ração-referência (Reference ration), R 262,75AB 279,25 267,00
T2-R + Antibiótico (R + antibiotic) 256,75AB 234,50 279,50
T3-R + Probiótico (R + probiotic) 329,00A 259,50 302,75
T4-R + Prebiótico (R + prebiotic) 245,50B 290,75 261,75
CV (Coefficient of variation), % 12,92 13,71 18,58 1Médias seguidas de letras diferentes, diferem estatísticamente pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade 1Means followed by different letters, differ by Tukey test on 5% of probability.
Os dados de desempenho dos leitões alimentados com rações contendo
probiótico, prebiótico e antibiótico não diferiram (P>0,05) daqueles alimentados com
ração sem pró-nutriente. Esses resultados podem estar relacionados com o baixo desafio
sanitário sofrido pelos animais, já que estes foram alojados em instalações pertencentes
à Universidade, onde os manejos sanitário e profilático são mais criteriosos, além de
possuírem uma quantidade bem menor de animais que uma granja comercial de suínos.
Esses resultados estão de acordo com aqueles obtidos em várias pesquisas, nas
quais os autores não observaram melhora significativa no desempenho de leitões
desmamados, alimentados com rações contendo diferentes pró-nutrientes (probióticos e
prebióticos) e antibióticos (Sanches et al., 2006; Utiyama et al., 2006; Mikkelsen et al.,
2003 e Santos, 2002).
Desta mesma maneira Santos (1998), também observou que não houve diferença
significativa quando comparou o fornecimento de antibiótico e probiótico à base de
Lactobacillus sp. para leitões nas fases de aleitamento e creche.
Em contraste, Brendemuhl & Harvey (1999), fornecendo 0,2% de
mananoligossacarídeo para leitões dos 10 aos 28 Kg, observaram maior ganho de peso e
consumo de ração, quando comparado com o fornecimento de 0,1% de prebiótico.
Kosasa (1986), quando combinou a utilização de probiótico à base de Bacillus toyoi
com antibióticos, verificou aumento no ganho de peso e eficiência alimentar em leitões
desmamados.
Em experimentos realizados com leitões desmamados, Gebbink et al. (2000)
observaram que o ganho de peso dos animais mantidos em creches limpas, recebendo
dieta suplementada com Fosfoligossacarídeo (FOS), foi 9% superior ao tratamento-
controle, e, quando em creches sujas, os que receberam FOS tiveram uma eficiência
alimentar 14% superior aos tratamentos- controle e com antibiótico, evidenciando que o
nível de contaminação do ambiente influencia a resposta biológica obtida pela adição de
prebióticos à dieta.
Se os animais estão em condições não estressantes, supõe-se que a microbiota do
trato digestório esteja em condição de equilíbrio, ou seja, com ou sem fornecimento de
pró-nutrientes, as respostas obtidas serão muito semelhantes. No entanto, quando em
condições de estresse (ventilação deficiente, superpopulação, variações ambientais
bruscas, troca de dieta, presença de patógenos), o efeito benéfico do fornecimento de
pró-nutrientes sobre a resposta biológica é evidenciado (Mathew et al., 1993; Mosenthin
& Bauer, 2000).
De acordo com Sanches et al. (2006), a eficácia dos produtos é diretamente
dependente da quantidade e das características dos pró-nutrientes, ficando muito difícil
estabelecer um paralelo entre estudos e comparar resultados.
Desde o início do uso de antibióticos e quimioterápicos na produção animal,
concordou-se que seu efeito era resultado de sua ação sobre os microrganismos da flora
intestinal dos animais. Isto porque aves e suínos produzidos no estado de “Germ-free”,
ou seja, num ambiente livre de qualquer contaminação microbiana, não se beneficiaram
do efeito promotor de crescimento de antibióticos (Whitehair & Thompson, 1956;
Forbes & Park, 1959), além de terem uma produtividade superior à dos animais criados
em ambiente convencional.
Os animais alimentados com rações contendo probiótico apresentaram maiores
valores de altura das vilosidades duodenais (P<0,05), em comparação com os animais
alimentados com rações contendo prebiótico. Não houve diferença estatística (P>0,05)
entre os demais tratamentos e em relação à altura das vilosidades do jejuno e íleo.
Os maiores valores de altura das vilosidades do duodeno em animais
alimentados com rações contendo probiótico em relação aos alimentados com rações
contendo prebiótico demonstram uma melhor eficácia do probiótico em relação ao
melhor controle de bactérias patogênicas, através de exclusão competitiva, que
impediriam um melhor desenvolvimento dessas vilosidades. O organismo probiótico é
um forte produtor de ácido láctico, piorando as condições para a sobrevivência de
bactérias patogênicas, contribuindo para o crescimento das vilosidades.
O fato de os animais alimentados com rações contendo probiótico terem
apresentado maiores valores de vilosidades duodenais não resultou num melhor
desempenho zootécnico destes.
CONCLUSÕES
Os animais alimentados com as rações contendo antibiótico, probiótico e
prebiótico não tiveram seu desempenho melhorado. Os animais alimentados com ração
contendo probiótico tiveram maiores valores de altura das vilosidades duodenais em
relação aos animais alimentados com rações contendo prebiótico.
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5. CONCLUSÕES GERAIS
A utilização de antibiótico no primeiro experimento melhorou o ganho
diário de peso no período total (21 a 42 dias de idade). Os outros dados de
desempenho e altura das vilosidades intestinais não sofreram influência da
utilização de pró-nutrientes na ração de leitões desmamados. Os animais do
segundo experimento, alimentados com as rações contendo antibiótico,
probiótico e prebiótico, não tiveram seu desempenho melhorado em relação
aos animais do grupo-controle. Os animais alimentados com ração contendo
probiótico tiveram maiores valores de altura das vilosidades duodenais em
relação aos animais alimentados com rações contendo prebiótico.
APÊNDICES
APÊNDICE A
Tabela 1. Valores do custo por quilo de ração pré-inicial (21 a 42 dias de idade) e inicial (42 a 63 dias de idade) nos diferentes tratamentos do experimento no qual se utilizaram ácidos orgânicos1.
Tratamentos Pré-inicial Inicial
Real Dólar Real Dólar
T1-Ração referência, R 1,37 0,74 0,79 0,43
T2-R + Antibiótico 1,42 0,77 0,84 0,45
T3-R + 0,2% Ácidos orgânicos 1,57 0,85 0,99 1,16
T4-R + 0,4% Ácidos orgânicos 1,76 0,95 1,18 0,64
T5-R + 0,6% Ácidos orgânicos 1,96 1,06 1,38 0,75
1Valores calculados de acordo com preços obtidos em setembro de 2007, na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, e dólar (USA) cotado a R$ 1,85.
Tabela 2. Valores do custo por quilo de ração pré-inicial (21 a 42 dias de idade) e inicial (42 a 63 dias de idade) nos diferentes tratamentos do experimento no qual se utilizaram probiótico e prebiótico1.
Tratamentos Pré-inicial Inicial
Real Dólar Real Dólar
T1-Ração referência, R 1,37 0,74 0,79 0,43
T2-R + Antibiótico 1,42 0,77 0,84 0,45
T3-R + Probiótico 1,79 0,97 1,21 0,65
T4-R + Prebiótico 1,49 0,81 0,92 0,50
1Valores calculados de acordo com preços obtidos em setembro de 2007, na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, e dólar (USA) cotado a R$ 1,85.
APÊNDICE B As rações experimentais utilizadas nos dois experimentos foram as mesmas, com exceção dos pró-nutrientes que foram adicionados em substituição ao inerte. Isto ocorreu, pois a idéia inicial do trabalho era realizar um terceiro experimento para comparar os melhores resultados obtidos nos dois primeiros. Pôde-se observar com relativa clareza que os dados de desempenho obtidos no segundo experimento, onde se utilizaram probiótico e prebiótico, de modo geral foram inferiores aos obtidos no primeiro, onde se utilizaram ácidos orgânicos. Este fato ocorreu pelo fato de os animais terem sofrido grande estresse causado por frio intenso e chuvas conjugadas a ventos fortes. Foi observado um número elevado de animais com diarréias e perda de peso nos primeiros dias, ocasionando um pior desempenho em relação ao consumo de ração, ganho de peso e conversão alimentar.