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“ Na tragédia grega, o herói que viola as regras da
ordem estabelecida – levado pela hybris – cedo ou
tarde será punido pelos deuses. [...].
O certo é que Zeus, o Oráculo de Delfos e toda
bancada olímpica são bolinho perto de uma rede
social”.
Cláudia Laitano – Zero Hora 21/03/15
Gentileza
Marisa Monte
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Nós que passamos
apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de gentileza
Por isso eu pergunto
A você no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é o circo
"Amor: palavra que liberta"
Já dizia o profeta
Unidade semântica:
- Orientada para uma intencionalidade pragmática;
- Regulada por normas e convenções de um
sistema semiótico;
- Atualizada por um sujeito comunicador e
decodificada por um sujeito receptor.
“Texto-escritura na qual a significância se
deposita”
Conceito de texto
Roland Barthes
Textualidade: é garantida pelo ato de ler que dá lugar
à irrupção de intertextos no próprio texto, cujo
movimento constitutivo é a travessia, a passagem, a
transferência.
Texto
Rede
preenchimento dos vazios
permitem nova urdidura
Leitura
Preenchimento dos nós e espaços da rede
Leitor: significações Compreensão de mundo
Processo de descoberta de sentido
Texto literário: personagens, coisas, espaços: inacabados
Preenche lacunas, torna-se coautor, pelo poder
da imaginação.
Leitura do texto: comportamentos antagônicos do leitor
Fidelidade à
intenção do texto X
Liberdade de
interpretação
“A obra, por definição aberta, é a ponte que liga
temporalidades diferentes e permite diálogos
entre elas”. (PINTO, 2004, p. 57).
1. Intertextualidade
Genette a existência de cinco tipos de relações
transtextuais:
Presença de um texto em outro com ou sem referência
(citação, plágio, alusão, etc.).
Diálogos entre textos
“Valsamos uma vez, e mais outra vez. Um livro
perdeu Francesca; cá foi a valsa que nos perdeu.
Creio que essa noite apertei-lhe a mão com muita
força, e ela deixou-a ficar, como esquecida, e eu a
abraçá-la, e todos com os olhos em nós, e nos
outros que também se abraçavam e giravam... Um
delírio.” (M. A. - p. 566)
Relação menos explícita e mais distante – títulos,
subtítulos, advertências, prólogos etc.;
- Texto com seu próprio paratexto, funções
pragmáticas, transtextuais;
2. Paratextualidade
Memórias Póstumas de Brás Cubas: Advertência
Relação ou comentário que une um texto a outro
(crítica).
3. Metatextualidade
“Trata-se, na verdade, de uma obra difusa na qual eu,
Brás Cubas, se adotei a forma livre de um Sterne, ou
de um Xavier de Maistre, não sei se lhe menti
algumas rabugens de pessimismo” (M. A. - p. 513)
Toda relação que une um texto B (que chama
hipertexto e um texto anterior A (hipotexto)) sobre o
qual o primeiro B se enxerta de uma forma que não é
a do comentário.
4. Hipertextualidade
Leite derramado – Chico Buarque - 2009
1900 1603
“O último ato mostrou-me que não eu, mas Capitu
devia morrer. Ouvi as súplicas de Desdêmona, as
suas palavras amorosas e puras, e a fúria do mouro,
e a morte que este lhe deu entre aplausos frenéticos
do público.
[...]
Um travesseiro não bastaria; era preciso sangue e
fogo, um fogo intenso e vasto,que a consumisse de
todo, e a reduzisse a pó, e o pó seria lançado ao
vento, como eterna extinção”. (M. A. - p. 934-935).
Relação muda que só articula uma menção
paratextual. Conjunto de características gerais ou
transcendentes ao texto (gênero, tipos de discurso).
4. Arquetextualidade
A Gata Borralheira - Perrault
Chapeuzinho Vermelho – Irmãos Grimm
A moça tecelã – Marina Colasanti
Gota d’água – Chico Buarque
Auto da Compadecida – Ariano Suassuna
Bailei na curva – Júlio Conte
Canção do exílio
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Canto de Regresso à Pátria
Oswald de Andrade
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo
Uma canção
Mario Quintana
Minha terra não tem palmeiras...
E em vez de um mero sabiá,
Cantam aves invisíveis
Nas palmeiras que não há.
Minha terra tem relógios,
Cada qual com sua hora
Nos mais diversos instantes...
Mas onde o instante de agora?
Mas onde a palavra "onde"?
Terra ingrata, ingrato filho,
Sob os céus da minha terra
Eu canto a Canção do Exílio!
Sabiá
Chico Buarque e Tom Jobim
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Cantar uma sabiá
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira
Que já não há
Colher a flor
Que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer
Vou voltar
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir cantar
Uma sabiá
Cantar uma sabiá